Artigo - O Ensino de Análise Linguística - SUASSUNA 2020
Artigo - O Ensino de Análise Linguística - SUASSUNA 2020
Artigo - O Ensino de Análise Linguística - SUASSUNA 2020
http://dx.doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.101i257.4258
Resumo
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Rev. bras. Estud. pedagog., Brasília, v. 101, n. 257, p. 57-78, jan./abr. 2020.
Lívia Suassuna
Abstract
The teaching of linguistic analysis by the interns of
a teacher-training program in Portuguese Language
Resumen
La enseñanza del análisis lingüístico por parte de
pasantes de la licenciatura en Portugués
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Introdução
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Bases teóricas
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Daí a relevância dessa prática na escola, dado que a gramática tem papel
importante no sucesso das interações.
Smiderle, Zavodini-Carlotto e Sella (2017), por sua vez, mostram alguns
problemas típicos do ensino tradicional de gramática, entre eles: o emprego
de conceitos constantes dos manuais como ferramenta de descrição da
língua em sua variedade culta; a ausência do texto como objeto de ensino
e ponto de partida para as reflexões a serem feitas em sala de aula; a
definição da metalinguagem como o próprio conteúdo de ensino da língua,
reforçada por atividades mecânicas de reconhecimento e manipulação de
estruturas fora de contexto.
Na tentativa de renovação de suas práticas, alguns professores acabam
fazendo, por vezes, uma mescla entre essa perspectiva de trabalho e
postulados teóricos a princípio inconciliáveis com ela. Dessa forma, ainda
que se trabalhe com o texto, parte-se de noções gramaticais acabadas que
serão apenas demonstradas e exemplificadas para, posteriormente, serem
fixadas por meio de exercícios.
Feita essa leitura crítica do ensino tradicional de gramática, as autoras
passam a defender que o objeto privilegiado do ensino é o texto e a partir
dele é que se podem trabalhar questões gramaticais, numa abordagem
que “possibilite a percepção prático-intuitiva do aluno com relação às
ocorrências gramaticais” (Smiderle; Zavotini-Carlotto; Sella, 2017, p. 226).
Também se posicionam em favor da presença dos manuais de gramática
em sala de aula, desde que estes funcionem como fontes de pesquisa no
contexto das reflexões sobre a linguagem que sejam motivadas pelo seu uso.
O estudo ora discutido ainda contribui para a redefinição do termo
gramática, entendido pelas autoras como o trabalho com os recursos da
língua disponíveis para a construção dos sentidos. Eis por que o texto é
o legítimo objeto de estudo da língua: produzido em situações concretas
de interação, permite “observar a gramática em funcionamento e faz
transparecer que a gramática é a própria língua em uso” (Smiderle; Zavotini-
Carlotto; Sella, 2017, p. 228). O conceito de gramática abarca, então,
tudo que está implicado na construção textual e não apenas as unidades
fonêmicas, mórficas e sintáticas.
A ideia da ampliação do conceito de gramática para dar conta do texto
também é sustentada por Assis e Decat (2009). Para essas autoras, saber/
aprender gramática é uma atividade reflexiva que deve incidir não apenas
sobre os recursos linguísticos disponíveis ao falante e por ele mobilizados
na construção do texto, mas também, sobre como a escolha desses recursos
reflete as condições de produção do discurso. Assis e Decat (2009) lembram,
inclusive, que essas condições de produção incluem as restrições impostas
pelo gênero textual em jogo.
Nesse sentido, o ensino de gramática deveria favorecer a observação
de regularidades, semelhanças e diferenças entre as formas da língua e seu
uso, a par de um trabalho de formulação de hipóteses sobre as condições
de ocorrência dessas formas e desses usos. Necessário se faz, então, no
trabalho com o texto em sala de aula, contemplar as suas várias dimensões:
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Leitura de tirinhas
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cotidiano para que ficasse mais fácil a percepção desse recurso. Dessa
forma, os próprios alunos foram criando exemplos para demonstrar o
entendimento e concluíram que os autores das tiras não concordavam, de
fato, com as atitudes dos personagens por eles criados.
Após a discussão coletiva de cada tira, a estagiária questionou de
onde aqueles textos, provavelmente, tinham sido retirados. As respostas
foram várias: livros, revistas, jornais, agendas, todas registradas no quadro
para posterior reflexão. Os alunos alegaram que já tinham visto histórias
em quadrinhos nesses suportes e tiveram dificuldade de entender que,
quando uma tirinha aparece num livro didático, ela está sendo retirada de
seu suporte original com fins instrutivos, tornando secundário o objetivo
principal de seu autor ao criá-la: propiciar aos leitores reflexão e/ou
entretenimento. Dessa forma, foi adiantada a etapa que seria a última da
aula: a reflexão sobre os motivos de o gênero ser publicado, especialmente,
em determinados veículos. Quando os alunos compreenderam a ideia, a
estagiária foi apagando do quadro os suportes que não deveriam ser os que,
originalmente, publicam tirinhas, até se ficar apenas com as opções jornal
e internet. Em seguida, foram mostradas impressões de páginas da web
dedicadas à publicação de tirinhas e também cadernos de jornais para que
os alunos pudessem visualizar e reconhecer os suportes típicos do gênero.
Finalizado o trabalho com a primeira ficha, a leitura continuou sendo
explorada numa segunda ficha, constituída por cinco tirinhas de uma
mesma personagem, Muriel, concebida pelo cartunista Laerte. Após a
leitura individual da ficha, a estagiária voltou a conversar sobre a temática
principal do projeto, a importância do não verbal para a construção de
sentido, o uso de letras e balões diferentes com intuitos determinados etc.
Alguns alunos permaneceram tendo dificuldade de perceber o uso da
ironia nos textos. A estagiária apresentou, então, a história da personagem,
que é transgênero. Muriel nasceu Hugo mas desde criança percebeu que
estava no corpo errado e sempre se comportou como mulher. Também
foram mostradas para os alunos fotos de Laerte, autor das tiras e criador da
personagem, que se veste como mulher e é cofundador de uma instituição
voltada a pessoas com essa nuance de gênero.
Tendo tomado conhecimento dessas informações, os alunos passaram
a compreender melhor o comportamento da personagem e o sentido das
tirinhas, bem como as críticas embutidas nos textos. Em seguida, foi
distribuída para a sala uma terceira ficha didática, contendo questões de
interpretação textual.
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Algumas conclusões
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Referências
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Este é um artigo de acesso aberto distribuído nos termos da licença Creative Commons do tipo BY-NC.
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