Apostila 09
Apostila 09
Apostila 09
Apostila 09
Estudo sobre o Ecumenismo, com 23 paginas, dividida em 08 partes sobre a Teologia sobre o
Ecumenismo:
Parte I
Ecumenismo Religioso
É a tentativa de aproximar as grandes diferentes religiões do mundo. Essa aproximação
vai desde cooperação em missões e ação social e política, até união e fusão de credos. A
iniciativa tem sido principalmente de órgãos protestantes. maior deles é o Concílio
Mundial de Igrejas (CMI). A filosofia que permite o CMI fazer esta tentativa é o pluralismo.
Como o nome já indica, essa filosofia defende a pluralidade da verdade, ou seja, que não
existe uma verdade absoluta, mas sim verdades diferentes para cada pessoa. Esse
conceito é ambíguo, mas definitivamente já faz parte integrante da nossa cultura
presente. Ele acredita que seja possível o relacionamento de pessoas com crenças e
ideologias diferentes, sem que um tenha de sujeitar suas convicções ao domínio do outro.
A idéia de converter alguém às suas próprias convicções é politicamente incorreto. A
chave está na valorização da negociação e da cooperação em lugar de se tentar provar
que se está certo ou errado.
Uma consulta teológica sobre a salvação na Suíça patrocinada pelo CMI, composta por
Em algumas denominações o pluralismo tem sido proposto como filosofia oficial, como na
Igreja Metodista Unida, dos Estados Unidos.
No momento, o ecumenismo religioso não vai indo bem. No último encontro do CMI, o
assunto progrediu quase nada. O que agora estão pensando é cooperação em áreas
sociais apenas, enquanto que cada religião mantém sua individualidade. Parece que o
sonho de uma religião mundial única está acabando.
Ecumenismo Cristão
Este tipo de ecumenismo tenta a aproximação entre os grandes ramos da cristandade, ou
seja, a Igreja Católica, a Igreja protestante, e a Ortodoxa, e entre os diversos ramos
protestantes entre si. Algum progresso existe. A liderança da Igreja Episcopal e da Igreja
luterana Evangélica na América concordou, depois de duas décadas de negociar, darem
comunhão entre si, reconhecer os cleros e ordenar bispos em conjunto. Cada grupo
retém sua autonomia. A liderança de oito denominações protestantes alcançaram acordo
preliminar sobre as suas igrejas, formando uma "comunhão de convenção" na qual cada
denominação iria, embora ainda autônoma, aceitar os ministros e sacramentos dos
outros.
Ecumenismo Evangélico
Parte II
O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VIII
Todos os não católicos do planeta foram representados pelos Sérvios Ortodoxos da
Croácia, cujos nomes estão escritos com letras maiúsculas na história da Iugoslávia.
Incluem-se também nessa avaliação os mártires do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição).
Entre eles e os protestantes de hoje e de ontem há algo em comum: rejeitamos a Igreja
Católica como único caminho de salvação, como detentora do monopólio da salvação,
única e verdadeira Igreja de Cristo. Não se trata de algum tipo de agressão, mas de um
direito que temos de escolher. A ICAR exerce o mesmo direito quando rejeita as
comunidades protestantes, alegando que estas não são guardiãs da verdade cristã e que
estão alijadas do Corpo de Cristo. Esta formal e indisfarçável agressão aos “irmãos
separados” constitui um obstáculo insuperável à plena realização do ecumenismo cristão.
O esforço ecumênico poderá continuar por muitas décadas, apesar da Dominus Iesus,
apesar dos mártires. Porém, por unanimidade de opinião, os passos serão sempre lentos,
cautelosos e difíceis. (13.05.2003)
Parte III
O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VII
INQUISIÇÃO NA CROÁCIA
É muito comum referirmo-nos aos dez séculos de Inquisição – a Idade das Trevas - como
a única e mais cruel máquina de extermínio de não católicos e de conversão forçada, em
que acatólicos foram perseguidos, torturados e mortos. Recordemos que passados mais
de duzentos anos do famigerado Santo Ofício milhares de não católicos foram dizimados
na Croácia – os Sérvios Ortodoxos – sob a aquiescência e omissão da Hierarquia
Católica. Ali esteve em operação o espírito da Inquisição. “A magnitude da carnificina
pode ser melhor avaliada pelo fato de que dentro dos primeiros meses, de abril a junho
de 1941, 120.000 pessoas pereceram. Proporcionalmente, à sua duração e a pequenez
do território, foi este o maior massacre já acontecido em qualquer lugar no ocidente,
antes, durante e após o maior cataclisma do século – a II Guerra Mundial (The Vatican´s
Holocaust – Avro Manhattan (1914-1990), 1986.
