Geotecnologias Aplicadas Na Avaliação Da Vulnerabilidade
Geotecnologias Aplicadas Na Avaliação Da Vulnerabilidade
Geotecnologias Aplicadas Na Avaliação Da Vulnerabilidade
JERÔNIMO MONTEIRO - ES
ABRIL - 2019
ALESSANDRA CUNHA LOPES
JERÔNIMO MONTEIRO - ES
ABRIL - 2019
"A multidisciplinaridade e a integração harmônica de uma equipe correspondem ao
sucesso de um trabalho em conjunto"
DEDICO
AGRADECIMENTOS
AA - Análise de Agrupamentos
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACP - Análise de Componentes Principais
ACC - Análise de Correlação Canônica
AF - Análise Fatorial
AF - Attenuation Factor
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APHA - American Public Health Association
ANA – Agência Nacional das Águas
APP – Área de Preservação Permanente
CE50 - Concentração Efetiva
CENO – Maior Concentração de Efeito não Observado
CEO - Menor Concentração de Efeito Observado
CI25 – Concentração de Inibição
CL50 - Concentração Letal Mediana
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO – Demanda Química de Oxigênio
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations
HGZ - Head Guided Zonation
IDAF – Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal
IEMA - Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
IFES - Instituto Federal do Espírito Santo
INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry
GAGEN - Geotechnology Applied to Global Environment
GUS - Groundwater Ubiquity Score
LIX - Leaching Index
MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
RF - Retardation Factor
SIG – Sistema de Informação Geográfica
SWAT - Soil and Water Assessment Tool
TLPI - Temperature Leaching Potential Index
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
UFV – Universidade Federal de Viçosa
UOT – Uso e Ocupação da Terra
WHO - World Health Organization
USDA - United States Department of Agriculture
VC – Valor Crônico
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1 O problema e sua importância .................................................................................. 3
1.2 Objetivos ................................................................................................................... 5
3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................. 44
3.1 Área de estudo ....................................................................................................... 44
3.2 Análise e coleta da água ........................................................................................ 46
3.3 Uso e ocupação da terra ........................................................................................ 51
3.4 Mapeamento das áreas de preservação permanentes .......................................... 56
3.5 Análise estatística ................................................................................................... 59
3.6 Estimativa do potencial de lixiviação de agrotóxicos .............................................. 63
3.6.1 Índice GUS ....................................................................................................... 64
3.6.2 Índice LIX.......................................................................................................... 65
3.6.3 Método RF/AF .................................................................................................. 65
3.6.4 Método TLPI ..................................................................................................... 66
3.7 Análise da vulnerabilidade ambiental antrópica ...................................................... 70
3.8 Análise social .......................................................................................................... 73
1
Para Tavakoly et al. (2019) os agrotóxicos são consideradas compostos
recalcitrantes e tendem a se acumular ao longo dos anos, tanto no ambiente como no
organismo dos seres vivos, causando danos à saúde humana e animal, além de
inviabilizar o uso dos recursos hídricos, levando a quadros de escassez. As pesquisas
sobre o transporte de agrotóxicos por lixiviação, segundo Yamin et al. (2017), se
concentram na identificação dos mesmos em águas superficiais que são fontes de
abastecimento, havendo a necessidade de uma investigação no perfil subterrâneo e
em demais atividades que fazem usos da água, como a aquicultura.
A aquicultura está relacionada ao cultivo de organismos aquáticos em um
espaço confinado e controlado visando uma maior produtividade, sendo a piscicultura a
principal atividade aquícola (GENTRY et al., 2017). Esta atividade está em expansão
em todo o mundo, contribuindo para o desenvolvimento econômico das áreas onde
estão instalados os locais de produção e processamento dos organismos aquáticos
(GEPHART et al., 2018). Mesmo em sua importância, a aquicultura é considera uma
atividade poluidora do meio ambiente, sobretudo pela geração de efluentes líquidos
caracterizados pela elevada carga de matéria orgânica, nutrientes e compostos
recalcitrantes, como medicamentos e hormônios adicionados à ração animal. Além
desse fato, os tanques de aquicultura são rotas potenciais para os resíduos de
agrotóxicos em processos de lixiviação.
Magro et al. (2018) observam que os poluentes recalcitrantes devem ser
identificados para avaliar suas propriedades toxicológicas. Para os autores, os testes
de toxicidade devem ser considerados como uma análise indispensável no controle da
poluição hídrica, pois detectam os efeitos dos poluentes sobre a biota e indicam
possíveis impactos à saúde humana.
Com as expansão da atividades agrícolas e intensificação do uso de produtos
químicos diversos, Hlihor et al. (2019) descrevem que a paisagem rural tem passado
por constantes mudanças, porém sem planejamento territorial para compatibilizar o uso
da água com as diferentes formas de uso e ocupação da terra. A própria aquicultura
tem sido praticada próxima a áreas agrícolas sem se saber o real impacto dos
agrotóxicos sobre a mesma, evidenciado a carência dos estudos sobre vulnerabilidade
ambiental antrópica.
Apesar da evidente necessidade de informações nessa área, Reichwaldt et al.
(2017) destacam a complexidade desse tipo de avaliação, pois alguns aspectos, além
da caracterização da área e da atividade, devem ser observados ao analisar a
2
vulnerabilidade, entre eles: recursos disponíveis, intervalo de tempo e metodologia.
Como metodologia destacam-se as geotecnologias, conjunto de técnicas para coleta,
processamento, análise e disponibilização de informação com referência geográfica
através de ferramentas computacionais, permitindo uma avaliação precisa dos
processos que induzem impactos ambientais (SANTOS, 2017).
As geotecnologias são baseadas em conceitos e fundamentos matemáticos para
representação dos processos que ocorrem em um sistema real. Considerando que o
ordenamento territorial é considerado um processo complexo e que envolve muitas
variáveis, as geotecnologias são ferramentas eficientes para seu delineamento
(EUGENIO et al., 2019).
Muitos modelos matemáticos estão associados à módulos em programas de
sensoriamento remoto e Sistemas de Informação Geográfica (SIG), compondo uma
ferramenta de avaliação geoespacial, que permite a simulação de processos em
extensas áreas (JIN; RAY; HANTUSH, 2015). Para os autores, a avaliação geoespacial
contribui para identificação da vulnerabilidade do solo e das águas superficiais e
subterrâneas em áreas não monitoradas, além de identificar áreas de potencial
contaminação por agroquímicos.
A incorporação das geotecnologias em estudos de vulnerabilidade permite o
desenvolvimento de diagnósticos, prognósticos e tomada de decisões em uma bacia
hidrográfica, produzindo resultados de forma rápida, eficiente e precisa (TEBALDI et
al., 2018). Portanto, a análise de vulnerabilidade se faz necessária para a gestão e o
planejamento territorial, pois permite mensurar a fragilidade de sistemas ambientais
perante determinadas situações e desenvolver medidas mitigadoras visando a redução
de possíveis impactos negativos.
3
i. À importância em se realizar o planejamento territorial como forma de evitar que
áreas potenciais se transformassem em áreas de risco. Observa-se que muitas
áreas estão susceptíveis a sofrer danos quando submetida a uma determinada
ação (natural ou antrópica), mas a tradução dessa susceptibilidade em mapas
de vulnerabilidade facilita o entendimento e a tomada de decisões;
ii. Ao crescimento da aquicultura no país e a falta de conhecimento sobre a
composição e dispersão dos poluentes nessa atividade;
iii. As limitações para caracterização da água superficial e subterrânea,
destacando-se a falta de apoio técnico, recursos financeiros e incentivos
ambientais;
iv. À ausência de informações sobre os agrotóxicos, sua toxicidade e mobilidade do
meio ambiente.
A análise de vulnerabilidade ambiental busca avaliar como as atividades
antrópicas estão inseridas na área de estudo, identificando seus impactos ambientais e
sociais. Embora a proposta seja simplificada, não há no universo científico uma
metodologia bem definida para as análises de vulnerabilidade, pois existem dúvidas
sobre: quais variáveis devem ser incorporadas, quais ferramentas técnicas devem ser
aplicadas e como as informações serão disponibilizadas para promover benefícios
sociais.
Um exemplo dessa problemática é a atividade aquícola. No sul do Espírito
Santo, região sob domínio da bacia hidrográfica do rio Itapemirim, observa-se a
expansão da piscicultura. Os tanques de cultivo estão distribuídos em várias
propriedades rurais e em viveiros instalados em pequenas centrais hidrelétricas e a
produção e comercialização de pescados gera renda e desenvolvimento para essa
região, porém não há informações sobre o impacto ambiental e social dessa prática.
Para obtenção dos resultados esperados, ou seja, para avaliação da
vulnerabilidade ambiental antrópica, foram usadas geotecnologias, estatística
multivariada e modelos matemáticos para simulação da lixiviação de agrotóxicos. A
avaliação da qualidade da água também incorporou análises de toxicidade com
microcrustáceos, agregando mais informações à essa avaliação. As técnicas citadas
são aplicadas em muitas linhas de pesquisa, mas o direcionamento das mesmas para
avaliar a vulnerabilidade em áreas de aquicultura torna a proposta diferenciada e
justificada para um projeto a nível de doutorado.
4
1.2 Objetivos
5
2 REVISÃO DE LITERATURA
6
2.1 Vulnerabilidade ambiental antrópica
7
Le; Stuckey (2019) usaram geotecnologias para identificar áreas vulneráveis à
contaminação de agrotóxicos advindos de plantações de tomates na ilha Rote,
Indonésia. Através do método denominado Head-Guided Zonation (HGZ) foram
identificadas áreas de nascentes vulneráveis, fazendo com que o governo local
restringisse o uso de alguns defensivos agrícolas nesses locais.
Na região norte do Irã, país com grandes problemas de escassez de água, faz-
se retiradas constantes de aquíferos subterrâneos próximos ao mar Cáspio. Nos
últimos anos acelerou-se o processo de intrusão da água no mar nos aquíferos,
prejudicando o abastecimento. Estudo realizado por Parizi et al. (2019) produziu um
mapeamento de áreas mais vulneráveis a intrusão baseando em parâmetros como
gradiente hidráulico, altura do nível do lençol freático, tipo de aquífero e estado de
intrusão da água do mar. Observou-se que as áreas mais vulneráveis são as regiões
com intensa atividade antrópica onde se realizam constantes bombeamentos para
extração da água subterrânea. Pela sequência de mapas foi possível perceber o
aumento das áreas vulneráveis ao longo dos anos.
No Brasil, Medeiros (2013) pesquisou eventos críticos de precipitação
relacionados a desastres naturais em diferentes regiões do Brasil, elaborando um
mapa de vulnerabilidade quanto a riscos de enchentes. Os resultados do trabalho
foram utilizados pela Agência Nacional das Águas (ANA) para compor sua base de
dados e propor medidas mitigadoras.
Buscando identificar áreas vulneráveis a predadores de tilápia do Nilo em um
trecho do Rio Doce, Teixeira (2015) desenvolveu um mapa de vulnerabilidade para
classificação de trechos considerados susceptíveis. O mapa continha uma classificação
de 0 (áreas não vulneráveis) à 4 (áreas altamente vulneráveis), sendo um subsídio a
prática da piscicultura nesta região.
Bila (2018) pesquisou a presença de fármacos em cursos d’água no município
do Rio de Janeiro e um dos resultados foi um mapa identificando regiões vulneráveis,
ou seja, com elevadas concentrações desses compostos. O resultado foi usado pela
companhia de saneamento responsável para desenvolvimento de planos de ação e
adoção de tecnologias para remoção desses compostos da água.
Nesta revisão foram apresentados apenas alguns dos trabalhos sobre
vulnerabilidade ambiental antrópica, mas observa-se que são crescentes os trabalhos
encontrados na literatura.
8
Como observação, Le; Stuckey (2019) alertam que a identificação de áreas
vulneráveis não deve ser simplificada a formulação de mapas de riscos, pois esta
análise é complexa e mostra-se cada vez mais relevante para o planejamento
territorial, fazendo-se valer a identificação de áreas vulneráveis como forma de evitar
que áreas potenciais se transformassem em áreas de risco.
9
A Resolução CONAMA nº 396, de abril de 2008 estabelece níveis de qualidade
para águas subterrâneas considerando os usos preponderantes (BRASIL, 2008). A
resolução classifica as águas subterrâneas em seis classes: especial, classe 1, classe
2, classe 3, classe 4 e classe 5, sendo a classe especial a mais restritiva, tratando das
águas dos aquíferos (ou parte deles) destinados à preservação de ecossistemas. Em
seu Artigo 12° é destacado que:
10
A presença de cobertura vegetal influencia a estabilidade do solo e qualidade da
água. Para Noori; Kalin (2016), este processo é notável em longo prazo, pois nos
períodos chuvosos ocorre a recarga do lençol freático e durante a estiagem este efeito
é refletido sobre a manutenção de vazão dos cursos d’água. O controle da vazão
também interfere na diluição e transporte de poluentes, influenciando diretamente a
qualidade da água. Bannwarth et al. (2016) e Noori; Kalin (2016) utilizaram o programa
computacional Soil and Water Assessment Tool (SWAT) para avaliação dos impactos
da cobertura vegetal sobre o regime de cursos d’água e qualidade da água. Nos
estudos, o impacto dos poluentes sobre a qualidade da água foi menor nos períodos
chuvosos.
Reid et al. (2016) pesquisaram o efeito da cobertura vegetal sobre a qualidade
da água superficial em áreas de mineração no Canadá. A avaliação demonstrou que a
cobertura vegetal contribuiu para preservação da qualidade das águas e controle da
poluição, por agir como unidade de acúmulo e retenção de poluentes, principalmente
em áreas marginais onde existiam macrófitas aquáticas.
Por outro lado, a retirada da cobertura vegetal pode comprometer a qualidade da
água. Zhou et al. (2017) estudaram a qualidade da água no interior da China,
constando que o crescimento do país ao longo das últimas décadas resultou na
deterioração da qualidade, avaliada através da DQO. Para os autores, a abertura de
frentes agrícolas e de polos industriais ocasionou a poluição das águas superficiais
devido ao aumento da concentração de DQO.
A retirada da cobertura vegetal na China também foi pesquisada por Feng e Liu
(2015). No noroeste do país, região basicamente agrícola, o desmatamento de áreas
ocupadas por florestas, gerou efeitos sobre o aumento na concentração de poluentes.
Através das análises de qualidade da água observou-se um aumento da turbidez, DQO
e sólidos sedimentáveis em toda área de estudo.
Dada a importância do planejamento do uso do solo para preservar a qualidade
da água, Swartjes; Otte (2017) alertam que países de todo o mundo, principalmente os
considerados “em desenvolvimento” ou com crescimento intenso como China, têm que
reorganizar suas políticas para evitar a deterioração dos recursos hídricos. Para os
autores, a maioria dos programas existentes integrando solo e qualidade da água, são
para controle imediato da poluição, havendo poucos planos de caráter preventivo.
Conforme Burgess et al. (2017), ao se tratar da qualidade da água subterrânea, as
limitações são ainda maiores devido à complexidade de fatores nesta análise.
11
2.2.2 Avaliação da água subterrânea
14
No ambiente aquático, o nitrogênio pode ser encontrado sob diferentes formas,
dentre outras, o nitrogênio orgânico, a amônia (NH3), o nitrito (NO2-) e o nitrato (NO3-).
