Resumos Portugues
Resumos Portugues
Resumos Portugues
Resumos Português
RESUMOS
DE
PORTUGUÊS
Conteúdo
POESIA TROVADORESCA.......................................................................................................3
CRÓNICA DE D. JOÃO I – FERNÃO LOPES..............................................................................5
FARSA DE INÊS PEREIRA – GIL VICENTE................................................................................8
RIMAS - LUÍS DE CAMÕES...................................................................................................10
OS LUSÍADAS – LUÍS DE CAMÕES........................................................................................13
SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES – PADRE ANTÓNIO VIEIRA...............................19
FREI LUÍS DE SOUSA – ALMEIDA GARRETT.........................................................................23
AMOR DE PERDIÇÃO – CAMILO CASTELO BRANCO............................................................27
OS MAIAS – EÇA DE QUEIRÓS.............................................................................................35
SONETOS COMPLETOS - ANTERO DE QUENTAL..................................................................44
CÂNTICOS DO REALISMO – CESÁRIO VERDE.......................................................................45
POESIA DO ORTÓNIMO – FERNANDO PESSOA...................................................................48
POESIA DOS HETERÓNIMOS – FERNANDO PESSOA............................................................49
MENSAGEM – FERNANDO PESSOA.....................................................................................54
CONTOS..............................................................................................................................59
POETAS CONTEMPORÂNEOS..............................................................................................64
MEMORIAL DO CONVENTO – JOSÉ SARAMAGO.................................................................65
GRAMÁTICA........................................................................................................................77
10º ANO
POESIA TROVADORESCA
A poesia trovadoresca e a designação dada ao conjunto de composições poéticas medievais,
assim, as poesias trovadorescas remontam à Idade Média. Estas composições poéticas foram
feitas em galego-português e divididas em 3 tipos de poemas:
1. Poesia de Amigo
As cantigas de amigo apresentam, na voz de uma donzela, os sentimentos por ela vividos
relativamente ao seu amigo que pode estar longe e ausente, levando-a assim a manifestar
saudade, tristeza, mágoa angústia e temor. Contudo o sentimento que nutre pelo amigo pode
levá-la a expressar alegria, sensualidade, confiança em romarias ou festas.
A – Variedade do sentimento:
B – Confidência amorosa:
Diálogos com a mãe, irmãs, as amigas ou ainda a Natureza sobre os seus sentimentos
do momento relativamente ao amado presente ou ausente
Monólogos de verbalização do sentimento amoroso – feliz ou frustrado
2. Poesia de Amor
Nas cantigas de amor a voz é masculina e o sentimento amoroso é vivido por um homem que
se coloca ao serviço de uma mulher, regra geral, casada. A dama mostra-se normalmente
distante, fria e até indiferente, contudo é colocada numa posição superior pelo poeta, que lhe
presta um serviço de vassalagem seguindo o código de amor cortês. O sujeito masculino vive
assim, numa paixão infeliz – coita de amor – porque não pode ser concretizado.
Nestas composições vamos encontrar por um lado, emoções em crescendo que dizem respeito
a esse sofrimento de amor, como a dor, a angústia, o desespero, a loucura e a própria morte; e
por outro lado, emoções que fazem parte do quadro do elogio cortês. O amador louva a sua
amada, a sua senhor, e traça todo um retrato idealizado na mesma, realçando quer as suas
características físicas (cabelo loiro e pele clara), quer as suas características morais (bom senso,
bem falar).
A – Coita de amor:
Sofrimento amoroso, por vários motivos – a senhor não lhe corresponde, está ausente,
causa-lhe mais desamor do que amor
B – Elogio/Amor cortês:
O objeto é a mulher da nobreza ou da corte, cujo estatuto social lhe confere um certo
endeusamento
O trovador segue as regras da “mesura” ou cortejar da dama – linguagem formal e
respeito evidentes
Louvor à mulher amada (nobre, cortesã ou real), mas com ironia e sarcasmo, exaltando
as suas faltas, os seus defeitos e as suas características físicas ou de personalidade, que
o autor quer denunciar
Crítica ao tópico da coita de amor, sugerindo ser um fingimento
B – Critica de costumes:
Toda a sociedade medieval é alvo de críticas: todos os que o trovador entender criticar
pela denúncia de escândalos e perversidades – mulheres e homens do povo, nobres,
religiosos, o rei e outros jograis.
Contexto Histórico
A Crónica D. João I (1ª parte) diz respeito a um período marcado por tensões políticas
devido à crise económica e social do século XIV.
Com a morte do rei D. Fernando, o Formoso, surge um problema de sucessão.
É proclamada regente sua mulher, D. Leonor Teles, apoiada pelo manipulador e
“astuciosa fidalgo galego” Conde Andeiro (que pretende a anexação de Portugal a
Castela).
Álvaro Pais, antigo chanceler-mor dos reis D. Pedro e D. Fernando, toma a iniciativa de
matar o Conde Andeiro e escolhe para essa tarefa D. João, Mestre de Avis (irmão do
falecido D. Fernando e filho ilegítimo de D. Pedro e D. Teresa Lourenço), que aceita a
incumbência.
Eis o esquema de Álvaro Pais: “à mesma hora em que o Mestre fosse matar o conde, a
população seria alarmada com a notícia que no paço queriam matar o Mestre, e era
urgente acudir-lhe. A multidão acorreria ao paço e ninguém ousaria fazer mal ao
Mestre”. As coisas passaram-se exatamente como Álvaro Pais previa – o Mestre entrou
cilada, o que levou a multidão a aclamá-lo em delírio “Regedor e defensor do Reino”.
Estes factos desencadeiam levantamentos populares em várias regiões. O rei de
Castela tenta sufocar a revolução (com o Cerco de Lisboa), mas a peste dizima as forças
invasoras e obriga-as a retirar”.
Cumprindo a missão que lhe tinha sido atribuída de registar a história dos reis de
Portugal, Fernão Lopes (século XV) criou um novo estilo e afirma-se como um notável
prosador:
- Com o objetivo de relatar os factos históricos tal como eles teriam acontecido e de
levar o leitor a “presenciar a cena” (tendência visualista), a sua escrita é marcada por
uma “minúcia descritiva” (abundam pormenores) que se traduz num forte realismo;
- Na Crónica de D. João I, que descreve, na 1ª parte, os acontecimentos mais marcantes
da crise de 1383-1385, Fernão Lopes atribui particular importância aos seguintes
“quadros”.
1. Capítulo 11
“Do alvoroço que foi a cidade cuidando que matavam o Mestre, e como aló foi Alvoro Paaez e
muitas gentes com ele”
O pajem do palácio vai a cavalo gritar ao povo que estão a matar o “Mestre de Avis nos
Paços da Rainha”.
Os populares da cidade, ao ouvirem tal notícia, alvoroçam-se e começam a servir-se
das armas que tem à sua disposição para acudir o Mestre.
Álvaro Pais já vem pronto para o combate com uma 2coifa” (parte da armadura que
protegia a cabeça) e um cavalo.
Álvaro Pais traz outros fidalgos armados que incitam a multidão a ajudar o Mestre, pois
era filho de D. Pedro (com D. Inês de Castro).
A multidão é tanta e tão ruidosa que circula pelas ruas principais e secundárias, atalhos
e por onde possa para chegar ao Paço, sempre com Álvaro Pais à cabeça, dizendo que
matam o Mestre sem ele ter culpa de nada.
Circula pelo povo a ideia de que fora a própria regente, D. Leonor de Teles (com a
orientação do fidalgo galego com quem vivia, o Conde Andeiro), que mandara matar D.
João.
Populares chegam ao palácio e veem as portas fechadas: começam a gritar pelo Mestre
e a dizer que estão prontos a arrombar as portas ou a incendiar o Paço; já alguns
populares vêm com escadas para subir às janelas e outros rodeiam ameaçadoramente
o Paço.
Armas de que se serve o povo “feixes de lenha” e “carqueija” para incendiar o muro.
Vozes brandam repentinamente, de dentro do Paço, dizendo que o Mestre está vivo e
que D. João Fernandes (Conde Andeiro) está morto.
A multidão pede para ver o Mestre e confirma; o Mestre mostra-se à janela, dizendo
que está vivo e bem.
Povo deseja também a morte de regente “aleivoso”, mas Leonor Teles e os seus aliados
conseguem fugir do Paço.
Mestre sai do palácio, acompanhando de Álvaro Pais e seus cavaleiros, e pede aos
populares que regressem a casa, pois já fizeram ali a sua parte.
2. Capítulo 115
“Per que guisa estava a cidade corregida pera se defender quando el-rei de Castela pôs cerco
sobr’ela”.
O cenário está instalado: el-rei de Castela decide cercar a cidade de Lisboa, que estava
de antemão preparada; quando o Mestre sabe da intenção do rival castelhano, ordena
que:
- Os homens recolham a maior quantidade de alimentos possíveis;
- Os homens vão de “barcas e batéis” ao Ribatejo, de onde trazem mantimentos;
- Os lavradores e as suas famílias entrem na cidade cercada com todos os seus
pertences, bem como todos os outros que se queiram juntar;
3. Capítulo 148
“Das tribulações que Lisboa padecia per mingua de mantimentos”
A Farsa de Inês Pereira é uma peça de teatro, na qual retrata a ambição de uma criada da
classe média portuguesa do século XVI, desafiado por aqueles que duvidavam do seu talento,
Gil Vicente concorda em escrever uma peça que comprove o provérbio "Mais quero asno que
me leve, que cavalo que me derrube".
Toda a peça gira à volta da personagem principal Inês Pereira que nunca sai de cena. As
didascálicas são escassas, não há mudança de cenário, e a mudança de cena é só pautada pela
entrada ou saída de personagens, sendo que todas as personagens desta farsa visam a critica
social, por isso são chamadas personagens tipo.
Na Farsa de Inês Pereira, a representação do quotidiano surge, por exemplo, nos seguintes
quadros ilustrativos:
- Cenas da vida doméstica: a mãe censura Inês pelo seu desleixo nas tarefas domésticas, e por
sua vez Inês queixa-se da falta de liberdade
- Vida conjugal, neste caso, a prepotência do marido escudeiro que obriga Inês a obedecer-lhe
e a fecha em casa
Dimensão satírica
Estrutura da obra
Não existem divisões cénicas explícitas, embora seja possível deletar 3 momentos principais de
ação:
1. Inês solteira
2. Inês casada
3. Inês viúva e novamente casada
Personagens
Inês: representa a moça casadoira, fútil, muito preguiçosa e interesseira, que se casa
duas vezes, apenas para se livrar do tédio da vida de solteira. Não conseguindo casar-
se na primeira tentativa, garante-se na segunda, com o marido ingénuo. Apesar de seu
comportamento impróprio, consegue até mesmo a simpatia do público pela
inteligência com que planeja seus passos.
Lianor Vaz: é a alcoviteira, mulher na época assim chamada que arrumava casamentos,
revelando que a base da família está corrompida.
Mãe: apesar de dar conselhos à filha, acha importante que ela não fique solteira e
torna-se cúmplice das atitudes dela.
Pero Marques: é o marido bobo, mas um lavrador abastado. Apesar de ser
ridicularizado por Inês, ele casa-se como ela e deixa que ela o maltrate e o traía.
Escudeiro (Brás da Mata): Preocupado em encontrar uma esposa, finge, e engana,
criando uma imagem de "bom moço" que depois se revela um tirano, e deixa Inês
presa na sua casa, mas ele é morto por um mouro.
Moço: era um amigo do primeiro marido de Inês, que o ajuda a mentir para se casar
com ela; lamenta a morte do seu amo, sendo que é através da sua voz que se fica a
saber da condição miserável do Escudeiro
Ermitão: clérigo sedutor, castelhano, que seduz Inês tornando-se seu amante,
mantendo assim uma relação de adultério
Latão e Vidal: judeus casamenteiros, mentirosos e sem escrúpulos
Inês – Mãe
Apesar de obedecer à mãe, Inês protesta e reclama da sua condição e solteiro inútil. Esta acaba
por não seguir os conselhos da mãe e recusa casar com Pero Marques, numa fase inicial. A mãe
assume sempre perante ela uma atitude crítica, mas paciente.
Inês – Escudeiro
Movida pelo desejo cego de se casar com um membro da nobreza, Inês aceita o Escudeiro
como marido, o que lhe vai ser nefasto, devido à sua tirania e falta de escrúpulos. Esta escolha
errada vai ser solucionada com a morte de Brás da Mata.
Recusado no início por ser inculto e brejeiro, Inês vai aceitar Pero Marques como seu marido e,
a partir daí, vai conseguir ser feliz, enganando-o e pondo ao serviço dos seus prazeres. Néscio
(sem conhecimento), o bom Pero Marques vai concretizar todos os seus desejos.
Resumo da obra
Inês Pereira, moça simples e casadoira, mas com grande ambição procura marido que seja
astuto e sedutor. A mãe de Inês, preocupada com a educação e casamento da sua filha, incita-a
a casar com Pero Marques, pretendente arranjado pela alcoviteira Lianor Vaz. No início, antes
de se apresentar pessoalmente Pero Marques escreve uma carta a Inês a demonstrar as suas
intenções com ela, e após ler a carta, esta aceita se encontrar com o homem. Quando os dois
se conhecem, Pero Marques descreve a sua condição favorável de marido, pois este é herdeiro
magoado (tem casa, terrenos e gado), o que leva a mãe de Inês a considera-lo um bom
pretendente para a filha. No entanto o lavrador não agrada Inês Pereira, por ser ignorante e
inculto, pois este demonstra ser uma pessoa sem conhecimento pois nunca viu sequer uma
cadeira, e isso não deixa de provocar o riso, assim funcionando como mecanismo subliminar o
autoelogio da Corte.
Inês Pereira recusa-o, pois pretende alguém que demonstre alguma cortesia, alguém que, à
boa maneira da Corte, saiba combater, fazer versos, cantar e dançar, alguém como Brás da
Mata, o segundo pretendente, que lhe é trazido pelos Judeus Casamenteiros (Latão e Vidal),
menos sinceros e bem-intencionados do que Lianor Vaz. Mas Brás da Mata representa apenas
o triunfo das aparências, um simulacro de elegância, boa educação e bem-estar social, que
acredita no casamento como solução para as suas dificuldades financeiras.
