Teste 3 de Portugues 8.o A
Teste 3 de Portugues 8.o A
Teste 3 de Portugues 8.o A
º 3 |
Português 8.º Ano | Turma A
Ano letivo 2020/2021
Avaliação Professor(a)
O oculista misterioso
Rui correu até à esquina da rua. Já não havia sinal do carro. Nem da
rapariga. Nem da borboleta branca. Tinha na mão um sapato de fada e só isso
lhe dava a certeza de que tudo o resto tinha realmente acontecido. Voltou ao
oculista e lançou à fachada da loja mais uns tantos olhares especiais. Só que
5 continuava tudo na mesma. Via sempre a “Ótica Coelho”.
Foi então que ele decidiu passar à ação. Ia entrar na loja e esclarecer o
assunto. Afinal, a rapariga tinha saído dali com um par de sapatos. Deviam ser
uns sapatos normais, de pessoas e não de fadas, tal como a “Ótica Coelho”
era sempre a “Ótica Coelho”, fosse qual fosse a maneira como se olhasse para
10 lá.
Guardou o sapato no bolso do blusão, avançou para a porta da loja e só
parou no degrau de pedra da entrada, gasto e amaciado pela passagem de
muitos pés.
Fez rodar a maçaneta de metal, que tinha a forma de um ovo com uma
15 serpente enrolada, e depois empurrou a pesada porta de madeira, que rangeu
aflitivamente, como se ninguém lhe tocasse há já muito, muito tempo.
Um relógio de pé alto tiquetaqueava e o som mecânico era tudo o que se
ouvia ali dentro. Os velhos expositores de madeira mostravam algumas
armações de óculos bastante antiquadas. Havia poeira acumulada por todo o
20 lado e o soalho rangia a cada passo dele. Também se viam grossas teias de
aranha nos cantos, balançando suavemente como redes de dormir.
Então sempre era verdade o que Ana lhe tinha dito. Aquela loja não era a
“Ótica Coelho”, a loja moderna com uma fachada de mármore e vidro que se
via de fora. Aliás, a prova estava ali mesmo, na parede atrás do balcão, onde
25 estava escrito com letras floreadas: “Oculista Coelho”. Houve uma vez em que
o rapaz leu “Ocultista Coelho” mas fechou os olhos e voltou a abri-los e lá
estava outra vez o “Oculista Coelho”. […]
O velho afastou-se para o canto mais escuro da loja e regressou de lá com
uns óculos feitos de tartaruga e com incrustações metálicas nos aros. Eram
30 feios e antiquados.
– É destes óculos que tu precisas...
– Nem pensar. Eu vejo lindamente.
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– Mas passas a ver melhor ainda. Quem sabe se não consegues ver até o
que desejas? Não há nada que uns óculos como estes não possam resolver.
35 O Rui segurou os óculos, desconfiado.
– Vai ali para fora e experimenta olhar para aqui outra vez – disse o velho.
– Eu já lhe disse que vejo bem de mais. Tenho olhos de águia.
– Não te fies. Há coisas que nem os teus olhos de águia podem ver. Faz o
que te digo e talvez encontres resposta para as tuas perguntas.
40 Quando o Sr. Coelho acabou de dizer isto, já estava outra vez sentado na
cadeira de palhinha, a ler o seu jornal.
O rapaz caminhou até à porta, hesitou e depois voltou a avançar. Saiu em
silêncio, atravessou a rua até ao passeio do outro lado e pôs os óculos. Estava
convencido de que o velho oculista tinha um parafuso a menos e que aquilo
45 era uma ridícula perda de tempo.
Viu então uma espécie de nevoeiro com pontinhos brilhantes, apesar de
estar um dia limpo e soalheiro, como se alguém tivesse erguido ali de repente
uma cortina de fumo. Depois a névoa foi-se dissipando e, atrás dela, surgiu-lhe
um mundo novo. A rua era a mesma rua, só que agora estava deserta. Uma
50 vaca branca com um gorro vermelho e um cachecol da mesma cor amarrado à
volta do pescoço bebia água num fontanário, muito calmamente. Olhou para o
rapaz mas desinteressou-se logo a seguir e continuou a beber.
O que era aquilo? Onde estava ele?
Grupo I
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3. Aponta o motivo que levou Rui a entrar no oculista.
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4. Prova que o interior da loja não está de acordo com a sua fachada exterior.
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5. Refere duas razões pelas quais o rapaz não queria utilizar os óculos.
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6. O que queria o Sr. Coelho dizer com a frase “Há coisas que nem os teus olhos de
águia podem ver.” (l. 38)?
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10. Ao longo do texto, há vários momentos descritivos. Transcreve um exemplo.
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Grupo II
Integra, nos grupos A, B, C e D, cada uma das palavras seguintes, de acordo com o
respetivo processo de formação.
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1.1. Forma nomes derivados dos verbos seguintes, sem adicionares afixos:
resgatar • comprar • chorar • denunciar
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4. Classifica as orações sublinhadas nas frases seguintes:
a. Empurrou a pesada porta de madeira, (…) como se ninguém lhe tocasse há já
muito, muito tempo.
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b. Quando o Sr. Coelho acabou de dizer isto, já estava outra vez sentado na
cadeira de palhinha.
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Grupo III
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Bom trabalho!
A prof. Ana Quelhas
Cotações