Ecologia e Biotecnologia
Ecologia e Biotecnologia
Ecologia e Biotecnologia
1
Sumário
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3
BIOTECNOLOGIA ................................................................................. 20
1
NOSSA HISTÓRIA
2
INTRODUÇÃO
3
autores que discutem questões técnicas, sociais e científicas com certo grau de
métodos sociológicos e filosóficos.
4
ECOLOGIA COMPORTAMENTAL
5
A importância do estudo do comportamento para a compreensão
correta das interações entre animais e plantas
6
Figura 1. Abelhas em flores de Campomanesiapubescens (Myrtaceae).
7
Em uma série de experimentos de manipulação de frutos e observações
comportamentais diretamente no campo, Oliveira (2007) mostrou que formigas
podem direta ou indiretamente beneficiar as plantas através da redução de dano
por fungos e aumento no sucesso da germinação das sementes. Além disso,
podem dispersar as sementes para microsítios favoráveis garantindo uma maior
sobrevivência para plântulas.
8
De fato, esses insetos são considerados “engenheiros dos ecossistemas”,
pois seu comportamento modifica as características estruturais do ambiente
(plantas no caso), criando novos micro-habitats, que permitem um aumento
rápido e vigoroso da diversidade e abundância de outros artrópodes que vêm se
utilizar desses abrigos, tais como formigas, aranhas, besouros, e hemípteros
(Lill&Marquis 2007).
Mais interessante ainda, por ser um sistema comum, com ocorrência em
vários biomas distintos, tanto tropicais quanto temperados, esse modelo permite
avaliar o quanto podem ser condicionais os resultados das interações entre
animais e plantas dependendo de variação sazonal e espacial.
A análise em distintos gradientes geográficos pode também revelar se
essas relações animais-plantas são filogeneticamente conservativas, ou seja, o
grau de modificação na diversidade de espécies interagindo e a semelhança
taxonômica entre os grupos. A variação na diversidade poderia interferir nos
resultados finais das relações ecológicas estabelecidas (Thompson 2005).
Estudos como esses envolvem uma enorme multidisciplinaridade, pois
usam ferramentas da geografia, geologia, botânica, zoologia, genética,
estatística e ecologia. Entretanto, revelam o quão importantes são os estudos de
história natural e comportamento animal.
A ecologia comportamental é hoje uma tendência agregadora que, a partir
de exemplos simples e do estudo do comportamento, busca indicar diretrizes
consistentes para a manutenção de comunidades ecológicas viáveis, ou seja,
ainda com chances de terem sua biodiversidade de interações preservada.
9
caracterizando uma rede de interações que pode contar com maior ou menor
conectividade, ao que se convencionou chamar de “biodiversidade interativa”.
Em cada uma das conexões (setas), a compreensão da função do
comportamento dos animais relacionados é fundamental para que possamos
entender o resultado final (valor adaptativo) das interações sobre cada agente
conectado.
10
Figura 3 – Interação entre animais e plantas
11
ECOLOGIA DE POPULAÇÕES
12
do tamanho populacional. Além de, concentrar principalmente nos fatores que
afetam quantos indivíduos de uma espécie vivem numa área.
Um dos objetivos da disciplina é manter o balance entre a teoria e
aplicações práticas da ecologia de populações. “…o lugar onde o mundo
imaginário do matemático e o mundo real do biólogo cruzam.” Sharon Kingsland
(1995).
13
ECOLOGIA DE COMUNIDADES
O conceito de comunidades
14
que algumas têm efeitos bem mais marcantes que outras, podendo ser devido à
sua representatividade que pode ser somada à importância da função que
desempenham. Estas espécies de maior importância, conhecidas como
espécies-chave, são fortes reguladoras do funcionamento e, consequentemente,
da estrutura e da própria evolução das comunidades. Em função disso,
alterações nas abundâncias das espécies componentes provocam modificações
de diferentes circunstâncias que se propagam no espaço e no tempo, alterando
o funcionamento e o destino das comunidades a que pertencem.
