A Verdade Por Trás de Israel - Dez23

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A VERDADE POR TRAS DE ISRAEL Pore ir ott e ace Smeets own ame | Se ted Br os DE UMA NACAO As discussdes a respeito da Daaaed TO MCR AU Sm CLOT rL Cy que ainda ameacam a paz na regiao CLUBE DE REVISTAS Entre em nosso grupo no Telegram t.me/clubederevistas Clique aqui! Tenha acesso as principais revistas do Brasil de forma gratuita! AS POLEMICAS CEL oR RADO PWT raga Getty mapas orgas sirias derrubam avo israclense. Israel acusa Hamas de es- pionar soldados por meio de aplicativos. Siria responsabiliza Israel por ataqu aeroporto militar. Isr molir localidade beduina na Cisjordinia. Conflitos com a Pa na deixam milhares de mortos: O pais nio sai dos noticiérios. Os fatos se atwalizam o tempo todo: Todos esses acontécimentos, por exem- plo, fo lestina mostra o horror de uma guerra. Israel esté sempre em movimento. E rudoo que existe ao seu redor, também. O Estado judaico ja conta 75 anos de sua criagZo, hoje consolidado en- tre as grandes poténcias militares do mundo. E neste momento, um inten so e sangrento conflito préximo as fronteiras de Gaza, acumula milhares de mortos ¢ feridos, entre eles, muitas mulheres ¢ criangas, dos dois lados. No centro deste conflito, que ensaia u 5 que ainda no tem data para terminar, esta disputa por territorios da regio. Outras adversidades que tém colocado Israel sob atengo do resto do mundo so 0 cada vez. mais estreito relacionamento com os Estados Unidos e 0 gover- ministro Benjamin Netanyahu, que confere ameagas 3 democracia no pafs e as investidas violentas dos israelenses con tra seus inimigos politicos. Com tudo isso jé dominando o noticisrio ha anos, preparamos esta edigio de A Verdade Por Tris de Israel e nos aprofundamos na histéria do territério que abriga a maior nacio judia do mundo e um dos lugares mais sagrados entre as grandes re com misseis contr tic 1m registrados nos tltimos anos, atualmente a disputa com a Pa- a trégua, n no conservador do primei jes. Agora, com o pais ainda no centro de uma das guerras mais dolorosas que temos noticia, relangamos a revista com o objetivo de ajudar vocé a compreender um pouco mais sobre Israel. Boa leitura! A redagio ISRAEL, 75 DE HISTORIA Novas tensées e a constante busca por identidade ESTADO E NACAO As origens ¢ o desenvolvimento de Israel enquanto povo OTESTAMENTO DEABRAAO Israelenses e palestinos disputam ¢ legitimidade da heranga pela Terra Prometida CRUZADAS Quais foram os verdadeiros ‘motivos das expedigées? CIDADE DE FE Os aspectos sagrados a beleza de Jerusalém TIROS SILENCIADOS Quais as previsdes para um confit sem fim? DEBATE DO SECULO {As polémicas que assombram Israel e suas ages contra 0 terrorismo DETALHES IMPORTANTES Em numeros, a vida de israelenses e palestinos UMA LONGA HISTORIA Fato a fato, os acontecimentos que descrevem toda essa jornada CAPA ISRAEL, 75 ANOS DE HISTORIA Sob as decisées de um governo conservador euma comemoragao ofuscada, 0 pais continua no centro dos debates que envolvem conflitos territoriais Estado de Israel foi eria~ do em 1947 a partir da determinagio da Org nizagio das Nagdes Uni- das (ONU) que dividia em duas partes a regito da Pales- tina (de ca) e designava uma delas a0 povo judeu. Ainda que fosse impossivel prever a dimenslo de todos os pro- blemas que isso fosse causar, nto era dificil fazer a prospecgio de que haveria conflitos em funcao de disputas territoriais. Apés sete dé- ceadas de existéncia e independéncia esses conflitos ainda continuam. Israel, por sua vez, tem conseguido se estabelecer democraticamente e garantir um PIB de 488,5 bilhdes de délares 121), mesmo que cer- cado por pol politica com os Estados Unidos. nicas, como a alianga Casamento politico Essa relagao é fruto de um vin- culo que se fortaleceu durante a Guerra Fria (1947-1991), passou pela guerra drabe-israclense — na qual foram ocupados territérios como Faixa de Gaza, Sinai, Cisjor- dania, o leste de Jerusalém e Co- linas de Gold ~ ¢ terminou o ano de 1967 consolidada. Naquele ano, o presidente americano Lyndon B. Johnson resolveu contribuir com o armamento em larga escala de Is- rae! e colocou os Estados Unidos na posigio de mediador dos confli- tos entre israelenses e palestinos. Novos nados a historia deste casamento politico, e com isso, a alianca que jf/era consolidada ganhou status de inquebrivel. Em dezembro de 2017, ‘Trump reconheceu Jerusalém como spitulos foram adicio VIETNA ‘capital de Israel e deu inicio 20 plano de transferéncia da embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para a cidade sageada. O presidente nao se intimidou com os apelos de toda a comunidade internacional: “Meu antincio marca 0 comego de uma nova abordagem no conflito entre Israel e palestinos”, disse em ani io feito na Casa Branca. “Final- mente reconhecemos 0 dbvio: que Jerusalém & a capital de Israel. Isso nada mais nada menos do que 0 reconhecimento da realidade. Tam- bém € a coisa certa a fazer. E algo {que tem que ser feito”, completou. Segundo ele, ainda assim, os Estados Unidos estariam profun damente comprometidos em apoiar uma soluco para o conflito entre israelenses e palestinos que atrave sa geragdes, No entanto, em maid de 2018, inauguragio da embaixa- da norte-americana em Jerusalém ficou marcada por mais um epis6- dio sangrento envolvendo os dois grupos na atualidade, Na Faixa de Gaza, palestinos protestaram con tra a decisio e foram retaliados pelo exército de Israel, que abriu fogo contra os manifestantes e deixou dezenas de feridos. O local esteve em estado de greve geral e, naquele ano, a chamada Grande Marcha da Volta se movimentou pelo direito de atravessar a fronteira com Israel € retornar ao que, para os palesti- nos, seria o restante da Palestina. Ali, sob 0 controle do conservador primeiro-ministro Benjamin Ne- tanyahu, 0s soldados. israelenses ‘cumpriram com as ordens de atirar ‘em qualquer movimento suspeito, 6 que resultou no uso de gases la- crimogénios ¢ munigio real contra cerca de 17 mil pessoas. Blindagem Diante da onda de violéncia que tomou a regio, paises como Reino Unido e Franga passaram a cexigir do Conselho de Seguranga da ONU que investigasse as inves- tidas do povo judeu. Os Estados Unidos, no entanto, reagiram em favor dos israelenses: “Nenhum pais teria agido com mais con- tengo”, defendeu Nikki Haley, embaixadora durante o evento que inaugurava a nova sede da em- baixada. Nickolay Mladenov, que atuava como coordenador especial para o processo de Paz no Oriente Médio, condenou a aco de Israel cealertou que nao hi desculpa para assassinatos: “A irritago da popu- lagio, se nfo for canalizada de uma maneira construtiva, levari a mais destruigao. E preciso dar um passo frente e impedir a guerra”, disse. embaixador de Israel, Dan- ny Danon, por sua vez, considerou que o Conselho de Seguranga de- veria agir para condenar o Hamas e seu poder hegemonic em Gaza, a0 qual Danny acusou de estimu- Jar milhares de palestinos a come ter atos de violencia contra civisis raclenses de modo que eles tentem violar as fronteiras. Os americanos se posicionaram em defesa desse mesmo discurso ¢ reiteraram que amudanga da embaixada de Tel-A~ viv para Jerusalém nao deveria re- presentar algum tipo de reviravol- ta ou problema no processo de paz. Sobre esse contexto, 0 secre- tériowgeral das NagSes Unidas, Anténio Guterres — engenheiro e politico de Portugal — insistiu na necessidade urgente de encontrar uma solugio para o conflito que segue se arrastando por anos. Ele acreditava que a tinica alternativa seria a criagio de dois Estados: Pa- lestina e Israel seriam vizinhos e Jerusalém a capital de ambos. Retrato das tensées Em meio aos protestos contra a mudanga de sede da embaixada, Is- rael deu inicio a uma retaliagio ex- pressiva contra alvos iranianos na Siria. A ago acontecida em maio de -Acusageslutasarmadas eofensivas ‘desmeida: como encontrar solugbes. ‘ara um cont de décadas? 