SÍNTESE ESTRATÉGICA

I EXAME NACIONAL DA MAGISTRATURA

Olá, futuro(a) Magistrado(a), tudo certo?!

A Resolução 531, de 14.11.2023, do CNJ aprovou a criação do Exame Nacional da Magistratura, uma nova prova
que precederá as fases objetivas dos concursos da Magistratura Estadual, Federal e do Trabalho. Desse modo, a
inscrição preliminar nos concursos com edital de abertura publicado a partir da entrada em vigor da Resolução
dependerá da apresentação de comprovante de aprovação no Exame Nacional da Magistratura.
Serão considerados aprovados todos os candidatos em ampla concorrência que obtiverem ao menos 70% de
acertos na prova objetiva, ou seja, acertarem 35 das 50 questões constantes no exame, ou, no caso de candidatos
autodeclarados negros ou indígenas, ao menos 50% de acertos (25 acertos nas 50 questões).
O Exame Nacional da Magistratura será regulamentado e organizado pela Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), sob supervisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com a
colaboração da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento dos Magistrados do Trabalho (ENAMAT), e a
previsão é que a prova ocorra em março de 2024.
Por isso, elaboramos um curso completo, que contará com vídeo aulas, materiais em pdf, Livros Digitais
Interativos, Simulados, Rodadas e Trilhas estratégicas, para deixarmos nossos alunos prontos para o Exame e
habilitados para todos os próximos certames da Magistratura. Em complemento, para facilitar suas revisões,
elaboramos também a nossa Síntese estratégica, com o conteúdo constante na Resolução 75 do CNJ e que já
temos ciência que incidirá na prova.
O material abordará de modo direto, curto e objetivo os temas mais cobrados nos concursos públicos de
Magistratura Estadual, além daqueles pontos espinhosos do edital, das “decorebas” que precisam ser revistas
logo antes da prova, incluindo também as nossas apostas. Tudo isso por meio de frases, tabelas, mapas mentais e
outros meios para auxiliar na fixação do conteúdo e formação da memória de curto prazo. Ao final do estudo desse
material, esperamos que você possa garantir algumas questões a mais na prova vindoura.
Passaremos por todas as fontes de conhecimento exigidas nas provas da carreira, de acordo com a predileção de
cobrança, segundo as estatísticas apresentadas no nosso Estudo Estratégico.
Assim, citaremos trechos legislativos relevantes, especialmente selecionados, mas não deixaremos de relacionar
conteúdos jurisprudenciais e doutrinários. E todas as matérias do Exame serão revisadas proporcionalmente à
incidência de cada uma na nossa prova.
Por fim, se quiser receber outros materiais gratuitos como esse, além de notícias de concursos da Magistratura em
primeira mão, participe do nosso Grupo de Estudos no WhatsApp.

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Esperamos que gostem do material e de todos os novos projetos que preparamos para que avancem rumo à
aprovação.
Por fim, desejamos uma excelente prova e que continuem dando o seu melhor até lá!

Contem sempre conosco.

Yasmin Ushara,
Coordenação de Metas do Estratégia Carreiras Jurídicas.

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SUMÁRIO
Direito Constitucional .............................................................................................................................................................. 3
Direito Administrativo............................................................................................................................................................. 22
Noções gerais de Direito e Formação Humanística ................................................................................................................. 44
Direitos Humanos .................................................................................................................................................................... 55
Direito Processual Civil ........................................................................................................................................................... 69
Direito Civil .............................................................................................................................................................................. 93
Direito Empresarial .............................................................................................................................................................. 112
Direito Penal .......................................................................................................................................................................... 129
Considerações finais .............................................................................................................................................................. 156

DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Constituição: conceito e classificação; conteúdo da Constituição;
normas constitucionais materiais e formais; supremacia da
Constituição.

#01 – Elementos da Constituição

Segundo Jose Afonso da Silva, a estrutura normativa
da Constituição pode ser definida em cinco categorias
de elementos:
Elementos orgânicos: são os dispositivos
constitucionais que regulam a estrutura do Estado e
do poder.
Elementos limitativos: são os que criam para o
Estado ora a obrigação de fazer e ora o dever de
inércia, a fim de assegurar, no primeiro caso, a #02- Classificação das Constituições
igualdade entre os indivíduos e, no segundo caso, a Quanto ao conteúdo: Material: só trata
liberdade individual. de matérias tipicamente constitucionais.
Elementos socioideológicos: expressam o Formal: trata de assuntos variados, mas
compromisso constitucional entre o Estado todos constam do mesmo documento
individualista (liberal) e o Estado intervencionista solene.
(social). Quanto à forma: Escrita: organizada em
Elementos de estabilização: fixam as normas um documento solene de organização do Estado.
direcionadas à defesa do Estado e de suas instituições Não-escrita: encontrada em leis esparsas, costumes,
democráticas, bem como à solução de conflitos jurisprudências.
constitucionais, com vistas a garantir a paz social. Quanto ao modo de elaboração: Dogmática: feita
Elementos de aplicabilidade: regulam a aplicação por um órgão constituinte que reuniu os dogmas de
da Constituição, tais como o Preâmbulo, os estruturação do Estado em um único documento.
dispositivos do ADCT e o § 1º do artigo 5º. Histórica: fruto da lenta evolução histórica de um
povo, por isso encontrada em variados documentos.
Quanto à extensão: Analítica: trata de assuntos
diversos, por isso o texto é extenso. Sintética: só trata
de assuntos fundamentais para a existência do Estado,
por isso seu texto é conciso.
Quanto à finalidade: Garantia: tem o propósito de
apenas limitar poderes e organizar a estrutura mínima
do Estado. Dirigente: tem a finalidade de dirigir o
Estado acerca de variados assuntos. Cria programas
para o legislador ordinário.
Quanto à origem: Outorgada: imposta ao povo.
Promulgada: feita por representantes do povo.

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Cesarista: submetida à consulta popular. Pactuada: iniciativas de enunciação e consagração de direitos
fruto do acordo entre duas ou mais forças políticas. fundamentais na internet; o "Constitucionalismo
Digital" precede tais iniciativas e é capaz de fornecer
Quanto à estabilidade: Imutável: não admite
diretrizes normativas suficientes para orientar sua
atualizações. Rígida: é atualizada por meio de
aplicação.
processo legislativo mais rigoroso que o da lei.
Flexível: é atualizada da mesma forma que a lei
2. Estado Democrático de Direito: conceito; fundamentos
comum. Semirrígida: tem dois procedimentos de constitucionais; princípio da República.
modificação: um mais rígido que a lei e outro igual.
Quanto à correspondência com a realidade: #04 - Conceito Jurídico de Estado
Semântica: não tem valor jurídico, é apenas
É baseado na teoria do Estado de Direito e na sua
instrumento de legitimação de poder. Nominal:
estrutura legal e institucional. Um dos teóricos do
embora tenha valor jurídico, ainda não apresenta
Estado de Direito mais influentes foi o jurista alemão
completa correspondência com a realidade.
Carl Schmitt. Ele enfatizava que o Estado é a entidade
Normativa: legitimamente criada e guarda
que detém o monopólio do poder decisório e que
correspondência com a realidade.
tem a capacidade de definir e impor normas legais a
Quanto à ideologia: Ortodoxa: admite apenas uma serem seguidas por seus cidadãos. O Estado de
ideologia. Eclética: admite ideologias opostas. Direito pressupõe que o poder do Estado está
submetido a uma ordem jurídica e que as ações do
Quanto à origem da decretação: Autoconstituição:
Estado são limitadas por princípios legais e
criada por órgão constituinte do próprio Estado.
constitucionais.
Heteroconstituição: Criada por órgão constituinte de
outro Estado ou por órgão internacional. #05 – Conceito de Democracia
Quanto ao objeto: Liberal: pautada na liberdade A democracia é um regime de governo na qual o
individual e na proibição de agir para o Estado. poder é exercido pelo povo, seja diretamente ou por
Social: pautada na igualdade e na obrigatoriedade meio de representantes eleitos. No contexto
de que o Estado desenvolva políticas públicas em democrático, a vontade popular é considerada como
defesa dos hipossuficientes. a fonte legítima de autoridade governamental. Os
cidadãos têm o direito de participar ativamente no
Quanto ao sistema: Principiológica: contém normas
processo político, seja por meio do voto, da liberdade
de alta abstração, enumera valores que precisam ser
de expressão ou da participação em organizações da
perqueridos pelo Estado. Preceitual: prima por
sociedade civil.
regras jurídicas e não por princípios jurídicos.
#06 – Características do Estado Democrático De
#03 - Constitucionalismo Digital
Direito
Inicialmente empregado nos estudos iniciais sobre o
Preocupação com a concretização e materialização
tema, o "Constitucionalismo Digital" referia-se a um
dos direitos fundamentais: anteriormente, o foco era
movimento no campo constitucional que buscava
a mera inserção dos direitos na Constituição, agora
limitar o poder privado dos atores da internet,
busca-se garantir que tais direitos sejam efetivamente
contrastando com a limitação do poder político
implementados.
estatal. Em trabalhos mais recentes, no entanto, essa
terminologia passou a ser amplamente utilizada como O exercício e a organização do Direito de forma
um conceito abrangente, englobando diversas democrática: No contexto brasileiro, dispomos de
iniciativas jurídicas e políticas, tanto estatais quanto mecanismos de democracia tanto direta como
não-estatais, destinadas a afirmar direitos indireta, permitindo a participação popular.
fundamentais na internet.
O legislador encontra limitações não apenas
Nesse sentido amplo, pode-se estabelecer uma formais, mas também materiais: Além de estar
equivalência entre a ideia de "Constitucionalismo restrito no processo de elaboração da lei, o legislador
Digital" e a noção de "declarações de direitos também enfrenta limitações em relação ao conteúdo
fundamentais na internet" (Internet Bill of Rights). e substância das normas criadas.
Entende-se que o "Constitucionalismo Digital" A democracia vai além do aspecto formal (vontade
corresponde, de maneira ainda mais abstrata, a uma da maioria e eleições periódicas): Atualmente, a
corrente teórica do Direito Constitucional democracia é compreendida de forma substancial,
contemporâneo que se estrutura a partir de normas incluindo a garantia de direitos fundamentais para
comuns de reconhecimento, afirmação e proteção de todos, inclusive minorias.
direitos fundamentais no ciberespaço. Essa
perspectiva vai além de uma simples sistematização
de um fenômeno sócio-político guiado por diversas

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 constitucional possam interpretá-la. A democracia
3. Interpretação da Constituição: hermenêutica constitucional;
teorias da interpretação; critério da interpretação conforme; estará presente também no momento de
mutação constitucional. interpretação, dando maior legitimidade à decisão, a
exemplo das audiências públicas e dos amicus curiae.
#07 – Princípio da interpretação Atualmente, nota-se de uma tendência em se
conforme a Constituição pluralizar os debates jurídicos, democratizando e
horizontalizando a tomada de decisões judiciais.
Muito utilizado em sede de controle
da constitucionalidade, tanto pode #11 – Princípios de interpretação
ser considerado princípio
interpretativo quanto técnica de
controle de constitucionalidade. Segundo esse
princípio, em face de normas infraconstitucionais de
múltiplos significados, escolhe-se o sentido que as
torne constitucionais, e não aquele que resulte na sua
declaração de inconstitucionalidade.
Nesse diapasão, quando uma norma
infraconstitucional contar com mais de uma
interpretação possível, uma, no mínimo, pela
constitucionalidade e outra ou outras pela
inconstitucionalidade, adota-se a técnica da
interpretação conforme para, sem redução do texto,
escolher aquela ou aquelas que melhor se
conforme(m) à Constituição, afastando-se,
consequentemente, as demais.
#08 – Método de interpretação tópico-
problemático
O método de interpretação constitucional
denominado tópico-problemático pressupõe a
compreensão do problema concreto a resolver, #12 - Conflito Entre Princípios
havendo, nesse método, a primazia do problema Os princípios, diferentemente das regras, não são
sobre a norma. Busca-se a compreensão do problema incompatíveis entre si; antes, são concorrentes. A
e da Constituição e utiliza a doutrina e a jurisprudência colisão de princípios não provoca antinomias
apenas como pontos de apoio. Trata-se de uma teoria jurídicas, igualmente, a aplicação de um não implica a
de argumentação jurídica, segundo o qual não exclusão do outro. O conflito entre princípios deve ser
existem respostas corretas, mas argumentos que se resolvido, no caso concreto, conforme as
impõem pelo convencimento. circunstâncias fáticas e jurídicas, por meio da
#09 - Método hermenêutico-concretizador ponderação dos bens jurídicos envolvidos.

Todo intérprete tem uma pré-compreensão a respeito 4. Aplicabilidade das normas constitucionais: classificação quanto à
dos elementos do texto que interpreta e essa eficácia e à aplicabilidade.
précompreensão faz com que extraia da Constituição,
de início, um conteúdo que deve ser comparado com #13 - Classificação de José Afonso da Silva
a realidade. A partir desse confronto, o hermeneuta
poderá reformular a sua própria compreensão do Normas de Eficácia Plena: aquela que produz desde
texto constitucional, com vistas à adequação com a logo todos os seus efeitos jurídicos e não comporta a
realidade. O método hermenêutico-concretizador possibilidade de restrição em nível legal.
estabelece um “movimento de ir e vir” (círculo Aplicabilidade direta, imediata e integral.
hermenêutico), do subjetivo para o objetivo e do Normas de Eficácia Contida: aquela que produz
objetivo para o subjetivo. A interpretação que assim desde logo todos os seus efeitos jurídicos, mas admite
se obtém realçará os aspectos subjetivos e objetivos algum condicionamento no âmbito legal.
da atividade hermenêutica (a atuação criadora do Aplicabilidade direta, imediata e integral, mas
intérprete e as circunstâncias em que se desenvolve), restringível.
relacionando texto e contexto.
Normas de Eficácia Limitada: aquela que não
#10 – Método concretista da constituição aberta produz desde logo todos os seus efeitos e precisa ser
Busca um círculo aberto de intérprete, possibilitando completada pelo legislador ordinário. Aplicabilidade
que todas as pessoas que vivem a realidade indireta, mediata e reduzida.

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São subdivididas em normas de princípio institutivo #15 – Inconstitucionalidade
(aquelas por meio das quais o legislador constituinte Superveniente
traça esquemas gerais de estruturação e atribuições
Concepção tradicional: Refere-se
de órgãos, entidades ou institutos, para que o
ao entendimento de que a lei ou ato
legislador ordinário os estruture em definitivo,
normativo impugnado por meio de
mediante lei) e normas de princípio programático
ADI deve ser posterior ao texto da
(aquelas que implementam política de governo a ser
Constituição de 1988, que é invocado como
seguida pelo legislador ordinário, ou seja, traçam
parâmetro. Se a lei ou ato normativo for anterior à
diretrizes e fins colimados pelo Estado na consecução
CF/88 e estiver em conflito com ela, não será
dos fins sociais).
considerada inconstitucional, mas sim não-recebida
Atenção: todas as normas constitucionais são dotadas pela Constituição atual. Nesse caso, a questão não se
de eficácia jurídica. As normas constitucionais de trata de inconstitucionalidade, mas sim de direito
eficácia limitada, quer sejam de princípios institutivos intertemporal (recepção ou não recepção). O STF não
ou de princípios programáticos, mesmo que não admite essa acepção (ADI 02/DF).
regulamentadas, possuem eficácia jurídica, pois
Concepção moderna: Está relacionada ao fenômeno
revogam dispositivos anteriores e impedem que
do processo de inconstitucionalização. Significa que
sejam produzidas normas ulteriores que contrariem
uma lei ou ato normativo que foi considerado
os seus propósitos.
constitucional pelo STF pode, com o tempo e as
mudanças ocorridas no cenário jurídico, político,
5. Controle de constitucionalidade: sistemas de controle; o sistema
brasileiro; instrumentos; exercício do controle; efeitos da declaração econômico e social do país, tornar-se inconstitucional
de inconstitucionalidade; efeitos da declaração de em um novo exame do tema. Assim, a
constitucionalidade; a inconstitucionalidade por omissão. inconstitucionalidade superveniente ocorre quando a
lei (ou ato normativo) torna-se inconstitucional ao
#14 – A Evolução do Controle de longo do tempo e em virtude das mudanças na
Constitucionalidade no Brasil sociedade. Não se trata de uma sucessão de
Constituições. A lei estava em conformidade com a
A primeira Constituição Brasileira a dispor do controle
atual CF, mas, com o tempo, torna-se incompatível
de constitucionalidade foi a Constituição de 1891,
com o mesmo Texto Constitucional. Essa acepção é
que, por influência da doutrina da judicial review
admitida pelo STF (ADI 3937/SP).
norte-americana, previu um controle judicial
difuso/incidental de constitucionalidade das leis. #16 – Momentos do Controle de
Constitucionalidade
Com a constituição de 1934, foi instituído a reserva de
plenário, a atuação do Senado Federal, a CONTROLE PREVENTIVO, se dá durante o processo
representação interventiva e o mandado de legislativo. Analisa-se a proposição, para verificar se
segurança. guarda ou não compatibilidade com a Constituição
Federal
Em 1965, por força da Emenda Constitucional nº 16,
na Constituição de 1946, foi inaugurado no Brasil o
Poder Legislativo Comissão de Constituição
controle concentrado ou também chamado de
e Justiça emite parecer
abstrato da constitucionalidade dos atos normativos sobre a proposição
federais e estaduais, com a criação da representação
genérica de inconstitucionalidade (atualmente Poder Executivo Presidente da República
denominada de ação direta de inconstitucionalidade veta projeto de lei por
por ação) à semelhança do modelo kelseniano, razão de
exclusiva do PGR. inconstitucionalidade (veto
jurídico).
Com a Constituição Federal de 1988, aplicou-se o
modelo concentrado-principal da Poder Judiciário excepcionalmente, o STF
constitucionalidade, com a instituição da Ação Direta admite que o parlamentar
de Inconstitucionalidade por Omissão, ao lado da já da Casa em que está
existente, ação direta de inconstitucionalidade por tramitando a PEC
ação, ampliando ainda a legitimação para propor inconstitucional impetre
estas demandas, retirando a exclusividade das mãos MS para requerer o
do Procurador Geral da República. arquivamento da proposta
de emenda à Constituição
tendente a abolir cláusula
pétrea ou de qualquer
outra proposição
legislativa cujo processo
legislativo seja contrário ao

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 que foi estabelecido pela III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
CF.
IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara
CONTROLE REPRESSIVO, acontece após a edição da Legislativa do Distrito Federal;
norma, quando a lei já está pronta e em vigor no V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
ordenamento jurídico
VI - o Procurador-Geral da República;
Poder Legislativo Sustação de atos
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
normativos do Poder
Executivo que exorbitem o Brasil;
poder regulamentar; VIII - partido político com representação no Congresso
rejeição de MP com Nacional;
fundamento da
inconstitucionalidade IX - confederação sindical ou entidade de classe de
âmbito nacional.
Poder Executivo Chefe do Poder Executivo
pode deixar de aplicar uma § 1º O Procurador-Geral da República deverá ser
lei que considere previamente ouvido nas ações de
inconstitucional inconstitucionalidade e em todos os processos de
competência do STF.
Poder Judiciário Controle difuso ou
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de
concentrado
medida para tornar efetiva norma constitucional, será
dada ciência ao Poder competente para a adoção das
#17 – Cláusula de Reserva de Plenário
providências necessárias e, em se tratando de órgão
O artigo 97 da Constituição Federal administrativo, para fazê-lo em 30 dias.
dispõe que somente pelo voto da
#19 – Medida Cautelar em ADI, ADO e ADC
maioria absoluta dos membros do
Tribunal ou de seu órgão especial será Lei 9.868/99. Art. 10. Salvo no período de recesso, a
feita a declaração de medida cautelar na ação direta será concedida por
inconstitucionalidade de lei ou ato decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal,
normativo. Essa determinação observado o disposto no art. 22, após a audiência dos
constitucional foi conhecida como órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato
cláusula da reserva de plenário (ou regra do full normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no
bench). prazo de cinco dias.
Note que a reserva de plenário não impede que juízes § 1º O relator, julgando indispensável, ouvirá o
de primeira instância, no controle difuso, declarem a Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da
inconstitucionalidade de leis (STF. HC 69.921). A República, no prazo de três dias.
exigência constitucional é direcionada aos tribunais, é
§ 2º No julgamento do pedido de medida cautelar,
voltada aos órgãos fracionários dos tribunais. Nessa
será facultada sustentação oral aos representantes
linha, a regra da reserva de plenário para declaração
judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos
de inconstitucionalidade não se aplica às turmas
responsáveis pela expedição do ato, na forma
recursais de juizado especial (RE 453.744 AgR).
estabelecida no Regimento do Tribunal.
Convém esclarecer que o postulado insculpido no
§ 3º Em caso de excepcional urgência, o Tribunal
artigo 97 da Constituição se aplica apenas às
poderá deferir a medida cautelar sem a audiência dos
declarações de inconstitucionalidade de lei ou ato
órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou
normativo, de forma que a declaração de
o ato normativo impugnado.
constitucionalidade e a declaração de não recepção
de leis anteriores à Constituição, por Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo
incompatibilidade material com a Carta Tribunal Federal fará publicar em seção especial do
superveniente, poderão ser feitas pelos órgãos Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União
fracionários dos tribunais (STF. AI 582.280 AgR). a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias,
devendo solicitar as informações à autoridade da qual
#18 – Previsão Constitucional da ADI e ADC
tiver emanado o ato, observando-se, no que couber, o
CF. Art. 103. Podem propor a ação direta de procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo.
inconstitucionalidade e a ação declaratória de
§ 1º A medida cautelar, dotada de eficácia contra
constitucionalidade:
todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o
I - o Presidente da República; Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia
retroativa.
II - a Mesa do Senado Federal;

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§ 2º A concessão da medida cautelar torna aplicável a
6. Poder Constituinte: conceito; legitimidade e limites; poder
legislação anterior acaso existente, salvo expressa originário e poder derivado; poder constituinte estadual.
manifestação em sentido contrário.
Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, #20 – Titularidade do Poder Constituinte
em face da relevância da matéria e de seu especial
Concepção Clássica (paradigma liberal): O Poder
significado para a ordem social e a segurança jurídica,
Constituinte Originário, como agente criador de uma
poderá, após a prestação das informações, no prazo
nova Constituição, encontrava na figura da Nação sua
de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da
entidade titular. Essa ideia decorria das ideias do
União e do Procurador-Geral da República,
Abade Sieyès (obra "O que é o Terceiro Estado?") e
sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o
buscava estabelecer uma identidade entre o povo e
processo diretamente ao Tribunal, que terá a
seus representantes, que se reuniriam com o único
faculdade de julgar definitivamente a ação.
propósito de formar uma Assembleia Constituinte
Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e para redigir o texto constitucional. O conceito de
relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da nação carregava a noção de homogeneidade cultural,
maioria absoluta de seus membros, observado o linguística, econômica e política.
disposto no art. 22, poderá conceder medida
Concepção Moderna: A partir dos ensinamentos de
cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades
Jellineck, o titular do Poder Constituinte passou a ser
responsáveis pela omissão inconstitucional, que
concebido como o "Povo" - um conceito jurídico - em
deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.
vez da "Nação", termo fortemente associado a
§ 1º A medida cautelar poderá consistir na suspensão aspectos sociológicos e antropológicos. A ideia de
da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, atribuir a titularidade ao "povo" incorpora
no caso de omissão parcial, bem como na suspensão características pluralistas, evidenciando uma
de processos judiciais ou de procedimentos preocupação com a tolerância e o respeito ao direito
administrativos, ou ainda em outra providência a ser à diversidade.
fixada pelo Tribunal.
#21 – Poder Constituinte Originário
§ 2º O relator, julgando indispensável, ouvirá o
O Poder Constituinte Originário não é um poder
Procurador-Geral da República, no prazo de 3 (três)
jurídico, porque não encontra fundamento em ordem
dias.
jurídica precedente; antes, trata-se de poder pré-
§ 3º No julgamento do pedido de medida cautelar, jurídico, político, fático, extrajurídico,
será facultada sustentação oral aos representantes metajurídico, pois dele surge o ordenamento
judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos jurídico, seja por meio da atuação do poder histórico
responsáveis pela omissão inconstitucional, na forma ou do Poder Revolucionário. É poder inicial, porque
estabelecida no Regimento do Tribunal. instaura uma nova ordem jurídica e cria o Estado. É
poder incondicionado, autônomo e soberano, pois
Art.12-G. Concedida a medida cautelar, o Supremo
não se submete a nenhum parâmetro previamente
Tribunal Federal fará publicar, em seção especial do
estabelecido para manifestação. É permanente, pois
Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União,
não se esgota quando a Constituição surge, ele
a parte dispositiva da decisão no prazo de 10 (dez)
subsiste e pode se manifestar a qualquer momento,
dias, devendo solicitar as informações à autoridade ou
uma vez elaborada a Constituição, ele fica em
ao órgão responsável pela omissão inconstitucional,
condição de latência e aguarda uma futura
observando-se, no que couber, o procedimento
manifestação. É juridicamente ilimitado, pois não se
estabelecido na Seção I do Capítulo II desta Lei.
sujeita ao direito anterior, nem mesmo a cláusulas
Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da pétreas.
maioria absoluta de seus membros, poderá deferir
#22 – Poder Constituinte Difuso
pedido de medida cautelar na ação declaratória de
constitucionalidade, consistente na determinação de Mais conhecido como Mutação Constitucional, é um
que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento meio informal de alteração de normas constitucionais,
dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do porque não ocorre nenhuma alteração na redação da
ato normativo objeto da ação até seu julgamento Constituição, o que muda é apenas a interpretação do
definitivo. texto.
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o A mutação constitucional consiste na interpretação
Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção constitucional evolutiva, porque pode ser definida
especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva como a separação entre o preceito constitucional e a
da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal realidade. A realidade constitucional torna-se mais
proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e ampla que a normatividade constitucional, daí a
oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia. necessidade de adequação.

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 XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o
7. Poder Legislativo: organização, funcionamento e competências;
Congresso Nacional; processo legislativo; Comissões Parlamentares aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e
e controle jurisdicional; imunidades parlamentares; orçamento e lavra de riquezas minerais;
fiscalização orçamentária; Tribunais de Contas.
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão
de terras públicas com área superior a dois mil e
#23 – Competências Exclusivas do
quinhentos hectares.
Congresso Nacional
XVIII - decretar o estado de calamidade pública de
CF. Art. 49. É da competência exclusiva
âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-
do Congresso Nacional:
D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição.
I - resolver definitivamente sobre tratados,
#24 – Leis delegadas
acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos CF. Art. 68. As leis delegadas serão
gravosos ao patrimônio nacional; elaboradas pelo Presidente da
República, que deverá solicitar a
II - autorizar o Presidente da República a declarar
delegação ao Congresso Nacional.
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele § 1º Não serão objeto de delegação
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos os atos de competência exclusiva do
previstos em lei complementar; Congresso Nacional, os de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da
matéria reservada à lei complementar, nem a
República a se ausentarem do País, quando a ausência
legislação sobre:
exceder a quinze dias;
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
Público, a carreira e a garantia de seus membros;
autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma
dessas medidas; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais,
políticos e eleitorais;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
delegação legislativa; orçamentos.
VI - mudar temporariamente sua sede; § 2º A delegação ao Presidente da República terá a
forma de resolução do Congresso Nacional, que
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais
especificará seu conteúdo e os termos de seu
e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37,
exercício.
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-
pelo Congresso Nacional, este a fará em votação
Presidente da República e dos Ministros de Estado,
única, vedada qualquer emenda.
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150,
II, 153, III, e 153, § 2º, I; #25 – Controle Externo
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo CF. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
Presidente da República e apreciar os relatórios sobre Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
a execução dos planos de governo; Contas da União, ao qual compete:
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo
de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos Presidente da República, mediante parecer prévio que
os da administração indireta; deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
recebimento;
XI - zelar pela preservação de sua competência
legislativa em face da atribuição normativa dos outros II - julgar as contas dos administradores e demais
Poderes; responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público
concessão de emissoras de rádio e televisão;
federal, e as contas daqueles que derem causa a
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
Contas da União; prejuízo ao erário público;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
a atividades nucleares; de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas

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as nomeações para cargo de provimento em § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
comissão, bem como a das concessões de trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as
melhorias posteriores que não alterem o fundamento 8. Poder Judiciário: a função jurisdicional; organização do Poder
legal do ato concessório; Judiciário; Supremo Tribunal Federal; Superior Tribunal de Justiça;
Súmula Vinculante; Conselho Nacional de Justiça; Justiça dos
IV - realizar, por iniciativa própria, da Estados.
Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, de Comissão técnica ou de #26 – Legitimados para propor Súmula Vinculante
inquérito, inspeções e auditorias de
Lei 11.417/06. Art. 3º São legitimados a propor a
natureza contábil, financeira,
edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de
orçamentária, operacional e
súmula vinculante:
patrimonial, nas unidades
administrativas dos Poderes Legislativo, I - o Presidente da República;
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
II - a Mesa do Senado Federal;
inciso II;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
supranacionais de cujo capital social a União participe, IV – o Procurador-Geral da República;
de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
constitutivo;
Brasil;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
VI - o Defensor Público-Geral da União;
repassados pela União mediante convênio, acordo,
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, VII – partido político com representação no Congresso
ao Distrito Federal ou a Município; Nacional;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso VIII – confederação sindical ou entidade de classe de
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer âmbito nacional;
das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara
contábil, financeira, orçamentária, operacional e
Legislativa do Distrito Federal;
patrimonial e sobre resultados de auditorias e
inspeções realizadas; X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de
de despesa ou irregularidade de contas, as sanções Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais
cominações, multa proporcional ao dano causado ao do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os
erário; Tribunais Militares.
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote § 1º O Município poderá propor, incidentalmente ao
as providências necessárias ao exato cumprimento da curso de processo em que seja parte, a edição, a
lei, se verificada ilegalidade; revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante, o que não autoriza a suspensão do
X - sustar, se não atendido, a execução do ato
processo.
impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal; § 2º No procedimento de edição, revisão ou
cancelamento de enunciado da súmula vinculante, o
XI - representar ao Poder competente sobre
relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a
irregularidades ou abusos apurados.
manifestação de terceiros na questão, nos termos do
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
#27 – Competências do CNJ
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis. CF. Art. 103-B. (...) § 4º Compete ao Conselho o
controle da atuação administrativa e financeira do
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da
respeito.
Magistratura:
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo

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expedir atos regulamentares, no âmbito de sua § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e
competência, ou recomendar providências; julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
disciplinares militares, ressalvada a competência do
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
administrativos praticados por membros ou órgãos do
competente decidir sobre a perda do posto e da
Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los
patente dos oficiais e da graduação das praças.
ou fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar
da competência do Tribunal de Contas da União; processar e julgar, singularmente, os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
III - receber e conhecer das reclamações contra
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de
membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
e julgar os demais crimes militares.
prestadores de serviços notariais e de registro que
atuem por delegação do poder público ou § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar
oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar descentralizadamente, constituindo Câmaras
e correicional dos tribunais, podendo avocar regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
processos disciplinares em curso, determinar a jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante,
administrativas, assegurada ampla defesa;
com a realização de audiências e demais funções da
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
contra a administração pública ou de abuso de respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
autoridade; públicos e comunitários.
V rever, de ofício ou mediante provocação, os Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de
processos disciplinares de juízes e membros de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com
tribunais julgados há menos de um ano; competência exclusiva para questões agrárias.
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
processos e sentenças prolatadas, por unidade da prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local
Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; do litígio.
VII elaborar relatório anual, propondo as providências
9. Funções essenciais à Justiça: Ministério Público (natureza,
que julgar necessárias, sobre a situação do Poder princípios e garantias, estrutura e funções constitucionais);
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual Advocacia (o advogado e a administração da Justiça, direitos,
deve integrar mensagem do Presidente do Supremo deveres e inviolabilidade); Advocacia pública (procuradorias e
Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso defensorias).
Nacional, por ocasião da abertura da sessão
legislativa. #29 - Conselho Nacional do Ministério Público

#28 – Tribunais Estaduais CF. Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério

Público compõe-se de quatorze membros nomeados
CF. Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, pelo Presidente da República, depois de aprovada a
observados os princípios estabelecidos nesta escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
Constituição. um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
§ 1º A competência dos tribunais será definida na sendo:
Constituição do Estado, sendo a lei de organização I - o Procurador-Geral da República, que o preside;
judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
II - quatro membros do Ministério Público da União,
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação assegurada a representação de cada uma de suas
de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos carreiras;
estaduais ou municipais em face da Constituição
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir III - três membros do Ministério Público dos Estados;
a um único órgão. IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e da Ordem dos Advogados do Brasil;
pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo
próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
Militar nos Estados em que o efetivo militar seja ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
superior a vinte mil integrantes. outro pelo Senado Federal.

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§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério reclamações e denúncias de qualquer interessado
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios contra membros ou órgãos do Ministério Público,
Públicos, na forma da lei. inclusive contra seus serviços auxiliares,
representando diretamente ao Conselho Nacional do
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério
Ministério Público.
Público o controle da atuação administrativa e
financeira do Ministério Público e do cumprimento dos
10. Poder Executivo: princípios constitucionais da Administração
deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe: Pública; presidencialismo e parlamentarismo; organização e
estrutura do Poder Executivo; eleição e mandato do Chefe do
I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do
Executivo; perda do mandato: hipóteses e consequências;
Ministério Público, podendo expedir atos responsabilidade do Chefe do Executivo; Medida Provisória:
regulamentares, no âmbito de sua competência, ou natureza, efeitos, conteúdo e limites; competência política, executiva
recomendar providências; e regulamentar; Estado de sítio e Estado de defesa.

II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de

#30 – Competências privativas do
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
Presidente da República
administrativos praticados por membros ou órgãos do
Ministério Público da União e dos Estados, podendo CF. Art. 84. Compete privativamente ao
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se Presidente da República:
adotem as providências necessárias ao exato
I - nomear e exonerar os Ministros de
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos
Estado;
Tribunais de Contas;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
III - receber e conhecer das reclamações contra
direção superior da administração federal;
membros ou órgãos do Ministério Público da União ou
dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
sem prejuízo da competência disciplinar e correicional previstos nesta Constituição;
da instituição, podendo avocar processos disciplinares
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
a aposentadoria com subsídios ou proventos
execução;
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras
sanções administrativas, assegurada ampla defesa; V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os VI – dispor, mediante decreto, sobre:
processos disciplinares de membros do Ministério
a) organização e funcionamento da administração
Público da União ou dos Estados julgados há menos
federal, quando não implicar aumento de despesa
de um ano;
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
V - elaborar relatório anual, propondo as providências
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério
vagos;
Público no País e as atividades do Conselho, o qual
deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. VII - manter relações com Estados estrangeiros e
acreditar seus representantes diplomáticos;
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um
Corregedor nacional, dentre os membros do VIII - celebrar tratados, convenções e atos
Ministério Público que o integram, vedada a internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
recondução, competindo-lhe, além das atribuições Nacional;
que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
I - receber reclamações e denúncias, de qualquer
X - decretar e executar a intervenção federal;
interessado, relativas aos membros do Ministério
Público e dos seus serviços auxiliares; XI - remeter mensagem e plano de governo ao
Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
II - exercer funções executivas do Conselho, de
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as
inspeção e correição geral;
providências que julgar necessárias;
III - requisitar e designar membros do Ministério
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência,
Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar
se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
servidores de órgãos do Ministério Público.
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
Ministério Público, competentes para receber

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XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
11. Estrutura federativa brasileira: conceito e características da
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais federação; repartição e classificação das competências na
Superiores, os Governadores de Territórios, o Constituição de 1988; União (natureza da unidade federativa;
Procurador-Geral da República, o presidente e os competências; organização), Estados (competências, organização e
diretores do banco central e outros servidores, quando autonomia), Municípios (competências, organização e autonomia) e
Distrito Federal (natureza, competências, organização e autonomia);
determinado em lei; os “consórcios públicos” (Lei nº 11.107/2005 e suas alterações);
intervenção nos Estados e Municípios (autonomia e intervenção,
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
competência interventiva, pressupostos formais e substanciais,
Ministros do Tribunal de Contas da procedimento, limites e controle).
União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos #31 – Competências concorrentes entre União,
previstos nesta Constituição, e o estados e DF
Advogado-Geral da União; CF. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
XVII - nomear membros do Conselho da Federal legislar concorrentemente sobre:
República, nos termos do art. 89, VII; I - direito tributário, financeiro, penitenciário,
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o econômico e urbanístico;
Conselho de Defesa Nacional; II - orçamento;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, III - juntas comerciais;
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões IV - custas dos serviços forenses;
legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total V - produção e consumo;
ou parcialmente, a mobilização nacional;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
Congresso Nacional; proteção do meio ambiente e controle da poluição;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
XXII - permitir, nos casos previstos em lei turístico e paisagístico;
complementar, que forças estrangeiras transitem pelo VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
território nacional ou nele permaneçam consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
temporariamente; estético, histórico, turístico e paisagístico;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
e as propostas de orçamento previstos nesta
Constituição; X - criação, funcionamento e processo do juizado de
pequenas causas;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão XI - procedimentos em matéria processual;
legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
forma da lei;
XIV - proteção e integração social das pessoas
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos portadoras de deficiência;
termos do art. 62;
XV - proteção à infância e à juventude;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
Constituição. XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
polícias civis.
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a decretação do
estado de calamidade pública de âmbito nacional § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e competência da União limitar-se-á a estabelecer
167-G desta Constituição. normas gerais.

Parágrafo único. O Presidente da República poderá § 2º A competência da União para legislar sobre
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII normas gerais não exclui a competência suplementar
e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao dos Estados.
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
da União, que observarão os limites traçados nas Estados exercerão a competência legislativa plena,
respectivas delegações. para atender a suas peculiaridades.

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§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas se entender necessário, requisitará a intervenção ao
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe Presidente da República.
for contrário.
#34 – Intervenção provocada por requisição
#32 – Intervenção Voluntária, espontânea ou de
Hipóteses: prover a execução de lei federal, ordem
Ofício
ou decisão judicial; assegurar a observância dos
A intervenção federal é classificada como “voluntária” seguintes princípios constitucionais:
quando o Presidente da República age sem
a) forma republicana, sistema representativo e regime
provocação, por sua própria vontade, a partir da
democrático;
análise pessoal e discricionária do ato ou do fato.
Quatro são as hipóteses de intervenção voluntária, b) direitos da pessoa humana;
artigo 34, incisos I, II, III e V, da CF:
c) autonomia municipal;
I - manter a integridade nacional;
d) prestação de contas da administração pública,
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da direta e indireta.
Federação em outra;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem de impostos estaduais, compreendida a proveniente
pública; (...) de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
que: Procedimento: Se a intervenção se der para garantia
de provimento de ordem ou decisão judicial, o
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais
decreto dependerá de requisição do Supremo
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou
maior;
do Tribunal Superior Eleitoral. Somente esses
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tribunais poderão requisitar a intervenção.
tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos
Se o motivo for execução de lei federal ou a
prazos estabelecidos em lei.
observância de princípios constitucionais sensíveis, o
Atenção! O decreto interventivo deve especificar a decreto dependerá de provimento, pelo Supremo
amplitude, as condições de execução, o prazo e a Tribunal Federal, de representação do
nomeação, se for o caso, de interventor. O decreto de ProcuradorGeral da República.
intervenção será submetido à apreciação do
Em todos os casos de requisição, o decreto não passa
Congresso Nacional, no prazo de vinte e quatro horas.
pela aprovação do Congresso Nacional.
Compete ao Congresso Nacional, em sessão
IMPORTANTE! STF: A Constituição Estadual não
bicameral, em um turno de votação em cada Casa
pode trazer hipóteses de intervenção estadual
Legislativa, a começar pela Câmara dos Deputados,
diferentes daquelas que são elencadas no art. 35 da
por decisão tomada pela maioria simples de seus
Constituição Federal. As hipóteses de intervenção
membros (artigo 47 da CRFB/88), aprovar a
estadual previstas no art. 35 da CF/88 são taxativas.”
intervenção federal. Cuidado! Compete ao Legislativo
STF. Plenário. ADI 6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia,
aprovar (e não autorizar) a intervenção federal.
julgado em 26/4/2021 (Info 1014).
#33 – Intervenção provocada por solicitação
12. Direitos e garantias fundamentais: declaração dos direitos e sua
Hipótese: Garantir o livre exercício de qualquer dos formação histórica; natureza e eficácia das normas sobre direitos
Poderes nas unidades da Federação. fundamentais; conceito de direitos e de garantias; classificação dos
direitos fundamentais;
Procedimento: Caso se constate, no Estado ou no
Distrito Federal, violação à Separação de Poderes, de
#35 – Fundamentos Filosóficos dos Direitos
modo que as funções típicas de um ente sejam
Fundamentais
usurpadas ou desrespeitadas por outro, o Poder
coacto provocará a decretação de intervenção A doutrina diverge acerca do assunto, notadamente
federal. em torno de duas correntes.
Se a violação for contra o Poder Legislativo A corrente positivista ressalta que os direitos
(Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa) ou o fundamentais retiram seu fundamento do próprio
Poder Executivo (Governador), o prejudicado direito positivo. Não aceitam o direito natural como
solicitará que o Presidente da República decrete a fonte de direitos, pois não saem do plano da
intervenção. Entretanto, se a violação for contra o metafísica, sendo apenas declarações de caráter
Poder Judiciário, caberá ao Tribunal de Justiça do moral, sem condições de serem cobrados do Estado.
Estado levar o caso ao Supremo Tribunal Federal, que

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Por seu turno, a corrente jusnaturalista possui interno e internacional. O autor demonstra
fundamentação na dignidade da pessoa humana, preocupações como a segurança contra os riscos
sendo certo que os direitos humanos seriam inerentes tecnológicos e segurança ambiental. Aqui, entra a
à natureza humana, independente de positivação do ideia do direito a paz, por exemplo. A ideia não é
Estado. Aqui, destaco a conhecida expressão de somente ter somente a liberdade, mas sim liberdade
Hannah Arendt, com a ideia de “direito a ter direitos”. com segurança. A segurança como pressuposto
Essa corrente possui forte fundamento na Declaração fundamental para a democracia.
Universal dos Direitos Humanos, que em seu
Da mesma forma, não temos que pensar apenas na
preâmbulo reconhece a dignidade inerente a todos
igualdade, mas sim pensar no direito à diversidade,
os membros da família humana.
ética, política, cultural, etc. Assim, assegura-se, por
#36 – Classificação de Jellinek exemplo, a identidade e a coexistência. A diversidade
deve ser fomentada. As ações afirmativas devem ser
Essa classificação é a base ideológica para a
fomentadas.
classificação da CF88 e de diversos outros países.
Segue, em apertada síntese, a classificação proposta: Da mesma forma, não basta a fraternidade, pois temos
que pensar na ideia de solidariedade. Deve-se impor
Status passivo: indivíduos possuem deveres para
à sociedade e ao Estado o dever de ser solidário com
com o Estado, em virtude da sua relação de
terceiros, implementando as políticas públicas
subordinação aos Poderes Públicos;
planejadas. A solidariedade parece com a
Status negativo: refere-se ao espaço de liberdade fraternidade, mas com ela não se confunde. A
dos indivíduos com relação as ingerências dos fraternidade relaciona-se a observar o outro como
Poderes Públicos; irmão, com grande cunho simbólico. Na
solidariedade, temos uma visão pragmática para a
Status positivo: refere-se ao direito do indivíduo em
implementação efetiva dos direitos sociais.
poder exigir, em determinadas situações, uma
prestação do Estado; Teoria Desconstrutivista – Costas Douzinas
Status ativo: direito dos indivíduos em influir sobre a Ele não constrói nada novo, tal como o doutrinador
formação da vontade do Estado. Ex: direito ao voto. anterior. Ele busca realizar uma análise crítica acerca
de como os Direitos Humanos são tratados
“Inicialmente, destacam o status passivo (status
atualmente, motivo pelo qual sua teoria é
subjectionis), uma vez que os indivíduos possuiriam
desconstrutivista.
deveres para com o Estado, em virtude da sua relação
de subordinação aos Poderes públicos. O status De acordo com a história mundial, a categoria de
negativo (status libertatis) refere-se ao espaço de direitos humanos teria chegado ao fim. Os direitos
liberdade dos indivíduos com relação as ingerências humanos nasceram como resistência ao arbítrio.
dos Poderes Públicos. Por seu turno, o status positivo Sempre foi visto como resistência. Após a guerra fria e
(status civitatis) refere-se ao direito do indivíduo em com mais ênfase, posteriormente, no século XXI, os
poder exigir, em determinadas situações, uma direitos humanos deixaram de ser uma resistência
prestação do Estado. Por fim, o status ativo (status contra o arbítrio e passaram a ser um instrumento de
activo) refere-se ao direito dos indivíduos em influir política externa. Países economicamente
sobre a formação da vontade do Estado, apontando hegemônicos passaram, com o pretexto de impor os
como exemplo o direito ao voto” (MENDES, Gilmar Direitos Humanos, a realizar “missões civilizatórias”
Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de impondo seus interesses, desconsiderando as
Direito Constitucional. 14ª Edição. São Paulo: Saraiva tradições e culturas locais.
Educação, 2019, páginas 157).
Por isso, os direitos humanos perderam a essência,
#37 – Teorias Contemporâneas dos pois sua natureza vem sendo desconsiderada. Não se
Direitos Fundamentais utiliza mais os Direitos Humanos com a ideia de
liberdade e resistência ao arbítrio estatal. Agora, os
Teoria Construtivista - Erhard
direitos humanos passaram a ser moeda de troca,
Denninger
elemento político, acarretando em exclusão e
Autor alemão extremamente perpetuação da desigualdade, a exemplo da guerra
importante, propõe uma Nova Trilogia no Iraque.
Democrática. No passado, a principal
Portanto, os Direitos Humanos estariam sendo
trilogia girava em torno da igualdade, da liberdade e
utilizados mais como armas ideológicas pelos Estados,
da fraternidade. Essa ideia era adequada no século
como um verdadeiro Cavalo de Tróia a justificar
XVIII, atualmente temos uma nova trilogia: segurança,
arbitrariedades, em detrimento de ser um instrumento
diversidade e solidariedade.
de luta por direitos e combate ao arbítrio estatal.
Atualmente, não basta pensar em liberdade, pois
temos que pensar em segurança, no ponto de vista

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Cuidado: a crítica não é realizada em face dos Direitos relacionada à convivência social, há situações em que
Humanos em si, mas sim a forma, utilização e estrutura o indivíduo não tem interesse na divulgação. É o caso
encampada contemporaneamente para a de dados bancários, fiscais, telefônicos.
consolidação do poder hegemônico. Por isso,
Por último, a esfera da publicidade diz respeito a
sustenta o autor que não podemos legitimar guerras
duas situações: 1) atos praticados em local público
em nome dos direitos humanos, da democracia, da
com o ânimo de torná-los públicos; 2) fatos de
liberdade.
domínio público. Conforme o ambiente, público ou
privado, a privacidade poderá receber maior ou
13. Direitos individuais: destinatários; classificação; direito à vida;
direito à privacidade; dignidade da pessoa humana; igualdade; menor proteção. Por certo, os atos praticados em
liberdade (pessoa física, pensamento, ação profissional); local reservado encontram uma proteção mais intensa
propriedade (conceito e natureza constitucional, propriedades do que os ocorridos em locais públicos
especiais, limitações ao direito de propriedade, função social da
propriedade); #41 – Quebra do Sigilo de Dados
Em garantia do direito de intimidade, a Constituição
#38 – Dupla acepção do Direito Fundamental à vida Federal assegura a inviolabilidade do sigilo de dados.
Em sua acepção negativa, garante o direito de estar O conteúdo de extratos bancários (dados bancários),
vivo, de permanecer vivo, de forma que nem o Estado registro de ligações telefônicas (dados telefônicos),
e nem o particular poderão intervir na existência física de arquivos de computadores (dados informáticos) e
de alguém. Essa é a razão pela qual a pena de morte de declarações de imposto de renda (dados fiscais)
é, em regra, vedada (art. 5º, inciso XLVII) e o aborto, o deve ser mantido sob sigilo.
infanticídio, o homicídio e a instigação ao suicídio são Havendo fundadas razões (elemento material), é
crimes sujeitos ao Tribunal do Júri (art. 5º, inciso possível que as autoridades estatais legitimadas,
XXXVIII), quando praticados dolosamente. conforme a situação concreta (elemento formal),
A acepção positiva garante a vida digna, de modo intervenham no campo privado, para obter esses
que não basta estar vivo, mas viver com a dignidade dados.
própria de um ser da espécie humana. Essa acepção São legitimados a promoverem a quebra de sigilo de
garante aos indivíduos o direito de exigir que o Estado dados as autoridades judiciais e a Comissão
desenvolva políticas públicas capazes de assegurar o Parlamentar de Inquérito (CPI).
mínimo existencial. Paralelamente, a todo indivíduo é
dado o direito de exigir que o Poder Público reprima, O TCU não tem legitimidade para quebrar sigilo
por meio de lei e de ações concretas, bancário, dada a inexistência de autorização legal
comportamentos incompatíveis com a dignidade da para tal (MS 22.801; MS 22.934). Contudo, nas
pessoa humana. hipóteses em que as operações financeiras envolvem
dinheiro público, o TCU poderá ter acesso
#39 – Diferença entre Estado laico e Estado laicista diretamente, sem a necessidade de ordem judicial, a
O primeiro é o que não adota uma religião oficial, tais informações, não havendo falar em quebra de
mas uma neutralidade perante a religião. O segundo sigilo (MS 33.340/2015).
é o que não se harmoniza bem com a religião, apenas Não cabe ao Ministério Público fazer quebra de
a tolera. O Brasil não é laicista, é apenas laico; há boa sigilo de dados, inclusive bancários; antes, cabe ao
convivência entre Estado e a religião, por isso são Parquet fazer ao Judiciário a solicitação. Todavia, o
preservados feriados religiosos, símbolos religiosos Supremo Tribunal Federal entendeu que se a
em lugares públicos e as referências a Deus na moeda investigação envolver receitas públicas, poderá o
e no preâmbulo da Constituição Ministério Público requisitar diretamente tais
#40 – Esferas de proteção do Direito à Privacidade informações, afastando-se, pois, a cláusula de sigilo
bancário e aplicando-se a publicidade, princípio que
Tomando-se por base a teoria das esferas, de acordo rege a Administração Pública (MS 21.729/DF).
com a área da personalidade afetada, há uma variação
do grau de proteção da privacidade. Dessa forma, “É constitucional o compartilhamento dos relatórios de
quanto mais próxima for da identidade do indivíduo, inteligência financeira da UIF (atual COAF) e da íntegra
maior proteção deverá ser dada à esfera. do procedimento de fiscalização da Receita Federal
com as polícias e o Ministério Público, sem a
A esfera íntima diz respeito ao modo de ser de cada obrigatoriedade de prévia autorização judicial. Deve
pessoa, à sexualidade, à autoestima. Compreende os ser resguardado o sigilo das informações e as
segredos pessoais, as informações confidenciais, investigações estão sujeitas a controle posterior da
como por exemplo, as confissões feitas em um diário. Justiça O compartilhamento de relatórios financeiros
A esfera privada ultrapassa o âmbito intrapsíquico e pela UIF e pela Receita deve ser feito por um sistema
se refere às relações do individuo com o meio social. oficial de comunicação, com garantia de sigilo e
É de se notar que embora a vida privada esteja

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instrumentos que permitam apurar desvios.” (RE injustificada de políticas públicas ou mesmo de
1.055.941) medidas legislativas destinadas à viabilização de
direitos sociais já consolidados na consciência social,
#42 – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
ao longo do tempo. A supressão ou redução do grau
É o cerne axiológico do moderno constitucionalismo, de concretização de um direito fundamental não pode
constituindo-se como o valor constitucional supremo ser injustificada, sem que esteja sedimentada em
que orienta a criação, interpretação e aplicação de outros princípios constitucionais ou sem que haja a
toda a norma constitucional, especialmente o sistema concretização por outra medida concretizadora.
de direitos fundamentais. O indivíduo deve ser o
O conteúdo positivo reside no encargo do legislador
"limite e fundamento do domínio político da
de perseverar no propósito de expandir
República", já que o Estado existe para o benefício do
progressivamente, de acordo com as circunstâncias
homem e não o contrário (Canotilho).
factuais e jurídicas (inclusive as de natureza
A concepção contemporânea da Dignidade da orçamentária), a efetivação dos direitos fundamentais
Pessoa Humana tem uma base antropocêntrica, sociais. Não se trata meramente de manter o status
igualitária, universal e inclusiva, incluindo em seu quo, mas sim de impor o dever de avanço social.
núcleo essencial a exigência ética de reconhecer toda
O conteúdo negativo - inerente a todo princípio - que,
pessoa como indivíduo, independentemente de sua
neste caso, tem primazia sobre o aspecto positivo,
condição humana. Essa concepção é alimentada pelo
refere-se à exigência imposta ao legislador de, ao
reconhecimento de diversas dimensões dos direitos
formular atos normativos, respeitar a não supressão
humanos.
ou a não redução, ao menos de maneira
Incorporado à Constituição, o princípio permeia e desproporcional ou irrazoável, do grau de proteção
unifica todo o sistema nacional de direitos normativa que os direitos fundamentais sociais já
fundamentais e "representa o centro axiológico da tenham alcançado por meio da legislação
ordem constitucional, irradiando seus efeitos sobre infraconstitucional.
toda a estrutura jurídica e orientando não apenas as
#45 – Dimensões da Teoria da Reserva
ações do Estado, mas também as inúmeras relações
do Possível
privadas que se desenvolvem na sociedade civil e no
mercado" (Sarmento). Dimensão fática-econômica, a reserva do
possível está atrelada à ausência de
#43 – Direitos à Inviolabilidade da Casa
recursos financeiros e materiais para que
A Constituição Federal, ao estabelecer que a casa é o a prestação seja fornecida pelo Estado;
asilo inviolável do indivíduo, objetivou garantir uma
Dimensão jurídica, que é aquela segundo
das vertentes do direito à privacidade. Asilo é lugar de
a qual não é possível condenar o Poder Público a
abrigo, de proteção, de maneira que a todo indivíduo
fornecer prestações cujos recursos necessários à sua
é garantido o direito de encontrar, em sua casa,
satisfação não estejam alocados na lei orçamentária
proteção à individualidade e à vida privada.
para essa finalidade.
O conceito de casa é abrangente e ultrapassa a
Dimensão da razoabilidade, o indivíduo só pode exigir
moradia. Contempla qualquer local fechado,
do Estado e da sociedade uma determinada
habitado e não aberto ao público. Nessa toada,
prestação social se ela estiver dentro dos limites da
alcança escritórios profissionais, consultórios,
razoabilidade.
estabelecimentos comerciais e industriais, hotéis,
motéis, barcos, trailer, barracas, dentre outras
hipóteses. Agora, para ser casa, para fins
constitucionais, é preciso que o ambiente não seja 15. Nacionalidade (conceito e natureza, direitos dos estrangeiros);
aberto a terceiros, de maneira que quando se pensa Direitos políticos: cidadania (direito a voto e elegibilidade);
plebiscito e referendo (conceitos e distinções); direitos políticos
em estabelecimentos comerciais ou industriais, a
negativos (conceito e significado; perda, suspensão e reaquisição
proteção constitucional seria reservada aos locais dos direitos políticos; inelegibilidades); Partidos políticos e
restritos ao público, como escritórios de direção ou organização partidária; Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei nº
local em que se guarda o cofre e documentos, por 9.096/1995 e suas alterações);
exemplo.
#46 – Brasileiros Natos e Naturalizados
Exceções: consentimento do morador, flagrante
delito, desastre, prestação de socorro ou fundadas CF. Art. 12. São brasileiros:
razões (justificadas a posteriori).
I - natos:
#44 - Princípio da Vedação de Retrocesso Social
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
Também conhecido como efeito “cliquet”, tem a que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
finalidade de impedir a extinção ou redução a serviço de seu país;

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b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço Contas da União, do Procurador-Geral da República e
da República Federativa do Brasil; do próprio Supremo Tribunal Federal;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de
mãe brasileira, desde que sejam registrados em Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
repartição brasileira competente ou venham a residir
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do
na República Federativa do Brasil e optem, em
próprio Tribunal ou de juiz federal;
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira; d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais
II - naturalizados:
federais;
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na
brasileira, exigidas aos originários de países de língua
Constituição do Estado;
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
e idoneidade moral; f) a juiz estadual, nos demais casos;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, II - em grau de recurso:
residentes na República Federativa do Brasil há mais
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão
de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal,
denegatória for proferida em única instância pelos
desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Tribunais Superiores;
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
for proferida em única instância pelos Tribunais
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
Regionais Federais;
salvo os casos previstos nesta Constituição.
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
for proferida por juiz federal;
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição. d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e
Territórios, conforme dispuserem a respectiva
#47 – Perda ou suspensão dos direitos políticos
Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito
CF. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, Federal;
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo
I - cancelamento da naturalização por sentença Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição.
transitada em julgado;
#49 – Mandado de Segurança Coletivo
II - incapacidade civil absoluta;
Lei 9.507/97. Art. 21. O mandado de segurança
III - condenação criminal transitada em julgado, coletivo pode ser impetrado por partido político com
enquanto durarem seus efeitos; representação no Congresso Nacional, na defesa de
seus interesses legítimos relativos a seus integrantes
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
ou à finalidade partidária, ou por organização sindical,
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
entidade de classe ou associação legalmente
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1
§ 4º. (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da
totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
16. Ações Constitucionais: tutela de interesses individuais, difusos e associados, na forma dos seus estatutos e desde que
coletivos; ações constitucionais em espécie (habeas corpus, habeas pertinentes às suas finalidades, dispensada, para
data, mandado de segurança individual e coletivo; mandado de
tanto, autorização especial.
injunção, ação civil pública, ação popular, ação declaratória de
constitucionalidade, ação direta de inconstitucionalidade, arguição Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado
de descumprimento de preceito fundamental).
de segurança coletivo podem ser:

#48 – Competência para julgamento de Habeas I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os
data transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si
Lei 9.507/97. Art. 20. O julgamento do habeas data ou com a parte contrária por uma relação jurídica
compete: básica;
I - originariamente: II - individuais homogêneos, assim entendidos, para
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e
Presidente da República, das Mesas da Câmara dos

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da atividade ou situação específica da totalidade ou de b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao
parte dos associados ou membros do impetrante. ensino primário inclusivo, de qualidade e gratuito, e ao
ensino secundário, em igualdade de condições com as
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a
demais pessoas na comunidade em que vivem;
sentença fará coisa julgada limitadamente aos
membros do grupo ou categoria substituídos pelo c) Adaptações razoáveis de acordo com as
impetrante. necessidades individuais sejam providenciadas;
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz d) As pessoas com deficiência recebam o apoio
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos necessário, no âmbito do sistema educacional geral,
da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título com vistas a facilitar sua efetiva educação;
individual se não requerer a desistência de seu
e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam
mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a
adotadas em ambientes que maximizem o
contar da ciência comprovada da impetração da
desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com
segurança coletiva.
a meta de inclusão plena.
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
3. Os Estados Partes assegurarão às pessoas com
poderá ser concedida após a audiência do
deficiência a possibilidade de adquirir as
representante judicial da pessoa jurídica de direito
competências práticas e sociais necessárias de modo
público, que deverá se pronunciar no prazo de 72
a facilitar às pessoas com deficiência sua plena e igual
(setenta e duas) horas. (ADIN 4296 - interpretação
participação no sistema de ensino e na vida em
conforme a Constituição ao art. 22, § 2º, para o fim de
comunidade. Para tanto, os Estados Partes tomarão
nele ler a seguinte cláusula implícita: “salvo para evitar
medidas apropriadas, incluindo:
o perecimento de direito”).
a) Facilitação do aprendizado do braille, escrita
17. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com alternativa, modos, meios e formatos de comunicação
Deficiência. aumentativa e alternativa, e habilidades de orientação
e mobilidade, além de facilitação do apoio e
#50 – Educação aconselhamento de pares;
Decreto 6.949/09. Art. 24. 1. Os b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e
Estados Partes reconhecem o direito das promoção da identidade linguística da comunidade
pessoas com deficiência à educação. surda;
Para efetivar esse direito sem
c) Garantia de que a educação de pessoas, em
discriminação e com base na igualdade
particular crianças cegas, surdo cegas e surdas, seja
de oportunidades, os Estados Partes
ministrada nas línguas e nos modos e meios de
assegurarão sistema educacional inclusivo em todos
comunicação mais adequados ao indivíduo e em
os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda
ambientes que favoreçam ao máximo seu
a vida, com os seguintes objetivos:
desenvolvimento acadêmico e social.
a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e
4. A fim de contribuir para o exercício desse direito, os
do senso de dignidade e auto-estima, além do
Estados Partes tomarão medidas apropriadas para
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos,
empregar professores, inclusive professores com
pelas liberdades fundamentais e pela diversidade
deficiência, habilitados para o ensino da língua de
humana;
sinais e/ou do braille, e para capacitar profissionais e
b) O máximo desenvolvimento possível da equipes atuantes em todos os níveis de ensino. Essa
personalidade e dos talentos e da criatividade das capacitação incorporará a conscientização da
pessoas com deficiência, assim como de suas deficiência e a utilização de modos, meios e formatos
habilidades físicas e intelectuais; apropriados de comunicação aumentativa e
alternativa, e técnicas e materiais pedagógicos, como
c) A participação efetiva das pessoas com deficiência
apoios para pessoas com deficiência.
em uma sociedade livre.
5. Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com
2. Para a realização desse direito, os Estados Partes
deficiência possam ter acesso ao ensino superior em
assegurarão que:
geral, treinamento profissional de acordo com sua
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do vocação, educação para adultos e formação
sistema educacional geral sob alegação de deficiência continuada, sem discriminação e em igualdade de
e que as crianças com deficiência não sejam excluídas condições. Para tanto, os Estados Partes assegurarão a
do ensino primário gratuito e compulsório ou do provisão de adaptações razoáveis para pessoas com
ensino secundário, sob alegação de deficiência; deficiência.