Essas formas são conversíveis e fazem parte do ciclo biogeoquímico do nitrogênio. As
reações são realizadas por bactérias especializadas: o gênero, as Nitrosomonas,
realizam a oxidação da amônia a nitritos (Reação 01) seguida das Nitrobacter,
responsáveis pela oxidação dos nitritos a nitratos (Reação 02).
15
Fósforo:
Assim como o nitrogênio, o fosforo é um importante elemento para metabolismo
de ecossistemas aquáticos por estar envolvido na formação de proteínas. O fósforo é
um elemento limitante em tanques de piscicultura por ser um nutriente essencial a toda
a cadeia alimentar e estar em baixas concentrações na água (TEIXEIRA, 2015). A
forma predominante do fósforo em águas de tanques de piscicultura é o ortofosfato,
prontamente assimilável pelo fitoplâncton e fonte de nutrientes para os peixes.
Clorofila-a:
A clorofila-a é uma medida da produtividade primária e do estado trófico do
ambiente aquático. O fitoplâncton e o zooplâncton constituem importantes
componentes da alimentação de diversas espécies de peixes cultivadas em todos os
estágios de crescimento, sendo uma fonte metabólica (PADUA, 2015). Apesar dessa
vantagem, elevadas concentrações de clorofila-a induzem o crescimento de algas,
podendo haver produção de cianofíceas que produzem toxinas letais aos peixes e
tóxicas ao homem.
16
Art. 18. O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos
tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios
de ecotoxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
19
No Brasil, dados fornecidos pela Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE
BR, 2018) indicam um crescimento expressivo ao longo dos anos: em 2010 o consumo
per capita de pescados no país era de 8,6 kg/habitante aumentando para 24,1
kg/habitante em 2018; o país também é o quarto maior produtor mundial de tilápia,
espécie que representa 51,7% da produção nacional.
De acordo com França (2016), alguns fatores contribuem para o
desenvolvimento da aquicultura no pais como clima favorável, extensa área costeira,
disponibilidade de recursos hídricos continentais e ocorrência natural de espécies
aquáticas que compatibilizam interesse zootécnico e mercadológico. Outra vantagem
se dá ao fato do país ser essencialmente agrícola, viabilizando uma grande diversidade
de produtos e subprodutos para serem utilizados como insumos na produção animal,
reduzindo os custos de produção.
O termo aquicultura moderna tem sido amplamente utilizado para representar o
novo perfil de produção e processamento dos organismos, pois observa-se uma maior
profissionalização e intensificação tecnológica em toda cadeia de produção. Apesar
dessa consideração, nos países em desenvolvimento ainda são encontradas práticas
sem eficiência técnica e ambiental, havendo um grande potencial para expansão e um
desafio ambiental para tornar a atividade sustentável (CHEN et al., 2018).
He et al. (2017) considera que a sustentabilidade atrelado ao conceito de
aquicultura moderna deve ser baseada em três pilares: produção lucrativa, preservação
do meio ambiente e desenvolvimento social. Embora muitas melhorias estejam
ocorrendo, há necessidade de pesquisas para tornar a aquicultura uma atividade
sustentável em nível mundial, sendo a falta de informações o principal fator limitante.
Esta limitação foi observada por Gentry et al. (2017), que realizaram um
mapeamento, em nível mundial, indicando áreas oceânicas passíveis do
desenvolvimento da aquicultura. A metodologia baseou-se no uso de geotecnologias
para classificar regiões conforme características das espécies e da área. Como
resultado, verificou-se que quase todos os países costeiros são adequados para a
aquicultura, mas apenas 2,4% do espaço potencialmente apto é utilizado para essa
prática. Os pesquisadores afirmam que a ausência de informações técnicas prejudica o
crescimento da aquicultura em águas marinhas.
Gephart et al. (2017) avaliaram problemas relacionados ao uso de água doce em
cadeias de produção de frutos do mar na América Latina, destacando que o
crescimento da aquicultura mundial não foi acompanhado por programas de
20
monitoramento da qualidade da água, dificultando a implantação de parâmetros gerais
para controlar a poluição. Em seu trabalho, os autores notaram que a caracterização da
água em termos quantitativos e qualitativos não é realizada de forma eficiente,
inviabilizando o controle operacional do processo produtivo e a comparação entre
sistemas de diferentes regiões.
A identificações os poluentes provenientes da aquicultura também é uma
limitação para garantir a sustentabilidade da atividade. Como citado, a aquicultura gera
efluentes líquidos caracterizados pela elevada carga de matéria orgânica, nutrientes e
compostos recalcitrantes. Esses compostos são persistentes no meio ambiente e há
uma carência de pesquisas visando sua identificação e técnicas para remoção (CHEN
et al., 2018).
Outra possível fonte de compostos recalcitrantes são os agrotóxicos
provenientes de plantações agrícolas que, podem atingir os tanques de cultivo por
processos de carreamento. Os aspectos relacionados aos poluentes das aquiculturas
estão abordados no tópico seguinte.
22
O acúmulo de residuais de medicamentos nos peixes foi avaliado por He et al.
(2017). Em sua pesquisa, foi investigado o material genético de peixes para detectar
genes resistentes a antibióticos e metais pesados. Os peixes foram expostos a
concentrações de antibióticos (tetraciclina, sulfanilamida e cefotaxima) e metais (zinco
e cobre) durante 180 dias, sendo ministradas soluções desses compostos no tanque de
produção. Os resultados demonstraram uma elevada concentração dos compostos no
tecido dos peixes, indicando uma resistência dos organismos à altas concentrações
dos fármacos e metais. Estudo similar de investigação genética foi realizado por Gao et
al. (2012) para avaliar o resistência de peixes à sulfonamida e à tetraciclina, concluindo
que as espécies expostas à elevadas concentrações tornam-se mais resistentes ao
longo dos anos.
Bila (2018) alerta que existe um problema potencial quanto aos disruptores
endócrinos, pois as concentrações dos mesmos vêm aumentando ao longo dos anos e
os efeitos adversos não estão bem delineados. A autora descreve que muitos estudos
com espécies de peixes expostos a elevadas concentrações de disruptores
apresentam alterações hormonais, mas não se sabe o real efeito no homem.
A falta de informações é reflexo da própria legislação. No Brasil, a Portaria
n°2914 que estabelece os padrões de potabilidade, não contempla os mencionados
desreguladores endócrinos. O mesmo ocorre para os padrões de potabilidade
internacionais, principalmente devido à ausência de dados toxicológicos que permitam
o estabelecimento de concentrações máximas permissíveis para tais compostos na
água de consumo. Contudo, vale destacar que a identificação dessas substâncias é
muito importante para não comprometer a saúde humana e animal.
Um exemplo de investigação é o nonilfenol, produto intermediário usado na
produção de resinas e plásticos. Esse composto possui propriedades de desregulação
endócrina já identificadas e por esse motivo tem seu uso restrito em muitos países.
Para prevenção de danos à saúde humana, na União Europeia estabeleceu-se que a
concentração média anual em águas superficiais não deve superar 0,3 µg/L e a
máxima não deve superar 2 µg/L. No Brasil não existe concentrações limites quanto ao
nonilfenol.
Caso as pesquisas na área fossem intensas, muitos desreguladores endócrinos
estariam com seu uso restrito em todo o mundo, evitando potenciais problemas. Por
esse fato, nota-se que há uma lacuna nesse campo do conhecimento a ser preenchida,
buscando o uso consciente de muitos produtos químicos.
23
Quanto a matéria orgânica e nutrientes:
A biomassa animal e suas excreções, juntamente com a ração introduzida nos
tanques de cultivo geram um aumento na concentração de matéria orgânica e
nutrientes na água, além de sólidos em suspensão e organismos patogênicos.
No tanque de piscicultura o oxigênio dissolvido é requerido para a respiração
dos microorganismos aeróbios. Como as reações demandam oxigênio, quando a
demanda é maior do que a disponível, devido ao excesso de matéria orgânica, as
águas (KUBITZA, 2014). A falta de oxigênio prejudica o desenvolvimento das espécies
aquáticas ou mesmo, pode levar à morte caso os níveis estejam abaixo do mínimo
exigido.
A elevada concentração de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, torna o
ambiente eutrofizado, quadro que compromete o crescimento das espécies e inviabiliza
o cultivo em grande escala. Conforme Bukowska et al. (2017), a eutrofização é um
processo de afloração de plantas aquáticas, em sua maioria algas, devido ao excesso
de nutrientes na água. A camada espessa de algas na superfície líquida impossibilita a
entrada de luz na água e impede a realização da fotossíntese pelos organismos
presentes nas camadas mais profundas, levando à redução na concentração de
oxigênio dissolvido do meio.
Quanto aos agentes externos:
Os tanques de cultivo podem receber poluentes advindos de processos como
escoamento superficial e lixiviação. Este processo é preocupante quando a área de
cultivo está próxima a regiões agrícolas que utilizam agrotóxicos e fertilizantes. Uma
vez carreados para ambientes aquícolas, ocorre contaminação da água.
No Espírito Santo, dos Santos et al. (2016) utilizaram SIG para compor um mapa
de zoneamento agroclimatológico para a cultura de tomate, relacionando com amostras
de resíduos de agrotóxicos. Através do zoneamento foram definidas classes de
aptidão, ou seja, regiões sensíveis à contaminação por agrotóxicos. Pelos resultados
pode-se observar que dos 41 municípios produtores de tomate, apenas 26 possuíam
áreas aptas acima de 50%. Como muitos municípios apresentaram áreas sensíveis a
contaminação, recomendou-se uma ampliação nos programas de monitoramento de
resíduos para englobar áreas consideradas vulneráveis.
Ainda no Espírito Santo, Tebaldi et al. (2018) investigaram o potencial de
lixiviação de agrotóxicos usados em plantações de café na bacia do rio Itapemirim,
região sul do estado. Pela metodologia aplicada observou-se que para os agrotóxicos
24
identificados (ametrina, ciproconazol, diuron, epoxiconazole, flutriafol, triadimenol e
triazophos) existia uma probabilidade de contaminação de 44,7% de águas superficiais
e 23,7% da água subterrânea. Os autores registraram que a população local estava
sujeita a altos riscos de exposição aos agrotóxicos.
A aquicultura é uma atividade em expansão na bacia hidrográfica do rio
Itapemirim e muitos dos viveiros ou tanques de cultivos estão próximos a plantações
agrícolas que fazem uso de agrotóxicos. Mesmo não havendo informações específicas
para o setor de aquicultura, a estimativa do potencial de lixiviação de agrotóxicos (para
cursos d’água ou água subterrânea) próximos ao tanque de cultivo, fornece uma noção
sobre a vulnerabilidade da área a esses compostos.
25
A lixiviação dos insumos químicos no perfil do solo é um dos principais
processos que ocasionam a contaminação de águas, estando relacionada ao
escoamento superficial, infiltração de água no solo e transporte de solutos no solo (JIN;
RAY; HANTUSH, 2015). Burgess et al. (2017) descrevem que para ocorrência da
lixiviação, o composto químico tem que estar na solução do solo ou adsorvido às
partículas de baixo peso molecular, como argilas, ácidos fúlvicos e húmicos. No estudo
desses processos deve-se considerar também o perfil do lençol freático, pois os riscos
de contaminação são maiores em áreas onde ele se encontra próximo à superfície, o
que torna menor a distância de deslocamento do contaminante até a água subterrânea.
Em função das muitas variáveis e reações envolvidas, a quantificação do fluxo
de água e do transporte de solutos no solo pode ser realizada por meio de medidas em
campo ou por modelagem física e matemática. Segundo Taylor; He e Hiscock (2016),
as medidas em campo, embora necessárias, demandam tempo para coleta de dados e
podem ter custos elevados devido: às grandes áreas que se deseja investigar, à
diversidade de produtos químicos utilizados e ao alto custo das análises.
A modelagem possibilita a incorporação de muitas variáveis para simulação dos
processos, além de ser uma metodologia precisa e de baixo custo, principalmente
quando associada ao uso de geotecnologias. Para Singh (2016) devido à dificuldade
em se obter dados de lixiviação em campo, os programas computacionais em SIG
fornecem estimativas do índice de lixiviação em determinada área, desde pequenas
propriedades até grandes áreas.
26
- Critérios da EPA: Environmental Protection Agency – Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos (COHEN et al., 1995);
- Índice LIX: Leaching Index – Índice de Lixiviação (SPADOTTO, 2002);
- Método RF/AF: Retardation and Attenuation Factor – Fator de Retardação e
Atenuação (RAO et al., 1985);
- Método TLPI: Temperature Leaching Potential Index) (TLPI) - Índice Potencial de
Lixiviação por Temperatura (SPADOTTO, 2002).
Os métodos RF/AF e TLPI são aplicados para estimar o potencial de lixiviação
dos princípios ativos dos agrotóxicos baseando-se nas características físico-químicas
do produto químico, propriedades do solo e condições geoclimáticas da área de
estudo. Por envolver um maior número de variáveis, os métodos citados são
considerados mais complexos, porém, como associam uma variedade de
características, conduzem a uma classificação mais adequada (SPADOTTO, 2002).
Segundo Çeliker et al. (2019), o método GUS e o índice LIX são metodologias
consideradas simplificadas mas possuem grande importância para estimativa do
potencial de lixiviação em regiões que não dispõem das informações necessárias aos
métodos mais complexos.
Um dos objetivos deste trabalho é a estimativa da lixiviação de agrotóxicos
através do uso dos índices citados. Outras informações, incluindo a equações usadas
para estimativa, estão indicadas na metodologia.
27
agrotóxicos empregando os métodos GUS, LIX e RF/AF. O método RF/AF foi
associado ao SIG por meio do aplicativo computacional ArcGIS, sendo os resultados
expressos em forma de mapas temáticos; as informações sobre o risco de
contaminação foram espacializadas para as áreas de aptidão edafoclimática,
considerando as classes de solos. Entre os dez princípios ativos utilizados, cinco
apresentaram muito baixo potencial de lixiviação e os demais princípios ativos
indicaram valores variando de muito baixo a muito alto potencial de lixiviação.
No trabalho de Tebaldi et al. (2018) (já citado, onde investigou-se o potencial de
lixiviação de agrotóxicos em plantações de café na bacia do rio Itapemirim), foi usado o
software AGROSCRE para avaliar o risco de contaminação de princípios ativos pelos
métodos GOSS, GUS e critérios da EPA. Muitos dos compostos foram classificados
como potencialmente tóxicos, apresentando concentrações ambientais superiores ao
padrão de segurança para água potável.
Çeliker et al. (2019) pesquisaram o risco de lixiviação de arsênio para águas
subterrâneas no norte da Turquia, importante região de exploração mineral no país.
Um dos métodos aplicados foi o TLPI, sendo as informações, espacializadas em SIG,
gerando mapas de vulnerabilidade ao metal pesado. Mais de 60% da área foi
identificada com moderado a alto potencial de lixiviação e cerca de 8%, com altíssimo
potencial. Essa constatação alertou as autoridades, uma vez que os poços
subterrâneos são a principal fonte de abastecimento para consumo humano nessa
região.
