Minha Vida Na Celula
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Capítulo 2 – A Célula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Trilho de Treinamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Introdução
Como utilizar este Manual
Este material não foi projetado para aulas formais, mas para discipulado individualizado. Isto quer dizer
que ele deve ser feito com o acompanhamento de um discipulador.
Sugerimos a você, discipulador ou discípulo, que seja feito, no mínimo, um capítulo por semana. Isto fará
com que sejam utilizadas 11 semanas para concluí-lo. No entanto, pode ser lido mais de um capítulo por sema-
na, devendo haver um encontro de prestação de contas entre cada leitura.
Capítulo 1
A Igreja em Células
A história da Igreja.
O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito pelo evangelista Lucas para falar da obra da Igreja, e é nos-
so objetivo procurar ser aquilo que o Senhor planejou que fôssemos. Acreditamos que o alvo da igreja, o exem-
plo maior, está no seu início no livro de Atos.
Nós podemos perceber algumas características desta igreja que desejamos viver fazendo um con-
traste com as igrejas de hoje:
Eles se reuniam de casa em casa e no pátio do templo; algumas igrejas na atualidade reúnem-se
somente no templo, onde este ocupa posição privilegiada e santa entre os irmãos.
Os relacionamentos eram profundos, com comprometimento de vida mediante o discipulado pessoal
e a prestação de contas; atualmente há dificuldade em manter um comprometimento de vida, pois cada um cuida
do que é seu e acredita que não deve ou precisa prestar contas para ninguém.
Os dons espirituais eram usados por todos os crentes para abençoarem uns aos outros e edificarem
o Corpo de Cristo; hoje são poucos os que realmente colocam à disposição os seus dons espirituais, muitos, na
verdade, nem sequer sabem quais são esses dons.
Eles conseguiam alcançar aqueles que não conheciam a Jesus com vida, testemunho (palavra) e
poder, além de impactar a sociedade da época com o amor que sentiam uns pelos outros; atualmente o evange-
lismo é restrito a alguns irmãos, e o método utilizado, normalmente, é impessoal, pois não envolve necessaria-
mente um comprometimento de vida.
Os líderes da igreja eram modelos para o rebanho e a tarefa pastoral mais importante era a de ca-
pacitar os crentes para exercerem seu ministério no Corpo de Cristo; nas igrejas atuais eles lideram departamen-
tos e não pessoas. A tarefa pastoral tem ênfase na pregação.
A liderança era escolhida pela sua vida, caráter e coração para servir, sendo que os pastores e líde-
res surgiam na própria igreja mediante o discipulado e treinamento; nos dias de hoje a liderança é escolhida com
base em sua capacitação intelectual.
A oração era algo forte na Igreja do Novo Testamento, com um compromisso de todos os irmãos; a-
tualmente a oração tornou-se uma escolha individual e limitada.
A comunhão era diária, como investimento de vida conjunta para o Reino; a comunhão da igreja atu-
al tornou-se semanal, nos cultos ou após eles.
Como você pôde observar, muita coisa mudou da Igreja como ela começou para a Igreja dos nossos
dias atuais. Mas você pode perguntar: O que provocou tal mudança?
Tudo aconteceu no ano de 313 d.C., quando o imperador romano Constantino afirmou ter se conver-
tido ao cristianismo. Implantou mudanças na forma de ser da Igreja, pois beneficiava aqueles que eram cristãos
com a diminuição de impostos e outros privilégios. Muitos foram batizados sem serem convertidos, preocupados
apenas com os interesses financeiros que a nova fé trazia. A partir deste imperador tem início as construções
dos templos cristãos, que mais tarde seriam chamados injustamente de “igrejas”, já que a “igreja” é o grupo de
cristãos reunidos no Corpo de Cristo.
Em 378 d.C. o imperador Teodósio declarou o cristianismo a religião oficial do império e tornou obri-
gatório a cada cidadão fazer parte da igreja. Muitos templos pagãos foram utilizados para cultos cristãos. Você
pode bem imaginar que esta união da Igreja com o Estado não gerou boa coisa, como por exemplo:
O culto que era singelo, simples e familiar tornou-se informal e impessoal, com vários elementos pa-
gãos e ritualismos. As reuniões só poderiam acontecer nos dias determinados (aos domingos) e não mais ocor-
riam as reuniões públicas e caseiras dos irmãos.
A igreja de Jesus, que possuía pastores e todos os irmãos eram ministros, passou a ser constituída
por um corpo de sacerdotes, sendo que só estes podiam ministrar e dirigir o culto.
As conversões deixaram de ser uma transformação de Cristo no indivíduo para ser a adesão a uma
religião. Nesta época muitos pagãos se “converteram” e levaram para a igreja seus ídolos e hábitos seculares.
No ano de 500 d.C. foi instituído o uso da roupa sacerdotal para diferenciar quem era o sacerdote e
quem não era.
Em 31 de Outubro de 1517, Lutero inicia a Reforma da fé. Mas o que queremos é, também, uma re-
forma na forma da igreja, daquilo que ela perdeu com toda a intervenção do Estado e de pessoas não converti-
das. Queremos viver uma Igreja que tenha a forma pensada pelo seu criador: Deus.
A parábola da Igreja de duas asas ilustra bem o que aconteceu. Leia com atenção!
Era uma vez uma igreja criada com duas asas. Uma asa era a celebração em grupos grandes e a outra
era para a comunidade dos grupos pequenos. Utilizando ambas as asas, a igreja conseguia voar alto e se apro-
ximar da presença de Deus e ainda sobrevoar graciosamente toda a terra, preenchendo o propósito do Criador.
Um dia, uma enciumada e malvada serpente, que não tinha asa alguma, desafiou a igreja a voar apenas
com a asa do grupo grande. A serpente aplaudiu efusivamente quando a igreja conseguiu levantar vôo (mesmo
que de forma desajeitada) e a convenceu de que, com muito exercício, ela conseguiria voar utilizando apenas
uma asa. Enganada desde aquele dia, a igreja de duas asas começou a satisfazer-se com apenas uma asa.
A asa do grupo pequeno se tornou cada vez mais fraca por falta de exercício até atrofiar e tornar-se um
apêndice sem vida e sem utilidade ao lado da asa exagerada do grupo grande. A igreja de duas asas que havia
planado nas maiores alturas se tornou uma igreja de uma asa.
O Criador da igreja ficou muito triste. Ele sabia que o projeto das duas asas permitiria a igreja voar aos
céus, até a Sua presença e obedecer Seus comandos na Terra. Agora, com apenas uma asa, a igreja tinha que
fazer um esforço extra para conseguir levantar vôo. Mesmo dando um jeito de permanecer alada, ela tendia a
voar em círculos, não muito longe do seu ponto de partida. Gastando mais e mais tempo na segurança e no con-
forto da sua gaiola, ela ficou gorda, preguiçosa e satisfeita com sua vidinha terrena.
De vez em quando, a igreja que já havia voado com duas asas sonhava com a possibilidade de fazê-lo no-
vamente, mas a poderosa asa do grupo grande se tornara tão dominante que não aceitava nenhum tipo de auxí-
lio da parte mais fraca. Era tarde demais.
O Criador finalmente reconstruiu a igreja de duas asas. Ele tem, outra vez, uma igreja que pode voar até a
Sua presença e sobrevoar a terra cumprindo Seus propósitos.
“Foi na igreja nos lares que conseguimos melhor visualizar o reflexo estrutural da natureza e a função da
igreja em relação ao seu ambiente... O próprio contexto da igreja nos lares realçou a função da igreja...
A dinâmica que fez da igreja primitiva uma comunidade de fé vital e efetiva têm suas raízes nas casas. É
uma noção errada concluir que o único motivo da comunidade apostólica ter desenvolvido igrejas nos lares de-
veu-se ao fato de ser uma minoria perseguida e, por isso mesmo, não poderia tornar-se pública em sua expres-
são institucional. Na verdade a igreja primitiva foi um testemunho público, apesar de ser perseguida...
Paulo era um fazedor de tendas e ele, sem dúvida, poderia ter construído algum tipo de tenda, talvez utili-
zando o modelo do tabernáculo, no qual desenvolveria seu ministério, especialmente em Éfeso, onde permane-
ceu por dois anos. Aparentemente isso nunca lhe ocorreu. Era algo inteiramente estranho para o modo como ele
e os cristãos primitivos pensavam a respeito da igreja. As igrejas eram as pessoas... em primeiro lugar, em últi-
mo e sempre”.
Os cristãos se encontravam nas casas uns dos outros dia após dia para uma refeição em comum, durante
a qual relembravam Jesus com gratidão, enquanto compartilhavam o pão e o vinho. Nessas reuniões, aqueles
que tinham estado com Jesus recontavam suas memórias e introduziam os outros em seus ensinamentos. Em
público, proclamavam aos seus concidadãos as boas novas do ato divino realizado pelo Messias. A entrada nes-
sa nova comunidade acontecia pelo batismo “no nome do Senhor Jesus”; esse batismo os destacava como sen-
do parte do povo. Eles se encontravam para orar em grupos e também participavam das orações no templo. Nos
primeiros dias, eles vendiam suas propriedades e aqueles que estavam em necessidade recebiam suprimentos
desse fundo comum.
Nessa comunidade as pessoas comuns – aquelas que foram alvos da compaixão de Jesus porque eram
como ovelhas sem pastor – encontravam nova vida e nova esperança; não estavam mais sem líder, isto porque,
se havia alguma coisa mais importante do que qualquer outra, que era real para a comunidade dos cristãos, esta
era a presença e o poder de Jesus. Mesmo não estando mais presente em forma visível, a presença dEle era
percebida e apreciada quando se encontravam, e – ainda mais incrível – os atos poderosos que Jesus realizou
como sinais de um novo tempo quanto esteve na Terra continuavam a ser realizados pelos Seus discípulos em
Seu nome, ou – para ser mais exato – eram realizados por Ele dos céus por intermédio dos Seus discípulos.
Este poder manifesto do nome de Jesus causou uma impressão profunda na população de Jerusalém e contribu-
iu para o aumento da comunidade.
1. ELA É FLEXÍVEL. Como o grupo é pequeno, ele pode facilmente mudar seus procedimentos ou funções pa-
ra ir ao encontro de situações de mudanças ou ainda atingir objetivos diferentes. Ele é livre para ser flexível
quanto ao ritmo, tempo, freqüência e duração das reuniões.
2. ELA É MÓVEL. Um grupo pequeno pode se encontrar numa casa, num escritório, numa loja ou em qualquer
outro lugar. Pode ir ao encontro das pessoas sem afugentá-las da vida cristã.
3. ELA É INCLUSIVA. Um grupo pequeno pode mostrar uma abertura cativante a todos os tipos de pessoas.
Como Elton Trueblood coloca: “Quando uma pessoa é levada a um pequeno círculo, dedicado a oração e
ao compartilhamento profundo dos recursos espirituais, ela está bem ciente de que ali ela é bem-vinda por
ser quem é, pois o grupo pequeno não tem orçamento nem líderes preocupados com o sucesso de sua ad-
ministração ou da sua promoção.
4. ELA É PESSOAL. A comunicação cristã sofre pela impessoalidade. Muitas vezes é tão polida e tão profissio-
nal e por isso mesmo tão impessoal. Mas num grupo pequeno uma pessoa se encontra com outra pessoa; a
comunicação se dá a nível pessoal. Mesmo que pareça contraditório, um grupo pequeno pode alcançar
mais pessoas do que os meios de comunicação em massa. Estes meios de comunicação em massa alcan-
çaram milhões de pessoas superficialmente, mas poucos com profundidade. A igreja deve utilizar-se de to-
dos os meios de comunicação, mas nada deve substituir a comunicação pessoal.
5. ELA PODE CRESCER AO SE DIVIDIR. Um grupo pequeno só é eficiente enquanto for pequeno, mas pode
facilmente reproduzir-se. Ele pode multiplicar-se como célula viva em duas, quatro, oito ou mais, dependen-
do da vitalidade de cada grupo. Há incontáveis possibilidades para um crescimento numérico sem o corres-
pondente gasto financeiro e sem diminuição do impacto espiritual.
6. ELA PODE SE TORNAR UM MEIO EFICIENTE DE EVANGELISMO. O evangelismo eficiente nas cidades
não abrirá mão dos grupos pequenos para a sua metodologia básica. O grupo pequeno é o melhor ambien-
te em que pecadores podem ouvir a voz convincente e vitoriosa do Espírito Santo e de nascer espiritual-
mente por meio da fé. O grupo vai descobrir que a fé é contagiante quando a comunhão é genuína.
7. ELA REQUER UM MÍNIMO DE LIDERANÇA PROFISSIONAL. É necessária uma liderança competente nes-
tes grupos, mas a experiência tem comprovado que tais líderes podem ser desenvolvidos na própria igreja.
Não são necessárias pessoas treinadas profissionalmente.
8. ELA É ADAPTÁVEL À IGREJA INSTITUCIONAL. O grupo pequeno não joga fora a igreja organizada. Gru-
pos pequenos podem ser introduzidos nela sem abandonar e sem minar a igreja, mesmo que uma incorpo-
ração séria dos grupos pequenos exija alguns ajustes e esteja sujeita a eventuais questionamentos sobre
prioridades. É melhor ver o grupo pequeno como um componente da estrutura do ministério da Igreja, e não
como um substituto para a igreja.
