Cristologia

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José Roberto de Oliveira Chagas


CHAGAS, José Roberto de Oliveira Noções de Cristologia - Análise Bíblica e Teológica da
Pessoa e Obra de Jesus Cristo (Série CRESCER: Programa de Capacitação
Bíblica-Teológica-Prática -Vol. 3)/José Roberto de Oliveira Chagas. Campo Grande (MS):
Gênesis, 2009 índices para catálogo sistemático: 1.Doutrina: Teologia Cristã - CDD 230

Responsável pelo projeto editorial/gráfico/capa:


Egnaldo Martins dos Santos egna78@hotmail. com
Revisão de Arquivos: Mota Júnior
[email protected] Editor: Márcio Alves Figueiredo ls impressão:
Fevereiro de 2009 - Quantidade: 1.000 exemplares 2- impressão: Maio
2009 - Quantidade: 1.000 exemplares 3" impressão: Agosto 2009 -
Quantidade: 1.000 exemplares

IDEALIZAÇÃO E REALIZAÇÃO DO PROJETO: EDITORAS


MUNDIAL, KENOSIS E GÊNESIS Contato: Gênesis Editora
-Rua: Albert Sabin, 721, Taveirópolis - Campo Grande/MS
-FONE: 67 3331-8493/3027-2797
wuiw.genesiseditora.com.br

DEDICATÓRIA:
A cada profissional/consultor de venda da Mundial Editora e Gênesis Editora, que faz seu trabalho com
empenho, prazer e dedicação, que está ciente de que não apenas vende livro, mas, sim, espalha saber,
fomenta a educação, ajuda o povo brasileiro a realizar sonhos:
"Ohl Bendito o que semeia Livros... livros a
mão-cheia... E manda o povo pensar! O
livro caindo nalma Ê gérmen - que faz a
palma, E chuva - que faz o mar" (Castro
Alves)

Contato com o IBAC: Fone: (67) 3028.1788/9982.3881: IBAC - Instituto


Bíblico-Teológico Aliança Cristã (A.B.K. Associação Beneficente Kenosis) Rua:
Praça Cuiabá, n- 111, Bairro: Amambai -Campo Grande - Mato Grosso do Sul -
CEP: 79.008-281 E-mail: [email protected]
INFORMAÇÕES GERAIS:
Diretrizes do IBAC- Instituto Btblico-Teológico Aliança Cristã-, entidade vinculada
a Associação Beneficente Kenosis, concernente a Série CRESCER - Programa de
Capacitação Bíblica-Teológica-Prãtica:
•Caráter (Objetivo e Reconhecimento do Curso).
•Matriz Disciplinar (Durabilidade do Curso).
•Metodologia (Ensino à Distância).
•Avaliação (Critérios Teóricos e Avaliativos).
• Conclusão e Certificação (Regras Gerais).
1 . Caráter (Objetivo e Reconhecimento do Curso).
A Série CRESCER - Programa de Capacitação Bíblica-Teológica-Prática -,
oferecida em parceria com instituições sérias que interessam pela construção e
socialização da Teologia, é de caráter informativo, não formativo. Desde que a Teologia
tornou-se curso superior o M.E.C, formulou regras para reconhecê-lo. A entidade que
oferece o curso Bacharel em Teologia deve ser credenciada pelo M.E.C., ter carga
curriculW e horária de acordo com a portaria definida, cumprir periodização e créditos,
exigir escolaridade mínima dos interessados (ensino médio completo), corpo docente
especializado, etc. Também não há mais Curso Básico ou Médio em Teologia. Nossa
instituição, cristã e idônea, não tem a intenção de ludibriar o povo de Deus. Ratificamos,
assim, que o nosso programa não oferece vantagens acadêmicas. Nosso alvo é auxiliar a
Igreja Brasileira a se aperfeiçoar para servir a Deus e ao próximo. Tão-somente.
2. Matriz Disciplinar (Durabilidade do Curso).
A matriz disciplinar da Série CRESCER, que visa aprimorar a comunidade de fé no
âmbito bíblico-teológico-prático, é composta de 10 (dez) opúsculos, cada um com
disciplina específica. 0/a aluno/a deverá estudar sistematicamente as disciplinas conforme
a proposta pedagógica da Direção do IBAC - Instituto Btblico-Teológico Aliança Cristã.
O corpo discente terá até 12 (doze) meses após a aquisição do curso para finalizá-lo e, se
quiser, solicitar seu certificado.
*Veja no final das diretrizes a matriz disciplinar.
3. Metodologia (Ensino à Distância).
A metodologia didática empregada neste programa está fundamentada no modelo de
ensino à distância, doravante, a Diretoria do IBAC - Instituto Bíblico-Teológico Aliança
Cristã - recomenda ao corpo discente que estude cada disciplina regular e
sistematicamente, com zelo e dedicação, tendo em vista que a sua capacitação
bíblica-teológica-prática dependerá única e exclusivamente do seu próprio esforço. Cabe,
então, a cada aluno/a comprometer-se rigorosamente com o próprio crescimento e
esmerar-se nos estudos das disciplinas.
4. Avaliação (Critérios Teóricos e Avaliativos).
O/a aluno/a deverá estudar o livro, conforme o conteúdo programático, responder
as questões teóricas e avaliativas impressas no final de cada opúsculo (ou, se preferir,
tirar xerox ou fazer download no site da Gênesis Editora), guardá-las em local seguro e,
no final, se desejar receber o certificado, enviá-las ao IBAC -Instituto
Biblico-Teológico Aliança Cristã -, para correção, atribuição de notas e, estando de
acordo com as normas da entidade, autorizar sua confecção e postagem. A Gênesis
Editora, parceira exclusiva neste projeto, fará contato com os/as alunos/ as para
averiguar o interesse pelo certificado e as normas para recebê-lo.
5. Conclusão e Certificação (Regras Gerais).
O/a aluno/a que concluir as 10 disciplinas do módulo e atingir pelo menos a nota
média (6.0) poderá, se desejar, receber seu certificado de conclusão. O mesmo não é
obrigatório. Mas, caso queira-o, é mister efetuar o pagamento de R$ 50,00 (taxa única);
tal valor será aplicado para sanar gastos com assessoria de contato, corpo docente
(acompanhamento e revisão de provas), confecção e postagem do certificado e despesas
afins. O prazo para solicitá-lo é de até 12 (doze) meses após a compra do kit. A
liberação em tempo menor ocorrerá se o/a aluno/a tiver quitado o produto junto à editora
e enviado as provas ao IBAC.
*Matriz Disciplinar do Programa de Capacitação Btblica-Teológica-Prática
1. Nçgões de Prolegômenos - Análise Introdutória à Relevância, Natureza e Tarefa
da Teologia.
2. Noções de Teologia - Análise Bíblica e Teológica da Pessoa e Obra do Deus
Único e Verdadeiro.
3. Noções de Cristologia - Análise Bíblica e Teológica da Pessoa e Obra de Jesus
Cristo.
4. Noções de Paracletologia - Análise Bíblica e Teológica da Pessoa e Obra do
Espírito Santo.
5. Noções de Hermenêutica - Análise Crítica, Histórica e Teológica da
Interpretação Bíblica.
6. Noções de Liderança Cristã - Análise Bíblica da Filosofia Ministerial de
Liderança Cristã.
7. Noções de Homilética - Análise Crítica, Histórica e Teológica da Pregação
Cristã.
8. Noções de Gestão Ministerial - Como Fazer Projeto Eficiente e Eficaz Para
Gerar Receita.
9. Noções de História da Igreja Cristã - Análise Histórica, Bíblica e Teológica da
Eklesia (Primitiva e Medieval).
10. Noções de Teologia Econômica: Mordomia Cristã - Análise Bíblica e
Teológica dos Princípios da Contribuição Cristã (1).
*A Diretoria do IBAC pode, se julgar necessário, alterar a grade curricular em kits futuros.
PRIMEIRA PARTE: QUEM ERA O
MESSIAS ESPERADO?

