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ORALIDADE NO ENSINO DE LÍNGUA

INGLESA
Danyara Pereira da Silva¹
Gabriela Gonçalves Oliveira¹
João Henrique Saraiva Miranda¹
Márcia Donadel

Silvaney Vieira da Silva

RESUMO

A língua inglesa vem tendo muito destaque nas últimas décadas. Vários métodos de
ensino são usados nas escolas, mas muito pouco se fala da oralidade. Grande parte
dos professores diz ter dificuldade de introduzir a oralidade às aulas por várias
razões, principalmente pela grande quantidade de alunos nas salas e a falta de
estrutura, principalmente das escolas públicas. Tendo em vista a importância da
oralidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem a obrigatoriedade do
ensino da mesma, deixando a escola responsável por criar meios que valorizem a
linguagem oral. Assim, o aluno sente não apenas motivação para aprender uma nova
língua, mas também aprender sobre diferentes culturas e significados. Através de
revisão de literatura, este paper explora a relevância da oralidade no ensino de
língua inglesa e estratégias para trabalhá-la em sala de aula no Ensino Básico.
Conclui-se que o professor deve sempre usar da versatilidade para promover
atividades que estimulem seus alunos a utilizarem a língua inglesa de maneira
natural e interativa com os colegas e até o próprio professor, além de sentir a
necessidade real de aprender uma segunda língua.

Palavras-chave: Oralidade, ensino-aprendizagem, língua inglesa.

1. INTRODUÇÃO

Devido ao constante avanço da tecnologia, a língua inglesa vem tendo cada vez
mais destaque. Tornou-se obrigatório o ensino de uma segunda língua nas escolas
públicas. Mas, por conta da precariedade do ensino público no Brasil, ainda se tem a
ideia de que é impossível que o aluno aprenda bem a língua somente com a instrução
escolar, que o aluno só consegue aprender buscando cursos particulares.
Quando se fala em aprender um novo idioma, é necessário lembrar de que
existem vários aspectos importantes da língua na aquisição do conhecimento, que
precisam ser levados em conta. Mas, sabe-se que grande parte dos professores prefere
focar sua metodologia somente na gramática, em memorizar palavras e frases soltas e
interpretação de textos sem relação com a matéria, fazendo com que o aluno não
tenha interesse na língua e estude apenas o suficiente para passar nas provas e ser
aprovado.
Pode-se perceber que o ensino de língua inglesa vem passando por um
processo contínuo de desenvolvimento de suas práticas pedagógicas, sempre visando
as necessidades de aprendizado pelas quais passa a sociedade em cada momento
histórico, denominadas métodos e/ou abordagens. Embora eficazes, nem sempre
estavam desenvolvendo nos estudantes uma habilidade importante que é a oralidade,
que por muitas vezes era deixada em segundo plano ou completamente ignorada. Nos
dias atuais, é impossível ignorar o quão importante ela é para um bom aprendizado da
língua inglesa.
A oralidade quase sempre é descrita como uma dificuldade, pois não é fácil de
ser exercitada na aula, seja por ter uma grande quantidade de alunos nas turmas, por
não possuir materiais didáticos ou até mesmo pelo despreparo do próprio professor.
Porém o assunto vem sendo discutido cada vez mais nos últimos anos. Compreende-
se que é de suma importância que os gêneros da fala sejam desenvolvidos, pois
assim, o aluno poderá usar o conhecimento adquirido em sua vida social, seja
formalmente ou informalmente.
Tendo isso como referência, este paper tem como objetivo demonstrar que a
oralidade deve ser ensinada em sala de aula de maneira produtiva e estimulante,
juntamente com as outras habilidades, segundo estudos direcionados ao assunto
aprofundados na fundamentação teórica.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É indiscutível o fato de a língua inglesa ser a mais importante do mundo