Resumindo…
Quando a Igreja foi criada ela tinha os encontros com todos os crentes que se reuniam para a adoração
pública e os encontros nas casas, para edificação e fortalecimento dos irmãos. A intervenção do Estado encer-
rou os encontros do grupo pequeno e impediu a ministração de todos os crentes. O sacerdócio que pertencia a
todos foi resumido a alguns homens instruídos pela igreja já institucionalizada. Compare com Ap 1:6 e 1 Pe 2:9.
O que queremos é viver a Igreja de acordo com o Novo Testamento, que cada crente participe ativamente da
dinâmica do Corpo, orando, aprendendo e ministrando na vida de todos. Como dizemos: que cada crente seja
um ministro.
Pense a respeito!
Na História da Igreja são apontados alguns contrastes entre a Igreja do Novo Testamento e a Igreja atual. Você
consegue imaginar alguma conseqüência para os cristãos com essa mudança?
Procure expressar com suas palavras como eram as Igrejas nos lares.
Qual Vantagem de uma estrutura com grupos pequenos mais lhe chamou a atenção? Por que?
Textos complementares: Atos 5:43; Atos 8:3; Atos 12:11-12; Atos 16:40; Atos 20:6-11; Atos 20:20; Romanos
16:3-5; Romanos 16:15; 1 Coríntios 16:19; Colossenses 4:15; Filemom 1-2
Capítulo 2
A Célula
A célula é formada por um grupo de cristãos que mantém vínculos de amor e comunhão todos os dias e
que, em um dia da semana, reúnem-se para o encontro. Nestes encontros há louvor, oração e ministração, e isto
não apenas pelo líder, mas por todos os irmãos da célula.
Um dos propósitos da célula é evangelizar. Quando você estiver fazendo parte da vida da célula irá ouvir
falar em: evangelismo, discipulado, célula evangelística, oikós, treinamento e multiplicação. Tudo isto acontece
com o propósito de ajudar você a cumprir, juntamente com seus irmãos, o propósito de Deus para o crescimento
do Seu Reino. O ideal é que ao final de um ano juntos, sua célula esteja pronta para a multiplicação, e isto será
uma grande vitória, pois cumpriram a missão confiada por Deus: alcançar os incrédulos.
Vamos agora compreender de forma mais profunda o que é a célula.
Para compreendermos o que é, devemos saber o que não é uma célula. Muitos confundem os grupos de
estudos, os grupos evangelísticos, os círculos caseiros de oração, os grupos de comunhão ou os grupos com
propósitos definidos com a célula. Existe uma diferença muito importante. Estes grupos anteriores são uma pe-
quena parte da vida da igreja. A célula não! A célula é a Igreja. Ela existe para vivenciar a Igreja, seja no louvor,
na Palavra, na oração ou no evangelismo. Ela não é uma programação, mas é a própria igreja reunida nos lares.
A célula também não deve ser um lugar de buscar a satisfação de suas necessidades, mas nela buscamos aqui-
lo que o Senhor quer fazer em nossas vidas. A célula é a Igreja em natureza, poder e propósito.
A vida na célula pode ser muito bem representada pelos seus cinco sistemas: comunidade; treinamento;
prestação de contas; liderança e evangelismo. Para facilitar seu aprendizado, usaremos a “mão” como ilustra-
ção:
O que você acha que uma célula precisa ter para ser bem sucedida? Assinale suas sugestões:
( ) liderança dinâmica; ( ) música e louvor impressionantes; ( ) material de treinamento excelente; ( ) sinais e
maravilhas; ( ) líderes com profundo conhecimento teológico; ( ) comunhão calorosa; ( ) relacionamentos
profundos e transparentes.
Na verdade, estes fatores acima até são importantes, mas não são eles que tornam uma célula bem suce-
dida. O que a torna assim é a posição que Jesus ocupa nela: o CENTRO. É a Sua presença que libera a lideran-
ça, a musica, os dons, o material, o estudo bíblico, a comunhão e os relacionamentos calorosos. Qualquer célula
Igreja Cristã Eterna Aliança - Pr. Handerson Xavier
www.eternaalianca.net
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que coloca o louvor, ou o líder ou qualquer outra coisa que não Jesus no seu centro, torna-se doente e acaba
não cumprindo sua função de ser uma oportunidade de Deus nos utilizar para abençoarmos a vida dos nossos
irmãos e daqueles que não O conhecem.
Na verdade, a célula ideal é aquela que coloca o Senhor Jesus no seu centro e que vive seus cinco siste-
mas. Você lembra quais são esses sistemas? Tente memorizá-los.
De acordo com Herbert Butterfield, conhecido historiador: “a mais forte unidade organizacional na história
do mundo parece ser o que denominamos de célula porque ela: (1) é uma multiplicadora de si mesma; (2) é ex-
cepcionalmente difícil de destruir; (3) preserva sua itensidade de vida local enquanto outras grandes organiza-
ções rapidamente desaparecem quando enfraquecidas no núcleo; (4) pode desafiar os poderes dos governos;
(5) é a alavanca apropriada para abrir à força qualquer status quo. Não importa se escolhermos o cristianismo
primitivo ou o calvinismo do Século XVI ou o comunismo moderno, esta parece ser a maneira adequada pela
qual um punhado de pessoas pode abrir um novo capítulo na história da civilização”.
H. Butterfild, The Role of the Individual in History, (O papel do indivíduo na história), Writings on Christiani-
ty and History, ed. C.T. McIntire, New York, OUP, 1979, p. 24
Alguns que não gostam da idéia de células têm argumentado que a igreja do Novo Testamento se reunia
desta forma porque não poderia fazer isto abertamente, pois seria perseguida.
Este pensamento não encontra qualquer apoio histórico, pois mesmo na época em que a igreja não foi
perseguida ela se reunia nos lares, seja em Filipos, Roma, Tessalônica, Judéia ou qualquer outro lugar.
O fato de a célula ter ajudado a igreja a passar pelas dificuldades impostas pela perseguição só comprova
sua importância e utilidade.
Lembre-se, a célula é um grupo de irmãos que mantém comunhão diária, mas que se reúnem uma vez por
semana para compartilhar e ministrar. A este momento nós chamamos de “encontro de célula”. Neles ocorrem
os 4 Es: Encontro, Exaltação, Edificação e Evangelismo.
O momento do Encontro é chamado também de “quebra-gelo”, pois tem o propósito de descontrair e pre-
parar as pessoas, deixando-as à vontade para compartilharem. Pode ser que na sua célula seja oferecida uma
refeição na abertura ou no final, mas isto não é obrigatório e deve ser definido pelos membros da célula. Este é o
momento do “eu para você”.
No momento da Exaltação adoramos ao Senhor por meio de louvores, palavras de gratidão, comparti-
lhando vitórias, lendo salmos e tudo mais que exalte a Deus. Este é o momento do “nós para Deus”.
Para o momento de Edificação é importante que você tenha prestado atenção e, de preferência, feito su-
as anotações do sermão do domingo. É uma oportunidade de compartilharmos aquilo que o Senhor tem falado à
sua vida e de abrir o seu coração para a ministração dos outros. Você também deve ficar à vontade para minis-
trar na vida dos seus irmãos de acordo com aquilo que Deus conduzir. Este é o momento de “Deus para nós”.
O último momento é o Evangelismo. Nele oramos pelas pessoas que queremos alcançar para Jesus, e
pedimos a Ele que abra os corações e que conquiste nossos amigos, parentes, colegas e vizinhos para Jesus.
Neste momento pode ser feito o apelo para conversão. Há um momento bem especial que é chamada de “célula
evangelística”, feita com o propósito de alcançar as pessoas por quem você tem orado. Entretanto, convidados
não crentes serão sempre bem-vindos em qualquer um dos encontros. Este é o momento do “nós para o mun-
do”.
Resumindo...
O que é uma Célula?
VIDA EM COMUNIDADE: onde cada um procura edificar o outro; onde cada um encoraja os outros a viverem e
não se isolarem dos seus locais de contato; onde orar e ministrar uns aos outros cria um sentimento de inte-
resse e o desejo de se ter o melhor para o outro; onde o fruto do Espírito é visto e demonstrado de forma evi-
dente para o benefício do grupo;
EVANGELISMO: onde cada membro nascido de novo olha além do grupo, a fim de alcançar um amigo ou paren-
te não-salvo para um relacionamento de salvação em Jesus Cristo; onde cada membro nascido de novo per-
cebe que cada atividade da igreja é uma oportunidade para compartilhar a sua fé e experiência em Jesus
Cristo;
LIDERENÇA: onde todos os membros nascidos de novo reconhecem seu papel como sacerdotes diante de
Deus; onde todos os membros nascidos de novo exercitam seus dons espirituais para a edificação do corpo
de Cristo; onde cada membro nascido de novo é encorajado a ter uma atitude de servo; onde cada membro
nascido de novo é responsável por uma outra pessoa na célula;
VIDA: onde o frescor e o dinamismo caracterizam o corpo como um todo; onde cada célula se multiplica em no-
vas células regularmente; onde a célula se expande em lugares e ministérios que, de outra forma, seriam im-
possíveis de se penetrar;
GUIADA PELO ESPÍRITO: onde todos os membros nascidos de novo estão abertos para a liderança e a visão
do Espírito Santo; onde todos os membros nascidos de novo reconhecem a sua falência pessoal e se tornam
completamente dependentes da graça de Deus; onde o louvor e a adoração acontecem por amor a Cristo, o
cabeça da igreja.
Ralph Neighbour
Pense a respeito!
Vimos que a célula é diferente de muitos grupos que existem por aí. Tente mostrar onde estão as diferenças que
mais chamaram a sua atenção.
Fazendo uso de sua mão, repita quais são os cinco sistemas da célula. O que cada um significa?
Capítulo 3
Relacionando-se com o Pai
Não sei se você já pensou a respeito, mas os relacionamentos são o maior valor da Bíblia. A Bíblia é uma
história de relacionamentos: o desejo de Deus em relacionar-se com o homem, a quebra desse relacionamento
pelo pecado e a sua restauração por Jesus. Muito do Novo Testamento trata sobre a forma como nós cristãos
devemos nos relacionar.
O grande problema dos nossos dias é a vida corrida. Precisamos separar parte do nosso tempo para estar
com Deus. Se trabalharmos das 08:00 às 18:00 sabemos que não poderemos marcar nenhum compromisso
para este horário. Mas temos grande dificuldade em marcar um compromisso diário com o Senhor.
Oração é um diálogo. É uma conversa entre você e Deus. Da mesma forma que você fala com Ele, Ele
deseja falar com você.
Oração também é algo que deve se tornar vivo com a Sua presença na medida em que nos tornamos mais
íntimos dEle. A oração não foi designada para ser uma formalidade sem vida ou uma simples recitação memori-
zada pela qual passamos ou uma apresentação a Deus de nossa lista de desejos.
Jesus, ao falar sobre a oração dos fariseus (Mt 6:5), condenou a oração vazia e sem coração. Mas a ora-
ção sincera conquista o coração de Deus. A questão não é só orar, mas orar com o coração no Pai.
O quarto de escuta.
O quarto não precisa ser “um quarto”. Ele é o seu lugar de estar a sós com Deus. Um ambiente calmo,
tranqüilo e que permita a concentração, reflexão e sua conversa com Deus. Pode ser em algum lugar da sua
casa, um parque da cidade, uma montanha, um lago, mas deve ser um lugar especial para você e Deus, onde
haja liberdade para rir, chorar, falar, cantar e expressar seus sentimentos na presença do Amado Pai.
Lugar para descarregar o fardo e “recarregar a bateria” da nossa vida. Lugar para aquietar a alma e des-
cansar o coração. Ali você deposita diante do Pai não somente sua vida, mas todos os irmãos da sua célula e as
pessoas que você tem evangelizado. Veja o que Elizabeth O´Conner disse sobre a importância da preparação
pela oração na célula: “...experimentar a comunidade não pode ser programado para uma noite, mas ela se torna
possível somente quando existem pessoas que fazem o trabalho essencial, preliminar de oração... Quando o
trabalho de oração foi realizado, podemos ver e ouvir nos outros o que, de outra forma, chegaria até nós de
forma distorcida ou completamente confusa. Não temos a mesma necessidade de ser afirmados pelos outros
ou de achar um lugar para nós mesmos no esquema das coisas. A oração nos liberta para estarmos disponí-
veis para as pessoas. Ela é a preparação para o evento da comunidade.”
Um elemento essencial para nos relacionarmos com o Pai é conhecê-Lo. A melhor forma para isto é atra-
vés da revelação que o próprio Deus fez acerca de Si mesmo: a Bíblia.
Um crente que desenvolve um bom tempo de oração, mas não de leitura bíblica, consegue falar com
Deus, mas não conhecê-Lo. Para saber sobre Ele, procure no livro que Ele escreveu.
Nosso relacionamento com o Senhor precisa ser nutrido com Sua Palavra. Ele não somente falou e fez,
mas continua falando e fazendo. A Bíblia é mais uma prova do amor de Deus pelas nossas vidas. Nela Deus não
apenas revela o homem, mas a Ele mesmo, Seu caráter e Sua vontade.
