Volume 3
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Volume 3
BIOLOGIA A 09
Fotossíntese e Quimiossíntese
Existem dois processos distintos por meio dos quais A substância orgânica sintetizada é a glicose, um
algumas espécies de seres vivos conseguem fabricar importante alimento orgânico utilizado como fonte de
compostos orgânicos a partir de substâncias inorgânicas: energia. Assim, os seres fotossintetizantes são capazes
fotossíntese e quimiossíntese. de fabricar esse tipo de alimento em seu próprio corpo a
partir de substâncias inorgânicas obtidas do meio ambiente.
Quando a fonte de energia utilizada pela reação é a luz, Trata-se, portanto, de um mecanismo de nutrição autótrofa
o processo é a fotossíntese; quando a energia utilizada (autotrófica), realizado pelas algas, pelas plantas e por
é proveniente de uma reação de oxidação, temos a algumas espécies de bactérias.
quimiossíntese. Assim, a diferença fundamental entre esses A fotossíntese realizada pelas algas e pelas plantas
dois processos está na fonte de energia utilizada. (briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas) pode
ser representada pela seguinte equação geral:
Os seres fotossintetizantes e quimiossintetizantes realizam
a chamada nutrição autótrofa (do grego autós, próprio; Luz
6CO2 + 12H2O C6H12O6 + 6O2 + 6H2O
trophos, alimento) ou autotrófica, isto é, conseguem fabricar, Clorofila
Como sabemos, a luz branca, na realidade, resulta Fase clara (fase luminosa,
da combinação de diversas radiações (infravermelha,
vermelha, laranja, amarela, verde, azul, anil, violeta e etapa fotoquímica)
ultravioleta), que possuem diferentes comprimentos de onda.
É a primeira etapa da reação de fotossíntese, e só se
As radiações vermelha, laranja, amarela, verde, azul, anil e
realiza em presença de luz. Os principais fenômenos que
violeta compõem o chamado “espectro visível”, porque são
as radiações que conseguimos enxergar quando a luz se ocorrem nessa etapa são: absorção e utilização da luz,
decompõe ao atravessar um prisma. fotólise da água com liberação de O2 e íons H+, síntese de ATP
Quando a luz solar incide na planta, as moléculas de clorofila não através das fotofosforilações cíclica e acíclica e formação de
absorvem toda a radiação presente com a mesma intensidade. NADPH2 (NADPH + H+).
Através de um aparelho chamado espectrofotômetro, A luz absorvida é utilizada na fotólise da água e nas
constatou-se que os comprimentos de onda vermelho e azul
fotofosforilações.
são os mais intensamente absorvidos pela clorofila, enquanto
os comprimentos de onda verde e amarelo são os menos
absorvidos. Aliás, a absorção da luz verde é quase nula. Fotólise da água (reação de Hill)
A clorofila reflete quase toda radiação verde; e, por isso, nós a Consiste na decomposição (quebra) das moléculas de
enxergamos dessa cor.
água, utilizadas como reagentes, sob a ação da luz, conforme
Luz branca mostra a equação representada a seguir:
Comprimento
Vio
de onda (nm)
Luz
let
a H2O 2H+ + 2e– + ½O2
Az 390 - 430 Clorofila a
Absorção
u
Ve l
Prisma Am rde 430 - 500
Clorofila b
500 - 560
ar
el
o
Fotólise da água.
LaVer
560 - 600
ra me
nj lh
600 - 650
a o
4 Coleção 6V
Fotossíntese e Quimiossíntese
BIOLOGIA
Luz
Clorofila “a” 2e– Ferridoxina 2e– X Clorofila “a” ATP Clorofila “b”
2e– 2e–
ATP Energia 2e–
Ferridoxina 2e– Energia Plastoquinona
Fotólise da água
Fotofosforilação cíclica. H2O Luz 2H+ + 2e– + ½O2
Observe que os elétrons que entram na clorofila “a”, ao término Os 6 CO2 reagem com 6 moléculas de RDP (ribulose difosfato)
desse processo, não são os mesmos que dela saíram. Lembre-se ou RuBP (ribulose bifosfato), uma pentose existente no interior
de que os elétrons que saíram da clorofila “a” estão, agora, das células vegetais. Essa reação produz 12 moléculas de PGA
nos hidrogênios do NADPH2. Para estabilizar a clorofila “b”, (ácido fosfoglicérico ou fosfoglicerato) e 6 H2O. Como PGA
essa molécula recebe os elétrons provenientes da fotólise da possui 3 carbonos, o ciclo de Calvin é também chamado de
água. Veja que os elétrons que penetram na clorofila “b” também ciclo C3, e as plantas que o possuem são chamadas de plantas
não são os mesmos que dela saíram no início do processo. C3. Num segundo momento, as 12 moléculas de PGA recebem
Nas células eucariotas fotossintetizantes, as moléculas de
hidrogênio (H2) das 12 moléculas de NADPH2 provenientes da
clorofila, os aceptores de elétrons e as enzimas que participam
fase clara. Cada molécula de PGA recebe um H2. Essa reação
das reações da fase clara encontram-se organizados nas
membranas dos cloroplastos, formando unidades funcionais utiliza energia proveniente da degradação do ATP. Ao receber
chamadas fotossistemas. Existem dois tipos de fotossistemas: um H2, cada molécula de PGA transforma-se em uma triose, o
fotossistema I (PS I) e fotossistema II (PS II). PGAL (aldeído fosfoglicérico). Assim, formam-se 12 moléculas
de PGAL. Destas, 2 se unirão para formar a glicose (C6H12O6),
O fotossistema I localiza-se, preferencialmente, e as outras 10 reagirão umas com as outras, reconstituindo as 6
nas membranas intergranas, em contato direto com o estroma, moléculas da pentose ribulose. As pentoses que foram utilizadas
e absorve luz de comprimento de onda correspondente a 700 nm.
no início da fase escura são, portanto, reconstituídas ao final
Por isso, também é chamado de fotossistema P700.
do processo, chamado ciclo das pentoses ou ciclo de Calvin.
O fotossistema II localiza-se nas membranas dos tilacoides e
Podemos resumir as fases clara e escura da fotossíntese
absorve, principalmente, a luz, cujo comprimento de onda é de
680 nm. Por isso, também é denominado fotossistema P680. realizada pelas plantas por meio do seguinte esquema:
ATP NADPH2
VSKJ
Fase clara da fotossíntese
Nesse objeto de aprendizagem, você assistirá, detalhadamente, CO2 Fase escura H2O
à ocorrência de uma das etapas da fotossíntese: a fase clara.
Identifique o local de ocorrência dela, bem como os complexos
proteicos envolvidos no processo. Observe quais moléculas estão
sendo degradadas e quais estão sendo produzidas ao longo da fase.
Observação: Por questões didáticas, o vídeo não retrata as ADP + Pi NADP+ C6H12O6
reações da fase clara de forma balanceada.
A fase clara usa luz e água (H2O) e produz oxigênio (O2), ATP e
NADPH2. A fase escura usa gás carbônico (CO2), ATP e NADPH2,
Fase escura (fase de Blackman, produzindo água e glicose (C6H12O6).
fase enzimática, etapa química) Muitos fatores ambientais influenciam a velocidade com que
É a segunda etapa da reação de fotossíntese. Independe da luz a planta realiza a fotossíntese. A intensidade dessa reação pode
para ocorrer, porém depende da ocorrência da primeira etapa. Os ser medida pela quantidade de O2 liberada ou pela quantidade
principais fenômenos dessa etapa são: fixação do CO2, formação de CO2 produzida pela planta em um certo intervalo de tempo.
de PGA, formação de PGAL, formação de H2O, ciclo das pentoses, Entre os fatores ambientais (fatores externos) que
utilização do NADPH2, utilização do ATP e síntese da glicose. influenciam a velocidade da fotossíntese, temos: a intensidade
As reações da fase escura podem ser resumidas de acordo de luz que a planta recebe; a temperatura ambiental;
com o esquema a seguir: a concentração de CO2 no meio onde se encontra a planta;
6CO2 12ATP
e a disponibilidade de água no ambiente.
12NADPH2
12PGA
12ADP
12NADP+
fotossíntese
Fase escura
6RDP (ciclo de Calvin) 12PGAL
Taxa de
6ADP
10PGAL
6ATP 2PGAL
PSL Luz
Síntese de carboidratos
Fase escura da fotossíntese. Influência da intensidade luminosa sobre a velocidade da fotossíntese.
6 Coleção 6V
Fotossíntese e Quimiossíntese
Desde que as demais condições sejam mantidas Abaixo do PCF, uma vez esgotadas suas reservas, a planta
constantes, partindo-se de uma intensidade luminosa igual a morre, pois não terá glicose suficiente para atender às suas
zero, à medida que a intensidade luminosa oferecida à planta necessidades metabólicas. Se mantida durante certo tempo
recebendo uma intensidade luminosa correspondente a seu
aumenta, a velocidade da reação de fotossíntese também
PCF, a planta sobrevive, porém não cresce, uma vez que
aumenta, até atingir um limite máximo, quando, então, toda a matéria orgânica que for produzida pela fotossíntese
se estabiliza. A intensidade de luz em que a velocidade será consumida pela respiração. Uma planta, para crescer,
da reação é máxima e se estabiliza é denominada precisa acumular matéria orgânica, e, para isso, precisa
ponto de saturação lumínica ou ponto de saturação realizar mais fotossíntese do que respiração.
luminosa (PSL). O ponto de compensação fótico não é o mesmo para
todas as espécies de plantas. As heliófilas (plantas de Sol),
Para manter-se viva, a planta também precisa respirar e, por exemplo, têm um ponto de compensação fótico elevado e,
ao contrário do que acontece na fotossíntese, tudo indica por isso, só conseguem viver em locais de alta luminosidade.
que a intensidade de luz não interfere na velocidade da As umbrófilas (plantas de sombra), ao contrário, possuem
um ponto de compensação fótico baixo, isto é, necessitam de
reação da respiração, conforme mostra o gráfico a seguir:
menor intensidade de luz e, por isso, conseguem se adaptar
e sobreviver em ambientes sombreados.
BIOLOGIA
respiração
Taxa de
fotossíntese
Taxa de
Luz Temperatura
Influência da intensidade luminosa sobre a velocidade da Influência da temperatura sobre a velocidade da reação de
respiração celular – Qualquer que seja a intensidade de luz, fotossíntese.
a taxa de respiração permanece a mesma. O gráfico mostra que, partindo-se de uma temperatura
inicial baixa e mantendo-se constantes as condições de água,
Ao realizar a respiração aeróbia, a planta faz exatamente intensidade luminosa e concentração de CO2, o aumento da
o contrário do que faz na fotossíntese, ou seja, consome temperatura estimula o aumento da velocidade fotossintética
oxigênio (O2) e glicose (C6H12O6) e libera gás carbônico (CO2). até um certo ponto, no qual a velocidade da reação atinge um
valor máximo: é a chamada temperatura ótima da reação.
Acima da temperatura ótima, a velocidade começa a diminuir,
devido ao processo de desnaturação das enzimas que atuam
Taxa
FOTOSSÍNTESE EXERCÍCIOS DE
DAS BACTÉRIAS APRENDIZAGEM
01. (UFPE) Existem fatores que interferem na taxa de
A fotossíntese realizada pelas cianobactérias é semelhante
fotossíntese de uma planta. A esse propósito, analise os
à realizada pelas plantas, ou seja, usa água como um dos itens mencionados a seguir:
reagentes e, consequentemente, libera O2. Entretanto, 1. Intensidade de energia luminosa.
existem algumas bactérias fotossintetizantes que vivem 2. Concentração de gás carbônico.
Comprimento de
Luz
onda em nm
2 6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2
390-430 Violeta
430-500 Azul
A reação 1 é uma reação de oxidação da amônia (NH 3),
500-560 Verde
em que há liberação de energia (energia de oxidação). A energia
560-600 Amarela
liberada pela reação 1 é utilizada na reação 2, uma reação de
600-650 Laranja
quimiossíntese, que, por sua vez, produz glicose (C6H12O6),
650-760 Vermelha
a partir do gás carbônico (CO2) e da água (H2O).
8 Coleção 6V
Fotossíntese e Quimiossíntese
Analisando-os, conclui-se que, teoricamente, obter-se-ia 02. (FUVEST-SP–2015) A energia entra na biosfera
maior produtividade em plantas iluminadas por luz 8JC5 majoritariamente pela fotossíntese. Por esse processo,
A) azul. D) laranja.
B) verde. E) vermelha. A) é produzido açúcar, que pode ser transformado em
várias substâncias orgânicas, armazenado como amido
C) amarela.
ou, ainda, utilizado na transferência de energia.
04. (UERJ) O esquema a seguir representa as duas principais B) é produzido açúcar, que pode ser transformado em
GAY6 etapas da fotossíntese em um cloroplasto. O sentido várias substâncias orgânicas, unido a aminoácidos e
das setas 1 e 4 indica o consumo, e o sentido das setas
armazenado como proteínas ou, ainda, utilizado na
2 e 3 indica a produção das substâncias envolvidas
no processo. geração de energia.
C) é produzido açúcar, que pode ser transformado em
substâncias catalisadoras de processos, armazenado
Reações como glicogênio ou, ainda, utilizado na geração de
1 dependentes 2 energia.
de luz
D) é produzida energia, que pode ser transformada em
BIOLOGIA
várias substâncias orgânicas, armazenada como açúcar
ATP + NADPH ou, ainda, transferida a diferentes níveis tróficos.
E) é produzida energia, que pode ser transformada em
substâncias catalisadoras de processos, armazenada
Reações em diferentes níveis tróficos ou, ainda, transferida a
3 4
no escuro outros organismos.
Com relação às reações anteriores, assinale a opção 04. (Unifor-CE–2015) Na década de 1950, Melvin Calvin e
correta. M1P3 colegas usaram CO2 marcado radioativamente, em que
A) Ocorrem como cadeia no interior de pigmentos. alguns dos átomos de carbono não representaram o
B) Podem ser consideradas uma reação química de 12
C normal, mas seu radioisótopo 14C, para identificar
heterotrofismo nutritivo. a sequência de reações pelas quais o carboidrato é
C) Por serem um tipo de fotossíntese, só podem se formado a partir de CO2 nas plantas. Calvin e seus
realizar em presença da luz.
colegas expuseram culturas de Chlorella, uma alga
D) Realizam-se em seres que, obrigatoriamente, devem
ter cor verde. verde unicelular, ao 14CO2 por 30 segundos e assim o
E) Trata-se da produção de um composto orgânico que CO2 pôde ser acompanhado. Foi nesse experimento que
pode ser realizada por bactérias. eles descobriram um ciclo, hoje denominado de Ciclo de
Calvin, composto por várias reações, que “fixa” o CO2
em uma molécula maior, produz carboidrato e regenera
EXERCÍCIOS o aceptor de CO2 inicial nas plantas.
05. (PUC Minas) Observe o gráfico a seguir: D) em condições naturais, o processo da fotossíntese
TWI8 recriado em laboratório é influenciado pela composição
Taxa mineral do solo.
E) a etapa da fotossíntese recriada em laboratório
consiste no uso de energia luminosa para a quebra
C de moléculas de água e liberação de oxigênio.
Fotossíntese
B
Respiração
08. (UERJ–2015) Em um experimento, os tubos I, II, III e IV,
SZVQ cujas aberturas estão totalmente vedadas, são iluminados
A
por luzes de mesma potência, durante o mesmo intervalo
Luminosidade de tempo, mas com cores diferentes. Além da mesma
solução aquosa, cada tubo possui os seguintes conteúdos:
Sobre o gráfico anterior, foram feitas três afirmações:
I. Em A, a taxa de fotossíntese é menor que a respiração. I II III IV
II. Em B, a quantidade de oxigênio produzida pela
fotossíntese é igual à consumida pela respiração.
III. Em C, a quantidade de glicose produzida pela
fotossíntese é menor do que a consumida pela
respiração.
Azul
Verde
Amarela
Laranja
Vermelha
10 Coleção 6V
Fotossíntese e Quimiossíntese
Essa planta foi encerrada por 4 horas no interior de D) maior nas plantas do grupo 2, pois essas plantas
um tubo de vidro e exposta, nas duas primeiras horas, teriam absorvido, pelas folhas, o gás carbônico para
a uma intensidade luminosa de 800 lux e, nas duas realizar a fotossíntese.
últimas horas, a uma intensidade luminosa de 1 700 lux. E) maior nas plantas do grupo 2, pois essas plantas
Durante o período em que esteve iluminada, sensores teriam absorvido, pelas folhas, o gás carbônico para
registraram, a intervalos regulares, a concentração de CO2 realizar a respiração.
e O2 no interior do tubo.
Pode-se dizer que, no interior do tubo, durante as duas 11. (Cesgranrio) O esquema a seguir representa um tipo de
primeiras horas, a concentração de CO2 ØVPV processo energético utilizado por alguns seres vivos na
A) diminuiu e a concentração de O2 aumentou. Nas duas natureza. Esse processo é denominado
últimas horas, a concentração de CO2 aumentou e a
concentração de O2 diminuiu.
Oxidação
B) aumentou e a concentração de O2 diminuiu. Nas duas
últimas horas, a concentração de CO2 diminuiu e a Substâncias
Subprodutos
concentração de O2 aumentou. minerais
Energia
C) e a concentração de O2 diminuíram. Nas duas últimas
horas, a concentração de CO2 e a concentração de
BIOLOGIA
O2 aumentaram.
D) e a concentração de O2 não se alteraram. Nas duas últimas Substâncias
CO2 + H2O orgânicas
horas, a concentração de CO2 diminuiu e a concentração
de O2 aumentou.
E) e a concentração de O2 não se alteraram, o mesmo
ocorrendo durante as duas últimas horas.
A) fotossíntese. D) respiração.
10. (Fatec-SP–2016) Para que uma planta possa crescer e B) quimiossíntese. E) putrefação.
se desenvolver, ela precisa de compostos que contenham C) fermentação.
átomos de carbono, como qualquer outro ser vivo.
À medida que a planta se desenvolve, ela incorpora 12. (Albert Einstein–2016 / 2) Analise o esquema a seguir,
esses compostos às raízes, às folhas e ao caule e há, Q188 que se refere, de forma bem simplificada, ao processo
consequentemente, um aumento de sua massa total. Em de fotossíntese.
um experimento para verificar qual a origem do carbono ATP
presente nas estruturas dos vegetais, foram analisados NADPH
dois grupos de plantas, todas da mesma espécie e com Luz ETAPA A ETAPA B Produto
ADP+P final
o mesmo tempo de vida. Essas plantas foram expostas
a compostos contendo átomos de carbono radioativo, de NADP
modo que fosse possível verificar posteriormente se esses
átomos estariam presentes nas plantas. Suponha que uma cultura de algas verdes seja iluminada
A tabela apresenta o modo como o experimento foi e receba gás carbônico com o isótopo C-14 e água com
delineado, indicando as características da terra em que o isótopo O-18. Pode-se afirmar que
as plantas foram envasadas e da atmosfera à qual foram A) o gás carbônico participa das etapas A e B e prever
expostas ao longo do estudo. que ocorra produção de glicose com o isótopo C-14
nas duas etapas.
Grupo 1 Grupo 2 B) o gás carbônico participa apenas da etapa A e prever
Quantidade de átomos de que ocorra produção de glicose com o isótopo C-14
carbono radioativos presentes nesta etapa.
Elevada Desprezível
na terra (compostos C) a água participa das etapas A e B e prever que ocorra
orgânicos) liberação de oxigênio com o isótopo O-18 nas duas
Quantidade de átomos de etapas.
carbono radioativos presentes na Desprezível Elevada D) a água participa apenas da etapa A e prever que ocorra
atmosfera (gás carbônico) liberação de oxigênio com o isótopo O-18 nesta etapa.
É esperado que após um tempo de crescimento dos dois 13. (UNITAU-SP–2016) A taxa de fotossíntese de uma planta pode
grupos de plantas, nas condições descritas, seja encontrada aumentar ou diminuir em função de determinados fatores,
uma quantidade de átomos de carbono radioativos agrupados em fatores limitantes intrínsecos e extrínsecos.
A) maior nas plantas do grupo 1, pois essas plantas A) Cite os fatores limitantes intrínsecos.
teriam absorvido, pelas raízes, os compostos
B) Dentre os fatores limitantes extrínsecos, o aumento
orgânicos para realizar a fotossíntese.
da concentração de dióxido de carbono no ar e o da
B) maior nas plantas do grupo 1, pois essas plantas intensidade luminosa acarretam a elevação da taxa
teriam absorvido, pelas raízes, os compostos orgânicos de fotossíntese. Entretanto, essa elevação não se dá
para utilizá-los como alimento, incorporando-os de maneira ilimitada. Explique por que isso ocorre.
diretamente em suas estruturas.
C) equivalente nos dois grupos de plantas, pois o carbono 14. (Vunesp) Um pesquisador tinha uma importante pergunta
incorporado nas estruturas das plantas pode ser sobre o processo de fotossíntese. Para respondê-la,
obtido tanto a partir das substâncias absorvidas pelas elaborou dois experimentos, I e II, adotando os
raízes quanto daquelas absorvidas pelas folhas. seguintes procedimentos:
Combustíveis
• 03. A • 06. D • 09. B • 12. D
reduzidos e
O2 13.
• A) A disponibilidade de pigmento fotossintetizante, de
enzimas e cloroplastos.
Processo 1 Processo 2
• B) Isso ocorre porque os sistemas enzimáticos e
os sistemas de pigmentos também apresentam
saturação. Assim, a partir de um certo ponto, a
planta fica impossibilitada de captar carbono ou
luz, mantendo constante a taxa de fotossíntese.
14.
CO2
e
H2O
• A) Os experimentos pretendiam investigar a origem do
oxigênio (O2) liberado pela reação de fotossíntese
realizada pelas plantas.
NEULSON, D. L;COX,M. M. Lehninger: princípios de
bioquímica. São Paulo: Sarvier, 2002 (Adaptação).
• B) Experimento II, concluindo, assim, que o oxigênio
liberado pela reação de fotossíntese das plantas
origina-se da água usada como reagente e não do
Nesse ciclo, a formação de combustíveis está vinculada CO2 como se pensou durante muito tempo.
à conversão de energia
A) térmica em cinética
B) química em térmica
Seção Enem Acertei ______ Errei ______
C) eletroquímica em calor • 01. E • 02. B
D) cinética em eletromagnética
E) eletromagnética em química Total dos meus acertos: _____ de _____ . ______ %
12 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 10
O Núcleo Celular
O estudo particular do núcleo celular denomina-se Além de conter os fatores hereditários (genes), o núcleo
cariologia. Nas células procariotas, devido à ausência controla as atividades metabólicas da célula. Essa função
da carioteca, não existe núcleo individualizado, estando controladora do núcleo foi demonstrada por meio dos
o material cromossômico (cromossomo) em contato direto experimentos de merotomia, realizados por Balbiani no final
com o hialoplasma. Muitos autores denominam de nucleoide do século XIX.
a região da célula procariota na qual se localiza o material B
cromossômico. Alguns chegam mesmo a dizer que a célula
A
procariota não tem núcleo. As células eucariotas, por sua vez,
apresentam um núcleo organizado ou individualizado, C
Arquivo Bernoulli
o material nuclear, que é representado principalmente pelos
cromossomos e encontra-se num espaço delimitado pela D
carioteca (membrana nuclear). E
Em geral, as células eucariotas possuem um único núcleo, Experiência de Balbiani – A merotomia consiste na secção de
mas podem existir células com mais de um, e até aquelas uma célula viva para que se possa estudar as modificações
sofridas pelos fragmentos celulares resultantes. Em sua
desprovidas de núcleo. Assim, quanto ao número e à
experiência, Balbiani trabalhou com amebas. Uma ameba (A)
presença ou não do núcleo, as células eucariotas podem ser:
foi seccionada em dois fragmentos: um deles nucleado (B) e o
A) Mononucleadas (uninucleadas) – Possuem um outro anucleado (C). O fragmento anucleado, depois de algum
único núcleo. Constituem a maioria das células. tempo, acaba morrendo por ter perdido a capacidade de síntese
proteica, tornando impraticáveis a regeneração, o crescimento
B) Binucleadas – Possuem dois núcleos. Muitas vezes,
e a reprodução. O fragmento nucleado, por sua vez, sobrevive
os dois núcleos presentes na célula são de tamanhos
e regenera a parte perdida. Por outro lado, se o fragmento
diferentes, sendo o maior denominado macronúcleo e o
anucleado (C) receber um núcleo transplantado de uma outra
menor, micronúcleo. Um exemplo de células desse tipo
ameba (D), ele sobrevive e regenera toda uma nova ameba (E).
são as dos protozoários ciliados, como o Paramecium.
C) Polinucleadas (multinucleadas) – Possuem
vários núcleos. Conforme a sua origem ou modo COMPONENTES DO NÚCLEO
de formação, as células polinucleadas podem ser
sincícios ou plasmódios. Retículo nucleoplasmático
Cariolinfa
a.
Nucléolo Lamela externa
Sincício
Lamela interna
Arquivo Bernoulli
b. Espaço
perinuclear
Arquivo Bernoulli
Arquivo Bernoulli
organela nuclear formada por redes de tubos ramificados,
relacionados com o armazenamento e controle de cálcio
intracelular.
Cromatina Histonas
14 Coleção 6V
O Núcleo Celular
Arquivo Bernoulli
a telomerase é capaz de manter constantes o tamanho e C a c
B I I’ II II’
as propriedades do telômero. Em células cuja telomerase é b
A a
C c
alterada ou inibida, os telômeros tornam-se cada vez mais Gameta B b Gameta
curtos ao longo das sucessivas divisões, e, quando chegam
a um tamanho mínimo, as células começam a morrer. Zigoto
Isso acontece, por exemplo, nas células em processo
Genes A e a característica X → A e a são genes alelos.
de senescência (envelhecimento). O telômero, portanto,
relaciona-se ao envelhecimento e ao tempo de vida celular, Genes B e b característica Y → B e b são genes alelos.
funcionando como um “relógio molecular”. Genes C e c característica Z → C e c são genes alelos.
Cromossomo I é homólogo do cromossomo I’.
Telômero
Cromossomo II é homólogo do cromossomo II’.
Constrição Microtúbulos
secundária do cinetócoro As células que possuem pares de cromossomos homólogos
BIOLOGIA
Cinetócoro
são chamadas de células diploides (2n), e as que não
possuem pares de cromossomos homólogos são ditas
células haploides (n). Os gametas são exemplos de células
haploides, enquanto o zigoto é uma célula diploide.
Constrição
primária Dizer que o número 2n de uma espécie é igual a 4 (2n = 4),
Arquivo Bernoulli
Cromossomo
simples
Centrômero
Cromossomo
Acrocêntrico Telocêntrico simples
44 A + XX 22 A + X
22 A + X
44 A + XY
22 A + Y
2n 2n n n
Células pertencentes a uma espécie na qual 2n = 4 – A. Célula Cariótipo humano.
diploide com cromossomos simples; B. Célula diploide com
As mulheres têm, em suas células diploides (2n),
cromossomos duplos; C. Célula haploide com cromossomos
44 autossomos (22 pares de autossomos) + 2 cromossomos
simples; D. Célula haploide com cromossomos duplos. sexuais do tipo X (1 par de cromossomos sexuais).
Os dados relativos ao número, forma e tamanho dos Os óvulos, gametas femininos, como são células haploides
cromossomos das células diploides de uma espécie (n), têm apenas 22 autossomos + 1 cromossomo
sexual do tipo X. Os homens têm, em suas células
constituem o cariótipo da espécie.
diploides (2n), 44 autossomos (22 pares de autossomos)
O número de cromossomos presentes no cariótipo varia + 2 cromossomos sexuais, sendo um do tipo X e o outro do
de acordo com a espécie. A tabela a seguir mostra o número tipo Y (1 par de cromossomos sexuais). Os espermatozoides,
diploide (2n) de cromossomos de algumas espécies. gametas masculinos, possuem, cada um, apenas
22 autossomos + 1 cromossomo sexual, que poderá ser do
tipo X ou do tipo Y.
Número 2n de
Espécie
cromossomos As mulheres formam apenas um tipo de gameta (óvulo),
Homo sapiens (homem) 46 no que diz respeito ao tipo de cromossomo sexual,
ou seja, todos os óvulos normais possuem o cromossomo
Pan troglodytes (chimpanzé) 48 sexual do tipo X. Por isso, o sexo feminino, na nossa
espécie, é dito homogamético. Os indivíduos do sexo
Gorilla gorilla (gorila) 48 masculino, ao contrário, formam dois tipos de gametas
(espermatozoides), no que diz respeito aos cromossomos
Canis familiaris (cão) 78
sexuais: existem espermatozoides com o cromossomo X
Solanum lycopersicum (tomate) 24 e espermatozoides com o cromossomo Y. Por isso, na nossa
espécie, o sexo masculino é dito heterogamético.
Oryza sativa (arroz) 24
Os 23 pares de cromossomos humanos podem ser
Solanum tuberosum (batata) 48 agrupados numa representação gráfica na qual os
pares de cromossomos são numerados. Nesse caso,
os 22 primeiros pares representam autossomos e o 23º par
Ao observar a tabela anterior, conclui-se que o número é o dos cromossomos sexuais.
de cromossomos:
• não é o mesmo para todas as espécies;
• não é critério para se identificar uma espécie, GQ03
uma vez que espécies diferentes podem apresentar Núcleo celular
o mesmo número de cromossomos;
Nesse objeto de aprendizagem, você poderá observar a
• é constante para cada espécie, isto é, todos os estrutura do núcleo celular: a carioteca com os poros nucleares, o
indivíduos normais de uma espécie apresentam o nucleoplasma, a cromatina e o nucléolo. Fique atento para perceber
mesmo número de cromossomos; as principais características dessas estruturas. Boa atividade!