“Este é um registro das torturas e assassinatos cometidos na Europa entre 1941/43, pelo
exército de ativistas católicos, conhecido como Ustashi [organização terrorista], liderado
por monges e padres e do qual até mesmo freiras participaram. As vítimas sofreram e
morreram por causa da liberdade de consciência. O mínimo que podemos fazer é ler os
registros de seus sofrimentos e guardar na lembrança o que aconteceu, não na Idade
Média, mas na nossa própria geração iluminada. Ustashi é outro nome da Ação Católica”.
“Naquele mesmo dia, os jornais de Zagreb [capital] veicularam anúncios com o objetivo
de que todos os residentes ortodoxos sérvios do novo Estado Católico deveriam evacuar
a cidade dentro de 12 horas; e qualquer que colaborasse com um Ortodoxo seria
imediatamente executado.
No dia 13 de abril, Ante Pavelic, governante do Novo Estado, chegou a Zagreb
procedente da Itália. No dia seguinte, o arcebispo Stepinac foi encontrá-lo pessoalmente
e o congratulou pelo cumprimento da obra de sua vida. Qual era a obra da vida de
Pavelic? A criação da tirania fascista mais impiedosa de todos os tempos para desonrar a
Europa”.
A História revela que a conexão Igreja-Estado sempre produziu uma máquina poderosa,
pronta para cercear a liberdade de consciência. Em 28.06.1941, o Arcebispo Stepinac
abençoou e aprovou o novo governo com as seguintes palavras: “Enquanto o saudamos
cordialmente como Chefe do Estado Independente da Croácia, imploramos ao Senhor
dos Astros que lhe dê as bênçãos divinas como líder do nosso povo”. Pavelic, o novo
líder, “era o mesmo homem sentenciado à morte por assassinatos políticos; uma vez
pelos tribunais iugoslavos, pela morte do Rei Alexandre I, e outra, pelos franceses, pela
morte do Ministro Francês do Exterior, Barthou”.
O Vaticano ficou mais vinculado ainda ao Novo Estado Fascista quando membros da
Hierarquia Católica foram eleitos para o SABOR (parlamento totalitarista), dentre eles o
Arcebispo Stepinac. Avro Manhattan revela que “todos os oponentes em potencial –
comunistas, socialistas, liberais - foram banidos ou aprisionados. Uniões comerciais
foram abolidas, a imprensa foi paralisada, a liberdade da fala, de expressão e
pensamento tornaram-se coisa do passado. Todo esforço foi feito no sentido de forçar a
juventude a se filiar às formações para-militares, enquanto as crianças eram moldadas
pelos padres e freiras. O ensino católico, os objetivos católicos, e os dogmas católicos
tornaram-se compulsórios em todas as escolas. O Catolicismo foi proclamado como
religião oficial do Estado”.
A participação da Igreja Católica no novo Estado torna-se ainda mais evidente quando
sabemos que “o primeiro Comandante Ustashi no Distrito de Udbina foi o frade
franciscano Mate Mogus. No comício de 13.06.41, em Udbina, ele fez esta homilia: `olhai,
povo, para estes dezesseis bravos Ustashis, que têm 16.000 balas e matarão 16.000
Sérvios...”; Em Dvor na Uni, o Pe. Anton Djuric, fez um diário de suas atividades, como
funcionário da Ustashi. O diário mostra que sob suas ordens a Ustashi derrubou e
incendiou a Vila de Segestin, onde 150 Sérvios foram assassinados...”.