Tenha momentos de diários de oração juntamente com a leitura bíblica.
Durante os encontros da sua célula você poderá presenciar importantes momentos de confissão de peca-
dos, quebrantamento, o compartilhar de tribulações e muitas outras situações em que se faz necessária a ora-
ção.
Nunca comente com ninguém sobre o que é compartilhado na sua célula. Afinal, as pessoas precisam
confiar em você e você nelas, para que haja abertura. Mas existe uma pessoa com quem você pode comparti-
lhar: Deus.
Falando com o Senhor, Ele direciona a decisão a ser tomada sobre os problemas compartilhados, dá uma
direção de sabedoria para se resolver alguma dificuldade e manifesta Seu consolo através de algum irmão. O-
rando você abre o canal com Deus para ser usado por Ele e para receber a ministração dos outros irmãos.
Resumindo...
O quarto de escuta é o seu lugar secreto de oração. Nele você busca a presença de Deus e procura com-
partilhar todas as lutas, dificuldades, sonhos e desejos, seus e de seus irmãos da célula.
Deve ser acompanhado com a leitura bíblica, pois ela fala do Deus para quem você ora. Mostra como você
deve ser e proceder em todas as situações da sua vida e lhe permite, conhecendo a Palavra, ajudar os seus
irmãos da célula.
Este é um momento de preparação e deve ser intensificado quando se aproxima o dia do encontro da cé-
lula. Lembre-se: nunca vá para ela sem antes ter um bom momento de oração!
Pense a respeito!
Você já teve alguma experiência de ouvir Deus falando com você através da Sua Palavra?
O que mudaria em sua vida e na vida da sua célula se você for para um encontro preparado pela oração?
Textos complementares: Mateus 4:4; Mateus 21:22; João 5:24; Atos 8:4; Atos 16:16; 1 Coríntios 1:5; Efésios
6:18; Colossenses 3:16; Colossenses 4:2
Capítulo 4
Relacionando-se com os outros por meio da cruz
Célula é Comunidade.
Um aspecto muito importante da célula é que ela nos ensina e faz viver em comunidade. Foi este cristia-
nismo que os cristãos do Novo Testamento experimentavam. Tinha tudo em comum, repartiam o pão nas casas,
compartilhavam suas experiências e ministravam na vida uns dos outros.
Experimentar este nível de comunhão é possível quando fazemos o nosso quarto de escuta e quando
mantemos nosso coração aberto para sermos usados por Deus para ministrar às necessidades dos outros, da
mesma forma que ficamos abertos para receber ministração. A comunhão do grupo grande, resumida em um
culto dominical é limitada e não cumpre o papel que Cristo planejou para a igreja. A não ser que nossos proble-
mas esperem até o próximo domingo.
Por isso dizemos que a comunhão da célula acontece sete dias por semana, não necessariamente se-
guindo a liturgia do encontro semanal, mas pode ser bastante informal. Você pode sair para fazer as compras no
supermercado com uma irmã da célula; ajudar seu irmão a lavar o carro; caminharem juntos pela manhã; fazer o
trabalho da escola juntos, e tantas outras atividades que nos colocam em sintonia uns com os outros. O impor-
tante é lembrar que tudo isso deve ser uma oportunidade para Deus falar com vocês.
Onde há comunhão, há conflitos. Esta foi a experiência de Jesus com os 12 de sua célula e esta é a expe-
riência pela qual passamos muitas vezes na nossa. A comunhão envolve estes problemas, eles até são naturais,
mas precisamos diferenciar um “conflito saudável” de um “conflito destrutivo”.
Conflitos destrutivos: Desejo de desviar atenção, destruição, interesse pessoal, ganhar uma discussão,
mudar os outros, conflito ao invés de paz, controlar e manipular os outros, enfraquecer a liderança e a autoridade
e estabelecer facções dentro do grupo.
Algo importante sobre conflitos destrutivos é que eles são extremamente prejudiciais à sua vida e à sua
célula. Informe ao seu líder sobre maledicências, palavras maldosas, principalmente com relação a ele próprio.
Os conflitos acontecem para que aprendamos a viver juntos e, portanto, o seu líder precisa estar sempre a par
destas coisas.
Os conflitos existem, mas precisamos buscar o direcionamento de Deus para resolvê-los. Não se sinta de-
sestimulado se seu grupo pequeno começar a passar por eles. Se houve em cada um de vocês um crente que
realmente busque a Deus, serão vencidos e este será mais um passo para o crescimento.
Dons: “Se vocês utilizarem os dons do jeito e do modo que eu acho adequado eu farei parte desta igreja”.
Ministério: “Se vocês ministrarem às pessoas de quem eu gosto, então farei parte desta igreja”.
Teologia: “Se vocês defenderem minha posição teológica, então farei parte dela!”.
Santidade: “Se esta igreja concordar com as minhas regras de comportamento, então farei parte dela!”.
Testemunho: “Se esta igreja utilizar os mesmos métodos de evangelismo que eu uso, então vou apoiá-la!”.
Estes são apenas alguns desejos que as pessoas têm quando entram em uma igreja em células. Você já
parou para pensar se cada um de nós exigisse que seu desejo fosse satisfeito naquele momento? Como seria?
Bem, não haveria tempo para satisfazer a todos.
Tenha cuidado com os interesses pessoais! O principal interesse de uma igreja em células é que os cris-
tãos vivam na presença e no poder de Cristo em comunidade. CRISTO É O PROGRAMA DA IGREJA EM CÉ-
LULAS. Este é o “firme fundamento”. O resto é “fundamento arenoso”. A célula, a congregação e a celebração
proporcionam um contexto no qual Cristo se torna o ponto central que dirige e usa a sua igreja.
O desenvolvimento de uma igreja é atravancado quando algumas pessoas procuram forçar seus interes-
ses pessoais sobre a vontade de Deus. Os interesses podem não estar errados em si mesmos. Na verdade,
muitas destas preocupações são necessárias e se tornarão parte da igreja. O perigo aparece quando essas coi-
sas secundárias são introduzidas prematuramente; tomam a mesma atenção e importância que a “coisa princi-
pal”.
Deus é Comunidade: PAI – FILHO – ESPÍRITO SANTO. O tipo de Comunidade de Deus será caracteriza-
do por: unidade, honestidade, abertura, aceitação, segurança, alegria, paz e humildade. Nós entramos na perfei-
ta comunidade do Pai, do Filho e do Espírito. Ali, na presença do Deus Trino, existe comunidade.
Mesmo a perfeita comunidade de Deus o Pai, o Filho e o Espírito não poderiam alcançar o homem longe
da cruz... da morte... sem o esvaziamento do próprio Jesus.
2 Coríntios 5:19 – “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo!”
Filipenses 2:7-11 – “esvaziou-se a si mesmo... humilhou-se a si mesmo, e foi obediente até a morte e morte de
cruz”.
Jesus foi o preço pago para que pudéssemos ter comunhão primeiramente com o Pai, e só após isto, com
cada um de nossos irmãos.
Só existe um Senhor na Igreja: Jesus. Todos nós somos apenas servos. Quem não tem um coração dis-
posto e preparado para servir não compreendeu a proposta de vida de Jesus. Veja como isto é dito em 1 Pedro
4:10. Neste texto o apóstolo Pedro diz que somos “despenseiros da graça de Deus”. O despenseiro, na época,
era o servo que ficava com a chave da despensa e era responsável pelo suprimento de todos. Não podia deixar
faltar nada e dava conta de tudo o que era consumido na casa.
Pedro diz que nós temos a chave da despensa do coração de Deus e que devemos utilizá-la para distribuir
as maravilhas da graça do Pai para nossos irmãos. É triste ver que existem tantos despenseiros na igreja e tan-
tos crentes estão morrendo de fome da graça de Deus.
Sirva na força de Deus, e utilize a chave para abençoar a todas as pessoas. Nesta despensa existem bens
mais preciosos do que prata e ouro, que podem salvar a vida de muitas pessoas. Que grande honra ser um des-
penseiro de Deus!
As Escrituras exigem de nós e nos advertem a considerarmos que qualquer favor que
obtenhamos do Senhor, o temos recebido com a condição de que o apliquemos em benefício
comum da Igreja. (João Calvino)
“Vou ceder”
Posição: Vou ceder para ser bonzinho, pois preciso de sua amizade. Vou ceder para o bem dos rela-
cionamentos.
Ponto de vista: As diferenças são desastrosas. Se elas emergirem, tudo pode acontecer. Esta pessoa fica
tensa e rebelde por dentro, enquanto é generosa e submissa por fora.
Resultado: Eu perco, você ganha!
Como você pode perceber, a única forma corretamente bíblica de resolver essas questões é importar-se a
ponto de confrontar.
PENSAMENTO INCORRETO:
“Importar-se” é uma boa palavra quando não há confronto.
Existe uma hora para nos importarmos com os outros e eu devo me importar quando for solicitado. Mas o
importar-se não deve ser confundido com qualquer tipo de confrontação. Quando nos importamos genuinamen-
te, franqueza e confrontação devem ser esquecidas, pelo menos naquele momento. “Se me importo profunda-
mente com o irmão, não posso confrontá-lo, pois ferí-lo é a última coisa que quero”.
PENSAMENTO INCORRETO:
“Confrontar” é uma péssima palavra quando comparada a importar-se.
Existe uma hora para confrontar e eu devo confrontar quando necessário. Mas o confronto não deve ser
confundido com qualquer tipo de ajuda. Para confrontar poderosamente, preciso colocar o importar-se de lado.
“Quando estou irado, eu confronto. Falar de se importar numa hora dessas soa falso”.
PENSAMENTO CORRETO:
Uma terceira palavra: “Importe-se ao confrontar”: Uma boa expressão
“Importar-se” e “confrontar” juntos estabelecem um equilíbrio de amor e poder que conduzem a relaciona-
mentos humanos positivos. O senso comum tende a mantê-los distintos e separados.
Importar-se ao confrontar oferece verdadeira ajuda que convida o outro a crescer. Importar-se é saudar,
convidar e dar apoio ao crescimento do outro. Importar-se ao confrontar oferece verdadeiro confronto que evoca
nova reflexão e entendimento. Confrontar efetivamente significa conceder o máximo de informações úteis com
um mínimo de ameaças.
Importar-se ao confrontar une o amor e o poder. Importar-se ao confrontar unifica a preocupação por rela-
cionamentos com a preocupação com os alvos. Desta forma, a pessoa tem algo por que lutar (alvos) e alguém
com quem lutar (relacionamentos), sem sacrifícios de um pelo outro e sem entrar em colapso um com o outro.
Assim se pode amar poderosamente e ser poderosamente amado. Ambas não se contradizem; complementam-
se.
Resumindo...
Célula é lugar de comunhão sete dias por semana. Comunhão com Deus, com nossos irmãos e buscando
levar os incrédulos para um encontro com o Senhor. Caminhar em comunhão é, entretanto, algo que pode levar
a conflitos, pois é natural que existam diferenças e ajustes entre pessoas que são tão distintas. Se você olhar
para os 12 discípulos de Jesus perceberá que Ele fez opção pela diferença, mesmo sabendo que eles passariam
por conflitos. Na verdade o crescimento está ligado à forma como vencemos esses conflitos e continuamos a-
mando as pessoas, o que importa realmente é permitir que sejam construtivos.
O que devemos fazer não é dar as costas ou ignorar, mas importar-se a ponto de confrontar em amor
quando algum irmão estiver em pecado, e nós mesmos, aceitando o confronto quando estivermos nessa situa-
ção.
Enfim, somos todos servos de Cristo e uns dos outros. Não colocar à disposição dos irmãos os nossos
dons e serviço é não cumprir o propósito para o qual Deus nos colocou em comunhão. Você terá a oportunidade
de exercer sua vida espiritual de forma dinâmica na sua célula. Esteja preparado para abençoar seus irmãos por
meio da sua ministração, afinal, foi pra isso que Jesus nos conquistou. Por isso há uma cruz entre nós!
Pense a respeito!
Você teria alguma idéia de como manter comunhão com seus irmãos da célula durante toda a semana?
Existem 3 níveis de relacionamentos em uma célula. Você poderia dizer e explicar cada um deles?
Quais tipos de conflitos podem surgir em uma célula e qual a forma correta de lidar com eles? Porque esta é a
sua resposta?
A Igreja é uma comunidade de servos. Dê exemplos práticos de como você pode servir aos seus irmãos.
Textos complementares: Romanos 6:22; Romanos 12:10; Romanos 15:14; 1 Coríntios 14:12; Gálatas 5:13; 1
João 1:7.
Capítulo 5
Uma família compartilhando sem medo
Um problema comum entre as pessoas que iniciam sua vida na célula é o medo de compartilhar suas lutas
e dificuldades. Acham que não serão compreendidos ou até mesmo do que “podem falar por aí”. Nossa luta junto
aos irmãos é de que tenham total liberdade para confessar até mesmo seus pecados, sem medo de que a con-
versa seja compartilhada com outras pessoas. Um pecado que traz sérias conseqüências para uma célula é a
maledicência, pois tira completamente a confiança no grupo.