• não determina o grau evolutivo de uma espécie.
OS CROMOSSOMOS MUTAÇÕES
HUMANOS CROMOSSÔMICAS
O número normal de cromossomos nas células dos
Já vimos que, na nossa espécie, o número normal de indivíduos, bem como a forma (estrutura) normal dos
cromossomos nas células diploides é 46 (2n = 46) e o cromossomos, podem sofrer alterações: são as chamadas
número haploide, 23 (n = 23). Isso significa que em cada mutações cromossômicas ou aberrações cromossômicas.
célula diploide dos indivíduos normais da espécie humana Tais mutações podem ser numéricas e estruturais.
existem 46 cromossomos (23 pares de cromossomos
homólogos) e que em cada célula haploide normal existem Mutações Cromossômicas Numéricas
23 cromossomos. Na espécie humana, e em muitas outras,
São alterações no número normal de cromossomos do
os cromossomos podem ser subdivididos em dois grupos:
cariótipo. Quando essa alteração é de apenas um ou dois
autossomos e cromossomos sexuais (heterossomos, cromossomos, trata-se de uma aneuploidia; quando há
alossomos). Os cromossomos sexuais podem ser de dois alteração de todo um conjunto n (haploide) de cromossomos,
tipos diferentes: X e Y. temos uma euploidia.
16 Coleção 6V
O Núcleo Celular
São mutações cromossômicas numéricas, nas quais há São homens com o cariótipo: 44 A + XYY. São indivíduos
perda ou acréscimo de um ou dois cromossomos em relação aparentemente normais, férteis, geralmente altos, às
ao cariótipo normal. Estão subdivididas em trissomias vezes com retardamento mental e muito agressivos.
(2n + 1), tetrassomias (2n + 2), monossomias (2n – 1) Segundo alguns autores, os portadores dessa síndrome
e nulissomias (2n – 2).
apresentam uma tendência maior à delinquência,
São alguns exemplos de trissomias: síndrome de Down, são irresponsáveis e imaturos, se comparados a indivíduos
síndrome de Klinefelter, síndrome do Triplo X e a síndrome do que não apresentam a síndrome, evidenciando um
Duplo Y que podem aparecer na nossa espécie. A síndrome de comportamento antissocial desde a pouca idade.
Turner é um exemplo de monossomia. Na nulissomia (2n – 2),
os dois cromossomos que faltam são homólogos e, portanto,
há ausência total de um par de cromossomos no cariótipo, o Euploidias
que tem efeito letal sobre o embrião.
São mutações cromossômicas numéricas, nas quais há
Síndrome de Down (“mongolismo”) alteração de todo um conjunto haploide (n) de cromossomos.
BIOLOGIA
É uma alteração no número normal de autossomos, A maioria dos organismos eucariontes é normalmente
sendo, portanto, uma aberração autossômica. Nos indivíduos diploide (2n). Assim, indivíduos que apresentam euplodias
portadores dessa anomalia, existem três cromossomos no podem ser triploides (3n), tetraploides (4n), etc.
par 21 (trissomia do par 21). Como apresenta um autossomo
A anomalia sempre envolve conjuntos inteiros (n) de
a mais em relação aos indivíduos normais, o cariótipo dos
portadores da síndrome de Down pode ser assim representado: cromossomos. Normalmente, usa-se o termo poliploide
45 A + XX (mulher Down) e 45 A + XY (homem Down). para indicar organismos com mais de dois conjuntos
de cromossomos.
Na síndrome de Down, os indivíduos apresentam um
grande número de características como: aspecto do rosto Os mutantes triploides (3n) originam-se, normalmente,
em forma de lua cheia; inchaço das pálpebras; aumento da junção de um gameta normal haploide (n) com outro
da separação dos olhos; achatamento da raiz nasal;
gameta anômalo diploide (2n). Geralmente, esses mutantes
falta de coordenação motora; deficiência mental (baixo
são estéreis. Organismos tetraploides (4n) podem se
quociente intelectual).
originar da junção de dois gametas anômalos diploides,
Estatisticamente, está demonstrado que a incidência da ou, ainda, de células diploides (2n) em que ocorre
síndrome de Down é maior em filhos de mulheres de idade
duplicação dos cromossomos, sem haver divisão da célula.
mais avançada.
Esse fenômeno pode ser espontâneo ou induzido por
Síndrome de Klinefelter algumas substâncias, como a colchicina. A tetraploidia
Trata-se de uma aberração cromossômica sexual, uma vez é mais comum em vegetais.
que os portadores dessa síndrome têm três cromossomos
Muitas plantas cultivadas são poliploides: existem
sexuais em suas células, sendo dois do tipo X e um do tipo Y.
variedades de trigo hexaploides (6n), e alguns morangos
Seu cariótipo é: 44 A + XXY (homem).
são octoploides (8n). Os vegetais poliploides, muitas
Os indivíduos com síndrome de Klinefelter são do sexo vezes, são mais robustos e desenvolvidos que seus
masculino, porém são estéreis devido à atrofia dos seus
ancestrais diploides, apresentando folhas, flores e frutos
testículos. Apresentam deficiência mental e desenvolvem
algumas características sexuais secundárias femininas, como maiores. Certos vegetais tetraploides, como batata, café e
a ginecomastia (desenvolvimento das mamas). amendoim são também maiores e mais vigorosos do que
as variedades diploides. É por esse motivo que técnicas
Síndrome de Turner especiais têm sido usadas para se induzir mutações e obter
É outra aberração cromossômica sexual, uma vez que os esses indivíduos poliploides.
indivíduos possuem apenas um cromossomo sexual do tipo
X em suas células. Seu cariótipo pode ser representado por:
44 A + X0. Na síndrome de Turner, os indivíduos são do sexo Aneuploidias Euploidias
feminino e, geralmente, estéreis devido à atrofia dos seus
ovários. Geralmente, apresentam baixa estatura, pescoço
Monossomia (2n – 1) Haploidia (n)
alargado (“pescoço alado”), ombros largos e ausência de
mamas. Como os ovários e o útero não se desenvolvem,
não há menstruação nem caracteres sexuais secundários. Nulissomia (2n – 2) Triploidia (3n)
A C Número de N. de
A B C E F A B C C E F G
Indivíduo cromosso- cromatinas
A B C E F G A B C E F G mos X sexuais
Homem normal
Deleção em um Duplicação em um 1 0
(44 A + XY)
cromossomo cromossomo
Mulher normal
2 1
A B C E F G A B C E F G C (44 A + XX)
B D
A B C E G F A B E F G Síndrome de Turner
1 0
(44 A + X0)
Inversão em um Deleção em um
Síndrome de Klinefelter
cromossomo cromossomo (rosa) 2 1
(44 A + XXY)
e translocação em
outro (branco)
Síndrome do Triplo X
3 2
Mutações cromossômicas estruturais – A. Deleção ou deficiência: (44 A + XXX)
ausência de um segmento no cromossomo, isto é, a falta de um
pedaço no cromossomo. Deficiências muito acentuadas podem Em casos de anomalias cromossômicas, em que a pessoa
ser letais, provenientes dessa ausência, pois implicam a perda possui mais de dois cromossomos X, existe mais de uma
de muitos genes. B. Inversão: quando o cromossomo possui um cromatina sexual (corpúsculo de Barr) no núcleo das células.
pedaço invertido. Nas inversões, um segmento de cromossomo Isso porque o mecanismo de compensação de dose torna
quebra-se, sofre uma rotação de 180° e se solda novamente.
inativos todos os cromossomos X das células, com exceção
Com isso, evidentemente, altera-se a sequência ou a ordem
de um, que continua funcional.
dos genes ao longo do cromossomo. C. Duplicação: quando
o cromossomo possui um pedaço repetido. Nesse caso, A cromatina sexual pode ser encontrada sob formas
o cromossomo tem uma série de genes repetidos. D. Translocação: distintas: a) próxima do nucléolo, como acontece em
quando um cromossomo recebe um pedaço proveniente de um
certas células nervosas; b) na face interna da carioteca,
outro cromossomo que não seja o seu homólogo, ou quando há
como nas células da mucosa bucal; c) livre no suco nuclear,
troca de pedaços entre cromossomos não homólogos.
como na maioria dos neurônios; d) semelhante a uma
expansão nuclear, como nos neutrófilos (um tipo de leucócito),
A CROMATINA SEXUAL nos quais a cromatina sexual aparece como um bastãozinho,
denominado baqueta de tambor ou drum-stick.
Na década de 1940, Bertram e Barr descobriram, A
nas células diploides (2n) em intérfase de fêmeas de B
mamíferos, em um grande número de espécies, inclusive
na espécie humana, um corpúsculo pequeno, bem corável
pelos corantes básicos. Tal corpúsculo, que normalmente não
existe no núcleo das células masculinas, recebeu o nome de
corpúsculo de Barr e, mais tarde, passou a ser denominado
também cromatina sexual. Descobriu-se que a cromatina
Arquivo Bernoulli
18 Coleção 6V
O Núcleo Celular
BIOLOGIA
E) Todas as afirmativas estão erradas.
B) A porção anucleada de uma ameba seccionada morre A) 1 e 2 podem pertencer a indivíduos da mesma espécie,
após algum tempo. mas 1 é diploide e 2 é haploide.
B) 1 e 3 podem pertencer a indivíduos normais, mas de
C) Uma ameba com núcleo transplantado é incapaz de
espécies diferentes.
se dividir.
C) 2 e 4 podem pertencer a espécies diferentes e podem
D) A porção nucleada da ameba cresce e vive ser haploides.
normalmente. D) 3 e 4 podem pertencer a indivíduos da espécie
E) O transplante do núcleo para o fragmento de uma humana, mas apenas 3 pode pertencer ao sexo
ameba anucleada regenera suas funções vitais. masculino.
E) 5 e 6 podem pertencer a indivíduos da espécie
02. (PUC Minas) Com relação aos nucléolos, é incorreto humana, mas 5 pode apresentar síndrome de Down,
dizer que e 6 apresenta síndrome de Klinefelter.
E) Translocação
08. (UFC-CE) Analise as afirmativas seguintes, acerca dos
CR25
elementos constituintes do núcleo celular eucariótico.
04. (UFF-RJ) Diversas proteínas, como histonas e várias
enzimas, embora sintetizadas no citoplasma,são I. Cada cromossomo possui uma única molécula de DNA.
encontradas no núcleo. II. Histonas são proteínas relativamente pequenas que
A passagem dessas macromoléculas pelo envoltório se ligam fortemente ao RNA.
nuclear é possível, porque
III. Os nucléolos podem atuar na síntese de carboidratos
A) ocorre um mecanismo específico de endocitose que que migram do núcleo para o citoplasma.
permite a passagem de macromoléculas.
Pode-se afirmar, de modo correto, que
B) o envoltório nuclear possui poros que permitem a
A) somente I é verdadeira.
passagem de macromoléculas.
B) somente II é verdadeira.
C) ocorre um mecanismo específico de pinocitose que
permite o englobamento de algumas macromoléculas. C) somente I e II são verdadeiras.
D) existe, nesse envoltório, um mecanismo de D) somente I e III são verdadeiras.
transporte simultâneo e oposto de ácido ribonucleico E) somente II e III são verdadeiras.
e proteínas.
E) existem transportadores nas membranas externa 09. (UFJF-MG–2015) Cientistas conseguiram, pela primeira
e interna do envoltório nuclear que realizam o 2YLI
vez, “silenciar” a molécula de DNA excedente, que
transporte das macromoléculas, passando pelo lúmen caracteriza a Síndrome de Down. Num experimento com
do envoltório. amostras de células, os pesquisadores inativaram uma
das três cópias do cromossomo 21, que caracteriza a
05. (UGF-RJ) Nos portadores da síndrome de Klinefelter, anomalia, tornando as células tratadas similares às de
HLFF a presença de cromatina sexual indica que o indivíduo
pessoas típicas, com apenas duas cópias.
A) é do sexo masculino. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/
B) não apresenta cromossomo Y. ciencia/2013/07/1312642-tecnica-experimental-corrige-
sindrome-de-down-em-celula.shtml>.
C) não apresenta cromossomo X.
Acesso em: 10 ago. 2014.
D) apresenta um cromossomo X a mais.
Além da trissomia do cromossomo 21, a Síndrome de
E) apresenta os cromossomos X e Y duplicados.
Down também pode ocorrer por
20 Coleção 6V
O Núcleo Celular
10. (FACISB) Uma amostra de tecido de um paciente foi A) Refere-se a um indivíduo triploide, do sexo feminino.
coletada e conduzida a um laboratório de análises. Entre B) Pertence a um portador de uma trissomia, a qual
diversos exames, foi realizada a análise citogenética do ocorre apenas em indivíduos do sexo feminino.
cariótipo, na qual se verificou a existência de um par de
cromossomos sexuais idênticos e vinte e dois pares de C) Apresenta um caso de alteração cromossômica
autossomos. numérica classificada como euploidia.
BIOLOGIA
AUFN
deparou-se com o idiograma obtido do cariótipo de uma que seriam utilizados os linfócitos para a extração do DNA.
criança, mostrado a seguir: O assistente não entendeu por que os eritrócitos não
poderiam ser usados. Que explicação você daria ao
jovem assistente?
1 2 3 4 5
SEÇÃO ENEM
6 7 8 9 10 11 12 01. (Enem–2018) O nível metabólico de uma célula pode ser
determinado pela taxa de síntese de RNAs e proteínas,
Linhagens:
I II III
1 2 3 4 5
IV V
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18
Arquivo Bernoulli
02. (Enem–2015) A cariotipagem é um método que II. Retirou-se uma célula da glândula mamária da vaca W.
analisa células de um indivíduo para determinar O núcleo foi isolado e conservado, desprezando-se
seu padrão cromossômico. Essa técnica consiste o resto da célula.
na montagem fotográfica, em sequência, dos pares III. O núcleo da célula da glândula mamária foi introduzido
de cromossomos e permite identificar um indivíduo no óvulo anucleado. A célula reconstituída foi
normal (46, XX ou 46, XY) ou com alguma alteração
estimulada para entrar em divisão.
cromossômica. A investigação do cariótipo de uma
IV. Após algumas divisões, o embrião foi implantado
criança do sexo masculino com alterações morfológicas
no útero de uma terceira vaca Y, mãe de aluguel.
e comprometimento cognitivo verificou que ela
apresentava fórmula cariotípica 47, XY, +18. O embrião se desenvolveu e deu origem ao clone.
A alteração cromossômica da criança pode ser Considerando-se que os animais Z, W e Y não têm
classificada como parentesco, pode-se afirmar que o animal resultante
A) estrutural, do tipo deleção. da clonagem tem as características genéticas da(s)
vaca(s)
B) numérica, do tipo euploidia.
D) Z e W, apenas.
03. (Enem) Em 1999, a geneticista Emma Whitelaw
desenvolveu um experimento no qual ratas prenhes E) Z, W e Y.
foram submetidas a uma dieta rica em vitamina B12,
ácido fólico e soja. Os filhotes dessas ratas, apesar de
possuírem o gene para obesidade, não expressaram GABARITO Meu aproveitamento
essa doença na fase adulta. A autora concluiu que a
alimentação da mãe, durante a gestação, silenciou o
Aprendizagem Acertei ______ Errei ______
gene da obesidade. Dez anos depois, as geneticistas • 01. C
Eva Jablonka e Gal Raz listaram 100 casos comprovados
• 02. B
de traços adquiridos e transmitidos entre gerações de
organismos, sustentando, assim, a epigenética, que
• 03. C
• 01. D
04. (Enem) A sequência seguinte indica, de maneira • 02. E
simplificada, os passos seguidos por um grupo de
cientistas para a clonagem de uma vaca.
• 03. E
• 04. B
I. Retirou-se um óvulo da vaca Z. O núcleo foi
desprezado, obtendo-se um óvulo anucleado. Total dos meus acertos: _____ de _____ . ______ %
22 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 11
Mitose e Meiose
Durante o seu ciclo de vida, uma célula eucariota Quando se prepara para sofrer um processo de divisão,
pode passar pelas seguintes fases: intérfase, prófase, a célula, ainda na intérfase, duplica o seu material genético.
metáfase, anáfase e telófase. Quando em intérfase, Assim, quando uma célula inicia um processo de divisão,
a célula não se encontra em divisão nas outras fases, ela já está com o seu material genético duplicado.
mas em processo de divisão ou reprodução celular. Dessa forma, podemos dividir a intérfase em três subfases
Assim, temos: ou períodos: G1, S e G2.
Arquivo Bernoulli
inúmeras moléculas de RNA-r, produzidas a partir
da zona SAT existente em certos cromossomos.
Na prófase, essas moléculas se espalham pela célula
e associam-se a moléculas de proteínas, formando 4 cromossomos Duplicação dos 4 cromossomos
simples cromossomos duplos
os ribossomos. Assim, o nucléolo deixa de ser
visto (desaparecimento do nucléolo). Na telófase Intérfase – Subfases G1, S e G2.
(última fase da divisão), formam-se novos nucléolos
originários das zonas SAT de certos cromossomos. Uma célula diploide humana de um indivíduo normal
terá 46 cromossomos simples em G1 e 46 cromossomos
• Cromatina organizada formando finíssimos duplos em G2.
filamentos – A cromatina se organiza formando
Por meio de um aparelho chamado citofotômetro,
finíssimos filamentos, que alguns autores denominam
cromonemas. Esses filamentos apresentam regiões é possível medir a quantidade de DNA presente no núcleo
de eucromatina (distendida) e de heterocromatina das células. Assim, se medirmos o teor de DNA na subfase G1,
(espiralada). Ao começar a divisão celular, as regiões encontraremos uma quantidade X de DNA; na subfase S,
de eucromatina iniciam um processo de intensa a quantidade de DNA deverá ser superior a X, uma vez que,
espiralização, dando origem aos cromossomos. nesse período da intérfase, estão sendo produzidas novas
• Intensa atividade metabólica – Na intérfase, moléculas de DNA por meio da duplicação; na subfase
a célula apresenta sua maior atividade metabólica, G2, o teor de DNA deverá ser 2X, isto é, exatamente o
realizando praticamente todos os processos de síntese dobro da quantidade de DNA existente em G1, já que em
necessários ao seu desenvolvimento e à sua função. G2 todo o material genético nuclear se encontra duplicado.
n
S n
G1
X
Meiose (do grego meion, menor).
24 Coleção 6V
Mitose e Meiose
Ciclos reprodutivos meio da mitose, formam células também haploides (n), que
são os gametas. A união de dois gametas n origina o zigoto
BIOLOGIA
2n que, por mitoses sucessivas, forma um indivíduo diploide
No ciclo haplôntico, os indivíduos têm o corpo formado
(2n). Os indivíduos diploides (2n), por meiose, formam
apenas por células haploides (n). Determinadas células n
células haploides (n), que são os esporos. Costuma-se dizer
desses indivíduos, ao realizarem mitose, originam células
que nesse ciclo a meiose é espórica. Cada esporo, por mitoses
também n, que são os gametas. A fusão (união) de dois sucessivas, forma um novo indivíduo haploide (n). Os seres
gametas n, sendo de um mesmo indivíduo (autofecundação) que apresentam esse ciclo reprodutivo são chamados de
ou de indivíduos diferentes (fecundação cruzada), origina haplodiplobiontes. Esse ciclo aparece em muitas espécies
o zigoto diploide (2n). O zigoto, encontrando condições de algas, nas briófitas, nas pteridófitas, nas gimnospermas
favoráveis de desenvolvimento, realiza meiose (meiose e nas angiospermas. É, portanto, um ciclo reprodutivo típico
zigótica), resultando em células n, chamadas de esporos. de plantas. Nas plantas, o indivíduo haploide (n), formador
Cada esporo n, encontrando no meio condições favoráveis de gametas, é chamado de gametófito, enquanto o indivíduo
diploide (2n), formador de esporos, é dito esporófito.
de desenvolvimento por mitoses sucessivas, formará um
novo indivíduo haploide (n). Nas espécies que têm esse ciclo n Mitose Fecundação Zigoto (2n)
reprodutivo, os indivíduos são chamados de seres haplontes n
n 2n
ou haplobiontes. Esse ciclo é encontrado, por exemplo, em n
n
algumas espécies de clorófitas (algas verdes). Indivíduo Gametas (n)
haploide (n) Mitoses
CICLO
n Mitose Fecundação HAPLÔNTICO-DIPLÔNTICO
n
n 2n Zigoto (2n) Meiose 2n
n n n
n 2n
Indivíduo Gametas (n) n n
Meiose Mitoses
haploide (n) 2n
sucessivas
CICLO HAPLÔNTICO Esporos (n)
n n
Esporos (n) Ciclo haplôntico-diplôntico (haplonte-diplonte).
Mitoses sucessivas n n
MITOSE
Ciclo haplôntico (haplonte).
Usaremos, como exemplo para descrever as diversas
No ciclo diplôntico, os indivíduos têm o corpo formado fases de uma mitose, uma célula eucariota diploide (2n),
por células diploides (2n). Determinadas células desses pertencente a uma espécie na qual o número 2n = 4,
indivíduos, ao realizarem meiose, formam células haploides conforme o mostrado a seguir:
(n), que são os gametas. Por isso, diz-se que, nesse ciclo,
Nucléolo Diplossomo
a meiose é gamética. A união de dois gametas n origina o
G1
zigoto (2n). Esse zigoto, por mitoses sucessivas, origina G2
um novo indivíduo diploide (2n). Os seres que apresentam
esse ciclo reprodutivo são chamados de seres diplontes ou S
diplobiontes. A maioria dos animais (inclusive a espécie
Arquivo Bernoulli
Prófase Metáfase
É a primeira fase da mitose. Nela, observamos as seguintes O termo metáfase (do grego meta, meio) faz alusão ao fato
características: de os cromossomos, nessa fase, arranjarem-se na região
• Início da espiralização (condensação) dos mediana (equatorial) da célula. A metáfase mitótica
cromossomos – Os cromossomos já duplicados apresenta as seguintes características:
(lembre-se de que a duplicação ocorre na intérfase) • Máximo desenvolvimento do fuso – Os microtúbulos
começam a se espiralizar (condensar) e, à medida que do fuso mitótico, que começaram a se formar na prófase,
vão se espiralizando, tornam-se mais curtos, porém mais atingem na metáfase o seu máximo desenvolvimento.
grossos e, portanto, mais visíveis. O início da prófase é
Nesse fuso, distinguimos os microtúbulos polares
marcado pelo início da condensação dos cromossomos.
(ou fibras contínuas) que se dispõem de um polo celular
• Desaparecimento do(s) nucléolo(s) – As moléculas a outro e os microtúbulos cinetocóricos (ou fibras
de RNA-r que formam o nucléolo começam a se cromossômicas) que se ligam aos cinetócoros de cada
espalhar pela célula e se associam a moléculas de cromátide-irmã. Nas células que possuem centríolos,
proteínas, formando os ribossomos. Assim, à medida também existem microtúbulos dispostos radialmente
que a prófase progride, o(s) nucléolo(s), gradualmente, a partir de cada diplossomo, formando áster.
vai (vão) deixando de ser visto(s), até desaparecer(em)
por completo ao final da prófase. • Máxima espiralização dos cromossomos –
A espiralização dos cromossomos, que teve início
• Início da formação do fuso – O fuso mitótico (fuso
na prófase, atinge o seu grau máximo na metáfase.
acromático, aparelho mitótico) é um conjunto de fibras
Essa máxima espiralização dos cromossomos faz
proteicas, formadas por microtúbulos, resultantes
da polimerização de proteínas citoplasmáticas com que essas estruturas se tornem mais curtas,
denominadas tubulinas. Quando a célula possui porém mais grossas. Por isso, a metáfase é a melhor
diplossomo (estrutura formada por dois centríolos), fase para visualização e estudo dos cromossomos.
na intérfase, dá-se a duplicação dessas organelas e, Estes, altamente condensados (espiralados), ligam-se
na prófase, as fibras do fuso organizam-se entre os às fibras do fuso por meio dos centrômeros.
pares de centríolos. Assim, à medida que as fibras do Como na metáfase, os cromossomos que se encontram
fuso vão se alongando, os diplossomos são empurrados no máximo de sua espiralização são mais facilmente
para os polos celulares. Ao redor de cada par de visualizados. Algumas substâncias, como a colchicina,
diplossomos, surgem também fibras de proteínas que, podem ser utilizadas experimentalmente para
dispostas radialmente, formam o áster. Devido à interromper a mitose nessa fase. Com isso, é possível
presença dos diplossomos e, consequentemente, estudar melhor o número, a forma e o tamanho
do áster, fala-se que nessas células a mitose é cêntrica dos cromossomos. A colchicina age impedindo
e astral. Quando as células não possuem diplossomo, a organização dos microtúbulos do fuso sem, contudo,
como nos vegetais superiores, o fuso forma-se com a impedir a condensação dos cromossomos.
mesma eficiência. Quando não têm diplossomo, também • Ordenação (alinhamento) dos cromossomos
não terão áster, e, nesse caso, fala-se que a mitose é no plano equatorial – Todos os cromossomos
acêntrica e anastral. s e d i s p õ e m n o m e s m o p l a n o, n o e q u a d o r
• Desaparecimento da carioteca – Ao fim da (região mediana) da célula, formando a chamada
prófase, a membrana nuclear (carioteca) fragmenta-se placa equatorial ou placa metafásica. A ligação dos
em diversos pedaços e, com isso, o material citoplasmático cromossomos ao fuso permite que as cromátides-irmãs
mistura-se com o material nuclear. Conforme vimos, (cromátides unidas pelo centrômero) fiquem
o sistema de fibras que constitui o fuso mitótico, corretamente direcionadas, cada uma voltada para
cuja função é separar os cromossomos e encaminhá-los um dos polos da célula. Dá-se o nome de metacinese
para os polos celulares, começa a se formar na ao movimento dos cromossomos em busca da sua
prófase. Uma vez que o fuso se forma no citoplasma, ordenação na região mediana da célula.
é necessário que a carioteca desapareça para permitir
que os cromossomos entrem em contato com as fibras Cromossomos duplos
do fuso. Essa fragmentação da carioteca marca o fim alinhados no plano equatorial
da prófase e o início da metáfase. Para alguns autores,
essa fragmentação caracteriza uma outra fase da divisão
celular que eles denominam de prometáfase.
Desaparecimento do nucléolo
Diplossomo
Microtúbulos
Cinetócoro
Arquivo Bernoulli
Áster
Arquivo Bernoulli
26 Coleção 6V
Mitose e Meiose
Anáfase
O termo anáfase (do grego ana, separação) refere-se à
separação das cromátides-irmãs de cada cromossomo para
os polos opostos da célula. Essa fase caracteriza-se por:
Arquivo Bernoulli
polos celulares.
BIOLOGIA
pelas fibras do fuso para os polos celulares opostos. que divide a célula em duas outras; nas células dos vegetais,
Assim, cada polo da célula recebe o mesmo material a citocinese é centrífuga (de dentro para fora) e decorre da
cromossômico. A anáfase termina quando os formação de microvesículas, denominadas fragmoplastos,
cromossomos chegam aos polos. oriundas do sistema golgiense e repletas de substâncias pécticas
(pectinas) que se organizam na região central do citoplasma.
Ao se fundirem, essas microvesículas vão dividindo a célula do
centro para a periferia até separá-las em duas metades (duas
células-filhas). Com essa divisão, as substâncias pécticas se
dispõem entre as duas células-filhas, formando a lamela média.
Separação
das cromátides
Arquivo Bernoulli
Célula animal
Telófase
É a fase final (do grego telos, fim) da mitose. Suas principais
características são:
Arquivo Bernoulli
pela célula.
Fragmoplasto Parede
• Reorganização (reaparecimento) da carioteca – (conjunto de vesículas) celular
Em cada polo celular, em torno de cada conjunto
Citocinese na célula vegetal – 1. Organização centrífuga das vesículas
cromossômico, organiza-se uma carioteca, formada originadas do sistema golgiense. Essas vesículas são ricas em pectina. 2.
a partir das membranas do retículo endoplasmático. As vesículas fundem-se, formando uma lâmina que separa as duas células-
Começa, então, a organização de um núcleo em cada -filhas. Essa lâmina, rica em pectina, é a lamela média. Em alguns pontos
polo celular. dessa lamela, a separação entre as células não é completa, originando os
plasmodesmos. 3. Posteriormente, ocorre deposição de celulose ao redor
• Constituição (reaparecimento) do(s) da lamela média, mas não há deposição nos plasmodesmos.
nucléolo(s) – Em cada núcleo que se organiza em Apesar de as características básicas serem as mesmas,
cada polo da célula, reaparece(m) o(s) nucléolo(s), existem algumas diferenças entre a mitose de células
formado(s) a partir da zona SAT existente em certos animais e a de células dos vegetais superiores. Assim,
cromossomos. • nos animais, a mitose é cêntrica (presença
de centríolos), enquanto, nos vegetais superiores,
• Citocinese – O citoplasma celular divide-se em
é acêntrica (ausência de centríolos);
duas metades iguais, surgindo, assim, duas células-
• nos animais, a mitose é astral (presença do áster
-filhas. Quando ocorre essa divisão, há também uma ao redor dos diplossomos), enquanto, nos vegetais
distribuição equitativa dos orgânulos citoplasmáticos superiores, é anastral (ausência de áster);
entre as duas células-filhas. Muitas vezes a citocinese • nos animais, a citocinese é centrípeta, e,
tem início na anáfase e termina ao final da telófase. nos vegetais, é centrífuga.
