PDF - Franciedina Aparecida Soares Vieira
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Catolé do Rocha – PB
2014
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Catolé do Rocha – PB
2014
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BANCA EXAMINADORA
Catolé do Rocha
2014
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar ao meu Deus por ter me dado: saúde, graça e
sabedoria.
A minha família: meu pai Francisco e minha mãe Francisca, que sempre me
compreenderam, incentivaram, apoiaram e me deram palavras de ajuda e incentivo.
Obrigada por fazerem de mim o que sou hoje! Aos meus irmãos: Tiago e Elionai, em
especial a minha irmã Francielda, que foi uma das minhas inspirações para esse
trabalho. Cabe lembrar que ela é surda e por estar inserida nesse mundo
multicultural, me motivou ainda mais a essa pesquisa. Ao meu namorado Fabricio
que a todo o momento me apoiou com palavras de ajuda e incentivo. Amo vocês!
Aos amigos e colegas de turma, 2010.2, em especial às colegas Rosineide e Alzira.
Alzira que sempre esteve presente durante a minha vida, temos partilhado muitos
momentos juntas.
A todos que fazem parte do corpo docente da academia de Letras, que contribuíram
para a minha vida acadêmica, em especial ao meu orientador, Professor José
Marcos Rosendo de Souza, obrigada pela dedicação, atenção, responsabilidade e
paciência para com o meu trabalho. Que Deus abençoe, esse grande exemplo de
educador que tive o privilégio de conhecer.
Enfim, agradeço a todos que direta e indiretamente contribuíram e compartilharam
da minha vida acadêmica.
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Ferdinand Berthier.
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RESUMO
ABSTRACT
For a long time, the deafness was regarded as a curse and disease, contributing to
the exclusion of individuals who are deaf, which until then were seen as individuals
disabled and unable to perform some tasks, such as speaking and writing. However,
with the emergence and recognition of sign language, the deaf came to possess a
form of communication, through which they also obtain means to build to their
identities as subjects capable of and belonging to a different culture, deaf culture,
which is expressed in its manner of speaking. And bringing it to the reality of the
diversity of genres, in actuality, these are always present in the lives of individuals
and could even represent them and interfere in the construction of their identity.
Therefore, this study aims to analyze the traits of culture and deaf identity in comics
"That deaf guy". posted on a page of a social network called "Surdalidade".Thereby,
this study develops through an analysis undertaken, specifically, based on the
concepts of Hall (2005), Marcuschi (2005) and Gesser (2009), among other authors,
covering concepts of identity and how its construction, culture and deaf identity and
some considerations about text genres as social representation. In this way, we hope
that this research may contribute to the recognition of the individual deaf as a social
being, regardless of his deafness.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Tirinha 1...............................................................................................................p. 24
Tirinha 2...............................................................................................................p. 26
Tirinha 3...............................................................................................................p. 27
Tirinha 4...............................................................................................................p. 28
Tirinha 5...............................................................................................................p. 29
Tirinha 6...............................................................................................................p. 30
Tirinha 7...............................................................................................................p. 30
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................ 09
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................
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REFERÊNCIAS..................................................................................................... 33
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APRESENTAÇÃO
Deste modo, muitos não aceitam o termo cultura surda pelo fato de existir
uma cultura universal que abrange a todos, sendo assim a cultura surda seria uma
subcultura, isto é, apenas um grupo de pessoas subordinadas à cultura dominante, a
ouvinte, dessa forma os surdos seriam considerados seres inferiores por não
participarem do mundo ouvinte.
Sobre essa afirmação Anderson (1994) apud Salles et al (2004) coloca, que
os antropólogos e sociólogos veem a cultura surda apenas como uma subcultura,
por outro lado os líderes surdos e os cientistas rejeitam essa denominação sob o
argumento, de que sub significa que os valores de um grupo são subordinados a
outros.
Nessa mesma lógica, Salles et al (2004) nos afirmam que, ao discutirmos
sobre cultura surda, estaremos envolvendo também a questão da identidade, uma
vez que um surdo demonstrará se ele realmente está próximo ou distante de sua
cultura, dependendo de qual identidade ele assume em meio à sociedade.
Em busca de uma definição para identidade surda Perlin (1998) apud Salles
et al (2004,p.41) estabelece cinco tipos, são elas: identidade flutuante, identidade
inconformada, identidade de transição, identidade híbrida, e identidade surda.
Deste modo, quando o surdo mantém contato com a comunidade surda, ele
já havia desenvolvido a comunicação oral para se comunicar com as demais
pessoas e ao conhecer a sua língua natural, a língua de sinais, ele passa por um
conflito cultural, pois é necessário adaptar-se ao seu novo modelo de comunicação,
aquele que lhe devia ser o natural.
Ser surdo era estar condenado a uma vida de relentos e dificuldades, uma
vez que a sociedade os via como seres retardados, que não eram capazes de
raciocinarem de maneira eficiente.
Durante o transcorrer da história, o conceito de identidade surda foi
ganhando novos significados e a maneira de tais sujeitos serem vistos transformou-
se, até criar-se a língua de sinais, que ajudou os surdos a serem menos
estigmatizados, tendo em vista que a língua de sinais fortifica a sua identidade, pois
lhe dá o acesso a uma forma de comunicação que lhe é familiar, através dela eles
conseguem se expressarem melhor.