Algumas pessoas são mais abertas que outras, compartilham com mais facilidade e dizem mais pronta-
mente sobre o que passam. Outras, entretanto, tem mais receio e demoram a confiar no grupo. Este tempo de
adaptação é natural, mas deve ser substituído por atitudes de confiança.
Quando entramos em uma célula assumimos alguns pactos, inclusive o de não compartilhar com pessoas
fora da célula sobre os problemas ditos ao grupo, com exceção do líder quando percebe a necessidade de com-
partilhar com o pastor. Fora isso, o maledicente deve ser chamado a atenção e, em último caso, ser tratado fora
do grupo. Pode até parecer radical, mas não podemos correr o risco de perder a confiança em nossos irmãos da
célula por culpa de alguém que não quer abandonar o pecado da maledicência.
Como membro de sua célula, procure ter sabedoria e cuidado ao compartilhar assuntos polêmicos e deli-
cados no encontro. Você terá oportunidade de conversar com seu líder ou discipulador em outro momento. Caso
aconteça de você ou outro membro da célula compartilhar algo e o líder interferir pedindo para guardar o assunto
para uma outra oportunidade ou propor uma conversa pessoal, não se sinta ofendido nem constrangido, pois
esta atitude foi tomada visando o cuidado com sua vida e a edificação do grupo.
O nosso “oikos”.
Oikos é a palavra grega para “casa”, referindo-se não somente a construção, mas especialmente àquelas
pessoas que se relacionam nela. Nosso oikos é a nossa comunidade pessoal. Ela é constituída de pessoas que
estão em nosso círculo de influência. Estas são as pessoas que dividem conosco o mesmo parentesco, a mes-
ma comunidade ou os mesmos interesses.
Fazem parte do seu oikos:
Oikos espiritual: seus irmãos em Cristo, especialmente os da célula;
Oikos social: são aquelas pessoas que ainda não são cristãs, sejam parentes, vizinhos, colegas ou ami-
gos.
O tamanho do seu oikos também varia dependendo da capacidade de uma pessoa manter relacionamen-
tos com os outros. Isto quer dizer que algumas pessoas têm mais facilidade de criar vínculos sociais do que ou-
tras, mas todos possuem um oikos. O interesse do cristão deve ser levar os não crentes para Jesus.
Uma célula saudável deve sempre estimular seus membros a aumentarem seu oikos, investindo sempre
em novos relacionamentos com o propósito de evangelizar estas pessoas. Você será desafiado a ampliar seus
vínculos!
Estamos acostumados a usar máscaras, pois gostamos de mostrar para as pessoas o quanto “aparente-
mente” estamos bem, felizes, satisfeitos, e sentimos vergonha de mostrar quem somos ou como estamos na
realidade.
Usar estas máscaras se torna tarefa fácil em grupos grandes, mas se torna difícil em grupos pequenos.
Compartilhar na célula deve ser uma experiência de tirar as máscaras... sem medo!
“Se este não é o lugar onde as lágrimas são entendidas, onde é que vou chorar? E se este não é o lugar
onde meu espírito pode ganhar asas, então, onde é que eu vou voar?
Eu não preciso de outro lugar para tentar impressionar vocês com a minha bondade e virtudes. Não! Não!
Não! Eu não preciso de outro lugar para estar sempre pra cima; todos sabem que é fingimento.
Eu não preciso de outro lugar para sempre ficar sorrindo mesmo quando não sinto vontade de faze-lo. Eu
não preciso de outro lugar para falar as velhas vulgaridades; todos sabem que não são verdadeiras.
Se este não é o lugar onde as lágrimas são entendidas, para onde devo ir, então? Onde vou voar?”.
O medo de rejeição: diz para si mesmo: “O que vão pensar de mim se souberem o que fiz?”. Esquece que
a Bíblia fala que nós devemos acolher aqueles que buscam a Deus e a cura para suas feridas.
O medo de confidências violadas: diz para si mesmo: “Será que posso confiar neles ou dirão para os ou-
tros o que tenho a compartilhar?”. Tem medo de ouvir as outras pessoas comentando sobre o assunto da última
célula.
Estes medos podem até ocorrer na vida do crente que passa a viver em uma célula, mas precisam ser
substituídos por uma relação de confiança e de acolhida.
Estas são algumas características de uma célula eficaz, que consegue manter este nível de segurança pa-
ra o compartilhar dos irmãos: Amor e aceitação / Segurança e confiança / Empatia e conforto / Esperança e en-
corajamento / Autoridade e prestação de contas / Abertura e honestidade / Liberdade de expressão / Informação
e perspectiva.
“Compartilhamento superficial” – Compartilhando problemas triviais de fardos reais. “Por favor, ore... por tem-
po bom durante minha pescaria... para achar meu lápis... para receber uma boa nota”. Medo de rejeição ou de
ser ridicularizado muitas vezes faz com que as pessoas se refugiem em uma maneira superficial de ver a vida e
elas se escondem por detrás de coisas triviais.
“Compartilhamento secundário” – Compartilhando os fardos de outra pessoa. “Por favor, orem pela minha tia
Maria no Piauí. Ela acaba de descobrir que está muito doente e está com medo de morrer”. Isso até pode ser
algo legítimo ou então uma estratégia para escapar das necessidades e dificuldades pessoais.
“Respostas inadequadas” – Orando, mas não fazendo nada a respeito da dificuldade. “... e você lhe disser: „Vá
em paz, aqueça-se e alimente-se até ficar satisfeito‟, sem porém lhe dar nada, de que adianta isso?” (Tiago
2:15,16). Algumas situações requerem uma ação imediata da célula.
Você que agora faz ou fará parte de uma célula deve ter em mente uma coisa: nós é que fazemos da célu-
la um lugar seguro e que leve a sério a necessidade dos outros. É o nosso compromisso com nossos irmãos,
nossa sinceridade, amor e compreensão que a tornam um lugar seguro para compartilhar. Caso alguém entre
em sua célula com um espírito faccioso ou maledicente, só o fará se encontrar no grupo lugar para isso. Deixe
bem claro que você rejeita todo comentário maldoso ou maledicente sobre quem quer que seja da sua célula ou
de outra, mas mostre que existe lugar para cura e que ela pode ser muito abençoada por vocês.
Resumindo...
Os medos são reais. Medo de compartilhar pecados e problemas ocorrem por não conhecermos mais pro-
fundamente os irmãos da nossa célula. Eles, no entanto, devem ser vencidos com o apoio dos próprios irmãos
do grupo, afinal, os ambientes somos nós que fazemos. Nunca permita que pessoas maledicentes destruam o
compartilhar, pois a célula é o lugar ideal para vivenciarmos de forma bem profunda a cura das nossas feridas, a
realização dos nossos sonhos e a edificação dos nossos irmãos.
Tenha como propósito na vida da célula levar seu oikos social para Jesus, orando e evangelizando. Você
futuramente receberá um treinamento que o ensinará a levar pessoas para Jesus.
Enfim, torne sua célula um lugar seguro, para você e para seus irmãos. Evite somente uma doença cha-
mada “koinonite”, que é a “inflamação da comunhão”. O grupo está tão unido, tão amado, tão próximo, que não
luta para as pessoas se converterem e assim ameacem este pequeno “mundo encantado”.
Pense a respeito!
Você tem medo ou receio de compartilhar? Quais seriam as causas desses medos?
Você conseguiria fazer uma relação com o nome das pessoas que fazem parte do seu oikos social? Faça divi-
dindo nos seguintes grupos: Familiares, Vizinhos, Colegas (trabalho ou escola) e Amigos.
Quais características de uma célula eficaz você acha que são mais necessárias na sua vida hoje?
Como você pode contribuir para a sua célula ser um lugar seguro?
Capítulo 6
Treinados e conectados no Seu corpo
Como você já leu, todos somos servos. A edificação da igreja depende diretamente da nossa atuação, ou
melhor, da atuação de Deus através das nossas vidas. Isto é ministração! Deus agindo através de nós para que
a Sua igreja seja edificada. Infelizmente muitos têm utilizado esta palavra de forma errada ou incompleta. Dizem
que ministro é somente o pastor ou o ministro de louvor e esquecem que o Senhor nos chamou para ministra-
mos de forma bem especial na vida dos nossos irmãos, especialmente os da célula.
Neste texto de Efésios 4:8-16 é dito que Deus concedeu dons para que a sua igreja fosse capacitada a
ministrar. Veja o que diz o versículo 12: “com vistas ao aperfeiçoamento do santos para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do corpo de Cristo”.
Podemos falar claramente deste versículo respondendo a três perguntas:
Porque Deus concedeu dons para a igreja? Desejando que os crentes fossem aperfeiçoados, treinados
para fazer algo.
Que algo é esse? O versículo diz que é o desempenho do nosso serviço, ou seja, aquilo que cada crente
deve fazer.
Mas qual o motivo do Senhor ter feito isso? Para que a Sua igreja fosse edificada.
Isto significa que para a igreja ser edificada cada membro deve exercer seu ministério ou serviço.
Já que o objetivo é a edificação da igreja por cada crente, todos devem ser treinados e capacitados a exe-
cutarem seu serviço. Para tanto, na igreja em células, existe um “trilho de treinamento” pelo qual cada crente
anda e se desenvolve na fé.
Este trilho de treinamento foi criado pensando na necessidade individual de cada crente e na necessidade
da igreja. Assim, temos o discipulado a partir das células e os treinamentos para ensinar a discipular, evangeli-
zar, liderar uma célula, descobrir e utilizar os dons espirituais e tantos outros necessários para que você ministre
na vida de seus irmãos.
O treinamento não deve ser somente para uns poucos escolhidos, tidos como mais inteligentes ou mais
maduros, ao contrário, este treinamento busca a maturidade de cada discípulo. Tenha certeza disto: você é um
ministro!
Ministrando na célula.
Na sua célula você terá muitas oportunidades de ministrar. Poderá orar sobre algum problema, dar uma
Palavra para alguém, esclarecer sobre algo, exercer seu dom espiritual, ministrar com cânticos, liderando a célu-
la, levando pessoas para Jesus, visitando, servindo de alguma forma bem prática, fazendo uma ligação telefôni-
ca, enviando e-mails, e tudo mais que você puder fazer para alcançar o objetivo maior que é a edificação.
A ministração pode ser feita pelo uso de algum de seus dons espirituais.
O dom espiritual é uma capacitação sobrenatural dada ao crente no dia da conversão para que ele possa
ajudar na edificação do corpo de Cristo. Existem vários dons e todo crente tem, no mínimo, um. O treinamento
“Dons Espirituais – Descubra seu lugar no Corpo de Cristo”, tem como propósito ajuda-lo a descobrir quais são
esses dons e como utiliza-los.
Você também poderá ministrar através das responsabilidades cristãs, isto é, aquilo que todo crente deve
fazer independete de seu dom (contribuir, exortar, servir, evangelizar, entre outras responsabilidades).
Além dos dons, a igreja é edificada quando você coloca seus talentos e habilidades a seu serviço. Nos vá-
rios ministérios que existem em uma igreja, o crente tem a oportunidade de servir, desde que compreenda que o
pré-requisito para fazer parte é a espiritualidade. O conhecimento é bem importante também, mas primeiramente
olhamos para a vida de quem se propõe a atuar em um ministério e se, de fato, há a compreensão de que se
deva ter um coração de servo. Muitos problemas surgem quando os crentes esperam receber sua recompensa
dos homens e sentem-se frustrados quando não recebem elogios. Reconhecimento é importante, mas sempre é
melhor recebe-los de Deus, e o melhor elogio que alguém pode receber é saber que sua obra tem sido um ins-
trumento nas mãos do Senhor. Com seu amadurecimento espiritual você terá a oportunidade de servir nestes
ministérios.
E, por fim, a ministração acontece através do evangelismo. Compartilhar sua fé com alguém que ainda não
é cristão é uma poderosa forma de ministração.
Aprendendo a Palavra.
A Bíblia é o centro de todo treinamento na igreja em células. Todo material, apostila, guia, livro ou outro
qualquer trata de vários assuntos, todos voltados para a Bíblia. É ela que torna todo homem capacitado para as
boas obras. Observe como utilizamos a Palavra nos treinamentos:
1. Os membros são treinados a estudar e aplicar a Palavra à vida pelo estudo sistemático pessoal.
2. A filosofia do estudo bíblico é “ensinar o homem a pescar” em vez de dar o peixe ao homem.
3. Um estudo bíblico baseado no sermão do último domingo é planejado para cada reunião da célula.
4. A Palavra viva aplicada a Palavra escrita (“fazendo” e não somente “ouvindo”) às vidas dos membros
das células durante a reunião e na vida diária do corpo.
5. Pelo padrão de 1 Coríntios 14:26, Deus usa a Palavra para falar ao grupo durante a reunião.
6. A Palavra é lida, cantada e compartilhada durante os três períodos de adoração: na célula, em grupos
de discipulados (parceiro) e com toda a igreja.
7. Mestres talentosos e pastores compartilham a Palavra durante o culto de domingo e em outras ocasiões
especiais.
8. Em todas as reuniões de liderança a Palavra é central e é utilizada para adoração, edificação, fazer pla-
nos, resolver problemas e ministrar uns aos outros.