Do mesmo modo que nas populações, as comunidades também têm
estruturas que nos falam sobre suas propriedades e funcionamentos. Pode-se
representá-las através da frequência relativa das diferentes espécies de plantas
e animais, de suas similaridades morfológicas e/ou dos grupos funcionais, como
as categorias alimentares, a que pertencem. Para viabilizar o estudo de
comunidades, geralmente são tratados grupos de organismos específicos, como
as plantas de uma floresta, herbívoros da savana, peixes dos recifes de coral,
predadores e suas presas.
Uma comunidade pode ser caracterizada por dois atributos, a composição
e a estrutura. Para definir a composição podemos distinguir várias características
como a abundância (número de indivíduos que apresenta uma comunidade por
superfície ou volume), a diversidade (variedade de espécies que constituem uma
comunidade) e dominância (referente àquela espécie que sobressai na
comunidade, seja pelo número de organismos, o tamanho). A estrutura numa
comunidade pode ser definida pelos patrões espaciais da distribuição, ou seja,
os estratos presentes, por exemplo, estrato arbustivo e estrato arbóreo.
15
Figura 4 – Populações de espécies
16
BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO
(I) Toda espécie tem o direito de existir, pois são frutos de uma história evolutiva
e são adaptadas;
(III) Os humanos vivem dentro das mesmas limitações que as demais espécies,
que são restritas a um desenvolvimento, em razão a capacidade do meio
ambiente, e a espécie humana deveria seguir esta regra, para não prejudicar a
sua e as outras espécies;
(VI) A natureza tem um valor estético e espiritual que transcende o seu valor
econômico, e isto deve ser mantido independente de qualquer coisa;
17
Além dos pressupostos, a Biologia da Conservação adota três principais
diretrizes (Groom, Meffe& Carroll 2006):
(I) A evolução é o axioma básico que unifica toda a biologia (papel evolutivo);
Uma vez que grande parte da crise da biodiversidade tem origem na ação
exercida pelo homem, a Biologia da Conservação também incorpora ideias e
especificidades de várias outras áreas, além da biologia. Por exemplo, legislação
e política ambiental dão sustentação à proteção governamental de espécies
raras e ameaçadas e de habitats em situação crítica. A ética ambiental oferece
fundamento lógico para a preservação das espécies.
A biologia de conservação tenta fornecer respostas às questões
específicas aplicáveis a situações reais. Tais questões são levantadas no
processo de determinar as melhores estratégias para proteger espécies raras,
delinear reservas naturais, iniciar programas de reprodução para manter a
variação genética de pequenas populações e harmonizar as preocupações
conservacionistas com as necessidades do povo e do governo local.
18
Os biólogos e outros conservacionistas de áreas afins são pessoas
adequadas para fornecer a orientação que os governos, as empresas e o público
em geral necessitam quando têm de tomar decisões cruciais. Embora alguns
biólogos conservacionistas possam hesitar em fazer recomendações sem ter
conhecimento detalhado das especificidades de um caso, a urgência de muitas
situações pede decisões com base em determinados princípios fundamentais da
biologia.
19
BIOTECNOLOGIA
20
fornecendo às células do corpo o gene do DNA "deficiente" . Por exemplo, na
doença genética fibrose cística, o gene não possui a capacidade de produzir
canais de íons cloreto nos pulmões. Em um recente experimento clínico de
terapia gênica, uma cópia do gene funcional foi inserida em uma molécula de
DNA circular chamada plasmídeo que foi então fornecida às células pulmonares
dos pacientes em esferas de lipídios (na forma de um spray).
Como mostram esses exemplos, a biotecnologia é usada na elaboração
de produtos encontrados na vida cotidiana, tais como o álcool e a penicilina. Ela
também pode ser usada para desenvolver novos tratamentos médicos, tais como
a terapia gênica para tratamento da fibrose cística. A biotecnologia tem outras
aplicações em áreas como a produção de alimentos e a remediação (limpeza)
da poluição ambiental.
