R - e - Maria Fernanda Costa Novak
R - e - Maria Fernanda Costa Novak
R - e - Maria Fernanda Costa Novak
IRATI-PR
2015
MARIA FERNANDA COSTA NOVAK
Irati-Pr
2015
“A esta universidade, sеυ corpo docente, direção е administração qυе
oportunizaram а janela qυе hoje vislumbro υm horizonte superior, eivado pеlа
acendrada confiança nо mérito е ética aqui presentes”.
“ Se um lugar não permitir o acesso a todas as pessoas, esse lugar é deficiente.”.
Marcos Meier
Resumo
As pessoas com deficiência geralmente não frequentam locais públicos por falta
de acessibilidade, em contrapartida alunos matriculados em escolas bem
projetadas têm, em média, rendimento significantemente melhor que seus colegas
matriculados em escolas de pobre arquitetura. Com base na literatura estudada,
este artigo apresenta reflexões que indicam a necessidade de adaptação das
escolas públicas e particulares, para que haja necessariamente a inclusão de
necessidades especiais ou portadores de algum tipo de deficiência, na modalidade
de ensino regular em nosso país e em especial nas escolas do município de Irati-
Pr. Tendo em vista as normas impostas pela educação inclusiva e a legislação
pertinente à acessibilidade arquitetônica, constata-se a importância da realização
de adaptações necessárias para um bom funcionamento com comodidade e
segurança para os educandos, os resultados deste procedimento evidenciaram a
falta de estrutura na edificação das escolas tendo em vista que são prédios
antigos e sem estrutura para atender a diversidades dos educandos.
People who have disabilities often do not attend public places by the reason of the
lack of accessibility, on the other hand students enrolled in well designed schools
have, on average significantly better performance than their colleagues enrolled in
schools of poor architecture. Based on the literature, this article presents some
reflections that indicate the need for adjustment of public and private schools, to
take account of the inclusion of those people with a disability, in the regular mode
of education in our country and especially in schools located in the city of Irati-Pr.
Considering the rules required by inclusive education and the relevant legislation
on architectural accessibility, it notes the importance of carrying out necessary
adjustments for a proper functioning, with comfort and safety for students. the
results of this research showed there is lack of structure in the building of schools,
considering that are old and unstructured buildings to meet the diversity of
students.
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 11
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 11
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 12
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO DEFICIENTE ...................................... 13
4. 2 O DEFICIÊNTE A LEGISLAÇÃO ...................................................................... 17
4.3 BREVE HISTÓRICO DA INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO
SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO .................................................................. 24
4.4 O DIREITO À INCLUSÃO ESCOLAR ................................................................. 25
4.5 ACESSIBILIDADE E EDUCAÇÃO ..................................................................... 31
4.6 INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE IRATI -
PR ............................................................................................................................. 35
5 CONCLUSÃO........................................................................................................ 37
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVO GERAL
3. METODOLOGIA
11
contribuiu significativamente para o avanço da aceitação do deficiente na
sociedade, bem como Segunda Guerra Mundial que também, possibilitou o
aparecimento das tendências em assegurar direitos e oportunidades de igualdade
a todos os seres humanos. Além de citar também a Constituição Federal de 1967
como um importante instrumento de proteção das pessoas com deficiência através
de seus artigos.
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
12
e promoção à infância , à adolescência e à juventude. E o terceiro momento, é a
efetivação da acessibilidade e inclusão dos deficientes no sistema público de
educação, através de ações que agreguem e faça-se cumprir realmente a
igualdade de direitos para todos sem distinção e discriminação.
13
bizarros e grotescos a fim de entreter o público, dentre os
quais se encontravam os aleijados, cegos, surdos, dentre
outros, hoje rebatizados de deficientes físicos e sensoriais. Tal
prática se manteve constante na Grécia Antiga e em Roma,
declinando após a queda romana e ressurgindo com vigor na
Baixa Idade Média, adentrando ao véu da modernidade.
Assim, nos parece evidente que dentre os hábitos mais
comuns manifestos pelas sociedades certamente um deles é
teatralização das diferenças. O corpo considerado diferente
em demasia era ridicularizado e utilizado como espaço
preferencial de chacota e comédia sobre a vida pública e
privada, funcionando como uma espécie de anestésico social
(MENDES e PICCOLO, 2012, p. 32)
14
direção dos serviços religiosos. A Lei das XII Tábuas, na Roma antiga, autorizava
os patriarcas a matar seus filhos defeituosos, o mesmo ocorrendo em Esparta,
onde os recém-nascidos, frágeis ou deficientes, eram lançados do alto do Taigeto
(abismo de mais de 2.400 metros de altitude, próximo de Esparta).