2018 foi uma das maiores dos ilti- ‘mos tempos, em resposta ao langa- mento de 20 foguetes do tipo Grad ¢ Farj contra o exército israclense instalado nas Colinas de Gola, re- gi20 do planalto sirio ocupada des- de 1967 por Israel. De acordo com as informagdes militares divulga- das na época, aproximadamente 50 posigdes foram atacadas, entre cen- tros de instalagdes dos servigos de inteligéncia iranianos e seus aliados a bases logisticas. Desde o inicio da guerra ci- vil no pais drabe, a disputa bélica centre Israel ¢ forcas iranianas na Siria nunca havia atingido esse patamar, Segundo o ministro da Defesa Avigdor Lieberman, qua- se toda a infraestrutura militar do Ira em territério sfrio foi destruida para evitar 0 avango de um frente inimiga, sobre 0 que ele disse ndo procurar um confronto aberto, mas intensificar sua defesa. O- ataque aconteceu no dia seguinte & decisio do presidente Donald ‘Trump de retirar os Estados Unidos ~ maior aliado de Israel - do acordo muclear assinado em 2015 pelas grandes po- téncias mundiais com o Ira Em abril de 2018, Estados Uni dos, Reino Unido ¢ Franga jf ha viam atacado em conjunto estabe~ Jecimentos com armas quimicas na como resposta a um suposto ataque quimico na cidade de Duma, em Damasco. O grupo rebelde sitio § Jaish al-Islam acusou o regime de Bashar al-Assad de ser responsivel # por jogar um barril-bomba de subs- # tanicias quimicas contra civis. Assad negou a ofensiva, enquanto 0 Obser- vatério Sirio para os Direitos Huma- nos (OSDH), que monitora confl tos no pais, indicou que a0 menos 80 pessoas foram mortas, incluindo 40 que morreram em fungio de sufoca- ‘mento, mesmo sem poder confirmar uso de armas quimicas. Os Estados Unidos, por sua vex, acusaram a Riissia de apoiar 0 regime de Bashar al-Assad: “Mui- tos mortos, incluindo mulheres criangas, em um ataque quimico absurdo na Siria. A area da atroci- dade esté cercada pelas forgas sirias, deixando-a inacessivel para 0 resto do mundo”, escreven Trump no ‘Twitter. O governo russo repudion as acusagi estatal siria e o Ir, que atribufram & Z = 8 , assim como a midia as “falsas informagées” & tentativa de obstruir o Exército Arabe Sirio e onganizar ofensivas militares, CAPA Hoje, apés 75 anos de sucesso surpreendente em muitos aspectos, Israel estd em plena forga, talvez como uma fortaleza. Mas ainda nao é um lar. Os israelenses nao vdo ter uma casa, enquanto os palestinos nao tiverem a deles” David Grossman Contradicoi Rem aflordapele peer) od coed Ein 2018, as _comemoragoes pelos 70 anos de Israel (que datam da Guerra da Independéncia), que marcarama conquista de um Estado proprio pelos israclenses. Na época, hhouve uma coalizo entre 0s paises frabes que no aceitaram a impo- sigao da Organizagio das Nagbes Unidas (ONU) sobre a partilha da Palestina, em 1947, 0 que resultou em 10 meses de conflitos concluidos com um armisticio em 1949. Cidadios palestinos eram obri- gados a se locomover para outras Cidades e vilarejos durante a guerra, espalhando-se pela atual Cisjorda- nia, Gaza, Siria, Libano ¢ Jordania. A esse episddio, os palestinos dio 0 nome de nakba, que significa catss- trofe, As manifestagdes pela Pales- tina livre sfo um recado de que a situago dos refugiados nos paises rabes ainda nio foi resolvida. Sio mais de 50 anos de ocupacio mili- tar de territorios palestinos por Is- rael e bloqueio 3 Faixa de Gaza, que aparece no centro das acusacdes de Israel sobre a violencia do movi- mento islimico Hamas. Sto muitas contradigoes e de- sencontros que permeiam protes- tos e negociagdes de paz. a0 longo de décadas. De um lado, a Pa- lestina reivindica sua autonomia politica e o fim da opressio nas diversas regides sob o dominio is- raelense. Os palestinos vivem em constante construcio identitsria, diante das redefinigdes de fr twiras ¢ a dificuldade do exe da cidadania, O futuro sobre os dois povos permanece envolto a uma névoa de questoes democri- PANORAMA DDepois de se desiigar da Organizagao das Nagdes Unidas para Educagéo, Cultura e Cigncias (UNESCO) acusando-a de seguir um vies “anli-Israel’, os Estados Unidos abriram mao de seu lugar no Conselho dos Direitos Humanos da ONU sob a mesma justificativa. Em apoio a Israel, o governo de Donald Trump protestou. Contra o tratamento que 0 érgéo locaizado em Genebra estaria dando ao pais. O secretério de Estado Mike Pompeo afirmou que no duvida da viszo nobre do érgo, mas atribuiu a ele o cardter de “pobre defensor dos direitos humanos”, devido & omisséo sobre abusos de alguns paises e condenagdes inconcebiveis contra Israel. Para Kenneth Roth, diretor executivo da organizacéo, essa manobra isolacionistareflete a politica realizada pela administragao de Trump, que defende abusos e ignora as crtcas feitas pela comunidade internacional ticas, demogréficas ¢ religiosas. Do outro, Israel conta com apoio da maior poténcia mundial, que é 3 Estados Unidos, 0 que lhe con- figura poder ¢ riqueza. Sob o go- verno mais conservador da hist6~ ria do pais, existe um projeto de lei que tenta de reforgar a identidade do povo judeu, que ainda carrega as marcas do Holocausto. Os 75 anos de Israel ecoam nas palavras do escritor israelense Da- vid Grossman, ditas hé cinco anos: “Hoje, apés 70 anos de sucesso sur- preendente em muitos aspectos, Is- rael est em plena forga, tavez como uma fortaleza. Mas ainda nao é um lar. Os israelenses nao vio ter uma casa, enquanto os palestinos no ti= verem a deles”. ta GENESE AUP ee eee o As origens e 0 Lenin i Israel enquanto povo, Estado e nagao estado entrelagados com as supostas intervencées divinas — e também repletos de polémicas emontar a historia de Contudo, hi um ponto que Israel é uma tarefa das ainda mais a situagio: & mais cruéis. A dura apresentar o panorama empreitada suscita per- historico de Israel sem recorrer & guntas importantes ¢ Biblia Sagrada, na qual tudo ad- d impossiveis quire contornos divinos. Sem as ~ de serem respondidas. Afinal, ¢ escri » seria absurdo pen- possivel delimitar com margem sar que o conhecimento sobre a de exatidio 0 nascimento do povo, —trajet6ria do povo hebreu estaria Estado e nagio israelita? E quan- rel to ao significado do préprio nome “[srael”? De qual maneira o termo _contexto do antigo Oriente Médio. deve ser interpretado, visto que so- ia Sagrada sao pelo Apromessa ‘menos nove sentidos diferentes Os historiadores ainda nao sa- Por mais primérias que sejam, bem se ele realmente existiu, mas as minticias nao so ficeis de se fato que tanto o Alcorao como decifrar. Ainda mais quando as a Tori apontam Abraio como o cerne do surgimento de Israel — isso sem falar que o patriarca é 0 que € palco de conflitos religiosos, elo do estreito froiteirigos & petroliferos,alémiyé \\ Grabes e judeus. claro, de colécar arabes; judeus Reza o/Ant em lados opostos na geopolitica acordo com o capitulo 12 do livro internacional - ¢ também no front de Génesis, que Abraio, por volta de batalha. de seus 75 anos de idade, recebeu noe ‘retratada na pintura de . is ~ quando gado ao siléncio, assim como 0 mente na Bil questdes se arrastam no decorre! da historia ¢ envolvem uma re; ntesco entre ‘Testamiento, de i 3 i i GENESE Atento ao clamor de seu povo, Deus teria escolhido Moisés para libertar os hebreus da opressao e serviddo um chamado de Deus para partir rrumo aos recantos de Canai anti- ‘ga denominagio da regi pondente 3 rea do atual Estado de Israel), com a promessa de que ali sua prole daria origem a uma grande nacio, “Saiete da tua terra, da tua pa renteéla\é)da: casaydejten pai, para ‘a terra que eu te mostrarei. E far- te-ei uma grande nagio, e aben- goar-te-ei € engrandecerei 0 teu nome; ¢ tu seras uma béngio”, te- ria dito o Altissimo para o homem «que até entio habitava a cidade de Ur dos caldeus, situada no sul da Mesopotamia. Obediente, 0 ancito atendeu a0 designio e, apés alguns anos ‘como migrante, estabeleceu-se em um pedago de terra em Hebrom, Por li viviam algumas tribos como 0s cananeus, amorreus ¢ heteus. Contudo, Abraio ainda nio havia conseguido gerar um descendent sequer. Motivado por Sara, sua es- posa, decidin entio se deitar coma serva egipcia Agar, em uma rela- ‘io cujo fruto foi o menino Ismael. Mas, quando este estava prestes aentrarna adolescéncia, seu quase ‘centenrio pai teria recebido outro corres- recado de Deus, dessa vez dizendo {que a promessa sobre sua poste dade feita anteriormente deveria vir da barriga de Sara ~ a legitima mulher, por assim dizer. Pelo menos de acordo com os textos sagrados, a velhice de am- bos ndo foi empecilho para que © filho Isaque viesse a0 mundo no ano seguinte. Tempos depois do nascimento, Sara pediu a seu marido que expulsasse Agar e I mael de seus dominios, para que © tltimo nao fosse herdeiro jun- tamente com Isaque. Aborrecido ‘com