A mitose é o processo de divisão celular mais frequentemente Cada par de cromossomos homólogos duplos emparelhados
encontrado nos seres vivos. Algumas linhagens de células recebe a denominação de tétrade ou bivalente. Nesse período,
apresentam um ciclo vital curto e são continuamente pode ter início também o fenômeno do crossing-over
produzidas por mitoses que, por sua vez, permitem (permutação). O crossing-over é uma troca de segmentos
a renovação constante dos tecidos em que ocorrem. (pedaços) entre cromátides homólogas, permitindo, assim,
Outras têm ciclo vital médio que pode durar meses ou anos. uma recombinação gênica (recombinação de genes) entre
Tais células são produzidas por mitoses durante o período cromossomos homólogos e, consequentemente, um aumento
de crescimento do organismo, e sua capacidade de divisão da variabilidade genética dentro da espécie. Esse fenômeno
cessa na idade adulta. Entretanto, tais células podem voltar começa no paquíteno e termina no período seguinte, isto é,
a realizar mitoses em algumas condições excepcionais, no diplóteno. Após a troca de segmentos, os homólogos
como na regeneração de tecidos (uma fratura óssea, por começam a se afastar uns dos outros. O último ponto de
exemplo). Finalmente, existem células dotadas de ciclo vital separação entre os homólogos é exatamente aquele em que
ocorreu o crossing-over. Assim, é comum no diplóteno a
longo, que são produzidas apenas durante o período embrionário.
visualização de pontos de contato entre cromátides homólogas.
Na eventual morte dessas células, não há reposição, uma vez
Esses pontos são denominados quiasmas e indicam os locais
que o indivíduo já nasce com um número definido destas.
onde se deu a troca de segmentos, isto é, indicam os locais
de ocorrência do crossing-over. Na diacinese, último período
MEIOSE da prófase I, ocorre a terminalização dos quiasmas, isto é,
estes escorregam para as extremidades das cromátides.
A meiose consta de duas divisões sucessivas: divisão I
e divisão II. As diversas fases de uma meiose estão
relacionadas no quadro a seguir: Leptóteno Zigóteno
Leptóteno
Zigóteno
Prófase I Paquíteno
Divisão I Diplóteno
Diacinese
(Reducional)
Arquivo Bernoulli
Metáfase I
Anáfase I
Telófase I
Prófase I
Prófase II
Divisão II Metáfase II
(Equacional) Anáfase II
Telófase II
28 Coleção 6V
Mitose e Meiose
Metáfase I
Nessa fase da meiose, temos:
Arquivo Bernoulli
metáfase mitótica, as fibras do fuso se dispõem de
um polo celular a outro.
Arquivo Bernoulli
Prófase II
BIOLOGIA
Arquivo Bernoulli
Metáfase II
Migração de
cromátides-irmãs
Anáfase I Anáfase II
Ao contrário do que acontece na mitose, na anáfase I,
não ocorre a separação das cromátides, mas, do mesmo
modo que na anáfase mitótica, acontece um encurtamento
das fibras do fuso, puxando os cromossomos para os polos
celulares. Assim, na anáfase I, temos: Telófase II
• Encurtamento das fibras do fuso.
• S e p a ra ç ã o d o s c r o m o s s o m o s h o m ó l o g o s –
Os cromossomos homólogos, ainda duplos, Divisão II da meiose – Cada uma das células-filhas formadas ao
são puxados para os polos celulares opostos. término da divisão I realizará a divisão II, cujas características
são idênticas às da mitose.
Arquivo Bernoulli
23UK
Meiose
Telófase I
A última fase da divisão meiótica I caracteriza-se por:
• Desespiralização dos cromossomos.
• Reaparecimento do(s) nucléolo(s). Mitose e Meiose
• Reaparecimento da carioteca.
Nesse objeto de aprendizagem digital, você
• Desaparecimento do fuso. verá os processos de mitose e meiose, com suas
• Citocinese. fases e características. Fique atento para perceber
• Formação de duas células-filhas haploides (n) com as diferenças entre eles. Bom trabalho!
cromossomos duplos.
MALIGNA perdidas dos telômeros (partes dos telômeros que vão sendo
cortadas à medida que as células se dividem). Assim, os telômeros
O câncer não é uma única doença, mas, sim, diferentes doenças que não se tornam mais curtos, e, desse modo, as células não morrem
têm muitas características em comum. Existem, portanto, diferentes e passam a se multiplicar de forma descontrolada.
tipos de câncer. Alguns podem permanecer quase inalterados por
A neoplasia (novo crescimento) leva à formação de uma grande
muitos anos e praticamente não têm impacto na expectativa de vida.
massa de células denominada neoplasma ou tumor, que pode
Outros, ao contrário, podem ser fatais logo após serem descobertos.
ser benigno ou maligno. Geralmente, os tumores malignos são
Todos os tipos de câncer estão relacionados a alterações no DNA.
chamados de câncer, para distingui-los dos benignos.
Assim, todos os agentes mutagênicos podem levar ao aparecimento
de células cancerosas. Essas mutações, na maioria das vezes, ocorrem No tumor benigno (neoplasma benigno), as células permanecem
em linhagem de células somáticas e, portanto, não são hereditárias, localizadas, prejudicando apenas o órgão no qual se originou
já que alteram genes de células não produtoras de gametas. o tumor, sem invadir tecidos vizinhos, que, no entanto,
Apenas 10% de todo câncer é hereditário. Frequentemente, a podem ser comprimidos e prejudicados. Nesses tumores,
forma hereditária do câncer é clinicamente semelhante à forma não a proliferação celular é seguida de diferenciação celular.
hereditária. O câncer hereditário normalmente se manifesta muito Por isso, muitos tumores benignos que ocorrem em glândulas
cedo na vida das pessoas, enquanto a forma não hereditária é mais endócrinas secretam grande quantidade de hormônios, o que
frequente em pessoas mais idosas. pode causar sérios distúrbios no organismo. Geralmente, esses
A doença se forma por uma única célula cujo DNA foi danificado tumores são curados pelo tratamento cirúrgico.
por uma mutação. Através da mitose, essa mutação é transmitida Nos tumores malignos (neoplasmas malignos), embora também
para as células-filhas, que vão sofrendo e acumulando outras
haja intensa e desordenada multiplicação celular, o processo
mutações. As mutações sucessivas das descendentes da célula
de diferenciação celular é interrompido. Assim, a célula deixa
inicial acabam originando a célula cancerosa. O acúmulo de
de fabricar as proteínas típicas de sua equivalente normal. Além
mutações por uma célula e suas descendentes é um processo
disso, perdem a capacidade de aderência, secretam enzimas que
lento, e isso, provavelmente, explica a maior incidência de câncer
atacam a matriz extracelular, invadem os tecidos vizinhos e secretam
não hereditário nas pessoas mais idosas. Nos Estados Unidos,
moléculas que estimulam a angiogênese (neoformação vascular),
por exemplo, o câncer era menos comum há um século. Naquele
ou seja, formação de novos capilares sanguíneos. Esses capilares
tempo, como ainda acontece hoje em muitas regiões pobres do
são necessários para garantir o adequado suprimento de nutrientes,
mundo, pessoas morriam de doenças infecciosas e não viviam
de fatores de crescimento e de oxigênio, como também para se ter
tempo suficiente para desenvolver câncer.
uma via de eliminação dos seus catabólitos, que são levados pelo
Uma das características das células cancerosas, e que as sangue para os órgãos de excreção. As células cancerosas também
diferenciam das células normais das quais se originaram, podem penetrar nos vasos sanguíneos e linfáticos e se espalhar
é sua grande capacidade de proliferação por meio de pelo organismo, chegando, através da circulação, a outros órgãos
mitoses sucessivas. Entretanto, trata-se de uma neoplasia do corpo, onde produzem tumores secundários: as metástases.
(proliferação celular anormal), uma vez que a célula Por isso, o tratamento cirúrgico dos tumores malignos só é eficaz
cancerosa perde o controle sobre a divisão celular. se realizado antes das metástases.
Neoplasia
benigna
Célula normal Células cancerosas
começa a se dividir invadindo o tecido
independentemente subjacente e insinuando-se
do controle do entre células normais.
organismo.
Neoplasia
maligna
30 Coleção 6V
Mitose e Meiose
Nem todas as células que se separam do tumor inicial e caem Também aparecem antígenos fetais, o que é considerado
na circulação sanguínea ou linfática conseguem chegar a outros um indício de desdiferenciação da célula tumoral. Como
tecidos e estabelecer a formação de metástases. A maioria
seria de se esperar, pelo seu comportamento, as células
delas é destruída por diversos processos, como a ruptura na
cancerosas são deficientes em estruturas juncionais,
travessia da parede do vaso, o ataque sofrido pelas moléculas
ou seja, estruturas que promovem a união com células vizinhas.
de defesa imunitária e a fagocitose por macrófagos.
A perda da adesão, separando uma célula da outra, contribui
Embora descendentes de uma célula ancestral única, existem
para que as células malignas soltas sejam levadas pelo sangue
diferenças genéticas, morfológicas e moleculares entre as
ou pela linfa, produzindo tumores à distância, as metástases.
células de um mesmo tumor. Essas diferenças, notadamente
entre seus genes, explicam por que nem todas têm a mesma Quase todos os tipos celulares do organismo podem gerar
malignidade. As mais malignas, entretanto, tendem a
tumores. Como existem muitos tipos diferentes de células
predominar no tumor, por serem mais aptas e vencerem o
normais, existem também muitos tipos diferentes de células
BIOLOGIA
processo competitivo com as demais.
cancerosas, produzindo tumores que diferem acentuadamente
O polimorfismo celular é uma das características dos
quanto ao grau de malignidade e à resposta ao tratamento.
tumores cancerígenos. Em geral, as células cancerosas
Todavia, certas células originam tumores com mais frequência
também são mais volumosas do que as células normais que
do que outras, como as células com grande capacidade de
lhes deram origem. Muitas são aneuploides ou poliploides,
proliferação (células epiteliais e as da medula óssea, por exemplo).
isto é, possuem um número anormal de cromossomos e, por
isso, as células de um mesmo tumor podem ter núcleos de Quanto mais vezes o DNA se replica, maior a possibilidade de
diversos tamanhos. Além das frequentes alterações no número mutações, por falhas no processo de síntese da nova molécula de
de cromossomos, a maioria das células cancerosas apresenta DNA e na reparação do DNA defeituoso, ou seja, há menos tempo
também modificações na forma e no tamanho de certos
para que os mecanismos de reparo do DNA funcionem antes que
cromossomos. Também são comuns células binucleadas ou
a replicação ocorra novamente. No adulto, cerca de 90% dos
polinucleadas. As mitoses são abundantes, com alta frequência
tumores derivam de epitélios. Além de sua renovação constante,
de divisões anômalas. Como se multiplicam muito, geralmente,
as células epiteliais que revestem o corpo e as cavidades internas,
têm citoplasma basófilo, devido à riqueza de ribossomos, o
que acontece com todas as células em proliferação. O retículo como boca, vias respiratórias, esôfago e estômago, estão mais
endoplasmático e o sistema golgiense normalmente são pouco sujeitas à ação dos agentes cancerígenos presentes nos alimentos
desenvolvidos, e as mitocôndrias e os lisossomos, pouco e no ambiente.
numerosos. No entanto, as maiores alterações citoplasmáticas
O câncer é classificado de acordo com o tipo de célula normal
d a s c é l u l a s c a n c e r o s a s a c o n t e c e m n o c i t o e s q u e l e t o.
Enquanto as células normais têm microtúbulos, filamentos que o originou, e não de acordo com os tecidos para os quais se
intermediários e filamento de actina bem organizados em todo espalhou. Como exemplos, podemos citar:
o citoplasma, nas células cancerosas, o citoesqueleto é reduzido
• Carcinomas – São, indiscutivelmente, os tipos mais
ou completamente desorganizado, com a concentração dos
comuns de câncer. Originam-se de células epiteliais
microtúbulos e filamentos intermediários nas proximidades
do núcleo e os filamentos de actina localizados principalmente de revestimento.
EXERCÍCIOS DE 04.
GSMA
(Unirio-RJ) A figura representa o ciclo celular e um
diagrama da duração das diferentes etapas desse ciclo
APRENDIZAGEM em determinadas células.
M
G2
01. (PUC-SP) Analise os seguintes enunciados: B
C
I. A mitose é um processo de divisão celular no qual a
célula se divide produzindo duas células-filhas iguais. G1
A
II. A duplicação do DNA, nas células que irão sofrer
D
mitose, ocorre na intérfase.
III. Locus gênico é o local ocupado por um gene S
no cromossomo.
G2 Mitose
Agora, assinale a alternativa correta. G1 S
A) Apenas a afirmação I está errada.
B) Todas as afirmações estão erradas.
C) Todas as afirmações estão corretas. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
D) Apenas uma afirmação está correta. Tempo (horas)
32 Coleção 6V
Mitose e Meiose
EXERCÍCIOS 04.
UAY8
(UNIFESP) Durante a prófase I da meiose, pode ocorrer o
crossing-over ou permuta gênica entre os cromossomos
PROPOSTOS das células reprodutivas.
BIOLOGIA
D) A bipartição não constitui forma de reprodução e a citocinese são fenômenos que caracterizam uma das
assexuada.
fases da mitose. Trata-se da
E) Como resultado da meiose, tem-se o crescimento do
A) anáfase. D) prófase.
organismo.
B) telófase. E) intérfase.
34 Coleção 6V
Mitose e Meiose
Parede celular
Cromossomos
BIOLOGIA
encurtando-se
2 3
5 6
14. (FUVEST-SP) Na figura a seguir, está representado o
66BI
ciclo celular.
Na fase S, ocorre síntese de DNA; na fase M, ocorre
a mitose e, dela, resultam novas células, indicadas no Placa celular
esquema pelas letras C.
C 7
C
M Núcleo reor- Núcleo da
ganizando-se célula-filha
Divisão
G2 Célula-filha
Mitose
G1
Parede nova
Interfase
S
8 9
Considerando que, em G1, existe um par de alelos Bb, No desenho anterior sobre a divisão celular do tipo
quantos representantes de cada alelo existirão ao final mitose, a fase que apresenta um número maior de etapas
de S e de G2 e em cada C? representadas é:
A) 4, 4 e 4. C) 4, 2 e 1. E) 2, 2 e 1. A) Prófase C) Anáfase
B) 4, 4 e 2. D) 2, 2 e 2. B) Metáfase D) Telófase
• 05. E
02. (Enem–2016) O Brasil possui um grande número de
18YN
espécies distintas entre animais, vegetais e micro- Propostos Acertei ______ Errei ______
-organismos envoltos em uma imensa complexidade e
distribuídas em uma grande variedade de ecossistemas.
• 01. A
(Adaptação). 04.
que foi originalmente isolado da casca de Taxus brevifolia, • 06. C • 10. A • 14. E
• 02. C
KRETZER, I. F. Terapia antitumoral combinada de derivados
do paclitaxel e etoposídeo associados à nanoemulsão lipídica • 03. A
36 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 12
Embriologia Animal
Embriologia é o estudo do desenvolvimento do indivíduo Tipos de ovos
desde a formação do zigoto (célula-ovo) até o seu nascimento
ou eclosão. Disco germinativo ou cicatrícura
Arquivo Bernoulli
Portanto, considerando a quantidade e a distribuição do vitelo,
a classificação dos ovos é igual à classificação dos óvulos. Vitelo Vitelo
Oligolécito Heterolécito Telolécito Centrolécito
Arquivo Bernoulli
total da estrutura embrionária. As blástulas resultantes das
segmentações holoblásticas (igual, subigual ou desigual)
são do tipo celoblástula; a resultante de uma segmentação
meroblástica discoidal é denominada discoblástula; a resultante
2 células 4 células 8 células
de segmentação meroblástica superficial é dita periblástula.
de tamanhos
iguais
Blástula originada da segmentação do ovo isolécito
Segmentação holoblástica desigual
3ª clivagem Celoblástula
Arquivo Bernoulli
4 Micrômeros
4 Macrômeros Celoblástula
4 células 8 células
Blástula originada da segmentação do ovo megalécito
OBSERVAÇÃO
É a partir da 3 a divisão (3 a clivagem) que surgem Discoblástula
as diferenças na segmentação holoblástica.
• Segmentação meroblástica ou parcial – Ocorre
apenas em uma parte da célula-ovo. Quando é feita Blástula originada da segmentação do ovo centrolécito
apenas na região do disco germinativo (cicatrícula),
ela é dita discoidal; se ocorrer apenas na periferia Periblástula
da célula, ela é dita superficial.
Tipos de blástulas.
Segmentação meroblástica discoidal
1ª clivagem 2ª clivagem Nos mamíferos placentários, grupo em que se inclui
3ª clivagem
a espécie humana, a blástula, que é do tipo celoblástula,
é também conhecida por blastocisto.
Embrioblasto
Núcleos
Arquivo Bernoulli
Trofoblasto
38 Coleção 6V
Embriologia Animal
BIOLOGIA
deuterostômio (deuterostomados). A maioria dos animais nos O processo de diferenciação celular depende de sinais
quais se forma o tubo digestório é constituída por protostômios. provenientes de hormônios, da matriz extracelular, de contato
Os deuterostômios são os equinodermos e os cordados. entre células e de fatores de diferenciação chamados
genericamente de citocinas. Nos seres multicelulares que
Na maioria dos animais triblásticos, forma-se também uma
se reproduzem por fecundação, todas as células do corpo
cavidade denominada celoma. O celoma é uma cavidade
de um indivíduo se originam do zigoto e, portanto, têm os
embrionária totalmente revestida pelo mesoderma. Todos os mesmos genes. Durante o processo de diferenciação celular,
animais que possuem essa cavidade são ditos celomados. Nem ocorre repressão de certos genes e ativação de outros.
todos os animais triblásticos formam o celoma. Assim, quanto à Assim, em cada célula, apenas uma parte dos genes está
presença ou não do celoma, os animais triblásticos são classificados ativa (em funcionamento), enquanto os demais permanecem
em: acelomados, pseudocelomados e celomados (eucelomados). inativos. Desse modo, cada célula só produz certos tipos de
São chamados de acelomados os animais nos quais não se proteínas que determinam sua forma e função peculiares.
forma o celoma (por exemplo, os platelmintos). Nos animais Esse fenômeno, conhecido por atividade gênica diferencial,
explica as diferenças morfológicas e fisiológicas existentes
pseudocelomados, forma-se uma cavidade, denominada
entre as células de um indivíduo.
pseudoceloma, delimitada de um lado pelo mesoderma e do outro
pelo endoderma (por exemplo, os nematelmintos). São chamados
de celomados os animais nos quais se forma o verdadeiro celoma DESENVOLVIMENTO
(euceloma), ou seja, uma cavidade totalmente delimitada
pelo mesoderma (por exemplo, os moluscos, os anelídeos, os EMBRIONÁRIO DO ANFIOXO
artrópodes, os equinodermos e os cordados). O anfioxo é um animal marinho pertencente ao grupo dos
protocordados (cordados mais primitivos) e atinge, no máximo,
10 cm de comprimento. É pouco frequente em nossas praias,
Ectoderma mas abundante em certas praias no sul da China, onde se enterra
Mesoderma na areia limpa e grossa de águas rasas, deixando apenas a
Endoderma extremidade anterior para fora. Ocasionalmente, sai para nadar
Acelomado Arquêntero
por meio de rápidos movimentos laterais. Tanto a região anterior
quanto a posterior são afiladas, característica da qual provém o
nome “anfioxo” (do grego amphi, duas, e oxus, ponta).
Arquivo Bernoulli
Ectoderma
Mesoderma Cabeça
Endoderma Tentáculos
Arquêntero
Pseudoceloma Faringe
Tubo nervoso dorsal
Pseudocelomado Fendas branquiais
Ectoderma
Notocorda
Mesoderma
Endoderma Intestino
Arquêntero
Celomado Celoma
Arquivo Bernoulli
O anfioxo é um animal muito utilizado para o estudo À medida que os macrômeros invaginam-se para o
do desenvolvimento embrionário, sendo considerado um interior da blastocele, essa cavidade vai desaparecendo
provável ancestral dos vertebrados. Devido à sua relativa p r o g r e s s i va m e nt e , s ur g i nd o um a o ut ra c av i d ade
simplicidade, seu estudo facilita a compreensão das denominada arquêntero (arquenteron) ou gastrocele,
variações apresentadas pelos animais vertebrados durante que corresponde ao intestino primitivo do animal. No final
o seu desenvolvimento embrionário. do processo de invaginação, os macrômeros encostam
Ovo oligolécito nos micrômeros que se encontram no polo oposto, e,
com isso, desaparece totalmente a blastocele. Nesse
1ª clivagem estágio, a gástrula do anfioxo é didérmica, isto é, apresenta
apenas dois folhetos embrionários: ectoderma (ectoderme),
mais externo, e o mesentoderma (mesentoderme),
2ª clivagem mais interno, que mais tarde se diferenciará em mesoderma
Micrômeros
(mesoderme) e endoderma (endoderme). Nesse estágio,
a gástrula já apresenta o arquêntero, que se comunica
3ª clivagem com o meio exterior por meio do blastóporo. Como o
anfioxo é um animal do grupo dos cordados, o blastóporo
dará origem ao ânus. Dessa forma, o anfioxo é um
animal deuterostômio.
Macrômeros
4ª clivagem
A gástrula do anfioxo em seu estágio inicial, quando
constituída por apenas dois folhetos embrionários (gástrula
didérmica), possui um aspecto que lembra um pequeno
5ª clivagem balão, conforme mostram as figuras a seguir:
Micrômeros
Blastômeros A
Mórula A
B
Blastoderma
B
Blastocele
C
C
Blástula Macrômeros
D 1 D
Segmentação no anfioxo – O anfioxo possui ovo do tipo oligolécito
que realiza segmentação holoblástica, formando uma celoblástula
cuja blastoderma apresenta micrômeros e macrômeros.
Arquêntero
em formação B
Blastocele
C
Blástula
(em corte) 2
Ectoderma
Arquêntero Cortes esquemáticos em gástrula do anfioxo no estágio
Blastóporo Mesentoderma
inicial (gástrula didérmica) – 1. corte longitudinal:
A. ectoderma; B. mesentoderma; C. arquêntero; D. blastóporo.
2. corte transversal.
Gástrula
(em corte)
Com a continuidade do seu desenvolvimento, a gástrula
Fase inicial da gastrulação no anfioxo. do anfioxo sofre a neurulação, passando para um estágio
Conforme mostram as figuras, a gastrulação no anfioxo mais avançado denominado nêurula. Durante a neurulação,
inicia-se pela invaginação da camada inferior de blastômeros, teremos a formação do tubo neural, como também da
ou seja, dos macrômeros, para o interior da blastocele. notocorda, do mesoderma e do celoma.
40 Coleção 6V
Embriologia Animal
BIOLOGIA
Notocorda
Celoma
Ectoderma
Mesoderma Somatopleura
somático
Arquivo Bernoulli
Mesoderma
esplâncnico
Esplancnopleura
Sulco neural Teto do arquêntero
Endoderma
Evaginações laterais
Arquivo Bernoulli
Tubo digestório
primitivo
Por meio dos movimentos peristálticos tubários (contrações da musculatura da parede da tuba) e do movimento de varredura
dos cílios existentes nas células epiteliais que revestem a cavidade tubária, o ovo resultante da fecundação é levado em direção
ao útero. Durante essa trajetória, que dura de 4 a 5 dias, o ovo humano, que é do tipo alécito, realiza uma segmentação
holoblástica igual, formando uma mórula, que, por sua vez, origina uma blástula, conhecida também por blastocisto.
Fecundação
Útero
Início da
nidação
Ovócito liberado
Endométrio
Ovulação
Vagina
Segmentação na espécie humana – A segmentação (clivagem) com a formação da mórula ocorre enquanto o zigoto em divisão passa
pela tuba uterina. Normalmente, a formação do blastocisto (blástula) se dá no útero.
Membrana
plasmática Zona pelúcida
Embrioblasto
3
(Massa celular interna)
2 Trofoblasto
Espaço
1 Blastocele perivitelino Zigoto Blastômeros
Massa celular
interna
42 Coleção 6V
Embriologia Animal
Glândulas do endométrio
Conjuntivo do
endométrio
Capilar
sanguíneo
Epitélio do
endométrio
Sinciciotrofoblasto
Embrioblasto
Citotrofoblasto
BIOLOGIA
Região da cavidade
uterina Blastocele
O sinciciotrofoblasto ajuda na fixação do blastocisto no endométrio, produz o hormônio HCG (gonadotrofina coriônica),
que atua no ovário, durante certo tempo, mantendo a produção de progesterona (hormônio necessário para manter a
integridade do endométrio durante o período de gestação), e também produz substâncias que atuam no sistema imune da
mãe, evitando que ele rejeite o embrião como um corpo estranho. Juntamente com parte do endométrio, o trofoblasto formará
a placenta, órgão materno-fetal que, entre outras funções, é responsável pela nutrição do embrião até o final da gravidez.
Dando continuidade ao desenvolvimento embrionário, células do trofoblasto liberam enzimas proteolíticas sobre
o endométrio, abrindo espaço para a implantação da blástula, ao mesmo tempo em que células do embrioblasto se
multiplicam e se organizam, de modo a formar duas cavidades: a vesícula amniótica e a vesícula vitelínica (saco vitelínico),
separadas pelo disco embrionário.
Vilosidades coriônicas
Ectoderma extraembrionário
Vesícula vitelínica
Citotrofoblasto
Endoderma extraembrionário
As células que formam o assoalho da vesícula amniótica constituem o epiblasto, e as que formam o teto da vesícula vitelínica
constituem o hipoblasto (endoderma primitivo). Essas duas camadas de células (epiblasto + hipoblasto) formam o disco
embrionário. As demais células que delimitam as vesículas amnióticas e vitelínicas formam, respectivamente, o ectoderma
extraembrionário e o endoderma extraembrionário. As células que se interpõem entre o trofoblasto e as duas vesículas
(amnióticas e vitelínicas) formam o mesoderma extraembrionário. A cavidade delimitada pelo mesoderma extraembrionário
constitui o celoma extraembionário. A camada formada pelo trofoblasto e pelo mesoderma extraembionário, que reveste
externamente o celoma extraembionário, passa a ser denominada córion. Do córion originam-se as vilosidades coriônicas,
que, juntamente com endométrio, originarão a placenta. Parte do mesoderma extraembionário também forma o pedículo
embrionário, estrutura que será o ponto de formação do futuro cordão umbilical, que ligará o embrião à placenta. Observe
que, ao término da segunda semana do desenvolvimento, o embrião já está todo contido (envolvido) pelo endométrio.
Notocorda
Linha
primitiva Epiblasto
B
Prega neural
(Goteira neural)
Linha
primitiva
Linha C
primitiva
Tubo
neural
Epiblasto
Crista neural
Ângelo Carvalho
Ectoderma
Hipoblasto Mesoderma
Endoderma
44 Coleção 6V
Embriologia Animal
Enquanto o tubo nervoso está se formando, o mesoderma do embrião se prolifera e se desenvolve. O mesoderma localizado
do lado do tubo nervoso e da notocorda, chamado agora de mesoderma paraxial, segmenta-se formando blocos denominados
somitos. Os somitos originarão as diferentes estruturas nas diversas partes do corpo, como as vértebras, os músculos estriados
e a derme da pele adjacente. Ao final da quinta semana, há de 42 a 44 pares de somitos.
BIOLOGIA
Celoma
intra-embrionário
Notocorda
Embrião de 21 dias – Observe a posição dos somitos em relação à notocorda e o tudo neural em formação.
Da quarta à oitava semana, com a continuidade da organogênese, os folhetos embrionários darão origem aos diversos
tecidos e órgãos do corpo humano. O quadro a seguir mostra alguns exemplos de tecidos e órgãos do corpo humano e suas
• Tecido epitelial da epiderme (camada • Tecido epitelial que reveste • Tecido epitelial que reveste internamente
mais externa da pele). internamente os vasos sanguíneos. o tubo digestório (exceto a boca e
o ânus).
• Tecido epitelial de revestimento da • Tecido conjuntivo da derme
cavidade bucal e do ânus. (exceto da cabeça e do pescoço). • Tecido epitelial de revestimento da
uretra e da bexiga urinária.
• Tecido conjuntivo da derme (camada • Tecido cartilaginoso e tecido ósseo
mais profunda da pele) da cabeça e do (exceto da face). • Pâncreas.
pescoço.
• Tecido muscular (exceto da cabeça • Pulmões.
• Tecido cartilaginoso e tecido ósseo da e do pescoço).
• Fígado.
face.
• Tecido muscular (exceto alguns
• Tecido nervoso. músculos lisos).
• Útero.
• Rins.
• Coração.
