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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE


NÚCLEO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

LUCCAS ANDRÉ FELIX SILVA

PROJETO ESTRUTURAL EM CONCRETO ARMADO DE UMA RESIDÊNCIA DE


ALTO PADRÃO LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE CARUARU

Caruaru
2022
LUCCAS ANDRÉ FELIX SILVA

PROJETO ESTRUTURAL EM CONCRETO ARMADO DE UMA RESIDÊNCIA DE


ALTO PADRÃO LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE CARUARU

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenação do Curso de Engenharia Civil do
Campus Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE, na modalidade de artigo
científico, como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Estruturas

Orientador: Prof. D.Sc. José Moura Soares

Caruaru
2022
AGRADECIMENTOS

À Deus, inefável, por ter me dado sabedoria e força para superar todos os obstáculos nesses
anos de graduação.
À minha mãe Andrea, minha avó, e segunda mãe, Salete, meu avô, e pai, Benedito (in me-
morian), meu irmão Emmanuel, meu primo Carlinhos, minha tia Socorro e meu padrasto Cairo;
por toda motivação e esforço que foram indispensáveis para a conclusão deste curso.
Ao meu orientador e amigo professor Moura, ao qual tive o prazer de cursar cinco discipli-
nas, pelo interesse em contribuir com este trabalho com total dedicação e por todas as conversas
e conselhos a qualquer hora.
Ao professor e amigo Pedro Pereira, que me deu oportunidade de ser monitor por quatro
períodos, me possibilitando conhecer, de maneira prática, a atividade de docência, que está
entre minhas metas de vida.
Aos demais professores que contribuíram para minha formação, em especial: Cléssio Leão,
Douglas Mateus, Elder Vasconcelos, Flávio Eduardo, Giuliana Bono, Gustavo Bono, Humberto
Correia, Michele Mara, Rubens Silva e Saulo de Tarso.
À Pórtis Jr., ao qual tive oportunidade de contribuir no setor de projetos, que me apresentou
a parte prática da Engenharia e me capacitou em projetos estruturais no CypeCAD, capacitação
essa que foi crucial para a elaboração deste trabalho.
Aos meus amigos de graduação: André Inácio, Anthony Santos, Ayrton Victor, Daniel Silva,
Daysa Barbosa, Erik Assunção, Gleyce Nair, Jafé Macêdo, João Pedro, Maria Eulália e Priscila
Camelo; por todo companheirismo e cooperação neste tempo de graduação e que espero que
seja eterno.
Aos meus amigos da época de colégio, que até hoje estão comigo apoiando e dividindo bons
momentos, na medida do possível: Dorinha Miranda, Marcos Carlos, Monique Praça e Raí
Leite.
E a todos aqueles que, de alguma forma, me desejaram sucesso nesta jornada que se encerra
e a outra que se inicia.
“Se vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”
Isaac Newton
4

Projeto estrutural em concreto armado de uma residência de alto padrão localizada no


município de Caruaru

Structural design in reinforced concrete of a high standard residence located in


municipality of Caruaru

Luccas André Felix Silva¹

RESUMO
As estruturas de concreto armado possuem destaque no mercado da construção civil, como
sendo a mais utilizada no Brasil. Objetivando a aplicação dos conhecimentos estudados na gra-
duação, este presente trabalho descreve a elaboração de um projeto estrutural, em concreto ar-
mado, de uma residência de alto padrão com uma complexa arquitetura e, consequentemente,
diversos desafios estruturais (escada moderna, grandes reservatórios, balanços com grandes
vãos e lajes inclinadas). Foram utilizados softwares de dimensionamento estrutural, sendo eles:
CypeCAD, para o dimensionamento de vigas, lajes maciças, pilares e fundações; e STG (Sof-
tware Treliças Gerdau) para o dimensionamento das lajes pré-moldadas. Para o cálculo da es-
cada foi desenvolvida uma rotina no software MathCAD utilizando modelos de cálculo dispo-
níveis na literatura. É preciso definir dimensões iniciais antes de realizar o dimensionamento,
etapa denominada de pré-dimensionamento; que utiliza de métodos e fórmulas empíricas para
obtenção destes resultados, sendo desenvolvida uma planilha eletrônica com automatizações
para este fim. De posse dos dados de pré-dimensionamento, foi feita a modelagem da estrutura
no CypeCAD, com as lajes pré-moldadas calculadas pelo STG, e feito o dimensionamento.
Após este processo, foram apresentados erros de dimensionamento, que foram corrigidos com
soluções embasadas nos conhecimentos de estrutura adquiridos na graduação. Apesar dos erros
serem eliminados, é necessário realizar a otimização da estrutura (uniformização dos diâmetros
das barras de aço, redução da taxa de aço e correções para facilitar a execução). As decisões
tomadas para a correção de erros e otimização dos valores apresentados apresentaram sucesso,
de forma que a estrutura final respeita as exigências da ABNT NBR 6118:2014 e maior facili-
dade de execução, sem gerar gastos desnecessários.
Palavras-chave: concreto; aço; pré-dimensionamento; CypeCAD

____________________________
¹Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: luc-
[email protected]
5

ABSTRACT
Reinforced concrete structures are highlighted in the civil construction market, as the most used
in Brazil. Aiming the application of the knowledge studied at graduation, this present work
describes the elaboration of a structural project, in reinforced concrete, of a high standard resi-
dence with a complex architecture and, consequently, several structural challenges (modern
stairs, large reservoirs, cantilevers with large spans and sloping slabs). Structural design soft-
ware was used, namely: CypeCAD, for the design of beams, solid slabs, column and founda-
tions; and STG (Software de Treliças Gerdau) for the design of lattice slabs. For the calculation
of the stairs, a routine was developed in the MathCAD software using calculation models avail-
able in the literature. It’s necessary to define initial dimensions before carrying out the dimen-
sioning, a step called pre-dimensioning; that uses methods and empirical formulas to obtain
these results, being developed an electronic spreadsheet with automations for this purpose. With
the pre-dimensioning data, the structure was modeled in CypeCAD, with the lattice slabs cal-
culated by the STG, and the dimensioning maked. After this process, design errors were pre-
sented, which were corrected with solutions based on the knowledge of structure acquired in
university. Despite the errors being eliminated, it is necessary to carry out the optimization of
the structure (standardization of the diameters of the steel bars, reduction of the steel rate and
corrections to facilitate the execution). The decisions taken to correct errors and optimize the
values presented were successful, so that the final structure complies with the requirements of
ABNT NBR 6118:2014 and is easier to implement, without generating unnecessary expenses.
Keywords: concrete; steel; pre-dimensioning; CypeCAD.