O escudeiro apresenta-se como um homem rico e um futuro bom marido, embora na verdade
seja um fidalgo pobre e sem escrúpulos. Inês encanta-se com o seu segundo pretendente e
afirma que quer se casar com ele, contudo, a sua mãe, desconfiada, aconselha a filha a não se
casar com Brás de Mata. No final, Inês casa-se com o Escudeiro e acontece uma festa de
casamento. Após a festa, quando o casal estava sozinho, o Escudeiro revela a verdade,
mostrando-se um verdadeiro tirano e que somente se casou com Inês pelo seu dote.
Este casamento depressa se revela desastroso para Inês, que por tanto procurar um marido
astuto acaba por casar com um, que antes de sair em missão para África, dá ordens ao seu
moço que fique a vigiar Inês e que a tranque em casa de cada vez que sair à rua. Três meses
após a sua partida, Inês recebe a prazerosa notícia de que o seu marido foi morto por um
mouro.
Fingindo ser uma esposa triste pela morte do marido Inês visita Lianor Vaz, e nesse mesmo dia,
esta traz-lhe a notícia que Pero Marques, continua interessado nela, e que continua com tudo o
que prometeu a Inês aquando do primeiro encontro. Inês casa com ele logo ali, e já no fim da
história aparece um Ermitão, a pedir esmola em castelhano, que Inês reconhece, pois este
cortejou-a anos antes e apaixonou-se por ela. Estes marcam um encontro na ermida onde ele
vivia, mas para ir até lá, Inês pede a Pero Marques que vá com ele visitar um antigo amigo. Este
leva-a durante o caminho às costas para se encontrar com o seu amante (o Ermitão).
O ditado “mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube”, não podia ser
melhor representado do que na última cena da obra quando o marido a carrega em ombros
até ao amante, e ainda canta com ela “assim são as coisas”. Trata-se, portanto, de uma sátira
aos costumes da vida doméstica, jogando com o tema medieval da mulher como
personificação da ignorância e da malícia.
10
Renascimento
Classicismo
Humanismo
Tem que ver com a centralidade do ser humano que deve possuir conhecimentos sobre
si próprio, as ciências e as humanidades, centro absoluto (físico, intelectual e
espiritual) da existência
O ser humano ganha um papel mais importante do que o de Deus
Camões deixou-nos marcas destes conceitos estéticos em toda sua obra:
- Na poesia lírica, com as redondilhas (medida velha) ou com os sonetos, odes e
canções (medida nova)
- Na poesia épica, com Os Lusíadas
11
3. Linguagem e estilo
4. Temas da poesia
A representação da amada
Nas redondilhas:
- A amada é de qualquer classe social, privilegiando-se a de origem popular
- Geralmente, tanto o sujeito poético como a amada pertencem ao mesmo meio social
- Amada bela, encantadora, com detalhes sobre indumentária, objetos, sentimentos
- Possibilidade de relacionamento físico, entre outros
Nos sonetos:
- Geralmente pertencem a uma classe social alta (nobreza / aristocracia), portanto,
mulher palaciana
- Mulher petrarquista, isto é, como Petrarca descrevia – pele branca, olhos claros (azuis
ou verdes), cabelos louros, indumentária elegante
- Superior em relação ao sujeito poético, seu submisso
- Amor platónico (perfeito, puro, idealizado e quase sempre inatingível)
A representação da natureza
12
O tema do desconcerto
O tema da mudança
Este tema relaciona-se com o desenrolar da vida, com a passagem do tempo e as suas
repercussões nos sentimentos do poeta:
- Na Natureza, a mudança é sempre cíclica e a renovação é constante
- No ser humano, a mudança é linear e a passagem do tempo anula a esperança
1. Resumo
Na epopeia de Camões o objetivo é cantar a pátria, a história de Portugal. Os versos
camonianos celebram os “feitos da famosa gente” portuguesa, enaltecem “o peito
ilustre lusitano”.
13
2. Métrica
É dividida em 10 cantos totalizando 1.102 estrofes, todas com oito versos cada uma.
Os versos são decassílabos heroicos, ou seja, todos possuem dez sílabas poéticas.
No total são 8816 versos e todos eles rimam da mesma forma: ABABABCC.
3. Narrativa
A narrativa começa in medias res, ou seja, parte do meio da ação para então voltar a
narrar para trás, no meio da viagem de Vasco da Gama.
O principal inimigo dos portugueses é Baco, que sente ciúme e inveja, e é responsável,
direta ou indiretamente, por todas as ciladas.
4. Estrutura Interna
I. Proposição (Canto I, estrofes de 1 a 3): Camões apresenta o que irá cantar: os feitios das
navegações portuguesas com foco na esquadra de Vasco da Gama, junto da narração da
história do povo português.
II. Invocação (Canto I, estrofes 4 e 5): Ele faz a invocação das musas do rio Tejo para ajudá-lo.
São as Tágides. Elas o inspiram a compor a obra.
14
III. Dedicatória (Canto I, estrofes 6 a 18): O poema é dedicado ao rei de Portugal, Dom
Sebastião, em quem era depositada a esperança da expansão da fé católica e ampliação
das conquistas portuguesas mundo afora.
IV. Narração (Canto I, estrofe 19 ao canto X, estrofe 144): Neste longo período é narrada a
viagem de Vasco da Gama e a história da glória portuguesa.
V. Epílogo (Canto X, estrofes 145 a 156 – Fim da Epopeia): Lê-se o grande lamento do poeta,
que considera sua voz rouca, que não é ouvida com tanta atenção. Ele deixa o tom épico e
passa a se lamentar do como Portugal se encontra depois de tantos grandes atos de
heroísmo.
5. Narração anacrónica:
Passado - reconto da História de Portugal desde as origens ate D. Manuel I (analepse)
Presente – tempo da ação central do poema, ou seja, da viagem de Vasco da Gama,
iniciada “in media res”
Futuro: profecias (prolepse)
6. Ações:
7. Herói:
8. Narradores:
• Vasco da Gama;
• Paulo da Gama;
• Luís de Camões;
• Fernão Veloso.
9. Planos:
• Da Viagem – a viagem de Vasco de Gama de Lisboa até à India. Saída de Belém, paragem em
Melinde e chegada a Calecut.
15
• Da História de Portugal – quando Vasco da Gama ou outro narrador conta, por exemplo ao
rei de Melinde, a História de Portugal.
10. Episódios:
Santelmo;
Manuel;
Os Deuses reúnem-se para decidir se ajudam ou não os portugueses a chegar a Índia. Esta
reunião foi presidida por Júpiter, tendo estado presentes todos os Deuses convocados. Os
Deuses sentem a necessidade de reunir face aos feitos gloriosos conseguindo ate ao momento.
Júpiter decide ajuda-los, pois considera que os portugueses, pelos seus feitos passados são
dignos de tal ajuda.
Baco, pelo contrário, não queria que os portugueses fossem para a Índia, com medo de perder
a sua fama no Oriente.
Vénus apoia Júpiter, pois vê refletida nos portugueses a força e a coragem do seu filho Eneias e
dos seus descendentes, os romanos.
Marte consegue convencer Júpiter a não abdicar da sua decisão e assim, os portugueses serão
recebidos num porto amigo. Pede a Mercúrio, o deus mensageiro, que colha informações
sobre a Índia, pois começa a desconfiar da posição tomada por Baco.
Episodio de Inês de Castro – plano historia de Portugal – episodio lírico (Canto III)
16
Vemos um drama amoroso. D. Pedro era casado com Constança e tinha como sua amante
Inês de Castro. Sua paixão foi descoberta pela corte portuguesa e todos reprovavam sua vida
de amor dupla. Por isso, ele manda Inês para um castelo distante, em Albuquerque.
Com a morte de D. Constança em um trabalho de parto, D. Pedro fica livre para trazer Inês de
volta, e o faz. Com ela teve 4 filhos.
Porém, o pai de D. Pedro, enquanto este estava fora em batalha, manda matar Inês. Seu filho
ainda não tinha se casado com ela e seu pai não a queria para o filho, nem queria deixar o
reina para algum dos 4 netos que já tinha.
Quando D. Pedro voltou e viu sua mulher morta, mandou desenterrá-la, coroou-a e fez com
que toda a corte beijasse a mão da nova rainha como forma de vingança.
Partida das naus, o velho do restelo – plano da história de Portugal e início da viagem (Canto
IV)
Na preparação da partida das naus de Vasco da Gama para a Índia, sobressai no meio da
confusão um alvoroço e ao mesmo tempo um desejo de alcançar o trajeto pretendido.
Em meio a todo esse elogio aos navegadores portugueses surge a voz de um ancião que se
mostra contrário a viagem quando os bravos navegantes se despedem de seus familiares antes
de partir.
Segundo o velho, os portugueses são insanos, pois vão se arriscar para buscar poder, fama,
cobiça e ambição desmedida.
Após a citação do Velho do Restelo, deu-se a partida; ficaram para trás as terras portuguesas e
apenas o mar e o céu infinitos cabiam na visão dos lusitanos.
- A superação pelos portugueses do medo do “Mar Tenebroso”, das superstições medievais que
povoavam o Atlântico e o Índico de monstros e abismos.
- Adamastor é uma visão, um espectro, uma alucinação que existe só nas crendices dos
portugueses. É contra seus próprios medos que os navegadores triunfam.
No plano lírico é um dos pontos altos do poema, retornando dois termas constantes da lírica
camoniana:
17
Adamastor é o Cabo da Boa esperança, ou Cabo das Tormentas. Por ter seduzido a ninfa Tétis,
esposa do deus Peleu, foi por ele transformado em rocha como vingança. O Gigante prometeu
destruir qualquer navio que passasse por ele. Por isso o local era representado com nuvem
negra e tempestade.
Nessa ilha eles encontram ninfas que foram flechadas pelo cupido. Vendo os portugueses
ficam apaixonadas. Eles recebem também um banquete e cada um ouve a previsão para o seu
futuro. Vênus mostra ainda, a Vasco da Gama, uma esfera perfeita e mágica: a Máquina do
Mundo.
As ninfas:
A máquina do mundo:
A expressão de força:
Heroísmo:
11º ANO
18
Características
Discurso religiosos que se integra na chama oratória (arte de discursar em público).
Exórdio - momento em que o orador expõe o plano/assunto do sermão que pretende
defender a partir de um conceito predicável. Pretende alcançar a benevolência, a
simpatia e a atenção dos ouvintes. Termina com uma invocação a Deus ou à Virgem.
Exposição – faz parte do desenvolvimento do sermão e constitui o momento que faz a
contextualização do assunto do sermão.
Confirmação – também faz parte do desenvolvimento do sermão e constitui o
momento de comprovação ou demonstração das afirmações do orador. O
desenvolvimento do seu pensamento faz-se por meio de dois tipos de argumentos: de
autoridade e baseados em exemplos.
Peroração – destinada à recapitulação da essência do que se disse. É a última
oportunidade que o orador tem para impressiona, convencer e influenciar o auditório
recorrendo aos melhores argumentos.
No sermão de Santo António aos peixes, o exórdio ocupa o capítulo I. A exposição e a
confirmação ocorrem nos capítulos II, III, IV, V. A peroração é no 6º capítulo.
- Pregado em S. Luís do Maranhão, a 13 de junho de 1654, três dias antes de ter embarcado
ocultamente para Lisboa com o fim de solicitar ‘’o remédio da salvação aos índios…’’
- O sermão é alegórico porque o autor ilustra determinados conceitos abstratos como vícios
dos homens, recorrendo aos peixes.
Capítulo I – Exórdio
- Conceito predicável: Vós sóis o sal da terra
- Tal como o sal impede a corrupção da matéria, os pregadores devem impedir a corrupção das
almas. O sal tem a função de conservar, preservar, livrar da corrupção, tal como os pregadores
têm objetivo de catequizar, salvar as pessoas, mantendo-as ‘’saudáveis’’, não em termos físicos,
mas psicológicos, emocionais e comportamentais.
- Apesar de haver muitos pregadores a terra está corrupta, logo o sal (os pregadores), não está
a cumprir a sua função de impedir que a terra se corrompa.
- A corrupção pode ser da responsabilidade dos pregadores por não pregarem a verdadeira
doutrina, não viverem de acordo com aquilo que pregam ou por se pregarem a si mesmos. Por
outro lado, pode ser da responsabilidade dos ouvintes por não ouvirem a pregação, preferirem
imitar a vida dos pregadores e não a pregação ou ainda por cederem apenas aos seus apetites.
19
- Aos pregadores que não pregam e aos ouvintes que não querem ouvir a palavra de Deus
deve-se deitá-los fora, desprezá-los, pisá-los: ‘’lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado
de todos.’’
- O sermão começa com o conceito predicável ‘’vós sois o sal da terra’’. O sal são os pregadores
que devem impedir a corrupção da terra. Mas a terra está tão corrupta, apesar de haver muitos
pregadores, eles não estão a cumprir o seu dever ou a terra não as está a ouvir.
- À semelhança, Santo António, também pregou aos habitantes de Arimino que não o quiseram
ouvir. Deixou-os e foi pregar para junto do mar aos peixes. Comemorando o dia de Santo
António, o Padre António Vieira quer seguir o seu exemplo, e afirma ir também ele pregar aos
peixes.
- Tal como as palavras de Santo António não eram ouvidas em Arimino, também as palavras do
Padre António Vieira não têm sido escutadas naquela terra (Brasil).
- A grande intenção de Vieira é pregar aos colonos do Maranhão que possuíam e exploravam os
escravos e os índios.
- O sermão de Santo António aos peixes foi pregado em S. Luís do Maranhão no dia de Santo
António.
- Todo o sermão é uma alegoria, porque os peixes são a personificação dos homens.
- Vieira dirige-se aos moradores do Maranhão, o sal são os pregadores e a terra os ouvintes.
- A palavra de Deus não está a fazer fruto. Os culpados tanto podem ser os pregadores com os
ouvintes.
- O sermão vai louvar o bem que os peixes fazem (as virtudes) e repreender o mal (os vícios).
Assim, será dividido em duas partes: a primeira, os louvores das virtudes; a segunda, as
repreensões dos vícios.
