Texto Abertura Conferência
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estarem aqui hoje, nesta solenidade tão importante para a cultura de Florianópolis.
Neste ano, o Plano Municipal de Cultura de Florianópolis completa 10 anos, porém, não há
muito o que comemorar, pelo contrário. Grande parte das demandas que trazemos aqui,
vêm sendo apontadas desde a sua implementação e a Conferência Municipal de Cultura é o
momento ideal para organizarmos e publicizarmos as deficiências das políticas públicas de
maneira direta e objetiva.
O Plano Municipal de Cultura é um instrumento legal que tem validade por dez anos. Ele foi
concluído em 2013, sendo aprovado pela Câmara dos Vereadores em 2015. Portanto, nesta
data deveríamos estar fazendo sua primeira revisão. Aproveitamos esta oportunidade para
trazer algumas das metas do Plano Municipal de Cultura, que são muitas, e a maioria, até
hoje não foi sequer mensuradas, pois não há um Sistema Integrado de Informação
implementado no município, assim como determina o Sistema Nacional de Cultura.
É importante, entendermos que essas metas são interconectadas. Assim, falamos sobre: a
institucionalização da cultura no município; a gestão da Cultura com a participação da
sociedade; os espaços e equipamentos culturais; o desenvolvimento da Economia da
Cultura e os mecanismos de financiamento público; a valorização do patrimônio cultural e
promoção da diversidade cultural; e, finalmente, e estímulo à formação cultural.
O Plano Municipal de Cultura tem como meta a realização de concurso público para
pessoas especialistas na área de cultura. A lei do Plano diz que os concursos deveriam
ocorrer até 2023, mas até agora isso não se efetivou. A falta de profissionais especializados
em quantidade coerente e suficiente para com os trabalhos a serem realizados pelo poder
executivo produz efeitos nocivos para a cultura. Há muito trabalho para pouca gente. E,
embora reconheçamos o empenho da maioria dos funcionários que trabalham na Fundação
Franklin Cascaes, é necessário evidenciar que o atual corpo de servidores da Fundação não
possue capacitação específica na área cultural, o que acarreta em compreensões falhas e,
consequentemente, ações equivocadas.
Ao ignorar o setor cultural, a Prefeitura vai contra as Leis da Cultura federais e municipais. O
modo como foi implementada a Lei Aldir Blanc há poucos anos atrás é exemplo disso. O
Conselho trabalhou intensamente no regramento e no edital dessa Lei, mas quando foi
publicado, o edital não parecia com nada do que foi discutido e acordado entre Conselho e
Prefeitura Municipal. O mesmo acontece agora com a implementação da Lei Paulo Gustavo.
As demandas levantadas nas oitivas, elemento obrigatório para a efetivação da Lei, não
foram atendidas, tampouco foram ouvidas as pessoas que representaram o Conselho na
Comissão. Pedimos por um edital de produção cultural e recebemos prêmio por trajetória
cultural. Os critérios de seleção são incoerentes com o setor e há equívocos fundamentais
em relação à Lei Paulo Gustavo, como a retenção de impostos, por exemplo. Também, não
podemos deixar de mencionar o descaso que a Prefeitura tem com sua Fundação de
Cultura. As Comissões deveriam ser composta por diversos órgãos do executivo, mas a
maioria deles não participa das reuniões, sendo frequentemente provocado sem sucesso
pela Presidência da Fundação.
Para que tenhamos políticas públicas condizentes com a cultura da cidade é necessário que
haja o mapeamento do setor cultural, por meio de um sistema de indicadores. Foram
inúmeros os ofícios pedindo celeridade na implementação do Sistema Municipal de
Indicadores e Informações Culturais. Segundo o Plano Municipal de Cultura, esse sistema
deveria ter sido implementado até 2017, e até hoje, ele não existe. O Sistema de indicadores
e Informações Culturais é fundamental para que as políticas públicas sejam coerentes com o
setor cultural de nossa cidade. Sem ele, as políticas são feitas de maneira cega.
É preciso dizer que a maioria dos setores culturais que integram o Conselho realizam seus
próprios indicadores para tentar mitigar a falta de informação sobre a cultura da cidade, mas
até esses são ignorados pela nossa Prefeitura e a Fundação.
O Plano de Cultura prevê que haja ações de formação continuada para gestores,
administradores, técnicos e produtores culturais. Normalmente essas ações são realizadas
pelo Conselho, sem apoio da Fundação. É necessário que agentes culturais participem de
formações em política cultural tanto para conhecerem seus direitos, como para atuarem de
maneira satisfatória junto à Prefeitura.
Para concluir, é importante expressar que o descaso com a cultura não parte exatamente da
Fundação Franklin Cascaes, mas das gestões da Prefeitura que não têm verdadeiro
compromisso ou interesse em promover o setor cultural, ignorando expressamente que este
setor é importante gerador de trabalho e renda. Estudos comprovam que o setor cultural
gera 3 vezes mais renda do que as montadoras, e que as atividades da economia criativa
movimenta mais de 3% do PIB brasileiro.
Neste momento que iniciamos a 10° Conferência Municipal de Cultura de nossa cidade,
nosso empenho é na correção da rota das ações dos órgãos públicos dirigidas para o setor
cultural. Nosso objetivo é criar as condições necessárias para o florescimento do setor
cultural de Florianópolis, de maneira a permitir a garantia constitucional do direito à cultura
de todas as pessoas que aqui vivem, bem como consolidar a democracia em nosso país!
Desejamos uma ótima conferência a todos!