Comercializacao XRT
Comercializacao XRT
Comercializacao XRT
INTRODUÇÃO
A comercialização agrícola em Moçambique é fundamental no fomento da produção
agrícola, geração de renda para os produtores e, em suma, no desenvolvimento
económico. MIC. (2013) Uma das formas de aumentar a produção e a produtividade na
agricultura e incrementando a área de cultivo, uso de tecnologias avançadas, introdução
de sistema de monoculturas, criação de condições favoráveis para a comercialização da
produção bem como o estímulo a procura dos produtos (Chongo, 2008).
O governo tem como uma das grandes preocupações a criação de uma rede comercial
cada vez mais virada aos produtos agrícolas, aliado ao facto de que na constituição da
República a agricultura foi definida como base de desenvolvimento (Chongo, 2008).
Portanto, é fundamental avaliar a comercialização de cereais em Moçambique,
identificando seus desafios e oportunidades, a fim de propor medidas que promovam o
fortalecimento desse sector.
1.3. Problematização
A comercialização de cereais em Moçambique enfrenta diversos desafios, tais como a
falta de infra-estrutura adequada, dificuldades no acesso a mercados, precariedade dos
sistemas de armazenamento e transporte, falta de informações sobre preços e demanda,
entre outros. Esses obstáculos comprometem a eficiência e a rentabilidade do sector,
além de dificultar a vida dos produtores rurais e limitar o acesso da população a
alimentos de qualidade.
1.4. Justificativa
Avaliar a comercialização de cereais em Moçambique é de suma importância para a
promoção da segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável do país.
Compreender os desafios e oportunidades desse sector possibilita a adopção de medidas
efectivas para melhorar a renda dos produtores, aumentar a disponibilidade de
alimentos, fortalecer a economia local e reduzir a dependência de importações. Além
disso, uma análise aprofundada da comercialização de cereais servirá como base para a
formulação de políticas públicas e estratégias que impulsionem o crescimento do sector
agrícola em Moçambique.
II. REVISÃO LITERÁRIA
2.1. Comercialização De Cereais em Moçambique
A comercialização desempenha um papel importante na economia nacional,
constituindo uma das principais fontes de rendimento das populações das zonas rurais,
um mecanismo de ligação da produção e do mercado entre as zonas rurais e as zonas
urbanas e é um instrumento indutor da produtividade agrícola (PICA, 2020)
Tabela 2. Percentagem dos Agregados familiares que acederam ao mercada por tipo de
cultura
Ano Milho Arroz
2002 26,1 9,8
2003 23,1 16,4
2005 22,3 10,5
2006 22,3 16,5
2007 20,5 12,5
2008 20,8 15,8
2012 17,8 12,9
Fonte: TIA (2002-2008) e IAI (2012)
Mercado de arroz
O mercado do arroz em casca é basicamente oligopsónio, isto é, caracteriza-se por ter de
um lado muitos vendedores dispersos, e por outro lado poucos compradores. A
quantidade de produção de arroz nacional que é realmente comercializado é muitas
vezes insuficiente para sustentar os mercados nacionais. De acordo com Arlindo e
Keyser (2007) citado por Dias (2013), o excedente de arroz inteiramente é vendido e
consumido localmente. Isto sugere que o volume de produção em muitas áreas não é
alto o suficiente para justificar a transportá-lo distâncias maiores para os mercados
maiores, regionais. Por isso, muitos mercados regionais e provinciais dependem de
importações de arroz para satisfazer a demanda do consumidor. Os subprodutos são
quase na totalidade vendidos no mercado interno. Os clientes são fábricas de ração e os
pequenos criadores. Os subprodutos de arroz concorrem no mercado com os
subprodutos de outros cereais como milho e trigo.
Como já citado, a maior parte da produção do milho vem das províncias de Sofala, Manica,
Zambézia e Tete, a figura abaixo mostra as quantidades de vendas efetuadas por locais e a
natureza do agricultor, ou seja, se este é caracterizado como familiar ou comercial e até
associações.