No norte da França, Tavakoly et al. (2019) estudaram a dispersão de nitratos no
solo e na água em uma importante sub bacia do rio Sena. Uma de suas análises foi a
adaptação do modelo TLPI para pesquisar a lixiviação desse composto para águas
subterrâneas. Mais de 50% da área da bacia foi classificada como alto potencial de
lixiviação de nitratos, provavelmente, advindos de plantações agrícolas nesta região.
No estado da Flórida, Estados Unidos, a qualidade da água é significativamente
impactada por nitrato. Marchi et al. (2016) adaptaram o Índice LIX pra determinação do
potencial de lixiviação por nitratos, obtendo resultados satisfatórios. Os dados foram
espacializados para todo estado, sendo possível classificar o solo conforme níveis de
riscos de perdas de nitrato via lixiviação.
Jin; Ray; Hantush (2015) aplicaram uma ferramenta de modelagem que
possibilita a estimativa do risco relativo de lixiviação de agrotóxicos voláteis e não
voláteis para águas subterrâneas do Havaí. A metodologia foi desenvolvida em SIG
28
contendo mapas digitais de uso anual de pesticidas (em escala nacional), propriedades
detalhadas do solo e taxas de recarga mensais (em alta resoluções espaciais e
temporais) para examinar as variações na lixiviação de pesticidas ao longo do perfil do
solo. Os resultados mostraram que a ferramenta, estendida para nível nacional,
delineou com sucesso áreas de vulnerabilidade aos pesticidas selecionados.
29
2.5.1 Análise de Agrupamento
Xij Xj
Zij (01)
s ( Xj )
- Zij = valor padronizado da variável;
- Xij = valor original da variável;
- X = média da j-ésima variável original; e j X
- s(Xj) = desvio padrão da j-ésima variável original.
30
Formada a matriz de variáveis padronizadas é calculada uma medida de
similaridade (ou dissimilaridade) entre as variáveis. As medidas de similaridade são
utilizadas na AA de forma a determinar a distância entre elementos, normalmente
representada na forma de uma matriz de similaridade (REGAZZI, 2001). A matriz de
similaridade é simétrica e utiliza, principalmente, os métodos: Distância Euclidiana,
Distância Euclidiana Média e Distância de Mahalanobis.
A Distância Euclidiana entre dois objetos, i e i’, considerando p variáveis, é
calculada através da Equação 03. Em estudo sobre percolação de água no solo,
Geistlinger e Mohammadian (2015) relataram que quanto menor o valor da distância
euclidiana entre duas variáveis, mais próximas elas se apresentam em termos de
parâmetros quantitativos por classe.
p
d ii ' ( Xij Xi' j ' )
j i
2
(02)
1
ii ' * d ii ' (03)
p
A Distância de Mahalanobis, representada pela Equação 05, é usada para a
quantificação das distâncias entre duas populações, quando existe repetição de dados.
Segundo Hair et al. (2009), a técnica de classificação de Mahalanobis parte do princípio
que as observações seguem uma distribuição normal p-variada, e associam uma área
pequena da distribuição quando essa distância é grande. Portanto, se a distância de
uma observação ao centro da distribuição é grande é indicativo de que essa
observação não deve pertencer a esse grupo ou população.
p
Dii ( Xij Xi ' j ' ) 2
2
(04)
j i
31
As técnicas aglomerativas iniciam pela fusão sucessiva dos indivíduos que se
combinam por suas semelhanças, repetindo-se o processo até que todos os “n”
indivíduos estejam reunidos num único agrupamento. O método mais comum é o
encadeamento único que se baseia na distância mínima ou regra do vizinho mais
próximo. As técnicas divisivas iniciam com a população completa e, por divisões
sucessivas, formam-se agrupamentos cada vez menores. Em cada etapa de
subdivisão procuram-se as diferenças dentro dos agrupamentos para separar aqueles
que diferem entre si (REGAZZI, 2001). Observa-se que as técnicas aglomerativas
buscam a similaridade entre indivíduos, enquanto as técnicas divisivas buscam a
dissimilaridade.
A AA foi aplicada por Li et al. (2017) na China. Os pesquisadores avaliaram a
remoção de poluentes na água subterrânea através da atividade bacteriana. Realizou-
se um mapeamento genético das células de microrganismos presentes no meio
aquático, formando grupos de similaridade. Após agrupamento definiu-se grupos de
genes com estrutura funcional similar, sendo possível associar esses genes à remoção
de diversos poluentes. Com essa informação, em áreas contaminadas com arsênio,
inoculou-se bactérias com material celular especializado em absorver esse elemento,
promovendo melhorias na qualidade da água.
Na Suíça, Moeck et al. (2016) aplicaram as técnicas aglomerativas para
interpretação de processos geoquímicos e estudo da poluição em áreas onde o lençol
freático, através de técnicas de engenharia, era abastecido por águas superficiais para
evitar problemas de escassez. A AA foi usada para identificar grupos de poluição,
sendo possível a identificação de seis grupos, divididos através dos tipos de poluentes.
Nas áreas mais distantes dos pontos de abastecimento, os poluentes orgânicos
biodegradáveis estavam em menores concentrações.
As técnicas aglomerativas também são muito usadas em estudos de hidrologia.
Ridolfi et al. (2016) desenvolveram estudos para modelar o fluxo de água no solo. Para
tanto, utilizaram a AA visando identificar áreas hidrologicamente homogêneas para
indicação do fluxo. Zhang et al. (2016) e Taylor; He; Hiscock (2016) estudaram
variáveis climáticas aplicando métodos de AA associada à lógica Fuzzy. A técnica de
agrupamento permitiu que anos hidrológicos fossem divididos em períodos climáticos,
formando um banco de dados para o programa SWAT.
32
2.5.2 Análise de Componentes Principais
33
Figura 2 - Matriz de covariância das p variáveis
detR I 0 ou R I 0 (05)
Conforme Regazzi (2001), se a matriz R for de posto completo igual a ‘p’, isto é,
não apresentar nenhuma coluna que seja combinação linear de outra, a equação terá
‘p’ raízes chamadas de autovalores. Para cada autovalor λi existe um autovetor ãi,
sendo esses normalizados (soma dos quadrados dos coeficientes é igual a 1) e
ortogonais entre si. Assim é possível considerar:
p
a 1 (ãi* ãi=1)
2
ij (06)
j 1
a
j 1
ij
.akj 0 (ãi* ãi=0 para i=k) (07)
34
Var (Yi )
Ci p
* 100 p
* 100 * 100 (09)
Var (Y )
j 1
i
j 1
traço( S )
36
As duas formas mais comuns de rotação de matriz são: a rotação ortogonal (ou
rotação varimax), que mantém os fatores não correlacionados e a rotação oblíqua, que
torna os fatores correlacionados entre si. A realização da rotação de matrizes demanda
uma quantidade tão grande de cálculos que a utilização da AF em pesquisas só passou
a ser viável com o advento dos computadores e dos programas de análises que
possibilitaram a realização dos cálculos de forma rápida e precisa (HAIR et al., 2009).
Muitos são os trabalhos realizados com o uso dessa técnica. Seguem alguns
exemplos de estudos de caso:
Martínez-Espiñeira et al. (2017) investigaram problemas de vazamentos em
sistemas de distribuição de água de 2257 municípios na Espanha. Foram avaliados 24
parâmetros através da Análise Fatorial e ACP, identificando que o melhor
comportamento das variáveis foi aquele composto por três fatores, explicando 78,40%
da variância total. Dessa forma, os pesquisadores concluíram que os problemas de
vazamentos foram associados a três grupos: um grupo operacional, causado pela
ausência de manutenção; um grupo reativo à resistência de materiais, influenciado
principalmente pela estrutura física das redes de distribuições e; um grupo de vazão,
relacionado à sobrecargas na rede.
Para avaliação da água subterrâneas, Ghesquière et al. (2015) monitoraram 113
poços na província de Quebec, Canadá, compreendendo 39 parâmetros de qualidade.
Através da Análise Fatorial e ACP foram identificados quatro grupos de amostras:
grupo 1 que compreende águas de baixa salinidade, indicando pontos de recarga
recente nos aquíferos; grupo 4, águas com elevada concentração de sais e; grupos 2 e
3, intermediários entre os grupos 1 e 4. A composição dos grupos foi um suporte para
definição de pontos de monitoramento nessa área.
Na Índia, Machiwal; Jha (2015) associaram técnicas de estatística multivariada
ao SIG para avaliar águas superficiais e subterrânea em todo o país. Através da
metodologia foi possível identificar grupos de poluição ao longo dos anos e observar a
distribuição espacial dessas tendências. Por meio da Análise Fatorial a caracterização
da qualidade da água foi composta por três fatores principais, explicando mais de 80%
da variância total. Assim a qualidade da água foi definida por um grupo de poluentes
associados ao efluente doméstico, um grupo de nutrientes associados às regiões
agrícolas e um grupo associados de sólidos que indicam processos erosivos nas
bacias estudadas.
37
2.5.4 Análise de Correlação Canônica
Vetor aleatório
Vetor das
médias
Matriz de
covariância
Operações Matemáticas:
U = a’X
V = b’Y
39
Logo a correlação (U,V) é dada por:
a' 11 b
Corr(U ,V ) (18)
a' 11a . b' 22b
41
profissionais que não visam produtividade e que não possuem noções de
planejamento. Como resultado, essa modalidade de pesca vem perdendo espaço para
as intensas atividades aquícolas.
O desemprego rural e a migração da população foram impactos identificados por
Ribeiro et al. (2014) que pesquisaram sobre o desenvolvimento da carcinicultura no
Brasil e por Silva (2017) que investigou danos sociais devido a construção de
reservatórios de hidroelétricas no nordeste do Brasil.
No trabalho de Ribeiro et al. (2014) a localização e a construção dos tanques de
carcinicultura foram apontados como as principais problemas. Foi descrito que as
florestas de manguezais são frequentemente derrubadas e ocupadas para a
implantação de fazendas de criação de camarão, ocorrendo uma alteração significativa
da paisagem e comprometendo os ecossistemas costeiros. Além do dano ambiental,
esse processo resulta no deslocamento das comunidades tradicionais que tinham
como renda principal a pesca extrativista nos manguezais.
Já Silva (2017) observou que a construção de reservatórios ocasionou uma
rotina comum para a maioria dos pescadores extrativistas da região nordeste, descrita
como (2017, p.51):
Um ribeirinho, que culturalmente depende da pesca, passa a criar peixes em um
sistema intensivo, como tanques redes, totalmente dependente de ração porque
o rio fora represado e se transformou em um grande reservatório. Considerando
apenas uma melhor “sustentabilidade social e econômica” como algumas
correntes têm propagado, este indivíduo encontrará dificuldades em manter-se
nesta atividade, vindo a migrar para outra região na busca por uma nova
atividade que venha suprir suas despesas.
42
França (2016) menciona a barreira técnica para obtenção da licença ambiental
como outro impacto de ordem negativa. Segundo sua descrição, a piscicultura
comercial necessita de licenciamento para o uso da água e dependendo do órgão
responsável, essa tarefa torna-se cada vez mais difícil, pois a burocracia embutida no
processo de licenciamento ambiental e nas autorizações de uso de águas é uma
barreira para obtenção de crédito por parte dos pequenos e médios produtores,
restringindo a entrada de novos produtores e minimizando os investimentos privados
no setor.
As consequências negativas podem ser minimizadas através da identificação
dos impactos, o que permite a elaboração de planos de ação para controle dos
mesmos. Essa pesquisa busca identificar os impactos e propor melhorias para área de
estudo, contribuindo para mudanças no perfil social da região.
43
3 MATERIAL E MÉTODOS
44
Figura 4 - Mapa de localização do Instituto Federal do Espírito Santo campus de Alegre.
Fonte: a autora.
45
O Ifes campus de Alegre é um polo em educação da região sul do estado,
apresentando-se como um veículo de crescimento regional. Atualmente com 22 campi
em funcionamento o Ifes se faz presente em todas as microrregiões capixabas atuando
nos diversos níveis de ensino: desde a formação inicial de trabalhadores à pós
graduação, passando pelo nível médio e pela graduação (PIROVANI, 2018). No
Instituto em questão existe a graduação em Engenharia de Aquicultura, curso que
surgiu devido a expansão da atividade aquícola nesta região e consequente demanda
por profissionais que atuassem neste setor. Para estruturação do curso existem vários
tanques de piscicultura construídos para condução de aulas práticas e realização de
pesquisas.
Fonte: a autora.
47
Pontos de amostragem
A seguir estão comentários para identificação de cada área de amostragem.
Alguns dos pontos estiveram próximos em função da própria distribuição das lagoas
paisagísticas e de piscicultura no campus.
- Ponto 1 (P1): lagoa de piscicultura próximo à portaria principal do Ifes;
- Ponto 2 (P2): córrego Horizonte, trecho localizado próximo ao prédio de
pesquisa e extensão;
- Ponto 3 (P3): lagoa paisagística localizada próximo ao prédio de pesquisa e
extensão;
- Ponto 4 (P4): lagoa de piscicultura localizada próximo ao prédio de pós
graduação;
- Ponto 5 (P5): lagoa de piscicultura localizada próximo ao prédio de pós
graduação;
- Ponto 6 (P6): lagoa paisagística e barragem localizada próximo ao refeitório;
- Ponto 7 (P7): lagoa de piscicultura localizada próximo à portaria secundária do
campus;
- Ponto 8 (P8): lagoa de piscicultura localizada próximo à portaria secundária do
campus;
- Ponto 9 (P9): lagoa paisagística localizada na unidade de suinocultura;
- Ponto 10 (P10): poço subterrâneo localizado na unidade de suinocultura;
- Ponto 11 (P11): córrego Horizonte, trecho localizado próximo a uma área de
fragmentos florestais;
- Ponto 12 (P12): córrego localizado próximo a uma área de pastagem.
Campanhas de coleta
Foram realizadas três campanhas de coleta no período de seca,
compreendendo os meses de maio (03/05), junho (01/06) e julho (02/07) de 2018.
Devido ao menor volume de água nos períodos de seca, o que interfere na diluição dos
poluentes na água, os parâmetros são considerados de qualidade inferior quando
comparados ao período chuvoso, principalmente em relação à oxigênio dissolvido,
matéria orgânica e nutrientes. Por esse fato, as campanhas de coleta foram realizadas
nesse período.
48
Para as três campanhas, em cada lagoa foram coletadas amostras compostas.
As lagoas são ambientes lênticos devido ao menor grau de movimentação e aeração
natural da água, apresentando perfis de oxigênio dissolvido e mistura de sólidos
variável ao longo do dia. Visando reduzir esta oscilação, optou-se pela coleta de
amostras compostas.
A amostragem composta foi realizada com a seguinte sequência de
procedimentos: ao longo do dia, com intervalo entre três horas (horários estimados
entre 07:00, 10:00, 13:00 e 16:00 horas), retirou-se amostras de dois litros de cada
lagoa, sendo estas transferidas para recipientes maiores, totalizando quatro
amostragens diárias, somando 8,0 litros. Ao final da coleta, a amostra foi
homogeneizada e retirou-se uma amostra composta de três litros para realização das
análises físico químicas, sendo esta armazenada em recipiente de polietileno
devidamente identificado.
