Casos Praticos Direito Das Obrigações
Casos Praticos Direito Das Obrigações
Casos Praticos Direito Das Obrigações
Não pode vender o bem, uma vez que o vendera a Carlos por 400.00€;
O contrato promessa é nulo, já que, tratando-se de promessa
unilateral onerosa, o documento deveria ser assinado por Baltazar;
Existe ainda outra nulidade por vicio de forma, decorrente da falta de
reconhecimento presencial da sua assinatura;
E que, além disso, agindo Baltazar em representação do terceiro não
pode vir exigir, para si, o cumprimento do direito à celebração do
contrato prometido.
Resolução Caso 1
Quanto à validade formal do contrato: temos de ver se a forma exigida pelo art.
410ºCC está preenchida, este consagra o princípio da correspondência ou da
equiparação no nº1 este número diz que é aplicável ao contrato-promessa o
regime do contrato prometido. Isto significa que se aplicam ao contrato-
promessa as regras gerais dos contratos e as normas especificas do contrato
prometido.
Quanto ao facto de este contrato-promessa ser apenas assinado por uma das
partes: no nosso caso, o contrato definitivo está sujeito a escritura pública ou
documento particular autenticado, logo o contrato promessa deverá ser celebrado
na forma de documento particular, assinado por ambas as partes. Mas só o
promitente-vendedor assinou o documento. Quais as consequências? Trata-se
de um vício de forma, logo a consequência é a nulidade por vício de forma. No
entanto, a lei coloca ao dispor, em nome do princípio do princípio da conservação,
alguns mecanismos para salvaguardar a convenção celebrada pelas partes: a
redução e a conversão. Estes mecanismos partem de pressupostos diferentes: a
redução parte de uma nulidade parcial, como que se amputando a parte inválida,
que não afectaria a totalidade do negócio: na conversão, o negócio é totalmente
nulo, pelo que se vai tentar converter o negócio num outro negócio diferente, em
relação ao qual estejam verificados todos os elementos essenciais.
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Art. 410º nº3 CC, para determinados contratos promessa, este artigo impõe
requisitos adicionais de forma: o reconhecimento presencial das assinaturas
e a certificação da existência da licença de utilização ou construção. O art.
410º nº2 CC é uma regra geral, enquanto que o nº3 só se aplica aos contratos-
promessa do regime especial. O contrato definitivo tem de obedecer aos seguintes
requisitos:
Contrato oneroso;
Que transmite ou crie direitos reais;
O objecto do contrato tem de ser um edifício ou uma fracção autónoma
dele, não é qualquer bem imóvel (não cabem aqui os prédios rústicos). Mas
pode ser um edifício já construído ou em construção, daí se exigir a licença
de utilização ou de construção.
No nosso caso tínhamos um caso deste tipo, submetido ao regime do art. 410º nº3
CC. A lei presume que a omissão destes requisitos é da responsabilidade do
promitente vendedor, é ele que deve assegurar o seu cumprimento: se não o
fizer, a lei impede-o de arguir a invalidade decorrente dessa omissão, a não ser
que prive que esse incumprimento foi culpa da outra parte. Daqui retira-se a
ideia de que o promitente-comprador pode arguir e o promitente-vendedor não
pode arguir a invalidade do negócio. Mas e os terceiros ou o tribunal
oficiosamente? Se se omitem estes requisitos a invalidade daí resultante é uma
nulidade, logo esta pode ser invocada por qualquer interessado e é de
conhecimento oficioso. Mas isto contraria o que dissemos, ou seja, de esta norma
visar precisamente a de proteger o promitente comprado: se admitíssemos que
qualquer terceiro pudesse invocar a nulidade estaríamos a contrariar o espirito da
norma.
Estamos assim perante uma nulidade atípica: é nulidade por conservar o seu
carácter automático e por ser invocável a todo o tempo, mas é atípica pois não
podem terceiros invocá-la nem o tribunal conhecê-la oficiosamente. Quanto a
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
este aspecto aproxima-se da anulabilidade, que pode ser invocada pela pessoa em
cujo interesse a norma foi estabelecida. E é sanável: se estiverem preenchidos os
requisitos, a invalidade fica sanada.
Os requisitos não estão preenchidos, art. 455º nº2 CC, logo o contrato produz os
seus efeitos relativamente ao contraente originário, logo Baltazar.
(A execução específica)
o que satisfaz o seu interesse é o próprio cumprimento, ainda que coactivo. Assim,
o primeiro passo é saber se é possível ou não a execução específica do contrato.
No entanto, não houve sinal pois a quantia entregue tem a natureza de preço de
imobilização.
No caso existe traditio rei, ou seja, tradição da coisa, aqui a lei prevê uma
indemnização alternativa. Quando o incumprimento se deve ao promitente
vendedor, tem o promitente comprador o direito de optar pela indemnização do
aumento de valor da coisa: tem-se em conta o valor objectivo da coisa à data
do incumprimento, é subtraído o preço convencionado e soma-se ainda
aquilo que foi prestado (sinal ou não). No nosso caso, o valor de mercado era de
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
(O direito de retenção)
Diga quem ficará proprietário da quinta, e que direitos assistem a quem não
for atribuída a propriedade.
Resolução
Há contudo duas excepções a este princípio: uma respeitante à forma, o art. 410º
nº2 e 3 e outra que afirma que certas disposições que, pela sua razão de ser, não
possam ser consideradas extensíveis ao contrato-promesa, art. 410º nº1 CC.
