Covellita
Covellita
Covellita
A covellita, também conhecida como “covellina”, é um sulfeto bastante frequente, um minério de Cu.
Pode ser o principal mineral de minério de Cu da jazida, mas normalmente é de importância subordinada,
ocorrendo em quantidades pequenas como material de alteração.
Macroscopicamente pode ser reconhecida por sua cor azul profunda, quase preta. Entretanto,
raramente forma cristais maiores; geralmente é maciça e ocorre em lamelas muito pequenas, microscópicas.
Na maioria dos casos é relativamente pura, apenas com Cu e S. Possui como variedades a covellita-Ag e a
covellita-Se. Também pode conter Pb e Fe. Pode substituir vários outros minerais pseudomorficamente.
1. Características:
2. Geologia e Depósitos:
Covellita forma-se como mineral secundário na zona de oxidação de depósitos de minérios sulfetados
de cobre, pela alteração de calcopirita, bornita, calcocita e outros. Dificilmente um minério de Cu não mostra
covellita. A covellita pode formar uma camada superficial de embaçamento nos outros minerais.
Nos depósitos de cobre pórfiro é um produto comum de alteração supergênica, participando da
assembleia de minerais secundários que se desenvolve ali. Nos depósitos de cobre do tipo “red-beds” a
covellita associa-se à calcocita. Covellita também é encontrada em depósitos do tipo IOCG (“iron oxide copper
gold ore deposits”), onde se desenvolve a partir da calcopirita, que é o principal mineral de cobre primário.
Raramente ocorre como mineral primário em depósitos hidrotermais de alta temperatura. Muito
raramente ocorre em sublimados vulcânicos, onde foi reconhecida, tanto assim que a localidade-tipo é o
vulcão Vesúvio, na Itália.
3. Associações Minerais:
Associa-se a muitos outros minerais de cobre, primários ou secundários. Nos primários os mais
importantes são bornita, calcocita, calcopirita, djurleita, digenita, enargita, luzonita e tetraedrita-tennantita.
Entre os secundários há pelo menos uma dezena de minerais verdes (malaquita, pseudomalaquita,
dioptásio, antlerita, atacamita, paratacamita, libethenita, calcantita, brochantita e crisocola), pelos menos
cinco minerais azuis (azurita, plancheita, linarita, crisocola e calcantita), dois vermelhos (cobre nativo e
cuprita) e um preto (tenorita); vários outros são possíveis.
Também associa-se a quartzo, calcita, outros sulfetos (pirita, marcassita, linnaeita, etc.), óxidos
(magnetita, hematita), enxofre nativo, prata nativa, goethita (limonita) e outros.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
A covellita ao microscópio de Luz Transmitida é completamente opaca, não mostra a cor azul nem se
percebe flocos finos translúcidos em verde, conforme consta na literatura.
Seus índices de refração são nε = 2.620 e nω = 1.450. Possui birrefringência máxima de 1,170 e relevo
extremamente alto. É uniaxial positivo.
ND Cor de reflexão: Azul profundo a branco-azulado; o tom de azul depende da seção em que
o grão foi seccionado.
NC Isotropia / Anisotropia extremamente forte em tons de laranja intenso luminoso a marrom, menos
Anisotropia: comumente marrom avermelhado. Efeitos de cor desta intensidade são conhecidos
em pouquíssimos minerais de minério.
Quando as “covellitas” apresentam, a NC, cores azuis ao invés de laranja ou então
tons laranja muito mais fracos e menos luminosos, trata-se de spionkopita (Cu39S28)
e/ou yarrowita (Cu9S8), uma mistura que na literatura antiga foi designada como
variedade de covellita e denominada de “blaubleibender Covellin” (em alemão,
“covellita que continua azul”).
Pode ser confundida com: nenhum outro mineral em função das características ópticas marcantes.
A ND há vários outros minerais de cobre azuis, como digenita e djurleita que, entretanto, possuem
características ópticas muito diversas.
Forma dos grãos: covellita normalmente é idiomórfica, apesar de ser produto de alteração que se
formou depois dos minerais de minério associados. Os cristais são lamelares, normalmente finos, micáceos.
O tamanho dos cristais varia muito (submicroscópico a centimétrico) e pode se apresentar em agregados
radiais. Rosetas e agregados podem ocorrer.