"Há mais de mil e novecentos anos existiu um homem cujo nascimento


contrariou as leis biológicas. Ele viveu em pobreza e cresceu na obscuridade.
Não fez extensas viagens. E só uma vez cruzou as fronteiras da terra onde
viveu. Isso ocorreu na infância, quando teve de fugir de sua pátria.
Não possuiu riquezas, nem exerceu influência na sociedade. Seus familiares
não eram pessoas de projeção, não tinham muita instrução, nem alto grau de
escolaridade. Quando ainda era bebê, perturbou um rei; quando menino
deixou perplexos alguns doutores. Já adulto, dominou o curso da natureza,
andou sobre as ondas como se fossem terra firme, e fez o mar aquietar-se.
Curou multidões sem o emprego de medicamentos, e não cobrou nada por
seus serviços.
Não escreveu nenhum livro, e, no entanto, nem todas as bibliotecas deste
país poderiam conter os livros que já foram escritos a seu respeito. Nunca
compôs uma música, e, no entanto tem sido tema de hinos e corinhos cujo
número ultrapassa todas as outras músicas somadas. Nunca fundou uma
faculdade ou seminário, mas o total dos que estudam seus ensinos é muito
maior do que a soma de todos os alunos de todas as escolas.
Nunca comandou um exército, nem convocou um soldado, nem disparou
um fuzil. E, no entanto nenhum outro capitão contou com maior número
de voluntários que, sob suas ordens, fizeram rebeldes baixar as armas e
render-se a ele, sem dar um único tiro. Nunca praticou a psiquiatria, mas
tem dado alívio a mais corações aflitos que todos os médicos juntos. Uma
vez por semana, o comércio fecha as suas portas, e multidões de fiéis se
encaminham para reuniões de adoração, onde lhe prestam culto.
Grandes estadistas da Grécia e Roma surgiram no cenário mundial e
depois caíram no esquecimento. No passado, tivemos grandes cientistas,
filósofos e teólogos, e também esses foram esquecidos. Mas o nome desse
homem permanece cada vez mais lembrado. Embora já se tenham passado
quase dois mil anos desde que foi crucificado, Ele ainda está vivo.
Herodes não conseguiu destruí-lo. O túmulo não pôde detê-lo. Agora Ele -
o Cristo vivo, nosso Senhor e Salvador - se encontra no pináculo da glória
celestial, exaltado por Deus, reconhecido pelos anjos, adorado pelos
santos e temido pelos demônios!"1

Jesus Cristo, afirmam teólogos conceituados, se encontra entre as figuras


mais populares da história da humanidade. Essa, pelo menos, é a impressão que
temos, ao estudar as religiões e filosofias, mesmo as seculares. Até as pessoas que
se opõe à fé cristã querem receber a Jesus como uma espécie de profeta, ou líder
religioso ou um homem sábio e digno de respeito. Ele é tão estimado nas esferas
religiosas que é comum as religiões citarem-no em seus ensinos e livros.2 Outros
dizem que, a princípio, Jesus parecia apenas ser mais um profeta entre dezenas de
pregadores que disputavam a atenção do povo na cidade de Jerusalém; a antiga
Judéia era um ambiente bastante conturbado naquele primeiro século da Era
Cristã; todos os profetas da época apresentavam um discurso semelhante. Jesus
não foi reconhecido como o verdadeiro Messias e teve pouco seguidores em vida.
Mas, nas décadas seguintes, suas palavras conquistaram o mundo numa
velocidade impressionante, considerando-se a precariedade dos meios de
transporte e de comunicação daqueles tempos. Nos primeiros anos após sua
crucificação, não havia mais que mil fiéis. Apenas um século depois, mesmo
perseguidos, já estavam espalhados por todo o Império Romano, da Síria às ilhas
britânicas. No ano 350 d. C, eram cerca de 34 milhões, mais da metade da
população dos territórios romanos, segundo estimativas do sociólogo Rodney
Stark, autor de "O Crescimento do Cristianismo"?
Mais: uma das histórias mais conhecidas no mundo é a dos últimos dias de
Jesus. Como Confúcio, Sócrates ou Buda, Jesus não deixou documentos escritos.
Sua passagem pelo planeta também deixou vestígio para a arqueologia. Ele nada
construiu. Não assinou seu nome em lugar algum. Seu corpo não foi mumificado.
Cronistas da época não registraram sua história, nem nas atas oficiais do Estado
romano, nem nas obras de história judaica. Flávio Josefo, cuja extensa obra
"Antiguidades Judaicas" apareceu por volta volta do ano 90, mencionou-o apenas
numa nota ocasional, a propósito do processo e do apedrejamento de "Tiago,
irmão de Jesus, o assim chamado Cristo". O "Talmude" babilónico fala de Jesus
como um mago, um agitador que zombou das palavras dos sábios, teve cinco
discípulos e foi enforcado na véspera da Páscoa. A maior parte do que sabemos
sobre ele nos foi contada pela "Bíblia", um livro de tradições religiosas, escrito a
partir das narrativas de gente que o conheceu, ou conheceu quem o conheceu, ou
apenas ouviu falar dele. Mas, se a vida de Jesus foi curta, misteriosa e triste, a
história daqueles que o escolheram como líder e que acreditaram naquilo que ele
dizia é longa e, apesar das intempéries, vitoriosa. 4
O exposto ratifica que Jesus Cristo é a pessoa mais influente de toda a
história da humanidade; homem algum, por mais visibilidade que tenha, jamais
chegará próximo à popularidade dele. Mas essa projeção de Jesus não está isenta
de erros. Há muita confusão atinente à pessoa e à obra de Jesus Cristo. Assim,
nesse prefacio cristológico, desejo ajudar você a conhecê-lo mais para servi-lo
melhor. Como?
1. Analisando profecias do Antigo Testamento quanto à sua vinda, o
contexto no qual ele nasceu, viveu e desempenhou seu ministério.
2. Mostrando e refutando certas heresias que há séculos deturparam a
pessoa e a obra de Jesus Cristo.
3. Estudando algumas funções de Cristo, afinal, a doutrina da Pessoa de
Cristo é crucial para a fé cristã.5