9. Cada membro é encorajado a fazer do estudo da Bíblia um estilo de vida básico que flui para as suas
famílias, trabalho, atividades diárias e testemunho.
10. Aqueles que foram treinados para serem pastores, implantadores de igrejas e missionários recebem
treinamento especial em interpretação bíblica e utilizam-se de uma experiência prática de seminário.
11. Os jovens seguem o mesmo padrão de estudo bíblico dos adultos que é adaptado às suas próprias
necessidades.
12. As crianças são ensinadas e aprendem a Palavra na celebração de domingo, na célula e na vida fami-
liar.
O que é isso?
É o compromisso de duas pessoas amadurecerem juntas na sua vida espiritual. Elas estabelecem o pro-
pósito de estarem juntas toda semana para encorajar uma a outra a colocarem em prática seus objetivos e com-
promissos. Este não é um relacionamento pai-filho, nem um relacionamento de irmão mais velho. É uma parceri-
a. São pessoas que assumem o compromisso mútuo de se tornarem imitadores de Cristo. O maior atributo ne-
cessário neste relacionamento é o amor. Temos de pedir a Deus para que o seu amor transborde das nossas
vidas para os outros.
Você precisa compartilhar onde você pensa estar no seu relacionamento com Cristo e onde você quer
chegar. Você poderia compartilhar coisas do tipo:
“Estou comprometido em ser imitador de Cristo em cada área da minha vida. Sinto que devo investir mais
tempo estudando a Bíblia diariamente. Também gostaria de orar no mínimo 15 minutos no „quarto de escuta‟. Eu
lhe dou permissão para cobrar semanalmente para ver se estou cumprindo estes compromissos”.
Uma prestação de contas eficaz deveria equivaler ao investimento de mais ou menos uma hora juntos por
semana. Durante este tempo vocês devem estar comprometidos em ajudar um ao outro em amor. Muitas vezes
isto vai ser mais bem alcançado se formularmos algumas perguntas pessoais. As questões em que a maioria
das pessoas precisa de ajuda está relacionada com a área de disciplina espiritual, como: leitura da Bíblia, ora-
ção, jejum, estudo e vitória sobre um pecado ou disciplina pessoal (finanças, tempo, família, etc.).
Queremos ajudar um ao outro a ver-nos como outros nos vêem. Honestidade e abertura são imprescindí-
veis (Leia Tiago 1:21-25).
É necessário ser transparente em relação ao seu compromisso. Prestar contas é andar de mãos dadas
com a outra pessoa no processo de amadurecimento. Geralmente será melhor fazer algumas perguntas básicas
de prestação de contas, tais como:
“Como você está se saindo com o compromisso de completar as lições desta semana do „Minha vida na célu-
la‟?”.
“O que Deus tem lhe ensinado por meio delas?”.
“Como estão indo as coisas entre você e aquele seu colega de trabalho?”.
“Eu tive uma verdadeira batalha com meus pensamentos nesta semana. Você poderia orar por mim?”.
“Você gostaria de correr três vezes por semana comigo? Eu preciso me exercitar”.
“Vamos passar algumas horas em oração na semana que vem, no sábado de manhã”.
Sejam mordomos sábios do tempo. Encontrar-se para prestar contas pode ser estratégico. Planejem estar
juntos em horários convenientes. Por exemplo, quando a célula se reunir em sua casa, convide o seu parceiro de
prestação de contas para jantar antes da célula. Saiam para jantar (ou almoçar) depois do culto. Reúnam-se
antes de ir ao trabalho para orar e compartilhar. Às vezes, por causa do tempo e da distância, usem o telefone.
Sejam práticos e planejem bem o seu tempo (Leia Eclesiastes 4:9-12 e Colossenses 3:12-17).
Existem forças que operam contra a utilização da prestação de contas como parte da vida diária da igreja.
- Nosso próprio orgulho e invulnerabilidade nos impedem de mostrar nossas fraquezas uns aos outros.
- Nossa cultura encoraja a independência e o individualismo a ponto de sermos privados da comunidade e da
prestação de contas.
- Hierarquias na estrutura da igreja não se dobram para levar a sério a idéia de que todos os crentes são sa-
cerdotes e ministros para Deus; na verdade elas muitas vezes limitam o desenvolvimento de dons espiritu-
ais.
- Pessoas não muito sensíveis podem tentar transformar nossas pequenas tentativas de prestação de contas
em sessões de manipulação e culpa.
Ainda assim, a prestação de contas é um processo positivo e vivificante. É um processo para todos nós, e
não apenas para as pessoas que caíram e precisam ser repreendidas. Na verdade isto é o que menos funciona.
A prestação de contas é uma parte natural da nossa vida de comunhão que pode dar saúde e apoio à medida
que tentamos ser razoáveis em nossas decisões e buscamos graça para nossa vida.
Discipulador/Discípulo.
Um discipulador é alguém que está à frente de um novo cristão por apenas algumas semanas ou por um
longo período. Tem a responsabilidade de ajudar o discípulo a caminhar pelos estágios iniciais de sua jornada
espiritual. Trabalha sob a liderança do líder ou auxiliar para encorajar o irmão mais jovem. Conduz o discípulo
por todo o discipulado e acompanha seu crescimento.
O discipulador precisa agendar uma hora por semana junto com o discípulo para passar as tarefas daque-
la semana e discutir o que Deus está ensinando. Eles estão mantendo uma prestação de contas mútua para
trabalhar no seu crescimento espiritual. Se o discipulador for um cristão maduro, ele pode ajudar o discípulo a
lidar com as suas fraquezas e a orar com ele acerca de algumas outras questões. Se o discipulador também for
um cristão novo, então ambos devem agendar um tempo para se encontrarem com o líder ou auxiliar para traba-
lhar as questões mais difíceis.
Nosso alvo é treinar o crente para ser um ministro. Cremos que cada cristão, desde os estágios iniciais de
seu novo nascimento é capaz de ministrar. Nós o ajudaremos nesta tarefa que nos foi dada pelo Senhor dando
as ferramentas necessárias, tanto pelo treinamento que ensina a discipulado (Discipulado: Uma idéia transfor-
madora) quanto pelos manuais a ser utilizado (Bem-vindo à sua vida com Jesus e Crescendo na Fé).
Resumindo...
Todos os crentes são servos. Estão em um corpo para crescerem e ajudar os outros na caminhada cristã.
Para tanto o discípulo deve ser treinado por meio da Palavra para exercer com espiritualidade e eficiência o seu
ministério. Todos devem ser capacitados, pois todos somos ministros. A célula, como vimos é um ambiente mui-
to propício para ministrarmos e recebermos ministração dos outros.
É importante nas nossas vidas uma relação de parceiros de prestação de contas. Apesar de culturalmente
ser algo não muito apreciado, mas é necessário para todo discípulo de Jesus. Ser discipulado envolve também a
nossa disciplina. Você tanto terá alguém que discipulará você e a ele você prestará contas, quando, futuramente,
você discipulará alguém e este lhe prestará contas. Mas calma! Você será capacitado para isto.
Pense nisso!
Se a Palavra fala que para sermos edificados e crescermos precisamos ministrar na vida uns dos outros, o
que acontecerá se não fizermos isso?
Citamos em nosso estudo quatro formas de ministração. Dê, em cada uma, um exemplo pessoal de como mi-
nistrar através delas.
Qual seria a diferença entre uma célula em que todos ministram e uma célula onde somente o líder ministra?
Você gostaria de fazer parte de qual das duas?
Textos complementares: Mateus 28:19; Atos 14:22; 1 Coríntios 4:1; 2 Coríntios 3:6; 1 Tessalonicenses 5:11
Capítulo 7
Koinonia: comunhão sete dias por semana
“Da forma como a família ampliada é o oikos da sociedade, assim a célula é a família ampliada, o bloco
básico de edificação do povo de Deus. Um grupo maior de cristãos (mais de 15 pessoas), não provê os ingredi-
entes essenciais necessários à comunidade. Não se desenvolve comunidade se um grupo pequeno se reúne
quinzenalmente ou mensalmente, ou mesmo uma vez por semana. Enquanto uma célula típica vai ter um tempo
especial para estarem juntos semanalmente, existe um forte elo entre os membros que, muitas vezes, passam
tempo uns com os outros entre as reuniões”.
Francis Schaeffer
A idéia de comunidade é, de certo modo, de outro mundo, um mundo muito diferente do nosso. Comuni-
dade é o mundo que Deus deseja. É o dom de uma vida rica e desafiante em conjunto, que precisamos e pode-
mos receber com alegria.
Comunidade cristã é simplesmente compartilhar a vida comum em Cristo. Ela nos leva além dos interes-
ses pessoais isolados das vidas privadas e dos contatos sociais superficiais que chamamos de “comunhão cris-
tã”. O ideal da comunidade bíblica nos desafia a comprometer-nos com uma vida em conjunto como povo de
Deus.
A comunidade cristã é o lugar de nossa santificação. Seu alvo é que, tanto individual como coletivamente,
amadureçamos, não sendo mais jogados de lá para cá por astutos mercadores da fé, mas que sejamos capazes
de permanecer firmes, vivendo na prática a própria “plenitude de Cristo” (Ef 4:11-16).
Uma das maneiras mais importantes com a qual a comunidade nos beneficia é a vivência contínua da pre-
sença de Cristo na Terra.
Atos 2:42: “Eles se dedicavam... à comunhão”. Eles não tinham apenas comunhão; eles se dedicavam a
ela! Davam-lhe prioridade em suas vidas, juntamente com a oração e o ensino da Palavra.
Numa célula é de extrema importância que deixemos para trás os nossos estilos de vida isolados e com-
partimentados e vivamos de maneira mais integrada. Quando a comunidade se torna um estilo de vida, você
pode se encontrar com seu parceiro de prestação de contas depois de haverem se exercitado num jogo de fute-
bol. Você tem comunhão enquanto jantam com alguém da célula. Afinal, todos têm de comer! Você está disponí-
vel para ajudar na mudança da casa do outro. Vocês se encontram para fazer compras, para limpar ou fazer
coisas rotineiras. Aprendemos a trazer tanto os crentes quanto os incrédulos para o nosso mundo, à medida que
nos “aventuramos” no mundo deles.
A comunhão através de uma célula é um desafio para todo tempo, pois vivemos numa época em que mui-
tos são escravos do seu relógio e agenda. Quem não está disposto a investir tempo em comunhão não conse-
guirá viver um dos maiores valores da Bíblia. Doe parte do seu tempo para investir em sua vida espiritual, seu
crescimento e comunhão. Isto faz toda a diferença.
Estudos indicam que as células mais bem sucedidas são aquelas que investem tempo em comunhão du-
rante a semana. Não a comunhão de todos os membros ao mesmo tempo, mas sim aquela relação de profunda
amizade e companheirismo de irmãos que se ajudam constantemente.
Com o tempo tão corrido, nos encontramos diante de uma realidade de pouca disponibilidade. Três coisas
são importantes para você:
1. Utilize bem o tempo! Muitas vezes utilizamos nosso pouco tempo de forma inadequada. Não investimos,
mas jogamos o tempo fora. Se o momento em que você irá se encontrar com sua célula, discipulador ou discípu-
lo, é muito limitado, faça o possível para que ele não seja desperdiçado. Muitos perdem não pela falta de tempo,
mas pela forma como o utilizam.
2. Seja criativo! Se estiver difícil encontrar com algum irmão da sua célula, que tal marcar algo juntos? Vo-
cê pode se oferecer para lavar o carro com ele, ajudar sua amiga a fazer compras ou arrumar a casa, falar ao
telefone, mandar um cartão ou uma carta e muitas outras coisas que não substituem o contato físico, mas que
nos ajudam a abençoar nossos irmãos.
3. Faça sacrifícios! O que vai realmente fazer diferença é a sua disponibilidade em sacrificar certos praze-
res por algum momento ou abrir mão de um descanso para ajudar e abençoar aquele que precisa. O Senhor
Jesus nos deu o maior exemplo disto ao morrer na cruz. Veja o que Ele disse: “Novo mandamento vos dou: que
vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (João 13:34). Como
Jesus nos amou? Fazendo sacrifício!
Para termos uma comunhão adequada na célula, ela não pode ter um grande número de pessoas, pois
quanto maior o número de membros, menor será a possibilidade de haver uma comunhão mais profunda. Mes-
mo uma célula de jovens cuja dinâmica permita ter um número maior de membros, precisará criar alternativas
para que todos compartilhem e tenham comunhão. Imagine uma célula com 16 pessoas onde cada uma quer
compartilhar durante 5 minutos. Só no momento de Edificação a célula teria, em média, duas horas.
Isto ocorre porque quando falo com alguém existem duas linhas de comunicação. Quando três pessoas
dialogam existem 6 linhas de comunicação. Quatro pessoas falando desenvolvem 12 linhas de comunicação.
Uma célula com 15 pessoas possui 210 linhas de comunicação, e assim por diante.
Quanto maiores forem os números das linhas de comunicação, menos profundos são os relacionamentos,
menores são as possibilidades de ministração pessoal e menor é a comunhão.
Você poderia questionar: Mas uma célula sadia não cresce pelo evangelismo, e isto não quer dizer mais li-
nhas de comunicação? O que fazer então?