Cores anômalas em covellita podem ser de dois tipos. (i) Há covellitas que mostram cores azuis mais
fracas e que estão dispostas quase sempre como pequenas lamelas paralelas a {0001} em calcocita. Podem
ocorrer junto com covellitas “normais” na mesma seção. (ii) Um outro caso são “covellitas” que mostram, a
NC, as mesmas cores que a ND (cinza-azul ao invés dos tons laranja luminosos das covellitas “normais”) ou
então cores laranjas muito mais fracas e menos luminosas. Trata-se de spionkopita (Cu39S28) com yarrowita
(Cu9S8), uma mistura que na literatura antiga foi designada como variedade de covellita e denominada de
“blaubleibender Covellin” (em alemão, “covellita que continua azul”). São produtos de alteração que se formam
a partir da calcocita ou da digenita. Podem substituir calcopirita, bornita ou digenita.
Clivagem paralela a {0001} somente pode ser visível se os cristais forem grandes.
Sulcos de polimento muito finos muitas vezes são visíveis, especialmente em cristais maiores e a NC.
Maclas não ocorrem.
Zonação não ocorre.
Deformações são possíveis, mas como a covellita é um mineral de formação tardia, deformações
devidas a tectonismo raramente são visíveis. Lamelas deformadas, por outro lado, ocorrem.
Intercrescimentos, frequentemente orientados, ocorrem com muitos outros sulfetos (esfalerita,
calcopirita, calcocita, digenita, bornita, galena, marcassita, pirita, cuprita e aikinita). Muitos desses
intercrescimentos podem ser texturas formadas por substituições.
Substituições são extremamente comuns, visto que covellita é um produto da oxidação que ocorre
na zona de oxidação como fase inicial de alteração ou como mineral de cimentação.
Substituições 1: a covellita substitui a calcopirita, podendo formar pseudomorfoses completas. Esta
substituição pode ser (i) completamente irregular em relação às formas da calcopirita ou (ii) a covellita pode
estar com a clivagem (0001) disposta paralelamente às faces do esfenóide principal da calcopirita. (iii) Em
casos isolados a calcopirita está toda ou quase toda substituída, apenas a disposição das lamelas de covellita
informa sua origem a partir da calcopirita. (iv) Em casos raros a alteração da calcopirita forma uma mistura
de covellita e marcassita, que estão intercrescidos de maneira orientada. (v) Em depósitos subvulcânicos a
calcopirita, com a adição de S, é substituída por pirita e covellita.
Substituições 2: covellita pode substituir, parcialmente ou integralmente (pseudomorfos) uma série de
minerais, incluindo enargita, tennantita-tetraedrita, bornita, calcocita, stromeyerita, emplectita, estannita,
esfalerita, galena e pirita.
Substituições 3: covellita desenvolve-se seletivamente em desmisturas com bornita. Quando bornita
está desmisturada na calcopirita, covellita desenvolve-se muito mais na bornita. Quando bornita está
desmisturada (mirmequitos) na calcocita, covellita desenvolve-se muito mais na calcocita.
Substituições 4: em minerais de minério que não contém cobre também pode ocorrer covellita,
penetrando pelos planos de clivagem. Este processo se verifica na esfalerita e na galena. Na esfalerita a
covellita pode ocupar grandes porções. Na galena pode ocorres substituição por calcocita, que altera para
covellita, sendo que a disposição dos flocos de covellita mostra a clivagem original da galena. Originam-se,
desta forma, pseudomorfos de covellita sobre galena. A formação de covellita em mirmequitos de galena com
sulfetos de cobre gera texturas que simulam mirmequitos de covellita na galena.
Substituições 5: pirita é substituída por covellita, mas são casos raros.
Substituições 6: a substituição de covellita por outros minerais é rara, desconsiderando processos de
oxidação. Pode ocorrer substituição da covellita por calcocita, bornita, digenita e calcopirita. Em alguns casos
a covellita é coberta por calcocita e acanthita durante processos de cimentação.
Covellita com seu inconfundível pleocroísmo entre azul e branco a ND (esquerda) e com sua inconfundível
cor laranja viva brilhante a NC (direita). O pleocroísmo forte em azul e a anisotropia forte em laranja são
extremamente característicos e permitem reconhecer o mineral mesmo em flocos finíssimos.
Pirita (amarela, relevo alto), ganga (cinza Bornita (rosa) alterando para covellita (azul) em
escuro) e covellita (vários tons de azul) a ND. A meio a ganga (cinza escuro), a ND.
associação de pirita e covellita é muito comum.
Desligando a luz do microscópio e iluminando a lâmina delgada obliquamente por cima com
uma luz LED forte, observa-se, ao longo dos sulcos de polimento, em alguns sulcos a cor original azul e em
outros sulcos alguns fenômenos óticos de anisotropia anômala, que geram cores laranja, típicos da covellita.
Isso apenas se os cristais forem grandes e se houver irregularidades no desbaste e eventual polimento da
lâmina.
Covellita sob Luz Oblíqua. Ao longo dos sulcos de polimento surgem efeitos de anisotropia
com cores laranjas, assim como há algumas cores azuis associadas.