DEFINIÇÃO E CONCEITUAÇÃO DA CRISTOLOGIA


Não há dúvida de que Jesus Cristo é a pessoa mais influente de toda a
história da humanidade. Mas afinal quem é Jesus Cristo? Esta indagação
traz em seu bojo a necessidade de identificar corretamente a verdadeira
identidade do Filho de Deus. Outra pergunta crucial é a seguinte: Qual é a
natureza e o significado do que Jesus Cristo realizou na encarnação? Este
questionamento importante, por sua vez, está profundamente relacionado a
obra de Jesus. A tarefa da Cristologia, então, é achar as respostas para essas
indagações cruciais. Embora nem todos os evangélicos estejam conscientes
há uma necessidade enorme de se conhecer cada vez mais o Filho de Deus,
em especial nesta era pós-moderna saturada de "messias".
A propósito é imprescindível, em tempo oportuno, definir a
disciplina cristológica, integrada à Teologia Sistemática, cujo objeto de
investigação é Jesus Cristo - sua vida e obra.
Cristologia é, em suma, o estudo teológico que procura responder a
duas perguntas principais: "Quem é Jesus?" (identidade) e "Qual é a
natureza e o significado do que Jesus realizou na encarnação ?" (obra).6
Cristologia (do grego christhos - ungido + logia - estudo): estudo
sistemático e ordenado que tem como objeto a vida e a obra de Cristo. 7 A
metodologia é fator crucial na Cristologia. Logo, dependendo da mesma, ela
pode ser:
^Ontológica - define Jesus por aquilo que ele é; ressalta a existência
eterna de Deus Filho, e tende a enfatizar sua divindade, às custas da sua
humanidade (a Cristologia Ontológica tem sido proposta, em grande
medida, pelos teólogos sistemáticos).
^Funcional - define Jesus por aquilo que ele fez; ressalta ação de
Jesus na Terra, como homem, e tende a enfatizar sua humanidade, às custas
da sua divindade (tem sido proposta por teólogos e exegetas bíblicos).8
PROFECIAS E EXPECTATIVAS ACERCA DA VINDA DO MESSIAS
A história intertestamentária (abrange o período entre a composição
dos últimos livros do Antigo Testamento e o início da história do Novo
Testamento),9 mostra alguns fatos cruciais que antecederam o nascimento
do Messias. Grandes impérios floresceram e caíram (o grego, por exemplo),
enquanto outros estavam a caminho da consolidação (o romano). Israel, sob
o jugo de ambos os impérios, havia perdido seu prestígio político, religioso,
econômico. A nação judaica, sem recursos, mesmo hostil aos dominadores
romanos optou relativamente por uma coexistência pacífica (exceto os
grupos revolucionários que queriam livrar a nação da escravidão).
Deus também estava em silêncio. Não se manifestava. Nada dizia
sobre a libertação do seu povo que, impotente, padecia nas mãos dos
exatores romanos. Isso era pior que a decadência política, econômica,
religiosa. E mais fácil lidar com a opressão, o desânimo, a penúria, as
pressões quando Deus fala com o seu povo, dando-lhe esperança. Mas Deus
parecia taciturno, distante, silente. Esse era um grande problema para o
judeu genuinamente religioso.
Análise do Contexto Externo - a expectativa entre pagãos -Parece
que até alguns pagãos esperavam a chegada de um Messias pudesse dar
novo significado à existência humana. Os hindus viviam na esperança da
chegada de outro Avatar, a encarnação de seu deus principal, que
modificaria o destino da humanidade. Os persas, adeptos de Zoroastro,
aguardavam o Sosiosh, ou Homem do Mundo. Os chineses (adeptos de
Confúcio), o Santo do Oeste. A profetiza Sibila alertou sobre a chegada do
Senhor da Terra (há quem diga que sua profecia referia-se, na verdade, ao
imperador Otávio Augusto, não a Jesus Cristo). Suetônio, grande
historiador romano, observou nos seus dias: "É persuação antiga e fixa,
predominantemente no Oriente, estar predestinado que alguém se levantará
na Judéia, para estabelecer um império universal". Tácito, outro romano de
renome, também registrou a seguinte expectativa: "Muitos estavam
persuadidos de que nos livros antigos dos sacerdotes estava declarado que
naquele tempo o Oriente prevaleceria e que alguém havia de vir da Judéia, e
possuir o predomínio".10
Análise do Contexto Profético Judaico - A vinda de Jesus ao mundo
era evento singular. Todos os fatos cruciais sobre a vinda, vida e ministério
do Messias foram vaticinados. Com tais dados o povo não seria ludibriado
pelos embusteiros que se passavam por Messias. Confira algumas das
principais profecias sobre o Filho de Deus:
• Seria a semente da mulher (Gn 3.15; Gl 4.4; Ap 12.5).
• Descendente dos patriarcas - Abraão, Isaque e Jacó (Gn 17.19;
18.18; 12.3; 28.14; At 3.25; Mt 1.1,2; Nm 24.17; Lc 3.34, etc).
• Da tribo de Judá (Gn 49.10; Lc 3.33; Mt 1.2,3).
• Herdeiro do trono de Davi (Is 9.7; 11.1-5; Mt 1.1,6).
• Nasceria em Belém (Mq 5.2; Mt 2.1; Lc 2.4-7).
• Marcos na época de seu nascimento (Dn 9.25; Lc 2.1-7).
• Concepção milagrosa (Is 7.14; Mt 1.18; Lc 1.26-35).
• Fugiria para o Egito (Os 11.1; Mt 2-14,15).
• Teria ministério na Galileia (Is 9.1,2; Mt 4.12-16).
• Conhecido como profeta (Dt 18.15; Jo 6.14; At 3.19-26).
• Sacerdote como Melquisedeque (SI 110.4; Hb 6.20; 5.5,6).
• Rejeitado pelos judeus (Is 53.3; Jo 1.1; 5.43; Lc 4.29).
• Virtudes marcantes (Is 11.2-4; Lc 2.52; 4.18).
• Sua entrada triunfal (Zc 9.9; Jo 12.13, 14).
• Um amigo iria traí-lo (SI 41.9; 55.12-14; Jo 13.18).
• Vendido por 30 moedas de prata (Zc 11.12, 13; Mt 26.15).
• Quando acusado ficaria em silêncio (Is 53.7; Mt 26. 62, 63).
• Sofreria no lugar dos pecadores (Is 53.4-6,12; Mt 8.16,17).
• Seria crucificado com pecadores (Is 53.12; Mt 27.38).
• Suas mãos e pés seriam vazados (SI 22.16; Zc 12.10; Jo 20.27).
• Seria escarnecido e insultado (SI 22. 6-8; Mt 27. 39, 40,43).
• Fel e vinagre seriam-lhe dados (SI 69. 21; Jo 19.29).
• Seu lado seria trespassado (Zc 12. 10; Jo 19.34).
• Suas vestes seriam repartidas (SI 22. 18; Mc 15.24).
• Seus ossos não se quebrariam (SI 34.20; Jo 19.33).
• Seria sepultado com os ricos (Is 53.9; Mt 27. 57-60).
• Sua ressurreição (SI 16.10; Mt 16. 21; 28.9).
• Sua ascensão (SI 68.18; Lc 24.50, 51; At 1.9)... Afirma-se que
mais de 300 profecias sobre Jesus proferidas no
Antigo Testamento tiveram perfeito cumprimento.
SEGUNDA PARTE 2: QUEM É JESUS CRISTO AOS
OLHOS DAS SEITAS?