a iminente separagio, Abraio somente se sentiu confortado apés Deus enunciar que, embora as promessas fossem se cumprir através de Isaque, seu primogét também seria abengoado. Descendéncia Isaque seguin ao lado de seu pai, ‘No entanto, este nio foi uma figu- ra de grande destaque na tradigio biblia - no 4 toa, comumente & descrito apenas como filho de um grande pai e pai de um grande fi- Iho. Isso porque o herdeiro da pro- messa gerou Esati ¢ Jacé. O tiltimo, depois de conflitos com seu irmao, precisou fugir para nao ser morto. Depois de virios anos vivendo na regido de Hara, Jacé transfor- ‘mou-se em um homem rico, com esposas ¢ filhos. Contudo, ao vol- tar para suas terras de origem, ‘maior das novidades era que tinha pasado por um encontro com um anjo de Deus, que o teria feito ba- talhar contra ele para que as bén- dos prometidas ao seu antepass: do se concretizassem. “Jacé, porém, ficou sé; e lu- tou com ele um homem, até que a alva subiu. E vendo este que no prevalecia contra ele, tocou a jun- tura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacé, lutan- do com ele. E disse: Deixa-me ir, porque jaa alva subiu, Porém ele disse: Nao te deixarei ir, se nao me abencoares. E disse-Ihe: Qual € 0 teu nome? E ele disse: Jacd. Entio disse: Nao te chamarés mais Jacé, mas Israel; pois como principe lu- taste com Deus ¢ com os homens, e prevaleceste”. A teologia judaico-crista traz indmeras interpretagdes para o real significado desta batalha. Po- rém, no contexto hist6rico, a pas~ sagem do capitulo 32 do Génesis marca a primeira vex em que 0 termo “Israel” aparece — cujo significado seria “o homem que lu- tou com Deus” ou “o homem que vitt a Deus": Embrido Devidamente rebatizado, Jac teve doze herdeiros que constitui- ram cada um a sua tribo, dando origem 20 prot6tipo do que viria ser a nagio do povo hebreu ~ de onde surgiria 0 Messias, 0 filho de Deus que redimiria os pecados da humanidade. Porém, apés uma sequéncia de circunstincias que se iniciaram com a venda de seu filho José como escravo e culminaram com um periodo de seca e fome, a familia do patriarea transferi em definitivo para 0 Egito. Por 1d, foram transformados em escravos por um perfodo de 400 anos. E, dai em diante, o en- redo é bastante conhecido: atento a0 clamor de seu povo, Deus teria escolhido Moisés para libertar os hebreus da opressio e servidao. ivro de Obviamente, a tarefa no aconte- ceu de maneira passiva, visto que o os israelitas eram pecas importan- tes na soberania do faraé da época 0 qual se acredita ser Ramsés Il. m, dez pragas sobrevieram aos egipcios antes que 0 faraé final- mente consentisse em deisé-los ir. Pacto Com a libertago dos hebreus concretizada, Moisés guiow-os por mais 40 anos no deserto. Este pe- riodo foi utilizado para que 0 povo amadurecesse enquanto_na¢io, compartilhando as mesmas leis, cos- tumes ¢ crengas. Basta ver que neste espago de tempo & que foram for- mulados 0s 10 mandamentos, numa espécie de resumo da constituicio da “s ges, 0 préprio Deus os teria reve- lado aod homens através de Moisés. Jo ambulante” — nas tr FATOS OU FICCAO? Vale lembrar que a impressionante narrativa ndo é resgatada em uma linha sequer dos documentos egipcios. Tamanha derrota para um grupo de escravos teria sido propositalmente esquecida ou nao passaria dde mais uma lenda da tradigao judaica? A famosa travessia pelas éguas do Mar Vermelho serviu como um batismo simbélico: o aglome- rado de pessoas e cls tornava-se um Estado — bem diferente dos moldes modernos, é verdade, mas que conseguiu manter intacta sua identidade como povo. Assim, apés quatro décadas conturbadas ih Pinturaretirada da colecéo de lustracies da Biblia, do artista Philip Medhurst.. no deserto, a geragio de Mo passa o bastio para a de Josué, qual iniciou a reconquista da mis- tica terra que Deus teria prometi- do a Abraao, A partir deste ponto, juizes, profetas e reis lideraram os pro- _gressos sociais, politicos e territo- tiais. Porém, em varios momentos, © povo eleito esteve subjugado a amen outras civilizagdes mais podero- sas, como os assirios, babildnicos € também 0s romanos. E 20 longo das reviravoltas da historia, entre a vinda de Jesus, surgimento do Isla e outros acontecimentos fun- damentais, Israel permanece (com todos os seus aspectos) como a re~ gio mais polémica do planeta — e a de futuro mais incerto. Ao longo das reviravoltas da historia, entre a vinda de Jesus, surgimento do Isla e outros acontecimentos fundamentais, Israel permanece (com todos os seus aspectos) como a regido mais polémica do planeta - ea de futuro mais incerto CONFLITOS O TESTAMENTO DE ABRAAO Ee ays oF f Isaque ou Ismael? Israelenses e palestinos disputam a legitimidade da heranga pela Terra Prometida — e com isso, estremecem a geopolitica global o é sempre que vemos 0 combate entre doi placdveis irmaos. Con- tudo, nas sinuosidades do Oriente Médio, este contexto tem se arrastado 20 longo da Hist6ria, Afinal, palestinos raelenses assumem 0 protagonismo de um roteiro bélico digno de fic- fo. Isso porque uma pesquisa con- duzida pelo bidlogo Michael Ham- mer, da Universidade do Arizona, realizou estudos de DNA para com- provar que os dois povos possuem ‘uma origem genética comum. Os resultados mostraram que ambos surgiram de uma comuni- dade ancestral que viveu no Oriente Médio bi cerca de quatro mil anos, ta pelo menos Ironicamente, 0 con aiimero que repres 200 geragies Senso cientifico nos leva a0 encontro dos relatos religiosos. Especifica- mente, a0 patriarca mais represen- tativo das tradigdes do Oriente. Os ramos da drvore genealgica ‘Como dito na pagina 6, antes de gerar Isaque (Gegundo os hebreus, 0 Tegitimo filho da promess), Abraaio teve relagdes com a serva egipcia Agar, cujo fruto foi o menino Is- mael. De acordo com as profecias judaicas, a descendéncia ismaclita seria numerosa, além de selvagem ¢ feroz, também viveria em conflito e hostilidade com seus irmaos. Preterido em relacio ao cacula, Ismael receheu apenas um plo e um dre de égua e partiu junto de sua mie pelo deserto da Bersabeia, até fixar-se depois na regito da Arg bia, onde concebeu 12 filhos tidos como os ancestrais do povo érabe. CONFLITOS Pelo menos, durante esse pe~ riodo (na verdade, por milhares de anos no percurso do C Médio), judeus e érabes viveram em relativa paz e indiferenca en- tre si, por vezes sofrendo nas mios de inimigos comuns. Porém, um contexto conturbado - para nio dizer sangrento ~ estava devida- te mente reservado. Durante séculos, os descenden- tes ismadlitas viveram como néma- des nas proximidades da Peninsula Ardbica. Entretanto, a unificagio & consequentemente, 0 fortale~ cimento das advento do islamismo, no século 7. 6 viria com o Embora representassem uma ameaga para a seguranga de cida- des e vilarejos nas fronteiras do deserto da Siria, os érabes nunca tinham conseguido se unir de ma- neira efetiva; no sentidorde formar uma forga que pudesse desafiar 0 poder imperial romano. De qual- quer maneira, a0 sul, mudangas draméticas aconteceram ¢, em 630, as tribos esta do que antes. n mais unidas Reviravolta Assim, sob a égide de Maomé, cujo ministério profético pregava Ismael como 0 verdadeiro filho da promessa, 0 povo arabe tirou van- gem da fraqueza de Roma ¢ Iri em meio 3 desastrosa guerra entre ambos para transformar-se_ em uma poténcia militar e intelectual. As conquistas territoriais foram assombrosas. E, entre elas, obvia~ mente estava a regio de Israel. Ao longo da histéria, tal con- juntura de embates desencadeou gradualmente um proceso conhe- cido como Didspora Judaica, prin- Gipalmente apés a destruigio de Jerusalém por parte dos romanos, no ano 70 d.C. Assim, os judeus ru- m para paises da Asia Menor, da Africa e do leste e sul da Europa. Outrora lar de Jesus e dos apés- tolos, a Terra Santa tornou-se entio um protetorado dos califas érabes do sii que, de certo modo, até permiti~ ram que famflias judias habitassem a cidade. A estirpe viveu sob 0 gover- no muculmano, sendo que o convi- vio foi marcado por alguns surtos de perseguigao e longos periodos de relagio pacifica. Mas & claro que a conquista desse € de outros lugares sagrados era ostentada com orgulho pelos mugulmanos. A partir do século 13, contu- do, 0 poder do Império diminuiu, Gradativamente, drabes e judeus foram dominados por outro povo muculmano: os turcos do Império Otomano