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Não é válido defender Stepinac com a alegação de que ele pretendia defender a
Iugoslávia do comunismo, a julgar que o nazismo seria algo um pouco melhor. Nada
justifica o apoio irrestrito ao sanguinário governo de Pavelic.
CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO
Leiam o que está escrito em “O Holocausto do Vaticano”:
“Os representantes da única `Igreja verdadeira´ não apenas conheciam tais horrores,
como alguns deles eram autoridades nesses mesmos campos e até haviam sido
condecorados por Ante Pavelic. Como exemplo, temos o Pe. Zvonko Brekalo, do campo
de concentração de Jasenovac, que foi condecorado pelo próprio líder com a “Ordem do
Rei Zvonimir”. O Pe. Grge Blazevitch, assistente do comandante do campo de
Bozanski-Novi; o irmão Tugomire Soldo, organizador do massacre dos Sérvios, em 1941.
E outros mais”. Nesse tempo, estava no comando da Igreja Católica o papa Pio XII
(1876-1958), pontífice de 1939 a 1958.
Tais campos de concentração estavam sob a supervisão direta de Pavelic. Aos ustashis
cumpria enviar para os campos as pessoas não confiáveis, que eram sumariamente
liquidadas. Vejamos apenas uma pequena descrição dos horrores:
BEATIFICAÇÃO
“Há dois anos [1998] João Paulo II beatificou o Arcebispo de Zagreb, Cardeal Alojzije
Stepinac, defensor da "limpeza étnica" implementada pelos católicos croatas nos anos
40, e prepara-se para fazer o mesmo em relação a Pio XII, o papa que pecou por
omissão. Com a palavra Settimia Spizzichino, a única judia romana que sobreviveu a
Auschwitz, depois de ser cobaia de Joseph Mengele:
Sobre o assunto, li na Internet: “Decerto que o Papa pode beatificar e canonizar quem
quiser, mas a beatificação de alguém com um passado no mínimo nebuloso como o
Cardeal Stepinac [elevado a cardeal em 1953] é um insulto à memória de todos os que
foram assassinados pela Ustasha e pelo nazismo”.
Com a derrocada de Hitler, caiu por terra o sonhado Estado Católico da Croácia. Em 11
de outubro de 1946, a Suprema Corte em Zagreb condenou o Arcebispo Stepinac a 16
anos prisão em trabalhos forçados. As principais acusações, conforme consta do
processo, foram: 1) colaboração política com o inimigo e seus agentes; 2) convocação
dos sacerdotes católicos para colaborarem com os traidores, conforme circular distribuída
em 28.04.1941; 3) como presidente da Ação Católica e do congresso dos bispos
influenciou a imprensa católica, que fez propaganda do fascismo, elogiou Hitler e Pavelic,
e deu cobertura a todo o processo. Stepinac saiu da prisão antes do tempo previsto.
Não iremos descer aos detalhes das conversões forçadas de ortodoxos, que, diante do
poder da espada, temendo por sua vida e de seus familiares, submetiam-se aos
humilhantes ritos de iniciação ao catolicismo; também não faremos referência às crianças
órfãs, aos milhares, que foram expatriadas, raptadas e levadas para outros países;
colocadas em orfanatos dirigidos por padres e freiras, rebatizadas com nomes católicos,
crescendo sem o contato com seu grupo étnico e religioso original; não falaremos do
modo sanguinário, feroz e cruel como muitos Sérvios foram torturados e mortos,
enterrados vivos, sangrados, mutilados; das dezenas de templos ortodoxos que foram
destruídos ou transformados em salas destinadas às atividades ligadas ao catolicismo.
Avro Manhattan, em seu minucioso trabalho em The Vatican´s Holocaust, registra à guisa
de conclusão:
“Os massacres da Ustashi, todas as atrocidades cometidas por oficiais católicos, padres
ou monges, faziam parte de um esquema friamente calculado para a total eliminação das
massas ortodoxas, ativa e passivamente resistindo à sua absorção pela Igreja Católica no
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Parte IV
O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - VI
NOTA DA CNBB
“A Presidência e a Comissão Episcopal de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil, em comunhão com o Papa João Paulo II que, no dia 18 de setembro de 2000,
reiterou "ser irrevogável o empenho da Igreja Católica para com o diálogo ecumênico",
por motivo da recente Declaração Dominus Iesus da Congregação para a Doutrina da Fé,
deseja reafirmar o seu compromisso ecumênico”.