eus, o bondoso Pai, planejou a vinda de seu Filho


Unigénito ao mundo.
Paulo afirma que chegando a "plenitude dos tempos", Deus enviou seu
Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam
subjugados à lei (Gl 4.4,5). Este texto reitera, também, que o Eterno
determinou e controlou as criaturas (quer homens, quer animais, quer céus,
quer terra, quer as hostes angelicais, quer as hostes espirituais da maldade);
tudo e todos estavam sob seu domínio e supervisão. Por essa razão as
profecias supracitadas, ou pelo menos os exemplos mostrados, se
cumpriram perfeitamente. Não é demais afirmar que governadores e
governados, senhores e escravos, ricos e pobres, grandes e pequenos,
homens e mulheres, judeus e gentios, religiosos e pagãos, intelectuais e
indoutos... todos poderiam, se quisessem, comprovar, através das profecias
confiáveis, que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Presume-se que até a
expansão do Império Romano foi útil aos propósitos de Deus.
Por volta de 27 a. C. Otávio Augusto11 concentrou em suas mãos
vários títulos e tornou-se o rei de Roma. Também se empenhou em
organizar seu exército, a economia imperial, as leis, etc; as províncias
romanas foram divididas em províncias senatoriais e imperiais; a milícia,
bem qualificada, garantia a segurança das fronteiras e sufocava as rebeliões
internas. Otávio, em suma, construiu um Estado forte, hierarquizado,
segundo a origem familiar e a riqueza pessoal. Morreu em 14 d.C. Tal
progresso favoreceu, também, a futura expansão do Cristianismo; e, por
conseguinte, das seitas que tiveram acesso à religião cristã.
HERESIAS ACERCA DA PESSOA DE JESUS CRISTO
Há consenso quanto à influência singular de Jesus na história
humana. Mas a "fama" não evitou o surgimento de teorias heréticas atinente
à sua pessoa e à sua obra. Uma seita, porém, disseminar heresias é normal. O
problema é quando segmentos ditos evangélicos ignoram a Bíblia para
sustentar suas teologias incoerentes e perniciosas. Os expoentes do
"Movimento da Fé" recriam o homem à imagem de Deus, rebaixam Deus à
condição humana, e deificam Satanás como se fora um deus; Jesus, por sua
vez, é rebaixado ao nível dum mortal comum, visto como mero homem
sujeito ao pecado, trazido à existência, pela palavra, do mesmo modo que o
Universo.12
As heresias que surgiram nos primeiros cinco séculos da Igreja Cristã
podem ser agrupadas da seguinte maneira:
a) Em primeiro lugar, podemos mencionar as negações da
humanidade de Jesus Cristo, que seriam o docetismo, o apolinarismo e o
eutiquianismo.
b) Em segundo lugar, podemos mencionar as negações da divindade
de Cristo, que seriam o ebionismo, o adocionismo e o arianismo.
c) Em terceiro lugar, podemos mencionar a negação da união pessoal
de Cristo, que seria o nestorianismo.
d) Em quarto lugar, podemos mencionar as negações da distinção
entre o Pai e o Filho, que seriam o sabelianismo e o modalismo. 13
Confira, a seguir, algumas das heresias que surgiram ao longo dos
séculos que deturpam a pessoa e a obra de Jesus Cristo.
1. DOCETISMO - Doutrina herética que afirmava: Jesus Cristo era
Deus, mas apenas parecia humano; sua humanidade era apenas aparente.14
Para os docetistas o sofrimento e morte de Cristo foram apenas simulacros,
isto é, Jesus só parecia ser homem, já que Deus não podia tornar-se
realmente material, já que toda matéria é má, enquanto ele é puro e santo; 15
essa heresia desafia não somente a realidade da encarnação, mas também a
validade do sacrifício e da ressurreição corpórea.16 Esta posição, outrora
combatida pelos teólogos das primeiras eras do Cristianismo, infelizmente
tem reaparecido atualmente no ensino dos evangelistas da prosperidade. 17
2. APOLINARISMO - Ensino herético de Apolinário, bispo de
Laodicéia (310-391 d.C), que afirmava que Jesus Cristo, em sua encarnação,
assumiu corpo e alma humanos, mas não mente ou espírito humano.
Partindo da tese que ter espírito humano significava ter livre arbítrio, e que
quando há liberdade de escolha, há também pecado, Apolinário deduziu que
Cristo operava exclusivamente com base na mente (nous divino).18
3. EUTIQULANISMO - Êutiques, monge em Constantinopla, era
protegido de Dióscoro, sucessor de Cirilo no bispado de Alexandria. Ele
afirmava que a natureza divina absorveu a natureza humana. Cristo teria
somente uma natureza após a união, a divina, revestida de carne humana.
Posteriormente, após exaustivas altercações, o eutiquianismo, conhecido
como monofisismo, foi condenado em Calcedônia. No entanto, dizem
alguns teólogos evangélicos que, até a primeira metade do século V, os
ensinos de Êutiques, que a princípio começou com a afirmação de que o
corpo de Jesus Cristo não era idêntico ao das criaturas humanas e sim
preparado especialmente para a missão que veio cumprir, tornaram
populares.19 A heresia foi repudiada em Calcedônia.
4. EBIONITAS/EBIONISMO - Ebionismo foi um ensino
primitivo de seitas oriundas do cristianismo judaico: dizia que
Jesus Cristo possuía apenas a natureza humana; que Deus o ungiu
no batismo devido sua obediência plena à lei mosaica; em suma,
o Ebionismo era a doutrina dos primeiros séculos de nossa era,
segundo a qual Jesus possuía apenas uma natureza - a humana.20
Essas seitas ainda tinham como características determinantes as
rigorosas práticas ascéticas, aderiram um estilo de vida de pobreza,
rejeitavam as epístolas paulinas, concentravam-se na observância
de obras (baseadas na epístola de Tiago), etc. Alguns estudiosos
relacionam os ebionitas ao Monarquianismo Dinâmico - refutava
contundentemente a deidade de Jesus porque, segundo pensava,
no monoteísmo só há um Deus, Yahweh. Não há espaço para
outro. Poderia Jesus ser apenas filho adotivo de Deus, mas sem a
igualdade da natureza do Pai.
5. O ARIANISMO - Doutrina herética primitiva a respeito da
identidade de Jesus Cristo - era ele o mais elevado dos seres criados, mas
não era Deus. Seu principal expoente foi Ário. Para ele, o Pai criou uma
substância independente e acima de todas as outras coisas - o Filho. Na
ideologia herética ariana Cristo foi reduzido a uma criatura, desprovida da
plena essência divina, longe de ter a igualdade do Pai, o Criador.
As oito declarações de seus ensinos são: •A característica fundamental de
Deus é a solidão; Ele existe sozinho.
•Dois Poderes habitam em Deus: o Verbo e a Sabedoria.
•A criação foi levada a efeito por uma substância independente, que
Deus criou.
•A existência do Filho é diferente da existência do Pai.
•O Filho não é verdadeiramente Deus.
•O Filho é uma criação perfeita do Pai.
•A alma humana de Cristo foi substituída pelo Logos.
•O Espírito Santo é uma terceira substância criada.17
No Concílio de Nicéia, em 325 d. C, o arianismo foi condenado
(Credo Trinitariano). O arismo, porém, ainda estende-se, de várias formas,
até nossos dias.21
6. SABELIANISMO - Uma heresia trinitária do século III que
negava a Trindade. Sabélio, seu maior defensor, afirmou que o Deus se
revelou na história da salvação em três formas sucessivas: 22 1) Como Pai
(Criador e Legislador), 2) como Filho Redendor), e 3) como Espírito Santo
(Doador da Graça). Assim, não havia três pessoas diferentes (a Trindade),
mas apenas uma. Ainda dizia que entre Deus e Cristo acontece a mesma
coisa - a natureza do Filho era apenas similar à do Pai, mas não idêntica à do
Pai. Em 268 d.C; no Concílio de Antioquia, Sabélio foi condenado como
herege.
7. NESTORIANISMO - O nestorianismo foi uma visão que defendia
que, embora Jesus Cristo fosse uma pessoa (Deus e homem unidos), suas
duas naturezas (humana e divina) existiam lado a lado e assim eram
separáveis.
Uma consequência dessa visão era que o sofrimento de Jesus pela
humanidade era visto como ato de Jesus em sua condição humana, mas não
como um ato divino.23 Essa concepção evidentemente não se ajusta a
teologia cristológica coerente e integral. Nestório, bispo de Constantinopla,
ensinou que Maria não era "mãe de Deus" (theotokos), ou seja, não deu luz
ao verdadeiro Deus; era, então, a "portadora de Cristo" (Christotokos) ou
"portadora da humanidade" (anthropotokos), porque, segundo ele, o corpo
de Jesus pertenceu à natureza humana e não à natureza divina. 24