que, no século 15, toma- io do Oriente Médio. Enquanto isso, os judeus espa- Ihados pelo mundo desenvolveram uma espécie de “nacionalismo ju- daico”, denominado sionismo. De- fendendo-se do antissemitismo, 0 movimento politico e filoséfico propunha, principalmente durante © século 19, 0 fim da digspora ea volta para o territério onde histori camente existiu o antigo Reino de Israel. Apesar de ter repercutido, a articulagio foi apenas um tremor em comparagio a_um terremoto politico resultante do fim da Pri- meira Guerra Mundial: a queda do Império Otomano. E facil entender: a regio era habitada por dois povos cansados do controle estrangeiro. Tanto Srabes quanto judeus almejavam chutar os colonizadores e formar Ambos pre- cisariam ir a luta. E nao somente seus proprios Estados. contra a ei instaurada a, mas também um contra o outro. Cada qual com dominagio ingle seus interesses, a contenda atingi-~ ria seu nivel mais elevado. A farni- lia munca mais seria a mesma, elas forcas do mano Tito, Poy per Sees MORTANDADE DESNECESSARIA OL ATO DE FE E HEROISMO? Partindo da Europa Medieval em diregao a Terra Santa, as Cruzadas tiveram seus verdadeiros motivos maquiados juropa, século 11, Grande parte do continente estava fragmentado em varios rei- nos. Apés os drabes domi- narem a Peninsula Arabica, norte da Africa, Asia Central, par- tes da India e China e a Peninsula Ibérica, havia certo temor na Euro- pa de que todos seus territ6rios pu- dessem também ser invadidos. E nfo era para menos: os mu- culmanos constitulam 0 maior império do volvimento também era conferido na criagio de centros urbanos com descobertas em ciéncias como as- tronomia, medicina e matemiética. Sem grandes liderangas politicas, 6s europeus pareciam dependentes de uma ordem divina. Emnome de Deus Roma tinha forte sobre torlos 05 reinos europeus ca- t6licos. Ainda que nio mandassem diretamente, os papas aprovavam ou no as agdes dos nobres, ungiam rei emediavam conflitos. E, desde sem- pre, pensavam em retomar a Terra Santa ¢ aos territérios considera- dos sagrados e ocupados desde a ex- niciada no século 7, Mas, obviamente, as Cruzadas nio foram um movimento cujo interesse tinico era retomar 0 con- trole dos lugares sagrados para 0 Cristianismo. Ainda que de forma inconsciente para muitos envolvi- dos, a iniciaiva significou a grande reabertura do continente europeu. Através das expedigées, vikis foram crindas e estradas foram me- thoradas, estabelecendo novas rela- ‘es comerciaise proporcionando a criagio de portos. Assim, os reinos feudais comegavam a sair da estag- inflnénéia naga caracteristica do periodo co- nhecido como Idade das Trevas. Contudo, pelo menos no d curso oficial, reavivar 0 comércio esquecido ao longo dos séeulos era 6 fator mais fraco desta equagio. ‘Afinal, reconqui gradas possufa um apelo mais forte, isto que os cristios que peregrina- vam a estes locais sempre voltavam com relatos de perseguicdes e vio- féncia dos muculmanos. Para piorar a relagio, no ano de 1009 0 califa Al-Hakim orde- nou a destruigio de todas as igrejas de Jerusalém, inclusive a Igreja do Santo Sepulcro, principal local de peregrinagio dos cristios. Era um recado claro de que 0s crist¥os no eram bem vindos al rar as terras sa~ Em busca da salvagao Dessa maneira, o Papa Urbano. II promoveu expedigdes, prome- tendo o resgate da regio, além da absolvicio dos pecados ¢ a doacio de terras para o contingente no- bre. Um belo combustivel e um prémio tentador no imagindrio do homem cristio medieval, sempre atormentado pela ameaga de quel mar no fogo do inferno. A intengao do papa era convo- car apenas cavaleiros bem prep2- rados. Mas seu discurso empolgou especialmente os camponeses po- bres que tinham pouco a perder. As Cruzadas estavam prestes a en- trar para a Histéria como o maior movimento populacional da Idade Média, redefinindo para sempre o mapa do mundo. Assim, na segunda metade do culo LI, 0 primeiro exército cristio desembarcava no Império Bizanti- CRUZADAS no, mais precisamente em Constan- tinopla. O grupo, no entanto, nfo cconseguiu sequer passar da fronteira islimica e foi derrotado facilmente pelos mulcumanos. Essa primeira vitéria deu aos érabes tranquilida- de e confianca, que por incrivel que parega, seriam suas piores inimigas mais para frente. Porém, 0 segundo exército, liderado por nobres euro- peus, obteve mais sucesso, Seguros de que a vitéria ficil se repetiria, os mulgumanos se importaram tarde demais com 0 tamanho do exército cruzado. Aos poucos, o grupo cristo conseguiu retomar Niceia, cidade bizantina «que tinha sido dominada pelos is- limicos, Antioquia e finalmente chegaram a Jerusalém. E de julho de 1099. Apesar da causa santa, a tomada da Gidade|se dew de \maneira san= grenta. A tropa europeia aniquilou velhos, adultos, mulheres e rian ‘gas. Casos de estupros, saques de ‘casas ¢ mesquitas também fizeram parte d: poucos dias Jerusalém estava “limps”. A partir desse episédio, 0 go- verno local de Jerusalém perdeu 0 apoio dos bizantinos 20 substituir as praticas da Igreja Ortodoxa los ritos da Igreja Catdlica Roma- do violenta. En na, Com 0 objetivo devidamente aleangado, grande parte dos sol- dados voltou para a Europa, enfra- quecendo assim as tropas que fica~ ram no comando da Terra Santa. Reviravoltas As conquistas cristis comeca- rama fi wads por volta de 1144, quando a cidade de Edessa foi retomada pelos mulcumanos. O papa Engénio IIT até reagi promovendo outra expedigioa fim de recuperar o territdrio, Porém, a As Cruzadas demonstram que as consequéncias das acées humanas nem sempre se concretizam conforme Seus anseios e expectativas medida fracassou. Os iskimicos, por sua vi vez mais unidos € comandados por um lider de éxito, coisa que no se via desde os tempos de Maom Capitaneando o exéreito do Ist, ocurdo Salah al-I , Mostravam-se cada que no Oci- dente ficou conhecido como Sala- dino - organizou novas técnicas de guerra e cobrou de seus seguidores aluta com fervor. O resultado? Em 1187, Jerusalém estava novamente ras mos dos muculmanos. Segundo contam as tradigdes, num ato de grandeza (ou de pu- ros interesses comerciais), Sala- dino ainda evitou que suas tropas destruissem os locais sagrados ¢ dizimassem a vida dos cristaos, orientando que a crueldade que sofreram 88 anos antes nao fosse paga com a mesma moeda. WhimediaCommons/EupineDeleroi/Stock by Gatty Images Por mais que o contexto indicas- se que 0 jogo estava praticamente perdido, a Tgreja Catélica nao desis- tin de maneira imediata. Novas tro- pas foram enviadas & Terra Santa, arrastando o embate até 1291, quan- do 0s tiltimos eristios acabaram ex- pulsos do norte de Jerusalé Consequéncias As feridas abertas e profundas entre Oriente e Ocidente traduzi- ram-se em desconfianga ¢ tensio entre os povos. Mas, apesar da derrota, a Europa ao menos viu a expansio de seu comércio a leste do continente. Os reis viram suas autoridades potencializadas, o que facilitou a criagdo dos futuros Es- tados Nacionais. A. identidade saiu fortalecida, a J também como 0 cémbio cultural, 0 qual deixou seu legado na melhoria do sistema financeiro com a cris cos, ¢ também no uso de especia- rias que, séculos depois, impulsio- naria as Grandes Navegacbes. Para os arabes, a grande ligio foi a importineia de ter a uniio como mote. Além, é claro, da edi ficagio de uma forte identidade cultural. Contudo, embora tenha obtido as vit6rias no Ambito mi- dos ban- © saldo foi negative em ter- mos socioeconémicos. Afinal, a perseguicio aos muculmanos (¢ também 20s judeus) se fortaleceria com essas situa Nao por acaso, podemos notar que os reinos ibéricos, por exemplo, Pree eyy Seen ees Pract peceecacrney empreenderam uma forte campa- nha contra individuos nio cristos nna passagem da Tdade Média para a Idade Moderna. As Cruzadas demonstram que as consequéncias das agées huma~ nas nem sempre se concretizam conforme seus anseios expecta~ tivas. Contudo, foi essa imprevisi- bilidade que indicou a constituigo de novos rumos que romperam © ordenamento feudal. De fato, praticamente impossivel ndo pen- sar na contribuigio profunda deste evento hist6rico para que a Euro- pa Moderna ensaiasse 0s seus pri weiros passos ~e para que a Terra Santa se tornasse o grande palco de conflitos do planeta. SAGRADA UMA CIDADE DE FE sagrado proporciona a. TT Wale Mu Lp istoriadores dizem que Jerusalém j& foi