Apostila de Filosofia 6 Ano - Compress
Apostila de Filosofia 6 Ano - Compress
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FILOSOFIA
Organização:
Prof. José Claudemir Borges
O que é Filosofia?
Capítulo 1
Capítulo 2
A filosofia, como a entendemos Tales, Pitágoras, Heráclito e
hoje, tem seu início no século VI Xe- nófanes que, na época,
a.C., na Grécia Antiga. O concen- travam seus esforços
nascimen- to da filosofia pode ser em tentar responder
entendido como o surgimento de racionalmente às
uma nova ordem do pensamento, questões da realidade
comple- mentar ao mito, que era humana. Numa época em que
a forma de pensar dos gregos. pratica- mente tudo era
Uma visão de mundo que se explicado atra- vés da
formou de um con- junto de mitologia e da ação dos
narrativas contadas de ge- deuses, esses pensadores
ração a ge- bus- cavam, em pensamentos
ração por lógi- cos e racionais, explicar
séculos e qual a fundamentação e a
que trans- utilidade dos valores morais na
mitiam aos socieda- de da época.
jovens a Também queriam identificar as
experiência características do
dos an- conhecimento puro, as origens
ciãos. Essa das coisas e dos fatos e
passagem outras indagações que surgiam
no entanto, confor- me o caminhar
ocorreu durante um longo intelectual da época.
processo histórico. Poderia ter Numa época em
surgido em qualquer lugar, mas que praticamen-
naquele mo- mento da história te.
diversas coisas ocorriam para que Hi s t o r i c a
ali fosse seu co- meço. - mente, a
A Grécia Antiga vivia um Filoso- fia como
momen- to de auge de sua cultura. conhe- cimento
O comér- cio com outros povos se inici- ou com
trouxe conhe- cimento. A Tales de Mileto,
produção artística era muito ativa. o primei- ro
Havia os jogos olímpi- cos. A filosofo oci-
linguagem, moeda e tecnolo- gia dental que bus-
(de arquitetura e militar) tam- bém cou explicar a (624 a 546 a.C)
marcaram esse período. existência por
Os primeiros pensadores a se- meio de um
principio único.
Tales de Mileto
rem chamados de filósofos foram Considerado o primeiro Filosofo
Grego, afirmava que a origem de
todas as coisas era a água.
2.1. Condições históricas para o aos gregos uma situação
surgimento da Filosofia financei- ra mais igualitária, o
A filosofia não surgiu de uma prestígio soci- al que antes era
benefício de ape-
dia para o outro, o pensamento nas algumas famílias diminuiu,
filosófico é resultado de um pro- assim como o prestígio que deti-
cesso gestado ao longo dos nham. As artes ganharam
tem- pos. patroci- nadores, estimulando
Vejamos agora alguns dos assim o sur- gimento de novos
fato- res que contribuíram para o artistas.
surgi- mento da filosofia. Invenção da escrita alfabética
Invenção do calendário - - O uso do alfabeto fez com que
Os gregos aprende- os gregos se expressassem de
ram que era forma mais clara, colaborando
para
que suas ideias fossem me-
possível contar lhor compreendidas e difundi-
o tempo das das pelo mundo afora, levan-
es-
tações do ano, do a sabedoria as pessoas.
definindo quan- Invenção da política - Com
do e de que a invenção da politica
for- ma surgiram novas fontes de
aconteciam informação, a
as mudanças lei passou a abranger muitas
do
clima e do dia, outras coisas e chegou até as
notando que o pessoas, criou-se uma área
tempo passava por transforma- pública vol-
ções espontaneamente e não tada para
por intervenções divinas. discursos e
Invenção da moeda - Os debates, lo-
gre- gos aprenderam a arte cal no qual
de negociar, não mais se os gregos
efe- tuava a venda de uma debatiam e
mer- cadoria propagavam
aceitando como suas ideias
pagamento a troca por mer- a respeito
cadoria semelhante, o paga- da política. A política estimula um discurso que
mento tornou-se monetário, ou procura ser público, ensinado,
transmitido, comunicado e
seja, a moeda substituiu o poder discutido.
de troca.
Surgimento da vida urbana -
O desenvolvimento da cidade
trouxe
LEITURA COMPLEMENTAR
A filosofia nasceu do espanto
Certo dia um menino chamado Saber abriu os olhos e viu que
a Terra era um pequeno planeta, perdido na imensidão do caos.
O pequeno filósofo passou, então, a contemplar os pequenos
seres que Deus havia criado com tanta paixão. E admirando-se,
então, das coisas estranhas à sua volta, começou a formular as
mais variadas perguntas:
OBSERVATÓRIO
-Por que os astros se movimentam?
-O que é o ser?