Nos córregos e no poço subterrâneo optou-se pela coleta de amostras simples.
Esta escolha foi feita em função de dificuldades encontradas para retirar amostras de
água nesses pontos: os córregos estão situados em locais de difícil acesso e o poço
subterrâneo demanda bombeamento para retirada de água.
Análise físico química:
As análises físico químicas, exceto quando as medições se deram em campo,
foram realizadas no Laboratório de Qualidade da Água do Ifes campus de Ibatiba. A
metodologia esteve de acordo com os padrões e recomendações do Standard Methods
for the Examination of Water and wastewater (APHA, 2005). Os parâmetros avaliados
para os doze pontos de amostragem foram:
- pH: Medições em campo com pHmetro (Digimed DR20, São Paulo) previamente
calibrado com soluções padrão;
- Turbidez: Medições em campo por turbidímetro (Digimed DS20, São Paulo)
previamente calibrado com soluções padrão;
- Oxigênio dissolvido: Medição em campo com oximetro (AT101C – Bioland);
- DQO: Método colorimétrico a 600 nm após refluxo fechado;
- Nitrato (N-NH3): Método de titulometria para a quantificação de nitrogênio
kjeldahl total (NKT), nitrogênio nas formas orgânica e amoniacal;
- Fósforo total: Método colorimétrico a 690 nm.
49
A forma de preservação das amostras, prazo para análise, volume mínimo a ser
coletado e frascos a serem utilizados seguiram as recomendações da NBR 9898
(ABNT, 1987) referente à preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos
e corpos receptores.
Análise de toxicidade:
Durante a primeira campanha de amostragem (maio de 2018), além da amostra
composta, para oito pontos foi coletada uma amostra de dois litros de água para
realização de testes de toxicidade aguda e crônica. As amostras foram identificadas,
armazenadas e transportadas até o Laboratório de Controle da Qualidade da Água da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) para realização dos ensaios.
Toxicidade Aguda:
A toxicidade aguda foi avaliada em teste estático de 48 horas, com avaliação da
sobrevivência do microcrustáceo Daphnia similis, seguindo a norma NBR 12713 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004).
Foram preparadas soluções teste nas concentrações de 6,25%, 12,5%, 25%,
50%, 75% e 100% de cada amostra e uma solução controle contendo apenas água de
diluição. Em seguida foram retiradas quatro alíquotas de 30 ml de cada concentração e
do controle, transferindo-se para recipientes plásticos com capacidade de 50 ml. A
esse recipiente foram adicionados cinco neonatos (de 6:00 a 24:00 h de idade) de
Daphnia similis para serem expostos, perfazendo um total de vinte organismos
expostos para cada concentração. As soluções foram mantidas a 22°C, sob fotoperíodo
de 12h luz/12h escuro. Ao término das 48 horas de exposição, foi feita uma contagem
dos organismos imobilizados (mortos) em cada solução teste.
Após verificar a normalidade e homocedasticidade dos dados, determinou-se a
CL50 48 horas e seu intervalo de confiança, com auxílio do programa computacional
Probit, disponibilizado gratuitamente pelo Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA) (United States Department of Agriculture).
Toxicidade Crônica:
A toxicidade crônica foi avaliada através de teste com microcrustáceo
Ceriodaphnia dúbia de acordo com NBR 13373 (ABNT, 2006). Foram realizados testes
com duração de oito dias onde avaliou-se a sobrevivência e reprodução do
microcrustáceo.
50
Soluções teste nas concentrações de 6,25%, 12,5%, 25%, 50%, 75% e 100% do
efluente e uma solução controle contendo apenas água de diluição e alimento foram
preparadas. Uma fêmea de Ceriodaphnia dúbia (6:00 a 24:00 horas de idade) foi
transferida para cada uma das dez réplicas de 15 ml das soluções-teste e do controle.
Após a transferência, todas as amostras foram incubadas a 22°C, sob fotoperíodo de
12h luz/12h escuro.
De três em três dias, as fêmeas originais foram transferidas para novos
recipientes contendo as soluções teste e alimente. Os números de fêmeas adultas
sobreviventes e de jovens (filhotes) por fêmea foram registrados. Ao final do período do
teste, foi verificada a existência de diferença significativa entre os dados de
sobrevivência dos organismos em cada solução teste com os do controle.
Não havendo diferença significativa em termos de sobrevivência, foi verificada a
existência de diferença significativa na reprodução em relação ao controle. Os
resultados foram expressos como CI25, ou seja, a concentração do efluente que reduziu
em 25% o crescimento do microcrustáceo em relação ao controle. O CI25 foi estimado
com auxílio do programa ICPin (USEPA, 2018), também disponibilizado gratuitamente
pelo USDA.
Observação:
Uma limitação para realização desses ensaios foi a disponibilidade de
microrganismos: para um ensaio de toxicidade aguda com Daphnia similis são
demandados 140 organismos testes e para toxicidade crônica com Ceriodaphnia dúbia,
70 organismos. No laboratório da UFV o cultivo dos microcrustáceos ocorre em
pequena escala, apenas para atender a demanda de pesquisas na Instituição. Desta
maneira, foram cedidos uma quantidade de organismos testes suficientes apenas para
realização de oito ensaios.
51
O mapeamento foi obtido por fotointerpretação em tela sobre imagem
ortorretificada do satélite Geoeye – 1, referente a novembro de 2009; a escala
cartográfica utilizada foi de 1:400. Segundo Geoeye (2010), o satélite Geoeye-1
apresentava resolução espacial de 50 cm, nos intervalos espectrais do visível (0,45 -
0,69 μm) e infravermelho próximo (0,78 - 0,92 μm). As projeções cartográficas e o
datum original da referida base de dados foram transformadas em projeção cartográfica
Universal Transversa de Mercator (UTM) e o Datum Horizontal SIRGAS 2000, para
cumprir o Decreto N° 5334/2005 e Resolução N° 1/2005 do IBGE, que estabelecia o
SIRGAS 2000 como o novo Sistema de Referência Geocêntrico para o Brasil.
Em seguida, de posse do memorial topográfico do Ifes campus de Alegre,
contendo as coordenadas planimétricas, foi delimitado o polígono da área de estudo e
então iniciada a digitalização das classes de UOT. Os princípios para a escolha,
definição e padronização das classes de uso e cobertura da terra foram baseados no
Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2006). As dúvidas ocorridas durante a
interpretação da imagem de satélite foram dirimidas por sucessivas idas a campo.
Foram identificadas trinta e seis classes, agrupadas em quatro níveis: áreas
antrópicas agrícolas, áreas antrópicas não agrícolas, áreas naturais e água. A
quantificação dos níveis e das classes de uso e cobertura da terra estão sintetizados
na Tabela 02.
Ao analisar os resultados, constata-se a diversidade de culturas de interesse
comercial trabalhadas no Ifes campus de Alegre. As áreas de agricultura I, II e III
totalizam 24,41 ha, 7,33% da área total. Os campos de produção de feno e outras
forrageiras bem como a pastagem natural ocupam 2,07 ha (0,89%), 5,11 ha (1,53%) e
3,42 ha (1,03%), respectivamente. Todavia, numa análise global, percebe-se que o
predomínio é de pastagem (40,35%) e de formações florestais em sucessão ou
regeneração (29,05%).
52
Figura 6 - Mapa de uso e ocupação da terra do Ifes campus de Alegre.
53
Tabela 2 - Quantificação dos níveis e das classes de uso e cobertura da terra do Ifes Campus de Alegre.
54
Tabela 02 - (continuação).
55
3.4 Mapeamento das Áreas de Preservação Permanentes
56
Os procedimentos metodológicos estão indicados a seguir. A metodologia
utilizada foi uma adaptação da metodologia proposta por Peluzio et al. (2010) realizada
no aplicativo computacional ArcGIS®, versão 10.3.
Mapeamento da APP de cursos d'água:
Para obtenção da APP de cursos d'água foi necessária uma base de dados
contendo os cursos hídricos e suas larguras para aplicação das normas pertinentes a
cada categoria de curso d'água, sendo esses dados disponibilizados pelo Ifes campus
Alegre (cursos hídricos em formato vetorial de linha).
A edição dos cursos hídricos foi realizada no Google Earth Pro®. Ao resultado
deste processamento aplicou-se o comando buffer, disponível no módulo Arc Toolbox
do programa ArcGIS® 10.3, delimitando-se as zonas tampões estabelecidas com 30 m
em cada margem, considerando que no período chuvoso a largura de cada curso
d’agua não ultrapassa 10 m.
De posse do mapeamento do UOT fornecido por Ferrari (2012), exportou-se a
classe de corpos d'água de formato poligonal. Foi necessária a edição desta classe
para remoção de polígonos de lagos, lagoas e represas, permitindo a seleção dos
polígonos delimitadores de cursos d'água. Em seguida, os polígonos dos cursos d'água
foram divididos, manualmente no editor do ArcGIS® 10.3, de acordo com a largura de
seus trechos. Foram encontrados trechos de 30, 40 e 50 metros de largura de leito e
com base na legislação aplicou-se o comando buffer delimitando a largura da APP (50
metros).
Mapeamento da APP de nascente:
O mapeamento da APP ao redor das nascentes foi obtido semelhante ao
mapeamento das APP dos cursos d'água. Estas nascentes foram marcadas
manualmente utilizando o editor do ArcGIS® 10.3 embasando-se na hidrografia gerada
na etapa anterior, cada início de curso d’água foi demarcado com um ponto, gerando
um vetor de pontos contendo apenas 14 nascentes. Foi executado o comando buffer,
disponível no programa ArcGIS® 10.3, delimitando-se um raio de preservação de 50
metros no entorno de cada uma das nascentes, obteve-se como resultado a APP de
nascente.
57
Mapeamento da APP de encosta:
Para delimitação de APP de encosta foi realizado o download dos dados de
elevação SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) (FARR et al., 2007). O produto
SRTM selecionado foi o SRTM V3 fornecido pela NASA com resolução de 30 metros.
A plataforma escolhida para download foi a plataforma de monitoramento de
ambiente on-line Google Engene que fornece dados pré-processados, submetidos a
um processo de preenchimento de lacunas. O script inserido no Google Engene para
download do modelo digital de elevação (MDE) da área de estudo está no Quadro 02.
maxPixels: 1000000000000
Map.centerObject(fc);
Map.addLayer(elevation);
Map.addLayer(fc);
Xij X m
X Sij (19)
Si
Onde:
- XSij = i-ésima observação da variável j-ésima padronizada;
- Xij = valor i-ésimo observado da j-ésima variável;
- Xm = média da j-ésima e i-ésima variável;
- Si = desvio padrão da variável Xij;
- i = média da amostra Xij;
- i = número de variáveis, e;
- j = número de pontos de coleta.
59
Observação: A padronização dos dados já foi descrita na Revisão de Literatura e
identificada conforme a Equação 02. Neste item esta equação foi apenas reescrita de
maneira mais explicativa.
R
1
p 1
D 1 / 2 * SD 1 / 2 (20)
Onde:
- D-1/2 = matriz diagonal (p x p), em que p é o número de variáveis:
- S = X’dXd;
- S = matriz de covariância dos quadrados das médias padronizados;
- X’d = matriz transposta de Xd, e;
- Xd = matriz normatizada de dados.
A matriz de correlação foi gerada a partir dos dados originais das variáveis
(parâmetros de qualidade da água por exemplo), sendo utilizada posteriormente para a
análise estatística multivariada.
60
Vetor X
O vetor X e suas componentes estão indicados a seguir. Para composição do
vetor X, apenas o parâmetro turbidez não foi selecionado, pois houve um problema
com a solução de calibração em uma das campanhas de coleta, impossibilitando a
leitura em alguns pontos.
X1 - X1 = pH
X 2 - X2 = Oxigênio dissolvido
X 3 - X3 = DQO
X 4 - X4= Nitrogênio NKT
X 5 - X5 = Fósforo total
Vetor Y
O vetor Y corresponde a classes de uso e ocupação da terra e tendo como base
o mapa desenvolvido por Ferrari (2012) observa-se que existem trinta e seis classes na
área de estudo. Para estimar as componentes do vetor Y definiu-se a área de influência
de cada ponto de amostragem, obtendo “mapas de uso e ocupação da terra
individualizados”. A metodologia consistiu na delimitação de um buffer em torno de
cada ponto amostral e consequente confecção dos mapas de uso e ocupação da terra,
etapas realizadas através do o aplicativo computacional ArcGis®.
Para a delimitação dos buffers foram usados os shapefiles (shp) dos pontos
coletados em campo. Esta delimitação atende apenas a fatores de ordem de área, ou
seja, define um raio em relação ao ponto de coleta. Neste estudo, por se tratar de uma
área relativamente pequena e de pontos de amostragem próximos, adotou-se um raio
de 10 (dez) metros. Com os buffers definidos foram gerados os mapas individuais para
capa ponto.
A composição do vetor Y e suas componentes estão indicados a seguir. As
componentes do vetor Y foram obtidas dividindo-se a área de cada tipo de uso de solo
pela área total, gerando assim valores adimensionais.
61
Observação: A definição dos componentes está associada à percentagem de
classes de uso do solo que possuem as maiores interferências antrópicas. O mapa de
uso e ocupação com a área de influência de cada ponto, assim como as justificativas
para definição das componentes, estão apresentadas junto ao item Resultados e
Discussão.
RY1RYX RX1RXY .Os auto valores de RX1RXY RY1RYX são os mesmos de RY1RYX RX1RXY , e
1 1
o b1 é o primeiro autovetor normalizado de R Y R YX R X R XY .
62
X *
1
X 2* 1/ 2
DX X - X
(X)
*
X DX diag Sii i 1, 2,...,5.
o com
,
*
X5
Y*
1
* Y2
*
( Y ) 1/ 2
Y DY Y - Y DY diag S jj j 1, 2,..., 4.
o
com
,
*
Y4
Para este estudo de caso temos p=5 e q=4. Com esses valores, o primeiro par
de variáveis canônicas pode ser escrito:
a' 14b
Corr (U ,V ) (21)
a' 14a . b' 15b
Onde:
- GUS = índice de lixiviação (adimensional);
- t1/2 = meia vida do produto no solo (dias-1);
- Koc = coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo (mLg-1).
Posteriormente, o valor de GUS obtido para cada princípio ativo foi classificado
em uma das categorias definidas por faixas pré-estabelecidas:
o GUS < 1,8 são não-lixiviadores;
o GUS > 2,8 são lixiviadores; e
o 1,8 < GUS < 2,8 são intermediários.
64
3.6.2 Índice LIX
ln 2
Kx (24)
t1 / 2
Onde:
- Kx: constante de degradação de primeira ordem do pesticida (dias-1);
- Koc - coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo (mLg-1).
- t1/2 = meia vida do produto no solo (dia).
0,693 .L.RF.FC
AF exp (25)
ql .t1 / 2
b.OC.K oc .K h
RF 1 (26)
FC FC
65
Onde:
- L = profundidade da água subterrânea a partir da superfície do solo (m);
- RF = fator de retardo (adimensional);
- FC = capacidade de campo do solo (vv-1);
- q = recarga líquida da água subterrânea (mdia-1);
- t1/2 = meia vida do produto no solo (dia).