com- Renee cer eset) Teligides diferentes (sem falar em suas muitas correntes) pode explicar porque tanto sangue jé foi der Ue Tec oe nr ecm ace Se UU eee Rc a Seer ee por motivos que excedem a fé. E um ponto de encontro entre passado ¢ presente, interligando diferentes culturas eet ene ean ie cee nn ene As Shutterstock images CIDADE VELHA Dividida entre os bairros drabe, cristdo, judeu arménio, ali é possivel viajar no tempo. Em sua rea, esto concentradas a Basilica do Santo Sepulcro, a Esplanada das Mesquitas o Muro das Lamentagdes. Em meio as suas apertadas vielas (1), 0 comércio é mais do que variado, pasando por artigos reigiosos, alimentos camisetas (2). A muralha que a rodeia foi erguida em 1538 e tem imponentes pontos de entrada, como o Porto de Damasco (3). ‘Adisputa entre ‘08 dois povos retratada também ‘as estampas SAGRADA CRISTIANISMO A Basilica do Santo Sepulcro foi ‘erguida onde Jesus Cristo foi Crucificado e enterrado, antes de ressuscitar. Além de um altar no Gélgota (4) — 0 local da cruz = 0s peregrinos também podem ver de perto a Pedra da Ungao (6), onde seu corpo foi lavadi e preparado para o sepultamento ‘Também esto demarcadas as ‘A estagies da via-cricis, 0 ccaminho que Jesus fez em seus Ultimos momentos de vida: + Estagdo |: Jesus € condenado amorte + Estagao I: Jesus recebe a cn ‘ Estacdo ll: Jesus cai pela primeira vez * Estacao IV: Jesus encontra Maria, sua mae (6) + Estagao V: Simao Cirineu ajuda Jesus + Estagéo Vk: Verdnica limpa 0 rosto de Jesus + Estagdo Vil: Jesus cai pela segunda vez * Estagéo Vill: Jesus enoontra as mulheres de Jerusalém Estacdo IX: Jesus cai pela terceira vez Estagiio X: Jesus é despojado de suas vestes + Estagdo XI: Jesus 6 crucificado + Estagdo Xik Jesus morre © Estacao Xill: Jesus 6 descido da cruz * Estagéo XIV: Jesus é ‘Sepultado nF . iP) at Pi Pils ¢ pigs te CONTRASTES ‘Ao mesmo tempo em que preserva suas raizes histéricas, Jerusalém ‘também tem uma rotina pulsante além das religides. Seu centro comercial 6 repleto de cafés ¢ restaurantes (7), de comidas tipicas locais ¢ de outras culinérias pelo mundo. Mesmo as areas modernas da cidade conservam uma identidade visual (6) que remete a antiguidade. ISLAMISMO Para os discipulos de Maomé, Jerusalém € 0 terceiro lugar mais sagrado de todos. Subindo or uma rampa ao lado do Muro das LamentacSes, chega- se a Esplanada das Mesquitas La, encontra-se o Domo da Rocha (9), que abriga a pedra onde ooorreu o sacrficio de Ismael. Além da famosa lipula dourada, seu exterior 6 adomado por uma série de azulejos em sua base. A poucos metros, est a Mesquita de ‘Al-Aqsa (10), de onde Maomé ascendeu aos céus. Todo 0 local é rodeado por um excenso jarim, onde é comum ver Mugulmanos reunindo-se para clscutir 0s textos do Alcorao, JUOAISMO 'A populacao judia nao somente ora diante do Muro das amentagdes (11), como também realiza ai ceriménias como 0 Bar-Mitzva (12), que marca o alcance da maturidade religiosa dos adolescentes — para os garotos, a completar 13 anos, para as garotas, 20s 12. Aos sébados, cia sagrado para os judeus, 0 local recebe um bom nimero de peregrine, inclusive & noite. O Muro € 0 que restou do Segundo Templo de Salomo — reproduzido, em uma maquete gigantesca (13), em outro ponto da cidade. EM PROFUNDIDADE OS TIROS SERAO SILENCIADOS? Com uma previsao pessimista, lideres da Unido Europeia e até mesmo da ONU nao conseguem achar uma solugao a curto prazo para o conflito “sem fim” tensdo nos territérios pa- lestino € israelense cha- ma atengio nao s6 pelo impacto mundial que as ofensi tém_gerado, mas também. pelos mimeros Segundo relatério langado pela ONU em 2015 (o mais atual), o ano de 2014 registrou o maior nimero de pa- lestinos mortos desde 1967. Ago \s entre os dois alarmantes. ra, nas tenses mais recentes com Israel, s6 em maio de 2018 foram registradas 60 mortes ¢ a0 menos 2700 feridos. Com 0 eixo central de roupagem religiosa e a disputa por terras, esconde uma série de interesses politicos e econd Des: cos. forma, acompanhamos se- las intervengdes americanas ¢ ‘europeias na regio, em especial na partilha afro-asiética, no territério estratégico compreendido entre 0 Rio Jordio e 0 Mar Meediter algo que, a0 lado de acordos mal impasses diplomaticos ~ influencia nessa situa olive ~ pr s que compdem a Faixa de Gaza. sucedidos incon- cipalmente nas ter- Violéncia em ciclos Uma nova onda de violéncia teve inicio na regido em junho de 2014, jovens judeus na Cisjordinia. Ape- sar de o ataque ter sido atribuido 20 Hamas, 0 grupo no assumiu a mo rapto ea morte de trés autoria. Como resposta, mas sem ter certeza da identidade dos as- z 3 sassinos, soldados israclenses ma- taram 3 membros do Hamas. O presidente a Autoridade Nacional Palestina 3 (ANP), Mahmoud Abbas, exigiu 2 explicagdes de Netanyahu, Primei- 3 ro-ministro de Israel. Os corpos inco palestinos e detiveram § dos israelenses foram encontrados, iniciando a série de ataqu (O Hamas eas forcasi siram a se enfrentar incessan- temente, por meio de bombardeios e foguetes. Cerca de um més depois, Israel intensificou os ataques e deu inicio a uma operacio terreste, algo que multiplicou 0 mimero de mortos. O Hamas prometeu vingangas e as iclenses EM PROFUNDIDADE ofensivas de ambos os lados pros- seguiram, acusados pela Agéncia das ages Unidas para os Refugiados da Pa- lestina (Unwra) de atacar uma es- cola utilizada como refi criangas ¢ seus pais na Faixa de aza. O comunicado oficial dizia: “criangas mortas durante 0 sono. Os israelenses foram io para Isso é uma afronta a todos nés, na fonte de vergonha universal. Hoje 0 mundo esta desgragado”. Asautoridades mé anunciaram que mais de 2.000 pa lestinos haviam morrido- pelo 50 mulheres ¢ 95 idosos. Do lado israele ss de Gaza nos 541 criangas, e, apen 67 pessoas haviam morrido, sendo 64 soldados ¢ trés civis. © militante palestino Saleh Arouri confirmou a responsabi- lidade do Hamas, afirmando que © propésito inicial era trocar os rapazes por prisioneiros pales- Apés intmeras tréguas humanitdrias concedidas pelo exército de Israel, israelenses e militantes palestinos tinos mantidos em Israel. na Faixa de Gaza chegaram a um acordo de cessar-fo No entanto, nfo existe bandei~ ra branea. Todos os meses, hé re- gistros de violéncia na rej clusive contra criangas, a exemplo do noticiado em agosto ~ quando soldados israelenses entraram e1 conflito com manifestantes pales- tos em Nabi ia. Fotos re- tinos durante prot Saleh, na Cisjorda gistraram um soldado armado imobilizando uma crianga pales- tina. Em seguida, manifestantes vio para cima do soldado para libervar omening: Em outra cena que ganhou destaque, um palestino conhe- cido como Mohamed Allan che- gou a ser detido quando estava mantendo dois meses de greve de fome. Ao recuperar a cons- ncia, depois de vsrios dias em lan disse a seus médicos que continuaria em greve de fome até conseguir sua liberta que, se no houvesse uma solugio para seu caso, pediria que todos os cuidados m terrompidos, ¢ deixaria de beber gua. Diante de tantos exemplos, o que hd de mais grave no conflito €a dilaceragdo de tantos direitos bisicos, quando nio da propria vida, em territérios dos quais os dicos fossem in- lideres na > conseguem considerar dia para que se resolvam as diferencas. a dimensio da t Para inglés ver? Quais eram as motivagées de palestinos e israelenses para in- sistirem nos ataques? O objetivo declarado de Israel era interrom- per o langamento de foguetes por militantes de Gaza ¢ restabelecer a seguranga interna. A. invasio terrestre, por exemplo, presumia destruigio de tineis do Hamas, utilizados para coordenar atenta- dos contra Isracl. Outra ambigio & desmilitarizar o Hamas. Por sua vez, os lideres politicos do grupo confirmaram que s6 in- terromperiam os ataques com o fim do bloqueio 4 Gaza, da agressio Cisjordania, assim como da liber- tagio de prisioneiros que foram soltos em troca do soldado Gilad Shalit — em ataques ocorridos em 2011 — mas foram recapturados. E como 68 paises:mais influentes no mundo se posicionam? E sabido que os Estados Unidos da América se posicionam de maneira desigual, mas outras nagdes, pelo que se apa- renta, tentam uma mediagio, seja por pura diplomacia ou nio. Em 2016, a chefe de Politica Externa da Unido Europeia, Fe- deriea Mogherini, se encontrou com Mahmoud Abbas, presidente palestino, para discutir possiveis