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 EC 128/2022: Acrescenta § 7º ao art. 167 da
Emendas e jurisprudência.
Constituição Federal, para proibir a imposição e a
transferência, por lei, de qualquer encargo financeiro
#51 – Pontos Importantes das Últimas Emendas decorrente da prestação de serviço público para a
Constitucionais União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
EC 131/2023: Altera o art. 12 da Constituição Federal CF. Art. 167. § 7º A lei não imporá nem transferirá
para suprimir a perda da nacionalidade brasileira em qualquer encargo financeiro decorrente da prestação
razão da mera aquisição de outra nacionalidade, de serviço público, inclusive despesas de pessoal e
incluir a exceção para situações de apatridia e seus encargos, para a União, os Estados, o Distrito
acrescentar a possibilidade de a pessoa requerer a Federal ou os Municípios, sem a previsão de fonte
perda da própria nacionalidade. orçamentária e financeira necessária à realização da
CF. Art. 12. § 4º - Será declarada a perda da despesa ou sem a previsão da correspondente
nacionalidade do brasileiro que: transferência de recursos financeiros necessários ao
seu custeio, ressalvadas as obrigações assumidas
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença espontaneamente pelos entes federados e aquelas
judicial, em virtude de fraude relacionada ao processo decorrentes da fixação do salário mínimo, na forma do
de naturalização ou de atentado contra a ordem inciso IV do caput do art. 7º desta Constituição.
constitucional e o Estado Democrático;
EC 127/2022: Altera a CF e o ADCT para estabelecer
II - fizer pedido expresso de perda da nacionalidade que compete à União prestar assistência financeira
brasileira perante autoridade brasileira competente, complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos
ressalvadas situações que acarretem apatridia. Municípios e às entidades filantrópicas, para o
§ 5º A renúncia da nacionalidade, nos termos do inciso cumprimento dos pisos salariais profissionais
II do § 4º deste artigo, não impede o interessado de nacionais para o enfermeiro, o técnico de
readquirir sua nacionalidade brasileira originária, nos enfermagem, o auxiliar de enfermagem e a parteira.
termos da lei. CF. Art. 198. §14. Compete à União, nos termos da lei,
EC 130/2023: Altera o art. 93 da Constituição prestar assistência financeira complementar aos
Federal para permitir a permuta entre juízes de direito Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios e às
vinculados a diferentes tribunais. entidades filantrópicas, bem como aos prestadores de
serviços contratualizados que atendam, no mínimo,
CF. Art. 93. VIII-A - a remoção a pedido de 60% (sessenta por cento) de seus pacientes pelo
magistrados de comarca de igual entrância atenderá, sistema único de saúde, para o cumprimento dos pisos
no que couber, ao disposto nas alíneas "a", "b", "c" e salariais de que trata o § 12 deste artigo.
"e" do inciso II do caput deste artigo e no art. 94 desta
Constituição; §15. Os recursos federais destinados aos pagamentos
da assistência financeira complementar aos Estados,
VIII-B - a permuta de magistrados de comarca de igual ao Distrito Federal e aos Municípios e às entidades
entrância, quando for o caso, e dentro do mesmo filantrópicas, bem como aos prestadores de serviços
segmento de justiça, inclusive entre os juízes de contratualizados que atendam, no mínimo, 60%
segundo grau, vinculados a diferentes tribunais, na (sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema
esfera da justiça estadual, federal ou do trabalho, único de saúde, para o cumprimento dos pisos
atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas "a", salariais de que trata o § 12 deste artigo serão
"b", "c" e "e" do inciso II do caput deste artigo e no art. consignados no orçamento geral da União com
94 desta Constituição; dotação própria e exclusiva.
EC 129/2023: Acrescenta o art. 123 ao Ato das ADCT. Art. 38. §2º As despesas com pessoal
Disposições Constitucionais Transitórias, para resultantes do cumprimento do disposto nos §§ 12,
assegurar prazo de vigência adicional aos 13, 14 e 15 do art. 198 da Constituição Federal serão
instrumentos de permissão lotérica. contabilizadas, para fins dos limites de que trata o art.
ADCT. Art. 123. Todos os termos de 169 da Constituição Federal, da seguinte forma:
credenciamentos, contratos, aditivos e outras formas I - até o fim do exercício financeiro subsequente ao da
de ajuste de permissão lotérica, em vigor, publicação deste dispositivo, não serão contabilizadas
indistintamente, na data de publicação deste para esses limites;
dispositivo, destinados a viabilizar a venda de serviços
lotéricos, disciplinados em lei ou em outros II - no segundo exercício financeiro subsequente ao da
instrumentos de alcance específico, terão assegurado publicação deste dispositivo, serão deduzidas em 90%
prazo de vigência adicional, contado do término do (noventa por cento) do seu valor;
prazo do instrumento vigente, independentemente da III - entre o terceiro e o décimo segundo exercício
data de seu termo inicial. financeiro subsequente ao da publicação deste

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dispositivo, a dedução de que trata o inciso II deste EC 125/2022: Altera o art. 105 da Constituição
parágrafo será reduzida anualmente na proporção de Federal para instituir no recurso especial o requisito
10% (dez por cento) de seu valor. da relevância das questões de direito federal
infraconstitucional.
Art. 107. § 6º VI - despesas correntes ou transferências
aos fundos de saúde dos Estados, do Distrito Federal CF. Art. 105. § 2º No recurso especial, o recorrente
e dos Municípios, destinadas ao pagamento de deve demonstrar a relevância das questões de direito
despesas com pessoal para cumprimento dos pisos federal infraconstitucional discutidas no caso, nos
nacionais salariais para o enfermeiro, o técnico de termos da lei, a fim de que a admissão do recurso seja
enfermagem, o auxiliar de enfermagem e a parteira, examinada pelo Tribunal, o qual somente pode dele
de acordo com os §§ 12, 13, 14 e 15 do art. 198 da não conhecer com base nesse motivo pela
Constituição Federal. manifestação de 2/3 (dois terços) dos membros do
órgão competente para o julgamento.
EC 126/2022: Altera a Constituição Federal, para
dispor sobre as emendas individuais ao projeto de lei § 3º Haverá a relevância de que trata o § 2º deste artigo
orçamentária. nos seguintes casos:
CF. Art. 155. § 1º V - não incidirá sobre as doações I - ações penais;
destinadas, no âmbito do Poder Executivo da União, a
II - ações de improbidade administrativa;
projetos socioambientais ou destinados a mitigar os
efeitos das mudanças climáticas e às instituições III - ações cujo valor da causa ultrapasse 500
federais de ensino. (quinhentos) salários mínimos;
Art. 166. § 9º As emendas individuais ao projeto de IV - ações que possam gerar inelegibilidade;
lei orçamentária serão aprovadas no limite de 2% (dois
V - hipóteses em que o acórdão recorrido contrariar
por cento) da receita corrente líquida do exercício
jurisprudência dominante do Superior Tribunal de
anterior ao do encaminhamento do projeto,
Justiça;
observado que a metade desse percentual será
destinada a ações e serviços públicos de saúde. VI - outras hipóteses previstas em lei.
§ 9º-A Do limite a que se refere o § 9º deste artigo, Atenção! Esta EC tem artigo importante em seu
1,55% (um inteiro e cinquenta e cinco centésimos por próprio corpo legal, vejamos:
cento) caberá às emendas de Deputados e 0,45%
Art. 2º A relevância de que trata o § 2º do art. 105 da
(quarenta e cinco centésimos por cento) às de
Constituição Federal será exigida nos recursos
Senadores.
especiais interpostos após a entrada em vigor desta
§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e Emenda Constitucional, ocasião em que a parte
financeira das programações oriundas de emendas poderá atualizar o valor da causa para os fins de que
individuais, em montante correspondente ao limite a trata o inciso III do § 3º do referido artigo.
que se refere o § 9º deste artigo, conforme os critérios
EC 124/2022: Institui o piso salarial nacional do
para a execução equitativa da programação definidos
enfermeiro, do técnico de enfermagem, do auxiliar de
na lei complementar prevista no § 9º do art. 165 desta
enfermagem e da parteira.
Constituição, observado o disposto no § 9º-A deste
artigo. CF. Art. 198. §12. Lei federal instituirá pisos salariais
profissionais nacionais para o enfermeiro, o técnico de
§ 17. Os restos a pagar provenientes das
enfermagem, o auxiliar de enfermagem e a parteira, a
programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12
serem observados por pessoas jurídicas de direito
deste artigo poderão ser considerados para fins de
público e de direito privado.
cumprimento da execução financeira até o limite de
1% (um por cento) da receita corrente líquida do §13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
exercício anterior ao do encaminhamento do projeto Municípios, até o final do exercício financeiro em que
de lei orçamentária, para as programações das for publicada a lei de que trata o § 12 deste artigo,
emendas individuais, e até o limite de 0,5% (cinco adequarão a remuneração dos cargos ou dos
décimos por cento), para as programações das respectivos planos de carreiras, quando houver, de
emendas de iniciativa de bancada de parlamentares modo a atender aos pisos estabelecidos para cada
de Estado ou do Distrito Federal. categoria profissional.
§ 19. Considera-se equitativa a execução das EC 122/2022: Altera a CF para elevar para setenta
programações de caráter obrigatório que observe anos a idade máxima para a escolha e nomeação de
critérios objetivos e imparciais e que atenda de forma membros do STF, do STJ, dos TRF, do TST, dos TRT,
igualitária e impessoal às emendas apresentadas, do TCU e dos Ministros civis do STM.
independentemente da autoria, observado o disposto
#52 – Jurisprudência do STF em matéria de saúde
no § 9º-A deste artigo.
pública

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Tema 345: É constitucional o ressarcimento previsto saúde, e diante dos critérios constitucionais de
no art. 32 da Lei 9.656/98, o qual é aplicável aos descentralização e hierarquização, compete à
procedimentos médicos, hospitalares ou autoridade judicial direcionar o cumprimento
ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a conforme as regras de repartição de competências e
1.9.1998, assegurados o contraditório e a ampla determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus
defesa, no âmbito administrativo, em todos os marcos financeiro.
jurídicos.
Tema 1.103: É constitucional a obrigatoriedade de
Tema 500: 1. O Estado não pode ser obrigado a imunização por meio de vacina que, registrada em
fornecer medicamentos experimentais. 2. A ausência órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no
de registro na ANVISA impede, como regra geral, o Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua
fornecimento de medicamento por decisão judicial. 3. aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja
É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de objeto de determinação da União, Estado, Distrito
medicamento sem registro sanitário, em caso de mora Federal ou Município, com base em consenso
irrazoável da ANVISA em apreciar o pedido (prazo médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza
superior ao previsto na Lei nº 13.411/2016), quando violação à liberdade de consciência e de convicção
preenchidos três requisitos: (i) a existência de pedido filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao
de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso poder familiar.
de medicamentos órfãos para doenças raras e
Tema 1.161. Cabe ao Estado fornecer, em termos
ultrarraras);(ii) a existência de registro do
excepcionais, medicamento que, embora não possua
medicamento em renomadas agências de regulação
registro na ANVISA, tem a sua importação autorizada
no exterior; e (iii) a inexistência de substituto
pela agência de vigilância sanitária, desde que
terapêutico com registro no Brasil. 4. As ações que
comprovada a incapacidade econômica do paciente,
demandem fornecimento de medicamentos sem
a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a
registro na ANVISA deverão necessariamente ser
impossibilidade de substituição por outro similar
propostas em face da União.
constante das listas oficiais de dispensação de
Tema 793: Os entes da federação, em decorrência da medicamentos e os protocolos de intervenção
competência comum, são solidariamente terapêutica do SUS.
responsáveis nas demandas prestacionais na área da

DIREITO ADMINISTRATIVO
⮲ Veja que o art. 20 não veda absolutamente a
1. As funções do Estado. Origem do Direito Administrativo. O
regime jurídico-administrativo. Conteúdo do regime jurídico decisão com fundamento em valores jurídicos
administrativo. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – abstratos, o que se exige é que sejam invocados
LINDB. Aplicação do regime jurídico administrativo a entidades da em vista do caso concreto, em íntima relação com a
Administração Indireta, entidades de colaboração e particulares.
realidade, o mundo dos fatos e, principalmente, com
Estatuto das Empresas Estatais (Lei nº 13.303/2006). 11. Convênios
e Consórcios. Concessões e Permissões de serviços públicos. a indicação das consequências práticas da decisão
Forma e condições da outorga do serviço em concessão. O Prazo
nas concessões e sua prorrogação. Poderes do Concedente. Os ⮲ Essa necessidade de se analisar as consequências
Direitos do concessionário. Regime tarifário e sua revisão. Os práticas da decisão passou a ser denominada
Direitos dos usuários. Formas de extinção da concessão e seus “consequencialismo”.
efeitos jurídicos. A reversão dos Bens. Responsabilidades civis do
concessionário e do Poder concedente. Permissão. Parcerias ⮲ Admite-se ainda, no âmbito da Administração
Público-Privadas.
Pública, a motivação aliunde ou per relatione, que
consiste na adoção da motivação de um outro ato
administrativo como razão de decidir. É a declaração
#01 – Aspectos públicos da LINDB
de concordância com os fundamentos de
⮲ Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e pareceres, informações, decisões ou propostas,
judicial, não se decidirá com base em valores que farão parte integrante do ato emitido. No
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as entanto, em razão da nova disposição da LINDB, tem-
consequências práticas da decisão. se novas diretrizes a serem seguidas em relação à
motivação que, conforme verificado, não pode ser
Parágrafo único. A motivação demonstrará a fundamentada apenas em valores jurídicos
necessidade e a adequação da medida imposta ou abstratos, dependendo da demonstração das
da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou consequências práticas da decisão, da adequação
norma administrativa, inclusive em face das possíveis e da necessidade e dos motivos pelo qual a medida
alternativas. tomada é melhor do que as alternativas.

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⮲ Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, cuja produção já se houver completado levará em
controladora ou judicial, decretar a invalidação de conta as orientações gerais da época, sendo vedado
ato, contrato, ajuste, processo ou norma que, com base em mudança posterior de orientação
administrativa deverá indicar de modo expresso suas geral, se declarem inválidas situações plenamente
consequências jurídicas e administrativas. constituídas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as
deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as interpretações e especificações contidas em atos
condições para que a regularização ocorra de modo públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial
proporcional e equânime e sem prejuízo aos ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos prática administrativa reiterada e de amplo
atingidos ônus ou perdas que, em função das conhecimento público
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
⮲ Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza
⮲ Para que esta exigência não torne impossível o jurídica ou situação contenciosa na aplicação do
exercício da atribuição do decisor, o art. 3º, §2º do direito público, inclusive no caso de expedição de
Decreto 9.830/2019 estabelece que licença, a autoridade administrativa poderá, após
oitiva do órgão jurídico e, quando
§ 2º Na indicação das consequências práticas da for o caso, após realização de
decisão, o decisor apresentará apenas aquelas consulta pública, e presentes
consequências práticas que, no exercício diligente razões de relevante interesse
de sua atuação, consiga vislumbrar diante dos fatos geral, celebrar compromisso com
e fundamentos de mérito e os interessados, observada a legislação aplicável, o
jurídicos
qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação
⮲ Art. 22. Na interpretação de oficial.
normas sobre gestão pública, ⮲ Art. 27. A decisão do processo, nas esferas
serão considerados os obstáculos e as dificuldades administrativa, controladora ou judicial, poderá
reais do gestor e as exigências das políticas
impor compensação por benefícios indevidos ou
públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos
prejuízos anormais ou injustos resultantes do
administrados.
processo ou da conduta dos envolvidos.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada,
validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma ouvidas previamente as partes sobre seu
administrativa, serão consideradas as circunstâncias cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.
práticas que houverem imposto, limitado ou
condicionado a ação do agente. § 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá
ser celebrado compromisso processual entre os
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a envolvidos
natureza e a gravidade da infração cometida, os
danos que dela provierem para a administração ⮲ Art. 28. O agente público responderá
pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes pessoalmente por suas decisões ou opiniões
e os antecedentes do agente. técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em ⮲ A Corte Superior entendeu que, nos dois
conta na dosimetria das demais sanções de mesma primeiros casos (parecer facultativo e obrigatório),
natureza e relativas ao mesmo fato. o agente público somente poderá ser
responsabilizado pela opinião emitida no parecer se
⮲ Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou
comprovada culpa, erro grosseiro ou fraude. No
judicial que estabelecer interpretação ou
caso do parecer vinculante, por outro lado, por
orientação nova sobre norma de conteúdo
existir uma partilha do poder decisório, tem-se que
indeterminado, impondo novo dever ou novo
tanto o parecerista quanto a autoridade
condicionamento de direito, deverá prever regime
administrativa devem responder pelo ato
de transição quando
praticado (MS 24631)
indispensável para que o novo
dever ou condicionamento de Parecer facultativo é o parecer que não é exigido por
direito seja cumprido de modo lei para formulação da decisão da autoridade
proporcional, equânime e eficiente e competente, mas esta decide solicitar o parecer para
sem prejuízo aos interesses gerais. auxiliar na tomada de decisão. Uma vez emitido, o
parecer não vincula a decisão da autoridade
⮲ Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa,
controladora ou judicial, quanto à validade de ato, Parecer obrigatório a lei exige a emissão do parecer
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa antes da tomada de decisão, mas a opinião nele

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contida não vincula a autoridade competente para 🔾 Princípio da mutabilidade ou atualidade: os
decidir, que poderá contrariar o parecer, desde que serviços públicos devem se adaptar à evolução social
de forma motivada; e tecnológica, aprimorando-se para atender as
Parecer vinculante é o parecer que deve ser necessidades atuais da coletividade e evitando a sua
obrigatoriamente elaborado, cujo teor vincula a deterioração com o passar do tempo. Em virtude da
autoridade administrativa que terá o dever de acatá- mutabilidade, é possível a alteração unilateral dos
lo ou então não decidir. Neste casso, tem-se que há contratos de concessão e permissão de serviços
uma partilha do poder decisório entre a autoridade públicos por iniciativa da Administração.
administrativa competente para decidir e o agente 🔾 Princípio da generalidade ou universalidade: o
público que emite o parece serviço público deve ser prestado ao maior número
⮲ Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de possível de pessoas, devendo o poder público
atos normativos por autoridade administrativa, salvo empreender esforços para que o serviço público
os de mera organização interna, poderá ser alcance as pessoas que ainda não o recebem.
precedida de consulta pública para manifestação de 🔾 Princípio da modicidade: no caso de cobrança de
interessados, preferencialmente por meio taxas ou tarifas, o valor a ser cobrado do usuário deve
eletrônico, a qual será considerada na decisão. ser módico e proporcional ao custo do serviço, de
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo forma a garantir a universalização de sua prestação.
e fixará o prazo e demais condições da consulta #05 – Concessão de serviço público
pública, observadas as normas legais e
regulamentares específicas, se houver. A delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de
⮲ Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para concorrência ou diálogo competitivo, à pessoa jurídica
aumentar a segurança jurídica na aplicação das ou consórcio de empresas que demonstre capacidade
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas para seu desempenho, por sua conta e risco e por
administrativas e respostas a consultas. prazo determinado.
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput #06 – Permissão de serviço público
deste artigo terão caráter vinculante em relação ao
A delegação, a título precário, mediante licitação, da
órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior
prestação de serviços públicos, feita pelo poder
revisão.
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre
#02 – Regime Jurídico Administrativo capacidade para seu desempenho, por sua conta e
O regime jurídico administrativo é o conjunto risco.
harmônico de normas (regras e princípios) que regem #07 – Extinção da concessão e da permissão
a atuação da Administração Pública em sua atuação, na
relação com os administrados, na relação com os seus 🔾 Advento do termo contratual.
agentes, na prestação de serviços públicos e na sua 🔾 Encampação: A encampação é a extinção unilateral
organização interna, sempre em busca do interesse da concessão, por iniciativa do poder concedente, por
público. motivo de interesse público. Deve obedecer aos
#03 – Conceito de serviço público seguintes requisitos: i) Interesse público; ii) Lei
autorizativa específica; iii) Pagamento prévio da
Serviço público é a atividade prestada pelo Estado ou indenização.
por seus delegados, essencialmente sob regime
jurídico de direito público, voltada para o atendimento 🔾 Caducidade: A caducidade é a forma de extinção
de necessidades essenciais e/ou secundárias da da concessão por inexecução total ou parcial do
coletividade. contrato. Existem duas hipóteses para a extinção do
processo por caducidade: i) Inexecução parcial ou
#04 – Princípios do serviço públicio total do contrato em geral; ii) Transferência de
🔾 Princípio da continuidade: a atividade concessão ou do controle societário da concessionária
administrativa deve ser prestada de forma sem prévia anuência do poder concedente.
ininterrupta, sem paralisações, especialmente no que 🔾 Rescisão: É a hipótese de extinção do contrato por
concerne ao serviço público. iniciativa da concessionária ou permissionária. Ocorre
🔾 Princípio da igualdade: a Administração Pública e por descumprimento das normas contratuais pelo
seus delegatários devem prestar os serviços públicos, poder concedente e somente por ação judicial
de forma igualitária, a todos os usuários, desde que intentada pelo contratado.
estes tenham preenchido as condições técnicas e 🔾 Anulação.
jurídicas.
🔾 Falência ou extinção da pessoa jurídica.

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#08 – Modalidades de Parcecia Público-Privadas apresentação de manifestações (§2º), a exemplo
do que já ocorre com a lei de acesso à informação;
🔾 Concessão patrocinada: é a c) Ouvidorias (arts. 13 a 17);
concessão de serviços públicos ou d) Conselho de usuários (arts. 18 a 22);
de obras públicas de que trata a Lei e) Avaliação continuada de serviços públicos (arts.
nº 8.987, de 13 de fevereiro de
23 e 24);
1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa
cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do
12. Parcerias com o terceiro setor. Convênios e outras espécies de
parceiro público ao parceiro privado (art. 2º, §1º); ajustes colaborativos. Organizações sociais. OSCIPs. Organizações
da Sociedade Civil. 16. Organização administrativa: noções gerais.
🔾 Concessão administrativa: é o contrato de Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada.
prestação de serviços de que a Administração Pública Autarquias. Autarquias comuns e especiais. Agências reguladoras e
seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva agências executivas. Fundações Públicas, Empresas Públicas e
Sociedades de Economia Mista. Consórcios Públicos. Tutela dos
execução de obra ou fornecimento e instalação de
entes da Administração Indireta. Entidades de colaboração e seu
bens (art. 2º, §2º). regime jurídico.
#09 – Proteção e defesa dos usuários dos serviços
públicos #10 – Descentralização administrativa

🔾 Código de defesa do consumidor: Quanto à De modo geral, é a transferência de determinada

possibilidade da sua aplicação à prestação de serviços atividade administrativa para uma outra pessoa, física
públicos, surgiram três correntes doutrinárias: ou jurídica, integrante ou não da estrutural
organizacional do Estado. Neste sentido, a
a) Corrente ampliativa: afirma que todos os serviços descentralização sempre pressupõe duas pessoas
públicos se submetem ao CDC, que menciona serviços distintas.
públicos sem fazer distinção quanto à remuneração,
bem como, pelo fato de que todos os serviços públicos #11 – Desconcentração
são remunerados ainda que genericamente por É a distribuição de atribuições, dentro de uma mesma
imposto; pessoa jurídica, entre os órgãos internos, que não
b) Corrente intermediária: o CDC deve ser aplicado possuem personalidade jurídica. Este fenômeno
apenas aos serviços públicos uti singuli, tendo em vista decorre do poder hierárquico da Administração
que são remunerados individualmente pelos usuários Pública, que pode atribuir funções dentro de sua
mediante taxa ou tarifa, conforme o art. 3º, §2º; estrutura organizacional, existindo uma relação de
subordinação.
c) Corrente restritiva: o CDC deve
incidir apenas sobre os serviços #12 – Controle finalístico ou Vinculação
individuais (uti singuli) remunerados Ausência de subordinação em relação ao Poder
mediante tarifa, excluídos os Público instituidor. Não há relação de hierarquia entre
remunerados por taxa e os serviços uti o ente federado instituidor e a entidade administrativa.
universi. A relação dessas entidades com o ente político
O STJ já decidiu ser inaplicável o CDC aos serviços instituidor é de vinculação. O ente político exerce
públicos de saúde prestados por hospitais públicos, apenas controle finalístico sobre as entidades de sua
tendo em vista a ausência de remuneração específica Administração indireta, também denominado tutela
pelos usuários, sendo a remuneração realizada por administrativa ou supervisão ministerial.
imposto. #13 – Órgãos públicos
🔾 Lei de defesa do usuário dos serviços São unidades integrantes da estrutura de uma mesma
públicos (lei 13.460/2017) pessoa jurídica, que recebem parcela das
A lei possui alcance nacional (art. 1º, §1º), competências da entidade que integram para
aplicando-se a todos os entes federados exercício de forma especializada, por meio de agentes
e respectivas entidades da Administração indireta. públicos. Trata-se de mero conjunto de competências
Podemos destacar os seguintes pontos: agrupadas.

a) Carta de serviços ao usuário; #14 – Autarquias

b) Manifestação dos usuários: A manifestação será É uma pessoa jurídica, submetida ao regime jurídico
dirigida à ouvidoria do órgão ou entidade de Direito Público, criada diretamente por meio de lei
responsável e conterá a identificação do para desenvolver atividades típicas de Estado,
requerente (art. 10). Entretanto, a identificação do integrando a Administração Público indireta. São
usuário não pode conter exigências que dotadas de autonomia administrativa e financeira e
inviabilizem a sua manifestação (§1º), vedadas patrimônio próprio.
exigências relativas aos motivos determinantes da
🔾 As principais características das autarquias são:

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⮲ Regime Jurídico de Direito Público; determinado setor relevante da sociedade (atividade
econômica ou prestação de serviço público).
⮲ Criação e extinção diretamente por meio de lei;
Regulação não se confunde com
⮲ Personalidade jurídica, patrimônio e receita regulamentação. A regulamentação é a
próprios; atribuição conferida ao Presidente da
⮲ Autonomia administrativa e financeira; República para editar decretos
regulamentando a fiel execução das leis,
⮲ Atividades típicas de estado (que exigem o prevista no art. 84, IV, CF
exercício do poder de império);
🔾 Poder normativo das agências reguladoras
⮲ Integrantes da Administração indireta;
O Legislativo não possui conhecimento técnico para
⮲ Vinculadas (e não subordinadas) à Administração estabelecer direitos e obrigações nos setores
Direta. econômicos regulados. Por este motivo, tem-se
atribuído, por meio de lei, essa função às agências
#15 – Fundações públicas
reguladoras, que a exercem por meio de atos
São um patrimônio personalizado (a que é dado normativos infralegais. Essa atribuição normativa feita
caráter de pessoa jurídica), que prestam atividade não pela lei, que estabelece apenas os parâmetros
lucrativa e com um objetivo social e interesse coletivo. (standards) a serem observados, tem sido denominada
de deslegalização ou delegificação.
#16 – Empresas estatais
#20 – Serviço social autônomo
🔾 Empresa pública é a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, com criação Os serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de
autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo direito privado, sem fins lucrativos, criadas por
capital social é integralmente detido pela União, pelos confederações privadas (representativas de categorias
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. econômicas), após autorização prevista em lei, que
recebem recursos oriundos de contribuição social de
🔾 Sociedade de economia mista é a entidade dotada natureza tributária (art. 240, CF) e dotações
de personalidade jurídica de direito privado, com orçamentárias do poder público.
criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em #21 – Organização Social (Lei 9.637/98)
sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, Organização Social é uma qualificação jurídica dada
aos Municípios ou a entidade da administração pelo Poder Público a pessoa jurídica de direito
indireta. privado, sem fins lucrativos, que atua na prestação de
#17 – Consórcios públicos (Lei 11.107/05) atividade de interesse público não exclusiva de Estado.

Pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da De acordo com a referida lei, as organizações sociais
Federação, na forma da Lei nº 11.107/2005, para foram criadas para “absorver” atividades não
estabelecer relações de cooperação federativa, exclusivas de Estado que eram realizadas por
inclusive a realização de objetivos de interesse comum, entidades estatais a serem extintas (art. 20).
constituída como associação pública, com
personalidade jurídica de direito público e natureza
autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado
sem fins econômicos.
#18 – Agências executivas
Qualificação dada para autarquia ou fundação
pública, estando prevista no art. 51 da lei 9.649/98,
enquanto o contrato de desempenho está previsto na
lei 13.934/2019. Seus requisitos para a qualificação
são: a elaboração de Plano estratégico de
reestruturação e de desenvolvimento institucional; e
formulação de Contrato de desempenho
(periodicidade mínima de 1 ano).
#19 – Agências reguladoras
Trata-se de autarquia criada com um regime jurídico
especial que lhe confere maior autonomia técnica e
maiores poderes administrativos para regular

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#22 – Organização da Sociedade Civil de interesse aplicadas ao Poder Público e está presente em toda a
Público (Lei 9.790/99) atuação estatal.
Trata-se de uma qualificação #24 – Princípios expressos na Constituição
específica, concedida a entidades de
direito privado sem fins lucrativos, 🔾 Princípio da legalidade: Consiste na limitação do
Poder Público ao conjunto de normas (em sentido
constituídas e em funcionamento regular
amplo) por ele editado. A reserva legal, por outro lado,
há, no mínimo, 3 (três) anos, que atuem
estabelece que a atuação só é permitida diante da
em uma das atividades sociais previstas no art. 3º da
autorização de uma espécie normativa específica.
lei 9.790/99, não exclusivas de Estado, e que
pretendam celebrar parceria com o Poder Público 🔾 Princípio da impessoalidade: a atuação da
para receber fomento e se submeterem a fiscalização Administração Pública não pode ter caráter pessoal
por meio de termo de parceria. nem ser movida por sentimentos ou vontades pessoais
do Administrador.

ASPECTOS DA IMPESSOALIDADE

Isonomia A atuação deve ser objetiva, sem

subjetivismo

Vedação à As realizações da Administração

promoção Pública não podem ser divulgadas
pessoal como feito pessoal do agente
público, mas do órgão que ele
representa

Finalidade Toda a atuação da Administração

Pública deve estar voltada para
atingir o fim previsto no
ordenamento jurídico.

🔾 Princípio da moralidade: Os agentes públicos

devem, além de respeitar as leis, atuar de forma
honesta, proba, com lealdade e boa-fé e com
fundamento nos padrões éticos de conduta. É uma
2. Princípios Constitucionais do Direito Administrativo. Restrições espécie de moralidade jurídica (não se confunde com
ao princípio da legalidade. Princípios reconhecidos em legislação moralidade social, fundamentada no senso comum) e
infraconstitucional, pela doutrina e pela jurisprudência. está relacionada à boa administração, devendo ser
Internegração do direito administrativo. Normas sobre
internegração do direito público na Lei de Introdução ao Direito compreendida de forma objetiva, extraída do conjunto
Brasileiro. Controle sistemático das relações administrativas. de normas relacionadas à atuação dos agentes
públicos.
#23 - Princípios basilares da Adminsitração Pública ✓ Não há nepotismo quando a pessoa nomeada tem
🔾 Supremacia do interesse público sobre o parente no órgão, mas não possui hierarquia capaz de
interesse privado: Prevalência dos interesses da influir na nomeação (Rcl 18564, STF);
coletividade, tutelados pelo Estado, sobre os ✓ Não há nepotismo quando a nomeação é destinada
interesses meramente particulares, com objetivo de à ocupação de cargos políticos, como cargo de
satisfação das necessidades coletivas e finalidades Ministro ou Secretário do Estado ou Município (Rcl
públicas. Dá ensejo às prerrogativas do Poder Público. 29033 AgR/RJ; Rcl 22339 AgR/SP, ambas do STF);
Não é absoluto e não está presente em toda a atuação
da Administração Pública. ✓ Exceção: Ainda que se trate de cargo político,
poderá ficar caracterizado o nepotismo caso fique
🔾 Indisponibilidade do interesse público: A demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na
Administração Pública, como simples gestora do nomeação por manifesta ausência de qualificação
interesse público (cujo titular é o povo), não pode técnica ou inidoneidade moral do nomeado (Rcl 28024
dispor livremente dos bens e interesses coletivos, AgR, STF);
estando limitada à finalidade estabelecida pelo
ordenamento jurídico. Dá ensejo às restrições ✓ O cargo de conselheiro do Tribunal de Contas não é
cargo político, de forma que a nomeação pelo

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Governador de seu irmão para exercício do cargo do mundo jurídico quando necessário, para conferir
configura nepotismo, além de afronta ao Princípio regularidade às suas condutas.
Republicano de prestação de contas, já que o
nomeado teria atribuições de fiscalizar as contas de 🔾 Princípio da motivação: Indicação expressa dos
seu parente (Rcl 6.702 MC-AgR, STF); pressupostos fáticos e jurídicos e sua correlação lógica
com a decisão proferida. Mais um instrumento de
✓ A Súmula Vinculante nº 13 não exauriu todas as controle popular da atuação administrativa
possibilidades de nepotismo, podendo existir outros
casos de nomeação que violem a moralidade 🔾 Princípio da segurança jurídica: princípio geral do
direito, vetor indispensável ao Estado Democrático de
administrativa (MS 31.697, STF).
Direito, consistente no direito dos cidadãos à ciência
🔾 Princípio da publicidade: Estabelece o dever de previa das leis que regem a vida em sociedade, bem
transparência em toda a atuação do Poder Público, como, de não serem surpreendidos por alterações
tornando públicos os seus atos. Possibilita o controle repentinas ou pela retroatividade de determinadas
popular sobre a Administração Pública. leis. Seu objetivo é a pacificação social.
🔾 Princípio da eficiência: Determina a busca dos 🔾 Princípio da sindicabilidade: trata-se do poder de
melhores resultados práticos (produtividade), por controle sobre a atuação estatal. O conceito abrange
meio da melhor atuação possível, de forma célere e tanto o controle realizado pela própria Administração
com redução dos desperdícios (economicidade). Pública sobre seus atos, quanto o controle externo
Possui dois aspectos essenciais, um voltado ao agente realizado pelo Poder Judiciário e pelo Poder
público e outro voltado para a organização interna da Legislativo com auxílio dos Tribunais de Contas.
Administração Pública.
🔾 Princípio do contraditório e da ampla defesa:
#25 – Princípios implícitos Direito de a) tomar conhecimento de todos os atos do
processo administrativo ou judicial; b) oportunidade
🔾 Princípio da razoabilidade e proporcionalidade:
para se manifestar; c) produzir provas e formular
estão ligadas à ideia de relação racional entre meios e
requerimentos; d) oportunidade de influenciar no
fins, tanto na esfera Administrativa quanto na
julgamento da autoridade. Permite que ambas as
Legislativa. Razoável é a conduta que se insere dentro
partes participem da condução do feito, tendo o poder
dos padrões de normalidade aceitos pela sociedade.
de influenciar a autoridade julgadora na formação do
Proporcionalidade, por sua vez, relaciona-se com o
seu convencimento.
excesso de poder e é analisada sobre três aspectos:
🔾 Princípio da hierarquia: Dever de uma
⮲ Adequação/idoneidade: O meio empregado deve
organização estrutural dos órgãos da Administração
ser o mais adequado ou idôneo para atingir a
Pública definindo uma relação de coordenação e
finalidade pretendida.
subordinação entre eles, em que cada órgão possui
⮲ Necessidade/exigibilidade: Verificação de competências próprias de acordo com a lei.
inexistência de meio menos gravoso (que implique em
menor restrição aos direitos fundamentais) para atingir 3. Ato administrativo: conceito, elementos, atributos, classificação,
o objetivo pretendido. espécies. Perfeição, validade e eficácia do ato administrativo.
Invalidade, nulidade, anulação, cassação, caducidade,
⮲ Proporcionalidade em sentido estrito: convalidação e revogação. Principais espécies. Controle de mérito
e de legalidade dos atos administrativos. Controle sistemático dos
Ponderação entre o ônus imposto pela medida e o atos administrativos.
benefício trazido pelas suas consequências.
🔾 Princípio da continuidade: A atividade #26 – Conceito de ato administrativo
administrativa deve ser prestada de forma ininterrupta, Ato administrativo é a
sem paralisações, especialmente no que concerne ao manifestação ou declaração
serviço público. Está umbilicalmente ligado à unilateral de vontade da
necessidade de prestação de serviços adequados. Há Administração Pública,
que se distinguir ainda necessidade absoluta de agindo nesta qualidade, ou de particulares que
necessidade relativa. No primeiro caso, por se tratar estejam no exercício de prerrogativas públicas, em
de necessidades básicas dos cidadãos, deve ser conformidade com o interesse público, que produzem
prestado sem qualquer interrupção. Já quanto às efeitos jurídicos na esfera administrativa, estando
necessidades relativas, não há necessidade de sujeitos ao regime jurídico de direito público e ao
prestação de serviços em tempo integral, o serviço controle do Poder Judiciário
pode ser prestado em dias e horários determinados
#27 – Silêncio administrativo
🔾 Princípio da autotutela: poder de a Administração
Pública controlar os seus próprios atos, retirando-os Em determinados casos, a manifestação de vontade
ocorre por meio de uma atitude omissiva ou pela
inércia dos responsáveis. Trata-se do denominado

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“silêncio administrativo”, que consiste na conduta #30 – Espécies de ato administrativo
omissiva da Administração que produz efeitos
jurídicos no âmbito do Direito Administrativo. A 🔾 Ato normativo: São atos dotados de generalidade
inércia da Administração apenas implicará em e abstração (normatividade), não possuindo
efeitos jurídicos quando houver expressa previsão destinatários específicos. Não podem, em regra,
inovar no ordenamento jurídico.
legal neste sentido (ex.: art. 26, § 3º, lei 9.478/97).
#28 – Elementos do ato administrativo 🔾 Ato ordinatório: São atos administrativos
internos que possuem a finalidade de organizar a
🔾 Competência: É a atribuição legal conferida ao atividade administrativa nos órgãos e entidades
agente público para o desempenho das funções públicas. Decorrem do poder hierárquico.
específicas relacionados ao seu cargo público. A
competência é definida pela lei ou diretamente pela 🔾 Atos negociais: São atos de consentimento da
própria constituição e não pode ser alterada pela Administração Público ao pedido do administrado
vontade das partes. para exercer uma atividade ou direito de interesse dele
ou a utilização de bem público. Trata-se de ato
⮲Vício de competência (excesso de unilateral da administração. O ato negocial poderá ser
poder): É sanável, desde que não se trate vinculado ou discricionário.
de competência exclusiva ou competência
em relação à matéria, admitindo-se, desta CARACTERÍSTICAS INTERESSE
forma, convalidação do ato. PREPONDERANTE

🔾 Finalidade: A finalidade é o objetivo que se busca Licença Vinculado; Interesse público.

alcançar com a prática do ato administrativo e pode ser Definitivo;
dividida em finalidade geral (interesse público) e
Declaratório
específica (fim pretendido).
🔾 Forma: A forma é o modo de exteriorização do ato Permissão Discricionário; Interesse público
administrativo, determinada pela lei. Precário;

⮲ Vício de forma: O vício no elemento forma do ato Definitivo.

administrativo é sanável e, por este motivo, o ato é
Autorização Discricionário; Interesse privado
passível de convalidação na forma da lei.
Precário;
🔾 Motivo: O motivo é a causa imediata, prevista em
Definitivo.
lei, que ensejou a prática do ato administrativo. É a
situação de fato e de direito que determinou ou
autorizou a prática do ato, ou seja, o pressuposto fático 🔾 Atos enunciativos: Os atos enunciativos podem ser
e jurídico que enseja a prática do ato. definidos em dois sentidos:

🔾 Objeto: O objeto é o efeito jurídico e material ⮲ Sentido estrito: atos que contém um juízo de valor,
imediato produzido pelo ato administrativo. É o uma opinião, uma sugestão ou uma recomendação
próprio conteúdo do ato administrativo. para a atuação administrativa, podendo ser esta
manifestação jurídica, técnica ou política (quanto ao
#29 – Atributos do ato administrativo interesse público). É o caso dos pareceres;
🔾 Presunção de legitimidade e veracidade: Até ⮲ Sentido amplo: além dos casos acima, abrange
prova em contrário, os atos administrativos presumem- também os atos de conteúdo declaratório, sem
se válidos e os fatos nele expostos presumem-se qualquer emissão da opinião da Administração, tais
verdadeiros. como as certidões e atestados.
🔾 Imperatividade: Os atos administrativos podem 🔾 Atos punitivos: São os atos por meio dos quais a
impor obrigações ou restrições aos particulares de Administração Pública impõe punições aos seus
forma unilateral e coercitiva, sem o consentimento de agentes públicos ou aos administrados de maneira
qualquer pessoa. geral quando atuarem em desconformidade com a
🔾 Autoexecutoriedade: Os atos administrativos ordem jurídica.
podem ser executados de forma direta e imediata, 🔾 Atos de controle ou de verificação: Espécie
inclusive com o uso de força pública, sem prévia apontada por Rafael Oliveira, que consiste nos atos
autorização do Poder Judiciário. que controlam a legalidade e o mérito do ato
🔾 Tipicidade: Os atos administrativos devem administrativo já editado.
corresponder a uma figura previamente estabelecida
ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
em lei, sem a possibilidade de se praticar atos
administrativos inominados.

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 Anula um ato inválido Revoga um ato válido
e inerentes à organização política do país, exercendo
função diretiva e manifestando a vontade superior do
Anula atos vinculados ou Revoga apenas atos Estado.
discricionários discricionários
🔾 Servidores Públicos: a expressão “servidor
Em regra, é ato vinculado (será É um ato discricionário em si público” é gênero do qual são espécies: a) servidores
discricionários se houver estatutários; b) servidores trabalhistas (celetistas ou
possibilidade de convalidação) empregados públicos); e c) servidores temporários.

Produz efeitos retroativos (ex Produz efeitos prospectivos (ex 🔾 Particulares em colaboração com o Poder
tunc) nunc) Público: são os agentes públicos que atuam em
situações excepcionais, em nome do Estado, mesmo
Pela Administração Pública, Apenas pela Administração sem perderem a condição de particulares e ainda que
Poder Judiciário e Poder Pública
Legislativo em caráter temporário ou ocasional e sem
remuneração (embora possam ser remunerados). A
Em regra, gera direito a Em regra, não há direito a condição de particular em colaboração independe do
indenização indenização vínculo jurídico estabelecido. Esses particulares
exercem função pública e podem ser divididos em
#31 – Convalidação do ato administrativo quatro espécies: a) designados (ou honoríficos); b)
voluntários; c) delegados; d) credenciados.
É a correção ou regularização de ato que contenha
defeito sanável, desde a sua origem (ex tunc),
EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO
fazendo com que os efeitos já produzidos
permaneçam válidos e que o ato continue no mundo
jurídico de forma válida. Cargo em comissão (art. 37, II);

Servidores temporários (art. 37, IX)

4. Servidores Públicos. Agentes Públicos. Classificação. Normas
relativas à remuneração dos servidores e de agentes públicos.
Regime dos servidores públicos e titulares de cargos públicos na Agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
Constituição Federal e na Constituição do Estado do Espírito Santo. endemias (art. 198, §4º)
Cargo, emprego e função pública. Provimento, vacância, remoção,
redistribuição e substituição. Provimento. Nomeação. Concurso Ministros do STF, STJ, TST, TSE e TSM (arts. 101, parágrafo
Público. Posse e exercício. Estabilidade. Transferência. único; 104, parágrafo único; 111-A; 119, II; e 123 parágrafo
Readaptação. Reversão. Reintegração. Recondução. único);
Disponibilidade. Aproveitamento. Vacância. Remoção.
Redistribuição. Substituição. 5. Direitos e vantagens dos servidores Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas (arts. 73, §§ 1º
públicos. Deveres e responsabilidades dos servidores públicos. Do e 2º; e 75);
regime disciplinar. O funcionário Público Civil. Da Seguridade
social do servidor: aposentadoria e pensões; aposentadoria de
magistrado, membros do Ministério Público e do Tribunal de Magistrados que ingressam nos Tribunais pelo quinto
Contas; aposentadoria voluntária, aposentadoria compulsória. constitucional
Normas relativas à remuneração dos servidores e de agentes
políticos. Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979 (Lei Ex-combatentes que tenham efetivamente participado de
Orgânica da Magistratura Nacional) e alterações. Lei Estadual nº operações bélicas na Segunda Guerra Mundial (art. 53, I, do
20.756/2020 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado de ADCT).
Goiás) e alterações. Lei Complementar Estadual nº 161/2020
(Regime Próprio de Previdência Social do Estado de Goiás) e #34 – Regras referentes ao concurso público
alterações.
🔾 Prazo de validade: a constituição federal define os
#32 – Conceito limites para que seja estabelecido o prazo de validade
no art. 37, III: “o prazo de validade do concurso público
O dispositivo legal que melhor expressa o conceito de
será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
agente público é o art. 2º da lei 8.429/92 (lei de
período;”
improbidade administrativa):
🔾 Cláusula de Barreira: A cláusula de barreira nada
Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
mais é do que a “nota de corte”. O STF considera
o agente político, o servidor público e todo aquele que
constitucional a cláusula de barreira;
exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, 🔾 Classificação por regiões ou por áreas de
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou especialização: a Corte suprema também considera
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas válida a previsão editalícia de classificação dos
entidades referidas no art. 1º desta Lei candidatos por região ou por área de especialização
#33 – Espécies de agentes públicos 🔾 Fase de apresentação de títulos: a exigência de
🔾 Agentes Políticos: são os agentes que exercem títulos somente se justifica quando o cargo ou
função política de Estado. Possuem cargos estruturais emprego público possuir atribuições que dependam

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de especial conhecimento técnico ou científico e deve superior ao número de vagas, de acordo com normas
ter caráter meramente classificatório; preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que
aqueles estejam lotados.
🔾 Curso de formação;
#37 – Indenizações
🔾 Alteração do edital após a sua publicação: o STF
só admite a modificação do edital após a sua As indenizações são as verbas pecuniárias pagas ao
publicação se verificados os seguintes requisitos: a) servidor público com o objetivo de ressarcir as
superveniência de lei; e b) concurso ainda não despesas por ele efetuadas para desempenhar as
concluído e homologado; suas atribuições.

🔾 Direito ao acesso às correções e recursos; 🔾 Ajuda de custo (arts. 53 a 57): destina-se a

compensar as despesas de instalação do servidor que,
🔾 Controle judicial: ao Poder Judiciário cabe no interesse do serviço, passa a ter exercício em nova
somente o controle da legalidade dos atos sede, com mudança de domicílio de forma
administrativos. Assim, é pacífico o entendimento de permanente.
que não cabe ao Judiciário substituir a banca
examinadora para definir critérios de seleção, 🔾 Diárias (art. 58 e 59): pagas ao servidor que se
reavaliando provas e notas atribuídas aos candidatos. afastar a serviço de sua sede em caráter eventual ou
transitório, para outro ponto do território nacional ou
#35 – Disposições aplicáveis ao provimento para o exterior.
originário - Lei 8.112/90
🔾 Indenização de transporte (art. 60): devida ao
🔾 Nomeação: A nomeação é ato administrativo servidor que realizar despesas com a utilização de
unilateral, não gerando obrigação para o nomeado, meio próprio de locomoção para a execução de
mas apenas direito subjetivo para tomar posse. serviços externos, por força das atribuições próprias
🔾 Posse: A posse ocorre com a assinatura do “termo do cargo.
de posse” e, em âmbito federal, deve ocorrer no prazo 🔾 Auxílio-moradia (art. 60-A): ressarcimento das
de 30 (trinta) dias, improrrogáveis, contado da despesas comprovadamente realizadas pelo servidor
publicação da nomeação. No ato da posse, o servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
apresentará declaração de bens e valores que administrado por empresa hoteleira. O pagamento é
constituem seu patrimônio e declaração quanto ao devido no prazo de um mês após a comprovação da
exercício ou não de outro cargo, emprego ou função despesa.
pública (art. 13, §5º).
#38 – Prescrição das penalidades
🔾 Exercício: O exercício é o efetivo desempenho das
atribuições do cargo ou função pública. O prazo para 5 ANOS Quanto às infrações puníveis com
o empossado entrar em exercício é de 15 (quinze) demissão, cassação de aposentadoria ou
dias, improrrogáveis contados da data da posse. disponibilidade e destituição de cargo em
comissão
#36 – Formas de remoção - Art. 36, parágrafo único,
da Lei 8.112/90 2 ANOS Quanto à suspensão

🔾 De ofício, no interesse da Administração. 180 DIAS Quanto à advertência

🔾 A pedido, a critério da Administração. PRESCRIÇÃO DA Quando as infrações disciplinares forem

LEI PENAL capituladas também como crime
🔾 A pedido, para outra localidade,
independentemente do interesse da administração,
nas seguintes hipóteses: 6. Improbidade administrativa: Lei Federal nº 8.429/1992. Agentes
do polo ativo e passivo. Atos de improbidade. Da ação de
⮲ Para acompanhar cônjuge ou companheiro, improbidade administrativa. Das penas. Enriquecimento ilícito.
também servidor público civil ou militar, de qualquer Prejuízo ao erário. Princípios. Penas. Procedimento e prescrição. Lei
de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar nº 101/2000. Lei de
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
Acesso à Informação – Lei Federal nº 12.527/2011. Lei
e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Anticorrupção – Lei Federal nº 12.846/2013.
Administração;
⮲ Por motivo de saúde do servidor, cônjuge, #39 – Retroatividade da Lei 14.230/2021
companheiro ou dependente que viva às suas Jurisprudêcia importante!
expensas e conste do seu assentamento funcional,
condicionada à comprovação por junta médica oficial;
⮲ Em virtude de processo seletivo promovido, na
hipótese em que o número de interessados for

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O STF definiu tese de repercussão geral sobre o tema, vistas a ocultar irregularidades;
estabelecendo o seguinte:
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento
1. É necessária a comprovação de de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor
responsabilidade subjetiva para a de medida política ou econômica capaz de afetar o
tipificação dos atos de improbidade preço de mercadoria, bem ou serviço;
administrativa, exigindo-se — nos artigos 9º,
VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
10 e 11 da LIA — a presença do elemento
fiscalização e aprovação de contas de parcerias
subjetivo — DOLO;
firmadas pela administração pública com entidades
2. A norma benéfica da Lei 14.230/2021 — revogação privadas;
da modalidade culposa do ato de improbidade
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em
administrativa —, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal, não tendo
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
incidência em relação à eficácia da coisa julgada; nem
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
tampouco durante o processo de execução das penas
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício
e seus incidentes;
de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
3. A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de função gratificada na administração pública direta e
improbidade administrativa culposos praticados na indireta em qualquer dos Poderes da União, dos
vigência do texto anterior da lei, porém sem Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
condenação transitada em julgado, em virtude de sua compreendido o ajuste mediante designações
revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo recíprocas;
competente analisar eventual dolo por parte do
XII - praticar, no âmbito da administração pública e
agente;
com recursos do erário, ato de publicidade que
4. O novo regime prescricional previsto na Lei contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição
14.230/2021 é IRRETROATIVO aplicando-se os novos Federal, de forma a promover inequívoco
marcos temporais a partir da publicação da lei. enaltecimento do agente público e personalização de
atos, de programas, de obras, de serviços ou de
#40 – Dos atos de improbidade
campanhas dos órgãos públicos.
administrativa que atentam contra os
princípios da administração pública § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas
contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº
Art. 11. Constitui ato de improbidade
5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente haverá
administrativa que atenta contra os
improbidade administrativa, na aplicação deste
princípios da administração pública a ação ou
artigo, quando for comprovado na conduta
omissão dolosa que viole os deveres de honestidade,
funcional do agente público o fim de obter proveito
de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por
ou benefício indevido para si ou para outra pessoa
uma das seguintes condutas [rol taxativo]:
ou entidade.
I e II - revogados
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em quaisquer atos de improbidade administrativa
razão das atribuições e que deva permanecer em tipificados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer
segredo, propiciando beneficiamento por informação outros tipos especiais de improbidade administrativa
privilegiada ou colocando em risco a segurança da instituídos por lei.
sociedade e do Estado;
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em categoria de que trata este artigo pressupõe a
razão de sua imprescindibilidade para a segurança da demonstração objetiva da prática de ilegalidade no
sociedade e do Estado ou de outras hipóteses exercício da função pública, com a indicação das
instituídas em lei; normas constitucionais, legais ou infralegais violadas.
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter § 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo
concorrencial de concurso público, de chamamento exigem lesividade relevante ao bem jurídico
ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção tutelado para serem passíveis de sancionamento e
de benefício próprio, direto ou indireto, ou de independem do reconhecimento da produção de
terceiros; danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos
agentes públicos.
VI - deixar de prestar contas
quando esteja obrigado a § 5º Não se configurará improbidade a mera
fazê-lo, desde que disponha nomeação ou indicação política por parte dos
das condições para isso, com detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a

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aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, a fim
agente. de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
#41 – Penalidades § 2º A declaração de bens a que se refere o caput
deste artigo será atualizada anualmente e na data em
que o agente público deixar o exercício do mandato,
do cargo, do emprego ou da função.
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem
prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público
que se recusar a prestar a declaração dos bens a que
se refere o caput deste artigo dentro do prazo
determinado ou que prestar declaração falsa.
ENRIQUECIMENT DANO AO CONTRA OS
O ILÍCITO ERÁRIO PRINCÍPIOS #44 – Acordo de leniência
Admite-se a celebração de acordo de leniência por
Perda de Sim Sim Não
bens ou meio da autoridade máxima de cada órgão ou
valores entidade pública e as pessoas jurídicas responsáveis
acrescidos pela prática dos atos previstos na lei anticorrupção,
desde que estes colaborem efetivamente com as
Perda da Sim Sim Não investigações e da colaboração resulte,
função
pública cumulativamente:
I. A identificação dos demais envolvidos na
Suspensão Até 14 anos Até 12 anos Não aplica
infração, quando couber; e
dos
direitos II. A obtenção célere de informações e
políticos documentos que comprovem o ilícito sob
apuração.
Multa civil Valor do Valor do Até 24 vezes o
acréscimo dano valor da O objetivo do acordo de leniência é a isenção da
remuneração pena de publicação extraordinária da decisão
condenatória (art. 6º, II), isenção da pena da proibição
Proibição Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos de receber incentivos, subsídios, subvenções,
de
contratar
doações ou empréstimos do Poder Público (art. 19, IV)
ou receber e a redução da multa em até 2/3. No entanto, subsiste
benefícios o dever de reparar integralmente o dano.
Para que seja possível a celebração do acordo de
#42 – Não se aplicam na ação de improbidade
leniência, devem estar presentes ainda os seguintes
administrativa
requisitos de forma cumulativa:
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo
a) A pessoa jurídica seja a primeira a se
autor em caso de revelia;
manifestar sobre seu interesse em cooperar
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos para a apuração do ato ilícito;
§§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março b) A pessoa jurídica cesse completamente seu
de 2015 (Código de Processo Civil); envolvimento na infração investigada a partir
da data de propositura do acordo;
III - o ajuizamento de mais de uma ação de
c) A pessoa jurídica admita sua participação no
improbidade administrativa pelo mesmo fato,
ilícito e coopere plena e permanentemente
competindo ao Conselho Nacional do Ministério
com as investigações e o processo
Público dirimir conflitos de atribuições entre
administrativo, comparecendo, sob suas
membros de Ministérios Públicos distintos;
expensas, sempre que solicitada, a todos os
IV - o reexame obrigatório da sentença de atos processuais, até seu encerramento.
improcedência ou de extinção sem resolução de
#45 – Lei de acesso à informação (Lei 12.527/2011)
mérito
Estabelece o dever de transparência ativa,
#43 – Declaração de bens
determinando a divulgação de informações de
Lei 8.429/92, Art. 13. A posse e o exercício de agente interesse público independentemente de qualquer
público ficam condicionados à apresentação de solicitação.
declaração de imposto de renda e proventos de
Garante a qualquer interessado direito de requerer
qualquer natureza, que tenha sido apresentada à
informações por qualquer meio idôneo, vedada
qualquer exigência relativa ao motivo da solicitação.

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➢ Qualquer interessado pode requerer informações ⮲ O controle administrativo, desta forma, é o
por qualquer meio idôneo, devendo o pedido conter conjunto de instrumentos estabelecidos pela ordem
apenas a identificação do requerente e especificação jurídica para que a própria Administração Pública, os
da informação, vedada qualquer exigência relativa ao Poderes Legislativo e Judiciário, bem como o povo
motivo da solicitação (art. 10); possam controlar os órgãos, entidades e agentes
públicos, por meio da fiscalização, orientação e
➢ O acesso à informação deve se dar de forma revisão da atuação administrativa.
imediata. Caso não seja possível, deve-se comunicar,
em prazo não superior a 20 dias: 🔾 Classificação quanto origem
a) O local, modo e data para acesso à ⮲ Controle interno ou autocontrole: prevalece o
informação; entendimento de que o controle interno ou
b) O motivo da recusa; ou autocontrole é aquele exercido dentro de um mesmo
c) Comunicar que não possui a informação, Poder Estrutural.
indicando o local em que se encontra e, se for
o caso, remeter o requerimento ao local. ⮲ Controle externo: é exercido por um Poder sobre
a atuação de outro Poder Estrutural.
O prazo pode ser prorrogado por mais 10 dias de
forma justificada (art. 11); ⮲ Controle social ou popular: é exercido pela
população em geral, que o exerce por meio da
➢ Em caso de recusa, deve ser informado ao participação nos processos de planejamento,
requerente os motivos com cópia de inteiro teor da acompanhamento, monitoramento e avaliação da
decisão (art. 14), além da possibilidade, meios, prazos gestão pública
e a autoridade competente para julgamento (art. 11,
§4º); 🔾 Classificação quanto ao momento

➢ O serviço de informações deve ser gratuito. ⮲ Controle preventivo ou prévio: é exercido antes
Somente serão cobrados exclusivamente os custos do início da prática do ato administrativo, antes da sua
para a prestação da informação e os materiais conclusão ou da sua publicação. Pode constituir uma
utilizados. Na hipótese de pessoa em situação condição de validade ou de eficácia do ato
econômica em que não possa arcar com os valores controlado.
sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, ⮲ Controle concomitante: exercido durante a prática
declarada na forma da lei, estará isenta do de um ato ou durante um processo administrativo,
ressarcimento mencionado (art. 12); verificando-se a regularidade de sua formação
➢ No caso de indeferimento de acesso à informação, ⮲ Controle repressivo, corretivo, posterior ou
é garantido o recurso à autoridade hierarquicamente subsequente: é exercido após a formação do ato,
superior no prazo de 10 dias (art. 15); no Poder sendo possível a sua correção, anulação, revogação,
Executivo Federal, há possibilidade de revisão das cassação ou confirmação
decisões pela Controladoria-Geral da União, desde
que apreciado recurso por, ao menos, uma 🔾 Classificação quanto ao aspecto controlado
autoridade hierarquicamente superior (art. 16);
⮲ Controle de legalidade ou
➢ O capítulo IV trata das hipóteses de informação legitimidade (ou ainda de
sigilosa e o procedimento para sua classificação. A juridicidade): verifica-se se o ato
informação pode ser classificada em três níveis, cujos está em conformidade com o
prazos de sigilo são os seguintes: ordenamento jurídico como um
todo, ou seja, se atende à legislação e aos princípios
administrativos. Poderá ter como resultado a
confirmação da validade, a anulação ou convalidação
do ato. Não se revogam atos inválidos.
⮲ Juridicidade: o princípio da legalidade foi
7. Controles da Administração Pública: Controle administrativo; ampliado para que a Administração Pública observe
Controle legislativo ou político; Controle judicial. todo o ordenamento jurídico e não apenas a lei
Discricionariedade administrativa e controle judicial. Controle formal. Assim, sua atuação é vinculada, pela lei, pelos
interno e controle externo. Controle pelo Tribunal de Contas. princípios, pelas súmulas vinculantes, decisões
Domínio público. Controle sistemático das delegações de serviços
públicos. vinculantes, dentre outros. Por este motivo, tem-se
que a atuação administrativa deve observar a lei e o
Direito, podendo-se falar também em controle da
#46 – Controle
“juridicidade” dos atos administrativos.
🔾 Conceito

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⮲ Controle de mérito: verifica-se a conveniência e a ou oportunidade, respeitados os direitos
oportunidade quanto ao motivo e ao objeto do ato adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
controlado. O controle de mérito é discricionário e apreciação judicial.
exercido sobre atos igualmente discricionários. Como
⮲ As formas de participação da população nesta
resultado deste controle, poderá ocorrer a revogação
espécie de controle são as seguintes:
do ato administrativo válido
🔾 Controle Legislativo
⮲ Importante destacar que, em regra, apenas o
próprio Poder pode controlar o mérito dos seus ⮲ O controle legislativo é
próprios atos administrativos. Por este motivo, o realizado pelo Poder
Poder Judiciário não pode controlar o mérito dos atos Legislativo auxiliado pelos
de outros Poderes, mas apenas a sua legitimidade (ou Tribunais de Contas e é
juridicidade). No entanto, excepcionalmente, é exercido sobre o Poder Executivo e sobre os atos
possível que o Poder Legislativo realize um administrativos do Poder Judiciário.
“controle político” dos atos praticados pelo Poder
Executivo ou do Judiciário no exercício de sua ⮲ O controle legislativo possui um caráter político,
função administrativa. Esse controle costuma ser não se limitando ao controle da legalidade,
enquadrado por alguns autores como controle de abrangendo ainda aspectos como a legitimidade,
mérito. Todavia, este “controle político” não economicidade, aplicação das subvenções e renúncia
autoriza a revogação dos atos pelo Legislativo e de receitas. Esse caráter político é denominado por
esta forma de controle somente pode ocorrer nos alguns autores como controle de mérito. Entretanto,
casos expressamente previstos na Constituição ainda que se use essa expressão, o controle de
Federal. “mérito” não pode ensejar a revogação de atos do
Executivo pelo Poder Legislativo. É preferível a
🔾 Classificação quanto a amplitude utilização da expressão “controle político”.
⮲ Controle hierárquico: é a ⮲ O Congresso Nacional quem julga as contas do
espécie mais ampla de controle, Presidente (art. 49, IX, CF). O TCU julga as contas de
permitindo a verificação de todos os administradores públicos, exceto do
todos os aspectos do ato Presidente. Essa sistemática se aplica também aos
administrativo: a sua legitimidade e o seu mérito. demais entes federados.
Decorre do próprio escalonamento vertical da
estrutura da Administração e, por isso, é automático 🔾 Controle Judicial
(não depende de lei para existir). Além disso, é pleno ⮲ O Brasil adotou o sistema de jurisdição una
(irrestrito) e permanente. O controle hierárquico será (unicidade de jurisdição – sistema inglês), em que
sempre um controle interno apenas o Poder Judiciário possui a atribuição de
⮲ Controle finalístico: é o controle exercido pela decidir de maneira definitiva sobre a regularidade
Administração direta sobre as entidades da da atuação dos particulares e da Administração
administração indireta. Depende de norma Pública
autorizando e estabelecendo os limites, os meios e os ⮲ No controle judicial, verifica-se a legalidade ou
aspectos que serão controlados. É também legitimidade dos atos administrativos, nunca o
denominado de tutela administrativa e supervisão mérito administrativo. A doutrina moderna
ministerial. substituiu o termo “controle de legalidade” por
🔾 Controle Administrativo (Autocontrole) “controle de juridicidade”.

⮲ A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 ⮲ O Judiciário somente poderá anular o ato
e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº administrativo irregular, nunca poderá revogá-lo,
473, e consiste no controle realizado pelo Poder tendo em vista que a revogação decorre de controle
Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da de mérito (conveniência e oportunidade). Por outro
função administrativa) sobre os atos praticados pelos lado, é importante ressaltar que o Judiciário não está
seus próprios órgãos, sempre fundado na proibido de realizar o controle de atos
hierarquia, podendo verificar aspectos de discricionários
legitimidade e de mérito. Repare que a autotutela ⮲ Além da legitimidade, o Poder Judiciário
sempre ocorre dentro de uma mesma pessoa também realiza o controle administrativo
jurídica relativamente ao abuso de poder (desvio de poder
⮲ Súmula 473-STF: A administração pode anular e excesso de poder) e à teoria dos motivos
seus próprios atos, quando eivados de vícios que os determinantes, podendo anular ato administrativo
tornam ilegais, porque deles não se originam se verificada a inexistência ou falsidade dos motivos
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência declarados que ensejaram a prática do ato.

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 credores da Fazenda Pública, razão pela qual são
8. Domínio Público. Bens públicos. Regime jurídico. Classificação,
Administração e Utilização. Alienação. Tratamento do tema no considerados impenhoráveis. Os pagamentos devidos
Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/2001). pela Fazenda Pública, em virtude de sentença judicial,
devem ocorrer mediante o sistema de precatórios ou
#47 – Conceito de bem público por meio da requisição de pequeno valor (RPV),
conforme o caso.
O conceito legal se encontra no art. 98 do Código Civil,
que considera públicos os bens que, de qualquer 🔾 Imprescritibilidade: A imprescritibilidade dos bens
natureza ou a qualquer título, pertençam às pessoas públicos estabelece que tais bens não podem ser
jurídicas de direito público interno. Todos os demais adquiridos por usucapião, independentemente da
bens são particulares. categoria a que esses bens pertencem. A
imprescritibilidade dos bens públicos é estabelecida
#48 – Domínio público X Domínio eminente pela própria Constituição Federal, além de ter sido
O domínio público diz respeito aos confirmada no Código Civil de 2002
bens móveis e imóveis destinados ao
🔾 Não onerabilidade: A Administração Pública não
uso direto do Poder Público ou à sua
pode conceder um bem público como garantia de
utilização direta ou indireta pela
direito real de uma dívida, tendo em vista que, caso
coletividade, estando sujeitos à
não adimplida, seria o caso de execução direta, com a
regulamentação pela Administração e submetidos ao
penhora do bem, para pagamento da dívida, o que
regime jurídico de Direito Público.
viola a característica da impenhorabilidade dos bens
Já a expressão “domínio eminente” do Estado diz públicos.
respeito ao poder geral do Estado sobre todos os bens
#50 – Autorização de uso
que estejam no âmbito do seu território, ou seja, trata-
se do poder decorrente de sua soberania que lhe As características da autorização de uso, podem ser
garante a possibilidade de estabelecer ordens gerais assim resumidas:
ou individuais quanto aos bens situados em seu
🔾 Ato unilateral: depende apenas da manifestação
território, seja para intervir de forma branda.
de vontade da Administração Pública;
#49 – Classificação quanto à destinação
🔾 Ato discricionário: o interessado não possui direito
🔾 Bens de uso comum do povo: bens que se adquirido à utilização. A autorização depende do juízo
destinam à utilização geral da coletividade, tais como de conveniência e oportunidade da autoridade
os rios, mares, estradas, ruas, praças, parques, praias, administrativa;
dentre outros.
🔾 Precário: pode ser revogado a qualquer momento
🔾 Bens de uso especial: se destinam a uma atividade de forma discricionária;
específica da Administração Pública, ou seja, são
utilizados na execução de um serviço administrativo ou 🔾 Em regra, sem prazo determinado;
um serviço público. São os bens que constituem os 🔾 Atende, primordialmente, ao interesse particular;
equipamentos materiais da Administração na busca do
atingimento das suas finalidades. 🔾 Não depende de lei nem de licitação.

🔾 Bens dominicais: a noção de bens dominicais é #51 – Permissão de uso

residual, ou seja, todos aqueles bens que não são de As características da permissão de uso podem ser
uso comum do povo ou de uso especial da assim resumidas:
Administração devem ser considerados dominicais.
🔾 Ato unilateral: depende apenas da manifestação
#58 – Regime jurídico de vontade da Administração Pública;
🔾 Alienabilidade 🔾 Ato discricionário: o interessado não possui direito
condicionada: os bens de uso adquirido à utilização. A permissão depende do juízo
comum do povo e os de uso de conveniência e oportunidade da autoridade
especial são absolutamente administrativa;
inalienáveis enquanto perdurar
a condição de afetação. Por outro lado, os bens 🔾 Precário: pode ser revogado a qualquer momento
dominicais podem ser alienados, desde que de forma discricionária;
observadas as exigências legais. Essas exigências
🔾 Em regra, sem prazo determinado;
legais, em regra, se encontram na lei 14.133/2021,
especialmente em seus arts. 76. 🔾 Atende ao interesse público e ao interesse
particular de igual forma;
🔾 Impenhorabilidade: Os bens públicos não se
sujeitam à penhora para satisfação dos créditos de

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🔾 Não depende de lei; pode depender de licitação se e) Entidades controladas direta ou indiretamente pela
for possível e houver mais de um interessado. Administração Pública.
#52 - Concessão de uso #55 – Objetivos da Licitação – Art. 11
As características podem ser assim resumidas: I – assegurar a seleção da proposta apta a gerar o
resultado de contratação mais vantajoso para a
🔾 Contrato administrativo (bilateralidade); Administração Pública, inclusive no que se refere ao
🔾 Discricionário: o interessado não possui direito ciclo de vida do objeto;
adquirido à utilização. A concessão depende do juízo II – assegurar tratamento isonômico entre os licitantes,
de conveniência e oportunidade da autoridade bem como a justa competição;
administrativa;
III – evitar contratações com sobrepreço ou com preços
🔾 Definitivo: não pode ser revogado a qualquer manifestamente inexequíveis e superfaturamento na
momento de forma discricionária; execução dos contratos;
🔾 Em regra, por prazo determinado; IV – incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional
sustentável.
🔾 Não depende de lei; pode depender de licitação se
for possível e houver mais de um interessado
#53 – Alienação de bens
As regras para alienação os bens da Administração
Pública se encontram no art. 76 da Lei 14.133/2021 e
são resumidas da seguinte forma:
🔾 Desafetação: o bem público não pode estar
“afetado” a uma finalidade pública, ou seja, deve ter #56 – Critérios de desempate
caráter de bem dominical;
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais
🔾 Interesse público devidamente justificado; propostas, serão utilizados os seguintes critérios de
desempate, nesta ordem:
🔾 Avaliação prévia;
I – disputa final, hipótese em que os licitantes
🔾 Licitação (modalidade leilão, segundo a lei empatados poderão apresentar nova proposta em ato
14.133/2021); contínuo à classificação;
🔾 Autorização legislativa para os bens imóveis das II – avaliação do desempenho contratual prévio dos
pessoas de direito público. licitantes, para a qual deverão preferencialmente ser
utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de
9. Licitação: Princípios, Obrigatoriedade, Dispensa e Exigibilidade, cumprimento de obrigações previstos nesta Lei;
Procedimentos e Modalidades. Pregão presencial e eletrônico.
Fases da licitação. Habilitação. Julgamento. Homologação e III – desenvolvimento pelo licitante de ações de
adjudicação. Recursos administrativos. Crimes. Licitação e equidade entre homens e mulheres no ambiente de
mandado de segurança. Regime Diferenciado de Contratações
Públicas. Registro de preços.
trabalho, conforme regulamento;
10. Contrato administrativo. Espécies. Conceito. Características. IV – desenvolvimento pelo licitante de programa de
Prerrogativas da Administração. Formalização. Execução e
inexecução. A cláusula rebus sic stantibus. A Teoria da Imprevisão. integridade, conforme orientações dos órgãos de
As cláusulas de reajuste de preços. Obrigações do Estado controle.
derivadas de contratos inválidos ou inexistentes. Rescisão e
anulação. #57 – Regimes de contratação
🔾 Contratação integrada: compreende a elaboração
#54 – Âmbito de aplicação da Lei 14.133/2021 e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo.
Ela se aplica aos seguintes órgãos e Além disso, compreende a execução de obras e
entidades da União, dos Estados, do serviços de engenharia, a montagem, a realização de
Distrito Federal e dos Municípios: testes, a pré-operação e todas as demais operações
necessárias e suficientes para a entrega final do objeto
a) Administração Pública direta; (art. 6º, §XXXII).
b) Autarquias; 🔾 Contratação semi-integrada: não envolve a
c) Fundações; elaboração do projeto básico pelo contratado, apenas
do projeto executivo. Para realização da contratação
d) Fundos especiais; semi-integrada, é obrigatória a existência de prévio
projeto básico. Entretanto, na contratação semi-

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integrada, o projeto básico poderá ser alterado, desde
que demonstrada a superioridade das inovações
propostas pelo contratado em termos de redução de
custos, de aumento da qualidade, de redução do
prazo de execução ou de facilidade de manutenção ou
operação (art. 46, §5º).
#58 – Modalidades de Licitação
🔾 Pregão: passa a ser obrigatório para a contratação
de bens e serviços comuns.
🔾 Concorrência: obrigatoriamente utilizada nas
contratações de bens e serviços especiais e obras e
serviços comuns e especiais de engenharia.
🔾 Concurso: será utilizado quando o objeto da
contratação for trabalho técnico, científico ou artístico.
O critério de julgamento será sempre o de melhor #60 – Sistema de Registros de Preços
técnica ou conteúdo artístico. Sistema de registro de preços é o “conjunto
de procedimentos para realização,
🔾 Leilão: qualquer hipótese de alienação de bens será
mediante contratação direta ou licitação nas
realizada por leilão, não importando a origem ou o
modalidades pregão ou concorrência, de
preço do bem. O critério de julgamento será sempre o
registro formal de preços relativos a
de maior lance.
prestação de serviços, a obras e a aquisição
🔾 Diálogo competitivo: modalidade de licitação para e locação de bens para contratações futuras” (art. 6º,
contratação de obras, serviços e compras em que a XLV).
Administração Pública realiza diálogos com licitantes
O art. 41, II, da lei 14.133/2021 estabelece que o
previamente selecionados mediante critérios
sistema de registro de preços deve ser utilizado como
objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais
a regra geral nas aquisições, sempre que pertinente.
alternativas capazes de atender às suas necessidades,
No entanto, o sistema não é utilizado apenas nas
devendo os licitantes apresentar proposta final após o
aquisições, poderá ser utilizado também para registro
encerramento dos diálogos.
de preços relativos à prestação de serviços (inclusive
de engenharia), a obras e à locação de bens (art. 82,
§5º).
#61 – Licitação dispensada (Art. 76, I e II)
Aplicável nas alienações de bens da Administração
Pública, quando se dispensará a licitação.
#62 – Licitação inexigível - Art. 74
A licitação é juridicamente impossível por
impossibilidade de competição em razão da
inexistência de pluralidade de potenciais interessados.
Casos de inexibiligade:
🔾 Fornecedor exclusivo;
🔾 Profissional do setor artístico
#59 – Critérios de Julgamento
🔾 Serviços técnicos especializados,
predominantemente intelecutal;
🔾 Credenciamento;
🔾 Aquisição ou locação de imóveis com instalações
ou localização necessárias.
#63 – Licitação dispensável - Art. 75
A lei possibilita ao administrador dispensar a licitação,
cabendo a este a decisão discricionária entre a sua
realização ou não.