- ρb = densidade específica do solo (gcm-3);
- OC = teor de carbono orgânico (gg-1);
- Koc = coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo (cm3.g-1);
- = porosidade do solo na capacidade de campo (vv-1);
- Kh = coeficiente de partição ar-água do agrotóxico (cm3.g-1).
66
1000 .Jw
TLPI (27)
K (l , t ).L.RF (l., h).FC
ln( 2) Ea 1 1
K ( L, t ) .. exp .
R Tr 273 T ( L, t ) .
. (28)
1/ 2
t
L L
T ( L, t ) Ta A0 . exp . .sen ..t 0 273 (29)
d d
Tmax Tmin
Ta (30)
2
2
d (32)
C h .
2
(33)
365
0 .t 0 (34)
2
.K d .( L, t ) .H (l , t )
R f (l , t ) 1 (35)
fc fc
Ha 1 1
K D ( L, t ) ( f oc .K oc ). exp
(36)
R r
T 273 T (l , t )
foc.Koc
Ha 4,17. ln 88,1 (37)
1.1000 .SSA
Onde:
- Jw: recarga líquida da água subterrânea (mm dia-1);
- k(L,t): constante de degradação de primeira ordem do agrotóxico no solo,
considerando a profundidade e o tempo (dias-1);
- t1/2: tempo de meia vida do agrotóxico (dias-1);
- Ea: energia de ativação da degradação do agrotóxico (kJ mol-1);
- R: constante dos gases (kJ mol-1 k-1);
- Tr: temperatura de referência (ºC);
- T(L,t): temperatura do solo, considerando a profundidade e o tempo (ºC);
67
- Ta: temperatura média anual da superfície do solo (ºC);
- Tmax: temperatura máxima da superfície do solo (ºC);
- Tmin: temperatura mínima da superfície do solo (ºC);
- A0: amplitude anual entre a temperatura máxima e a temperatura mínima anual
da superfície do solo (ºC);
- L: profundidade da água subterrânea a partir da superfície do solo (m);
- t: tempo (dias-1);
- φ0: constante de fase (adimensional);
- τ: condutividade térmica do solo (wm-1 k-1);
- Ch: capacidade volumétrica de calor do solo (v v-1);
- t0: período anual da aplicação de herbicida (dias-1).
- Rf(L,t): fator de retardação considerando a profundidade e o tempo
(adimensional);
- ρ: densidade do solo (g cm-³);
- KD(L,t): coeficiente de sorção do agrotóxico (mL g-1);
- θfc: teor volumétrico de água do solo na capacidade de campo (%);
- δ: porosidade do solo na capacidade de campo (%);
- H(L,t): coeficiente de partição do agrotóxico ar-água (m3 mol-1);
- foc: carbono orgânico do solo (g g-¹);
- Koc: coeficiente de sorção normalizado ao teor de carbono orgânico do solo (mL
g-1);
- ΔHa: entalpia de sorção (kJ mol-1);
- SSA: área de superfície específica do solo (m2 g-1);
- fcl: fração argila do solo (%);
- fst: fração silte do solo (%); e,
- fsd: fração areia do solo (%).
O TLPI é aplicado para estimar o potencial de lixiviação dos princípios ativos dos
agrotóxicos, baseando-se nas características físico-químicas do agrotóxico estudado,
características do solo e condições geoclimáticas da área de estudo. De forma análoga
ao método RF/AF, os resultados foram espacializados e expressos em potenciais de
lixiviação, como mostra a Tabela 04.
68
Tabela 4 - Classes de potencial de lixiviação para o método TLPI.
TLPI Potencial de Lixiviação
0 a 24 Muito baixo
24 a 49 Baixo
49 a 74 Moderado
74 a 89 Alto
89 a +∞ Muito alto
Para aplicação dos métodos RF/AF e TLPI foram utilizados dados referentes ao
clima, solos e princípios ativos dos agrotóxicos. As variáveis estão indicadas nas
Tabelas 05 e 06.
Fonte: IUPAC (2018). Variáveis: t½: tempo de meia-vida do agrotóxico no solo; Koc: coeficiente
de adsorção à matéria orgânica do solo; k: constante de velocidade de reação de primeira
ordem do agrotóxico (k=ln2/ t½); KH: constante de Henry.
Fonte: 1Gomes et al. (2001); 2Portugal et al. (2008). Variáveis: Fc: capacidade de campo do
solo; ρ: densidade do solo; OC: teor de carbono orgânico do solo: porosidade do solo na
capacidade de campo.
69
3.7 Análise da vulnerabilidade ambiental antrópica
Fonte: a autora.
70
A descrição de cada etapa está indicada a seguir. Todas os procedimentos
metodológicos foram realizados utilizando o aplicativo computacional ArcGIS® versão
10.3.
Etapa 1 - Edição e seleção das classes de uso e ocupação antropogênicas
para o meio ambiente
De posse dos dados vetoriais poligonais em formato shapefile (shp)
representativos da área de estudo com seu respectivo UOT, iniciou-se o processo de
formatação da base de dados com o propósito de edição, seleção e exportação das
classes de UOT consideradas antropogênicas ao meio ambiente.
Com base no mapa de classificação desenvolvido por Ferrari (2012) foram
selecionadas seis classes antropogênicas: (1) cultivo de café; (2) agricultura; (3)
edificações; (4) pastagem; (5) solo exposto, e; (6) estradas pavimentadas e não
pavimentadas. A cultura de café foi segregada das demais classes de cultivo agrícola
pelo fato de possuir uma área mais extensa e receber adubação diferenciada, tanto em
termos dos produtos químicos utilizados quanto em relação a forma e período de
aplicação. Cada polígono foi editado (na forma de vetor) e exportado para
prosseguimento da metodologia.
Etapa 2 – Aplicação da distância euclidiana para as variáveis
A distância euclidiana é calculada através de uma linha reta entre os pontos,
representando a distância mais próxima do centro da célula de origem (da imagem da
matriz) ao centro da célula vizinha (SANTOS, et al. 2017). Este tema foi abordado na
Revisão de Literatura e a metodologia de cálculo foi indicada por meio da Equação 03.
Nesta etapa a distância euclidiana foi aplicada às seis classes antropogênicas
selecionadas.
Etapa 3 - Aplicação da lógica Fuzzy à distância euclidiana de variáveis
matriciais
O grau de pertinência do conjunto Fuzzy é expresso em termos de escala que
varia continuamente entre 0 e 1. Indivíduos próximos ao conceito central tem valores
da função de pertinência próximos de 1, os que estão distantes recebem valores
menores, próximos de 0 (dos SANTOS et al., 2016b). Os modelos baseados em lógica
Fuzzy, permitem uma maior flexibilidades nas combinações de mapas com pesos e
podem ser implementados nos SIG.
71
Uma função de associação foi definida para cada variável matricial representada
pela respectiva distância euclidiana. As áreas consideradas mais vulneráveis, ou seja,
mais susceptíveis aos impactos das atividades antropogênicas, foram indicadas
quando o valor real da variável era próximo de 0 e as áreas menos vulneráveis quando
o valor real da variável era próximo de 1. Em seguida, as variáveis foram modeladas
pela função de filiação linear fuzzy em que a menor distância euclidiana foi considerada
o valor mínimo e a maior distância o valor máximo, gerando uma função linear.
Etapa 4 – Aplicação de uma frequência de pixel para as faixas do conjunto
fuzzy
Nesta etapa, as imagens matriciais representativas da função de pertinência
fuzzy foram reclassificadas em quatro classes de frequência de pixels (classe 01 de 0 a
0,25, classe 02 de 0,26 a 0,5, classe 03 de 0,51 a 0,75 e classe 04 de 0,76 a 1,0) por
meio da função de reclassificação. Posteriormente, essas classes e suas frequências
de ocorrência percentual foram plotadas em gráfico estatístico.
Etapa 5 – Aplicação do operador Gamma
Para obter um mapa resultante da sobreposição dos planos de informação
Fuzzy foi utilizado o operador Gamma, determinado pelo produto entre a soma
algébrica Fuzzy e produto Fuzzy (Equação 40).
y 1 y
n
n
U i 1 wi (1 wi ) * wi (39)
i 1 i 1
Onde:
- n = número de classes;
- γ = valor Gamma que varia de 0 a 1;
- wi = valor de pertinência fuzzy para cada mapa a ser combinado.
72
Etapa 6 - Análise descritiva dos resultados
Por fim, a etapa metodológica consistiu na análise descritiva visando o
conhecimento dos resultados para a área de estudo, possibilitando a análise de
acurácia desta prospecção em comparação com a situação real.
75
Outro indicativo da poluição causada pelos rejeitos da suinocultura foi a elevada
concentração de DQO na água subterrânea (Ponto 10), cujo poço encontra-se próximo
ao biodigestor. Embora não existam limites de DQO para água subterrânea, muitos
trabalhos definem que a concentração não deve estar acima de 5,0 mgL-1 (AMEUR et
al., 2017; BANOO et al., 2017; BURGESS et al., 2017; LE; STUCKEY, 2017).
Ao analisar a matriz de correlação fica evidente a correlação negativa entre os
parâmetros OD-DQO; OD-NH3 e OD-Ftotal, indicando que a variável OD e as demais
variam em direções opostas, ou seja, um aumento do parâmetro DQO (por exemplo)
acarreta em um decrescimento do parâmetro OD.
Ao comparar as amostras das lagoas paisagísticas (exceto a lagoa da
suinocultura), córregos e lagoas de piscicultura não há discrepância entre os valores
dos parâmetros, sugerindo que a atividade de piscicultura não é um agente poluidor
dos recursos hídricos na área de estudo. No Ifes campus Alegre a piscicultura é
desenvolvida com acompanhamento técnico, fato que torna a atividade mais segura e
sustentável do ponto de vista ambiental. Associado a esta vantagem existe o fato da
produção ser em pequena escala, pois não visa comercialização e sim a didática e a
pesquisa, reduzindo a concentração de fontes de polução como a matéria orgânica.
Algumas correlações entre as variáveis são importantes para piscicultura, como
a correlação positiva e significativa entre os parâmetros pH e N-NH3 (0,74), indicando
que a elevação do pH acarreta, em média, em um aumento no parâmetro nitrato. Como
já citato, a amônia livre (NH3) é passível de volatilização, ao passo que a amônia
ionizada (NH4+) não. Para a piscicultura essa relação é de grande importância, pois a
amônia livre é tóxica aos peixes e este composto tende a aumentar com a elevação do
pH. Para evitar problemas ao metabolismo dos peixes o pH deve ser mantido abaixo de
9,0 nos tanques de piscicultura.
Observa-se ainda uma correlação positiva entre as variáveis N-NH3 e Ftotal
(0,73), indicando que os parâmetros variam juntos e no mesmo sentido, ou seja, um
incremento do parâmetro N-NH3 acarreta, em média, um aumento no parâmetro
fósforo. Segundo Gonzaga (2015) esta relação indica um equilíbrio em termos
nutricionais da ração utilizada.
76
4.1.1 Avaliação da toxicidade
77
Tabela 9 - Resultado do teste de toxicidade crônica expresso como CI25.
Amostras Pontos CI25 (%)
1 P1 - Lagoa de piscicultura 26,8
2 P2 – Córrego - Prédio extensão 64,2
3 P4 - Lagoa de piscicultura 31,5
4 P7 - Lagoa de piscicultura 32,1
5 P9 - Lagoa paisagística - Suinocultura 14,9
6 P10 - Poço subterrâneo - Suinocultura 58,7
7 P11 - Córrego – Pastagem 40,2
8 P12 - Córrego - Floresta 73,5
Y1 Y2 Y3 Y4
X2 X3 X4 X5
X1 Área Pastagem Arboriz. Estradas
Pontos OD DQO N–NH3 Ftotal agricultura
pH natural urbana e edif.
(mgL-1) (mgL-1) (mgL-1) (mgL-1) (%)
(%) (%) (%)
1 7,26 5,43 22,04 0,166 0,178 27,63 72,37 - -
2 6,27 5,31 28,43 0,170 0,171 42,46 1,14 14,35 37,42
3 6,75 4,95 29,37 0,240 0,291 22,64 47,03 12,94 17,40
4 6,10 4,00 34,43 0,300 0,229 26,18 73,82 - -
5 5,81 4,32 32,53 0,298 0,237 32,01 28,09 5,71 34,20
6 7,22 5,15 23,17 0,123 0,191 0,20 45,20 - 3,42
7 5,85 4,53 32,77 0,243 0,266 15,57 12,15 14,74 57,55
8 6,07 4,72 32,43 0,257 0,267 36,06 63,94 - -
9 4,13 2,56 79,10 0,708 0,342 - 45,42 27,21 -
10 6,49 5,29 10,87 0,166 0,021 - 98,0 - 2,0
11 7,13 3,20 34,76 0,569 0,161 - 100 - -
12 6,83 4,68 24,03 0,025 0,075 31,28 48,90 - 19,82
79
Composição do vetor Y
Conforme indicado na metodologia, para definição das componentes do vetor Y
a área de influência de cada ponto de amostragem foi determinada através de um
buffer de 10 metros, gerando um mapa de uso e ocupação da terra para cada ponto. O
resultado desse procedimento está representado na Figura 08.
A definição dos componentes do vetor aleatório Y está associada à percentagem
de classes de uso do solo que possuem as maiores interferências antrópicas. Tendo
em vista o mapeamento realizado as classes mais representativas foram: aquicultura,
campo livre, arborização urbana, estradas não pavimentadas, edificações e pastagem
natural. As áreas correspondentes a fragmentos florestais ocorreram apenas no Ponto
12 e as áreas agricultáveis nos pontos 02 (cultivo de manga), 06 (cultivo de manga) e
12 (cultivo de arroz e feijão). Devido à variedade de classes foram selecionadas quatro
componentes: (1) áreas naturais que incluem os campos livres e fragmentos florestais;
(2) áreas agrícolas e pastagem cultivada e natural, sendo a aquicultura e os cultivos
citados incorporados nas áreas agrícolas; (3) arborização urbana, e; (4) estradas não
pavimentadas e edificações.
As classes arborização urbana, estradas não pavimentadas e edificações são
consideradas atividades antrópicas não agrícolas, mas estão analisadas
separadamente por impactarem a qualidade da água de forma diferenciada. A
arborização tende a ser um fator positivo pelo fato de favorecer a infiltração de água no
solo e ser um meio de retenção de poluentes. Por sua vez, as classes estradas não
pavimentadas e edificações reduzem a infiltração e favorecem o carreamento de
poluentes para água podendo comprometer a qualidade.
Como pôde ser observado na Tabela 10, por se tratar de uma área pequena e
com os pontos de amostragem próximos, houve uma limitação ao distribuir o uso e
ocupação da terra para a área de influência de cada ponto. As classes mais
representativas foram comuns apenas para os pontos: 2, 3, 5 e 7. A Tabela 10 está
reescrita apenas com os pontos de interesse para análise estatística.
Vale a observação que foram feitos testes com buffers de 5, 10 e 15 metros e o
equivalente a 10 metros foi o que reuniu a maior quantidade de pontos com as classes
mais representativas.
80
Figura 8 - Mapa de uso e ocupação da terra conforme a área de influência de cada
ponto de amostragem.
Fonte: a autora.
81
Tabela 10 – Variáveis dos vetores X (parâmetros de qualidade da água) e Y (classes de uso e
ocupação da terra).