CRL 19 cm
À medida que os tecidos e os órgãos se formam, a morfologia do embrião se modifica. No final da oitava semana,
este já tem uma forma nitidamente humana, passando, então, a ser denominado feto. Tem início, então, o período
fetal, que vai da nona semana de gestação ao nascimento e se caracteriza pelo rápido crescimento do organismo e
CRL 5 cm CRL 8,5 cm
desenvolvimento dos diferentes órgãos e sistemas.
A duração da gestação ou gravidez é bastante variável de acordo com a espécie de mamífero considerado. Na espécie
humana, a duração da gestação (desde a concepção até o nascimento) dura cerca
9 semanas de 280 dias.
12 semanas 20 semanas
CRL 36 cm
CRL 28 cm
CRL 19 cm
CRL 36 cm
MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia básica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. p. 91.
Durante a gestação, o concepto poderá sofrer ação de agentes teratogênicos ou teratógenos (do grego teratos,
monstro, e genesis, formação), que podem causar anomalias na organogênese, levando ao aparecimento de
malformações congênitas. O vírus da rubéola, por exemplo, atuando sobre o concepto nas primeiras semanas de
desenvolvimento, pode provocar anomalias cardíacas, catarata congênita e surdez; os raios X podem provocar
microcefalia; a droga talidomida provoca a focomelia (membros reduzidos a cotos, isto é, mãos e pés ligados ao
28 semanas 38 semanas
tronco, sem braços e / ou sem pernas).
ANEXOS EMBRIONÁRIOS
Os anexos embrionários são estruturas transitórias, extraembrionárias, que se formam juntamente com o embrião
e que realizam importantes funções para o desenvolvimento deste. O quadro a seguir mostra os diferentes anexos embrionários
que se formam durante o desenvolvimento embrionário dos animais vertebrados.
Anexos embrionários
Peixes + – – – –
Anfíbios +* – – – –
Répteis + + + + –
Aves + + + + –
Mamíferos ovíparos + + + + –
*Os anfíbios não formam uma vesícula vitelina típica. Nesses animais, o vitelo fica contido nos macrômeros.
46 Coleção 6V
Embriologia Animal
Embrião
Embrião
Alantoide
Geleia
Âmnio
Arquivo Bernoulli
Membrana
do ovo
Casca porosa
Saco vitelino
Saco vitelino
Córion
Peixe Ave
Anexos embrionários em peixes e aves.
Vilosidade Placenta
coriônica Miométrio
BIOLOGIA
Saco vitelino
Alantoide Endométrio
Oviduto
Decídua capsular
(tecido uterino)
Vasos do
cordão Córion
umbilical
Âmnio
Endométrio
Colo uterino
Embrião humano, anexos embrionários e útero – A chamada decídua, indicada na figura anterior, corresponde à camada de endométrio que
ficou recobrindo o ovo após a nidação. A decídua também tem função protetora.
• Saco vitelino (vesícula vitelina) – Origina-se do endoderma e do mesoderma e tem como principal função
a nutrição do embrião, já que armazena o vitelo (lécito), que fornecerá nutrientes para o desenvolvimento do mesmo.
Nos anfíbios, o vitelo fica contido nos macrômeros, não formando, assim, uma vesícula vitelina típica. Nos peixes,
répteis, aves e mamíferos ovíparos, ele é muito desenvolvido. Já nos mamíferos placentários, esse anexo atrofia-se
gradativamente, até desaparecer quase que por completo, sendo incorporado ao cordão umbilical.
Embora se torne um anexo atrofiado nos mamíferos placentários, nas primeiras semanas do desenvolvimento embrionário
desses animais, o saco vitelino exerce importante função hematopoiética, formando as primeiras hemácias do embrião.
Posteriormente, essa função passa a ser realizada pelo mesênquima (um tecido embrionário originário do mesoderma);
mais tarde, passa a ser realizada pelo fígado e pelo baço. Após o nascimento do indivíduo, a função de produzir hemácias é
desempenhada exclusivamente pela medula óssea vermelha.
• Âmnio (vesícula amniótica; bolsa amniótica) – Origina-se do ectoderma e do mesoderma. É uma grande bolsa
que acumula gradativamente um líquido claro, o líquido amniótico, no qual fica mergulhado o embrião. Esse líquido
tem como função evitar o ressecamento do embrião (proteção contra desidratação), como também atenuar qualquer
abalo ou choque mecânico. Cerca de 90% do líquido amniótico é constituído por água. O restante está representado
por sais inorgânicos e orgânicos, proteínas, carboidratos e hormônios. Em suspensão nesse líquido, encontram-se
células epiteliais fetais descamadas. As células soltam-se do embrião e flutuam no líquido amniótico que as banha.
Com uma agulha, uma pequena amostra desse líquido pode ser retirada para análise, sendo esse exame denominado
amniocentese. As células vivas obtidas dessa amostra podem ser cultivadas e usadas para análises genéticas e
bioquímicas. Essas análises podem revelar o sexo do feto, assim como marcadores genéticos para doenças e síndromes
cromossômicas. Na espécie humana, a amniocentese é realizada, normalmente, após a 14ª semana de gestação,
e os resultados demoram cerca de duas semanas para estar completos.
Na sequência evolutiva dos vertebrados, o âmnio tornou o processo de desenvolvimento embrionário independente da
água do meio ambiente, seja no interior de um ovo terrestre (répteis, aves e mamíferos ovíparos), seja no interior do útero
(mamíferos vivíparos).
Os animais que desenvolvem o âmnio durante a sua embriogênese denominam-se amniotas, e os que não o formam são
chamados de anamniotas. Peixes e anfíbios são anamniotas, enquanto os répteis, as aves e os mamíferos são amniotas.
• Alantoide – Formado do endoderma do intestino Na espécie humana, esse exame é realizado na oitava
primitivo, junto à extremidade caudal do embrião, semana de gestação, portanto, mais precocemente
de onde um grupo de células começa a proliferar, do que a amniocentese, e os resultados ficam
originando uma pequena bolsa chamada alantoide. prontos em alguns dias. Além disso, como os
resultados da amniocentese são fornecidos depois da
Nos mamíferos placentários, o alantoide é bastante 14ª semana de gestação, a interrupção da gravidez,
rudimentar (atrofiado). Ainda assim, tem papel devido à constatação de anormalidade no feto,
importante porque participa da formação do cordão feita neste estágio do desenvolvimento embrionário,
umbilical. Seus vasos sanguíneos se transformam poderá acarretar mais risco à saúde da mãe do que
na veia e nas artérias umbilicais. um aborto realizado em estágio mais precoce.
Nos vertebrados ovíparos, o alantoide é bem • Placenta – É formada pelas vilosidades coriônicas
desenvolvido e cresce até alcançar a casca do ovo, e pela mucosa uterina (endométrio) onde essas
vilosidades penetram. Tem, portanto, em sua
sendo responsável pelas seguintes funções:
constituição, tecidos materno e fetal. Na placenta,
1- Função respiratória – É por meio do alantoide capilares pertencentes à circulação fetal estão
que ocorrem as trocas gasosas (O2 e CO2) entre em íntima relação com a circulação materna.
o embrião e o meio externo. O sangue da mãe e o do feto circulam bem próximos,
sem, contudo, haver mistura dos dois. Entretanto,
2- Função excretora – O alantoide recebe e devido a essa proximidade, ocorre difusão de nutrientes
acumula as excretas nitrogenadas provenientes e O2 da circulação materna para a circulação fetal,
do metabolismo proteico embrionário que, bem como de CO 2 e excretas nitrogenadas da
nos vertebrados ovíparos, é constituído circulação fetal para a circulação materna.
basicamente pelo ácido úrico. A placenta desempenha as seguintes funções:
3- Transporte de cálcio – Por meio do alantoide, 1- Trocas gasosas materno-fetais – O O 2
uma certa quantidade de cálcio é retirada da presente na circulação materna, por difusão,
casca do ovo e transportada até o embrião, alcança a circulação fetal, enquanto o CO2 da
no qual é utilizada na formação das primeiras circulação fetal se difunde para a circulação
estruturas esqueléticas ósseas. materna. Portanto, é na placenta que ocorre a
oxigenação do sangue (hematose) fetal. Assim,
Peixes e anfíbios são animais analantoidianos, ou seja, a placenta desempenha importante função
não formam o alantoide durante o desenvolvimento respiratória para o concepto.
embrionário. Répteis, aves e mamíferos são 2- Nutrição – Substâncias nutritivas, como glicose,
animais alantoidianos. aminoácidos, vitaminas, sais minerais, etc.,
• Córion – Nos vertebrados ovíparos, o córion é apenas também passam dos capilares placentários
maternos para os capilares placentários fetais.
uma membrana protetora, originária do ectoderma e
do mesoderma, que envolve o embrião e os outros 3- Excreção – Na rede de capilares placentários,
anexos embrionários. Nos embriões desses animais, os catabólitos provenientes do metabolismo fetal
algumas regiões do alantoide aderem firmemente passam para a circulação materna. São levados
ao córion, formando o corioalantoide (ou membrana para os órgãos excretores maternos para, então,
corioalantoide). Sendo vascularizada e localizada serem eliminados para o meio externo.
logo abaixo da casca porosa do ovo, a membrana 4- Imunização – Muitos anticorpos produzidos pelo
corioalantoide permite a ocorrência de trocas gasosas organismo materno passam para o organismo fetal
entre o embrião e o ar atmosférico. através da placenta. Esses anticorpos recebidos
da mãe conferem temporariamente (até cerca
Nos mamíferos eutérios, o córion desenvolve-se de seis meses após o nascimento) uma proteção
a partir do trofoblasto, diferenciando-se em duas contra várias doenças infecciosas para as quais a
partes: córion liso e córion frondoso. O córion mãe tenha sido sensibilizada naturalmente.
liso é a parte mais delgada que fica ligada à face
5- Função endócrina ou hormonal – Logo no
externa da membrana amniótica. O córion frondoso
início de sua formação, a placenta produz o HCG
avoluma-se mais, formando as vilosidades coriônicas,
(gonadotrofina coriônica), que atuará no ovário
que participam da formação da placenta. Além impedindo a degeneração do corpo amarelo,
de participar da formação da placenta, o córion mantendo-o em atividade até aproximadamente
frondoso ajuda a manter o embrião fixado à parede o quarto mês de gestação. Por volta dessa
uterina. Informações sobre defeitos genéticos época, o corpo amarelo (corpo lúteo) começa
e cromossômicos também podem ser obtidas do a regredir, e a placenta, já mais desenvolvida,
córion, por meio de uma técnica chamada de amostra passa a produzir progesterona e também certa
da vilosidade coriônica. Atualmente, essa técnica quantidade de estrógeno.
está sendo mais utilizada do que a amniocentese. A placenta comunica-se com o embrião por meio do
O exame consiste em retirar uma pequena amostra cordão umbilical, que muitos autores consideram
de tecido da superfície das vilosidades coriônicas. como outro anexo embrionário.
48 Coleção 6V
Embriologia Animal
6TCZ
Placenta
Desenvolvimento embrionário
Nesse objeto de aprendizagem, você assistirá aos diferentes
estágios de desenvolvimento do embrião humano, desde a
formação do zigoto até a neurulação. Bom vídeo!
Arquivo Bernoulli
FORMAÇÃO DE GÊMEOS
Os gêmeos univitelinos, também chamados de
Útero monozigóticos (MZ), ou de gêmeos “verdadeiros”, descendem
do mesmo “óvulo” e do mesmo espermatozoide, ou seja,
BIOLOGIA
são resultantes do desenvolvimento de uma única
célula-ovo ou zigoto. São sempre do mesmo sexo e
apresentam a mesma constituição genética, ou seja, os seus
genótipos são idênticos. A formação de gêmeos monozigóticos
usualmente começa no estágio de blastocisto (blástula) e
resulta da divisão do embrioblasto (massa celular interna) em
Vagina dois primórdios embrionários (botões germinativos) que se
desenvolvem dando origem a dois embriões (65% dos casos
de MZ), cada um com sua bolsa amniótica, compartilhando um
Esquema do embrião no útero, mostrando a placenta e o só córion e uma placenta (placenta gemelar monocoriônico-
cordão umbilical. -diamniótica). Entretanto, cada um dos gêmeos liga-se à
placenta por seu próprio cordão umbilical.
O cordão umbilical origina-se do alantoide e do
pedículo embrionário. É uma estrutura longa, mais
ou menos cilíndrica, que possui em seu interior Embrioblasto
duas artérias e uma veia que fazem comunicação
com os capilares placentários do feto. As artérias
umbilicais transportam sangue venoso, enquanto Blastocisto
a veia umbilical faz transporte de sangue arterial.
Preenchendo os espaços entre os vasos sanguíneos
Trofoblasto Futuros
umbilicais, encontramos o tecido conjuntivo mucoso,
que é conhecido também como geleia de Wharton. embriões
Gêmeos monozigóticos formados pela divisão do embrioblasto
Cordão umbilical (blastodierese) – Em um blastocisto já formado, o embrioblasto
Veia umbilical divide-se em dois ou mais grupos celulares. Forma-se, então,
Artérias umbilicais um blastocisto com mais de um embrioblasto e um único
trofoblasto. Cada embrioblasto dará origem a um embrião, mas
a placenta será a mesma para todos eles.
Porção
fetal da Mais raramente, também, pode ocorrer a formação de
Espaço placenta gêmeos MZ devido à separação precoce dos blastômeros,
interviloso durante o estágio em que há de duas a oito células. Neste
caso, haverá a formação de gêmeos MZ com dois âmnios, dois
Vilosidade
córions e duas placentas, que podem estar ou não fundidas.
coriônica Porção
materna Em casos ainda mais raros, também pode ocorrer a
Capilares
da placenta formação de gêmeos MZ devido à diferenciação de dois
fetais
discos embrionários dentro do mesmo blastocisto. Neste
caso, os gêmeos estarão em uma mesma bolsa amniótica
Vênula materna e também terão em comum a placenta e o córion. Cada
Arteríola materna Endométrio embrião, entretanto, terá o seu próprio cordão umbilical.
Os chamados gêmeos xipófagos (gêmeos siameses)
Placenta – Os espaços intervilosos, cheios de sangue materno, podem se formar quando o disco embrionário não se
são derivados de “lacunas”, que se desenvolvem a partir do divide completamente. Assim, os gêmeos MZ podem
sinciciotrofoblasto. Por meio da fina barreira que separa esse nascer interligados por alguma parte do corpo. Em alguns
sangue materno dos capilares fetais no interior das vilosidades casos, os gêmeos estão ligados entre si apenas pela pele
coriônicas, ocorre troca de materiais: nutrientes, oxigênio e água, ou por tecidos cutâneos e, em outros, compartilham
provindos do sangue materno, passam para a veia umbilical; apenas determinados órgãos (por exemplo, fígado
o dióxido de carbono e resíduos nitrogenados, como a ureia, trazidos fundido). Em alguns casos, os gêmeos xipófagos podem
à placenta pela artéria umbilical, passam para o sangue da mãe. ser separados com sucesso por procedimentos cirúrgicos.
Poliembrionia em tatu – Nos tatus, por exemplo, cada zigoto De acordo com o seu potencial de diferenciação, as células-
sempre dará origem a quatro tatuzinhos. A consequência da -tronco embrionárias podem ser totipotentes ou pluripotentes.
poliembrionia é a formação de gêmeos monozigóticos.
As totipotentes são capazes de originar células de todos os
Os gêmeos bivitelinos, também chamados de dizigóticos tecidos do nosso corpo, inclusive da placenta. As pluripotentes
(DZ), gêmeos fraternos ou de “falsos gêmeos”, descendem de também são capazes de originar todos os tipos de tecido do
zigotos distintos, ou seja, de “óvulos” distintos, cada um deles nosso corpo, com exceção da placenta. As células da mórula são
fecundado por um espermatozoide diferente. Assim, surgem
exemplos de totipotentes, enquanto as células do embrioblasto
duas ou mais células-ovo ou zigotos. Elas podem ser ou não
do blastocisto são pluripotentes. Em tecidos adultos já
do mesmo sexo e apresentam constituição genética diferente.
diferenciados, também são encontradas células-tronco com
Para ocorrer a formação de gêmeos dizigóticos, é necessário capacidade de originar uma ampla variedade de tipos celulares.
que ocorra com a fêmea o fenômeno da poliovulação, isto é,
As mais versáteis são as células-tronco hematopoiéticas (CTH)
liberação de dois ou mais “óvulos” ao mesmo tempo ou em
da medula óssea vermelha, que também são encontradas no
pequenos intervalos de tempo.
cordão umbilical.
Cerca de dois terços dos gêmeos são dizigóticos.
A semelhança genética entre eles é a mesma que existe entre Quando colocadas sob certas condições fisiológicas e
irmãos ou irmãs nascidos em épocas diferentes. Sempre têm experimentais, as células-tronco podem se diferenciar e
dois âmnios e dois córions. As duas placentas podem estar substituir células danificadas ou células que o organismo deixa
fundidas ou não. Cada embrião tem seu próprio cordão umbilical. de produzir por alguma deficiência ou lesão dos tecidos e
órgãos. Muitos experimentos nesse sentido já foram realizados
com sucesso.
50 Coleção 6V
Embriologia Animal
BIOLOGIA
várias divisões. Tendo em vista essas divisões, é correto
dizer que 01. (Vunesp) Uma senhora deu à luz dois gêmeos de sexos
diferentes. O marido, muito curioso, deseja saber informações
A) são todas mitoses normais, e as células resultantes sobre o desenvolvimento de seus filhos, a partir da fecundação.
são sempre haploides. O médico respondeu-lhe, corretamente, que
B) ocorrem praticamente sem aumento de volume do A) dois óvulos foram fecundados por um único espermatozoide.
ovo, e as células resultantes são os blastômeros. B) um óvulo, fecundado por um espermatozoide,
C) são muito rápidas e resultam em células cada vez originou um zigoto, o qual dividiu-se em dois zigotos,
menores para reduzir o número de cromossomos. formando dois embriões.
D) a velocidade dessas divisões está na dependência da C) um óvulo foi fecundado por dois espermatozoides,
quantidade de vitelo, e as células com pouco vitelo constituindo dois embriões.
praticamente não se dividem. D) dois óvulos, isoladamente, foram fecundados, cada um por
E) essas divisões são imprevisíveis, e o resultado é um espermatozoide, originando dois embriões.
sempre a formação da mórula, que deve apresentar E) o uso de medicamentos durante a gestação causou
uma cavidade interna. alterações no zigoto, dividindo-o em dois.
03. (UFPI) Várias membranas extraembrionárias, que se 02. (UNITAU-SP–2016) Os anexos embrionários contribuem
originam do embrião, mas não fazem parte dele, têm papel IQØY para o desenvolvimento embrionário, mas não fazem parte,
essencial no desenvolvimento embrionário. A interação efetivamente, do corpo do embrião. Ao avaliarmos os grupos
entre os tecidos mesodérmico e trofoblástico origina o animais, podemos observar que nem todos os anexos estão
cório, que, juntamente com outros tecidos da parede presentes em todos os grupos.
uterina em mamíferos, dão origem à(ao) Assinale a alternativa que relaciona corretamente o anexo
A) saco vitelínico. D) cavidade do alantoide. embrionário aos grupos animais em que estão presentes.
B) placenta. E) cordão umbilical. A) Alantoide: presente em aves, peixes, répteis e anfíbios.
C) âmnio. B) Córion: presente em anfíbios, peixes, répteis e mamíferos.
04. (UFOP-MG) No desenvolvimento embrionário dos animais, C) Saco de vitelo: presente em mamíferos, peixes,
SKHL existem características nas quais ocorrem processos mais répteis e aves.
ou menos semelhantes. Observe que há uma sequência D) Âmnio: presente em mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
cronológica igual para todos os grupos zoológicos,
E) Placenta: presente em aves, répteis e anfíbios.
traduzindo a “origem comum” dos metazoários.
Os principais “momentos” pelos quais passam os embriões 03. (Mackenzie-SP) Durante o desenvolvimento embrionário
de diferentes grupos são: 3B1I de vários vertebrados, observamos nitidamente algumas
1. Segmentação 4. Gástrula fases caracterizadas pelo aparecimento de determinadas
2. Mórula 5. Nêurula estruturas. A sequência correta dessas fases está
representada na alternativa
3. Blástula
A) mórula – blástula – gástrula – nêurula.
Para você visualizar o que ocorre em cada uma dessas fases, B) mórula – blástula – nêurula – gástrula.
basta relacioná-las corretamente com os eventos a seguir: C) mórula – gástrula – blástula – nêurula.
A. Formação do tubo neural. D) blástula – mórula – gástrula – nêurula.
B. Proliferação do ovo originando os blastômeros. E) blástula – mórula – nêurula – gástrula.
C. Micrômeros e macrômeros envolvendo pequena
cavidade central. 04. (UFPR–2016) Um biólogo mensurou a massa de componentes
D. Intensas modificações dos blastômeros originando do ovo de um réptil durante seu desenvolvimento, desde o dia
três folhetos embrionários. da postura até o momento da eclosão. Ao longo das medidas,
E. Formação de uma estrutura esférica e maciça. o que se espera que tenha ocorrido, respectivamente,
com a massa do embrião, do vitelo e do alantoide?
Assinale a alternativa que contém a sequência correta dos
“momentos” do desenvolvimento embrionário. A) Aumento – redução – aumento.
B) Aumento – aumento – redução.
A) 1E, 2B, 3A, 4D, 5C D) 1C, 2D, 3A, 4E, 5B
C) Aumento – redução – redução.
B) 1B, 2E, 3C, 4D, 5A E) 1D, 2A, 3E, 4B, 5C D) Redução – redução – aumento.
C) 1A, 2C, 3E, 4B, 5D E) Redução – aumento – redução.
05. (Vunesp) Um pesquisador marcou um grupo de células em um embrião de rato de laboratório. Ao observar o animal adulto,
encontrou marcadas as células nervosas. Aponte a alternativa que indica corretamente o tecido embrionário que foi marcado.
A) Mesoderma na fase de blástula. D) Mesoderma na fase de blástula.
B) Endoderma na fase de gástrula. E) Ectoderma na fase de gástrula.
C) Ectoderma na fase de blástula.
Blástula
Gástrula
Linhagem
1 2 3
Germinativa
Macho Fêmea
Epiderme Células do Melanócitos Notocorda Células Células Hemáceas Células Célula Célula da Célula do Esperma- Óvulo
sistema da pele musculares renais ósseas Intestinal tireóide Pulmão tozóide
nervoso
52 Coleção 6V
Embriologia Animal
1 4
1
2
3
Assinale a alternativa correta. Na clonagem terapêutica são utilizadas células-tronco,
A) A cavidade 1 está presente no embrião de todos os indicadas no esquema pelo número:
metazoários. A) 1, capazes de se diferenciar em vários tipos de células.
B) 2, capazes de se diferenciar em vários tipos de células.
B) Esse embrião poderia ser de um platelminto.
C) 1, com o objetivo de gerar um novo ser.
BIOLOGIA
C) A cavidade 2 origina o celoma.
D) 2, com o objetivo de gerar um novo ser.
D) O tecido 4 origina a camada muscular e o tecido 5
E) 1, que têm capacidade limitada de diferenciação.
origina o tecido nervoso.
E) Se esse embrião for de um equinodermo, a estrutura 12. (UFU-MG) O esquema a seguir representa um embrião
3 origina a boca.
NRK2 de vertebrados com seus anexos embrionários.
2
A) Indique a letra e identifique o anexo embrionário
que representou uma conquista para os vertebrados
que se desenvolvem fora da água, permitindo-lhes
1 lubrificação e proteção ao dessecamento.
B) Qual é a classificação desse ovo, durante o desenvolvimento
Observando o corte de um embrião anteriormente embrionário, em relação à quantidade e à distribuição
esquematizado podemos afirmar que de recursos nutritivos? Indique a letra e identifique o
I. trata-se do embrião de um Chordata. anexo embrionário que armazena o material nutritivo.
II. o número 1 representa o arquêntero. C) Indique a letra e identifique os anexos embrionários
III. o número 2 indica o celoma. que, nos mamíferos placentários, são reduzidos /
atrofiados, cujas funções são exercidas pela placenta.
IV. o número 3 representa o tubo neural.
O princípio contestado com essa descoberta, relacionado 04. Após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide,
ao desenvolvimento do corpo humano, é o de que é formado o zigoto, que passará por sucessivas etapas
A) o fenótipo das nossas células pode mudar por de divisões mitóticas e diferenciação celular, até formar
influência do meio ambiente.
um indivíduo propriamente dito. Esses eventos são
B) a dominância genética determina a expressão de
denominados embriogênese, ou desenvolvimento
alguns genes.
embrionário, e suas etapas são: segmentação, gastrulação
C) as mutações genéticas introduzem variabilidade
e organogênese.
no genoma.
D) as mitocôndrias e o seu DNA provêm do gameta materno. LIMA, Mariana Araguaia de Castro Sá. Disponível em:
<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/fases-
E) as nossas células corporais provêm de um único zigoto. desenvolvimento-embrionario.htm>.
Acesso em: 20 maio 2011. [Fragmento]
02. (Enem) Na década de 1990, células do cordão umbilical de
recém-nascidos humanos começaram a ser guardadas por As figuras a seguir mostram algumas fases do
criopreservação, uma vez que apresentam alto potencial desenvolvimento embrionário humano.
terapêutico em consequência de suas características
peculiares.
O poder terapêutico dessas células baseia-se em sua
capacidade de
A) multiplicação lenta. A B C D E
B) comunicação entre células.
C) adesão a diferentes tecidos. A formação da blástula, fase que marca o término da
D) diferenciação em células especializadas. segmentação e antecede a gastrulação, está representada
E) reconhecimento de células semelhantes. pela figura
A) A. C) C. E) E.
03. Em uma maternidade, uma parturiente que deu à luz
gêmeos do mesmo sexo, sem anomalias genéticas, B) B. D) D.
interessou-se em saber se os mesmos eram monozigóticos
ou dizigóticos.
Entre os diferentes métodos utilizados para determinar GABARITO Meu aproveitamento
a zigosidade, está o exame dos anexos embrionários.
A tabela a seguir mostra a frequência de gêmeos mono
e dizigóticos com base nesse tipo de exame. Aprendizagem Acertei ______ Errei ______
Zigosidade
Um Dois Uma Duas Propostos Acertei ______ Errei ______
âmnio âmnios placenta placentas
• 04. A • 08. C
12.
THOMPSON, James S. Thompson &Thompson
genética médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
c 1993. 339 p. [Fragmento]
• A) Letra C. Âmnio.
Para atender à solicitação dessa mãe, realizou-se • B) O ovo pode ser classificado como megalécito ou
o exame dos anexos embrionários dos gêmeos, que telolécito. O anexo é o saco vitelínico indicado pela
indicou a presença de dois córions e de duas placentas. letra A.
Com base no resultado desse exame e nas informações
da tabela, os gêmeos em questão • C) A placenta exerce o papel do saco vitelínico (A) e
E) vieram da divisão do embrioblasto na fase de blástula. Total dos meus acertos: _____ de _____ . ______ %
54 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 09
Estudo das Populações
População é um conjunto de indivíduos da mesma espécie Exemplo:
que vivem em uma mesma área (espaço físico), em um certo Uma população de determinada espécie de bactérias,
intervalo de tempo. ao ser inicialmente analisada, mostrou-se constituída por
2 mil indivíduos (Ni = 2 000). Uma hora depois (t = 1 h),
Dependendo da espécie, os indivíduos de uma mesma
a população era de 4 mil indivíduos (N f = 4 000).
população podem se inter-relacionar por meio de relações
Assim, a taxa de crescimento bruto foi, no intervalo de tempo
harmônicas (colônias, sociedades) ou desarmônicas
considerado, de 2 mil indivíduos por hora.
(competição, canibalismo).
Exemplo:
O tamanho de uma população evidentemente depende do
A análise de duas populações de espécies diferentes de
número de indivíduos que a compõem. A relação entre o
bactérias (A e B) mostrou os resultados indicados na tabela
tamanho da população e o espaço ocupado por ela constitui a seguir:
a densidade populacional.
Número de bactérias por
milímetros de cultura
Número de indivíduos da população Tempo
Densidade populacional =
Espaço ocupado pela população População A População B
DE UMA POPULAÇÃO A taxa de crescimento bruto para cada uma das populações
de bactérias (A e B) é:
Medidas do tamanho de uma população, feitas em
diferentes intervalos de tempo, permitem saber se ela está
20 000 – 10 000
TCB de A = = 10 000 indivíduos/h
em expansão, em declínio ou estável. 1 hora
Taxa de Crescimento Relativo (TCR) O potencial biótico varia de espécie para espécie,
podendo ser muito elevado em algumas e bastante baixo
É calculada tomando-se o número de indivíduos da em outras.
população no tempo final (Nf), subtraindo-se dele o número
de indivíduos da população no tempo inicial (Ni) e dividindo-se A mosca doméstica, por exemplo, tem um potencial biótico
o resultado pelo número de indivíduos que havia na elevado, ou seja, uma única fêmea põe, em média, 12 ovos
população no tempo inicial (Ni). por vez. Se levarmos em consideração que uma mosca
pode produzir sete gerações por ano, e que metade dos
Nf – Ni descendentes são fêmeas, teríamos, ao fim de um ano, se
Taxa de crescimento relativo (TCR) =
Ni
todos os descendentes sobrevivessem, aproximadamente,
6 trilhões de indivíduos. Se a mortalidade fosse zero,
As taxas de crescimento relativo para as duas populações
uma única bactéria, reproduzindo-se a cada 20 minutos,
de bactérias (A e B) do exemplo anterior são:
produziria descendentes suficientes para cobrir a superfície
Como vimos, a população A cresce em ritmo mais Ao potencial biótico de uma população se opõe um
acelerado que a população B. No mesmo intervalo de tempo, conjunto de fatores que constituem a resistência do
isto é, em 1 hora, a população A dobrou (cresceu 100%). ambiente ou resistência ambiental. Entre esses
Já a população B cresceu 50%. fatores, temos, por exemplo, a escassa disponibilidade
de alimentos no meio, as limitações de espaço, a falta de
O crescimento de uma população resulta da interação
de quatro fatores: natalidade, mortalidade, imigração e água, as condições climáticas desfavoráveis, as competições
emigração. intra e interespecíficas, a predação e o parasitismo.