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#64 – Procedimentos auxiliares da Licitação Para a alocação, deve ser considerado:
I – credenciamento; 🔾 Natureza do risco;
II – pré-qualificação; 🔾 Beneficiário das prestações a que ele se vincula;
III – procedimento de manifestação de interesse; 🔾 Capacidade de cada setor para melhor gerenciá-lo.
IV – sistema de registro de preços; #67 – Prazo de duração dos contratos
V – registro cadastral
ESPÉCIE CONTRATO DURAÇÃO MÁXIMA
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Serviços e fornecimentos 5 anos, prorrogável
contínuos sucessivamente até 10
Formalismo moderado
anos

Bilateralidade e consensualidade
Aluguel de equipamentos e 5 anos
utilização de programas de
Comutatividade e onerosidade informática

Pessoalidade (intuito personae) Contratação que gere receita ou 10 anos

contrato de eficiência que gere
Desequilíbrio economia - sem investimentos

Instabilidade Contratação que gere receita ou 35 anos

contrato de eficiência que gere
Mutabilidade economia - com investimentos

Fornecimento e prestação de Prazo do fornecimento +

#65 – Formalização dos contratos serviço associado 5 anos de serviço
associado
🔾 Necessidade de prévia licitação, salvo as hipóteses
de dispensa e inexigibilidade previstas em lei (art. 37, Operação continuada de sistemas 15 anos
XXI, CF); estruturantes de tecnologia da
informação
🔾 A minuta do contrato deve ser acostada ao
instrumento convocatório da licitação (art. 18, VI); Administração Pública como Prazo indeterminado
usuária de serviço público
🔾 Forma escrita, salvo a possibilidade de contrato oferecido em regime de
verbal para pequenas compras ou serviços de pronto monopólio
pagamento (arts. 91, caput, e 94, §2º), juntando-se o
contrato ao processo de licitação;
🔾 Mencionar os nomes das partes e os de seus #68 – Prerrogativas da Administração
representantes, a finalidade, o ato que autorizou sua
As cláusulas exorbitantes nos
lavratura, o número do processo da licitação ou da
contratos administrativos
contratação direta e a sujeição dos contratantes às
decorrem diretamente da lei
normas desta Lei e às cláusulas contratuais (art. 89,
(ex lege), sendo desnecessária a
§1º);
sua previsão no edital de licitação
🔾 Cláusulas obrigatórias (art. 92); e no contrato para que possam ser utilizadas pela
Administração Pública.
🔾 Obrigatoriedade, em regra, do instrumento do
contrato (art. 95); 🔾 Alteração unilateral do contrato: do projeto ou
especificações para melhor adequação técnica
🔾 Publicação no Portal Nacional de Contratações (qualitativa), ou do valor contratual por acréscimo ou
Públicas (PNCP). diminuição do objeto (quantitativa).
#66 – Alocação de riscos (Matriz de riscos)
⮲ Regra geral: 25% do valor inicial atualizado;
A matriz de risco é uma ferramenta de gerenciamento
⮲ Exceção: 50% no caso particular de reforma de
que permite prever possíveis riscos do contrato,
edifício ou de equipamento, apenas quanto aos
determinando quem deve suportar determinado
acréscimos (no caso de supressão permanece o limite
prejuízo caso o evento prejudicial ocorra. A lei
de 25%).
8.666/93 não trazia essa disposição. No entanto,
alguns doutrinadores já defendiam a necessidade de 🔾 Extinção unilateral do contrato - artigo 137
sua previsão e alocação.

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Art. 137. Constituirão motivos para extinção do (IPCA-E, IGPM etc.) deve ser previamente definidono
contrato, a qual deverá ser formalmente motivada nos contrato, conforme se extrai do conceito legal.
autos do processo, assegurados o contraditório e a
ampla defesa, as seguintes situações: 🔾 Revisão: A revisão é a modificação das cláusulas
econômico-financeiras do contrato em decorrência de
I - não cumprimento ou cumprimento irregular de fatos supervenientes e imprevisíveis ou previsíveis de
normas editalícias ou de cláusulas contratuais, de consequências incalculáveis que modifiquem
especificações, de projetos ou de prazos; extraordinariamente os custos do contrato, devendo-
II - desatendimento das determinações regulares se adequar as referidas cláusulas à nova realidade.
emitidas pela autoridade designada para acompanhar 🔾 Atualização financeira: Assim como o reajuste, a
e fiscalizar sua execução ou por autoridade superior; atualização financeira possui o objetivo de recompor a
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da perda do poder aquisitivo da moeda decorrente da
estrutura da empresa que restrinja sua capacidade de inflação. De acordo com o art. 92, V, o contrato deve
concluir o contrato; prever a atualização monetária dos valores contratados
desde a data final do período previsto para o
IV - decretação de falência ou de insolvência civil, adimplemento de cada parcela até o efetivo
dissolução da sociedade ou falecimento do pagamento.
contratado;
🔾 Repactuação: é um instrumento disponível para as
V - caso fortuito ou força maior, regularmente contratações de serviços contínuos com regime de
comprovados, impeditivos da execução do contrato; dedicação exclusiva de mão de obra, tais como os
VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou serviços de limpeza e vigilância. Consiste na alteração
impossibilidade de obtê-la, ou alteração substancial das cláusulas econômicas e de preço para refletir a
do anteprojeto que dela resultar, ainda que obtida no variação dos componentes dos custos do contrato.
prazo previsto; Trata-se de cláusula que deve ser ajustada no contrato
administrativo, bem como somente poderá ser
VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a admitida a sua aplicação após 01 (um) ano contado da
desapropriação, a desocupação ou a servidão data da apresentação da proposta ou da última
administrativa, ou impossibilidade de liberação dessas repactuação (art. 135, §3º).
áreas;
VIII - razões de interesse público, justificadas pela 13. Infrações e Sanções Administrativas. Conceito. Sujeito infrator.
Excludentes da Infração. Princípios. Dever de sancionar. Processo
autoridade máxima do órgão ou da entidade
administrativo. Conceito. Processo ou procedimento
contratante; administrativo. Princípios do processo administrativo. Instauração
do processo administrativo e fases do processo. A sindicância. Os
IX - não cumprimento das obrigações relativas à sujeitos da relação processual administrativa. Direitos e deveres das
reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras partes. Competência. Instrução do processo administrativo.
normas específicas, para pessoa com deficiência, para Decisão do Processo Administrativo: estrutura, tipologia. Recurso
reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz. Administrativo e seus efeitos. Coisa julgada administrativa. Da
revisão administrativa. Da prescrição e da decadência.
🔾 Fiscalização da execução do contrato: é um
poder-deverda Administração Pública, que deverá #70 – Fases do Processo Administrativo Disciplinar
designar 1 ou mais fiscais do contrato,
preferencialmente dentre os servidores efetivos ou 🔾 Instauração: se dá com a publicação do ato de
empregados públicos dos seus quadros permanentes constituição da comissão processante, composta,
(art. 117 e 7º), sendo permitida a contratação de obrigatoriamente, por 3 (três) servidores estáveis.
terceiros para assisti-los e subsidiá-los com Jurisprudêcia importante!
informações, o que não exime o fiscal de sua
responsabilidade. Além disso, o fiscal deve ser Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do
auxiliado pelo órgão de assessoramento jurídico e de processo administrativo disciplinar prescinde da
controle interno (§3º). Trata-se de novidade inserida na exposição detalhada dos fatos a serem apurados.
nova lei 🔾 Inquérito Administrativo: é a fase instrutória do
#69 – Equilíbrio econômico-financeiro do contrato procedimento, momento no qual ocorrerá a produção
de provas (instrução), apresentação de defesa e
🔾 Reajuste: é a cláusula prevista nos contratos elaboração do relatório pela comissão, sempre que
administrativos que objetiva preservar o valor do obedecidos os princípios do contraditório e da ampla
contrato frente à inflação (arts. 6, LVIII). Trata-se de defesa. O inquérito é subdividido em instrução, defesa
modificação no valor do contrato que ocorre e relatório:
periodicamente e se relaciona à perda do poder
aquisitivo da moeda (inflação). O índice de reajuste ⮲ Instrução: as provas serão produzidas por iniciativa
da comissão ou a pedido do investigado. No entanto,

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o presidente da comissão poderá denegar pedidos administrativa. Direito de construir e seu exercício. Loteamento e
zoneamento.
considerados impertinentes, meramente protelatórios
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos
fatos. #73 - Poder de polícia

⮲ Defesa:se o acusado for indiciado, será realizada a É a prerrogativa que a Administração Pública possui
sua citação por meio de mandado expedido pelo para, na forma da lei, restringir, condicionar ou
presidente da comissão, abrindo prazo para defesa. regulamentar o exercício de direitos, o uso de bens e
a prática de atividades privadas, sempre objetivando
⮲ Relatório: deverá ser conclusivo pela inocência ou atingir o interesse público.
responsabilidade do servidor. Neste último caso, serão
O conceito de poder de polícia também é extraído do
indicados o dispositivo legal transgredido e as
art. 78 do Código Tributário Nacional:
circunstâncias agravantes e atenuantes.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
🔾 Fase decisória: a decisão será proferida no prazo de
administração pública que, limitando ou disciplinando
20 dias do recebimento dos autos (art. 167) pela
direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato
autoridade instauradora. A alteração da capitulação
ou abstenção de fato, em razão de intêresse público
legal imputada ao acusado não enseja nulidade, uma
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
vez que o indiciado se defende dos fatos nele descritos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
e não dos enquadramentos legais (MS 015905/DF).
exercício de atividades econômicas dependentes de
#71 – Sindicância administrativa concessão ou autorização do Poder Público, à
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e
A lei 8.112/90 estabelece a sindicância administrativa
aos direitos individuais ou coletivos.
como um processo administrativo simplificado,
utilizado para a aplicação das sanções de advertência #74 - Fundamentos para a intervenção do Estado na
e suspensão de até 30 dias. Prazo: 30 (trinta) dias, propriedade
prorrogáveis por igual período, e dela poderá resultar
São dois fundamentos que justificam a intervenção do
uma das seguintes conclusões: a) arquivamento do
Estado na propriedade:
processo; b) aplicação de penalidade de advertência
ou suspensão de até 30 (trinta) dias; c) instauração de a) Cumprimento da função social da propriedade;
processo disciplinar.
b) Supremacia do interesse público.
#72– Revisão
Esses meios podem ser divididos em duas
A revisão do processo disciplinar somente poderá ser modalidades:
proposta quando se aduzirem fatos novos ou
a) Intervenção supressiva ou drástica: o Estado retira
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência
a propriedade do domínio do particular (proprietário
do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
originário), transferindo-a para o seu patrimônio, para
Devem existir elementos novos, ainda não apreciados
atendimento do interesse público. A única hipótese de
no processo originário.
intervenção supressiva na ordem jurídica é a
O processo disciplinar poderá ser revisto a pedido ou desapropriação, por meio de suas diversas espécies;
de ofício. O requerimento de revisão do processo será
b) Intervenção repressiva ou branda: o Estado
dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade
impõe limites ou condições ao exercício do direito à
equivalente.
propriedade do particular, sem retirar a sua
O processo revisional, o ônus da prova cabe ao titularidade. As principais modalidades de intervenção
requerente (art. 175). repressiva apontadas pela doutrina são: a) servidão
administrativa; b) requisição administrativa; c)
Prazo para conclusão do processo de revisão: 60 dias,
ocupação temporária; d) limitação administrativa; e)
improrrogáveis;
tombamento.
Prazo para julgamento: 20 dias;
#75 - Modalidades de intervenção restritiva
Da revisão do processo não poderá resultar
🔾 Servidão administrativa
agravamento de penalidade.
a) Ônus real (confere um direito real sobre o bem, e
14. Poder de polícia: conceito. Intervenção do Estado na não pessoal, ao Ente Público);
propriedade. Função social da propriedade. Desapropriação.
Conceito. Requisitos. Bens suscetíveis de desapropriação: b) Recai apenas sobre bens imóveis;
Competências relacionadas à desapropriação. Espécies de
desapropriação Indenização e consectários legais. Caducidade da c) Finalidade é uma utilização pública;
desapropriação. Imissão na posse do imóvel desapropriado.
Direito de extensão. Desapropriação indireta. Retrocessão. d) Perpetuidade (permanente);
Controle da desapropriação. Servidão administrativa.
Tombamento. Requisição. Ocupação provisória. Limitação
e) Em regra, não enseja indenização;

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f) Efeitos erga omnes, desde que registrada. tombamento, é adotada a seguinte classificação:
🔾 Requisição administrativa a) Tombamento de ofício (art. 5º, DL 25/37): é o
tombamento de bens públicos, em que basta a
CF, Art. 5º (...) XXV - no caso de iminente perigo público, notificação da entidade responsável (em âmbito
a autoridade competente poderá usar de propriedade federal, o IPHAN) à entidade proprietária do bem;
particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano; b) Tombamento voluntário (art. 7º, DL 25/37): neste
caso, o proprietário do bem particular toma a iniciativa
a) Recai sobre bens móveis, imóveis e serviços
ou consente, expressa ou implicitamente, com o
privados;
tombamento;
b) Finalidade é combater um perigo iminente; c) Tombamento compulsório (arts. 8º e 9º, DL 25/37):
c) Transitório, porém, de prazo indeterminado; é realizado contra a vontade do proprietário, mediante
um processo administrativo sob o procedimento
d) Há direito à indenização apenas se demonstrado
estabelecido no Decreto-Lei.
dano.
🔾 Desapropriação
🔾 Ocupação temporária
Desapropriação é a intervenção drástica do Estado na
a) Recai sobre imóveis;
propriedade alheia, retirando um bem do patrimônio
b) Finalidade é servir a uma obra pública ou a um privado de forma compulsória e o transferindo para o
serviço público; patrimônio estatal, com base no interesse público,
após o devido processo legal e, em regra, mediante
c) Prazo determinado;
indenização que deve ser justa. Trata-se de uma forma
d) Há direito à indenização apenas se demonstrado de aquisição originária.
dano.
#76 – Características principais da desapropriação
🔾 Limitação administrativa a) Modalidade de intervenção
a) Recai sobre bens móveis ou imóveis ou serviços supressiva ou drástica: retira o
privados, sempre indeterminados; bem do patrimônio privado de
forma compulsória;
b) Finalidade é promover a função social da
propriedade; b) Modalidade de aquisição originária;

c) Permanente; c) Interesse público justificado: utilidade ou

necessidade pública ou interesse social;
d) Há direito à indenização apenas se demonstrado
dano anormal e específico. d) Devido processo legal;

🔾 Tombamento e) Em regra, indenização prévia: existem algumas

exceções ou mitigações que estudaremos adiante.
Tombamento é a modalidade de intervenção do
Estado na propriedade que busca proteger o meio #77 – Modalidades de desapropriação
ambiente quanto aos seus aspectos relacionados ao a) Desapropriação ordinária: fundamentada na
patrimônio histórico, artístico e cultural, por meio de utilidade ou necessidade pública e regulamentada
limitações ao exercício do direito de propriedade. pelo Decreto-Lei 3.365/41;
Atinge, portanto, o caráter absoluto da propriedade.
b) Desapropriação ordinária por interesse social: Lei
Com essas limitações, busca evitar a destruição ou 4.132/62;
deterioração do bem que resultaria em perda de
informações relevantes para a história do país ou c) Desapropriação extraordinária urbanística:
prejuízos a obras artísticas ou culturais. decorrente do inadequado aproveitamento do solo
urbano (art. 182, §4º, CF), regulamentada pelo Estatuto
A competência para o tombamento de bens privados, da Cidade (Lei 10.257/2001);
assim como para a prática dos atos necessários ao
tombamento, é concorrente entre os Entes d) Desapropriação extraordinária rural (ou para fins
Federados, podendo haver mais de um tombamento, de reforma agrária): decorrente da improdutividade
realizado por mais de um Ente, sobre um mesmo bem. do imóvel rural (art. 184, CF), para fins de reforma
agrária, regulamentada pela LC 76/93;
Em regra, o particular proprietário do bem tombado
não possui direito a indenização. e) Desapropriação confisco: em razão da localização
de culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a
De acordo com o procedimento exploração de trabalho escravo na forma da lei (art.
necessário para realizar o 243, CF), regulamentada, em parte, pela lei 8.257/91.

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 🔾 Conduta (fato administrativo): para que o Estado
15. Responsabilidade civil do Estado: evolução das teorias.
Reparação do dano. Responsabilidade objetiva e subjetiva. seja responsabilizado, é necessária a existência de uma
Caracterização. Causas de exclusão e mitigação. Prescrição e conduta, comissiva ou omissiva, de seus agentes
decadência. Responsabilidades dos contratados e delegatários de públicos atuando nesta qualidade ou quando a
serviços públicos. Procedimento administrativo e judicial. Direito de
conduta tenha relação direta com o exercício da
regresso.
função pública.
#78 – Evolução da Responsabilidade civil 🔾 Dano: lesão a determinado bem jurídico da vítima,
do Estado seja ele patrimonial ou extrapatrimonial.
🔾 Fase da irresponsabilidade 🔾 Nexo causal: é o vínculo entre a conduta e o dano.
Estatal: decorre do
#80 – Causas excludentes da responsabilidade
entendimento vigente à época
objetiva
de que o rei nunca cometia erros
(“the king can do not wrong”). 🔾 Culpa exclusiva da vítima: hipótese em que o dano
Nesta fase, o Estado se confundia com o próprio é causado por fato da própria vítima (autolesão).
monarca (“o estado sou eu”, Luis XIV), sendo
impossível a sua responsabilização, tendo em vista a 🔾 Culpa exclusiva de terceiro (fato de terceiro):
impossibilidade de aquele governante cometer erros. dano causado pelo fato de um terceiro que não possui
vínculo jurídico com o Estado.
🔾 Responsabilidade com previsão legal: o Estado
somente poderia ser responsabilizado em casos 🔾 Caso fortuito e força maior: eventos naturais ou
pontuais, quando houvesse previsão legal específica humanos imprevisíveis ou previsíveis, porém
no sentido da responsabilidade. inevitáveis, que causam danos às pessoas sem
qualquer vínculo com a atuação do Estado.
🔾 Teoria da responsabilidade subjetiva: Com base
nesta teoria, o Estado passou a ser responsabilizado na #81 – Responsabilidade civil por atos legislativos
mesma medida que o particular. Era necessário Em regra, não há responsabilidade civil do Estado por
demonstrar a intenção do agente público em causar o atos legislativos. O principal fundamento para esta
dano, ou seja, a sua culpa em sentido amplo (que conclusão é que as leis são atos de caráter geral,
abrange a culpa em sentido estrito e o dolo). abstrato e erga omnes, não ensejando a produção de
efeitos individualizados. São atos dirigidos à
🔾 Teoria da culpa do serviço (faute du service):
sociedade ou a uma comunidade específica, e não
também conhecida como culpa anônima, estabelecia
direcionados a particulares individualizados.
que não era mais necessário comprovar a culpa do
agente público, bastava a demonstração de uma das Entretanto, a doutrina aponta três casos em que os
seguintes situações: atos legislativos podem acarretar a
responsabilização estatal: a) leis inconstitucionais; b)
⮲ O serviço foi mal prestado (não funcionou);
leis de efeitos concretos; e c) omissão legislativa.
⮲ O serviço foi prestado de forma ineficiente #82 – Responsabilidade civil por atos dos Notários
(funcionou mal); e Registradores
⮲ O serviço prestado com atraso (funcionou com O STF definiu o tema em sede
atraso). de Repercussão Geral, ao
🔾 Teoria da responsabilidade objetiva: julgar o RE 842846:
desnecessária a aferição de qualquer aspecto Jurisprudência importante!
relacionado ao elemento subjetivo do agente público.
No entanto, o Estado poderá se livrar da Repercussão geral constitucional que assenta a tese
responsabilidade pelo ressarcimento dos prejuízos se objetiva de que: o Estado responde, objetivamente,
comprovar a existência de uma causa excludente da pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que,
responsabilidade. no exercício de suas funções, causem dano a terceiros,
assentado o dever de regresso contra o responsável,
🔾 Teoria do risco integral: de acordo com esta teoria, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade
o Estado deve ser uma espécie de “garantidor administrativa. RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX,
universal”, devendo ressarcir todos os prejuízos Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2019, PROCESSO
sofridos pelos particulares, desde que presente o nexo ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-
causal. Na teoria do risco integral não se admite que o 175 DIVULG 12-08-2019 PUBLIC 13-08-2019.
Estado seja eximido da sua responsabilidade, ainda
#83 – Prescrição da ação de reparação civil
que comprovada uma cláusula excludente.
A prescrição é a extinção da pretensão de
#79 – Elementos da responsabilidade objetiva
ressarcimento pelo decurso do tempo fixado na lei. A

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prescrição da ação de reparação proposta pela vítima 🔾 É inviável a propositura de ação civil de
em face do Ente Público é de 5 anos, a teor do art. 1º, improbidade administrativa exclusivamente contra o
do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 particular, sem a concomitante presença de agente
e art. 1º-C da Lei 9.494/97). público no polo passivo da demanda (REsp 1.171.017-
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário PA. Informativo 535).
fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de 🔾 Nas ações de improbidade administrativa, não há
Improbidade Administrativa (RE 852475/SP). litisconsórcio passivo necessário entre o agente
#84 – Jurisprudência público e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo.
REsp 896.044-PA, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
🔾 No caso de prática de ato por improbidade em 16/9/2010. Informativo 447.
administrativa, é possível a aplicação de demissão
do servidor no âmbito do processo administrativo 🔾 É viável o prosseguimento de ação de improbidade
disciplinar, sem prejuízo da ação por improbidade administrativa exclusivamente contra particular
administrativa (STJ. MS 14.140-DF. Informativo 505). quando há pretensão de responsabilizar agentes
públicos pelos mesmos fatos em outra demanda
🔾 Não configura bis in idem a coexistência de título conexa. AREsp 1.402.806-TO, Rel. Min. Manoel Erhardt
executivo extrajudicial em decorrência de condenação (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região),
por acórdão do TCU e sentença condenatória em ação Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
civil pública de improbidade administrativa pelo 19/10/2021.
mesmo fato, desde que seja observada a dedução do
valor da obrigação que primeiramente foi executada 🔾 A lei de improbidade administrativa se aplica a
no momento da execução do título remanescente (STJ pessoas jurídicas. Considerando que as pessoas
REsp 1.413.674-SE. Informativo 584). jurídicas podem ser beneficiadas e condenadas por
atos ímprobos, é de se concluir que, de forma
🔾 STF: Os agentes políticos, com exceção do correlata, podem figurar no polo passivo de uma
Presidente da República, encontram-se sujeitos a demanda de improbidade, ainda que
duplo regime sancionatório, de modo que se desacompanhada de seus sócios (mas devem figurar
submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de em litisconsórcio passivo necessário com o agente
improbidade administrativa quanto à público ímprobo) (REsp 970.393/CE).
responsabilização político-administrativa por crimes
de responsabilidade (Pet 3240, AgR/DF, julgamento 🔾 STF: O foro especial por prerrogativa de função
em 10.5.2018, Informativo 901). previsto na Constituição Federal (CF) em relação às
infrações penais comuns não é extensível às ações de
🔾 STJ: A Corte Especial do STJ, no julgamento da Rcl improbidade administrativa. (Pet 3240, AgR/DF,
2.790/SC, pacificou o entendimento de que os julgamento em 10.5.2018, Informativo 901).
agentes políticos podem ser processados por seus
atos pela Lei de Improbidade Administrativa 🔾 STJ: A ação de improbidade administrativa deve ser
(8.429/92), ressalvado apenas o Presidente da processada e julgada nas instâncias ordinárias, ainda
República (AgRg no AREsp 46.546/MA). que proposta contra agente político que tenha foro
privilegiado (AgRg na Rcl 12.514-MT. Informativo 527).
🔾 STJ: Os agentes políticos municipais se submetem
aos ditames da Lei de Improbidade Administrativa - 🔾 Nas ações de improbidade administrativa, é
LIA, sem prejuízo da responsabilização política e admissível a utilização da prova emprestada,
criminal estabelecida no Decreto-Lei n. 201/1967 colhida na persecução penal, desde que assegurado
(REsp 1.135.767-SP, Informativo 436). o contraditório e a ampla defesa (REsp 1.189.192-GO.
Informativo 440).

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

Teoria da Ordem Social: Comte é considerado o pai
A) SOCIOLOGIA DO DIREITO: 1 - Introdução à sociologia da
administração judiciária. Aspectos gerenciais da atividade judiciária da Sociologia. Ele propôs a divisão do
(administração e economia). Gestão. Gestão de pessoas. desenvolvimento da sociedade em três estágios:
2 - Relações sociais e relações jurídicas. Controle social e o Direito. teológico, metafísico e positivo. No estágio teológico,
Transformações sociais e Direito. as explicações eram baseadas em divindades e forças
3 - Direito, Comunicação Social e opinião pública.
4 - Conflitos sociais e mecanismos de resolução. Sistemas não- sobrenaturais. No estágio metafísico, a explicação se
judiciais de composição de litígios. baseava em conceitos abstratos. Finalmente, no
estágio positivo, o conhecimento se baseava na
#01 – Conceitos importante de Auguste Comte observação empírica e na ciência.

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Positivismo: Comte enfatizou a importância da Assim, direito repressivo e direito restitutivo se
observação e do método científico na compreensão distinguiriam justamente porque ao primeiro
da sociedade. Ele acreditava que o conhecimento corresponderia uma sanção consistente
científico poderia ser aplicado para melhorar a essencialmente numa dor ou, pelo menos, numa
sociedade e que o método científico poderia ser diminuição infligida ao agente. Esse tipo de sanção
aplicado à sociedade da mesma forma que nas seria, portanto, repressiva. Por outro lado, a sanção
ciências naturais. Ele via a Sociologia como a "rainha correspondente ao direito restitutivo não implicaria
das ciências" que poderia oferecer uma compreensão necessariamente um sofrimento do agente, mas uma
objetiva das leis sociais e, assim, melhorar a reparação das coisas (remise des choses en état), ou
sociedade. seja, o restabelecimento das relações perturbadas
sob sua forma normal, seja mediante a recondução
#02 – Conceitos importante de Émile Durkheim
coercitiva da conduta desviante ao que foi
Funcionalismo: Durkheim é conhecido por sua teoria preceituado pela norma violada, seja mediante a
funcionalista, que destaca a interdependência e a anulação da ação praticada, com a decorrente
harmonia das partes da sociedade. Argumentava que privação de todo seu valor social.
a sociedade era um organismo complexo, onde as
#04 – Conceitos importante de Max Weber
instituições desempenhavam funções específicas para
manter a coesão social. Ele explorou como as Teoria da Ação Social: Weber enfatizou a
instituições, como a religião e a educação, contribuem importância da compreensão das motivações
para o equilíbrio social. individuais para explicar o comportamento social. Ele
introduziu a ideia de "ação social", na qual os
Solidariedade Social: Durkheim destacou a
indivíduos agem com base em significados subjetivos.
importância da solidariedade para a estabilidade da
Ele distinguiu entre ação com significado (propósitos
sociedade. A solidariedade mecânica baseia-se na
racionais) e ação sem significado (hábitos ou
semelhança entre os indivíduos, enquanto a
tradições).
solidariedade orgânica surge da interdependência
em uma sociedade complexa. Tipos Ideais: Weber desenvolveu a noção de "tipos
ideais", construções teóricas que ajudam a
#03 – Solidariedade mecânica e
compreender padrões de comportamento. Esses
Solidariedade orgânica para Emile
tipos ideais simplificam a complexidade da realidade
Durkheim
social.
Solidariedade mecânica
#05 – Conceitos importante de Georg Wilhelm
corresponderia a sociedades ditas
Friedrich Hegel
segmentárias, nas quais os indivíduos
seriam semelhantes no que concerne à Dialética: Hegel via a história como uma progressão
partilha dos elementos constitutivos da consciência de tese, antítese e síntese, uma filosofia dialética na
comum. Em tais sociedades não haveria nem qual a evolução do pensamento e da história ocorre
especialização de funções nem de indivíduos os quais por meio de contradições e sínteses. O conflito entre
se encontrariam amalgamados nos grupos por eles conceitos opostos levaria a uma resolução superior.
compostos. Cabe notar que tais sociedades seriam Essa abordagem dialética influenciou muitas teorias
cronologicamente as primeiras. posteriores.
Solidariedade orgânica corresponderia a Estado e Sociedade: Hegel via o Estado como a
sociedades caracterizadas pela diferenciação expressão concreta da vontade coletiva, refletindo o
funcional, nas quais haveria uma divisão de funções e espírito (Geist) da sociedade. Ele argumentava que o
de indivíduos e a formação de subgrupos Estado era um meio pelo qual a liberdade individual e
especializados que reforçariam a individualização, a realização moral podiam ser alcançadas.
fazendo com que os indivíduos sejam considerados
#06 – Conceitos importante de Karl Marx
como fonte autônoma de pensamento e ação.
Materialismo Histórico: Marx é conhecido por sua
Nesse sentido, distingue, de um lado, o direito
teoria do materialismo histórico, que postula que as
repressivo (droit répressif), característico de
mudanças sociais são impulsionadas pelas lutas entre
sociedades nas quais haveria a presença intensa de
classes sociais que competem por recursos
crenças e práticas comuns, que Durkheim denomina
econômicos. Ele via a história como uma sucessão de
de “consciência coletiva” (conscience collective) e, de
modos de produção, cada um marcado por uma luta
outro, o direito restitutivo (droit restitutif),
entre classes exploradoras e exploradas.
característico de sociedades funcionalmente
diferenciadas, nas quais, como decorrência, não Teoria do Valor e Alienação: Marx explorou a
haveria uma presença intensa de crenças e práticas exploração capitalista, argumentando que o valor dos
comuns que caracterizam a consciência coletiva. produtos é determinado pelo trabalho humano. Ele
também falou sobre a alienação dos trabalhadores
sob o capitalismo, em que eles perdem o controle #09 - Comunicação intraprocessual
sobre seu trabalho e produtos.
Como responsável pela presidência do processo,
#07 – Conceitos importante de Jürgen Habermas deve o juiz dirigir a marcha processual por meio de
atos oficiais de comunicação (citação, intimação,
Ação comunicativa: Habermas propôs a teoria da
notificação) e decisão (despachos, decisões
ação comunicativa, na qual a interação humana é
interlocutórias e sentenças). Aqui a linguagem deve
baseada na busca por entendimento mútuo. Ele
ser acessível, mas formal, sóbria, uma vez que quem
acreditava que a comunicação racional poderia levar
está falando não é o juiz, mas o Estado (Poder
à resolução de problemas sociais.
Judiciário).
Razão comunicativa: o uso da linguagem como
#10 - Comunicação extraprocessual
mecanismo de comunicação somente será racional
(válido) se atender a alguns requisitos: (a) equidade Casos, cada vez mais comuns (não sem alguma crítica)
discursiva, com iguais condições de debate; (b) em que o magistrado se manifesta fora dos autos,
linguagem inteligível, de modo que os interlocutores para o mundo exterior, muitas vezes em razão da
se entendam; (c) informação verdadeira, sem função (evento oficial) ou por desfrutar de opinião de
distorções. autoridade (entrevista para a mídia). Dessa forma, o
juiz acaba tendo um contato mais direto com a
Princípio democrático: enseja ampla e livre
sociedade. Aqui mora o perigo.
participação de todos os membros da sociedade nos
processos comunicativos norteadores dos acordos
C) ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL
normativos (consensos) nos quais ocorre a formação 1. Regime jurídico da Magistratura Nacional: carreiras, ingresso,
da vontade popular (equidade argumentativa). Como promoções, remoções. 2. Direitos e deveres funcionais da
já ressaltado: é necessário que os cidadãos possam magistratura. 3. Integridade pessoal e profissional do juiz.
conceber-se a qualquer momento e em qualquer Dignidade, honra e decoro. Diligência e dedicação. Conhecimento
e Capacitação. Cortesia e Prudência do Juiz. 4. Ilícitos éticos.
lugar (não só geográfico, como de posição social) Sanções. Lugar da ética na função judicial e na vida particular do juiz.
como autores do direito ao qual estão submetidos. 5. O papel da cordialidade na prestação jurisdicional. 6. Código de
Ética da Magistratura Nacional. 7. Sistemas de controle interno do
Princípio do discurso: liga-se ao processo de Poder Judiciário: Corregedorias, Ouvidorias, Conselhos Superiores
elaboração das normas - são válidas as normas e Conselho Nacional de Justiça. 8. Responsabilidade administrativa,
racionais às quais todos os possíveis atingidos civil e criminal dos magistrados. 9. Administração judicial.
Planejamento estratégico. Modernização da gestão.
poderiam dar seu assentimento, na qualidade de
participantes de discursos racionais.
#11 – Vitaliciedade na LOMAN
Racionalidade prática: argumentos racionais que
fundamentam uma decisão prudente perante LOMAN. Art. 25 - Salvo as restrições expressas na
situações concretas, considerando todas as Constituição, os magistrados gozam das garantias de
circunstâncias envolvidas (questão formulada por vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de
Kant: o que é a coisa certa a fazer?) – busca a resposta vencimentos.
mais racional e útil possível. Art. 26 - O magistrado vitalício somente perderá o
cargo (vetado):
B) PSICOLOGIA JUDICIÁRIA 1. Psicologia e Comunicação:
relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a I - em ação penal por crime comum ou de
sociedade e a mídia. 2. Problemas atuais da psicologia com reflexos responsabilidade;
no direito: assédio moral e assédio sexual. 3. Teoria do conflito e os
mecanismos autocompositivos. Técnicas de negociação e I - em procedimento administrativo para a perda do
mediação. Procedimentos, posturas, condutas e mecanismos aptos cargo nas hipóteses seguintes:
a obter a solução conciliada dos conflitos. 4. O processo psicológico
e a obtenção da verdade judicial. O comportamento de partes e a) exercício, ainda que em disponibilidade, de
testemunhas. qualquer outra função, salvo um cargo de magistério
superior, público ou particular;
#08 - Psicologia e Direito
b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer
A psicologia e o direito parecem dois mundos pretexto, de percentagens ou custas nos processos
condenados a se entender (Fernández Sobral), já que sujeitos a seu despacho e julgamento;
suas relações são uma questão de justiça (Martins da
Agra). A psicologia busca auxiliar o direito a ver, por c) exercício de atividade politico-partidária.
um novo prisma, questões que pareciam dadas, § 1º - O exercício de cargo de magistério superior,
óbvias, resolvidas: a execução de pena que se torna público ou particular, somente será permitido se
inócua ao psicopata, a relação familiar (divórcio, houver correlação de matérias e compatibilidade de
guarda, alimentos) tumultuada pela síndrome da horários, vedado, em qualquer hipótese, o
alienação parental, o testemunho que levou à desempenho de função de direção administrativa ou
condenação injusta (falsas memórias, etc. técnica de estabelecimento de ensino.
§ 2º - Não se considera exercício do cargo o Tribunal, ou seu órgão especial, poderá, em decisão
desempenho de função docente em curso oficial de tomada pelo voto de dois terços de seus membros,
preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de determinar o afastamento do cargo do magistrado
magistrados. denunciado.
Art. 27 - O procedimento para a decretação da perda #12 – Penas disciplinares
do cargo terá início por determinação do Tribunal, ou
LOMAN. Art. 42 - São penas disciplinares:
do seu órgão especial, a que pertença ou esteja
subordinado o magistrado, de ofício ou mediante I - advertência;
representação fundamentada do Poder Executivo ou
II - censura;
Legislativo, do Ministério Público ou do Conselho
Federal ou Secional da Ordem dos Advogados do III - remoção compulsória;
Brasil.
IV - disponibilidade com vencimentos proporcionais
§ 1º - Em qualquer hipótese, a instauração do processo ao tempo de serviço;
preceder-se-á da defesa prévia do magistrado, no
V - aposentadoria compulsória com vencimentos
prazo de quinze dias, contado da entrega da cópia do
proporcionais ao tempo de serviço;
teor da acusação e das provas existentes, que lhe
remeterá o Presidente do Tribunal, mediante ofício, VI - demissão.
nas quarenta e oito horas imediatamente seguintes à
Parágrafo único - As penas de advertência e de
apresentação da acusação.
censura somente são aplicáveis aos Juízes de primeira
§ 2º - Findo o prazo da defesa prévia, haja ou não sido instância.
apresentada, o Presidente, no dia útil imediato,
Art. 43 - A pena de advertência aplicar-se-á
convocará o Tribunal ou o seu órgão especial para
reservadamente, por escrito, no caso de negligência
que, em sessão secreta, decida sobre a instauração do
no cumprimento dos deveres do cargo.
processo, e, caso determinada esta, no mesmo dia
distribuirá o feito e fará entregá-lo ao relator. Art. 44 - A pena de censura será aplicada
reservadamente, por escrito, no caso de reiterada
§ 3º - O Tribunal ou o seu órgão especial, na sessão em
negligência no cumprimento dos deveres do cargo, ou
que ordenar a instauração do processo, como no curso
no de procedimento incorreto, se a infração não
dele, poderá afastar o magistrado do exercício das
justificar punição mais grave.
suas funções, sem prejuízo dos vencimentos e das
vantagens, até a decisão final. Parágrafo único - O Juiz punido com a pena de
censura não poderá figurar em lista de promoção por
§ 4º - As provas requeridas e deferidos, bem como as
merecimento pelo prazo de um ano, contado da
que o relator determinar de ofício, serão produzidas
imposição da pena.
no prazo de vinte dias, cientes o Ministério Público, o
magistrado ou o procurador por ele constituído, a fim Art. 45 - O Tribunal ou seu órgão especial poderá
de que possam delas participar. determinar, por motivo de interesse público, em
escrutínio secreto e pelo voto de dois terços de seus
§ 5º - Finda a instrução, o Ministério Público e o
membros efetivos:
magistrado ou seu procurador terão, sucessivamente,
vista dos autos por dez dias, para razões. I - a remoção de Juiz de instância inferior;
§ 6º - O julgamento será realizado em sessão secreta II - a disponibilidade de membro do próprio Tribunal
do Tribunal ou de seu órgão especial, depois de ou de Juiz de instância inferior, com vencimentos
relatório oral, e a decisão no sentido da penalização proporcionais ao tempo de serviço.
do magistrado só será tomada pelo voto de dois terços
Parágrafo único - Na determinação de quórum de
dos membros do colegiado, em escrutínio secreto.
decisão aplicar-se-á o disposto no parágrafo único do
§ 7º - Da decisão publicar-se-á somente a conclusão. art. 24. (Execução suspensa pela Res/SF nº 12/90)
§ 8º - Se a decisão concluir pela perda do cargo, será Art. 46 - O procedimento para a decretação da
comunicada, imediatamente, ao Poder Executivo, para remoção ou disponibilidade de magistrado
a formalização do ato. obedecerá ao prescrito no art. 27 desta Lei.
Art. 28 - O magistrado vitalício poderá ser Art. 47 - A pena de demissão será aplicada:
compulsoriamente aposentado ou posto em
I - aos magistrados vitalícios, nos casos previstos no art.
disponibilidade, nos termos da Constituição e da
26, I e Il;
presente Lei.
II - aos Juízes nomeados mediante concurso de provas
Art. 29 - Quando, pela natureza ou gravidade da
e títulos, enquanto não adquirirem a vitaliciedade, e
infração penal, se torne aconselhável o recebimento
aos Juízes togados temporários, em caso de falta
de denúncia ou de queixa contra magistrado, o
grave, inclusive nas hipóteses previstas no art. 56.
Art. 48 - Os Regimentos Internos dos Tribunais cláusulas contratuais em conformidade com os
estabelecerão o procedimento para a apuração de critérios de igualdade e proporcionalidade". (Paulo de
faltas puníveis com advertência ou censura. Tarso Vieira Sanseverino)
#13 – Transparência no Código #15 - Da lógica formal à lógica do razoável
de Ética
Ricaséns Siches, pretendendo substituir a lógica
Art. 10. A atuação do magistrado formal pela lógica do razoável, ao argumento de que
deve ser transparente, as leis formais do pensamento são inadequadas
documentando-se seus atos, para resolver problemas humanos práticos, como
sempre que possível, mesmo os políticos e jurídicos. A atividade do intérprete, do
quando não legalmente previsto, juiz, não admite simplismos e automatismos.
de modo a favorecer sua publicidade, exceto nos Considerar “norma, fato e decisão” como elementos
casos de sigilo contemplado em lei. condutores da solução de um problema social é tentar
transformar um conjunto de fatores extremamente
Art. 11. O magistrado, obedecido o segredo de justiça,
complexos em uma caricatura simplificada.
tem o dever de informar ou mandar informar aos
interessados acerca dos processos sob sua Cabe ao juiz, nessa linha de pensamentos, avaliar
responsabilidade, de forma útil, compreensível e clara. com parcimônia múltiplos fatores – desde os fatos,
as influências sociais, as circunstâncias de tempo e de
Art. 12. Cumpre ao magistrado, na sua relação com os
espaço, as provas e ainda as normas a serem
meios de comunicação social, comportar-se de forma
aplicadas. Não interessa interessar apenas a melhor
prudente e eqüitativa, e cuidar especialmente:
interpretação genérica da lei; é preciso encontrar a
I – para que não sejam prejudicados direitos e melhor interpretação para o caso concreto.
interesses legítimos de partes e seus procuradores;
#16 – Teorias da Justiça durante os tempos
II – de abster-se de emitir opinião sobre processo
Idade Antiga
pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo
depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou Sócrates: o filósofo grego buscava a verdade e a
acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos virtude como caminhos para a justiça. Ele acreditava
autos, doutrinária ou no exercício do magistério. que a ignorância era a raiz do mal e que o
conhecimento levaria as pessoas a agirem de maneira
Art. 13. O magistrado deve evitar comportamentos
justa. Ele enfatizava a importância da autorreflexão e
que impliquem a busca injustificada e desmesurada
do autoconhecimento como meios para alcançar a
por reconhecimento social, mormente a
virtude e, consequentemente, a justiça.
autopromoção em publicação de qualquer natureza.
Sofistas: eram professores itinerantes na Grécia
Art. 14. Cumpre ao magistrado ostentar conduta
Antiga que ensinavam habilidades retóricas e
positiva e de colaboração para com os órgãos de
argumentativas. Eles acreditavam que a justiça era
controle e de aferição de seu desempenho
subjetiva e relativa, variando de pessoa para pessoa e
profissional.
de sociedade para sociedade. Protágoras, por
exemplo, afirmou que "o homem é a medida de todas
D) FILOSOFIA DO DIREITO 1. O conceito de Justiça. Sentido lato de
Justiça, como valor universal. Sentido estrito de Justiça, como valor as coisas", enfatizando a relatividade da verdade e da
jurídico-político. Divergências sobre o conteúdo do conceito. 2. O justiça.
conceito de Direito. Equidade. Direito e Moral. 3. A interpretação do
Direito. A superação dos métodos de interpretação mediante puro Aristóteles: abordou a justiça de maneira mais
raciocínio lógico-dedutivo. O método de interpretação pela lógica objetiva. Ele distinguiu entre justiça distributiva e
do razoável. justiça corretiva. A justiça distributiva envolve a
alocação justa de bens e recursos com base nas
#14 – Equidade contribuições e méritos individuais. A justiça corretiva,
por outro lado, trata de corrigir desigualdades ou
“A equidade, no direito atual, aparece com três
injustiças que surgem nas interações sociais.
funções básicas: a) substitutiva; b) integrativa; c)
Aristóteles também propôs a ética da virtude, onde a
interpretativa. Na sua função substitutiva, atribui
justiça é vista como uma virtude central, equilibrando
excepcionalmente poderes ao juiz para decidir com
o excesso e a deficiência.
liberdade, afastando-se das normas legais e
declarando a solução justa para o caso. Na sua função Idade Média
integrativa, a equidade constitui um instrumento
Santo Agostinho: influenciado pelo cristianismo, viu
posto caso a caso pela lei à disposição do juiz para
a justiça como algo que decorre do amor a Deus. Ele
especificação em concreto dos elementos que a
enfatizava que a verdadeira justiça envolve dar a Deus
norma de direito não pode resolver em abstrato.
o que é de Deus e dar ao próximo o que é devido a
Finalmente, em sua função interpretativa, busca
ele. Agostinho argumentava que a justiça terrena
estabelecer um sentido adequado para regras ou
deveria estar alinhada com os princípios divinos.
São Tomás de Aquino: fundiu a filosofia aristotélica uma sociedade justa é aquela que expande as
com a teologia cristã. Ele propôs que a justiça é a capacidades das pessoas e remove as barreiras que
virtude moral que consiste em dar a cada um o que impedem o pleno desenvolvimento humano.
lhe é devido. Ele diferenciou entre justiça comutativa,
Martha Nussbaum: expandiu a abordagem das
que se concentra em trocas justas e contratuais, e
capacidades de Sen, identificando uma lista de
justiça distributiva, que se refere à alocação justa de
"capacidades centrais" que todas as pessoas
bens comuns na sociedade.
deveriam ter para levar vidas dignas. Essas
Idade Moderna capacidades incluem coisas como saúde, educação,
participação política e conexões sociais. A perspectiva
Jeremy Bentham: um dos principais expoentes do
de Nussbaum destaca a importância não apenas das
utilitarismo, propôs uma abordagem utilitária para a
oportunidades individuais, mas também do ambiente
justiça. Para Bentham, a justiça estava intrinsecamente
social e político que permite o florescimento humano.
ligada à maximização da felicidade e minimização do
sofrimento. Ele argumentava que a ação justa era Iris Marion Young: foi uma filósofa política que
aquela que produzia a maior quantidade de prazer abordou a justiça de maneira mais complexa e
líquido para o maior número de pessoas. Essa inclusiva. Ela desenvolveu a teoria da justiça como
perspectiva, conhecida como utilitarismo clássico, responsabilidade, que enfatiza a importância de
considerava a justiça como uma questão quantitativa, reconhecer as estruturas sociais que impedem a
onde as ações eram avaliadas com base em seus participação igualitária e o pleno exercício da
resultados utilitários. cidadania. Young argumentava que a justiça requer a
transformação dessas estruturas opressivas e a
John Stuart Mill: O pensamento de Mill acrescentou
promoção de espaços de participação democrática
nuances ao utilitarismo de Bentham. Ele introduziu a
para todos os membros da sociedade.
ideia de que nem todos os prazeres eram iguais. Mill
distinguia entre prazeres superiores, associados ao #17 - Sentido Lato de Justiça - Valor Universal
intelecto e à cultura, e prazeres inferiores, ligados aos
Refere-se a um princípio moral e ético que transcende
aspectos físicos da vida. Ele defendia que a justiça
fronteiras culturais, sociais e políticas. É uma noção
deveria considerar tanto a quantidade quanto a
fundamental que está profundamente enraizada na
qualidade dos prazeres, enfatizando a importância do
natureza humana e reflete o desejo de equidade,
desenvolvimento intelectual e emocional como parte
imparcialidade e respeito pelos direitos e dignidade
da vida justa.
de todos os indivíduos. Nesse sentido, a justiça é
Immanuel Kant: ofereceu uma abordagem considerada um valor universal, aplicável a todas as
deontológica para a justiça. Ele sustentava que a pessoas, independentemente de sua origem, crenças
justiça não deveria depender apenas das ou posições sociais.
consequências, como no utilitarismo, mas também
A justiça no sentido amplo está associada a ideias
das motivações e intenções por trás das ações. Para
como igualdade, equidade, proteção dos direitos
Kant, a justiça envolvia respeitar o imperativo
humanos, tratamento justo e a promoção do bem
categórico, que exigia que as pessoas tratassem os
comum. Ela busca estabelecer um equilíbrio entre
outros como fins em si mesmos, e não como meios
interesses conflitantes e garantir que cada pessoa
para um fim. Isso implicava em tratar as pessoas com
tenha a oportunidade de alcançar seu pleno potencial
dignidade e respeito independentemente das
dentro da sociedade.
consequências.
#18 - Sentido Estrito de Justiça - Valor Jurídico-
John Rawls: desenvolveu a teoria da justiça como
Político
equidade. Ele propôs que as regras sociais e
econômicas devem ser escolhidas por trás de um "véu No contexto jurídico e político, a justiça tem uma
de ignorância", onde as pessoas não conhecem sua conotação mais específica. Ela se refere ao princípio
posição na sociedade. Isso garantiria que as regras de tratar as pessoas de acordo com a lei, garantindo
fossem justas para todos, independentemente de que os direitos legais sejam respeitados e que as
suas circunstâncias individuais. decisões sejam tomadas de maneira imparcial e
equitativa. A justiça nesse sentido é a base do sistema
Atualidade
legal e das estruturas políticas de uma sociedade.
Amartya Sen: A abordagem de Sen à justiça é
No âmbito jurídico, a justiça está relacionada ao
centrada nas capacidades das pessoas. Ele
devido processo legal, à imparcialidade dos tribunais,
argumenta que a justiça deve ser avaliada com base
ao acesso igualitário à justiça e à aplicação equitativa
nas oportunidades que as pessoas têm para alcançar
das leis. A justiça também envolve a reparação de
seus objetivos e viver vidas significativas. Sen
danos causados por violações legais, garantindo que
introduziu a ideia de "abordagem das capacidades",
as vítimas sejam compensadas de acordo com a lei.
que considera as liberdades e as habilidades de uma
pessoa como elementos-chave da justiça. Para Sen,
No âmbito político, a justiça se manifesta através de encontrando os nexos e propondo medidas de
políticas públicas que buscam reduzir desigualdades, coesão para que possa bem funcionar.
promover a inclusão social e garantir a participação
Direito como FATO SOCIAL - aborda o direito do
igualitária dos cidadãos no processo político. A justiça
ponto de vista sociológico, analisando-o como
política visa criar um ambiente no qual todos os
estrutura social aliada a outros fatores (como os
membros da sociedade possam ter voz e influência
econômicos e políticos).
nas decisões que afetam suas vidas.
#21 – Tipos de Lacunas no Direito
E) TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA 1. Direito objetivo e
direito subjetivo. 2. Fontes do Direito objetivo. Princípios gerais de
Próprias (ou normativas): As lacunas
Direito. Jurisprudência. Súmula vinculante. 3. Eficácia da lei no próprias ocorrem quando não há uma
tempo. Conflito de normas jurídicas no tempo e o Direito brasileiro: norma legal específica que regule uma
Direito Penal, Direito Civil, Direito Constitucional e Direito do situação ou questão particular. Isso
Trabalho. 4. O conceito de Política. Política e Direito. 5. Ideologias.
6. A Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU). 7. Agenda
pode resultar em incerteza sobre como
2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 8. Gênero aplicar o direito a um caso específico.
e Patriarcado. Gênero e Raça. Discriminação e Desigualdades de
Gênero – questões centrais. Protocolo de Julgamento com Exemplo prático: Suponhamos que um país tenha leis
perspectiva de gênero. detalhadas sobre questões de propriedade
intelectual, mas não tenha regulamentações claras
#19 - Afinal, o que é o direito? para lidar com a proteção legal de invenções criadas
por inteligência artificial. Aqui, existe uma lacuna
Para Aristóteles, o direito é aquilo que cria e que faz normativa, pois a lei existente não abrange essa
conservar a felicidade na comunidade política. situação específica.
Para São Tomás de Aquino, o direito é o ato de Ontológicas (ou fáticas): As lacunas ontológicas
império, a lei, a norma agendi (direito objetivo). ocorrem quando a própria realidade não se encaixa
Para Kant, o direito é um conjunto de condições sob facilmente nas categorias ou termos estabelecidos
as quais as liberdades de uns e outros são pela lei, tornando difícil a aplicação direta do direito
harmonizadas. existente a uma situação concreta.

Para a dogmática (positivistas), o direito é o Exemplo prático: Suponhamos que um país tenha leis
conjunto de normas que regula as condutas em de trânsito que regulamentam o uso de veículos
sociedade, instituído por um ente soberano e imposto terrestres, mas não especifica como aplicar essas leis
coativamente a todos. a veículos autônomos (sem motorista). Como os
veículos autônomos não se encaixam facilmente nas
Para Robert Alexy, o direito é um sistema de normas categorias tradicionais de veículos, surge uma lacuna
que possui a pretensão de justeza e se compõe da ontológica.
totalidade das normas que pertencem a uma
constituição socialmente eficaz, em termos gerais, e Ideológicas (ou axiológica): ideia de lei injusta:
não são extremamente injustas. Bobbio dá especial atenção às lacunas ideológicas,
que ele chama, tal como na classificação acima, de
#20 - Conceito analógico de Direito impróprias. Trata-se, como visto, de lacunas que
Diz respeito a possibilidade de ampliação de seu surgem ao se comparar o ordenamento jurídico como
sentido viabilizando a comunicação com outros ramos ele é com como ele deveria ser, isto é, com uma
da ciência. representação ideal do ordenamento jurídico. Logo,
há lacuna do ponto de visto axiológico e não
Direito como JUSTO - o justo é o valor fundamental necessariamente do direito posto. Cuida, portanto,
perseguido pelo direito. O objetivo final do direito é não de simples ausência de solução ou de norma, mas
a realização do justo no caso concreto, a garantia da da ausência da solução justa ou da norma ideal para
justiça nas relações pessoais. o caso concreto.
Direito como NORMA (norma agendi) - Confunde- Exemplo prático: Suponhamos que um país tenha leis
se com o direito objetivo, ou seja, com as regras que criminalizam o uso recreativo da maconha, mas a
externadas pelas fontes do direito. opinião pública tenha evoluído para aceitar seu uso
Direito como FACULDADE (facultas agendi) = é a moderado. Nesse caso, pode haver uma lacuna
faculdade de agir, a prerrogativa estabelecida pelo axiológica, pois a lei não reflete mais os valores e
direito objetivo, a possibilidade de efetivo exercício atitudes da sociedade.
do direito por parte do sujeito. #22 - Agenda 2030 e seus 17 objetivos de
Direito como CIÊNCIA - a ciência jurídica (dimensão desenvolvimento sustentável
dogmática do direito) estuda, em especial, os Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas
ordenamentos jurídicos – a estruturação das fontes formas, em todos os lugares.
em um determinado sistema, comparando-as,
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança sobre Julgamento com Perspectiva de Gênero no
alimentar e melhoria da nutrição e promover a Poder Judiciário, em caráter nacional e permanente.
agricultura sustentável.
Art. 4º Caberá ao Comitê:
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover
I – acompanhar o cumprimento da presente
o bem-estar para todos, em todas as idades.
Resolução;
Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e
II – elaborar estudos e propor medidas concretas de
equitativa e de qualidade, e promover oportunidades
aperfeiçoamento do sistema de justiça quanto às
de aprendizagem ao longo da vida para todos.
causas que envolvam direitos humanos, gênero, raça
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e e etnia, em perspectiva interseccional.
empoderar todas as mulheres e meninas.
III – organizar fóruns permanentes anuais de
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sensibilização sobre o julgamento com perspectiva de
sustentável da água e saneamento para todos. gênero nos órgãos do Poder Judiciário, com a
participação de outros segmentos do poder público e
Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável,
da sociedade civil, para a discussão de temas
moderno e a preço acessível à energia para todos.
relacionados com as atividades do Comitê;
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico
IV – realizar cooperação interinstitucional, dentro dos
sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e
limites de sua finalidade, com entidades de natureza
produtivo e trabalho decente para todos.
jurídica e social do país e do exterior que atuam na
Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, referida temática;
promover a industrialização inclusiva e sustentável e
V – realizar reuniões periódicas ordinárias, ou
fomentar a inovação.
extraordinárias, sempre que for necessário, para a
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos condução dos trabalhos do Comitê;
países e entre eles.
VI – solicitar a cooperação judicial com tribunais e
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos outras instituições;
humanos inclusivos, seguros, resilientes e
VII – participar de eventos promovidos por entes
sustentáveis.
públicos ou entidades privadas sobre temas
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de relacionados aos objetivos do Comitê;
consumo sustentáveis.
Art. 5º O Comitê será coordenado por um Conselheiro
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para ou Conselheira do Conselho Nacional de Justiça,
combater a mudança do clima e seus impactos. assegurada a participação de representantes da
Justiça Estadual, Federal, do Trabalho, Eleitoral e
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos
Militar, Escola Nacional de Formação e
oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o
Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), Escola
desenvolvimento sustentável.
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso Magistrados do Trabalho (Enamat), Ordem dos
sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de Advogados do Brasil (OAB), assim como de
forma sustentável as florestas, combater a representantes da academia e da sociedade civil.
desertificação, deter e reverter a degradação da terra
Parágrafo primeiro. A composição do Comitê
e deter a perda de biodiversidade.
observará a pluralidade de gênero e raça, bem como,
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e na medida do possível, a participação de integrantes
inclusivas para o desenvolvimento sustentável, que expressem a diversidade presente na sociedade
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir nacional.
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em
todos os níveis. F) DIREITO DIGITAL 1. 4ª Revolução industrial. Transformação Digital
no Poder Judiciário. Tecnologia no contexto jurídico. Automação do
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação processo. Inteligência Artificial e Direito. Audiências virtuais. Cortes
e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento remotas. Ciência de dados e Jurimetria. Resoluções do CNJ sobre
sustentável. inovações tecnológicas no Judiciário. 2. Persecução Penal e novas
tecnologias. Crimes virtuais e cibersegurança. Deepweb e Darkweb.
#23 - Protocolo de julgamento com Provas digitais. Criptomoedas e Lavagem de dinheiro. 3. Noções
gerais de contratos Inteligentes, Blockchain e Algoritmos. 4. LGPD e
perspectiva de gênero – Resolução
proteção de dados pessoais.
CNJ 492/23 – Pontos importantes
Art. 3º Fica instituído, no âmbito do #24 - Quarta revolução industrial
Conselho Nacional de Justiça, o Comitê
Empreendida no Século XXI, a ideia de uma quarta
de Acompanhamento e Capacitação
revolução foi cunhada pelo economista alemão Klaus
Schwab, levando-se em conta a velocidade e a são promissoras, vários tribunais estaduais já
profundidade em que as mudanças no modo de viver iniciaram o desenvolvimento de algorítmicos para a
e produzir estão acontecendo. automatização de atos processuais, especialmente os
repetitivos. A fim de concretizar essa onda de
E o traço marcante dessa nova era é,
automatização, uma pesquisa orientada pela
indiscutivelmente, uma revolução digital, ora
Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que, em
caracterizada por uma Internet mais ubíqua e móvel,
2020, já existiam 72 projetos de IA no Judiciário.
por sensores menores e mais poderosos que se
tornaram mais baratos e pela inteligência artificial e A última etapa de implementação de tecnologia
aprendizagem de máquina. para alcance da Justiça Digital, ora denominada de
transformação, também já conta com alguns
Para o autor, há 03 razões primordiais que denotam
exemplos de sua concretização na adaptação
essa consolidação da revolução digital:
procedimental mediante tecnologia.
1ª razão: velocidade exponencial com que a
#28 - Sharenting ou Oversharenting
tecnologia está evoluindo;
É crescente a preocupação em torno do fenômeno da
2ª razão: estamos modificando não apenas “o quê” e
superexposição dos dados pessoais e das imagens de
“como”, mas também “quem somos”;
crianças e adolescentes na Internet, por seus pais ou
3ª razão: impacto sistêmico. Transformação de pessoas próximas. Tal fenômeno, a que tem se
sistemas de forma substancial designado sharenting ou oversharenting, é cercado
de riscos das mais diversas naturezas, capazes de
#25 - O que é um blockchain?
impactar decisivamente o desenvolvimento
Conceito amplo dirá que se trata da tecnologia que psicofísico de crianças e adolescentes, sobretudo
permite a criação de blocos em cadeia, os quais tendo em vista a facilidade com que conteúdos
dividem informações e se utilizam de criptografia postados na rede se tornam eternos e praticamente
assimétrica para aumentar o nível de confiabilidade. inapagáveis.
Conceito estrito diz que é possível denominar vários Nessa direção, entende a doutrina especializada e,
blockchain existentes, além de outros que estão em mais recentemente a jurisprudência, que o tema
processo de construção e que brevemente se revela um embate entre a liberdade de expressão dos
encontrarão disponíveis. pais, associada à autoridade parental, e, do outro
lado, os direitos fundamentais dos filhos, em especial
#26 - Smart contracts
a privacidade, imagem e proteção aos dados
Apesar de não haver um consenso entre a doutrina do pessoais.
que de fato seria um contrato inteligente, a definição
Nada obstante, diante da ausência de mecanismos
mais aceita, segundo Lucas Uster, é a de que se trata
mais contundentes por parte da LGPD, tem-se
de contratos cujas cláusulas são programadas
argumentado que o compasso para dirimir eventuais
previamente em um blockchain e que após
conflitos e coibir abusos, em concreto, deve ser o
celebrados se tornam independentes das ações
princípio do melhor interesse da criança e do
humanas, a fim de que sejam cumpridos.
adolescente, uma vez que, por mais que os pais
Ou seja, podemos considerar os smart contracts, tenham o direito à livre expressão, tal direito deve ser
segundo Michael Solomon, programas que definem funcionalizado aos direitos dessas pessoas humanas
regras as quais controlam como os em desenvolvimento, marcadas por intensa
dados serão acrescentados e decifrados vulnerabilidade.
em um blockchain, de maneira que
#29 – Resolução CNJ 395/21 - Princípios da gestão
produzirão os mesmos resultados em
de inovação no Poder Judiciário
cada instância na rede. Assim, torna-se
dispensável a preocupação relacionada Art. 3o São princípios da gestão de inovação no Poder
à confiança. Judiciário:
#27 - Etapas da virada tecnológica no I – cultura da inovação: promoção da cultura da
poder judiciário inovação a partir da adoção de valores voltados ao
estímulo da inovação incremental ou disruptiva, com
Primeira etapa - digitalização dos procedimentos -
prospecção e desenvolvimento de procedimentos que
é cediço que o sistema jurídico brasileiro já se
qualifiquem o acesso à justiça e promovam a
encontra em patamar avançado, Portanto, o cenário
excelência do serviço judicial, processual ou
atual aponta para a consolidação natural da primeira
administrativo, com vistas a propiciar melhor
etapa a caminho da implementação da chamada
atendimento ao usuário do Poder Judiciário;
Justiça Digital.
II – foco no usuário: observância, sempre que possível,
Segunda etapa da virada – a automação –, Dierle
da construção de solução de problemas a partir dos
Nunes ressalta que as iniciativas brasileiras também
valores da inovação consistentes na concepção do § 5º A oposição do demandado à tramitação do feito
usuário como eixo central da gestão; pelo “Núcleo de Justiça 4.0” poderá ser feita na forma
prevista no art. 340 do CPC.
III – participação: promoção da ampla participação de
magistrados e servidores, bem como de atores § 6º A não oposição do demandado, na forma dos
externos ao Poder Judiciário, sempre buscando a parágrafos anteriores, aperfeiçoará o negócio jurídico
visão multidisciplinar; processual, nos termos do art. 190 do CPC/15, fixando
a competência no “Núcleo de Justiça 4.0”.
IV – colaboração: trabalho em rede de inovação para a
coordenação de esforços, cocriação, criatividade, Art. 4º A designação de magistrados para os “Núcleos
experimentação e o compartilhamento de boas de Justiça 4.0” dependerá dos seguintes requisitos
práticas; cumulativos:
V – desenvolvimento humano: desenvolvimento de I – publicação de edital pelo tribunal com a indicação
novas habilidades dos magistrados e servidores que dos “Núcleos de Justiça 4.0” disponíveis, com prazo de
lhes permitam adquirir conhecimentos necessários às inscrição mínimo de cinco dias, e
novas competências para solução de problemas
II – requerimento do magistrado interessado com
complexos, pensamento crítico, flexibilidade
indicação da ordem de prioridade da designação
cognitiva, orientada a serviços e criatividade;
específica pretendida.
VI – acessibilidade: fomento à acessibilidade e à
§ 1º A designação do magistrado para atuar nos
inclusão;
“Núcleos de Justiça 4.0” obedecerá os critérios de
VII – sustentabilidade socioambiental: promoção da antiguidade e merecimento dos inscritos.
sustentabilidade socioambiental;
§ 2º Terão prioridade para designação em "Núcleos de
VIII – desenvolvimento sustentável: desenvolvimento Justiça 4.0", em caso de empate no critério de
econômico-social com a preservação da qualidade do merecimento, os magistrados que atendam
meio ambiente e do equilíbrio ecológico, alinhado aos cumulativamente aos requisitos insculpidos no art. 5o,
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Agenda incisos I e II, da Resolução CNJ no 227/2016.
2030;
§3º A designação de magistrados para atuar em
IX – desburocratização: aprimoramento e simplificação “Núcleos de Justiça 4.0” poderá ser exclusiva ou
de tarefas, procedimentos ou processos de trabalho, cumulativa à atuação na unidade de lotação original.
de modo a promover agilidade, otimização de
§4º O exercício cumulativo poderá ser convertido em
recursos e ganho de eficiência à prestação de serviços;
exclusivo quando, a critério do tribunal, a distribuição
e
média de processos ao Núcleo justificar.
X – transparência: acesso à informação e aos dados
§ 5º O magistrado designado de forma cumulativa
produzidos pelo Poder Judiciário, respeitadas as
poderá ser posto em regime de trabalho remoto
hipóteses de restrição e de sigilo legal e a proteção de
parcial, dimensionado de forma a não prejudicar a
dados pessoais.
realização de audiências, a prestação da jurisdição e
#30 – Resolução CNJ 385/21 – Núcleos de Justiça nem a administração da unidade de lotação original.
4.0 – Pontos importante
G) PRAGMATISMO, ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO E
Art. 2º A escolha do “Núcleo de Justiça 4.0” pela parte ECONOMIA COMPORTAMENTAL 1. Função judicial e pragmatismo.
autora é facultativa e deverá ser exercida no momento Antifundacionalismo. Contextualismo. Consequencialismo.
da distribuição da ação. Racionalismo e Empirismo. Dialética. Utilitarismo. 2. Análise
econômica do direito. Conceitos fundamentais. Racionalidade
§ 1º O processo atribuído a um “Núcleo de Justiça 4.0” econômica. Eficiência processual. Métodos adequados de resolução
será distribuído livremente entre os magistrados para de conflitos e acesso à Justiça. Demandas frívolas e de valor
esperado negativo. Precedentes, estabilidade da jurisprudência e
ele designados.
segurança jurídica. Coisa Julgada. 3. Economia comportamental.
§ 2º É irretratável a escolha da parte autora pela Heurística e vieses cognitivos. A percepção de Justiça. Processo
cognitivo de tomada de decisão. 4. Governança corporativa e
tramitação de seu processo no “Núcleo de Justiça 4.0”. Compliance no Brasil. Mecanismos de Combate às organizações
criminosas e Lavagem de Dinheiro. Whistleblower.
§ 3º O demandado poderá se opor à tramitação do
processo no “Núcleo de Justiça 4.0” até a
apresentação da primeira manifestação feita pelo #31- Características do pragmatismo
advogado ou defensor público. Antifundacionalismo: rejeita a existência de
§ 4º Havendo oposição da parte ré, o processo será entidades metafísicas ou conceitos abstratos,
remetido ao juízo físico competente indicado pelo estáticos e definitivos no direito, imunes às
autor, submetendo-se o feito à nova distribuição. transformações sociais.
Contextualismo: a interpretação jurídica é norteada extrair princípios e regras que refletem as
por questões práticas e o direito é visto como prática experiências reais de aplicação da lei.
social.
#35 - Economia comportamental, heurística e
Consequencialismo: as decisões devem ser tomadas vieses cognitivos
a partir de suas consequências práticas (olhar para o
Economia comportamental: é uma abordagem
futuro e não para o passado)
interdisciplinar que combina insights da psicologia
#32 - O utilitarismo jurídico cognitiva e da economia para entender como as
pessoas tomam decisões econômicas na vida real. Ela
Para Fernando Herren Aguilar, tem-se desenvolvido
reconhece que as decisões econômicas nem sempre
no ramo jurídico uma extensão das ideias utilitaristas
são racionais ou baseadas em informações completas,
originadas no campo da política e da economia.
como sugerido pelo modelo tradicional de homo
Como regra geral, tais ideias servem para avaliar o
economicus. Em vez disso, a economia
impacto econômico (ou a eficiência econômica) de
comportamental explora como fatores psicológicos,
regras jurídicas, como, por exemplo, “a análise dos
sociais e emocionais influenciam as escolhas
custos para a coletividade que representam os
econômicas das pessoas.
diversos elementos do sistema legal e judiciário
existente, em relação aos benefícios que dele Heurística: refere-se a atalhos mentais ou estratégias
resultam. simplificadas que as pessoas usam para tomar
decisões rápidas e eficientes, muitas vezes em
Em situações mais extremas, as ideias de eficiência
situações complexas ou incertas. As heurísticas são
econômica podem levar a propor um critério de
úteis porque ajudam a economizar tempo e energia
julgamento da conveniência ou não de se seguir a
cognitiva, mas também podem levar a erros
norma positivada, aferida por cálculos utilitaristas.
sistemáticos de julgamento.
#33 – Racionalismo
Vieses Cognitivos: são padrões sistemáticos de
O racionalismo é uma corrente filosófica que enfatiza desvios do pensamento lógico ou das probabilidades
o papel da razão, do pensamento lógico e da estatísticas. Eles são resultado da aplicação de
dedução na obtenção do conhecimento. No contexto heurísticas, muitas vezes inconscientemente, que
do direito, o racionalismo sugere que os princípios podem levar a julgamentos e decisões distorcidos.
legais e os procedimentos devem ser derivados de Alguns exemplos comuns de vieses cognitivos
princípios lógicos universais e deduções racionais. Os incluem:
racionalistas argumentam que as regras e decisões
Viés de Confirmação: A tendência de buscar,
jurídicas devem ser consistentes e coerentes,
interpretar e lembrar informações que confirmam
baseando-se em princípios abstratos e axiomas que
nossas crenças pré-existentes, ignorando
podem ser discernidos através da razão pura.
informações contrárias.
Dentro do racionalismo jurídico, o pensamento de
Viés de Disponibilidade: A tendência de dar mais
juristas como Hans Kelsen é relevante. Kelsen propôs
peso a informações ou exemplos que vêm facilmente
uma abordagem hierárquica das normas legais, em
à mente, muitas vezes devido a sua recentidade ou
que a validade de uma norma era derivada da norma
vividez.
superior, até chegar a uma norma fundamental. Isso
exemplifica como o racionalismo busca construir Viés de Ancoragem: A tendência de ser influenciado
sistemas jurídicos lógicos e coerentes a partir de por um valor inicial (âncora) ao tomar decisões,
princípios hierárquicos. mesmo que essa âncora não seja relevante para a
decisão em questão.
#34 – Empirismo
Viés de Status Quo: A preferência por manter as coisas
O empirismo se baseia na experiência sensorial e na
como estão, em vez de fazer mudanças, mesmo
observação empírica como base para o
quando mudanças podem ser mais vantajosas.
conhecimento. No contexto do direito, o empirismo
enfatiza a importância da experiência concreta, das Viés de Excesso de Confiança: A tendência de
evidências empíricas e das práticas observáveis na superestimar a precisão de nossas próprias previsões
formação de regras e decisões legais. Os empiristas ou julgamentos, levando a decisões subótimas.
argumentam que a lei deve ser fundamentada nas
Viés de Aversão à Perda: A tendência de dar mais
realidades empíricas da sociedade, refletindo as
peso a evitar perdas do que a obter ganhos, levando
necessidades e práticas das pessoas.
a comportamentos avessos ao risco.
O empirismo no direito frequentemente se manifesta
#36 – Whistleblower
na análise de jurisprudência e de casos concretos. A
partir da observação de como tribunais decidiram Um "whistleblower" (ou denunciante, em português)
casos semelhantes no passado, os juristas podem é uma pessoa que expõe informações confidenciais,
ilegais ou antiéticas de uma organização, empresa ou
governo, geralmente com o objetivo de denunciar qual se projeta para além de aspectos estritamente
irregularidades, fraudes, corrupção ou condutas biológicos ou fenotípicos. (Andre de Carvalho Ramos)
inadequadas.
Racismo recreativo: "projeto de dominação que
Podem ser divididos em internos, funcionários atuais procura promover a reprodução de relações
ou ex-funcionários da organização ou empresa sobre assimétricas de poder entre grupos raciais por meio
a qual estão fazendo a denúncia, e externos, pessoas de uma política cultural baseada na utilização do
de fora da organização ou empresa que têm humor como expressão e encobrimento de
informações sobre atividades ilícitas ou antiéticas. hostilidade racial. O racismo recreativo decorre da
competição entre grupos raciais por estima social,
H) DIREITO DA ANTIDISCRIMINAÇÃO 1. Conceitos Fundamentais sendo que ele revela uma estratégia empregada por
do Direito da Antidiscriminação. 2. Modalidades de Discriminação. membros do grupo racial dominante para garantir que
3. Legislação antidiscriminação nacional e internacional. 4.
o bem público da respeitabilidade permaneça um
Conceitos Fundamentais do Racismo, Sexismo, Intolerância
Religiosa, LGBTQIA+fobia. 5. Ações Afirmativas. 6. Direitos dos privilégio exclusivo de pessoas brancas. A posse
Povos indígenas e das comunidades tradicionais. exclusiva desse bem público garante a elas acesso
privilegiado a oportunidades materiais porque o
#37 - Espécies/formas de racismo humor racista tem como consequência a perpetuação
da ideia de que elas são as únicas pessoas capazes de
Racismo estrutural: "a formalização de um conjunto atuar como agentes sociais competentes". (Adilson
de práticas institucionais, históricas, culturais e Moreira)
interpessoais dentro de uma sociedade que
frequentemente coloca um grupo social ou étnico em Racismo religioso: prática de perseguição às formas
uma posição melhor para ter sucesso e ao mesmo de expressão religiosa que cultivam formas de
tempo prejudica outros grupos de modo consistente e manifestação fundamentadas em valores e elementos
constante causando disparidades que se desenvolvem pertencentes a povos não hegemônicos como
entre os grupos ao longo de um período de tempo". negros, indígenas, ciganos, e que, por conseguinte
(Silvio de Almeida) destoam do paradigma de religião hegemônico.