A CNBB, que tem compromissos assumidos com a liderança das demais igrejas, com
vistas a um diálogo fraterno, manifestou-se favorável à continuidade desse entendimento.
Destoando das afirmações exclusivistas da Dominus Iesus, trata os fiéis das outras
igrejas como “irmãos no Senhor”. Trata-se de um paradoxo: a CNBB faz parte da
Hierarquia Católica; representa, por dever, o pensamento do Papa e segue as suas
diretrizes. Consideremos, porém, que a CNBB ficou numa situação desconfortável.
Mais uma nota fora do tom está na palavra ameaçadora do bispo Sinésio Bohn, conforme
notícia publicada no início dos anos 90:
O mínimo que podemos dizer dessas palavras é que são arrogantes. Evangelizar, para os
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O romanismo precisa entender que o tempo das conversões forçadas ficou para trás.
Esse tipo de conversão à força da espada só funciona nos governos fascistas, quando
clero e Estado entram em acordo para oprimir, exterminar, coagir e impedir o livre
exercício da liberdade religiosa. Essa força-tarefa funcionou durante mais de mil anos
com a famigerada Inquisição; funcionou nos 500 anos de perseguição sistemática aos
judeus; obteve “êxito” na Iugoslávia (Croácia), durante a Segunda Guerra Mundial, para
deter o avanço da Igreja Ortodoxa; neste massacre colossal, 400 sacerdotes ortodoxos
foram enviados a campos de concentração e 700 foram mortos; vinte e cinco por cento
dos mosteiros e igrejas ortodoxas foram destruídos; em quatro anos (1941/1945) de
massacre, 850.000 membros da Igreja Ortodoxa pereceram, além de 30.000 judeus e
40.000 ciganos; a mesma força-tarefa funcionou no esforço de catolizar o Vietnã do Sul,
quando da perseguição de milhares de budistas, a partir de 1963; funcionou bem no
Equador, em razão da Concordata de 1862, pela qual o catolicismo romano se
estabeleceu como religião estatal, proibido qualquer outro tipo de crença; a força-tarefa
funcionou em 1948 na Colômbia, tempo em que muitos não católicos foram
assassinados, centenas de igrejas evangélicas queimadas e escolas protestantes
fechadas.
Ocorre que o sangue os mártires produziu uma nódoa indelével na memória dos povos.
Embora haja perdão nos corações, a História não pode ser apagada. Centenas de livros
e artigos na internet e nas livrarias expõem a maldita chaga das Cruzadas, da Inquisição
na idade das trevas; da Inquisição na Croácia e no Vietnã do Sul; dos acordos com
governos fascistas. A Igreja Católica já foi julgada pela História. O derradeiro julgamento,
impossível de ser evitado, porque diante dele todo joelho se dobrará, será o do Tribunal
do Grande Trono Branco.
Parte V
O ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - V
Bastaria colocar em pauta o conceito de cristão para que não houvesse qualquer acordo.
Como vimos nos pronunciamentos oficiais do catolicismo, cristão é o que está filiado à
Igreja Católica. Basta preencher a ficha de inscrição, ser batizado e participar dos
sacramentos. Agora, depois de quase uma década, o Vaticano declara que esses irmãos
separados, signatários da Declaração, não são igreja no sentido próprio, e estão em
situação de penúria diante de Deus. Ou seja, estão desgraçados, sem a graça divina. Diz
Dave Hunt:
Detectamos uma tremenda inversão de valores no trato de tais questões. Nós, que
primamos pela verdade bíblica, e que vemos unicamente em Jesus a possibilidade de
salvação, nós é que devemos refletir se podemos considerar como cristã uma religião
que se desfigurou ao longo do tempo como cristianismo autêntico.