DATA DE APROVAÇÃO: 3 de novembro de 2022.

1 INTRODUÇÃO
Estruturas é uma das áreas que compõe a Engenharia Civil, tendo como objetivo estudar os
elementos responsáveis pela sustentação das construções, que são, essencialmente, as vigas,
lajes e os pilares; podendo ser constituídos de materiais distintos, como: concreto armado, aço
ou madeira, onde o engenheiro deve decidir qual apresenta melhor viabilidade econômica e
técnica para cada aplicação.
Dos materiais citados, o Concreto Armado é o mais utilizando no Brasil, sendo aplicado em
qualquer construção: residências, edifícios (residenciais e/ou empresariais) pontes, entre outras.
Essas estruturas são caracterizadas por possuírem dois materiais que trabalham em conjunto:
6

concreto, responsável por combater os esforços de compressão, e aço, que combate os esforços
de tração. O Concreto Armado alia as qualidades do concreto (baixo custo, durabilidade, boa
resistência à compressão, ao fogo e à água) com as do aço (ductilidade e excelente resistência
à tração e compressão) (BASTOS, 2019). As recomendações e diretrizes para o dimensiona-
mento das estruturas de concreto armado estão descritas na Norma Brasileira ABNT NBR
6118:2014.
Com o avanço da computação, vários softwares para engenharia foram desenvolvidos, den-
tre eles softwares para cálculo estrutural, sendo o CypeCAD um dos mais utilizados. A análise
estrutural é realizada nesse software por meio de um pórtico espacial (cada nó possui 6 graus
de liberdade: três translações e três rotações), processado por métodos matriciais de rigidez,
levando em consideração pilares, vigas, lajes, alvenarias, enfim todos os elementos estruturais
presentes na estrutura analisada. (BARBOZA, 2019). O software possibilita fazer o lançamento
dos elementos estruturais, cálculo, detalhamento e lista de quantitativos de forma automatizada
e eficaz. Entretanto, o software não dispensa a análise do profissional de engenharia, buscando
evitar dimensionamentos abaixo do necessário (subdimensionamento) gerando riscos à segu-
rança dos usuários, e dimensionamentos exagerados (superdimensionamento) levando a gastos
desnecessários.
A primeira etapa de um projeto estrutural é a concepção, onde o calculista deve dispor os
elementos estruturais buscando um arranjo que atenda ao projeto arquitetônico. Antes de reali-
zar o dimensionamento, é necessário definir as dimensões iniciais dos elementos estruturais,
denominado de pré-dimensionamento.
Após o lançamento estrutural no software segundo a concepção e o pré-dimensionamento, é
necessário lançar os carregamentos atuantes que são normatizados pela ABNT NBR 6120:2019
e presentes também na literatura. Uma vez concluído o processamento e cálculo da estrutura, o
software emite um relatório de erros e o memorial de cálculo de todos os elementos, possibili-
tando uma análise para correção e otimização.
É possível realizar o cálculo de duas formas: A superestrutura isolada (vigas, lajes e pilares)
e toda edificação com as fundações. Neste trabalho o cálculo será feito, incialmente, da supe-
restrutura e, após a correção de erros, serão inseridos os elementos de fundação para o dimen-
sionamento completo.
A residência de alto padrão escolhida, representada na Figura 1, localizado no município de
Caruaru no condomínio Monteverde, possui um pavimento térreo e um superior, além de três
grandes reservatórios, escada plissada autoportante, grandes balanços e telhados sobre lajes in-
clinadas. A complexidade da residência motivou o lançamento estrutural, análise e busca de
7

soluções para correção de erros de dimensionamento e a otimização da estrutura.

Figura 1 – Modelagem da residência

Fonte: Autor, 2022.


2 METODOLOGIA
A metodologia consistiu nas etapas de: Pré-dimensionamento, concepção estrutural, confi-
guração e lançamento no CypeCAD, dimensionamento das lajes treliçadas, dimensionamento
da escada, correção de erros, inserção das fundações e otimização da estrutura; como podemos
detalhar nos itens a seguir.
2.1 Pré-dimensionamento
Para o dimensionamento de estruturas de concreto armado é necessário informar dimensões
iniciais. Este pré-dimensionamento é feito por meio de equações empíricas e da Mecânica dos
Materiais.
O método utilizado para o pré-dimensionamento dos pilares foi o das áreas de influência,
Equação 1, onde calcula-se a área da seção do pilar (Ac) a partir da aproximação da carga su-
perficial atuante nas lajes vizinhas do referido pilar, da resistência característica do concreto
(fck) e o número de pavimentos que o pilar engloba (n). Por haver uma aproximação da flexo-
compressão, que é o esforço que pilares são comumente submetidos, por compressão simples,
é necessário majorar a força normal por uma constante (γ) (Tabela 1) que depende do posicio-
namento do pilar

12𝛾𝐴𝑖 (𝑛+0,7)
𝐴𝐶 = (1)
0,6𝑓𝐶𝑘 +0,84
8

Tabela 1 – Constante γ

CLASSIFICAÇÃO DO PILAR γ
Centro 1,8
Extremidade 2,2
Canto 2,5
Fonte: Alva, 2003.
Para as lajes, a espessura é obtida pela razão do menor vão da laje por uma constante (α)
(Tabela 2) que depende do método construtivo (maciça, nervurada ou treliçada). Caso espessura
esteja abaixo do mínimo especificado em norma, deve ser feita a devida correção. Em vigas o
procedimento é bastante semelhante, onde é feita a razão do vão efetivo de cada tramo por uma
constante (β) que depende da posição deste (Tabela 3).