Y1 Y2 Y3 Y4
X2 X3 X4 X5
X1 Área Pastagem Arboriz. Estradas
Pontos OD DQO N–NH3 Ftotal agricultura
pH natural urbana e edif.
(mgL-1) (mgL-1) (mgL-1) (mgL-1) (%)
(%) (%) (%)
82
Tabela 12 - Matriz de correlação entre os vetores X e Y.
Área Pastagem e Arborização Estradas e
Parâmetros
natural agricultura urbana edificações
pH 0,21 0,42 0,37 0,25
OD 0,63 -0,59 0,69 -0,16
DQO -0,36 0,56 0,35 0,41
N–NH3 -0,43 0,51 0,24 0,54
Ftotal -0,32 0,61 0,40 0,60
P Y .
83
A correlação positiva entre agrotóxicos e DQO foi observada por Hlihor et al.,
(2019) que investigaram resíduos de pesticidas na água no noroeste da Romênia e
Demir; Dilek e Yetis (2019) que estudaram os resíduos desses compostos em águas
subterrâneas na Turquia. Tavakoly et al. (2019) observou incrementos na concentração
de nitratos em áreas agrícolas na França.
As áreas edificadas e as estradas também apresentaram correlação positiva e
significativa com N-NH3 (0,54) e Ftotal (0,60), indicando que um incremento nessas
classes pode favorecer a lixiviação de nutrientes. O principal fator que leva a esse
impacto é a impermeabilização do solo, processo que reduz a infiltração de água e
contribui para o carreamento de sólidos diversos.
1 1 1 1
Tabela 13 - Matriz de auto vetores de R X R XY R Y R YX e R Y R YX R X R XY .
84
Tabela 14 - Matriz de auto valores e módulo da correlação canônica.
Vetor de auto valores Módulo da correlação canônica *
λ1 0,712 0,84
λ2 0,398 0,63
λ3 0,314 0,56
λ4 0,188 0,43
85
A interpretação da variável RUX indica que: a variável pH padronizada possui
uma correlação com U1 igual a -0,078, indicando uma contribuição muito fraca na
composição de U1. Para os demais resultados apresentados na Tabela 15 a
interpretação é similar, podendo assim observar que a variável OD possui uma
contribuição de moderada a forte na composição de U1. Por esse resultado, caso a
variável U1 possua valores altos, indicada uma alta concentração de OD na água e
valores baixos apontam a uma redução de oxigênio, podendo representar poluição por
matéria orgânica, nutrientes e compostos recalcitrantes.
Ao analisar o vetor RVY observa-se que a componente pastagem e agricultura
possui uma contribuição moderada a forte na composição de V 1, as componentes área
natural, estradas e edificações e arborização urbana possuem uma contribuição
moderada. A variável V1 com altos valores indica uma intensificação de atividades
agrícolas e pastagem.
86
4.2 Avaliação do conflito em APP
As APP são áreas de grande importância ecológica que têm como função
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade,
o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das
populações humanas (BRASIL, 2012). A área de preservação do Ifes campus de
Alegre está disposta na Figura 09, onde é possível identificar uma extensão de 103,45
ha, o que corresponde a 31,08% da área total.
Ao comparar este resultado com a delimitação realizada por Ferrari (2012),
observa-se uma pequena redução das áreas preservadas, pois no período avaliado a
APP na área de estudo era equivalente à 34,33% da área total. É importante ressaltar
que no período de desenvolvimento da pesquisa (meados de 2012) o novo código
florestal ainda não estava em vigor, logo a metodologia de avaliação proposta por
Ferrari não seguiu os mesmos parâmetros desse trabalho.
Segundo Peluzio et al. (2010) as APP devem ser parte integrante da paisagem
como forma de garantir a sustentabilidade econômica e ambiental. Para os autores as
atividades antropogênicas desenvolvidas em harmonia com os critérios de preservação
são mais produtivas e benéficas a população. Ge et al. (2019) e Parizi et al. (2019)
comentam que regiões que mantêm extensas áreas preservadas também são menos
vulneráveis às atividades antropogênicas.
A Tabela 17 apresenta as APP de acordo com as classes citadas no Quadro 01.
As APP de topo de morro e cursos d’água são predominantes na área:
respectivamente 48,70% e 35,70%, seguidas pelas APP de nascentes (10,20%) e APP
de encosta (5,40%).
87
Figura 9 - APP do Ifes campus de Alegre.
Fonte: a autora.
88
A APP de topo de morro é imprescindível para melhoria da estabilidade do solo,
facilitando a infiltração e conservação da água. Pesquisa realizada Mo; Wang; Jacobs
(2016) indicou que os cursos d’água em regiões com topo de morro preservado
mantêm um volume de água estável, mesmo em períodos de seca. Devido à topografia
da área de estudo essa classe de APP foi a mais representativa.
Para Ameur et al. (2017) a proteção dos cursos d’água garante a estabilidade
das margens, tendo importância vital no controle de erosão do solo e da qualidade da
água, evitando o carreamento direto de sedimentos, nutrientes e produtos químicos
provenientes das partes mais altas do terreno. Os dados da pesquisa apontam grande
representatividade das APP de cursos d’água: ao somar as áreas de APP pelas
aplicações do buffer de 30 m para o córrego Horizonte e buffer de 50 m para o rio
Itapemirim, a área chega a quase 118,90 ha, cerca de 11,10% da área total do Ifes.
A preservação da área de entorno das nascentes possibilita uma maior
infiltração da água no solo, evitando a perda de água pelo escoamento superficial, além
de favorecer o abastecimento dos reservatórios subterrâneos (LE; STUCKEY, 2017).
Apenas 14 nascentes foram mapeadas na área de estudo e assim, as APP de
nascente representaram apenas 10,55% da área total de APP.
As APP de encosta foram as que apresentaram áreas mais reduzidas. As APP
de encostas foram obtidas através de áreas com declividade superior a 45º, o que
equivale a 0,34 % da área do Ifes e as APP de altitude, acima de 1800 metros, não
foram encontradas para esta área.
As APP foram confrontadas com o uso e ocupação da terra por meio de
cruzamento tabular dos dois mapas, sendo os resultados estão indicados na Figura 10.
De acordo com o código florestal, do total da área destinada à preservação permanente
28,27% (corresponde a 29,24 ha de extensão) encontra-se em uso conflitante da terra.
Para essa quantificação foram desconsideradas as classes que já são de UOT
conservadas como fragmentos florestais, reflorestamento, formações rochosas e os
cursos d’água.
89
Figura 10 - Confronto do uso e ocupação da terra em relação às APP.
Fonte: a autora.
90
Na Tabela 18 está representado o UOT nas áreas de preservação. Como trata-
se de 36 classes foram descritos apenas os principais conflitos. De maneira geral, as
classes de UOT mapeadas estão situadas nas áreas legalmente protegidas.
A principal área de conflito de UOT dentro das APP delimitadas ocorre na classe
de pastagem natural, onde 16% da área está inserida em áreas de preservação, ou
seja, não está em acordo com o código florestal.
As atividades antrópicas agrícolas estão agrupadas em uma única classe que
ocupa 5,78 ha da área destinada à proteção ambiental. Entre os cultivos apenas as
hortaliças não ocuparam áreas de preservação; já o café foi a cultura que ocupou a
maior área preservada, somando 1,02 ha. As atividades antrópicas não agrícolas
representadas pelas classes estradas e edificações ocupam 2,59 ha das APP e as
demais classes 4,75 ha.
Na área de estudo, além do conflito do UOT nas áreas de preservação verificou-
se a necessidade de uma recomposição da vegetação nativa da ordem de 10,3 ha para
composição da Reserva Legal1. Esta situação demonstra a baixa porcentagem de
fragmentos florestais neste local.
1
De acordo com a Lei 12.651/2012 todo imóvel rural deve manter uma área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal. Trata-se de área localizada no interior de uma propriedade ou posse
rural, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais. Sua
dimensão mínima em termos percentuais relativos à área do imóvel é dependente de sua localização e
para a área em estudo a Reserva Legal deve ocupar, no mínimo, 20% da área total. Esta área deve ser
ocupada por florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em APP.
91
A manutenção de áreas de preservação poderia atenuar alguns impactos
negativos na área de estudo, como a inconformidade dos parâmetros de qualidade da
água e a escassez hídrica. Ao avaliar a qualidade da água no Ifes verificou-se elevadas
concentrações de DQO e nutrientes em alguns pontos de amostragem, fato que levou
à redução na concentração de oxigênio na água. Outro problema é a escassez hídrica,
pois a região sul do Espírito Santo sequencialmente passa por ciclos de escassez
devido aos baixos índices pluviométricos e ausência de programas de gestão dos
recursos hídricos. A falta de abastecimento prejudica as atividades agropecuárias do
campus, principalmente pela ausência da irrigação.
Conforme Oliveira (2018), áreas preservadas contribuem para melhoria da
qualidade da água e controle hidrológico, regulando o escoamento superficial e
subsuperficial. Caso o Ifes apresentasse áreas preservadas conforme as exigências
legais, tais impactos poderiam ser minimizados e controlados.
Tabela 19 - Potencial risco de lixiviação dos princípios ativos dos agrotóxicos no Ifes
campus de Alegre pelos métodos GUS e LIX.
Agrotóxico GUS Classificação* LIX Classificação**
*GUS: NL: Não Sofre Lixiviação; FT: Faixa de Transição; PL: Provável Lixiviação. ** LIX: N:
Nulo; ZT: Zona de Transição; PL: Potencial de Lixiviação.
92
As substâncias Sulfentrazone e Tiametoxam são aplicadas em culturas de café
no Ifes campus de Alegre, sendo classificadas com provável e potencial risco de
lixiviação no solo. Em análise das informações repassadas pela gestão do Instituto,
observa-se que tais agrotóxicos são usados desde a década de 90 e com aplicação em
dois períodos durante o ano, ou seja, são produtos consumidos de maneira intensa
nesta área. Conforme Santos (2017), os modelos GUS e LIX indicam que as
substâncias classificadas com elevado potencial de lixiviação podem ser transportadas
pelo fluxo de água no perfil do solo atingindo as águas subterrâneas e/ou podem ser
transportadas pelo escoamento superficial em direção aos corpos de águas. Logo, a
avaliação pelos métodos citados indica uma possível acumulação de Sulfentrazone e
Tiametoxam ao longo dos anos (no solo e na água) e o consequente potencial dessas
substâncias em causar impactos ambientais e danos à saúde humana.
Ao comparar os resultados desta pesquisa com outros trabalhos científicos, as
informações corroboram com os dados obtidos por Santos (2017) e Tebaldi et al.
(2018) que pesquisaram o risco de lixiviação de agrotóxicos em culturas de café no
estado do Espírito Santo; Silva (2018) que pesquisou o risco de lixiviação de
agrotóxicos em áreas de aptidão edafoclimática para a cultura do eucalipto também no
Espírito Santo; Çeliker et al. (2019) que estudaram princípios ativos em áreas agrícolas
da Turquia usando os mesmos métodos, e; Hlihor et al. (2019) em identificação de
agrotóxicos usados em plantações de tomate na Romênia.
Os métodos GUS e LIX são considerados simplificados por envolverem poucas
variáveis em sua determinação, pois não levam em consideração as condições
ambientais, as características pedológicas da área ou as práticas de manejo. As
principais variáveis em sua determinação são o tempo de meia vida e o coeficiente de
adsorção.
O conceito de meia vida trata especificamente do tempo necessário para a
atividade de um elemento ser reduzida à metade. Quanto maior o tempo de meia vida
de uma substância, maior será o tempo em que ela estará disponível no ambiente,
logo, a possibilidade de ser lixiviada será maior. As substâncias que apresentam
tempos de meia-vida menores apresentam menor tempo de disponibilidade no solo por
serem degradadas mais rapidamente (SPADOTTO, 2002). Sulfentrazone e
Tiametoxam foram as substâncias que apresentaram maior meia vida entre as
investigadas, com valores de 541,0 e 50,0 dias-1, respectivamente.
93
A adsorção é um fenômeno físico químico onde o componente em uma fase
líquida ou gasosa é transferido para a superfície de uma fase sólida. Quanto menor for
o coeficiente, maior será o potencial de lixiviação dos princípios ativos de cada
agrotóxico, pois sua capacidade de sorção em relação ao solo é reduzida
(LOURENCETTI et al., 2005). Estas características são inerentes a cada princípio ativo
e podem vir a ser uma justificativa pelas diferenças na estimativa do risco de lixiviação
obtidos no presente estudo com a aplicação dos métodos GUS e LIX (ÇELIKER et al.,
2019). Por exemplo, o composto Pendimetalina apresenta coeficiente de adsorção
mais elevado que Sulfentrazone (respectivamente 7.491,0 e 43,0 mgL-1) e
consequentemente, o seu potencial de lixiviação foi classificado como nulo pelo índice
LIX.
A facilidade de aplicação dos métodos GUS e LIX permite estimar o potencial de
lixiviação de agrotóxicos em regiões que não provêm de informações técnicas (SILVA,
2018). Mesmo em sua limitação, os métodos podem ser utilizados para selecionar
quais princípios ativos devem receber maior atenção durante a escolha dos produtos a
serem aplicados nos cultivos.
O Fator de Retardo (RF) de cada agrotóxico avaliado está indicado na Figura 11,
que apresenta uma classificação seguindo o potencial de adsorção. Este método
estima a fração de agrotóxico que aplicado à superfície lixívia através do solo a uma
determinada profundidade, considerando a atenuação estimada por meio do aporte
relativo de massa do composto orgânico na água subterrânea.
Os compostos Diuron, Glifosato e Pendimetalina apresentaram potencial de
absorção classificado como Muito Alto, equivalente a 100% da área de cultivo de café.
Os demais princípios ativos (2,4-D, Sulfentrazone e Tiametoxam) apresentaram alto
potencial de adsorção, também equivalente a 100% da área. Conforme Silva (2018),
quanto menor for o coeficiente de adsorção, maior será o potencial de lixiviação do
ingrediente ativo, pois sua capacidade de sorção em relação ao solo é reduzida. Desta
forma, é desejável que os princípios ativos tenham um alto potencial de retardo,
diminuindo o transporte dessas moléculas do solo até o lençol freático.
94
Figura 11 - Fator de Retardo dos princípios ativos de agrotóxicos para cultura de café
no Ifes campus de Alegre.
Fonte: a autora.
95
O Fator Atenuação (AF) está indicado nas Figuras 12 a 17, que representa o
potencial de lixiviação dos princípios ativos para a cultura do café no Ifes campus de
Alegre. Os cálculos foram realizados variando a profundidade do sistema radicular e a
lâmina de irrigação.
Entre as características que mais influenciam o resultado da classificação estão
a profundidade média do lençol freático e a lâmina de água aplicada, seja via
precipitação pluviométrica ou por irrigação da cultura. Para esta estimativa considerou-
se uma profundidade de 0,3 m, associada à profundidade média do sistema radicular
do café e a profundidade a nível do lençol freático, pelo fato do nível médio do lençol
freático para o estado do Espírito Santo ser profundo (SANTOS, 2017). As lâminas de
irrigação consideradas foram 600 mm e 1200 mm, lâminas médias aplicadas nos
períodos de seca e chuvoso, respectivamente (SANTOS et al., 2018).