Verdade! O alvo da célula saudável é a multiplicação. Em uma célula com oito a doze irmãos, cada um
ganhando uma pessoa para Jesus significa, no final do ciclo anual, um grupo de 16 a 24 pessoas. O que fazer?
Este é um dos momentos mais felizes da célula, pois ela percebe que alcançou um dos seus maiores objetivos:
levar pessoas para Jesus. Chegou a hora da multiplicação!
Um irmão que estava sendo preparado pelo líder da célula passa a liderar o novo grupo composto de me-
tade da célula original e metade dos novos convertidos. Estes estarão sendo discipulados e estimulados a faze-
rem o mesmo que a célula anterior: levar pessoas para Jesus.
Isto demonstra que a célula tem um poder de evangelizar muito grande, mas também provê o ambiente i-
deal para o discipulado dos novos na fé. A célula não só faz, mas também cria os filhos.
Em uma célula cada membro é um discípulo no início, torna-se um discipulador e, com seu crescimento e
maturidade, por vir a torna-se um auxiliar de líder de célula. Este pode vir a ser o líder do novo grupo, liderando
irmãos que já conhece durante um ano e os novos, que se converteram durante o ciclo.
As crianças fazem parte da célula e todos precisam estar disponíveis para ministrarem às suas vidas. Inclu-
í-las é uma responsabilidade de todos, por isso não se esquive do convívio com elas. Combine com seus irmãos
atividades voltadas para as crianças e não espere a iniciativa do líder, lembre-se: somos todos ministros. Se
você apresenta alguma dificuldade nessa área, compartilhe com seu líder, ore a Deus e se esforce para mudar,
pois isso contribuirá para a edificação da célula.
Uma mão amiga, um ombro camarada, uma palavra de consolo, uma direção em tempos difíceis, oração
pelas enfermidades, angústia pessoal, cura interior e muito mais existe para aqueles que vivem em comunhão.
O apóstolo João diz que quando andamos na luz mantemos comunhão uns com os outros, e isto propor-
ciona uma vida mais quebrantada e purificada dos pecados (1 João 1:6). O autor de Hebreus sabia do valor im-
portantíssimo da comunhão, tanto que escreveu: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns;
antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10:25).
Muitos acreditam que é possível ser um crente isolado em sua casa. Não vão ao culto dominical nem par-
ticipam de uma célula. Este tipo de cristianismo sem comunhão simplesmente não existe, pois todos fazemos
parte do Corpo de Cristo. Ele assim fez para que não só dependêssemos dos outros, mas para que fôssemos
canais das graças do Pai para nossos irmãos. Abrir mão da comunhão é simplesmente abrir mão do projeto de
Deus para a sua vida.
Resumindo...
Quem disse que a célula é uma vez por semana? O encontro da célula sim! Este acontece uma vez por
semana.
A vida em célula é uma vida de comunhão e relacionamento, sete dias por semana. Muitas vezes estes
encontros ocorrem de forma completamente informal, em um jogo de futebol, em uma lanchonete, supermerca-
do, caminhada, horário de almoço, internet e muitas outras coisas. Precisamos, na realidade, aproveitar ao má-
ximo estes momentos em que estamos juntos, mesmo que para isso precisemos de muita criatividade.
No entanto, existem momentos em que devemos fazer sacrifícios, abrindo mão de algum momento de la-
zer em benefício da vida de alguém que precisamos ajudar. Por isso nossos grupos têm um número reduzido de
pessoas, pois muitas linhas de comunicação prejudicam a ministração. Quando o número cresce é sinal de que
Deus tem abençoado a célula com frutos de conversão.
Uma célula sadia evangeliza e se multiplica após algum tempo. Você será discipulado, discipulará um no-
vo convertido, poderá ser um auxiliar e, futuramente, um líder de célula. Mas não se preocupe, você receberá
treinamento e será capacitado para isso. Por enquanto, apenas desenvolva uma relação de profunda comunhão
com seus irmãos, investindo muito bem o seu tempo para isso.
Pense nisso!
Comente um pouco sobre a vida da comunhão na célula. Existe alguma diferença entre uma célula que não se
vê durante a semana e uma em que seus membros estão sempre em comunhão?
Você tem alguma idéia criativa para manter comunhão com tempo escasso?
Capítulo 8
Encontrando o poder de Deus por meio de Seus dons
Estes três anos antes do Pentecostes foram essenciais ou acidentais? Que relação existe entre aqueles
três anos e o acontecimento de Pentecostes? Será que uma igreja que cresce e se multiplica surge de uma hora
para outra?
O Pentecostes não foi um evento isolado. Os três anos anteriores foram vitais para o que haveria de acon-
tecer depois daquela experiência. Ele está ligado àquela comunidade de discípulos, pequena e crescente: pri-
meiro 12, depois 70, depois 120, depois 500 e depois 3.000. Imagine essa situação! O Espírito Santo não veio
em poder até que Jesus tivesse preparado a comunidade, pois ela foi essencial para a obra do Espírito. O que
os discípulos precisavam aprender antes de estarem prontos para serem usados como parte da comunidade
depois do Pentecostes? Eles precisavam aprender o seguinte:
Comunidade: Eles precisavam experimentar uma comunidade; aprender a lidar com o perdão mútuo; aprender
a carregar as cargas uns dos outros; entrar em comunhão espiritual.
Poder: Eles precisavam aprender a depender do poder de Deus e não apenas de si mesmos. A típica igreja de
Jesus não vai funcionar apenas com o poder e habilidades humanas. Por isso, os líderes devem aprender a
permitir que Jesus dirija a igreja.
Fé: Eles precisavam aprender a andar pela fé. Por diversas vezes a sua confiança e fé foram testadas além dos
limites humanos. Mas foi necessário porque a comunidade não funcionaria sem este tipo de fé.
Compromisso: Eles precisavam aprender a comprometer-se com o Senhor total e completamente. Não poderia
haver outras condições e reservas se a sua igreja quisesse ser bem-sucedida.
Presença viva de Cristo neles: Eles precisavam aprender a respeito da presença viva de Cristo, mesmo depois
dEle já não estar com eles fisicamente.
Visão: Eles precisavam entender a visão do Reino espiritual de Deus sobre a terra e aprender que essa visão
não era política nem física.
Unidade: Eles precisavam experimentar o significado da unidade espiritual em Cristo. Essa unidade não deveria
estar baseada apenas em crenças ou práticas comuns, mas principalmente em um Senhor comum.
Espírito de servo: Eles precisavam aprender a ser servos e a lavar os pés uns dos outros. Esta foi a última lição
ensinada por Jesus a seus discípulos no Cenáculo. Os líderes somente vão aprender esta lição enquanto o mo-
vimento ainda for simples e pequeno.
Jesus ensina estas mesmas lições essenciais em nossos dias se estivermos dispostos a andar com Ele
pelos estágios iniciais de crescimento. Será que deveríamos negligenciar estes estágios iniciais pelos quais Cris-
to nos ensina a ser Sua Comunidade?
Como vimos anteriormente, os dons são capacitações dadas por Deus a todos os convertidos. Existem vá-
rios dons, mas não podemos afirmar que algum crente possa possuir todos eles, pois isto o deixaria independen-
te dos outros. O que ocorre é que o Senhor os distribui segundo a Sua vontade, de forma que precisemos uns
dos outros. Se você ler 1 Coríntios 12 perceberá o que estamos falando.
Estes dons foram dados para os crentes ministrarem na vida uns dos outros, a fim de edificarem o Corpo
de Cristo. Em outras palavras, para que a Igreja cresça é necessário que CADA crente utilize seu dom espiritual
para ministrar na vida do seu irmão. Infelizmente não é o que acontece, pois poucos são os que realmente estão
preocupados em descobrir e utilizar esses dons. Futuramente você terá a oportunidade de participar do treina-
mento “Dons Espirituais: Descubra seu lugar no Corpo de Cristo”.
As principais passagens bíblicas sobre os dons são: Romanos 12:4-8; 1 Coríntios 12; Efésios 4:11; 1 Pe-
dro 4:10, 11.
Leia agora o texto de 1 Pedro 4:10, 11. Vamos ver o que ele fala sobre os dons.
No versículo 10 ele diz que devemos “servir uns aos outros”. A palavra “servir” neste texto é traduzida
também como “ministrar”. Vemos que servir e ministrar são a mesma coisa, mas percebemos que deve ser algo
mútuo. Eu devo servir – ministrar na sua vida, e você deve servir – ministrar na minha.
Em seguida, Pedro diz que devemos servir (ministrar) de acordo com o dom que recebemos. Seja profeci-
a, servir, liderar, exortar, ensinar, contribuir, ou qualquer outro. Esta é a forma básica da ministração – através
dos nossos dons.
O texto ainda diz que devemos fazer isso como “bons despenseiros da graça de Deus”. Veja que privilégio
enorme recebemos do Pai! Você sabe o que é um despenseiro? O despenseiro era uma espécie de administra-
dor da casa. Eram mordomos encarregados de administrar os bens do seu patrão e alimentar todos os outros
servos. Ele não enchia a despensa, apenas tirava dela o que o patrão lá colocava. O despenseiro também não
determinava o que iam comer ou o que seria comprado, apenas utilizava aquilo que já tinha sido determinado
pelo senhor. Com essa interessante figura de Pedro, aprendemos algumas lições importantes:
1. Temos acesso direto, estamos de posse da chave que abre o armário da graça de Deus. Podemos tirar
dela tudo o que as pessoas precisam, e isto através dos nossos dons: misericórdia, repreensão, ensi-
no, sabedoria, curas e muito mais. É só perguntar ao “Patrão” o que Ele deseja dar às pessoas.
2. Não somos nós, mas Deus é quem supre todas as coisas. Não é a nossa sabedoria, mas a sabedoria
de Deus através de nós; não é a nossa misericórdia, mas a misericórdia de Deus. Como seria bom se
todos os crentes fossem constantemente à dispensa do Pai para trazer todo o alimento que Ele prepa-
rou para nós!
3. Outra lição importante é a dependência de Deus. Nós temos a tendência de darmos as pessoas o que
queremos ou o que achamos ser bom para elas. Nós, simplesmente, não temos este poder. Precisa-
mos depender de Deus e ouvi-Lo por meio da oração para sabermos exatamente o que Ele quer fazer.
Irmão querido, que você possa, com muita oração, abrir a despensa do coração de Deus!
Jesus está presente na Sua igreja, apesar de muitas vezes as nossas decisões e serviços serem feitos de
forma e força puramente humana, sem buscar Seu poder ou Sua vontade. É um erro imaginar que podemos
edificar o corpo de Cristo com ensino, serviço, música, oração, pregação, dons, evangelismo sem unção. Sabe-
mos bem claramente: “Não por força nem por violência; mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos”.
Procuramos para ocupar os cargos da igreja pessoas que, muitas vezes, não conseguem associar preparação
com unção. Quão bom seria se uníssemos as duas coisas!
Para sabermos se Jesus está presente na nossa igreja, precisamos pensar se Ele está presente em NOS-
SA vida individual. Não aquela presença intelectual de quem decorou algum versículo, mas a presença dAquele
que move, inspira, motiva e santifica. A forma como louvamos demonstra bem isso. Se o nosso louvor for sem
vida, sem paixão e sem estímulo, é um sinal de que Jesus está agonizando dentro de nós, pois não encontra o
espaço devido para trabalhar. Nossa religiosidade prende, amarra e subjuga a presença de Deus, apaga o Espí-
rito, entristece a presença dAquele que pode fazer tudo por nós. Esse coração sem gratidão, sem afeto real e
sem sensibilidade para o Senhor não pode ser chamado de “casa”, mas de prisão. Se o nosso louvor – aquilo
que sai primeiro do nosso coração para então sair dos nossos lábios – for carregado de SINCERIDADE, VIDA,
EMOÇÃO, COMPROMETIMENTO, FIDELIDADE, e o mais importante que é a GRATIDÃO, o Espírito encontrará
total liberdade em nossas vidas.
A forma como servimos aos nossos irmãos também demonstra se Deus está presente ou não. Se o nosso
serviço é feito com amor, espontaneidade e pela força do Espírito.
É nesta forma de serviço que a Igreja cumpre o seu ministério de manifestar ao mundo a presença real de
Jesus. Precisamos nos tornar os braços de Jesus para consolar e abraçar com palavra de ânimo os abatidos;
sermos o peito de Jesus para aqueles que precisam reclinar a cabeça e descansar das lutas da vida; as mãos de
Jesus para ajudar e servir os que passam por necessidades; os olhos de Jesus para chorar com os que choram,
seus ouvidos para dar atenção às palavras dos que nos falam e sua boca, para responder com amor e sabedori-
a, e também sorrir, com suas vitórias e conquistas; precisamos ser a mente de Jesus, para pensar e agir como
Ele; devemos ser o coração de Jesus para amar, sentir e se emocionar como Ele; sermos Seus ombros, para
levar as cargas uns dos outros; sermos os Seus pés, para levar ao mundo todo a mensagem de que Jesus é a
melhor pessoa que há e é Deus, todo poderoso para salvar os pecadores. Enquanto não formos capazes de
viver a pessoa de Cristo encarnado e presente na sua forma de ser e agir, as pessoas procurarão tudo, menos a
igreja. Precisamos, de uma vez por todas, ser como Jesus e vivermos uma real comunidade, demonstrando para
todas as pessoas que passam pelas nossas reuniões: “JESUS ESTÁ AQUI, POR ISSO VIVEMOS COMO ELE”.