- As qualidades dos peixes louvados neste capítulo são: foram as primeiras criaturas a ser
criadas por Deus; as criaturas mais numerosas e maiores; são bons ouvintes e obedientes; são
melhores do que os homens; não se domam nem domesticam (vivem livres e puros longe dos
homens).
- Os homens são acusados de se deixarem levar pelas vaidades; serem piores do que os peixes
(ex. o caso de Santo António e o de Jonas); apesar de inteligentes, atuam irracionalmente como
feras; corrompem quem viver perto deles.
20
- A partir do Capítulo II, todo o texto é uma alegoria porque Vieira dirige-se aos peixes
querendo atingir os homens.
- Os peixes como ouvintes, representam duas qualidades: não falam e ouvem, no entanto, não
podem ser convertidos, o que entristece o pregador.
- Os homens recusam ouvir a palavra de Deus e os peixes acorreram a ouvi-la. Todos os animais
se podem domesticar, os peixes vivem em liberdade.
- O primeiro peixe a ser mencionado é o ‘’peixe de Tobias’’ que tem o poder de curar a cegueira
e expulsar o mal.
- Depois de falar do ‘’peixe de Tobias’’ e das suas qualidades, o orador regressa ao exemplo de
Santo António, que segundo ele, também tinha qualidades curativas para a cegueira dos
homens. Mas os pecadores não o entendem e atacam-no.
- Vieiras segue o exemplo de Santo António e da mesma forma, prega aos moradores do
Maranhão e incentiva-os a verem as suas entranhas (porque elas curam a cegueira e o pecado).
- O primeiro peixe a ser louvado é o peixe de Tobias pois o seu fel era bom para curar a
cegueira e o coração afastava os demónios. Este é comparado com Santo António porque o seu
fel e o coração eram como a palavra de Deus.
- O segundo peixe é a rémora que tem como virtudes força para impedir que o navio navegue à
sua vontade. O poder deste peixe é comparado à palavra de Santo António.
- O terceiro peixe é o torpedo que possui uma qualidade que faz tremer o pescador. Vieira
desejava que existissem na terra para fazer tremer os pecadores.
- O último peixe a ser louvado é o quatro-olhos porque na realidade tem quatro olhos uns
virados para cima e outros para baixo. Assim, pode estar atento aos perigos que vêm do céu e
do mar. Vieira lamenta tanta abundância daquele instrumento nos peixes e tanta cegueira nos
homens. Este peixe ensinou ao pregador que só devemos olhar para o céu e inferno porque se
olharmos para os lados vemos vaidade terrena.
- As repreensões aos peixes vão ser feitas como objetivo se não for de corrigir, ao menos que
seja, de perturbar.
- O grande defeito dos peixes é comerem-se uns aos outros. Este defeito agrava-se quando os
grandes comem os pequenos, por isso, para alimentar um grande são precisos muitos
pequenos.
21
- Desde o início do sermão que o pregador prega aos peixes apontando-lhes os seus vícios e
virtudes. Agora, ao falar-lhes dos vícios, aponta-lhes como o exemplo os vícios dos homens.
Ora, considerando a alegoria do sermão – os peixes são a representação dos homens que
Vieira utiliza indiretamente para os poder criticar – é interessante, nesta parte, a forma hábil
como fala diretamente aos homens dos seus vícios (inversão peixes/homens).
- Sabendo que o grande defeito dos homens é comerem-se uns aos outros e tendo em conta
que os colonos pensariam imediatamente nos rituais antropófagos dos índios, o orador afirma
que está a referir-se aos brancos, pois ‘’muito mais se comem os brancos’’.
- Os moradores do Maranhão são atraídos pelos comerciantes que vendem tecidos vindos de
Portugal. Aliciados pela vaidade, endividam-se sendo todo o trabalho de uma vida levado.
- Os Pegadores têm como defeito o parasitismo. Os argumentos utilizados pelo Padre António
Vieira são: os Pegadores vivem na dependência dos grandes e morrem com eles; os grandes
morrem porque comeram, os pequenos morrem sem terem comido.
- O Polvo é traidor e enganador. Este ataca sempre através de emboscada. O Polvo tem uma
aparência enganosa, aparenta ser monge, estrela, brandura e mansidão; mas é o maior traidor
do mar.
- O orador critica todos estes peixes. Aos roncadores, que lhe provocam riso e ira, aconselha-os
a medirem-se e verem como são ridículos, e sem fundamento a sua arrogância. Aconselha-os a
calar e a imitar Santo António. Aos pegadores aconselha a não se colarem aos grandes, pois
quando um grande morre arrasta consigo os pegadores. Aconselha cada homem a seguir o seu
caminho dizendo que os oportunistas, que vivem colados aos poderosos, acabam por ser
arrastados quando estes caem. Aos voadores aconselha a imitarem Santo António e a não
quererem ser mais do que são. Na sua verdadeira essência, o polvo é um traidor, o maior
traidor do mar, porque se esconde, mudando de cor, para com a malícia e mentira, atacar.
Quadro resumo:
22
23
7 - nº de anos de busca
14 - Tempo de casamento
21 - Tempo da ação
Pátria – atitudes de Manuel de Sousa que se podem resumir num protesto à tirania,
defesa dos valores da pátria.
Incêndio – símbolo patriótico;
Família – a família pode ser vista como a unidade da pátria, a destruição da família é
a destruição da pátria;
Oposição entre D. Manuel e D. João – entre Portugal velho e ultrapassado (D. João), e
Portugal novo e atual que se pretende (D. Manuel).
24
Personagens:
Manuel de Sousa Coutinho (personagem principal e plana)
Nobre, cavaleiro de Malta;
Construído segundo os parâmetros do ideal da época clássica;
Racional;
Bom marido e pai terno;
Corajoso, audaz, decidido, patriota, nacionalista;
Valores: pátria, família e honra.
D. João de Portugal (personagem principal, plana e central)
Nobre (família dos Vimiosos);
Cavaleiro;
Ama a pátria e o seu rei;
Imagem da pátria cativa;
Ligado à lenda de D. Sebastião;
Nunca assume a sua identidade;
25
26
7 ANOS
14 ANOS
O drama Frei Luís de Sousa (1844), em três atos, é considerado a principal obra de Almeida
Garrett. Sua primeira representação deu-se em 1843. A peça apresenta basicamente duas
características românticas: a recuperação do passado histórico e um caso de amor trágico,
protagonizado por portugueses ilustres.
A obra relembra o clima sebastianista e recupera a vida do escritor barroco Frei Luís de Sousa
(1556-1632), que antes de sua ordenação ao sacerdócio tinha o nome de Manuel de Sousa
Coutinho.
O drama conta a história da fidalga Madalena de Vilhena, casada com dom João de Portugal,
dado como morto na batalha de Alcácer-Quibir, assim como o rei Dom Sebastião (1554-1578).
Diante disso, Madalena casa-se com Manuel de Sousa Coutinho, nobre português, por quem se
apaixonara quando ainda estava casada. Dessa união nasce uma filha, Maria de Noronha.
Durante a cerimônia em que Manuel Coutinho torna-se Frei Luís de Sousa, Maria de Noronha,
filha do casal, tomada pela vergonha e pelo desespero, morre aos pés de seus pais.
27
Capítulo 1
Domingos Botelho, fidalgo de Vila Real, casou-se com D. Rita em Lisboa, 1779. O casal teve 5
filhos, três meninas e dois meninos e foram todos morar em Viseu, Portugal. Seu filho, Simão,
foi estudar em Coimbra com o irmão, mas como era um menino indisciplinado, estava sempre
envolvido em confusões e consequentemente teve problemas com o pai. Seu pai forçou-o a
voltar para Viseu, onde o resto da família vivia.
Capítulo 2
Em Viseu, Simão apaixona-se pela sua vizinha Teresa, mas o amor dos dois era impossível pois
os seus pais eram inimigos. Um dia, quando Simão estava prestes a voltar para a escola em
Coimbra, ao sair de casa percebeu a aproximação de uma mendiga que lhe entregou uma carta
escrita por Teresa. Nesta carta, Teresa contava que seu pai havia ameaçado mandá-la para um
convento caso esse romance entre ela e Simão continuasse, mas que nuca deixaria de amá-la
como filha.
Em Coimbra, Simão empenhava-se muito nos estudos e tinha a companhia do irmão, Manuel,
que foi morar com ele, mas não permaneceu por muito tempo pois apaixonou-se por uma
mulher casada que largou o marido por ele. Depois de um tempo em Coimbra, Simão recebeu
outra carta de Teresa avisando que não iria para o convento.
Em Viseu, Teresa começou a conversar com a irmã de Simão pela janela, pois eram vizinhas,
mas quando o seu pai descobriu ficou furioso e obrigou-a a nunca mais se envolve com a
família inimiga. Neste momento, o pai de Teresa explica que pretende casá-la com seu primo,
Baltasar.
Capítulo 3
O primo de Teresa, Baltasar, era completamente apaixonado por ela e um dia resolveu
declarar-se, porém Teresa respondeu que não o ama e que eles devem ser só amigos.
Depois de Baltasar perguntar os motivos, ela explica que ama outro homem e ele surpreende-
se ao perceber o tamanho da sua paixão. Baltasar confessou à prima que já sabia de tudo, pois
o seu tio já lhe havia falado dessa paixão da filha e da sua desaprovação com esta escolha.
Após a sua conversa com Teresa, Baltasar conta tudo a Tadeu, pai de Teresa, que fica
enfurecido pois não consegue aceitar que a filha não queria casar com Baltasar e sim com o
filho de seu maior inimigo. Ele insiste que a filha vá para o convento, dessa vez Teresa aceita.
Capítulo 4
Na festa, os parentes e amigos de Teresa falavam que esta deveria pedir desculpo ao pai e
participar mais nos eventos de família; eles tinham a esperança que assim teresa iria perceber
que o certo era casar com o primo.
28
Durante a festa, Baltasar nota que Teresa estava inquieta, pois entrava e saía de casa
constantemente. Quando o pai perguntou o motivo, Teresa diz que se sentia meia doente e
precisava de ar fresco. Numa de suas saídas, Teresa vai para o jardim e encontra Simão, mas
pede-lhe que volte noutro dia.
Ao sair, Simão encontra-se com o vulto de Baltasar e considera voltar para trás, afim de ver
teresa, mas prefere ir-se embora.
Simão manda outra carta a Teresa, nesta carta tenta se mostrar forte, quando na verdade
estava a morrer de medo. Nesta carta, também se desculpa por não terem aproveitado a noite.
Mais tarde, Simão acaba por conhecer a filha de João da Cruz, Mariana, uma menina linda de
24 anos e esta revela-lhe que conhece a sua história com Teresa.
João da Cruz assume a Simão que em tempos trabalhou para Baltasar e que este lhe pediu para
o ajudar a matar Simão, o que João da Cruz recusou, e que por isso, o irá ajudar a enfrentar
Baltasar.
Capítulo 6
Havia três vultos no quintal da casa de Teresa esperando-a chegar. Baltasar ordena os vultos a
matarem Simão assim que o vissem. João da Cruz descobriu o plano de Baltasar e correu para
avisá-lo. Após saber da notícia, Simão tenta-se desviar de Baltasar, mas acabam-se por
encontrar.
Simão e seus companheiros tentaram despistar Baltasar, mas já era tarde demais. Baltasar não
só o viu, como o seguiu.
Enquanto fugia, Simão parou para ver Teresa. Foi uma parada rápida, pois João avisou que não
tinham muito tempo e que Baltasar aproximava-se. Na hora de se despedir de Teresa, Simão
apertou a mão dela com força.
Simão e os seus companheiros fugiram a cavalo, pois tinham o pressentimento de que Baltasar
iria ataca-los fora da cidade e estavam certos, acabaram por se encontra, cara a cara, com
Baltasar e os seus homens. Foram disparados tiros, um dos homens de Baltasar foi atingido e
Simão levou um tiro no braço.
Capítulo 7
O ferimento de Simão só piorava e recebe uma nova carta de Teresa dizendo-lhe que estava
muito aflita, pois não tinha notícias suas. Informa-o também que se encontrava num convento,
a mando de seu pai, mas que existia muita hipocrisia entre as freiras e, por isso mesmo, ela
conseguia escrever-lhe com mais facilidade
Capítulo 8
Depois de todos aqueles acontecimentos, Maria e João cuidam das feridas de Simão. Mariana,
passava todo o seu tempo com ele, passou a ser a sua enfermeira particular. Contava-lhe que
pedia ao Senhor dos Passos para que ele ficasse bem, e que lhe curasse essa paixão por Teresa.
29
Simão escreve mais uma carta para Teresa e diz-lhe que a vai resgatar do convento, (Simão
mostra-se um herói).
Mariana continua do lado de Simão, mas sente-se triste por perceber que este não consegue
deixar de pensar em teresa, mas mesmo assim decide continuar a ajudá-la com a ajuda de seu
pai, pois percebem que Simão estava completamente sem dinheiro.
Capítulo 9
Mariana e João decididos em ajudar Simão, entregam-lhe um envelope com algum dinheiro
entro e fazem-no acreditar que foi a sua mãe que lhe enviou. Simão acha estranho, mas aceita.
Entretanto, teresa fica a saber que vai ser transferida para outro Convento em Coimbra e entra
em desespero, pois começa a aperceber-se que não tem como escapar, precisava de avisar
Simão destas novas mudanças e por isso, decide entregar à mendiga mais uma carta.
Quando o diretor do Convento perceber o que a mendiga fez, espanca-a, mas esta consegue
fugir e dirigir-se para casa de João da Cruz onde lhes conta o sucedido. Ao aperceber-se da
gravidade da situação, Simão decide que tem que responder a Teresa e é ajudado por Mariana,
pois esta tinha uma amiga no convento e conseguia-lhe entregar a carta de Simão para que
fosse entregue a Teresa.
Capítulo 10
Mariana chega ao convento e encontra-se logo com a sua amiga, Joaquina, que permitiu a
entrada de Mariana no convento. Ambas começaram a procurar por Teresa. Quando Mariana
encontra Teresa, entrega-lhe a carta escrita por Simão.