No caso em análise temos uma promessa bilateral, mas que está assinada apenas
por uma das partes. Mas não é o número de assinaturas que vai determinar se a
promessa é unilateral ou bilateral.
No caso temos um terreno rustico, logo aplica-se a regra geral do art. 410º nº2
CC.
Assim, neste caso, para a compra e venda exige-se escritura pública ou documento
particular autenticado (art. 875º CC), segundo o art. 410º nº2 CC encontra-se
uma excepção ao princípio da equiparação, a da forma, assim para a promessa
exige-se apenas documento particular (não precisa de ser autenticado), o que se
encontra verificado. Se se aplicasse aqui o princípio da equiparação, exigia-se
escritura pública para o contrato promessa, o que não se verifica, pois temos
menos forma. O contrato promessa é um contrato preparatório e como tal não se
exige tanta formalidade.
A regra é a de não se exigir forma, mas no caso desta ser exigida, tem de ser
cumprida de acordo com o art. 219º e 875º CC.
Se for uma promessa bilateral assinada apenas por uma das partes, temos um
vício de forma (art.220º CC), logo a consequência é a nulidade por vício de
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Imaginemos que não existe invalidade, chegado ao momento, não quer celebrar,
logo tem de sofrer as consequências do incumprimento. Quer sigamos o
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No caso não há eficácia real, pois segundo o art. 413º nº1 CC à promessa de
direitos reais sobre bens imóveis têm de estar preenchidos 2 requisitos: haver
declaração expressa e inscrição no registo. Logo não se encontram preenchidos
estes requisitos podemos dizer que o contrato não tem eficácia real.
Quanto à segunda excepção do princípio da equiparação, art. 410º nº1 in fine CC,
podemos dizer que existem normas do contrato prometido que, pela sua razão de
ser, não devam considerar-se extensivas ao contrato promessa. Assim, não é
aplicável ao contrato promessa o art. 1408º nº2 CC, pois segundo o art. 410º nº1 in
fine, as normas, que pela sua razão de ser, não se devam considerar extensíveis ao
contrato promessa, esta norma é uma dessas normas.
Mas isto apenas quando a lei não diga o contrário, o que sucede no
contrato.promessa, no qual a lei presume que o sinal tem natureza penitencial, art.
830º nº2 C. Estabelece o cumprimento funcional: através da execução específica,
tem-se os mesmos resultados do que o cumprimento, a celebração do contrato. A
acção de execução específica procedente não se limita a condenar o promitente
faltoso a celebrar o contrato, a sentença tem os efeitos do cumprimento. A lei diz
que é possível as partes afastarem a execução específica, não é imperativa. E
considera, no art. 830º nº2 CC, é havido como convenção em contrário a
existência de sinal. Logo, a lei presume que quando no contrato promessa se
entrega dada quantia a título de sinal as partes quiseram afastar a execução
específica, logo presume que o sinal tem uma função de pagar ou assegurar o
arrependimento.
Calvão da Silva critica esta opção legislativa, que vai contra as regras gerais do
cumprimento das obrigações. Esta presunção é relativa: a parte pode afastá-la ou
provando que a quantia não foi entregue a título de sinal, ou foi entregue para
confirmar o contrato Se não o fizer, o sinal afasta a execução específica.
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É relevante no nosso caso o facto de B ter começado logo a explorar o imóvel, pois
há traditio rei ou tradição da coisa. O contrato promessa não transfere direitos
sobre a coisa, o promitente-comprador não adquire qualquer direito real ou
pessoal de gozo sobre a coisa. Mas pode, por força de um acordo de detenção,
adquirir poderes de facto sobre as coisas. O acto de exploração do terreno significa
a entrega destes poderes de factos, que depende do acordo de detenção que as
partes celebram entre si.
Assim, no nosso caso não havia possibilidade de execução específica por ser
necessário consentimento de terceiro.
Quanto à garantia indemnizatória, art. 442º nº2 CC, é necessário que a mora se
transforme em incumprimento definitivo, a indemnização do art. 442º CC é uma
indemnização compensatória.
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Esta tutela prevê a indemnização com base no sinal, no nosso caso, quem não
cumpre é o acciepens, tendo o tradens a faculdade de exigir a restituição em dobro.
No nosso caso seria de 40.000€.
Mas no nosso caso existe traditio rei, a lei aqui prevê uma indemnização
alternativa. Quando incumprimento se deve ao promitente vendedor, tem o
promitente-comprador o direito de optar pela indemnização do aumento de
valor da coisa, tem-se em conta o valor objectivo da coisa à data do
incumprimento, é subtraído o preço convencionado e soma-se ainda aquilo que foi
prestado (sinal ou não).
Resolução
Temos também de atender ao nº3 do art. 410ºCC, pois este artigo impõe, para
certos contratos-promesa, requisitos adicionais de forma: o reconhecimento
presencial das assinaturas e a certificação da existência da licença de utilização ou
construção. O art. 410º nº 2 CC é uma regra geral, enquanto que o nº3 só se aplica
aos contratos-promessa do regime especial. O contrato definitivo tem de obedecer
aos seguintes requisitos: contrato oneroso; que transmite ou crie direitos
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No nosso caso, tínhamos um caso deste tipo, submetido ao regime do art. 410ºnº3.