avangos no processo de paz entre Israel e Palestina. Muito foi dito & respeito, inclusive que a UE esti fortemente compremetida a bus- car uma solugio para 0 conflito, mas isso no é 0 que se tem visto = em paralelo com a grande crise migratoria em que o continente europeu se encontra, onde mui- tos governantes ainda se recusam a prestar auxilio aqueles que che- gam em seus territorios. Na ocasiio, Saeb Erakat, gran- de nome das negociagies na Pales- tina, se mostrou satisfeito com o esforgo da diplomacia europeia em retomar as negociacdes pela paz, mas no sem ressaltar que Israel “precisa honrar seus compromis- ‘sos, encerrando as atividades de expansio sobre o territério pales- tino e libertando os prisioneiros”. De acordo com Erakat, esta é a condigo principal para que as ne- gociagdes cheguem a uma solugio plausivel a ambos. Vale lembrar que em 17 de dezembro de 2014, foi submeti- da formalmente pela Jordinia, a0 Conselho de Seguranca da Organizagio das Nagdes Unidas (ONU), uma proposta de resolu- ao que previa o fim da ocupagio de Israel no territério da Cisjorda- nia até o fim de 2017. Contudo, o fracasso nas nego- ciagdes de paz no Oriente Médio tem gerado impaciéncia entre lide~ res europeus, que tem se mostra do favoraveis & causa dos palesti- EM PROFUNDIDADE nos, sendo que no final de 2014 0 Parlamento Europeu votou uma resolugio declarando seu apoio a0 reconhecimento da Palestina como Estado, desde que seja resul- tado do avango no didlogo entre as duas partes. Franca, Reino Unido, Portugal, Espanha e Irlanda fize- ram mogées pelo reconhecimen- to da Palestina, e em outubro de 2014, a Suécia foi o primeiro pais da Europa Ocidental a reconhe- cer o Estado Palestino. Em outra casio, em agosto de 2015, Ni- ckolay Mladenov, representante da ONU, saudou as tentativas da ‘comunidade internacional, lidera- das pela Europa, para impulsionar uma nova iniciativa diplomstica ‘que possa desbloquear a situagio ‘com a ajuda dos paises rabes. © qnevresta agora é uma diivi= da sobre 0 que nestes empenhos & realmente legitimo, uma vez que muito se fala sobre acordos di- plomaticos que, na pritica, no se tornam efetivos, existindo reivin- dicagées para que as nagdes desen- volvidas pressionem Israel de ma- neira mais feroz ~ o que ineluiria boicotes e agdes militares. 4 agéo 4 inércia) da ON No papel, soa efetivo e coeren- te. Na pritica, no entanto, encon- tramos realidades extremas e dis- tantes do que a ONU tenta tornar palpivel mundo a fora. E nesse contexto que surgem as chamadas ‘organizagies terroristas, assim lassificadas por governos nacio- nais e grupos intergovernamen- tais, ainda que o termo terrorismo continue configurando diversas definigdes e proporcionando olha- res diferentes sobre esse viés. O panorama em 2015 era ain- da mais pessimista: 0 enviado da Organizagio das Nagdes Unidas (ONU) para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, alertou que a solugdo da coexisténcia de dois estados ~ Israel ¢ Palestina - estd atualmente “mais longe do que nunca’, ¢ pediu as partes uma “agio decidida” para alcangar a paz. De acordo com Mladenov, fatores como a construgio de colé- nias, incidentes de seguranga, vio- lencia relacionada com a ocupagio falta de unidade palestina amea- cam a possibilidade de coexistén- ‘cia pacificay This fatorés esto y explicitos ‘enquanto se acompanha o desen- rolar da historia, ainda mais quan- do se trata do extremismo violen- to em toda a regio, de ambos os Iados — 0 que ameaga também as aspiragdes palestinas de criagio de um estado quanto os desejos de seguranca de Israel, além de dizi- mar milhares. “No atual clima de desconfian- ga, a comunidade internacional deve trabalhar com israelenses palestinos para criar as condigdes, regional e internacionalmente, para regressar as negociagées em ‘um prazo de tempo razofvel”, ar- gumentou Nickolay Mladenov. ‘Apesar das tentativas de estabe- lecer uma Convengio Exaustiva sobre o Terrorismo Internacional (CCIT), nada ainda foi definido. Porém, alguns organismos ¢s- pecializados foram criados para tentar conter o avango da violén- cia e ajudar os Estados a prevenir ataques dentro de suas fronteiras © em todas as regides, siio eles um Comité Contra o Terrorismo ¢ uma Diregio Executiva do Comité Contra o Terrorismo. Contudo, 0 papel de lideranga ¢ guarda mundial que se espera da Organizagio aparece muitas vezes abafada pela intervengio constante dos Estados Unidos em assuntos de interesse internacional, como no caso dessa luta contra os casos de ages terroristas em todo o mun- do. A organizagio esté enfraqueci- da por diversos fatores, mas o que se percebe € que o principal deles é io conseguir arbitrar as tomadas «de décis6es-da maior poréncia de nosso tempo. A verdade & que este sonho de uma organizagio supra- classista, supranacional, que advo- gue em favor dos povos se confi- gura apenas como um horizonte. A declaragio oficial da ONU s bre medidas para eliminar o terro- rismo internacional determinada em assembleia desde 1995 prevé que “atos criminosos pretendidos ou caleulados para provocar um estado de terror no piblico em geral, num grupo de pessoas ou em individuos para fins politicos sio injustificéveis em qualquer circunstincia, independentemen- te das consideragdes de ordem politica, filos6fica, ideolégica, ra- cial, étnica, religiosa ow de qual- quer outra natureza que possam ser invocadas para justificé-los”. 0 RECONHECIMENTO DE FRANCISCO Em 2015, Papa Francisco reconheceu formaimente ‘0 Estado da Palestina, ao assinar um acordo sobre os direitos da lgreja Catdlica nos teritrios palestinos. O Vaticano ja fez varias referéncias ao Estado da Palestina, mas a assinatura do acordo € um reconhecimento formal. A posigao de Israel ‘oi de adverténcia: 0 acordo poderia complicar os esforgos de paz na regio. A Organizagao Para a Libertacio da Palestina, por sua vez, afirmou que ‘0 acordo adiciona o Vaticano a lista de mais de 10 paises que reconhecem o Estado da Palestina, entre eles, 0 Brasil. Entretanto, meses depois, 0 Vaticano pediu que a missdo palestina na ONU removesse todas as referéncias a esse pais em um projeto de resolugao preparado para a Assembleia-Geral, no qual um apelo seria feito para que as bandeiras da Palestina da Santa Sé tremulassem na ONU. 0 projeto de resolugdo palestino afirmava que as bandeiras de observadores no-membros seriam “igadas na Sede e Escrtorios das Nagées Unidas, depois das bandeiras dos estados membros da Organizagao das Nacbes Unidas”. AA resolugao aparentemente havia sido preparada sem o consentimento explicito da missdo do Vaticano na ONU, 0 que coloca em xeque o quao posicionada esté a sede da Igreja Catdiica. TERRORISMO DEBATE DO SECLILO CORT Tem me GT) ee) arta cea Cele) iter tome} EU CUES CoRR Crna contra o terrorismo na regiao ideia do que sig rorismo esta sujeita a di- versas interpretagées que se relacionam a ele tos histéricos, politicos, sociais e geogréficos. Desde 2005, a ONU sugeriu que o termo fosse definido com o objetivo de facilitar ies no combate 3 viol suas a cia, Na época, o enti secretirio-geral Kofi Annan propds que fosse atri- bufda essa terminologia a qualquer ato com intengio de ferir e matar civis para pressionar governos, or ganizagdes ou populagdes. A pro- posta, no entanto, até hoje existem dividas quanto a distingdo entre ages terroristas ¢ 0s diversos tipos de violencia inse~ jo caminhou e ridos nesse contexto. Sobre o que estamos falando? Para 0 historiador de Paula, mestre pela Universidade Federal de Sao Paulo (UNIFESP), © terrorismo pode ser entendi- ilherme do como uma designagio politica no oficial utilizada em debates 20 longo da Histéria como simples gin de deslegitimagio ou desarme ideolégico. “Por tratar- se de uma caracterizagio dotada de significados, na maior parte das vezes, altamente pejorativos, conseguir transformar, no debate piiblico de uma €poca, as ‘ages politicas’ de seus inimigos em ‘atos terroristas’ costuma trazer algum tipo de lucro politico”, explica Ou seja, depois do 11 de se tembro, tornou-se habitual asso- ciar qualquer prética terrorista aos mug a0 Oriente Médio como um todo. No entanto, ages que se encaixam anos, & religifo islimica e TERRORISMO esse contexto so movidas em outros lugares do mundo, como Colémbia, pais que enfrenta pro- blemas com a violencia do nare tréfico ¢ as méfias, mesmo apés a