Treinamento Auditivo para Transtorno Do Processame
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RESUMO
Objetivo: verificar a eficácia de um programa informal de treinamento auditivo específico para trans-
tornos do Processamento Auditivo, em um grupo de pacientes com esta alteração, por meio da com-
paração de pré e pós-testes. Métodos: participaram deste estudo 10 indivíduos de ambos os sexos,
da faixa etária entre sete e 20 anos. Todos realizaram avaliação audiológica completa e do proces-
samento auditivo (testes: Fala com Ruído, Sttagered Spondaic Word – SSW, Dicótico de Dígitos,
Padrão de Frequência). Após 10 sessões individuais de treinamento auditivo, nas quais foram tra-
balhadas diretamente as habilidades auditivas alteradas, a avaliação do processamento auditivo foi
refeita. Resultados: as porcentagens médias de acertos nas situações pré e pós-treinamento auditivo
demonstraram diferenças estatisticamente significantes em todos os testes realizados. Conclusão:
o programa de treinamento auditivo informal empregado mostrou-se eficaz em um grupo de pacien-
tes com transtorno do processamento auditivo, uma vez que determinou diferença estatisticamente
significante entre o desempenho pré e pós-testes na avaliação do processamento auditivo, indicando
melhora das habilidades auditivas alteradas.
escrita, bem como de aprendizagem. Em revisão Foram aplicados os seguintes testes: Fala com
feita sobre o assunto 9 muitos destes programas Ruído, para avaliar principalmente a habilidade de
foram descritos, sendo que alguns são mais eclé- fechamento auditivo; o Sttagered Spondaic Word
ticos e trabalham diversas habilidades auditivas, (SSW), para avaliar as habilidades de análise e
enquanto outros se fixam numa determinada forma síntese, memória, figura-fundo para sons linguísti-
de treino. No que se refere ainda aos programas cos, associação som-símbolo; e o Dicótico de Dígi-
de treinamento auditivo, alguns autores 2 afirma- tos (etapa de integração), que avalia figura-fundo
ram que geralmente incorporam uma programação para sons linguísticos e integração binaural 19. Foi
de treinamento intensivo e estímulos específicos aplicado também o Teste de Padrão de Frequên-
para atingir um determinado alvo, usando técnicas cia (TPF), o qual avalia principalmente a habilidade
adaptadas para rapidamente melhorar o proces- de ordenação temporal e discriminação de padrões
samento auditivo. Outra autora 4 acrescentou que sonoros 20.
existem dois tipos básicos de treinamento auditivo: Os critérios de referência para normalidade das
o formal, no qual um equipamento eletroacústico e/ habilidades auditivas avaliadas nos testes utiliza-
ou programas de computadores são utilizados, e o dos foram 19,20:
informal, no qual o treinamento é realizado em casa – Teste de Fala com ruído (relação sinal-ruído +5
com os pais ou na escola com os professores, em dB) – acertos superiores a 70% em ambas as
virtude da não disponibilidade de equipamentos orelhas;
sofisticados. – SSW – para a condição direita competitiva (DC):
O objetivo do presente estudo foi verificar a 7 anos (75% de acertos); 8 anos (80% de acer-
eficácia de um programa informal de treinamento tos) e 9 anos em diante (90% de acertos). Para
auditivo específico para transtornos do Processa- a condição esquerda competitiva (EC): 7 anos
mento Auditivo, em um grupo de pacientes com (65% de acertos); 8 anos (75% de acertos) e 9
esta alteração, por meio da comparação de pré e anos em diante (90% de acertos);
pós-testes. – Dicótico de Dígitos (Integração binaural) – 7 a
8 anos (orelha direita – 85% de acertos; orelha
MÉTODOS esquerda – 82%); 9 anos ou mais (95% de acer-
tos em ambas as orelhas);
Este estudo foi do tipo transversal prospectivo. – TPF versão infantil – 7 a 8 anos (76% de acer-
Participaram 10 indivíduos que foram atendidos na tos); 8 a 10 (91% de acertos);
Clínica de Fonoaudiologia da Universidade Guaru- – TPF versão adulta – 9 a 10 anos (91% de acer-
lhos (UnG). O grupo foi composto por oito partici- tos); acima de 11 anos (96% de acertos).
pantes do sexo masculino e dois do feminino, sendo Após a primeira etapa de avaliação, os pacientes
que: três tinham sete anos, dois tinham oito anos, passaram a ser atendidos durante dez semanas, em
dois tinham nove anos, um participante tinha 11, sessões semanais individuais de aproximadamente
um 15 anos e um 20 anos. Os participantes serão 50 minutos, em salas de terapia comuns. Todas as
citados por número de 1 a 10, distribuídos por faixa sessões foram previamente planejadas, de acordo
etária de forma crescente. com as habilidades auditivas alteradas na avaliação
Todos os participantes foram autorizados por do processamento auditivo. O programa será mais
seus pais para participar do estudo, pela assinatura bem detalhado a seguir.