Tecnologia do DNA
21
casos, o gene é expresso também nas bactérias pela formação de uma proteína
(por exemplo, a insulina usada pelos diabéticos).
Reação em cadeia da polimerase (PCR) - A reação em cadeia da
polimerase é a técnica de manipulação do DNA mais amplamente utilizada, com
aplicações em quase todas as áreas da biologia moderna. As reações da PCR
produzem várias cópias da sequência de DNA de interesse, a partir da sequência
de um DNA modelo. Essa técnica pode ser usada para fazer muitas cópias de
um DNA que está presente em pequenas quantidades (por exemplo, uma
gotícula de sangue na cena do crime).
Eletroforese em gel - A eletroforese em gel é uma técnica usada para
visualizar os fragmentos de DNA (exame direto). Por exemplo, os pesquisadores
podem analisar os resultados da PCR examinando os fragmentos de DNA que
ela produz na reação em um gel. A eletroforese em gel separa os fragmentos de
DNA com base em seu tamanho, em seguida os fragmentos são pigmentados
com um corante que possibilita a visualização pelo pesquisador.
Sequenciamento de DNA - O sequenciamento de DNA consiste em
determinar a sequência das bases dos nucleotídeos (As, Ts, Cs e Gs) na
molécula de DNA. Em alguns casos, apenas um fragmento de DNA é
sequenciado por vez, enquanto em outros casos muitos fragmentos de DNA
(como um genoma inteiro) podem ser sequenciados conjuntamente.
22
Figura 6 – Clonagem do DNA
A biotecnologia pode ser usada para várias situações positivas, mas para
negativas também, por isso é necessário que haja ética profissional envolvida
em todo processo de alteração de DNA.
23
BIOSSEGURANÇA NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL E RISCOS
BIOLÓGICOS EM LABORATÓRIOS DE PESQUISA
24
legislações e normas pertinentes. Seu uso depende de aprovação dos projetos
no Comitê de Ética no uso de Animais.
Os modelos animais, aqueles que possuem enfermidades similares ou
idênticas as do homem, possibilitam inúmeras vantagens, sendo as mais
importantes:
Conhecer a história natural da enfermidade, cuja etiologia, patogenia,
sintomatologia e evolução podem manter-se em condições
experimentais, sem a influência de fatores estranhos que a
modifiquem;
Reproduzir uma enfermidade, inúmeras vezes, em forma
experimental, permitindo dispor de casuística suficiente;
Desenvolver estudos fisiopatológicos e patológicos, que são difíceis
ou inacessíveis em pessoa enferma;
Utilizar meios terapêuticos, cuja aplicação na espécie humana se
considera perigosa ou ainda não legalizada;
Estudar fatores ambientais e genéticos que incidem na evolução da
enfermidade;
Estudar algumas enfermidades em raças e/ou linhagens de animais
criadas para esse fim;
Abrir-se um imenso campo de investigação em imunologia, oncologia
e, sobretudo, em enfermidades hereditárias. Neste sentido, o
aprimoramento técnico-científico das diversas áreas da ciência de
animais de laboratório é importante fator ao desenvolvimento da saúde
humana e animal
Entretanto, a segurança no manejo com animais é de vital importância
para a segurança das pessoas. Ter segurança significa poder confiar. Para isso,
devem ser observados e respeitados as regras e os procedimentos de trabalho
formulados para eliminar práticas perigosas e evitar riscos desnecessários
(ANDRADE, 2 004).
A contaminação depende da susceptibilidade dos técnicos, manejo
experimental, estado de doença do animal e do agente infeccioso.
As instituições que utilizam animais geneticamente modificados devem
possuir instalações de contenção para estas atividades e os projetos de
25
engenharia e arquitetura devem ter acompanhamento da Comissão Interna de
Biossegurança (CIBio) com vistas à incorporação das medidas de
Biossegurança. Os biotérios de experimentação (infectórios) que albergam
animais geneticamente modificados devem localizar-se em áreas especialmente
isoladas e devidamente credenciadas pela Comissão Técnica de Biosegurança
(CTNBio).