contemporâneo. É a língua mais falada no mundo todo por nativos e ainda mais por não
nativos, e talvez seja a única que possui mais falantes não nativos que nativos. Pois
segundo LEFFA (2001, p.10) “(...) é falado por mais de um bilhão e meio de pessoas; o
inglês é a língua usada em mais de 70% das publicações científicas; o inglês é a língua
das organizações internacionais.” Sua forte presença nos âmbitos sociais, econômicos,
políticos e culturais ressalta a notoriedade do ensino de língua inglesa cada vez mais
antecedente nas escolas.
Atualmente, o inglês é a língua nativa de mais de meio bilhão de pessoas
oriundas tanto do centro quanto da periferia do globo. É a língua mais falada
do mundo por não-nativos e, provavelmente, o único idioma que possui mais
falantes não-nativos que nativos. São três falantes não-nativos para cada
falante nativo (SIQUEIRA, 2005, p.14).

O ensino de língua inglesa no Brasil vem passando por mudanças de maneira


constante em sua metodologia desde a sua inserção no âmbito educacional do país. No
Método da Gramática e Tradução, que durou até o início do século XX, a língua era
vista apenas como um conjunto de regras no qual se explorava apenas a gramática e a
tradução de textos e visava somente o domínio destas, deixando a oralidade sempre de
lado. (cf. PARANÁ, 2008, p. 39). O Método Direto, que se consolidou logo após e se
manteve até a década de 60, focava na oralidade e deixava a gramática e a tradução em
segundo plano, pois a língua inglesa era vista como um instrumento de comunicação.
(cf. PARANÁ, 2008, p. 40).

O método audiolingual surgiu devido à necessidade urgente de ensinar línguas


estrangeiras aos soldados americanos da Segunda Guerra Mundial de forma rápida. Esse
método evidencia que a língua pode ser compreendida através do condicionamento, ou
seja, por meio de respostas a estímulos pode-se obter as habilidades necessárias para o
aprendizado (cf. PARANÁ, 2008, p. 43). Um fato importante a ressaltar é que, nesse
método, enfatizava-se a pronúncia e a entonação de frases como fundamentais para não
criar “hábitos incorretos”, o que o tornou repetitivo e cansativo para os aprendizes da
língua, quase sempre não obtendo os resultados desejados.

Em seguida, veio a Abordagem Comunicativa a partir de 1980, que centrava-se


na conversação cotidiana, onde a língua passa a ser instrumento de comunicação e de
interação, no qual o professor passou a ser o mediador e o aluno, o sujeito de seu
aprendizado. Assim, através de diversos tipos de atividades, os alunos começam a
trabalhar as quatro habilidades: reading, writing, speaking e listening para total
compreensão da língua. A partir disso, os erros começam a ser vistos como parte do
processo de aprendizagem (cf. PARANÁ, 2008, p. 47). Importante salientar que a
abordagem comunicativa mostra-se a mais apropriada para o desenvolvimento da
oralidade do aluno e torna possível o aprendizado de maneira significativa e
contextualizada da língua inglesa desde níveis básicos.

No contexto das escolas públicas de Ensino Básico no Brasil, a exploração da


oralidade é com frequência um grande desafio para os professores de língua inglesa,
visto que diversos obstáculos como a falta de estrutura, a descontextualização dos
materiais didáticos e a falta de formação continuada do professor podem
comprometer o desenvolvimento desse aspecto decisivo do ensino-aprendizagem do
idioma, tão celebrado na abordagem comunicativa. Polidório afirma que

Ser professor no Brasil não tem sido fácil. Temos problemas seríssimos
como a indisciplina dos alunos, salas de aulas muito cheias, carência de
material didático adequado, e baixa remuneração dos professores. Tudo isso
tem dificultado grandemente uma profissão que deveria ser bem mais
valorizada. (POLIDÓRIO, 2014, p. 342)

Esses obstáculos vêm sendo debatidos no decorrer dos anos e algumas


estratégias para enfrentá-los têm sido observadas. Tendo em vista a importância da
oralidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem a obrigatoriedade do ensino
da mesma, deixando a escola responsável por criar meios que valorizem a linguagem
oral. Assim, o aluno sente não apenas motivação para aprender uma nova língua, mas
também aprender sobre diferentes culturas e significados. Um dos caminhos
apontados trata do desenvolvimento dos gêneros da fala, pois contribuem para o uso
do conhecimento adquirido na vida social do aluno, seja formalmente ou
informalmente. Observa-se que

(...) a realização de um trabalho através das práticas discursivas precisa pautar-se


em atividades planejadas que possibilitem ao nosso aluno a leitura e a produção
oral, visto que essas habilidades comunicativas são complementares e não faria
sentido incluir uma e excluir a outra (TSUTYAP, 2013, p. 5-6).