Na Europa Medieval, os deficientes eram considerados ora como enviados
divinos, ora como criaturas malignas, já que eram caracterizados como fenômeno
metafísico e espiritual.
A revolução burguesa, no final do século XV, possibilitou a revolução das
idéias e com isso, mudando o modo clerical de ver o homem e a sociedade. A
partir de então, a queda da hegemonia da igreja católica e da monarquia,
possibilitou a ascensão do capitalismo mercantil. Nesse contexto, deficiente era
considerada todo o individuo não produtivo, que oneravam a sociedade enquanto
ao seu sustento e manutenção, já que o trabalho se dava através da venda da
força de trabalho do homem.
Fonseca (2000) argumenta que a partir de 1789, vários inventos se forjaram
com intuito de propiciar meios de trabalho e locomoção aos portadores de
deficiência, tais como a cadeira de rodas, bengalas, bastões, muletas, coletes,
próteses, macas, veículos adaptados, camas móveis etc. Em 1829, o Código
Braille foi criado por Louis Braille e propiciou a perfeita integração dos deficientes
visuais ao mundo da linguagem escrita.
A Revolução Francesa, devido ao clima favorável a erradicar todo o tipo de
injustiça social, contribui significativamente para o avanço da aceitação do
deficiente na sociedade.
A produção capitalista continuou a se expandir no século XIX. Segundo
Aranha (1995), tornou-se necessária a estruturação de sistemas nacionais de
ensino e escolarização para todos, com o objetivo de formar cidadãos produtivos e
a mão-de-obra necessária para a produção. As necessidades dos deficientes
começaram a ser notadas pela administração pública, apesar do setor privado
manter a sustentação.
A Segunda Guerra mundial, possibilitou o aparecimento de tendências em
assegurar direitos e oportunidades de igualdade a todos os seres humanos.
15
Reconheceu a qualificação dos deficientes no mercado de trabalho devido
à escassez de mão-de-obra. Ainda de acordo com Moussatché (1997), surgem na
década de 1950, na Dinamarca, estudos sobre educação especial, o qual defende
a integração, e essa, por sua vez, tem sido um tema utilizado com frequência cada
vez maior na literatura especializada brasileira.
Na Constituição de 1967, podemos notar alguns avanços importantes, com
destaque relevante à Emenda nº. 12 que trata da proteção das pessoas com
deficiência, conforme enunciado em seu artigo único:
É assegurada aos deficientes a melhoria de sua condição social e
econômica especialmente mediante:
I) educação especial e gratuita;
II) assistência, reabilitação e reinserção na vida econômica e social do País;
III) proibição de discriminação inclusive quanto à admissão ao trabalho ou
ao serviço público e a salários;
IV) possibilidade de acesso a edifício e logradouros públicos. (g.d.)
Segundo o Decreto n.º 3.298 de 20 de dezembro de 1999, considera-se
deficiente o cidadão incluído em uma ou mais das seguintes características:
I.Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho
de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
II.Deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um
período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de
que se altere, apesar de novos tratamentos;
III.Incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração
social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos
especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir
informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função
ou atividade a ser exercida.
Portanto, pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
16
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.
No Brasil com o passar dos anos foi se desenhando uma legislação pópria
para amparar as pessoas com deficiência, dentre elas podemos citar:
17
A inclusão é um movimento educacional, mas também social e político que
vem defender o direito de todos os indivíduos participarem, de uma forma
consciente e responsável, na sociedade de que fazem parte, e de serem aceitos e
respeitados naquilo que os diferencia dos outros. No contexto educacional, vem,
também, defender o direito de todos os alunos desenvolverem e concretizarem as
suas potencialidades, bem como de apropriarem as competências que lhes
permitam exercer o seu direito de cidadania, através de uma educação de
qualidade, que foi talhada tendo em conta as suas necessidades, interesses e
características.
Para que a escola consiga desenvolver cidadãos com competências
complexas, que lhes permitam participar na sociedade de que fazem parte, e que
revelem atitudes de tolerância e respeito para com todos os outros cidadãos.