Racismo institucional: Pela concepção institucional, #38 – Teoria do Impacto Desproporcional

o racismo não se resume a comportamentos ADI nº 4424: "que tal teoria (do impacto
individuais, mas sim, é tratado como o resultado do desproporcional) consiste na ideia de que toda e
modo de funcionamento das instituições, que acaba qualquer prática empresarial, política governamental
por conferir desvantagens e privilégios a partir da ou semigovernamental, de cunho legislativo ou
raça. administrativo, ainda que não provida de intenção
Racismo ambiental: consiste na existência de discriminatória no momento de sua concepção,
impactos negativos de maior força, oriundos da deve ser condenada por violação do princípio
devastação ambiental, incidentes sobre as pessoas constitucional da igualdade material se, em
em situação de vulnerabilidade, mantendo ou consequência de sua aplicação, resultarem efeitos
agravando sua situação de inferiorização. Utiliza-se nocivos de incidência especialmente
aqui o conceito de racismo em sua dimensão social, o desproporcional sobre certas categorias de pessoas".

DIREITOS HUMANOS
1. Teoria Geral dos Direitos Humanos.

#01 – Conceito de Direitos Humanos

Conjunto de faculdades e instituições que, em cada
momento histórico, concretizam as exigências de
dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais
devem ser reconhecidas positivamente pelos
ordenamentos jurídicos em nível nacional e
internacional. #02 – Possibilidade de fundamentação (correntes)
A base dos Direitos Humanos é a dignidade da Fundamento jusnaturalista: normas anteriores ou
pessoa. divinas e superiores ao direito estatal posto,
decorrente de um conjunto de ideias, fruto da razão
humana.
Fundamento racional: normas extraíveis da razão
inerentes à condição humana.
Fundamento positivista: são Direitos Humanos os
valores e os juízos condizentes com a dignidade
positivados no ordenamento.
Fundamento moral: os direitos humanos podem ser
considerados direitos morais que não aferem sua
validade por normas positivadas, mas diretamente de
valores morais da coletividade humana.
Fundamento da dignidade: o ponto em comum de
todas os fundamentos debatidos pela doutrina está
no sentido de que existe um núcleo de direitos que
realizam os direitos mais básicos dos seres humanos,
os direitos de dignidade.
🔾 Estrutura normativa dos Direitos Humanos:
Os Direitos Humanos possuem normatividade aberta,
com maior incidência de princípios que de regras.
Pós-positivismo: Corrente da Filosofia do Direito que
busca a reaproximação entre Direito e Moral, de
modo que as normas jurídicas levem consideração
valores e comportamentos éticos. Em razão disso,
desenvolve-se e consolida-se a teoria dos princípios,
defendidos como espécie de normas e com caráter
vinculativo.
No âmbito interno, essa corrente do pensamento
favorece a positivação desses valores nas respectivas
Constituições, pelo denominado momento do
neoconstitucionalismo.
Para os Direitos Humanos, nada a sua natureza, esse
movimento corrobora e fortalece a disciplina no
âmbito interno e internacional.
#03 – Evolução histórica dos Direitos Humanos A afirmação histórica dos Direitos Humanos constitui
a análise dos principais eventos históricos que, de
algum modo, contribuíram para o desenvolvimento e
para a afirmação dos Direitos Humanos.
Tais eventos, em regra estão relacionados a:
atrocidades, guerras e surtos de violência; ou
descobertas científicas ou invenções técnicas.
#04 – Dimensões dos Direitos Humanos
Para Rafael Barretto, a expressão geração de direitos
representa um conjunto de direitos institucionalizados
num determinado momento histórico, com
características similares e um valor comum.
Nessa esteira, quando se reflete sobre determinada
geração, é preciso identificar quais seriam os direitos
daquela geração, qual o momento histórico, quais as
características e qual o valor específico daquela
geração.
Não há consenso quanto ao número de gerações -
havendo quem fale em 3, 4 e até 5 -, mas existe

56
entendimento pacífico sobre as 3 primeiras gerações, razão, principalmente, da primazia do poder
que, em linhas gerais podem ser assim identificadas. econômico.
Há discussão na doutrina se o mais correto é falar em Marcos históricos: Revolução Mexicana, em 1910; e
gerações ou em dimensões dos Direitos Humanos. Revolução Russa, em 1917, que culminou com o
Ambos querem dizer a mesma coisa, contudo, comunismo da URSS.
prevalece o termo “dimensões”, uma vez que
Marcos Jurídicos: Constituição Mexicana, de 1917,
geração pressupõe a superação de determinada
considerada o primeiro texto constitucional a
fase e construção de um novo modelo.
proclamar direitos sociais; e Constituição de Weimar
Na realidade, a cada fase de evolução dos Direitos na Alemanha, de 1919, outra referência no trato dos
Humanos foram agregados outros direitos que direitos sociais.
vieram a somar com os direitos já assegurados, de
Terceira geração/dimensão:
maneira que não houve superação da geração
anterior, mas uma ampliação da proteção à A terceira dimensão dos Direitos Humanos envolve os
dignidade da pessoa. direitos de solidariedade ou fraternidade,
abrangendo os direitos difusos e coletivos.
Primeira geração/dimensão:
Constituem, na realidade, os direitos assegurados às
A primeira dimensão dos Direitos Humanos pessoas em geral.
compreende os direitos da liberdade, que são os
Essa é uma das dimensões mais importantes para a
direitos civis e políticos, decorrentes das revoluções
nossa disciplina, uma vez que, ao final da 2ª Guerra
liberais e da transição do Estado Absolutista para o
Mundial, as discussões acerca da própria
Estado de Direito.
compreensão do ser humano se modificaram. A
Caracterizam-se esses direitos por imporem uma sociedade passou a compreender a necessidade de
abstenção estatal, por limitarem a atuação do Estado se assegurar ao máximo a proteção da dignidade da
em defesa dos direitos das pessoas. Em razão disso, pessoa. Assim, os direitos de terceira dimensão
se diz que essa dimensão representa direitos às englobam, por exemplo, os direitos relacionados
prestações negativas. Essa característica faz total ao meio ambiente e a proteção jurídica do
sentido com o momento histórico de superação do consumidor. Perceba que tanto em um como em
absolutismo, que consistia num governo concentrado outro caso, a proteção se destina à coletividade, pois
nas mãos dos reis. Como forma de frear o poder do abrange todos que podem ser afetados pelos
soberano, foram criadas limitações legais à atuação descuidos ambientais e por práticas ilegais e abusivas
estatal, que imporiam a obrigação de o Estado não nas relações de consumo.
intervir nos direitos de liberdade e de propriedade.
Marcos históricos: Pós-2ª Guerra Mundial e o
Marcos históricos: Revolução Gloriosa na Inglaterra, surgimento da Organização das Nações Unidas em
em 1688; Independência dos Estados Unidos, em 1945.
1776; e Revolução Francesa de 1789.
Marco jurídico: Declaração Universal dos Direitos
Marcos Jurídicos: Constituição dos EUA, de 1787; e Humanos, criada pela Assembleia Geral da ONU, em
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 1948.
redigida na França, em 1789.
Essas seriam, portanto, as três dimensões dos Direitos
Segunda geração/dimensão: Humanos que remetem aos ideais da Revolução
Francesa, quais sejam: liberdade, igualdade e
Essa geração compreende os direitos relacionados
fraternidade.
à igualdade, abrangendo os direitos sociais,
direitos econômicos e os direitos culturais, em - Liberdade: 1ª Dimensão dos Direitos Humanos
razão da evolução do Estado Liberal para o Estado
- Igualdade: 2ª Dimensão dos Direitos Humanos
Social.
-Fraternidade: 3ª Dimensão dos Direitos Humanos.
Ao contrário da dimensão anterior, os direitos de
segunda dimensão são notadamente prestacionais. Alguns doutrinadores de relevo no estudo da matéria
Vale dizer, os Estados passaram a ser obrigados a afirmam existir a quarta e a quinta dimensões dos
atuar positivamente para assegurar os direitos sociais, Direitos Humanos. Devemos saber, inicialmente, que
econômicos e culturais. Em termos políticos, o que se essas dimensões não são consenso na doutrina.
percebeu na época em que tais direitos foram
Quarta geração/dimensão:
reclamados é que apenas a liberdade não era
suficiente para garantir a dignidade das pessoas. Era Paulo Bonavides compreende que a quarta
necessário, também, uma atuação estatal para corrigir dimensão dos Direitos Humanos envolve a tutela
eventuais distorções ocorridas na sociedade em da democracia, do direito à informação e o

57
pluralismo político que, em última análise, é a outro particular) devem agir no sentido de realizar
dignidade das pessoas na vivência em sociedade. uma conduta para conferir o direito.
Entende o autor que democracia, informação e
- Direito-liberdade: impõe a abstenção ao Estado ou
pluralismo políticos são mecanismos para máxima
a terceiros, no sentido de se ausentarem, de não
efetivação dos Direitos Humanos. A quarta dimensão
atuarem como agentes limitadores.
resulta da globalização dos direitos humanos.
- Direito-poder: possibilita à pessoa exigir a sujeição
Quinta geração/dimensão:
do Estado ou de outra pessoa para que esses direitos
Por fim, Paulo Bonavides enuncia que existe, ainda, a sejam observados.
quinta dimensão dos Direitos Humanos, responsável
- Direito-imunidade: impede que uma pessoa ou o
pelo direito à paz, principalmente em decorrência de
Estado ajam no sentido de interferir nesse direito
atentados terroristas como “11 de Setembro de
2001”, que assolou a comunidade internacional e #06 – Precedentes históricos
impingiu o medo de novos atentados e ataques
São acontecimentos que marcam o surgimento e a
contra a paz mundial.
consolidação dos Direitos Humanos na órbita
#05 – Classificação dos Direitos Humanos internacional.
Teoria dos Status de Jellinek:

- Direito Humanitário: conjunto de normas e de

medidas que objetivam proteger direitos humanos
dos envolvidos em períodos de guerra. (Movimento
da Cruz Vermelha)
- Liga das Nações: organismo internacional criado
com o intuito de promover a cooperação, a paz e a
segurança internacional ("embrião da ONU")
- OIT: organismo internacional que teve por objetivo
Classificação baseada na finalidade:
instituir e promover normas internacionais de
- Direitos propriamente ditos; condições mínimas e digna de trabalho.
- Garantias fundamentais;
2. Sistema global de proteção dos direitos humanos.
Classificação pela forma de reconhecimento:
- Direitos expressos: mencionados de forma expressa. #07 - Sistemas Internacional de Promoção e
Proteção dos Direitos Humanos
- Direitos implícitos: extraído pelo Poder Judiciário
normalmente de princípios. A internacionalização dos direitos humanos nada
mais é do que a expansão, para além das fronteiras
- Direitos decorrentes: oriundos de tratados nacionais, dos direitos fundamentais da pessoa
internacionais. humana, bem como a consagração das normas “jus
Classificação do caso Luth: todos os direitos cogens”.
possuem um viés negativo e positivo ao mesmo
tempo. O que varia é a carga entre uma e outra, de
modo que os direitos ditos prestacionais possuem tão
somente uma carga prestacional mais significativa, ao
passo que os direitos negativos, possuem uma carga
abstencionista mais intensa.
Estrutura dos direitos humanos segundo André de
Carvalho Ramos:
- Direito-pretensão: confere-se ao titular o direito a
ter alguma coisa que é devido pelo Estado ou até
mesmo por outro particular. Assim, o Estado (ou esse

58
 Documento: Direito de Genebra.
3ª Vertente: Direito dos Refugiados
Proteção contra violações a direitos civis, em
decorrência de discriminações, de limitações às
liberdades de expressão e à opinião política
(conceito).
Marco Histórico: pós 2ª Guerra Mundial, quando
houve a necessidade de repatriamento das vítimas
dos conflitos bélicos.
Documento: Estatuto dos Refugiados, de 1951.
Princípios: a) princípio do in dubio pro refugiado; e b)
Os sistemas internacionais de proteção aos Direitos princípio da não-devolução.
Humanos (globais ou regionais) são subsidiários ao #09 – Organização das Nações Unidas
dever interno de atuação.
O Sistema Global é capitaneado pela Organização
International Bill of Rights: conjunto de das Nações Unidas. O surgimento da ONU é marcado
diplomas internacionais formados pela: por uma série de eventos históricos importantes, os
1) Declaração Universal de Direitos quais são denominados de precedentes históricos,
Humanos; com destaque para a Liga das Nações. A primeira
fase de internacionalização dos Direitos Humanos é
2) Pacto Internacional dos Direitos Civis e marcada por três acontecimentos principais:
Políticos; e
3) Pacto Internacional dos direitos Sociais,
Econômicos e Culturais.
#08 – As três vertentes de proteção internacional
1ª Vertente: Direitos Humanos
Proteção internacional à dignidade da pessoa
humana (conceito).
Características:
. Legitimidade ativa do signatário do tratado
para denunciar lesões a direito humanos; e
#10 – Sistemas convencional e extraconvencional
. Possibilidade de peticionamento pelo da ONU
indivíduo que teve seu direito violado junto aos
órgãos internacionais. Mecanismos convencionais

Organismos Internacionais: a) ONU; e b) OEA. Criados no âmbito de um tratado internacional

específico.
Documentos: a) Carta das Nações Unidas; e b)
Convenção Americana de Direitos Humanos. Legitimidade: tratado internacional específico.

2ª Vertente: Direito Humanitário Atuação limitada aos países signatários

Garantia de paz e segurança dos grupos vulneráveis Tutela direitos humanos expressamente albergado no
em razão de conflitos militares e bélicos (conceito). tratado ou convenção

Características: Dependem, como regra, de declaração de aceitação

para o peticionamento ao Comitê
. Consolida a posição do indivíduo como
sujeito passivo de direito internacional; e Mecanismos extraconvencionais

. Impossibilidade de peticionamento pelo Criados no âmbito das organizações internacionais.

indivíduo que teve seu direito humano violado. Legitimidade: tratados internacionais, costumes
Organismos Internacionais: a) Movimento internacionais e princípios gerais do direito.
Internacional da Cruz Vermelha; e b) Tribunal Penal Atuação perante todo e qualquer país.
Internacional.

59
Aplica-se a todo e qualquer direito humano violado #12 – Direitos albergados na DUDH
de forma sistemática.
Ponto importante para memorização: a
Independem de declaração para que possam ser Constituição Federal, alinhada ao sistema global de
acionados perante a Comissão de Direitos Humanos direitos humanos, reproduziu todos esses direitos
por violações sistemáticas a direitos humanos. contidos no rol presente na DUDH em seu texto.
#11 – Declaração Universal de Direitos Humanos
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH
ou UDHR pela sigla em inglês), adotada pela
Assembleia-Geral da ONU em 1948, é o principal
instrumento do Sistema Global e a principal
contribuição para a universalização da proteção ao ser
humano.
A DUDH consagra direitos de primeira e segunda
dimensões, sendo considerado o primeiro
documento de natureza universal a proteger as
categorias conjuntamente. É conhecida como o
grande marco da universalidade e inerência dos
Direitos Humanos.

Em um primeiro momento, a DUDH tem natureza

jurídica de mera RESOLUÇÃO, não possuindo #13 – Pacto Internacional de Direitos Civis e
caráter vinculante. Entretanto, em um momento Políticos (PIDCP)
posterior já é possível sustentar que a DUDH
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
conquistou status de norma vinculante, com base
(PIDCP) foi firmado em dezembro de 1966 e
em dois argumentos:
depositado pelo Brasil somente no ano de 1992,
a) que a DUDH já conquistou natureza de costume após aprovação do texto pelo Congresso Nacional
internacional, que é fonte de Direitos Humanos; por intermédio do Decreto Legislativo 226/1991.
b) que a DUDH representa uma interpretação No Brasil, o PIDCP possui status de norma supralegal.
autêntica ou autorizada dos preceitos de direitos
O Pacto teve por finalidade tornar juridicamente
humanos constantes na Carta das Nações Unidas.
vinculantes aos Estados vários direitos já
A partir do seu texto, extrai-se que a proteção à contidos na Declaração Universal de 1948,
dignidade da pessoa decorre da simples condição detalhando-os e criando mecanismos de
humana. monitoramento internacional de sua implementação
pelos Estados Partes.
Ao Pacto foram somados dois protocolos
facultativos:
- Primeiro Protocolo Facultativo ao PIDCP (1966):
teve a função de trazer alguns avanços na proteção
dos direitos civis e políticos ao prever o mecanismo
de peticionamento individual ao Comitê de
Direitos Humanos em caso de violação às normas do
PIDCP.
- Segundo Protocolo Facultativo ao PIDCP (1989):
teve por função reduzir a aplicação da pena de morte
como espécie de sanção penal no âmbito do PIDCP.

60
O Brasil ratificou os dois protocolos, mas não os
internalizou, ou seja, não houve expedição de
decreto para vigorar na ordem interna.
O Brasil não fez a declaração para aceitar petições
interestatais.
Comitê de Direitos Humanos
É o Órgão de Proteção do PIDCP, possuindo os
seguintes mecanismos convencionais de proteção:
Relatórios periódicos, Comunicações interestatais
e Petições individuais.

Principais características do Comitê

Obs: Art. 9.3 previu a garantia da

audiência de custódia.
Obs²: O PIDCP não previu o direito à
propriedade.
#14 - Pacto Internacional Dos Direitos
Sociais, Econômicos e Culturais (PIDESC)
Direitos e garantias albergados
O Pacto Internacional dos Direitos Sociais,
Econômicos e Culturais (PIDSEC) foi editado pela
ONU em 1966, incorporado ao nosso
ordenamento pelo Decreto nº 591/1992, após
aprovação pelo Congresso Nacional por intermédio
do Decreto Legislativo nº 226/1991 e depósito em
1992.
Adicionalmente ao referido Pacto, foi firmado o
Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. O referido
Protocolo Facultativo criou o Comitê de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais (Comitê DESC),
que é responsável pelo recebimento e pela análise
das petições individuais ou no interesse de
indivíduos ou grupos de indivíduos, que forem
vítimas de violação dos direitos consubstanciados no
Pacto.

61
Com a entrada em vigor do Protocolo Facultativo ao
Pacto Internacional de Direitos Sociais, Econômicos
e Culturais foram introduzidos os seguintes 3. Sistema regional interamericano de proteção dos direitos
mecanismos de proteção: petições individuais, humanos.
medidas de urgência, comunicações
interestatais e investigações in loco em caso #15 – Organização dos Estados Americanos (OEA)
de graves e sistemáticas violações aos seus
A OEA é o órgão central do sistema interamericano
direitos e obrigações.
de Direitos Humanos, que foi estabelecido pela
O Brasil NÃO assinou o protocolo facultativo ao Carta da OEA, em 1948, a qual determina seus
PIDESC. propósitos e princípios. Atualmente, a OEA abrange
todos os países das Américas e do Caribe.
Segundo Flavia Piovesan, o Protocolo Facultativo é
uma relevante iniciativa para romper com o
desequilíbrio até então existente entre a proteção
conferida aos direitos civis e políticos e aos direitos
econômicos, sociais e culturais na esfera
internacional, endossando a visão integral dos
direitos humanos, a indivisibilidade e a
interdependência de direitos.
O art. 2º destaca uma característica
peculiar dos direitos previstos no A Carta da OEA abrange tanto os direitos de primeira
PIDESC em relação ao Pacto dimensão (direitos civis e políticos) como os direitos
Internacional dos Direitos Civis e de segunda dimensão (os direitos sociais,
Políticos: a implementação econômicos e culturais).
progressiva, de acordo com os
Entre os direitos constantes na Carta da OEA,
recursos de que dispõe o Estado.
destacam-se:
Isso denota o que a doutrina denomina de caráter
programático. Assim, os Estados que assinaram o
Pacto obrigam-se a adotar medidas, no limite dos
recursos disponíveis, a fim de alcançarem
progressivamente a plena realização dos direitos
previstos no Pacto.

#16 – Convenção Americana sobre Direitos

Humanos (CADH)/Pacto de San José da Costa Rica
O Pacto de San José da Costa Rica é o principal
instrumento para a implementação dos Direitos
Humanos no âmbito da OEA. Editado em 1969, foi
ratificado e promulgado pelo Brasil somente em
1992.
Direitos albergados:
O Pacto de San José da Costa Rica previu apenas
direitos de primeira dimensão, ou seja, direitos civis e
políticos. Em relação aos direitos de segunda
dimensão – direitos sociais, econômicos e culturais
– há menção no artigo 26, dispondo que os Estados
devem se comprometer a adotar providências,
mediante cooperação internacional, tendo em
vista a necessidade de atingir progressivamente
a efetividade dos direitos decorrentes de normas
econômicas, sociais de educação, ciência e cultura.
Os direitos sociais, econômicos e culturais somente
foram disciplinados no denominado Primeiro
Protocolo Facultativo à Convenção Americana

62
sobre Direitos Humanos (Protocolo de San nos casos de guerra, de perigo público ou de
Salvador). emergência que ameace a independência ou a
segurança do Estado. Essa suspensão deverá ocorrer
sempre por prazo determinado e as situações
emergenciais referidas não podem decorrer de
práticas discriminatórias. O Estado que exercer o
direito de suspensão deverá informar as demais
Estados-partes por meio do Secretário-Geral da OEA.
A disposição precedente não autoriza a suspensão
dos direitos determinados nos seguintes artigos: 3
(Direito ao Reconhecimento da Personalidade
Jurídica), 4 (Direito à vida), 5 (Direito à Integridade
Pessoal), 6 (Proibição da Escravidão e Servidão), 9
(Princípio da Legalidade e da Retroatividade), 12
(Liberdade de Consciência e de Religião), 17
(Proteção da Família), 18 (Direito ao Nome), 19
(Direitos da Criança), 20 (Direito à Nacionalidade) e 23
(Direitos Políticos), nem das garantias indispensáveis
para a proteção de tais direitos.
Cláusula Federal
Transmite é a ideia de que os Estados-partes
constituídos em forma de federação (como o Brasil),
não poderão alegar o descumprimento das
disposições do Pacto de San José da Costa Rica sob
o argumento de que internamente essa
competência é do ente federado (por exemplo, o
Estado do Paraná).
De fato, a vinculação ao Pacto é feita
diretamente pelo Estado Federal, uma
vez que possui personalidade
internacional. Assim, se determinado
direito previsto no Pacto for de
responsabilidade de um estado federado, ao Estado
Federal compete o dever de adotar as medidas
cabíveis para que se proceda a implementação
interna do direito. Observe que não é possível que
haja ingerência da União nos Estados, todavia, a União
deve empenhar esforços para que o Estado adote as
É importante deixar consignado que ao aderir à
medidas necessárias.
supracitada Convenção, o Brasil fez uma reserva para
que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ARTIGO 28. Cláusula Federal
ao proceder uma investigação, apenas poderá 1. Quando se tratar de um Estado-Parte constituído
efetivar visitas e inspeções in loco no território como Estado federal, o governo nacional do aludido
nacional se existir anuência explícita do Brasil. Estado-Parte cumprirá todas as disposições da
Lembre-se ainda que a tutela dos direitos humanos presente Convenção, relacionadas com as matérias
consagrada no Pacto de San José da Costa Rica deve
sobre as quais exerce competência legislativa e
ser enxergada como complementar ou coadjuvante
judicial.
em relação ao direito interno, ou seja, tão somente na
ausência de norma ou em caso de proteção 2. No tocante às disposições relativas às matérias que
insuficiente emprega-se o delineado na Convenção correspondem à competência das entidades
Americana de Direitos Humanos. componentes da federação, o governo nacional deve
tomar imediatamente as medidas pertinentes, em
Uma das regras mais importantes e conhecidas do conformidade com sua constituição e suas leis, a fim
Pacto é a que assegura o Direito de suspensão das de que as autoridades competentes das referidas
normas previstas no documento internacional. entidades possam adotar as disposições cabíveis para
Direitos assegurados no Pacto de San José da Costa o cumprimento desta Convenção.
Rica poderão ser suspensos nos termos do artigo 27,

63
3. Quando dois ou mais Estados-Partes decidirem 2º. Apresentação do expediente internacional no
constituir entre eles uma federação ou outro tipo de prazo de 6 meses a contar da decisão interna
associação, diligenciarão no sentido de que o pacto insatisfatória;
comunitário respectivo contenha as disposições
3º. Não haja outro procedimento internacional
necessárias para que continuem sendo efetivas no
apurando a questão (ausência de litispendência
novo Estado assim organizado as normas da presente
internacional); e
Convenção.
4º. Identificação com nome, nacionalidade,
Comissão Interamericana de Direitos Humanos
domicílio e assinatura (não são aceitas petições
(CIDH):
individuais apócrifas).
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Contudo, a própria CADH estipula exceções aos dois
constitui o órgão executivo, no âmbito da OEA,
primeiros requisitos, podendo ser dispensados:
responsável pela promoção, pela observância e
pela defesa dos direitos humanos no Sistema - Se não houver, na legislação interna do Estado
Americano. Logo, sua principal tarefa é a de que se tratar, o devido processo legal para a
responsabilização dos Estados em caso de proteção do direito que se alegue violados;
descumprimento dos direitos civis e políticos
- Se não houver permitido ao prejudicado, em seus
expressos na Carta e na Declaração Americana.
direitos, o acesso aos recursos da jurisdição
A CIDH possui funções tanto no âmbito da OEA, interna;
quanto no âmbito da CADH, assumindo um caráter
- Se houver demora injustificada na decisão sobre
dúplice de atuação.
os mencionados recursos.
Por fim, serão consideradas inadmissíveis as petições
ou as comunicações interestatais que:
- Não preencher os requisitos de admissibilidade,
previstos no artigo 46 acima analisados;
- O fato exposto não caracterizar violação a direito
Composição: 7 membros comissionados. de alta humano previsto no Pacto;
autoridade moral e de reconhecido saber em
matéria de direitos humanos. Eleitos a título pessoal - As alegações forem manifestamente infundadas; e
entre candidatos indicados pelos governos dos - O expediente apresentado constitua reprodução de
Estados-membros. Terão mandato de 4 anos petição ou comunicação anterior.
podendo ser reeleitos 1 vez. Não pode fazer parte
da Comissão mais de um nacional de um mesmo
Estado.

Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte

IDH)
Segundo Sidney Guerra, a Corte Interamericana de
Direitos Humanos se apresenta como instituição
judicial independente e autônoma, cujo objetivo é
a aplicação e a interpretação da Convenção
O artigo 46, do Pacto, enuncia 4 requisitos de Americana sobre Direitos Humanos. Trata-se,
admissibilidade das petições e comunicações para portanto, de um tribunal com o propósito primordial
que sejam admitidas pela Comissão: resolver os casos protegidos pela Convenção
1º. Esgotamento ou inexistência de recursos Americana.
internos para reparação do direito humano violado Composição: 7 juízes nacionais dos Estados que
ou quando os recursos disponíveis forem inefetivos; compõem a OEA, não sendo possível que haja dois
juízes de mesma nacionalidade. Os julgadores são

64
eleitos por meio de Assembleia-Geral da OEA, pelo - A Corte IDH somente expede medidas provisórias
voto da maioria absoluta dos membros, entre pessoas em face de Estados que tenham aderido à CADH e
de alta autoridade moral e reconhecida competência aceitado a jurisdição contenciosa da Corte IDH;
em matéria de Direitos Humanos, para mandato de 6
- Depende de intermédio da CIDH ou, se o caso
anos, admitindo-se uma reeleição.
estiver sob análise contenciosa da Corte IDH, pode se
Há, na Convenção, uma regra importante no que diz dar de ofício (ex officio) ou a pedido da vítima.
respeito à composição da Corte para fins de
julgamento. Consagrou-se o direito de o país que 4. Controle de convencionalidade.
está sendo julgado possuir um juiz de sua
nacionalidade dentro da Corte, de modo que, caso #17 – Controle de Convencionalidade
entre os 7 juízes regulares não houver nenhum
nacional do Estado acusado, será possível a O controle de convencionalidade representa a análise
nomeação de um juiz ad hoc. da compatibilidade dos atos internos tendo como
parâmetro as normas internacionais (tratados,
O quórum deliberativo da Corte será de 5 votos. costumes internacionais, princípios gerais de direito,
Competência "ratione personae”:Somente os atos unilaterais, resoluções vinculantes de
Estados-partes e a Comissão Interamericana poderão organizações internacionais).
submeter um caso à decisão da Corte. Não se confere, À medida que os tratados internacionais de direitos
portanto, legitimidade às pessoas, aos grupos ou às humanos ou são materialmente constitucionais (art.
entidades. 5º, §2º) ou material e formalmente constitucionais (art.
A Corte IDH possui competência contenciosa 5º, §3º), é lícito entender que o clássico controle de
(resolver os litígios que lhes são submetidos) e constitucionalidade deve agora dividir espaço com
consultiva (responder questionamentos sobre a esse novo controle (“de convencionalidade”) da
interpretação de determinada regra do Sistema produção e aplicação da normatividade interna.
Interamericano e sobre a compatibilidade das
leis internas com o Pacto de San José da Costa
Rica).
A sentença da Corte será definitiva e inapelável.
Em caso de divergência sobre o sentido ou alcance da
sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de
qualquer das partes, desde que o pedido seja
apresentando dentro de noventa dias a partir da data
da notificação da sentença.
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o
Medidas de urgência: controle concentrado de convencionalidade
Medidas cautelares somente seria possível nos casos em que um
tratado ou convenção tenha sido aprovado pelo
- Expedida pela Comissão em situações de Poder Legislativo seguindo o processo de
gravidade; aprovação de emendas constitucionais.
- Não tem natureza convencional, pois sua base Esse controle pode ter efeito negativo (invalidação
normativa está prevista apenas no Regulamento da das normas e decisões nacionais contrárias às normas
CIDH (art. 25); internacionais, resultando no chamado controle
- Sem efeito vinculante; destrutivo ou saneador de convencionalidade), ou
positivo (interpretação adequada das normas
- A CIDH expede medidas cautelares em face de nacionais para que estas sejam conformes às normas
qualquer Estado membro da OEA, ainda que ocorra internacionais, resultando em um controle construtivo
de o Estado não ter aderido à CADH. de convencionalidade).
- Indivíduos e organizações podem apresentar Explica André de Carvalho Ramos: “O controle de
solicitações diretamente à CIDH. convencionalidade de matriz internacional é, em
Medidas provisórias geral, atribuído a órgãos internacionais compostos
por julgadores independentes, criados por tratados
- Expedida pela Corte IDH em situações de extrema internacionais, para evitar que os próprios Estados
gravidade; sejam, ao mesmo tempo, fiscais e fiscalizados, criando
- Tem natureza convencional (CADH, art. 63.2); a indesejável figura do judex in causa sua. Corte
Europeia, Interamericana e Africana, os comitês
- Com efeito vinculante; onusianos, entre outros. (...) Há ainda o controle de

65
convencionalidade de matriz nacional, que vem a
ser o exame de compatibilidade do ordenamento
interno diante das normas internacionais
incorporadas, realizado pelos próprios juízes
internos.”
O crime de desacato, para a Comissão
Interamericana, é inconvencional, pois viola a
liberdade de manifestação do pensamento. Contudo,
o STJ continua entendendo pela sua
constitucionalidade/ convencionalidade. Também Os tratados internacionais são assinados, no Brasil,
entendeu o STF, em 19 de junho de 2020, pela pelo Presidente da República no exercício da Chefia
improcedência da ADPF 496, reforçando mais uma de Estado, conforme art. 84, VIII, da Constituição
vez a compatibilidade do crime de desacato com o Federal. (1ª Fase – assinatura)
ordenamento jurídico pátrio. O Presidente da República possui a competência
Em verdade, caso alguém ofenda, humilhe, despreze privativa para celebrar tratados, convenções e
alguém, isso poderá caracterizar crime contra a honra, atos internacionais. Contudo, esses documentos
por exemplo. Porém, lembremos que o Direito Penal estarão sujeitos a referendo pelo Congresso
deve ser a ultima ratio. O que ocorre no crime de Nacional, o que denota a aplicação do modelo de
desacato é o chamado “Chilling effect” ou “efeito duplicidade de vontades ou teoria da junção de
amedrontador/resfriador/paralisante”. Isto é, o vontades ou teoria dos atos complexos.
indivíduo fica inibido de apresentar suas críticas De acordo com a Constituição, após a assinatura
contra o agente público, tendo em vista o pelo Presidente o tratado internacional ficará
subjetivismo existente no crime de desacato. sujeito à aprovação (referendo) pelo Congresso
Teoria da quarta instância: no Caso Gomes Lund Nacional, nos termos do art. 49, I, da Constituição
(que envolve o desaparecimento forçado de pessoas Federal. (2ª Fase – aprovação do Congresso
no período da Guerrilha do Araguaia), o Brasil alegou Nacional).
na Corte, em preliminar, que no âmbito interno havia CF, Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso
uma decisão do STF sobre o caso. Assim, se a Corte Nacional:
IDH prosseguisse com o julgamento do caso, ela
acabaria se tornando uma instância revisora de I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos
julgamentos locais, ou seja, uma espécie de “quarta ou atos internacionais que acarretem encargos ou
instância”. Contudo, tal exceção não foi acolhida pela compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
Corte IDH, uma vez que não há qualquer hierarquia Há, na sequência, a fase de ratificação e de depósito
entre o Supremo Tribunal Federal e a Corte. O que do tratado. Diz a doutrina que o ato de ratificação e
deve haver é uma relação de diálogo, depósito é a “certidão de nascimento jurídico do
complementaridade e reciprocidade, mas jamais de tratado internacional”. A partir da ratificação e do
hierarquia. depósito, o tratado internacional passa a
A Corte IDH não funciona como uma outra instância vincular o Estado no cenário internacional. (3ª
de julgamento, e não há uma hierarquia entre as Fase – Ratificação e depósito).
decisões domésticas e as da Corte IDH. Veja-se, por Contudo, internamente, é necessária uma última fase:
exemplo, o fato de o STF reconhecer que a Lei de a promulgação do tratado internacional na ordem
Anistia é constitucional, e a Corte IDH, em diversos interna. A promulgação do tratado internacional
julgamentos, entender que as leis de anistias são internamente consiste na transformação do
inconvencionais. tratado internacional em lei interna do país. (4ª
Fase – promulgação interna).
5. A relação entre o direito internacional dos direitos humanos e o
direito brasileiro. 6. Os direitos humanos na Constituição Federal A prevalência dos direitos humanos é um dos
de 1988. 7. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal em princípios que regem as relações interacionais da
matéria de direitos humanos. República Federativa do Brasil.
Segundo a CF/88:
#18 - Incorporação das normas internacionais de
proteção de Direitos Humanos ao direito brasileiro § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do
Para que um tratado obrigue o Estado brasileiro
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
internamente ele deverá passar por quatro fases. São
tratados internacionais em que a República
elas:
Federativa do Brasil seja parte.

66
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão.
Quanto a hierarquia interna dos
tratados, o STF estabeleceu o
seguinte entendimento:
Tratados Internacionais
Comuns: Paridade normativa com a lei ordinária;
Tratados Internacionais de Direitos Humanos
aprovados pelo rito próprio das emendas
constitucionais: Equivalência de emenda
constitucional;
Tratados Internacionais de Direitos Humanos
aprovados pelo rito ordinário: Status supralegal.
A natureza supralegal (acima das leis, abaixo da
Constituição Federal) dos tratados internacionais de
Direitos Humanos aprovados com quórum ordinário
abrange não apenas os tratados posteriores à
Emenda Constitucional 45/2004, mas especialmente
os tratados internacionais já aprovados e
perfeitamente internalizados em nosso
ordenamento. Um exemplo é o Pacto de San José da
Costa Rica, promulgado em 1992.
#19 – Casos julgados na Corte IDH envolvendo o
Estado Brasileiro

67
 dever de adotar disposições de direito interno e
com a obrigação de atuar com a devida diligência
para prevenir, investigar e sancionar a violência
contra a mulher, em prejuízo de M.B.S e S.R.S., mãe
e pai de Márcia Barbosa de Souza, vítima de homicídio
em junho de 1998, em João Pessoa, Paraíba. A Corte
IDH caracteriza a condenação como consequência da
aplicação indevida da imunidade parlamentar em
benefício do principal suspeito pelo homicídio da
senhora Barbosa de Souza, da falta de devida
diligência nas investigações realizadas sobre os fatos,
do caráter discriminatório em razão de gênero de
tais investigações, assim como da violação do prazo
razoável.
Caso Sales Pimenta Vs. Brasil
Em 30 de junho de 2022, a Corte Interamericana de
Direitos Humanos proferiu Sentença mediante a qual
declarou a República Federativa do Brasil
internacionalmente responsável pela violação dos
direitos às garantias judiciais e à proteção judicial
e ao direito à verdade, contidos nos artigos 8.1 e 25
da Convenção Americana sobre Direitos Humanos,
em relação à obrigação de respeito e garantia dos
direitos, estabelecida no artigo 1.1 do mesmo
instrumento, em prejuízo a Geraldo Gomes Pimenta,
Maria da Glória Sales Pimenta, Sérgio Sales Pimenta,
Marcos Sales Pimenta, José Sales Pimenta, Rafael
Sales Pimenta, André Sales Pimenta e Daniel Sales
Pimenta. Isso como consequência das graves
ausências do Estado na investigação sobre a morte
violenta de Gabriel Sales Pimenta, as quais implicaram
o descumprimento do dever de devida diligência
Casos recentes: reforçada para investigar crimes cometidos contra
Caso dos(as) Empregados(as) da Fábrica de Fogos pessoas defensoras de direitos humanos, bem
de Santo Antônio de Jesus e seus familiares Vs. como a vulneração flagrante da garantia do prazo
Brasil: razoável e a situação de absoluta impunidade em que
se encontra o referido homicídio até a atualidade.
O caso refere-se à responsabilidade internacional da
República Federativa do Brasil pelas violações a #20 - Tratados incorporados com status de EC
diversos direitos, em prejuízo a 60 pessoas falecidas Atualmente, temos quatro tratados
e seis sobreviventes da explosão de uma fábrica de internacionais aprovados com quórum
fogos de artifícios, no município de Santo Antônio de emenda constitucional e que,
de Jesus, Estado da Bahia, assim como a 100 portanto, são equiparados às
familiares das pessoas falecidas e sobreviventes da emendas constitucionais: Convenção
explosão. A Corte constatou que, como consequência da ONU sobre os Direitos das
da explosão, foram violados os direitos à vida, à Pessoas com Deficiência; o Protocolo Facultativo à
integridade pessoal, ao trabalho em condições Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas
equitativas e satisfatórias, direitos da criança, à com Deficiência; Tratado de Marraqueche;
igualdade e não discriminação, à proteção judicial Convenção Interamericana contra o Racismo, a
e às garantias judiciais. Discriminação Racial e Formas Correlatas de
Caso Barbosa de Souza e outros Vs. Brasil Intolerância.

O caso refere-se à responsabilidade internacional do #21 – Julgados do STF em Direitos Humanos

Estado Brasileiro pela violação dos direitos às i) o STF, no Recurso Extraordinário (RE) 1017365, com
garantias judiciais, à igualdade perante a lei e à repercussão geral (Tema 1.031), rejeitou a tese do
proteção judicial, com relação às obrigações de marco temporal: “(...) III - A proteção constitucional
respeitar e garantir direitos sem discriminação e ao aos direitos originários sobre as terras que

68
tradicionalmente ocupam independe da existência especial desses diplomas internacionais
de um marco temporal em 5 de outubro de 1988 ou sobre direitos humanos lhes reserva lugar
da configuração do renitente esbulho, como conflito específico no ordenamento jurídico, estando
físico ou controvérsia judicial persistente à data da abaixo da Constituição, porém acima da legislação
promulgação da Constituição. Segundo a tese do interna. O status normativo supralegal dos tratados
marco temporal, que foi rejeitada, os povos indígenas internacionais de direitos humanos subscritos pelo
teriam direito de ocupar apenas as terras que Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional
ocupavam ou já disputavam na data de promulgação com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao
da Constituição de 1988. ato de adesão.
ii) Quanto ao alcance da imunidade de jurisdição de v) Quanto à possibilidade de alteração de gênero no
Estado estrangeiro em relação a ato de império assento de registro civil de transexual, mesmo sem a
ofensivo ao direito internacional da pessoa humana realização de procedimento cirúrgico de
(Tema 944), o STF fixou a seguinte tese: Os atos redesignação de sexo, o STF decidiu no RE 670422
ilícitos praticados por Estados estrangeiros em (Tema 761): “I - O transgênero tem direito
violação a direitos humanos, dentro do território fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e
nacional, não gozam de imunidade de jurisdição. de sua classificação de gênero no registro civil, não
se exigindo, para tanto, nada além da
iii) O STF decidiu que a tipificação do crime de
manifestação de vontade do indivíduo, o qual
desacato é compatível com o Estado Democrático
poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial
de Direito. Entretanto, a Corte Interamericana já
como diretamente pela via administrativa; II - Essa
declarou que as tipificações de desacato possuem o
alteração deve ser averbada à margem do assento de
potencial de violar o direito à liberdade de expressão
nascimento, vedada a inclusão do termo
previsto no artigo 13 da Convenção Americana, visto
‘transgênero’; III - Nas certidões do registro não
que (i) restringem indevidamente discursos
constará nenhuma observação sobre a origem do ato,
especialmente protegidos (ii) constituem legislações
vedada a expedição de certidão de inteiro teor,
vagas que possibilitam interpretações abusivas, (iii)
salvo a requerimento do próprio interessado ou
invertem o princípio da não criminalização e (iv)
por determinação judicial; IV - Efetuando-se o
provocam um acentuado efeito inibidor à liberdade
procedimento pela via judicial, caberá ao
de expressão de toda a coletividade.
magistrado determinar de ofício ou a
iv) Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao requerimento do interessado a expedição de
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. mandados específicos para a alteração dos demais
11) e à Convenção Americana sobre Direitos registros nos órgãos públicos ou privados
Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo
ambos no ano de 1992, não há mais base legal para sobre a origem dos atos.”
prisão civil do depositário infiel, pois o caráter

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e
1. Direito material e direito processual. Normas processuais
fundamentais. Boa-fé, eficiência e colaboração processual. Direito se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
processual e Constituição. Acesso à Justiça. Lesão e ameaça a previstas em lei.
direito. Instrumentalidade, efetividade, adequação, tempestividade
e eficiência da tutela jurisdicional. Princípio da economia - Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição: Art. 3º
processual. Garantia da duração razoável do processo. Meios Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça
adequados de resolução de conflitos. Conciliação e mediação. ou lesão a direito.
Arbitragem. Aplicação das normas processuais. 2. Jurisdição e
competência. Conceito. Características. Espécies. Escopos. § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
Critérios. Limites. Princípios. Cooperação internacional.
Incompetência absoluta e relativa. Meios de Suscitação. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a
Modificação de competência. Prevenção. Prorrogação. solução consensual dos conflitos.
Perpetuação. Cooperação nacional. Atos de concertação. Produção
de prova única nos litígios em massa. Ação: conceito, natureza § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de
jurídica, teorias, condições, identificação e classificação. solução consensual de conflitos deverão ser
estimulados por juízes, advogados, defensores
#01 – Normas processuais fundamentais

69
públicos e membros do Ministério Público, inclusive Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em
no curso do processo judicial. direito real sobre bens móveis será proposta, em
regra, no foro de domicílio do réu.
Súmula 485, STJ: A Lei de Arbitragem aplica-se aos
contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado
celebrados antes da sua edição. no foro de qualquer deles. Sendo incerto ou
desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser
- Princípio da Duração Razoável do Processo: Art. 4º
demandado onde for encontrado ou no foro de
As partes têm o direito de obter em prazo razoável a
domicílio do autor. Quando o réu não tiver domicílio
solução integral do mérito, incluída a atividade
ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro
satisfativa.
de domicílio do autor, e, se este também residir fora
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
Havendo 2 ou mais réus com diferentes domicílios,
- Princípio da Cooperação: Art. 6º Todos os sujeitos serão demandados no foro de qualquer deles, à
do processo devem cooperar entre si para que se escolha do autor.
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa
A execução fiscal será proposta no foro de domicílio
e efetiva.
do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for
Art. 7º É assegurada às partes paridade de encontrado.
tratamento em relação ao exercício de direitos e
faculdades processuais, aos meios de defesa, aos
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditório. (Isonomia e Contraditório
Substancial)
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz
atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da
#03 – Fixação de competência
pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a
eficiência.
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das
partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art.
311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de
jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de
se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a #04 – Da Modificação de Competência
qual deva decidir de ofício.
Modificação voluntária: cláusula de eleição de foro
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder (derrogação) e ausência de alegação da
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as incompetência relativa (prorrogação).
decisões, sob pena de nulidade.
Modificação legal:
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça,
pode ser autorizada a presença somente das partes, A Competência relativa pode ser modificada pela
de seus advogados, de defensores públicos ou do conexão ou pela continência.
Ministério Público. Conexão:
#02 – Da Competência Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações
quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.

70
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos
para decisão conjunta, salvo se um deles já houver
sido sentenciado.
§ 2º Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os
processos que possam gerar risco de prolação de
decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos
separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Continência:
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais
ações quando houver identidade quanto às partes e à
causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais
amplo, abrange o das demais.
Art. 57. Quando houver continência e a ação
continente tiver sido proposta anteriormente, no
processo relativo à ação contida será proferida
sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as
ações serão necessariamente reunidas.
Art. 58. A reunião das ações propostas em
separado far-se-á no juízo prevento, onde serão
decididas simultaneamente.
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição #05 – Cooperação Nacional
inicial torna prevento o juízo. Atos de Concertação:
Os atos concertados entre os juízes cooperantes
poderão consistir, além de outros, no estabelecimento
de procedimento para:
I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato;
II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de
depoimentos;
III - a efetivação de tutela provisória;
IV - a efetivação de medidas e providências para
recuperação e preservação de empresas;
V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e
na recuperação judicial;
VI - a centralização de processos repetitivos;
VII - a execução de decisão jurisdicional.

3. Processo: conceito, natureza jurídica, teorias. Princípios.

Pressupostos processuais. Sujeitos do processo. Partes e
capacidade processual. Deveres processuais e responsabilidade.
Litigância de má-fé e atos atentatórios à dignidade da justiça.
Despesas processuais, honorários de sucumbência, multas e
gratuidade da justiça. 4. Sucessão e substituição. Curador
especial. Procuradores. Litisconsórcio: modalidades, poderes e
limitação. Intervenção de terceiros: espécies, características.
Assistência simples e litisconsorcial. Denunciação da lide.
Chamamento ao processo. Incidente de desconsideração da
personalidade jurídica. Amicus Curiae. Juiz: poderes, deveres e

71
responsabilidades. Impedimento e suspeição. Auxiliares da Justiça. II - determinará o desentranhamento das
Carreiras essenciais à administração da Justiça. Ministério Público.
contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.
Advocacia Pública. Defensoria Pública.
#07 – Gratuidade da Justiça
#06 – Capacidade Processual Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar
seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei. as custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na
Art. 72. O juiz nomeará
forma da lei.
curador especial ao:
§ 2º A concessão de gratuidade não afasta a
I - incapaz, se não tiver
responsabilidade do beneficiário pelas despesas
representante legal ou se os
processuais e pelos honorários advocatícios
interesses deste colidirem
decorrentes de sua sucumbência.
com os daquele, enquanto durar a incapacidade;
§ 4º A concessão de gratuidade não afasta o dever de
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por
o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais
edital ou com hora certa, enquanto não for constituído
que lhe sejam impostas.
advogado.
§ 6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela
ao parcelamento de despesas processuais que o
Defensoria Pública, nos termos da lei.
beneficiário tiver de adiantar no curso do
O ônus da impugnação especificada dos fatos não procedimento.
se aplica ao defensor público, ao advogado dativo
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser
e ao curador especial.
formulado na petição inicial, na contestação, na
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do petição para ingresso de terceiro no processo ou em
outro para propor ação que verse sobre direito real recurso.
imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
§ 4º A assistência do requerente por advogado
separação absoluta de bens.
particular não impede a concessão de gratuidade
A representação judicial do da justiça.
Município pela Associação de
§ 6º O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não
Representação de Municípios
se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do
somente poderá ocorrer em questões de interesse
beneficiário, salvo requerimento e deferimento
comum dos Municípios associados e dependerá de
expressos.
autorização do respectivo chefe do Poder
Executivo municipal, com indicação específica do § 7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça
direito ou da obrigação a ser objeto das medidas em recurso, o recorrente estará dispensado de
judiciais. comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao
relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a
indeferi-lo, fixar prazo para realização do
irregularidade da representação da parte, o juiz
recolhimento.
suspenderá o processo e designará prazo razoável
para que seja sanado o vício. Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade
ou a que acolher pedido de sua revogação caberá
§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo
agravo de instrumento, exceto quando a questão for
esteja na instância originária:
resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação.
I - o processo será extinto, se a providência couber ao
§ 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento
autor;
de custas até decisão do relator sobre a questão,
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe preliminarmente ao julgamento do recurso.
couber;
§ 2º Confirmada a denegação ou a revogação da
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do gratuidade, o relator ou o órgão colegiado
processo, dependendo do polo em que se encontre. determinará ao recorrente o recolhimento das custas
processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal
não conhecimento do recurso.
perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou
tribunal superior, o relator: #08 – Denunciação da lide
I - não conhecerá do recurso, se a providência Art. 125. É admissível a denunciação da lide,
couber ao recorrente; promovida por qualquer das partes:

72
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa § 1º O pedido de desconsideração da personalidade
cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de jurídica observará os pressupostos previstos em lei.
que possa exercer os direitos que da evicção lhe
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de
resultam;
desconsideração inversa da personalidade jurídica.
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível
contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de
em todas as fases do processo de conhecimento, no
quem for vencido no processo.
cumprimento de sentença e na execução fundada
§ 1º O direito regressivo será exercido por ação em título executivo extrajudicial.
autônoma quando a denunciação da lide for
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente
indeferida, deixar de ser promovida ou não for
comunicada ao distribuidor para as anotações
permitida.
devidas.
§ 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva,
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a
promovida pelo denunciado, contra seu antecessor
desconsideração da personalidade jurídica for
imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável
requerida na petição inicial, hipótese em que será
por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo
citado o sócio ou a pessoa jurídica.
promover nova denunciação, hipótese em que
eventual direito de regresso será exercido por ação § 3º A instauração do incidente suspenderá o
autônoma. processo, salvo na hipótese do § 2º.
Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: § 4º O requerimento deve demonstrar o
preenchimento dos pressupostos legais específicos
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo
para desconsideração da personalidade jurídica.
autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal,
em litisconsórcio, denunciante e denunciado; Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa
jurídica será citado para manifestar-se e requerer as
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode
provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente
oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o
atuação à ação regressiva; incidente será resolvido por decisão interlocutória.
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo
autor na ação principal, o denunciante poderá relator, cabe agravo interno.
prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a
reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação
alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de
de regresso.
execução, será ineficaz em relação ao requerente.
Parágrafo único. Procedente o pedido da ação
#10 – Ministério Público
principal, pode o autor, se for o caso, requerer o
cumprimento da sentença também contra o Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no
denunciado, nos limites da condenação deste na prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem
ação regressiva. jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na
Constituição Federal e nos processos que envolvam:
Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação
principal, o juiz passará ao julgamento da I - interesse público ou social;
denunciação da lide.
II - interesse de incapaz;
Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou
ação de denunciação não terá o seu pedido
urbana.
examinado, sem prejuízo da condenação do
denunciante ao pagamento das verbas de Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública
sucumbência em favor do denunciado. não configura, por si só, hipótese de intervenção do
Ministério Público.
#09 – Incidente de Desconsideração da
Personalidade Jurídica Entendimentos jurisprudenciais importantes
Art. 133. O incidente de desconsideração da No caso de a anulação de partilha
personalidade jurídica será instaurado a pedido da acarretar a perda de imóvel já registrado
parte ou do Ministério Público, quando lhe couber em nome de herdeiro casado sob o
intervir no processo. regime de comunhão universal de bens, a
citação do cônjuge é indispensável,
tratando-se de hipótese de litisconsórcio necessário.

73
(REsp 1.706.999-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Herman Benjamin, 2ª Turma, j. 09/05/2019, DJe
Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 18/06/2019)
23/02/2021)
O marco temporal para a aplicação das normas do
O ajuizamento de um segundo processo de Código de Processo Civil de 2015, a respeito da
embargos à execução é fato gerador de novas fixação e da distribuição dos honorários de
custas judiciais, independentemente da desistência sucumbência, é a data da prolação de
nos primeiros antes de realizada a citação." (REsp sentença/acórdão que as impõe. (AgInt no AREsp
1.893.966-SP, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda 1402297/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª
Turma, por unanimidade, julgada em 08/06/2021, DJe Turma, j. 27/05/2019, DJe 31/05/2019)
de 16/06/2021)
Em ação demolitória, não há obrigatoriedade de
Havendo impugnação pelos credores, é cabível a litisconsórcio passivo necessário dos
fixação de honorários advocatícios sucumbenciais coproprietários do imóvel. (REsp 1.721.472-DF, Rel.
em procedimento de homologação do plano de Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por
recuperação extrajudicial." (REsp 1.924.580-RJ, Rel. unanimidade, julgado em 15/06/2021)
Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
Deve ser rejeitada a exceção de suspeição que não
unanimidade, julgado em 22/06/2021, DJe
indica nenhuma das hipóteses legais do art. 145 do
25/06/2021.)
Código de Processo Civil de 2015 (taxatividade do
Todavia, nem todos os que praticarem atos incidente)." (AgInt na ExSusp 198/PE, Rel. Ministro
atentatórios serão, necessariamente, repreendidos Marco Aurélio Bellizze, 2ª Seção, j. 17/03/2020, DJe
nos moldes do parágrafo único do art. 14 do 20/03/2020)
CPC/1973 (art. 77, § 2º, do CPC/2015). Há atores do
O Ministério Público é parte legítima para recorrer da
processo que, agindo de maneira desleal e
decisão que fixa os honorários do administrador na
improba, serão responsabilizados nos termos do
recuperação judicial". (REsp 1.884.860-RJ, Rel. Min.
estatuto de regência da categoria a que pertencer,
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
caso dos advogados, dos membros do Ministério
julgado em 20/10/2020, DJe 29/10/2020)
Público, da Defensoria Pública e dos Magistrados.
Aos juízes impõe-se que sejam suas ações conduzidas É prescindível a intimação direta do devedor acerca
pelos princípios da probidade, da boa-fé e lealdade, da data da alienação judicial do bem, quando
mas a eles não se destina a multa prevista no parágrafo representado pela Defensoria Pública. (REsp
único do art. 14 do CPC/1973, devendo os atos 1.840.376-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
atentatórios por eles praticados ser investigados nos Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
termos da Lei Orgânica da Magistratura, Lei 25/05/2021)
Complementar n. 35/1979. (REsp 1548783/RS, Rel.
Ministro Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, j. 11/06/2019, 5. Atos processuais: conceito, classificação, forma. Prática de atos
DJe 05/08/2019) processuais no processo eletrônico. Atos das partes. Preclusão
temporal, lógica e consumativa. Atos do juiz. Preclusão pro judicato.
Quando devida a verba honorária recursal, mas, por Tempo, lugar e comunicação dos atos processuais. Prazos. Citações
omissão, o relator deixar de aplicá-la em decisão e intimações. Teoria da aparência. Citação real e ficta. Contumácia.
Invalidades processuais. Mera irregularidade. Anulabilidade.
monocrática, poderá o colegiado arbitrá-la ex officio, Nulidade. Vícios processuais sanáveis e insanáveis. Distribuição e
por se tratar de matéria de ordem pública, que registro. Valor da causa. 6. Negócio jurídico processual e
independe de provocação da parte. (AgInt no AREsp convenção processual. Calendário processual. 7. Tutelas
976183/MT, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, 4ª provisórias. Aspectos gerais. Poder geral de tutela. Tutelas de
urgência. Tutela cautelar e tutela antecipada: cabimento,
Turma, j. 04/06/2019, DJe 10/06/2019) fungibilidade, momento, requisitos, procedimentalização.
Estabilização da tutela antecipada requerida em caráter
A sucumbência recíproca, por si só, não afasta a
antecedente. Modalidades de tutela urgente antecipada na forma
condenação em honorários advocatícios específica: tutela inibitória e tutela de remoção do ilícito. Tutela de
sucumbenciais nem impede a sua majoração em evidência: cabimento, requisitos, procedimentalização.
sede recursal. (AgInt no AREsp 1.495.369-MS, Rel. Distribuição do tempo do processo.
Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 01/09/2020, DJe #11 – Citações e Intimações
16/10/2020)
Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a
Por critério de simetria, não é cabível a condenação da Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Ministério
parte vencida ao pagamento de honorários Público será contado da citação, da intimação ou da
advocatícios em favor do Ministério Público nos autos notificação.
de ação civil pública ou de ação coletiva, salvo
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada
comprovada má-fé. (REsp 1796436/RJ, Rel. Min.
por juízo incompetente, induz litispendência, torna

74
litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, § 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Estados,
ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). administração indireta.
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo § 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes
despacho que ordena a citação, ainda que proferido serão citados pessoalmente, exceto quando tiver
por juízo incompetente, retroagirá à data de por objeto unidade autônoma de prédio em
propositura da ação. condomínio, caso em que tal citação é dispensada.
“A interrupção da prescrição, na forma prevista no § 4º As citações por correio eletrônico serão
§ 1º do artigo 240 do Código de Processo Civil, acompanhadas das orientações para realização da
retroagirá à data em que petição inicial reunir confirmação de recebimento e de código identificador
condições de se desenvolver de forma válida e que permitirá a sua identificação na página eletrônica
regular do processo. No caso, ao receber a petição do órgão judicial citante.
inicial o magistrado ordenou sua emenda, porque não
§ 5º As microempresas e as pequenas empresas
foram preenchidos os requisitos do art. 319 do CPC.
somente se sujeitam ao disposto no § 1º deste artigo
O autor apresentou a emenda e, assim, foi ordenada
quando não possuírem endereço eletrônico
a citação. Todavia, o ato somente ocorreu após o
cadastrado no sistema integrado da Rede Nacional
decurso do prazo prescricional, impondo o
para a Simplificação do Registro e da Legalização de
reconhecimento da prescrição”. (STJ, AgInt no AREsp
Empresas e Negócios (Redesim).
2.235.620-PR, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 8/5/2023, DJe § 6º Para os fins do § 5º deste artigo, deverá haver
17/5/2023) compartilhamento de cadastro com o órgão do Poder
Judiciário, incluído o endereço eletrônico constante
Art. 246. A citação será feita
do sistema integrado da Redesim, nos termos da
preferencialmente por
legislação aplicável ao sigilo fiscal e ao tratamento de
meio eletrônico, no prazo
dados pessoais.
de até 2 (dois) dias úteis,
contado da decisão que a determinar, por meio dos Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou
endereços eletrônicos indicados pelo citando no o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da
banco de dados do Poder Judiciário, conforme petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o
regulamento do Conselho Nacional de Justiça. prazo para resposta, o endereço do juízo e o
respectivo cartório.
§ 1º As empresas públicas e privadas são obrigadas
a manter cadastro nos sistemas de processo em § 1º A carta será registrada para entrega ao citando,
autos eletrônicos, para efeito de recebimento de exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine
citações e intimações, as quais serão efetuadas o recibo.
preferencialmente por esse meio.
§ 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a
§ 1º- A A ausência de confirmação, em até 3 (três) entrega do mandado a pessoa com poderes de
dias úteis, contados do recebimento da citação gerência geral ou de administração ou, ainda, a
eletrônica, implicará a realização da citação: funcionário responsável pelo recebimento de
correspondências.
I - pelo correio;
§ 3º Da carta de citação no processo de conhecimento
II - por oficial de justiça;
constarão os requisitos do art. 250.
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando
§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos
comparecer em cartório;
com controle de acesso, será válida a entrega do
IV - por edital. mandado a funcionário da portaria responsável
pelo recebimento de correspondência, que,
§ 1º-B Na primeira oportunidade de falar nos autos,
entretanto, poderá recusar o recebimento, se
o réu citado nas formas previstas nos incisos I, II, III
declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o
e IV do § 1º-A deste artigo deverá apresentar justa
destinatário da correspondência está ausente.
causa para a ausência de confirmação do
recebimento da citação enviada eletronicamente. Art. 256. A citação por edital será feita:
§ 1º-C Considera-se ato atentatório à dignidade da I - quando desconhecido ou incerto o citando;
justiça, passível de multa de até 5% (cinco por cento)
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em
do valor da causa, deixar de confirmar no prazo
que se encontrar o citando;
legal, sem justa causa, o recebimento da citação
recebida por meio eletrônico. III - nos casos expressos em lei.