A lei presume que a omissão destes requisitos é da responsabilidade do
promitente-vendedor, é ele que deve assegurar o seu cumprimento: se não o
fizer, a lei impede-o de arguir a invalidade decorrente dessa omissão, a não ser que
prove que esse incumprimento foi culpa da outra parte. É o que dispõe a parte final
do artigo. Daqui retira-se a ideia de que o promitente-comprador pode arguir e o
promitente-vendedor não pode. Neste caso estamos perante uma nulidade atípica
porque é nulidade por conservar o seu carácter automático e por ser invocável a
todo o tempo, mas é atípica pois não podem terceiros invoca-la nem o tribunal
conhecê-la oficiosamente. Quanto a este aspecto, aproxima-se da anulabilidade,
que pode ser invocada pela pessoa em cujo interesse a norma foi estabelecida. E é
sanável, se estiverem preenchidos os requisitos a nulidade fica sanada. No entanto,
no caso quem queria pedir a invalidade do contrato era o promitente-comprador,
será que ele a poderia invocar? Não pois o enunciado diz que Carlos afirma que a
sugestão do não proceder ao reconhecimento presencial das assinaturas foi de
Dionisio, assim estamos perante um caso em que o promitente-comprador não
pode invocar a nulidade do negócio pois a omissão dos requisitos é imputável ao
promitente-comprador, assim não só o Carlos pode invocar a invalidade como o
promitente-comprador não o pode fazer, sob pena de abuso do direito da forma de
venire contra factum proprium.
Calvão da Silva critica severamente esta opção legislativa, que vai contra as regras
gerais do cumprimento das obrigações. Esta presunção é também relativa, a parte
pode afastá-la ou provando que a quantia não foi entregue a título de sinal, ou foi
entregue para confirmar o contrato (confirmatório). Se não fizer, o sinal afasta a
execução específica.
Isto só não sucede nos contratos do art. 410º nº3, por força do nº3, uma vez que
aí a execução específica tem natureza imperativa, sendo nula a cláusula que a ela
renuncie. Também aqui estes sinais têm um regime especial.
Esta tutela prevê a indemnização com base no sinal. No nosso caso, quem não
cumpre é o trandens, tendo o accipens a faculdade de ficar com o sinal, art. 442º
nº2 CC.
Resolução
contrato-promessa será consensual, verificamos que é este o caso, art. 219º CC que
diz que a validade negocial não depende da observância de forma especial (salvo
quando a lei exigir). Verificamos agora que o contrato-promessa foi feito através de
documento particular, assinado apenas por Ana, como o negócio é consensual é
irrelevante o facto de bruno não ter assinado. Isto é assim porque tendo em conta
que, apesar de se tratar de contrato bilateral, como as declarações de vontade não
estão sujeitas a qualquer formalidade, não há qualquer vício relativamente à
declaração do contraente que não assina o documento. Só não seria assim se
existisse obrigação de submeter o contrato a requisitos de forma antecipadamente
convencionados pelos contraentes (forma convencional), o que não é o caso.
accipens pode fazer a sua a coisa entregue; se quem não cumpre for o accipens,
tem de repor o dobro do sinal.
Como saber qual das funções tem o sinal? É necessário averiguar a vontade das
partes. Quando tenhamos duvidas ou não seja dedutível da declaração a natureza,
tem entendido a doutrina que, por força das regras gerais do cumprimento, o sinal
deve ter-se como de natureza confirmatória. Desde logo, o princípio do pacta sunt
survanda, os contratos são para ser cumpridos, só admitindo uma modificação ou
extinção por declaração unilateral em casos excepcionais. Mas não só, o art.
809ºCC considera nula a cláusula pelo qual o credor renuncia antecipadamente os
direitos no caso de incumprimento ou mora do devedor.
Mas isto apenas quando a lei não diga o contrário, o que sucede precisamente no
contrato-promessa, no qual a lei presume que o sinal tem natureza penitencial, art.
830º nº2 CC. Estabelece o cumprimento funcional, através da execução específica,
tem-se os mesmos resultados do que o cumprimento, a celebração do contrato. A
acção de execução específica procedente não se limita a condenar o promitente
faltoso a celebrar o contrato, a sentença tem os efeitos do cumprimento. A lei diz
que é possíveis as partes afastarem a execução específica, não é imperativa. E
considera, no art. 830º nº2 CC, é havido como convenção em contrário dada
quantia a título de sinal as partes quiseram afastar a execução específica, logo
presume que o sinal tem uma função de pagar ou assegurar o arrependimento.
Calvão da Silva critica esta opção legislativa, que vai contra as regras gerais do
cumprimento das obrigações. Esta presunção é também relativa, pois a parte pode
afastá-la provando que a quantia não foi entregue a título de sinal, ou foi entregue
para confirmar o contrato confirmatório. Se não o fizer, o sinal afasta a execução
específica.
É relevante, no nosso caso, o facto de B ter recebido o quadro, há aqui traditio rei
ou tradição da coisa. O contrato promessa não transfere direitos sobre a coisa, mas
pode, por força de um acordo de detenção, adquirir poderes de facto sobre as
coisas. O acto de entrega do quadro significa a entrega destes poderes de factos,
que depende do acordo de detenção que as partes celebrem entre si. Porque é que
é relevante a tradição da coisa? Indemnização do valor da coisa, alternativa ao
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sinal, que só pode existir quando tenha ocorrido traditio rei, art. 442º nº2CC e o
direito de retenção, 755º CC é um direito real de garantia que a lei confere ao
promitente-comprador de reter a coisa enquanto não lhe for paga a indemnização,
só pode haver detenção se tiver havido tradição.