A autora ressalta a interligação entre a leitura e a produção oral, oferecendo


pistas sobre um ponto de partida para a exploração da oralidade em sala de aula.
Leituras que abarcam áreas de interesse da faixa etária podem oferecer subsídios para
uma produção oral eficiente e contextualizada. Tsuiyap (2013) sugere esportes, cinema,
pessoas de destaque e comunicação em mídias sociais como temáticas de leitura que
aproximam os alunos da produção oral.

Segundo Bakhtin (1997) há uma diferença entre os gêneros do discurso


considerados primários e os mais complexos, denominados secundários. Os primários
estão no âmbito das manifestações orais realizadas espontaneamente como diálogos, por
exemplo. Entre os secundários, estão o discurso científico e o romance, por exemplo.
Como os primários estabelecem relação entre interlocutores de forma mais direta e
objetiva, tornam-se bons recursos para lidar com os obstáculos do dia-a-dia de sala de
aula no ensino de língua inglesa. Esta é mais uma pista a ser considerada na busca por
estimular de forma mais eficaz a produção oral dos alunos.

Segundo Almeida Filho (2007), a comunicação verbal se interliga às demais


habilidades, não sendo apenas linguística. Essa habilidade passa pelos conhecimentos
gramaticais e pela construção lexical, por exemplo, embora se observe que a produção
oral se remonta na memória de forma não-linear e espontânea. O autor apresenta um
esquema que recupera os estudos de competência comunicativa com base em autores
chave (como Chomsky, Hymes, Canale e Swain, Tarone, Woddowson) que trataram da
temática com bastante propriedade. A competência comunicativa, ou seja, a capacidade
de se comunicar oralmente se interliga da seguinte maneira:

Fonte: Dimensões Comunicativas no ensino de Línguas (ALMEIDA FILHO, 2013, p.


9)

Observa-se na imagem que a produção oral passa por diferentes dimensões de


contato com a língua inclui o reconhecimento do código, ou seja, a competência
linguística, a capacidade de reconhecer a dimensão sócio-cultural, as habilidades meta-
comunicacionais e de interação, que tornam a comunicação oral viável e garantem a sua
adequação e desempenho. O autor ressalta, ainda, que no ambiente de sala de aula, a
construção de uma atmosfera agradável e de confiança mútua entre alunos e professor
traz enormes benefícios para que uma construção tão complexa possa ser realizada
coletivamente. Há, portanto, diferentes caminhos para o estímulo da oralidade.

Na próxima seção, descreve-se a metodologia adotada para essa pesquisa, bem


como os procedimentos para a coleta e análise das referências.
3. METODOLOGIA

A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica e a revisão de literatura.


Foram coletados e analisados artigos científicos e livros acerca das temáticas abordadas.
Segundo Fonseca, a pesquisa bibliográfica se dá
[...] a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e
publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos,
páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se
estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam
unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas
publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios
sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002,
p. 32).

Os materiais coletados possibilitaram reconhecer aspectos relevantes do


contexto do ensino da oralidade e ampliar o conhecimento, fundamentando o estudo.
Assim, foi possível realizar a fundamentação teórica do tema abordado. A bibliografia
pertinente foi obtida e selecionada de bibliotecas virtuais, bancos de publicações de
acesso aberto disponíveis online, sites eletrônicos e artigos acadêmicos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com o estudo realizado dos autores citados e das temáticas abordadas, pode-se
analisar a necessidade indiscutível de pesquisar e refletir sobre propostas de ensino de
língua inglesa que estimulem o aprendizado de maneira real e contextualizada, visando
o desenvolvimento das habilidades necessárias para tal, principalmente a oralidade, por
ser crucial em questões sociais e comunicativas. Através das pesquisas realizadas, foram
demonstrados os métodos mais utilizados e como eles impactam o processo de ensino
aprendizagem e dar um norte para os autores, futuros professores de língua inglesa, na
busca de atividades adequadas para os objetivos almejados.