75
§ 1º Considera-se inacessível, para efeito de citação § 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos
por edital, o país que recusar o cumprimento de carta nele previstos somente serão modificados em casos
rogatória. excepcionais, devidamente justificados.
§ 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática
encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada de ato processual ou a realização de audiência cujas
também pelo rádio, se na comarca houver emissora de datas tiverem sido designadas no calendário.
radiodifusão.
O negócio jurídico
§ 3º O réu será considerado em local ignorado ou processual que transige
incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, sobre o contraditório e os
inclusive mediante requisição pelo juízo de atos de titularidade judicial
informações sobre seu endereço nos cadastros de se aperfeiçoa validamente
órgãos públicos ou de concessionárias de serviços se a ele aquiescer o juiz. (REsp1.810.444-SP, Rel.
públicos. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 23/02/2021
Art. 257. São requisitos da citação por edital:
#13 – Tutela Provisória
I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial
informando a presença das circunstâncias
autorizadoras;
II - a publicação do edital na rede mundial de
computadores, no sítio do respectivo tribunal e na
plataforma de editais do Conselho Nacional de
Justiça, que deve ser certificada nos autos;
III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará
entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da
publicação única ou, havendo mais de uma, da
primeira; - Tutela Antecipada Requerida em caráter
Antecedente:
IV - a advertência de que será nomeado curador
especial em caso de revelia. Art. 303. Nos casos em que a urgência for
contemporânea à propositura da ação, a petição inicial
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada
publicação do edital seja feita também em jornal local e à indicação do pedido de tutela final, com a
de ampla circulação ou por outros meios, exposição da lide, do direito que se busca realizar e do
considerando as peculiaridades da comarca, da seção perigo de dano ou do risco ao resultado útil do
ou da subseção judiciárias. processo.
#12 – Negócio jurídico processual § 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que caput deste artigo:
admitam autocomposição, é lícito às partes I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a
plenamente capazes estipular mudanças no complementação de sua argumentação, a juntada de
procedimento para ajustá-lo às especificidades da novos documentos e a confirmação do pedido de
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo
faculdades e deveres processuais, antes ou durante o maior que o juiz fixar;
processo.
II - o réu será citado e intimado para a audiência de
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz conciliação ou de mediação na forma do art. 334;
controlará a validade das convenções previstas neste
artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos III - não havendo autocomposição, o prazo para
de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de contestação será contado na forma do art. 335.
adesão ou em que alguma parte se encontre em § 2º Não realizado o aditamento a que se refere o
manifesta situação de vulnerabilidade. inciso I do § 1º deste artigo, o processo será extinto
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem sem resolução do mérito.
fixar calendário para a prática dos atos processuais, § 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º
quando for o caso. deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem
incidência de novas custas processuais.

76
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste § 1º O pedido principal pode ser formulado
artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.
deve levar em consideração o pedido de tutela final.
§ 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que de formulação do pedido principal.
pretende valer-se do benefício previsto no caput deste
§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes serão
artigo.
intimadas para a audiência de conciliação ou de
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a mediação, na forma do art. 334, por seus advogados
concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação
determinará a emenda da petição inicial em até 5 do réu.
(cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para
processo ser extinto sem resolução de mérito.
contestação será contado na forma do art. 335.
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do
Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em
art. 303, torna-se estável se da decisão que a
caráter antecedente, se:
conceder não for interposto o respectivo recurso.
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo
§ 1º No caso previsto no caput, o processo será extinto.
legal;
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
com o intuito de rever, reformar ou invalidar a
tutela antecipada estabilizada nos termos do caput. III - o juiz julgar improcedente o pedido principal
formulado pelo autor ou extinguir o processo sem
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos
resolução de mérito.
enquanto não revista, reformada ou invalidada por
decisão de mérito proferida na ação de que trata o § Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a
2º. eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o
pedido, salvo sob novo fundamento.
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o
desarquivamento dos autos em que foi concedida a Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta
medida, para instruir a petição inicial da ação a que se a que a parte formule o pedido principal, nem influi no
refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento
antecipada foi concedida. for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela - Tutela de Evidência:
antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-
Art. 311. A tutela da evidência será concedida,
se após 2 (dois) anos, contados da ciência da
independentemente da demonstração de perigo
decisão que extinguiu o processo, nos termos do §
de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
1º.
quando:
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou
julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos
o manifesto propósito protelatório da parte;
só será afastada por decisão que a revir, reformar
ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma II - as alegações de fato puderem ser comprovadas
das partes, nos termos do § 2º deste artigo. apenas documentalmente e houver tese firmada
em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
- Tutela Cautelar requerida em caráter
vinculante;
Antecedente:
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos
prova documental adequada do contrato de
alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo
depósito, caso em que será decretada a ordem de
réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá
entrega do objeto custodiado, sob cominação de
dentro de 5 (cinco) dias.
multa;
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal,
IV - a petição inicial for instruída com prova
observar-se-á o procedimento comum.
documental suficiente dos fatos constitutivos do
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz
principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de gerar dúvida razoável.
de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
nos mesmos autos em que deduzido o pedido de
juiz poderá decidir liminarmente.
tutela cautelar, não dependendo do adiantamento
de novas custas processuais. Entendimentos jurisprudenciais importantes

77
O prazo de cumprimento da obrigação de fazer
possui natureza processual, devendo ser contado
em dias úteis. (REsp 1.778.885-DF, Rel. Min. Og
Fernandes, Segunda Turma, por unanimidade,
julgado em 15/06/2021, DJe de 21/06/2021)
O prazo de cinco dias para pagamento da
integralidade da dívida, previsto no art. 3º, § 2º, do
Decreto-Lei n. 11/1969, deve ser considerado de
direito material, não se sujeitando, assim, à contagem
em dias úteis, prevista no art. 219, caput, do
CPC/2015. (REsp 1.770.863-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 09/06/2020, DJe 15/06/2020)
Quando há pluralidade de réus, a data da primeira
citação válida é o termo inicial para contagem dos
juros de mora. (REsp 1.868.855-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 22/09/2020, DJe 28/09/2020)

8. Procedimento comum. Formação, suspensão e extinção do

Processo. Elementos da demanda. Petição inicial. Elementos. Do
pedido: espécies, modificação, cumulação. Causa de pedir. Valor
da causa. Impugnação. Dos documentos necessários à propositura
da ação. Exame da petição inicial. Do indeferimento liminar da
petição inicial. Do recurso cabível e seu procedimento. Do
julgamento liminar de improcedência. Do recurso cabível e seu
procedimento. Da decretação de prescrição e decadência. Emenda
da inicial. Improcedência liminar do pedido. Audiência de
conciliação ou de mediação. Resposta: conceito, espécies.
Contestação. Reconvenção. Revelia. Providências preliminares e do
saneamento. Julgamento conforme o estado do processo. Extinção
do processo. Julgamento antecipado do mérito. Julgamento - Indeferimento da Petição Inicial:
antecipado parcial do mérito. Saneamento e organização do
processo. 9. Provas: conceito e disposições gerais. Relevância e
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá
admissibilidade. Prova direta e indireta. Presunções e máximas de apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias,
experiência. Ônus e dever probatório. Distribuição estática e retratar-se.
distribuição dinâmica. Inversão. Poderes probatórios do juiz. Prova
ilícita. Regras de exclusão e regras de privilégio. Provas típicas e § 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o
atípicas. Prova estatística nas demandas coletivas. Prova e tutela réu para responder ao recurso.
inibitória. Provas em espécie. Valoração da prova. Sistema do
convencimento motivado. 10. Audiência de instrução e julgamento. § 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo
Sentença. Conteúdo. Defeitos das sentenças. Reexame necessário. para a contestação começará a correr da intimação do
Coisa julgada. Limites subjetivos e objetivos. Relativização da coisa
julgada. Julgamento liminar de improcedência. Liquidação de
retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
sentença. § 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado
do trânsito em julgado da sentença.
#14 – Procedimento Comum
- Improcedência Liminar do Pedido:
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase
instrutória, o juiz, independentemente da citação
do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido
que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal
ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal
ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de
recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução
de demandas repetitivas ou de assunção de
competência;

78
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre I - indeferir a petição inicial;
direito local.
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente por negligência das partes;
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a
III - por não promover os atos e as diligências que lhe
ocorrência de decadência ou de prescrição.
incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do (trinta) dias;
trânsito em julgado da sentença, nos termos do art.
IV - verificar a ausência de pressupostos de
241.
constituição e de desenvolvimento válido e regular do
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em processo;
5 (cinco) dias.
V - reconhecer a existência de perempção, de
§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o litispendência ou de coisa julgada;
prosseguimento do processo, com a citação do réu, e,
VI - verificar ausência de legitimidade ou de
se não houver retratação, determinará a citação do réu
interesse processual;
para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze)
dias. VII - acolher a alegação de existência de convenção de
arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua
- Julgamento Antecipado de Mérito:
competência;
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido,
VIII - homologar a desistência da ação;
proferindo sentença com resolução de mérito,
quando: IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada
intransmissível por disposição legal; e
I - não houver necessidade de produção de outras
provas; X - nos demais casos prescritos neste Código.
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte
e não houver requerimento de prova, na forma do será intimada pessoalmente para suprir a falta no
art. 349. prazo de 5 (cinco) dias.
- Julgamento Antecipado Parcial do Mérito: § 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes
pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito
inciso III, o autor será condenado ao pagamento das
quando um ou mais dos pedidos formulados ou
despesas e dos honorários de advogado.
parcela deles:
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante
I - mostrar-se incontroverso;
dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
termos do art. 355.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito o consentimento do réu, desistir da ação.
poderá reconhecer a existência de obrigação
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a
líquida ou ilíquida.
sentença.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo,
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo
a obrigação reconhecida na decisão que julgar
por abandono da causa pelo autor depende de
parcialmente o mérito, independentemente de
requerimento do réu.
caução, ainda que haja recurso contra essa interposto.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado
de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5
da decisão, a execução será definitiva.
(cinco) dias para retratar-se.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que
É cabível a retratação: Decisão sem
julgar parcialmente o mérito poderão ser processados
resolução de mérito, Indeferimento da
em autos suplementares, a requerimento da parte ou
Petição Inicial e Improcedência liminar
a critério do juiz.
do Pedido.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é
impugnável por agravo de instrumento.
#15 – Das provas
- Sentença Sem Resolução de Mérito:
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

79
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento realização da perícia, que se realizará em data e local
da parte, determinar as provas necessárias ao previamente anunciados.
julgamento do mérito.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar,
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado
fundamentada, as diligências inúteis ou meramente pelo juiz.
protelatórias.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo
produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor juiz.
que considerar adequado, observado o
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da
contraditório.
parte, pode, em qualquer fase do processo,
Art. 373. O ônus da prova incumbe: inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se
esclarecer sobre fato que interesse à decisão da
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu
causa.
direito;
Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
pessoa ou a coisa quando:
modificativo ou extintivo do direito do autor.
I - julgar necessário para a melhor verificação ou
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de
interpretação dos fatos que deva observar;
peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem
o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade consideráveis despesas ou graves dificuldades;
de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz
III - determinar a reconstituição dos fatos.
atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que
o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá Parágrafo único. As partes têm sempre direito a
dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
que lhe foi atribuído. fazendo observações que considerem de interesse
para a causa.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode
gerar situação em que a desincumbência do encargo #16 – Sentença
pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
São elementos essenciais da sentença:
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a
pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
identificação do caso, com a suma do pedido e da
I - recair sobre direito indisponível da parte; contestação, e o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício
do direito. II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
questões de fato e de direito;
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser
celebrada antes ou durante o processo. III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões
principais que as partes lhe submeterem.
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu
autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, Não se considera fundamentada qualquer decisão
por todos os meios permitidos em direito, que os judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. que:
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase
requisitos exigidos por lei provam a favor de seu de ato normativo, sem explicar sua relação com a
autor no litígio entre empresários. causa ou a questão decidida;
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, II - empregar conceitos jurídicos indeterminados,
escolher o perito, indicando-o mediante sem explicar o motivo concreto de sua incidência no
requerimento, desde que: caso;
I - sejam plenamente capazes; III - invocar motivos que se prestariam a justificar
qualquer outra decisão;
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar
no processo capazes de, em tese, infirmar a
os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a
conclusão adotada pelo julgador;

80
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito
súmula, sem identificar seus fundamentos tem força de lei nos limites da questão principal
determinantes nem demonstrar que o caso sob expressamente decidida.
julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
Essa previsão se aplica à resolução de questão
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, prejudicial, decidida expressa e incidentemente no
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, processo, se:
sem demonstrar a existência de distinção no caso
- Dessa resolução depender o julgamento do mérito;
em julgamento ou a superação do entendimento.
- Se houver contraditório prévio e efetivo (não se
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza
aplica no caso de revelia);
diversa da pedida, bem como condenar a parte em
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe - O juízo tiver competência em razão da matéria e da
foi demandado. pessoa.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que - O procedimento não possuir restrições probatórias.
resolva relação jurídica condicional.
Coisa julgada rebus sic standibus nas relações
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento continuativas:
de prestação consistente em dinheiro e a que
se houver fato novo ou nova regulação jurídica do
determinar a conversão de prestação de fazer, de não
tema, pode a questão ser reexaminada, em sendo a
fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão
relação continuativa, desde que preservados os
como título constitutivo de hipoteca judiciária.
efeitos anteriormente já consolidados (ex. ação
§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária: revisional de alimentos).
I - embora a condenação seja genérica; Art. 504. Não fazem coisa julgada:
II - ainda que o credor possa promover o cumprimento I - os motivos, ainda que importantes para determinar
provisório da sentença ou esteja pendente arresto o alcance da parte dispositiva da sentença;
sobre bem do devedor;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como
III - mesmo que impugnada por recurso dotado de fundamento da sentença.
efeito suspensivo.
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre
§ 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada as quais é dada, não prejudicando terceiros.
mediante apresentação de cópia da sentença
Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito,
perante o cartório de registro imobiliário,
considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as
independentemente de ordem judicial, de
alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto
declaração expressa do juiz ou de demonstração de
ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.
urgência.
#18 – Liquidação
§ 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de
realização da hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da Art. 509. Quando a sentença condenar ao
causa, que determinará a intimação da outra parte pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua
para que tome ciência do ato. liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
§ 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída, I - por arbitramento, quando determinado pela
implicará, para o credor hipotecário, o direito de sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela
preferência, quanto ao pagamento, em relação a natureza do objeto da liquidação;
outros credores, observada a prioridade no registro.
II - pelo procedimento comum, quando houver
§ 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão necessidade de alegar e provar fato novo.
que impôs o pagamento de quantia, a parte
§ 1º Quando na sentença houver uma parte líquida e
responderá, independentemente de culpa, pelos
outra ilíquida, ao credor é lícito promover
danos que a outra parte tiver sofrido em razão da
simultaneamente a execução daquela e, em autos
constituição da garantia, devendo o valor da
apartados, a liquidação desta.
indenização ser liquidado e executado nos próprios
autos. § 2º Quando a apuração do valor depender apenas de
cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde
#17 - Coisa Julgada
logo, o cumprimento da sentença.
É a autoridade que torna imutável e indiscutível a
§ 4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou
decisão de mérito não mais sujeita a recurso.
modificar a sentença que a julgou.

81
Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
pendência de recurso, processando-se em autos em 11/05/2021)
apartados no juízo de origem, cumprindo ao
É nulo acórdão genérico que, sob a justificativa da
liquidante instruir o pedido com cópias das peças
multiplicidade de recursos, delega ao juízo de
processuais pertinentes.
primeiro grau a sua aplicação ao caso concreto". (REsp
Entendimentos jurisprudenciais importantes 1.880.319-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
A decisão cominatória da multa do art. 334, §8º, do
17/11/2020, DJe 20/11/2020)
CPC, à parte que deixa de comparecer à audiência de
conciliação, sem apresentar justificativa adequada,
11. Cumprimento de sentença provisório e definitivo. Cumprimento
não é agravável, não se inserindo na hipótese prevista de Sentença: disposições gerais. Cumprimento de sentença que
no art. 1.015, inciso II, do CPC, podendo ser, no futuro, reconheça a exigibilidade de obrigação: (a) de pagar quantia certa;
objeto de recurso de apelação, na forma do art. 1.009, (b) de prestar alimentos, provisórios ou definitivos; (c) de pagar
§1º, do CPC." (REsp 1762957/MG, Rel. Ministro Paulo quantia certa pela Fazenda Pública; (d) de fazer, de não fazer e de
entregar coisa. Defesa. 12. Procedimentos Especiais.
De Tarso Sanseverino, 3ª Turma, julgado em Procedimentos de jurisdição voluntária. Procedimentos especiais
10/03/2020, DJe 18/03/2020) de jurisdição contenciosa. 13. Processo de execução: princípios,
disposições gerais, partes, competência, requisitos. Títulos
É aplicável ao INSS a multa prevista no art. 334, § 8°, executivos. Responsabilidade patrimonial. Espécies de execução.
do CPC/2015, quando a parte autora manifestar Execução para entrega de coisa. Execução das obrigações de fazer
interesse na realização da audiência de conciliação e a e não fazer. Execução por quantia certa. Execução contra a fazenda
pública. Execução de alimentos. Embargos à execução. Suspensão
autarquia não comparecer no feito, mesmo que tenha
e extinção do processo de execução.
manifestando seu desinteresse previamente". (REsp
1.769.949-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
#19 – Impugnação ao Cumprimento de Sentença
Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
08/09/2020, DJe 02/10/2020) Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523
sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de
Não cabe a aplicação de multa pelo não
15 (quinze) dias para que o executado,
comparecimento pessoal à audiência de
independentemente de penhora ou nova
conciliação, por ato atentatório à dignidade da
intimação, apresente, nos próprios autos, sua
Justiça, quando a parte estiver representada por
impugnação.
advogado com poderes específicos para transigir.
(RMS 56.422-MS, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
por unanimidade, julgado em 08/06/2021)
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de
O curador especial tem legitimidade para propor conhecimento, o processo correu à revelia;
reconvenção em favor de réu revel citado por
II - ilegitimidade de parte;
edital, poder que se encontra inserido no amplo
conceito de defesa. (REsp 1088068/MG, Rel. Ministro III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da
Antonio Carlos Ferreira, 4ª Turma, j. 29/08/2017, DJe obrigação;
09/10/2017)
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
É admissível a reconvenção sucessiva, também
V - excesso de execução ou cumulação indevida de
denominada de reconvenção à reconvenção, desde
execuções;
que a questão que justifique a propositura tenha
surgido na contestação ou na primeira VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da
reconvenção. (REsp 1.690.216-RS, Rel. Min. Paulo de execução;
Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, 3ª
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da
Turma, por maioria, j. 22/09/2020, DJe 28/09/2020)
obrigação, como pagamento, novação, compensação,
A equivocada denominação do pedido transação ou prescrição, desde que supervenientes à
reconvencional como pedido contraposto não impede sentença.
o regular processamento da pretensão formulada pelo
§ 4º Quando o executado alegar que o exequente, em
réu contra o autor, desde que ela esteja bem
excesso de execução, pleiteia quantia superior à
delimitada na contestação. (REsp 1.940.016- PR, Rel.
resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
imediato o valor que entende correto, apresentando
unanimidade, julgado em 22/06/2021
demonstrativo discriminado e atualizado de seu
Os tribunais podem, diante do recurso de apelação, cálculo.
aplicar a técnica do julgamento antecipado parcial
§ 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto
do mérito." (REsp 1.845.542-PR, Rel. Min. Nancy
ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação

82
será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução Proceder-se-á do mesmo modo se o
for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a credor receber e der quitação.
impugnação será processada, mas o juiz não
- AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL
examinará a alegação de excesso de execução.
DE SOCIEDADE
#20 – Procedimentos Especiais
Art. 603. Havendo manifestação
- AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO expressa e unânime pela concordância da
dissolução, o juiz a decretará, passando-se
Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou
imediatamente à fase de liquidação.
terceiro requerer, com efeito de pagamento, a
consignação da quantia ou da coisa devida. § 1º Na hipótese prevista no caput, não haverá
condenação em honorários advocatícios de
Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor
nenhuma das partes, e as custas serão rateadas
ser depositado em estabelecimento bancário,
segundo a participação das partes no capital social.
oficial onde houver situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de § 2º Havendo contestação, observar-se-á o
recebimento, assinado o prazo de 10 dias para a procedimento comum, mas a liquidação da sentença
manifestação de recusa. Decorrido esse prazo, seguirá o disposto neste Capítulo.
contado do retorno do aviso de recebimento, sem a
- INVENTÁRIO E ARROLAMENTO DE BENS
manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor
liberado da obrigação, ficando à disposição do credor Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz,
a quantia depositada. proceder-se-á ao inventário judicial.
Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao § 1º Se todos forem capazes e concordes, o
estabelecimento bancário, poderá ser proposta, inventário e a partilha poderão ser feitos por
dentro de 1 mês, a ação de consignação, escritura pública, a qual constituirá documento
instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da hábil para qualquer ato de registro, bem como para
recusa. Não proposta a ação, ficará sem efeito o levantamento de importância depositada em
depósito, podendo levantá-lo o depositante. instituições financeiras.
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá: § 2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se
todas as partes interessadas estiverem assistidas
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser
por advogado ou por defensor público, cuja
efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do
qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º;
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve
II - a citação do réu para levantar o depósito ou
ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da
oferecer contestação.
abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze)
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses
inciso I, o processo será extinto sem resolução do prazos, de ofício ou a requerimento de parte.
mérito.
Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito incumbe a quem estiver na posse e na
ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se administração do espólio, no prazo estabelecido no
corresponder a prestação cujo inadimplemento art. 611.
acarrete a rescisão do contrato.
Parágrafo único. O requerimento será instruído com a
§ 1º No caso do caput, poderá o réu levantar, desde certidão de óbito do autor da herança.
logo, a quantia ou a coisa depositada, com a
Possuem legitimidade concorrente para requerer o
consequente liberação parcial do autor, prosseguindo
inventário e a partilha: I - o cônjuge ou companheiro
o processo quanto à parcela controvertida.
supérstite; II - o herdeiro; III - o legatário; IV - o
§ 2º A sentença que concluir pela insuficiência do testamenteiro; V - o cessionário do herdeiro ou do
depósito determinará, sempre que possível, o legatário; VI - o credor do herdeiro, do legatário ou
montante devido e valerá como título executivo, do autor da herança; VII - o Ministério Público,
facultado ao credor promover-lhe o cumprimento havendo herdeiros incapazes; VIII - a Fazenda Pública,
nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. quando tiver interesse; IX - o administrador judicial da
falência do herdeiro, do legatário, do autor da
Julgado procedente o pedido, o juiz declarará
herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite.
extinta a obrigação e condenará o réu ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.

83
Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes § 1º É facultada a prova da posse em audiência
capazes, nos termos da lei, será homologada de plano preliminar designada pelo juiz.
pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663.
§ 2º O possuidor direto pode alegar, além da sua
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, também, ao posse, o domínio alheio.
pedido de adjudicação, quando houver herdeiro
§ 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver
único.
procurador constituído nos autos da ação principal.
§ 2º Transitada em julgado a sentença de
§ 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato
homologação de partilha ou de adjudicação, será
de constrição aproveita, assim como o será seu
lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de
adversário no processo principal quando for sua a
adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás
indicação do bem para a constrição judicial.
referentes aos bens e às rendas por ele abrangidos,
intimando-se o fisco para lançamento administrativo Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente
do imposto de transmissão e de outros tributos provado o domínio ou a posse determinará a
porventura incidentes, conforme dispuser a legislação suspensão das medidas constritivas sobre os bens
tributária, nos termos do § 2º do art. 662. litigiosos objeto dos embargos, bem como a
manutenção ou a reintegração provisória da posse, se
- EMBARGOS DE TERCEIRO:
o embargante a houver requerido.
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer
Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que
de manutenção ou de reintegração provisória de
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
posse à prestação de caução pelo requerente,
com o ato constritivo, poderá requerer seu
ressalvada a impossibilidade da parte
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos
economicamente hipossuficiente.
de terceiro.
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro
constrição judicial indevida será cancelado, com o
proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
reconhecimento do domínio, da manutenção da
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos posse ou da reintegração definitiva do bem ou do
embargos: direito ao embargante.
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a Súmula nº 84, STJ: É
posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado admissível a oposição de
o disposto no art. 843; embargos de terceiro
fundados em alegação de
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de
posse advinda do compromisso de compra e venda
decisão que declara a ineficácia da alienação realizada
de imóvel, ainda que desprovido do registro.
em fraude à execução;
Súmula nº 134, STJ: Embora intimado da penhora em
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por
imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor
força de desconsideração da personalidade jurídica,
embargos de terceiro para defesa de sua meação.
de cujo incidente não fez parte;
Súmula nº 195, STJ: Em embargos de terceiro não se
IV - o credor com garantia real para obstar
anula ato jurídico, por fraude contra credores.
expropriação judicial do objeto de direito real de
garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos Súmula nº 303, STJ: Em embargos de terceiro, quem
legais dos atos expropriatórios respectivos. deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios.
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por
dependência ao juízo que ordenou a constrição e - AÇÃO MONITÓRIA
autuados em apartado.
Pode ser proposta por aquele que afirmar, com base
Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição em prova escrita sem eficácia de título executivo,
realizado por carta, os embargos serão oferecidos no ter direito de exigir do devedor capaz obrigação de
juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo pagar, de dar ou de fazer/não fazer.
deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta.
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz
Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova deferirá a expedição de mandado de pagamento, de
sumária de sua posse ou de seu domínio e da entrega de coisa ou para execução de obrigação de
qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de
de testemunhas. 15 (quinze) dias para o cumprimento e o

84
pagamento de honorários advocatícios de cinco em favor do réu, de multa de até dez por cento sobre
por cento do valor atribuído à causa. o valor da causa.
§ 1º O réu será isento do pagamento de custas § 11. O juiz condenará o réu que de má-fé opuser
processuais se cumprir o mandado no prazo. embargos à ação monitória ao pagamento de multa de
até dez por cento sobre o valor atribuído à causa, em
Constituir-se-á de pleno direito o título executivo
favor do autor.
judicial, independentemente de qualquer
formalidade, se não realizado o pagamento e não Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória
apresentados os embargos monitórios, observando- fundada em cheque prescrito.
se, no que couber, as normas relativas ao
Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação
cumprimento de sentença.
monitória em face do emitente de cheque sem força
Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916 executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à
(Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o data de emissão estampada na cártula.
crédito do exequente e comprovando o depósito de
Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em
trinta por cento do valor em execução, acrescido de
cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
custas e de honorários de advogado, o executado
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente
poderá requerer que lhe seja permitido pagar o
à emissão da cártula.
restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas
de correção monetária e de juros de um por cento ao Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação
mês). monitória em face do emitente de nota promissória
sem força executiva é quinquenal, a contar do dia
Art. 702. Independentemente de prévia segurança do
seguinte ao vencimento do título.
juízo, o réu poderá opor, nos próprios autos, no prazo
previsto no art. 701, embargos à ação monitória. #21 – Título executivo extrajudicial
§ 1º Os embargos podem se fundar em matéria Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
passível de alegação como defesa no procedimento
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata,
comum.
a debênture e o cheque;
§ 2º Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia
II - a escritura pública ou outro documento público
superior à devida, cumprir-lhe-á declarar de imediato
assinado pelo devedor;
o valor que entende correto, apresentando
demonstrativo discriminado e atualizado da dívida. III - o documento particular assinado pelo devedor e
por 2 (duas) testemunhas;
§ 3º Não apontado o valor correto ou não apresentado
o demonstrativo, os embargos serão liminarmente IV - o instrumento de transação referendado pelo
rejeitados, se esse for o seu único fundamento, e, se Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela
houver outro fundamento, os embargos serão Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores
processados, mas o juiz deixará de examinar a ou por conciliador ou mediador credenciado por
alegação de excesso. tribunal;
§ 4º A oposição dos embargos suspende a eficácia da V - o contrato garantido por hipoteca, penhor,
decisão referida no caput do art. 701 até o julgamento anticrese ou outro direito real de garantia e aquele
em primeiro grau. garantido por caução;
§ 5º O autor será intimado para responder aos VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
embargos no prazo de 15 (quinze) dias.
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
§ 6º Na ação monitória admite-se a reconvenção,
VIII - o crédito, documentalmente comprovado,
sendo vedado o oferecimento de reconvenção à
decorrente de aluguel de imóvel, bem como de
reconvenção.
encargos acessórios, tais como taxas e despesas de
§ 7º A critério do juiz, os embargos serão autuados condomínio;
em apartado, se parciais, constituindo-se de pleno
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da
direito o título executivo judicial em relação à
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
parcela incontroversa.
Municípios, correspondente aos créditos inscritos na
§ 9º Cabe apelação contra a sentença que acolhe ou forma da lei;
rejeita os embargos.
X - o crédito referente às contribuições ordinárias
§ 10. O juiz condenará o autor de ação monitória ou extraordinárias de condomínio edilício,
proposta indevidamente e de má-fé ao pagamento, previstas na respectiva convenção ou aprovadas

85
em assembleia geral, desde que documentalmente quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo
comprovadas; de 15 (quinze) dias.
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de
registro relativa a valores de emolumentos e demais exigir que primeiro sejam executados os bens do
despesas devidas pelos atos por ela praticados, devedor situados na mesma comarca, livres e
fixados nas tabelas estabelecidas em lei; desembargados, indicando-os pormenorizadamente
à penhora.
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição
expressa, a lei atribuir força executiva. § 1º Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se
os do devedor, situados na mesma comarca que os
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito
seus, forem insuficientes à satisfação do direito do
constante de título executivo não inibe o credor de
credor.
promover-lhe a execução.
§ 2º O fiador que pagar a dívida poderá executar o
A existência de título executivo extrajudicial não
afiançado nos autos do mesmo processo.
impede a parte de optar pelo processo de
conhecimento, a fim de obter título executivo § 3º O disposto no caput não se aplica se o fiador
judicial. houver renunciado ao benefício de ordem.
Não estão sujeitos à execução os bens que a lei #23 – Embargos à Execução
considera impenhoráveis ou inalienáveis.
Os embargos serão oferecidos no prazo de
#22 – Responsabilidade Patrimonial 15 dias, contado, conforme o caso, na
forma do art. 231 do CPC. Quando houver
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é
mais de um executado, o prazo para cada
considerada fraude à execução:
um deles embargar conta-se a partir da
I - quando sobre o bem pender ação fundada em juntada do respectivo comprovante da citação,
direito real ou com pretensão reipersecutória, desde salvo no caso de cônjuges ou de companheiros,
que a pendência do processo tenha sido averbada no quando será contado a partir da juntada do último.
respectivo registro público, se houver;
Nas execuções por carta, o prazo para embargos será
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a contado:
pendência do processo de execução, na forma do art.
I - da juntada, na carta, da certificação da citação,
828 ;
quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;
hipoteca judiciária ou outro ato de constrição
II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado
judicial originário do processo onde foi arguida a
de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este,
fraude;
da juntada da carta devidamente cumprida, quando
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, versarem sobre questões diversas da prevista no
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à inciso I deste parágrafo.
insolvência;
Em relação ao prazo para oferecimento dos
V - nos demais casos expressos em lei. embargos à execução, não se aplica o disposto no
art. 229 (previsão de que “Os litisconsortes que
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em
tiverem diferentes procuradores, de escritórios de
relação ao exequente.
advocacia distintos, terão prazos contados em dobro
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a para todas as suas manifestações, em qualquer juízo
registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar ou tribunal, independentemente de requerimento”).
que adotou as cautelas necessárias para a aquisição,
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o
mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas
crédito do exequente e comprovando o depósito de
no domicílio do vendedor e no local onde se encontra
trinta por cento do valor em execução, acrescido de
o bem.
custas e de honorários de advogado, o executado
§ 3º Nos casos de desconsideração da poderá requerer que lhe seja permitido pagar o
personalidade jurídica, a fraude à execução verifica- restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas
se a partir da citação da parte cuja personalidade se de correção monetária e de juros de um por cento ao
pretende desconsiderar. mês.
§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz § 1º O exequente será intimado para manifestar-se
deverá intimar o terceiro adquirente, que, se sobre o preenchimento dos pressupostos do caput, e
o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias.

86
§ 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da
executado terá de depositar as parcelas vincendas, compensação.
facultado ao exequente seu levantamento.
O juiz rejeitará liminarmente os embargos: I - quando
§ 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a intempestivos; II - nos casos de indeferimento da
quantia depositada, e serão suspensos os atos petição inicial e de improcedência liminar do pedido;
executivos. III - manifestamente protelatórios. Considera-se
conduta atentatória à dignidade da justiça o
§ 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos
oferecimento de embargos manifestamente
executivos, mantido o depósito, que será convertido
protelatórios.
em penhora.
Os embargos à execução não
§ 5º O não pagamento de qualquer das prestações
terão efeito suspensivo. O juiz
acarretará cumulativamente:
poderá, a requerimento do
I - o vencimento das prestações subsequentes e o embargante, atribuir efeito
prosseguimento do processo, com o imediato reinício suspensivo aos embargos quando verificados os
dos atos executivos; requisitos para a concessão da tutela provisória e
desde que a execução já esteja garantida por
II - a imposição ao executado de multa de dez por
penhora, depósito ou caução suficientes. Cessando
cento sobre o valor das prestações não pagas.
as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa
§ 6º A opção pelo parcelamento de que trata este aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da
artigo importa renúncia ao direito de opor embargos parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo,
em decisão fundamentada.
§ 7º O disposto neste artigo não se aplica ao
cumprimento da sentença. Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos
disser respeito apenas a parte do objeto da execução,
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado
esta prosseguirá quanto à parte restante. A concessão
poderá alegar:
de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por
I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da um dos executados não suspenderá a execução
obrigação; contra os que não embargaram quando o
respectivo fundamento disser respeito
II - penhora incorreta ou avaliação errônea;
exclusivamente ao embargante. A concessão de
III - excesso de execução ou cumulação indevida de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos
execuções; de substituição, de reforço ou de redução da penhora
e de avaliação dos bens.
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos
casos de execução para entrega de coisa certa;
14. Da ordem dos processos nos Tribunais e competência
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da originária: disposições gerais. Técnica de julgamento não unânime.
execução; Incidentes de assunção de competência, de arguição de
inconstitucionalidade e de resolução de demandas repetitivas.
VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir Conflito de competência. Homologação de sentença estrangeira e
concessão de exequatur a carta rogatória. Ação rescisória.
como defesa em processo de conhecimento. Reclamação. 15. Recursos: conceito, natureza jurídica, classificação,
§ 1º A incorreção da penhora ou da avaliação normas fundamentais, efeitos. Juízo de admissibilidade e juízo de
mérito. Recursos em espécie: apelação, agravo de instrumento,
poderá ser impugnada por simples petição, no embargos de declaração, agravo interno, recurso ordinário, recurso
prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato. especial, recurso extraordinário. Repercussão geral em recurso
extraordinário. Recursos extraordinário e especial repetitivos e seu
§ 3º Quando alegar que o exequente, em excesso de julgamento. Agravo em recurso especial e em recurso
execução, pleiteia quantia superior à do título, o extraordinário. Embargos de divergência. Código de Processo Civil
embargante declarará na petição inicial o valor que (Lei nº 16.105/2015 e suas alterações). Sucedâneos recursais.
Ações autônomas de impugnação. 16. Precedentes (ratio
entende correto, apresentando demonstrativo decidendi, obiter dictum, formação, vinculação, distinção e
discriminado e atualizado de seu cálculo. superação). Súmulas. Súmulas vinculantes. Papel das Cortes
Superiores.
§ 5º Nos embargos de retenção por benfeitorias, o
exequente poderá requerer a compensação de seu
valor com o dos frutos ou dos danos considerados #24 – Conflito de Competência
devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para a Art. 951. O conflito de competência pode ser
apuração dos respectivos valores, nomear perito, suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério
observando-se, então, o art. 464. Público ou pelo juiz.
§ 6º O exequente poderá a qualquer tempo ser imitido Parágrafo único. O Ministério Público somente será
na posse da coisa, prestando caução ou depositando ouvido nos conflitos de competência relativos aos

87
processos previstos no art. 178, mas terá qualidade § 3º O acórdão proferido em assunção de
de parte nos conflitos que suscitar. competência vinculará todos os juízes e órgãos
fracionários, exceto se houver revisão de tese.
Art. 952. Não pode suscitar conflito a parte que, no
processo, arguiu incompetência relativa. § 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer
relevante questão de direito a respeito da qual seja
Parágrafo único. O conflito de competência não obsta,
conveniente a prevenção ou a composição de
porém, a que a parte que não o arguiu suscite a
divergência entre câmaras ou turmas do tribunal.
incompetência.
#26 – Incidente de Resolução de Demandas
Art. 953. O conflito será suscitado ao tribunal:
Repetitivas
I - pelo juiz, por ofício;
Art. 976. É cabível a instauração do incidente de
II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição. resolução de demandas repetitivas quando houver,
simultaneamente:
Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos
com os documentos necessários à prova do conflito. I - efetiva repetição de processos que contenham
controvérsia sobre a mesma questão unicamente
Art. 955. O relator poderá, de ofício ou a
de direito;
requerimento de qualquer das partes, determinar,
quando o conflito for positivo, o sobrestamento do II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
processo e, nesse caso, bem como no de conflito
§ 1º A desistência ou o abandono do processo não
negativo, designará um dos juízes para resolver,
impede o exame de mérito do incidente.
em caráter provisório, as medidas urgentes.
§ 2º Se não for o requerente, o Ministério Público
Parágrafo único. O relator poderá julgar de plano o
intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá
conflito de competência quando sua decisão se fundar
assumir sua titularidade em caso de desistência ou de
em:
abandono.
I - súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior
§ 3º A inadmissão do incidente de resolução de
Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
demandas repetitivas por ausência de qualquer de
II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou seus pressupostos de admissibilidade não impede
em incidente de assunção de competência. que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente
novamente suscitado.
Art. 957. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará
qual o juízo competente, pronunciando-se também § 4º É incabível o incidente de resolução de
sobre a validade dos atos do juízo incompetente. demandas repetitivas quando um dos tribunais
superiores, no âmbito de sua respectiva
Parágrafo único. Os autos do processo em que se
competência, já tiver afetado recurso para
manifestou o conflito serão remetidos ao juiz
definição de tese sobre questão de direito material
declarado competente.
ou processual repetitiva.
#25 – Incidente de Assunção de Competência
§ 5º Não serão exigidas custas processuais no
Art. 947. É admissível a assunção de competência incidente de resolução de demandas repetitivas.
quando o julgamento de recurso, de remessa
Art. 977. O pedido de instauração do incidente será
necessária ou de processo de competência
dirigido ao presidente de tribunal:
originária envolver relevante questão de direito,
com grande repercussão social, sem repetição em I - pelo juiz ou relator, por ofício;
múltiplos processos.
II - pelas partes, por petição;
§ 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública,
competência, o relator proporá, de ofício ou a
por petição.
requerimento da parte, do Ministério Público ou da
Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído
necessária ou o processo de competência originária com os documentos necessários à demonstração do
julgado pelo órgão colegiado que o regimento preenchimento dos pressupostos para a instauração
indicar. do incidente.
§ 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa Art. 982. Admitido o incidente, o relator:
necessária ou o processo de competência originária se
I - suspenderá os processos pendentes, individuais
reconhecer interesse público na assunção de
ou coletivos, que tramitam no Estado ou na região,
competência.
conforme o caso;

88
II - poderá requisitar informações a órgãos em cujo § 4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a
juízo tramita processo no qual se discute o objeto do aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação
incidente, que as prestarão no prazo de 15 (quinze) aos casos que a ela correspondam.
dias;
§ 5º É inadmissível a reclamação:
III - intimará o Ministério Público para, querendo,
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias.
reclamada;
§ 1º A suspensão será comunicada aos órgãos
II – proposta para garantir a observância de acórdão de
jurisdicionais competentes.
recurso extraordinário com repercussão geral
§ 2º Durante a suspensão, o pedido de tutela de reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento
urgência deverá ser dirigido ao juízo onde tramita de recursos extraordinário ou especial repetitivos,
o processo suspenso. quando não esgotadas as instâncias ordinárias.
§ 3º Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer § 6º A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso
legitimado mencionado no art. 977, incisos II e III, interposto contra a decisão proferida pelo órgão
poderá requerer, ao tribunal competente para reclamado não prejudica a reclamação.
conhecer do recurso extraordinário ou especial, a
Súmula 734, STF: Não cabe reclamação quando já
suspensão de todos os processos individuais ou
houver transitado em julgado o ato judicial que se
coletivos em curso no território nacional que
alega tenha desrespeitado decisão do Supremo
versem sobre a questão objeto do incidente já
Tribunal Federal.
instaurado.
Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o
§ 4º Independentemente dos limites da competência
tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado
territorial, a parte no processo em curso no qual se
ou determinará medida adequada à solução da
discuta a mesma questão objeto do incidente é
controvérsia.
legitimada para requerer a providência prevista no §
3º deste artigo. É cabível condenação em honorários
advocatícios no julgamento de
§ 5º Cessa a suspensão a que se refere o inciso I do
reclamação indeferida liminarmente
caput deste artigo se não for interposto recurso
na qual a parte comparece
especial ou recurso extraordinário contra a decisão
espontaneamente para apresentar
proferida no incidente.
defesa. STJ. 2ª Seção. Rcl 41.569-DF,
#27 - Reclamação Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
09/02/2022 (Info 724).
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou
do Ministério Público para: #28 – Recursos
I - preservar a competência do tribunal; O recorrente poderá, a qualquer
tempo, sem a anuência do
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
recorrido ou dos litisconsortes,
III – garantir a observância de enunciado de súmula desistir do recurso. A desistência
vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal do recurso, no entanto, não impede a análise de
em controle concentrado de constitucionalidade; questão cuja repercussão geral já tenha sido
reconhecida e daquele objeto de julgamento de
IV – garantir a observância de acórdão proferido em
recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
julgamento de incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de incidente de assunção de Excetuados os embargos de declaração, o prazo para
competência; interpor os recursos e para responder-lhes é de 15
dias.
§ 1º A reclamação pode ser proposta perante qualquer
tribunal, e seu julgamento compete ao órgão - RECURSO ADESIVO
jurisdicional cuja competência se busca preservar ou
Art. 997. Cada parte interporá o recurso
cuja autoridade se pretenda garantir.
independentemente, no prazo e com observância das
§ 2º A reclamação deverá ser instruída com prova exigências legais.
documental e dirigida ao presidente do tribunal.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso
§ 3º Assim que recebida, a reclamação será autuada e interposto por qualquer deles poderá aderir o outro.
distribuída ao relator do processo principal, sempre
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso
que possível.
independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas
regras deste quanto aos requisitos de

89
admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: origem negará seguimento aos recursos especiais ou
extraordinários sobrestados na origem, se o acórdão
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso
recorrido coincidir com a orientação do tribunal
independente fora interposto, no prazo de que a parte
superior;
dispõe para responder;
II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na
II - será admissível na apelação, no recurso
origem, reexaminará o processo de competência
extraordinário e no recurso especial;
originária, a remessa necessária ou o recurso
III - não será conhecido, se houver desistência do anteriormente julgado, se o acórdão recorrido
recurso principal ou se for ele considerado contrariar a orientação do tribunal superior;
inadmissível.
III - os processos suspensos em primeiro e segundo
- RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO graus de jurisdição retomarão o curso para julgamento
ESPECIAL e aplicação da tese firmada pelo tribunal superior;
Serão interpostos perante o presidente ou o vice- IV - se os recursos versarem sobre questão relativa a
presidente do tribunal recorrido, em petições prestação de serviço público objeto de concessão,
distintas. permissão ou autorização, o resultado do julgamento
será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência
O pedido de concessão de efeito suspensivo a
reguladora competente para fiscalização da efetiva
recurso extraordinário ou a recurso especial poderá
aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da
ser formulado por requerimento dirigido:
tese adotada.
I – ao tribunal superior respectivo, no período
§ 1º A parte poderá desistir da ação em curso no
compreendido entre a publicação da decisão de
primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a
admissão do recurso e sua distribuição, ficando o
sentença, se a questão nela discutida for idêntica à
relator designado para seu exame prevento para
resolvida pelo recurso representativo da controvérsia.
julgá-lo;
§ 2º Se a desistência ocorrer antes de oferecida
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
contestação, a parte ficará isenta do pagamento de
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal custas e de honorários de sucumbência.
recorrido, no período compreendido entre a
§ 3º A desistência apresentada nos termos do § 1º
interposição do recurso e a publicação da decisão de
independe de consentimento do réu, ainda que
admissão do recurso, assim como no caso de o
apresentada contestação.
recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
- AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO
Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de
EXTRAORDINÁRIO
recursos extraordinários ou especiais com
fundamento em idêntica questão de direito, haverá Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-
afetação para julgamento de acordo com as presidente do tribunal recorrido que inadmitir
disposições desta Subseção, observado o disposto no recurso extraordinário ou recurso especial, salvo
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no quando fundada na aplicação de entendimento
do Superior Tribunal de Justiça. firmado em regime de repercussão geral ou em
julgamento de recursos repetitivos.
§ 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao
vice-presidente, que exclua da decisão de A petição de agravo será dirigida ao presidente ou
sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o ao vice-presidente do tribunal de origem e
recurso extraordinário que tenha sido interposto independe do pagamento de custas e despesas
intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 postais, aplicando-se a ela o regime de repercussão
(cinco) dias para manifestar-se sobre esse geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à
requerimento. possibilidade de sobrestamento e do juízo de
retratação.
§ 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido
no § 2º caberá apenas agravo interno. Concluído o julgamento do agravo pelo Superior
Tribunal de Justiça e, se for o caso, do recurso
§ 6º Somente podem ser selecionados recursos
especial, independentemente de pedido, os autos
admissíveis que contenham abrangente
serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para
argumentação e discussão a respeito da questão a
apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver
ser decidida.
prejudicado.
Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:

90
 casos em que for vedada a concessão da medida
17. Procedimentos especiais previstos na legislação extravagante.
Doutrina processual e legislação processual esparsa e suas liminar.
alterações (independentemente de indicação específica do
A sentença ou o acórdão que denegar mandado de
diploma legal, mas notadamente a respeito do indicado) sobre:
bem de família (Lei nº 8.009/1990 e suas alterações); prescrição das segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que
ações contra a Fazenda Pública (Decreto nº 20.910/1932 e Decreto- o requerente, por ação própria, pleiteie os seus
Lei nº 4.597/1942); assistência judiciária (Lei nº 1.060/1950 e suas direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.
alterações); execução fiscal (Lei nº 6.830/1980 e suas alterações);
divórcio, separação e união estável (Lei nº 6.515/1977 e suas Não cabem, no processo de mandado de segurança,
alterações e Lei nº 9.278/1996); proteção do consumidor (Lei nº a interposição de embargos infringentes e a
8.078/1990) e suas alterações; desapropriação (Decreto-Lei nº
3.365/1941 e suas alterações); registros públicos (Lei nº 6.015/1973 condenação ao pagamento dos honorários
e suas alterações); mandado de segurança (Lei nº 12.016/2009); advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções
ação popular e ação civil pública (Lei nº 4.717/1965 e suas no caso de litigância de má-fé.
alterações, Lei nº 7.347/1985 e suas alterações e Lei nº 8.429/1992
e Lei nº 14.230/2021); habeas data (Lei nº 9.507/1997); alimentos #30 – Lei nº 8.437 – Medidas Cautelares e Tutela
(Lei nº 5.478/1968 e suas alterações e Lei nº 11.804/2008); Antecipada contra o Poder Público
investigação de paternidade (Lei nº 8.560/1992 e suas alterações);
habeas corpus cível; usucapião; Juizados Especiais Estadual e Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do
Federal (Lei nº 9.099/1995 e suas alterações e Lei nº 10.259/2001 e Poder Público, no procedimento cautelar ou em
suas alterações) e Juizado Especial da Fazenda Pública (Lei nº
12.153/2009); informatização do processo judicial (Lei nº
quaisquer outras ações de natureza cautelar ou
11.419/2006); medidas cautelares e tutela antecipada contra o preventiva, toda vez que providência semelhante não
Poder Público/Fazenda Pública e suspensão de liminares (Lei nº puder ser concedida em ações de mandado de
8.437/1992 e suas alterações e Lei nº 9.494/1997 e suas alterações); segurança, em virtude de vedação legal.
edição, revisão e cancelamento de enunciado de súmula vinculante
pelo Supremo Tribunal Federal (Lei nº 11.417/2006); mediação e Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual
autocomposição de conflitos (Lei nº 13.140/2015).
couber o conhecimento do respectivo recurso,
suspender, em despacho fundamentado, a execução
#29 – Lei 12.016 – Mandado de Segurança da liminar nas ações movidas contra o Poder
Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para Público ou seus agentes, a requerimento do
proteger direito líquido e certo, não amparado por Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito
habeas corpus ou habeas data, sempre que, público interessada, em caso de manifesto interesse
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar
pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, economia públicas.
seja de que categoria for e sejam quais forem as § 3º Do despacho que conceder ou negar a
funções que exerça. suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco dias,
Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua
denegar a liminar caberá agravo de instrumento. interposição.

A inicial será desde logo indeferida, por decisão § 6º A interposição do agravo de instrumento contra
motivada, quando não for o caso de mandado de liminar concedida nas ações movidas contra o Poder
segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou Público e seus agentes não prejudica nem
quando decorrido o prazo legal para a impetração condiciona o julgamento do pedido de suspensão
(120 dias). Do indeferimento da inicial pelo juiz de a que se refere este artigo.
primeiro grau caberá apelação e, quando a #31 – Lei nº13.140 – Mediação e Autocomposição
competência para o julgamento do mandado de de Conflitos
segurança couber originariamente a um dos tribunais,
do ato do relator caberá agravo para o órgão Mediação a atividade técnica exercida por terceiro
competente do tribunal que integre. imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou
aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar
Da sentença, denegando ou ou desenvolver soluções consensuais para a
concedendo o mandado, cabe controvérsia.
apelação.
Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula
Concedida a segurança, a sentença estará sujeita de mediação, as partes deverão comparecer à
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. primeira reunião de mediação.
Estende-se à autoridade coatora o direito de
recorrer. Pode ser objeto de mediação o conflito que verse
sobre direitos disponíveis ou sobre direitos
A sentença que conceder o mandado de segurança indisponíveis que admitam transação.
pode ser executada provisoriamente, salvo nos

91
O consenso das partes envolvendo direitos controvérsia entre particular e pessoa jurídica de
indisponíveis, mas transigíveis, deve ser direito público;
homologado em juízo, exigida a oitiva do
III - promover, quando couber, a celebração de termo
Ministério Público.
de ajustamento de conduta.
A mediação pode versar sobre todo o conflito ou
§ 1º O modo de composição e funcionamento das
parte dele.
câmaras de que trata o caput será estabelecido em
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial regulamento de cada ente federado.
qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das
§ 2º A submissão do conflito às câmaras de que trata o
partes e seja capacitada para fazer mediação,
caput é facultativa e será cabível apenas nos casos
independentemente de integrar qualquer tipo de
previstos no regulamento do respectivo ente
conselho, entidade de classe ou associação, ou nele
federado.
inscrever-se.
§ 3º Se houver consenso entre as partes, o acordo
Art. 10. As partes poderão ser assistidas por
será reduzido a termo e constituirá título executivo
advogados ou defensores públicos.
extrajudicial.
Parágrafo único. Comparecendo uma das partes
§ 4º Não se incluem na competência dos órgãos
acompanhada de advogado ou defensor público, o
mencionados no caput deste artigo as controvérsias
mediador suspenderá o procedimento, até que
que somente possam ser resolvidas por atos ou
todas estejam devidamente assistidas.
concessão de direitos sujeitos a autorização do Poder
Não havendo previsão contratual completa de Legislativo.
mediação, deverão ser observados os seguintes
§ 5º Compreendem-se na competência das câmaras
critérios para a realização da primeira reunião de
de que trata o caput a prevenção e a resolução de
mediação:
conflitos que envolvam equilíbrio econômico-
I - prazo mínimo de 10 dias úteis e prazo máximo de 3 financeiro de contratos celebrados pela
meses, contados a partir do recebimento do convite; administração com particulares.
II - local adequado a uma reunião que possa envolver Art. 34. A instauração de procedimento
informações confidenciais; administrativo para a resolução consensual de
conflito no âmbito da administração pública
III - lista de 5 nomes, informações de contato e
suspende a prescrição.
referências profissionais de mediadores capacitados;
a parte convidada poderá escolher, expressamente, § 1º Considera-se instaurado o procedimento quando
qualquer um dos cinco mediadores e, caso a parte o órgão ou entidade pública emitir juízo de
convidada não se manifeste, considerar-se-á aceito o admissibilidade, retroagindo a suspensão da
primeiro nome da lista; prescrição à data de formalização do pedido de
resolução consensual do conflito.
IV - o não comparecimento da parte convidada à
primeira reunião de mediação acarretará a § 2º Em se tratando de matéria tributária, a suspensão
assunção por parte desta de cinquenta por cento da prescrição deverá observar o disposto na Lei nº
das custas e honorários sucumbenciais caso venha 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário
a ser vencedora em procedimento arbitral ou Nacional.
judicial posterior, que envolva o escopo da
Entendimentos jurisprudenciais recentes:
mediação para a qual foi convidada.
Não configura decisão extra petita a sentença que,
- Autocomposição de Conflitos em que for parte
reconhecendo a usucapião, determina a liquidação
Pessoa Jurídica de Direito Público:
para individualizar a área usucapida, ainda que não
Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os haja pedido expresso na inicial. (STJ, AgInt no REsp
Municípios poderão criar câmaras de prevenção e 1.802.192-MG, julgado em 12/12/2022)
resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos
Não possui legitimidade para a propositura da ação
respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde
rescisória de título judicial condenatório o terceiro,
houver, com competência para:
pessoa jurídica distinta daquela que sucedeu a
I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da parte ré no processo originário, indevidamente
administração pública; incluído no polo passivo na fase de cumprimento
de sentença. (STJ, REsp 1.844.690-CE, julgado em
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução
14/2/2023).
de conflitos, por meio de composição, no caso de

92
A intimação pessoal do autor da ação é obrigatória atacado. (STJ, AgInt no RMS 69.967-PR, julgado em
para a complementação das custas iniciais, 16/5/2023)
restringindo-se à aplicação do cancelamento de
Quando devida a verba honorária recursal, e o relator
distribuição estabelecida no art. 290 do Código de
deixar de aplicá-la em decisão monocrática, poderá o
Processo Civil às hipóteses em que não é feito
colegiado arbitrá-la, inclusive de ofício. (STJ, EDcl
recolhimento algum de custas processuais. (STJ,
no AgInt no AREsp 1.249.853-SP, julgado em
AREsp 2.020.222-RJ, julgado em 28/3/2023).
6/3/2023).
O julgamento dos embargos de declaração, quando
Não é possível restabelecer prazo para apelação, sob
opostos contra acórdão proferido pelo órgão em
alegação de nulidade da intimação, após o decurso de
composição ampliada, deve observar o mesmo
mais de dois anos do trânsito em julgado da sentença.
quórum (ampliado), sob pena de o entendimento
(STJ, REsp 1.833.871-TO, julgado em 21/3/2023)
lançado, antes minoritário, poder sagrar-se
vencedor. (STJ, Processo em segredo de Justiça, A hipótese de impedimento de magistrado prevista
julgado em 7/3/2023). no art. 144, IX, do CPC é aplicável no caso de litígio
entre o juiz e o membro do Ministério Público
O art. 382, § 4º, do Código de Processo Civil não pode
baseada em suposta perseguição. (STJ, REsp
ser interpretado em sua acepção literal, de modo a
1.881.175-MA, julgado em 14/3/2023)
obstar qualquer manifestação da parte adversa no
procedimento de antecipação de provas, em detida Sempre que a apreciação do excesso de execução ou
observância do contraditório. Segundo o art. 382, § 4º, da inexigibilidade da obrigação exigir dilação
do CPC, no procedimento de antecipação de provas, probatória que vá além do simples documento, a
não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra observância do procedimento da ação incidental de
decisão que indeferir totalmente a produção da prova embargos se tornará obrigatória. (STJ, REsp
pleiteada pelo requerente originário. A vedação legal 1.987.774-CE, julgado em 21/3/2023).
quanto ao exercício do direito de defesa somente
É manifesto o prejuízo causado pelo julgamento, por
pode ser interpretada como a proibição de veiculação
Órgão Colegiado, de embargos declaratórios opostos
de determinadas matérias que se afigurem
contra decisão monocrática, pois desrespeitou a
impertinentes ao procedimento nela regulado. Logo,
competência legalmente estabelecida para o
as questões inerentes ao objeto específico da ação em
julgamento do recurso (art. 1.024, § 2.º, do CPC) e
exame e do correlato procedimento estabelecido em
inviabilizou o exaurimento da jurisdição ordinária
lei poderão ser aventadas pela parte em sua defesa,
(Súmula n. 281/STF). (STJ, AgRg no AREsp 2.173.912-
devendo-se permitir, em detida observância do
RJ, julgado em 21/3/2023).
contraditório, sua manifestação, necessariamente,
antes da prolação da correspondente decisão. (STJ, O fato de a instituição financeira ser responsável pela
REsp 2.037.088-SP, julgado em 7/3/2023). correção monetária e pelos juros de mora após o
depósito judicial não exime o devedor de pagar
A concessão da segurança em relação à impetração
eventual diferença sobre os encargos, calculados de
do mandamus contra decisão em procedimento de
acordo com o título, que incidem até o efetivo
produção antecipada de provas requer a
pagamento. (STJ, AgInt no REsp 1.965.048-SP, julgado
apreciação da eventual teratologia, da manifesta
em 12/6/2023)
ilegalidade ou do abuso de poder no ato judicial

DIREITO CIVIL
Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; Aplicação da
Lei no Tempo e no Espaço. Interpretação e Integração da Lei. publicação de seu texto, destinada à correção, este
Analogia. Princípios Gerais do Direito e Equidade. Usos e prazo começará a correr da nova publicação.
Costumes.
As correções ao texto de lei já em vigor consideram-
se lei nova.
#01 – Aplicação da Lei
Não se destinando à vigência temporária, a lei terá
Princípio da vigência sincrônica das leis: Salvo
vigor até que outra a modifique ou revogue.
disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o
país 45 dias depois de oficialmente publicada. Nos A lei posterior revoga a anterior quando
Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei expressamente o declare, quando seja com ela
brasileira, quando admitida, se inicia 3 meses depois incompatível ou quando regule inteiramente a
de oficialmente publicada. matéria de que tratava a lei anterior.

93
A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou É competente a autoridade judiciária brasileira,
especiais a par das já existentes, não revoga nem quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver
modifica a lei anterior. de ser cumprida a obrigação. Só à autoridade
judiciária brasileira compete conhecer das ações
Repristinação: é a restauração da vigência de uma lei
relativas a imóveis situados no Brasil.
anteriormente revogada em razão da revogação da lei
revogadora. A regra é não ocorrer a repristinação, Disposições sobre segurança jurídica e eficiência
entretanto, excepcionalmente, a lei revogada pode na criação e na aplicação do direito público na
ser restaurada se houver disposição expressa. LINDB:
Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se A decisão que, nas esferas administrativa,
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste,
A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
processo ou norma administrativa deverá
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
indicar de modo expresso suas
adquirido e a coisa julgada.
consequências jurídicas e
Ato jurídico perfeito: já consumado segundo a lei administrativas.
vigente ao tempo em que se efetuou.
Na aplicação de sanções, serão consideradas a
Direito adquirido: direitos que o seu titular, ou natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo que dela provierem para a administração pública, as
começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de antecedentes do agente.
outrem.
A decisão administrativa, controladora ou judicial que
Coisa julgada: a decisão judicial de que já não cabe estabelecer interpretação ou orientação nova sobre
recurso. norma de conteúdo indeterminado, impondo novo
dever ou novo condicionamento de direito, deverá
A lei do país em que domiciliada a
prever regime de transição quando indispensável
pessoa determina as regras sobre
para que o novo dever ou condicionamento de direito
o começo e o fim da
seja cumprido de modo proporcional, equânime e
personalidade, o nome, a
eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
capacidade e os direitos de família.
Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou
Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a
situação contenciosa na aplicação do direito público,
lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e
inclusive no caso de expedição de licença, a
às formalidades da celebração. Tendo os nubentes
autoridade administrativa poderá, após oitiva do
domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do
órgão jurídico e, quando for o caso, após realização
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
de consulta pública, e presentes razões de relevante
O regime de bens, legal ou convencional, obedece à interesse geral, celebrar compromisso com os
lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, interessados, observada a legislação aplicável, o qual
se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei O agente público responderá pessoalmente por suas
do país em que se constituírem. Destinando-se a decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou
obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de erro grosseiro.
forma essencial, será esta observada, admitidas as
#02 – Interpretação e Integração da Lei
peculiaridades da lei estrangeira quanto aos
requisitos extrínsecos do ato. A obrigação resultante Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso
do contrato reputa-se constituída no lugar em que de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
residir o proponente. gerais de direito.
A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
do país em que domiciliado o defunto ou o sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a comum.
situação dos bens. A sucessão de bens de
Havendo lacuna, ou seja, sendo omissa a lei, o juiz não
estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei
pode deixar de decidir, em obediência ao princípio da
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
inafastabilidade da jurisdição. Assim, segundo a
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que
LINDB, nesses casos, deve o juiz decidir de acordo
não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de
com a analogia, os costumes e os princípios gerais do
cujus. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário
direito.
regula a capacidade para suceder.

94
Na analogia, o juiz busca outra norma no Parágrafo único. A declaração da morte presumida,
ordenamento jurídico para aplicar naquele caso, visto nesses casos, somente poderá ser requerida depois
que não há norma direcionada para aquela situação de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a
concreta. sentença fixar a data provável do falecimento.
Nos costumes, o juiz utiliza de práticas reiteradas para Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
decidir aquele caso concreto. A doutrina fala que os ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
costumes se dividem em: secundum legem (costumes comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
segundo a lei); praeter legem (costumes na falta da simultaneamente mortos.
lei); e contra legem (costumes contra a lei). Para a
Atenção: Só existe comoriência entre pessoas que
integração é cabível o praeter legem.
transmitiriam direitos entre si.
Quanto aos princípios gerais de direito, segundo
# 04 – Da Ausência
Nelson Nery (Código Civil anotado, 2003): “São regras
de conduta que norteiam o juiz na interpretação da Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio
norma, do ato ou negócio jurídico. Os princípios sem dela haver notícia, se não houver deixado
gerais de direito não se encontram positivados no representante ou procurador a quem caiba
sistema normativo. São regras estáticas que carecem administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de
de concreção. Têm como função principal auxiliar o qualquer interessado ou do Ministério Público,
juiz no preenchimento das lacunas”. declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se
2. Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas.
Desconsideração da Personalidade Jurídica. Do domicílio. 3. nomeará curador, quando o ausente deixar
Ausência. Direitos da Personalidade. mandatário que não queira ou não possa exercer ou
continuar o mandato, ou se os seus poderes forem
#03 – Pessoas Naturais: Personalidade e insuficientes.
capacidade Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos poderes e obrigações, conforme as circunstâncias,
completos, quando a pessoa fica habilitada à prática observando, no que for aplicável, o disposto a respeito
de todos os atos da vida civil. dos tutores e curadores.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a O cônjuge do ausente, sempre que não esteja
incapacidade: separado judicialmente, ou de fato por mais de dois
anos antes da declaração da ausência, será o seu
legítimo curador.
Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente
incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta
ordem, não havendo impedimento que os iniba de
exercer o cargo.
Entre os descendentes, os mais próximos precedem os
mais remotos. Na falta das pessoas mencionadas,
compete ao juiz a escolha do curador.
Sucessão Provisória:

Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a

morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva.
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem
decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem
estava em perigo de vida;
Legitimados para pedir a sucessão provisória: I - o
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito
cônjuge não separado judicialmente; II - os
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após
herdeiros; III - os que tiverem sobre os bens do
o término da guerra.
ausente direito dependente de sua morte; IV - os
credores de obrigações vencidas e não pagas.

95
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será
for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os admitido para fins de transplante, na forma
frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; estabelecida em lei especial.
os outros sucessores, porém, deverão capitalizar
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele
metade desses frutos e rendimentos, segundo o
compreendidos o prenome e o sobrenome.
disposto no art. 29, de acordo com o representante do
Ministério Público, e prestar anualmente contas ao Em regra, o nome civil é imutável (princípio da
juiz competente. imutabilidade relativa do nome), mas a lei
determina ocasiões nas quais pode ser feita a sua
Sucessão Definitiva:
mudança, como a adoção, o casamento, o divórcio
etc.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem
pública, a divulgação de escritos, a transmissão da
palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a
seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de
ausente, são partes legítimas para requerer essa
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável,
e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as
providências necessárias para impedir ou fazer cessar
ato contrário a esta norma.
Entendimentos jurisprudenciais importantes:
É admissível a exclusão de prenome da
criança na hipótese em que o pai
informou, perante o cartório de registro
civil, nome diferente daquele que havia
sido consensualmente escolhido pelos
genitores. (REsp 1.905.614-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 04/05/2021, DJe 06/05/2021)
I) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à
alteração de seu prenome e de sua classificação de
gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto,
nada além da manifestação de vontade do indivíduo,
o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via
judicial como diretamente pela via administrativa; II)
#05 - Direitos da personalidade: Essa alteração deve ser averbada à margem do
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, assento de nascimento, vedada a inclusão do termo
a direito da personalidade, e reclamar perdas e 'transgênero'; III) Nas certidões do registro não
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em constará nenhuma observação sobre a origem do ato,
lei. vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo
a requerimento do próprio interessado ou por
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá determinação judicial; IV) Efetuando-se o
legitimação para requerer a medida prevista neste procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente determinar de ofício ou a requerimento do interessado
em linha reta, ou colateral até o quarto grau. a expedição de mandados específicos para a alteração
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato dos demais registros nos órgãos públicos ou privados
de disposição do próprio corpo, quando importar pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre
diminuição permanente da integridade física, ou a origem dos atos. (STF - Repercussão Geral - Tema
contrariar os bons costumes. 761).

96
A determinação para que os provedores de busca na I - cumprimento repetitivo pela sociedade de
internet procedam a desvinculação do nome de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-
determinada pessoa, sem qualquer outro termo versa;
empregado, com fato desabonador a seu respeito dos
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas
resultados de pesquisa não se confunde com o direito
contraprestações, exceto os de valor
ao esquecimento, objeto da tese de repercussão geral
proporcionalmente insignificante; e
786/STF, sendo, portanto, admitido. (STJ. 3ª Turma.
REsp 1660168/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, III - outros atos de descumprimento da autonomia
julgado em 21/06/2022) patrimonial.
É admissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge Desconsideração direta: bens dos sócios ou
ainda na constância do vínculo conjugal. (STJ. 3ª administradores respondem por dívidas da pessoa
Turma. REsp 1873918-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, jurídica.
julgado em 02/03/2021)
Desconsideração inversa: os bens da pessoa jurídica
Não é possível a completa supressão e substituição respondem por dívidas dos sócios e administradores.
total do nome registral, por pessoa autoidentificada Previsto expressamente no CPC (Art. 133).
como indígena, por ausência de previsão legal, bem
Desconsideração expansiva: possibilidade
como por respeito ao princípio da segurança jurídica
de desconsiderar uma pessoa jurídica para atingir
e das relações jurídicas a serem afetadas. (STJ. 4ª
a personalidade do sócio oculto (laranja).
Turma. REsp 1927090-RJ, Rel. Min.Luis Felipe
Salomão, Rel. para acórdão Ministro Raul Araújo, Desconsideração indireta: visa atingir
julgado em 21/3/2023) conglomerados empresariais ou grupos econômicos
que operam com fraudes e abusos para prejudicar
Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações
terceiros e obter vantagens indevidas.
indenizatórias por danos morais e materiais
decorrentes de atos de perseguição política com Entendimentos jurisprudenciais importantes:
violação de direitos fundamentais ocorridos durante o
O sócio executado possui legitimidade e
regime militar.
interesse recursal para impugnar a
Súmula 403 – STJ: Independe de prova do prejuízo a decisão que defere o pedido de
indenização pela publicação não autorizada de desconsideração inversa da
imagem de pessoa com fins econômicos ou personalidade jurídica dos entes
comerciais. empresariais dos quais é sócio. (STJ. 3ª
Turma. REsp 1980607-DF, Rel. Min. Marco Aurélio
Súmula 227 do STJ: Da anotação irregular em
Bellizze, julgado em 09/08/2022).
cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização
por dano moral, quando preexistente legítima Não há condenação em honorários advocatícios em
inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. incidente de desconsideração da personalidade
jurídica. (REsp 1.845.536-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi,
#06 - Desconsideração da personalidade jurídica:
Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, por
Autonomia patrimonial: instrumento lícito de maioria, julgado em 26/05/2020, DJe 09/06/2020)
alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei
O fato de ser o Fundo de Investimento em participação
com a finalidade de estimular empreendimentos, para
(FIP) constituído sob a forma de condomínio e de não
a geração de empregos, tributo, renda e inovação em
possuir personalidade jurídica não é capaz de
benefício de todos.
impedir, por si só, a aplicação do instituto da
Juiz não pode desconsiderar de ofício! desconsideração da personalidade jurídica em caso
de comprovado abuso de direito por desvio de
Atinge bens particulares de administradores ou de
finalidade ou confusão patrimonial. (STJ. 3ª Turma.
sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
REsp 1965982-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
indiretamente pelo abuso.
julgado em 05/04/2022)
O CC/2002 adota a Teoria MAIOR, que exige a prova
Súmula 435 do STJ: Presume-se dissolvida
do desvio de finalidade ou da confusão patrimonial.
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no
Não confunda com a Teoria Menor, adotada pelo
seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos
Direito do Consumidor e pelo Direito Ambiental.
competentes, legitimando o redirecionamento da
Desvio de finalidade: utilização da PJ com o execução fiscal para o sócio-gerente.
propósito de lesar credores e para a prática de atos
Súmula 227 do STJ: a pessoa jurídica pode sofrer
ilícitos.
dano moral.
Confusão patrimonial: ausência de separação de
Via de regra, não se admite o dano moral em face de
fato entre os patrimônios, caracterizada por:
pessoa jurídica de direito público.