Alunos com maiores dificuldades em se adaptar à escola e em enfrentar suas
exigências, a história tem mostrado que segregar, permanecendo o seu cerne
inalterado, não é solução (Clark et al., 1997; Felgueiras, 1994; UNESCO, 2003b).
É de referir o estigma e os preconceitos face àqueles que são mais diferentes e as
experiências acadêmicas e sociais mais empobrecidas (Clark et al., 1997; Clark,
Dyson, Millward, & Robson, 1999; Correia, 1999; Fischer, Roach, & Frey, 2002),
que tornam mais difícil o desenvolvimento das potencialidades de cada um e a
apropriação de competências complexas, remetendo os mais diferentes para uma
situação de cidadania de segunda ou, nalguns casos mesmo, para uma situação
de exclusão educacional e social (Ainscow & Ferreira, 2003; César, 2003;
UNESCO, 2003b). Como referem Ainscow e Ferreira (2003):
18
Sendo assim, a escola não pode ficar de lado nessa “nova” concepção
frente ao deficiente físico. A inclusão é um direito do aluno e um dever do Estado.
Para elucidar esta questão destaca-se uma frase divulgada na Declaração de
Salamanca, declaração esta considerada um marco histórico na defesa dos
direitos das pessoas com deficiência, e da qual o Brasil é signatário:
19
Na perspectiva do IBGE (2000), a proporção de pessoas portadoras de
deficiência aumenta com a idade, passando de 4,3% nas crianças de até 14 anos,
para 54% do total das pessoas com idade superior a 65 anos. À medida que o
quadro de idade da população se eleva, a proporção de deficiência também
aumenta.
Em comparação, segundo o censo do IBGE realizado em 2010, o Brasil já
possuía cerca de 24,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência,
correspondendo a um percentual de 14,5 %, 24.600.256 pessoas da população
brasileira total.
Em síntese, pode-se dizer que, em 2010, houve uma simplificação no
inquérito de maneira a apurar diretamente os níveis de incapacidade e a
deficiência intelectual. O número representa 23,9% da população do país.
Dos 190 milhões de brasileiros aqueles com pelo menos uma deficiência
visual, auditiva e motora, a deficiência visual foi a que mais apareceu chegando a
35,7 milhões de pessoas.
A deficiência motora aparece como a 2ª mais relatada pela população, 13,2
milhões de pessoas equivalente a 7% dos brasileiros. Mais de 734,4 mil não
20
conseguem caminhar ou subir escadas de modo algum e 3,6 milhões tem grande
dificuldade de se locomover.
Cerca de 9,7 milhões tem deficiência auditiva, 5,1% deficiência auditiva
severa em 2,1 milhões de pessoas.
Das 344,2 mil são surdas e 1,7 milhões de pessoas tem grande dificuldade
para ouvir.
A seguir apresentam-se os resultados por tipo e grau de severidade das
deficiências: Brasil – 2010
21
Em comparação, segundo o censo do IBGE realizado em 2010, o Brasil já
possuía cerca de 24,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência,
correspondendo a um percentual de 14,5 %, 24.600.256 pessoas da população
brasileira total.
22
Muito embora todos esses dados estatísticos reflitam apenas números, o
que se pretende é tomar essas estatísticas e trazê-las para uma análise no âmbito
das condições humanas. A preocupação é que toda essa gama da população
espera que seus direitos sejam assegurados, assim como todo o restante das
pessoas, afinal os direitos são universais. Portanto, neste trabalho centraremos
nossa atenção no aspecto educacional das pessoas com deficiência física,
especialmente aquelas que têm seus direitos ignorados quando não têm nem
condições de acessar os ambientes escolares, por exemplo.
Não se pode negar aos deficientes as condições mínimas para que estejam
inseridos no âmbito escolar. Embora não seja fácil adequar corpo pedagógico e as
estruturas físicas para este fim, devemos nos preocupar com essa questão, que
sempre permeou historicamente o ambiente de sala de aula.
23
4.3 BREVE HISTÓRICO DA INCLUSÃO DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA NO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO
24
que diz respeito ao processo inclusivo, mas ao sistema educacional como um
todo.