ANÁLISES CRISTOLÓGICAS - O NASCIMENTO VIRGINAL

Este é um assunto polêmico e essencial na Cristologia: 1) esta


doutrina depende, para sua própria existência, da realidade do sobrenatural;
2) a história do desenvolvimento de sua doutrina nos leva para muito além
dos simples dados que a Bíblia fornece; a própria expressão "nascimento
virginal" reflete essa questão. Um dos aspectos mais discutidos do
nascimento virginal é a origem do próprio conceito. Alguns estudiosos têm
procurado explicá-la por meio de paralelos helenísticos (os enlaces que os
deuses mantinham com seres humanos na literatura grega da antiguidade).
E o que quer dizer "nascimento virginal"? O nascimento virginal
significa que o Filho de Deus foi concebido quando Maria era virgem, e que
ela ainda era virgem quando ele nasceu (e não que as partes do corpo de
Maria tenham sido preservadas, de modo sobrenatural, no decurso natural de
um nascimento humano).25
Quanto a alegação de que o nascimento de Cristo, de uma virgem, foi
inspirado na literatura grega da antiguidade (que narra os enlaces entre
deuses e humanos) haja vista que o Novo Testamento é posterior a ela, não é
sustentável, pois a profecia acerca do miraculoso nascimento fora
apresentada há séculos (Is 7.14). Mas, mesmo assim, ainda há a controvérsia
semântica. Os teólogos liberais questionaram a tradução "virgem" para a
palavra hebraica alma, afirmando que bethulah deveria ter sido usada caso
Isaías realmente desejasse dizer "virgem". A alegação também é refutável,
pois não há casos em que se possa provar que alma se referia a uma jovem
não virgem.
Ainda há o problema no que tange a interpretação correta da complexa
profecia de Isaías: ela pode ser
•Não-messiânica.
•Estritamente messiânica.
•Não-messiânica e messiânica26 (presente e futura).
Em suma, essa passagem, constitui-se um dos maiores problemas de
interpretação de todo o Antigo Testamento. 27
Alguns teólogos cristãos afirmam que o profeta Isaías não podia
transmitir um sinal para outras gerações de homens; este devia servir para os
seus ouvintes; além do mais, o texto expressa que o nascimento é iminente;
de qualquer forma, as releituras messiânicas, como a que faz Mt 1.23, são
corretas, mas em seu próprio momento e contexto.28
Discussões à parte, o vocábulo hebraico almah (Is 7.14) se traduz por
"virgem" e, de acordo com o contexto, aponta para uma virgem com idade
para se casar. Tanto Mateus como Lucas demonstram enfoques
característicos diferentes nas suas narrativas, mas acerca de Maria usam o
termo grego parthenos, isto é, uma jovem solteira e sexualmente pura. E
certo que a profecia messiânica não era apenas ao descrente rei Acaz. O
sinal sobrenatural prometido por Deus tinha valor e realce histórico. 29
ANÁLISES CRISTOLÓGICAS: A
NATUREZA HUMANA DE JESUS CRISTO
Você já ouviu falar de união hipostática? É a expressão que se usa
para descrever a união entre as naturezas humana e divina na Pessoa única
do Senhor Jesus Cristo; a expressão vem do grego hupostasis, substantivo
usado pelos teólogos orientais nos primeiros séculos da história eclesiástica
em referência às pessoas da Trindade.30 Não pretendo, com esta análise
lacônica, seccionar a pessoa de Jesus nem legitimar o dualismo
greco-romano. Nos espaços geográficos predominantemente helenistas as
igrejas receberam uma mensagem contextualizada do Evangelho favorável a
concepção tricotômica. A religião judaica, por sua vez, tinha crenças
ontológicas e soteriológicas próprias. Assim sendo, sem levar em
consideração o fator dicotomia-tricotomia, vamos analisar alguns elementos
do homem Jesus.
Jesus era portador de características pertinentes ao ser humano.
Sentia fome, sede, ansiedade, vontade, cansaço, desapontamentos, etc. (Mc
2.16; Jo 4.6). Pedro apresentou Cristo no Dia de Pentecostes como "Jesus, o
Nazareno, varão aprovado por Deus" (At 2.22). Paulo realçou a doutrina da
união hipostática descrevendo Jesus como totalmente divino e totalmente
humano (1 Tm 2.5).
Jesus tinha espírito - capacidade de comungar com Deus, sede das
qualidades espirituais da pessoa. A palavra ruach (espírito), no Antigo
Testamento, aparece mais de 370 vezes;31 significa "ar em movimento",
"sopro", "vento", "hálito"; também descreve "a totalidade da consciência
imaterial do homem" (Pv 16.32; Is 26.9). Já no Novo Testamento utiliza-se
o termo grego pneuma que tem os mesmos significados expostos; mas faz
alusão ao "âmbito espiritual que está além do controle humano". Lucas usou
tal palavra para indicar o aspecto da existência humana que havia em Jesus
Cristo (Lc 23.46).
Jesus tinha alma.32 No Antigo Testamento os hebreus usavam o
termo nephesh que foi empregado mais de 700 vezes. Em sentido amplo
significava "almas", "pessoas", às vezes, "vontade" ou "desejo" de uma
pessoa (Gn 23.8; Dt 21.14). O Novo Testamento empregou psuchê mais de
100 vezes, referindo-se a sede da vida (Mc 8.35), a parte interna humana
(personalidade), etc. Como elemento conceitual, expressa: vontade,
disposição, sensações, poderes morais, discernimento (Mt 22.37); e elas
fizeram parte da vida de Jesus (Mt 26. 36-38).
Jesus tinha corpo. Jesus era de carne, sangue e osso, ou seja, ele
possuía sistemas esquelético, circulatório, respiratório, digestório, membros
superiores e inferiores. Sua vida humana era sustentada pelo sangue que
corria nas veias, bombeado pelo coração. Quando fazia uma longa viagem a
pé cansava-se como qualquer pessoa (Jo 4.6). Seu organismo, sem
alimentos, deixou-o faminto (Mt 4.2).
Jesus Cristo, em síntese, aceitou voluntariamente ficar limitado num
corpo humano. Se quisesse algo precisava esticar o braço para pegar; para ir
a outra cidade evangelizá-la teria que se contentar com a reduzida
velocidade dos passos humanos; morreu, por último, numa cruz dando prova
final da sua humanidade. E ao rebaixar-se voluntariamente à posição
humana, mesmo sendo Deus, tornou-se igual a qualquer mortal; ele, porém,
jamais pecou (Hb 2. 14-18).
ANÁLISES CRISTOLÓGICAS: A
NATUREZA DIVINA DE JESUS CRISTO
Jesus Cristo não é apenas humano. Também há nele, de acordo com a
Bíblia, qualidades inerentes a Deus. Atributos sobrenaturais que se
encontram especificamente no Pai aparecem nas Escrituras presentes na
vida de Jesus. Os mesmos nem homens nem anjos possuem, pois são apenas
seres criados por Deus. E quais são?
1. Eternidade (Hb 1.12; Ap 22.13; Jo 8.58).
2. Onipotência (Jo 1.3; Ef 1.22; Cl 1.17; Hb 1.3. Ap 1.8).
3. Onisciência (Jo 16.30; 21.17; Ap 2.2, 19; 3.1, 8, 15).
4. Onipresença (Mt 28.20; Ef 1.21), etc.
O Messias declarou sua existência contínua descrevendo-a como a
do Pai (Jo8.58;Ex3.14). Foi exatamente o que Paulo enfatizou (em Fp
2.5-7): a existência de Cristo está no mesmo nível de igualdade de Deus.
Ainda na encarnação ele era Deus. A mesma não demoliu a Deidade de
Jesus. Ele apenas auto restringiu os seus atributos divinos, mas incorporava
a plena divindade no seu próprio ser.
A deidade cristológica está presente nos Evangelhos, nas cartas,
epístolas paulinas, nos escritos joaninos, nos sermões e textos de Pedro...
Após os alvores da Igreja Primitiva, os teólogos, também, reiteraram a
doutrina da divindade de Jesus Cristo. Quando o Concílio de Calcedônia
(451 d.C.) se reuniu a fim de discutir a relação da humanidade de Cristo com
sua divindade, Cirilo elaborou uma carta a João de Antioquia, declarando
que ele é "coessencial com o Pai, quanto à sua divindade, e coessencial
conosco, quanto à sua humanidade". A essência da Cristologia de
Calcedônia foi assim definida: O Senhor Jesus é completo na Sua divindade
e na Sua humanidade; idêntico ao Pai em Sua divindade, idêntico à
humanidade, porém sem pecado; essas duas naturezas coexistem numa só
Pessoa (União Hipostática). Mais: partiu de Cristo a declaração: "Quem me
vê a mim, vê o Pai"(Jo 14.9). Ele recebeu adoração (Mt 2. 2, 11; 14. 33;
28.9) e perdoou pecados (Mc 2. 1-12); revelado a Pedro através do Pai (Mt
16.16,17). Tomé exclamou: "Senhor meu e Deus meu!" (Jo 20.28). Ele é a
"imagem do Deus invisível" (Cl 1.15), a completa revelação de Deus à
humanidade (Hb 1. 1,2).
TERCEIRA PARTE:JESUS CRISTO A LUZ DO
NOVO TESTAMENTO

Teologia Sistemática ao se ocupar da pessoa de


Jesus Cristo, estudando sua natureza, seus nomes, sua obra, suas funções
peculiares, beneficiam à Igreja Cristã. Por isso, conquanto ciente de que
mesmo uma cristologia coerente, direta, clara, objetiva, confiável, jamais
desvendará a infinitude dos mistérios espirituais, convido-lhe a pesquisar
alguns títulos de Jesus Cristo nas páginas do Novo Testamento. Devido o
espaço restrito de que dispomos não será possível analisá-lo
minuciosamente. Mas nem por isso nosso esforço será infrutífero. Cada
título acrescentará muito ao nosso conhecimento bíblico/teológico bem
como à nossa busca por um estilo de vida condizente com os princípios
preconizados pelo Filho Deus; ademais, o saber não deve nos conduzir
apenas à erudição, mas, também, à ação! Alguns títulos selecionados:
Senhor e Cristo, Servo, Profeta, Líder Eficiente e Eficaz, Messias, dentre
outros.
1. JESUS É SENHOR E CRISTO