Parte VI
ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - IV
"DOMINUS IESUS"
Vejamos fragmentos dessa Declaração assinada pelo Cardeal Joseph Ratzinger, e
referendada pelo Papa João Paulo II em 6.08.2000, que causou surpresa e consternação
a muitos. Abaixo dos tópicos fazemos alguns comentários. Os grifos são nossos:
“A Igreja Católica não rejeita absolutamente nada daquilo que há de verdadeiro e santo
nessas religiões. Considera com sincero respeito esses modos de agir e de viver, esses
preceitos e doutrinas que, embora em muitos pontos estejam em discordância com aquilo
que ela afirma e ensina, muitas vezes reflectem um raio daquela Verdade que ilumina
todos os homens».
“Este diálogo, que faz parte da missão evangelizadora da Igreja, comporta uma atitude de
compreensão e uma relação de recíproco conhecimento e de mútuo enriquecimento, na
obediência à verdade e no respeito da liberdade”.
São declarações que mais adiante ficam anuladas. Como a Igreja Católica poderia se
enriquecer num relacionamento com apóstatas, excomungados hereges, alijados do
Corpo de Cristo? “Respeito à liberdade” soa muito mal diante dos fatos.
“O perene anúncio missionário da Igreja é hoje posto em causa por teorias de índole
relativista, que pretendem justificar o pluralismo religioso, não apenas de facto, mas
também de iure (ou de principio). Daí que se considerem superadas, por exemplo,
verdades como... a mediação salvífica universal da Igreja, a não separação, embora com
distinção, do Reino de Deus, Reino de Cristo e Igreja, a subsistência na Igreja Católica da
única Igreja de Cristo”.
“Na raiz destas afirmações encontram-se certos pressupostos, de natureza tanto filosófica
como teológica, que dificultam a compreensão e a aceitação da verdade revelada... a
tendência, enfim, a ler e interpretar a Sagrada Escritura à margem da Tradição e do
Magistério da Igreja. E o mistério de Jesus Cristo e da Igreja perdem o seu carácter de
verdade absoluta e de universalidade salvífica”.
“Nem sempre se tem presente essa distinção na reflexão hodierna, sendo frequente
identificar a fé teologal, que é aceitação da verdade revelada por Deus Uno e Trino, com
crença nas outras religiões, que é experiência religiosa ainda à procura da verdade
absoluta e ainda carecida do assentimento a Deus que Se revela.”
À medida que a Declaração avança para o final, as palavras vão se tornando mais duras,
diretas e específicas. Se no começo foram ambíguas, certamente para não causar
constrangimentos imediatos, agora elas se revelam sem nenhum receio de declarar o que
a Igreja Católica pensa dos não católicos.
“Os fiéis são obrigados a professar que existe uma continuidade histórica — radicada na
sucessão apostólica — entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja Católica: Esta é a
única Igreja de Cristo”.
“Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste [subsistit in]
na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com
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“Existe portanto uma única Igreja de Cristo, que subsiste na Igreja Católica,
governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. As Igrejas
que, embora não estando em perfeita comunhão com a Igreja Católica, se mantêm
unidas a esta por vínculos estreitíssimos, como são a sucessão apostólica e uma válida
Eucaristia, são verdadeiras Igrejas particulares... Por isso, também nestas Igrejas está
presente e actua a Igreja de Cristo, embora lhes falte a plena comunhão com a Igreja
católica, enquanto não aceitam a doutrina católica do Primado que, por vontade de Deus,
o Bispo de Roma objectivamente tem e exerce sobre toda a Igreja”.
As demais igrejas possuem elementos de santificação, mas não plena, pois lhes falta o
vínculo à Igreja-Mãe, diz a Declaração. Dizer que existem elementos de santificação e de
verdade nas demais igrejas, deixa margem a dúvidas. É uma ambigüidade. O que
significa mesmo possuir elementos de santificação e verdade e não ser Igreja de Cristo,
não ser santa nem verdadeira? As igrejas que mantém estreitíssimos laços com a
“Depositária da Verdade” podem usufruir das benesses da graça divina, porém derivada
da graça revelada à Igreja de Roma. Os acatólicos, diz o Documento, não podem obter
graça sem a intermediação da Igreja tronco, única e verdadeira.