Diante disto, defende-se que discutir a inclusão escolar implica em trazer à
tona questões muito amplas, como: o pouco investimento no sistema educacional
brasileiro; a falta de infraestrutura no tocante a recursos físicos para atender a
todos os alunos, sejam eles especiais ou não; o preconceito; a discriminação; e, a
falta de credibilidade que ainda impera em relação às pessoas diferentes,
principalmente as que possuem algum tipo de deficiência. Essas pessoas são
desrespeitadas e não são compreendidas como seres humanos com
potencialidades e capazes de produzir como os demais cidadãos.
Vigotski (1997), por outro lado, vê potencialidade e capacidade nas pessoas
com deficiência, mas entende que, para estas poderem desenvolvê-las, devem
ser-lhes oferecidas condições materiais e instrumentais adequadas. Para o autor,
não é a deficiência em si, no que tange ao seu aspecto biológico, que atua por si
mesma, e sim, o conjunto de relações que o individuo estabelece com o outro e
com a sociedade, por conta de tal deficiência. Com isso, deve-se oferecer a tais
pessoas uma educação que lhes oportunize a apropriação da cultura histórica e
socialmente construída, para melhores possibilidades de desenvolvimento.
.
25
gestão do processo avaliativo. (MANTOAN, 2005). Nesse sentido, analisando as
diretrizes para a educação especial, Guenther observa que:
26
predominava a concepção científica da deficiência, acompanhada pela atitude
meramente assistencialista, proveniente do passado remoto da Idade Média como
vimos acima, havendo até mesmo instituições filantrópicas de atendimento aos
alunos com deficiência (BRASIL, 2006).
No que se refere ao cuidado para com pessoas com deficiência, no Brasil,
segundo Goffredo (1997) e Kassar (1999), as primeiras iniciativas são referentes à
Educação Especial e datam da época do Império, com a criação, em 1854, do
Instituto Imperial dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant, e, em
1856, do Instituto dos Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de
Surdos (INES), ambos criados por D. Pedra 11. Eram instituições de reabilitação
ou asilos que perpetuavam a visão clínica e a normalização das pessoas com
alguma deficiência.
A partir dos anos 60, começaram a surgir as classes especiais dentro das
escolas regulares públicas, classes estas específicas para os portadores de
deficiência mental leve, o que demonstra uma leve tendência à inserção, já que
estas classes funcionavam junto ao ambiente regular de alunos.
Na década de 70 alguns alunos começaram a ser inseridos em um novo
paradigma. “Começaram a frequentar as classes comuns, devido ao surgimento
de propostas de integração, que demonstravam novas possibilidades
educacionais e avanços dos estudos nas áreas de Pedagogia e Psicologia”.
(SASSAKI, 1998, p.09-17).
Entre os anos 80 e 90 uma proposta inovadora passou a modificar a
realidade educacional. A proposta era que os sistemas educacionais passassem a
ter responsabilidades em criar e promover condições para que se alcançasse uma
educação inclusiva de qualidade, realizando para isso adaptações que
atendessem as necessidades requisitadas. As escolas então precisariam ser
restruturadas (adaptadas) para acolher todo aspecto da diversidade humana, ou
seja, pessoas com deficiências físicas, mentais, sensoriais em qualquer grau de
deficiência. “É um novo sistema de educação ajustando-se às necessidades de
seus alunos com necessidades especiais ” (SASSAKI,1998, p. 09-17).
27
Através da Lei n. 9.934/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é
assegurado o direito da inclusão escolar de alunos com deficiência em escolas
regulares, tendo garantido a oferta da educação especial enquanto dever
constitucional do Estado devendo iniciar na Educação Infantil entre zero e cinco
anos (BRASIL, 1996).
Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando
o processo de “integração instrucional” que condiciona o acesso às classes
comuns do ensino regular àqueles que “(...) possuem condições de acompanhar e
desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo
ritmo que os alunos ditos normais” (p.19). Ao reafirmar os pressupostos
construídos a partir de padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a
Política não provoca uma reformulação das práticas educacionais de maneira que
sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum,
mas mantendo a responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no
âmbito da educação especial.
O Plano Nacional da Educação (PNE), aprovado em 9 de janeiro de 2001
como Lei nº 10.172/2001, realiza um diagnóstico da realidade do sistema
educacional todo território brasileiro, nos diferentes níveis e modalidades de
ensino, e estabelece algumas diretrizes e metas a serem cumpridas .
