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O Excepcionalismo

O documento discute a transição da geografia regional para a geografia sistemática nos anos 1950, impulsionada pelo trabalho de Fred Schaefer. Isso incluiu uma ênfase maior em identificar padrões e leis espaciais gerais em vez de descrições regionais únicas. Teorias como a de Christaller sobre localidades centrais e de Santos sobre os dois circuitos da economia urbana ilustram essa abordagem.

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O Excepcionalismo

O documento discute a transição da geografia regional para a geografia sistemática nos anos 1950, impulsionada pelo trabalho de Fred Schaefer. Isso incluiu uma ênfase maior em identificar padrões e leis espaciais gerais em vez de descrições regionais únicas. Teorias como a de Christaller sobre localidades centrais e de Santos sobre os dois circuitos da economia urbana ilustram essa abordagem.

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O EXCEPCIONALISMO

NA GEOGRAFIA
CONTEXTO E NOTA TEÓRICO-METODOLÓGICA
TÍTULO ORIGINAL:

O IMPULSO À ANÁLISE ESPACIAL A PARTIR DO


TRABALHO DE FRED SCHAEFER
“EXCEPCIONALISMO EM GEOGRAFIA: UM ESTUDO
METODOLÓGICO” (1953): QUESTÕES CONTEXTUAIS E
TEÓRICO-METODOLÓGICAS

AUTORAS:

MARIA SOARES DA CUNHA (UFPE)


MARIA GEANE BEZERRA DA SILVA (UFPE)
PERCURSO
• TEXTO E CONTEXTO;

• GEOGRAFIA REGIONAL X GEOGRAFIA SISTEMÁTICA;

• TEORIA DAS LOCALIDADES CENTRAIS;

• TEORIA DOS DOIS CIRCUITOS DA ECONOMIA URBANA DOS


PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS;

• CONSIDERAÇÕES FINAIS.
TEXTO E CONTEXTO
❖ Anos 1950;
❖ Industrialização acelerada;
❖ Urbanização crescente; complexificação das cidades modernas;
❖ Revolução quantitativa nas ciências;
❖ Crescimento do volume de material estatístico pós-Primeira Guerra Mundial por parte
de Estados e governos locais;
❖ Nova divisão social e territorial do trabalho após a Segunda Guerra Mundial;
❖ Expansão da economia de mercado;
❖ Elementos globais (técnicas de produção) interferem em questões e fatores puramente
locais, que perdem capacidade explicativa;
❖ Grande prestígio da Economia como ciência nomotética.
GEOGRAFIA REGIONAL X GEOGRAFIA SISTEMÁTICA
Harsthorne – The Nature of the Geography (1939):
❖ a geografia se caracteriza por ser o estudo das diferenças regionais. Este seria o traço
distintivo da geografia e a ele os geógrafos devem se ater;

❖ o saber geográfico identifica-se mais com o modelo de ciências idiográfico (descrição


de fenômenos únicos e que não se repetem) do que com o modelo de ciências
nomotéticas (procuram nos fatos aquilo que é regular, geral e comum);

❖ destaque para o método regional (localizações únicas e singulares);

❖ Em outras palavras, o excepcionalismo.


GEOGRAFIA REGIONAL X GEOGRAFIA SISTEMÁTICA
Schaefer “Excepcionalism in Geography”(1953)

❖ questionamento do excepcionalismo por considerar o método regional descritivo e


pré-científico;

❖ Inviabiliza a identificação de regularidades nas relações espaciais;

❖ a ciência procura estabelecer afirmações gerais para eventos e processos repetitivos.


Esta deve ser a preocupação que os geógrafos devem abraçar, procurando formular leis
gerais para os fenômenos que observam;

❖ predominância de posições mais racionalistas. Valoriza-se a busca da previsibilidade;


das regularidades e a adoção de princípios sistemáticos na realização da pesquisa.
GEOGRAFIA REGIONAL X GEOGRAFIA SISTEMÁTICA
❖ influência do positivismo lógico (Círculo de Viena) em uso na Economia Espacial, e da
revolução quantitativa a pleno vapor em todas as ciências;

❖ a “Nova Geografia” salienta a generalização, procurando oferecer enunciados que


caracterizem e expliquem o funcionamento dos fenômenos, independentes do tempo e
do espaço, e favorecendo a aplicação de leis e modelos.

❖ busca-se não apenas descobrir regularidades na ordem espacial dos fenômenos, mas
sim interferir na organização do espaço;

❖ Daí o espaço geográfico funcionar como elemento de informação, previsão e atuação


sobre a realidade. Nesta nova abordagem a descrição do espaço físico é menos
destacada em detrimento de correlações entre fatores socioeconômicos e leis que
explicam sua distribuição;
GEOGRAFIA REGIONAL X GEOGRAFIA SISTEMÁTICA
❖ nova linguagem do trabalho geográfico;

❖ Trabalho de campo, análise de cartas e fotografias como instrumentos de teste de


hipótese e de viabilização de modelos;

❖ Modelos enquanto simuladores de situações concretas;

❖ A hipótese (teoria) se sobrepõe ao empírico (o real e concreto), de modo que a


realidade seja obrigada a encaixar-se no modelo explicativo;

❖ a nova abordagem, contudo, tem o mérito de evidenciar que o espaço não é


homogêneo e possui funcionalidades sociais e econômicas;
TEORIA DAS LOCALIDADES CENTRAIS
Walter Christaller (1966 [1933])