Tabela 2 – Constante α

TIPO DE LAJE α
Maciça 40
Nervurada 30
Treliçada 25
Fonte: Alva, 2003.

Tabela 3 – Constante β

POSIÇÃO DO TRAMO β
Interno 12
Externo/biapoiada 10
Balanço 5
Fonte: Bastos, 2021
Por ser um procedimento repetitivo e, para a residência em questão, com um elevado número de
elementos estruturais, foi elaborada uma planilha no Excel com o recurso de MACROS, onde uma
automatização e padronização foi aplicado no processo.
Na interface da planilha, Figura 2, onde é possível escolher, por meio de botões, a criação
de abas para o pré-dimensionamento de pilares, vigas e lajes. A planilha é construída automa-
ticamente, com o recurso de MACROS, e o usuário consegue cadastrar as informações dos
elementos e gerar um banco de dados com o pré-dimensionamento de cada elemento. Na Figura
3 se observa a planilha modelo para pré-dimensionamento dos pilares.
9

Figura 2 – Interface da planilha de pré-dimensionamento

Fonte: Autor, 2022.

Figura 3 – Planilha de pré-dimensionamento de pilares

Fonte: Autor, 2022.


Além do pré-dimensionamento, são feitas algumas verificações dos valores obtidos, como:
Dimensões mínimas de pilares e lajes maciças, correção de esbeltez dos pilares e escolha de
treliças comerciais para as lajes pré-moldadas.
2.2 Concepção estrutural
A concepção estrutural consiste em “montar” o pórtico espacial, ou seja, fazer a disposição
de todos os elementos estruturais priorizando a arquitetura, a economia e a facilidade de exe-
cução. É uma etapa crucial na elaboração de projetos estruturais, pois há diversas formas de
conceber a estrutura de um mesmo projeto arquitetônico e cada uma delas apresentará resulta-
dos distintos, onde o desejável são os arranjos com mais econômicos.
Na disposição dos pilares é necessário fazer a alocação em locais possíveis encontros de
vigas. Deve-se estar atento com as aberturas de escadas, reservatórios, esquadrias, balanços e
estacionamentos, que são regiões onde os pilares não podem ser posicionados para conservar
as exigências arquitetônicas. Para uma concepção econômica, a direção do maior lado do pilar
deve ser posicionada direção de maior viga em contato com esse pilar, pois a direção de maior
flambagem coincide com a maior inércia, reduzindo a área de aço, desde que permitido pelo
projeto arquitetônico.
Uma possibilidade para que se respeite a arquitetura e mantenha os elementos em direções
econômicas é dispor pilares que mudam de direção, visto que a direção viga de maior vão pode
se modificar à medida que os pilares chegam a novos pavimentos.
Outra solução é inserir pilares que nascem em vigas (vigas de transição). Esta solução não é
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muito indicada do ponto de vista econômico, pois aumenta significativamente o esforço em


vigas e, consequentemente, a área de aço; porém é uma saída para residências com arquiteturas
que apresentem maiores graus de complexidade.
Na concepção das vigas é preciso realizar o travamento dos pilares, para reduzir os compri-
mentos de flambagem dos elementos verticais, e vãos que definam as lajes, já que o dimensio-
namento das lajes está diretamente ligado à carga atuante e ao menor vão de cada laje. Como a
laje adotada para os pisos foi a laje treliçada, é importante manter vãos entre 3 e 4 metros, para
evitar a utilização de treliças com altura acima de 12 cm (TG12645), resultando em uma altura
de laje de 13 cm e 17 cm.
É recomendado que as vigas possuam a maior quantidade de apoios possível, sejam pilares
ou outras vigas, para evitar acúmulo de esforços. Empiricamente é dito que vãos de 2,5 a 6
metros (BITTENCOURT et al, 2022), para vigas apoiadas, estão dentro de um dimensiona-
mento econômico.
Lajes são elementos que dependem da disposição das vigas, como dito anteriormente, que,
para lajes treliçadas, os vãos econômicos estão entre 3 e 4 metros, portanto as treliças devem
ser dispostas na direção do menor vão entre as vigas.
De acordo com a necessidade, é possível utilizar lajes maciças, que apresentam resistência
bastante superior, porém com custos mais elevados em relação a laje pré-moldada. Neste pro-
jeto foram adotadas as lajes maciças para: Fundos/tampas de reservatório e lajes inclinadas da
coberta.
A Figura 4 representa a concepção do pavimento superior, a partir da arquitetura, feita com
a com o software AutoCAD com os elementos pré-dimensionados, de todos os elementos. As
plantas de forma serão utilizadas como base para o lançamento estrutural no CypeCAD.
11

Figura 4 – Concepção e pré-dimensionamento do pavimento superior

Fonte: Autor, 2022.


2.3 Configuração e lançamento no CypeCAD
Inicialmente é preciso realizar as configurações no software, sendo as principais: escolher
as normas vigentes, resistência do concreto, agregado graúdo, classe de agressividade, tensão
admissível do solo e cargas de vento.
Foi adotado um fck de 25 MPa para todos os elementos com agregado graúdo de basalto 19
mm, conhecida comercialmente como brita 19. Este concreto é comumente utilizado em obras
de residências e apresenta facilidade de compra em usinas no município de Caruaru.
A residência se enquadra na classe de agressividade II (urbano), logo a configuração de co-
brimento dos elementos segue as recomendações da ABNT NBR 6118:2014 com 2,5 cm para
lajes e 3 cm para vigas e pilares, e limite de fissuração de 0,3 mm.
Devido à ausência de laudos de SPT, foi adotado, na profundidade de assentamento de das
fundações de 2 m, um número de 20 golpes, onde, empiricamente, a tensão admissível (em
kgf/cm²) do solo pode ser obtida pela razão do número de golpes (NSPT) por 5, porém esta
consideração só pode ser feita para um número de golpes máximo de 20 e mínimo de 5 (BO-
TELHO E CARVALHO, 2007).
Essa profundidade de assentamento é característica para regiões do Planalto da Borborema,
no qual o município de Caruaru se localiza, e onde observa-se elevadas resistências a pequenas
profundidades (cerca de 2m), muitas vezes encontrando-se rochas graníticas. Estas caracterís-
ticas levam a adoção de fundações rasas (sapatas isoladas e/ou associadas), segundo a ABNT
NBR 6122:2022 (Projeto e execuções de fundações).
12