“Os fiéis não podem, por conseguinte, imaginar a Igreja de Cristo como se fosse a soma
— diferenciada e, de certo modo, também unitária — das Igrejas e Comunidades
eclesiais; a Eucaristia e da plena comunhão na Igreja”. Daí a necessidade de manter
unidas estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para todos os
homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação...”.
Não somos igreja, mas podemos batizar, e os batizados são incorporados a Cristo, porém
há necessidade de ingressarem na Igreja Católica para serem salvos. Mais
ambigüidades. Somos ou não somos Corpo de Cristo. Somos ou não somos cristãos.
Somos ou não somos filhos de Deus. A declaração mais estapafúrdia é a de que os
homens precisam da Igreja Católica para salvação.
“Para aqueles que não são formal e visivelmente membros da Igreja, a salvação de Cristo
torna-se acessível em virtude de uma graça que, embora dotada de uma misteriosa
relação com a Igreja, todavia não os introduz formalmente nela, mas ilumina
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"Com efeito, algumas orações e ritos das outras religiões podem assumir um papel de
preparação ao Evangelho... Não se lhes pode porém atribuir a origem divina nem a
eficácia salvífica ex opere operato, própria dos sacramentos cristãos. Se é verdade que
os adeptos das outras religiões podem receber a graça divina, também é verdade que
objectivamente se encontram numa situação gravemente deficitária, se comparada
com a daqueles que na Igreja têm a plenitude dos meios de salvação”.
“A Igreja, com efeito, movida pela caridade e pelo respeito da liberdade, deve
empenhar-se, antes de mais, em anunciar a todos os homens a verdade,
definitivamente revelada pelo Senhor, e em proclamar a necessidade da conversão
a Jesus Cristo e da adesão à Igreja através do Baptismo e dos outros sacramentos,
para participar de modo pleno na comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo”.
Parte VII
ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - III
PALAVRA DA DIOCESE
A Diocese de Pelotas (RS) divulgou em sua Home Page algumas considerações sobre o
Ecumenismo.
Destacamos:
É evidente que não pertencem ao Corpo de Cristo os que não professam o verdadeiro
Cristianismo. Uma declaração nada mais do que óbvia. Nesse rol estão católicos e
evangélicos que não vivem o Cristianismo. Semelhantemente à Dominus Iesus, como
veremos a seguir, as palavras de D. Estevão longe estão de admitir a paridade das
igrejas cristãs. Como se vê, ser cristão, no entendimento do Vaticano, não é pertencer a
Cristo; é pertencer à Igreja de Roma. Não se pode nivelar as igrejas evangélicas. Não
cabe uma generalização com base em grupos dissociados da verdade bíblica. Nas
“questões de ordem histórica”, como citado, poderiam ter sido mencionados a famigerada
Inquisição, as conversões forçadas e o extermínio recente de Sérvios ortodoxos, dentre
outras.
COMENTÁRIOS DE UM PASTOR
Do pastor Addson Araújo Costa:
“Ademais, esta onda de ecumenismo de uma "união" religiosa está cheia de hipocrisia,
enquanto nas capitais do Brasil artistas padres propõem o conchavo, no interior padres
organizam abaixo-assinados para impedir a entrada de novas igrejas naquelas cidades. A
sua proposta de "amor" está condicionada à adesão, caso esta não ocorra eis a rejeição,
o escrutínio pessoal dos líderes, depreciação daquelas igrejas, a exclusão mental dos
crentes e todo tipo de prejulgamentos”. “Cabe agora aos evangélicos se irão querer
uma nova inquisição travestida de comunhão, ou seja estar dentro da barriga do
leão. Ou se continuarão avante, lutando teológica e biblicamente, por um
evangelho autêntico que transforma vidas; se continuarão afirmando que o único
Cabeça da Igreja é Cristo, e não um Papa, sabendo portanto que as igrejas e
pastores são independentes e autônomos diante de Deus, de conselhos e
hierarquias inventadas e portanto contrárias à Bíblia... A Igreja do Senhor Jesus
não é uma instituição em que se nasce nela, mas que se entra nela por meio da fé
em Cristo Jesus; ademais a verdadeira Igreja Universal de Cristo não é uma
instituição visível e humana e sim composta por todos os salvos desde o
Pentecostes até a vinda do Senhor.