Ana alega que apesar de a obra lhe ter sido efectivamente cedida em partilha, não
pode celebrar o contrato definitivo porque a vendeu a Carmo por 300.000€. Assim,
podemos dizer que este se tornou num incumprimento definitivo imputado à
promitente-vendedora, assim temos de ver quais as garantias indemnizatórias de
Bruno, art. 442º nº2 CC. A indemnização do art. 442º nº2 é uma indemnização
compensatória esta não é cumulável com o cumprimento, (podemos ter também
indemnização moratória esta é cumulável com o cumprimento).
Esta tutela prevê a indemnização com base no sinal. No nosso caso, quem não
cumpre é o accipiens, tendo o tradens a faculdade de exigir a restituição em dobro
(parte é restituição do que recebeu, parte é a indemnização, esta é só o valor do
sinal). No nosso caso teria de restituir 200.000€
Mas nos casos em que existe traditio rei, a lei prevê uma indemnização alternativa.
Quando o incumprimento se deve ao promitente-vendedor, tem o promitente-
comprador o direito de optar pela indemnização pelo aumento de valor da coisa,
aqui tem-se em conta o valor objectivo da coisa à data do incumprimento, é
subtraído o preço convencionado e soma-se ainda aquilo que foi prestado (sinal ou
não).
Resolução
O contrato-promessa não transfere nenhum direito real, seja de gozo, seja pessoal,
sobre o objecto sobre o qual recai a promessa. Nasce apenas o direito de exigir a
contratação, ainda que a coisa passe logo para o promitente-comprador. Se
tivéssemos de qualificar a prestação a que o promitente-comprador se obriga, é
uma prestação de facto positiva, de natureza jurídica.
Assim, quanto ao nosso caso prático Álvaro detinha uma vivenda mas só em
compropriedade, ou seja, estava dentro do regime do art. 1408º CC, no entanto,
este artigo não releva para a invalidade do contrato-promessa pelas razões
explicadas acima.
isto salvo quando o contrato-promessa tiver eficácia real, casos em que o contrato-
prometido, nos termos do art. 413º CC está sujeito também a escritura pública.
Assim, podemos dizer que esta exigência está cumprida, pois há documento
particular e também está assinado por ambas as partes, o que quer dizer que a
forma está correcta até aqui.
Quanto ao nº3 do art. 410º CC, para determinados contratos-promessa, este artigo
impõe requisitos adicionais de forma, o reconhecimento presencial das assinaturas
e a certificação da existência da licença de utilização ou construção. O art. 410º nº2
é uma regra geral, enquanto que o nº3 só se aplica aos contratos-promessa do
regime especial. O contrato definitivo tem de obedecer aos seguintes requisitos:
tem de ser um contrato oneroso, que transmite ou crie direitos reais, e que o
objecto do contrato tem de ser um edifício ou uma fracção autónoma dele, não é
qualquer bem imóvel. Pode ser um edifício já construído ou em construção, daí se
exigir a licença de utilização ou de construção.
No nosso caso tínhamos um caso deste tipo submetido ao regime do art. 410º nº3
CC. A lei presume que a omissão destes requisitos é da responsabilidade do
promitente vendedor, é ele que deve assegurar o seu cumprimento, se não o fizer,
a lei impede-o de arguir a invalidade decorrente dessa omissão, a não ser que
prove que esse incumprimento foi culpa da outra parte, é o que dipõe a parte final
do artigo. Daqui retira-se que o promitente-vendedor não pode arguir a invalidade
e o promitente-comprador pode. Mas e os terceiros? Se se omitem estes requisitos
a invalidade daí resultante é a nulidade, logo esta pode ser invocada por qualquer
interessado e é de conhecimento oficioso. Mas isto contraria o facto de esta norma
visar proteger o promitente-comprador, se admitíssemos que qualquer terceiro
pudesse invocar a nulidade ou o tribunal a pudesse conhecer oficiosamente,
estaríamos a contrariar o espírito da norma. Isto porque as consequências da
nulidade são menos gravosas para o promitente-vendedor, o comprador não tem
interesse em invocar a nulidade, pois deixando correr o contrato, haverá
impossibilidade de cumprimento imputável ao promitente-vendedor, que terá de
indemnizar o promitente-comprador. Assim, protege-se o promitente comprador,
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
ao criar as condições para que este receba uma indemnização que caso contrário
não receberia.
Assim, estamos perante uma nulidade atípica, é nulidade por conservar o seu
carácter automático e por ser invocável a todo o tempo, mas é atípica pois não
podem terceiros invoca-la nem o tribunal conhecê-la oficiosamente. Quanto a este
aspecto, aproxima-se da anulabilidade, que pode ser invocada pela pessoa em cujo
interesse a norma foi estabelecida. E é sanável, pois se estiverem preenchidos os
requisitos, a invalidade fica sanada.
Sinal é uma quantia entregue no momento da celebração por uma destas partes a
outra. Ainda que esta quantia corresponda à totalidade do preço.
Como sabemos qual deles a parte optou? No caso diz que as partes estipularam que
não renunciam à possibilidade de recurso de execução específica. Podemos afirmar
que elas optaram por um sinal de natureza confirmatório, pois no art. 830º nº2 que
é havido como convenção em contrário a existência de sinal, logo a lei presume um
sinal penitencial, no entanto não só neste caso não seria possível afastá-la já que
nas situações do art. 410º nº3 CC a acção de execução específica tem natureza
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
imperativa como a presunção é relativa, pois a parte pode afastá-la que foi o que
aconteceu.
