50398-Texto Do Artigo-204074-1-10-20230417
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Experimentações
Na trilha de leste a oeste pelo estado que abriga a Soterópolis, um desejoso e
arriscado intento, pôr-se diante do Em-si da facticidade em sua totalidade, mudo e
mouco eclodir do sentido em seu devir máximo. Des-emerjo em ingrata querência
da busca, no intermezzo do ão e a orla, imensidões e santidades. Há muito, tanto,
que se faça a tentativa. Todas as palavras do mundo não sustentariam o Ser,
detentor de tantos nomes e antonímias e sinônimos, divindade dêitica e silogismo
de difícil apreensão, guardador de todas as horas, eremita atemporal.
1 Graduado em Geografia pela UNESP, campus de Rio Claro (SP), Mestre em Geografia pela Universidade de Brasília, Doutor em Geogra-
fia pela UNESP, campus de Rio Claro (SP), Pós-Doutorado em Geografia FFLCH/USP. Professor e Pesquisador Permanente do Programa
Stricto Sensu de Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Católica de Brasília, professor da Secretaria de Estado de Educação do DF.
[email protected].
R QS 07, Lote 01, Taguatinga Sul, Taguatinga, Brasília, DF. 71966-700.
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Figura 1 – Praia do Rio Vermelho em Salvador
Fonte: G. C. C. de Araújo, 2021.
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proximal e palatável, de forma mais sutil que o traspasso cronológico,
secularmente inquietante. O transmute da espacialidade em mundo
explica-se, em diferentes nomes, dirão que é a própria Natureza, o
Deus em toda parte, o Ser em toda parte, metonímias do estar aqui,
acolá, em todo e cada lugar criado e não havido.
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Figura 2 – Vista da cidade de Itaberaba – BA
Fonte: G. C. C. de Araújo, 2021.
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cada qual com sua estética própria, imensas ou minúsculas, do arroio
em último fio d´água estacional e o mais alto dos picos das serrarias,
silentes da palavra, mas não menos cheios de vozerio em estado
puro, pios, estalos, sopros, guinchos, estrondos e um caleidoscópio
de sons, resilientes aos espaços vazios, etérea forma abandonada no
primeiro lumiar do dizer.
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Figura 3 – Praça do Forte de São Pedro, Salvador
Fonte: G. C. C. de Araújo, 2021.
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de (des)encontro com o todo que está ali, logo ao alcance da mão
e lá, por detrás dos montes, no além-coisa-qualquer, parte que
ainda desconhecemos, mas também no cerrar os olhos e lembrar
do pensamento ou sentimento matinal, reside próximo e cheio de
contornos, feixes do algo, do querer mais distante, nebuloso, com
preenchimentos do sido sem necessariamente ter acontecido, mas
vivido em plenitude do momento feliz ou triste, mas duplamente
marcante como grafia no mundo criado, da primeira locução ao
último calar-se.
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Figura 4 – Mandacaru na cidade de Iaçu – BA
Fonte: G. C. C. de Araújo, 2021.
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em dizer o Ser. Desejo irrefreável do arauto, que em tanto tentar
fazê-lo, queda-se muito mais em encontro à fonte no silêncio que
em alguma não-dita palavra.
Sertão, esse ubíquo, oca ideia não ideal do empírico infinito, digressivo
em circunstância, alcançado pela situação ocasional, conter uma
variada paisagem e rebelar-se a quaisquer limite ou fronteira que
o busque determinar para outrem que não a sua própria incerta
dimensão, convite sedutor ao percurso de uma tripla dimensão
onto-ontológica da existência composta pelo eu, o outro e o mundo
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na tarde do trabalhar, na distração do cozinhar, constante visitante
do sonho, personagem de todas as máscaras, fosso e libertação de
todos os sentires, translúcidos ou opacos.
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escapismo de si e do mundo, no sal e pedra em cada quebra do mar.
A estalaria da água que arrebata a rocha na praia, cisalha fática de
enunciação e velamento do Ser em si mesmo, novamente, vem o
demorar-se e des-mergir, apreendido por essa sensação, percepção,
prenhe e cheia de predicações da inteligibilidade que insiste na
mimese, ingênua cladística da barça, e mesmo quando permitido
a expressão pela arte e literatura, em todos os casos, amontoadas
ficam as desmesuras da (in)compreensão entre a aparência e a forma
frente às dermes da identidade ou diferença pulsantes em sua baila
sem fim, como reincide Amado tantas e tantas vezes.
Geograficidade | v.12, n.1, Verão 2022
ISSN 2238-0205
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Da orla ao ão: (des)medido mundo
Gilvan Charles Cerqueira de Araújo
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com o alelo vivencial em comunhão da alteridade, mesmo que breve,
mas única, numa noite estrelada, pôr-do-sol, beira do rio ou diálogo ao
caminhar. Um velho barco com a água fluvial a dominá-lo, o arbusto
ainda verde ao chamado inverno regional de um agreste recém-
terminado, o pensar em (des)encontros dantes ocorridos e aqueles
por existir, o pequeno grão de areia que encontra sua essência com
todos os outros grãos de um litoral dos mais arqueanos em todo o
mundo; cada coisa, a concreta e abstrata, mata fechada de velamento
do sentido, transpassagens.
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sim, dois outros passos, cursos de uma trilha-tríplice: o Outro e a mim
mesmo, esse eu e seu ego, objetivações possíveis, incansáveis do
devir-vida. É mais que um jogo e supera a circunstância, mas talvez
possua traços do destino e resista ao miradouro (in)finito.
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não o supririam, todos os espinhos cactáceos não o afetariam.
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Figura 5 – Margem do Rio Paraguaçu, Iaçu – BA
Fonte: G. C. C. de Araújo, 2021.
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potência esvanecendo as mais cintilantes pulsações da Vontade de
ser.
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Figura 6 – Pé de umbu em fazenda na cidade de Iaçu – BA
Fonte: G. C. C. de Araújo, 2021.
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A essência persiste no além-mundo, assim como nossos estares
em todos os lugares e incorporações às deidades, embate eviterno
entre razão e emoção da conta ao conto, narrativas do ir e vir,
em todas as durações e extensões. Se voltarei, há a certeza que
sim, havendo novamente uma perspectiva pendular do percurso,
aguardando maturar o perceber do devir-vida. Sim, haverá mais por
onde, mesmo sem quando, esse percorrer incessante.
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Figura 7 – Pôr-do-sol em Iaçu – BA
Fonte: G. C. C. de Araújo, 2021.