97
Excepcionalmente, todavia, a PJ de direito público desde que a renda obtida com a locação
terá direito à indenização por danos morais seja revertida para a subsistência ou a
relacionados à violação da honra ou da imagem, moradia da sua família.
quando:a credibilidade institucional for fortemente
Súmula 549-STJ: É válida a penhora de
agredida; e o dano reflexo sobre os demais
bem de família pertencente a fiador de
jurisdicionados em geral for evidente.
contrato de locação.
4. Dos bens. Dos bens divisíveis e indivisíveis. Dos bens É constitucional a penhora de bem de família
considerados em si mesmo. Dos bens fungíveis e infungíveis. Dos pertencente a fiador de contrato de locação, seja
bens reciprocamente considerados. Dos bens públicos. Do bem de
residencial, seja comercial. (STF. Plenário. RE
família. 5. Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico. Dos defeitos dos
negócios jurídicos. Das nulidades. Dos atos jurídicos lícitos. Dos 1307334/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
atos ilícitos. Da prescrição e da decadência. Da prova. em 8/3/2022 (Repercussão Geral – Tema 1127)
É cabível a aquisição de imóveis particulares
#07 – Bens Considerados em si Mesmos situados no Setor Tradicional de Planaltina/DF, por
São os bens imóveis, móveis, fungíveis, infungíveis, usucapião, ainda que pendente o processo de
divisíveis, indivisíveis, singulares e coletivos. regularização urbanística. (REsp 1.818.564-DF, Rel.
Min. Moura Ribeiro, Segunda Seção, por unanimidade,
Imóveis: O solo e tudo o que nele se incorporar; os julgado em 09/06/2021
direitos reais sobre imóveis e as ações que os
asseguram; o direito à sucessão aberta; as edificações O imóvel adquirido para o escopo de moradia futura,
que, separadas do solo, mas conservando a sua ainda que não esteja a unidade habitacional pronta -
unidade, forem removidas para outro local; os por estar em etapa preliminar de obra, sem condições
materiais provisoriamente separados de um prédio, para qualquer cidadão nela residir -, fica excluído da
para nele se reempregarem. constrição judicial, uma vez que a situação econômico-
financeira vivenciada por boa parte da população
Móveis: Os bens suscetíveis de movimento próprio, brasileira evidencia que a etapa de construção
ou de remoção por força alheia, sem alteração da imobiliária, muitas vezes, leva anos de árduo esforço e
substância ou da destinação econômico-social; as constante trabalho para a sua concretização, para fins
energias que tenham valor econômico; os direitos residenciais próprios ou para obtenção de frutos civis
reais sobre objetos móveis e as ações voltados à subsistência e moradia em imóvel locado.
correspondentes; os direitos pessoais de caráter (STJ. 4ª Turma. REsp 1960026-SP, Rel. Min. Marco
patrimonial e respectivas ações; os materiais Buzzi, julgado em 11/10/2022)
destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; os A exceção à impenhorabilidade do bem de família,
materiais provenientes da demolição de algum prevista para o crédito decorrente do financiamento
prédio. destinado à construção ou à aquisição do imóvel,
estende-se ao imóvel adquirido com os recursos
#08 – Bens Reciprocamente Considerados oriundos da venda daquele bem. (REsp 1935842/PR,
Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
concretamente; acessório, aquele cuja existência julgado em 22/06/2021, DJe 25/06/2021)
supõe a do principal. Súmula 479-STF: As margens dos rios navegáveis são
São pertenças os bens que, não constituindo partes domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, isso mesmo, excluídas de indenização.
ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Em regra, Súmula 477-STF: As concessões de terras devolutas
o negócio estipulado entre as partes não abrange situadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados,
as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do com a união, ainda que se mantenha inerte ou
caso. tolerante, em relação aos possuidores.
Apesar de ainda não separados do bem principal, os Súmula 619-STJ: A ocupação indevida de bem
frutos e produtos podem ser objeto de negócio público configura mera detenção, de natureza
jurídico. precária, insuscetível de retenção ou indenização
Entendimentos jurisprudenciais: por acessões e benfeitorias.
Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel Súmula 496-STJ: Os registros de propriedade
residencial do devedor que esteja locado a terceiros, particular de imóveis situados em terrenos de marinha
não são oponíveis à União.
Súmula 103-STJ: Incluem-se entre os imóveis
funcionais que podem ser vendidos os administrados

98
pelas forças armadas e ocupados pelos servidores econômica das partes, consideradas as informações
civis. disponíveis no momento de sua celebração.
#09 – Negócio jurídico As partes poderão livremente pactuar regras de
interpretação, de preenchimento de lacunas e de
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
integração dos negócios diversas das previstas em lei.
I - agente capaz;
Vale lembrar que negócios jurídicos benéficos (ex:
II - objeto lícito, possível, determinado ou doação) e renúncia são interpretados estritamente.
determinável;
Art. 116. A manifestação de vontade pelo
III - forma prescrita ou não defesa em lei. representante, nos limites de seus poderes, produz
efeitos em relação ao representado.
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes
não pode ser invocada pela outra em benefício Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado,
próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, é anulável o negócio jurídico que o representante,
salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar
ou da obrigação comum. consigo mesmo.
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como
invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se celebrado pelo representante o negócio realizado por
cessar antes de realizada a condição a que ele estiver aquele em quem os poderes houverem sido
subordinado. subestabelecidos.
Art. 107. A validade da declaração de vontade não #10 – Condição, Termo e Encargo
dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir.
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a
cláusula de não valer sem instrumento público, este
é da substância do ato.
Reserva Mental: A manifestação de vontade subsiste
ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de
não querer o que manifestou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento.
Silêncio: importa anuência, quando as circunstâncias
ou os usos o autorizarem, e não for necessária a
declaração de vontade expressa.
Escritura pública: necessária para negócios que
versem sobre direitos reais sobre imóveis de valor Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não
superior a 30 vezes o salário-mínimo. contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons
costumes; entre as condições defesas se incluem as
A intenção da declaração de vontade deve que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o
prevalecer, em detrimento do sentido literal da sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
linguagem.
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições
Interpretação: boa-fé e usos do lugar da celebração. impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer
1º A interpretação do negócio jurídico coisa impossível.
deve lhe atribuir o sentido que: #11 – Defeitos e Nulidades
I - for confirmado pelo comportamento das i) ANULABILIDADE:
partes posterior à celebração do negócio;
- Erro: é a falsa percepção da realidade. Para ser
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do anulável o negócio, o erro deve ser substancial (e que
mercado relativas ao tipo de negócio; poderia ser percebido por pessoa de diligência
III - corresponder à boa-fé; normal), isto é:

IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o - atinente à natureza do negócio, ao objeto principal
dispositivo, se identificável; e da declaração ou alguma qualidade a ele essencial;

V - corresponder a qual seria a razoável negociação - concernente à identidade ou à qualidade essencial

das partes sobre a questão discutida, inferida das da pessoa a quem se refira a declaração de vontade,
demais disposições do negócio e da racionalidade desde que tenha influído nesta de modo relevante;

99
- sendo de direito e não implicando recusa à aplicação Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros
da lei, for o motivo único ou principal do negócio credores as garantias de dívidas que o devedor
jurídico. insolvente tiver dado a algum credor.
O falso motivo só vicia a declaração de vontade OBS.: negócios indispensáveis à manutenção de
quando expresso como razão determinante. O erro estabelecimento e os necessários à subsistência
de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração presumem-se de boa-fé.
de vontade.
Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem
- Dolo: é o erro determinado por uma das partes resultante reverterá em proveito do acervo sobre que
(inclusive a omissão dolosa de informações). Se se tenha de efetuar o concurso de credores.
acidental, só obriga a satisfação de perdas e danos (é
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único
acidental quando, a seu despeito, o negócio seria
objeto atribuir direitos preferenciais, mediante
realizado, embora por outro modo). Se ambas as
hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade
partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-
importará somente na anulação da preferência
lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
ajustada.
- Coação: ameaça que incuta na parte fundado temor
Esses vícios são, portanto, causas de
de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
anulabilidade.
família (juiz pode ampliar para terceiros) ou aos seus
bens. A ameaça do exercício normal de direito e o
temor reverencial não caracterizam ameaça.
Vicia o negócio jurídico a coação exercida por
terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento
a parte a que aproveite, e esta responderá
solidariamente com aquele por perdas e danos.
- Estado de perigo: alguém, premido da necessidade
de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte (exige dolo de
aproveitamento) (requisito subjetivo), assume
obrigação excessivamente onerosa (requisito
objetivo).
Lesão: quando uma pessoa, sob premente
necessidade, ou por inexperiência (requisito
subjetivo), se obriga a prestação manifestamente
desproporcional (requisito objetivo) ao valor da
prestação oposta. Não exige dolo de aproveitamento.
A inexperiência não deve necessariamente significar Prazo para pleitear a anulação: decadencial de 4
imaturidade ou desconhecimento em relação à prática anos, contados:
de negócios jurídicos em geral, podendo ocorrer
I. no caso de coação, do dia que cessar;
também quando o lesado, ainda que estipule
contratos costumeiramente, não tenha conhecimento II. no caso de erro, dolo, fraude contra credores,
específico sobre o negócio em causa (JDC nº 410). estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou
o negócio;
A desproporção deve ser apreciada ao tempo da
celebração do negócio. III. no de ato de incapazes, do dia em que cessar a
incapacidade.
- Fraude contra credores: os negócios de
transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, Quando a lei dispuser que o ato é anulável, mas não
se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles estabelecer prazo, este será de 2 anos.
reduzido à insolvência, ainda quando o ignore,
ii) NULIDADES:
poderão ser anulados pelos credores quirografários e
por aqueles cuja garantia se tornar insuficiente, como
lesivos dos seus direitos. Exige-se a
contemporaneidade da dívida com o ato fraudulento.
Também serão anuláveis os contratos onerosos do
devedor insolvente se a insolvência for notória ou
houver motivo para ser conhecida do outro
contratante.

100
 #12 – Atos Ilícitos
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
- Simulação: voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando
limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas pela boa-fé ou pelos bons costumes.
diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
transmitem;
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício
II - contiverem declaração, confissão, condição ou
regular de um direito reconhecido;
cláusula não verdadeira;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou
lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
pós-datados.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em
legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
absolutamente necessário, não excedendo os limites
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes do indispensável para a remoção do perigo.
podem ser alegadas por qualquer interessado, ou
SÚMULAS IMPORTANTES
pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
STJ, Súmula 106: Proposta a ação no prazo fixado para
Parágrafo único. As nulidades devem ser
o seu exercício, a demora na citação, por motivos
pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar
acolhimento da arguição de prescrição ou
provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda
decadência.
que a requerimento das partes.
STJ, Súmula 229: O pedido do pagamento de
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de
indenização à seguradora suspende o prazo de
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
prescrição até que o segurado tenha ciência da
Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os decisão.
requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que
STJ, Súmula 323: A inscrição do nome do devedor
visavam as partes permitir supor que o teriam querido,
pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito
se houvessem previsto a nulidade.
até o prazo máximo de cinco anos,
O motivo determinante ilícito deve ser comum a independentemente da prescrição da execução.
ambas as partes.
STJ, Súmula 398: A prescrição da ação para pleitear os
juros progressivos sobre os saldos de conta vinculada
do FGTS não atinge o fundo de direito, limitando-se as
parcelas vencidas.

101
STJ, Súmula 405: A ação de cobrança do seguro
obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos.
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em
STJ, Súmula 409: Em execução fiscal, a prescrição que a pretensão.
ocorrida antes da propositura da ação pode ser
decretada de ofício (art. 219, § 5o, do CPC).
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente
STJ, Súmula 477: A decadência do art. 26 do CDC não
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
é aplicável à prestação de contas para obter
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e
encargos bancários.
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
STJ, Súmula 573: Nas ações de indenização ordenar a citação, se o interessado a promover no
decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca prazo e na forma da lei processual;
do caráter permanente da invalidez, para fins de
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
contagem do prazo prescricional, depende de
laudo médico, exceto nos casos de invalidez III - por protesto cambial;
permanente notória ou naqueles em que o
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo
conhecimento anterior resulte comprovado na fase
de inventário ou em concurso de credores;
de instrução.
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
Súmula 195-STJ: Em embargos de terceiro não se
o devedor;
anula ato jurídico, por fraude contra credores.
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que
Entendimentos jurisprudenciais:
extrajudicial, que importe reconhecimento do
A nulidade de negócio jurídico simulado pode ser direito pelo devedor.
reconhecida no julgamento de embargos de
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça
terceiros. (REsp 1.927.496/SP, Rel. Min. Moura
a correr da data do ato que a interrompeu, ou do
Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
último ato do processo para a interromper.
27/04/2021)
Prazo geral de prescrição: 10 anos, quando a lei
1. É de quatro anos o prazo de decadência para anular
não lhe fixar prazo menor.
partilha de bens em dissolução de união estável, por
vício de consentimento (coação), nos termos do art. Responsabilidade por inadimplemento contratual:
178 do Código Civil. (...) . (REsp 1621610/SP, Rel. Min. 10 anos. No caso de responsabilidade
Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, julgado em extracontratual, o prazo prescricional é de 3 anos.
07/02/2017, DJe 20/03/2017)
Prescreve em 01 ano a pretensão dos tabeliães,
A omissão de socorro à vítima de acidente de trânsito, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e
por si, não configura hipótese de dano moral in re peritos, pela percepção de emolumentos, custas e
ipsa". (REsp 1.512.001-SP, Rel. Min. Antonio Carlos honorários;
Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
Prescreve em 02 anos, a pretensão para haver
27/04/2021)
prestações alimentares, a partir da data em que se
#13 – Prescrição e decadência: vencerem.
Prescreve em 5 anos a pretensão dos profissionais
liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e
professores pelos seus honorários, contado o prazo
da conclusão dos serviços, da cessação dos
respectivos contratos ou mandato.
O prazo prescricional aplicável às ações de
indenização contra a Fazenda Pública é de 5 anos,
conforme previsto no Decreto 20.910/32, e não de 3
anos (regra do Código Civil), por se tratar de norma
especial, que prevalece sobre a geral.
Art. 206-A. A prescrição intercorrente
observará o mesmo prazo de prescrição da
OBS.: a renúncia da prescrição pode ser expressa ou pretensão, observadas as causas de
tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de impedimento, de suspensão e de interrupção
terceiro, depois que a prescrição se consumar. da prescrição previstas neste Código e
observado o disposto no art. 921 do CPC.

102
A prescrição somente obsta a compensação se for obrigações. Do inadimplemento das obrigações. Mora, cláusula
penal, perdas e danos.
anterior ao momento da coexistência das dívidas
(STJ).
#14 - Mapas mentais para revisão das modalidades
de obrigações

SÚMULAS IMPORTANTES
STJ, Súmula 106: Proposta a ação no prazo fixado para
o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o
acolhimento da arguição de prescrição ou
decadência.
STJ, Súmula 229: O pedido do pagamento de
indenização à seguradora suspende o prazo de
prescrição até que o segurado tenha ciência da
decisão.
STJ, Súmula 323: A inscrição do nome do devedor
pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito
até o prazo máximo de cinco anos,
independentemente da prescrição da execução.
STJ, Súmula 398: A prescrição da ação para pleitear os
juros progressivos sobre os saldos de conta vinculada
do FGTS não atinge o fundo de direito, limitando-se as
parcelas vencidas.
STJ, Súmula 405: A ação de cobrança do seguro
obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos.
STJ, Súmula 409: Em execução fiscal, a prescrição
ocorrida antes da propositura da ação pode ser
decretada de ofício (art. 219, § 5º, do CPC).
STJ, Súmula 477: A decadência do art. 26 do CDC não
é aplicável à prestação de contas para obter
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e
encargos bancários.
STJ, Súmula 573: Nas ações de indenização
decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do
caráter permanente da invalidez, para fins de
contagem do prazo prescricional, depende de laudo
médico, exceto nos casos de invalidez permanente
notória ou naqueles em que o conhecimento anterior
resulte comprovado na fase de instrução.

6. Do direito das obrigações. Das modalidades das obrigações. Da

transmissão das obrigações. Do adimplemento e extinção das

103
 Assunção de dívida: é facultado a terceiro assumir a
obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor
primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era
insolvente e o credor o ignorava.
Ressalvada previsão expressa, a assunção extingue as
garantias especiais dadas pelo devedor primitivo ao
credor.
Credor putativo: o pagamento feito de boa-fé ao
credor putativo é válido, ainda provado depois que
não era credor.
Dívidas são, em regra, quesíveis: salvo previsão
diversa, deverá o pagamento ser realizado no
domicílio do devedor.
#15 - Cláusula penal e Arras
- Cláusula Penal: Prestação acessória que é devida
nos casos de inadimplemento absoluto ou relativo ou
ainda de descumprimento de alguma cláusula
específica.
OBS.: perde a qualidade de indivisível a obrigação
que se resolver em perdas e danos. A situação é Para exigir a pena convencional, não é necessário que
diversa no caso da solidariedade: convertendo-se o credor alegue prejuízo.
a prestação em perdas e danos, subsiste, para
Ela é limitada ao valor da própria
todos os efeitos, a solidariedade.
obrigação, mas a penalidade deve ser
É facultado ao órgão julgador, de ofício, reduzir o reduzida equitativamente pelo juiz se a
valor da cláusula penal caso evidenciado o seu obrigação principal tiver sido cumprida em
manifesto excesso, inclusive em sede de parte, ou se o montante da penalidade for
cumprimento de sentença, desde que o título manifestamente excessivo, tendo-se em
executivo não se tenha pronunciado sobre o tema. vista a natureza e a finalidade do negócio.
Espécies:
- Cláusula penal compensatória (disjuntiva): Aplicada
em caso de inadimplemento total ou parcial. Se for
total, cabe ao credor escolher se prefere o
cumprimento da obrigação principal ou da acessória.
O credor tem apenas uma alternativa e não pode
exigir ambas as obrigações, ou exige a obrigação
principal ou a indenização substitutiva.
- Cláusula penal moratória (cumulativa) é a infração de
uma cláusula ou mora. Pode o credor exigir o
cumprimento da obrigação principal e a cláusula
penal, conjuntamente.
O credor pode exigir indenização suplementar se foi
convencionada. Se foi, a cláusula penal vale como
mínimo da indenização, competindo ao credor provar
o prejuízo excedente; se não foi, não pode cobrar,
ainda que prove o prejuízo a mais.
- Arras:

104
 III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira
excepcional e limitada.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar,
assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
#16 – Vícios redibitórios

Entendimentos jurisprudenciais:
É válida a cláusula penal que prevê a perda integral
dos valores pagos em contrato de compromisso de
compra e venda firmado entre particulares 5. O
mero interesse econômico em resguardar o
patrimônio investido em determinado negócio
jurídico não configura premente necessidade para o
fim do art. 157 do Código Civil. 6. Na hipótese em
apreço, a cláusula penal questionada foi proposta
pelos próprios recorrentes, que não comprovaram a
inexperiência ou premente necessidade, motivo pelo
qual a pretensão de anulação configura
comportamento contraditório, vedado pelo princípio
da boa-fé objetiva". (REsp 1723690/DF, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, julgado em
06/08/2019, DJe 12/08/2019).
Da inexecução contratual imputável, única e
exclusivamente, àquele que recebeu as arras, estas
devem ser devolvidas mais o equivalente. (REsp
1.927.986-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 22/06/2021,
DJe 25/06/2021)

7. Dos contratos em geral. Formação e extinção. Vícios redibitórios

e evicção. Das várias espécies de contrato. Dos atos unilaterais. 9.
Da responsabilidade civil em geral. Responsabilidade subjetiva e Art. 446. Não correrão os prazos do artigo
objetiva. Abuso do direito. antecedente na constância de cláusula de garantia;
mas o adquirente deve denunciar o defeito ao
Art. 421. A liberdade contratual será alienante nos trinta dias seguintes ao seu
exercida nos limites da função social do descobrimento, sob pena de decadência.
contrato. #17 – Evicção
Parágrafo único. Nas relações contratuais
privadas, prevalecerão o princípio da
intervenção mínima e a excepcionalidade da
revisão contratual.
Art.421-A. Os contratos civis e empresariais
presumem-se paritários e simétricos até a presença
de elementos concretos que justifiquem o afastamento
dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos
previstos em leis especiais, garantido também que:
I - as partes negociantes poderão estabelecer
parâmetros objetivos para a interpretação das
cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão
ou de resolução; #18 - Contratos em espécie:
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser i) Compra e venda:
respeitada e observada; e

105
Contrato consensual e não solene, salvo as exceções Cláusulas especiais
previstas em lei.
- Retrovenda: pode o vendedor exercer
Em regra, as despesas de escritura e registro ficam a recompra de bem imóvel, ainda que o
a cargo do comprador e as despesas com a tradição comprador não lhe queira revender,
ficam sob responsabilidade do vendedor. dentro do prazo máximo de 3 anos
(cláusula resolutiva).
A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou
futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se Na recompra, o vendedor paga ao comprador o
esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes preço pelo qual lhe vendera, independentemente da
era de concluir contrato aleatório. valorização imobiliária havida, reembolsando as
despesas realizadas e as benfeitorias necessárias.
Nulo é o contrato de compra e venda, quando se
deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a Se o comprador ou o terceiro se recusarem a receber
fixação do preço. as quantias, o vendedor, para exercer o direito de
resgate, as depositará judicialmente.
Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm
por conta do vendedor, e os do preço por conta do - Preempção: Art. 513. A preempção, ou preferência,
comprador. impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao
vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a
pagamento, para que este use de seu direito de
descendente, salvo se os outros descendentes e o
prelação na compra, tanto por tanto.
cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido. Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de
preferência não poderá exceder a cento e oitenta
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o
dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
consentimento do cônjuge se o regime de bens for o
da separação obrigatória. Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de
preempção caducará, se a coisa for móvel, não se
"(...) 8. Considerando que a venda por interposta
exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se
pessoa não é outra coisa que não a tentativa
exercendo nos sessenta dias subsequentes à data
reprovável de contornar-se a exigência da
em que o comprador tiver notificado o vendedor.
concordância dos demais descendentes e também do
cônjuge, para que seja hígida a venda de ascendente - Venda com reserva de domínio: o domínio
a descendente, deverá ela receber o mesmo permanece com o vendedor até que a última
tratamento conferido à venda direta que se faça sem prestação seja paga pelo comprador; restringe-se aos
esta aquiescência. Assim, considerando anulável a bens móveis, infungíveis, e exige forma escrita.
venda, será igualmente aplicável o art. 179 do
- Venda sobre documentos: não há tradição da coisa
CC/02, que prevê o prazo decadencial de 2 (dois)
propriamente dita, que é substituída pela entrega do
anos para a anulação do negócio". (REsp
seu título representativo.
1679501/GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma,
julgado em 10/03/2020, DJe 13/03/2020). iv) Doação:
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com Art. 538. Considera-se doação o contrato
relação a bens excluídos da comunhão. em que uma pessoa, por liberalidade,
transfere do seu patrimônio bens ou
Regras peculiares
vantagens para o de outra.
- Venda por amostra: a venda se dá com base em
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou
amostra, protótipo ou modelo exibidos ao
instrumento particular.
comprador; o comprador tem direito de receber coisa
igual à amostra. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se,
versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se
- Venda ad corpus e venda ad mensuram: Na venda ad
lhe seguir incontinenti a tradição.
mensuram as partes estão interessadas em uma
determinada área; na venda ad corpus as partes estão Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para
interessadas em comprar coisa certa e determinada declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o
(corpus), independentemente da extensão. donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a
declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação
- Coisa indivisa: ao se alienar um bem, oferece-se-o
não for sujeita a encargo.
aos condôminos e depois a terceiros. Se não for
ofertada a preferência ao condômino, poderá ele, Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do
estranhos, se o requerer no prazo decadencial de que lhes cabe por herança.
180 dias.

106
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da
voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide,
que sejam primeiro executados os bens do devedor.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão
em favor de terceiro. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de
ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens
Restrições:
do devedor, sitos no mesmo município, livres e
- Doação de todos os bens do doador (doação desembargados, quantos bastem para solver o débito.
universal ou total): é nula.
Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador:
- Doação de parte que caberia à legítima (doação
I - se ele o renunciou expressamente;
inoficiosa): é nula.
II - se se obrigou como principal pagador, ou
- Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice (doação
devedor solidário;
adúltera): anulável (pode ser anulada pelo outro
cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até 2 III - se o devedor for insolvente, ou falido.
anos depois de dissolvida a sociedade conjugal)
Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só
- Doação que prejudique os credores do doador débito por mais de uma pessoa importa o
(doação fraudatória): anulável. compromisso de solidariedade entre elas, se
declaradamente não se reservarem o benefício de
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros
divisão.
moratórios, nem é sujeito às consequências da evicção
ou do vício redibitório. Nas doações para casamento Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador
com certa e determinada pessoa, o doador ficará responde unicamente pela parte que, em proporção,
sujeito à evicção, salvo convenção em contrário. lhe couber no pagamento.
A doação pode ser revogada: Art. 837. O fiador pode opor ao credor as exceções
que lhe forem pessoais, e as extintivas da obrigação
- Descumprimento do encargo
que competem ao devedor principal, se não
- Ingratidão do donatário provierem simplesmente de incapacidade pessoal,
salvo o caso do mútuo feito a pessoa menor.
- O prazo decadencial é de 01 ano, contado a partir
do dia em que o doador dele tenha tomado Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará
conhecimento, incluindo-se a autoria do ato pelo desobrigado:
donatário.
I - se, sem consentimento seu, o credor conceder
- Há exceções à ingratidão: Doações puramente moratória ao devedor;
remuneratórias, Doações oneradas com encargo já
II - se, por fato do credor, for impossível a sub-
cumprido, Doações que se fizerem em cumprimento
rogação nos seus direitos e preferências;
de obrigação natural, Doações feitas para
determinado casamento (propter nuptias). III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar
amigavelmente do devedor objeto diverso do que
iv) Fiança:
este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite perdê-lo por evicção.
interpretação extensiva.
SÚMULAS IMPORTANTES!
Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem
Súmula 632-STJ: Nos contratos de seguro
consentimento do devedor ou contra a sua
regidos pelo Código Civil a correção
vontade.
monetária sobre indenização securitária
Art. 821. As dívidas futuras podem ser objeto de incide a partir da contratação até o efetivo
fiança; mas o fiador, neste caso, não será demandado pagamento.
senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação
Súmula 620-STJ: A embriaguez do segurado não
do principal devedor.
exime a seguradora do pagamento da indenização
Art. 822. Não sendo limitada, a fiança compreenderá prevista em contrato de seguro de vida.
todos os acessórios da dívida principal, inclusive as
Súmula 616-STJ: A indenização securitária é devida
despesas judiciais, desde a citação do fiador.
quando ausente a comunicação prévia do segurado
Art. 824. As obrigações nulas não são suscetíveis de acerca do atraso no pagamento do prêmio, por
fiança, exceto se a nulidade resultar apenas de constituir requisito essencial para a suspensão ou
incapacidade pessoal do devedor. resolução do contrato de seguro.
Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo Súmula 610-STJ: O suicídio não é coberto nos dois
não abrange o caso de mútuo feito a menor. primeiros anos de vigência do contrato de seguro

107
de vida, ressalvado o direito do beneficiário à Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no
devolução do montante da reserva técnica caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do
formada. perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo
que sofreram.
Súmula 609-STJ: A recusa de cobertura securitária,
sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se não Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo
houve a exigência de exames médicos prévios à ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor
contratação ou a demonstração de má-fé do do dano ação regressiva para haver a importância que
segurado. tiver ressarcido ao lesado.
Súmula 402-STJ: O contrato de seguro por danos Parágrafo único. A mesma ação competirá contra
pessoais compreende danos morais, salvo cláusula aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188,
expressa de exclusão. inciso I).
Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei
facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo especial, os empresários individuais e as empresas
terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face respondem independentemente de culpa pelos
da seguradora do apontado causador do dano. danos causados pelos produtos postos em
circulação.
Súmula 537-STJ: Em ação de reparação de danos, a
seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou Art. 932. São também responsáveis pela reparação
contestar o pedido do autor, pode ser condenada, civil:
direta e solidariamente junto com o segurado, ao
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob
pagamento da indenização devida à vítima, nos limites
sua autoridade e em sua companhia;
contratados na apólice.
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que
Súmula 332-STJ: A fiança prestada sem autorização
se acharem nas mesmas condições;
de um dos cônjuges implica a ineficácia total da
garantia. III - o empregador ou comitente, por seus
empregados, serviçais e prepostos, no exercício do
Súmula 656 - STJ: É válida a cláusula de
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
prorrogação automática de fiança na renovação do
contrato principal. A exoneração do fiador IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
depende da notificação prevista no art. 835 do estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
Código Civil. mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes,
moradores e educandos;
Súmula 308 do STJ - A hipoteca firmada entre a
construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior V - os que gratuitamente houverem participado nos
à celebração da promessa de compra e venda, não produtos do crime, até a concorrente quantia.
tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do
Súmula 302 do STJ - É abusiva a cláusula contratual de artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua
plano de saúde que limita no tempo a internação parte, responderão pelos atos praticados pelos
hospitalar do segurado. terceiros ali referidos. (Responsabilidade Objetiva)
#19 - Responsabilidade Civil Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por
outrem pode reaver o que houver pago daquele por
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
quem pagou, salvo se o causador do dano for
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
descendente seu, absoluta ou relativamente
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, incapaz.
independentemente de culpa, nos casos
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele,
especificados em lei, ou quando a atividade
responde pelo dano proveniente das coisas que
normalmente desenvolvida pelo autor do dano
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem. Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação
de prestá-la transmitem-se com a herança.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que
causar, se as pessoas por ele responsáveis não SÚMULAS IMPORTANTES!
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos
meios suficientes.
morais transmite-se com o falecimento do titular,
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade
que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do ativa para ajuizar ou prosseguir a ação
necessário o incapaz ou as pessoas que dele indenizatória.
dependem.

108
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a No contexto de propaganda comparativa ofensiva,
indenização pela publicação não autorizada da não é viável impor a obrigação de indenização por
imagem de pessoa com fins econômicos ou danos materiais sem a devida demonstração de
comerciais. prejuízo. (STJ, AgInt nos EDcl no REsp 1.770.411-RJ,
julgado em 14/2/2023, DJe 5/7/2023).
Súmula 385-STJ: Da anotação irregular em cadastro
de proteção ao crédito, não cabe indenização por A responsabilizada por fato do serviço, por não ter a
dano moral, quando preexistente legítima inscrição, instituição financeira tomado medidas de segurança
ressalvado o direito ao cancelamento. adequadas, quando inequívoco que o ato ilícito
praticado por terceiro foi a causa determinante pelos
Súmula 313-STJ: Em ação de indenização, procedente
danos sofridos pelo consumidor, não afasta a
o pedido, é necessária a constituição de capital ou
exceção à solidariedade, disposta no art. 285 do
caução fidejussória para a garantia de pagamento da
Código Civil. (STJ, REsp 2.069.446-SP, julgado em
pensão, independentemente da situação financeira do
23/5/2023, DJe 29/5/2023).
demandado.
Nos termos dos arts. 948, II, e 950 do CC/2002, a
Súmula 227-STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano
pensão por ato ilícito somente é devida quando o
moral.
autor do fato causa a morte ou a debilidade física
Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a da vítima. Não sendo nenhum destes o fundamento
apresentação antecipada de cheque pré-datado. da responsabilidade civil no caso, o afastamento da
condenação ao pagamento de pensão é medida que
Súmula 37-STJ: São cumuláveis as indenizações por
se impõe. (STJ. 4ª Turma. REsp 1837149-PR, Rel. Min.
dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 22/11/2022)
Súmula 387-STJ: É lícita a cumulação das indenizações
A Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor é
de dano estético e dano moral.
predisposta a ser aplicada no âmbito do direito
Súmula 388-STJ: A simples devolução indevida de consumerista, notadamente em razão da situação de
cheque caracteriza dano moral. desigualdade e de vulnerabilidade que são
características das relações de consumo, não se
Súmula 281-STJ: A indenização por dano moral não
aplicando, portanto, a relações jurídicas não
está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa.
consumeristas regidas exclusivamente pelo Direito
Súmula 132-STJ: A ausência de registro da Civil. (STJ. 3ª Turma. REsp 2017194-SP, Rel. Min.
transferência não implica a responsabilidade do Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2022)
antigo proprietário por dano resultante de acidente
Não se aplica a teoria da perda de uma chance para
que envolva o veículo alienado.
responsabilizar empresa que deixou de apresentar
Súmula 246-STJ: O valor do seguro obrigatório deve seus livros societários em prazo hábil para subsidiar
ser deduzido da indenização judicialmente fixada. impugnação de alegada doação inoficiosa por um de
seus sócios, na hipótese de não restar comprovado o
Súmula 562-STF: Na indenização de danos materiais
nexo de causalidade entre o extravio dos livros e as
decorrentes de ato ilícito cabe a atualização de seu
chances de vitória na demanda judicial. (STJ. 3ª Turma.
valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros
REsp 1929450-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
critérios, os índices de correção monetária.
Sanseverino, julgado em 18/10/2022)
Súmula 43-STJ: Incide correção monetária sobre
A utilização de fotografias que servirem tão
dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo
somente para ilustrar matéria jornalística sobre fato
prejuízo.
ocorrido e narrado pelo ponto de vista do repórter
Entendimentos jurisprudenciais não constitui, per se, violação ao direito de
importantes! preservação de imagem ou de vida íntima e privada
de outrem, não havendo que se falar em causa para
Tema 932, RE 828040, julgado em
indenização por danos morais. (STJ. 4ª Turma. AgInt
05/09/2019 - O artigo 927, parágrafo único,
no AREsp 674270/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado
do Código Civil é compatível com o artigo 7º,
em 23/08/2022)
XXVIII, da Constituição Federal, sendo constitucional a
responsabilização objetiva do empregador por São critérios que indicam a tendência de adoção
danos decorrentes de acidentes de trabalho, nos excepcional do viés subjetivo da teoria da actio
casos especificados em lei, ou quando a atividade nata: a) a submissão da pretensão a prazo
normalmente desenvolvida, por sua natureza, prescricional curto; b) a constatação, na hipótese
apresentar exposição habitual a risco especial, com concreta, de que o credor tinha ou deveria ter ciência
potencialidade lesiva e implicar ao trabalhador do nascimento da pretensão, o que deve ser apurado
ônus maior do que aos demais membros. a partir da boa-fé objetiva e de standards de atuação
do homem médio; c) o fato de se estar diante de

109
responsabilidade civil por ato ilícito absoluto; e d) a propriedade (a apreensão da coisa em conformidade
expressa previsão legal a impor a aplicação do sistema com o direito real pleno).
subjetivo. (STJ. 3ª Turma.REsp 1836016-PR, Rel. Min.
Ações Possessórias:
Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 10/05/2022)

11. Do direito das coisas. 12. Da posse: aquisição, efeitos, perda.

Os interditos possessórios. Usucapião. 13. Dos direitos reais. Da
propriedade. Do condomínio. Da superfície. Das servidões. Do
usufruto. Do uso. Da habitação. Do direito do promitente
comprador. Do penhor, da hipoteca e da anticrese. Alienação
fiduciária.

#20 – Da Posse O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-

Teoria subjetivista ou subjetiva: posse sem animus se ou restituir-se por sua própria força, contanto que
não seria autêntica posse, mas mera detenção ou um o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não
fâmulo de posse. Savigny vincula a posse à podem ir além do indispensável à manutenção, ou
propriedade. restituição da posse. Não obsta a manutenção ou
reintegração na posse a alegação de propriedade, ou
Teoria objetivista ou objetiva: para haver posse, de outro direito sobre a coisa.
bastaria o elemento objetivo do corpus. O CC/2002
adotou expressamente a teoria de objetivista O possuidor de má-fé responde por todos os frutos
Jhering no art. 1.196: Considera-se possuidor todo colhidos e percebidos, bem como pelos que, por
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em
algum dos poderes inerentes à propriedade. que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da
produção e custeio.
Classificação:
O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às
voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá
exercer o direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis. Ao possuidor de má-
fé serão ressarcidas somente as benfeitorias
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela
importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Súmula 619-STJ: A ocupação indevida de bem público
configura mera detenção, de natureza precária,
insuscetível de retenção ou indenização por acessões
e benfeitorias.
A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e #21 - Usucapião
desde o momento em que as circunstâncias façam
Súmula 637 do STJ - O ente público detém
presumir que o possuidor não ignora que possui
legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente,
indevidamente.
na ação possessória entre particulares, podendo
O sucessor universal continua de direito a posse do deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se for
seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado o caso, o domínio.
unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Situações de mera detenção: Ordem de outrem em
manter uma "posse", mas sem animus de mantê-la;
Atos de mera tolerância do proprietário; Situação de
posse violenta ou clandestina;
Na classificação ordinatória da apreensão de algo por
alguém, começo com a tença (uma “detenção” fugaz
e sem consequência jurídica), passo à detenção (uma
“posse” subordinada a algo ou alguém),
posteriormente à posse (uma “propriedade” ao
menos presuntiva), até chegar, finalmente, à

110
 II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos.
As obras ou reparações necessárias podem ser
realizadas, independentemente de autorização,
pelo síndico, ou, em caso de omissão ou
impedimento deste, por qualquer condômino.
Se as obras ou reparos necessários forem urgentes e
importarem em despesas excessivas, determinada
sua realização, o síndico ou o condômino que tomou
a iniciativa delas dará ciência à assembléia, que
deverá ser convocada imediatamente.
Não sendo urgentes, as obras ou reparos
necessários, que importarem em despesas excessivas,
somente poderão ser efetuadas após autorização da
assembléia, especialmente convocada pelo
síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento
deste, por qualquer dos condôminos.
O condômino que realizar obras ou reparos
necessários será reembolsado das despesas que
Atenção à Usucapião familiar, modalidade bastante efetuar, não tendo direito à restituição das que fizer
cobrada nas provas: Aquele que exercer, por 2 anos com obras ou reparos de outra natureza, embora de
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com interesse comum.
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos
cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex- débitos do alienante, em relação ao condomínio,
companheiro que abandonou o lar, utilizando-o inclusive multas e juros moratórios.
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio integral, desde que não seja proprietário de Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3
outro imóvel urbano ou rural. dos votos dos condôminos a alteração da
convenção, bem como a mudança da
#22 - Condomínio Edilício: destinação do edifício ou da unidade
Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato imobiliária.
entre vivos ou testamento, registrado no Cartório #23 - Superfície: O proprietário pode conceder a
de Registro de Imóveis, devendo constar daquele outrem o direito de construir ou de plantar em seu
ato, além do disposto em lei especial: terreno, por tempo determinado, mediante
I - a discriminação e individualização das unidades de escritura pública devidamente registrada no
propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e Cartório de Registro de Imóveis. A concessão da
das partes comuns; superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa,
estipularão as partes se o pagamento será feito de
II - a determinação da fração ideal atribuída a cada uma só vez, ou parceladamente.
unidade, relativamente ao terreno e partes comuns;
O direito de superfície pode transferir-se a terceiros
III - o fim a que as unidades se destinam. e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio Não poderá ser estipulado pelo concedente, a
edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no nenhum título, qualquer pagamento pela
mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, transferência.
desde logo, obrigatória para os titulares de direito Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do
sobre as unidades, ou para quantos sobre elas direito de superfície, o superficiário ou o proprietário
tenham posse ou detenção. tem direito de preferência, em igualdade de
Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a condições.
convenção do condomínio deverá ser registrada no #24 – Servidão: Art. 1.378. A servidão proporciona
Cartório de Registro de Imóveis. utilidade para o prédio dominante, e grava o
A realização de obras no condomínio prédio serviente, que pertence a diverso dono, e
depende: constitui-se mediante declaração expressa dos
proprietários, ou por testamento, e subseqüente
I - se voluptuárias, de voto de 2/3 dos registro no Cartório de Registro de Imóveis.
condôminos;
Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma
servidão aparente, por dez anos, nos termos do art.

111
1.242 , autoriza o interessado a registrá-la em seu pedindo a improcedência da demanda. As
nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título testemunhas e as provas documentais atestaram que
a sentença que julgar consumado a usucapião. João reside no imóvel desde setembro de 2012, ou
seja, quando o autor deu entrada na ação, ainda não
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo
havia mais de 5 anos de posse. Em novembro de 2017,
da usucapião será de vinte anos.
os autos foram conclusos ao juiz para sentença. O
#25 - Usufruto: O usufrutuário tem direito à posse, magistrado deverá julgar o pedido procedente
uso, administração e percepção dos frutos. Ele pode considerando que o prazo exigido por lei para a
usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o usucapião se completou no curso do processo. (STJ. 3ª
prédio, mas não mudar-lhe a destinação econômica, Turma. REsp 1.361.226-MG, Rel. Min. Ricardo Villas
sem expressa autorização do proprietário. Bôas Cueva, julgado em 05/06/2018)
O usufruto extingue-se, dentre outras formas, pela O fato de os autores serem proprietários da metade
renúncia ou morte do usufrutuário. Nesse caso, deve- ideal do imóvel que pretendem usucapir não
se cancelar o registro no Cartório de Registro de constitui o impedimento de que trata o art. 1.240
Imóveis. do Código Civil, pois não possuem moradia própria,
já que eventualmente teriam que remunerar o
Entendimentos jurisprudenciais importantes
coproprietário para usufruir com exclusividade do
"O prazo decadencial do exercício do direito de bem. (STJ. 3ª Turma. REsp 1909276-RJ, Rel. Min.
preferência por condômino, na ausência de prévia Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/09/2022)
notificação, inicia-se com o registro da escritura
A existência de bem público não demarcado em
pública de compra e venda da fração ideal da coisa
condomínio pro indiviso com particulares não
comum indivisa." (REsp 1.628.478-MG, Rel. Min.
impede ação de usucapião parcial. (STJ. 4ª Turma.
Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, j. 03/11/2020, DJe
REsp 1504916-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel.
17/11/2020)
Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 27/09/2022)
O direito de tapagem disposto do art. 1.297 do
Tema 815, RE 422349, julgado em 29/04/2015 -
Código Civil prevê o direito ao compartilhamento de
Preenchidos os requisitos do art. 183 da Constituição
gastos decorrentes da construção de muro comum
Federal, o reconhecimento do direito à usucapião
aos proprietários lindeiros. Não é necessário o prévio
especial urbana não pode ser obstado por
acordo de vontades para que o proprietário de imóvel
legislação infraconstitucional que estabeleça
confinante possa ser compelido a concorrer para as
módulos urbanos na respectiva área em que
despesas de construção de tapumes divisórios. (STJ,
situado o imóvel (dimensão do lote).
REsp 2.035.008-SP, julgado em 2/5/2023, DJe
5/5/2023). Em ação reivindicatória, constatada a existência de
dois títulos de propriedade para o mesmo bem
Não cabe oposição em ação de usucapião. O
imóvel, prevalecerá o primeiro título aquisitivo
indivíduo não tem interesse processual para oferecer
registrado. (STJ, REsp 1.657.424-AM, julgado em
oposição na ação de usucapião porque, estando tal
16/5/2023, DJe 23/5/2023).
ação incluída nos chamados juízos universais (em que
são convocados a integrar o polo passivo por meio de SÚMULAS IMPORTANTES!
edital toda a universalidade de eventuais
Súmula 340-STF: Desde a vigência do Código Civil, os
interessados), sua pretensão poderia ser deduzida por
bens dominicais, como os demais bens públicos, não
meio de contestação. (STJ. 3ª Turma. REsp
podem ser adquiridos por usucapião.
1726292/CE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 12/02/2019) Súmula 263-STF: O possuidor deve ser citado,
pessoalmente, para a ação de usucapião.
É possível o reconhecimento da usucapião quando
o prazo exigido por lei se complete no curso do Súmula 237-STF: O usucapião pode ser arguido em
processo judicial, conforme a previsão do art. 493, do defesa.
CPC/2015, ainda que o réu tenha apresentado
Súmula 11-STJ: A presença da União ou de qualquer
contestação. Em março de 2017, João ajuizou ação
de seus entes, na ação de usucapião especial, não
pedindo o reconhecimento de usucapião especial
afasta a competência do foro da situação do
urbana, nos termos do art. 1.240 do CC (que exige
imóvel.
posse ininterrupta e sem oposição por 5 anos). Em
abril de 2017, o proprietário apresentou contestação

DIREITO EMPRESARIAL

112
 Bens incorpóreos: são as coisas imateriais, que não
1. Empresa e empresário. Estabelecimento empresarial.
ocupam espaço no mundo exterior.

#01 - Elementos da Empresa Atenção! O nome empresarial integra o

estabelecimento, mas não pode ser alienado, pois é
Organização: O grande elemento caracterizador da personalíssimo. O nome empresarial não pode ser
empresa e do empresário é a organização. A profissão objeto de alienação, pois integra os direitos de
do empresário se caracteriza pela organização dos personalidade, conforme o art. 1.164, do Código Civil.
fatores de produção e comércio, quais sejam: a mão
de obra (própria ou alheia), o capital, os insumos e a #03 - Trespasse
tecnologia. O trespasse significa a alienação do
Profissionalidade: A atividade empresária estabelecimento empresarial
profissional é toda aquela exercida com pessoalidade titularizado pelo empresário, razão
e habitualidade. A pessoalidade nada mais é do que pela qual tem livre disponibilidade sobre
a pessoal assunção de responsabilidade pela a sua universalidade de fato.
atividade praticada pelo Empresário ou Sociedade A eficácia do trespasse depende, quanto
Empresária. A habitualidade é facilmente explicada a terceiros, da averbação do respectivo contrato q no
pela frequência na atividade empresarial praticada de registro público de empresas mercantis à margem da
forma reiterada e em nome próprio. inscrição do empresário ou sociedade empresária,
Busca de Lucro: A atividade que visa ao lucro por com a publicação na imprensa oficial.
intermédio da produção ou comercialização de bens, Se não restarem bens suficientes para solver o
ou serviços. É sempre importante lembrar que basta o passivo, a eficácia da quanto aos credores,
objetivo de lucrar, e não necessariamente o lucro dependerá também do pagamento de todos ou de
propriamente dito, caso contrário, todas as empresas seu consentimento, expresso ou TÁCITO, em 30 dias
precisariam ser positivas para que assim fossem a partir de sua notificação.
consideradas.
CC. art. 1.146. O adquirente do estabelecimento
CC. Art. 966. Considera-se empresário quem exerce responde pelo pagamento dos débitos anteriores à
profissionalmente atividade econômica organizada transferência, desde que regularmente contabilizados,
para a produção ou a circulação de bens ou de continuando o devedor primitivo solidariamente
serviços. obrigado pelo prazo de 1 ano, a partir, quanto aos
Parágrafo único. Não se considera empresário quem créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros,
exerce profissão intelectual, de natureza científica, da data do vencimento.
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a
ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão transferência importa a sub-rogação do adquirente
constituir elemento de empresa. nos contratos estipulados para exploração do
#02 – Elementos do Estabelecimento estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal,
podendo os terceiros rescindir o contrato em 90 dias
CC. Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo a contar da publicação da transferência, se ocorrer
complexo de bens organizado, para exercício da justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade
empresa, por empresário, ou por sociedade do alienante.
empresária.
Vale registrar que, nos contratos de trespasse, há, uma
§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local cláusula implícita por força de lei: a cláusula de não
onde se exerce a atividade empresarial, que poderá concorrência. Assim, o alienante de estabelecimento
ser físico ou virtual. empresarial não poderá, salvo cláusula contratual em
§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade sentido contrário (se fixada por tempo indeterminado,
empresarial for virtual, o endereço informado para fins será abusiva, segundo o STJ), fazer concorrência com
de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço o adquirente pelo prazo de 5 anos. No caso de
do empresário individual ou o de um dos sócios da arrendamento ou usufruto, a proibição persistirá
sociedade empresária. durante o prazo do contrato.

§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade 2. Microempresa, microempreendedor individual e empresa de

empresarial for físico, a fixação do horário de pequeno porte (Lei Complementar nº 123/2006 e suas alterações).
funcionamento competirá ao Município, observada a
regra geral prevista no inciso II do caput do art. 3º da #04 – Definição Legal de Microempresa e Empresa
Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019. de Pequeno Porte
Bens corpóreos: aqueles que se caracterizam por LC 123/06. Art. 3º Para os efeitos desta Lei
ocupar espaço no mundo exterior. Complementar, consideram-se microempresas ou
empresas de pequeno porte, a sociedade empresária,

113
a sociedade simples, a empresa individual de lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse
responsabilidade limitada e o empresário a que se o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;
refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as
2002 (Código Civil), devidamente registrados no
de consumo;
Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil
de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano- VIII - que exerça atividade de banco comercial, de
calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ investimentos e de desenvolvimento, de caixa
360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e econômica, de sociedade de crédito, financiamento e
investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em
de distribuidora de títulos, valores mobiliários e
cada ano-calendário, receita bruta superior a R$
câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de
360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou
seguros privados e de capitalização ou de previdência
inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos
complementar;
mil reais)
IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer
§ 1º Considera-se receita bruta, para fins do disposto
outra forma de desmembramento de pessoa jurídica
no caput deste artigo, o produto da venda de bens e
que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-
serviços nas operações de conta própria, o preço dos
calendário anteriores;
serviços prestados e o resultado nas operações em
conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os X - constituída sob a forma de sociedade por ações.
descontos incondicionais concedidos.
XI - cujos titulares ou sócios guardem,
§ 2º No caso de início de atividade no próprio ano- cumulativamente, com o contratante do serviço,
calendário, o limite a que se refere o caput deste artigo relação de pessoalidade, subordinação e
será proporcional ao número de meses em que a habitualidade.
microempresa ou a empresa de pequeno porte houver
§ 5º O disposto nos incisos IV e VII do § 4o deste artigo
exercido atividade, inclusive as frações de meses.
não se aplica à participação no capital de cooperativas
§ 3º O enquadramento do empresário ou da de crédito, bem como em centrais de compras, bolsas
sociedade simples ou empresária como de subcontratação, no consórcio referido no art. 50
microempresa ou empresa de pequeno porte bem desta Lei Complementar e na sociedade de propósito
como o seu desenquadramento não implicarão específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar,
alteração, denúncia ou qualquer restrição em relação e em associações assemelhadas, sociedades de
a contratos por elas anteriormente firmados. interesse econômico, sociedades de garantia solidária
e outros tipos de sociedade, que tenham como
§ 4º Não poderá se beneficiar do
objetivo social a defesa exclusiva dos interesses
tratamento jurídico diferenciado
econômicos das microempresas e empresas de
previsto nesta Lei Complementar,
pequeno porte.
incluído o regime de que trata o art. 12
desta Lei Complementar, para nenhum § 6º Na hipótese de a microempresa ou empresa de
efeito legal, a pessoa jurídica: pequeno porte incorrer em alguma das situações
previstas nos incisos do § 4o, será excluída do
I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica;
tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei
II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, Complementar, bem como do regime de que trata o
no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; art. 12, com efeitos a partir do mês seguinte ao que
incorrida a situação impeditiva.
III - de cujo capital participe pessoa física que seja
inscrita como empresário ou seja sócia de outra § 7º Observado o disposto no § 2o deste artigo, no
empresa que receba tratamento jurídico diferenciado caso de início de atividades, a microempresa que, no
nos termos desta Lei Complementar, desde que a ano-calendário, exceder o limite de receita bruta anual
receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o previsto no inciso I do caput deste artigo passa, no
inciso II do caput deste artigo; ano-calendário seguinte, à condição de empresa de
pequeno porte.
IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10%
(dez por cento) do capital de outra empresa não § 8º Observado o disposto no § 2o deste artigo, no
beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a caso de início de atividades, a empresa de pequeno
receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o porte que, no ano-calendário, não ultrapassar o limite
inciso II do caput deste artigo; de receita bruta anual previsto no inciso I do caput
deste artigo passa, no ano-calendário seguinte, à
V - cujo sócio ou titular seja administrador ou
condição de microempresa.
equiparado de outra pessoa jurídica com fins

114
§ 9º A empresa de pequeno porte que, no ano- § 15. Na hipótese do § 14, para fins de determinação
calendário, exceder o limite de receita bruta anual da alíquota de que trata o § 1o do art. 18, da base de
previsto no inciso II do caput deste artigo fica excluída, cálculo prevista em seu § 3o e das majorações de
no mês subsequente à ocorrência do excesso, do alíquotas previstas em seus §§ 16, 16-A, 17 e 17-A,
tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei serão consideradas separadamente as receitas brutas
Complementar, incluído o regime de que trata o art. auferidas no mercado interno e aquelas decorrentes
12, para todos os efeitos legais, ressalvado o disposto da exportação.
nos §§ 9º-A, 10 e 12.
§ 16. O disposto neste artigo será regulamentado por
§ 9º-A. Os efeitos da exclusão prevista no § 9º dar-se- resolução do CGSN.
ão no ano-calendário subsequente se o excesso
verificado em relação à receita bruta não for superior a 3. Propriedade Industrial. 3.1 Patentes: a) pedido; b) concessão da
20% (vinte por cento) do limite referido no inciso II do patente; c) invenção; d) modelo de utilidade; e) proteção; f)
nulidades; g) cessão do pedido ou da patente; h) extinção da
caput.
patente. 3.2 Marcas: a) caracterização; b) registro; c) restrições; d)
§ 10. A empresa de pequeno porte que no decurso do proteção; e) nulidades; f) cessão e licença de uso; g) prazo; h)
extinção do registro. 3.3 Desenhos Industriais: a) titularidade e
ano-calendário de início de atividade ultrapassar o pedido de registro; b) proteção legal; c) nulidade e extinção do
limite proporcional de receita bruta de que trata o § 2o registro. 3.4 Concorrência desleal. Aspectos civis.
estará excluída do tratamento jurídico diferenciado
previsto nesta Lei Complementar, bem como do #05 – Propriedade Industrial
regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar,
com efeitos retroativos ao início de suas atividades. Invenção: É patenteável a invenção que atenda aos
requisitos de: 1) Novidade; 2) Atividade inventiva; 3)
§ 11. Na hipótese de o Distrito Federal, os Estados e os Aplicação industrial.
respectivos Municípios adotarem um dos limites
previstos nos incisos I e II do caput do art. 19 e no art. Modelo de utilidade: É a melhoria introduzida na
20, caso a receita bruta auferida pela empresa durante forma de objetos conhecidos, a fim de aumentar sua
o ano-calendário de início de atividade ultrapasse 1/12 utilidade. De acordo com a lei, é patenteável como
(um doze avos) do limite estabelecido multiplicado modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte
pelo número de meses de funcionamento nesse deste, suscetível de aplicação industrial, que
período, a empresa não poderá recolher o ICMS e o apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato
ISS na forma do Simples Nacional, relativos ao inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu
estabelecimento localizado na unidade da federação uso ou em sua fabricação.
que os houver adotado, com efeitos retroativos ao Não se considera invenção nem modelo
início de suas atividades. de utilidade:
§ 12. A exclusão de que trata o § 10 não retroagirá ao I - descobertas, teorias científicas e
início das atividades se o excesso verificado em métodos matemáticos;
relação à receita bruta não for superior a 20% (vinte
por cento) do respectivo limite referido naquele II - concepções puramente abstratas;
parágrafo, hipótese em que os efeitos da exclusão dar- III - esquemas, planos, princípios ou métodos
se-ão no ano-calendário subsequente. comerciais, contábeis, financeiros, educativos,
§ 13. O impedimento de que trata o § 11 não publicitários, de sorteio e de fiscalização;
retroagirá ao início das atividades se o excesso IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e
verificado em relação à receita bruta não for superior a científicas ou qualquer criação estética;
20% (vinte por cento) dos respectivos limites referidos
naquele parágrafo, hipótese em que os efeitos do V - programas de computador em si;
impedimento ocorrerão no ano-calendário VI - apresentação de informações;
subsequente.
VII - regras de jogo;
§ 14. Para fins de enquadramento como
microempresa ou empresa de pequeno porte, VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos,
poderão ser auferidas receitas no mercado interno até bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico,
o limite previsto no inciso II do caput ou no § 2o, para aplicação no corpo humano ou animal; e
conforme o caso, e, adicionalmente, receitas IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais
decorrentes da exportação de mercadorias ou biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela
serviços, inclusive quando realizada por meio de isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de
comercial exportadora ou da sociedade de propósito qualquer ser vivo natural e os processos biológicos
específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar, naturais.
desde que as receitas de exportação também não
excedam os referidos limites de receita bruta anual.

115
 § 6º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
PRAZOS DE VIGÊNCIA DAS PATENTES
couber, ao pedido depositado e à patente concedida
com base neste artigo.
Invenção 20 anos
Art. 231. Poderá ser depositado pedido de patente
Modelo de utilidade 15 anos relativo às matérias de que trata o artigo anterior, por
nacional ou pessoa domiciliada no País, ficando
#06 - Patente Pipeline assegurada a data de divulgação do invento, desde
que seu objeto não tenha sido colocado em qualquer
Lei 9.279/96. Art. 230. Poderá mercado, por iniciativa direta do titular ou por terceiro
ser depositado pedido de patente com seu consentimento, nem tenham sido realizados,
relativo às substâncias, matérias por terceiros, no País, sérios e efetivos preparativos
ou produtos obtidos por meios ou para a exploração do objeto do pedido.
processos químicos e as
substâncias, matérias, misturas ou § 1º O depósito deverá ser feito dentro do prazo de 1
produtos alimentícios, químico-farmacêuticos e (um) ano contado da publicação desta Lei.
medicamentos de qualquer espécie, bem como os § 2º O pedido de patente depositado com base neste
respectivos processos de obtenção ou modificação, artigo será processado nos termos desta Lei.
por quem tenha proteção garantida em tratado ou
convenção em vigor no Brasil, ficando assegurada a § 3º Fica assegurado à patente concedida com base
data do primeiro depósito no exterior, desde que seu neste artigo o prazo remanescente de proteção de 20
objeto não tenha sido colocado em qualquer (vinte) anos contado da data da divulgação do invento,
mercado, por iniciativa direta do titular ou por terceiro a partir do depósito no Brasil.
com seu consentimento, nem tenham sido realizados, § 4º O depositante que tiver pedido de patente em
por terceiros, no País, sérios e efetivos preparativos andamento, relativo às matérias de que trata o artigo
para a exploração do objeto do pedido ou da patente. anterior, poderá apresentar novo pedido, no prazo e
§ 1º O depósito deverá ser feito dentro do prazo de 1 condições estabelecidos neste artigo, juntando prova
(um) ano contado da publicação desta Lei, e deverá de desistência do pedido em andamento.
indicar a data do primeiro depósito no exterior. Atenção! Jurisprudência sobre o ponto:
§ 2º O pedido de patente depositado com base neste As patentes requeridas pelo denominado sistema
artigo será automaticamente publicado, sendo pipeline (patentes de importação ou patentes de
facultado a qualquer interessado manifestar-se, no revalidação), dada sua natureza excepcional em
prazo de 90 (noventa) dias, quanto ao atendimento do relação às patentes ordinárias, devem observar, tão
disposto no caput deste artigo. somente, os pressupostos estabelecidos no art. 230 e
§ 3º Respeitados os arts. 10 e 18 desta Lei, e uma vez seguintes da LPI, não sendo necessária a análise dos
atendidas as condições estabelecidas neste artigo e requisitos tradicionais previstos no art. 8º desse
comprovada a concessão da patente no país onde foi diploma legal. (REsp n. 1.753.535/RJ, relatora Ministra
depositado o primeiro pedido, será concedida a Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 4/6/2019,
patente no Brasil, tal como concedida no país de DJe de 7/6/2019.)
origem. A Segunda Seção desta Corte decidiu, no julgamento
§ 4º Fica assegurado à patente concedida com base do REsp nº 731.101/RJ, relatado pelo Ministro JOÃO
neste artigo o prazo remanescente de proteção no OTÁVIO DE NORONHA, que "a Lei de Propriedade
país onde foi depositado o primeiro pedido, contado Industrial, em seu art. 230, § 4º, c/c o art. 40,
da data do depósito no Brasil e limitado ao prazo estabelece que a proteção oferecida às patentes
previsto no art. 40, não se aplicando o disposto no seu estrangeiras, chamadas patentes pipeline, vigora 'pelo
parágrafo único. prazo remanescente de proteção no país onde foi
depositado o primeiro pedido', até o prazo máximo de
§ 5º O depositante que tiver pedido de patente em proteção concedido no Brasil - 20 anos - a contar da
andamento, relativo às substâncias, matérias ou data do primeiro depósito no exterior, ainda que
produtos obtidos por meios ou processos químicos e posteriormente abandonado". Esse entendimento
as substâncias, matérias, misturas ou produtos vem sendo reiterado pelas Terceira e Quarta Turmas.
alimentícios, químico-farmacêuticos e medicamentos (AgRg no REsp n. 1.207.571/RJ, relator Ministro Marco
de qualquer espécie, bem como os respectivos Buzzi, Quarta Turma, julgado em 4/11/2014, DJe de
processos de obtenção ou modificação, poderá 14/11/2014.)
apresentar novo pedido, no prazo e condições
estabelecidos neste artigo, juntando prova de #07 - Trade Dress ou Conjunto Imagem –
desistência do pedido em andamento. entendimento jurisprudencial

116
1. O conjunto-imagem (trade dress) é a soma de imagem do produto de outrem, a prova pericial é
elementos visuais e sensitivos que traduzem uma imprescindível. (AgInt nos EDcl no REsp n.
forma peculiar e suficientemente distintiva de 1.834.830/RN, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira
apresentação do bem no mercado consumidor. 2. Não Turma, julgado em 6/3/2023, DJe de 9/3/2023.)
se confunde com a patente, o desenho industrial ou a
(...) 6. Hipótese que se subsome a supressio, por
marca, apesar de poder ser constituído por elementos
carência de animus na defesa do trade dress. Inércia
passíveis de registro, a exemplo da composição de
que culminou na perda do próprio direito de
embalagens por marca e desenho industrial. 3.
apropriação do conjunto-imagem. 7. Convivência
Embora não disciplinado na Lei n. 9.279/1996, o
harmônica entre as marcas há mais de quarenta anos,
conjunto-imagem de bens e produtos é passível de
sem notícias de litígio ou conflito, no período.
proteção judicial quando a utilização de conjunto
Ausência de concorrência real entre as marcas. 8. Não
similar resulte em ato de concorrência desleal, em
provimento do recurso, com majoração dos
razão de confusão ou associação com bens e produtos
honorários, nos termos do art. 85, § 11 do NCPC, não
concorrentes (art. 209 da LPI). (...) (REsp 1591294/PR,
sendo aplicável, no caso, o limite previsto no § 2º do
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
mesmo artigo porque a verba honorária foi fixada com
TURMA, julgado em 06/03/2018, DJe 13/03/2018)
base em equidade (art. 20, 4º do CPC/73). (REsp n.
Tema 950 do STJ: As questões acerca do trade dress 1.726.804/RJ, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira
(conjunto-imagem) dos produtos, concorrência Turma, julgado em 27/9/2022, DJe de 29/9/2022.)
desleal, e outras demandas afins, por não envolver
#08 – Indicações Geográficas
registro no INPI e cuidando de ação judicial entre
particulares, é inequivocamente de competência da Lei 9.279/96. Art. 176. Constitui
justiça estadual, já que não afeta interesse institucional indicação geográfica a indicação de
da autarquia federal. No entanto, compete à Justiça procedência ou a denominação de
Federal, em ação de nulidade de registro de marca, origem.
com a participação do INPI, impor ao titular a
Art. 177. Considera-se indicação de
abstenção do uso, inclusive no tocante à tutela
procedência o nome geográfico de
provisória.
país, cidade, região ou localidade de seu território,
1. A utilização indevida de conjunto-imagem (trade que se tenha tornado conhecido como centro de
dress), com embalagens semelhantes para produtos extração, produção ou fabricação de determinado
que exploram a mesma atividade econômica, produto ou de prestação de determinado serviço.
configura ilícito continuado, que se renova
Art. 178. Considera-se denominação de origem o
periodicamente. 2. A prescrição, tanto para a tutela
nome geográfico de país, cidade, região ou localidade
reparatória quanto para a inibitória, afeta apenas o
de seu território, que designe produto ou serviço cujas
período antecedente ao marco temporal
qualidades ou características se devam exclusiva ou
prescricional, mas não as ocorrências registradas em
essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores
período mais recente e, portanto, não alcançado pelo
naturais e humanos.
lapso prescricional. 3. A prescrição não tem o condão
de tornar lícita uma atuação, que se repete no trato Art. 179. A proteção estender-se-á à representação
continuado, a qual a lei repudia. 4. Agravo interno gráfica ou figurativa da indicação geográfica, bem
provido para conhecer do agravo e dar provimento ao como à representação geográfica de país, cidade,
recurso especial. (AgInt no AREsp n. 2.107.167/SP, região ou localidade de seu território cujo nome seja
relator Ministro João Otávio de Noronha, relator para indicação geográfica.
acórdão Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado
Art. 180. Quando o nome geográfico se houver
em 7/3/2023, DJe de 26/5/2023.)
tornado de uso comum, designando produto ou
O prejuízo causado prescinde de comprovação, pois serviço, não será considerado indicação geográfica.
se consubstancia na própria violação do direito,
Art. 181. O nome geográfico que não constitua
derivando da natureza da conduta perpetrada. A
indicação de procedência ou denominação de origem
demonstração do dano se confunde com a
poderá servir de elemento característico de marca
demonstração da existência do fato, cuja ocorrência é
para produto ou serviço, desde que não induza falsa
premissa assentada, devendo o montante ser
procedência.
apurado em liquidação de sentença. (REsp
1677787/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Art. 182. O uso da indicação geográfica é restrito aos
TERCEIRA TURMA, julgado em 26/09/2017, DJe produtores e prestadores de serviço estabelecidos no
02/10/2017). local, exigindo-se, ainda, em relação às denominações
de origem, o atendimento de requisitos de qualidade.
Para a caracterização da similaridade notória, qual
seja, aquela apta a firmar convencimento sobre a Parágrafo único. O INPI estabelecerá as condições de
geração do risco de confusão pelo uso de conjunto- registro das indicações geográficas.