-Quem é o homem?
-Qual o sentido da vida?
Ao nos concentrarmos nas perguntas formuladas pelo
pequeno sábio, vemos que não podem ser respondidas
cientificamente, o que as tornam perguntas irrespondíveis.
Portanto, o estado de admiração diante das novas e que o
pe- queno sábio não consegue compreender, chamamos aquilo
de es- panto.
O espanto, pois, é o inicio do filosofar. E o filósofo, por sua vez,
é um perito na arte de espantar-se.
A filosofia nasceu da admiração dos gregos diante daquilo
que não compreendiam.
E porquê o espanto? Porque é este sentimento de
admiração, que o Homem experimenta ao confrontar-se com as
coisas e os acontecimentos, que determina o aparecimento de
interrogações. Do espanto nasce a interrogação, característica
essencial da atitu- de filosófica. Possuidor de espírito critico, o
filosofo é assaltado pela dúvida, pois sabe que o habitual e o
que pensa conhecer, po- de não ser mais do que uma ilusão. É
por isso que o que a muitos de nós parece óbvio continua a ser
problemático para o filósofo, continua a espantá-lo e a dar
origem a questões que se renovam constantemente.
5. Quem foi o primeiro filósofo a ver a filosofia como uma forma de conhecimen-
to?
MITO FILOSOFIA
- Narra a origem através de genea- logias - Explica a produção natural das coi- sas
e rivalidades ou alianças entre forças por elementos e causas naturais e
divinas sobrenaturais e personalizadas impessoais (céu, mar e terra).
(Urano, Ponto e Gaia);
- Não se importa com contradi- ções, - Não admite contradições, fabula- ção e
com o fabuloso e o incom- preensível; a coisas incompreensíveis; exige explicação
autoridade é posta na confiança coerente, lógica e racio- nal; autoridade:
religiosa no narra- vem da razão
A visão mitológica dos Gregos
Capítulo 4
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Capítulo 5
O mito no mundo atual
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5.1. A permanência do mito reflexivos, pois assim não há ne-
Se a pergunta inicial era se cessidade de criticar ou
ain- da existe mito no mundo de questioná- los. Analisando as
hoje, podemos afirmar com toda manifestações coletivas do
a cer- teza que sim, ele existe, cotidiano do brasilei- ro, percebe-
por meio das crenças, temores se componentes míti- cos no
e desejos, mas o mito não tem carnaval e no futebol, am- bos
tanto poder quanto tinha manifestações do imaginário
antigamente, pois com o nacional e da expansão de
pensamento crítico racional o forças inconscientes.
indivíduo é capaz de encontrar Portanto podemos afirmar que o
explicações mais lógicas para mito não reduz a simples len-
os se
acontecimentos. das, mas faz parte da vida huma-
Os mitos de na desde seus primórdios e
hoje podem ser ainda persiste no nosso cotidiano
divi- didos em como uma das experiências
mitos possíveis do existir humano,
autênticos e em expressas por meio das
mitos fabricados cr e n ça s
pelos meios de , dos temo-
comunicação res e dos
de massa e desejos.
pela mídia. No en-
Atualmente per- tanto o mi-
sistem os mitos autênticos que to não apa-
são derivados das mesmas rece com
neces- sidades de propiciar o mesma for-
bem e afas- tar o mal e são ça que
exemplares, fazem parte da vida anti- ga m e
e podem ser vividos por todos n t e,
os indivíduos de uma porque o
comunidade. Os exemplos mais
comuns em nossa sociedade exercício da critica racional nos
são:
Ano-novo, Baile de 15 anos, permite validá-los ou negá-los
Casa- mento, entre outros. Hoje quando nos desumanizam.
na soci- edade são criados
mitos de ma- neira que possam
ser entendidos por todos sem
maiores esforços
Imaginação, Fantasia e Filosofia
Capítulo 6
De origem no latim imagina-
tem como função produzir a
tióne, que significa imagem,
apa- rência e produz erros no
a imaginação é a representação espírito. Segundo Descartes, é
da realidade ou dos objetos e
necessário romper com a
não a coisa em si.
aparência ilusória das coisas
que nos surgem pelas imagens.
Por outro lado, Kant fez da
ima- ginação transcendental a
condi- ção primeira de todos os
pensa- mentos, isto porque
considerou que a imaginação é
a faculdade das imagens e,
como tal, pode intervir na
sensação onde a ima- gem se
produz e na memória on- de se
repro-
A imaginação enquanto duz. Por últi-
produ- ção de representações mo, segundo
pressupõe uma atividade do Bachelard, a
espírito. É a ca- pacidade de imaginação
criar imagens men- tais e poder é a faculda-
pensar além da pró- pria de de inven-
realidade, inovando-a ção e de re-
A imaginação permite ao ser
novação.
humano conceber um mundo O homem
imaginário. É assim uma é um ser
imagina- ção produtora e que imaginário,
pode enri- quecer o nosso pois ele é capaz de inventar o
espírito, já que é a no- vo a partir de sua
representação de uma realida- imaginação cri- adora.
de ausente, mas que permite a
existência da liberdade do
espíri- to.