CONSELHO DE IGREJAS
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“Ao contrário, toma o ensejo para afirmar um exclusivismo católico-romano que em nada
pode contribuir para fazer avançar a causa ecumênica, abalando, ao invés, a
credibilidade do testemunho de Cristo que nos é comum”.
“Aliás, não é nem tanto na classificação das igrejas protestantes como “não-igrejas” em
sentido verdadeiro que reside a maior causa para o desapontamento suscitado pela
Declaração, mas sim em suas preocupantes omissões”.
PALAVRA DA MÍDIA
Notícia do Jornal da Tarde, em 6.9.2000, sob o título “O mais duro golpe no
ecumenismo”:
“A divulgação de trechos do documento Dominus Jesus (Senhor Jesus, em latim)
provocou reações negativas entre líderes de outras igrejas cristãs. Em Paris, o presidente
da Federação Protestante da França, pastor Jean Arnold de Clermont, disse que o
documento era uma "triste surpresa". Para o presidente do Conselho da Igreja Evangélica
Alemã, reverendo Manfred Kock, foi um "revés". Na Inglaterra, o chefe da Igreja
Anglicana, George Carey, disse que o texto parece ignorar 30 anos de diálogo
ecumênico”.
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Situação esta que agora incorre no risco de ser comprometida, caso seja mesmo alçado
a posição oficial do Vaticano o resultado das elucubrações orientadas e dirigidas pelo
cardeal Joseph Ratzinger, o principal guardião da doutrina católica. O referido prelado é o
tradicionalista prefeito da antiga Sagrada Congregação do Santo-Ofício, que, se hoje
ostenta outra denominação, mais consentânea com a atualidade, ainda não logrou
libertar-se do espírito do passado, que gerenciou a Inquisição, perseguiu heréticos e fez
perecer na fogueira milhares de inocentes [grifo nosso], vítimas de superstições, da
ignorância e maldade humanas, ou, mais simplesmente, apenas fiéis de outras
confissões, algumas tão respeitáveis quanto aquela que tem sua sede política,
administrativa e doutrinária em Roma. Significa ela um verdadeiro salto para trás,
ensaiado - o que para alguns se afigura inquietante - no mesmo contexto temporal que
trouxe a canonização de Pio IX (Giovanni Maria Mastai-Ferretti). Esse papa do século 19,
hoje mais conhecido como o autor intelectual do Syllabus, foi também o formulador do
dogma da infalibilidade pontifícia.
Parte VIII
ECUMENISMO E O SANGUE DOS MÁRTIRES - II
Em 1 de novembro de 1215 iniciou-se o IV Concílio de Latrão convocado pelo papa
Inocêncio III através da Bula Vineam Domini Sabaoth, de 10 de abril de 1213. Nele, os
hereges são apresentados como os que devem ser combatidos por suas “doutrinas
insensatas, fruto de uma cegueira provocada pelo pai da mentira. Suas heresias estão
dirigidas contra a fé santa, católica e ortodoxa, sendo um perigo para a unidade da fé
da cristandade” [grifo nosso]. Diz mais:
“Assim como o diabo e os demônios, criados por Deus naturalmente bons, pela vaidade
foram expulsos do paraíso, também por causa da vaidade os hereges devem ser
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“Os que se armarem para dar caça aos hereges, gozarão da indulgência e do santo
privilégio concedidos aos que vão, em ajuda, à Terra Santa ".
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“Pois se, como repetem freqüentemente, desejam unir-se Conosco e com os nossos, por
que não se apressam em entrar na Igreja, "Mãe e Mestra de todos os fiéis de Cristo"
(Conc. Later 4, c.5)”?