Os efeitos de vento foram configurados seguindo os critérios da ABNT NBR 6123:1988 com
uma velocidade básica de 30 m/s para a região de Caruaru, categoria II, classe B e fator proba-
bilístico do grupo II. Foi habilitado os efeitos de segunda ordem, que considera a peça de nos
pilares o surgimento de um momento devido à excentricidade gerada pela carga de vento, com
isso é possível um dimensionamento mais seguro dos elementos verticais.
A modelagem foi feita com os valores obtidos pelo pré-dimensionamento. O CypeCAD mo-
dela pórtico em planta e a apresenta a visualização tridimensional. Inicialmente não foram in-
seridos os elementos de fundação, Figura 5, já que é possível realizar o cálculo inicialmente
com vigas, lajes, pilares e cortinas de concreto e, posteriormente, o dimensionamento das fun-
dações.
Para a laje de fundo do reservatório foi considerada uma espessura mínima de 12 cm, por
ser a região mais solicitada e as paredes devem possuir uma espessura mínima de 12 cm (MIL-
TON, 2010), que para este trabalho foi adotado 15 cm e uma espessura de 8 cm para a tampa
com aberturas para limpeza.
Com a modelagem da edificação concluída, foram inseridas as cargas nas lajes (sobrecarga,
cargas de telhas e caixa d’água), vigas (cargas de parede) e carga triangular nas cortinas de
concreto (paredes dos reservatórios) com o peso específico da água, com os valores determina-
dos pela ABNT NBR 6120:2019. Para auxiliar no cálculo das cargas de alvenaria e caixa
d’água, foi feita uma rotina no software MathCAD, Figura 6, com os valores normativos para o
peso específico da alvenaria e revestimentos; e valores comerciais de cargas de caixas d’água.

Figura 5 – Modelagem inicial

Fonte: Autor, 2022.


13

Figura 6 – Rotina MathCAD – Cálculo de cargas.

Fonte: Autor, 2022.


2.4 Lajes treliçadas
Neste trabalho optou-se por calcular as lajes treliçadas no software STG (Software de Treli-
ças Gerdau), Figura 7, da empresa Gerdau, destaque no mercado na venda de insumos metálicos
para construção (aço, prego, arame, treliças de lajes, etc).

Figura 7 – STG - Interface

Fonte: Autor, 2022.


Por ser de uma empresa do mercado da construção civil, o software disponibiliza as treliças,
enchimento e bitolas de aço comerciais, além de realizar o dimensionamento das armaduras de
reforço e contraflecha, caso necessário.
Para o cálculo, foi considerado a carga de revestimento de 150 kgf/cm², sobrecarga dos am-
bientes descritos na ABNT NBR 6120:2019, camada de compressão de 5 cm, enchimento em
blocos de EPS, a tela Q-61 e apoios de segundo gênero nos extremos das treliças; o peso próprio
é calculado automaticamente. A Figura 8 representa a interface do software com os parâmetros
de entrada. Após o cálculo, é determinado a contraflecha e a armadura de reforço, se houver,
Figura 9; caso a treliça escolhida não seja suficiente, um aviso de erro é apresentado e o usuário
14

deve escolher um modelo de maior altura. O software também fornece uma planilha de quanti-
tativos, facilitando o orçamento e a montagem de pranchas.

Figura 8 – STG – Parâmetros

Fonte: Autor, 2022.

Figura 9 – STG – Resultado do cálculo

Fonte: Autor, 2022.


2.5 Escada
No projeto arquitetônico foi estabelecida a escada plissada, também chamada de cascata,
com o patamar em balanço, ou seja, do tipo autoportante. O CypeCAD possui uma quantidade
limitada de escadas que é feito o dimensionamento das armaduras, não sendo a escada plissada
uma delas.
É necessário realizar o dimensionamento e detalhamento manualmente, porém é possível
15

utilizar o Cype3D (software integrado do CypeCAD) para fazer a modelagem da estrutura, lan-
çamento de cargas e cálculo dos esforços, que são lançados na estrutura global após a modela-
gem.
A estrutura foi modelada no Cype3D, Figura 10, e para o dimensionamento foi utilizado o
modelo de cálculo apresentado no livro “Curso de Concreto Armado”, volume 4, de José Milton
de Araújo: Com uma seção de dimensionamento retangular, de base 100 cm e altura de acordo
com a altura de laje e tamanho do espelho, se a escada for armada transversalmente, os pisos
dos degraus são calculados como lajes horizontais apoiadas nos espelhos, os quais são calcula-
dos como vigas (MILTON, 2010).

Figura 10 – Cype3D – Modelagem de escada plissada autoportante

Fonte: Autor, 2022.


Foi organizada uma rotina no software MathCAD, Figura 11, com o procedimento para cál-
culo dos pisos, degraus e patamar a partir dos esforços obtidos com o cálculo da estrutura iso-
lada no Cype3D.
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Figura 11 – MathCAD – Dimensionamento de escada plissada autoportante

Fonte: Autor, 2022.


Para evitar o empuxo no vazio, há duas formas de armar uma escada com esta geometria:
por estribos ou por armaduras de ligação. Por questões de execução, foi adotado nas partes
centrais da escada a armação por estribo e armadura contínua nas regiões próximas ao apoio,
com objetivo de garantir a ancoragem com as vigas de apoio.
O cálculo resultou em uma armadura de diâmetro com 12,5 mm com espaçamento de 7 cm
ao longo de sua largura e armaduras construtiva de diâmetro de 5 mm para fixar a armadura
principal, Figura 12. Para reduzir a espessura da laje de fundo, foi adotado um concreto de 30
MPa exclusivamente para a escada, resultando em uma espessura de laje de 17 cm e uma con-
traflecha de 2 cm na ponta do patamar.