117
#09 – Classificação da Concorrência Desleal CC. Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples
tomam parte sócios de duas categorias: os
Segundo Fábio Ulhoa Coelho, a concorrência desleal
comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária
pode ser classificada em:
e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os
Concorrência desleal específica: é sancionada civil e comanditários, obrigados somente pelo valor de sua
penalmente. Logo, as práticas empresariais tipificadas quota.
como crime de concorrência desleal (art. 195 da Lei nº
Parágrafo único. O contrato deve discriminar os
9.279/96) são formas de concorrência desleal
comanditados e os comanditários.
específica.
Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita
A concorrência desleal específica se viabiliza por
simples as normas da sociedade em nome coletivo, no
meios inidôneos mais facilmente delineados, como: a
que forem compatíveis com as deste Capítulo.
violação de segredo de empresa e a indução de
consumidor em erro. Parágrafo único. Aos comanditados cabem os mesmos
direitos e obrigações dos sócios da sociedade em
Concorrência desleal genérica: sancionada apenas
nome coletivo.
no âmbito civil. São exemplos de concorrência desleal
genérica o desrespeito aos direitos do consumidor Art. 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das
(inobservância do padrão legal de qualidade, por deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as
exemplo) e a sonegação de tributos operações, não pode o comanditário praticar qualquer
ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob
4. Direito Societário. Código Civil de 2002. 4.1 Sociedade pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio
empresária: a) conceito de sociedade; b) formação e divisão do comanditado.
capital; c) responsabilidade dos sócios; d) personalidade jurídica; e)
desconsideração da personalidade jurídica; f) classificação das Parágrafo único. Pode o comanditário ser constituído
sociedades; g) constituição das sociedades. 4.2 Das sociedades em procurador da sociedade, para negócio determinado
espécie: a) sociedade em comum; b) sociedade em conta de
participação; c) sociedade simples; d) sociedade em nome coletivo; e com poderes especiais.
e) sociedade em comandita simples; f) sociedade limitada; g)
Art. 1.048. Somente após averbada a modificação do
sociedade anônima; h) sociedade em comandita por ações; i)
sociedade cooperativa. contrato, produz efeito, quanto a terceiros, a
diminuição da quota do comanditário, em
#10 – Sociedade em Comum consequência de ter sido reduzido o capital social,
sempre sem prejuízo dos credores preexistentes.
CC. Art. 986. Enquanto não inscritos
os atos constitutivos, reger-se-á a Art. 1.049. O sócio comanditário não é obrigado à
sociedade, exceto por ações em reposição de lucros recebidos de boa-fé e de acordo
organização, pelo disposto neste com o balanço.
Capítulo, observadas, Parágrafo único. Diminuído o capital social por perdas
subsidiariamente e no que com ele supervenientes, não pode o comanditário receber
forem compatíveis, as normas da quaisquer lucros, antes de reintegrado aquele.
sociedade simples.
Art. 1.050. No caso de morte de sócio comanditário, a
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com sociedade, salvo disposição do contrato, continuará
terceiros, somente por escrito podem provar a com os seus sucessores, que designarão quem os
existência da sociedade, mas os terceiros podem represente.
prová-la de qualquer modo.
Art. 1.051. Dissolve-se de pleno direito a sociedade:
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem
patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em I - por qualquer das causas previstas no art. 1.044;
comum. II - quando por mais de cento e oitenta dias perdurar a
Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de falta de uma das categorias de sócio.
gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto Parágrafo único. Na falta de sócio comanditado, os
expresso limitativo de poderes, que somente terá comanditários nomearão administrador provisório
eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva para praticar, durante o período referido no inciso II e
conhecer. sem assumir a condição de sócio, os atos de
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e administração.
ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do #12 – Deliberações dos Sócios na Sociedade
benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que Limitada
contratou pela sociedade.
CC. Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios,
#11 – Sociedade em Comandita Simples além de outras matérias indicadas na lei ou no
contrato:

118
I - a aprovação das contas da administração; mínimo três quartos do capital social, e, em segunda,
com qualquer número.
II - a designação dos administradores, quando feita em
ato separado; § 1º O sócio pode ser representado na assembleia por
outro sócio, ou por advogado, mediante outorga de
III - a destituição dos administradores;
mandato com especificação dos atos autorizados,
IV - o modo de sua remuneração, quando não devendo o instrumento ser levado a registro,
estabelecido no contrato; juntamente com a ata.
V - a modificação do contrato social; § 2º Nenhum sócio, por si ou na condição de
mandatário, pode votar matéria que lhe diga respeito
VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da
diretamente.
sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
Art. 1.075. A assembleia será presidida
VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o
e secretariada por sócios escolhidos
julgamento das suas contas;
entre os presentes.
VIII - o pedido de concordata.
§ 1º Dos trabalhos e deliberações será
Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o lavrada, no livro de atas da assembleia,
disposto no art. 1.010, serão tomadas em reunião ou ata assinada pelos membros da mesa e
em assembleia, conforme previsto no contrato social, por sócios participantes da reunião,
devendo ser convocadas pelos administradores nos quantos bastem à validade das deliberações, mas sem
casos previstos em lei ou no contrato. prejuízo dos que queiram assiná-la.
§ 1º A deliberação em assembleia será obrigatória se § 2º Cópia da ata autenticada pelos administradores,
o número dos sócios for superior a dez. ou pela mesa, será, nos vinte dias subsequentes à
reunião, apresentada ao Registro Público de Empresas
§ 2º Dispensam-se as formalidades de convocação
Mercantis para arquivamento e averbação.
previstas no § 3º do art. 1.152, quando todos os sócios
comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes § 3º Ao sócio, que a solicitar, será entregue cópia
do local, data, hora e ordem do dia. autenticada da ata.
§ 3º A reunião ou a assembleia tornam-se dispensáveis Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061
quando todos os sócios decidirem, por escrito, sobre [designação de administradores não sócios], as
a matéria que seria objeto delas. deliberações dos sócios serão tomadas
§ 4º No caso do inciso VIII do artigo antecedente, os II - pelos votos correspondentes a mais da metade do
administradores, se houver urgência e com capital social, nos casos previstos nos incisos II, III, IV,
autorização de titulares de mais da metade do capital V, VI e VIII do caput do art. 1.071 deste Código;
social, podem requerer concordata preventiva.
III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais
§ 5º As deliberações tomadas de conformidade com a casos previstos na lei ou no contrato, se este não exigir
lei e o contrato vinculam todos os sócios, ainda que maioria mais elevada.
ausentes ou dissidentes.
Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato,
§ 6º Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela
omissos no contrato, o disposto na presente Seção por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-
sobre a assembleia. se da sociedade, nos trinta dias subsequentes à
reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social
Art. 1.073. A reunião ou a assembleia podem
antes vigente, o disposto no art. 1.031.
também ser convocadas:
Art. 1.078. A assembleia dos sócios deve realizar-se
I - por sócio, quando os administradores retardarem a
ao menos uma vez por ano, nos quatro meses
convocação, por mais de sessenta dias, nos casos
seguintes à ao término do exercício social, com o
previstos em lei ou no contrato, ou por titulares de mais
objetivo de:
de um quinto do capital, quando não atendido, no
prazo de oito dias, pedido de convocação I - tomar as contas dos administradores e deliberar
fundamentado, com indicação das matérias a serem sobre o balanço patrimonial e o de resultado
tratadas; econômico;
II - pelo conselho fiscal, se houver, nos casos a que se II - designar administradores, quando for o caso;
refere o inciso V do art. 1.069.
III - tratar de qualquer outro assunto constante da
Art. 1.074. A assembleia dos sócios instala-se com a ordem do dia.
presença, em primeira convocação, de titulares de no
§ 1º Até trinta dias antes da data marcada para a
assembleia, os documentos referidos no inciso I deste

119
artigo devem ser postos, por escrito, e com a prova do enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também
respectivo recebimento, à disposição dos sócios que pela declaração da falência.
não exerçam a administração.
Art. 1.051. Dissolve-se de pleno direito a sociedade
§ 2º Instalada a assembleia, proceder-se-á à leitura dos (COMANDITA SIMPLES):
documentos referidos no parágrafo antecedente, os
I - por qualquer das causas previstas no art. 1.044;
quais serão submetidos, pelo presidente, a discussão
e votação, nesta não podendo tomar parte os II - quando por mais de cento e oitenta dias perdurar a
membros da administração e, se houver, os do falta de uma das categorias de sócio.
conselho fiscal.
Parágrafo único. Na falta de sócio comanditado, os
§ 3º A aprovação, sem reserva, do balanço patrimonial comanditários nomearão administrador provisório
e do de resultado econômico, salvo erro, dolo ou para praticar, durante o período referido no inciso II e
simulação, exonera de responsabilidade os membros sem assumir a condição de sócio, os atos de
da administração e, se houver, os do conselho fiscal. administração.
§ 4º Extingue-se em dois anos o direito de anular a Art. 1.087. A sociedade (LIMITADA) dissolve-se, de
aprovação a que se refere o parágrafo antecedente. pleno direito, por qualquer das causas previstas no art.
1.044.
Art. 1.079. Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos
omissos no contrato, o estabelecido nesta Seção sobre #14 – Características da Sociedade
a assembléia, obedecido o disposto no § 1º do art. Cooperativa
1.072.
CC. Art. 1.094. São características da
Art. 1.080. As deliberações infringentes do contrato ou sociedade cooperativa:
da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que
I - variabilidade, ou dispensa do capital
expressamente as aprovaram.
social;
Art. 1.080-A. O sócio poderá participar e votar a
II - concurso de sócios em número mínimo necessário
distância em reunião ou em assembleia, nos termos do
a compor a administração da sociedade, sem limitação
regulamento do órgão competente do Poder
de número máximo;
Executivo federal.
III - limitação do valor da soma de quotas do capital
Parágrafo único. A reunião ou a assembleia poderá ser
social que cada sócio poderá tomar;
realizada de forma digital, respeitados os direitos
legalmente previstos de participação e de IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros
manifestação dos sócios e os demais requisitos estranhos à sociedade, ainda que por herança;
regulamentares.
V - quorum , para a assembléia geral funcionar e
#13 – Dissolução de Sociedades deliberar, fundado no número de sócios presentes à
reunião, e não no capital social representado;
CC. Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade (SIMPLES)
quando ocorrer: VI - direito de cada sócio a um só voto nas
deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido
qualquer que seja o valor de sua participação;
este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade
em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao
indeterminado; valor das operações efetuadas pelo sócio com a
sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital
II - o consenso unânime dos sócios;
realizado;
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na
VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os
sociedade de prazo indeterminado;
sócios, ainda que em caso de dissolução da
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para sociedade.
funcionar.
5. Ligações Societárias: a) sociedade controladora; b) sociedades
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida coligadas; c) subsidiária integral; d) grupo societário; e) consórcio.
judicialmente, a requerimento de qualquer dos
sócios, quando:
#15 – Sociedades Coligadas no CC
I - anulada a sua constituição;
Outra sociedade possui
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua maioria dos votos + poder
inexeqüibilidade. Sociedade Controlada
de eleger maioria dos
administradores
Art. 1.044. A sociedade (EM NOME COLETIVO) se
dissolve de pleno direito por qualquer das causas

120
 Obrigação quesível: em razão da possibilidade de
Outra sociedade participa
Sociedade Coligada / circulação dos títulos de crédito e da necessidade de
com mais de 10% sem
filiada sua apresentação, é natural competir ao credor dirigir-
controlá-la
se ao devedor para exigir o cumprimento da
Outra sociedade participa obrigação cambiária.
Sociedade de simples
com menos de 10% do
participação Título de resgate: “Uma vez apresentado o título ao
capital com direito a voto
devedor, deve haver, a princípio, o pagamento. Ao
realizar esse pagamento, o devedor deve ter o cuidado
#16 – Sociedades Coligadas na Lei 6.404/76 (S/A)
de exigir a entrega do título (LUG – art. 39; CC – art.
901, parágrafo único), para evitar que o título volte a
controladora, diretamente
ou através de outras circular, e, chegando às mãos de um terceiro de boa-
controladas, é titular de fé, a obrigação lhe seja novamente exigida. Em razão
direitos de sócio que lhe disso, diz-se que o título de crédito é um título de
assegurem, de modo resgate” (MARLON TOMAZETTE).
Sociedade Controlada
permanente,
preponderância nas Executividade: os títulos de crédito são considerados
deliberações sociais e o como títulos executivos extrajudiciais (art. 784 do
poder de eleger a maioria NCPC) e, consequentemente, não precisam de
dos administradores. confirmação judicial para que recaia, sobre eles, a
executividade.
investidora tenha
influência significativa
Presunção de liquidez e certeza: os títulos de crédito
(poder de participar nas possuem, em regra, liquidez e (presunção de) certeza,
Sociedade Coligada decisões das políticas uma vez que o documento é suficiente para atestar a
financeira ou operacional existência do crédito (certeza) e seu valor ou os
da investida, sem controlá- critérios para se chegar a seu valor estão definidos no
la. título (liquidez).
Formalismo: uma cártula só pode ser considerada
6. Títulos de crédito. 6.1 Código Civil de 2002 e Lei Uniforme como título de crédito se preencher os requisitos
(Decreto nº 57.663/1966): a) características de títulos de crédito; b) legais. Por outro lado, a não observância dos
circulação dos títulos de crédito; c) conceito de título de crédito; d)
requisitos essenciais e não essenciais; e) títulos escriturais. 6.2
requisitos não implica nulidade do documento, mas
Classificação dos títulos de crédito quanto à circulação: a) títulos de apenas não se reconhece ao documento os efeitos de
crédito não à ordem; b) títulos de crédito ao portador; títulos de um título de crédito.
crédito à ordem. 6.3 Institutos cambiários: a) saque; b) endosso; c)
aceite; d) intervenção. 6.4 Títulos de crédito em espécie: a) letra de Solidariedade cambiária: nos títulos de crédito
câmbio; b) nota promissória; c) duplicata; d) cheque; e) cédula de existe uma solidariedade entre os vários coobrigados,
produto rural; f) comercial paper; g) cédulas de crédito comercial,
de modo que o credor pode exigir de um, alguns ou
industrial, rural e bancário.
de todos eles a obrigação integral constante do
documento, sem estar adstrito a observar a ordem por
#17 – Características dos Títulos de Crédito
que elas se obrigaram.
Bem móvel: O título de crédito é considerado como
#18 – Títulos de Crédito no
um bem móvel e, por conta disso está sujeito aos
Código Civil – Títulos
princípios gerais que regem os bens móveis.
inominados
Natureza pro solvendo: “Com efeito, salvo intenção
CC. Art. 887. O título de crédito,
diversa das partes, a emissão do título de crédito é pro
documento necessário ao
solvendo, isto é, a simples entrega do título ao credor
exercício do direito literal e
não significa a efetivação do pagamento. Em outras
autônomo nele contido, somente
palavras, a emissão do título não extingue a obrigação
produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
que lhe deu origem, de modo que as duas, a
obrigação cambial e a originária, coexistem” Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que
(MARLON TOMAZETTE). tire ao escrito a sua validade como título de crédito,
não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe
Circulação: como uma de suas funções essenciais é a
deu origem.
circulação de riquezas, natural que os títulos de
crédito tenham, em regra, condição de circular. Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da
emissão, a indicação precisa dos direitos que confere,
Títulos de apresentação: para exercício do direito
e a assinatura do emitente.
contido no título de crédito, ele deve ser apresentado,
ou seja, sem a posse da cártula não é possível exercer § 1º É à vista o título de crédito que não contenha
o direito cambiário indicação de vencimento.

121
§ 2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, § 3º Considera-se não escrito o endosso cancelado,
quando não indicado no título, o domicílio do total ou parcialmente.
emitente.
Art. 911. Considera-se legítimo possuidor o portador
§ 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres do título à ordem com série regular e ininterrupta de
criados em computador ou meio técnico equivalente e endossos, ainda que o último seja em branco.
que constem da escrituração do emitente, observados
Parágrafo único. Aquele que paga o título está
os requisitos mínimos previstos neste artigo.
obrigado a verificar a regularidade da série de
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a endossos, mas não a autenticidade das assinaturas.
cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso
excludente de responsabilidade pelo pagamento ou
qualquer condição a que o subordine o endossante.
por despesas, a que dispense a observância de termos
e formalidade prescritas, e a que, além dos limites Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.
fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e
Art. 913. O endossatário de endosso em branco pode
obrigações.
mudá-lo para endosso em preto, completando-o com
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da o seu nome ou de terceiro; pode endossar novamente
emissão, deve ser preenchido de conformidade com o título, em branco ou em preto; ou pode transferi-lo
os ajustes realizados. sem novo endosso.
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário,
previstos neste artigo pelos que deles participaram, constante do endosso, não responde o endossante
não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, pelo cumprimento da prestação constante do título.
salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.
§ 1º Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que endossante se torna devedor solidário.
contenha obrigação de pagar soma determinada,
§ 2º Pagando o título, tem o endossante ação de
pode ser garantido por aval.
regresso contra os coobrigados anteriores.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
Art. 915. O devedor, além das exceções fundadas nas
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso relações pessoais que tiver com o portador, só poderá
do próprio título. opor a este as exceções relativas à forma do título e ao
seu conteúdo literal, à falsidade da própria assinatura,
§ 1º Para a validade do aval, dado no anverso do título,
a defeito de capacidade ou de representação no
é suficiente a simples assinatura do avalista.
momento da subscrição, e à falta de requisito
§ 2º Considera-se não escrito o aval cancelado. necessário ao exercício da ação.
Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome Art. 916. As exceções, fundadas em relação do
indicar; na falta de indicação, ao emitente ou devedor devedor com os portadores precedentes, somente
final. poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao
adquirir o título, tiver agido de má-fé.
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso
contra o seu avalizado e demais coobrigados Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada
anteriores. no endosso, confere ao endossatário o exercício dos
direitos inerentes ao título, salvo restrição
§ 2º Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que
expressamente estatuída.
nula a obrigação daquele a quem se equipara, a
menos que a nulidade decorra de vício de forma. § 1º O endossatário de endosso-mandato só pode
endossar novamente o título na qualidade de
Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os
procurador, com os mesmos poderes que recebeu.
mesmos efeitos do anteriormente dado.
§ 2º Com a morte ou a superveniente incapacidade do
Art. 910. O endosso deve ser lançado
endossante, não perde eficácia o endosso-mandato.
pelo endossante no verso ou anverso
do próprio título. § 3º Pode o devedor opor ao endossatário de
endosso-mandato somente as exceções que tiver
§ 1º Pode o endossante designar o
contra o endossante.
endossatário, e para validade do
endosso, dado no verso do título, é Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no
suficiente a simples assinatura do endosso, confere ao endossatário o exercício dos
endossante. direitos inerentes ao título.
§ 2º A transferência por endosso completa-se com a
tradição do título.

122
§ 1º O endossatário de endosso-penhor só pode Parágrafo único - Pode o endossante proibir novo
endossar novamente o título na qualidade de endosso; neste caso, não garante o pagamento a
procurador. quem seja o cheque posteriormente endossado.
§ 2º Não pode o devedor opor ao endossatário de Art. 22 O detentor de cheque "à ordem’’ é considerado
endosso-penhor as exceções que tinha contra o portador legitimado, se provar seu direito por uma
endossante, salvo se aquele tiver agido de má-fé. série ininterrupta de endossos, mesmo que o último
seja em branco. Para esse efeito, os endossos
Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio
cancelados são considerados não-escritos.
diverso do endosso, tem efeito de cessão civil.
Parágrafo único. Quando um endosso em branco for
Art. 920. O endosso posterior ao vencimento produz
seguido de outro, entende-se que o signatário deste
os mesmos efeitos do anterior.
adquiriu o cheque pelo endosso em branco.
#19 – Transmissão do Cheque
Art. 23 O endosso num cheque passado ao portador
Lei 7.357/85. Art. 17 O cheque pagável a pessoa torna o endossante responsável, nos termos das
nomeada, com ou sem cláusula expressa ‘’ à ordem’’, disposições que regulam o direito de ação, mas nem
é transmissível por via de endosso. por isso converte o título num cheque ‘’à ordem’’.
§ 1º O cheque pagável a pessoa nomeada, com a Art. 24 Desapossado alguém de um cheque, em
cláusula ‘’não à ordem’’, ou outra equivalente, só é virtude de qualquer evento, novo portador legitimado
transmissível pela forma e com os efeitos de cessão. não está obrigado a restituí-lo, se não o adquiriu de
má-fé.
§ 2º O endosso pode ser feito ao emitente, ou a outro
obrigado, que podem novamente endossar o cheque. Parágrafo único - Sem prejuízo do disposto neste
artigo, serão observadas, nos casos de perda, extravio,
Art. 18 O endosso deve ser puro e simples, reputando-
furto, roubo ou apropriação indébita do cheque, as
se não-escrita qualquer condição a que seja
disposições legais relativas à anulação e substituição
subordinado.
de títulos ao portador, no que for aplicável.
§ 1º São nulos o endosso parcial e o do sacado.
Art. 25 Quem for demandado por obrigação resultante
§ 2º Vale como em branco o endosso ao portador. O de cheque não pode opor ao portador exceções
endosso ao sacado vale apenas como quitação, salvo fundadas em relações pessoais com o emitente, ou
no caso de o sacado ter vários estabelecimentos e o com os portadores anteriores, salvo se o portador o
endosso ser feito em favor de estabelecimento diverso adquiriu conscientemente em detrimento do devedor.
daquele contra o qual o cheque foi emitido.
Art. 26 Quando o endosso contiver a cláusula ‘’valor
Art. 19 - O endosso deve ser lançado no, cheque ou na em cobrança’’, ‘’para cobrança’’, ‘’por procuração’’, ou
folha de alongamento e assinado pelo endossante, ou qualquer outra que implique apenas mandato, o
seu mandatário com poderes especiais. portador pode exercer todos os direitos resultantes do
cheque, mas só pode lançar no cheque endosso-
§ 1º O endosso pode não designar o endossatário.
mandato. Neste caso, os obrigados somente podem
Consistindo apenas na assinatura do endossante
invocar contra o portador as exceções oponíveis ao
(endosso em branco), só é válido quando lançado no
endossante.
verso do cheque ou na folha de alongamento.
Parágrafo único. O mandato contido no endosso não
§ 2º A assinatura do endossante, ou a de seu
se extingue por morte do endossante ou por
mandatário com poderes especiais, pode ser
superveniência de sua incapacidade.
constituída, na forma de legislação específica, por
chancela mecânica, ou processo equivalente. Art. 27 O endosso posterior ao protesto, ou declaração
equivalente, ou à expiração do prazo de apresentação
Art. 20 O endosso transmite todos os direitos
produz apenas os efeitos de cessão. Salvo prova em
resultantes do cheque. Se o endosso é em branco,
contrário, o endosso sem data presume-se anterior ao
pode o portador:
protesto, ou declaração equivalente, ou à expiração do
I - completá-lo com o seu nome ou com o de outra prazo de apresentação.
pessoa;
Art. 28 O endosso no cheque nominativo, pago pelo
II - endossar novamente o cheque, em branco ou a banco contra o qual foi sacado, prova o recebimento
outra pessoa; da respectiva importância pela pessoa a favor da qual
foi emitido, e pelos endossantes subseqüentes.
III - transferir o cheque a um terceiro, sem completar o
endosso e sem endossar. Parágrafo único Se o cheque indica a nota, fatura,
conta cambial, imposto lançado ou declarado a cujo
Art. 21 Salvo estipulação em contrário, o endossante
pagamento se destina, ou outra causa da sua emissão,
garante o pagamento.
o endosso pela pessoa a favor da qual foi emitido, e a

123
sua liquidação pelo banco sacado provam a extinção qualidade, quantidade e marca, se houver, além do
da obrigação indicada. local ou do depósito de sua situação, indicando-se, no
caso de hipoteca, situação, dimensões, confrontações,
#20 – Disposições Legais sobre Títulos de Crédito
benfeitorias, título e data de aquisição do imóvel e
Comerciais
anotações (número, livro e folha) do registro
Lei 6.840/80. Art. 1º As operações de empréstimo imobiliário.
concedidas por instituições financeiras a pessoa física
VI - Taxa de juros a pagar e comissão de fiscalização,
ou jurídica que se dedique a atividade comercial ou
se houver, e épocas em que serão exigíveis, podendo
de prestação de serviços poderão ser representadas
ser capitalizadas.
por Cédula de Crédito Comercial e por nota de
Crédito Comercial. VII - Obrigatoriedade de seguro dos bens objeto da
garantia.
Art. 2º A aplicação de crédito decorrente da operação
de que trata o artigo anterior poderá ser ajustada em VIII - Praça do pagamento.
orçamento assinado pelo financiado e autenticado
IX - Data e lugar da emissão.
pela instituição financeira, dele devendo constar
expressamente qualquer alteração que X - Assinatura do próprio punho do emitente ou de
convencionarem. representante com poderes especiais.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, far-se-á, na § 1º A cláusula discriminando os pagamentos
cédula, menção do orçamento, que a ela ficará parcelados, quando cabível, será incluída logo após a
vinculado. descrição das garantias.
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, será dispensada a § 2º A descrição dos bens vinculados poderá ser feita
descrição a que se refere o inciso V do artigo 14 do em documento à parte, em duas vias, assinado pelo
Decreto-lei nº 413, de 9 de janeiro de 1969, quando a emitente e pelo credor, fazendo-se, na cédula,
garantia se constituir através de penhor de títulos de menção a essa circunstância, logo após a indicação do
crédito, hipótese em que se estabelecerá apenas o grau do penhor ou da hipoteca, da alienação fiduciária
valor global. e de seu valor global.
Art. 4º A não identificação dos bens objeto da § 3º Da descrição a que se refere o inciso V deste
alienação fiduciária cedular não retira a eficácia da artigo, dispensa-se qualquer alusão à data, forma e
garantia, que incidirá sobre outros de mesmo gênero, condições de aquisição dos bens empenhados.
quantidade e qualidade. Dispensar-se-ão, também, para a caracterização do
local ou do depósito dos bens empenhados ou
Art. 5º Aplicam-se à Cédula de Crédito Comercial e à
alienados fiduciariamente, quaisquer referências a
Nota de Crédito Comercial as normas do Decreto-lei
dimensões, confrontações, benfeitorias e a títulos de
nº 413, de 9 de janeiro 1969, inclusive quanto aos
posse ou de domínio.
modelos anexos àquele diploma, respeitadas, em
cada caso, a respectiva denominação e as disposições § 4º Se a descrição do imóvel hipotecado se processar
desta Lei. em documento à parte, deverão constar também da
cédula todas as indicações mencionadas no item V
#21 – Requisitos da Cédula de
deste artigo, exceto confrontações e benfeitorias.
Crédito Industrial
§ 5º A especificação dos imóveis hipotecados, pela
Dec. 413/69. Art. 14. A cédula
descrição pormenorizada, poderá ser substituída pela
de crédito industrial conterá os
anexação à cédula de seus respectivos títulos de
seguintes requisitos, lançados no
propriedade.
contexto:
§ 6º Nos casos do parágrafo anterior, deverão constar
I - Denominação "Cédula de
da cédula, além das indicações referidas no § 4º deste
Crédito Industrial".
artigo, menção expressa à anexação dos títulos de
II - Data do pagamento, se a cédula for emitida para propriedade e a declaração de ou eles farão parte
pagamento parcelado, acrescentar-se-á cláusula integrante da cédula até sua final liquidação.
discriminando valor e data de pagamento das
#22 - Certificado de Depósito Agropecuário - CDA
prestações.
e o Warrant Agropecuário – WA
III - Nome do credor e cláusula à ordem.
Lei 11.076/04. Art. 1º Ficam instituídos o Certificado
IV - Valor do crédito deferido, lançado em algarismos de Depósito Agropecuário - CDA e o Warrant
por extenso, e a forma de sua utilização. Agropecuário - WA.
V - Descrição dos bens objeto do penhor, ou da § 1º O CDA é título de crédito representativo de
alienação fiduciária, que se indicarão pela espécie, promessa de entrega de produtos agropecuários, seus

124
derivados, subprodutos e resíduos de valor #23 – Incidente de classificação de
econômico, depositados em conformidade com a Lei crédito público
nº 9.973, de 29 de maio de 2000.
Lei 11.101/05. Art. 7º-A. Na falência,
§ 2º O WA é título de crédito representativo de após realizadas as intimações e
promessa de pagamento em dinheiro que confere publicado o edital, conforme previsto,
direito de penhor sobre o CDA correspondente, assim respectivamente, no inciso XIII do
como sobre o produto nele descrito. caput e no § 1º do art. 99 desta Lei, o
juiz instaurará, de ofício, para cada Fazenda Pública
§ 3º O CDA e o WA são títulos unidos, emitidos
credora, incidente de classificação de crédito público
simultaneamente pelo depositário, a pedido do
e determinará a sua intimação eletrônica para que, no
depositante, podendo ser transmitidos unidos ou
prazo de 30 (trinta) dias, apresente diretamente ao
separadamente, mediante endosso.
administrador judicial ou em juízo, a depender do
§ 4º O CDA e o WA são títulos executivos extrajudiciais. momento processual, a relação completa de seus
créditos inscritos em dívida ativa, acompanhada dos
Art. 2º Aplicam-se ao CDA e ao WA as normas de
cálculos, da classificação e das informações sobre a
direito cambial no que forem cabíveis e o seguinte:
situação atual.
I - os endossos devem ser completos;
§ 1º Para efeito do disposto no caput deste artigo,
II - os endossantes não respondem pela entrega do considera-se Fazenda Pública credora aquela que
produto, mas, tão-somente, pela existência da conste da relação do edital previsto no § 1º do art. 99
obrigação; desta Lei, ou que, após a intimação prevista no inciso
XIII do caput do art. 99 desta Lei, alegue nos autos, no
III - é dispensado o protesto cambial para assegurar o
prazo de 15 (quinze) dias, possuir crédito contra o
direito de regresso contra endossantes e avalistas.
falido.
Art. 3º O CDA e o WA poderão ser emitidos sob a
§ 2º Os créditos não definitivamente constituídos, não
forma cartular ou escritural.
inscritos em dívida ativa ou com exigibilidade
§ 1º A emissão na forma escritural ocorrerá por meio suspensa poderão ser informados em momento
do lançamento em sistema eletrônico de escrituração posterior.
gerido por entidade autorizada pelo Banco Central do
§ 3º Encerrado o prazo de que trata o caput deste
Brasil a exercer atividade de escrituração.
artigo:
§ 2º O CDA e o WA emitidos sob a forma cartular
I - o falido, os demais credores e o administrador
assumirão a forma escritural enquanto permanecerem
judicial disporão do prazo de 15 (quinze) dias para
depositados em depositário central.
manifestar objeções, limitadamente, sobre os cálculos
e a classificação para os fins desta Lei;
7. Recuperação judicial, extrajudicial falência do empresário e da
sociedade empresária (Lei nº 11.101/2005 e suas alterações). Crise II - a Fazenda Pública, ultrapassado o prazo de que
econômica e financeira e cessação do pagamento; causas macro e
microeconômicas da crise da empresa. 7.1 Disposições preliminares
trata o inciso I deste parágrafo, será intimada para
e comuns à recuperação judicial e à falência: a) verificação e da prestar, no prazo de 10 (dez) dias, eventuais
habilitação de créditos; b) administrador judicial e comitê de esclarecimentos a respeito das manifestações
credores; c) assembleia geral de credores. 7.2 Recuperação judicial: previstas no referido inciso;
a) objetivo; b) legitimidade ativa; c) requisitos; d) créditos
abrangidos e exceções; e) meios para a obtenção da recuperação III - os créditos serão objeto de reserva integral até o
da empresa; f) pedido e processamento da recuperação judicial; g) julgamento definitivo quando rejeitados os
plano de recuperação judicial; h) consolidação processual e
patrimonial/substancial; i) plano alternativo; j) concessão da argumentos apresentados de acordo com o inciso II
recuperação e seus efeitos; k) encerramento da recuperação. 7.3 deste parágrafo;
Recuperação judicial das Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte: plano especial. Conteúdo e aprovação. 7.4 Recuperação IV - os créditos incontroversos, desde que exigíveis,
extrajudicial. 7.5 Convolação da recuperação judicial em falência 7.6 serão imediatamente incluídos no quadro-geral de
Falência: a) objetivo; b) juízo universal; c) habilitação e verificação credores, observada a sua classificação;
dos créditos; d) classificação dos créditos e ordem de preferência; e)
incidente de classificação de créditos de direito público. 7.7 V - o juiz, anteriormente à homologação do quadro-
Procedimento pré-falimentar e decretação da falência; f) direitos e geral de credores, concederá prazo comum de 10
deveres do falido; g) autofalência; h) efeitos da decretação da
falência sobre as obrigações do devedor; suas obrigações, bens, (dez) dias para que o administrador judicial e a
contratos e atos praticados antes da falência; i) Ações falimentares. Fazenda Pública titular de crédito objeto de reserva
7.8 Crimes em espécie na falência, na recuperação judicial e na manifestem-se sobre a situação atual desses créditos
recuperação extrajudicial: a) competência; b) natureza da ação e, ao final do referido prazo, decidirá acerca da
penal; c) procedimento penal; d) prescrição; e) efeitos da sentença
condenatória; f) legitimação passiva; g) condição objetiva de necessidade de mantê-la.
punibilidade.
§ 4º Com relação à aplicação do disposto neste artigo,
serão observadas as seguintes disposições:

125
I - a decisão sobre os cálculos e a classificação dos financiar as suas atividades e as despesas de
créditos para os fins do disposto nesta Lei, bem como reestruturação ou de preservação do valor de ativos.
sobre a arrecadação dos bens, a realização do ativo e
Art. 69-B. A modificação em grau de recurso da
o pagamento aos credores, competirá ao juízo
decisão autorizativa da contratação do financiamento
falimentar;
não pode alterar sua natureza extraconcursal, nos
II - a decisão sobre a existência, a exigibilidade e o termos do art. 84 desta Lei, nem as garantias
valor do crédito, observado o disposto no inciso II do outorgadas pelo devedor em favor do financiador de
caput do art. 9º desta Lei e as demais regras do boa-fé, caso o desembolso dos recursos já tenha sido
processo de falência, bem como sobre o eventual efetivado.
prosseguimento da cobrança contra os
Art. 69-C. O juiz poderá autorizar a constituição de
corresponsáveis, competirá ao juízo da execução
garantia subordinada sobre um ou mais ativos do
fiscal;
devedor em favor do financiador de devedor em
III - a ressalva prevista no art. 76 desta Lei, ainda que o recuperação judicial, dispensando a anuência do
crédito reconhecido não esteja em cobrança judicial detentor da garantia original.
mediante execução fiscal, aplicar-se-á, no que couber,
§ 1º A garantia subordinada, em qualquer hipótese,
ao disposto no inciso II deste parágrafo;
ficará limitada ao eventual excesso resultante da
IV - o administrador judicial e o juízo falimentar alienação do ativo objeto da garantia original.
deverão respeitar a presunção de certeza e liquidez de
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica a
que trata o art. 3º da Lei nº 6.830, de 22 de setembro
qualquer modalidade de alienação fiduciária ou de
de 1980, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III
cessão fiduciária.
deste parágrafo;
Art. 69-D. Caso a recuperação judicial seja convolada
V - as execuções fiscais permanecerão suspensas até o
em falência antes da liberação integral dos valores de
encerramento da falência, sem prejuízo da
que trata esta Seção, o contrato de financiamento será
possibilidade de prosseguimento contra os
considerado automaticamente rescindido.
corresponsáveis;
Parágrafo único. As garantias constituídas e as
VI - a restituição em dinheiro e a compensação serão
preferências serão conservadas até o limite dos valores
preservadas, nos termos dos arts. 86 e 122 desta Lei; e
efetivamente entregues ao devedor antes da data da
VII - o disposto no art. 10 desta Lei será aplicado, no sentença que convolar a recuperação judicial em
que couber, aos créditos retardatários. falência.
§ 5º Na hipótese de não apresentação da relação Art. 69-E. O financiamento de que trata esta Seção
referida no caput deste artigo no prazo nele poderá ser realizado por qualquer pessoa, inclusive
estipulado, o incidente será arquivado e a Fazenda credores, sujeitos ou não à recuperação judicial,
Pública credora poderá requerer o desarquivamento, familiares, sócios e integrantes do grupo do devedor.
observado, no que couber, o disposto no art. 10 desta
Art. 69-F. Qualquer pessoa ou entidade pode garantir
Lei.
o financiamento de que trata esta Seção mediante a
§ 6º As disposições deste artigo aplicam-se, no que oneração ou a alienação fiduciária de bens e direitos,
couber, às execuções fiscais e às execuções de ofício inclusive o próprio devedor e os demais integrantes do
que se enquadrem no disposto nos incisos VII e VIII do seu grupo, estejam ou não em recuperação judicial.
caput do art. 114 da Constituição Federal.
#25 – Hipóteses de decretação de
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, falência
aos créditos do Fundo de Garantia do Tempo de
Inicialmente, cumpre trazer que as
Serviço (FGTS).
hipóteses que autorizam a falência (art.
§ 8º Não haverá condenação em honorários de 94 da Lei nº 11.101/05) não
sucumbência no incidente de que trata este artigo. compreendem, necessariamente,
situações de insolvência econômica,
#24 – Financiamento do Devedor e do Grupo
mas sim de insolvência jurídica, que é presumida nos
Devedor durante a Recuperação Judicial
cenários dos incisos do art. 94 da Lei nº 11.101/05.
Lei 11.101/05. Art. 69-A. Durante a recuperação
Impontualidade injustificada: aquele que, sem
judicial, nos termos dos arts. 66 e 67 desta Lei, o juiz
relevante razão de direito, não paga, no vencimento,
poderá, depois de ouvido o Comitê de Credores,
obrigação líquida, materializada em título ou títulos
autorizar a celebração de contratos de financiamento
executivos protestados, cuja soma ultrapasse o
com o devedor, garantidos pela oneração ou pela
equivalente a 40 salários mínimos na data do pedido
alienação fiduciária de bens e direitos, seus ou de
de falência.
terceiros, pertencentes ao ativo não circulante, para

126
O não pagamento deve estar correlacionado a uma I – alienação da empresa, com a venda de seus
ou mais obrigações líquidas, ou seja, certas quanto à estabelecimentos em bloco;
existência e determinação de seus objetos, aqui
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais
entendidas como aquelas representadas pelos títulos
ou unidades produtivas isoladamente;
executivos judiciais ou extrajudiciais, como aqueles
expressamente previstos no art. 784 do Código de III – alienação em bloco dos bens que integram cada
Processo Civil. um dos estabelecimentos do devedor;
Execução frustrada: será decretada a falência IV – alienação dos bens individualmente considerados.
quando o devedor executado por qualquer quantia
§ 1º Se convier à realização do ativo, ou em razão de
líquida não paga, não deposita e não nomeia bens
oportunidade, podem ser adotadas mais de uma
suficientes para solver os débitos dentro do prazo
forma de alienação.
legal.
§ 2º A realização do ativo terá início
Nessa hipótese, presume-se que é insolvente o
independentemente da formação
devedor, pois não tem condições e patrimônio
do quadro-geral de credores.
suficientes para saldar a obrigação exigida,
frustrando, por conseguinte, a execução singular § 3º A alienação da empresa terá
movida contra ele. por objeto o conjunto de
determinados bens necessários à
Atos de falência: correspondem a comportamentos
operação rentável da unidade de
normalmente praticados pelo empresário individual
produção, que poderá compreender a transferência
ou representante legal da sociedade empresária que
de contratos específicos.
se encontra em insolvência econômica, isto é, com
ativo inferior ao passivo (patrimônio líquido negativo). § 4º Nas transmissões de bens alienados na forma
Trata-se, também aqui, de presunção absoluta. deste artigo que dependam de registro público, a este
servirá como título aquisitivo suficiente o mandado
Lei 11.101/05. Art. 94. (...) III – pratica qualquer dos
judicial respectivo.
seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de
recuperação judicial: Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos,
inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou
qualquer das modalidades de que trata o art. 142:
lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para
realizar pagamentos; I – todos os credores, observada a ordem de
preferência definida no art. 83 desta Lei, sub-rogam-se
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com
no produto da realização do ativo;
o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus
da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações
do devedor, inclusive as de natureza tributária, as
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não,
derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes
sem o consentimento de todos os credores e sem ficar
de acidentes de trabalho.
com bens suficientes para solver seu passivo;
§ 1º O disposto no inciso II do caput deste artigo não
d) simula a transferência de seu principal
se aplica quando o arrematante for:
estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação
ou a fiscalização ou para prejudicar credor; I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada
pelo falido;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída
anteriormente sem ficar com bens livres e II – parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto)
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; grau, consangüíneo ou afim, do falido ou de sócio da
sociedade falida; ou
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e
com recursos suficientes para pagar os credores, III – identificado como agente do falido com o objetivo
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu de fraudar a sucessão.
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
§ 2º Empregados do devedor contratados pelo
estabelecimento;
arrematante serão admitidos mediante novos
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação contratos de trabalho e o arrematante não responde
assumida no plano de recuperação judicial. por obrigações decorrentes do contrato anterior.
#26 – Realização do ativo § 3º A alienação nas modalidades de que trata o art.
142 desta Lei poderá ser realizada com
Lei 11.101/05. Art. 140. A alienação dos bens será
compartilhamento de custos operacionais por 2 (duas)
realizada de uma das seguintes formas, observada a
ou mais empresas em situação falimentar.
seguinte ordem de preferência:

127
Art. 142. A alienação de bens dar-se-á por uma das § 8º Todas as formas de alienação de bens realizadas
seguintes modalidades: de acordo com esta Lei serão consideradas, para todos
os fins e efeitos, alienações judiciais.
I - leilão eletrônico, presencial ou híbrido;
IV - processo competitivo organizado promovido por Jurisprudência
agente especializado e de reputação ilibada, cujo
procedimento deverá ser detalhado em relatório #27 – Decisões importantes
anexo ao plano de realização do ativo ou ao plano de
recuperação judicial, conforme o caso; A proteção da marca, seja ela de alto renome ou não,
busca evitar a confusão ou a associação de uma marca
V - qualquer outra modalidade, desde que aprovada registrada a uma outra, sendo imprescindível que,
nos termos desta Lei. para que exista a violação ao direito marcário, haja
§ 2º-A. A alienação de que trata o caput deste artigo: confusão no público consumidor ou associação
errônea em prejuízo do seu titular. (3ª Turma. REsp
I - dar-se-á independentemente de a conjuntura do 1.874.635-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
mercado no momento da venda ser favorável ou em 8/8/2023. Info 784).
desfavorável, dado o caráter forçado da venda;
Depois da decretação da falência, o devedor falido
II - independerá da consolidação do quadro-geral de não se convola em mero expectador no processo
credores; falimentar, podendo praticar atos processuais em
III - poderá contar com serviços de terceiros como defesa dos seus interesses próprios. (4ª Turma. EDcl
consultores, corretores e leiloeiros; no AgInt no AREsp 1.271.076-GO, Rel. Min. Antonio
Carlos Ferreira, julgado em 24/4/2023. Info 775).
IV - deverá ocorrer no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias, contado da data da lavratura do auto de A Assembleia Geral de Credores pode estabelecer
arrecadação, no caso de falência; um novo limite para atualização dos créditos, desde
que conste de forma expressa no plano de
V - não estará sujeita à aplicação do conceito de preço soerguimento. (3ª Turma. REsp 1.936.385-SP, Rel.
vil. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/3/2023. Info
§ 3º Ao leilão eletrônico, presencial ou híbrido 12 – Edição Extraordinária).
aplicam-se, no que couber, as regras da Lei nº 13.105, A data-base da apuração de haveres em dissolução
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). parcial de sociedade por tempo indeterminado
§ 3º-A. A alienação por leilão eletrônico, presencial ou corresponde ao momento em que o sócio retirante
híbrido dar-se-á: deixa de contribuir para a atividade. (4ª Turma. REsp
1.372.139-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
I - em primeira chamada, no mínimo pelo valor de em 28/2/2023. Info 12 – Edição Extraordinária).
avaliação do bem;
No contexto de propaganda comparativa ofensiva,
II - em segunda chamada, dentro de 15 (quinze) dias, não é viável impor a obrigação de indenização por
contados da primeira chamada, por no mínimo 50% danos materiais sem a devida demonstração de
(cinquenta por cento) do valor de avaliação; e prejuízo. (4ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp
III - em terceira chamada, dentro de 15 (quinze) dias, 1.770.411-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Rel.
contados da segunda chamada, por qualquer preço. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 14/2/2023.
Info 781).
§ 3º-B. A alienação prevista nos incisos IV e V do caput
deste artigo, conforme disposições específicas desta O Juízo da Recuperação Judicial não pode anular ou
Lei, observará o seguinte: simplesmente desconsiderar ou suspender os atos de
constrição determinados pelo Juízo da Execução
I - será aprovada pela assembleia-geral de credores; Fiscal, porque o novo regramento da questão exige
II - decorrerá de disposição de plano de recuperação dele postura proativa, cooperativa, que também
judicial aprovado; ou contemple os interesses da Fazenda Pública, somente
se opondo aos atos constritivos de forma
III - deverá ser aprovada pelo juiz, considerada a fundamentada e razoável. (2ª Seção. CC 187.255-GO,
manifestação do administrador judicial e do Comitê de Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/12/2022. Info
Credores, se existente. 762).
§ 7º Em qualquer modalidade de alienação, o É possível a convolação da recuperação judicial em
Ministério Público e as Fazendas Públicas serão falência após o transcurso do prazo bienal de
intimados por meio eletrônico, nos termos da supervisão judicial, enquanto não houver decisão
legislação vigente e respeitadas as respectivas judicial de encerramento da recuperação. STJ. 3ª
prerrogativas funcionais, sob pena de nulidade. Turma. REsp 1.707.468-RS, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 25/10/2022 (Info 762).

128
Não é possível convolar a recuperação judicial em É cabível o pedido de habilitação de crédito da
falência com base em confissão da empresa Fazenda Pública na falência desde que suspensa a
recuperanda de impossibilidade de continuar execução fiscal. (4ª Turma. REsp 1.872.153-SP. Rel.
adimplindo o plano aprovado e homologado, sem Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 09/11/2021.
que efetivamente tenha ocorrido o descumprimento Info 719).
deste. (3ª Turma. REsp 1.707.468-RS, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 25/10/2022. Info 762).

DIREITO PENAL
estabelecidos para extração, das normas
1. Finalidades do Direito Penal. Teoria Constitucionalista do Delito.
Funcionalismo e Imputação Objetiva no Direito Penal. Teoria do constitucionais, de quais os bens jurídicos podem e
Garantismo Penal. 2. Tipicidade Penal. Tipicidade Conglobante. quais não devem ser tutelados pelo legislador na
seara criminal.
#01 – Teoria Constitucionalista do Delito #02 – Teoria da Imputação Objetiva
Teorias constitucionalistas 🔾 Teoria da Imputação Objetiva: Busca dar ao nexo
buscam retomar a concepção causal um conteúdo jurídico, e não só naturalístico.
do bem jurídico como garantia Não basta analisar o antecedente no modo das
no âmbito do Direito Penal. ciências exatas, da lei de causa e efeito. É
Podemos destacar as correntes principais: imprescindível que se analise também o conteúdo
- Concepção das fontes metajurídicas ou pré- jurídico do antecedente. Assim, fato típico depende
positivas: posição de Hassemer, que defende que o de:
Direito Penal deveria se voltar aos interesses e Imputação objetiva: análise da causalidade
necessidades da sociedade, com atenção à realidade. naturalística, de que o antecedente seja causa do
Sales denomina tal concepção de “personalista” do resultado. Cuida-se de uma análise de causa e efeito,
bem jurídico, com uma orientação de política criminal somada a uma análise jurídica baseada no risco
volta ao ser humano. A danosidade social deve ser proibido.
levada em conta, para além do conflito concreto entre
sujeito ativo e sujeito passivo. A crítica feita a tal Imputação subjetiva: verificação sobre a existência
concepção baseia-se na falta de critérios para do dolo ou da culpa, imprescindível à consideração
definição do bem jurídico, não apresentando de que um antecedente é causa efetiva do resultado.
limitação à escolha legislativa. #03 – Funcionalismo teleológico ou moderado
- Concepção da fonte constitucional: o bem jurídico Claus Roxin, defensor do funcionalismo teleológico,
a ser tutelado pela norma penal deve encontrar é um dos penalistas que mais desenvolveram a teoria
guarida na própria Constituição, já que esta garante a da imputação objetiva. Com base na obra dele,
liberdade. Deste modo, em uma vertente mais rígida, podemos dividi-la em três passos:
só um valor tutelado e reconhecido pela norma
constitucional pode acarretar a limitação a outro bem 1. Um resultado causado pelo agente só pode ser
jurídico de igual relevância, dada a restrição da imputado ao tipo objetivo se a conduta, por ele
liberdade pelas sanções penais. Surgiram críticas por praticada, haja criado um perigo para o bem
relegar ao Direito Penal o papel meramente jurídico não coberto por um risco permitido. No
sancionar, não protegendo bens jurídicos por si caso de alguém enviar outro a uma tormenta,
mesmo, bem como em razão do engessamento de torcendo para que seja morto por um raio, não há
referido ramo jurídico, já que não se poderia tutelar risco proibido.
bens jurídicos reconhecidos posteriormente ou com 2. Esse perigo deve ter se realizado no resultado
necessidade de tutela decorrentes de novas concreto; O jurista alemão exemplifica. Por outro
tecnologias criminais. lado, se alguém pratica uma lesão leve e a vítima vai
Surgiu, ainda, uma vertente temperada, ao hospital, onde morre em um incêndio, houve risco
alargada, defendida por Roxin, de que o proibido. Entretanto, neste caso o perigo não se
Direito Penal pode ter como bens jurídicos realizou no resultado, ou seja, o risco que foi causado
não só os protegidos diretamente pelas à integridade física não se realizou na morte, causada
normas constitucionais, mas também os exclusivamente pelo incêndio.
que estão implicitamente tutelados por 3. Entretanto, excepcionalmente pode desaparecer
elas e aqueles que não sejam com elas incompatíveis. a imputação se a abrangência da norma
Pode-se obtemperar que não há critérios bem incriminadora não alcança determinados perigos e

129
suas repercussões (âmbito de abrangência da 🔾 Princípio da dignidade da pessoa humana:
norma). É a análise da finalidade da norma. preconiza que haja um tratamento à pessoa que não
Exemplifica o mestre com alguém que convida outra lhe prive do mínimo necessário para quer possa
pessoa a ir escalar uma montanha, desejando um exercer sua capacidade de autodeterminação. Trata-
acidente, o qual efetivamente ocorre. Ainda que com se um princípio fundamental da República Federativa
fundamentação em direito alemão, o penalista conclui do Brasil.
que não está no âmbito de alcance da norma a
autocolocação em perigo. Para muitos doutrinadores, 🔾 Princípio da intervenção mínima (ultima ratio):
esse passo não deve ser aplicado, já que os casos preconiza que o Direito Penal deve intervir o Direito
podem ser resolvidos com os dois anteriores. Penal deve intervir o mínimo possível nas relações
sociais, somente se criando crimes quando realmente
#04 – Funcionalismo sistêmico ou radical necessário para garantir a segurança jurídica. Se
Günther Jakobs, por sua vez, possui uma subdivide em princípio da subsidiariedade e princípio
compreensão diversa sobre a imputação objetiva. da fragmentariedade.
Para o defensor do funcionalismo sistêmico ou radical, ✔ Segundo o princípio da fragmentariedade, o
a imputação objetiva deve possuir uma coerência Direito Penal só deve criminalizar as condutas mais
sistemática. Ele parte de uma crítica ao método de graves que sejam praticadas contra os bens jurídicos
Roxin, que seria indutivo, ou seja, usaria casos mais importantes. Possui, portanto, caráter
concretos para, a partir deles, elaborar a sua teoria. fragmentário.
Ele entende que deveria ser feito o caminho inverso,
elaborar uma teoria e, então, aplicá-la aos casos ✔ O princípio da subsidiariedade determina que,
concretos. para coibir condutas consideradas indesejadas pela
sociedade, devem ser utilizados, com preferência, os
#05 – Teoria do Garantismo Penal demais ramos do Direito, e não o Penal. Deste modo,
O garantismo consiste em uma teoria elaborada pelo só se deve recorrer à criminalização
jurista italiano Luigi Ferrajoli. O garantismo consiste como forma de coibir determinado
em um conjunto de princípios que visam a legitimar o comportamento se as demais
exercício do poder punitivo do Estado com sanções (cíveis, administrativas,
observância dos direitos e garantias dos cidadãos, eleitorais etc.) não forem suficientes para a
tanto do ponto de vista penal quanto no âmbito salvaguarda do bem jurídico.
processual.
🔾 Princípio da culpabilidade: preconiza não haver
É, portanto, uma orientação de sistema penal responsabilidade penal objetiva, isto é, não haver
estabelecida por várias constituições no mundo como responsabilidade penal sem dolo ou culpa. Também
“parâmetro de racionalidade, de justiça e de é denominado princípio da responsabilidade
legitimidade da intervenção punitiva”. subjetiva.
#06 - Teoria da Tipicidade Conglobante 🔾 Princípio da individualização da pena: consiste
Esta teoria, elaborada pelo jurista Eugenio na exigência de se respeitar a proporção entre a
Raul Zaffaroni, entende que o fato típico conduta praticada e a pessoa do autor. Veda-se,
engloba a tipicidade formal, a tipicidade assim, a padronização de punições.
material e a antinormatividade do fato. 🔾 Princípio da proporcionalidade: consiste na
Zaffaroni defende que, se um fato for permitido ou limitação da ação estatal, com base nos critérios da
incentivado pelo ordenamento jurídico, mesmo que necessidade e da adequação, ponderando-se os
por lei não penal, não pode ser considerado, ao meios utilizados e os fins pretendidos. O princípio
mesmo tempo, como típico. pode se desdobrar em cinco elementos: necessidade,
adequação, legitimidade do meio, legitimidade do
3. Princípios constitucionais penais. fim (objetivo) e proporcionalidade em sentido
estrito/ponderação.
#07 – Princípios penais
🔾 Princípio da presunção de inocência (ou da não
🔾 Princípio da legalidade ou da reserva legal: culpa): orienta que nenhuma pessoa deve ser
proíbe a retroatividade de uma lei penal considerada culpada, senão após o trânsito em
incriminadora. julgado da sentença penal condenatória.
🔾 Princípio do devido processo legal: reza ser 🔾 Princípio da intranscendência ou pessoalidade
necessário que se respeite todo o procedimento das penas: a pena é pessoal e intransferível e jamais
previsto nas leis para que, ao final de um processo ultrapassa a pessoa do autor.
condenatório, possa haver a justa punição do
acusado. 🔾 Princípio da culpabilidade ou da
responsabilidade penal subjetiva: não há crime sem

130
culpa lato sensu (responsabilidade pessoal) decorre qual aquela terá aplicação ultra-ativa, regulando o fato
de uma conduta praticada pelo agente através de criminoso mesmo após terminada sua vigência.
dolo ou culpa (em sentido estrito).
#09 – Aplicação da lei penal no espaço
🔾 Princípio da adequação social da conduta:
🔾 Teoria da Ubiquidade (art. 6º CP): lugar do crime
condutas socialmente adequadas, aceitas pela
será tanto o local onde ocorre a prática da conduta
sociedade, devem ser reconhecidas como atípicas.
quanto o local em que se produzir, ou devesse ter se
Porém, atualmente, boa parte da doutrina não aceita
produzido (tentativa) o resultado.
sua aplicação de forma direta por se contrapor ao
princípio da legalidade. 🔾 Princípio da territorialidade (art. 5º CP): regra
geral que define a aplicação da lei penal brasileira a
🔾 Princípio da lesividade ou ofensividade: sua
todos os fatos ocorridos (ação ou resultado) em
principal função é proibir a incriminação de condutas
território nacional, ou em suas extensões, ressalvadas
que não ultrapassem o âmbito, a esfera do próprio
as regras de tratados e convenções internacionais.
agente (ex.: autolesão não configura crime).
Em relação à prescrição o CP adotou a Teoria do
Súmulas importantes!
resultado!
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é
Art. 111, I A prescrição, antes de transitar em julgado
inaplicável aos crimes contra a administração
a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o
pública.
crime se consumou.
Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da
Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença
insignificância nos crimes ou contravenções penais
condenatória, compete ao juízo das execuções a
praticados contra a mulher no âmbito das relações
aplicação de lei mais benigna.
domésticas.
#10 - Combinação de leis penais
Súmula 574-STJ: Para a configuração do delito de
violação de direito autoral e a comprovação de sua A posição do STJ tem sido a de não admitir a
materialidade, é suficiente a perícia realizada por combinação de leis penais, nos termos da sua Súmula
amostragem do produto apreendido, nos aspectos 501: É cabível a aplicação retroativa da Lei
externos do material, e é desnecessária a identificação 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das
dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu
que os representem do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976,
sendo vedada a combinação de leis.
4. O tempo do crime. A lei penal no tempo e no espaço.
#11 – Lei Excepcional e Lei Temporária

#08 – Aplicação da lei penal no tempo 🔾 Lei excepcional (art. 3º CP): criada para situações
anormais de calamidade, vigorando enquanto durar a
Objetiva determinar o momento de ocorrência de um
situação que lhe deu causa. Seu prazo de vigência é
crime (tempo do crime), sendo que, para isso o CP
indeterminado, porém condicionado, vinculado à
adotou a teoria da atividade (art. 4º).
situação anormal que lhe deu causa. Possui
ultratividade gravosa.
🔾 Lei temporária (art. 3º CP): criada para situações
particulares, não necessariamente anormais,
possuindo assim prazo de vigência determinado.
Também possui ultratividade gravosa.

5. Do Crime. Relação de causalidade. Culpabilidade e exculpantes.

Do crime consumado, tentado e impossível. Crimes de dano e de
perigo. Desistência voluntária e arrependimento eficaz.
Arrependimento resolução. Do Crime doloso, culposo e
preterdoloso. 7. Perdão judicial. Da imputabilidade penal. Da ação e
da omissão.

O esquema acima demonstra que se pode visualizar a #12 – Conceito analítico de crime
retroatividade e a ultra-atividade da lei mais
O conceito analítico de crime é definido de formas
benigna na mesma situação, a depender do ponto
diversas pelos doutrinadores, a depender da corrente
de vista. Se partirmos do fato criminoso, a Lei 2 é
que se adote. Os elementos que podem ser
retroativa, pois é aplicável a fato ocorrido antes do
selecionados para a conceituação, conforme a teoria
início de sua vigência. Por outro lado, ao tempo da
que se adote, são o fato típico, a antijuridicidade ou
sentença, a Lei 2 já foi revogada pela Lei 3, razão pela
ilicitude, a culpabilidade e a punibilidade.

131
Teoria tripartida: crime é o fato típico, antijurídico (ou 🔾 Próprio ou puro: é o crime cometido em virtude do
ilícito) e culpável. Cuida-se de concepção do crime descumprimento de norma imperativa. O dever
adotada pelas teorias causalista e neokantista da jurídico de agir não existe, aqui, de forma genérica,
conduta, assim como por grande parte dos mas decorre da expressa previsão de um tipo penal,
partidários da teoria finalista. É a corrente que de natureza mandamental, que determina a punição
prevalece atualmente na doutrina brasileira. por omissão em determinados casos.
Compreende-se como crime a ação ou omissão que 🔾 Impróprio, impuro ou comissivo por omissão: a
consista em um fato típico, que se apresente como omissão é penalmente relevante quando o omitente
ilícito e que enseje um juízo de reprovabilidade. devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de
agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção
ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade
de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o
risco da ocorrência do resultado.
🔾 Omissivo por comissão: cuida-se de crime
tipicamente omissivo, mas há uma ação, um
comportamento comissivo, que provoca a omissão.
#16 - Princípio da insignificância
OBS.: requisitos cumulativos para aplicação do
princípio da insignificância – afasta a tipicidade
#13 – Teoria Tripartida material do delito: (MARI)
🔾 Fato Típico: é a ação, ou conduta, que se amolda Mínima ofensividade da conduta;
àquilo que a hipótese de incidência prevê. Isto é, é a
ação ou omissão do agente que se encaixa naquilo Ausência de periculosidade social;
que dispõe a norma penal, aquela que estipula o que Reduzido grau de reprovabilidade do
é o tipo penal. Ademais, caso haja resultado comportamento;
naturalístico (modificação no mundo real), é
necessário, além da sua ocorrência, que se constate Inexpressividade da lesão jurídica
um nexo ou um vínculo causal entre ele e a conduta causada.
praticada. 🔾 Ilicitude ou antijuridicidade: é a contrariedade da
conduta em relação ao ordenamento jurídico. Cuida-
Elementos do Fato Típico
se da ilegalidade do ato. Não basta que o agente
Conduta - dolo ou culpa tenha praticado a conduta que se amolda ao tipo
penal.
Resultado - natural ou normativo Para haver crime, é imprescindível que tal conduta
contrarie o que o Direito dispõe. Como exemplo, não
Nexo causal
há ilicitude se o indivíduo assim agiu em legítima
defesa.
Tipicidade - formal e material

Excludentes de ilicitude
#14 – Nexo Causal
Regra - Teoria da equivalência dos antecedentes Estado de necessidade
(ou “conditio sine qua non”): o resultado do crime
Legítima defesa
somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
Exercício regular de direito
resultado não teria ocorrido.
🔾 Exceção: Teoria da Causalidade adequada: a Estrito cumprimento de dever legal
superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o 🔾 Culpabilidade: é a possibilidade de se atribuir a
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se conduta praticada, bem como seu resultado, ao seu
a quem os praticou. autor, com um juízo de censura. Cuida-se da análise
da conduta realizada sob o ponto de vista da
#15 – Espécies de Crime Omissivo reprovação. Não é censurável, por exemplo, a
conduta de quem age por estar embriagado,

132
embriaguez que seja completa e decorrente de caso REQUISITOS Interrupção dos atos
fortuito ou força maior. Ainda que a conduta seja executórios + voluntariedade.
típica e ilícita, a situação de embriaguez completa
involuntária afasta a censurabilidade da ação humana. 🔾 Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte, CP):
No caso de haver fato típico e ilícito, há uma conduta
ARREPENDIMENTO EFICAZ
contrária ao ordenamento jurídico, sendo que a
ausência de culpabilidade apenas faz com que o autor
PREVISÃO LEGAL Art. 15, segunda parte, do
não seja punível por ausência de reprovabilidade. No Código Penal.
entanto, uma atuação típica e ilícita pode ensejar, por
exemplo, a legítima defesa de um terceiro, já que, CONCEITO O agente, tendo esgotado os
mesmo que não seja reprovável (ausência de atos executórios,
culpabilidade), o fato típico e ilícito demonstra que o voluntariamente impede a
consumação.
agente atua de forma oposta às normas de conduta
previstas pelo Estado. MOMENTO Depois de concluídos os atos
executórios e antes da
#17 – Conceito de Iter Criminis
consumação.
Estudo das etapas de realização do crime doloso
(algumas são obrigatórias, outras facultativas). REQUISITOS Impedimento eficaz do
resultado + voluntariedade.
#18 – Etapas do Iter Criminis
1. Cogitação: etapa psíquica, que não afeta bem 🔾 Arrependimento posterior (art. 16, CP): acontece
jurídico alheio, é absolutamente impunível. posteriormente à consumação, quando o agente
repara o dano ou restitui a coisa, para receber
2. Preparação ou atos preparatórios: etapa diminuição de pena de um 1/3 a 2/3. Requisitos:
concreta, no mundo fático, que visa instrumentalizar a
realização do crime. Via de regra, também impunível. a) Crime sem violência ou grave ameaça à
Exemplos de exceções: arts. 288 e 291, CP, Lei pessoa;
13.260/16 – Terrorismo. b) Reparação do dano até o recebimento da
denúncia.
3. Atos executórios ou execução: agente dá início à
realização do crime, passando a interferir na esfera do 🔾 Crime impossível (art. 17, CP): a lesão do bem
bem jurídico alheio e permitindo a intervenção do jurídico tutelado no tipo específico é absolutamente
direito penal, o que ocorre ao menos através da impossível de ocorrer, embora o agente, que não
tentativa (art. 14, II e parágrafo único, , CP). sabe disso, realize a conduta e atue com dolo.

4. Consumação: ocorre quando o crime está 6. Erro de tipo. Erro de proibição. Erro sobre a pessoa. Coação
completo, ou seja, quando o agente realiza tudo irresistível e obediência hierárquica. Causas excludentes da ilicitude.
aquilo que o tipo penal proibiu, lesionando o bem
jurídico tutelado pela norma. #21 – Teoria do erro
#19 – Tentativa (Art. 14, II e parágrafo único, , CP) No que tange às espécies de erro, nosso
Iter criminis que não se concluiu. O agente inicia a ordenamento adotou, a partir da teoria normativa
execução, mas não chega à consumação por motivos pura da culpabilidade, a vertente chamada teoria
alheios à sua vontade, gerando assim um crime limitada da culpabilidade.
incompleto, que terá sua pena diminuída de 1/3 a #22 – Espécies de erro
2/3.
Segundo a teoria limitada da culpabilidade, há três
#20 – Institutos defensivos do Iter Criminis espécies de erros essenciais:
🔾 Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte, CP): 🔾 Erro de tipo: erro sobre elemento constitutivo do
tipo legal (elementos fáticos) de crime exclui o dolo,
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei.
PREVISÃO LEGAL Art. 15, primeira parte, do
Código Penal. ATENÇÃO:
CONCEITO O agente, por vontade a) Erro de tipo incriminador (art. 20 , CP): incide
própria, deixa de prosseguir nos elementos objetivos que compõem o tipo
nos atos executórios. penal, ou seja, quando o agente se equivoca a
respeito da situação fática que está realizando ao
MOMENTO Após o início dos atos
executórios e antes de
cometer o crime
concluí-los. b) Erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º, , CP):
incide sobre elementos integrantes de um tipo

133
 penal autorizador, ou seja, incide sobre
elementos que compõem uma excludente de
ilicitude (ex.: agressão na legítima defesa),
gerando uma descriminante putativa.
🔾 Erro de proibição (art. 21 , CP): o agente não
conhece o caráter ilícito do seu comportamento, ou
seja, erra a respeito da proibição daquilo que faz, atua
sem o conhecimento da ilicitude de seus atos. O
desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3.
OBSERVAÇÃO: erro de tipo e erro de proibição
podem decorrer pela influência de um terceiro. É o
erro determinado por terceiros (art. 20, § 2º, CP).

Podemos nota, ainda, que é

possível a configuração do
concurso formal tanto no caso de
existirem desígnios autônomos em crimes dolosos,
quanto se não houver essa pluralidade de desígnios
do agente. Decorre de tal diferenciação a classificação
Há também os erros acidentais, que são assim
do concurso formal em próprio e impróprio.
chamados por serem relacionados a falhas, acidentes,
Vejamos:
no momento de realização da conduta típica. São
eles:
a) Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º, , CP): erro
quanto à identidade da vítima.
b) Erro de execução ou aberratio ictus (art. 73 , CP):
erro fático na realização/execução da conduta, em
que o agente erra o alvo visado, atingindo vítima
diversa da pretendida.
c) Aberratio criminis ou aberratio delicti (art. 74 ,
CP): erro quanto ao crime praticado, quanto ao bem #25 – Conceito de concurso de pessoas
jurídico lesionado.
Ocorre quando dois ou mais agentes, em acordo de
vontades (liame subjetivo), concorrem para a prática
8. Do concurso de pessoas. Do concurso de crimes. de determinado crime. Pode se dar na forma de
coautoria ou participação.
#23 – Conceito de concurso de crimes
#26 – Teoria monista temperada
Ocorre quando o agente realiza vários crimes,
idênticos ou diferentes, por meio de várias condutas ATENÇÃO: nosso ordenamento adotou a teoria
(concurso material ou crime continuado) ou por monista temperada (art. 29, CP), pela qual autor,
meio de uma só conduta (concurso formal). coautor e partícipe respondem pelo mesmo crime,
embora cada um tenha sua pena individualizada e
#24 – Espécies de concurso de crimes calculada separadamente, respondendo, portanto, na
De acordo com a espécie de concurso de crime medida de sua culpabilidade.
ocorrida, será definida a forma de aplicação da pena. Exceções à teoria monista: possibilitam que
coautores respondam por crimes diferentes. Ex: crime
de aborto.