desmobilizagio das guerrilhas das Forgas Armadas Revolucionsrias da Colémbia (FARC) em 2016, ¢ até mesmo no Brasil. “No élbum Sobrevivendo No Inferno, de 1997, do grupo de rap Racionais, 0 ev-lirico de Mano Brown, na fai- xa Racionais cap. 4 ver. 3, e intitula uum terrorista da periferia, como uma resposta 3 opressio que rece- bia, de classe, devolvendo na mes- ma moeda, com violéncia”, lembra o historiador. Ou seja, associar terroristas indiscriminadamen apenas a cidadios do Oriente M dio é nko sé pe 0, como prejui= dicial & identidade dos individuos rabes ou seguidores do Isla. Desde 0 inicio da chamada “Guerra 20 Terror, quando surge uma tendéncia global de comba- te ao terrorismo encabecada pelo governo norte-americano, muitas controvérsias em relagio 3 a¢ tadunidense se relacionam as defi- nigoes do que € ou nao terrorismo ede quem é ou nio terrorista. Gui- Iherme lembra que é justamente essa indefinigao que fez com que os Estados Unidos fossem capazes de encontrar aliados no mundo todo. De acordo com ele, quanto mais amplo ¢ impreciso, maior a capacidade de comogio. “Se 0 pais tivesse definido, de maneira mui- to clara, 0 que estava chamando de terrorista, teria dificuldades de encontrar apoio. Entre os aliados seus aliados, por exemplo, estava a China, que caracterizava como terroristas monges tibetanos sepa- ratistas; Israel, que considera qual- quer resisténcia palestina como O territério sirio é parte da regio que o movimento sionista pressupoe como pertencente ao que seria, no futuro, a Grande Israel um ato terrorista; ¢ até a Colém- bia, radicalmente contra os trafi- cantes ¢ os comunistas guerrilhei- ros. Entende como a confusio joga a favor deste projeto?”, Teorias e especulacées Nesses 70 anos de independén- cia, inclusive, a relagio entre is- raclenses e palestinos € considerada uma das mais sangrentas da Hu- aparece s de fi- manidade. Israel, porém, dividida entre as acusag fanciamento de) grupos terrorists ns drabes ¢ no trabalho das forgas de seguranga para prevenir atentados no Estado judeu, Em 2017, Nadav A chef .gou niimeros do perfodo anual em reunido do Comité de Relagées Exteriores ¢ Defesa do parlamento: “E necessirio observar que 0 mi- ia ¢ owtrds terri de seguranga do pais, divul- mero de atentados no iiltimo ano diminuiu em relagio 20 ano ante- rior, eng) prevenidos aumentou, Este ano nés prevenimos 400 ataques, incluindo 1B atentados suicidas’, disse nto o niimero de ataque Em fevereiro de 2018, porém, um dos jornais mais populares de Israel, 0 Haaretz, afirmou que Estado judeu fornece munigées, roupas, armas, medicamentos e dinheiro para sete grupos terro- cha ia. Tais ristas, os quais a public mou de “rebeldes”, grupos radicais de matriz. sunita receberiam tudo isso por intermé- dio das Colinas de Goli. O jornal citou a analista judia Elizabeth Tsurkov, que atuaria em defesa dos direitos humanos e possuiria aces~ so a depoimentos dos individuos envolvidos. A informagio é de que dezenas das pessoas que falaram com ela relatam ur nga sig nificativa na quantidade de ajuda que recebe de Israel. Segundo © Haaretz, a analista confirmou que as armas € munigdes e indo para os exércitos sunitas no oveniquantoo restante da ajuda seguia para aldeias contro- Gold si ladas pelos rebeldes. Na fronteira sirio-israelense, eles controlam ex- pressivamente: a0 norte do Gold, parte no sul do Gold - com forte presenga do Estado Islamico, com sh Khalid ibn al-Walid, bes sio de que Israel estaria apoiando esses grupos no com o objetivo de derrubar Bashar al-Assad, o atual presidente da Siria acusado de comandar grande parte dos atentados no pais, mas conter 0 que seria um suposto avango do Ira e do Hezbollah. O territ6rio sirio é parte da regido que o movimento sionista pressupde como perten- cente 20 que seria, no futuro, a Grande Israel, indo do rio Nilo ao Eufrates. Consolidado esse objeti- vo, a vinda do Messias, de acordo com as tradigdes judaicas, estaria mais proxima 5 Anadola Agenoy,NurPhotaeSOPA Images/etty Images TERRORISMO NOME E ENDERECO Conhega alguns grupos terroristas que esto em atividade no mundo Al-Qaeda E composto por fundamen- talistas islmicos e possui finan- ciadores para o planejamento de ataques em diferentes pontos do planeta. Sua infraestrutura é inter- nacional, com sede em varios pai- ses, inclusive no Brasil, atuando, portanto, de maneira globalizada ‘Antes liderado por Osama Bin Laden, agora segue com Ayman al-Zawahiri. Apesar de ter sur do no Oriente Médio, ja & pos: vel encontrar sua influéneia além dessas fronteiras. O grupo conta, inclusive, com um departamento de midia, o As-Sahab. Hamas irupo de orientagio sunita fundado em 1987 com 0 objetivo de intensificar a luta pela criagio de um Estado palestino no lu- gar onde hoje é Israel. O Hamas se define como um movimento de resisténcia da Palestina, cujos principios se baseiam no Alcorio € esteve sempre rodeado de polé- ‘micas, sendo uma delas 0 fato de © Brasil, a Riissia e a Noriega, por ‘exemplo, no 0 considerar uma or- ganizagio terrorista. Desde 2007, detém o poder no territério pales- tino na Faixa de Gaza, onde gover- na com partido politico, entidade filantrépica e um brago armado. Tigres de Liberacéo do Tamil Eelam - ou Tigres Tameis primeira organizagio a de- fender a igualdade de sexo e aceitar a participagio de mulheres-bom- ba. Foi fundada em 1976 e uta pela separagio do norte ¢ leste do Sri ‘Lanka, em sua maioria hinduista e mugulmano ~ sendo que o restan= te da populagio é budista. O seu principal objetivo é a criagio de um Estado independente denomi= nado Tamil Eelam. A campanha deu origem a Guerra Civil do Sri Lanka, um dos conflitos mais lon- gos da historia recente da Asia. O grupo é responsavel pela morte do entio primeiro-ministro da india, Rajiv Gandhi, em 1991, e chegou a ser, inclusive, acusado de recrutar ceriangas para contra as forgas ar- vatadasida hae Taliba Desde 1996, atuava com mili cias em grande parte do Afeganis- to, mas apés a invasio americana =no contexto da Guerra a0 Terror =o grupo antes unificado se divi- ddin em duas facgdes, uma afega ¢ ‘outra paquistanesa, que disputam poder. Apoiado no fundamenta- lismo religioso, € campedo no uso de homens-bomba em seus ata- ‘ques, com uma média de 100 aten- tados por ano. Foi responsavel por atirar em Malala, referéncia mun- dial na luta pela educagio, quando la tinha 15 anos. Continuity Irish Republican Army (CIRA) Foi criado com o objetivo de apoiar 0 Exército Republicano Trlandés (IRA) de expulsar a in- fluéncia e presenga britinica na Irlanda do Norte. Surgiu no inicio dos anos 1990 como brago armado do Partido Republicano Sinn Féin (RSE) ¢, apesar de as atividades do grupo terem sofrido uma queda, principalmente no inicio dos anos 2000 ainda acontecem ataques com bombas ¢ outros atentados contra 0 governo da Trlanda do Norte e seus aliados. Patria Bascae liberdade (ETA) Com atuacio na Espanha, Franga, Argentina, Alemanha, Italia, Venezuela, no Canadi e México, tem a meta de formar um Estado independente baseado nds prineipios marxistasna regio do Pais Basco, na Espanha e em provincias do sul da Franga. Foi 0 ‘inico grupo armado da época da ditadura do espanhol Francisco Franco e fez sua primeira agZo em 1961, em uma tentativa fracassada de descarrilhar um trem com vete- ranos de guerra que viajavam para comemorar 0 aniversério da Guer- ra Civil Espanhola. Desde 2008, a organizagao esta mais fraca, de- vido a algumas prisdes de lideres, mas apesar do niimero reduzido de membros, ainda continua na lista norte-americana de ameagas. Estado Isldmico Antes um braco da organizagio AlQueda, agora um grupo inde- pendente que anunciou a pretensio de dominar por meio da violéncia e da forga. Assim nasceu o Estado Islimico (EI) no Iraque e na Siria, 2013, quando ainda parte m brago terrorista da rede cria de da por/Osaina:Bin Laden Depois do ro npimento, os integi organizagio declararam um cali- fado e mudaram 0 nome apenas para EI, firmando-se como um dos principais grupos jihadistas e, de acordo com especialistas, um dos jis perigosos, também. E ainda no Iraque e na Siria q) centrados os extremistas, onde 0 grupo mostrou a que veio. Abbu Sayyaf Surgiu em meados dos anos 80 a separa moro, que viria a sto con- 2 ang: ser um Estado independente das Filipinas e reduto dos muculmanos do local. O grupo recebe apoio fi- nanceiro