O teste da Palavra.
Alguns dons pedem, de forma especial, uma avaliação bíblica bem séria. Os chamados “dons miraculo-
sos”, como profecia e línguas estranhas, por exemplo, precisam ser testados pela Palavra. Durante a ministração
podem surgir palavras humanas, que não edificam e, certamente, trarão confusão. Esteja atento, pois a revela-
ção final e plena de Deus está na Bíblia. Qualquer profecia ou palavra que A contradiga não deve ser levada em
conta, por mais que pareça interessante e “verdadeira” (leia 1 João 4:1 e 1 Coríntios 14:26-32).
“O programa que Deus fez para alcançar e transformar um mundo quebrado sempre envolveu a encarna-
ção. Quando Deus resolveu visitar a terra para mostrar à humanidade o novo tipo de vida que ele estava ofere-
cendo, fez isso por meio da sua encarnação. Deus se fez carne e habitou entre nós. Jesus Cristo foi a encarna-
ção de Deus: Deus em carne humana aparecendo aos homens. Mas este foi apenas o início do processo de
encarnação. Cometeríamos um grande erro se pensássemos que a encarnação terminou com a vida terrena de
Jesus. A encarnação ainda continua. A vida de Jesus continua manifesta entre os homens, mas agora por meio
de um corpo complexo e orgânico, chamado „igreja‟.
Esta é uma concepção de grande importância. Aquilo que aconteceu em pequena escala na Judéia e na
Galiléia, há dois mil anos, está designado a acontecer hoje em larga escala em todo o mundo, permeando todos
os níveis da sociedade e todos os aspectos da vida humana. Na medida em que os cristãos descobrem que isso
é uma possibilidade real hoje, suas vidas se tornam interessantes e poderosamente eficazes. É emocionante e
estimulante redescobrir o esquema delineado por Deus, pelo qual sua igreja deveria influenciar o mundo. Por
outro lado, é muito triste uma igreja que não compreende este programa fascinante segundo qual funciona o
corpo de Cristo, substituí-lo por métodos de trabalho, processos organizacionais e pressão política como meios
de influenciar a sociedade.
Lucas escreveu a Teófilo que seu livro falava sobre „tudo o que Jesus começou a fazer e ensinar‟. Em seu
segundo relato (o livro de Atos), o doutor Lucas continua a descrever a atuação de Jesus entre a humanidade,
mas desta vez por meio de seu novo corpo, a Igreja. Por isso, quando a igreja vive em e por meio do Espírito, ela
não deve ser nada mais nada menos do que a extensão da vida de Jesus a todo o mundo, em qualquer época.
Muitos hoje estão perguntando: „Onde é que Jesus está operando em nosso mundo? Como é que ele atin-
ge os problemas da sociedade deste século XXI‟? A resposta é que Ele está atuando exatamente como atuava
durante a sua vida terrena, fazendo precisamente a mesma coisa. Nos dias de sua encarnação, ele executou o
seu trabalho por meio de um corpo terreno, individual e físico. Ele continua a mesma obra agora, por meio de um
corpo complexo e orgânico, que engloba o mundo inteiro e permeia e penetra todos os níveis da sociedade. Ele
é chamado de Igreja, Corpo de Cristo, mas o seu ministério se dirige à mesma raça a quem Jesus ministrava,
sob as mesmas condições básicas, enfrentando as mesmas atitudes e problemas.
Vimos que ele dotou seu corpo organizado com todo um arranjo de dons espirituais, capazes de muitas
combinações e incumbidos de estabelecer e melhorar o relacionamento entre qualquer indivíduo e Deus. Ele
também legou aos membros de seu corpo uma nova espécie de poder, o poder da ressurreição, que atua silen-
ciosa, mas poderosamente, em conseqüência da vida de Cristo dentro de todo crente. Somente quando um cris-
tão usa seus dons espirituais no poder da ressurreição é que sua vida se torna uma extensão da vida encarnada
de Jesus. Em todas as outras ocasiões a sua atividade é apenas a de uma pessoa „natural‟, sem efeito ou poder
espiritual.
A clara intenção de Deus é que por meio da igreja verdadeira o mundo possa ver Jesus Cristo em ação. O
mundo necessita desesperadamente do seu ministério, mas o propósito nunca foi que as pessoas do mundo
viessem à igreja para encontrar a Cristo. A igreja deveria estar no mundo. Somente assim o mundo compreende-
rá que Cristo não está morto, nem ausente e nem inativo. Jesus Cristo não está fora, em algum recanto escondi-
do e remoto do universo, nem deixou seu povo aqui para lutar e fazer o melhor que possa até que Ele volte. Esta
nunca foi a intenção divina nem é o esquema do Novo Testamento. Cristo está vivo e atuando na sociedade
humana durante vinte séculos, como ele disse que faria: „Eis que estou convosco todos os dias até à consuma-
ção do século‟ (Mateus 28:20)”.
Ray Stedman (op. cit), p. 41-43, 93-94
Resumindo...
Os três anos que os discípulos passaram com Jesus foram de intenso aprendizado. Eles precisam ser ca-
pacitados a viverem em uma real comunidade quando Cristo subisse aos céus. Quando isto aconteceu, Ele en-
viou o Seu Espírito, que nos presenteou com dons espirituais com o propósito de servirmos (ministrarmos) na
vida dos nossos irmãos. Todos recebemos ao menos um dom, e ninguém recebe todos os dons. Porque Deus
age assim? Para que dependamos uns dos outros como um corpo para que sejamos edificados neste processo
sobrenatural de ministração pelos dons. Lembre-se que a expressão usada por Pedro é a de “despenseiros” da
multiforme graça de Deus.
A edificação ocorre quando nos preparamos para o encontro de célula por meio da oração, tendo o desejo
real de encontrar a Jesus junto com todos os irmãos. É a presença do Senhor que nos garante que algo irá a-
contecer. Que podemos ter liberdade e utilizar nossos dons com empenho e satisfação. Edificar é Deus fazendo
através de nós!
Cristo no Corpo é o que modifica não somente nossa vida, não somente nossa célula, não somente nossa
igreja, mas modifica o mundo.
Pense nisso!
Os discípulos passaram três anos ao lado de Jesus antes do Pentecostes aprendendo. De acordo com o
texto que você leu, o que ainda precisa aprender?
Quais as barreiras que você encontrou, encontra ou acredita que encontrará para exercer os seus dons espiri-
tuais?
Você poderia imaginar uma célula onde cada membro edifica o seu próximo com o dom espiritual? Como
seria esse grupo pequeno?
Textos complementares: Romanos 12:4-8; 1 Coríntios 12; Efésios 4:11; 1 Pedro 4:10, 11.
Capítulo 9
Encontrando o Seu poder edificador
A edificação.
Mesmo com a melhor das intenções, há o perigo de que um grupo se torne o grupo-que-resolve-
problemas-espirituais em vez de ser um grupo edificador por Cristo. O primeiro grupo se preocupa com as habili-
dades, a sabedoria e os recursos do próprio grupo. O último grupo se preocupa com o poder espiritual, a sabe-
doria e os recursos de Deus. Um grupo-que-resolve-problemas-espirituais acontece de três maneiras:
1. quando o grupo se vê como a fonte de edificação em vez de ser o condutor para o processo de edificação
de Cristo;
2. quando um indivíduo traz uma necessidade ao grupo em vez de primeiro coloca-la ao pé da cruz;
3. quando o líder ou um membro é visto (na sua própria mente ou na mente do grupo) como o edificador ofici-
al que tem a resposta ou a fórmula para todos os problemas e necessidades.
Apenas Jesus tem o direito de controlar o processo de edificação porque Ele é quem edifica, não o líder ou
o grupo.
Existem 5 questões a serem respondidas: SE, QUAL, QUANDO, COMO E QUEM.
1.SE Deus vai resolver: alguns problemas são colocados ou permitidos por Deus para o nosso crescimen-
to. Deus realmente quer resolver esse problema?
2.QUAL problema Deus vai resolver: O problema pode não ser aquele que declaramos. Pode haver peca-
dos ocultos ou feridas muito profundas. Qual problema realmente precisa de solução?
3.QUANDO Deus vai resolver: Mesmo desejando uma cura rápida, alguns problemas e pecados deman-
dam grande tempo e sacrifício. Deus pode estar provando e aprimorando nosso caráter e determinadas dores só
serão tiradas quando completarem todo propósito neste sentido.
4.COMO Deus vai resolver: Ansiamos por uma restauração indolor. Queremos cura sem qualquer tipo de
sofrimento, mas às vezes isto é impossível. Uma libertação, cura ou restauração pode envolver boa dose de
humilhação e sofrimento, mas isto pode fazer parte da forma como Deus vai resolver o problema.
5.QUEM Deus vai usar para resolver: Talvez não seja você o instrumento que Deus vai usar para que o
problema seja resolvido. Inclusive pode ser alguém que a pessoa não goste. É preciso ter muita humildade para
aceitar que Deus usa quem ele quiser.
Por isso, é Jesus quem deve decidir sobre meu pecado, problema ou necessidade.
A minha parte no processo de edificação é:
1. submeter-me juntamente com minhas feridas, necessidades ou problemas na cruz e deixá-los lá.
2. ouvir o que Deus está me falando a respeito do problema ou necessidade.
3. ser submisso ao corpo porque Cristo vai me edificar somente por meio do Corpo.
4. estar disposto a aceitar a palavra que o Senhor dá ao Corpo a respeito do problema, das causas origi-
nais, quando e como se deveria lidar com o problema.
A edificação ocorre somente quando temos um coração submisso a Deus e ao Seu corpo. O restante é so-
lução de problemas pelo grupo ou individualmente ao invés de edificação.
A edificação é um processo.
A obra de Deus da edificação é um processo que toma lugar primeiramente na vida de cada cristão, só en-
tão na própria igreja, normalmente em um grupo pequeno. É necessário dar um passo para que o próximo possa
acontecer.
Deus usa o seguinte processo para lidar com meus pecados, dores, conflitos, raiva, necessidades espiritu-
ais e para trazer edificação à minha vida e à vida do corpo:
Identificação: Compreensão, nomeando e definindo especificamente o fruto e a raiz da minha dor, raiva, ferida
e/ou pecado.
Confissão: Reconhecendo, verbalizando, admitindo o que foi identificado como a raiz e a fonte da minha dor,
raiva, ferida e pecado.
Aplicação: Mudar em minha vida aquilo que identifiquei e reconheci como atitudes e ações destrutivas, disfun-
cionais e pecaminosas e andar com a “mente de Cristo”.
Edificação: Cristo pode, agora, me edificar e me usar para a edificação do Seu Corpo.
A célula é um jardim onde Jesus pode cultivar e produzir o bom fruto no cristão. Se não estamos dispos-
tos a produzir bons frutos para Cristo enquanto estivermos no seu jardim, como esperamos ser frutíferos quan-
do estivermos lá fora no mundo?
Jesus produz bons frutos dando atenção a um detalhe importante: as raízes
O Senhor faz o trabalho de edificação nas seguintes áreas: atitudes, sentimentos, emoções, desejos car-
nais, pecados e feridas não curadas.
Muitas vezes evitamos tais raízes e nos acomodamos na superfície ao lidarmos com múltiplas circunstân-
cias e frutos que crescem de uma raiz doente: feridas; dores; necessidades; ações; comportamento; incidentes;
velhas lembranças; problemas; frustrações; relacionamentos doentios.
Se uma célula quer entrar na edificação espiritual, os membros devem se dispor a fazer o que for neces-
sário por Cristo para curar as raízes e não somente os frutos do pecado.
A partir de uma edificação saudável pela raiz é que crescem frutos espirituais.
É impossível que não surjam problemas, pois eles são frutos de nossa vida em pecado e do pecado das
outras pessoas. O mais importante é aprender com todas essas coisas e nos tornarmos cada vez mais pareci-
dos com Jesus por um processo que a Bíblia chama de “santificação”. O objetivo de cada crente é ser como o
Senhor, crescer em maturidade e comprometimento com a Palavra de Deus.
Por que é tão difícil identificar as reais causas dos nossos pecadores e dores?
- Talvez tenhamos uma atitude de negação. Identificar as reais causas de nossas feridas, dores e pecados pode
se tornar algo doloroso, por isso negamos sua existência;
- A causa pode estar profundamente enterrada. Podemos honestamente não conhecer a verdadeira causa do
fruto destrutivo em nossas vidas. As verdadeiras causas podem estar enterradas tão fundo, em situações mal-
resolvidas ou em um passado muito distante, que nos tornamos incapazes de enxergá-las;
- Satanás pode estar nos enganando. O problema pode ser parte de uma armadilha, de uma rede de pecados,
sentimentos e hábitos que Satanás tem usado contra nós;
- Talvez sejamos dependentes de outra pessoa a ponto de não sermos capazes de identificar e lidar com nossas
próprias dores, sentimentos e pecados. Satanás tem nos levado a um relacionamento doentio e interdependen-
te com uma outra pessoa (esposa, esposo, filho, pai, mãe, amigo, namorado, namorada, etc.) que nos torna-
mos incapazes de discernir o que está acontecendo conosco. Carregamos não apenas os nossos sentimentos,
dores, feridas e pecados, mas também os da outra pessoa, sem condições de fazê-lo.