A Lei nº 10.172/2001 que instituiu o Plano Nacional de Educação, frisa que
a inclusão das pessoas com deficiência deve acontecer no sistema regular de
ensino “[...] a educação especial, como modalidade de educação escolar, terá que
ser promovida sistematicamente nos diferentes níveis de ensino” (BRASIL, 2001,
p.126), ainda este mesmo documento em seu capítulo 8, item 8.3, denominado
Objetivos e metas referentes à educação especial, evidencia uma série de
objetivos e metas a serem atingidos na próxima década, relacionados a essa
modalidade de ensino, sendo que um desses objetivos é: “aumentar os recursos
destinados à educação especial a fim de atingir, em dez anos, o mínimo
equivalente a 5% dos recursos vinculados a manutenção e desenvolvimento do
ensino, [...]” (BRASIL, 2001, p.13).
28
Contudo Drago (2011) ressalta que a LDB 9.394/96 traz, ainda consigo,
resquícios das suas antecessoras nº 4.024/61 e nº 5.692/71, especialmente
quando se refere ao termo “preferencialmente”, que induz a diversas
interpretações segundo a política governante, isso porque “[...] infelizmente a
expressão ‘preferencialmente na rede regular de ensino’ do texto legal implica a
possibilidade de crianças e adolescentes com deficiência serem mantidos nas
escolas especiais” (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003 p.105 apud DRAGO, 2011,
p.67).
A inclusão de alunos com deficiência nas escolas regulares passou a
questionar valores e concepções arraigadas. É praticamente impossível incluir um
aluno com deficiência numa classe regular sem questionar métodos de avaliação,
processos de aceitação dos alunos na escola, conceitos sobre o que é
normalidade/ anormalidade. Segundo Forest e Pearpoint (1997), inclusão não
significa apenas colocar uma criança com deficiência na sala de aula ou na escola
regular. Para Baptista (2003), as mudanças exigidas pela educação inclusiva
exigem investimentos contínuos, mudanças legislativas, projetos político-
pedagógicos coerentes, construção de novos espaços e dispositivos. Dessa forma,
educação inclusiva quer significar uma educação de qualidade e não pode estar
baseada na solidariedade aos alunos com necessidades especiais como único
pressuposto. A escola continua tendo sua especificidade que é a educação. A
semente do conceito de sociedade inclusiva, segundo Sassaki (1999), foi lançada
no Ano Internacional das Pessoas Deficientes, propostos pela Organização das
Nações Unidas (ONU), em 1981. A inclusão social é conceituada como o processo
bilateral no qual a sociedade se adapta para incluir em seu sistema geral as
pessoas com deficiência e essas assumem seus papéis sociais. Segundo o
mesmo autor, é uma soma de esforços para equacionar problemas, buscar
soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.
Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE,
reafirmado pela Agenda Social, tendo como eixos a formação de professores para
a educação especial, a implantação de salas de recursos multifuncionais, a
acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso e a permanência das
29
pessoas com deficiência na educação superior e o monitoramento do acesso à
escola dos favorecidos pelo Beneficio de Prestação Continuada – BPC.
A Rede de Apoio à Inclusão é um conjunto de serviços para atender as
necessidades especiais do aluno da Educação Especial. Para frequentar uma
Sala de Recursos o aluno deve apresentar Deficiência Intelectual, Transtornos
Globais do Desenvolvimento e/ou Altas Habilidades e Superdotação, sendo que
para encaminhar à Sala de Recursos é preciso laudo clínico ou não, dependendo
da situação. As Salas de Recurso funcionam em contra turno, com até 20 alunos,
têm atendimentos por cronograma, em grupo ou não, e têm por função
complementar a escolarização do aluno, de maneira a atender suas necessidades
para o sucesso na classe comum. O profissional da Sala de Recurso, ou qualquer
serviço da Educação Especial, precisa ter especialização em Educação Especial.