A) Natalidade – Indica a proporção de novos indivíduos São esses fatores da resistência ambiental que impedem
adicionados à população, em um certo intervalo de uma população de crescer indefinidamente, obedecendo
tempo, com base em nascimentos. apenas ao seu potencial biótico.
56 Coleção 6V
Estudo das Populações
A B C D E Tempo
CURVAS DE SOBREVIVÊNCIA
Curva real de crescimento. DE UMA POPULAÇÃO
O gráfico mostra um exemplo dessa curva de crescimento Quando se estuda uma população, é muito importante saber o
real, partindo-se de uma população ainda jovem. No trecho
BIOLOGIA
número dos sobreviventes entre todos os indivíduos que nascem.
AC do gráfico anterior, a população cresce sem sofrer
Para isso, elaboram-se as chamadas curvas de sobrevivência.
praticamente alguma limitação imposta pelo ambiente.
Inicialmente (trecho AB), o crescimento da população é mais Existem três tipos básicos de curvas de sobrevivência:
lento, já que o número inicial de organismos capazes de
reproduzir é pequeno. Assim, o trecho AB corresponde a um
% de sobreviventes
período inicial de adaptação às condições ambientais. Porém,
1
à medida que o número de indivíduos adultos capazes de 100
reproduzir e gerar descendentes aumenta, o crescimento da
população se faz de forma mais rápida (trecho BC). Essa fase
costuma ser chamada de fase log (de logarítmica) por apresentar
2
um crescimento exponencial. O ponto C do gráfico pode ser
considerado como o momento em que se inicia efetivamente
o processo de resistência ambiental. A partir desse ponto,
3
a população começa a mostrar um crescimento menos veloz.
No ponto D, o potencial biótico da espécie equivale à resistência
Jovens Adultos Velhos Idade
ambiental e, a partir daí, o número de indivíduos mantém-se
mais ou menos constante, apresentando pequenas oscilações,
Curvas de sobrevivência – 1. Curva ideal – É aquela em que todos
ora acima, ora abaixo do limite máximo de crescimento:
é o chamado equilíbrio dinâmico de uma população. Assim, os indivíduos que nascem têm aproximadamente o mesmo tempo
o trecho DE corresponde à fase de equilíbrio. de vida, morrendo quando atingem idades mais avançadas (velhice).
2. Curva de mortalidade constante – É aquela em que a taxa de
mortalidade de indivíduos jovens, adultos e velhos é praticamente
N. de indivíduos
EXERCÍCIOS DE B)
APRENDIZAGEM
E)
02. (UFMG)
Crescimento de uma população de
Saccharomyces cerevisiae
N. de indivíduos
10 594
12 624
14 638
58 Coleção 6V
Estudo das Populações
Número de indivíduos
Podem regular o tamanho das populações (c)
A) apenas I e II.
(b)
B) apenas III e IV.
C) apenas I, II e IV.
D) apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
Tempo
BIOLOGIA
A partir da observação do gráfico, que mostra diferentes
Número de indivíduos
Curva X
Soma ( )
K
EXERCÍCIOS
PROPOSTOS Curva S
04. (UFAL) Uma pesquisa determinou o número de indivíduos 07. (UFJF-MG) A cada ano, a grande marcha africana se
DSMO TKAY
em três populações. Os dados obtidos estão relacionados repete. São milhares de gnus e zebras, entre outros
a seguir: animais, que migram da Tanzânia e invadem a reserva
Masai Mara, no sudoeste do Quênia, em busca de água
Número de Espaço ocupado e pastos verdes. Durante a viagem, filhotes de gnus e
População
indivíduos (m2)
zebras recém-nascidos e animais mais velhos tornam-se
I 54 3 000 presas fáceis para os felinos. Outros animais não resistem
05. (UFMG) O esquema representa uma amostragem de IV. A velocidade de crescimento das populações de felinos
LOGT certa larva de mosca e nele cada círculo corresponde a depende da disponibilidade de presas.
um indivíduo.
V. O tamanho das populações de gnus e zebras não se
altera durante a migração.
A) I, II e III.
B) I, II e IV.
5 cm C) I, III e V.
B) 1 ind/m2.
08. (UNITAU-SP) A figura a seguir representa o crescimento
C) 10 ind/m2.
de uma população ao longo do tempo. Considere que
D) 102 ind/m2.
a população representada está sob os efeitos de todos
E) 104 ind/m2. os seus agentes reguladores, endógenos e exógenos,
como natalidade, mortalidade, além dos processos de
06. (PUC Rio) Um biólogo estudou uma população de
migração.
macacos por 15 anos. Durante quase todo esse tempo,
a população nunca foi inferior a 30 indivíduos e nunca
foi maior que 45 indivíduos. Os dados do pesquisador
Número de indivíduos
60 Coleção 6V
Estudo das Populações
A) Desequilíbrio entre as taxas de natalidade e migração. Com base no texto, é correto afirmar que
B) Número máximo de indivíduos que o ambiente A) espécies mais eficientes na obtenção de recursos
suporta.
prevalecem quando há abundância de recursos.
C) Razão entre a taxa de natalidade e a resistência do
ambiente. B) quanto maior a abundância de recursos, maior a
BIOLOGIA
Tamanho da população
Tempo
A B C
Os períodos de tempo, numerados de I a IV, indicam, Senescente
respectivamente,
Adulto 2
A) equilíbrio, epidemia, recuperação e crescimento.
Adulto 1
B) equilíbrio, epidemia, crescimento e equilíbrio.
Juvenil 2
C) equilíbrio, recuperação, epidemia e equilíbrio.
Juvenil 1
D) crescimento, epidemia, recuperação e equilíbrio.
Plântula
E) crescimento, recuperação, epidemia e extinção.
10. (Unicamp-SP–2016) A diversidade de plantas tende a BRESINSKY et al. Tratado de Botânica de Strasburger. 36. ed.
ser maior em lugares que não sejam nem tão hostis nem Porto Alegre: Artmed, 2012 (Adaptação).
tão hospitaleiros. Em um ambiente onde faltam recursos,
poucas espécies de plantas sobrevivem. Se as condições A população que apresenta maior risco de extinção,
melhoram, o número de espécies tende a aumentar. a população que está em equilíbrio quanto à perda
Já quando há abundância de nutrientes, a tendência se de indivíduos e a população que está começando a se
reverte e o ambiente é dominado por poucas espécies expandir são, respectivamente,
que captam recursos de forma mais eficaz. O gráfico a
seguir mostra a relação entre a biomassa e a quantidade A) A, B, C.
de espécies de plantas em uma mesma área.
B) A, C, B.
Ambiente Ambiente C) B, A, C.
hostil hospitaleiro D) B, C, A.
Número de espécies
E) C, A, B.
Espécie
Tamanho Tamanho
Anos Natalidade Mortalidade Imigração Emigração exótica Densidade Densidade
médio dos médio dos
(indivíduos (indivíduos
indivíduos indivíduos
2008 80 10 5 9 / m2) / m2)
(cm) (cm)
2009 90 19 10 26
Alga 100 15 110 18
2010 240 60 60 46
Craca 300 2 150 1,5
2011 15 245 40 70
Mexilhão 380 3 200 6
2012 53 35 19 37
Ascídia 55 4 58 3,8
A) Considerando que a população de lagartos era
composta inicialmente por 90 indivíduos, trace
O pesquisador concluiu corretamente que os peixes
no gráfico a seguir a curva de crescimento desta
controlam a densidade dos(as)
população e indique o número total de indivíduos
A) algas, estimulando seu crescimento.
para cada um dos anos.
B) cracas, predando especialmente animais pequenos.
C) mexilhões, predando especialmente animais
pequenos.
Número de indivíduos
180
160
Nascidos em cativeiro
140
SEÇÃO ENEM 120
100
01. (Enem-2016) Um pesquisador investigou o papel da predação 80
por peixes na densidade e tamanho das presas, como possível 60
controle de populações de espécies exóticas em costões 40
rochosos. No experimento colocou uma tela sobre uma área
20
da comunidade, impedindo o acesso dos peixes ao alimento,
e comparou o resultado com uma área adjacente na qual os 1985 1987 1989 1991 1993 1995 Ano
peixes tinham acesso livre. O quadro apresenta os resultados
encontrados após 15 dias de experimento. PRIMACK; RODRIGUES. Biologia da conservação.
62 Coleção 6V
Estudo das Populações
A análise do gráfico permite concluir que o sucesso do 04. (Enem) O crescimento da população de uma praga
programa deveu-se agrícola está representado em função do tempo, no
gráfico seguinte, no qual a densidade populacional
A) à adaptação dos animais nascidos em cativeiro ao
superior a P causa prejuízo à lavoura. No momento
ambiente natural, mostrada pelo aumento do número
apontado pela seta 1, um agricultor introduziu uma
de nascidos na natureza.
espécie de inseto que é inimigo natural da praga, na
B) ao aumento da população total, resultante da tentativa de controlá-la biologicamente.
reintrodução de um número cada vez maior de animais.
No momento indicado pela seta 2, o agricultor aplicou
C) à eliminação dos animais nascidos em cativeiro pelos grande quantidade de inseticida, na tentativa de eliminar
nascidos na natureza, que são mais fortes e selvagens. totalmente a praga.
Densidade populacional
se mantiveram isolados da população de nascidos na
natureza.
BIOLOGIA
E) à grande sobrevivência dos animais reintroduzidos, que
compensou a mortalidade dos nascidos na natureza.
da praga
P
Sem veneno
com veneno
surgimento
do parasita
do parasita
Antes do
Controle
Parasitas
C) o uso do inseticida tornou-se necessário, uma vez que o
controle biológico aplicado no momento 1 não resultou
na diminuição da densidade da população da praga.
B) A população de larvas não consegue se estabilizar 05. (Enem) No início do século XX, com a finalidade de
durante o uso do veneno. possibilitar o crescimento da população de veados
no planalto de Kaibab, no Arizona (EUA), moveu-se
C) As populações mudam o tipo de interação estabelecida uma caçada impiedosa aos seus predadores – pumas,
ao longo do tempo. coiotes e lobos. No gráfico a seguir, a linha cheia indica
o crescimento real da população de veados, no período
D) As populações associadas mantêm um comportamento
de 1905 a 1940; a linha pontilhada indica a expectativa
estável durante todo o período.
quanto ao crescimento da população de veados, nesse
E) Os efeitos das interações negativas diminuem ao longo mesmo período, caso o homem não tivesse interferido
do tempo, estabilizando as populações. em Kaibab.
100 000
GABARITO Meu aproveitamento
100 000
50 000
• 02. D • 05. Soma = 29
Eliminação dos
predadores 40 000 • 03. C
30 000
20 000 Propostos Acertei ______ Errei ______
10 000
Proibição da caça
• 01. E • 07. B
• 05. E • 11. D
Para explicar o fenômeno que ocorreu com a população
de veados após a interferência do homem, um
• 06. A
E) III e IV, apenas. Total dos meus acertos: _____ de _____ . ______ %
64 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 10
Cadeia Alimentar
Ao conjunto de populações de espécies diferentes que vivem A área ou o espaço físico onde, normalmente, vive uma
em uma mesma área e em um determinado intervalo de tempo determinada espécie, dentro do ecossistema, constitui
dá-se o nome de comunidade, biocenose ou, ainda, biota. o habitat da espécie. O leão, a zebra e a girafa, por
Em uma comunidade, encontramos relações intraespecíficas exemplo, vivem em um mesmo habitat: as savanas
(entre os indivíduos de uma mesma população) e relações africanas. Diferentes espécies de animais têm como habitat
interespecíficas (entre indivíduos de espécies diferentes). as águas mais superficiais dos ecossistemas marinhos,
e muitas outras vivem em regiões mais profundas. Em
Ao se fazer o estudo de uma comunidade, não levamos em
uma floresta, muitas espécies estão adaptadas a viver
consideração as condições físicas e químicas do meio ambiente.
apenas nas copas mais altas das árvores, já outras têm
Interessa-nos conhecer apenas as diferentes espécies de seres
como habitat os troncos e os galhos mais baixos. Assim,
vivos da região, seus modos de vida e como se inter-relacionam
em um mesmo habitat, pode haver diferentes espécies
umas com as outras.
de seres vivos.
Quando relacionamos a comunidade com as condições
Dentro do seu habitat, cada espécie possui um modo
físico-químicas do ambiente, estamos diante de um nível
de vida que constitui o seu nicho ecológico. O nicho de
de organização mais complexo, chamado ecossistema ou
uma espécie compreende tudo o que a espécie faz dentro
complexo ecológico. Assim, todo ecossistema é constituído por
do ecossistema, ou seja, o que come, onde, como e a
um meio biótico (representado pelos seres vivos da região) e
que momento do dia isso ocorre, como se inter-relaciona
por um meio abiótico ou biótopo (representado pelas condições
com as demais espécies do ambiente, quando e como se
físico-químicas da região).
reproduz, etc. Pode-se dizer, também, que o nicho ecológico
O conjunto de todos os ecossistemas de nosso planeta recebe é o conjunto de atividades de uma espécie no ecossistema.
o nome de biosfera. A biosfera, portanto, representa a parte Quando dizemos, por exemplo, que os preás são roedores
do nosso planeta que contém vida. de hábitos noturnos, que vivem durante o dia em tocas
Podemos subdividir a biosfera em epinociclo, limnociclo e cavadas em depressões úmidas do terreno e saem à
Assim, quando nos deparamos, em um determinado inorgânicas do meio abiótico e, por meio da fotossíntese ou
habitat, com espécies que estabelecem entre si interações da quimiossíntese, as transformam em substância orgânica
antigas, podemos afirmar que seus nichos são diferentes. (glicose), que é, então, utilizada como alimento. Por isso,
Mesmo quando se trata de organismos proximamente esses organismos são chamados de produtores, isto é, são
relacionados, uma análise mais cuidadosa de seus nichos pode os únicos seres do ecossistema que conseguem produzir, em
revelar certas diferenças, como atividade em horas diferentes sua própria estrutura, substâncias orgânicas por intermédio
do dia ou ligeiras preferências em relação ao alimento disponível. de substâncias inorgânicas obtidas no meio ambiente.
Por exemplo, certas espécies de herbívoros se nutrem
de pastagem em um mesmo habitat, mas não competem Nos ecossistemas aquáticos, os produtores estão
pelo alimento, pois umas se alimentam apenas das folhas representados principalmente pelas algas fotossintetizantes,
mais tenras, ao passo que outras preferem as folhas em especial por espécies microscópicas que vivem nas
mais velhas. águas mais superficiais. Já nos ecossistemas terrestres,
os produtores estão representados principalmente por
Por mais que possa parecer que espécies diferentes
briófitas, pteridófitas, gimnospermas e, especialmente,
possuem o mesmo nicho dentro de um mesmo habitat,
na realidade, isso é praticamente impossível. Sempre angiospermas.
haverá alguma coisa que uma espécie faz diferentemente O total de matéria orgânica produzida pelos produtores
da outra. Duas espécies de peixes, por exemplo,
de um ecossistema por unidade de área e de tempo
podem conviver em uma mesma profundidade de
constitui a chamada produtividade primária bruta (PB).
uma lagoa, alimentar-se semelhantemente e ter
Essa produtividade bruta pode ser expressa,
atividade mais intensa em uma mesma hora do dia,
por exemplo, em kg / m 2 / ano / g / m 2 / ano, etc.
mas se reproduzirem em épocas diferentes do ano.
Conhecendo-se o conteúdo energético da matéria
Nesse caso, seus nichos se superpõem em grande parte,
produzida, a produtividade pode ser expressa em
mas ainda assim são diferentes.
calorias / m 2 / ano ou kcal / m 2 / ano. Parte dessa
Às vezes, mesmo entre indivíduos de uma mesma
produtividade bruta é consumida pela respiração celular
espécie, há diversidade de nichos. Entre insetos,
do próprio produtor.
por exemplo, muitas espécies de mosquitos revelam hábitos
alimentares diferentes entre machos e fêmeas: o macho é A produtividade primária líquida (PL) é a diferença
fitófago (alimenta-se de plantas), e a fêmea é hematófaga entre o que foi produzido pelo vegetal por meio da
(alimenta-se de sangue dos animais). produtividade bruta e o que foi consumido pelo vegetal
por meio da respiração celular durante um mesmo
Espécies diferentes que vivem em habitats diferentes,
mas têm nichos ecológicos semelhantes, são chamadas intervalo de tempo.
66 Coleção 6V
Cadeia Alimentar
Decompositores
Consumidores
Também denominados sapróbios ou saprófitos, são seres
São seres heterótrofos que, na incapacidade de produzir heterótrofos que obtêm alimento dos cadáveres e dos restos
primariamente a matéria orgânica glicose em seu próprio
BIOLOGIA
orgânicos de outros seres vivos. Representados em todos os
organismo, se alimentam de outros seres vivos por meio do ecossistemas, principalmente, por fungos e bactérias, esses
predatismo, parasitismo, comensalismo, mutualismo, etc. organismos degradam a matéria orgânica, transformando-a
Esses seres podem ser subdivididos em ordens: em compostos inorgânicos. Utilizam alguns produtos da
degradação como alimento e liberam outros para o meio
A) Consumidores de 1ª ordem (primários) – ambiente, os quais serão, então, reutilizados pelos produtores.
Obtêm alimentos diretamente dos produtores. Essa atividade é chamada de decomposição ou mineralização
e é fundamental para a reciclagem da matéria em um
B) Consumidores de 2ª ordem (secundários) – ecossistema, o que faz dos decompositores as grandes
Obtêm alimentos dos consumidores de 1ª ordem. “usinas processadoras de lixo orgânico” do mundo.
A ação dos decompositores, portanto, impede que o planeta
C) Consumidores de 3ª ordem (terciários) –
fique inteiramente recoberto por uma camada orgânica
Obtêm alimentos dos consumidores de 2ª ordem e,
morta, fato que inviabilizaria a existência da vida na Terra.
assim, sucessivamente. Para alguns autores, os decompositores nada mais são
do que consumidores especiais, que se alimentam dos
De acordo com os seus hábitos alimentares,
restos de todos os demais componentes do ecossistema.
os consumidores também podem ser classificados em:
Sua importância está em reciclarem a matéria, tornando-a
novamente disponível para os organismos da comunidade.
• Fitófagos ou herbívoros – Obtêm alimento apenas
de plantas. Conforme se alimentam, por exemplo, OBSERVAÇÃO
de folhas, raízes, frutos, sementes ou seiva,
Pa ra a l g u n s a u t o r e s , o s t e r m o s d e t r i t í vo r o s e
podem ser subdivididos em: folífagos (nutrem-se
decompositores são sinônimos. Outros, entretanto, admitem
apenas de folhas), radicívoros (nutrem-se de
diferenças: detritívoros são os animais que se alimentam de
raízes), frutífagos (nutrem-se de frutos), etc. matéria orgânica morta, porém os seus dejetos ainda contêm
São consumidores de 1ª ordem. matéria orgânica, que é atacada pelos decompositores.
De acordo com esse conceito, a minhoca seria um exemplo de
• Zoófagos – Obtêm alimentos apenas de animais.
animal detritívoro. Já os decompositores são organismos, como
Podem ser carnívoros (nutrem-se de carne), as bactérias e os fungos, que fazem a transformação da matéria
hematófagos (nutrem-se de sangue), insetívoros orgânica em inorgânica (minerais) utilizada pelas plantas.
(nutrem-se de insetos), piscívoros ou ictiófagos Os decompositores agem sobre os dejetos que os detritívoros
(nutrem-se de peixes), ornitófagos (nutrem-se de eliminam e também sobre os cadáveres dos detritívoros.
aves), lactífagos (nutrem-se de leite), larvófagos E x i s t e m , a i n d a , a u t o r e s q u e c o n s i d e ra m c o m o
(nutrem-se de larvas), etc. Podem ser consumidores decompositores todos os seres vivos que se alimentam
de 2ª, 3ª, 4ª ou mais ordens. de restos de organismos ou de organismos mortos,
classificando-os em três tipos: necrófagos, detritívoros
• Onívoros (omni, tudo; vorare, devorar) – Obtêm e microdecompositores. Para esses autores, necrófagos
alimentos tanto de plantas quanto de animais. são os animais que se alimentam de cadáveres,
Assim, podem ser consumidores de quaisquer ordens. como fazem, por exemplo, os urubus e as hienas.
Detritívoros são os animais que comem detritos: restos de Cada componente da cadeia constitui um nível trófico
vegetais que caem das plantas (folhas, flores, frutos), restos (nível alimentar). Dessa maneira, os produtores formam
de animais (escamas, pelos, penas, carapaças de insetos, o 1° nível trófico; os consumidores primários (1ª ordem)
ossos) ou, ainda, excrementos. Geralmente, os invertebrados constituem o 2º nível trófico; os consumidores secundários
necrófagos são também detritívoros, como acontece com ( 2 ª o r d e m ) f o r m a m o 3 º n í v e l t r ó f i c o, e a s s i m
moscas, besouros, formigas e muitos outros. Necrófagos e sucessivamente. Os decompositores podem estar em
detritívoros não consomem todas as substâncias existentes diversos níveis tróficos (exceto no 1º nível), dependendo
nos organismos mortos ou nos restos dos organismos. da origem dos restos orgânicos que degradam. Veja o
O consumo completo e, portanto, o desaparecimento desses exemplo a seguir:
restos devem-se à atividade dos microdecompositores,
representados por certos fungos e bactérias.
68 Coleção 6V
Cadeia Alimentar
À medida que é transferida de um nível trófico para Além disso, muita matéria orgânica em um ecossistema pode
outro, a quantidade de energia disponível diminui, uma vez não ser utilizada nem decomposta, ficando armazenada.
que boa parte da energia obtida por um organismo pela As pirâmides de energia não mostram claramente a parte
alimentação é gasta na manutenção de suas atividades da energia que é armazenada.
vitais. Alguns autores consideram que, de modo geral e Além da pirâmide de energia, podemos representar
aproximado, cada elo da cadeia alimentar recebe apenas as cadeias alimentares pelas pirâmides de número
10% da energia que o elo anterior recebeu. e biomassa.
BIOLOGIA
a quantidade de energia disponível para os níveis 300 gafanhotos Consumidores
primários
tróficos. Quanto mais distante dos produtores estiver um
5 000 plantas Produtores
determinado nível trófico de consumidores, menor será a
quantidade de energia útil recebida. A energia, portanto,
apresenta um fluxo unidirecional e decrescente ao longo Pirâmide de números – No exemplo anterior, 5 000 plantas
A pirâmide de energia indica a quantidade de energia A pirâmide de números pode ou não ser invertida. Veja
Consumidor A B C
terciário (1,5 kcal)
Consumidor secundário (15 kcal) Pirâmides de números – A. Pirâmide na qual o número de
indivíduos decresce do primeiro ao último nível trófico da
Consumidor primário (150 kcal)
cadeia. B. Pirâmide mostrando um número acentuado de
Um dos inconvenientes das pirâmides de energia é que A pirâmide de biomassa (pirâmides das massas)
nelas não há lugar adequado para os decompositores, representa graficamente a biomassa, ou seja, a massa de
que são uma parcela importante do ecossistema. matéria orgânica dos organismos em cada nível trófico.
10 vezes maior no nível anterior porque apenas 10% da energia alimentares acabam se entrelaçando, resultando em uma
Plantas
2
Teia alimentar – Em uma teia alimentar, a matéria das plantas
1
(produtores) pode seguir diferentes caminhos. Por exemplo,
as plantas podem ser fonte de alimento para o esquilo que,
1. Fitoplâncton; 2. Zooplâncton.
por sua vez, pode servir de alimento para o gavião; ou podem
ser consumidas por um inseto herbívoro que, por sua vez, serve
Nesse exemplo, no momento da medição, a biomassa
dos produtores (fitoplâncton) é menor do que a de de alimento para a aranha. A aranha serve de alimento para o
consumidores primários (zooplâncton). Inicialmente, pássaro que, por sua vez, é alimento da cobra e esta, por sua
isso pode parecer estranho, porém, se lembrarmos que vez, serve de alimento para o gavião.
70 Coleção 6V
Cadeia Alimentar
BIOLOGIA
C) bioma.
caso, pertence ao terceiro nível trófico. os herbívoros e os carnívoros, que acumulam energia e
determinam assim a produtividade secundária líquida.
D) a cobra é um consumidor secundário do tipo carnívoro
Sobre as pirâmides de energia, é correto afirmar que
que se alimenta de um ser herbívoro.
A) a energia é conservada entre os níveis tróficos.
E) os produtores são seres autotróficos dependentes
B) a respiração dos autótrofos é uma fonte de energia
dos decompositores para obterem a energia para
para os heterótrofos.
realização da fotossíntese.
C) a produtividade primária líquida é representada na
base da pirâmide.
04. (UFRR–2016)
JYZ6 D) a excreção é uma fonte de energia para os níveis
I. Capim tróficos superiores.
72 Coleção 6V
Cadeia Alimentar
07. (UFAM–2015) Analise a figura seguinte que mostra uma teia 10. (UDESC) Em relação às pirâmides ecológicas, assinale a
H1CO
alimentar hipotética. Em seguida, assinale a sequência que alternativa incorreta.
indica o produtor, o carnívoro, o consumidor primário e o
A) Uma pirâmide de números pode apresentar-se
decompositor, respectivamente:
invertida.
D B) A pirâmide de energia indica a quantidade de energia
C que passa de um nível trófico a outro.
E C) A base da pirâmide de massa são os produtores.
A
D) Todas possuem base larga e topo mais estreito.
B
E) Os consumidores ocupam vários níveis tróficos.
A) A, B, C, D. D) C, A, E, B.
BIOLOGIA
modelos para análise de cadeias alimentares. Sobre esses
modelos, é correto afirmar que
08. (FUVEST-SP) As bactérias diferem quanto à fonte primária
de energia para seus processos metabólicos. Por exemplo: A) a cada nível trófico, a energia do nível anterior é obtida
I. Chlorobium sp. utiliza energia luminosa. em maior quantidade.
II. Beggiatoa sp. utiliza energia gerada pela oxidação de B) a pirâmide de energia representa o número total de
compostos inorgânicos. indivíduos de uma cadeia alimentar.
III. Mycobacterium sp. utiliza energia gerada pela C) a quantidade de energia em cada nível trófico é
degradação de compostos orgânicos componentes calculada multiplicando-se o número de indivíduos
do organismo hospedeiro. pela sua massa.
Com base nessas informações, indique a alternativa que D) a pirâmide de energia não pode ser expressa na forma
relaciona corretamente essas bactérias com seu papel invertida.
nas cadeias alimentares de que participam.
C) Produtor Consumidor Decompositor pagamos um preço alto: grande parte dessa energia é
perdida, principalmente na forma de calor.
D) Produtor Decompositor Consumidor
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a
E) Produtor Produtor Consumidor
relação entre o fluxo unidirecional de energia e o calor
dissipado na cadeia alimentar.
09. (FUVEST-SP) Uma lagarta de mariposa absorve apenas A) A quantidade de energia disponível é maior, quanto
PX6T metade das substâncias orgânicas que ingere, sendo a mais distante o organismo estiver do início da
outra metade eliminada na forma de fezes. Cerca de 2/3
cadeia alimentar.
do material absorvido é utilizado como combustível na
respiração celular, enquanto o 1/3 restante é convertido B) A quantidade de energia disponível é maior, quanto
em matéria orgânica da lagarta. mais próximo o organismo estiver do início da
74 Coleção 6V
Cadeia Alimentar
04. (Enem) Estudos de fluxo de energia em ecossistemas Até aqui, tudo parece bem encaixado, mas... é justamente
demonstram que a alta produtividade nos manguezais está o tucano-toco o maior predador de ovos de arara-azul –
diretamente relacionada às taxas de produção primária mais da metade dos ovos das araras são predados pelos
líquida e à rápida reciclagem dos nutrientes. Como exemplo tucanos. Então, ficamos na seguinte encruzilhada: se
de seres vivos encontrados nesse ambiente, temos: aves, não há tucanos-toco, os manduvis se extinguem, pois
caranguejos, insetos, peixes e algas. não há dispersão de suas sementes e não surgem novos
manduvinhos, e isso afeta as araras-azuis, que não têm
Dos grupos de seres vivos citados, os que contribuem
onde fazer seus ninhos. Se, por outro lado, há muitos
diretamente para a manutenção dessa produtividade no
tucanos-toco, eles dispersam as sementes dos manduvis,
referido ecossistema são
e as araras-azuis têm muito lugar para fazer seus ninhos,
A) aves. D) insetos. mas seus ovos são muito predados.