As sete tirinhas que nos deteremos a analisar são uma criação do cartunista
americano Matt Daigle, que é surdo, e sua esposa Kay, intérprete e atriz
comediante. Segundo o autor, muitos episódios das tirinhas são acontecimentos
diários decorridos com ele, sua esposa e seu filho, que é bilíngue, domina a língua
Inglesa e a ASL (American Sign Language), nome dado a língua de sinais
americana. As tirinhas são postadas de início em site de autoria dos criadores das
tirinhas e logo em seguida no Facebook. Segundo Matt, em uma entrevista a D-PAN
(Deaf Professional Arts Network) o nome das suas histórias em quadrinhos, surgiu
devido ao longo de sua vida ouvir as pessoas fazerem referência a ele como: That
Deaf Guy (Aquele cara surdo). Com relação aos personagens presentes em suas
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criações merecem destaque três: Desmond, surdo, pai de Cedric um garoto bilíngue,
e Helen, esposa de Desmond, a qual é uma intérprete. ¹
Dessa forma, fica evidenciado que o próprio autor usa as tirinhas como uma
forma de reafirmar a identidade surda e enfatizar as estigmatizações e preconceito
sofrido pelos surdos.
A língua de sinais é um dos traços comuns e particular da cultura surda,
sendo ela quem fortifica essa cultura e, por conseguinte, contribui de forma
significativa para a construção da identidade surda, pois é através dela que os
surdos conseguem falar e expor suas ideias.
Na sociedade atual os surdos são conhecidos como “mudos” “mudinhos”, ou
aquele que não fala, porém essa ideia de surdo não falar é uma consequência do
que entendemos por fala. A esse respeito, Gesser (2009, p. 55) nos afirma que: “A
sociedade, de modo ampliado, concebe fala com o sentido de produção vocal-
sonora. A verdade é que o surdo fala em sua língua de sinais.” Ainda segundo a
autora, torna-se necessário expandirmos o nosso conceito sobre línguas humanas,
como também redefinirmos os velhos conceitos para vermos outra dimensão na qual
a língua é concebida como o canal viso-gestual. Dessa forma, podemos afirmar que
os surdos falam através da língua de sinais e não através da língua oral, eles
possuem uma maneira diferente de se comunicar.
Isso pode ser evidenciado na seguinte tira:
Tirinha 1
Tirinha 2
comunicar-se, tendo em vista que era necessário eles aprenderem a fazer uso da
leitura labial, quando desobedeciam eram castigados, como nos afirma Gesser
(2009).
Isto é, os surdos eram proibidos de utilizarem a marca cultural que lhes é
própria, pois os linguistas não a consideravam como uma língua. De acordo com
Gesser (2009), só em 1960, ela obteve reconhecimento linguístico através dos
estudos descritivos de William Stokoe, linguista americano.
A tirinha abaixo apresenta duas descrições: uma história ouvinte, a qual
descreve um acidente e uma história surda que também descreve um acidente.
Tirinha 3
que diverge desse padrão deve ser corrigido, “normalizado”. Nesse processo
normalizador, abrem-se espaços para a estigmatização e para a construção de
preconceitos sociais.”.
Ou seja, quando a surdez é vista como uma deficiência e se deseja
normalizar esse problema surgem as estigmatizações e os preconceitos. Essa visão
ouvintista aparece de forma precisa na tirinha abaixo, na qual, podemos ver a
surpresa e a pena da senhora ao saber que o homem não pode ouvir.
Tirinha 4
lamentável vermos em uma epóca moderna indivíduos que defendem esses antigos
pensamentos.
Tirinha 5
durante séculos os surdos foram privados de usarem sua língua natural para se
comunicarem, tendo em vista que a sociedade ouvinte impunha-os a usarem a
língua oral e a leitura labial.
Tirinha 6
Tirinha 7
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Na tirinha mostrada, essa crença pode ser percebida claramente, uma vez
que ele apresenta um diálogo, no qual um ouvinte questiona um surdo se ele “não
sente falta de ser capaz de ouvir?”, e a resposta do surdo o surpreende já que ele
lhe envia a resposta junto com uma pergunta, “ Não, você sente de ser surdo?”.
Assim sendo, podemos afirmar que ser surdo não é pior ou melhor que ser
ouvinte, é apenas diferente. “ É por não se tratar necessariamente de uma perda,
mas de uma diferença, que muitos surdos, especialmente os congênitos, não têm a
sensação de perda auditiva.” Salles et al (2004). Desta forma, os surdos não sentem
a surdez como uma perda, porém como uma característica diferente, a qual não o
torna melhor ou pior que os ouvintes, apenas diferente. É evidente que a nossa
análise abarca apenas algumas situações que podem ocorrer em contextos
diversificados, mas, vale salientar que o preconceito ainda existe nas diversas
esferas sociais, e o gênero utilizado para nossa análise é apenas um dos diversos
corpus existentes para outras análises. Assim, esperamos que nosso trabalho tenha
possibilitado uma compreensão mais apurada, e de certa forma, chegarmos a um
reconhecimento das capacidades dos surdos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
SANTIAGO, Sandra Alves da Silva, SOUSA, Ana Lúcia de. A leitura de um mundo
surdo: uma proposta de inclusão social do surdo. 2007. Disponível
em:<http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/extensaocidada/article/view/1381/1054>A
cesso em: 12/02/2014 as 10:25.