A Constituição Federal de 1988, a LDB 9394/96 referenda o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) das pessoas com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. O documento que
consolidou a Educação Especial em âmbito nacional foi a proposta de organização
dos espaços escolares, por meio da Resolução do Conselho Nacional de
Educação/Conselho de Educação Básica (CNE/CEB) Nº 2, de 11 de setembro de
2001 (BRASIL, 2001a), que institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica (DNEE-EB), explicitando que por Educação Especial
entende-se:
Art. 3°: (...) um processo educacional definido por
uma proposta pedagógica que assegure recursos e
serviços educacionais especiais, organizados
institucionalmente para apoiar, complementar,
suplementar e, em alguns casos, substituir os
serviços educacionais comuns, de modo a garantir
a educação escolar e promover o desenvolvimento
das potencialidades dos educandos que
apresentam necessidades educacionais especiais,
em todas as etapas e modalidades da educação
básica (BRASIL, 2001a, p. 1.Grifo nosso)
30
Foi aprovado o Projeto de Lei 7699/06, que cria a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência, com a previsão de diversas garantias e direitos às
pessoas nessa condição. É classificada como pessoa com deficiência aquela que
tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial que podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas.
Evidenciou-se nos relatos históricos acima citados a evolução histórica da
“posição” dos deficientes físicos nas escolas públicas e através destes podemos
delimitar esta pesquisa, que pretende analisar, refletir e avaliar a importância da
acessibilidade e inclusão dos alunos com deficiência nas escolas. Tudo isso com
base em revisão de literatura e também alguns dados mais contemporâneos,
provenientes de órgãos educacionais, como por exemplo a Secretaria de Estado
da Educação, por meio do Núcleo Regional de Educação de Irati.
31
demais prerrogativas, como educação, saúde, trabalho, são impossíveis de serem
exercidas. Cabe a Administração Pública atender as necessidades especiais
dessas pessoas, adaptando ruas e logradouros para sua melhor locomoção,
eliminando barreiras arquitetônicas, adaptando o seu local de trabalho e/ou
estudo, além de melhorar a oferta de serviço de transporte, indispensável na vida
cotidiana.
Podemos dizer que a acessibilidade é a porta por onde entra a inclusão,
pois sem que haja acesso aos mais diferenciados ambientes, não há inclusão.
32
característica é muito benéfica ao interessado, nesse caso, a pessoa que tem
algum tipo de deficiência física.
É evidente que o problema maior das escolas seja a época de sua
construção. Até aqui falamos de edificações mais recentes, onde há todo um
acompanhamento arquitetônico que garante o que rege a legislação, contudo,
muitas escolas antigas ainda sofrem para adequar-se em relação ao que diz o
Decreto de Lei 5296 de 2004, em seu artigo 24:
33
São necessários novos projetos de arquitetura para adequar as escolas,
para que possam receber com qualidade os alunos com deficiência física. Por
exemplo, projetos que visem rampas, pisos, portas alargadas, sanitários e
elevadores adaptados, dentre outros.
Deve-se adquirir consciência, de que todas as pessoas são diferentes,
bem como suas limitações e suas capacidades de superação.
Pesquisas da Organização Latino-Americana de Saúde revelam que o
índice de deficiência no Brasil é maior do que o de outros países de terceiro
mundo, sendo as causas de deficiência mais comuns as epidemias, a subnutrição,
a falta de saneamento básico, de prevenção, entre outras (MENDONÇA, 2002).
Apesar de muito se falar em inclusão social, ainda são poucas as pessoas
com deficiência que usufruem dos benefícios primários, por mais simples que
pareça como a aquisição de uma cadeira de rodas, por exemplo, ou acesso ao
uso de transporte. Esses obstáculos discriminam essa considerável parcela da
população ao negar lhe a possibilidade de deles usufruir.
Apesar da Declaração de Salamanca e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação garantir a necessidade de preparação para os agentes educacionais, o
que ocorre na formação dos docentes está muito distante da prática pedagógica,
não capacitando com qualidade esses profissionais para trabalhar com a
diversidade (BRASIL, 1994; BRASIL, 1996).
Como desenvolver a Educação Inclusiva dentro de uma realidade social
que ora exclui boa parte população, por questões sócio-econômicas, ora se
propõe a incluir alunos com deficiência, que historicamente foram excluídos do
sistema comum regular de ensino.
Houve então uma nova concepção, caracterizando-se a atitude de
educação/reabilitação como um novo paradigma educacional. Entretanto, coexistia
ainda a marginalização por parte dos sistemas educacionais, que não ofereciam
condições adequadas para atender as necessidades desses alunos e atingir a
eficiência no âmbito escolar.