Teresa pede para a Mariana avisar o Simão que ela está presa, logo seria levada para outro
convento e não tinha como fugir. Como um modo de agradecer a Mariana, teresa dá-lhe um
anel, junto com uma nova carta para Simão. Mariana agradece, mas recusa o anel.
Mariana volta a correr para casa de João da Cruz e entrega o recado a Simão, em que este fica
irritado com a situação e decide ajudar teresa. Mariana e João da Cruz aconselham-na a não o
fazer, mas Simão estava decidido, dizendo mesmo que não temia Baltasar.
Antes de ir, Simão escreve uma última carta a Teresa, onde lhe revela que não consegue viver
sem ela e que por isso iria atrás dela.
Nessa mesma noite Simão pegou na sua arma e partiu sozinho, deixando uma carta de
despedida para João e Mariana.
Quando chegou ao convento, ficou bastante tempo do lado de fora a observar até ver Tadeu e
Baltasar acompanhado das suas irmãs.
Baltasar e Tadeu conversam sobre Teresa e afirmavam que depois de um ano num Convento,
esta já ficava curada desse seu amor por Simão e ficaria pronta para casar com Baltasar.
30
Uma horas depois, Baltasar e Tadeu saem do Convento acompanhados por Teresa e suas
primas, onde Tadeu mostrava a Teresa que ainda ia a tempo de regressar para casa e aceitar o
casamento com Baltasar, mas Teresa afirma que o seu destino é ir para o convento. De repente,
Simão aparece e envolve-se numa luta com Baltasar, acabando por matá-lo com um tiro. Simão
é preso pelo assassinato.
Capítulo 11
Ao saber que o seu filho foi preso, a mão de Simão corre para contar ao seu marido, que a
ignora por completo o sucedido e não faz nada para reverter a situação.
Um dos criados da família, a mando da mãe de Simão, vai visitá-lo à prisão e leva-lhe uma carta
escrita pela mesma.
Mariana também o visita e Simão diz-lhe que sabe que o dinheiro que João lhe deu, era na
verdade dele e por isso, pede-lhe que com esse dinheiro lhe compre papel e tinta.
Capítulo 12
O pai de Simão decide levar a sua família embora da cidade. Uma das irmãs de Simão escreve-
lhe uma carta onde conta como foi castigada por usa causa e que sua mãe se encontrava muito
triste, pois o seu pai praticamente as abandonou.
Simão é condenado a morrer na forca. Em 1805, é transferido para uma das prisões do Porto.
No depoimento, Simão admite ter morto Baltasar.
João conta a Simão que depois de saber sobre a sua condenação, Mariana enlouqueceu e
implorou que a matassem primeiro. Simão impressiona-se com o quanto Mariana o amava e
pede para João ir embora com Mariana, pois assim ela seria salva.
Capítulo 13
Enquanto isso, Teresa acaba por ser da prisão de Simão e que ele será levado para um
convento no Porto, através de uma criada pela qual tinha estima, Constança.
O pai de Teresa mandou-a para outro convento, onde ela continua tentando se comunicar com
Simão através de cartas.
Um dia, Teresa recebe as notícias de que Simão foi condenado à morte. Chora e lamenta o
facto de ter que viver a saber disso e pede para a sua amiga levar uma carta a Simão dizendo-
lhe que, já sabe o que iria acontecer com ele e sente que irá morrer junto, pois a morte dói
menos do que uma vida sem ele.
Ao ver a situação de sua filha e que Simão estava sendo transferido para uma prisão no Porto,
Tadeu resolve tirá-la do convento.
31
Teresa recebe uma carta de Simão que pede para ela não morrer e ao ler essa carta Teresa fala
que se fosse para morrer preferia nunca a ter lido.
O pai de Simão decide interferir e consegue mudar a pena do filho para um exílio na Índia.
Capítulo 14
Tadeu vai até ao convento ver a sua filha. Os médicos avisam-no que mesmo com as grandes
melhorias de Teresa, achavam que esta não tinha a força suficiente para fazer a viagem de
regresso para Viseu, mas Tadeu insiste que a quer retirar do Convento e Teresa recusa-se a sair.
Com isto, Teresa acaba por confessar ao pai que ainda ama Simão e que sabe da sua vinda para
o Porto. Tadeu fica enfurecido e tenta à força tirar de lá a sua filha, mas fracassa.
Capítulo 15
Na cadeia, Simão fica admirando a paisagem, e pensa em Teresa, relendo as cartas, João
aparece um dia na cadeia para ver Simão e diz-lhe que Mariana melhorou muito e voltou a agir
com normalidade e entrega-lhe uma carta escrita por D. Rita informando que o sue pai poderia
comprara a liberdade do filho. Simão pede para João entregar uma carta para Teresa.
Ao chegar ao convento para entregar a carta a Teresa, João percebe que Tadeu havia estado lá,
junto com as suas autoridades e os médicos. A pedido do pai, os médicos estavam avaliando
Teresa. João consegue dar um jeito de lhe entregar a carta, mas ela pede-lhe para que na
próxima vez, ele a entregue a uma das suas colegas, por ser demasiado arriscado entregar-lhe a
si diretamente.
De volta à cadeia, João conta a Simão que Mariana estava solteira, pois nenhum homem a
queria.
Ao ver o sofrimento de João, Simão oferece-se para casar com Mariana, mas João recusa pois
Simão é apaixonado por teresa.
Capítulo 16
O irmão de Simão vai visitá-lo na cadeia, e Simão não fica feliz com a visita, é informado de que
a pena de Simão foi alterada por ter confessado o crime e que o mesmo seria deportado para a
Índia ao invés de ser enforcado.
Capítulo 17
Neste capítulo, João conversa com a sua cunhada e acaba por desabafar sobre as saudades que
sente da filha e que receia que ela não consiga viver sem Simão, depois desta conversa João é
interpolado por um homem na rua, que acaba por o esfaquear tirando-lhe a vida.
32
Capítulo 18
Mariana regressa a Viseu para receber a herança de seu pai e acaba por vender as terras que
este lhe deixou.
Mariana diz a Simão que vai com ele para a Índia e agora que perdeu o seu pai não tem mais
nada.
Simão relembra-lhe que ama Teresa e que não lhe pode dar nada mais que uma amizade.
Simão acreditava que Mariana poderia ter um futuro com uma família em Viseu e tenta
convencê-la disso, mas ela insiste que ele é a única coisa que tem na sua vida.
Enquanto isso, o pai de Simão tentou conseguir um acordo para que fique o filho pudesse ficar
mais tempo na cadeia, mas o filho queria ser deportado, pois acreditava que isso lhe traria uma
sensação de liberdade.
Capítulo 19
Enquanto Simão se preparava para a sua ida para a Índia, Teresa manda outra carta onde pedia
para ele aceitar o acordo de ficar 10 anos na cadeia ao invés de ser deportado, pois assim eles
teriam uma chance de ficarem juntos novamente.
Simão escreve outra carta respondendo ao pedido dela e diz-lhe que não quer ficar na cadeia,
pois estava miserável e queria ter maus uma oportunidade de viver. Lamenta também não
poderem ficar juntos e que chegou a hora de dizerem adeus.
Teresa responde com outra carta dizendo-lhe que iria morrer já que eles não poderiam dicar
juntos e pede-lhe para ele não morrer, pois o seu espírito poderia consola-lo.
Após ler a nova carta de Teresa, Simão sentiu-se completamente de rastos, mas após seis
meses, chega a hora de partir para Índia junto de Mariana.
Capítulo 20
Dia 17 de Março de 1807, Simão e Mariana embarcam no navio a caminho da Índia. Simão
estava com as mãos amarradas a pedido da corte. A mãe de Simão mandou-lhe um pouco de
dinheiro através de um amigo.
Simão distribuí esse dinheiro a todos, pois acredita que ele “não tem mais mãe”. Quando o
navio partiu, simão olhou para o convento de longe e viu o vulto de teresa.
Naquela manhã, Teresa tinha se despedido das freiras e entregara a Constança todas as cartas
que ela tinha de Simão. A mendiga tinha-lhe acabado de entregar a nova carta de Simão, onde
se despedia de teresa.
Acompanhada de Constança, Teresa vai até o mirante onde ela também vê Simão de longe no
barco. Simão pergunta a Mariana se era mesmo Teresa, pois estava com uma aparência muito
diferente.
33
Depois dessa despedida, o comandante informa a Simão que Teresa tinha falecido logo após o
pequeno reencontro.
Capítulo 21
Simão sentiu uma tristeza muito profunda com a notícia, quase não saía do seu beliche. Uma
noite, bem de madrugada, Simão relia as cartas de Teresa e na sua última carta, Teresa falava
que quando Simão a lesse, ela já estaria morta, pois não conseguia continuar a viver sem ele.
Surpreso com o que lia, Simão correu até ao convés do navio para encontrar Mariana e
mostrou-lhe as cartas.
A tristeza de Simão piorou a ponto de ele ter delírios, febre, ânsia, e até desmaiar. Chamaram
um médico para examiná-lo, mas já era tarde demais, Simão não duraria muito mais. Então,
Simão pede a Mariana que atire todas as cartas para o mar juntamente com o seu corpo após a
sua morte, mas Mariana diz-lhe que vai morrer com ele.
No dia 27 de março, Simão teve o seu último delírio, teve uma convulsão e morreu. Os homens
do navio amarraram Simão numa pedra e libertam o seu corpo para o mar.
Mariana, logo de seguida, atira-se no mar com as cartas de Simão e Teresa. Os homens do
navio saltaram para tentar salvá-la, mas seu corpo tinha desaparecido, porém conseguiram
agarrar as cartas.
Essas cartas foram entregues à família de Simão que estava a viver em Vila Real.
Manuel Botelho, o filho de Simão, foi quem usou essas cartas para escrever um livro.
Personagens
O narrador, Camilo Castelo Branco, afirma ser sobrinho do herói do seu Amor de
Perdição, Simão Botelho, cuja história de amor infeliz leu enquanto estava preso na
Cadeia da Relação, no Porto.
Pelas informações da vida e da morte do seu tio direito, Simão Botelho, Camilo propõe
ao leitor contar esta história, mostrando Simão como um herói verdadeiramente e
romântico que “Amou, perdeu-se e morreu amando”.
Pelo conhecimento da biografia de Camilo e de Simão, cedo os leitores se apercebem
da semelhança entre estes dois heróis românticos – apaixonados fervorosamente
(Simão – Teresa e Camilo – Ana Plácido), perseguidores da sua felicidade amorosa
contra as adversidades, sofredores das respetivas consequências, mas continuamente
ao serviço do verdadeiro Amor – Paixão.
34
Tadeu e Rita Preciosa: ele, obstinado com a justiça e ausente; ela, sempre descontente
com a vida fora da corte.
Tadeu e Teresa: Pai tirano e manipulador, quer vê-la casada, por interesse, com primo,
Baltasar Coutinho; envia-a para o convento, pois, se não casa com quem ele quer,
morrerá para o mundo.
Tadeu e Baltasar: Tadeu respeita Baltasar e vê nele o marido perfeito para Teresa.
Teresa e Baltasar: teresa não o ama, recusando-se a casar com ele; Baltasar é
obstinado e quer a todo o custo casar-se com a prima.
Simão e João da Cruz: amizade sincera e recíproca.
Simão e Mariana: ele, amizade sincera; ela, amor – paixão não correspondido por
Simão e que a levará à morte.
O amor – paixão
Maria Eduarda Runa - filha do Conde Runa, casa com Afonso, um jovem revolucionário e
liberal, cujas ideias progressistas a atormentam, levando o casal ao exílio em Inglaterra. A vida
nesse país, ao qual nunca se adaptou, tornou-a ainda mais melancólica e doente, encontrando
35
refúgio numa devoção religiosa. Assim, não confiando numa educação britânica, mesmo sendo
católica, faz o Padre Vasques ir de Lisboa para educar o seu “Pedrinho”, o único filho do casal.
Maria Monforte – Destaca-se no universo feminino do romance, tanto pela sua beleza
avassaladora, como pela irreverência às normas discriminatórias da sociedade oitocentas:
Maria Eduarda – Esta personagem é sempre apresentada ao leitor como uma “deusa
transviada” (desnorteada/ vagabunda), como um ser superior no meio das mulheres lisboetas.
Ela é alta, loira, elegante, requintada, envolta numa aura de mistério, o que aumenta o seu
poder de sedução e a sua sensualidade. Era inevitável, que ela e Carlos, também ele diferente
do lisboeta comum, se conhecessem, se sentissem atraídos um pelo outro e se amassem.
Surge em Lisboa fazendo-se passar pela mulher do brasileiro Castro Gomes, com quem vivia há
três anos, depois de ter enviuvado de MC Gren, pai da sua filha Rosa. Quando conhece e se
torna íntima de Carlos, revela-se uma mulher sensata, equilibrada, doce e com um forte
sentido de dignidade, particularmente quando Castro Gomes a abandona. O seu espírito culto
fascinava Carlos e os seus amigos.
Maria Eduarda encarna a heroína romântica, perseguida pela vida e pelo destino, mas que
acaba por encontrar, ainda que momentaneamente, a razão da sua vida, na paixão e no amor.
Ela é também vítima do seu passado, das circunstâncias em que cresceu e viveu.
As suas memórias tornam-se mais claras por altura da sua estadia em Paris;
Viveu num colégio perto de Tours até aos 16 anos;
Foi viver com a mãe que continuava a levar em Paris uma vida complicada e miserável;
Casou com Mac Gren com quem vivei quatro anos e de quem teve uma filha chamada
Rosa.
Caetano da Maia (origem da família) – Personagem que se afirma no romance como grande
opositor do liberalismo. A sua intolerância com as ideias revolucionárias, leva Caetano da Maia
a expulsar o filho de casa, por este se envolver com os simpatizantes da Revolução Francesa e
partilhas das ideias jacobinistas. Era-lhe intolerável ter um filho jacobino, tal era o seu ódio
pelo Jacobino.
36
Afonso da Maia (filho de Caetano da Maia) – Afonso é a personagem que funciona como o
esteio da família Maia e é para ele que todos se voltam nos momentos de crise.
Com efeito, este símbolo de Portugal liberal da década de 20, foi um jovem revolucionário que
sofreu o exílio pela sua audácia ideológica.