As atividades com animais de laboratórios são especiais, visto as
particularidades que só são encontradas em biotérios, como por exemplo, os
riscos inerentes aos animais, especialmente os físicos, que compreendem
aqueles em que o profissional é exposto a mordidas, arranhões ou outra forma
de defesa; os biológicos próprios da sua biota, zoonótica ou experimental e a
produção de alérgenos; os químicos, tais como, os produtos de limpeza e
desinfecção e os relacionados aos trabalhos.
Recomenda-se que os profissionais que desenvolvem atividades em
laboratórios, por estarem mais expostos a certas doenças transmissíveis,
estejam adequadamente imunizados para doenças passíveis de imunização.
Sendo importante ressaltar também a importância do uso correto dos
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para minimizar o risco de aquisição
de certas doenças infecciosas, principalmente para as atividades realizadas no
trabalho de campo.
Os animais de laboratório e os animais capturados no campo
representam um risco para quem os maneja, mesmo que não estejam
experimentalmente infectados, podem estar carregando agentes patogênicos,
inclusive zoonóticos.
São também produtores de alérgenos e que dependendo da sensibilidade
individual da pessoa podem desencadear o desenvolvimento de reação de
hipersensibilidade (alergia) e levar a problemas alérgicos de baixa gravidade até
doença respiratória grave.
Em relação à manipulação dos animais propriamente dita, é importante
lembrar os mecanismos mais comuns de exposição (CIBio/IOC, 2006):
Inoculação direta por agulhas, contaminação de cortes ou arranhões pré-
existentes, por instrumentos contaminados e agressão animal; Inalação de
aerossóis durante o manejo animal e nos procedimentos e manipulação na
experimentação animal; Contato das membranas mucosas dos olhos, boca ou
26
narinas por gotículas de materiais, mãos e superfícies contaminadas; Ingestão
através de pipetagem com a boca, apesar desta prática ser proibida.
Existem quatro classes de risco, baseadas no potencial patogênico do
microrganismo a ser manipulado, sendo assim definidas: (NIH, 2000).
Classe de risco 1 - (baixo risco individual e baixo risco para a
comunidade) - organismo que não cause doença ao homem ou animal.
Classe de risco 2 - (risco individual moderado e risco limitado para a
comunidade) - patógeno que cause doença ao homem ou aos animais,
mas que não consiste em sério risco, a quem o manipula em condições
de contenção, à comunidade, aos seres vivos e ao meio ambiente. As
exposições laboratoriais podem causar infecção, mas a existência de
medidas eficazes de tratamento e prevenção limita o risco, sendo o
risco de disseminação bastante limitado.
Classe de risco 3 - (elevado risco individual e risco limitado para a
comunidade) - patógeno que geralmente causa doenças graves ao
homem ou aos animais e pode representar um sério risco a quem o
manipula. Pode representar um risco se disseminado na comunidade,
mas usualmente existem medidas de tratamento e de prevenção.
Classe de risco 4 - (elevado risco individual e elevado risco para a
comunidade) - patógeno que representa grande ameaça para o ser
humano e para os animais, representando grande risco a quem o
manipula e tendo grande poder de transmissibilidade de um indivíduo
a outro. Normalmente não existem medidas preventivas e de
tratamento para esses agentes.
É importante ressaltar que os riscos biológicos são frutos ou
consequências da atividade humana (SIMONS, 1991 apud TEIXEIRA; BORBA,
2010), portanto, nunca é demais lembrar que todo esforço deve ser concentrado
na formação de recursos humanos, pois somente a questão educacional
articulada a políticas que estimulem a criação de núcleos de excelência
contribuirá para a formação de massa crítica, pela qual, itens como o
financiamento de linhas de pesquisas e o intercâmbio com países desenvolvidos
são essenciais para a aceleração das etapas no desenvolvimento desta área.
Para avaliarmos o risco necessitamos, então, desenvolver uma ou várias
ações que visem reconhecer ou identificar o perigo, e medir o risco ou a
27
probabilidade de algum evento ocorrer devido ao perigo. Na avaliação do risco,
devemos considerar também, a severidade das consequências possíveis
de ocorrer caso o risco venha gerar um acidente (CDC, 1998 apud
MASTROENI, 2004).