❖ Propõe estabelecer laços entre geografia e economia;


❖ Seus trabalhos de investigação geográfica se caracterizaram por buscar leis, padrões e
regularidades nos fenômenos observados: existiriam leis capazes de determinar o
número, o tamanho e a distribuição das cidades? Elas não podem estar fixadas no
espaço de forma aleatória;
❖ Ele apostava que havia um princípio regulador da distribuição das cidades e buscou
desenvolver uma explicação geral do fenômeno;
❖ Suposição: talvez os assentamentos estejam organizados corporificando uma realidade
econômica.
TEORIA DAS LOCALIDADES CENTRAIS
❖ Existem leis econômico-geográficas que determinam o
tamanho, o número e a distribuição dos
assentamentos;
❖ Pressupostos:
A) a noção de planície uniforme com mobilidade total;
B) a noção de igualdade de acesso dos consumidores aos
mesmos bens e serviços;
❖ Escolha do método hipotético-dedutivo: subordinar os
dados empíricos à teoria;
TEORIA DOS DOIS CIRCUITOS DA ECONOMIA
URBANA DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
Milton Santos (1979)
❖ Preocupação em compreender as particularidades dos países subdesenvolvidos que
não podiam ser explicados pelos modelos de Christaller;
❖ Para Santos existem dois circuitos de produção, distribuição e consumo na economia
dos países subdesenvolvidos (superior e inferior) e cada circuito mantém uma relação
particular com a área de influência da cidade que é funcional às diferenças nos níveis
de consumo;
❖ Santos confere grande importância à localização entendida como posição que o
indivíduo ocupa no espaço e em função desta o seu nível der renda e suas condições de
acesso a bens e serviços;
TEORIA DOS DOIS CIRCUITOS DA ECONOMIA
URBANA DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
❖ Nas palavras de Santos, “a localização determina a capacidade individual de produzir e de
consumir” (apud CUNHA & SILVA, 2007, p. 71);
❖ Para alguns a metrópole é cidade regional; e para muitos é penas cidade local, dada a
imobilidade à qual os pobres estão subordinados;
❖ Trata-se de um espaço que abarca atritos e conflitos de ordem socioeconômica;
❖ A perspectiva de Santos ainda:
A) Introduz o conceito de formação socioeconômica como categoria de análise do espaço e;
B) privilegia a totalidade, procurando conexões contextuais entre o objeto e o todo, através
de marcos históricos que, processualmente, mudaram o todo e afetaram as partes;
❖ Nesse sentido a análise dos dois circuitos é pensada em perspectiva sistêmica onde cada
circuito é um sistema do sistema global que a cidade representa. Logo, não se trata de
dualismo, mas de uma percepção dialética de que ambos os sistemas são produtos de
uma única articulação causal;
TEORIA DOS DOIS CIRCUITOS DA ECONOMIA
URBANA DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
❖ Circuito superior: é caracterizado pelo comércio varejista moderno, a indústria e o
comércio de exportação; pelos bancos, funcionando como “elo” facilitador da exportação
de divisas originárias dos países subdesenvolvidos. O circuito superior também é
reconhecido pela sua dependência ao setor externo representado pelas multinacionais e
seus conglomerados Em síntese: a definição do circuito superior é dada por “[...] capital
abundante; tecnologia mais avançada na produção; exportação dos produtos acabados;
organização bem burocratizada; assalariamento de toda força de trabalho; e grande
estocagem de produtos”. Acrescente-se, ainda, a ocupação de amplas áreas de solo
urbano e especulação de áreas onde o preço do solo é baixo. Em suma, o CAPITAL.
TEORIA DOS DOIS CIRCUITOS DA ECONOMIA
URBANA DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
Circuito inferior: subemprego, não-emprego ou terceirização. Este circuito abarca
toda a pobreza existente no campo e na cidade, gerando explorados e oprimidos,
não se podendo dizer que são econômica e politicamente marginais [...] é original e
complexo, compreendendo ‘a pequena produção manufatureira, frequentemente
artesanal, o pequeno comércio de uma multiplicidade de serviços de toda espécie,
cujas unidades de produção e de comércio, de dimensões reduzidas, trabalham
com pequenas quantidades’ etc. Há uma dependência deste circuito em relação
aos ‘intermediários’ representados por atacadistas e transportadores. Em suma, o
mundo do TRABALHO.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
❖ As preocupações lógico-positivistas na geografia, embora limitadas constituem um momento
importante na história do pensamento geográfico por diferentes razões;
❖ por meio delas a geografia incorporou novas linguagens oriundas da matemática, da geometria, das
probabilidades, da economia espacial, os geógrafos perceberam a importância de explicitar com
clareza o sentido, a natureza e os critérios dos conceitos científicos incorporados;
❖ A New Geography se constitui como ciência que não se limita a compreender o espaço, mas nele
interfere e gera o saber necessário para gerenciá-lo;
❖ Os estudos não ressaltam tanto os fatores físicos do espaço, preferindo adotar a ideia de correlação
entre fatores socioeconômicos, buscando tendências gerais para melhor explicar sua distribuição;
❖ Promove-se, contudo, uma simplificação da realidade, subordinando o objeto empírico às hipóteses
do pesquisador;

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