Afonso constitui o ponto de equilíbrio dos Maias. É a ele que Pedro entrega Carlos após a fuga
de Maria, é ele que Carlos interroga na esperança de que o avô desminta as revelações de
Guimarães.
Afonso é ainda a encarnação do bom senso, da experiência, dos valores da nação e da raça, é
alguém que defende o património português face à descaracterização e à invasão das modas
estrangeiras. Convive harmoniosamente com várias gerações e vários tipos de formação, de
que os serões no Ramalhete são exemplo.
No entanto, Afonso é humano e, embora tenha co seguido sobreviver à tragédia do filho, não
supera a do neto morrendo também com ele o futuro da família.
Pedro da Maia (Filho de Afonso da Maia e Maria Eduarda Runa) – A construção da personagem
de Pedro obedece ao cânone naturalista: características psicológicas, meio social e educação
são determinantes na formação da sua personalidade. Assim com uma educação católica e
tradicional, bem ao modo português, herdando o carácter depressivo e melancólico de Maria
Eduarda Runa, sua mãe, Pedro nada mais odia fazer do que deixar-se arrastar por uma vida de
boémia e dissipação, que culmina numa paixão obsessiva e fatal por Maria Monforte. É esta
mulher que, definitivamente o precipita no abismo da perdição.
Carlos da Maia (Filho de Pedro e Maria Eduarda Monforte) – A personagem Carlos, devido à
sua caracterização, tem direito a um tratamento privilegiado por parte do narrador.
Assim, o leitor vai acompanhando o seu percurso, desde o seu período de formação em Santa
Olávia, submetido a uma rígida educação britânica, até ao desencantado passeio final, onde a
sua única razão existencial parece ser o de se ter esquecido de encomendar para o jantar “um
grande prato de paio com ervilhas”.
Pelo caminho encontramo-lo em Coimbra levando uma vida de boémia estudantil e literária,
em Lisboa passando belos momentos de ócio no seu consultório, aí fazendo planos para mudar
a mentalidade da sociedade lisboeta que frequenta e que o idolatra.
Vive de forma intensa a sua paixão por Maria Eduarda, interessando-se por tudo e por nada ao
mesmo tempo. Carlos é um apreciador culto, por excelência, que acaba por se deixar afundar
pela dormência da sociedade lisboeta em que vive, desistindo um a um, de todos os seus
projetos de vida, inclusive da sua paixão, embora esta última por razões que Carlos não
consegue controlar.
37
Como se justifica então, dentro dos cânones naturalistas, este falhanço de Carlos? A educação
que Carlos recebeu não deveria ter criado um indivíduo forte, capaz de ultrapassar a
adversidade da vida?
A resposta a esta questão não é única, uma vez que, e tendo em conta os pressupostos
naturalistas, não podemos esquecer que a carga hereditária dos pais também deve ser tida em
conta, por outro lado, o meio decadente em que Carlos se move, influenciou-o igualmente.
Poderemos ainda dizer que o percurso existencial de Carlos pode ser o símbolo da evolução da
sociedade portuguesa após a Regeneração, Quando Portugal parecia estar a entrar numa
época diferente, marcada por uma certa prosperidade (tal como Carlos a esperança de
renascimento dos Maias), o país acaba por cair na decadência da nação.
João da Ega (amigo de Carlos) – Ega funciona como Sancho Pança de Carlos, ou seja, é aquele
amigo que o traz de volta à realidade, que o faz pôr os pés no mundo. É também aquele que
nos momentos mais difíceis e mais dolorosos o ampara e ajuda, não só em termos
psicológicos, mas também na resolução dos problemas práticos. Para além destes aspetos, são
também evidentes afinidades culturais entre as duas personagens.
Ega é de igual modo símbolo de pura irreverência, do sarcasmo, da ironia da crítica, do prazer
de chorar e de questionar, mostrando-se muitas vezes, contraditório nas suas opiniões:
literatura, educação da mulher, política, escravatura...gosta, por isso, de se fazer notar e de ser
notado nos círculos que frequenta. Entusiasma-se facilmente pela novidade, iniciando vários
projetos, como a criação de uma revista que revolucionasse o ambiente cultural português e
um livro intitulado “As memórias de um Átomo”, projetos que nunca foram concluídos.
No passeio final, tal como Carlos, Ega extravasa o seu desencanto, a sua desilusão, a sua
frustração, não só em relação a Portugal que o envolve, mas também em relação ao falhanço
dos seus projetos.
38
Episódios com os jornais lisboetas A Corneta do Diabo, da Palma Cavalão, e A Tarde, de Neves:
Crítica à imprensa da época, pela sua parcialidade e falta de rigor, bem como a sua
independência política.
Maledicência sem escrúpulos e pública; Dâmaso escreve n’A Corneta sobre os amores
adúlteros de Carlos e Maria Eduarda; logo de seguida, ameaçado, desmente n’A Tarde,
explicando que escrevera a primeira carta quando estava altamente embriagado.
Capítulo 1
Capítulo 2
39
Capítulo 3
Em santa Olávia
- a infância e a educação de Carlos da Maia segundo a vontade e a filosofia de vida do avô
Afonso: Teixeira – parece que era sistema inglês! Deixava-o correr, cair, trepar às árvores,
molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho do caseiro. E depois o rigor com as comidas;
Afonso – O “primeiro dever de um homem é viver. E para isso é necessário ser são, e ser
forte.”;
- A Viscondessa de Runa;
Capítulo 4
40
Capítulo 5
Capítulo 6
Discussão acesa entre João da Ega e Tomás de Alencar sobre o realismo/ Naturalismo
versus Ultrarromantismo;
Terminado o jantar, Alencar acompanha Carlos ao Ramalhete.
Capítulo 7
Capítulo 8
Carlos procura Cruges na sua casa da Rua das Flores e os dois partem para Sintra;
- A refeição na Porcalhota;
41
- O encontro com Eusebiozinho, agora viúvo, e Palma Cavalão, que almoçavam com duas
raparigas espanholas, Concha e Lola;
- Encontro dos dois com o poeta Alencar, que lhes conta os seus desentendimentos com o
Palma, diretor de “uma espécie de jornal”;
- O regresso ao Ramalhete.
Capítulo 9
Dâmaso pede a Carlos que, enquanto médico, vá ver o estado de saúde da filha de
Castro Gomes, Rosa:
- Rosa e a sua inocência, sempre com a sua “boneca paramentada” de nome Cricri;
- Dâmaso confia a Carlos o pormenor sobre a relação de proximidade entre a Castro Gomes
(Maria Eduarda) e o seu tio Guimarães;
- Ega confessa a Carlos e a Craft que Jacob Cohen descobriu a sua relação adúltera com Raquel
e o expulsou de sua casa;
- Carlos vai tomar chá com a condessa de Gouvarinho e envolve-se com ela.
Capítulo 10
Capítulo 11
Carlos conhece Maria Eduarda: “Maria Eduarda, Carlos Eduardo...havia uma similitude
nos seus nomes. Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus destinos!”;
Então todos os dias, durante semanas, teve essa hora deliciosa, esplêndida, perfeita, a
“visita à inglesa”; “Maria Eduarda estava hospedada num andar que pertencia à família
de Cruges, na Rua de S. Francisco;
Numa das visitas a Maria Eduarda, Dâmaso aparece também para a visitar, criando-se
um ambiente de algum desconforto.
Capítulo 12
42
- Sousa Neto (“Oficial superior de uma grande repartição do Estado (...). Da instituição
pública”) desentende-se com Ega devido à grande diferença cultural.
Carlos e Maria Eduarda falam da Quinta dos Olivais, propriedade de Craft e que ele
quer vender; Carlos prontifica-se a comprar a casa, bem como toda a quinta para Maria
Eduarda;
Maria Eduarda revela o seu amor a Carlos e pretende contar-lhe algo que ele só ouvirá
muito tempo depois, já consumada a relação incestuosa.
Capítulo 13
João da Ega conta a Carlos que Dâmaso, ciumento da relação dele com a Castro
Gomes, critica-os publicamente, sendo que Carlos o confronta e o ameaça em praça
pública;
A Toca (nome que Carlos dá à quinta que comprou a Craft e que será o local onde se
consumará a relação amorosa com Maria Eduarda);
Carlos termina o relacionamento com Teresa Gouvarinho.
Capítulo 14
Capítulo 15
Ega aconselha Carlos a esperar a morte do avô para se casar com Maria Eduarda;
Carlos leva Ega à Toca e este conhece Maria Eduarda;
Carlos convida Cruges para vir jantar à Toca, aparecendo também o marquês de
Souselas;
Reaparece o sr. Guimarães, cumprimentando Carlos na rua;
Ega faz chegar a Carlos um exemplar d’A Corneta do Diabo com um artigo que versa
satiricamente sobre os amores de Carlos com Maria Eduarda;
A pedido de Carlos, Ega leca Cruges consigo e os dois vão ao encontro de Dâmaso, a
quem vão anunciar o debate físico com Carlos; amedrontado, Dâmaso aceita remediar
o ato, escrevendo nova carta, onde anunciará que a primeira que escreveu foi fruto de
embriaguez; esta segunda carta será publicada no jornal A Tarde (cujo diretor é Neves).
43
Capítulo 16
O Sarau da Trindade:
- As declarações prolixas, mas inflamadas, de Rufino;
- Cruges, maestro erudito e culto, faz a sua atuação, a qual não é, de todo, compreendia pela
sociedade;
- A baronesa de Alvim e Joaninha Vilar abandonam o sarau muito cedo por se cansarem
facilmente: “Mas uma noite toda de literatura, que estafa! E agora, para mais, ficara lá um
homenzinho a fazer música clássica...Pois olhes, devia ter-lhe dito que tocasse antes o
“pirolito”;
- D. Maria da Cunha (sobre Cruges) – “E era composição dele, aquela coisa triste? (Ega
responde) – É de Beethoven, Sr.ª D. Maria da Cunha, a “Sonata Patética” (...). E a marquesa de
Soutal, muito séria, muito bela, cheirando devagar um frasquinho de sais, disse que era a
“Sonata Pateta” “;
- Palestra “de um maganão gordo, de barba em bico e camélia na casaca que (...) lamentava aos
berros que nós, Portugueses (...), deixássemos esbanjar, ao vento do indiferentismo, a sublime
herança dos avós!...”;
- Sousa Neto, Darque, Teles da Gama e outras figuras do cenário político e Cultural da época;
No final do sarau, Ega conversa a sós com o sr. Guimarães, conversa essa em que fará a
revelação que alterará o rumo da intriga principal: Carlos e Maria Eduarda são irmãos.
Capítulo 17
Ega procura Vilaça para juntos abrirem o cofre entregue pelo sr. Guimarães;
Depois de uma tentativa fracassada de Vilaça, Ega conta a Carlos toda a história que
lhe transmitiu o sr. Guimarães e os dois contam a Afonso de Maia;
O jantar no Ramalhete, com Ega, Steinbroken, D. Diogo, Craft;
Carlos vai a casa de Maria Eduarda, na Rua de S. Francisco, para lhe revelar tudo, mas
acaba por consumar o incesto voluntário;
Na noite seguinte, Carlos repete o ato voluntário, sob a suspeita horrorizada de Ega,
que estava hospedado no Ramalhete;
Afonso da Maia descobre que Carlos da Maia mantém a relação incestuosa com a irmã;
Morte de Afonso da Maia;
Carlos, ao contrário de Pedro da Maia, resigna-se e decide viajar;
Ega conta a Maria Eduarda toda a sucessão de novidades sobre a sua história e o seu
passado;
Maria Eduarda parte para Paris com a filha, Rosa, e a governanta, Miss Sara, herdado a
sua parte da fortuna dos Maias;
Ega partilha com ela o comboio, despedindo-se no Entroncamento, pois ele seguia para
Santa Olávia e ela para a capital francesa.
44
Capítulo 18
Carlos e Ega viajam, como tinham combinado, por Londres, América do Norte, Japão;
Ega regressa “passado um ano e meio” e Carlos detém-se ainda por três anos;
No seu regresso, Ega põe Carlos ao corrente das novidades sobre a sociedade lisboeta;
O Ramalhete:
- Raquel Cohen: “E a Raquel, é verdade! (...) Que era feito de Raquel, esse lírico de Israel? (Ega
responde) – Para aí ainda, estuporada-...”.
1. Angústia existencial
Insatisfação face ao amor e à vida
Interiorização reflexiva
Inquietação filosófica
2. Configurações do ideal
Racionalidade otimista e de luta:
Razão, justiça, amor / fraternidade / solidariedade
Amor espiritualizado
Poeta como “voz da revolução”
3. Poesia de Antero
Configuração do ideal + Angústia existencial:
Inquietação espiritual
Procura de algo que de u sentido ou uma finalidade à existência humana
Aceitação de uma entidade que aparece, quase sempre, sob contornos vagos ou
indefinidos e que pode assumir o nome de Deus
Desejo de sonhar
Insatisfação perante o real sentido como demasiado frustrante ou limitado
45
Discurso conceptual:
46
Esta obra é a investigação definitiva de Cesário Verde sobre a cidade. O poema regista as
perceções e as impressões de um observador caminhando nas ruas noturnas da cidade. A
cidade é Lisboa, o sentimento do título é o do narrador, natural do extremo ocidental da
Europa, um português. Mas a cidade também representa o todo da civilização ocidental a que
Portugal pertence, e o sentimento que ela provoca é ao mesmo tempo um produto dessa
civilização e um protesto contra ela.
A primeira parte do poema situa-se ao fim da tarde ("ao anoitecer"), à hora em que os sinos
das igrejas chamam para a oração vespertina - a ave-maria.
O sujeito poético, à medida que deambula pelas ruas junto ao Tejo, descreve vários espaços.
Em relação ao grupo de personagens descrito, é evidente a simpatia solidária que o sujeito
poético revela para com as personagens populares, com destaque especial para as varinas.
A impressão geral que decorre desta primeira descrição da cidade é de que se trata de um
espaço soturno e melancólico, pouco luminoso, que apresenta uma "cor monótona e
londrina", despertando no "eu" sentimentos contraditórios.