B) algas. E) caranguejos.
Disponível em: <http://oglobo.globo.com> (Adaptação).
C) peixes.
De acordo com a situação descrita,
BIOLOGIA
05. (Enem) Os personagens da figura estão representando A) o manduvi depende diretamente tanto do tucano-toco
uma situação hipotética de cadeia alimentar. como da arara-azul para sua sobrevivência.
B) o tucano-toco, depois de engolir sementes de manduvi,
digere-as e torna-as inviáveis.
C) a conservação da arara-azul exige a redução da
população de manduvis e o aumento da população de
tucanos-toco.
D) a conservação das araras-azuis depende também da
conservação dos tucanos-toco, apesar de estes serem
predadores daquelas.
E) a derrubada de manduvis em decorrência do
desmatamento diminui a disponibilidade de locais
para os tucanos fazerem seus ninhos.
08. (Enem) Um agricultor, que possui uma plantação de milho e uma criação de galinhas, passou a ter sérios problemas com os
cachorros-do-mato que atacavam sua criação. O agricultor, ajudado pelos vizinhos, exterminou os cachorros-do-mato da região.
Passado pouco tempo, houve um grande aumento no número de pássaros e roedores, que passaram a atacar as lavouras.
Nova campanha de extermínio e, logo depois da destruição dos pássaros e roedores, uma grande praga de gafanhotos destruiu
totalmente a plantação de milho e as galinhas ficaram sem alimento.
Analisando o caso descrito, podemos perceber que houve desequilíbrio na teia alimentar representada por
pássaros
gafanhotos cachorros-do-mato
B) milho
galinhas
roedores
gafanhotos
cachorros-do-mato
C) galinhas milho roedores
pássaros
roedores
pássaros
D) cachorros-do-mato gafanhotos milho
galinhas
• 04. B
• 14. B
• 05. C
15.
• 06. D • 12. B
Seção Enem Acertei ______ Errei ______
76 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 11
Ecossistemas
ECOSSISTEMAS TERRESTRES No inverno, que se estende pela maior parte do ano (cerca
de 10 meses), as camadas superficiais do solo também
ficam congeladas.
A biosfera pode ser subdividida em biociclos: biociclo
terrestre (epinociclo), biociclo dulcícola (limnociclo) e biociclo É um bioma que recebe pouca energia radiante proveniente
de água salgada (talassociclo). do Sol e pouca luminosidade. A precipitação é pequena,
ocorrendo normalmente sob a forma de neve.
Os biociclos, por sua vez, podem ser subdivididos em
unidades chamadas biocoros ou biocoras. As Florestas e os A vegetação é pouco exuberante e se desenvolve,
Campos, por exemplo, são biocoros do biociclo terrestre. predominantemente, durante os meses de verão e nas áreas
Cada biocoro também pode ser subdividido em partes onde o solo degela superficialmente. Ao norte, predominam
denominadas biomas. O biocoro floresta, por exemplo, os musgos e liquens, e mais ao sul, onde a temperatura é
apresenta vários biomas com características bióticas e abióticas um pouco mais elevada, são encontrados também pequenos
próprias: Floresta Tropical, Floresta Temperada, Floresta de arbustos. Nesse bioma não existem árvores. No inverno, essa
Coníferas, etc. Os biomas, portanto, são grandes ecossistemas vegetação praticamente desaparece, em consequência do
com fauna, flora e clima próprios, constituídos por comunidades frio intenso e da seca fisiológica (fenômeno no qual os solos
que atingiram o estágio de clímax. Assim, as Florestas, frios permitem pouca absorção de água, e os solos gelados,
os Campos e os Desertos são exemplos de biomas terrestres. nenhuma). Assim, não é a temperatura baixa que diretamente
Já os Lagos e os Mares são exemplos de biomas aquáticos.
provoca a pobreza da vegetação e, especialmente,
OBSERVAÇÕES a inexistência de árvores: é a disponibilidade de água que
• Alguns autores utilizam o termo bioma para designar impõe limites ao desenvolvimento da vegetação na Tundra.
apenas ecossistemas terrestres. Outros usam a A fauna é constituída por rena, caribu, boi almiscarado,
palavra, indistintamente, para denominar grandes urso polar, lobo-do-ártico, raposa-do-ártico, lebre-do-ártico,
ecossistemas, incluindo os aquáticos. lemingues (pequenos roedores), coruja-das-neves,
• O estado de clímax atingido por um bioma depende de ptármigas ou ptarmigans (aves do tamanho de um pombo),
um grande número de fatores, tais como a latitude, perdiz branca e poucas espécies de insetos (embora o número
as temperaturas médias e extremas da região, de indivíduos por espécie seja grande, notadamente o de
o relevo, o regime de chuvas e o tipo de solo. dípteros, vulgarmente chamados de moscas e mosquitos).
• A identificação dos biomas terrestres é feita
principalmente por meio da vegetação que
apresentam. Por isso, são também conhecidos como
formações fitogeográficas, isto é, formações vegetais
típicas de determinadas regiões. Os principais biomas
terrestres são: Tundra, Florestas de Coníferas,
Florestas Temperadas, Florestas Tropicais, Campos
e Desertos. Um mesmo tipo de bioma terrestre pode
estar presente em mais de uma região do planeta.
Por exemplo: o bioma do tipo Floresta Tropical existe
em parte da América do Sul e em regiões da África
e da Ásia; o mesmo ocorre com o bioma do tipo
Deserto, que é encontrado em várias partes da Terra.
Tundra
Localizado no Hemisfério Norte, abaixo da zona de gelo
permanente (calota polar), esse bioma circunda o Polo Norte,
compreendendo a parte norte do Alasca, do Canadá, da
Groenlândia, da Noruega, da Suécia, da Finlândia e da Sibéria.
Na Tundra, há apenas duas estações: verão e inverno.
O verão é de curta duração (2 a 3 meses), com temperaturas
em torno de 10 °C. Nesse curto verão, surgem áreas
onde o solo degela apenas superficialmente e a camada
Istockphoto
78 Coleção 6V
Ecossistemas
BIOLOGIA
quatro estações do ano bem definidas, sendo encontradas e por isso essas plantas são ditas latifoliadas (do latim
predominantemente no Hemisfério Norte, ao leste dos latus, largo, amplo, e folia, folha); têm grande superfície
Estados Unidos, oeste da Europa e leste da Ásia (Coreia, transpiratória, o que não traz problemas de desidratação, uma
Japão e partes da China). vez que a disponibilidade de água no ambiente é abundante.
A flora apresenta uma grande diversidade de espécies, A cerificação observada nas folhas, notadamente na face
com uma vegetação predominantemente arbórea, constituída superior, destina-se à defesa contra o excesso de luz.
por carvalhos, magnólias, faias, nogueiras, etc. Essas árvores As folhas das árvores não caem todas de uma só vez,
são decíduas (do latim deciduus, que cai) ou caducas (do latim como acontece nas Florestas Temperadas Decíduas e, por
caducus, que cai), isto é, perdem todas as suas folhas no final isso, essas plantas são também denominadas perenifólias
do outono, vindo daí o nome Floresta Decídua ou Floresta (do latim perennis, perpétuo, duradouro). Suas folhas
Caducifoliada. Essa queda das folhas também é uma adaptação caem gradualmente, sendo logo substituídas por outras.
que protege a planta da seca fisiológica, já que, uma vez sem Assim como nas Florestas Temperadas Decíduas,
as folhas, ela conserva mais a água em seu corpo durante a vegetação das Florestas Pluviais Tropicais tem uma nítida
o inverno, período em que a maior parte dessa substância estratificação vertical. No primeiro estrato, ficam as copas
fica imobilizada no solo devido às baixas temperaturas. das árvores mais altas (que podem atingir 40 metros ou
Além das árvores de grande porte, aparecem também mais). Debaixo dessa cobertura, vem um outro estrato
arbustos, gramíneas e musgos. formado por árvores de menor porte e, em seguida, vem um
estrato formado por arbustos, com poucos metros de altura.
Nessas florestas, chegam a existir até quatro estratos
Sobre os troncos das árvores e arbustos, desenvolvem-se
(camadas) de vegetação. São eles:
muitos liquens, bromélias e samambaias. É grande o número
• Uma camada de árvores, geralmente de 8 a 30 metros de parasitas e epífitas. A vegetação rasteira, próxima ao solo,
de altura, que forma uma cobertura vegetal contínua. é escassa devido à pequena quantidade de luz que recebe.
Esta, evidentemente, é a camada de vegetação Alguns cálculos mostram que, em certas Florestas Tropicais,
que recebe a luz do Sol mais intensamente. chega ao solo cerca de 500 vezes menos luz que nas copas
• Uma camada de arbustos, que chega a uma altura das árvores mais altas.
aproximada de 5 metros. Os arbustos assemelham-se Os teores de oxigênio, umidade e temperatura também
às árvores, mas se ramificam próximo ou rente ao solo. são diferentes nos diversos estratos dessa vegetação.
• Uma camada de gramíneas e também de pteridófitas Por exemplo: as copas das camadas superiores se aquecem
(samambaias, por exemplo). muito durante o dia, porém perdem calor rapidamente
• Uma camada mais rasteira, constituída por briófitas à noite. Ao contrário, nas camadas mais inferiores,
(musgos e hepáticas). Abaixo dessa camada, encontra-se a temperatura varia muito pouco. Assim, apesar de o bioma
um solo rico em nutrientes, originários principalmente estar submetido a um clima geral, existem microclimas
da decomposição das folhas que caem no solo. distintos nos diferentes estratos.
A fauna é rica e bastante diversificada. Nas Florestas A enorme quantidade de nichos ecológicos presentes
Decíduas, são encontrados diversos mamíferos (ursos, nessas florestas permite a existência de uma fauna rica
veados, lobos, javalis, raposas, esquilos, leões-da-montanha, e diversificada, constituída por muitos mamíferos arborícolas
gambás, lebres, ratos silvestres), répteis, anfíbios, inúmeras (macacos, lêmures, bichos-preguiça), mamíferos terrícolas
espécies de aves e insetos (coleópteros, como besouros (cotias, antas, capivaras, veados, onças, tapires), muitas
e joaninhas, são os mais abundantes). No solo, também espécies de aves, répteis (cobras, lagartos), anfíbios (sapos,
são encontrados muitos protozoários e helmintos (vermes). pererecas), insetos (mosquitos, besouros, formigas), etc.
Campos Desertos
Encontrados tanto em regiões tropicais quanto em Aparecem na África, Ásia, Austrália, América do Norte
temperadas, recebem diferentes denominações, conforme e América do Sul. O deserto do Saara, que se estende da
as regiões e países em que se desenvolvem. Podem ser costa atlântica da África até a Arábia, é o maior do mundo.
classificados em Estepes e Savanas. Os Desertos são biomas de baixa pluviosidade e baixa
umidade do ar. Durante o dia, as temperaturas são altas
Estepes (frequentemente ultrapassam os 40 °C) e, não havendo
Campos onde há nítido predomínio das gramíneas, quantidade suficiente de vapor-d’água para fazer a retenção
encontrados em regiões cujo clima apresenta períodos de seca. de calor, as noites são, em geral, extremamente frias.
As pradarias da América do Norte e os pampas da Argentina, Pode haver variações de 30 °C ou mais entre o dia e a noite.
Uruguai e do Sul do Brasil são exemplos de Estepes.
Não é a areia, como muita gente pensa, que caracteriza o
Nas pradarias americanas, a vegetação, predominantemente
Deserto, e sim a sua aridez. No Saara, por exemplo, apenas
constituída por gramíneas, pode variar de meio metro a dois
30% do território é coberto por areia. A maior parte do Saara
metros de altura. Antílopes americanos, bisões, lobos, coiotes,
e dos outros desertos apresenta uma superfície rochosa ou
raposas, roedores, cobras, aves insetívoras, gaviões, corujas
e muitos insetos são exemplos de animais encontrados nas de barro ressecado. Em todos eles, as chuvas são escassas,
pradarias da América do Norte. o que limita o desenvolvimento da vida vegetal e animal.
Nos Pampas, a vegetação predominante é também A vegetação é pouco abundante e distribuída de forma
constituída por gramíneas, mas estas raramente ultrapassam esparsa. Uma planta no Deserto tem de aproveitar ao
50 cm de altura. Tatus, diversas espécies de roedores, máximo a pouca água disponível. Assim, muitas raízes e
carnívoros (guaraxaim, gato-dos-pampas), grande variedade folhas de certas plantas produzem substâncias que inibem
de répteis (cobras e lagartos), aves (quero-quero, seriema, o crescimento de outras nas proximidades.
chimango-carrapateiro), insetos, aranhas são exemplos de Gramíneas e plantas arbustivas, como as cactáceas,
representantes da fauna dos Pampas. constituem a vegetação predominante desse bioma.
Muitas dessas plantas só conseguem aí sobreviver porque
possuem adaptações a um ambiente de seca e, por isso,
são denominadas xerófitas. Nas cactáceas, por exemplo,
os caules, que são verdes e fazem fotossíntese, armazenam
água em um tecido especial, o parênquima aquífero, enquanto
José Reynaldo da Fonseca / Creative Commons; Istockphoto;
80 Coleção 6V
Ecossistemas
A fauna é constituída por escorpiões, lacraias, insetos, cobras, B) Zona límnica – Parte mais central ou interna do lago
lagartos, algumas aves e mamíferos (ratos, coiotes, camelos). e que se estende até a profundidade de penetração
Os animais possuem adaptações especiais que lhes da luz. É muito rica em plâncton (fitoplâncton e
permitem viver nas condições ambientais desse bioma. zooplâncton). O plâncton é o conjunto dos organismos
Os mamíferos do Deserto, por exemplo, têm urina e aquáticos, flutuantes, na maioria microscópicos, e que
fezes concentradas, ausência ou redução das glândulas podem ser autótrofos ou heterótrofos. O fitoplâncton
sudoríparas, maior utilização da água metabólica e uma é formado pelos organismos autótrofos do plâncton,
tolerância maior à desidratação. O camelo consegue representado por uma infinidade de algas microscópicas
sobreviver perdendo até 40% da água corpórea, ao contrário fotossintetizantes, como algumas espécies de
da maioria dos mamíferos em que a perda de 10 a 20% da clorofíceas (algas verdes), cianofíceas (algas azuis),
água corpórea leva à morte.
euglenofíceas e diatomáceas. O zooplâncton, por sua
A presença de uma pelagem clara e densa em muitos vez, é formado pelos seres heterótrofos do plâncton,
animais é outra adaptação contra a desidratação: os pelos sendo constituído por protozoários, microcrustáceos
atuam como uma barreira que retarda o aquecimento do e larvas de diversos organismos.
animal. Constatou-se experimentalmente que camelos
BIOLOGIA
Nesse tipo de bioma, os produtores estão representados
tosquiados (com pelos em torno de 1 cm de comprimento)
por plantas que vivem parcial ou totalmente
desidratam-se mais rapidamente que camelos não tosquiados.
submersas e, principalmente, pelo fitoplâncton.
Muitos pequenos mamíferos desse bioma, como o
Os organismos do fitoplâncton são os produtores
rato-canguru, podem passar a vida inteira sem beber água,
mais significativos desse ecossistema, enquanto os
obtendo toda a água de que necessitam das plantas que comem.
do zooplâncton atuam como consumidores primários
A maioria dos animais do Deserto também tem hábitos
(o zooplâncton alimenta-se do fitoplâncton).
noturnos, isto é, são mais ativos à noite, quando as condições
Além da riqueza em seres planctônicos, a zona límnica
de temperatura são mais amenas.
é também habitada por diversas espécies de peixes
que, geralmente, estão presentes na maior parte dos
ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS biomas de águas lênticas.
Talassociclo 0 Metros
Arquivo Bernoulli
disso, os fatores climáticos afetam notadamente apenas
as águas mais superficiais.
entre 80 e 200 metros de profundidade. Na zona Suas águas são frias e pobres em fauna.
82 Coleção 6V
Ecossistemas
Quando uma criatura dessas é capturada e trazida Em alto-mar, essa concentração geralmente é mais baixa,
à superfície, o seu corpo simplesmente “explode” uma vez que grande parte dos nutrientes encontra-se no fundo.
em virtude da grande pressão exercida de dentro Entretanto, em certos locais, existem as chamadas correntes
para fora.Os seres que suportam grandes pressões, de ressurgência, movimentos da água de baixo para cima,
como os organismos abissais, são classificados como que trazem os nutrientes do fundo para a superfície,
euribáricos, enquanto os que não suportam grandes enriquecendo as águas mais superficiais e permitindo, assim,
pressões são chamados de estenobáricos. Os seres a proliferação de algas fotossintetizantes e, consequentemente,
aquáticos são predominantemente estenobáricos. de animais. Nesses locais de ressurgência, há abundância de
Muitos organismos abissais também possuem boca peixes, como ocorre na costa do Peru e, em menor intensidade,
e dentes grandes, bem como estômago dilatável, no Brasil, na região de Cabo Frio. Não fosse a existência
sendo tais adaptações importantes à escassez de dessas correntes, a maior parte dos minerais, resultante
alimento, pois facilitam o aproveitamento deste da atividade de decomposição, permaneceria no fundo dos
nas poucas oportunidades em que é encontrado. oceanos, já que elas trazem boa parte desses minerais à
Muitas espécies abissais realizam o fenômeno da superfície iluminada, onde serão utilizados pelos produtores.
BIOLOGIA
bioluminescência ou fotogênese, isto é, produzem luz. Com isso, a produtividade primária nessas regiões é elevada,
Isso, evidentemente, facilita a vida dessas espécies o que torna a região mais fértil e, consequentemente,
numa região onde não há penetração da luz. Algumas capaz de suportar a presença de numerosos consumidores.
espécies de animais abissais são cegos, mas a grande
maioria enxerga e produz bioluminescência a partir Quanto à motilidade, os organismos que habitam os
de estruturas chamadas de lanternas. Devido a essa oceanos estão distribuídos em três grupos: plâncton, nécton
bioluminescência, a seleção natural favoreceu, nesse e bênton.
ambiente,os animais que enxergam.
• Plâncton – O plâncton (do grego plankton,
E) Zona hadal – É a região mais profunda dos oceanos, errante) é constituído por seres flutuantes que são
abaixo de 5 000 metros. Nela, praticamente não carregados passivamente pelas ondas e correntes.
existe vida. Alguns organismos planctônicos podem até ter
movimentos próprios, mas não são capazes de vencer
Nível Zona das marés
do mar a força das correntes e das ondas e, por isso, acabam
sendo carregados. Tal como nos ecossistemas
dulcícolas, o plâncton marinho é subdividido em
Nerítica
200 m fitoplâncton e zooplâncton. O fitoplâncton é formado
pelas algas microscópicas, como as diatomáceas,
Zona pelágica
Zona bêntica
• Bênton – O bênton (do grego benthos, fundo do A mata dos igapós, situada próxima aos rios, encontra-se
mar) é constituído por seres que vivem afixados permanentemente alagada, abrigando plantas como a vitória-
a um substrato (solo, rocha) e também pelos seres -régia, aguapés, palmeiras diversas e vários tipos de gramíneas.
que se locomovem arrastando-se no solo marinho.
A mata das várzeas, situada entre a mata dos igapós e a da
Assim, seres bentônicos podem ser sésseis ou
terra firme, é inundada apenas durante as épocas de cheias dos
errantes. Os sésseis vivem afixados a um substrato e
rios e abriga plantas como a seringueira (cujo tronco pode chegar
estão representados por certas algas macroscópicas,
a até 3 m de diâmetro na base e cuja altura pode chegar a 50 m),
pólipos de cnidários, espongiários (poríferos), etc.
o cacaueiro e palmeiras diversas.
O bênton errante é formado por seres que se deslocam
sobre o fundo (solo marinho), como as estrelas-do-mar, A mata de terra firme, que é situada nos terrenos altos
os caranguejos e os caramujos. e nunca sofre inundação, abriga vegetais como a castanheira
(castanha-do-pará), o guaraná, o pau-rosa, os cipós e
Os termos plâncton, nécton e bênton também são
empregados para os organismos que vivem nos ecossistemas muitas epífitas.
da vegetação característica, são: a Floresta Amazônica, no estágio clímax, e com um grande número de nichos
as Florestas Pluviais Costeiras (Mata Atlântica), a Mata de ecológicos. Apesar de se falar de um clima geral, existem
Araucária, os Campos Cerrados, os Campos, a Caatinga, muitos microclimas devido à estratificação da vegetação.
a Mata dos Cocais e o Complexo do Pantanal. Assim, se partimos das copas mais altas em direção ao
chão, a ventilação, a luminosidade, a umidade do ar e a
temperatura sofrem variações.
Campos
devido à rápida decomposição e ao reaproveitamento da
matéria orgânica que cai no solo. O grande número de raízes
Cerrados
existente nesse solo absorve rapidamente os nutrientes
Caatinga
originários da decomposição, que então passam para o corpo
Pantanal
da planta. Assim, quase todos os nutrientes minerais estão
ATLAS GEOGRÁFICO ESCOLAR. nas partes do vegetal, e não no solo. A densa cobertura
Distribuição original dos biomas brasileiros. vegetal contribui para amenizar a queda das gotas de
chuva, diminuindo seu efeito erosivo e, consequentemente,
Floresta Amazônica (Hileia o carreamento dos minerais. É por isso que o desmatamento
da Floresta Amazônica pode levar ao empobrecimento do
Amazônica) solo, tornando-o inadequado para a agricultura.
Ocupando cerca de 40% do território brasileiro Sua fauna também é bastante exuberante e diversificada.
(cerca de 3,5 milhões de km ), é uma floresta tipicamente
2 Entre os mamíferos, temos a anta, a onça-pintada, macacos,
pluvial tropical, onde se pode reconhecer a mata dos igapós, tamanduás, preguiças, tatus, gambás. Aves diversas, répteis
a mata das várzeas e a mata de terra firme. e insetos também são abundantes nessa fauna.
84 Coleção 6V
Ecossistemas
Floresta Amazônica em muitas de suas características. samambaias, erva-mate (planta utilizada para fazer infusões)
A diferença mais expressiva entre elas está na topografia e gramíneas. Assim, distinguimos três estratos de vegetação
do terreno que ocupam: a Floresta Amazônica situa-se em bem definidos: o arbóreo, constituído pelos pinheiros,
ampla planície, enquanto a Mata Atlântica é mais íngreme o arbustivo, constituído por samambaias arborescentes,
BIOLOGIA
e ocorre em regiões montanhosas. e o herbáceo, constituído pelas gramíneas.
A cadeia de montanhas da Serra do Mar atua como Alguns autores classificam a Mata de Araucárias como
uma barreira aos ventos úmidos que sopram do mar. uma Floresta Temperada Indecídua, uma vez que as plantas
Estes, ao atingirem as montanhas, sobem e sofrem
dominantes (pinheiros-do-paraná) não perdem suas folhas
resfriamento, havendo condensação de vapor-d’água,
durante o inverno.
que se precipita em forma de chuva. Assim, tem-se uma
região úmida o suficiente para suportar essa densa mata. Atualmente, a Mata de Araucárias é um ecossistema
praticamente extinto. Em virtude da exploração do pinheiro-
A vegetação é semelhante à da Floresta Amazônica, embora
menos exuberante, sendo constituída, predominantemente, -do-paraná pelas companhias madeireiras, existem hoje apenas
por higrófitas. Também possui árvores de grande porte 200 000 hectares dessa floresta, que se estendia, na primeira
(não tão altas quanto as da Amazônia) ligadas por lianas metade do século XX, por cerca de 4 milhões de hectares.
(cipós) e com grande número de epífitas. Entre as árvores,
as espécies mais representativas são: canela, jequitibá,
Campos Cerrados
pau-brasil, jacarandá, peroba, ipê, quaresmeira e diversas
palmeiras, muitas delas, inclusive, exploradas para Ocupam, aproximadamente, 25% do território brasileiro,
a extração do palmito. Várias espécies de samambaias, ocorrendo principalmente na região Centro-Oeste (Goiás,
musgos e avencas também são encontradas. Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), em Minas Gerais,
A fauna também é semelhante à amazônica. Aí encontramos em São Paulo, na Bahia, no Maranhão e no Piauí.
macacos, preguiças, onças, jaguatiricas, cachorros-do-mato, O clima na região é quente (média anual de 26 °C),
porcos-do-mato, papagaios, araras, tucanos, cobras,
com duas estações: uma seca, bem pronunciada, que pode
lagartos, insetos, etc.
perdurar de 5 a 7 meses, na qual os rios não secam, porém
Entre os ecossistemas brasileiros, a Mata Atlântica é um têm sua vazão diminuída; e outra chuvosa, abrangendo
dos mais devastados. De fato, dos 350 000 km2 de área que
os meses de verão. O solo é arenítico, geralmente muito
possuía à época do Descobrimento, restam apenas 10 000 km2,
profundo, e sua grande permeabilidade permite a infiltração
ou seja, 5% da área inicial. Com essa devastação, suas
fácil da água que, ao encontrar rocha impermeável, forma
espécies vegetais e animais vivem ameaçadas de extinção.
um lençol subterrâneo. As camadas de terra adjacentes a
Floresta ou Mata de Araucárias esse lençol são também úmidas, de maneira que a seca
de inverno atinge somente as camadas mais superficiais.
Localizada no Sul do Brasil, estende-se pelos estados do É também um solo ácido, pobre em nutrientes minerais e
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo também com alta taxa de alumínio, substância muito tóxica para
conhecida por Mata dos Pinhais ou Zona dos Pinhais. a vegetação.
O clima da região é subtropical, com chuvas regulares e
O Cerrado é um tipo de Savana. Sua vegetação é composta
estações relativamente bem definidas, em que o inverno
de pequenas árvores esparsas, arbustos e gramíneas. Entre
é normalmente frio, com geadas frequentes, e o verão,
razoavelmente quente. As copas das árvores formam uma as plantas típicas desse bioma, podemos citar a lixeira,
camada contínua, como ocorre na Floresta Amazônica e na o pau-terra, a sucupira, a peroba-do-campo, o pequi,
Mata Atlântica. Por serem mais abertas, são menos úmidas a copaíba, o angico, a caviúna, o barbatimão e gramíneas,
do que as Florestas Pluviais Tropicais. como o capim-flecha e a barba-de-bode.
Essa vegetação apresenta algumas características Entre os mamíferos da região, consumidores de primeira
xeromórficas, isto é, de xerófitas, tais como caules tortuosos ordem, destacam-se os veados e uma grande variedade de
com casca grossa e folhas espessas com superfície muitas roedores (capivara, paca, cutia, preá). Consumidores de segunda
vezes brilhante. Por causa disso, acreditava-se antigamente ordem são a onça-parda, o cachorro-do-mato e o lobo-guará,
que o fator limitante nessa região era a água. Por outro lado, que é o maior dos canídeos brasileiros. Os restos deixados pelos
no Cerrado existem também plantas com características predadores são consumidos por aves de rapina, entre as quais
típicas de lugares úmidos: folhas largas, produção de flores destaca-se o gavião. Outros predadores, além dos mamíferos,
e brotos em plena estação da seca. Isso desencadeou uma são as numerosas cobras e as corujas. Aves corredoras, como
série de estudos sobre esse bioma que demonstraram que, emas e seriemas, vivem também nesse bioma. Nas áreas nuas,
na realidade, a água não é o fator limitante do Cerrado. formigueiros e cupinzeios formam elevações.
Descobriu-se que o solo, mesmo na estação seca, contém
um teor razoável de umidade, a partir dos 2 metros de Campos
profundidade, e que as raízes de muitas plantas aprofundam-se
Ocupam boa parte do Rio Grande do Sul, onde são conhecidos
nesse solo até atingir o lençol de água subterrâneo,
como Pampas, e representam uma área de grande importância
retirando dele a água necessária para sua sobrevivência.
econômica para a agricultura e a pecuária da região.
Conseguiu-se entender, então, porque, concomitantemente
às características xeromórficas de algumas plantas, havia São formações de campos limpos, com uma distribuição
outras típicas de ambientes ricos em água. regular de chuvas, apresentando verão quente e inverno
muito frio.
Atualmente, explica-se o aspecto xeromórfico de muitas
A vegetação é formada, predominantemente, por gramíneas.
plantas do Cerrado em função da escassez de nutrientes do solo,
A ocorrência de árvores e arbustos é rara, embora algumas
e não da falta de água. É, portanto, um pseudoxeromorfismo
árvores possam ser encontradas esparsamente distribuídas,
(falso xeromorfismo). A deficiência de nutrientes no solo dificulta
como a unha-de-gato, o pau-de-leite e a sombra-de-touro.
muito a síntese de proteínas, e o excesso de carboidratos
produzidos pelas plantas acaba se acumulando em estruturas A fauna apresenta alguns animais típicos: roedores,
que lhes dão aspectos xeromórficos: súber espesso, cutículas raposa-do-campo, gato-do-pampa e guaraxaim.
grossas, muito esclerênquima. Fala-se, então, que essa Embora sejam bastante utilizados como terras de cultivo,
vegetação do Cerrado possui um escleromorfismo oligotrófico, os Campos prestam-se muito à pastagem, permitindo a
ou seja, as plantas apresentam endurecimento das estruturas existência de uma pecuária desenvolvida.
devido à falta de nutrientes. Ao que tudo indica, a quantidade
elevada de alumínio no solo do Cerrado também agrava Caatinga
o escleromorfismo oligotrófico da vegetação.