A partir das referências pesquisadas, compreende-se que a competência


comunicativa com base na oralidade interliga-se às habilidades de leitura, escuta e
escrita. Sendo interdependente, há espaço para o estímulo da produção oral a partir de
propostas que não partem somente de situações de fala. Atividades que estimulam a
oralidade podem partir das outras habilidades, serem de interesse daquele grupo ou da
faixa etária e irem estimulando o uso contextualizado do idioma, mantendo a motivação
e o encorajamento para o processo de ensino-aprendizagem.

Dessa forma, compreende-se que os professores devem sempre inserir atividades


que estimulem o exercício da oralidade nos planejamentos de sala de aula, mesmo os
alunos tendo níveis básicos de conhecimento da língua inglesa ou não tendo
conhecimento algum. É importante que o professor crie um ambiente de aprendizado
leve e autônomo para que os alunos sintam-se confortáveis e estimulados a adquirirem
as habilidades prezadas para promover interação e construção do conhecimento.

5. CONCLUSÃO
Diante das referências pesquisadas, conclui-se que as práticas de ensino-
aprendizagem de língua inglesa, para serem efetivas no objetivo de criar competência
linguística e comunicativa, precisam considerar práticas a partir da oralidade. Dessa
forma, entende-se que a realização de atividades com versatilidade fazem parte das
atribuições do professor, sendo ele peça chave para a motivação e a criação de um
ambiente de estímulo e confiança.

Ao encontrar formas de aproximar o contexto do aluno com as temáticas


trabalhadas de maneira natural e interativa, pode-se criar o ambiente em que a
necessidade real de aprender uma segunda língua e a motivação estejam lado a lado.
Conforme observado, atividades com temáticas de esportes, cinema, pessoas de
destaque e comunicação em mídias sociais aproximam os jovens alunos da produção
oral. Os gêneros do discurso mais diretos e objetivos, como diálogos e produções
espontâneas, são bons recursos para lidar com os obstáculos do dia-a-dia de sala de aula
no ensino de língua inglesa.

A produção oral aliada às habilidades de leitura, escuta e escrita pode ser melhor
estimulada permitindo um processo de ensino-aprendizagem de maneira real e
contextualizada. Portanto, apesar das dificuldades no dia-a-dia dos professores de língua
inglesa na Educação Básica no Brasil, é fundamental considerar a exploração da
oralidade, aspecto decisivo do ensino-aprendizagem do idioma.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA FILHO, J. C. P. Dimensões Comunicativas no ensino de Línguas.


Campinas: Pontes Editores, 2007.

BAKTHIN, M. Estética da Criação Verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Pontes, 1997.

FONSECA, J. J. S. Apostila de Metodologia da Pesquisa Científica. Fortaleza: UEC,


2002.

LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras. In:


LEFFA, V. J. (Org.). O professor de línguas estrangeiras: construindo a profissão.
Pelotas: EDUCAT, 2001.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares para os anos finais


do ensino fundamental e para o ensino médio do estado do Paraná – língua estrangeira
moderna. Curitiba: SEED, 2008.

POLIDÓRIO, V. O Ensino de Língua Inglesa no Brasil. Travessias, Cascavel, v. 8, n.


2, 2014. Disponível em:
https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/10480. Acesso em: julho
de 2022.

SIQUEIRA, S. O desenvolvimento da consciência cultural crítica como forma de


combate à suposta alienação do professor brasileiro de inglês. Revista Inventário,
n.4, jul. 2005.
TSUTYAP, A. M. A Oralidade nas Aulas de Língua Inglesa, Os Desafios da Escola
Pública Paranaense na Perspectiva do Professor, Cadernos PDE. v. 1, 2013. Disponível
em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/
2013/2013_fafipar_lem_artigo_aparecida_mitie_tsutiya.pdf. Acesso em junho de 2022.

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