A autoridade é desafiada na área familiar, social, política,


educacional, comunitária, profissional e, especialmente no âmbito religioso.
Para funcionar melhor e evitar transtornos todo navio deve ter um capitão,
todo lar um cabeça, toda nação um governante, toda escola um diretor, toda
empresa um administrador, todo reino um bom monarca, toda igreja um
líder capacitado, etc. Isto inclui o reino de Deus, pois nele também torna-se
necessário a presença de um Senhor.
Mahatma Ghandi, um dos grandes líderes dos últimos séculos e
grande admirador de Jesus Cristo como homem, ressaltou: "Eu não posso
conceder a Cristo um trono solitário, porque eu creio que Deus já se
encarnou muitas vezes".33 Assim, Ghandi colocou Jesus no mesmo nível de
outras personalidades renomadas como Buda, Confúcio, Maomé,
Zoroastro... Esta é a concepção do pluralismo teológico pós-moderno que,
dentro da perspectiva da soteriologia (doutrina da salvação), procurar
explicar que Jesus Cristo é apenas mais um caminho que conduz a Deus e
não o único caminho. 34
Outros gurus espirituais também, nesse sentido, se constituem
mediadores entre Deus e o homem. Lego engano. Pode até ser que um
grande líder exerça influencia tamanha que consiga libertar seu povo de
determinadas opressões. Quando a questão, porém, é tão-somente de caráter
salvifico, apenas o Cordeiro de Deus pode tirar o pecado do mundo. Não há
outro nome capaz de nos salvar - declarou contundentemente o apóstolo
Pedro! (At4.12). Apenas Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida e
ninguém vai ao Pai a não ser por intermédio dele (Jo 14.6). Ele deu a sua
vida para salvar aqueles que crêem e o confessam como Senhor e Salvador.
O termo Senhor, teologicamente falando, dá a ideia de um dono que
tem controle absoluto sobre tudo o que possui. Senhor representa o vocábulo
grego kurios, e os hebraicos Adonai (meu Senhor, meu Mestre, aquele a
quem pertenço) e Yahweh (o nome pessoal de Deus). Na cultura do Oriente
Médio e Próximo antigos o vocábulo Senhor era essencialmente reverente
por ser aplicado aos governadores e, em muitos casos, até aos supostos
deuses. Imagina, então, quando atribuído a Jesus? Ele é, sim, o Senhor (Fp
2.9-11). Pedro apregoou: "Jesus Cristo...é o Senhor de todos" (At 10.36).
Tomé, ao vê-lo após a ressurreição, exclamou: "Senhor meu e Deus meu!"
(Jo 20.28). Paulo confessou: "Quem és tu, Senhor? Senhor, que farei?" (At
9.8; 22.10). Ele próprio afirmou: "Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis
bem, porque eu o sou" (Jo 13.13). John MacArthur diz que Jesus é citado
como Senhor no Novo Testamento mais de 740 vezes; em Atos aparece 92
vezes e como Salvador apenas 2 vezes! A pessoa, portanto, que opta por
segui-lo deve calcular o preço de tal decisão e suas implicações (Mc 8.34;
Lc 9.23).
2. JESUS CRISTO É O SERVO MODELO

Parece que há uma gigantesca contradição, um paradoxo evidente


entre esses dois atributos: como pode Jesus Cristo ser Senhor e servo ao
mesmo tempo? Não há, à luz das Escrituras, incoerência alguma entre seu
poderio incomum e sua postura de servo. Jesus é o rei messiânico e o Senhor
de toda criação; sua primazia e preexistência foram realçadas por Paulo (Cl
1.15-20; 1 Co 8.6; Rm 11.36). Outras referências bíblicas, porém, o
apresentam como servo; servo, aliás, é um dos mais importantes títulos de
Jesus Cristo.
Basta analisar o contexto histórico dos dias de Jesus para ficar claro
que a cultura do primeiro século estimulava o controle e opressão de pessoas
indefesas, a promoção do "eu", a busca do prestígio e posição, a conquista
do poder, a idolatria da influência descomedida, a discriminação e separação
de classes.35 Uma postura de vida servil numa sociedade com as referidas
características certamente não era algo enobrecedor aos olhos dos
poderosos. Sem se importar com a avaliação dos poderosos o Servo perfeito
dedicou-se especificamente as pessoas, disposto a amá-las, aceitá-las,
cuidá-las, restaurá-las.
O apóstolo Paulo justificou que Jesus Cristo verdadeiramente
"esvaziou-se" para assumir a forma de homem (Fp 2.6), "deixou" as
vantagens de ser Deus para experimentar as desvantagens de ser homem.
Provisoriamente autoabdicou os benefícios da infinitude para habitar um
corpo limitado, sujeito às leis físicas do crescimento (Lc 2.40, 52), no qual
sentia fome, sede e cansaço (Mc 2.15, Jo 4.6), ansiedade e desapontamento
(Mc 9.19), até sucumbir diante da morte (Mc 14. 33,37; 15. 33-38). Até
nisso identificou-se com a humanidade (Hb 2.9,17; 4.15; 5.7,8; 12.2).
Jesus Cristo também conhecia perfeitamente a sedução do poder.
Sabia que o próprio Satanás, totalmente obcecado pelo poder, preferiu ser
rei no inferno a ser súdito no céu. Também estava ciente de que foi a
possibilidade de ser exatamente como Deus e adquirir poder similar que Eva
cedeu à tentação. Não foi sem conhecimento que Jesus, quando tentado no
deserto, menosprezou as riquezas e honras mundanas (Mt 4.5-10); optou por
servo e não Senhor, curvar-se apenas diante de Deus e não de Mamom (Jo
22. 26, 27).
Cristo sempre deixou claro que não veio para ser servido e sim para
servir (Mt 20.25-28). Ensinou que seu ideal não era se tornar a sensação do
mundo, ser colocado nos precários pedestais das celebridades. Mesmo
quando as multidões seguiam-no fascinadas pela novidade, pelo encanto
dos seus ensinos, pelos sinais miraculosos que aconteciam diuturnamente,
jamais as explorou para realizar anseios pessoais. No seu ministério de
servo não havia espaço para barulho, holofotes, extravagância, exagero,
pois não era ele quem deveria aparecer. Tal postura impactou as visões
convencionais de poder da época (Mc 10.44). Até os discípulos entenderam
que o seu serviço era despretensioso e que deveriam seguir seu santo
exemplo (Jo 13. 15, 16). Para exercer o bendito ofício de servo, Jesus não
hesitou em auto-esvaziar-se de sua vontade e limitar, voluntariamente, sua
autossuficiência, restringir-se, autolimitar-se. Não usou sua força divina
para impressionar o povo, pois sabia que milagres produzem efeitos
superficiais, devoção parcial, submissão incompleta. Até hoje muita gente
não entende porque o Messias escolheu a cruz e não o trono, coração de
servo... mesmo sendo SENHOR!
3. JESUS CRISTO É O GRANDE PROFETA

Jesus foi apresentado na Bíblia como autêntico Profeta. Moisés disse,


profeticamente, que o futuro enviado de Deus possuiria tal atributo (Dt 18.
15-19). O Profeta vindouro:
• "Do meio de ti" - havia de nascer na terra santa.
• "Dentre teus irmãos" - seria israelita.
• "Semelhante a mim" - teria as características de Moisés: salvador,
legislador, guia e profeta. 36
Em várias páginas do Novo Testamento também fica evidente o
ofício do Filho de Deus como profeta. Ele, de fato, "encarnou" plenamente a
profecia supracitada. Seu completo cumprimento, com exclusividade, foi na
pessoa de Cristo. Os demais profetas, embora sinceros e tementes, provaram
apenas uma pequena e incompleta parcela das designações expostas na
profecia ora em pauta. Cristo, sim, corporificou o tríplice caráter das
principais autoridades de Israel: Rei, Sacerdote e Profeta.
O popular vocábulo profeta deriva-se do gregoprophetes, ou seja,
alguém que anuncia. No Antigo Testamento usa-se frequentemente o termo
hebraico navi', tradução de uma palavra antiga que significa "aquele que
fala". Tecnicamente seria "alguém que fala por Deus ou deuses" (1 Rs
18.19). No mesmo termo está intimamente envolvida noções de
proclamação, pregação e informação. Nem sempre, nos tempos bíblicos,
tais mensageiros deveriam incluir a capacidade de olhar/prever para o
futuro. Uma vez que algo fosse revelado sobre o futuro, o mérito total era de
Deus que tanto via como revelava o futuro. Dependendo da maneira como o
profeta enxergava sua mensagem, seja incutida na mente, em sonhos ou em
visões, poderia ser chamado também de vidente (lSm 9.9; Is 29.10; 30.10),
etc.
Jesus Cristo, como profeta, foi ungido para pregar, anunciar a
salvação aos pobres (Lc 4. 18, 19), proclamar liberdade aos cativos (At
10.38), transmitir e informar as palavras de Deus (Jo 14.24) e ainda
vaticinou eventos futuristas (Mt 24). Ele desempenhou com eficiência e
eficácia seu ministério profético. Ninguém jamais teve a coragem, o
discernimento e a veracidade do Profeta de Deus, que personificou a
verdade e transmitiu-a com eloquência e autoridade. Além de proferir
determinados episódios vindouros, declarou sua capacidade de realizá-los!
4. JESUS CRISTO É O LÍDER EFICIENTE E EFICAZ