Dentre os princípios ativos avaliados, o Sulfentrazone apresentou os maiores
percentuais de área classificadas com Muito Alto potencial de lixiviação. Em análise da
Figura 12 observa-se que para a profundidade do sistema radicular de 0,3 m e lâminas
de irrigação 600 e 1.200 mm, 100% da área foi classificada como Muito Alto potencial
de lixiviação. Para a profundidade do lençol freático, ao simular uma lâmina de
irrigação de 600 mm, 99,83% da área apresentou muito alto potencial de lixiviação e
para uma lâmina de irrigação de 1200 mm, 86,69% da área com esta classificação.
O princípio ativo Tiametoxam (Figura 17) apresentou potencial de lixiviação
classificado como alto em 40,66% da área e Muito Alto em 59,34% àa 0,3 metros de
profundidade, independente da lâmina de irrigação. Ao considerar a profundidade do
lençol freático, não houve área para ser classificada, ou seja, não houve potencial de
lixiviação pelo método AF.
Para o princípio ativo 2,4-D (Figura 12), os resultados revelaram que à 0,3
metros de profundidade e lâminas de irrigação 600 e 1.200 mm, 59,34% da área
apresentou potencial de lixiviação classificado como Muito Baixo. Assim como ocorreu
durante a simulação do Tiametoxam, ao considerar a profundidade do lençol freático,
não houve área para ser classificada. Em relação ao Diuron (Figura 13), à 0,3 metros
de profundidade e lâmina de irrigação 600 mm, 59,34% da área apresentou Baixo
potencial de lixiviação. Para a lâmina de 1200 mm à 0,3 metros de profundidade o
potencial de lixiviação foi classificado como Muito Baixo em 40,66% da área e à nível
do lençol freático, como Baixo em 59,34% da área.
96
Ao estimar o potencial de lixiviação dos compostos Glifosato e Pendimetalina
pelo método AF, para as variações de profundidade e lâmina de irrigação, não foi
detectado potencial de lixiviação.
Figura 12 - Fator de Atenuação do composto 2,4-D para cultura de café no Ifes campus
de Alegre.
Fonte: a autora.
97
Figura 13 - Fator de Atenuação do composto Diuron para cultura de café no Ifes
campus de Alegre.
Fonte: a autora.
98
Figura 14 - Fator de Atenuação do composto Glifosato para cultura de café no Ifes
campus de Alegre.
Fonte: a autora.
99
Figura 15 - Fator de Atenuação do composto Pendimetalina para cultura de café no Ifes
campus de Alegre.
Fonte: a autora.
100
Figura 16 - Fator de Atenuação do composto Sulfentrazone para cultura de café no Ifes
campus de Alegre.
Fonte: a autora.
101
Figura 17 - Fator de Atenuação do composto Tiametoxam para cultura de café no Ifes
campus de Alegre.
Fonte: a autora.
102
Quanto maior o AF maior é o potencial de contaminação do lençol freático, logo,
é desejável que os princípios ativos dos agrotóxicos sejam classificados como Muito
Baixo fator de atenuação (SPADOTTO, 2002). Para o autor, a degradação das
moléculas dos agrotóxicos no solo são resultantes da combinação de eventos químicos
e biológicos e quanto maior à atenuação dessas moléculas menos espessa se tornam,
favorecendo assim, sua degradação no ambiente. Por consequência, aumenta-se o
risco de contaminação do lençol freático.
Santos; Leite (2016) alertam para os riscos envolvidos mesmo quando são
obtidos resultados com classificação Baixo e Muito Baixo potencial de lixiviação. Os
pesquisadores avaliaram o risco de contaminação de águas subterrâneas na região
oeste da Bahia pelo inseticida carbofuran empregando o método RF/AF, concluindo
que grande parte da área foi classificada com Muito Baixo potencial de lixiviação para o
inseticida. Mesmo com esta classificação, o solo estava contaminado com carbofuran e
concentrações muito baixas desse composto provoca efeitos adversos à saúde
humana e animal. Hlihor et al. (2019) afirmam que a classificação deve ser
acompanhada de uma avaliação sobre as caracterizarias de cada princípio ativo,
considerando principalmente sua recalcitrância no ambiente e suas propriedades de
bioacumulação.
Os diferentes resultados obtidos com os métodos RF/AF podem ser justificados
pelas diferenças inerentes ao princípio ativo estudado e devido as propriedades físico
químicas do solo presente na área de estudo (Tabelas 5 e 6), que influenciaram
diretamente os resultados desses métodos e as respectivas classificações obtidas
(SILVA, 2018).
As variáveis envolvidas no cálculo de AF e RF (identificadas nas Equações 26 e
27) também explicam alguns dos valores obtidos, entre elas está o coeficiente de
adsorção à matéria orgânica do solo (KOC). Segundo Lourencetti et al. (2005) e
Portugal et al. (2018), um princípio ativo com coeficiente de adsorção elevado tende a
ser retido nas camadas superficiais do solo, dificultando seu deslocamento via
lixiviação. Para essas situações o tempo de meia vida não exerce tanta influência
porém, quando a substância apresenta valores reduzidos do coeficiente de adsorção,
esse tempo passa ser fundamental durante o fluxo descendente do agrotóxico no solo,
ou seja, quanto maior o tempo de meia vida, maior será o tempo necessário para a
degradação do composto ao longo do perfil do solo. Por consequência, mais elevado
será o potencial de contaminação do lençol freático.
103
Entre os agrotóxicos avaliados, Sulfentrazone apresenta o maior tempo de meia
vida (541,0 dias-1) e coeficiente de adsorção relativamente baixo (KOC = 43,0 mLg-1),
fato que pode explicar o elevado potencial de lixiviação apresentado por esse princípio
ativo.
Em relação ao elevado potencial de lixiviação revelado pelo Sulfentrazone, os
resultados corroboram com a avaliação de Santos (2017) que pesquisou o risco de
lixiviação de agrotóxicos em culturas de café no Espírito Santo e com informações
disponibilizadas pelo Incaper, que classifica esse princípio ativo como um dos
agrotóxicos que mais oferece risco de contaminação para águas subterrâneas no
estado.
Tabela 20 - Potencial risco de lixiviação dos princípios ativos dos agrotóxicos no Ifes
campus de Alegre pelo método TLPI.
104
Como mencionado, embora o potencial de lixiviação varie entre Muito Baixo a
Baixo, deve-se avaliar as características dos produtos químicos para traçar um
diagnóstico sobre a área. Conforme Demir; Dilek; Yetis (2019), Sulfentrazone e
Tiametoxam apresentam baixa solubilidade em água, baixa sorção e longa persistência
no solo, logo as áreas expostas a esses princípios ativos possuem maior risco de
contaminação.
De acordo com Silva (2018) é valido destacar que umas das características que
mais influenciam o resultado da classificação é a profundidade média do lençol freático.
Pelo fato do nível médio do lençol freático para o estado do Espírito Santo ser
profundo, o risco de lixiviação tende a ser, em sua grande maioria, classificado como
Muito Baixo, independentemente do tipo de solo.
105
4.4 Avaliação da vulnerabilidade ambiental antrópica
107
Figura 20 - Lógica Fuzzy para as variáveis matriciais distribuídas por área.
108
Como mencionado, o grau de pertinência do conjunto Fuzzy é expresso em
termos de escala que varia continuamente entre 0 e 1. As áreas consideradas mais
vulneráveis, ou seja, mais susceptíveis aos impactos das atividades antropogênicas,
foram indicadas quando o valor real da variável era próximo de 0 e as áreas menos
vulneráveis quando o valor real da variável era próximo de 1. Ao avaliar a lógica
nebulosa distribuída por área observa-se que para todas as classes antropogênicas o
valor esteve próximo a zero, indicando que grande parte da área de estudo está
vulnerável às atividades antropogênicas, ou seja, está susceptível aos impactos
ambientais causados por cada classe.
Esta análise fica ainda mais evidente quando se verifica a distribuição de
frequências de pixels para os intervalos do conjunto da função de pertinência fuzzy,
conforme a Figura 21. A frequência estabelecida no intervalo entre 0,0 à 0,25 foi
predominante em todas as classes antropogênicas, com destaque para as estradas e
pastagem. O resultado é preocupante uma vez que 40,35% da área do Ifes é ocupada
por pastagem.
Este resultado foi condizente ao encontrado pela análise de correlação canônica
que indicou que a componente pastagem e agricultura possui uma contribuição
moderada a forte na composição de V1, variável que representa o UOT. Valores
elevados de V1 indicam um aumento de áreas de pastagem e agricultura por esta
análise estatística. A vulnerabilidade ambiental antrópica decorrente da pastagem
também foi observada pelo confronto entre UOT e áreas de APP, onde constatou-se
que uma área de pastagem superior a 16,0 ha estava em conflito com as APP.
Conforme Ferrari (2012), a classe pastagem (tanto a denominada natural quanto
cultivada) na área de estudo é o resultado do desmatamento visando expansão das
atividades agropecuárias no campus, principalmente pecuária leiteira. Embora haja um
programa de manejo para essas pastagens, os impactos ambientais são evidentes,
destacando-se: a redução da vegetação nativa, a perda da produtividade do solo e o
aumento da erosão. Tais impactos tendem a tornar a área mais vulnerável às
atividades antropogênicas.
Borrelli et al. (2018) realizaram uma avaliação global os impactos ambientais
ocasionados pelas mudanças no UOT no século XXI, indicando que o desmatamento
para consequente formação de pastagens foi a ação antrópica que mais contribuiu para
o aumento das taxas de erosão. Ao avaliar a vulnerabilidade ambiental antrópica em
região agrícola do estado da Califórnia, Estados Unidos, Delevaux et al. (2018)
109
apontaram a pastagem como a classe que mais contribuiu para o aumento da
vulnerabilidade nesta região. Muller (2017) avaliou a vulnerabilidade ambiental à
erosão no município de Itaguaçu, Espírito Santo, onde 37,6% da área era ocupada por
pastagens cultivadas. A vulnerabilidade à erosão das áreas tomadas pelas pastagens
foi superior à de áreas urbanas pavimentadas e regiões agrícolas com cultivo de café.
110
A análise de vulnerabilidade ambiental antrópica foi realizada pelo
desenvolvimento de um mapeamento que classificou a área do Ifes campus de Alegre
conforme classes de vulnerabilidade. O resultado está sintetizado na Figura 22.
Fonte: a autora.
111
A área de estudo encontra-se estabelecida, predominantemente, em regiões de
altíssima (52,24%) e alta vulnerabilidade (21,40%) ambiental antrópica, demonstrando
a grande susceptibilidade aos impactos ambientais causados pelas atividades
antropogênicas avaliadas. As classes de baixíssima e baixa vulnerabilidade são as
áreas de maior concentração de fragmentos florestais.
Na revisão de literatura foram retratados alguns trabalhos científicos sobre
vulnerabilidade ambiental e um ponto em comum entre as pesquisas foi a forma como
as informações geradas foram usadas pelas autoridades ou órgãos gestores: os dados
de vulnerabilidade se tornaram um instrumento de gestão, tomada de decisões e base
para o desenvolvimento de programas de monitoramento. As informações obtidas com
este trabalho devem ser usadas de maneira similar no Ifes de Alegre, pois grande parte
de sua área encontra-se susceptível aos impactos ambientais causados pelas
atividades antropogênicas que estão sendo praticadas no campus e o mapeamento da
vulnerabilidade ambiental antrópica deve ser disponibilizado, divulgado e usado como
mecanismo para melhoria da qualidade ambiental.
A Instituição dispõe de um corpo técnico qualificado que pode traçar planos
visando reduzir os impactos e tornar as atividades mais sustentáveis do ponto de vista
ambiental. A situação atual pode ser controlada com programas de reflorestamento e
implementação de boas práticas agrícolas com objetivo de aumentar a produção e
manter a qualidade e estabilidade do solo.
Ge et al. (2019) destacam que, após verificado um quadro de vulnerabilidade,
programas visando mitigar os impactos negativos devem ser implementados. No
trabalho de Delevaux et al. (2018) foi determinada a vulnerabilidade ambiental de uma
região agrícola na Califórnia, constatando que 58% da área foi enquadrada na classe
de altíssima vulnerabilidade no ano de 2016. Por meio de programas de manejo do
solo e reflorestamento, foi observada uma melhoria desse quadro: em 2018, 36% da
área foi classificada com altíssima vulnerabilidade.
Na Figura 23 está representado o confronto da vulnerabilidade ambiental
antrópica e as APP do Ifes campus de Alegre. Observa-se que as APP estão inseridas,
em sua maioria, em áreas de altíssima (40,80%) e alta (25,96%) vulnerabilidade
ambiental. Por esse confronto observa-se que as APP de cursos d’água possuem mais
de 70% de sua área inseridas na classe de altíssima vulnerabilidade, resultado das
atividades agrícolas praticadas às margens dos córregos.
112
Figura 23 - Confronto entre a vulnerabilidade ambiental antrópica e APP no Ifes campus de Alegre.
Fonte: a autora
113
Este resultado indica a importância em se preservar as margens dos cursos
água. Conforme Peluzio et al. (2010) o uso das áreas marginais para a agricultura,
pecuária, construção civil e atividades industriais reduz a vegetação original deixando
os cursos d’água mais expostos a fenômenos como assoreamento, erosão e
contaminação, ou seja, esta área torna-se mais vulnerável às atividades antrópicas.
A alta vulnerabilidade das APP de nascente também está associada ao alto
potencial de lixiviação de agrotóxicos nestas áreas. Nobre et al. (2018) estudaram o
nível do lençol freático em uma região agrícola no noroeste da Bahia, sendo o
resultado traduzido por meio de um mapa de vulnerabilidade. Grande parte das APP de
cursos d’água estavam situadas em áreas de altíssima vulnerabilidade, estando essas
sujeitas à contaminação por agrotóxicos potencialmente lixiviados das plantações
agrícolas. No trabalho de Muller (2017), que avaliou a vulnerabilidade ambiental à
erosão no município de Itaguaçu, Espírito Santo, a APP de curso d’água estava em
conflito com regiões de plantio de café e pastagem cultivada, contribuindo para a
classificação como alta vulnerabilidade dessa área.
Para Borrelli et al. (2018), a recuperação ou a regeneração natural de uma APP
é um processo dinâmico, envolvendo diversos fatores, que se processa de médio a
longos prazos, porém é a medida mais importante para melhoria da qualidade
ambiental, tornando a região menos vulnerável às atividades antropogênicas. Como
mencionado, as classes de baixíssima e baixa vulnerabilidade são as áreas de maior
concentração de fragmentos florestais, logo programas de reflorestamento poderiam
ser desenvolvidos como forma de reduzir áreas com elevada vulnerabilidade e
fortalecer os instrumentos de educação técnica e ambiental no campus.
114
Quadro 3 - Levantamento de informações sobre a atividade aquícola na região sul do
estado do Espírito Santo.