Figura 12 – Detalhamento da escada

Fonte: Autor, 2022.


17

2.6 Correção de erros de dimensionamento e inserção das fundações


Após o dimensionamento do pórtico, uma série de erros foram apresentados e precisaram
ser corrigidos com base nos conhecimentos de estruturas. Os elementos que precisaram ser
corrigidos, na ordem de distribuição das cargas, foram: lajes, escada, reservatórios, vigas e pi-
lares.
Nas lajes treliçadas, foi apontado erro de momento fletor nos apoios das lajes, pelo fato do
lançamento considerar os apoios engastados, logo, pela mecânica dos materiais, há momento
negativo nos apoios, momento esse que é danoso para lajes treliçadas devido à falta de concreto
na região de compressão. As lajes foram calculadas como apoiadas no STG e foi preciso realizar
a articulação das vigotas com as lajes, zerando o momento negativo e compensando o positivo,
para o qual já foi feito o dimensionamento externamente.
Nas lajes maciças da coberta houveram valores elevados de flecha, chegando a 5 cm na
coberta da fachada principal, grandes quantidades de aço em ambas as direções e esforços ele-
vados nos pilares ao redor, onde uma grande taxa de aço e concreto não estava suprindo o
combate a esses esforços nos elementos verticais; tal fato se deve ao fato de a concepção inicial
não ter vigas na direção dos vãos menores. Foram adicionadas vigas, na ordem de 12 metros
com objetivo de distribuir melhor os esforços na estrutura.
A escada ao ser calculada em conjunto com a estrutura global, reconsiderando a rigidez do
pórtico inteiro, apresentou valores de deformação na ordem de 30 cm, que é uma deformação
totalmente fora de norma e que levam a estrutura ao colapso.
Como solução, foram adicionadas vigas perpendicularmente ao apoio de cada lance (nível
térreo e superior), Figura 13, com a finalidade de aumentar a rigidez no apoio e, pelos métodos
de análises da estrutura, transferir parte do momento fletor da escada para as vigas e, conse-
quentemente, reduzir a deformação.
As cortinas de concreto (muros) dos reservatórios apresentaram necessidades de reforço em
determinadas direções. O software apresenta em seu relatório as recomendações de reforço e
em qual direção a partir de indicações em vermelho, Figura 14, e por meio de um relatório,
Figura 15. Todos os reforços foram adicionados, seguindo as recomendações do relatório e as
irregularidades foram sanadas.
Os erros em vigas apresentaram uma maior diversidade, onde diversas correções foram fei-
tas, baseadas na mecânica dos materiais. Os erros mais comuns foram: Flecha excessiva, resis-
tência ao cisalhamento, resistência à esforços normais e ruptura por torção (nas vigas de apoio
das escadas).
18

Figura 13 – Vigas no apoio dos lances da escada.

Fonte: Autor, 2022.

Figura 14 – Indicações de reforço nos reservatórios.

Fonte: Autor, 2022.


Figura 15 – Relatório de reforço nos reservatórios

Fonte: Autor, 2022.


19

Como solução para reduzir a flecha, e a resistência aos esforços normais, foi aumentado a
rigidez (EI) da seção transversal aos esforços de flexão (M(x)), método mais eficiente matema-
ticamente pela equação da linha elástica, Equação 2, pelo aumento da altura da seção retangular.

𝑑²𝑦 𝑀(𝑥)
= (2)
𝑑𝑥² 𝐸𝐼

É sabido, das teorias de concreto armado, que a armadura responsável para combater as ten-
sões de cisalhamento, resultado do esforço cortante, é a armadura transversal, denominada es-
tribos. A redução do espaçamento entre os estribos e, em casos isolados, aumento do diâmetro
da armadura foi a decisão tomada para garantir resistência às tensões cisalhantes.
A grandeza que determina a resistência à torção é o momento de inércia polar, Equação 3
(seções retangulares). Erros por torção foram acusados nas vigas que apoiam os lances da es-
cada. Como solução, foi elevada a inércia polar (J) dos tramos com erros de torção, buscando
deixar a seção mais próximo possível de um quadrado (lados iguais), aumentando a base (b) da
seção para aproximar-se da dimensão da altura (h) da seção

𝑏ℎ
𝐽= (𝑏 2 + ℎ2 ) (3)
12

No relatório de erros de pilares foram apresentados erros de menor variedade, sendo eles:
Resistência aos esforços normais e resistência ao cisalhamento. Para a correção das combina-
ções normais, foi alterada a seção na direção em que os esforços apresentaram valores mais
elevados, garantido uma maior rigidez para as posições com maiores solicitações.
Para a correção de erros de cisalhamento, foi adotada a mesma solução para as vigas com a
redução do espaçamento dos estribos e, em alguns casos, o aumento do diâmetro da armadura.
Em alguns casos foi necessário modificar a seção, já que o espaçamento de estribos estava
abaixo dos valores normativos.
Após a correção, foram adicionados os elementos de fundação, Figura 16, que, como já men-
cionado, o caso em questão permite a utilização de fundações rasas por meio de sapatas isoladas
e associadas, para os casos de pilares próximos. O CypeCAD apresenta uma grande variedade
de geometrias de sapatas, sendo escolhida a sapata em concreto armado retangular centrada
piramidal, por proporcionar um dimensionamento em ambas as direções e uma melhor econo-
mia.
20

Figura 16 – Modelagem completa

Fonte: Autor, 2022.