Nesta primeira parte do poema, é também nítida a oposição entre o real e a fantasia. Na
verdade, o sujeito poético anseia partir para outras dimensões, e exprime o seu desejo de
evasão para outros espaços reais e para outros tempos, outras glórias.
O sujeito poético continua o seu percurso, observando a realidade que o rodeia, enumerando
os novos espaços que observa.
Destes espaços mórbidos, pouco iluminados, desprende-se uma sensação de
enclausuramento, de solidão, de pessimismo progressivo. Surgem, então, novas figuras
citadinas, a que o sujeito poético se refere como "uma acumulação de corpos enfezados". O
tom melancólico e disfórico presente na descrição da cidade não nasce apenas do relato dos
espaços e das personagens que neles evoluem, mas também do tipo de sensações empregues
pelo sujeito poético para concretizar essa mesma descrição, tais como, auditivas e visuais.
Nesta segunda parte, face à desolação e à soturnidade do presente, o sujeito poético também
evoca o passado através do "severo inquisidor", do "épico de outrora" e da Idade Média.
47
CIDADE CAMPO
Deambulação do poeta; melancolia; Vida rústica de canseiras,
monotonia; “desejo absurdo de viver”; vitalidade, saúde, liberdade,
vícios; miséria; sofrimento; poluição; cheiro rejuvenescimento, vida,
nauseabundo, seres humanos dúbios e fertilidade, identificação do
Características exploradores; ricos pretensiosos que poeta com o povo campesino,
desprezam os humildes; incomoda o poeta local de trabalho onde acontece
e os trabalhadores que nela procuram alegrias e tristezas
melhores condições de vida.
Fatal, frígida, calculista, madura, destrutiva, Proporciona um amor puro e
dominadora, sem sentimentos, erótica, desconfinado, frágil, terna,
Mulher artificial, predadora, vampírica, formosa, ingénua, despretensiosa.
fria, altiva.
Subjetividade
do tempo e a Certeza para a morte Salvação para a vida.
morte
12º ANO
1. Características temáticas
Identidade perdida
Consciência do absurdo da existência
Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade
Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão
Anti sentimentalismo: intelectualização da emoção
48
2. Características estilísticas
Verso geralmente curto (2 e 7 silabas métricas)
Predomínio da quadra e da quintilha
Adjetivação expressiva
Linguagem simples, mas muito expressiva
Uso de símbolos
3. Temáticas poéticas
O fingimento artístico
O poema não traduz aquilo que o poeta sente, mas sim aquilo que imagina a partir do que
anteriormente sentiu. O poeta é, pois, um fingidor, que escreve uma emoção fingida, pensada,
por isso fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas
chega ao poema transfigurada, na tal emoção trabalhada poeticamente, imaginada.
Assim, ao não ser um resultado direto da emoção, mas uma construção mental da mesma, a
elaboração de um poema define-se como um “fingimento”.
A dor de pensar
Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lúcido, a ter de pensar, isto é, considera que o
pensamento provoca a dor.
O poeta inveja a felicidade alheia, porque esta é inatingível para ele, uma vez que é baseada
em princípios que sente nunca poder alcançar – a inconsciência, a irracionalidade. O poeta
deseja ser inconsciente, mas não abdica da sua consciência.
Em suma, a “dor de pensar” que o autor diz sentir, provem de uma intelectualização das
sensações à qual o poeta não pode escapar, como ser consciente e lúcido que é.
A nostalgia da infância
Ao mesmo tempo que gostava de ter a infância das crianças que brincam, sente a saudade de
uma ternura que lhe passou ao lado.
49
O passado é um sonho inútil, pois nada se concretizou, antes se traduziu numa desilusão. Por
isso, a constante descrença perante a vida real e de sonho. Daí, uma nostalgia do bem perdido,
do mundo fantástico da infância, único momento possível de felicidade.
O sentido de que a vida, em lugar de obedecer a um plano, é feita de pedaços sem nexo, situa-
se no âmago da melancolia do poeta. Não há nenhum princípio orgânico a entrelaçar os
fragmentos do seu existir.
Dicotomia sonho/realidade
Dados biográficos
Características
O sensacionismo
Alberto Caeiro é o poeta do olhar que ensina a simplicidade da vida. Busca ver as coisas como
são, na sua forma mais primitiva e natural. Faz a apologia da visão como valor essencial (a
ciência do ver). Para Caeiro, ver é conhecer e compreender o mundo, a visão é um modo de
conhecimento privilegiado, pois permite percecionar a imensidão do mundo, superando a
dimensão física limitado do sujeito.
50
Alberto Caeiro nasceu em 1889, em Lisboa, passou a sua vida no campo e, por isso te, uma
fraca escolaridade. É o heterónimo mais inconsciente e valoriza muito as sensações.
Ao longo da sua poesia, Alberto Caeiro, ensina a simplicidade da vida, deste forma vê as coisas
de uma forma mais simples e natural. A sensação que dá mais valor é a visual, porque afirma
que, ver é conhecer e compreender o mundo de uma forma privilegiada, como podemos
observar no verso “Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la”.
Alberto Caeiro, afirma que o mundo não necessita de explicações e recusa o pensamento.
Defende que, através do pensamento gera-se infelicidade, por isso acredita que todas as coisas
são diferentes se as virmos através dos olhos e podemos ver assim, a realidade concreta.
Observamos isto, no verso “Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais”.
Concluímos então, que Alberto Caeiro é um sensacionista, que viveu sempre a vida da forma
mais simples, pois acreditava que só assim conseguia ser feliz.
Ricardo Reis
Dados biográficos
O estoicismo
O epicurismo
51
O classicismo
Recurso à mitologia
Tom moralista (uso do imperativo)
Simbologia
Sintaxe alatinada, frequentemente com a inversão da ordem lógica
O neopaganismo
Características temáticas
Na sua poesia, observamos a presença de símbolos clássicos, como o rio, que representa a
passagem do tempo e as flores, que simbolizam a efemeridade da vida. Temos também,
presente os deuses da mitologia grega, como comprova o verso “As rosas amo dos jardins de
Adónis”.
52
Ricardo Reis defende que, a vida tem de ser vivida com calma e tranquilidade (estado de
ataraxia), de modo a gozar o momento (“Carpe diem”). O verso “Sem amores, nem ódios, nem
paixões que levantem a voz”, comprova a indiferença que, Ricardo Reis apresenta em relação
ao amor e envolvimento sentimental com as pessoas, porque assim sabe apreciar o prazer das
coisas, sem preocupações e esforço.
Em suma, Ricardo Reis afirma que, temos de aceitar a morte, pois já está no nosso destino e,
nada podemos fazer para contrariar. Por isso, defende que podemos ser felizes se vivermos de
acordo com o destino.
Álvaro de Campo
Dados biográficos
O decadentista tem como principal característica a visão pessimista do mundo. Durante essa
fase, os poemas de Álvaro de Campos evidenciaram certo tédio e uma necessidade pungente
de novas sensações. Essa necessidade de fuga à monotonia foi marcada por símbolos e
imagens, características que aproximaram os poemas de Álvaro de Campos ao Romantismo e
ao Simbolismo. A sua principal obra é a Ode Triunfal.
Durante essa fase, os poemas foram influenciados pelo futurismo. É possível perceber o
fascínio pelas máquinas e pelo progresso nos poemas futuristas de Campos, fase que pode ser
ilustrada a partir da leitura dos poemas Ode Triunfal e Ode Marítima.
O Futurismo O Sensacionismo
53
Tédio existencial
Desalento, cansaço e abulia
Angústia e frustração
Solidão e isolamento
Dificuldade de socialização
Desajustamento face ao presente, à realidade e aos outros
Dor de pensar
Tom introspetivo e pessimista
Presente Passado
Exaltação e euforia (fase futurista e Felicidade
sensacionista) Boas memórias
Desilusão e angústia (fase abúlica)
Nostalgia da infância
Na primeira parte (Decadentista), o poeta tem uma visão pessimista do mundo e procura novas
sensações, como forma de fugir à monotonia da vida, os poemas, nesta fase evidenciam uma
desilusão e tédio de viver. A sua principal obra nesta fase é a “Ode Triunfal”.
Na segunda parte (Futurista/ Sensacionista), Álvaro de Campos sente uma excitação e euforia
emocional pelas máquinas, porque é influenciado pelo futurismo. É visível também uma
expressão excessiva das sensações. Observamos tudo isto através da “Ode Triunfal” e da “Ode
Marítima”. O verso “Em fúria fora e dentro de mim”, comprova o nervosismo e euforia de
Álvaro de Campos, quando escreve sobre as máquinas.
Na terceira fase (Pessimista), Álvaro de Campos apresenta-nos poemas com uma dicotomia
Presente/ Passado, devido à nostalgia da infância. No presente, Álvaro de Campos apresenta-se
54
angustiado e desiludido, e no passado este era feliz, porque era inconsciente, como podemos
ver no verso “No tempo em que festejávamos o dia dos meus anos”.
Em suma, Álvaro de Campos apresenta ao longo da sua poesia uma irregularidade emocional,
sendo sempre presente as sensações ao longo da sua vida.
O Sebastianismo
O herói coletivo
O povo português é movido pelo sebastianismo, pode ser novamente grandioso e superior.
Este heroísmo está espelhado em figuras históricas, que Pessoa refere e caracteriza, lembra e
exalta, para despertar o português do século XX dessa dormência, sonolência e apatia.
Exaltação patriótica
55
Poemas da 1ª Parte:
Ulisses – foi uma das figuras míticas que chegaram ao nosso tempo através dos dois grandes
relatos de Homero: a Ilíada e a Odisseia. A tradição posterior coloca Ulisses como fundador de
Lisboa. Pessoa identifica aqui na mensagem a raiz do mito que conhece depois a realidade, ou
seja, um mito que apesar de ser nada é tudo.
Viriato – Acredita-se que Viriato tenha nascido antes de 146 a. C. De pastor passou a líder dos
Lusitanos, deu guerra aos Romanos, sempre mostrando bravura no campo de batalha e muita
astucia na estratégia militar. Foi morto pelos seus próprios colegas a mando dos Romanos.
Inconscientemente tem o poder, mas não sabe o que fazer com ele. – ‘Que farei eu com esta
espada?’
O conde D. Henrique ergueu a espada e a ação seguinte foi vontade de Deus. ‘Fez-se’.
56
D. Tareja – Conhecida por D. Teresa de Leão. Infanta do reino de Leão e condessa do Condado
Portucalense, governando-o como rainha. Mãe de D. Afonso Henriques e esposa do Conde D.
Henrique. Remete-nos para o Início e eventual fim de uma nação, ou seja, início com o
nascimento de D. Afonso Henriques e por tudo que o seu pai conseguiu conquistar e fim
devido à relação entre D. Teresa e o rei de Castela.
Este poema transmite-nos um pedido de salvação evocando ambos os reis, (Conde D. Henrique
e D. Afonso Henriques).
D. Afonso Henriques - O sujeito poético dirige-se ao rei D. Afonso Henriques, "Pai" (da
nacionalidade) - apóstrofe - dizendo-lhe que foi cavaleiro, que lutou pela nacionalidade
portuguesa e que "hoje a vigília é nossa", é a nossa vez de prosseguirmos a luta para um
destino maior, por isso, o sujeito lírico pede ao rei que nos dê a sua "inteira força", o seu
"exemplo inteiro".
Os "novos infiéis" são as pessoas que, na opinião de Fernando Pessoa, criavam obstáculos, ou
poderiam vir a criá-los, ao destino glorioso que ele sonhava para Portugal.
D. Dinis – ‘Rei Lavrador’ ou ‘Rei Poeta’, foi o sexto rei de Portugal ficou principalmente
conhecido por fundar a Universidade de Coimbra, (pois era um grande amante das artes e das
letras, sendo também um trovador, ou seja, escreveu várias Cantigas de amigo) e mandar
plantar o Pinhal de Leiria.
Pessoa considera-o um rei visionário, pela plantação do Pinhal de Leiria, pois aproxima os
elementos terra e mar, ou seja, a plantação do pinhal traz muita madeira para a construção das
naus.
D. João o Primeiro – (Pai do Infante D. Henrique) D. João ficou lembrado como o ‘O de Boa
Memória’, foi aclamado rei de Portugal em 1383, D. João era o ‘Mestre de Avis’. Em 1383, com
28 anos, matou o Conde Andeiro (rei de Castela Juan Fernández), pondo fim a uma conspiração
na corte que pretendia entregar o trono português a Espanha. Com o seu desejo de
independência em 14 de agosto de 1385, as tropas comandadas por Nuno Álvares Pereira
derrotam os espanhóis. Um grande homem e guerreiro que fez de tudo para salvar o país.
A antítese ‘eterna chama’/’sombra eterna’, pretende dar a ideia de que D. João I nunca será
esquecido e estará sempre vivo na memória de todos os portugueses (‘eterna chama’). No
entanto, ele fisicamente já não está entre nós, está morto (‘sombra eterna’).
57
- São cinco, porque Pessoa fala de mártires e tinham de ser cinco, por ser esta uma obra
repleta de simbolismo de origem cristã;
- Os mártires sofrem e quem mais sofreu foi Jesus Cristo, ele é o símbolo máximo do
sofrimento e as chagas a representação vivida e horrenda da sua dor e determinação.
"A regra de ser Rei almou meu ser"- A disciplina de ser rei encheu a minha vida (isto é, como D.
Duarte viveu o fim do seu curto reinado no remorso das consequências da falhada expedição a
Tânger e da prisão do irmão Fernando não tinha prazer na vida, dedicando-se inteiramente ao
dever da governação). Esse remorso é a razão da frase do poema: "firme em minha tristeza".
D. Pedro, Regente de Portugal - O poeta começa por descrever D. Pedro como um homem
honesto, harmonioso e extremamente inteligente que sabia o que queria e como atingir os
seus objetivos. D. Pedro dava mais importância aos valores morais, à honra, à dignidade, ao
compromisso e à justiça do que aos bens materiais.
O poeta afirma que o destino não podia proteger D. Pedro, uma vez que este nunca tinha sido
rei, embora o poeta o elogiasse como tal.
D. Sebastião, Rei de Portugal – O rei que morreu na terra, mas nasceu para o mito com a
promessa de volta para conduzir a Nação à glória, O Quinto Império.