É relevante, no nosso caso, o facto de Berta poder dar inicio a certas reparações,
sendo que aqui verifica-se que houve tradição da coisa, o contrato-promessa não
transfere direitos reais sobre a coisa, o promitente-comprador não adquire
qualquer direito real ou pessoal de gozo sobre a coisa. Mas pode, por força de
acordo de detenção adquirir poderes de facto sobre as coisas. O acto de haver
possibilidade de Berta efectuar reparações significa a entrega destes poderes de
factos que depende do acordo de detenção que as partes celebrem entre si. Porque
é que é relevante a tradição da coisa? Indemnização pelo valor da coisa, alternativa
ao sinal, que só pode existir quando tenha ocorrido traditio rei, art. 442º nº2 CC e
direito de retenção, art. 755º CC, é um direito real de garantia que a lei confere ao
promitente-comprador de reter a coisa enquanto não lhe for paga a indemnização.
Só pode haver retenção se tiver havido tradição.
Logo, esta acção não seria possível por se necessitar do consentimento de terceiro,
pois neste caso a declaração negocial do faltoso não basta para a celebração do
contrato, pelo que não é possível a execução específica.
A tutela indemnizatória do art. 442º nº2 CC, é necessário que a mora se transforme
em incumprimento definitivo, a indemnização do art. 442ºCC, é uma indemnização
compensatória. Podemos ter indemnização moratória, que visa compensar os
danos resultantes do atraso, quando é moratória, é cumulável com o cumprimento.
As indemnizações do art. 442º CC não são cumuláveis com o incumprimento.
Que tutela é essa? Desde logo, prevê a indemnização com base no sinal. No nosso
caso, quem não cumpre é o promitente-vendedor ou accipiens, tendo o
promitente-comprador ou tradens a faculdade de exigir a restituição em dobro, no
nosso caso, teria de restituir 80.000€.
Mas nos casos em que existe traditio rei, a lei prevê uma indemnização alternativa.
Quando o incumprimento se deve ao promitente-vendedor, tem o promitente-
comprador o direito de optar pela indemnização do aumento do valor da coisa,
tem-se em conta o valor objectivo da coisa à data do incumprimento é subtraído o
preço convencionado e soma-se ainda aquilo que foi prestado.
No caso do dinheiro gasto por Berta para reparações este também lhe deve ser
restituído, e o art. 410º nº4 CC pois o artigo nada refere quanto a este tipo de
indemnização.
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Caso VI
Resolução
Temos de ver se a forma está preenchida, no caso afirma-se que o contrato foi
apenas assinado pela Isabel, logo aqui temos um problema, a forma do contrato-
promessa está prevista no art. 410º CC que consagra o principio da equiparação,
este consiste na aplicação ao contrato-promessa, das regras aplicáveis ao contrato
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
O caso prático também tem de preencher a forma requerida pelo art. 410º nº3 CC,
pois trata-se de uma facção de um edifício. Este artigo impõe requisitos adicionais
de forma, o reconhecimento presencial das assinaturas e a certificação da
existência da licença de utilização ou construção. Estamos perante uma destas
situações pois o contrato-promessa de compra e venda neste caso é um contrato
oneroso, que transmite direitos reais e que o objecto do contrato é uma fracção
autónoma de um edifício.
No nosso caso, tínhamos um caso deste tipo, submetido ao regime do art. 410º nº3
CC. A lei presume que a omissão destes requisitos é da responsabilidade do
promitente-vendedor, é ele que deve assegurar o seu cumprimento, se não o fizer a
lei impede-o de arguir a invalidade decorrente dessa omissão, a não ser que prove
que esse incumprimento foi culpa da outra parte. É o que dispõe a parte final deste
artigo. Assim, retira-se daqui que, em regra geral, o promitente-vendedor não pode
invocar esta invalidade pois tem de ser ele a propor que os requisitos do art. 410º
nº3 sejam preenchidos.
No caso, verificamos que as partes nada disseram sobre isto, logo a doutrina diz
que quando haja duvidas o sinal deve sempre ser tido como de natureza
confirmatória.
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Mas isto apenas quando a lei nada diga em contrário o que sucede precisamente no
contrato-promessa, no qual a lei presume que o sinal tem natureza penitencial, art.
830º nº2 CC. Estabelece o cumprimento funcional, através da execução específica,
tem-se os mesmos resultados do que o cumprimento. A lei diz que é possível as
partes afastarem a execução específica, não é imperativa E considera, no art. 830º
CC, é havido como convenção em contrário a existência de sinal. Logo, a lei
presume que quando no contrato-promessa se entrega dada quantia a titulo de
sinal as partes quiseram afastar a execução específica, logo presume que o sinal
tem uma função de pagar ou assegurar o arrependimento.
Calvão da silva critica esta opção legislativa, que vai contra as regras gerais do
cumprimento das obrigações. Esta presunção é também relativa.
Isto só não sucede nos contratos do art. 410ºnº3CC, por força do nº3 do art. 830º
CC, uma vez que aí a execução específica tem natureza imperativa, sendo nula a
cláusula que a ela renuncie. Também aqui estes sinais têm um regime especial.
É relevante, no nosso caso, o facto de ter recebido a chave do imóvel, há traditio rei
ou tradição da coisa. O contrato-promessa não transfere direitos sobre a coisa. Mas
o promitente-comprador pode, por força de um acordo de detenção, adquirir
poderes de facto sobre as coisas. O acto de entrega da chave significa a entrega
destes poderes de facto, que depende do acordo de detenção que as partes
celebrem entre si.
Agora temos de saber qual o meio adequado para Catarina reagir contra Isabel por
falta de incumprimento do contrato-promessa. Temos dois meios alternativos que
Catarina pode usar, a acção de execução específica e a tutela indemnizatória do art.