2.7 Otimização da estrutura
Mesmo com a correção de erros, é possível deixar a estrutura mais econômica e com uma
melhor facilidade de execução realizando algumas modificações nos elementos sem compro-
meter a segurança.
O software STG determinou armaduras de reforço com aço CA-60 que, em diâmetros acima
de 5 mm, não são facilmente encontradas no mercado, podendo levar a atrasos na execução do
projeto. Por essa razão, tais armaduras foram substituídas por aço CA-50 no próprio software,
onde é feito a compatibilização com as resistências dos dois tipos.
Nas lajes maciças do telhado inclinado, pelo pré-dimensionamento a espessura deveria ser
de 23 cm, porém foi feita uma redução para 20 cm, objetivando diminuir o consumo de concreto
e fôrma.
Em todas as lajes maciças, o software realiza a armação com armaduras de diversos tama-
nhos e diâmetros, dificultando a execução, Figura 17, por isso foi feito uma uniformização dos
diâmetros e de quantidades de armaduras, Figura 18, facilitando o trabalho por parte dos ope-
rários de armação.
Um processo semelhante das lajes foi feito para as vigas, Figura 19, onde diversas partições
de armadura foram feitas automaticamente pelo programa, dificultando a execução e aumen-
tando os riscos de erros, podendo gerar subdimensionamentos, Figura 20. Também foi feito
uma uniformização das seções das vigas, levando a uma menor variabilidade e uniformizando
a construção das fôrmas para a concretagem.
21

Figura 17 – Lajes maciças – armação inicial

Fonte: Autor, 2022.


Figura 18 – Lajes maciças – armação otimizada

Fonte: Autor, 2022.


A ABNT NBR 6118:2014, em seu item 13.2.3 para pilares, determina que para dimensões
abaixo de 19 cm, com a restrição de 14 cm para dimensão mínima, os esforços solicitantes
devem ser majorados por coeficientes de segurança que dependem da dimensão adotada, Tabela
4. Inicialmente foi adotado uma menor dimensão de 15 cm, mas, respeitando a arquitetura, a
maioria dos pilares sofreram modificações para 19 cm, objetivando reduzir a taxa de aço em
22

20%.
Figura 19 – Viga – armação inicial

Fonte: Autor, 2022.


Figura 20 – Viga – armação otimizada

Fonte: Autor, 2022.


Tabela 4 – Tabela 13.1 da NBR 6118

Fonte: ABNT NBR 6118, 2014.


Para as sapatas, foi possível reduzir as dimensões da base de alguns elementos que foram
calculados acima do necessário. A montagem das malhas de alguns elementos foi feita com
diâmetros distintos, Figura 21, para cada direção buscando a economia, entretanto tal arranjo
pode levar a equívocos na montagem das armaduras e gerar subdimensionamentos da estrutura.
23

Os diâmetros foram uniformizados em cada elemento de fundação, Figura 22.


A ancoragem da armadura das sapatas no software, por limitação de altura, é feita muitas
vezes com curvas na ponta das armaduras, Figura 21, dificultando a execução por parte dos
armadores, logo tais curvas foram removidas e a ancoragem feita exclusivamente em “L”, Fi-
gura 22.
Figura 21 – Sapata – Armação inicial

Fonte: Autor, 2022.


Figura 22 – Sapata – Armação otimizada

Fonte: Autor, 2022.


3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Agora serão discutidos, nos itens a seguir, os resultados do dimensionamento com as dimen-
sões calculadas a partir do pré-dimensionamento, das medidas adotadas para corrigir problemas
de dimensionamento e modificações para otimização dos elementos.
3.1 Pré-dimensionamento
Da planta de forma inicial com as dimensões do pré-dimensionamento e o resultado final da
estrutura houveram algumas modificações, como esperado, entretanto, as vigas foram os ele-
mentos que apresentaram maiores divergências, principalmente nos tramos em balanço. Tal
24

fato se deve ao pré-dimensionamento das vigas considerar apenas o vão e ter diversas variáveis
desprezadas, como: Reações de lajes, pilares apoiados em vigas, balanços, cargas de alvenaria,
entre outros.
As áreas das seções dos pilares após o dimensionamento apresentaram baixas diferenças em
relação ao pré-dimensionamento, devido ao fato de que o método de áreas de influência leva
em consideração diversos fatores, diferente do método de vigas, como: Cargas superficiais,
domínios de deformação, classificação dos pilares (diretamente relacionado à flambagem) e as
propriedades do concreto armado.
As dimensões obtidas no pré-dimensionamento da laje apresentaram o melhor desempenho.
Todas as treliças calculadas, inclusive de altura de 12 cm, atenderam o dimensionamento. O
bom desempenho do pré-dimensionamento de lajes se deve à concepção das vigas, onde foram
gerados vãos dentro das dimensões recomendadas para o dimensionamento econômico (3 e 4
metros). Para a laje maciça da coberta, houve uma pequena diminuição de espessura no pro-
cesso de otimização, porém ainda muito próximo dos valores obtidos no pré-dimensionamento.
3.2 Soluções para correção de erros de dimensionamento
A solução para redução dos esforços nas lajes maciças da coberta em apoiar os dois bordos
que estavam livres apresentou sucesso na redução da flecha, de 5 cm para 2 cm, e na taxa de
armadura.
Os pilares ao redor da laje inclinada tiveram uma grande redução nos esforços, podendo
haver uma redução na taxa de concreto armado nestes elementos e atender o dimensionamento.
Era esperado os resultados, já que, da mecânica vetorial, uma estrutura mais apoiada apresenta
uma melhor distribuição dos esforços.
A escada ao ser calculada isoladamente apresentou pequenos valores de flecha, na ordem de
3 cm, entretanto ao ser calculada junto da estrutura global, onde as considerações de rigidez
mudam significativamente, os valores de flecha máxima chegaram a 50 cm, como já destacado.
A decisão de adicionar duas vigas perpendiculares aos pontos de apoio de cada lance, Figura
12, fez com que a flecha máxima fosse reduzida para 2 cm, uma redução de 96%, representando
uma solução extremamente válida e sem afetar a arquitetura, mantendo o patamar em balanço.
A redução da flecha na escada é resultado de um aumento na rigidez do apoio, onde o engaste
apresenta melhor desempenho e, consequentemente, a redução de momento fletor nos lances e
também da flecha máxima. As vigas inseridas mostraram valores elevados de momento, já que
uma parte do esforço foi transferido para as mesmas.
As modificações na inércia das vigas por meio do aumento da altura, que é a forma mais
eficiente, reduziram as flechas das vigas que apresentaram valores acima dos limites
25