Na formalização do preço final de qualquer produto, cada actor leva sempre em conta os
custos associados à produção ou transacção do produto, bem como a margem de lucro
que se pretende alcançar com a sua comercialização (HOLLAND, 1998).
Entretanto, os dados do TIA (2009) mostram que apenas 36% de agregados familiares
produtores têm acesso a informação sobre mercados agrícolas, o que de certa forma
concorre para a falta de transparência e incentivo à especulação na altura de
comercialização, pois em Moçambique não existe actualmente nenhum regulamento de
controle de preços ou uma bolsa que facilite a difusão e conhecimento desse tipo de
informação.
Outro factor que tem papel importante na formação do preço, em particular nos
produtos de produção nacional, é a precariedade das infra-estruturas de transporte, o que
resulta em altos custos de transportes, sazonalidade da produção, dispersão da produção,
entre outros. Em relação aos produtos importados, além da especulação devido às
dificuldades de acesso a informação sobre os preços praticados no mercado
internacional por parte dos intervenientes da cadeia, eles são também afectados pela
flutuação da taxa de câmbio, dos preços dos combustíveis e das imposições aduaneiras.
A dificuldade de acesso ao crédito por parte dos grossistas ambulantes é uma barreira
que determina em grande medida os volumes que estes podem adquirir junto dos
produtores; segundo o TIA (2009), 65% dos grossistas não tinham acesso ao crédito.
O preço dos bens substitutos dos cereais (exemplo do milho, arroz) também pode ser
um factor a se levar em conta; são os casos da mandioca seca, que, quando apresentam
preços relativamente inferiores aos do milho, têm provocado queda na procura deste e
consequente baixa no preço.
III. METODOLOGIA
3.1. Localização da área de estudo
Moçambique, oficialmente designado como República de Moçambique, é um país
localizado no sudeste do Continente Africano, banhado pelo Oceano Índico a leste e que
faz fronteira com a Tanzânia ao norte; Malawi e Zâmbia a noroeste; Zimbabwe a oeste e
Suazilândia e África do Sul a sudoeste. Moçambique é dotado de ricos e extensos
recursos naturais. A economia do País é baseada principalmente na agricultura, mas o
sector industrial, principalmente na fabricação de alimentos, bebidas, produtos
químicos, alumínio e petróleo, está crescendo. A taxa média de crescimento económico
anual do PIB moçambicano tem sido uma das mais altas da África. No entanto, as taxas
de PIB per capita, IDH, desigualdade de renda e expectativa de vida de Moçambique
ainda esta a níveis baixos.
Uso de Terra
Em 2018, as terras agrícolas incluíam 52,7% da área total de terra, mas apenas 7,2% da
área total de terra é arável. O resto 47,3% da área de terra é ocupada por floresta.
A maior parte dos produtores de cereais não fazem o uso de estratégia de gerenciamento de
riscos de preços na comercialização, devido a falta de informação e da maneira de como o
processo de escolha de cada estratégia é feito. Na maioria das vezes o objectivo deles é
vender toda a produção de um só vez para evitar o armazenamento da produção que depois
é atacada por pragas pôs colheitas fato que deprecia a qualidade do produto, isto porque o
produtor não tem condições ideais para armazenar o produto para a estocagem e posterior
venda.
A principal via de venda da produção dos cereais é o mercado físico informal, feiras
agrícolas e mercado formal. O clima, preço recebido pelos cereais, alto custo de insumos no
mercado constituem principais riscos associados a produção que de certa forma elevam os
custos totais de produção fato que por vezes não compensa com preço de venda em
mercados de consumidor final.
https://pt.knoema.com/atlas/Mo%C3%A7ambique#Agricultura
‘FAOSTAT: Commodities by
Country’2021, http://www.fao.org/faostat/en/#rankings/commodities_by_country_imports