Cristo também foi um líder eficiente e eficaz. O maior líder, o líder


por excelência, foi Jesus Cristo: não se preocupou em ser o primeiro, mas
em ser aquele que estava disposto a servir (Mc 10.42-44); a liderança de
Jesus não foi exercício de poder, não era autoritária, estava centrada no
indivíduo.37 Especialistas dizem que sem integridade, coração de servo e
mordomia, é impossível construir uma equipe verdadeiramente eficiente...
ou tornar-se um líder verdadeiramente eficiente.38
Liderança é, em suma, influência. 39 E quem influenciou mais vida ao
longo da história humana? Jesus Cristo! Ele dividiu a História Universal:
nós dividimos as duas fases em antes de Cristo e depois de Cristo! Ele é,
então, o centro da História Universal!40
As obras sobre liderança mais vendidas no Brasil, hoje, ratificam que
Jesus Cristo é, de longe, o líder mais influente de toda a história da
humanidade!41
Outros afirmam categoricamente que praticamente todos os avanços
da humanidade nesses 1900 anos dever ser atribuídos a Jesus, como o
principal inspirador de todos eles!
Por quê?
Seus ensinos e estilo de vida inspiraram a valorização e elevação da
pessoa humana, a transformação de vidas, o incentivo para as reformas, a
melhoria das instituições, a saturação da literatura, a influência nas artes, a
inspiração da filantropia!42
Muitas características de Cristo como líder eficiente e eficaz
poderiam ser relacionadas. Há, porém, uma em especial que gostaria de
ressaltar: o desejo de servir. Esta marca de Jesus como líder já foi enfocada
anteriormente. Quero, mesmo assim, reiterá-la! Cristo não precisou de
posição alguma para ser obedecido ou atendido - Ele próprio representava
uma posição!
Laurie Beth Jones disse sabiamente que Jesus, o líder, serviu seu
povo. A maioria das religiões ensina que fomos colocados aqui para servir a
Deus; todavia, em Jesus, Deus está se oferecendo para nos servir. Alguns
ficam chocados com a inferência de que Deus nos serve. No entanto, este
homem que representava Deus - impregnado de todo o poder de Deus - foi
até o povo e perguntou: "Como posso ajudá-los?"43.
Cristo ensinou que para servir é mister simplicidade, isto é, quem
deseja ser líder deve guardar suas medalhas, seus títulos honoríficos e seus
galardões. Jamais recorreu à sua onipotência para persuadir as massas a
segui-lo. Conquistou sua afeição gradativamente, servindo-as com amor,
relacionando-se com elas, amando os inamáveis, tocando os intocáveis,
desejando os indesejáveis, incluindo os excluídos, sarando os feridos,
salvando os perdidos.
Muitos especialistas em treinamento de liderança moderna dizem
que, o líder que não conquista, não atrai, não consegue a disposição
espontânea e sincera dos que o cercam, não pode ser considerado um líder
eficiente e eficaz. Partindo do referido critério será que Jesus podia ser
considerado um líder bem-sucedido?
Jesus tinha um forte poder de atração. Conviveu com pessoas às
voltas com toda sorte de infortúnio e fez com que as mesmas sentissem que
havia alguém interessado pelos seus problemas e disposto a auxiliá-las a
resolvê-los. Elas se sentiam à vontade e em posição de igualdade quando
estavam com ele; não eram marginalizadas, discriminadas, humilhadas;
sendo simpático e humano conseguia, sabiamente, direcionar suas
vontades, atenções, preferências, interesses.
Pesquisadores hodiernos dizem que pelo menos 20 profetas
apocalípticos disputavam a atenção das massas no primeiro século da Era
Cristã. Mas Jesus se destacou. Por quê? Eis alguns motivos: abertura,
flexibilidade, comunicação, equidade, caridade, múltiplas faces (os
Evangelhos apresentam Jesus de diversas maneiras: combativo,
misericordioso, espiritualizado), ineditismo e misticismo (relatos de
milagres e curas também ajudaram a formar uma aura mística).44
Há, ainda, outro distintivo de Jesus como líder: honestidade. Seu
espírito de servir não sufocou sua integridade: quando precisou confrontar
as pessoas a fim de construir um caráter retilíneo não teve dúvidas.
Expressou nos termos mais duros as severas condições do discipulado. Não
se especializou em apregoar benefícios e bênçãos, emoção e excitação,
aventuras e vantagens obtidas por seus discípulos. 45
O maior líder de todos os tempos ratificou, com firmeza, os notórios
desafios e sacrifícios da jornada com Deus. O seguidor que Cristo queria não
poderia temer a cruz, nem ser superficial. Ele não facilitou os requisitos do
discipulado, não mencionou opções fáceis, não deixou de expor os desafios,
por isso multidões se maravilharam e aderiram suas doutrinas.
5. JESUS CRISTO É O LOGOS