Na corrente inspirada por
Des- cartes e Espinosa, a
imaginação
6.1. A Imaginação criadora e ra.
re- A imaginação criadora, é a que
produtora
A tradição filosófica sempre inventa ou cria algo novo nas
deu prioridade à imaginação artes, nas ciências, nas técnicas e
reproduto- ra, considerada como na Filo- sofia. Aqui, combinam-se
um resíduo elementos afetivos, intelectuais e
do objeto percebido culturais que preparam as con-
que permanece retido dições para que
em nossa consciência. algo novo seja
A imagem seria um criado e que só
ras- tro ou um vestígio existia, primeiro,
dei- xado pela como imagem
percepção. A futura ou como
imaginação po s si b i l i d a d
reprodutora é aquela e aberta. A
que reproduz imagens imagi- nação
anteriormente criadora pede
percebidas. Apesar de auxílio à
utilizar nossas percepção, à
experiên- cias me-
adquiridas a imagi- mória, às ideias existentes, à
nação reprodutora não imagi- nação reprodutora e
se situa no tempo, evocadora pa-
pois
é capaz de reproduzir imagens
rela-
tiva ao passado, a o presente ao ra cumprir-se como criação ou in-
futuro. venção.
Por exemplo, se neste capacidade de
momento você fechar os olhos, reassentar objetos
poderá imagi- nar a sala de aula, pelo pensamento,
as carteiras os colegas que estão por isso só ele é
com você ou se- ja imagem seria capaz de usar a
a coisa atual per- cebida quando imaginação criado-
ausente. Seria uma percepção
enfraquecida, que, asso- ciada a
outras, formaria as ideias no
pensa-
mento.
Quando a
ima gin ação
reprodutora
chega a fazer
parte de nos-
sas relações
cotidianas,
nos faz acre-
ditar na pre-
sença do ob-
jeto represen-
tado, como
acontece nas
alucinações e nos sonhos.
Mas o que seria a imaginação
criadora?
O homem é o único que tem a
Ela é pois uma maneira complexa
de se apresentar a atividade consci- ente,
combinando assim, certos ele- mentos que são
armazenados pela imaginação reprodutora, com
os quais realiza sínteses imaginativas
inteiramente nova.
Quando a criança representa ob-
jetos pelo p e n s a - m e
n t o , ela cria um mun-
do de fan- tasia. O
homem é um ser eu
vive sem- pre imagi- n a
n d o , por isso, vive
sem- pre crian-
do fantasias.
O homem é a medida de todas as coisas
Capítulo 7
Mas o que é o homem? O que cultura fazendo com que a lingua-
o diferencia dos outros seres? gem se torne o seu único meio de
Esta problemática surgechegar a qualquer objetivo por ele
basicamente a partir de três desejado, aliás, é até justo afirmar
fatores: o homem é capaz de que o homem é a própria
observar os fenômenos que o linguagem. Pois, uma vez
envolvem; sente-se ameaça- do que ele planeja
de extinção por alguns destes qualquer objetivo a
fenômenos; questiona-se sobre o alcançar ele usa da
aparente absurdo do própria exis-própria linguagem para
tência. desenvolver esse plano,
Então, o que é o homem? O que passa pela
ho- mem é o único ser capaz de inteligência, a atividade
fazer perguntas. Todos os demais de desenvolver esse
seres não se colocam este pla- no, e que vai dar
problema. Es- tão submetidos às razão ao
leis e fenôme- nos e não tem a desenvolvimento de seu
capacidade de se perguntar por próprio plano.
sua essência ou pe- las razões Por meio do pensa-
de sua existência. mento o homem é
O homem pergunta pelo seu capaz de voar para
pró- prio ser. Quer compreender lugares dis-
e ter consciência de si. Mas tantes ou planejar um futuro me-
identifica também sualhor, a partir dos erros e acertos
incapacidade de se compreender do presente.
de modo total. Seu conhecimento Assim, diferentemente dos ou-
sobre si é limitado e parcial. Notros animais os homens não são
entanto está inquieto, deve exporapenas seres biológicos
para si mesmo as ra- zões de seu produzidos pela natureza. Os
existir. homens são tam- bém seres
culturais que modificam o estado
7.1 O homem é um ser que
de natureza, isto é, o mo- do de
pen- sa!
ser, a condição natural das
O homem é o único ser que
coisas, definida pela natureza.
pen- sa, deseja e se comunica.