A Caatinga (do tupi, “mata branca”) localiza-se no
As queimadas ocorrem naturalmente, com certa Nordeste de nosso país e ocupa cerca de 11% da superfície
frequência. Entretanto, muitas plantas típicas desse bioma do território brasileiro.
resistem à ação do fogo, o que possibilita que, em poucas Apresenta clima semiárido, com chuvas escassas e
semanas, a vegetação verde se reconstitua substituindo o irregulares e temperatura média elevada. A estação seca dura
tom cinza deixado pela queimada. Essa resistência deve-se mais de sete meses do ano. Os rios, em sua maioria, secam
a certas adaptações que essas plantas possuem. no verão. Essa escassez de água constitui um grande fator
Entre elas, destacamos: limitante à existência de vida animal e vegetal na região.
I. A espessa camada externa de cortiça nos caules, A vegetação é formada por xerófitas, isto é, por plantas
que, funcionando como um isolante térmico, adaptadas ao clima seco. Tais adaptações seriam a
protege as gemas, de onde originam-se novos ramos, transformação de folhas em espinhos em algumas espécies,
após cessar o fogo. a presença de folhas cerificadas, o rápido mecanismo de abertura
e fechamento dos estômatos, raízes profundas e portadoras de
II. Muitas plantas possuem raízes que crescem parênquima aquífero, que procuram alcançar os lençóis de água
lateralmente próximas à superfície do solo e, subterrâneos, entre outras. Está representada por cactáceas,
como a ação do fogo na superfície é pouco sentida arbustos e pequenas árvores. Entre as cactáceas, destacam-se
sob o solo, essas raízes permanecem vivas. o mandacaru, o xique-xique, a coroa-de-frade e o facheiro.
III. Algumas plantas possuem xilopódios, caules Os arbustos normalmente possuem espinhos e perdem as
subterrâneos especiais, de cujas gemas brotam novos folhas na época mais quente do ano. Por sua vez, algumas
ramos após o fim do fogo. plantas se caracterizam por terem folhas apenas nos três
ou quatro meses de inverno, que é a estação das chuvas.
Segundo especialistas, o solo do Cerrado pode ser utilizado No resto do tempo, elas ficam sem folhas, e o aspecto da
para a agricultura intensiva, desde que seu pH seja corrigido vegetação se torna mais claro, vindo daí o nome “mata
pela adição de calcário (calagem) e que se faça uso de branca”. A queda das folhas na estação seca representa
fertilizantes adequados. também um modo de reduzir a área exposta à transpiração.
86 Coleção 6V
Ecossistemas
Perder as folhas em certas épocas do ano caracteriza a Existem grandes répteis nesse bioma, entre eles duas
vegetação caducifólia. Entre as árvores, encontramos o juazeiro, espécies de jacarés: o jacaretinga e o jacaré-do-pantanal,
a barriguda, a aroeira, o umbu, a braúna e a maniçoba. que se alimentam de peixes. Das cobras, a espécie mais
Entre os representantes da fauna, estão veados, guará, imponente é a sucuri, cobra não venenosa que pode atingir
guaxinim, tatus e tamanduás (que se alimentam de formigas até 10 metros de comprimento. Mamíferos de destaque são as
e cupins), diversas espécies de cobras e aves de rapina. capivaras (roedores que podem atingir até 70 kg), onças-pardas
Alguns autores classificam a Caatinga como uma Floresta e pintadas, ariranhas, tamanduás-bandeira, porcos-do-mato
Tropical Caducifólia. (queixada, cateto), várias espécies de macacos e diferentes
tipos de veados, entre os quais se destaca o cervo-do-pantanal.
BIOLOGIA
estuários (locais onde os rios se encontram com o mar).
Amazônica e a Caatinga. Possuem um solo lodoso, mal arejado, salino, periodicamente
A vegetação é formada, predominantemente, por inundado por água salobra (uma mistura das águas de
palmeiras, como o babaçu, a carnaúba e o buriti. Os babaçuais um rio com as águas salgadas), o que limita o número de
são matas densas, com árvores medindo de 10 a 15 metros, espécies de plantas. A vegetação predominante é arbórea,
que produzem pequenos cocos de onde se extraem óleos; formada por halófitas (plantas adaptadas à sobrevivência
os carnaubais apresentam vegetação espaçada com árvores em ambientes com alta salinidade). Algumas dessas plantas,
medindo até 20 metros. Das sementes da carnaúba, como a Rhizophora mangle (mangue-vermelho), possuem
extraem-se óleos comumente utilizados na fabricação de raízes-escora, que ajudam na fixação no solo lodoso; outras,
margarinas; das folhas dessa palmeira obtêm-se ceras como a Avicennia tomentosa (mangue-preto), possuem
empregadas em cremes de polir; sua madeira é usada em pneumatóforos (raízes respiratórias), que captam oxigênio
construção e a palha serve para fabricar cestos, tapetes e do ar para compensar o baixo teor de O2 do solo.
outros objetos, além de ser utilizada na cobertura de casas. Além de amortecer os impactos das marés e reter sedimentos
trazidos pelos rios, evitando o assoreamento das praias, os
Pantanal Mato-Grossense (Complexo Manguezais são locais propícios para a reprodução de um
existência de uma variadíssima comunidade de aves, entre divertir e aprender mais sobre as principais
características dos ecossistemas brasileiros, bem
as quais se destacam garças, tuiuiús, saracuras, urubus-rei,
como seus respectivos posicionamentos geográficos,
emas, seriemas e muitas outras. Existem mais de respondendo a questões sobre eles. Bom jogo!
230 espécies de aves, sendo a maioria pernalta.
Tundra
porte.
03. (PUC Minas) Relacione a primeira coluna com a segunda: 16. o nécton é constituído pelos organismos que se
88 Coleção 6V
Ecossistemas
05. (UDESC–2015) Segundo o IBGE existem seis biomas 02. (Unifor-CE) Região fitogeográfica do Brasil, caracterizada
continentais brasileiros, os quais são mostrados na figura por cobertura vegetal de árvores que possuem altitudes
a seguir. que podem variar entre 25 e 50 metros e troncos com
2 metros de espessura. As sementes dessas árvores
Biomas do Brasil podem ser ingeridas. Seus galhos envolvem todo o tronco
central. Os fatores determinantes para o desenvolvimento
dessas plantas são o clima e o relevo, uma vez que
ocorrem principalmente em áreas de relevo mais elevado.
1 Essa cobertura vegetal desenvolve-se em regiões nas
3 quais predomina o clima subtropical, que apresenta
2 invernos rigorosos e verões quentes, com índices
pluviométricos relativamente elevados e bem distribuídos
4
durante o ano. A região caracterizada é:
5
A) Mata Atlântica D) Cerrado
B) Caatinga E) Mata de Araucária
BIOLOGIA
6 C) Floresta Amazônica
01. (Unesp–2016) Leia o trecho da música “O Xote das Sobre o assunto abordado, são feitas algumas afirmações.
Meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas: Analise-as e assinale a correta.
A) Devido à luminosidade intensa, a região hadal é
“Mandacaru, quando fulóra na seca
propícia ao desenvolvimento do fitoplâncton.
É o sinal que a chuva chega no sertão...”
B) Os organismos do domínio bentônico podem ser
Os versos fazem referência a uma espécie vegetal sésseis ou errantes e, via de regra, alimentam-se de
característica do bioma brasileiro cadáveres e detritos orgânicos.
A) Cerrado. C) Em regiões costeiras, a ocorrência do fenômeno da
ressurgência prejudica a cadeia alimentar e inviabiliza
B) Caatinga.
a prática da pesca.
C) Mata dos Cocais.
D) As águas quentes da região abissal favorecem a vida
D) Pantanal. vegetal e, por consequência, a diversidade animal é
E) Pampa. abundante.
06. (PUC-Campinas-SP–2016) José Lins do Rego foi autor Assinale a alternativa onde todas as consequências das
de importantes obras literárias que têm como palco mudanças climáticas podem afetar a Mata Atlântica
o Nordeste brasileiro. Um de seus mais importantes brasileira.
romances é Menino de Engenho do qual foi retirado o
A) Perda de habitat e extinção de espécies, mudança
seguinte trecho:
na composição e nos locais das florestas, aumento
Lá um dia, para as cordas das nascentes do Paraíba, de incêndio em função da seca, inundação das áreas
via-se, quase rente do horizonte, um abrir longínquo e
costeiras.
espaçado de relâmpago: era inverno na certa no alto
sertão. As experiências confirmavam que com duas B) Alterações nas áreas agrícolas, no rendimento dos
semanas de inverno o Paraíba apontaria na várzea com a produtos de colheita, aumento na demanda de
sua primeira cabeça-d’água. O rio no verão ficava seco de irrigação, aumento do aparecimento de pragas e
se atravessar a pé enxuto. Apenas, aqui e ali, pelo seu leito, doenças agrícolas.
formavam-se grandes poços, que venciam a estiagem.
C) Diminuição de mortes por frio, aumento de doenças
Nestes pequenos açudes se pescava, lavavam-se
respiratórias e alergias ao pólen, aumento de mortes
os cavalos, tomava-se banho.
pelo calor e doenças, interrupção no abastecimento
MENINO DO ENGENHO. 77. ed. Rio de Janeiro:
de alimentos.
José Olympio, 2000. p. 54.
D) Redução na qualidade da água, aparecimento de
O fato de o leito do rio ficar praticamente seco no verão doenças respiratórias e alergias, ondas prolongadas
é típico da hidrografia de áreas do Sertão nordestino, de calor e estiagem, aumento de ervas daninhas nas
que apresentam como uma de suas importantes áreas mais quentes.
características
A) a reduzida pluviosidade, provocada por múltiplos 08. (UEG-GO–2015) A taxa de desaparecimento de certos
fatores, entre eles a dinâmica atmosférica que limita a tipos de espécies, particularmente aquelas mais
ação de massas úmidas. vulneráveis à caça, à poluição e à destruição de habitats,
B) o inverno semelhante ao encontrado no clima tem aumentado significativamente nos diferentes biomas
subtropical do Sul do Brasil: redução das temperaturas brasileiros. O estado de Goiás possui como bioma o
devido à presença da massa polar. Cerrado, considerado um complexo mosaico vegetacional
C) o verão pouco chuvoso com elevadas temperaturas com altas potencialidades. A perda de espécies no Cerrado
que se assemelham às condições do verão da porção está relacionada principalmente à
Centro-Sul do Brasil.
A) sobre-exploração e à introdução de espécies não
D) a fraca pluviosidade provocada pelas condições de nativas, especialmente de predadores, competidores
relevo pouco acidentado e com baixas altitudes, que e patógenos no bioma.
impedem a formação de chuvas orográficas.
B) introdução acelerada de uma agricultura mecanizada e
E) a reduzida atuação de massas de ar, como a Tropical
favorável às condições locais para validar as políticas
continental e a Polar atlântica, ambas portadoras de
do agronegócio como benefício à sustentabilidade.
elevado grau de umidade.
C) ausência de políticas adequadas ao manejo sustentável
07. (ACAFE-SC) As atuais projeções de mudanças climáticas das espécies, visto que o Cerrado é considerado
MU1B
globais indicam que, assim como a maioria das regiões do legalmente um patrimônio natural brasileiro como
mundo, o Brasil também estará vulnerável aos efeitos das a Amazônia.
mudanças climáticas. Como a população e as atividades
D) manutenção de áreas de proteção ambiental em
são sensíveis ao clima, a natureza e o nível das mudanças
propriedades particulares, uma vez que o Cerrado
no futuro podem ser muito importantes para a vida
no país. Alguns estudos mostraram que as mudanças naturalmente favorece a preservação de determinadas
90 Coleção 6V
Ecossistemas
A) pelo contrabando de espécies da fauna e da flora No Brasil, há duas áreas hotspot, cujas características
locais por empresas que pretendem patentear seus estão listadas a seguir:
princípios ativos.
Flora Fauna
B) pela exportação ilegal de espécies nativas com Áreas Clima
característica característica
destacado valor decorativo que chegam ao destinatário
Palmito, pau-brasil,
sem as características anunciadas. cedro, peroba, Mico-leão-dourado,
Quente
C) pelo extermínio das espécies a mando de investidores 01 jacarandá, onça-pintada,
e úmido
que procuram reduzir o valor das terras para futura orquídeas, jaguatirica, macuco.
compra e exploração. samambaias.
BIOLOGIA
as áreas 01 e 02, respectivamente.
10. (UECE–2015) “Os manguezais são formações florestais
que ocorrem em áreas abrigadas do litoral tropical, no A) Mata Atlântica e Cerrado.
ponto de contato entre o continente e o mar [...]. Embora B) Floresta Amazônica e Campos Gerais.
sua área seja relativamente pequena, a interface entre o C) Mata de cocais e Caatinga.
continente e o mar é um dos ambientes mais dinâmicos D) Pantanal e vegetação litorânea.
do planeta.” Sobre o mangue, é correto afirmar que
E) Mata de araucária e Mangue.
A) por demorar a reagir a mudanças no ambiente
costeiro, os manguezais não são bons indicadores da 12. (UFTM-MG) O mapa indica um dos biomas brasileiros.
SS8Z
dinâmica ambiental da área litorânea.
MT
B) a zona costeira, além de sofrer a variabilidade induzida
por mudanças globais, é hoje a região de menor
densidade populacional do planeta e hospeda pequena
parte das áreas urbanas e regiões industriais. GO
C) para se desenvolver em um ambiente tão dinâmico,
os manguezais devem apresentar elevado grau de
MG
resiliência (capacidade de retomar rapidamente seu
ponto de equilíbrio após um distúrbio), alterando sua MS
distribuição e características estruturais de acordo
SP
com as feições do litoral e com as forças dominantes
em um dado período.
13. (FUVEST-SP–2017) Em 1903, o botânico alemão Christen 02. (Enem–2016) Em uma aula de biologia sobre formação
Raunkiaer propôs um sistema que reconhece cinco vegetal brasileira, a professora destacou que, em uma
região, a flora convive com condições ambientais curiosas.
formas de vida para as plantas terrestres. Essas formas
As características dessas plantas não estão relacionadas
são classificadas de acordo com (i) a posição das gemas
com a falta de água, mas com as condições do solo, que
caulinares em relação ao solo e sua exposição a fatores é pobre em sais minerais, ácido e rico em alumínio. Além
ambientais e (ii) a permanência ou não dessas gemas disso, essas plantas possuem adaptações ao fogo.
nas diferentes estações do ano. As características adaptativas das plantas que correspondem
à região destacada pela professora são:
Os esquemas I, II, III e IV representam as proporções
relativas das formas de vida das plantas presentes em A) Raízes escoras e respiratórias.
quatro biomas terrestres (Tundra, Floresta Temperada, B) Raízes tubulares e folhas largas.
Floresta Tropical e Deserto). C) Casca grossa e galhos retorcidos.
D) Raízes aéreas e perpendiculares ao solo.
Gemas localizadas acima do solo,
I E) Folhas reduzidas ou modificadas em espinhos.
de alguns a muitos metros.
Gemas próximas ao solo, de
II alguns a poucos centímetros. 03. (Enem–2016) A vegetação apresenta adaptações ao
ambiente, como plantas arbóreas e arbustivas com
Gemas na superfície do solo.
raízes que se expandem horizontalmente, permitindo
III
Gemas subterrâneas forte ancoragem no substrato lamacento; raízes que se
Gemas temporárias, que morrem expandem verticalmente, por causa da baixa oxigenação do
IV
depois da dispersão das sementes substrato; folhas que têm glândulas para eliminar oexcesso
de sais; folhas que podem apresentar cutícula espessa para
reduzir a perda de água por evaporação. As características
Complete a tabela a seguir, escrevendo o nome do bioma
terrestre que corresponde a cada um dos esquemas, I, descritas referem-se a plantas adaptadas ao bioma:
II, III e IV. A) Cerrado. D) Manguezal.
B) Pampas. E) Mata de Cocais.
Esquema Bioma terrestre
C) Pantanal.
I
II
GABARITO Meu aproveitamento
III
IV
Aprendizagem Acertei ______ Errei ______
• 01. A • 04. Soma = 45
• 02. E • 05. A
C) desenvolvimento do embrião no interior de ovo com Seção Enem Acertei ______ Errei ______
casca.
• 01. B • 02. C • 03. D
D) capacidade de controlar a temperatura corporal.
E) respiração realizada por pulmões foliáceos. Total dos meus acertos: _____ de _____ . ______ %
92 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 12
Sucessão Ecológica
Denomina-se sucessão ecológica o processo natural pelo Vejamos alguns exemplos de sucessões ecológicas:
qual uma comunidade muda gradualmente com o decorrer
A) Sucessão ecológica iniciada a partir da superfície
do tempo, até atingir uma situação de maior estabilidade
de uma rocha nua – A superfície de uma rocha
denominada clímax.
granítica nua e compacta é extremamente árida, uma
Alguns autores costumam classificar as sucessões vez que tal superfície não absorve água. Toda a água
ecológicas em primárias e secundárias. que a rocha recebe da chuva, por exemplo, escorre
ou evapora rapidamente. Por isso, são pouquíssimos
• Sucessão primária – Ocorre em uma área
os seres vivos que conseguem se instalar nesse
anteriormente sem vida. Representa a ocupação
local e se desenvolver. Praticamente, só os liquens
por seres vivos de uma área ou superfície até então
(associação mutualística de algas com fungos)
nua. É o que acontece, por exemplo, quando há o
conseguem se instalar e se desenvolver na superfície
aparecimento de espécies vegetais em uma região de uma rocha nua. Assim, sorédios (fragmentos de
cujas condições não são inicialmente favoráveis, liquens) transportados pelo vento, ao caírem sobre a
como dunas de areia, rochas nuas ou derrame de superfície da rocha nua, se instalam e desenvolvem-se,
lavas vulcânicas. iniciando o povoamento daquela região. Dessa forma,
• Sucessão secundária – Ocorre em uma área os liquens constituirão a comunidade pioneira na
abandonada, onde, anteriormente, já havia uma superfície da rocha.
comunidade que, por algum motivo, foi destruída. Uma vez instalados, os liquens começam a liberar
Essa área pode ser, por exemplo, um campo de cultivo sobre a superfície da rocha certos ácidos orgânicos
abandonado ou uma floresta após um incêndio. que, lentamente, vão degradando a superfície,
abrindo pequenas fendas, onde começam a se
Assim, o local que no passado era apenas a superfície seus cadáveres e os restos orgânicos das gramíneas
nua (despovoada) de uma rocha, após certo tempo, (pedaços de folhas, raízes, etc.), vão se acumulando
torna-se um solo onde cresce e se desenvolve uma no ambiente, o que propicia o surgimento de
comunidade mais estável e predominantemente decompositores (bactérias, fungos). Estes, por
arbórea, que persiste até que uma mudança sua vez, enriquecem o solo com mais nutrientes
no ambiente, natural ou provocada pelo homem, minerais por meio da atividade de decomposição.
perturbe o seu equilíbrio. Além disso, os restos orgânicos que se acumulam
no solo retêm mais umidade. As gramíneas fazem
Sucessão ecológica primária também uma sombra sobre a superfície do solo e,
assim, a luz e o calor que chegam diretamente a ele são
Ecese Séries Clímax reduzidos. Isso contribui ainda mais para aumentar
a umidade, uma vez que diminui a evaporação da
Liquens → Musgos → Gramíneas → Arbustos → Árvores água da superfície do solo. As raízes das gramíneas
também ajudam a segurar a terra, evitando que
Nesse exemplo de sucessão ecológica, os liquens foram a ecese, esta seja carregada com facilidade pelos ventos ou
isto é, a etapa inicial do processo, enquanto a comunidade pela água das chuvas. Com isso, o solo torna-se
predominantemente arbórea constitui o clímax. As comunidades mais compacto.
dos musgos, das gramíneas e dos arbustos, que apareceram
A instalação e o desenvolvimento da comunidade
entre o início (ecese) e o final (clímax), foram as séries dessa
pioneira, representada pelas gramíneas, provocaram
sucessão. É bom lembrar que, em qualquer sucessão ecológica,
alterações nas condições ambientais. Ou seja,
as mudanças das comunidades vegetais são acompanhadas
a cobertura vegetal dessas plantas passou a proteger
também por mudanças nas comunidades de animais.
o solo contra a ação direta do vento e das enxurradas,
B) Sucessão ecológica em uma região que sofre evitando a continuidade do processo de erosão
desmatamento – Uma região de mata, cuja e contribuindo para a renovação do húmus e para
comunidade vegetal é formada predominantemente a manutenção da umidade.
por árvores, sofre desmatamento e, em seguida,
Com essas novas condições ambientais (solo mais
é abandonada. Com a remoção de toda a cobertura
compacto, mais úmido e enriquecido com mais
vegetal, o solo da região fica totalmente exposto às
nutrientes minerais), espécies vegetais que
ações do Sol, dos ventos e das chuvas. Esse solo
anteriormente não tinham condições de se instalar
nu fica, portanto, mais sujeito à evaporação da
nesse local podem, então, se estabelecer. Assim,
água e, consequentemente, torna-se mais seco.
surge aos poucos uma nova comunidade vegetal
Paralelamente, a ação conjunta dos ventos e das
formada por ervas diversas, que vão se desenvolvendo
chuvas retira a camada de húmus (matéria orgânica
e ganhando das gramíneas a competição pela
em decomposição, rica em elementos nutritivos
luminosidade. Atraídas pelas ervas, surgem novas
para as plantas), tornando o solo mais estéril.
espécies de animais. A feição da comunidade vai,
A ação dos ventos, das chuvas e notadamente das
então, se alterando, de modo que, depois de algum
águas correntes sobre a superfície da terra favorece,
tempo, a comunidade vegetal, inicialmente formada
também, a erosão.
pelas gramíneas, é substituída por uma comunidade
Veja que, em consequência do desmatamento, vegetal herbácea (ervas).
as condições abióticas do solo foram modificadas.
A comunidade herbácea também irá provocar
O solo, agora seco, pobre em nutrientes minerais, com
alterações nas condições ambientais. Como é pouco
rachaduras, exposto totalmente às ações do Sol, das
mais desenvolvida em porte que a comunidade
chuvas e dos ventos, torna-se um ambiente hostil,
anterior das gramíneas, sua cobertura reduz ainda
onde poucas espécies de organismos conseguem
mais a quantidade de luz e calor que chega à
se instalar e sobreviver. Entretanto, na natureza,
superfície do solo, contribuindo, assim, para torná-lo
existem espécies de seres vivos dotados de grande
mais úmido. Suas raízes também seguram mais
tolerância em relação a diferentes adversidades
a terra, tornando o solo mais compacto e firme.
ambientais e que, por isso, conseguem se desenvolver
Com isso, arbustos podem se instalar na região e,
em lugares onde poucos viveriam. Assim, sementes
então, gradativamente, a comunidade herbácea vai
de gramíneas, trazidas pelo vento, podem chegar
sendo substituída por uma comunidade arbustiva.
até essa área onde houve o desmatamento e iniciar
Esta, por sua vez, lentamente cede lugar para
novamente seu povoamento. Essas gramíneas serão
o desenvolvimento de uma comunidade arbórea
as espécies pioneiras, formando a comunidade ecese.
semelhante à que existia na região antes de ocorrer
Com o estabelecimento da comunidade das o desmatamento. Essa comunidade arbórea constitui
gramíneas, pequenos animais (insetos, aranhas, o desenvolvimento máximo da vegetação compatível
etc.) começam a se instalar na região. As excretas com as condições ambientais da região, isto é,
orgânicas desses pequenos animais, bem como o clímax.
94 Coleção 6V
Sucessão Ecológica
A Lagoa recém-formada
Sucessão ecológica secundária
BIOLOGIA
C) Sucessão em uma lagoa – Logo após a sua formação
natural, a água de uma lagoa é normalmente límpida,
sem vida, com o fundo desprovido de vegetação. Plantas emersas
O fitoplâncton, formado por algas microscópicas, C
é a primeira forma de vida vegetal a se instalar;
em seguida, surgem os animais microscópicos
do zooplâncton. Esses organismos, ao morrerem,
vão se acumulando no fundo, propiciando o processo
de decomposição, que enriquece a água com
nutrientes. O aumento de nutrientes nas águas de Floresta
uma lagoa é denominado eutrofização (eutroficação)
e favorece a proliferação de outras espécies de
vegetais e animais. Uma lagoa eutrófica (que alimenta
bem) é geralmente uma lagoa pouco profunda, de
águas esverdeadas (ricas em algas) e pobre em O2. D
Já uma lagoa oligotrófica (que alimenta mal) é pobre
em nutrientes, geralmente profunda, de águas
límpidas e rica em O2. Os primeiros estágios de uma
lagoa representam oligotrofia e, aos poucos, ocorre
a eutrofização.
O acúmulo de matéria orgânica em decomposição Sucessão ecológica em uma lagoa – (A) ecese, (B) e (C) séries,
no fundo da lagoa cria uma camada de solo mais (D) clímax. Nesse exemplo, a comunidade do fitoplâncton,
fértil, que permite o estabelecimento de plantas formado por algas microscópicas, constitui a comunidade
radiculares (plantas com raízes). As raízes dessas pioneira, enquanto a comunidade arborícola do tipo floresta
plantas ajudam a segurar o solo da lagoa, ao mesmo representa a comunidade clímax.
tempo que as partes mortas dessas plantas também
contribuem para o aumento de nutrientes na lagoa.
Esse fato, associado ao carregamento de material
CARACTERÍSTICAS DE
das áreas vizinhas (terra, folhas mortas, troncos,
etc.) pelas águas das chuvas, determina uma
UMA SUCESSÃO
diminuição gradual da profundidade da lagoa, que
Partindo do estágio inicial (ecese) para o final (clímax), uma
vai se tornando cada vez mais rasa. Começa, então,
sucessão ecológica apresenta as seguintes características:
a surgir uma vegetação emergente e, aos poucos,
a lagoa transforma-se em um pântano ou brejo, com
fauna e flora próprias. Com o constante acúmulo
Aumento da Diversidade de
de material no fundo, a lagoa acaba desaparecendo Espécies ou Diversidade Biológica
e tem início, na área, a instalação de plantas
terrestres. No início, aparecem as gramíneas;
(Biodiversidade)
à medida que o solo vai ficando mais firme, surgem A diversidade inicial é baixa, havendo, normalmente,
plantas de porte um pouco maior, como os arbustos; predomínio de autótrofos. Ao longo da sucessão, há aumento
e, por fim, árvores, que acabam formando uma na diversidade e no número de espécies heterotróficas.
comunidade arborícola típica de uma floresta. No clímax, a diversidade é alta e estável.
Aumento da Complexidade
da Teia Alimentar
No decorrer da sucessão, em consequência do aumento da diversidade de espécies e do surgimento de novos nichos
ecológicos, a teia alimentar se torna cada vez mais complexa.
Aumento da Biomassa
A biomassa ou matéria orgânica aumenta com a sucessão, sendo maior nos estágios clímax. Esse aumento da biomassa
é também uma consequência do aumento da diversidade de espécies.
Biomassa Aumenta
Relação PB/R PB/R > 1 nos estágios iniciais, tendendo para 1 na comunidade clímax
Relação produtividade líquida / biomassa (PL / biomassa) Diminui, pois a produtividade líquida diminui e a biomassa aumenta
Como vimos nos diferentes exemplos, em uma sucessão ecológica, diversas comunidades são formadas com o decorrer
do tempo. Cada estágio modifica o meio abiótico, possibilitando a instalação e o desenvolvimento de novas espécies, mais
aptas a explorá-lo. Quando a comunidade não pode ser substituída por nenhuma outra combinação de espécies mais aptas
a explorar o meio, fala-se em comunidade clímax.
Acredita-se que a grande estabilidade das comunidades clímax deva-se à sua grande diversidade de espécies. Assim, quanto
mais complexo o ecossistema, mais complexas serão as relações dentro dele, já que há maior número de nichos ecológicos
disponíveis. Quanto mais nichos, mais diversificadas ficam a flora e a fauna; quanto mais diversos os componentes vivos,
menores as probabilidades de que uma mudança em uma das condições possa afetar negativamente o ecossistema como
um todo. Por exemplo: quando existem muitas espécies de produtores fotossintetizantes, cada uma delas adaptada a utilizar
determinados comprimentos de onda luminosa ou determinada intensidade de luz, uma mudança na quantidade de luz poderá
afetar alguns produtores, porém não todos eles. Assim, o ecossistema continuará estável e sem modificações apreciáveis.
Sucessão secundária
As comunidades passam por diferentes alterações ao longo dos anos. Essa videoaula falará sobre as mudanças BXB7
que ocorrem em uma área onde anteriormente havia vida.
Sucessão ecológica
Nesse objeto de aprendizagem, você poderá observar a ocorrência de dois eventos de sucessão ecológica: a primária
e a secundária. Compreenda o comportamento das variáveis “diversidade de espécies”, “biomassa” e “produtividade
líquida” nas diferentes fases da sucessão.
Observação: Houve simplificação nas representações da flora e da fauna.
96 Coleção 6V
Sucessão Ecológica
BIOLOGIA
II. A composição das espécies tende a permanecer
02. (Unifor-CE) Considere as afirmações a seguir relativas constante ao longo da sucessão.