A palavra ‘intervalo’ referida por Pessoa neste poema, tem como objetivo apresentar a morte
como algo transitivo, ‘Para o intervalo que esteja a alma’. Por isso não é um estado permanente
(a morte), mas sim de transição, uma passagem da vida que conhecemos, para outra vida
futura.
Personagem da Coroa
A Coroa simboliza
58
D. Nuno Álvares Pereira – Fernando Pessoa iguala D. Nuno a um santo, um guerreiro. É a luz no
meio da escuridão.
Poemas da 2ª Parte
Poemas da 3ª Parte
CONTOS
59
também caracterizado como fraco, pois bebe demais devido à sua grande frustração.
Contudo, com a compra da telefonia, este ganha ânimo, vitalidade e gosto pela vida.
Mulher do Batola (não se sabe o nome, porque importa mais o seu papel na obra do
que a sua identidade) – É apresentada como contraste com o retrato do marido, isto é,
em oposição ao Batola, ela era serena, dinâmica, muito trabalhadora, organizada,
sensata. Esta personagem domina em casa e na loja. Fisicamente, é uma mulher alta,
com rosto “ossudo" e olhos negros.
Relação entre Batola e a mulher - possuem uma relação matrimonial que é marcada
por um grande vazio e pela frieza entre ambos, vivem sempre em tensão, ira e revolta,
o que origina a violência (agressões de Batola à mulher). No final, o relacionamento é
modificado com a introdução da telefonia.
O Velho Rata – é o companheiro de Batola. Aparece como mendigo e viajante, o que o
autor utiliza como contraste para a imobilidade de Batola, percorre o Alentejo e traz
sempre notícias de fora para a aldeia. Esta personagem recebe um final trágico, pois
suicida-se a partir do momento que já não pode viajar.
Ceifeiros e os restantes habitantes (personagem coletiva) – As suas condições de vida
são difíceis e não têm esperança para uma vida melhor, pois sentem-se incapazes de
escapar a uma vida monótona e pobre. Os ceifeiros trabalham constantemente,
enquanto os aldeões tornam-se mais humanos com a chegada da telefonia.
O vendedor de telefonia – Personagem elegante, afável, cativante, convincente e
calculista.
Espaço físico
É a planície alentejana que rodeia a aldeia da Alcaria e acaba por ser propício ao espaço
psicológico, pois é a partir do espaço desértico que as personagens pensam e se transportam
psicologicamente para outros lugares.
Espaço sociopolítico
Espaço sociopolítico é o de uma aldeia cuja sociedade, feita de ceifeiros, não convivia, não
dialogava, nem se divertia por estar geograficamente muito distante de grandes cidades e
mergulhada num quotidiano maquinalmente dividido entre campos e casa. A telefonia
aproxima metaforicamente os camponeses do resto do mundo, numa época histórica marcada
pela ditadura do Estado Novo.
Resumo do conto
Este conto relata a solidão da velhice nos povos do interior, como sendo o caso de Batola, o
chapeirão redondo, pobre, sozinho e sempre a beber vinho, e da sua mulher, uma senhora
bastante diferente dele, alta e robusta, que abre a venda de manhã e atende todos os
fregueses. Batola era um homem baixo, carrancudo, que passa os seus dias sentado no banco
em frente à venda, onde só apareciam ceifeiros, já cansados e exaustos da faina, que recolhem
para as suas casas. Era uma rotina, uma solidão imensa.
No meio da sua monotonia desolada, Batola recorda o seu amigo, o velho Rata, a sua única
companhia, um mendigo que se suicidara.
Numa tarde, ouviu-se um motor, coisa que não se ouvia há muito tempo na aldeia. Era um
carro, com dois homens, um de fato de ganga e outro muito bem vestido. Era um vendedor e o
seu motorista, que pararam em frente à venda de Batola para pedir uma bilha de água.
60
Puseram-se à conversa e é então que, o vendedor pede a Calcinhas, o motorista, para tirar a
“caixa” do modelo pequeno. Um rádio. Este diz-lhe que quando quisesse, podia ouvir música
toda a noite e todo o dia, canções, fados e guitarradas, e até noticias da guerra.
Batola, surpreendido e apaixonado pelo aparelho, pondera comprá-lo, mas a sua mulher diz-
lhe que se o fizer, ela sai de casa. É uma escolha que ele tem de fazer. O vendedor, apressado,
sugeriu-lhes que, se ao prazo de 1 mês não o quisessem, poderiam devolvê-lo a preço zero. A
mulher concordou, e a partir daquele dia, todos se reuniam para ouvir as canções, comentar as
notícias de última hora, e assim por diante.
O velho Batola, antes sozinho e vivendo uma vida em que as horas passavam devagar,
renasceu. Acordava cedo para vender coisas aos fregueses e fazia notar a sua vivacidade, a sua
vontade de saber mais. Nunca algo deste género tinha acontecido na aldeia. Por contradição, a
sua mulher, refugiou-se em casa, e ninguém soube dela durante o mês inteiro. O tempo passou
tao rápido, que o final do mês chegara e Batola tivera se esquecido de tentar convencer a
mulher.
O conto termina com Batola, a guardar o aparelho e a sua mulher, ternuramente, a dizer-lhe
“Olha… Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia neste
deserto.”
Conclusão:
Este conto ajuda-nos a ter um pequeno vislumbre de como era viver a informação (e algum
entretenimento) antes do advento da televisão. E de como a solidão, pessoal ou de uma
comunidade, podia ser de certo modo confortada por um simples aparelho.
2. “Famílias desavinda”
Esta é a história de duas famílias, “famílias desavindas”: uma galega, de membros semaforeiros
(semáforos movidos a pedal), e a outra de médicos oriundos de Coimbra, vivendo as duas
famílias no Porto.
A história desta família de semaforeiros tem início com o galego Ramon (Primeira Grande
Guerra), tendo sido substituído pelo filho Ximenez (Segunda Grande Guerra), que por sua vez
veio ser substituído pelo seu filho Asdrúbal (pouco depois da Revolução de Abril, em 1974).
O encontro entre as duas famílias de semaforeiros e médicos teve lugar logo na primeira
geração, quando o Dr. João Bekett pôs em causa o trabalho de Ramon. Depois disto, Ramon
começou a dificultar a passagem ao doutor.
Deste episódio entre Ramon e o Dr. Bekett nasce uma rivalidade entre os respetivos
descendentes:
João Beket (filho) / Ximenez (filho): “Herdou o ódio ao semáforo e passava grande
parte do tempo à janela, a encandear Ximenez com um espelho colorido”
Jovem Paulo (neto) / Asdrúbal (neto) “O médico passava e rosnava “Sus, galego”. E
Asdrúbal, sem parar de dar ao pedal: “Xó, magarefe!”
Paulo (neto) / Paco (bisneto): “Arrenego de ti, galego!” Isto foi assim com Asdrúbal e,
mais recentemente, com Paco. Quando aconteceu o acidente: Ao proceder a um
61
roubo por esticão um jovem que vinha de moto teve uns instantes de desequilíbrio,
raspou por Paco e deixou-o estendido no asfalto.
A partir do acidente: Paulo ajuda Paco e, enquanto este não regressa do hospital, substitui-o no
semáforo: “Enganar-se-ia quem dissesse que o semáforo ficou abandonado. Uma figura de
bata branca está todos os dias naquela rua, pedalando, até à exaustão. É o Dr. Paulo cheio de
remorsos, que quer penitenciar-se, ser útil, enquanto Paco não regressa.
“Um autarca do Porto” subornado com vinho de Bordéus para trazer um projeto
ridículo à cidade (já recusado por Paris e Lisboa).
O concurso cómico que procurava “concorrentes que soubessem andar de bicicleta”,
acabando por contratar “um galego chamado Ramno, que era familiar do proprietário
dum bom restaurante e nunca tinha pedalado na vida.” (favoritismo e compadrio).
Os médicos ignorantes (mas com uma fama vinda de gerações anteriores), arrogantes e
malicioso. O pai Bekett andava pelas ruas, tentando chamar clientes, inventando-lhes
supostas doenças; o filho, Dr. João, que orientava sempre os doentes para um colega
porque sabia que o sei diagnóstico era errado; o neto, Dr. Paulo, que desenrolava
teorias decoradas e memorizadas, mas nada sabia de prática médica.
A heranças de desencontros e incidentes do passado, que leva a inimizades e a ódios
ilógicos, situação que afeta não só estas famílias, mas sociedades e nações à escala
global.
3. “George”
Resumo do conto
62
É com o regresso à sua terra natal, depois de 20 anos de ausência, que surge a
convivência imaginaria entre a George adulta, a Gi adolescente e a Georgina “velha”
George:
Gi – reencontro à saída da estação, quando George vem para vender a casa da família
(falecidos já os seus pais) – diálogo imaginado que mostra ao leitor a menina de outrora,
indecisa entre ficar na terra e sair de casa; referencia a um namorado antigo (Carlos) e ao
enxoval que a mãe lhe andava a fazer para ser uma mulher igual a tantas outras, votada à lida
da casa. Gi termina esse diálogo e “sorri o seu lindo sorriso branco de 18 anos. Depois ambas
dão um beijo rápido, breve, no ar não se tocam, nem tal seria possível, começam a mover-se
ao mesmo tempo, devagar (…) Vão ficando longe, mais longe. E nenhuma delas olha para trás “.
Este diálogo maginado, repleto de memorias, esta sempre rodeado de um “ar queimado”, que
George continuamente sente.
As 3 idades da vida:
Gi: a obediência aos pais, o conflito de gerações – pais incultos e ligados à terra natal Versus
filha ambiciosa que quer uma vida melhor e liberdade, por isso emigra, deixando tudo para
trás.
Idade adulta
George: o tempo atual, da realização pessoal, profissional e amorosa (George conseguiu ter
sucesso como pintora, o que lhe deu bons rendimentos e liberdade para ir vivendo os seus
amores).
Velhice
Georgina: o que considera “um crime” – “o único sem perdão”, pois o espelho será implacável
e dir-lhe-á a verdade: está fisicamente enrugada, decrépita e vive até à morte na sua “casa
mobilada”
63
Realidade – George com 45 anos a fazer a viagem de comboio até a sua terra natal em
Portugal; George no regresso a Amesterdão
Memória – lembranças do passado, da sua antiga vida, da família (através do
reencontro e diálogo imaginários com Gi), outras lembranças que vão desaparecendo,
à medida que o comboio se afasta da estação onde entrou. Lembranças do futuro,
prevendo-se velha (Georgina) e refletindo sobre o que terá acontecido dos 45 até aos
70 anos.
Imaginação – apesar de fisicamente não conversar com Gi nem com Georgina, da sua
imaginação resulta a verdade de uma realidade – a vida nas suas 3 grandes idades,
juventude, idade adulta e velhice. É a partir desta elação Imaginação e Realidade que
Maria Judite de Carvalho consegue caracterizar cada uma dessas fases da vida,
totalmente reais e irreversíveis
Tudo começa com uma crescente insatisfação com a vida pacata, vivida numa família
com poucos recursos e ausência de cultura/de conhecimento do muno. Daí surge a
sensação de incompreensão e a luta pela autonomia e pela liberdade.
O escape/ a evasão pelo desenho, durante a juventude com os pais, como único meio
de libertação.
Durante a idade adulta, George tenta livrar-se de tudo o que a prenda a algum lugar, o
que se nota no facto de gostar de vender os seus livros, estando sempre pronto a sair
para qualquer outro muno, sem amarras.
Nesta faze, a complexidade manifesta-se também pelo constante mudar de sítio, de
aspeto físico, de namorados, pelo casamento, divórcio e recomeço de outras (e novas)
formas de viver.
Na velhice, esta complexidade fica demonstrada, pelo inevitável reconhecimento da
decrepitude física (o espelho não engana), da vida agora sem grandes objetivos e do
regresso a uma “casa mobilada” (símbolo de estabilidade), esperando,
resignadamente, a morte.
POETAS CONTEMPORÂNEOS
64
Futurismo e contemporaneidade
Tradição Abordagem de temas: o amor, a nostalgia da infância, a natureza, a
literária complexidade da natureza humana
O poeta fragmentado/despersonalizado
O sofredor
Figurações do A consciência/inconsciência, a razão/o pensamento
poeta Existencialismo
Niilismo
A dureza inerente ao ato de escrever
Arte poética O poema como parte do próprio corpo humano
O poema como espelho da Natureza, das sensações
Miguel Torga
- Tradição literária: temas ligados à condição humana, como por exemplo, homem/mundo,
homem/criação poética, homem/Deus
- Arte poética: processo de criação como algo rigoroso e que implica sofrimento
Eugénio de Andrade
- Figurações do poeta: a temática amorosa, quer na vertente maternal quer na vertente sexual
65
Na obra:
Linguagem e estilo
66
1. Intertextualidade
Principais referências:
É abolido o uso de travessão no discurso direto e dos dois pontos, sendo substituídos
pelas virgulas e pontos finais
Uso dos recursos: anáforas, antíteses, comparações, enumerações, ironia, metáforas e
trocadilhos
Criação de neologismos
Espaços na obra
Espaço social:
Tempo da história
67
Simbologia
Elementos
Personagens
68
Personagens
1. Personagens históricas:
Infanta D. Maria Bárbara – filha primogénita do casal real (D. Maria Ana Josefa e D.
João V). Tem «cara de lua cheia» é bexigosa e feia, mas «boa rapariga, musical a
quanto pode chegar uma princesa». Casa aos 17 anos com o infante D. Fernando de
Espanha, pelo que não chega a ver sequer o convento erigido em honra do seu
nascimento...
Infante D. Francisco – irmão de D. João V. É um homem sem escrúpulos que cobiça o
trono e a esposa do rei, bem como se entretém a provar a sua boa pontaria de
espingarda nos marinheiros que estão nos barcos ancorados no Tejo...