- Ele nos capacita a sermos honestos e verdadeiros de modo a pararmos de negar os frutos ou a raiz de nossos
pecados, conflitos e dores.
- Ele nos conduz até o ponto em que estejamos prontos a encarar os mais profundos recônditos do nosso pas-
sado, enterrados há muito tempo.
- Ele nos ajuda a entender como Satanás está nos eganando.
- Ele nos “separa” dos relacionamentos doentios que complicam e multiplicam nossas atitudes e ações destruti-
vas e funcionais.
1. Seja honesto e aberto no grupo. Por isso é essencial que haja confiança.
2. Verbalize os frutos (feridas, dores, problemas e pecados) com um passo inicial para a identificação das cau-
sas (raízes). Preste contas ao seu discipulador ou ao seu líder.
3. Investigue as feridas, dores e problemas. Quando um médico mexe com determinada parte do corpo e localiza
a dor, ele imediatamente volta a sua atenção para este local. Ele sabe que a dor pode ser um sintoma de um
problema mais profundo e sério.
4. Tomem tempo para ouvir a Deus enquanto ele identifica as causas. Oração, tempo de silêncio, leitura bíblica e
palavra do grupo recebidas por Deus.
5. Quando a causa é identificada, ela deve ser reconhecida mesmo que seja tremendamente dolorosa. Deus
cura aquilo que estamos dispostos a reconhecer.
6. Confesse e assuma o que Deus identificou e revelou. Compartilhe isto com seu discipulador ou líder de célula.
7. Admita a sua própria incapacidade de curar as feridas, resolver problemas e derrotar o pecado. Coloque a
causa nas mãos de Deus para que Ele possa trabalhar com ela.
8. Viva nesta nova dimensão de compreensão e pratique o que foi revelado e aprendido. Todas as vezes que
sentimentos associados com a causa emergirem, admita a sua incapacidade sobre os mesmos e coloque-a
nas mãos de Deus.
9. Permita que Deus use você para edificar outras pessoas e identificar a raiz dos problemas delas.
Existem três fatores de edificação: negativo, neutro e positivo. Tenha em mente que você deve ser um fa-
tor positivo de edificação na sua célula.
Fator negativo de edificação: Você freqüenta o grupo com expectativa de que suas dores, feridas, ne-
cessidades e problemas sejam resolvidos pelo grupo. Você está trazendo suas necessidades ao grupo e não a
Cristo. Você “toca o seu refrão” em todas as reuniões.
Fator neutro de edificação: Você vem para o grupo numa neutralidade espiritual, esperando que Deus ou
alguém do grupo faça a edificação acontecer. Você não está se oferecendo a Cristo como instrumento por meio
de quem Ele possa edificar o grupo.
Fator positivo de edificação: Você vem para o grupo preparado para ser uma força positiva que Deus vai
usar para a edificação do grupo. O seu propósito em estar no grupo é ser parte do processo de edificação de
Cristo para o grupo, e não apenas para receber algum tipo de ministração pessoal.
Quanto mais fatores negativos e neutros estiverem operando num grupo, tanto mais as distrações huma-
nas e as atividades carnais se tornam o foco do que acontece na célula. Quanto mais fatores de edificação posi-
tiva estiverem operando nos membros da célula, tanto mais Cristo pode edificar e ministrar às feridas, dores,
necessidades e problemas do grupo.
Resumindo...
A edificação significa construir, fazer crescer. Ela acontece porque Cristo ministra às nossas necessidades
por meio dos nossos irmãos. Quando começamos a colocar nossa vida ou o líder no centro da célula, perdemos
o foco da ministração. Conseqüentemente não haverá edificação. O Senhor Jesus é quem deve decidir sobre
nossas vidas.
A edificação é um processo. Não ocorre de uma hora para a outra, é verdadeiramente um investimento de
vida e confiança. Primeiro, identificamos a raiz ou causa das nossas dores, raivas, frustrações e pecados; deve-
mos então verbalizar o que estamos passando e o que temos visto ser a raiz do problema; devemos, então, a-
bandonar o pecado que estávamos praticando, enquanto Deus usa os nossos irmãos para ministrarem restaura-
ção; finalmente, ocorre a edificação, pois consigo superar e vencer, e não só isso, mas posso ministrar na vida
de meus irmãos e edificá-los também.
Você deverá sentir a tentação de olhar para seus pecados com superficialidade. Com certeza o Senhor lhe
ajudará quando você pedir: “sonda, ó Deus, o meu coração e vê se há em mim algum caminho mau”. O maior
interessado neste processo é o próprio Pai, que ama e quer tratar sua vida para torná-lo conforme a imagem de
Cristo (Rm 8:20).
Da mesma forma os seus irmãos da célula estarão contando com você como um fator positivo de edifica-
ção. Quando todos estiverem atuantes como ministros, então Deus operará com grande poder em seu grupo.
Pense nisso!
Textos complementares: Romanos 14:19; 1 Coríntios 14:12; Colossenses 2:7; Efésios 2:22; Efésios 4:11-16;
Efésios 4:29; 1 Tessalonicenses 5:11; 1 Pedro 2:5; Judas 20
Capítulo 10
Encontrando o Seu propósito ministerial
Vivemos numa época repleta de desafios. A propagação da informática no final do século XX trouxe o
mundo para dentro de nossos lares e isolou os seres humanos, fazendo com que se relacionem cada vez me-
nos. O mercado de trabalho força nossos jovens a gastarem tempo em preparação para um mercado competitivo
e cruel. A ilusão capitalista de que você precisa ter sempre algo para ser feliz impõe um materialismo sobre a-
queles que deveriam viver pensando nas coisas do alto.
O que a igreja tem experimentado é uma vida de desânimo que não conquista muita relevância. Nossa
grande preocupação neste momento é descobrir como podemos alcançar os incrédulos sem sermos contamina-
dos pelo mundanismo. Como ir até eles, neste tempo onde cada casa é uma fortaleza e os próprios crentes não
se relacionam com vizinhos, familiares e amigos? Como alcançar a importância que a Igreja de Atos tinha? Co-
mo marcar este mundo e fazer brilhar nele a nossa luz? Como salga-lo? Como cumprir neste século o manda-
mento de Cristo: “Ide e fazei discípulos?”.
A falta de relevância.
Alguns poderiam pensar que igreja boa é igreja pequena, e que crescimento tira a qualidade. De fato a
qualidade não está envolvida com quantidade. Podemos ter uma igreja pequena em número, mas boa em quali-
dade. Mas devemos buscar o crescimento em quantidade e em qualidade. Esta parece ser a realidade da igreja
do Novo Testamento, que crescia, conquistava a simpatia do povo e possuía uma qualidade nunca vista. O cres-
cimento não deve ser feito acima de tudo, abrindo mão de princípios bíblicos para tornar o evangelho mais “inte-
ressante e atrativo”. Deve ser feito de forma a preservar seu caráter e chamado. Devemos lembrar que o próprio
Jesus nos mandou fazer discípulos, e fazer discípulos produz, naturalmente, crescimento. O que falta a igreja é
não somente uma estrutura adequada para alcançar, mas para consolidar e discipular os novos convertidos. A
estrutura de células é o meio ideal para alcança-los, consolida-los, discipula-los e formar líderes-servos para
cuidar de novas células. Como alguém disse uma vez: Se igreja boa fosse igreja pequena, a melhor igreja do
mundo teria um membro só.
O crescimento não ocorre de uma hora para outra. Deve haver uma preparação em sua célula para que
ela seja um lugar propício para acolher um novo convertido.
1. Saiba se relacionar sem ser contaminado. Podemos conviver muito bem com qualquer incrédulo sem
sermos influenciados pela vida sem Deus. Quando mostramos quem somos (crentes), a quem pertencemos (a
Jesus) e quais os nossos valores (os da Bíblia), estamos declarando que a relação só será possível se houver
respeito. Acredite! No fim das contas o incrédulo acabará desejando a vida que você leva ao lado de Jesus. O
triste é quando o crente acaba se apaixonando pelo mundo. Tome cuidado!
2. Faça o trabalho de quarto de escuta. Conversão é obra de Deus, e não sua. Sem oração não haverá
conversão. Ore primeiramente por você, para que o Senhor lhe proteja para não cair, e pela pessoa que você
tem evangelizado. Se for pertencente a uma seita vá com bastante calma, pois debates acirrados mais afastam
do que ajudam. Espere sempre boas oportunidades e mostre amor através da sua vida. Mostre-se interessado
pelos problemas e lutas da pessoa. Quando ela compartilhar algo com você deixe claro: “Vou orar por você!”
Mas ore mesmo. Quando vê-la novamente pergunte se o problema foi resolvido, mostrando interesse.
3. Informe a célula sobre o seu oikos. Como você aprendeu, oikos é aquele grupo de pessoas com as
quais você se relaciona. É importante compartilhar com a célula o nome das pessoas que você tem evangeliza-
do, para que seus irmãos o apóiem em oração. Convide-os para a célula ou alguma programação especial.
4. Seja criativo. E-mails, mensagens pelo celular, cartões, lembrar do aniversário, algum serviço útil (es-
pecialmente para vizinhos) contam muito no evangelismo, pois as pessoas percebem que você realmente se
importa.
5. Acompanhe. Quando a pessoa se converter ela irá, possivelmente, para a sua célula. Assim como vo-
cê, ela será discipulada. Homem discipula homem; mulher discipula mulher. Podendo inclusive você mesmo
discipular a pessoa.
A vida da célula para a maioria dos incrédulos não é desafiadora como a do grupo grande do domingo. Al-
guns simplesmente se recusariam a entrar em um “templo” de igreja e assistir a um culto formal, com linguagem
pouco compreensível e com rituais que só os crentes entendem. Um almoço, jantar ou passeio parece menos
“assustador” para o incrédulo, por isso ele parece ter mais disponibilidade em participar de uma reunião dessas.
Além do mais, a vida da célula propicia todos os elementos necessários para um bom crescimento e, fi-
nalmente, cria um ótimo vínculo entre o novo convertido e todos os irmãos da igreja.
Em uma célula ele pode: compartilhar suas lutas, receber apoio, ser discipulado, conhecer pessoas, parti-
cipar de momentos alegres e participativos, exercem seu dom, e muitas outras coisas, mas lembre-se, a vida da
célula para ser recompensadora para o incrédulo, deve ser, primeiramente, para você!
Você não precisa esperar um treinamento para falar da sua fé para qualquer pessoa. Algo bem interessan-
te a compartilhar, primeiramente com seus parentes, depois com amigos próximos e em seguida com as demais
pessoas do seu oikos é aquilo que Jesus fez na sua vida! Diga simplesmente como o Senhor Te salvou e
transformou.
Pode até parecer que isto não possui valor ou não tem eficácia, mas ao contrário do que você pensa, a
grande marca do amor de Jesus pelas pessoas que você conhece é amor que Ele demonstra através da sua
vida.
Falando nisso... Existe alguém na sua casa que precisa ouvir falar de Jesus? Então compartilhe seu tes-
temunho com ele!
Resumindo...
Temos visto que a igreja, por causa da sua estrutura repleta de rituais, linguagem complicada e um forma-
to que impede os relacionamentos têm sido de pouca eficácia em nossos dias. Ela simplesmente não tem sido
relevante. A igreja, como existe hoje, voltada para os prédios, não supre a necessidade de uma vida real no Cor-
po de Cristo.
Dentro desta realidade, a célula vem a ser a melhor resposta para um testemunho forte e impactante da i-
greja. Por meio dela os incrédulos são, eficientemente alcançados, afinal, Deus quer que as pessoas sejam al-
cançadas, e isto envolve crescimento numérico.
Então comece a preparar o terreno para levar estas pessoas para Jesus. Faça da sua célula uma grande
maternidade espiritual, onde nascerão muitos filhos de Deus. Esteja disponível para Deus, pois Ele quer capaci-
ta-lo para levar muitas pessoas para Ele.
Não deixe pra depois, mas comece agora!
Pense nisso!
Afinal, de acordo com o texto, porque a igreja não tem sido relevante?
Quais coisas precisam acontecer para que a célula esteja pronta para se multiplicar?
Você consegue citar algum bom motivo para evangelizar pela célula?
Gostaria de orar por alguém que você deseja compartilhar seu testemunho?
Textos complementares: Lucas 4:18; Mateus 4:23; Romanos 1:16; 1 Coríntios 1:17; 2 Timóteo 4:2
Comprometo-me em manter um relacionamento intimo com Deus através de uma vida de re-
flexão da Bíblia e oração
Darei prioridade aos encontros regulares das células, comparecendo sempre no horário.
Estou ciente e de acordo com o presente termo de compromisso. Procurarei na força do Espí-
rito Santo manter-me fiel ao seu propósito.
Assinatura: ___________________________________
Trilho de Treinamento