Capacidade de
100.000 Kg por mês 100.000 Kg por mês 100.000 Kg por mês
processamento
Quantidade
30.000 Kg por mês 10.000 Kg por mês 35.000 Kg por mês
processada
Número de empregos1 52 26 48
25 criatórios 27 criatórios
cadastrados e cadastrados e
12 criatórios
Principais licenciados e licenciados e
cadastrados e
fornecedores2 representantes 46 representantes 52
licenciados
autônomos não autônomos não
cadastrados cadastrados
Municípios da região
05 centros de sul do Espírito Santo e
Municípios da região distribuição de 05 centros de
Mercado consumidor
sul do Espírito Santo alimentos da grande distribuição de
Vitória alimentos da grande
Vitória
1
Empregos oficiais com carteira assinada;
2
Os representantes denominados autônomos são pequenos proprietários rurais que possuem
produção em pequena escala e não possuem CNPJ e licença ambiental, porém estão inseridos
em programas de controle de qualidade desenvolvidos pelas Cooperativas.
115
Os três empreendimentos vêm apresentando crescimento expressivo ao longo
dos anos, com perspectiva de um aumento na produção e criação de novas vagas de
emprego. Por exemplo, a Coorporativa A iniciou suas atividades em 2016 com o
processamento de apenas 3.200 Kg de tilápia por mês; em três anos de funcionamento
a produção aumentou cerca de dez vezes e houve uma diversificação quanto aos
produtos processados. Os gestores da Cooperativa afirmam que há um amplo mercado
consumidor e oportunidades para aumentar a venda dos produtos, mas o objetivo
principal é criar um padrão de qualidade em toda cadeia produtiva para assim, expandir
a comercialização.
As Cooperativas recebem apoio técnico do Incaper e do IEMA através do projeto
“Gestão em Campo”, que busca qualificar a mão de obra envolvida na produção
industrial e dar orientações técnicas aos agricultores que trabalham com a criação dos
organismos aquáticos. Esse programa de qualidade tem otimizado a produção e
proporcionado maior lucratividade para o agricultor e para a Cooperativa. Os
agricultores ou micro empresários que participam desse projeto estão denominados
como fornecedores cadastrados no Quadro 3 e possuem cadastro CNPJ e
regularização ambiental (documento administrativo de autorização ambiental de
funcionamento ou licença ambiental emitido pelo IEMA). A Cooperativa B só trabalha
com fornecedores cadastrados e as demais ainda possuem fornecedores que não
estão inseridos neste projeto.
Quanto ao mercado consumidor, a produção da Cooperativa B é destinada
apenas à centros de distribuição de alimentos na Grande Vitória. As Cooperativas A e
C, além desse mercado também vende seus produtos na região onde estão instaladas.
A Cooperativa C conta com um ponto de venda na própria área de produção; neste
local existe um projeto onde também são comercializados produtos alimentícios
artesanais, como doces caseiros.
Como comentado, esta avaliação permite apenas uma análise descritiva sobre
os benefícios sociais e econômicos que a aquicultura promove na região sul do Espírito
Santo. Não existem dados disponíveis para uma avaliação mais acurada sobre esse
tema, demonstrando a importância de pesquisas com o objetivo de levantar
informações mais representativas.
116
5 CONCLUSÃO
117
que os princípios ativos com maior potencial de lixiviação foram Sulfentrazone e
Tiametoxam. Em relação aos métodos RF/AF, dentre os princípios ativos avaliados,
Sulfentrazone apresentou os maiores percentuais de área classificadas com Muito Alto
potencial de lixiviação. Resultado similar ocorreu com a aplicação do método TLPI, que
indicou o composto Sulfentrazone com potencial de lixiviação classificado como Baixo,
sendo que os demais foram classificados como Muito Baixo.
A aplicação dos métodos citados associados as técnicas de Sistemas de
Informações Geográficas, são úteis para a avaliação do potencial risco de
contaminação das águas subterrâneas, monitorando diversos princípios ativos em
áreas extensas, de forma rápida, eficiente e econômica, facilitando a tomada de
decisões para a escolha dos agrotóxicos mais indicados para aplicação, além de
permitir a classificação de áreas suscetíveis à contaminação pelos agrotóxicos.
Em análise da importância social da atividade de aquicultura, observa-se que
este setor agrícola é representativo para a economia mundial, com taxas de
crescimento aceleradas em muitas regiões. A expansão resultou no aumento da
produção de alimentos e em uma maior concentração de poluentes descartados no
meio ambiente, comprometendo a qualidade da água. Logo, para que a aquicultura
seja uma prática sustentável, deve envolver políticas e investimentos em pesquisas
visando o controle ambiental da atividade. Na região sul do estado do Espírito Santo a
piscicultura vem se destacando como uma atividade importante, gerando empregos e
agregando conhecimento onde estão instaladas as unidades de processamento
industrial e a as áreas de reprodução dos organismos aquáticos.
118
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ANEXO – RESULTADOS DAS ANÁLISES FÍSICO QUÍMICAS E ENSAIOS TOXICOLÓGICOS
pH Tur OD DQO NH3 FTotal pH Tur OD DQO NH3 FTotal pH Tur OD DQO NH3 FTotal
- UT mgL-1 mgL-1 mgL-1 mgL-1 - UT mgL-1 mgL-1 mgL-1 mgL-1 - UT mgL-1 mgL-1 mgL-1 mgL-1
1 7,45 35 5,67 18,23 0,121 0,133 7,43 NR 5,87 25,6 0,211 0,213 6,89 NR 4,76 22,3 0,165 0,189
2 6,4 33 5,01 31,5 0,152 0,124 6,61 NR 5,43 28,2 0,175 0,176 5,81 NR 5,50 25,6 0,184 0,212
3 6,4 29 4,55 27,6 0,232 0,310 7,11 NR 5,32 31,0 0,264 0,287 6,74 NR 4,98 29,5 0,225 0,276
4 5,88 38 3,89 33,2 0,315 0,211 6,31 NR 4,23 34,9 0,273 0,232 6,12 NR 3,88 35,2 0,313 0,244
5 6,32 41 4,12 34,7 0,287 0,243 5,67 NR 4,26 31,2 0,303 0,211 5,44 NR 4,57 31,7 0,304 0,256
6 7,11 32 5,21 22,8 0,087 0,176 7,21 NR 5,19 23,4 0,101 0,188 7,35 NR 5,06 23,3 0,181 0,210
7 5,43 52 4,56 30,2 0,275 0,236 6,23 NR 4,38 33,5 0,242 0,295 5,89 NR 4,65 34,6 0,213 0,267
8 5,67 38 4,37 32,1 0,281 0,247 5,75 NR 5,01 31,5 0,222 0,287 6,80 NR 4,77 33,7 0,268 0,266
9 4,53 76 2,31 76,7 0,766 0,347 4,11 NR 3,10 83,2 0,711 0,342 3,76 NR 2,27 77,4 0,648 0,338
10 6,10 ND 5,11 29,4 0,037 0,023 6,76 NR 5,53 32,2 ND 0,019 6,60 NR 5,24 30,7 0,053 ND
11 7,1 43 3,0 38,7 0,632 0,071 7,4 NR 2,90 29,0 0,542 0,200 6,9 NR 3,7 35,4 0,534 0,212
12 6,8 13 5,02 9,10 0,045 0,121 7,0 NR 5,84 22,9 0,032 0,080 6,4 NR 5,20 10,5 0,012 ND
Onde: pH = potencial hidrogenionico; Tur = turbidez; OD = oxigênio dissolvido; DQO = demanda química de oxigênio; NH3 = nitrato; Ftotal = fósforo
total; ND = não detectável pelo método usado; NR = amostragem não realizada.
125
Tabela A22 - Resultados das análises físico químicas representando a média e desvio padrão dos parâmetros.
Pontos
pH Turbidez (UT) OD (mgL-1) DQO (mgL-1) N –NH3 (mgL-1) Ftotal (mgL-1)
1 7,26 0,32 - - 5,43 0,59 22,04 3,69 0,166 0,045 0,178 0,041
2 6,27 0,41 - - 5,31 0,27 28,43 2,96 0,170 0,017 0,171 0,044
3 6,75 0,36 - - 4,95 0,39 29,37 1,70 0,240 0,021 0,291 0,017
4 6,10 0,22 - - 4,00 0,20 34,43 1,08 0,300 0,024 0,229 0,017
5 5,81 0,46 - - 4,32 0,23 32,53 1,89 0,298 0,010 0,237 0,023
6 7,22 0,12 - - 5,15 0,08 23,17 0,32 0,123 0,051 0,191 0,017
7 5,85 0,40 - - 4,53 0,14 32,77 2,29 0,243 0,031 0,266 0,030
8 6,07 0,63 - - 4,72 0,32 32,43 1,14 0,257 0,031 0,267 0,020
9 4,13 0,39 - - 2,56 0,47 79,10 3,57 0,708 0,059 0,342 0,005
11 7,13 0,25 - - 3,20 0,41 34,76 4,9 0,569 0,054 0,161 0,078
12 6,83 0,38 - - 4,68 1,5 24,03 14,1 0,025 0,001 0,075 0,001
Onde: pH = potencial hidrogenionico; Tur = turbidez; OD = oxigênio dissolvido; DQO = demanda química de oxigênio; NH3 = nitrato; Ftotal = fósforo
total; ND = não detectável pelo método usado; NR = amostragem não realizada.
126
Tabela A23 - Resultados dos ensaios de toxicidade aguda com Daphnia similis.
Concentração N° inicial de N° de organismos mortos
(%) organismos Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5 Amostra 6 Amostra 7 Amostra 8
Controle 20 0 0 0 0 0 0 0 0
6,25 20 0 0 0 0 0 0 0 0
12,0 20 0 0 0 0 1 0 0 0
25 20 1 0 0 0 0 0 0 1
50 20 0 0 0 1 0 0 0 0
75 20 1 0 0 0 0 0 1 0
100 20 2 1 0 0 0 1 0 0
127
Tabela A24 - Resultados dos ensaios de toxicidade crônica com Ceriodaphnia dúbia.
Amostra 1 – P1 – Lagoa Piscicultura – CI25(%) = 26,8
N° inicial de N° de organismos neonatos N° de fêmeas
Concentração (%)
organismos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 sobreviventes
Controle 1 11 11 8 9 9 10 11 8 M 8 7
6,25 1 11 9 10 10 9 9 8 11 9 9 8
12,0 1 10 M 10 8 9 9 11 10 10 9 8
25 1 9 10 10 8 8 10 10 10 8 9 8
50 1 9 9 8 M 9 10 9 9 8 8 7
75 1 8 7 8 9 10 11 M 9 10 10 8
100 1 8 9 10 10 10 8 9 11 10 10 9
Amostra 2 – P2 – Córrego Prédio de Extensão - CI25(%) = 64,2
N° inicial de N° de organismos neonatos N° de fêmeas
Concentração (%)
organismos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 sobreviventes
Controle 1 12 11 8 9 9 10 11 13 M 8 9
6,25 1 11 9 10 10 9 9 8 11 9 9 9
12,0 1 13 8 10 8 9 9 10 10 10 9 10
25 1 9 10 10 8 12 10 10 10 8 9 8
50 1 9 10 9 9 9 10 9 9 8 8 9
75 1 8 7 8 9 10 11 M 9 10 10 9
100 1 10 9 10 10 10 8 9 11 10 M 9
Amostra 3 – P4 – Lagoa Piscicultura - CI25(%) = 31,5
N° inicial de N° de organismos neonatos N° de fêmeas
Concentração (%)
organismos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 sobreviventes
Controle 1 10 9 8 9 9 10 11 9 8 8 9
6,25 1 10 9 10 10 9 9 8 10 9 9 9
12,0 1 9 8 8 8 9 9 10 10 10 9 7
25 1 9 10 10 8 11 10 10 9 8 9 8
50 1 9 10 9 9 9 10 9 9 8 8 9
75 1 8 7 8 9 9 10 M 9 10 10 7
100 1 10 9 10 9 10 8 9 9 8 M 7
M = organismo morto.
128
Tabela A24 - Resultados dos ensaios de toxicidade crônica com Ceriodaphnia dúbia (Continuação).
Amostra 4 – P7 – Lagoa Piscicultura - CI25(%) = 32,1
N° inicial de N° de organismos neonatos N° de fêmeas
Concentração (%)
organismos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 sobreviventes
Controle 1 M 10 11 10 9 10 9 10 10 8 8
6,25 1 9 10 9 10 9 9 8 11 9 M 9
12,0 1 10 8 10 8 9 9 10 10 10 9 9
25 1 9 10 10 8 12 10 10 9 8 9 9
50 1 9 10 9 9 9 M 9 9 8 8 8
75 1 9 9 8 9 10 9 11 9 9 10 7
100 1 9 9 8 9 9 8 9 10 8 8 7
Amostra 5 – Lagoa Suinocultura - CI25(%) = 14,9
N° inicial de N° de organismos neonatos N° de fêmeas
Concentração (%)
organismos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 sobreviventes
Controle 1 8 9 8 10 9 10 11 10 10 9 7
6,25 1 8 11 8 10 9 9 8 11 9 9 7
12,0 1 6 8 7 8 9 9 10 7 10 9 6
25 1 9 10 10 M 10 10 10 10 8 9 8
50 1 9 10 9 M 9 9 9 9 8 8 6
75 1 9 9 8 9 10 M 7 9 18 10 7
100 1 6 7 M 9 8 8 9 7 6 8 7
Amostra 6 – Poço Subterrâneo - CI25(%) = 58,7
N° inicial de N° de organismos neonatos N° de fêmeas
Concentração (%)
organismos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 sobreviventes
Controle 1 10 11 11 10 9 10 10 10 11 10 9
6,25 1 11 11 10 10 9 9 9 11 9 9 10
12,0 1 10 8 10 8 10 9 10 10 10 9 9
25 1 M 10 10 10 11 10 10 10 8 9 8
50 1 9 10 9 9 9 9 9 9 8 8 9
75 1 8 9 8 9 10 10 11 9 10 M 8
100 1 9 9 10 M 9 M 9 10 10 8 7
M = organismo morto.
129
Tabela A24 - Resultados dos ensaios de toxicidade crônica com Ceriodaphnia dúbia (Continuação).
Amostra 7 - CI25(%) = 40,2
N° inicial de N° de organismos neonatos N° de fêmeas
Concentração (%)
organismos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 sobreviventes
Controle 1 10 10 8 9 9 M 10 M 9 8 8
6,25 1 M 9 10 10 9 9 8 11 9 9 9
12,0 1 10 9 10 8 7 9 10 10 10 9 8
25 1 9 10 10 8 8 10 10 10 8 9 8
50 1 9 10 M M 9 10 9 9 8 8 7
75 1 9 7 8 9 10 10 8 9 10 9 7
100 1 10 9 10 8 10 8 9 M 10 9 8
Amostra 8 - CI25(%) = 73,5
N° inicial de N° de organismos neonatos N° de fêmeas
Concentração (%)
organismos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 sobreviventes
Controle 1 12 11 8 9 9 10 11 11 9 8 10
6,25 1 11 9 10 10 9 9 8 11 9 9 10
12,0 1 10 M 10 8 7 9 10 10 10 9 9
25 1 9 10 10 8 8 10 10 10 8 9 8
50 1 9 10 9 9 9 10 9 9 8 8 9
75 1 10 7 8 9 10 10 8 9 10 9 8
100 1 10 9 10 8 10 8 9 11 10 10 8
M = organismo morto; NC – não
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