Afirma-se que o fantástico Evangelho do apóstolo João foi escrito e


publicado em Efeso a pedido dos apóstolos André e dos bispos asiáticos
para combater erros doutrinários que estavam surgindo sobre a divindade de
Jesus Cristo; alguns, inclusive, resultaram nas heresias cristológicas
supracitadas.
João, no seu Evangelho magnífico, apresenta o Filho de Deus como
aquele em quem as pessoas devem crer; nas suas epístolas, como aquele a
quem devem amar profundamente; e no seu Apocalipse, como aquele em
quem devem esperar paciente e confiantemente. Quanto ao Evangelho, João
menciona a tríplice revelação:
1.Jesus Cristo é o Verbo Eterno (Jo 1.1). Logos significa
palavra , demonstração , mensagem , declaração ou tala .
Alguns eruditos definem Logos mais especificamente: refere-se a uma
hipostasis (Hb 1.3), isto é, uma existência distinta e pessoal de um ser real e
específico. Assim, Cristo, além de ser a expressão de Deus, estava com Deus
e Ele também era Deus. O Logos existiu sempiternamente com o Pai. Nem
antes, nem depois, pois sempre esteve com Deus, sendo também o Criador
atuante de todas as coisas (Jo 1. 2,3).
2. Jesus Cristo é a Luz Eterna (Jo 1. 4-10), da qual testificou João
Batista. A Luz de Deus resplandeceu, porém poucos conseguiram focá-la,
outros repudiaram-na, alguns escarneceram-na, porém, quem decidiu
segui-la, não precisou mais nascer física e especificamente do povo de Israel
para fazer parte da aliança e, doravante, ter a oportunidade de ser
reconhecido como filho de Deus (Jo 1.12).
Na verdade, bastava crer na luz, receber a luz e seguir fielmente a luz
para obter o direito ou autoridade de se tornar filho de Deus (Jo 1.13).
Resumo: a luz foi revelada (Jo 1.6-9), rejeitada (Jo 1.10,11), e recebida (Jo
1.12,13).
3. Jesus Cristo também é o Amor Eterno, cheio de graça e de
verdade (Jo 1.14-18), que se encarnou com o objetivo de reconduzir a Deus
a humanidade decaída, pecadora, aflita, distante do Pai (Jo 3.16), dando por
ela a sua própria vida. Ele mostrou - ensinando/ fazendo/vivendo - o quanto
amava o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, embora
afetada pelo maldito pecado. Seu amor incondicional o levou à cruz a fim de
morrer a nossa morte, assumir as nossas culpa para, finalmente, com alegria,
nos justificar diante de Deus!
Numa linguagem mais teológica pode-se dizer que o Verbo, também
citado por Paulo em Cl 1.16, foi referido na literatura estóica, em Filo e
parcialmente nas tradições sapienciais judaicas.
6. JESUS CRISTO É O FILHO DO HOMEM
"Filho do Homem" foi a forma predileta de Jesus se referir a si
mesmo. Ele deve ter optado por este por não ser um título conhecido das
pessoas e por não estar associado a ideias populares.
Jesus usou tal título a si mesmo de três maneiras distintas:
•Usou o título de modo genérico, quase como termo substituto do
pronome "eu" (Lc 7.33,34; 9.58).
•Usou o título para enfatizar que "era necessário que o Filho do
Homem sofresse" (Mc 8.31). A expressão "ser necessário" implica que seu
sofrimento havia sido predito pelos profetas (Mc 9.12; 14.21, 49).
•Jesus usou o título "Filho do Homem" para referir-se a si mesmo
aquele que exercia autoridade excepcional - delegada por Deus (Mc 2.10,
28; 13.26; 14.62). 46
Jesus, como Filho do Homem, seguiu o padrão estabelecido para
"alguém semelhante a um filho do homem", em Dn 7.13. Eles possuía
autoridade; sofreu nas mãos de seus inimigos e foi vindicado e exaltado por
Deus. Como Filho do Homem, conclamou seus discípulos a seguirem-no
nesse padrão de vida.
•Eles eram o povo eleito de Deus e possuíam a autoridade divina
concedida a esse povo.
•Eles precisavam sofrer mantendo-se fiéis ao compromisso com
Jesus.
•Quando Deus tiver realizado seus propósitos e executado seu juízo
sobre todos os povos, eles serão vindicados e restaurados ao devido lugar de
autoridade.47
Na concepção de alguns teólogos Jesus Cristo parecia evitar ao
máximo a termilogia Messias. Por quê? Devido sua tendência política dada
pelos judeus. O mesmo, no entanto, não acontecia com o título Filho do
Homem. Aliás, esse parece ser o título que ele preferia usar a respeito de si
próprio. Só os escritores dos evangelhos sinóticos usaram-no mais de 65
vezes. Havia nesse termo algo de misterioso e curioso. Há dois significados
principais possíveis sobre ele:
1. Indica um membro da humanidade - Ezequiel.
2. Uma personagem incomum profetizada - Daniel.
Daniel descreve um personagem em forma humana, que surgiria no
fim dos tempos trazendo ao mundo a intervenção, justiça, Reino e
julgamento de Deus (Dn 7.13, 14). Mesmo que tenham surgido algumas
especulações sobre a identidade do "Filho do homem", prevaleceu a
interpretação de que Ele seria o ativo agente de Deus encarnado já predito
por outros profetas; Ele levaria a efeito o juízo divino e o Reino do grande
Deus. Em o Novo Testamento o Filho do Homem, conforme previu Daniel,
desempenhou um ministério terrestre (anunciando o juízo e o Reino
vindouro), sofreu notável rejeição (Mc 8.31), e por fim virá a segunda vez
com poder e grande glória para julgar e punir os pecadores; o seu domínio
será eterno, universal, e o seu reino jamais será destruído (Dn 7.14).
Pode-se dizer, em suma, que a expressão Filho do Homem aplicada
com frequência a Jesus Cristo corrobora sua humanidade (Jo 1.14); a mesma
ocorre aproximadamente 79 vezes apenas nas páginas neotestamentárias;
uma constatação curiosa é que por todo o livro de Ezequiel a expressão foi
usada por Deus 91 vezes. E, portanto, indiscutível que Filho do Homem (Jo
3.13) tornou-se uma figura messiânica. No entanto, apesar de designar o
imbatível libertador, o título crístico ora em foco estava menos atrelado ao
nacionalismo judaico no que tange à expectativa belicista.
Tasker, professor emérito de Exegese do Novo Testamento na
Universidade de Londres, em sua publicação a respeito de Mateus, mais
especificamente uma introdução e comentário, faz apologia a possibilidade
de que Jesus Cristo separou propositalmente para si próprio o título
supracitado tendo em vista que expressava melhor do que qualquer outro os
dois lados da sua natureza - divina e humana. O título, quando analisado
dentro da perspectiva da sua humanidade, reiterava suas limitações e
sofrimentos; sua experiência, enquanto homem, não estava imune a certos
pesares; não é sem razão que Isaías o havia qualificado também como
"homem de dores" (Is 53). O mesmo título crístico, por outro lado, também
indicava com exatidão sua transcendência; o rei messiânico, quando
concretizado o propósito de Deus, se manifestará em toda a sua majestade;
os homens finalmente contemplarão o Filho do Homem vindo nas nuvens do
céu e assumindo seu lugar de primazia (Dn 7.13,14).
7. JESUS CRISTO É O MESSIAS

O título Messias nos remete a alguém que é ungido para realizar uma
missão que envolve redenção, julgamento e representatividade do próprio
Deus (Is 45.1-7), referindo-se à expectativa escatológica (Dn 9.25,26),
assim como à expectativa de um redentor que inaugurasse um reino sem fim
(Is 9.1-7). Por isso o objetivo dos Evangelhos sinóticos foi apresentar Jesus
como o Messias. No grego, Christos (ungido) traduzia apropriadamente o
termo hebraico Mashiach, aparece na nossa Bíblia como Messias ou Cristo.
O significado fundamental da expressão possivelmente baseia-se no ato de
ungir com azeite de oliva, referindo-se à unção de reis, sacerdotes e profetas.
Outros "messias" surgiram em Israel principalmente na mesma
época. Teudas, para muitos o messias profetizado, ajuntou uns quatrocentos
seguidores, mas morreu e seu grupo se dispersou. Judas, o Galileu, também
foi aclamado como "messias" por alguns adeptos do Judaísmo. Outro
suposto "messias" provavelmente tinha surgido no Egito e arrebanhado
quatro mil terroristas (At 5.35-37, 21, 37, 38). Flávio Josefo informou que
muitos ditos "messias" e insurrecionistas eram crucificados e, como alerta a
todos, tinham expostos seus corpos enfileirados; o destino dos seguidores
messiânicos seria o mesmo, alertavam os romanos.
Mas por que o povo judeu não aceitou Jesus como Salvador?
Para entender melhor a questão é mister levar em consideração duas
tematizaçãos cruciais: a ontologia e soteriologia judaica. A soteriologia
judaica, mesmo no contexto do Novo Testamento, estava atrelada a
obediência à prática das boas obras da Lei. O povo judeu, doravante, por já
se considerar salvo por Deus não carecia de outro Salvador. O Messias
esperado, por conseguinte, seria aquele que o libertaria da opressão política
e o colocaria no topo das nações. E isso Jesus não fez. Sua prioridade, a
princípio, era outra. Sua missão, conforme diz a Bíblia, era anunciar o Reino
de Deus e resgatar a humanidade pecadora (Lc 4. 16-21; Mt 9.36-39; 28.
18-20). Tal Messias a religião judaica repelia. Chegará, no entanto, o dia no
qual o Cristo virá como o glorioso rei messiânico e implantará
definitivamente o bendito Reino de Deus! Maranata...
NOTAS
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«SANDERS, J. Oswald, Op. Cit., p.18.
«YOUNGBLOOD, Ronald, Op. Cit., ps.763,764.
«THIELMAN, Frank. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Shedd Publicações, 2007,
p.86.
QUESTIONÁRIO AVALIAÇÃO
DE CRISTOLOGIA
*Nome: _____________________________________
Sexo:( )DataNasc._/_/_Natural:.
*End.: __________________________
_, Bairro:
Cidade: _______________________________________ UF.
CEP: ______________________ Fone: ( ___) ____________
Nome completo, sem rasuras, conforme constará no certificado. *
Endereço correto para o qual será enviado o certificado.

I. QUESTÕES TEÓRICAS:
1. O que é, de maneira clara e objetiva, a Cristologia?
Resp._________________________________________________

2. Explique o que é:
Cristologia Ontológica:

Cristologia Funcional:

3. Cite alguns exemplos de grupos heréticos que deturparam a pessoa e obra


de Jesus Cristo durante séculos.
Resp._______________________________________________________

4. Quais alguns dos títulos de Jesus em o Novo Testamento?


Resp.__________________________________________________
II. QUESTÕES AVALIATIVAS:
1. Resuma sua experiência de conversão com Jesus - como você foi
alcançado pelo Evangelho, quando, como...
Resp. ______________________________________________________

2. Qual sua opinião sobre o conteúdo desta disciplina?


Resp. ___________________________________________

3. Como você avalia o seu aproveitamento deste módulo - tempo dedicado


ao estudo da disciplina, comentários importantes suscitados, possíveis
descobertas?
Resp. ______________________________________________________

4. De que maneira você pretende aplicar em sua vida e ministério o que


aprendeu nesta discplina?
Resp. ______________________________________________________

5. Como você avalia a forma como as informações foram transmitidas


pelo professor-escritor: você conseguiu compreender o que ele quis
lhe passar ou teve dificuldades? O que poderia ser melhorado?
Resp. ______________________________________________________

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