O “infalível” papa Pio XI não usou de meias palavras para expressar o pensamento do
Vaticano com relação aos não católicos. Em resumo, disse que só fazem do Corpo de
Cristo os que reconhecem e acatam o poder do Papa, como legítimo sucessor de Pedro.
Disse mais, de forma inequívoca, que a união dos cristãos só será possível com o retorno
dos irmãos separados ao catolicismo. alguns avanços localizados, não há muito para
comemorar em termos de progresso do diálogo sincero e fraterno, da aceitação mútua,
do entendimento consensual entre o catolicismo e demais igrejas, da participação
conjunta de católicos e acatólicos em movimentos evangelísticos e sociais.
CONCÍLIO DE TRENTO
Convocado pelo papa Paulo III, o Concílio de Trento (1545-1563) condenou com
anátemas todas as teses reformistas dos protestantes acerca da Fé Católica e dos
Sacramentos. Vejamos alguns dos cânones.
“Cân. 13. Se alguém disser que para conseguir a remissão dos pecados é necessário a
todo homem crer certamente e sem hesitação alguma, mesmo em vista da fraqueza e
falta de preparação próprias, que os pecados lhe foram perdoados — seja
excomungado”.
Antes de prosseguirmos, convém esclarecer que tais decisões estão plenamente em
vigor. O Código de Direito Canônico, cânon 333, parágrafo 3, declara: “Não há apelação
ou recurso contra uma sentença ou decreto do pontífice romano”. A desobediência ao
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“Cân. 1. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não foram todos instituídos
por Jesus Cristo Nosso Senhor, ou que são mais ou menos que sete, a saber: Batismo,
Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio; ou que algum
destes sete não é verdadeira e propriamente sacramento — seja excomungado”.
“Cân. 4. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não são necessários para a
salvação, mas supérfluos; e que sem eles ou sem o desejo deles, só pela fé os homens
alcançam de Deus a graça de justificação — ainda que nem todos [os sacramentos], seja
excomungado”.
“Cân. 6. Se alguém disser que os sacramentos da Nova Lei não encerram a graça que
significam; ou que não conferem a graça aos que lhes não opõem óbice, como se fossem
apenas sinais externos da graça ou justiça recebida pela fé, e certos sinais da Religião
cristã, com que entre os homens se distinguem os fiéis dos infiéis — seja excomungado”.
“Cân. 8. Se alguém disser que pelos mesmos sacramentos da Nova Lei não se confere a
graça só pela sua recepção (ex opere operato), mas que para receber a graça basta só a
fé na promessa divina — seja excomungado”.
Cân. 10. Se alguém disser que todos os cristãos têm o poder de administrar a palavra de
Deus e todos os sacramentos — seja excomungado.
“Cân. 3. Se alguém disser que na Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, não reside a
verdadeira doutrina acerca do sacramento do Batismo — seja excomungado”.
“Cân. 12. Se alguém disser que ninguém deve ser batizado senão na idade em que Cristo se deixou
batizar, ou na hora da morte - seja excomungado”.
Como os “irmãos separados”, fiéis às doutrinas bíblicas, continuam pensando do mesmo modo, ou
seja, continuam desobedientes ao papa, estamos todos excomungados. Aqui começam os primeiros
óbices à pretensão ecumênica. Que conciliação pode haver entre excomungantes e excomungados?
Entre a “única Igreja verdadeira” e um bando de “hereges” que resolveu aceitar Jesus como Senhor
e Salvador pessoal?
DOCUMENTO EPISCOPAL
Extraímos algumas passagens das explicações do Revmo. Antonio, Bispo de Campos, de
19.03.1966, ao comentar as decisões do Concílio Ecumênico Vaticano II:
“Eis que, como a propósito da adaptação, também sobre a falsa aplicação do ecumenismo advertiu
Papa os fiéis. Segundo despachos das agências telegráficas, teria o Santo Padre observado, em uma
de suas Alocuções nas audiências gerais, que o apostolado junto aos irmãos separados não está
isento de ilusões e perigos [grifo nosso]. Ilusões, por uma esperança sem fundamento, perigo pela
possibilidade de, no desejo ardente de obter a conversão do herege ou apóstata, falsear o sentido da
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