Para o Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Especial, 2006 é
importante evidenciar que a deficiência deve ser considerada como uma diferença
34
que faz parte da diversidade e não pode ser negada, porque “ela interfere na
forma de ser, agir e sentir das pessoas”. Segundo a Declaração de Salamanca,
para promover uma Educação Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir
que “as diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar
às necessidades das crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções
preconcebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem”
(BRASIL, 1994; BRASIL, 2006).
As leis garantem o direito ao atendimento a pessoas com deficiência, mas
percebe-se que as escolas públicas ainda apresentam características de acesso
precário. Pode-se observar que a arquitetura não foi projetada para a diversidade,
num contexto inclusivo.
Segundo uma consulta realizada no NRE de Irati- PR, com base em dados
obtidos através no SERE (Sistema Educacional de Registro Escolar ) no ano de
2015 , mais precisamente até maio / 2015 existe na região 15 escolas estaduais
perfazendo um total de 71 alunos matriculados com deficiência (principalmente
visual, auditiva e motora) e 181 alunos matriculados em sala de recursos . Como
segue a tabela abaixo:
35
Tabela 1 – Alunos matriculados rede Estadual de Ensino de Irati - Pr
ESCOLAS ESTADUAIS DE IRATI ALUNOS COM TOTAL DE ALUNOS
DEFICIÊNCIA MATRICULDOS NAS
SALAS DE RECURSOS
Escola 01 01 05
Escola 02 02 13
Escola 03 11 18
Escola 04 11 18
Escola 05 04 04
Escola 06 02 07
Escola 07 07 15
Escola 08 07 09
Escola 09 11 14
Escola 10 03 13
Escola 11 04 04
Escola 12 04 11
Escola 13 00 07
Escola 14 03 20
Escola 15 01 23
TOTAL 71 Alunos 181 Alunos
36
impeça o acesso, a liberdade de movimento e a circulação com segurança das
pessoas”, e podem ser classificadas em “arquitetônicas urbanísticas” (as
existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público), “arquitetônicas na
edificação” (as existentes no interior dos edifícios públicos e privados),
“arquitetônicas nos transportes” (as existentes nos meios de transportes) e
“barreiras nas comunicações” (qualquer entrave/obstáculo que dificulte ou
impossibilite a expressão, o recebimento de mensagens por intermédio dos meios
ou sistemas de comunicação) (BRASIL, 2000).
É imediato enfrentar o desafio da inclusão escolar e urgente colocar em
ação os meios pelos quais ela verdadeiramente pode-se concretizar no ambiente
escolar. Para tanto, é indispensável promover uma reforma estrutural e
organizacional de nossas escolas. Oferecer as crianças uma escola adequado
capaz de proporcionar condições de aprender, na convivência com as diferenças,
desenvolvendo assim um cidadão pleno.
A inclusão não tem um acabamento, pois ela concebe, em sua
particularidade, mais um processo do que um destino e representa, de fato, uma
transformação conceitual e nos valores culturais para as escolas e para a
sociedade como um todo.
5. CONCLUSÃO
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apresentam alguma deficiência e estão recorrendo às escolas regulares estão
evoluindo consolidando e fortalecendo a educação inclusiva. A recomendação
para que pessoas com deficiência sejam educadas na rede regular de ensino está
prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996. A inclusão a
cada ano e o desafio para o professor, gestão, coordenação e orgãos públicos de
garantir uma educação de qualidade para todos também acompanha esse
crescimento. Educação Inclusiva prima pela igualdade e a não discriminação ao
assegurar para todos, o acesso à educação, à participação e à igualdade de
deveres e direitos, minimizando diferenças e auxiliando na eliminação de
preconceitos.
Concretizar a inclusão na prática é um grande desafio, pois envolve
mudanças na concepção de sociedade, de homem, de educação e de escola. Tais
mudanças podem se dizer que não são simples e acessíveis, já que as pessoas
beneficiadas foram historicamente injustiçadas, marginalizadas e excluídas da
sociedade, e, em decorrência, da escola.
Almejar os objetivos da prática educativa inclusiva requer mudanças nas
concepções, nas atitudes e no envolvimento de todo o quadro docente e,
principalmente das instituições governamentais, em âmbito de políticas públicas
sociais e econômicas, fazendo com que a realidade do princípio da educação seja,
realmente, responsabilidade de todos.
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REFERÊNCIAS
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São Paulo, Martins Fontes, 1994.
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