134
No Direito Penal Brasileiro, há diferenciação entre 🔾 Pena de multa: sanção penal oriunda de crime,
autor e partícipe? O Código Penal não os conceituou pessoal, intransferível e individualizada (princípio da
nem diferenciou. A doutrina elaborou teorias sobre a intranscendência e da individualização das penas).
diferenciação ou não das figuras do autor e do
partícipe, sendo que as principais são as seguintes: 10. Efeitos da condenação e da reabilitação. Das medidas de
segurança.

#29 – Efeitos da condenação

🔾 Automáticos
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano
causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do
lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor
9. Das penas: espécies, cominação, aplicação, função e política que constitua proveito auferido pelo agente com a
criminal. Das penas alternativas e substitutivas. Da suspensão
condicional da pena. Do livramento condicional.
prática do fato criminoso.
🔾 Efeitos não automáticos
#27 – Conceito de pena
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
Pena é toda sanção imposta pelo Estado, mediante a
I - a perda de cargo, função pública ou mandato
ação penal, a quem pratica uma infração penal, como
eletivo:
retribuição ao ato ilícito praticado e com o fim de
evitar novos delitos. a) quando aplicada pena privativa de liberdade por
tempo igual ou superior a um ano, nos crimes
#28 – Espécies de penas
praticados com abuso de poder ou violação de dever
🔾 Penas privativas de liberdade (PPL): para com a Administração Pública;
Regimes de cumprimento das PPL: fechado, b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por
semiaberto ou aberto. tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
Modalidades de PPL: reclusão ou detenção. II – a incapacidade para o exercício do poder familiar,
da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à
Dosimetria das PPL (art. 68, CP adotou sistema
pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente
trifásico - Nelson Hungria): 1ª fase: fixação da pena-
titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou
base, conforme circunstâncias judiciais; 2ª fase:
outro descendente ou contra tutelado ou
circunstâncias agravantes e atenuantes; 3ª fase:
curatelado;
causas de aumento e de diminuição de pena.
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado
Limite máximo de cumprimento de PPL: foi alterado
como meio para a prática de crime doloso.
pela Lei 13.964/19 e agora é de 40 anos (art. 75, CP).
Parágrafo único - Os efeitos de que trata
Súmula 444, STJ - É vedada a utilização de inquéritos
este artigo não são automáticos, devendo
policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
ser motivadamente declarados na
base.
sentença.
🔾 Penas restritivas de direitos (PRD, art. 43, CP):
são penas substitutivas da privação da liberdade, e 11. Da ação penal pública e privada. Da extinção da punibilidade.
por isso autônomas e não acessórias, sendo
inadmissível sua cumulação com penas privativas de #30 – Conceito de extinção da punibilidade
liberdade. São elas: Prestação pecuniária; Prestação
Refere-se ao afastamento da possibilidade de punir
de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
determinado fato, mesmo este sendo típico, ilícito e
Perda de bens e valores; Limitação de final de
culpável. Estão previstas no art. 107, CP, sendo a
semana; Interdições temporárias de direitos.
prescrição a mais importante delas para fins de prova.
#31 – Efeitos das causas de extinção da
punibilidade

135
 Noronha, julgado em 10/08/2022 (Recurso Repetitivo
– Tema 1100))
A comunicabilidade da interrupção do prazo
prescricional alcança tão somente os corréus do
mesmo processo. Dessa forma, havendo
desmembramento, os feitos passam a tramitar de
forma autônoma, possuindo seus próprios prazos,
inclusive em relação à prescrição. (STJ. 5ª Turma. AgRg
no RHC 121.697/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 19/10/2021)
Tema 150, RE 593818, julgado em 18/08/2020 - Não
se aplica para o reconhecimento dos maus
antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da
reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal.
Súmulas importantes!
Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é
documento suficiente a comprovar os maus
antecedentes e a reincidência.
Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada
para a formação do convencimento do julgador, o
réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d,
do Código Penal.
Súmula 241-STJ: A reincidência penal não pode ser
A extinção da punibilidade de crime que é considerada como circunstância agravante e,
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância simultaneamente, como circunstância judicial.
agravante de outro não se estende a este. Nos crimes
Súmula 231-STJ: A incidência da circunstância
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não
atenuante não pode conduzir à redução da pena
impede, quanto aos outros, a agravação da pena
abaixo do mínimo legal.
resultante da conexão.
Súmula 171-STJ: Cominadas cumulativamente, em lei
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado
especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é
a sentença final, começa a correr:
defeso a substituição da prisão por multa.
I - do dia em que o crime se consumou;
Súmula 719-STF: A imposição do regime de
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a cumprimento mais severo do que a pena aplicada
atividade criminosa; permitir exige motivação idônea.
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a Súmula 718-STF: A opinião do julgador sobre a
permanência; gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração
severo do que o permitido segundo a pena
de assentamento do registro civil, da data em que o
aplicada.
fato se tornou conhecido.
Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal,
Entendimentos jurisprudenciais importantes!
é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
O termo inicial da contagem do prazo da gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
prescrição da pretensão executória é o com base apenas na gravidade abstrata do delito.
trânsito em julgado para ambas as partes.
Súmula 269-STJ: É admissível a adoção do regime
(STJ. 3ª Seção. AgRg no REsp 1.983.259-
prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
julgado 26/10/2022)
circunstâncias judiciais.
O acórdão condenatório de que trata o inciso IV do art.
Súmula 592-STF: Nos crimes falimentares, aplicam-se
117 do Código Penal interrompe a prescrição,
as causas interruptivas da prescrição, previstas no
inclusive quando confirmatório de sentença
Código Penal.
condenatória, seja mantendo, reduzindo ou
aumentando a pena anteriormente imposta. (STJ. 3ª Súmula 497-STF: Quando se tratar de crime
Seção. REsp 1930130-MG, Rel. Min. João Otávio de continuado, a prescrição regula-se pela pena

136
imposta na sentença, não se computando o É possível o homicídio privilegiado-qualificado,
acréscimo decorrente da continuação. desde que as qualificadoras sejam de natureza
objetiva, sendo que este não é crime hediondo.
Súmula 220-STJ: A reincidência não influi no prazo da
prescrição da pretensão punitiva.
#32 – Conceito de prescrição
Perda do direito de punir (jus puniendi) pela inércia
do Estado, que não o exercitou dentro de certo lapso
de tempo, fixado previamente em lei.
#33 – Espécies de prescrição
🔾 Prescrição da pretensão punitiva comum (art.
109, CP): o Estado perde a possibilidade de aplicar a
pena antes da sentença condenatória transitar em
julgado. Via de regra, toma por base a pena máxima
abstrata prevista na lei. Os prazos prescricionais são
reduzidos pela metade quando o agente, no tempo
do crime, for menor de 21 anos, ou se na data da
sentença for maior de 70 anos (art. 115, CP).
Modalidades:
• Prescrição superveniente, intercorrente ou
subsequente (art. 110, § 1º, CP)
• Prescrição retroativa (art. 110, § 1º, CP)
🔾 Prescrição da pretensão executória (art. 110, O homicídio culposo na direção de veículo
CP): prescrição da execução da pena que foi aplicada automotor será tratado pelo CTB (art. 302).
concretamente na sentença condenatória definitiva,
transitada em julgado. Prazo será calculado nas bases No crime de latrocínio, a finalidade (dolo) do agente
da tabela do art. 109, CP. é a subtração da coisa, mas para isso acaba matando.

🔾 Prescrição da pena de multa (art. 118, CP): #35 – Aborto autorizado ou legal (art. 128, CP)
prescrevem em dois anos (multa for a única cominada) O aborto eugênico ou eugenésico ocorre quando
ou no mesmo prazo da PPL referente ao crime, há deformidades ou anomalias no feto que possam
quando a multa for cumulativa ou alternativamente gerar inviabilidade para vida extrauterina e não há
cominada. previsão ou autorização no Código Penal. Porém, o
As Cortes Superiores possuem entendimento STF admite e autoriza o aborto em casos de
divergente sobre a forma de cálculo da prescrição, anencefalia.
apenas coincidindo o entendimento no que se refere #36 - Jurisprudências importantes
à afirmação da incidência desta causa de extinção da
punibilidade para as medidas de segurança: HC 118533/STF: homicídio qualificado-privilegiado
não é considerado hediondo.
HC 153728/STJ: homicídio qualificado-privilegiado
não é considerado hediondo.
RHC 90941/STJ: a vingança vem sendo
compreendida pelo STJ como um motivo torpe.
RHC 90941/STJ: o STJ já decidiu que a vingança pode
ou não configurar motivo torpe, a depender do caso
concreto.
HC 369163/STJ: o STJ entende não ser admissível a
configuração do crime praticado sem motivo como
12. Dos crimes em espécie do Código Penal: Dos crimes contra a qualificado por motivo torpe.
pessoa; Dos crimes contra a honra; Dos crimes contra a liberdade
individual; AgRg no REsp 1741418/STJ: o STJ considera a
violência doméstica uma circunstância de natureza
#34 – Homicídio (art. 121, CP) objetiva, razão pela qual entende possível a sua
cumulação com a circunstância do motivo torpe.
Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, , CP – redução
da pena de 1/6 a 1/3): causa de diminuição de pena.

137
AgRg no REsp 1741418/STJ: o STJ considera a Lembre-se: só se pune, se cometido contra os mortos,
violência doméstica uma circunstância de natureza o crime de calúnia.
objetiva, razão pela qual entende possível a sua
Exceção da verdade: admite-se a prova da verdade,
cumulação com a circunstância do motivo torpe.
salvo:
ADI 3510/STF: O STF entendeu que não se configura
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
o crime de aborto quando realizada pesquisa com
privada, o ofendido não foi condenado por sentença
célula-tronco.
irrecorrível;
ADPF 54/STF: o STF também considerou não
II - se o fato é imputado a Presidente da República ou
configurar o crime de aborto a interrupção da
contra chefe de governo estrangeiro;
gravidez quando o feto for anencéfalo.
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
HC 124.306/STF: houve decisão da Primeira Turma do
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
STF de considerar não tipificado o crime se a
interrupção ocorrer nos três primeiros meses de #40 – Difamação
gravidez.
A conduta típica é a imputação de fato
#37 – Lesão corporal determinado que, não constituindo
crime, é ofensivo para a vítima.
A autolesão pode ser
punida se for se praticada A exceção da verdade somente se
para se perpetrar uma admite se o ofendido é funcionário
fraude, ou seja, como meio público e a ofensa é relativa ao exercício de suas
para realização de outro delito e para se atingir outro funções.
bem jurídico. É o que ocorre com a prática do delito
#41 – Injúria
previsto no artigo 171, inciso V, § 2º, do Código Penal
A conduta típica é ofender a dignidade ou o decoro
Súmula 542, STJ. A ação penal relativa ao crime de
de alguém, emitindo-se conceito negativo sobre o
lesão corporal resultante de violência doméstica
ofendido.
contra a mulher é pública incondicionada.
A exceção da verdade não é admitida na injúria.
Art. 140, § 3º Se a injúria consiste na utilização de
elementos referentes a religião ou à condição de
pessoa idosa ou com deficiência: (Redação dada
pela Lei nº 14.532, de 2023)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023)
#42 – Jurisprudências importantes

#38 – Crimes contra a honra 🔾 REsp 1620158/STJ: o STJ já considerou a perda de

dente como debilidade permanente da função
mastigatória.
🔾 REsp 1620158/STJ: há julgado da Sexta Turma, em
que não se considerou deformidade permanente a
perda de dois dentes.
🔾 HC 391.771/STJ: o STJ possui precedente em que
foi considerada deformidade permanente a perda de
três dentes, não afastando a qualificadora o uso de
prótese pela vítima
🔾 HC 325961/STJ: o STJ já decidiu que, sobrevindo
#39 - Calúnia lesão corporal de natureza grave por debilidade
permanente de membro, sentido ou função, como
A calúnia consiste na imputação falsa, ou na
decorrência da lesão corporal gravíssima com
propalação ou divulgação de tal imputação, a
resultado de enfermidade incurável, o primeiro será
respeito da prática de crime pela vítima. É
considerado post factum impunível, havendo,
importante observar que o tipo penal não abrange a
portanto, a sua absorção pela lesão corporal
falsa acusação de contravenção penal, mas apenas a
gravíssima prevista no artigo 121, § 2º, II, , CP.
de crime.

138
🔾 AgRg nos EDcl na ExVerd 52/STJ: o STJ decidiu não Súmula 610, STF. Há crime de latrocínio quando o
ser cabível a exceção da verdade, no caso de homicídio se consuma, ainda que não realize o agente
difamação, se o ofendido já não mais exercer função a subtração de bens da vítima.
pública. #46 – Causas que majoram o roubo
🔾 AgRg no AREsp 734236/STJ: o STJ considera injúria ✓ se há o concurso de duas ou mais pessoas;
racial uma modalidade de racismo e, portanto, ✓ se a vítima está em serviço de transporte de valores
imprescritível e o agente conhece tal circunstância;
🔾 Súmula 714, STF: crime contra a honra praticado ✓ se a subtração for de veículo automotor que venha
contra funcionário público É concorrente a a ser transportado para outro Estado ou para o
legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do exterior;
ministério público, condicionada à representação do ✓ se o agente mantém a vítima em seu poder,
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra restringindo sua liberdade;
de servidor público em razão do exercício de suas ✓ se a subtração for de substâncias explosivas ou de
funções. acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou
Dos crimes contra o patrimônio; emprego;
✓ se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma branca;
#43 – Furto (art. 155, CP)
✓ se a violência ou ameaça é exercida com emprego
O furto de uso não caracteriza crime. de arma de fogo;
✓ se a violência ou grave ameaça é exercida com
A consumação do furto, de acordo com a teoria
emprego de arma de fogo de uso restrito ou
majoritária e adotada atualmente pelo STF (teoria da
proibido;
amotio), ocorre com a mera inversão da posse.
✓ se há destruição ou rompimento de obstáculo
Furto famélico: pessoa, visando a satisfazer uma mediante o emprego de explosivo ou de artefato
necessidade alimentar imediata, subtrai alimentos, análogo que cause perigo comum.
importando assim em situação de perigo atual para a
#47 – Estelionato (art. 171, CP)
pessoa, sendo subtração é a única forma de
solucionar o problema naquele momento. Diferenças entre estelionato e outros crimes:
#44 – Causas que qualificam o crime de furto a) Estelionato e apropriação indébita: no
estelionato, o agente possui o dolo ab initio, antes de
✓ com destruição ou rompimento de obstáculo à
auferir a vantagem e na apropriação indébita seu dolo
subtração da coisa;
vem após possuir o bem de forma legítima.
✓ com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza; b) Estelionato e furto mediante fraude: no
✓ com emprego de chave falsa; estelionato, a fraude é utilizada para que a vítima
✓ mediante concurso de duas ou mais pessoas; entregue a coisa ao agente. No furto, a fraude é para
✓ com emprego de explosivo ou de artefato análogo diminuir a vigilância sobre a coisa para possibilitar a
que cause perigo comum; subtração.
✓ mediante fraude e cometido por meio de
c) Estelionato e extorsão: no estelionato, a vítima
dispositivo eletrônico ou informático, conectado
entrega voluntariamente a coisa. Na extorsão, a vítima
ou não à rede de computadores, com ou sem a
faz ou deixa de fazer algo entregando a vantagem em
violação de mecanismo de segurança ou a
razão da violência ou grave ameaça.
utilização de programa malicioso, ou por qualquer
outro meio fraudulento análogo; d) Falso (crime anterior) e estelionato (crime
✓ subtração de veículo automotor que venha a ser posterior): Súmula 17 STJ: O crime-meio (falso) é
transportado para outro Estado ou para o exterior; absorvido pelo crime-fim (estelionato) quando o falso
✓ subtração de semovente domesticável de foi o meio necessário para se obter o estelionato.
produção, ainda que abatido ou dividido em
Súmula 554, STF: O pagamento de cheque emitido
partes no local da subtração.
sem provisão de fundos após o recebimento da
✓ subtração de substâncias explosivas ou de
denúncia não obsta ao prosseguimento da ação
acessórios que, conjunta ou isoladamente,
penal.
possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego. Súmula 521, STF: O foro competente para o
processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob
#45 – Roubo (art. 157, CP)
a modalidade de emissão dolosa de cheque sem
Roubo de uso: não configura crime de roubo, pode- provisão de fundos, é o local onde se deu a recusa do
se imputar ao agente o constrangimento ilegal (art. pagamento pelo sacado.
146 , CP), ou outros crimes decorrentes da violência.

139
#48 – Ação Penal para o crime de Estelionato AgRg no HC n. 714.224/STJ: o STJ considera não
considera compatível o privilégio com a qualificadora
A Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, introduziu
do emprego de fraude no furto.
o parágrafo quinto ao artigo 171 do Código Penal. O
dispositivo traz hipóteses em que a ação penal passa AgRg no HC n. 714.224/STJ: o STJ considera não
a ser pública incondicionada. considera compatível o privilégio com a qualificadora
do emprego de fraude no furto de energia.
Portanto, a regra é a ação penal pública
condicionada à representação. A ação REsp 1123747/STJ: o STJ entende a subtração de
penal passa a ser incondicionada se o sinal de TV a cabo, por se tratar de energia com valor
delito for praticado contra a econômico, se subsome ao delito previsto no artigo
Administração Pública, direta ou indireta; 155, § 3º, , CP.
contra criança ou adolescente; contra
HC 148.757/STJ: O STJ entende estar configurada a
pessoa com deficiência mental; contra maior de 70
circunstância qualificadora do rompimento de
(setenta) anos de idade ou contra incapaz. O
obstáculo quando o furto for cometido com o
estelionato contra incapaz é possível, por exemplo, se
rompimento dos vidros de veículo para a subtração
entendermos, como Cezar Bitencourt, que o crime
de objetos do seu interior.
pode ter dois sujeitos passivos: o que leva o prejuízo
e o que é enganado. REsp 1.395.838: Considera circunstância
qualificadora do rompimento de obstáculo, quando o
#49 – Receptação (art. 180, CP)
furto for cometido com o rompimento de portas,
• Se a infração anterior for contravenção não vidros, alarmes para subtrair bens no interior do
haverá receptação. veículo ou mesmo para subtração do próprio
• Crime anterior não precisa ser previsto como automóvel, sendo a conduta a mesma.
crime contra o patrimônio.
AgRg no AREsp 1081500/STJ: o STJ tem entendido
• Não há receptação de bem imóvel (STF). ser possível o excepcional reconhecimento da
• É admissível a receptação de receptação. qualificadora da escalada mesmo sem realização de
#50 – Jurisprudências importantes perícia.
HC 114877/STF: o STF já entendeu não se configurar Súmula nº 442, STJ. É inadmissível aplicar, no furto
crime impossível no caso de haver sistema de qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do
vigilância para impedir o furto. roubo.
Súmula nº 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado REsp 1025162/STJ: o STJ entende não ser possível a
por monitoramento eletrônico ou por existência de tentativa no crime de roubo impróprio.
segurança no interior de estabelecimento comercial, HC 288929/STJ: o STJ já entendeu compatível a
por si só, não torna impossível a configuração do condenação pelo roubo majorado por concurso de
crime de furto. pessoas e pelo delito de associação criminosa (antigo
HC 114329/STF: o STF tem adotado a teoria da crime de quadrilha ou bando).
amotio ou aprehensio na consumação do furto. AgRg no REsp 1724625/STJ: não é cabível a
REsp n. 1.979.989/STJ: o STJ possui o entendimento configuração da majorante em razão de emprego de
de não ser necessário que o local seja habitado para a simulacro de arma ou arma de brinquedo, já que o
configuração da majorante de furto praticado durante dispositivo exige emprego de arma de fogo.
o repouso noturno. HC 416745/STJ: se a arma, após perícia, for
REsp 1888756/STJ: o STJ fixou a tese de não se aplicar considerada imprestável, não incide a causa de
a majorante do repouso noturno no caso de furto aumento de pena no crime de roubo.
qualificado. AgRg no REsp 1712795/STJ: casos a arma não era
AgRg no HC 371301/STJ: o STJ tem entendido que o encontrada ou apreendida, o STJ consolidou o
pequeno valor da coisa deve ser como limite um entendimento de ser desnecessária a prova pericial,
salário mínimo no caso de furto privilegiado. desde que outros elementos de prova
demonstrassem a utilização da arma pelo agente ou
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do por um deles no crime de roubo.
privilégio previsto no § 2º do art. 155, CP nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a Súmula nº 443 do STJ: O aumento na terceira fase de
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
a qualificadora for de ordem objetiva. exige fundamentação concreta, não sendo suficiente
para a sua exasperação a mera indicação do número
AgRg no HC n. 714.224/STJ: o STJ considera não de majorantes
considera compatível o privilégio com a qualificadora
do abuso de confiança no furto.

140
HC 102550/STF: o STF nega em diversos casos o assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
reconhecimento do crime de bagatela em cuidado, proteção ou vigilância.
caso de apropriação indébita
#55 – Assédio Sexual
previdenciária, em razão do
entendimento de que a reprovabilidade Exige-se a situação de superioridade hierárquica
da conduta não é mínima ou ascendência inerentes ao emprego, cargo ou
função, nos termos do art. 216-A do Código Penal.
Dos crimes contra a propriedade intelectual; Dos crimes contra a
dignidade sexual;
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o
agente da sua condição de superior hierárquico ou
#51 – Estupro (art. 213, CP)
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo
Estupro na sua forma simples (art. 213, caput, CP) e ou função.
nas formas qualificadas é crime hediondo.
🔾 Causa de aumento de pena: a pena é
O art. 214 (atentado violento ao pudor) foi revogado aumentada até 1/3 se a vítima é menor de
pela Lei 12.015/2009 e todas as condutas nele 18 anos. Nesse caso, é infração de elevado
previstas passaram a compor o art. 213 (estupro), potencial ofensivo, incompatível com os
ocorrendo assim a chamada abolitio criminis formal. benefícios da Lei nº 9.099/95.
#52 – Importunação sexual (art. 215-A, CP) Se a vítima é menor de 14 anos (ou pessoa
Ao instituir o Art. 215-A , CP, a Lei 13.718/18 revogou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem
a contravenção penal de importunação ofensiva ao o necessário discernimento para a prática do ato
pudor. Não houve, porém, abolitio criminis, pois o Art. sexual, ou que, por qualquer outra causa, não pode
61 da LCP foi apenas formalmente oferecer resistência), o crime passa a ser de estupro
revogado e seu conteúdo migrou para o de vulnerável (art. 217-A do Código Penal).
novo crime de importunação sexual #56 – Ação penal nos crimes sexuais (art. 225, CP)
(princípio da continuidade normativo-
típica). A Lei 13.718/18 alterou a natureza da ação penal nos
crimes sexuais, tornando-a ação penal pública
#53 – Estupro de Vulnerável (art. 217-A , CP) incondicionada para todas as hipóteses.
• Sujeito ativo: homem ou mulher. #57 – Jurisprudências importantes
• Sujeito passivo: somente o vulnerável, 🔾 REsp 1288328/STJ: atualmente, a Corte Superior
conceito que engloba as seguintes pessoas: tem entendido que, com a modificação dos crimes
a. Menor de 14 (catorze) anos; contra a dignidade sexual, a prática de conjunção
carnal e outros atos libidinosos, no mesmo contexto,
b. Alguém que por enfermidade/deficiência configura crime único.
mental, não tem discernimento para o ato;
🔾 AgRg no AREsp 488339/STJ: se o agente praticar
c. Alguém que, por qualquer outra causa, não mais de um ato contra a liberdade sexual da vítima, na
possa oferecer resistência. mesma circunstância, o que o juiz deve fazer é
#54 - Mediação para servir à lascívia de outrem considerar tal fato na primeira fase da dosimetria,
exasperando a pena-base.
A ação nuclear típica é de induzir, ou seja, inspirar,
provocar, incitar ou encorajar. A conduta recai sobre 🔾 REsp 1480881/STJ: o STJ afastou o argumento de
qualquer pessoa, não havendo limitação a que se a pessoa menor de quatorze anos tiver
determinadas vítimas. O induzimento se volta a que experiência sexual, consentir (ou desejar) ou mesmo
alguma pessoa satisfaça a lascívia de outra pessoa. A ter relacionamento com o agente não configura o
doutrina denomina a figura de lenocínio ou de delito, sob o rito do recurso especial repetitivo,
lenocínio principal, por consistir em tipo penal de entendendo que não se deve realizar tal análise da
mediação para que se satisfaça a luxúria ou o desejo vítima.
sexual de outra pessoa. Há, portanto, três figuras: o
🔾 AgRg no REsp 1508423/STJ: quanto a atipicidade
agente, que induz; a vítima, que é induzida; e o
da conduta de manter casa de prostituição ou de
destinatário ou consumidor, cuja lascívia o agente
manter casa de prostituição, o Supremo Tribunal de
quer ver satisfeita.
Justiça entende que não se aplica o princípio da
🔾 Formas qualificadas: o crime será qualificado se o adequação social, no mesmo sentindo do
agente for seu ascendente, padrasto, madrasta, entendimento do STF.
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se Dos crimes contra a família; Dos crimes contra a incolumidade
pública; Dos crimes contra a paz pública;

141
#58 – Associação criminosa (art. 288, CP) efetiva utilização das notas falsificadas atrai o interesse
da União e determina a competência da Justiça
Antigo crime de “quadrilha ou bando”, prevê como
Federal.
crime, punido com pena de reclusão de 1 a 3 anos, a
conduta de associarem-se 3 ou mais pessoas, para 🔾 RHC 66784/STJ: o STJ consigna no seguinte
o fim específico de cometer crimes. Deve haver a acórdão que a falsidade documental, assim como a
presença do dolo de associação e do especial fim de ideológica, consuma-se no momento da falsificação.
agir (fim de praticar 2 ou mais crimes). Ademais, foi decidido que a falsificação de
Associação para tráfico de drogas: incide o tipo documento emitido por junta comercial não atrai,
específico previsto no art. 35 da Lei 11.343/2006. apenas pela sua subordinação técnica ao
Departamento Nacional de Registro do Comércio, a
#59 – Jurisprudências importantes competência da Justiça Federal.
🔾 ADPF 187/STF: o STF já decidiu que a manifestação 🔾 CC 26105/STJ: o STJ já decidiU ser da competência
pela liberação de substâncias entorpecentes da Justiça Eleitoral a falsificação de documento
conhecida como “Marcha da Maconha” não configura público para fins eleitorais.
o delito de apologia de crime ou criminoso, por ser
expressão do direito de reunião e da livre expressão 🔾 AgRg no RHC 43279/STJ: o STJ não considera
de pensamento. configurar o crime de falsidade ideológica a
declaração de pobreza para fins de gratuidade da
🔾 RHC 4660/STJ: quanto à exigência que a conduta justiça que não se coadune com a realidade.
do crime de apologia do crime ou criminoso se dê
publicamente, o STJ já consignou que tal elementar 🔾 HC 112176/STF: o STF entende não ser necessário
exige que a conduta seja dirigida a um número o exame pericial no documento falso, se houver
indeterminado de pessoas, dirigido a elas ou que a elementos nos autos que demonstrem que o agente
mensagem possa ser por elas recebida. fez uso de tal documento, bem como que permitam a
conclusão sobre sua falsidade.
🔾 HC 288929/STJ: o STJ entende não configurar bis
in idem a condenação do sujeito pelo crime de roubo 🔾 Súmula nº 200 do STJ: O Juízo Federal competente
majorado pelo emprego de arma de fogo e pelo para processar e julgar acusado de crime de uso de
crime de associação criminosa, com a majorante de a passaporte falso é o do lugar onde o delito se
associação ser armada. Entende-se que há consumou.
diversidade dos bens jurídicos tutelados. 🔾 Súmula nº 522 do STJ: A conduta de atribuir-se falsa
identidade perante autoridade policial é típica, ainda
Dos crimes contra a fé pública. que em situação de alegada autodefesa.

#60 – Moeda falsa (art. 289, CP) 🔾 RE 640139 RG/STF: o STF firmou o entendimento
de que o princípio constitucional da autodefesa (art.
A doutrina e a jurisprudência consideram que a 5º, inciso LXIII, da CF/88) não alcança aquele que
falsificação grosseira do dinheiro contrafeito atribui falsa identidade perante autoridade policial
configura crime impossível (art. 17 , CP). com o intento de ocultar maus antecedentes.
Já a utilização de papel-moeda
grosseiramente falsificado para obtenção Dos crimes contra a administração pública;
de vantagem indevida irá configurar crime
de estelionato (Súmula 73 do STJ). #63 - Peculato
#61 – Falsidade ideológica (art. 299, CP) Sujeito ativo: funcionário público que praticar as
condutas típicas atuando em razão do seu cargo ou da
🔾 Falsidade ideológica: O documento não possui função pública que exerce. Trata-se de crime próprio.
vício em sua forma, ou seja, é formalmente perfeito
(não envolve a forma do documento), porém, seu Peculato de uso não configura o crime.
conteúdo é falso, de modo que a falsidade somente 🔾 Apropriação: Apropriar-se o funcionário público
será provada pela apuração dos fatos. de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
🔾 Falsidade material: O documento possui vício em público ou particular, de que tem a posse em razão do
sua forma (rasuras, introdução de novos dizeres, cargo.
supressão de palavras), ou seja, é formalmente falso, 🔾 Desvio: desviar, em proveito próprio ou alheio,
independentemente do seu conteúdo ser dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
verdadeiro ou não. ou particular, de que o funcionário público tenha a
#62 – Jurisprudências importantes posse em razão do cargo.

🔾 CC 145.378/STJ: o STJ já decidiu que, ainda que o 🔾 Culposo: Se o funcionário concorre culposamente
crime de moeda falsa seja absorvido pelo peculato, a para o crime de outrem (OBS.: o peculato culposo é o

142
único crime culposo contra a Administração Pública). pública. Equiparando-se quem exerce cargo,
Como depende de outra prática criminosa, é emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
chamado de crime parasitário. trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de
ATENÇÃO! A reparação do dano no peculato
atividade típica da Administração Pública.
culposo, se anterior à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade. Se lhe é posterior, reduz de metade a Os crimes funcionais estão sujeitos à
pena imposta. extraterritorialidade incondicionada.
É dizer: ficam sujeitos à lei brasileira,
🔾 Mediante erro de outrem: Apropriar-se de embora cometidos no estrangeiro, os
dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do crimes cometidos contra a
cargo, recebeu por erro de outrem. administração pública, por quem está a
🔾 Servidor público que se apropria dos salários que seu serviço. Em tais hipóteses, o agente será punido
lhe foram pagos e não presta os serviços, não comete segundo a lei brasileira ainda que absolvido ou
peculato!!! Trata-se de questão a ser discutida na condenado no estrangeiro.
esfera administrativo-sancionadora, mas não na #67 – Jurisprudências importantes
instância penal, por falta de tipicidade.
🔾 HC 112.388/STF: o STF já reconheceu a
#64 - Concussão (art. 316, CP) X Corrupção Passiva
possibilidade de incidência do princípio da
(art. 317, CP) X Excesso de Exação (art. 316, §1º,
insignificância em crime contra a Administração
CP)
Pública, especificamente no caso de peculato-furto.
Concussão Excesso de Corrupção HC 121717/STF: o STF também reconhece o princípio
exação passiva da insignificância, de forma pacífica, nos casos de
descaminho, que também é um crime contra a
EXIGIR, para si Funcionário SOLICITAR ou Administração Pública.
ou para exige tributo receber, para si Sumula nº 599 do STJ O princípio da insignificância é
outrem, direta ou ou para outrem, inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
ou contribuição direta ou
indiretamente, social que indiretamente, REsp 1709029/STJ: o próprio STJ, após a elaboração
ainda que fora sabe ou ainda que fora da súmula acima, fixou a seguinte tese incide o
da função ou deveria saber da função ou princípio da insignificância aos crimes tributários
antes de indevido, ou, antes de federais e de descaminho quando o débito tributário
assumi-la, mas quando assumi-la, mas verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00
em razão dela, devido, em razão dela, (vinte mil reais).
vantagem emprega na vantagem HC 437190/STJ: o STJ já decidiu que se o crime de
indevida cobrança indevida, ou peculato for praticado por determinado agente
meio aceitar público que deveria agir contra o crime, como polícia
vexatório ou promessa de tal judiciária, e atua de forma oposta, no exercício de suas
gravoso, que vantagem funções, o agravamento da pena em virtude disso não
a lei não configura bis in idem.
autoriza
Inq 3621/STF: o STF já entendeu, em análise sumária,
(ATENÇÃO! O ser possível a capitulação como peculato-desvio da
tipo não conduta de pagamento antecipado a contratante da
abrange a Administração Pública, de forma ilegal, do valor total
cobrança de devido em virtude de aditivo contratual celebrado
multa – irregularmente, antes da execução das obras.
conduta
atípica) Inq 3621/STF: o STF já entendeu, em análise sumária,
ser possível a capitulação como peculato-desvio da
#65 - Prevaricação (arts. 319 e 319-a , CP) conduta de pagamento antecipado a contratante da
Administração Pública, de forma ilegal, do valor total
Possui natureza híbrida, já que o tipo penal é devido em virtude de aditivo contratual celebrado
formado por condutas comissivas (retardar e praticar) irregularmente, antes da execução das obras
e outra omissiva (deixar de praticar) caracterizando-
se, neste caso, como crime omissivo próprio. 19. Crimes contra a Administração Pública - Dos crimes praticados
por particular contra a administração em geral
#66 – Definição de funcionário público para fins
penais
#68 – Resistência
Quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função

143
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante #74 - Crimes em licitações:
violência ou ameaça a funcionário competente para
A pena de multa destes crimes não poderá ser inferior
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
a 2% do valor do contrato licitado ou celebrado com
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. contratação direta.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: 🔾 Contratação direta ilegal:
Pena - reclusão, de um a três anos. - Conduta típica: Admitir, possibilitar ou dar causa à
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo contratação direta fora das hipóteses previstas em lei.
das correspondentes à violência. - Pena: reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.
#69 – Desobediência - Indispensável o dolo específico de causar danos ao
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário erário e o efetivo prejuízo aos cofres públicos.
público: 🔾 Frustração do caráter competitivo de licitação:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter
#70- Desacato (art. 331 , CP) para si ou para outrem vantagem decorrente da
adjudicação do objeto da licitação, o caráter
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício competitivo do processo licitatório:
da função ou em razão dela:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. multa.
A consumação ocorre com a simples prática da A natureza formal da conduta descrita no art. 90 da Lei
ofensa, independentemente do funcionário público 8.666/93 (337-F, CP) dispensa a demonstração de
se sentir ofendido (crime formal). Para que haja o prejuízo ou dano aos cofres públicos. Basta a
desacato o funcionário deve estar presente para comprovação da fraude para se configurar o crime em
ouvir a ofensa. O STF entende que a criminalização do questão. (STJ, AgRg no AREsp 1003485/BA, Rel.
desacato é compatível com o Estado Democrático de Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado
Direito, razão pela qual continua a ser crime. em 16/03/2021, DJe 19/03/2021)
#71 – Corrupção Ativa (art. 333 , CP) 🔾 Modificação ou pagamento irregular em
Oferecer ou prometer vantagem indevida a Contrato Administrativo:
funcionário público, para determiná-lo a praticar, Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a
omitir ou retardar ato de ofício. A iniciativa de oferecer qualquer modificação ou vantagem, inclusive
ou prometer vantagem deve ser do particular (crime prorrogação contratual, em favor do contratado,
comum). O ato a ser praticado, omitido ou retardado durante a execução dos contratos celebrados com a
deve ser do funcionário. Administração Pública, sem autorização em lei, no
#72 - Contrabando ou Descaminho (art. 334 e art. edital da licitação ou nos respectivos instrumentos
334-a , CP) contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da
ordem cronológica de sua exigibilidade:
De acordo com posicionamento do STF e STJ, aplica-
se o princípio da insignificância no descaminho se o Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
valor sonegado não ultrapassa R$ 20.000,00 (vinte mil multa.
reais). 🔾 Violação de sigilo em licitação:
STF, via de regra, não reconhece a aplicação do Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada
princípio da insignificância para o contrabando. em processo licitatório ou proporcionar a terceiro o
ensejo de devassá-lo:
20. Crimes contra a Administração da Justiça
Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e
#73 – Favorecimento real e Favorecimento pessoal multa.
(arts. 348 e 349, CP)
13. Dos crimes em espécie previstos em legislação especial: Dos
A diferença entre as duas espécies de crimes de tortura;
favorecimento previstas no Código Penal é
que no favorecimento real o sujeito visa #75 – Sujeito ativo
tornar seguro o proveito do crime,
enquanto no favorecimento pessoal o No Brasil, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa,
sujeito visa tornar seguro o autor de um ao passo que, segundo a Convenção, somente o
crime antecedente. Em ambos, o auxílio deve ocorrer funcionário público ou outra pessoa no exercício de
após a consumação do crime anterior. função pública. Além disso, o delito de tortura no
Brasil é crime prescritível. As hipóteses de crimes

144
imprescritíveis estão no rol taxativo da Constituição 🔾 O pagamento integral do débito tributário, a
Federal (art. 5º, XLII46 e XLIV47), não tendo sido a qualquer tempo, até mesmo após o trânsito em
tortura nele contemplado. julgado da condenação, é causa de extinção da
#76 – Qualificadoras e causas de aumento de pena: punibilidade do agente, nos termos do art. 9º, § 2º, da
Lei nº 10.684/2003.
🔾 Formas qualificadas: Se resulta lesão corporal de
Se o agente, ao invés de pagar o débito,
natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de
aderir a programa de parcelamento,
4 anos a 10 anos; se resulta morte, a reclusão é de 8 a
ficará suspensa a pretensão punitiva
16 anos.
estatal e, por via de consequência,
🔾 Causas de aumento de pena: Aumenta-se a pena suspende-se também o prazo da
de 1/6 até 1/3: a) se o crime é cometido por agente prescrição da pretensão punitiva (não
público; b) se o crime é cometido contra criança, há, todavia, extinção da punibilidade).
gestante, portador de deficiência, adolescente ou A garantia do crédito tributário na execução fiscal,
maior de 60 anos; c) se o crime é cometido mediante por seu turno, não configura hipótese de extinção da
sequestro. punibilidade nem de suspensão do processo por
#77 - Efeitos da condenação: crime tributário.
🔾 É cabível, no crime previsto no art. 1º, I, da Lei n.
8.137/1990 (omitir informação ou prestar declaração
falsa às autoridades fazendárias), a criminalização da
conduta do sócio-gerente que deixou o quadro
societário da empresa antes do lançamento definitivo
do crédito tributário, mas que efetivamente praticou
o fato típico antes da sua saída.
🔾 A autoria e a participação no crime do art. 1º, I, da
Lei n. 8.137/1990 prescindem de que os agentes
integrem o quadro da pessoa jurídica ou o polo
🔾 O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de passivo do procedimento administrativo-fiscal, ou
graça ou anistia. ainda, que sejam responsáveis pelo cumprimento da
🔾 Regime de cumprimento da pena: o STF declarou obrigação tributária, desde que demonstrado o
como inconstitucional a obrigatoriedade do regime envolvimento com a prática criminosa (art. 11 da Lei n.
inicial fechado do art. 2º, §1º, da Lei dos Crimes 8.137/1990).
Hediondos para penas não superiores a 8 anos, por 🔾 Nos crimes societários cometidos no âmbito de
malferir o princípio da individualização da pena. Em aplicação da Lei n. 8.137/1990, admite-se a denúncia
outras palavras, o regime inicial para esses crimes geral, a qual, apesar de não individualizar
acima pode ser o semiaberto e o aberto. pormenorizadamente as atuações de cada um dos
🔾 Exceção ao princípio da territorialidade previsto no denunciados, demonstra, ainda que de maneira sutil,
art. 5º do Código Penal: um liame entre o agir dos sócios ou administradores e
a suposta prática delituosa, o que estabelece a
plausibilidade da imputação deduzida e permite o
exercício da ampla defesa com todos os recursos a ela
inerentes.
🔾 Nos crimes do art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990, é
possível a exclusão da culpabilidade por
inexigibilidade de conduta diversa se ficar
comprovada nos autos a crise financeira da empresa.
🔾 Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II,
da Lei 8.137/90 (sonegação fiscal), deve ser
Dos crimes contra a ordem tributária, econômica e relações de comprovado o elemento subjetivo especial (dolo
consumo;
específico). O não pagamento do tributo não é
suficiente para demonstrar a contumácia nem o dolo
#78 - Crimes contra a ordem tributária de apropriação.
🔾 TODOS os crimes contra a ordem tributária
previstos na Lei 8.137/90 só admitem a modalidade Dos crimes do Código de Defesa do Consumidor;
dolosa.
#79 - Crimes contra as relações de consumo

145
 🔾 Com exceção do delito descrito no art. 71 da Lei 🔾 Colaboração premiada: a pena poderá ser
nº 8.078/90 (crime de dano), os demais crimes reduzida de 1/3 a 2/3 e ser cumprida em regime
delineados na Lei nº 8.078/90 são crimes de perigo aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de
abstrato, ou seja, há uma presunção absoluta do aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena
perigo (juris et de jure), que não necessita ser restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe
demonstrado no plano concreto, eis que a lei colaborar espontaneamente com as autoridades,
contenta-se com a mera prática da ação considerada prestando esclarecimentos que conduzam à apuração
criminosa. das infrações penais, à identificação dos autores,
coautores e partícipes, ou à localização dos bens,
🔾 Todos os crimes descritos no Código de Defesa do direitos ou valores objeto do crime.
Consumidor são infrações penais de menor
potencial ofensivo, segundo estabelece o art. 61 da É inconstitucional a
Lei nº 9.099/95. determinação de afastamento
automático de servidor
público indiciado em inquérito
policial instaurado para apuração de crimes de
lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
Com base nesse entendimento, o STF declarou
Dos crimes de lavagem ou ocultação de bens e valores; inconstitucional o art. 17-D da Lei de Lavagem de
Dinheiro (Lei nº 9.613/98). (STF. Plenário. ADI
#80 - Lavagem de Capitais 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020)
Qualquer crime ou contravenção poderá constituir a
infração penal antecedente da lavagem (justa causa
Dos crimes do Código de Trânsito Brasileiro;
duplicada).
A autolavagem também é punida no Brasil. #83 - Código de Trânsito Brasileiro
#81 - Gerações de leis de Lavagem de Capitais: 🔾 Reincidência na prática de crime de trânsito: Se
o réu for reincidente na prática de crime previsto no
Código de Trânsito Brasileiro, o juiz aplicará a
penalidade de suspensão da permissão ou
habilitação para dirigir veículo automotor, sem
prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
#84 - SÚMULAS:
Súmula 575 do STJ: Constitui crime a conduta de
permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se
encontre em qualquer das situações previstas no art.
310 do CTB, independentemente da ocorrência de
lesão ou de perigo de dano concreto na condução do
veículo.
Súmula 720 do STF: O art. 309 do Código de Trânsito
Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de
#82 - Fases da Lavagem de Capitais: dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções
Penais no tocante à direção sem habilitação em vias
terrestres.

Dos crimes de violência familiar e doméstica contra a mulher;

#85 - Contexto da violência doméstica e familiar

contra a mulher

A pena será aumentada de 1/3 a 2/3, se a lavagem

for cometida de forma reiterada ou por intermédio de
organização criminosa.

146
 Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de
lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada.
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou
contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a
substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos.
Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da
#86 - Juizados de Violência Doméstica e Familiar insignificância nos crimes ou contravenções penais
contra a mulher praticadas contra a mulher no âmbito das relações
domésticas.
Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com Súmula 600 do STJ: Para configuração da violência
competência cível e criminal, poderão ser criados pela doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a
Estados, para o processo, o julgamento e a execução coabitação entre autor e vítima.
das causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher. Os atos Dos crimes contra idosos;
processuais poderão realizar-se em horário noturno,
conforme dispuserem as normas de organização #88 - Pessoa idosa:
judiciária.
🔾 Prescrição: A Lei nº 10741/03 não derrogou o art.
🔾 Prisão preventiva – Em qualquer fase 115 , CP (São reduzidos de ½ os prazos de prescrição
do inquérito policial ou da instrução quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor
criminal, caberá a prisão preventiva do de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
agressor, decretado pelo juiz, de ofício, a maior de 70 anos). Vale dizer, o Código Penal não
requerimento do Ministério Público ou elegeu a condição de idoso para reduzir o prazo
mediante representação da autoridade prescricional em metade, mas sim adotou o critério
policial. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, da idade de 70 anos.
no curso do processo, verificar a falta de motivo para #89 - Rito sumaríssimo:
que subsista, bem como de novo decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.
🔾 Verificada a existência de risco atual ou iminente
à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher
em situação de violência doméstica e família:
🔾 Varas Criminais – Enquanto não estruturados os
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 🔾 Na ADI 3096, o STF deixou claro que
Mulher, as varas criminais acumularão as não se aplica os institutos
competências cível e criminal para conhecer e julgar despenalizadores aos agentes que
as causas decorrentes da prática de violência cometem os crimes descritos no Estatuto
doméstica e familiar contra a mulher. Será garantido o do Idoso. Os crimes descritos no Estatuto
direito de preferência, nas varas criminais, para o do Idoso são de ações penais públicas
processo e o julgamento de crime praticado no incondicionadas.
contexto de violência doméstica e familiar contra
mulher.
🔾 Não aplicação da Lei 9099/95- Aos crimes
praticados com violência doméstica e familiar contra a
mulher, independentemente da pena prevista, não se
aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
#87 – SÚMULAS Dos crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente e o
menor em conflito com a lei;
Súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do
processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da #90 - Crimes do ECA
Penha. 🔾 Os crimes descritos no ECA são de ação penal
pública e incondicionada e visam proteger a criança

147
e o adolescente. Esses crimes estão previstos nos arts. certa(s), emitindo conceitos depreciativos e
228/244-B da Lei nº 8069/90. qualidades negativas.
#91- SÚMULAS
Súmula 338 do STJ – A prescrição penal é aplicável nas
medidas socioeducativas.
Súmula 500 do STJ - A configuração do crime do art.
244-B do ECA independe da efetiva corrupção do
menor, por se tratar de delito formal.

Dos crimes de preconceito racial;

#92 - Preconceito e Discriminação

🔾 Esse assunto é tratado pela Lei
7.716, de 05 de janeiro de 1989, 🔾 Súmula vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas
diploma legal popularmente em casos de resistência e de fundado receio de fuga
conhecido como “Lei do Racismo”. ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por
Todavia, vale destacar que essa lei não se limita a parte do preso ou de terceiros, justificada a
incriminar preconceito de raça ou de cor, mas excepcionalidade por escrito, sob pena de
também aborda os delitos resultantes de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
religião ou procedência nacional. processual a que se refere, sem prejuízo da
🔾 A supramencionada lei não tipificou como crime a responsabilidade civil do estado.
discriminação ou preconceito em virtude de ideologia
política, por motivação filosófica ou preferência Dos crimes previstos na Lei de Organizações criminosas;
esportiva. Logo, se a discriminação ocorrer por esses
motivos, a conduta é atípica em relação aos delitos #94 – Crime organizado
previstos na Lei 7716/89.
🔾 Dolo específico: Todos os tipos penais sempre
estarão relacionados ao preconceito e à
discriminação desses aspectos da pessoa humana
(raça, cor, etnia, religião e procedência nacional).
🔾 ATENÇÃO: a Lei nº 7.7716/1989 prevê apenas
crimes DOLOSOS.
🔾 Bem jurídico: A dignidade da pessoa humana e o
direito à igualdade.
🔾 Previsão constitucional: A prática de racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à
pena de reclusão, nos termos da lei (art. 5º, XLII, da
Constituição Federal).
#93 - Diferença entre o delito de racismo e o crime
de injúria racial
a. Bem jurídico tutelado – No art. 20 da Lei
7716/89 o bem jurídico tutelado é a dignidade da
pessoa humana e o direito à igualdade. Já na injúria
racial a proteção recai sobre a honra subjetiva da #95- Colaboração premiada:
pessoa.
🔾 O acordo de colaboração
b. Dolo do agente - No art. 20 da Lei 7716/89 o premiada é negócio jurídico
agente vista realizar uma conduta de apologia à processual e meio de obtenção de
discriminação ou preconceito, não pretende atingir prova, que pressupõe utilidade e
pessoa(s) determinada(s) e sim promover o interesse públicos.
preconceito de forma impessoal. Já na injúria
🔾 A Lei exige efetividade da colaboração,
discriminatória o agente almeja atingir pessoa(s)
consubstanciada na obtenção de pelo menos um dos
seguintes resultados:

148
 1. Identificar os demais coautores e partícipes da
organização criminosa e as infrações penais
por eles praticadas.
2. Revelar a estrutura hierárquica e a divisão de
tarefas da organização criminosa.
3. Prevenir as infrações penais decorrentes das
atividades da organização criminosa.
4. Recuperar total ou parcialmente o produto ou
o proveito das infrações penais praticadas
pela organização criminosa.
🔾 Penas Restritivas de Direitos. Art. 5º As penas
5. Localizar o paradeiro da vítima com a sua restritivas de direitos substitutivas das privativas de
integridade física preservada. liberdade previstas nesta Lei são: I - prestação de
🔾 O investigado (ou acusado), assistido por serviços à comunidade ou a entidades públicas; II -
advogado, negocia o acordo de colaboração suspensão do exercício do cargo, da função ou do
premiada com o Delegado de Polícia ou com o mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com
Ministério Público. O juiz não participará, em hipótese a perda dos vencimentos e das vantagens; Parágrafo
alguma, das negociações realizadas entre as partes único. As penas restritivas de direitos podem ser
para a formalização do acordo de colaboração. aplicadas autônoma ou cumulativamente.

🔾 O réu que colaborar também renuncia o direito ao 🔾 Ação Penal:

silêncio, assumindo o compromisso de dizer a
verdade.
🔾 Não se pode condenar com base,
exclusivamente, no depoimento/confissão do
colaborador. É necessária a colheita de outras provas
com base em sua confissão.
🔾 A infiltração de agentes é medida excepcional e
subsidiária. Somente poderá ser decretada após
autorização judicial, que definirá os seus limites. O
agente precisa consentir com a infiltração.
🔾 Se a colaboração ocorrer antes da sentença, ou
seja, se a pessoa decidir colaborar antes de ser
julgada: sua pena poderá ser reduzida em até 2/3. 🔾 Competência: A competência para processar e
julgar os crimes de abuso de autoridade será, em
🔾 Se a colaboração ocorrer após a sentença, ou seja, regra, da Justiça Ordinária, Federal e Estadual.
se a pessoa decidir colaborar apenas depois de ser Conforme determina o artigo 109, IV, da Constituição
condenada: sua pena poderá ser reduzida em até Federal, a Justiça Federal será competente caso o
metade (1/2). delito de abuso de autoridade viole bens, interesses
ou serviço da União Federal, suas entidades
Pessoa jurídica não possui capacidade para
autárquicas ou empresas públicas. Exemplo: Crime de
celebrar acordo de colaboração premiada, previsto
abuso de autoridade cometido por agente federal no
na Lei n. 12.850/2013. ((STJ, RHC 154.979-SP, Rel.
interior da Delegacia de Polícia Federal. Não
Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do
caracterizada a situação do art. 109, IV, da
TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade,
Constituição Federal, o crime de abuso de autoridade
julgado em 09/08/2022, DJe 15/08/2022)
será julgado pela Justiça Estadual.
Dos crimes de abuso de autoridade; 🔾 Os crimes de abuso de autoridade são
puníveis a título de dolo específico:
#96 - Crimes de abuso de autoridade finalidade de prejudicar outrem ou
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou,
ainda, por mero capricho ou satisfação
pessoal.
🔾 O conceito de agente público é amplo e deve ser
observada a independência das esferas (civil, penal e
administrativa).

149
🔾 Todos os crimes são dolosos, punidos com que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento
detenção + multa, mediante ação penal pública de prejuízos causados à qualidade do meio
incondicionada. ambiente.

🔾 Efeitos da condenação: 🔾 As penas aplicáveis isoladas, cumulativas ou

alternativamente às pessoas jurídicas são: a) multa;
b) restritivas de direitos; c) prestação de serviços à
comunidade.
🔾 Penas restritivas de direitos: As penas restritivas
de direitos são autônomas e substituem as privativas
de liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou
for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a
quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias do crime
indicarem que a substituição seja suficiente para
efeitos de reprovação e prevenção do crime.
🔾 As penas restritivas de direitos terão a mesma
duração da pena privativa de liberdade substituída.
🔾 Responsabilidade: O abuso de autoridade
São as seguintes penas restritivas de direitos
sujeitará o seu autor às sanções administrativa, civil e
aplicáveis às pessoas físicas: a) prestação de
penal. Vale dizer, tais sanções são autônomas e
serviços à comunidade; b) interdição temporária de
podem ser aplicadas de forma cumulativa, sem que
direitos; c) suspensão parcial ou total de atividades; d)
isso configure o indevido bis in idem. As
prestação pecuniária; e) recolhimento domiciliar.
responsabilidades civil e administrativa são
independentes da criminal, não se podendo mais Penas restritivas de direitos aplicáveis às
questionar sobre a existência ou a autoria do fato pessoas jurídicas são: a) suspensão total
quando essas questões tenham sido decididas no ou parcial de atividades; b) interdição
juízo criminal. temporária de estabelecimento, obra ou
atividade, c) proibição de contratar com o
🔾 As penas previstas na Lei nº13.869/2019 serão Poder Público, bem como de obter
aplicadas independentemente das sanções de subsídios, subvenções ou doações.
natureza civil ou administrativa cabíveis.
🔾 Sursis na Lei nº 9605/98: Nos crimes ambientais
🔾 Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como previstos na Lei nº 9605/98, a suspensão condicional
no administrativo-disciplinar, a sentença penal que da pena pode ser aplicada nos casos de condenação
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de a pena privativa de liberdade não superior a três anos.
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de A verificação da reparação do dano será feita
dever legal ou exercício regular de direito. mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as
condições a serem impostas pelo juiz deverão
Dos crimes ambientais;
relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

#97 – Crimes ambientais: 🔾 Ação penal: A ação penal será pública

incondicionada.
🔾 Crime ambiental é qualquer dano ou
prejuízo causado aos elementos que 🔾 Transação penal nos crimes ambientais: A
compõem o meio ambiente, i.e., o proposta de transação penal somente poderá ser
conjunto de condições, leis, influências, formulada desde que tenha havido a prévia
alterações e interações de ordem física, composição do dano ambiental, de que trata o art. 74
química e biológica, que permite, obriga e rege a vida da mesma lei, salvo em caso de comprovada
em todas as suas formas, descritos na legislação impossibilidade.
pertinente.
🔾 Princípio da insignificância
🔾 Pessoa jurídica pode responder por crimes “(...) Somente se admite a aplicação do princípio da
ambientais: o STF firmou entendimento no sentido insignificância aos crimes ambientais quando
de que não é necessária a dupla imputação ou demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental
coautoria necessária (obrigatória tutelado, conceito no qual se inserem não apenas
responsabilização simultânea das pessoas físicas e questões jurídicas ou a dimensão econômica da
das pessoas jurídicas), porquanto a Constituição conduta, mas o equilíbrio ecológico que faz possíveis
Federal em seu artigo 225, §3º não faz essa exigência. as condições de vida no planeta.” (AgRg no REsp
Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre 1847810/PR, DJe 25/05/2020)

150
🔾 Termo de Ajustamento de Conduta 🔾 Porte de arma de uso permitido: Portar, deter,
adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
O STJ decide reiteradamente que o TAC não retira a
transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
justa causa para a ação penal, exatamente em razão
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
da independência de instâncias. Uma vez tipificada a
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso
infração penal, o acordo firmado entre o agente e o
permitido, sem autorização e em desacordo com
Ministério Público não tem o condão de simplesmente
determinação legal ou regulamentar. Pena: reclusão,
elidir o crime:
de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa
“A assinatura do termo de ajustamento de conduta,
firmado entre o Ministério Público estadual e o suposto 🔾 Disparo de arma de fogo – Disparar arma de fogo
autor de crime ambiental, não impede a instauração ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
da ação penal, pois não elide a tipicidade penal. adjacências em via pública ou em direção a ela, desde
Ademais, há independência entre as esferas que essa conduta não tenha como finalidade a prática
administrativa, cível e penal” (REsp 1.154.405/MG, de outro crime. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro)
DJe 25/05/2017). anos, e multa.

“Conforme a orientação deste Superior Tribunal, “A 🔾 Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
assinatura do termo de ajustamento de conduta não restrito – Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,
obsta a instauração da ação penal, pois esse receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
procedimento ocorre na esfera cível, que é que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
independente da penal” (RHC 24.499/SP, DJe manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
25/09/2013). acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem
autorização e em desacordo com determinação legal
Dos crimes previstos no Estatuto do Desarmamento. ou regulamentar. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis)
anos, e multa.
#98 - Estatuto do desarmamento #99 - SÚMULA:
🔾 Delitos de arma de fogo descritos no Estatuto do Súmula 513 do STJ: A abolitio criminis temporária
Desarmamento são exemplos de normas penais em prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de
branco heterogênea, eis que o preceito primário da posse de arma de fogo de uso permitido com
norma penal é complementado por um ato numeração, marca ou qualquer outro sinal de
administrativo (fonte diversa da lei em sentido formal) identificação raspado, suprimido ou adulterado,
praticado somente até 23/10/2005.
🔾 Armas de brinquedo: São vedadas a fabricação, a
venda, a comercialização e a importação de 14. Das contravenções penais. Dos crimes de menor potencial
brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, ofensivo. Juizado Especial Criminal.
que com estas se possam confundir. Excetuam-se da
proibição as réplicas e os simulacros destinados à #100 - Infração penal
instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário
autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do 🔾 O Brasil adotou o critério
Exército. dicotômico, ou seja, as infrações penais
dividem-se em crimes e contravenções
🔾 Posse irregular de arma de fogo: Possuir ou penais. De acordo com o art. 1º da Lei
manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou de Introdução ao Código Penal:
munição, de uso permitido, em desacordo com Considera-se crime a infração penal a que a lei comina
determinação legal ou regulamentar, no interior de pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente,
sua residência ou dependência desta, ou, ainda no quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o multa; contravenção, a infração penal a que a lei
responsável legal do estabelecimento ou empresa. comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de
Pena: detenção de 1 a 3 anos. Admite a suspensão multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. As
condicional do processo. contravenções penais, em regra, estão previstas no
🔾 Omissão de cautela: Deixar de observar as Decreto-Lei nº 3688/41, que foi recepcionado pela
cautelas necessárias para impedir que o menor de 18 Constituição Federal como lei ordinária.
(dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência 🔾 Territorialidade - Em relação às contravenções
mental se apodere de arma de fogo que esteja sob penais, adotou-se o critério da territorialidade
sua posse ou que seja de sua propriedade. Pena: exclusiva, ou seja, a lei penal brasileira somente tem
detenção de 1 a 2 anos, e multa. É crime culposo. Não aplicação a contravenções penais ocorridas no
admite tentativa. Cuida-se de crime de menor território nacional.
potencial ofensivo.
🔾 Tentativa – Movido por política criminal ante a
pequena potencialidade lesiva, o legislador

151
expressamente descreveu que não é punível a Critérios norteadores do JECRIM: Oralidade,
tentativa de contravenção penal. informalidade, simplicidade, economia processual e
celeridade.
🔾 Penas – As penas aplicáveis para as contravenções
penais são a prisão simples e a multa. A prisão de #103 - Crime de menor potencial ofensivo
prisão simples deve ser cumprida, sem rigor
🔾 São todas as contravenções penais e os crimes a
penitenciário, em estabelecimento especial ou seção
que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
especial de prisão comum, em regime semiaberto ou
anos, cumulada ou não com multa, previsto ou não
aberto. O condenado a pena de prisão simples fica
em procedimento especial. A lei 9099/95 não tem
sempre separado dos condenados a pena de reclusão
aplicação aos processos da Justiça Militar.
ou de detenção. O trabalho é facultativo, se a pena
aplicada, não excede a quinze dias. Em caso de #104 - Competência do JECRIM
inadimplemento da pena de multa não há que se falar
🔾 A competência do Juizado será determinada pelo
em conversão em prisão simples. O art. 9º da LCP foi
lugar em que foi praticada a infração penal.
revogado pela Lei nº 9268/96, que alterou a redação
do art. 51, CP, estabelecendo que a pena de multa #105 - Citação no JECRIM
não paga deve ser executada na forma da legislação
tributária.
🔾 Reincidência - Verifica-se a reincidência quando o
agente pratica uma contravenção depois de passar
em julgado a sentença que o tenha condenado, no
Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no
#106 - Composição dos danos civis
Brasil, por motivo de contravenção.
🔾 A composição dos danos civis será reduzida a
🔾 Erro de direito – No caso de ignorância ou de
escrito e, homologada pelo juiz mediante sentença
errada compreensão da lei, quando escusáveis, a
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no
pena pode deixar de ser aplicada. Com razão, o
juízo civil competente. Tratando-se de ação penal de
professor Damásio de Jesus entende que o art. 8º da
iniciativa privada ou de ação penal pública
LCP teria sido revogado pela reforma penal de 1984
condicionada à representação, o acordo homologado
do Código Penal, tendo sido substituído pelo erro de
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
proibição do art. 21 do Código Penal.
representação.
🔾 Sursis – O período de prova do sursis na
#107 - Transação penal
contravenção penal é de 1 a 3 anos. Os demais
pressupostos são os mesmos do art. 77 do Código 🔾 Havendo representação ou tratando-se de crime
Penal. de ação penal pública incondicionada, não sendo
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
🔾 Ação penal – Nas contravenções penais a ação
propor a aplicação imediata de pena restritiva de
penal é sempre pública.
direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Nas
#101 - SÚMULAS: hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o
Juiz poderá reduzi-la até a metade.
Súmula 38 do STJ: Compete à Justiça Estadual
Comum, na vigência da Constituição de 1988, o 🔾 Da sentença que homologa a transação penal
processo por contravenção penal, ainda que praticada caberá a apelação. A transação penal não constará de
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União certidão de antecedentes criminais, salvo para análise
ou de suas entidades. de outra transação penal, e não terá efeitos civis,
cabendo aos interessados propor ação cabível no
Súmula 51 do STJ: A punição do intermediador, no
juízo cível.
jogo do bicho, independe da identificação do
apostador ou do banqueiro. #108 - SÚMULAS:
Súmula 521 do STJ: A legitimidade para a execução Súmula 203 do STJ: Não cabe recurso especial
fiscal de multa pendente de pagamento imposta em contra decisão proferida por órgão de segundo dos
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Juizados Especiais.
Fazenda Pública.
Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do
Súmula 720 do STF: O art. 309 do Código de Trânsito processo não é aplicável em relação às infrações
Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de penais cometidas em concurso material, concurso
dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções formal ou continuidade delitiva, quando a pena
Penais no tocante à direção sem habilitação em vias mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela
terrestres. incidência da majorante, ultrapassar o limite de um
(01) ano.
#102 – Lei nº 9.099/1995.

152
Súmula 376 do STJ: Compete à turma recursal
processar e julgar o mandado de segurança contra
ato de juizado especial.
Súmula 428 do STJ: Compete ao Tribunal Regional
Federal decidir os conflitos de competência entre
juizado especial federal e juízo federal da mesma
seção judiciária.
Súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do
processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da
Penha.
Súmula 640 do STF: É cabível recurso extraordinário
contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas
causas de alçada, ou por turma recursal de juizado
especial cível e criminal.
Súmula 693 do STF: Não cabe habeas corpus contra
decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em curso por infração penal a que a pena
🔾 Porte de droga:
pecuniária seja a única cominada.
Súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais
permissivos da suspensão condicional do processo,
mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o
Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-
Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código
de Processo Penal.
Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão
condicional do processo por crime continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais grave com o
aumento de um sexto for superior a um ano.
Súmula vinculante 35 → A
homologação da transação penal
prevista no art. 76 da Lei
9099/95 não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se
a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério
Público a continuidade da persecução penal
mediante oferecimento de denúncia ou requisição de
inquérito policial. 🔾 Critérios legais para distinguir o usuário de
drogas e o traficante: Para determinar se a droga
15. Lei de Antidrogas e política de redução de danos. destinavase a consumo pessoal, o juiz atenderá à
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao
#109 – Conceito local e às condições em que se desenvolveu a ação,
Essa lei é marcada por normas penais em branco às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
heterogêneas (em sentido estrito ou heterólogas), conduta e aos antecedentes do agente;
porquanto o complemento da definição criminosa 🔾 Tráfico de drogas: Importar, exportar, remeter,
(preceito primário da norma penal incriminadora) preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
advém de um ato normativo confeccionado pelo venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
Poder Executivo Federal (Portaria de nº 344/98 da consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
ANVISA). consumo ou fornecer drogas, ainda que
Reparem que o complemento da norma penal em gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
branco heterogênea é realizado por fonte diversa com determinação legal ou regulamentar: Pena -
daquela que a editou (Congresso Nacional). reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento
de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-
🔾 Tipos de internação previstos multa.

153
🔾 Tráfico privilegiado de drogas: Estamos diante de
uma causa de diminuição de pena. Para fazer jus a
essa redução de pena, o agente deve preencher 4
requisitos cumulativos: a) primário; b) bons
antecedentes; c) não se dedicar à atividade criminosa;
d) não integrar organização criminosa. O STF já
declarou que esse delito não é equiparado a
hediondo.
🔾 Associação para fins de tráfico: Associarem-se
duas ou mais pessoas para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos
nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei. Pena -
reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre
quem se associa para a prática reiterada do crime
definido no art. 36 desta Lei. O art. 35 da Lei de
Drogas não é um crime equiparado a hediondo.
🔾 Informante colaborador: Colaborar, como
informante, com grupo, organização ou associação
destinados à prática de qualquer dos crimes previstos #111 – SÚMULAS
nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei de Drogas. Pena
Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da
– reclusão, de 2 a 6 anos, e pagamento de 300 a 700
Lei nº 11343/2006, desde que o resultado da
dias-multa.
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais
🔾 Colaboração premiada: O indiciado ou acusado favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei
que colaborar voluntariamente com a investigação nº 6368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
policial e o processo criminal na identificação dos
Súmula 587 do STJ: Para a incidência da majorante
demais coautores ou partícipes do crime e na
prevista no art. 40, V, da Lei nº 11.343/2006, é
recuperação total ou parcial do produto do crime, no
desnecessária a efetiva transposição de fronteiras
caso de condenação, terá pena reduzida de um terço
entre Estados da Federação, sendo suficiente a
a dois terços.
demonstração inequívoca da intenção de realizar o
🔾 Circunstâncias preponderantes na Lei de Drogas: tráfico interestadual.
O juiz, na fixação das penas, considerará, com Súmula 607 do STJ: A majorante do tráfico
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº
Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do 11343/2006) configura-se com a prova da
produto, a personalidade e a conduta social do destinação internacional de drogas, ainda que não
agente. consumada a transposição de fronteiras.
#110 – Prisão na Lei de Drogas Súmula 630 do STJ: A incidência da atenuante da
confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da
traficância pelo acusado, não bastando a mera
admissão da posse ou propriedade para uso
próprio.
Súmula vinculante 26: Para efeito de progressão de
regime no cumprimento da pena por crime hediondo,
ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8072, de 25
de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o
condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos
e subjetivos do benefício, podendo determinar, para
tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.

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155
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que tenham gostado do material e que avancem muitas questões na nota final.

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