normativos, assim como a resistência ao esforço normal, que é combatido com uma maior área
da seção transversal.
A redução de espaçamento dos estribos para correção dos erros de tensões de cisalhamento
foi uma decisão eficiente na maior parte das vigas, entretanto algumas seções precisaram ser
modificadas, pois os valores de espaçamento estavam abaixo do mínimo determinado pela
norma. Ao realizar a correção das flechas, ocorreu também a reparação da resistência ao cisa-
lhamento. A redução do espaçamento dos estribos aumenta a área de aço transversal, garantindo
maior resistência ao esforço cortante.
Para o combate à torção nas vigas de apoio da escada, foi ampliada a base da seção transver-
sal, aproximando a geometria de um quadrado e elevando a inércia polar da seção, gerando uma
maior rigidez transversal para combater o esforço de torção, solução essa que se mostrou viável
e corrigiu o erro para os dois tramos que apoiam os lances da escada.
Para os pilares que apresentaram erro de dimensionamento, foi aumentada a seção na direção
do maior esforço, aumentando a rigidez do elemento na direção de maior carga, com isso as
falhas de resistência ao esforço normal foram supridas. A solução adotada para o combate ao
esforço cortante foi a mesma das vigas, com a redução do espaçamento dos estribos e, em alguns
casos, modificações na seção dos pilares.
3.3 Otimização da estrutura
A uniformização das armaduras nas lajes maciças, vigas e sapatas resultaram em uma arma-
ção de fácil execução pelos operários, com um projeto menos poluído e uma menor quantidade
de informações a serem consideradas, reduzindo as chances de erros e “correções” em obra que
levem ao subdimensionamento dos elementos.
Com a substituição do aço CA-60 por CA-50, dos diâmetros acima de 5 mm, os insumos das
lajes treliçadas apresentam maior disponibilidade no mercado, evitando atrasos e facilitando a
logística pelas equipes de compra da construtora responsável.
A solução de alterar a menor dimensão de 15 cm, Figura 23, para 19 cm, com intuito de
reduzir em 20% a taxa de aço, resultou em uma elevada redução no consumo de aço dos pilares,
Figura 24. Pilares com uma elevada quantidade de barras foram otimizados para o mínimo pre-
visto na norma (4 barras de 10 mm). A substituição da menor dimensão por uma maior medida
foi compensada com a redução da maior dimensão, buscando a manutenção do consumo de
concreto
26

Figura 23 – Pilar – Armação inicial

Fonte: Autor, 2022.


Figura 24 – Pilar – Armação otimizada

Fonte: Autor, 2022.


Como já demonstrado, a otimização levou a uma estrutura mais fácil de ser executada, com
menor chance de erros e com insumos mais fáceis de serem encontrados no mercado. Entre-
tanto, é preciso realizar uma análise custo antes e depois da otimização, buscando evitar o en-
carecimento da estrutura.
Como houveram diversas modificações nos resultados dados pelo software, é válido analisar
se houve aumento de custos. Para isso foi feito o orçamento a partir das composições da SINAPI
e ORSE onde está incluso as despesas de insumos e mão de obra. Como o CypeCAD disponi-
biliza relatórios de quantitativos de consumo de concreto, aço e forma de todos os elementos,
facilita a elaboração do memorial de cálculo. Os quantitativos das lajes treliçadas foram forne-
cidos pelo STG, que gera uma planilha com o consumo de aço, vigotas e blocos individual-
mente.
O orçamento da estrutura antes da otimização, Tabela 5, apresentou um custo maior que a
estrutura otimizada, Tabela 6, apesar de ter tido o aumento isolado de alguns itens. A redução
do valor total foi de R$ 326,71. Isoladamente a maior redução foi a dos pilares, de R$ 17.095,62,
que causou a compensação dos demais elementos que tiveram aumento no custo.
Conclui-se que não houve elevação no custo total com as alterações feitas, além de resultar
em uma estrutura melhor executável e em acordo com todos os critérios de segurança estabele-
cidos pelas normas brasileiras
27

Tabela 5 – Orçamento inicial

Fonte: Autor, 2022.


Tabela 6 – Orçamento após a otimização

Fonte: Autor, 2022.


3.4 Plotagem dos detalhamentos
O CypeCAD gera o detalhamento dos elementos da estrutura minuciosamente, além da ta-
bela de quantitativos, facilitando o trabalho de montagem das pranchas para impressão e entrega
ao cliente.
Algumas alterações precisaram ser feitas manualmente, como: cotagem das plantas de
forma, destaque de pilares que mudam de direção, indicação de contraflecha, simplificação do
detalhamento de lajes maciças, detalhamento de ancoragem dos reservatórios, detalhamento
manual da escada e das lajes treliçadas.
Segundo o livro: “Curso de Concreto Armado”, volume 4, de José Milton Araújo; a ligação
entre paredes-paredes e paredes-lajes, deve apresentar a amarração por armaduras de ligação,
Figura 25, entretanto o detalhamento gerado automaticamente pelo software é feito com os
elementos isolados, Figura 26. Por essa razão, foi feito a indicação na prancha, manualmente,
da ligação entre os elementos, levando o responsável pela execução garantir a amarração ade-
quada dos elementos, Figura 27.
28

Figura 25 – Amarração dos elementos do reservatório

Fonte: Araújo, 2010.

Figura 26 – Detalhamento das cortinas gerado pelo CypeCAD

Fonte: Autor, 2022.

Figura 27 – Indicação da amarração dos reservatórios na prancha

Fonte: Autor, 2022


As plotagens foram feitas em folhas de tamanho A1 (841 x 594 mm) com um total de 30
páginas com escala de 1:50, facilitando a visualização, e as tabelas de quantitativos dos ele-
mentos apresentados em cada prancha.
29

A legenda das pranchas, Figura 28, há indicações importantes, como: Legenda de simbolo-
gias presentes nas plantas de forma, cobrimento dos elementos, fck do concreto e indicações de
autoria.