João Frederico Ludovice – arquiteto alemão, contratado para construir o convento de
Mafra que «sabe que uma vida, para ser bem-sucedida, haverá de ser conciliadora,
sobretudo por quem viva entre os degraus do altar e os degraus do trono»
Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão – imbuído de um espírito aberto e
despreconceituoso, movimenta-se na corte e na academia de Coimbra. Acalenta o
sonho de um dia voar, daí o seu projeto da «passarola», apoiado por el-rei D. João V de
quem é amigo. Mantém, do mesmo modo, laços de profunda amizade com Baltasar e
Blimunda, que o ajudam na construção da «máquina voadora», e com quem, segundo
as suas palavras, forma «uma trindade terrestre, o pai, o filho e o espírito Santo» que
corporiza o sonho e o empenho tornados realidade, a par da desgraça, também la
partilhada (loucura e morte, em Toledo, de Bartolomeu de Gusmão, morte de Baltasar
no auto de fé e solidão de Blimunda).
- Pelo contrário, a caracterização das personagens ficcionais, a quem o narrador confere maior
relevo, reveste-se de um tom francamente positivo e valorativo, tanto mais que pertencem na
sua maioria a um grupo social desfavorecido e, muitas vezes, explorado pela classe do poder.
69
2. Personagens ficcionais:
Blimunda Sete Luas – quando inicia o romance tem 19 anos. É um elemento mágico,
de grade espiritualidade que consegue ver por dentro das coisas e das pessoas,
permitindo-lhe compreender a essência e as verdades mais profundas do mundo. As
suas capacidades como vidente conferem-lhe uma sabedoria muito própria, cheia de
sensualidade e amor verdadeiro que partilha com Baltasar. Está presente no auto de fé
e participa no projeto da passarola, partilhando assim o sonho de Padre Bartolomeu e
de Baltasar, esta tem a função de recolher as vontades que farão a passarola voar. A
sua relação com Baltasar é predestinada, ultrapassando as regras e os códigos
estabelecidos. Após o desaparecimento de Baltasar, Blimunda procura-o por 9 anos,
acabando por o encontrar num auto de fé, onde este morre, e ela lhe recolhe a
vontade.
Baltasar Sete Sóis – é uma das figuras centrais do romance e aparece, no início com 26
anos, vindo da guerra de Espanha, escorraçado por já não ter a mão esquerda, não
servindo para nada. Simbolicamente representa a metáfora da mudança da evolução
do ser humano em direção da sua plena realização. Com Blimunda viveu um romance
pleno, puro, verdadeiro e cúmplice, à margem das regras e convenções sociais e
religiosas, mas ausente de qualquer mancha de pecado. Com o Padre Bartolomeu
atinge a sua plena realização enquanto ser humano, atingindo também a dimensão
espiritual e divino ao voar na passarola. Acaba por morrer queimado num auto de fé,
ao fim de 9 anos desaparecido.
Sebastiana Maria de Jesus – mãe de Blimunda, condenada a ser açoitada em público e
ao degredo por ter «visões e revelações». Ao avistar a filha no meio da multidão que
assiste à procissão dos sentenciados pelo Santo Ofício, de quem também faz parte,
interroga-se sobre a identidade do homem ao lado da filha.
Marta Maria – mãe de Baltasar, é quem recebe o «filho pródigo» e Blimunda em sua
casa, quando estes vão pela primeira vez juntos a Mafra.
João Francisco – pai de Baltasar, é um homem do povo cuja substância reside na
agricultura.
Inês Antónia – irmã de Baltasar, mãe de dois filhos, que sofre a morte do rapaz mais
novo, com pouco mais de dois anos.
Álvaro Diogo – cunhado de Baltasar. Trabalha como pedreiro nas obras do convento,
onde virá a falecer devido a uma queda fatal de um muro de trinta metros.
João Elvas – homem do povo e antigo soldado, com quem Baltasar trava amizade ao
chegar a Lisboa.
Os trabalhadores do convento – personagem coletiva, cuja «força bruta» e esforço
desmedido são explorados de forma desumana.
LINHAS DE AÇÃO
70
Capítulo I
Relação Rei/Rainha e a promessa da construção do convento em Mafra
Apresentação de um facto histórico: propósito da construção de um convento
franciscano em Mafra;
Narração satírica das motivações desta intenção: promessa do rei D. João V de
construir um convento, caso a esposa, D. Maria Ana Josefa, lhe desse um herdeiro;
Sonhos de D. Maria Ana e de D. João V com o futuro descendente…
Capítulo II
Os milagres conseguidos pelos franciscanos e o seu desejo na construção do convento
“O célebre caso da morte de Frei Miguel da Anunciação” que conserva o corpo intacto;
A locomoção da imagem de Santo António, numa janela, que assustou os ladrões;
A recuperação das lâmpadas do convento de S. Francisco de Xabregas, que tinham sido
roubadas…
A gravidez da rainha;
O desejo dos franciscanos, desde 1624, de construção de um convento em Mafra.
Capítulo III
A situação socioeconómica: excesso de riqueza/ extrema pobreza
Os excessos do Entrudo e a penitência da Quaresma;
A impostura de alguns penitentes que “têm os seus amores à janela e vão na procissão
menos por causa da salvação da alma do que por passados ou prometidos gostos do
corpo”;
A devoção das mulheres que, com a liberdade de percorrerem as igrejas sozinhas,
aproveitam, muitas vezes, para encontros com os amantes secretos;
A situação da rainha que, grávida, só podia sonhar com o cunhado D. Francisco;
A sátira a “mais uns tantos maridos cucos…”.
Capítulo IV
71
Capítulo V
O auto de fé no Rossio e o conhecimento travado entre Baltasar, Blimunda e o padre
Bartolomeu
A rainha D. Maria Ana, no quinto mês de gravidez, não pode assistir ao auto de fé;
Descrição de um auto de fé e os condenados pelo Santo Ofício;
A mãe da Blimunda, Sebastiana Maria de Jesus, acusada de ser feiticeira e cristã-nova,
“condenada a ser açoitada em público e a oito anos de degredo no reino de Angola”;
O encontro com o padre Bartolomeu Lourenço e Baltasar Mateus, o Sete- Sóis;
O convite de Blimunda para Baltasar permanecer em sua casa até voltar a Mafra;
O ritual do casamento e a consumação do amor entre Baltasar e Blimunda.
Capítulo VII
Nascimento da filha de D. João V, Maria Bárbara
Apesar de alguma deceção do rei, por não ser um menino, mantém a promessa de
construir o convento.
Capítulo VIII
Os poderes de Blimunda em ver dentro dos corpos
O mistério de Blimunda que come pão de olhos fechados e possui o poder de olhar
dentro das pessoas;
A prova do poder de Blimunda que, ainda em jejum, sai à rua com Baltasar.
Nascimento do segundo filho de D. João V, o infante D. Pedro
Escolha do alto da Vela em Mafra para edificar o convento
Capítulo IX
Mudança de Baltasar e Blimunda para a abegoaria na quinta do duque de Aveiro, em S.
Sebastião da Pedreira;
Continuação da construção da passarola voadora pelo padre Bartolomeu, por
Blimunda e Baltasar.
O padre Bartolomeu parte para a Holanda, enquanto Sete-Sóis regressa a Mafra, a casa
dos pais, acompanhado de Blimunda
Tourada no Terreiro do Paço com Baltasar e Blimunda na assistência, antes de partirem
para Mafra;
Partida para Mafra de Blimunda e Baltasar.
Capítulo X
72
Capítulo XI
Regresso do padre Bartolomeu, que deseja que Blimunda consiga armazenar éter
composto de “vontades”
Bartolomeu é recebido em casa do pároco de Mafra, Francisco Gonçalves, perto da
casa de Sete-Sóis;
Em conversa com Blimunda e Baltasar, fala-lhes da descoberta na Holanda, de que o
éter se encontrava na “vontade” de cada um;
O padre pede a Blimunda que olhe dentro das pessoas e encontre essa “vontade”, que
é como uma nuvem fechada.
Capítulo XII
Em Mafra, Blimunda comunga em jejum, pela primeira vez; e vê na hóstia “uma nuvem
fechada”;
O padre Bartolomeu pede, por carta, a Baltasar e Blimunda que regressem a Lisboa;
Uma tempestade, comparável ao “sopro do Adamastor”, destruiu a igreja de madeira,
construída especialmente para a cerimónia da inauguração dos alicerces, mas foi
reerguida em dois dias, o que passou a ser visto como um milagre;
Inauguração da primeira pedra do convento, a 17 de novembro de 1717
17 De novembro de 1717: procissão e bênção da primeira pedra;
Regresso de Baltasar e Blimunda a Lisboa, onde começam a trabalhar na passarola
Reflexão do narrador sobre o amor “das almas, dos corpos e das vontades”.
Capítulo XIII
Baltasar e Blimunda constroem a forja;
O padre Bartolomeu diz a Blimunda que são necessárias pelo menos duas mil
“vontades”;
8 De junho de 1719: a procissão do Corpo de Deus;
Enumeração dos participantes e discrição com comentários irónicos;
Monólogos cheios de sarcasmo do patriarca e de el-rei.
Capítulo XIV
73
Capítulo XV
A epidemia da cólera e da febre-amarela e a recolha das “vontades” por Blimunda
O padre Bartolomeu pede a Blimunda que aproveite a ocasião para recolher as
vontades que se libertam do peito dos moribundos;
Depois de cumprida a tarefa, Blimunda fica doente;
Ao toque de cravo de Scarlatti, Blimunda recupera a sua saúde;
Com as vontades recolhidas e a máquina de voar pronta, o padre Bartolomeu precisa
de avisar el-rei.
Capítulo XVI
O duque de Aveiro recupera a Quinta de S. Sebastião da Pedreira, pois ganha a
demanda com a coroa;
A concretização da viagem da passarola voadora, com o padre Bartolomeu, Baltasar e
Blimunda
O padre Bartolomeu descobre que o Santo Ofício já estava à sua procura;
Os três, depois de retirarem o telhado da abegoaria e colocarem tudo o que possuem
dentro da máquina, decidem levantar voo;
Scarlatti, que chegara a tempo de ver a máquina subir, senta-se ao cravo e toca uma
música, antes de atirar o instrumento para dentro do poço;
Os três sobrevoam a vila de Mafra; mas, com dificuldades de navegação por falta de
vento, têm de aterrar;
O padre Bartolomeu, por emoção ou medo, tenta incendiar a máquina, sendo
impedido por Baltasar e Blimunda;
O padre parte sozinho mata adentro;
Blimunda e Baltasar escondem a máquina sob a ramagem e partem na mesma direção:
“Isto aqui é a serra do Barregudo, lhes disse um pastor, e aquele monte além… é
Monte Junto.”;
Chegam a Mafra depois, quando uma procissão celebra o milagre que julgavam ser
uma aparição do Espírito Santo, e que mais não fora do que a máquina voadora.
Capítulo XVII
O regresso de Baltasar com Blimunda a Mafra, onde começa a trabalhar nas obras do
convento, e anúncio da morte do padre Bartolomeu em Toledo
Baltasar inicia o seu trabalho de carreiro nas obras do convento;
O andamento das obras do convento;
Notícias do terramoto de Lisboa;
Dois meses depois de ter chegado a Mafra, regresso de Baltasar a Monte Junto, onde
haviam deixado a máquina de voar;
Manutenção da máquina;
Domenico Scarlatti em casa do visconde;
74
Capítulo XVIII
Caracterização dos gostos reais e dos trabalhadores em Mafra
Visão irónica e depreciativa de Portugal;
Esforços colossais e vítimas causadas pela construção do convento;
Outros relatos de histórias pessoais: Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim da
Rocha, Manuel Milho, João Anes e Julião Mau- Tempo.
Capítulo XIX
Baltasar torna-se boieiro e participa no carregamento da pedra do altar (Benedictione),
verificando-se, durante o transporte, o esmagamento de um trabalhador
A azáfama na construção do convento;
Baltasar passa de carreiro a boieiro ajudado por José Pequeno;
Transporte, de Pêro Pinheiro até Mafra, de uma imensa pedra: “Entre Pêro Pinheiro e
Mafra gastaram oito dias completos. Quando entraram no terreiro… toda a gente se
admirava com o tamanho desmedido da pedra, tão grande. Mas Baltasar murmurou,
olhando a basílica, tão pequena.”;
Morte do trabalhador Francisco Marques, que acabou esmagado sob uma roda de um
carro de bois.
Capítulo XX
Blimunda acompanha Baltasar ao Monte Junto. Depois de lá passarem a noite,
Blimunda ainda em jejum, procura certificar-se de que as vontades ainda estavam
guardadas dentro de cada uma das duas esferas;
Renovação da máquina voadora em Monte Junto;
Viagem de regresso;
Morte de João Francisco, pai de Sete- Sóis.
Capítulo XXI
Decisão de D. João V de que a sagração do convento de fará em 22 de outubro de
1730, data do seu aniversário
D. João V manifesta o desejo de construir em Portugal uma basílica como a de S. Pedro
em Roma;
Chama o arquiteto João Frederico Ludovice (ou Ludwig) para executar tal tarefa, ma
este diz-lhe que o rei não viveria o suficiente para ver a obra concluída;
Decisão de D. João V: ampliar a dimensão do projeto do convento de 80 para 300
frades;
Com “medo de morrer”, D. João V decide que a sagração da basílica de Mafra seja a 22
de outubro de 1730 (dia do seu aniversário);
Recrutamento em todo o reino operários para Mafra;
Escolha dos homens como tijolos.
Capítulo XXII
75
Capítulo XXIII
Baltasar vai ao Monte Junto e desaparece com a passarola
Transporte de várias estátuas de santos para Mafra;
A viagem de trinta noviços, do convento de S. José de Ribamar, em Algés, para Mafra;
Baltasar decide ir sozinho ao Monte Junto verificar o estado da passarola;
A máquina inesperadamente levanta voo quando Baltasar “entrou na passarola” para a
reparar.
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Durante nove anos Blimunda procura Baltasar e vai encontrá-lo em Lisboa a ser
queimado num auto de fé
Blimunda procura Baltasar por todas as partes do país;
Em 1739, onze “supliciados”, entre eles António José da Silva, encontram-se a caminho
da fogueira num auto de fé, na praça do Rossio;
Estava lá também Baltasar e, quando está para morrer, a sua “vontade” desprende-se e
é recolhida dentro do peito de Blimunda.
76
77
GRAMÁTICA
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96