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. No final das dez sessões de atendimento fono-
Os critérios de seleção da amostra foram: ava- audiológico, todos os pacientes foram reavaliados
liação audiológica básica dentro dos limites da nor- por meio dos mesmos testes feitos no início do
malidade; sem queixas e história atuais de afec- processo.
ções do sistema auditivo; apresentar a avaliação do
Processamento Auditivo alterada. Descrição do Programa
Inicialmente, todos os pacientes passaram por de Treinamento Auditivo
avaliação audiológica básica (imitanciometria, O programa utilizado 21 foi organizado com base
audiometria tonal limiar e logoaudiometria) para em estudos de diversos autores, incluindo algumas
que qualquer alteração de sistema auditivo perifé- técnicas inicialmente utilizadas para treinamento
rico fosse descartada. auditivo de pacientes surdos e outras desenvolvi-
Em seguida, realizaram avaliação comporta- das para transtornos do processamento auditivo,
mental do processamento auditivo aplicado por bem como orientações para melhora do ambiente
meio do audiômetro Interacoustic AC 40 acoplado a acústico e de estratégias de comunicação 8,22-25.
um CD player da marca Sony. Foram aplicados dois Basicamente, o primeiro passo do programa
testes monóticos e dois dicóticos 19,20. requer que as habilidades alteradas sejam hierar-
Tabela 1 – Média, desvio-padrão (DP) e p-valor referentes às porcentagens de acertos pré e pós-
treinamento auditivo para cada teste da avaliação de processamento auditivo
Figura 1 – Porcentagem de acertos pré e pós- Figura 2 – Porcentagem de acertos pré e pós-
treinamento auditivo para cada participante treinamento auditivo para cada participante
(Teste Fala com ruído – FR; OD – orelha direita; (Teste Dicótico de Dígitos – DG; OD – orelha
OE – orelha esquerda) direita; OE – orelha esquerda)
Figura 3 – Porcentagem de acertos pré e pós- Figura 4 – Porcentagem de acertos pré e pós-
treinamento auditivo para cada participante treinamento auditivo para cada participante
(Teste SSW; DC – condição direita competitiva; (Teste de padrão de frequência – TPF; OD –
EC – condição esquerda competitiva) orelha direita; OE – orelha esquerda)
ele foi alcançado, uma vez que houve diferença eletrofisiológicos, o que direcionará a atuação do
estatisticamente significante entre o pré e pós- profissional responsável, bem como poderá ser-
teste, evidenciando que todos os indivíduos tive- vir como estratégia motivacional para o próprio
ram melhora significativa das habilidades auditivas paciente 4,8-10,26.
trabalhadas, como também verificado em outros
estudos 2,7,9,13,26,27,29.
CONCLUSÃO
A importância do treinamento auditivo nos trans-
tornos do processamento auditivo não pode ser
negada e uma intervenção rápida nestas alterações O programa de treinamento auditivo informal
é necessária, como forma de minimizar os prejuízos mostrou-se eficaz em um grupo de pacientes com
comunicativos, escolares e sociais que podem apa- transtorno do processamento auditivo, uma vez que
recer em decorrência destas alterações 1-3. determinou diferenças estatisticamente significan-
Adicionalmente, é fundamental que a inter- tes entre o desempenho pré e pós-teste na avalia-
venção terapêutica seja monitorada por meio de ção do processamento auditivo, indicando melhora
pré e pós-testes, sejam eles comportamentais ou das habilidades auditivas alteradas.
ABSTRACT
Purpose: to check the auditory training efficacy in patients with (central) auditory processing disorder,
by comparing pre and post results. Methods: ten male and female subjects, from 7 to 20-year old,
took part in this study. All participants were submitted to audiological and (central) auditory processing
evaluations, which included Speech Recognition under in Noise, Staggered Spondaic Word, Dichotic
Digits and Frequency Pattern Discrimination tests. Evaluation was carried out after 10 auditory training
sessions. Results: statistical differences were verified comparing pre and post results concerning the
mean percentage for all tests. Conclusion: the informal auditory training program used showed to
be efficient for patients with (central) auditory processing disorder considering the patients significant
improvement in all post test results.
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