O gerenciamento dos riscos envolve a avaliação e identificação destes,
aliado a análise de custo/benefício das medidas de controle adotadas (COLLINS;
KENNEDY, 1999 apud MASTROENI, 2004). Devemos sempre ter em mente
que, em laboratórios de pesquisa, principalmente os de microbiologia, existem
vários tipos de riscos isolados ou associados, onde diferentes tipos de
microrganismos são manipulados e potencialmente capazes de gerar doenças.
Estes incluem agentes biológicos, agentes químicos, fontes de radiação, fogo,
perigo com a eletricidade e equipamentos relacionados ao perigo. Mesmo em
diferentes ambientes de laboratórios de pesquisa, provavelmente sempre
teremos situações de perigo e risco.
Nossa atitude deve se concentrar no princípio básico da Biossegurança:
a prevenção. Quando possuímos o conhecimento do perigo, ao desenvolvermos
determinada atividade, certamente precisamos fazer uso dos equipamentos de
proteção individual (EPI), os quais são desenvolvidos para proporcionar
segurança ao trabalhador. Aliado a utilização dos EPls faz-se necessário,
também, a adoção das normas e procedimentos de Biossegurança elaboradas
com o intuito de propiciar trabalho seguro e minimizar a geração de riscos.
Estas duas características, a utilização de EPI e a prática das normas de
Biossegurança, consequentemente, só poderão trazer resultado se houver
treinamento adequado para seu desenvolvimento, caso contrário, possivelmente
ocorrerá o estabelecimento da situação inversa: geração do risco.
28
BIOSSEGURANÇA E BACTÉRIAS PATOGÊNICAS
29
o Mycobacterium tuberculosis, cepas de Escherichia coli (verotoxigênicas),
Brucella spp, Clostridium botulinum, Bartonela spp, multocida (tipo B), Yersinia
pestis, Bacillus anthracis, entre outras bactérias definidas como de classe 3,
devem ter instalações compatíveis com o nível de biossegurança 3 (NB-3)
(CTBio/Fiocruz, 2005 apud TEIXEIRA; BORBA, 2010).
Os laboratórios NB-4, por sua vez, destinam-se à manipulação de
bactérias e outros microrganismos classificados como de risco biológico 4 e que
demandam as condições mais rigorosas em termos de contenção e controle,
uma vez que são extremamente perigosos para o pessoal de laboratório e
podem causar doença epidêmica de alta gravidade. Rabinovich e Armôa (2010)
também ressaltam que de acordo com a Lei de Biossegurança, o risco relativo à
manipulação de bactérias patogênicas (classes 1- 4) é gerenciável e deve ser
minimizado, ou abolido, através da construção de laboratórios de segurança
biológica adequados (NB-1 a NB-4) contendo EPls e EPCs necessários às suas
atividades, além de POP\u2019s apropriados e descritivos para orientar as
ações de seu funcionamento.
No contexto da Lei de Biossegurança e do conhecimento atual, é
inaceitável a falta de controle sobre o risco nas atividades com bactérias em
universidades, instituições de pesquisa, laboratórios clínicos, hospitais ou rede
de saúde pública. Todos os laboratórios, sem exceção, devem se adequar no
tocante à sua estrutura física e ambiental, bem como atualizar seus
equipamentos. Adicionalmente, devem buscar a implementação desse conceito,
além de qualificar seu pessoal para melhor gerenciá-los (RABINOVICH;
ARMÔA, 2010).
No âmbito desses conhecimentos, as boas práticas laboratoriais,
preocupadas com a infra-estrutura de laboratórios que lidam com representantes
patogênicos do domínio Bactéria, bem como com a qualidade de trabalho que
executam e as implicações dos fluxos de materiais e técnicos operadores, que
geram riscos de infecções, suscitaram o progressivo surgimento de
regulamentações nos níveis internacional e nacional.