442ºnº2CC. A primeira pressupõe uma simples situação de mora a segunda
pressupõe um incumprimento definitivo. Só existe mora enquanto o credor tiver
interesse esta é pressuposto da existência de acção de execução específica.
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Assim, no nosso caso temos de ir pela tutela indemnizatória do art. 442º nº2 CC,
esta indemnização é compensatória, logo não é cumulável com o cumprimento da
obrigação.
Esta tutela prevê a indemnização com base no sinal. No nosso caso, quem não
cumpre é a promitente-vendedora, tendo o promitente-comprador a faculdade de
exigir a restituição em dobro, no nosso caso seria de 30.000€.
Mas neste caso existe traditio rei, aqui a lei prevê uma indemnização alternativa.
Assim, tem o promitente-comprador o direito de optar pela indemnização do
aumento do valor da coisa, ou seja, tem-se em conta o valor objectivo da coisa à
data do incumprimento, é subtraído o preço convencionado e soma-se aquilo que
foi prestado. No nosso caso, o valor de mercado era 125.000€ ao qual se deduz o
preço convencionado de 100.000€, tendo o valor da variação: 25.000€. Seria a
indemnização de 15.000€ +25.000€ que é igual a 40.000€, há interesse em optar
por esta indemnização.
Resolução
Temos agora de ver se a forma está preenchida, assim, temos de ir ao art. 410ºCC,
este artigo consagra o princípio da equiparação ou correspondência este consiste
na aplicação ao contrato-promessa, as regras aplicáveis ao contrato definitivo.
No entanto, este princípio tem duas excepções, uma quanto à forma e a outra
quanto à substância, em relação aquelas normas que, pela sua razão de ser, se não
considerem extensíveis ao contrato-promessa. É o que sucede com todas as regras
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Calvão da Silva opta pelo mecanismo da redução, o art. 292º CC contém uma
presunção de divisibilidade, se nada se provar e alegar, o contrato-promessa
bilateral reduz-se. Para que isso não aconteça, é necessário que a parte interessada
faça prova de que só assumiu a obrigação de contratar porque o outro contraente
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
No nosso caso, o promitente comprador não assinou, e quem se quer ver livre do
contrato é o promitente-vendedor, que assinou. Ele quer a invalidade do negócio
porque não quer assumir as consequências do incumprimento , o contrato deixaria
de produzir efeitos automaticamente.
No nosso caso, tínhamos um caso deste tipo, submetido ao regime do art. 410º nº3
CC. A lei presume que a omissão destes requisitos é da responsabilidade do
promitente-vendedor, é ele que deve assegurar o seu cumprimento, se não o fizer,
a lei impede-o de arguir a invalidade decorrente dessa omissão, a não ser que
prove que esse incumprimento é culpa da outra parte. Daqui retira-se a ideia de
que o promitente-comprador pode arguir a nulabilidade e o promitente-vendedor
não pode, salvo excepções. No entanto, aqui punha-se a questão de saber se Carlos
filho de António podia arguir a invalidade do negócio. Não pode, pois se
admitíssemos que qualquer terceiro pudesse invocar a nulidade estaríamos a
contrariar o espirito da norma. Isto porque as consequências da nulidade são
menos gravosas para o promitente-vendedor, assim, protege-se o promitente-
comprador ao criar condições para que este receba uma indemnização que caso
contrário não receberia.
Estamos assim perante uma nulidade atípica, é nulidade por conservar o seu
carácter automático e por ser invocável a todo o tempo, mas é atípica pois não
podem terceiros invoca-la. Assim, podemos concluir que nem Carlos nem António
podiam arguir a nulidade do contrato.
No entanto, quando a lei diga o contrário o sinal pode não ter natureza
confirmatória mas penitencial é o que acontece no contrato-promessa, no qual a lei
presume que o sinal tem natureza penitencial, ou seja, assegura o direito ao
arrependimento, art. 830º nº2CC. A lei diz que é possível as partes afastarem a
execução específica, não é imperativa. E considera no art. 830º nº2 CC é havido
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
como convenção em contrário a existência de sinal. Logo a lei presume que quando
no contrato-promessa se entrega dada quantia a título de sinal as partes quiseram
afastar a execução específica, logo presume que o sinal tem uma função de pagar
ou assegurar o arrependimento.
Isto só não sucede nos contratos do art. 410ºnº3, por força do nº3 uma vez que aí a
execução específica tem natureza imperativa, sendo nula a clausula que a ela
renuncie.
É relevante no nosso caso o facto de ter recebido a chave do imóvel, pois assim há
tradição da coisa. O contrato-promessa não transfere direitos sobre a coisa. Mas
pode, por força de um acordo de detenção, adquirir poderes de facto sobre as
coisas. O acto de entrega chave significa a entrega destes poderes de facto, que
depende do acordo de detenção que as partes celebrem entre si.
Agora chegou o momento de sabermos qual das acções é que o Bernardo pode usar
para fazer face aos seus direitos. Existe duas vias alternativas, a execução
específica e a tutela indemnizatória. Na primeira temos um causa apenas o factor
tempo, ou seja, a simples mora, mas que ainda seja possível o cumprimento do
contrato-promessa. Na segunda acção já pressupomos que o incumprimento seja
definitivo.
Neste caso, não é possível a acção de execução específica por causa do art. 877ºCC
que é uma norma que se opõe à natureza da obrigação assumida, já que existe falta
de consentimento de terceiro e a este o tribunal não se pode substituir. Assim, e
apesar de estarmos numa situação do art. 410ºnº3 CC, onde a acção de execução
específica não pode ser afastada pelas partes, é afastada pelo facto de a norma não
ser compatível com o cumprimento do contrato-promessa.