Figura 28 – Legenda das pranchas

Fonte: Autor, 2022


Foi adicionado um QR-Code na legenda, onde é possível acessar o link para o site Sketchfab
onde foi carregada a visualização 3D da estrutura, Figura 29. É possível, no próprio site, rota-
cionar o pórtico tridimensional e facilitar a visualização do responsável técnico pela execução,
sanando dúvidas imediatas em obra. O Sketchfab é bastante otimizado, o que possibilita o
acesso pelo smartphone por qualquer usuário com acesso às pranchas em obra, seja impressa
ou em visualização digital.
30

Figura 29 – Visualização 3D do pórtico no Sketchfab

Fonte: Autor, 2022

4 CONCLUSÕES
1. Os métodos de pré-dimensionamento de pilares e lajes apresentaram um bom desempe-
nho, tendo pequenas alterações em relação ao final do dimensionamento;
2. O pré-dimensionamento das vigas apresentou maiores divergências, devido à simplici-
dade do método, que despreza variáveis importantes, como: carregamentos e resistência
do concreto;
3. Apesar de não dimensionar a escada plissada, a modelagem no Cype3D auxilia no di-
mensionamento manual, fornecendo os esforços e a integração com o pórtico espacial;
4. As medidas adotadas para a solução de erros apresentaram bom desempenho, onde foi
possível a correção de mais de uma natureza de erro simultaneamente com a mesma
medida, facilitando o processo;
5. Como a escada autoportante apresenta elevados carregamentos e apenas um apoio en-
gastado, é necessário a inserção de vigas perpendiculares ao engastamento, visando a
melhoria do desempenho do apoio e a consequente redução de esforços nos lances;
6. A armação feita automaticamente pelo CypeCAD busca seguir fidedignamente o dia-
grama de esforços, entretanto acaba formando uma estrutura de difícil execução, onde é
necessário realizar a, manualmente, a uniformização dos diâmetros e comprimentos;
31

7. Os métodos de otimização resultaram em uma estrutura melhor executável, segura, com


insumos de maior disponibilidade no mercado e sem elevação de custos;
8. O detalhamento dos reservatórios feito pelo software é insuficiente, necessitando de ar-
maduras específicas normalmente utilizadas em projetos de estruturas, aplicado como
união e reforço dos elementos componentes do reservatório.
32

REFERÊNCIAS
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Maria: Ufsm, 2003. 20 slides, color. Disponível em: https://www.fec.unicamp.br/~al-
meida/ec802/Lancamento/Pre-dimensionamento_EESC.pdf. Acesso em: 30 abr. 2022.

ARAÚJO, José Milton de. Curso de Concreto Armado. 3. ed. Cidade Nova: Editora Dunas,
2010. (Volume 4).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas


de concreto — Procedimento. 3 ed. Rio de Janeiro: Abnt, 2014. 238 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de


fundações. 1 ed. Rio de Janeiro: Abnt, 2022. 108 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Ações para o cálculo


de estruturas de edificações. 2 ed. Rio de Janeiro: Abnt, 2019. 60 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças devidas ao


vento em edificações. Rio de Janeiro: Abnt, 1988. 60 p.

BASTOS, Paulo Sérgio. LAJES DE CONCRETO ARMADO. São Paulo: Unesp, 2021. Dis-
ponível em: https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Lajes.pdf. Acesso em: 30 abr. 2022.

BASTOS, Paulo Sérgio. VIGAS DE CONCRETO ARMADO. São Paulo: Unesp, 2021. Dis-
ponível em: https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto2/Vigas.pdf. Acesso em: 30 abr. 2022.

BEER, Ferdinand; JOHNSTON, Russell; DEWOLF, John; MAZUREK, David. Mecânica dos
Materiais. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.

BITTENCOURT, Túlio; BELLAS, João Carlos Dellas; PEREGRINO NETO, Januário; GRA-
ZIANO, Francisco Paulo. Estruturas de Concreto I: concepção estrutural. São Paulo: Uni-
versidade de São Paulo, [20--]. 14 slides, color. Disponível em: https://pt.slideshare.net/EDE-
ROLIVEIRA11/concepo-estrutural-ii-slide. Acesso em: 18 out. 2022.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos; CARVALHO, Luis Fernando Meirelles. 4 edifícios x


5 locais de implantação = 20 soluções de fundações. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2015.
DEICHMANN, Alexandre. PROJETO ESTRUTURAL EM CONCRETO ARMADO DE
UMA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR DE DOIS PAVIMENTOS. 2016. 2014 f. TCC (Gra-
duação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
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PINHEIRO, Libânio M.; MUZARDO, Cassiane D.; SANTOS, Sandro P.. PRÉ-DIMENSIO-
NAMENTO. In: PINHEIRO, Libânio M.; MUZARDO, Cassiane D.; SANTOS, Sandro
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2007. p. 36-41. Disponível em: http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downlo-
ads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf. Acesso em: 30 abr. 2022.
33

ROCHA, Anderson Moreira da. CONCRETO ARMADO. São Paulo: Lis Gráfica e Editora
Ltda, 1986.
34

ANEXO – ARQUIVOS CITADOS


Todos os arquivos utilizados para a elaboração deste trabalho se encontram no Google Drive
que pode ser acessado pelo link ou pelo QR-Code.

https://drive.google.com/drive/folders/1978A_K_7sQwGNBaDe2-tBJg2zSncwkeJ?usp=sha-
ring
35

LUCCAS ANDRÉ FELIX SILVA

PROJETO ESTRUTURAL EM CONCRETO ARMADO DE UMA RESIDÊNCIA DE


ALTO PADRÃO LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE CARUARU

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenação do Curso de Engenharia Civil do
Campus Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE, na modalidade de artigo
científico, como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Estruturas

Aprovado em 3 de novembro de 2022.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Prof. D.Sc. José Moura Soares (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________________
Prof. D.Sc. Humberto Correia Lima Júnior (Avaliador)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________________
B.Sc. Washington Martinez Bezerra da Silva (Avaliador)
Engenheiro Civil

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