Dentro desse contexto, emergiu o conceito de biossegurança que, no seu
sentido mais abrangente, significa conjunto de saberes direcionados para ações
de prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de
30
serviços, as quais possam comprometer a saúde do homem, dos animais, das
plantas e do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
(CTBIO/FIOCRUZ, 2005)
No Brasil, o conceito de biossegurança e sua aplicação em todo o território
nacional foi definido pela Lei de Biossegurança, nº 11.105, de 24 de março de
2005. Esta lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização,
entre outras determinações sobre manipulação, cultivo, transporte,
transferência, importação, exportação, armazenamento, pesquisa e descarte de
microrganismos geneticamente modificados e seus derivados, dentro de um
princípio de segurança total para o homem e o meio ambiente, e que se aplica,
por extensão, à manipulação de todo e qualquer microrganismo vivo de
interesse, uma vez que a biossegurança é, em sua essência, um conceito
universal independentemente do microrganismo manipulado. Os benefícios
dessa legislação para o país são notáveis e já perceptíveis em instituições de
pesquisa estatais e privadas, universidades, hospitais, laboratórios de saúde
pública e laboratórios clínicos, além de instituições voltadas para atividades de
produção que utilizam células e microrganismos vivos.
31
BIOTECNOLOGIA E USO SUSTENTÁVEL DA BIODIVERSIDADE
32
comunidades, a estimativa de abundância relativa de cada espécie e o número
de espécies representativas nos diferentes grupos taxonômicos da escala
evolutiva. A avaliação global da biodiversidade considera adicionalmente, os
conceitos de endemismo, centros de origem e de diversidade das espécies.
Como o conceito de biodiversidade é abrangente e complexo, prioridades
devem ser definidas para que as iniciativas e recursos aplicados na sua
conservação não sejam inócuos. Os países industrializados, na sua maioria,
pobres em espécies e habitats naturais, defendem a importância global da
biodiversidade como patrimônio da humanidade, onde todas as nações
compartilharam as responsabilidades e benefícios. Os países em
desenvolvimento, na maioria, ricos em biodiversidade, defendem o uso de seus
recursos genéticos como fator de desenvolvimento econômico (JOHNSON, 1995
apud MENDONÇA-HAGLER; ODA, 2004).
33
BIODIVERSIDADE E TRANSGÊNICOS
34
colheitadeiras, setor este, também dominado por grandes empresas. Outra
parceria vital é encontrada com as empresas de herbicidas, inseticidas e
produtos químicos em que também operam companhias internacionais
gigantescas.
A OMS diz que até hoje não foi encontrado nenhum caso de efeito
sobre a saúde resultante do consumo de alimento geneticamente modificado
(GM) “entre a população dos países em que eles foram aprovados”.
Que os avanços biotecnológicos são acelerados não resta dúvida, o
que precisa ser refletido e pesquisado passa necessariamente por não
cometer erros do passado, estar vigilante, avaliar sempre os impactos
ambientais e buscar um modelo que não preconize somente os modelos
econômicos, mas agregue valor à biodiversidade e à qualidade de vida.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
36
FLEMING, T.H. & ESTRADA, A. 1993. Frugivory and seed dispersal:
ecological and evolutionary aspects. Kluer Academic Press, Dordrecht. 416p.
FORGET, P-M.; LAMBERT, J.E.; HULME, P.E. & VANDER WALL, S.B. 2005.
Seed fate: predation and secondary dispersal. CABI Publishing, Wallinford.
426p.
GROOM, Martha J.; MEFFE, Gary K.; CARROLL, C. Ronald (Eds.). Principles
of Conservation Biology. 3. ed. Massachusetts: Sinauer Associates, 2006.
JORDANO, P. 1993. Fruits and frugivory. Pp. 105-156. In: M. Feener (ed.).
Seeds: the ecology of regeneration in plant communities. Wallinford: CABI
International. 484p.
37
Ganísio (org.) Biossegurança em biotecnologia. Rio de Janeiro: Interciência,
2004.
38