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
A aquisição por terceiro só impede o recurso à acção quando esta tenha registado o
seu direito antes do momento da propositura.
conhecimento da clausula que o credor invoca como, por outro lado, entende
tratar-se de uma disposição nula.
Quid iuris?
Resolução
Existe contrato de adesão, art. 1º nº2º DL, para haver contrato de adesão os
requisitos são: pré-formulação e rigidez, independentemente de o conjunto de
clausulas se destinar ou não a fazer parte de uma generalidade de contratos. A
maioria dos contratos de adesão contém clausulas contratuais gerais, mas pode
acontecer que os contratos de adesão se destinem a regular apenas um contrato na
sua individualidade.
Verificamos que isto não está preenchido pois a utilizadora, a lusitania drive, não
procedeu correctamente ao dever de informação, tendo apenas exposto no papel a
clausula no verso não procedendo devidamente à sua comunicação e informação.
Assim, a clausula não é incluída no contrato.
Esta é também uma clausula relativamente proibida segundo o art. 19º al. c) do DL,
nestas o legislador recorre a vários conceitos indeterminados, decorrendo daqui
uma possibilidade de valoração judicial, ou seja, a sua proibição depende da
economia contratual de cada contrato. É o cliente-padrão e não o cliente concreto
de cada contrato que o legislador impõe ao tribunal como paradigma de valoração
objectiva e abstracta das clausulas em apreço.
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Se a faculdade do art. 13º não for exercida vigora o regime da redução dos
negócios jurídicos, art. 14º DL. No entanto, não se deve proceder à redução das
clausulas isso seria premiar o infractor.
Existe aqui perda de beneficio do prazo, as partes fixam um prazo mais amplo para
o pagamento, em beneficio do devedor; deixando este de pagar uma das
prestações, isto origina uma quebra de confiança, legitimando a perda de beneficio
do prazo.
No nosso caso não há clausula de resolução, logo a lusitania drive não tem direito à
resolução do contrato. Então só tem direito ao vencimento antecipado, quais os
requisitos? Haver mais do que uma prestação por pagar ou se houver apenas uma
esta tem de ser superior a 1/8 do preço. Ainda faltam 9 prestações a Beatriz, assim,
podemos concluir que a Lusitania drive tem direito ao vencimento antecipado das
respectivas prestações, isto está disposto no art. 934º nº2 parte.
Caso IX - Prestações
Resolução
Nos termos do art. 781º CC, diz que são requisitos da resolução o facto de a
prestação não cumprida não ser superior a 1/8 do preço ou que faltem mais do que
uma prestação. Só assim pode haver resolução do contrato, verificamos que este é
o caso pois João só pagou uma prestação, faltando mais três, assim, a resolução tem
eficácia retroactiva, abrangendo todas as parcelas da prestação, incluindo as já
efectuadas. Quanto à doação que João fez esta é doação de bem alheio, pois o
contrato tinha uma clausula de reserva de propriedade, logo, a propriedade não se
transferiu para a sua esfera permanecendo na esfera da loja, logo essa doação é
nula.
Existe aqui perda do beneficio do prazo, as partes fixam um prazo mais amplo para
o pagamento, em beneficio do devedor, deixando este de pagar uma das
prestações, isto origina uma quebra de confiança, legitimando a perda do beneficio
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
do prazo. Estão aqui em falta três prestações, assim, temos vencimento antecipado
segundo o art. 934º CC, João tinha de pagar o que lhe faltava pagar, ou seja, 1000-
250 que dá 750€.
Caso X - preferência
Resolução
Quanto à forma, e tal como consta do art. 415º CC, queremete para o 410º nº2 CC,
sempre que a preferência respeitara contrato para cuja celebração a lei exigir
documento (autentico ou particular), como seja a venda de bens imóveis, o pacto
será válido se constar de documento escrito, assinado pelo obrigado, não sendo
necessário a assinatura da outra parte uma vez que ela não é promitente.
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Este dever de comunicação implica que o contrato seja comunicado na integra? Art.
416º nº1 CC, art. 1410º CC acção de preferência, fala-nos dos elementos essenciais
da alienação: devem ser comunicados todas as clausulas determinantes
fundamentais para a formação da vontade do preferente, ou seja, o dever de
comunicação abrange as clausulas essenciais para a determinação da vontade do
preferente.
Assim, houve em parte violação da preferência pois Dina não comunicou de forma
correcta com Estevão sobre o contrato que iria efectuar com Filipe. Há
comunicação defeituosa, então só através da acção de preferência o preferente
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
pode fazer valer os seus direitos, este prevalecerá sobre o negócio efectuado. Neste
caso como temos um caso de eficácia real do pacto de preferência o preferente tem
direito à acção de preferência, art. 421º CC, isto porque tem a publicidade
garantida por registo, sendo oponível a terceiros. Através da acção de preferência
prevista no art. 1410º CC, a procedência da acção de preferência tem como
resultado a substituição do adquirente pelo autor, com efeito retroactivo, no
contrato celebrado tudo se passando como se o contrato tivesse sido celebrado
entre o alienante e o preferente.
Existe simulação de preço, pois as partes declararam ter feito um preço e fizeram
outro, assim, o preço declarado era de 100.000€ e o preço real era de 125.000€.
Neste caso, o titular da preferência (estevão) não teria interesse em invocar a
simulação de preço. Quem teria nisso interesse seriam os próprios simuladores.