Sendo pois um ser racional ele é
capaz de construir o mundo e
fazer história uma vez que o é
dono da razão e da inteligência,
ele se apossa da
Linguagem e comunicação
Capítulo 9
Capítulo 9
Capítulo 10
Contato Humano
Pernas
Deus
O próximo a quem amar
Capítulo 11
Capítulo 12
Por meio de perguntas Sócrates Mas viver bem para Sócrates não
questionava as pessoas em praça era viver dos prazeres e da
pú- blica e ali discutia os mais ociosidade, mas viver da
diversos assuntos: O que é o bem? contemplação
O que é a justiça? O que é a do conhecimen-
virtude? Toda sua filosofia estava a to e do cuidado
serviço do conheci- mento do de si. Por toda
homem e de sua vida moral. parte Sócrates
Seu espiritualismo afirmava-se no ia persuadindo
“conheça-te a ti mesmo”. Essa a todos, jovens
mensa- gem estava escrita no tem- e velhos, a não
plo de Apolo. O conheci- se pr e o c u pa r
mento de si mesmo impli- e m
cava o conhecimento de exclusivamente,
nossas ações, de nossos e nem tão ar-
desejos e de nossa vida de n t e m e n t e
moral. Para ele, a , com o corpo, a
sabedo- ria consistia em beleza e a
vencer a si mesmo e a rique- za.
ignorância em ser Dizia que devemos nos preocupar
vencido por si mesmo. mais com a alma para que ela seja
Sua indagação principal quanto possível melhor. Ele
era sobre “a justa vida” e identifica- va a virtude com o
o “viver bem”. Uma vez conhecimento. Afir- ma que ninguém
lhe perguntaram qual lhe faz o mal porque quer, mas por
pare- ignorância. Ninguém erra
cia a melhor tarefa para o homem. voluntariamente. Somente o igno-
Ele sem rodeios respondeu: viver
bem.
rante não é virtuoso. Todo homem determi- nadas
que conhece o bem é virtuoso. Ser renúncias e
virtuoso para Sócrates é conhecer purificações, das
as causas e o fim das ações quais Sócrates é
permitindo uma vida moral e um exemplo.
virtuosa em dire-
ção a ideia de
bem. Por isso,
ele defendia a
ideia de que a
melhor forma de
se viver era
cultivando o
próprio
desenvol-
vimento ao invés
de buscar os
pra- zeres e os
bens materiais.
É necessário se
conhecer melhor para ser feliz.
“Conheça-te a ti mesmo”, essa
frase emblemática é o fundamento
de toda felicidade aqui na terra.
Sócrates aconselhava seus
discípulos a se au- toconhecerem,
pois somente assim as pessoas
sairiam da caverna, das trevas de
seus espíritos para alcan- çarem a
luz, a verdade e a felicidade.
Quando nos conhecemos
dificilmente agimos por impulso,
dificilmente so- mos domina-
dos por nos-
sas paixões,
mais resolvi-
dos e deter-
minados so-
mos em
nos- sos
objeti- vos.
Conhe- cer
a si mes-
mo significa-
va que
deve- mos
nos ocu-
par menos com as coisas desse mun-
do, como riquezas, fama e poder, e
nos preocuparmos mais com o
culti- vo de si, cultivando o
conhecimento para contemplar o
bem, o belo e a verdade.
12.1 Como ter acesso a verdade
Para se ter acesso à verdade,
con- tudo, não é um ato puramente
inte- lectual. Ela exige, por vezes,
Sócrates dizia ter recebido a missão de exortar os
atenienses, fossem eles velhos ou jovens, a deixarem
de cui- dar das coisas, passando a cuidar de si
mesmos. Tal atitude o fez dedicar- se inteiramente à
filosofia e à prática dialógica (uma forma especial de
diá- logo, denominada maiêutica) por meio da qual ele
fazia com que seu interlocutor percebesse as inconsis-
tências de seu discurso e se autocorri- gisse.
A atitude de Sócrates questionava os valores da
sociedade ateniense, razão pela qual seus inimigos o
leva- ram ao tribunal, onde foi julgado e condenado à
morte. Sua morte, po- rém, não impediu que a questão
do cuidado de si se tornasse um tema central na
filosofia durante mais de mil anos - e chegasse a
influenciar alguns filósofos modernos e contem-
porâneos.
A questão central do cuidado de si é que jamais se
tem acesso à verdade sem uma experiência de
purificação, de meditação, de exame de consciên- cia -
enfim, através de determinados
exercícios espiritu- ais capazes de
transfigurar nosso próprio ser.
Capítulo 13