e logistico de alguns dos maiores grupos terroristas da re - gio, a Frente de Liberagio Isli- mica Moro (MILF) e 0 Jet lamiya, Em 1993, inclusiv Yousef, membro da Al Qaeda que plavigjau 6 ataqiie contra 6 Wor Id Trade Centér; foi enviado por um treinamento de fabricagio de bombas para os membros da orga- nizagio, Hezbollah Movimento de resisténcia le- gitimo por grande parte do mun- do islimico e érabe, mas, inicial- mente surgiu como uma milicia, fem resposta & invasio israelense do Libano de 1982, também co- mhecida como Operagio Paz para a Galileia, ¢ continuow a resistir contra a ocupagio i toda a Guerra Civil Libanesa. Foi responsivel pela saida de Israel do sul libanés em 2000, sendo, , duramente criticado por lense por po governos sunitas por estar envol- vido na guerra civil da Siria, Atua utilizando ataques de guerrilha, no entanto, desenvolve varias ati- vidades na ajuda aos familiares de inértires, na satide, na educagio Feligiosa xiita-nacreparacio: dos danos causados por israelenses ¢ na agricultura. Al-Shabaab Cc hecido como Partido da entude, 0 grupo é w principais aliados da Al Queda. acusado pelo n t6ria da Somalia, que matou quase 300 pessoas em 2017, Em 2010, a organizacio se aliou a Osama Bin Laden e se uniu a outros grupos para controlar a maior parte da Somilia, Por outro lado, os exérci- tos da Etiépia e do Quénia se jun- taram ao governo somaliano a fim de combater 0 avango do grupo conseguiu retomar o controle da capital Mogadiscio. A organizagio yr ataque da his- chegou a controlar parte da Somé- lia, mas foi expulsa das prin cidades que representava, no sul e no centro do pais. NUMEROS DETALHES IMPORTANTES As reinvindicagées, os aliados e outros dados sobre os anos de conflito sraclenses ¢ palestinos estio em conflito desde a década de 1940, Muitos acon foram marcante 10 longo dos anos, mas alguns nimeros ait da se destacam, bem como os obje- tivos de cada nagio e de seus grupos internos. Por isso, resolvemos reu- nir informagdes importantes para ioStrAIF OF inipacto da dispute ho ‘mundo e dentro dos préprios paises, principalmente quando isso envolve civis ~ que se tornaram refugiados tar consideradosilegais, NUMERO LIQUIDO DE IMIGRACOES ENTRE 1950 E 2015 Os niimeros abaixo representam 0 movimento nas fronteiras de pessoas que mudaram suas residéncias. ‘Assim, a estimativa inclui os fluxos de entrada e saida de pessoas estrangeiras e nativas. Com a expanso da populagao e do territrio israelense, muitos palestinos tiveram que imigrar para paises vizinhos. Milsrael_ MiPalestina 2015 oy Fve-Year erase Migration Poy nt itp Ly Zp tog Artige Osseo lads os ininigos deal e do Mamas om Gua, de Guga Chacra ‘Adestruigdo do Templode Jerusalém, adibspora a capital A ddade 4 um marco rebigioxo por sersededa dorsino de Davi (século Xa.C) ado reine judeu séeuo Ml Esplanadadas Mesquitas. Omurcipio também aC) sbopamager hatéricm que conectam opovojudeu _abriga © Domo da Rocha, edifiio consteuide Aaregib. Hoje estabeled dose Jerusalém, nlo desejam no sécdo Vile considerado um dos santulrios ividic 0 teritério por se trata de um centro politico © mais sagrados por sar o higar onde © profeta religioso mato importante Maomé subiu 208 cus. Muitos fits visitam a cidade para conhecar o Muro das Lamentagies rico vesigio do antigo Templo de Herodes, yale Sitters mages ‘+ Manutenho do controle de seu exparo aéreo ¢ das Aronteizas externas: + Preservagio das fronteiras apés 1967. No entanto, ‘cao seusmaiores assentamentos seam anexados, pode sbandonar a Cisjordinie. Cerca de 500 ma judeus vive ‘en, spreximadamente, 150 ansentamentos, Temstatia de estado-obserwadornso membre das Nogbes Unidas. AUADOS, MEUTROS E“WIMIGOS” WA FAIXA DEGAZA E umestadomenbro da oeganizagso ‘Nao so apenas os Estados Unidos aliados de Ksrae! nia Faia de Gaza. Alem disso, nenfum dos vizinhos drabes dos israelenses de fendem o Hamas formaimente, Multos paises optam pela ‘eutralidade ou, simplesment, ignocam o confito na regio UNHA DO TEMPO UMA LONGA HISTORIA Os problemas entre israelenses e palestinos ja sao antigos, complexos e antecedem a prépria formacao do Estado de Israel Jatual regido des, A=: © Palestina fazia parte do Império { Turco Otomano desde 1517. A partir { do século XIX, ocorre um fluxo m 1 { t6rio de judeus da Europa para a fegia0. ‘ O tiimero de=comunidades, fazendas \ coletivas ju 1896 * 0 jomalitajudeu-austriaco Theodore Hera (1860-1908 publica olive O Estado Judeu BF 2° terdudenstia) que lana s bases paras ekibutz.crescem na Movimento Sionista preparamos a seguir, vocé vai 1897 + ocorre 01 Congreso Sinisa, _ "na Bisleie Seige: Ecreda » Orpania Sionsta Mundial, com 0 objetivo de coordenar entender tudo! dirtries para oretorno 1917 * Declaragio de Balfour. > 1920 ® Tratado de Sevres define a EicaradetinadnaFedoragbo "dish dos terres do nti mpario. Sista da Grtretanha'o | Otonane.Os btdricosssumer cotrolo a ences accel pe een ee recess ie cea mete areas cave alu ractestetngiode ; Mae, gore tinea detacare. cerabelecments do LarNeconal | tude a Paletn cao loltaraconsepdae darotar Derrotade no conflto, © império ‘Tureo-Otomano chega a0 seu fim dois anos depois, sendo este evento determinante para aformacio do Estado de lara 1920 + & ciado oHagan, | erganizaso paraiitar sins que suave | Sontra 9s érabes na protesao das fazendas era inia eaters ctdloconds mpi wt ooo pasado © Impétic Otomano na 1" Guerra Mundial, que, até tio, dominava ‘aquola regio. 1973 © Gera do Yom Kippur. Ego Sia efatuam um “s atague-surpresa a Israel no dia do feiado de Yom Kippur. Apesar de desprevinido, Israel consegue derrotar os dois pases. "1972 © operacio Célera de Deus. COrganizada no mesmo ano do atontado, } ‘peracio tinha como objetivo eliminar os responsiveis pelo Massacre de Munique, Agenter lenses atsacsinam liderespalestinosligados 20 + ato terrorista em diversos pases. ¢. 1972 © Massacre de Munique. Durante 08 Jogos Olimpicos, terrorstas da Organizagio Setembro Negro, uma face da OLP, invadem avila limpica ‘e sequestram membros da delegagio Israclense. Oatentado deixa 17 mortos. 1978 * Operacio Litani. Israel ©. \, invade o sul do Libano com objetivo de {> eliminar bases militares da OLP. ~~ 1967 © Guerra dot Seis Dias. Apés 0 croscimento das tenses 1948 (15 de maio)* 1949 © israel 1964 © Criagie da Organizagso {os lados comegam a Guerra brabearoelense. Um dia! vence a Guerra rabe- para Ubertagboda Palestina | organza tropes. Ante a ‘apés a independéncia de | israelense. O conflito (OLP). Seu propésito er | movimentacio de tropas: } levoue paisa ampliar ‘liberasio da Palestina” pelaluta | pertode sua fronteira, ae sat fronteras armada, Atualment,conritui uma + leraldesfere um ataque 7 atacam o recém-criado pais. 1948 (14 de maio) * Emmeios guerra civil efaltando poucas hor © fim do Mandate Briténico da Palestina, 08 udeus declaram a independéncia e ctiagio do Estado de Irae, sob a lideranca de David Ben-Gurion. 1931 - 1948 * surge o rgun. > Miles paramittar sonst de cunho mai radical, urge a parti de uma cedo do Hagand.Pressonava (bs waxes, por ‘meio de atentado terrorists) ‘a. 0 MandatoBritnico@ 1. | @stabelecera criagéo do Estado jou. sobre as terras ¢s poalestinas. 7 politic 1947 © Guerra civilno Mandato da Palestina, Um da psa aprovacio do Plano da ONU para partiha da“; Palestina, tem inicio‘ confltor entre as mili jdaicas eo robes plestinos 1937 © Comissio Peel. Estabeloce, apés 0 Mandato Britdnico, a criaglo de dois Estados: um érabe e outro judeu. 1936 - 1939 * Revolta Arabs. Fugindo do autoritarismo # do antissemitisme do regime nazista na ‘Alemanha, mlhares de udeus imigram para a Palestina, gerando uma revolta ‘entre a populacio drabe da regido. confederagio que reine os partidos da regiso pasting Nagée: ‘ lento Ministro Britinico das” > entre Israel, Sta, ‘Jordania © Egito, amt reventivo" contra os tras paises. 1947 © € aprovado.o Pano da ONU para partha da Palestina através da Resolugio 181 do Comité Especial das nidas paras Palestina (UNSCOP). ‘A.Liga Arabe recusa a proposta.A ‘Assembla de ONU fo presiida pelo 1939 © Livro Branco MacDonald. Projeto criado pelo Colbnias. Determinava gue, 30 fim do Mandato Britinico na Palestina, sera criado um nico Estado a ser ‘governado em conjunto por drabes © judeus. Proposta foi repudiada pela ‘omunidade judaica,

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