Mas a lei restringe em muito a possibilidade de os simuladores poderem provar a
simulação e, bem assim, veda-lhes a possibilidade de invocarem a simulação contra
terceiros de boa fé (art. 243º nº1 e 2). Há autores como Menezes Leitão que
defendem que, em caso de negócio simulado (entre o obrigado à preferência e
terceiro adquirente), o titular da preferência pode exercer a preferência pelo preço
simulado, não podendo os simuladores exigir que a preferência se faça pelo preço
real (superior). No entanto, a doutrina maioritária considera que essa solução
constituiria um inadmissível enriquecimento ilegítimo do titular da preferência à
custa dos simuladores. Nesse sentido, o professor menezes cordeiro defende que a
simulação poderia ser invocada contra o titular da preferência pelos simuladores,
na medida em que aquele não seria considerado neste caso como um terceiro de
boa fé, porque o seu direito de adquirir só se constituiria com a sentença que
julgasse procedente a acção de preferência, e porque o titular da preferência não
faria qualquer investimento na confiança que justificasse a sua tutela através da
boa fé, 243ºCC.
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Assim, consoante uma ou outra das posições, assim, estevão poderia preferir pelo
preço aparente, não podendo os simuladores pretender que o mesmo preferisse
pelo preço real, ou poderia aquele preferir, mas podendo os próprios simuladores
pretender que o fizesse pelo preço real superior aparente.
Resolução
1306º CC. A criação de outros direitos reais para além do de propriedade implica
restrições a este. O direito de propriedade é o direito-mãe, que inclui todos os
poderes de usar, fruir e dispor e que é elástico. Estes 3 poderes podem ser
limitados, comprimindo o direito de propriedade, criando-se através desta
limitação os restantes direitos reais, que são direitos menores ou limitados.
Extinguindo-se estes direitos, o de propriedade volta a expandir-se. Temos ainda
os direitos reais de garantia, que visam garantir os direitos de crédito e finalmente
os direitos reais de aquisição. Todas as outras limitações do direito de propriedade
têm carácter obrigacional, cabendo na segunda parte do art. 1306º CC.
Segundo ponto, o objecto, enquanto que os direitos reais são direitos sobre uma
coisa, os direitos de crédito são direitos a prestações. O direito real é um dever
soberano sobre uma coisa, o titular tem um verdadeiro ius in re. Pode utilizar de
forma exclusiva os poderes de facto que o direito lhe dá. Já o objecto dos direitos
de crédito é a prestação, um comportamento do devedor, estes nunca são direitos
sobre uma coisa. Mesmo quando incidam sobre uma coisa, nunca incidem sobre ela
directamente pois distinguimos sempre entre objecto mediato e imediato.
No nosso caso, o devedor não cumpre por celebrar um contrato com um terceiro Y,
existe um ataque directo, pois o terceiro colabora com o devedor no
incumprimento.
Esta doutrina não foi consagrada no nosso código, há várias normas que o
demonstram.
1) Art. 406º, regra geral de que os direitos de crédito têm eficácia retroactiva.
Só nos casos expressamente previstos serão estes direitos oponíveis a
terceiros. Esta é uma indicação, pese embora não ser decisiva.
2) Arts. 412º e 421º CC dizem respectivamente respeito aos contratos
promessa e pactos de preferência. Regra geral o contrato-promessa não tem
eficácia real, no entanto, as partes podem atribuir eficácia real ao contrato
promessa, sendo necessária a verificação cumulativa de três requisitos, ser
um bem imóvel, haver declaração expressa no sentido da atribuição;
registar e submissão à forma especial da forma de contrato definitivo.
Assim, este percurso serve para concluir que em princípio os direitos de crédito
têm apenas eficácia em relação ao devedor. Não significa isto que não possamos
responsabilizar terceiros que violem ou contribuam para violar o direito do credor.
Como?
Quando um terceiro é abordado por dada pessoa e celebra com ela um contrato,
mesmo tendo conhecimento do contrato anterior, parece não ser um
comportamento censurável, respeita as regras da concorrência. Outra coisa
diferente é o próprio terceiro promover a quebra contratual abordando ele o
devedor convencendo-o a não cumprir o outro negócio e a celebrar com ele um
novo negócio, há aqui uma indução a uma quebra do contrato, há um intuito de
prejudicar o outro concorrente. No nosso direito não há uma ilicitude especial para
estes casos, mas podemos, perante o art. 334º CC, entender que o comportamento
viola as regras do bom costume. Não basta o conhecimento do outro negócio, mas
que o terceiro tenha intenção de prejudicar e as regras da concorrência ditam que
os comportamentos tragam benefícios e não prejuízos.
Resolução
Quanto a Maria, uma vez que se trata de uma obrigação infungível, esta tinha outro
caminho, art. 828º CC. Pode pedir ao tribunal que o devedor seja substituído por
terceiro. A obrigação não só se extingue, como pode ser o cumprimento exigido nos
termos do 828º CC. Pode pedir ao tribunal que o devedor seja substituído por
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015
Resolução
No nosso caso temos dois sujeitos o Luís (arrendatário) e Maria (locadora), luís
deixou de pagar a renda acordada no terceiro mês de vigência do contrato.
Quanto à segunda questão, a solução não seria a mesma pois estamos perante uma
obrigação duradoura fraccionada, logo a solução seria diferente, nestas obrigações
o tempo tem uma simples influência no modo de execução do contrato e não no
CASOS PRATICOS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 2014/2015