à sucessão ecológica. III. Os diferentes organismos dos estágios serais ocasionam
I. É um processo ordenado de mudanças da comunidade. modificações nas condições ambientais locais.
II. Independe das modificações do ambiente físico. Quais são corretas?
III. A sucessão primária inicia-se pelo estabelecimento A) Apenas I. D) Apenas II e III.
de espécies pioneiras no local. B) Apenas II. E) I, II e III.
IV. O processo de sucessão termina com o estabelecimento, C) Apenas I e III.
na área, de uma comunidade clímax.
São verdadeiras, apenas
A) I e II. D) I, III e IV. EXERCÍCIOS
B) I e III. E) II, III e IV.
C) II e III. PROPOSTOS
03. (Unimontes-MG) A sucessão é um fato evidente quando 01. (UFRGS-RS–2016) Os ecossistemas naturais terrestres
E6E1 há um distúrbio externo em um ecossistema, como fogo passam por mudanças através da sucessão ecológica.
ou enchente. Nessa situação, tanto o meio físico-químico Em relação a esse processo, é correto afirmar que ocorre
como os fatores bióticos passam por várias mudanças.
A) estabilidade da biomassa total.
A figura a seguir representa as fases de uma sucessão
ecológica do tipo secundária. Analise-a. B) aumento da biodiversidade.
C) diminuição no tamanho dos indivíduos.
FASES DE UMA SUCESSÃO ECOLÓGICA
D) aumento da vegetação pioneira.
INÍCIO TRANSIÇÃO ESTABILIDADE E) estabilidade na reciclagem dos nutrientes.
O que foi uma terra totalmente devastada, à época, hoje 06. (UFJF-MG) As queimadas, comuns na estação seca em
se vê recuperada e coberta de vegetação. O fenômeno K4LO diversas regiões brasileiras, podem provocar a destruição
biológico que permitiu tal recuperação é conhecido como da vegetação natural. Após a ocorrência de queimadas em
A) cadeia alimentar. uma floresta, é correto afirmar que:
B) sucessão ecológica. A) com o passar do tempo, ocorrerá sucessão primária.
98 Coleção 6V
Sucessão Ecológica
10. (Mackenzie-SP–2016) Os ecossistemas naturais estão em Com base na figura e nos conhecimentos acerca desse
constante modificação. Como se fossem um organismo processo, é correto afirmar:
vivo, eles passam por vários estágios, desde a juventude A) A comunidade que se estabelece, ao final da sucessão
até a maturidade. Sucessão ecológica é o nome que se dá ecológica, é a mais estável possível.
a essa série de mudanças nas comunidades que compõem
B) As espécies que iniciam o processo de sucessão
o ecossistema até atingir a comunidade clímax. ecológica são denominadas espécies clímax.
A respeito das sucessões ecológicas, assinale a alternativa C) A diversidade de espécies da comunidade que se
correta. estabelece é mantida.
A) As espécies pioneiras são as que primeiro se D) As relações ecológicas entre as espécies que se
instalam em um determinado ambiente, podendo ser estabelecem diminuem.
autótrofas ou heterótrofas.
E) As mudanças que ocorrem na população não alteram
B) No início da sucessão, a taxa de fotossíntese é maior o ambiente.
do que a taxa de respiração.
C) O número de nichos ecológicos permanece o mesmo 13. (FASM-SP–2016) O rompimento da barragem de
em todos os estágios da sucessão. 4K49 uma mineradora, em Mariana (MG), trouxe tragédia
BIOLOGIA
D) Somente seres eucariontes podem agir como espécies às populações afetadas e grande impacto ambiental.
pioneiras. A liberação da lama provoca a pavimentação de uma grande
área, porque a lama seca forma uma espécie de cimento.
E) Em uma comunidade clímax, o consumo de CO2 pelas
Em razão da grande quantidade de resíduos, a secagem
plantas é sempre maior do que a produção de CO2.
completa do material poderá demorar dezenas de anos.
Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br>
11. (UEL-PR) Considere os seguintes ambientes.
(Adaptação).
OSGZ I. Superfície de rocha nua
II. Campo de cultivo abandonado Área devastada em Mariana (MG)
III. Floresta recém-derrubada
IV. Dunas de areia recém-formadas
1980
2000
é exemplo de • 04. A
• 09. B
13.
Idade
• B)
0 1-10 10-25 25-100 + de 100
em anos
biodiversidade
100 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA C 09
Noções de Engenharia Genética
A Engenharia Genética é um conjunto de técnicas que Filamento 5’ ... G A A T T C ... 3’
tem por objetivo a manipulação do material genético. Molécula de DNA
São técnicas que permitem identificar, isolar e multiplicar Filamento 3’ ... C T T A A G ... 5’
genes, bem como construir moléculas híbridas de DNA, isto é,
DNA constituído por segmentos originários de diferentes Se a leitura dos dois filamentos for feita no sentido 5’ → 3’,
espécies de seres vivos.
a sequência será G A A T T C; se nos dois filamentos a leitura
for feita no sentido 3’ → 5’, a sequência será C T T A A G.
DNA RECOMBINANTE Assim, essas sequências de bases nesses dois filamentos são
palíndromos.
A tecnologia do DNA recombinante (rDNA), que teve início
na década de 1970, constitui a base da Engenharia Genética Existem vários tipos de enzimas de restrição. Uma delas
e tem por principal objetivo a construção de moléculas de
é a Eco RI que atua na sequência ...G A A T T C ..., fazendo
DNA não existentes na natureza, constituídas por segmentos
o corte da ligação entre o G e o A, conforme mostra o
provenientes de diferentes fontes. Assim, essas moléculas
híbridas podem ser constituídas tanto por segmentos de DNA esquema a seguir:
originários de organismos diferentes, quanto por segmento de
DNA proveniente de um organismo ligado a um DNA sintético A A T T C
(produzido em laboratório, unindo-se os nucleotídeos numa Eco RI G
sequência desejada).
5’...G A A T T C ... 3’
O desenvolvimento da Bioquímica e os estudos genéticos
realizados em micro-organismos, notadamente bactérias 3’...C T T A A G ... 5’
e bacteriófagos, deram uma grande contribuição para a
G
obtenção dos conhecimentos e das técnicas necessários para
a manipulação dos genes. Assim, surgiram “ferramentas” C T T A A
básicas para o desenvolvimento da Engenharia Genética.
Entre elas, destacam-se as enzimas de restrição, também
conhecidas por endonucleases de restrição. As enzimas de restrição podem ser isoladas de diferentes
bactérias. Muitas indústrias cultivam essas bactérias, isolam
As enzimas de restrição são encontradas em certas suas enzimas de restrição e as comercializam, vendendo-as
bactérias e atuam como verdadeiras “tesouras moleculares”,
para laboratórios de genética molecular de todo o mundo.
cortando o DNA em pontos específicos. Costuma-se dizer
O quadro a seguir mostra alguns exemplos dessas enzimas,
que elas têm a propriedade de clivar (cortar, quebrar)
suas fontes (bactérias das quais são obtidas) e os seus sítios
o DNA.
de clivagem (locais onde fazem o corte no DNA).
Essas enzimas, provavelmente, fazem parte do mecanismo
de proteção que certas bactérias desenvolveram contra
Enzima de Sítio de
seus inimigos naturais, os vírus bacteriófagos. Nas células Fonte
restrição clivagem
bacterianas, essas enzimas são capazes de reconhecer o
DNA do vírus invasor como um elemento estranho e, assim, G↓GATCC
promover a sua destruição, cortando-o em pontos específicos, Bam HI Bacillus amyloliquefaciens H
CCTAG↓G
antes que ele sofra o processo de duplicação.
Cada bactéria tem suas próprias enzimas de restrição, e cada A↓AGCTT
Hind III Haemophilus influenzae
enzima reconhece apenas um tipo de sequência de bases TTCGA↓A
nitrogenadas ao longo da molécula de DNA. São, portanto,
altamente específicas, cortando o DNA apenas nos locais onde G↓AATTC
Eco RI Escherichia coli
existem certas sequências de bases nitrogenadas. As sequências CTTAA↓G
de bases nitrogenadas reconhecidas pelas enzimas de restrição
são palíndromos, isto é, iguais nos dois filamentos da molécula G↓TCGAC
de DNA, seja a leitura desses filamentos feita no sentido Sal I Streptococcus albus G
CAGCT↓G
5’ → 3’ ou no sentido 3’ → 5’. Veja o exemplo a seguir:
A ilustração a seguir mostra, de forma bem simplificada, A ilustração a seguir nos dá, resumidamente, uma ideia
a construção de um DNA recombinante. da técnica do DNA recombinante com a utilização de
plasmídios bacterianos.
DNA I DNA II
Insulina
1 humana
2 4 5
3
2
Cissiparidade
3
1 5
Arquivo Bernoulli
4
102 Coleção 6V
Noções de Engenharia Genética
• Clonagem de genes com utilização de bactérias: • Clonagem de gene por meio da técnica do
Um plasmídio bacteriano é isolado e cortado num PCR: Chamada em inglês de Polymerase Chain
determinado ponto com o auxílio de uma enzima Reaction (PCR), que significa “Reação em Cadeia
de restrição. Em seguida, com o auxílio da enzima da Polimerase”, essa tecnologia permite clonar,
DNA-ligase, esse plasmídio é ligado ao fragmento em laboratório, moléculas de DNA. O DNA é colocado
de DNA (gene) que se deseja clonar. Vamos em um meio contendo desoxirribonucleotídeos livres
chamar esse gene A. Forma-se, dessa maneira, e uma enzima DNA polimerase especial, resistente
um plasmídio com DNA recombinante. Esse ao calor, obtida de bactérias que vivem normalmente
plasmídio com DNA recombinante é introduzido em fontes de água quente. Todo esse sistema é,
numa bactéria hospedeira, que passa então a ser
então, submetido a uma temperatura de 98 °C,
uma bactéria transgênica. Essa bactéria é colocada
o que faz com que as duas hélices (fitas) da molécula
num meio de cultura contendo todas as condições
de DNA se separem. Nessas condições, cada fita é
necessárias para o seu desenvolvimento e reprodução.
Ao se reproduzir, a bactéria-mãe duplica todo seu complementada pelos nucleotídeos livres existentes no
material genético, inclusive o gene A de origem meio, formando-se, assim, duas moléculas completas
exógena, e o distribui de forma equitativa entre e idênticas do DNA. Em seguida, o ciclo recomeça; são
as bactérias-filhas formadas. Cada bactéria-filha, produzidas 4 moléculas, e assim por diante.
portanto, terá os mesmos tipos de genes que existiam
BIOLOGIA
Como vimos, existem diferentes técnicas que permitem
na bactéria-mãe. Assim, mantendo-se as condições no clonar um gene.
meio de cultura sempre favoráveis, em pouco tempo, A clonagem de um gene permite que ele seja multiplicado,
o b t é m - s e u m n ú m e r o g ra n d e d e b a c t é r i a s
formando várias cópias, o que é necessário para estudar
geneticamente idênticas. Em todas elas, haverá
detalhadamente sua sequência de bases e, a partir disso,
o plasmídio com o DNA recombinante, e,
a sequência de aminoácidos da proteína que ele codifica.
consequentemente, em todas haverá o gene A.
Pode-se saber em que tipo de célula o gene em estudo
Quando existir um número grande dessas bactérias
transgênicas, seus plasmídios serão isolados, está funcionando e que fatores afetam seu funcionamento.
e deles, com o uso de enzimas de restrição, Um gene também pode ser extraído e transferido para
serão cortados os segmentos contendo o gene A. indivíduos de uma outra espécie. Pode-se, por exemplo,
Obtém-se, assim, um número grande de genes idênticos, introduzir um gene humano em um camundongo; um gene
ou seja, um clone de um determinado gene. de inseto em uma planta; um gene humano em uma planta,
Plasmídeo etc., criando-se assim organismos transgênicos.
Enzimas de restrição bacteriano
fragmentado
Plasmídeo
bacteriano
Tecnologia do DNA recombinante
isolado
Essa animação demonstra os processos de
clonagem para a produção da insulina humana
DNA ligase
Fragmento recombinante. Perceba a importância das enzimas de
de restrição e como a descoberta de seus variados tipos
Plasmídeo plasmídeo aumenta a possibilidade de clonagem de diferentes
com DNA genes de interesse. Bom trabalho!
recombinante Fragmento de
DNA (gene A)
ANIMAIS TRANSGÊNICOS
Animal transgênico é aquele que possui, no seu material
Bactéria hospedeira genético, um ou mais genes originários de outra espécie.
(transgênica) Duplicação do material
genético (cissiparidade) A produção desses animais normalmente se faz na fase
embrionária, introduzindo-se no embrião de uma espécie
genes de outra espécie. Veja o exemplo a seguir:
Colocação das
Filhotes
células-ovo no
recém-nascidos
útero de uma
Desenvolvimento que devem conter
rata
Gene A Gene A dos embriões genes humanos
na “mãe de aluguel” em seus cromossomos
Se introduzirmos genes humanos em embriões de O gene para a produção da enzima luciferase foi isolado
camundongos, estes poderão se desenvolver tendo do vaga-lume e injetado em uma célula meristemática do
genes humanos em seus cromossomos, ou seja, serão fumo (tabaco), onde se incorporou a um dos cromossomos.
camundongos transgênicos. Para isso, procede-se Por meio de técnicas de cultura de tecidos vegetais,
da seguinte maneira: faz-se a fecundação in vitro, ou produziu-se uma planta inteira a partir dessa única célula
seja, retiram-se óvulos de fêmeas colocando-os em um transformada geneticamente. Assim, em todas as células
tubo de ensaio que contém espermatozoides. O processo dessa planta transgênica de fumo, o gene do vaga-lume
é acompanhado pelo microscópio; e tão logo ocorram as se fez presente. Quando essa planta foi regada com uma
fecundações, com aparelhagem de micromanipulação, solução de luciferina, ela começou a brilhar.
injetam-se os genes humanos nos núcleos das células-ovo. Por meio dessa mesma tecnologia, cientistas franceses
Havendo receptividade, os genes injetados se incorporam já conseguiram criar uma planta do fumo, modificada
aos cromossomos das células-ovo, sendo transmitidos geneticamente, capaz de produzir a hemoglobina humana.
quando ocorrer divisões mitóticas às células-filhas. Os ovos Essa pesquisa francesa é parte de um esforço científico
que receberam genes humanos são, então, implantados mundial para se obter um substituto natural para o sangue
no útero de uma fêmea, no qual se desenvolvem, humano, ou seja, obter um sangue que possa ser produzido
originando novos camundongos que conterão em suas em larga escala e que ponha fim à dependência de doadores
células os genes humanos recebidos na fase embrionária. que hoje existe.
Esses camundongos serão, portanto, organismos
Essa tecnologia também já é usada para produzir
transgênicos. Quando um camundongo transgênico
plantas nas quais se incorporam genes bacterianos
se reproduzir, os genes humanos incorporados ao seu material
que conferem resistência a determinados herbicidas
genético poderão ser transmitidos aos descendentes, como
ou a determinadas pragas. Desse modo, essas plantas
qualquer outro gene.
modificadas geneticamente são capazes de crescer
Em 1981, usando a tecnologia descrita, pedaços de DNA normalmente em terrenos tratados com esses herbicidas e
de coelho contendo o gene responsável pela produção da resistem ao ataque de pragas.
proteína hemoglobina foram injetados em células-ovo de Entre as grandes esperanças dos cientistas que trabalham
camundongos. Essas células-ovo foram implantadas no com a manipulação genética de plantas, está a de se
útero de fêmeas de camundongos, onde se desenvolveram, produzirem variedades capazes de fixar o nitrogênio do ar.
dando origem a vários filhotes. A análise mostrou que os
filhotes de camundongos que nasceram desses embriões Sabe-se que um dos fatores limitantes ao crescimento
tinham hemoglobina de coelho em suas hemácias. das plantas e à produção agrícola é, justamente,
Isso comprovou que o DNA do coelho injetado na célula-ovo a disponibilidade de nitrogênio no solo. Os fertilizantes,
do camundongo se incorporou a um cromossomo e foi que encarecem a produção, têm como principal objetivo
transmitido de célula a célula por meio das mitoses. aumentar a quantidade de nitrogênio disponível às plantas.
Esses camundongos transgênicos foram cruzados entre si, Pesquisas estão sendo feitas no sentido de alterar
e o gene do coelho incorporado ao seu material genético geneticamente as plantas de interesse comercial, introduzindo
foi transmitido de geração a geração, segundo as em seu genoma genes de bactérias fixadoras de nitrogênio.
leis mendelianas. A possibilidade de aumentar a eficiência na fixação de
nitrogênio por meio da Engenharia Genética poderia resultar
As perspectivas de utilização de animais transgênicos a
na produção de alimentos mais baratos para a humanidade.
favor do homem são muito boas. Assim como já acontece
com bactérias transgênicas, num futuro não muito distante, A cada dia, surgem no mercado novas substâncias,
animais transgênicos também poderão ser utilizados como produzidas pela tecnologia da Engenharia Genética, capazes
verdadeiras fábricas para a produção de substâncias de de estimular o crescimento de animais, a produção de leite,
interesse para o homem. o aumento do volume de lã dos carneiros, a produtividade
de plantas cultivadas, a resistência de animais e de plantas
a doenças diversas, etc.
PLANTAS TRANSGÊNICAS Alimentos transgênicos, como o milho e a soja, resistentes
De maneira semelhante ao que acontece com os animais, a herbicidas, já são produzidos e comercializados em alguns
a produção de plantas transgênicas se faz introduzindo em países (EUA, Canadá, Japão, Argentina), embora ainda existam
uma planta genes de uma outra espécie de vegetal ou até polêmicas sobre a segurança ou não para a saúde humana do
de um animal. Vários experimentos bem-sucedidos já foram uso de tais alimentos, bem como se o cultivo dessas plantas
feitos nesse sentido. Um dos mais famosos associou ao geneticamente modificadas pode ou não trazer prejuízos
material genético da planta do fumo o gene do vaga-lume para o meio ambiente. O uso de alimentos transgênicos
responsável pela sua bioluminescência. ainda divide opiniões. Entretanto, muitos cientistas e
A reação de bioluminescência do vaga-lume depende da pesquisadores concordam que a técnica de manipulação do
enzima luciferase. Essa enzima catalisa a reação de oxidação DNA é uma ferramenta poderosa e importante no estudo
da substância luciferina, na qual é produzida luz, conforme dos fenômenos biológicos com repercussão na saúde,
mostra o esquema a seguir: no meio ambiente, na agricultura e na produção de
alimentos. Bem manipulada e devidamente voltada para os
Luciferina + O2 Luciferase Oxiluciferina + H2O interesses maiores da humanidade, a Engenharia Genética
pode contribuir decisivamente para a melhoria do padrão
Luz de vida do homem na Terra.
104 Coleção 6V
Noções de Engenharia Genética
BIOLOGIA
reguladores, responde com o estabelecimento de controle C) inibir a síntese de DNA a partir de RNA.
técnico mais detalhado no campo da biossegurança. D) cortar o DNA onde ocorrem sequências específicas
[...] de bases.
E) modificar a sequência de bases do DNA.
Ao longo dos últimos anos, temos tido a oportunidade
de presenciar um debate acirrado acerca da conveniência 04. (PUC-SP) Em um experimento de Engenharia Genética,
ou não de permitirmos a entrada – e o desenvolvimento – 2MHR
alguns pesquisadores introduziram em células bacterianas
de produtos transgênicos e dessa tecnologia no Brasil. [...] uma sequência de DNA ativo, responsável pela produção
SCHOLZE, Simone H. Biossegurança e produtos transgênicos. de insulina humana.
B) todos os países passarão a produzir soja, prejudicando E) é válida para todas as espécies, independentemente
os atuais exportadores. de sua classificação.
01. (UERJ–2018) Por meio de técnicas desenvolvidas pela C) auxiliar no processo de duplicação do DNA.
AIAW engenharia genética, é possível alterar o DNA das
D) auxiliar no processo de transcrição do mRNA.
células. Uma dessas técnicas se baseia na utilização
de vírus, manipulados por meio de duas enzimas: uma E) auxiliar no processo de tradução do DNA.
responsável pelo corte do material genético viral em
pontos específicos e outra pela inserção de genes de
05. (UFMG) Analise estas figuras:
interesse no vírus. Indique a característica dos vírus que 8BPM
justifica sua utilização na alteração do DNA das células. I II
Em seguida, nomeie as duas enzimas referidas acima, Vacina clássica Vacina de DNA
indispensáveis para esse procedimento. Gene do
Plasmídio antígeno Patógeno
Imunizado
03. (CEFET-MG–2015) Alguns vírus têm sido usados em
1FVH
lavouras de soja como um agente de controle biológico
C o n s i d e ra n d o - s e o s p r o c e s s o s d e i m u n i z a ç ã o
específico contra lagartas. Recentemente foram
representados, é incorreto afirmar que
identificadas as proteínas produzidas por esses vírus e os
genes realmente ativos durante a infecção desses insetos. A) os anticorpos são produzidos tanto em I quanto
Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br>. em II.
Acesso em: 15 ago. 2014 (Adaptação). B) o código genético do patógeno é igual ao do
A identificação desses genes constitui uma importante camundongo.
ferramenta para a
C) o antígeno do patógeno é produzido pelo camundongo
A) elaboração de um parasita inofensivo para a planta. em I.
B) minimização dos danos ecológicos causados pelo vírus.
D) o mRNA do antígeno do patógeno é traduzido em II.
C) criação de linhagem de soja transgênica resistente
à lagarta.
06. (UFGD-MS–2016) Leia o texto a seguir.
D) preservação do inseto polinizador da planta na
fase adulta. Terapia gênica é o tratamento baseado na introdução
E) geração de uma vacina para proteger a planta de genes sadios com uso de técnicas de DNA
das infecções. recombinante. O primeiro teste clínico bem-sucedido
dessa técnica foi divulgado em 1990. Embora ainda
04. (UFC-CE) As principais ferramentas empregadas na em estágio experimental, progressos recentes indicam
tecnologia do DNA recombinante são as enzimas de oportunidades crescentes de investimento pela indústria,
restrição, que têm a propriedade de cortar o DNA em bem como justificam a expectativa de que, em alguns
pontos específicos. O papel biológico dessas enzimas casos, essa tecnologia poderá chegar à prática clínica
bacterianas na natureza é, provavelmente dentro de poucos anos.
106 Coleção 6V
Noções de Engenharia Genética
A base da terapia gênica consiste na introdução 08. (UniCesumar-SP–2015) A espécie de levedura mais
de genes em células. Porém, a entrada de DNA utilizada na produção de álcool no Brasil é a Saccharomyces
puro através da membrana plasmática de células
cerevisae. A CAT-1 é uma das linhagens dessa levedura
eucarióticas é extremamente rara. Essa dificuldade é,
naturalmente, benéfica para o organismo, pois dificulta que apresenta alto rendimento fermentativo. Esse alto
alterações espúrias do metabolismo celular e até mesmo rendimento é atribuído ao fato de essas leveduras
transformações semelhantes às que se observam na conterem genes responsáveis por uma maior produção
evolução das espécies. de vitaminas B1 e B6, essenciais para a sobrevivência
LINDEN, Rafael. Terapia gênica: o que é, o que não é e o que da levedura durante o processo de fermentação.
será. Estud. av., São Paulo, v. 24, n. 70, p. 31-69, 2010. Pesquisadores brasileiros e norteamericanos formaram
recentemente uma equipe multidisciplinar que sequenciou
Escolha a alternativa que representa um exemplo de o genoma da CAT-1.
terapia gênica.
Com base nessas informações, assinale a alternativa
A) Desenvolvimento de um organismo completo a partir correta.
de uma célula somática.
BIOLOGIA
A) As características genéticas da linhagem CAT-1
B) Desenvolvimento de vacina de DNA, que consiste na
permitem o seu uso para a produção de vitaminas
aplicação de um gene que codifica uma proteína típica
B1 e B6 por fermentação alcoólica.
do agente agressor.
B) O sequenciamento do genoma da CAT-1 pode resultar
C) Obtenção de uma nova espécie de bactéria produtora
em isolamento de genes a serem usados futuramente
de insulina humana, que consiste na substituição do
na criação de leveduras transgênicas de outras
processo de extração de insulina de pâncreas de suínos.
espécies.
D) Uso de células-tronco, que consiste na reparação de
tecidos que perderam sua função, por exemplo, por C) A maior produção de vitaminas B1 e B6 certamente
mutação genética. eleva a quantidade de moléculas de ATP geradas nas
cristas mitocondriais da levedura.
E) Sequenciamento do genoma humano visando à
determinação de defeitos genéticos. D) O conhecimento obtido a partir do sequenciamento do
genoma da CAT-1 pode ser útil para compreender a
07. (CMMG–2015) A clonagem é vista por alguns pesquisadores maior eficiência da fermentação aeróbica em relação
MS1K
como uma alternativa para salvar animais ameaçados de à anaeróbica.
extinção. Desde o início de 2000, pesquisas vêm sendo E) O etanol produzido pelo processo de fermentação
feitas em vários países, incluindo o Brasil. Para muitos da linhagem CAT-1 tem maior rendimento porque é
especialistas, porém, esse processo reprodutivo está vitaminado.
longe de ser uma alternativa viável para salvar as mais
de 20 mil espécies ameaçadas. 09. (CEFET-MG) Com o desenvolvimento de técnicas de
No que diz respeito ao uso desse recurso para reduzir genética e aumento da área plantada com transgênicos
a extinção de espécies ameaçadas no planeta, surgiram preocupações com a biossegurança, restringindo
é incorreto dizer que a clonagem esse tipo de cultura. Mesmo assim espera-se que a taxa
de cultivo de organismos geneticamente modificados no
A) é uma ferramenta emergencial no caso de uma
Brasil cresça em média 54% até a safra 2020/21.
multiplicação necessária, quando há poucos
Disponível em: <http://agromais.tv>.
indivíduos, mas ela dificilmente irá recuperar ou Acesso em: 26 jul. 2012 (Adaptação).
salvar uma espécie.
Essas preocupações justificam-se pela possibilidade de
B) nada pode fazer para impedir a destruição de
A) ocorrência de mutações que proliferam células
habitats naturais, causada pela interferência humana.
humanas após a absorção dos transgenes.
É imprescindível proteger as espécies em seu habitat
B) produção de toxinas nocivas ao homem em
natural.
consequência da mutagênese gerada nos vegetais.
C) tem na dificuldade reprodutiva um dos fatores
C) fluxo de genes entre as espécies nativas e as
determinantes para ser excluída das alternativas para
transgênicas que causam impactos na biodiversidade.
aumentar a população de animais ameaçados em seu
D) distribuição de grande número de sementes
habitat natural.
transgênicas de forma ilícita por produtores após o
D) continua sendo um processo muito complexo, apesar primeiro plantio.
dos avanços científicos, mas os clones são aptos para E) geração de problemas imediatos no fígado e nos
se reproduzir. A expectativa de vida de clones é baixa, rins humanos decorrentes do consumo de alimentos
mas com resultados sempre satisfatórios. transgênicos.
10. (UFRN) Como fazer um salmão comum virar um gigante? Com base no texto, foram feitas as seguintes afirmações:
UOVP O segredo é pegar do Chinook (Salmão originário da
I. A imunidade desenvolvida pela vacina de DNA não é
Europa) um trecho de DNA denominado promotor do
hormônio de crescimento e inseri-lo na célula-ovo do imediata, mas é de longa duração.
salmão do Atlântico Norte. A sequência promotora II. O indivíduo geneticamente vacinado passa a produzir
controla, indiretamente, a produção de proteína que, tanto os antígenos quanto os anticorpos.
nesse caso, é a do hormônio de crescimento. Enquanto
o salmão oceânico só produz o hormônio do crescimento III. Patógenos vivos não podem ser usados como vacina,
no verão, o híbrido produz o ano inteiro. pois não determinam imunidade e sim doenças.
Depois da inserção do DNA do Chinook no salmão do IV. Os antígenos produzidos pelo DNA plasmidial são
Atlântico Norte, este passa a ser capazes de combater patógenos que infectem
A) quimera, pois ocorreu a clivagem dos dois alelos o hospedeiro.
do gene que codifica a produção do hormônio do
São afirmações corretas
crescimento.
A) I e II.
B) clone, pois esse organismo foi gerado artificialmente
a partir de óvulos não fecundados, conferindo-lhe B) II e IV.
vantagens quanto ao seu desenvolvimento.
C) III e IV.
C) animal transgênico, pois se trata de um organismo
que contém materiais genéticos de outro ser vivo, D) I e III.
com vantagens em relação ao seu tamanho.
D) organismo geneticamente modificado, pois a inserção 13. (UFSC) Porcos têm sido criados transgenicamente para
do DNA promotor do hormônio do crescimento produz 2KPU que seus órgãos possam ser transplantados em homens;
cópias idênticas do salmão gigante.
cientistas desenvolvem ovelhas “autotosquiáveis”,
isto é, a lã cai sozinha no devido tempo; genes de galinha
11. (UEG-GO–2016) A parte endócrina do pâncreas é
são introduzidos em batatas, deixando os vegetarianos
formada pelas ilhotas pancreáticas, que contêm dois
confusos com a perspectiva de cruzar animais com
tipos de células: beta e alfa. As células betas produzem
plantas [...].
a insulina, hormônio peptídico que age na regulação da
CICLO VITAL, v. 4, p. 14, 1999.
glicemia. Esse hormônio é administrado no tratamento
de alguns tipos de diabetes. Atualmente, através do
A citação anterior mostra avanços da Engenharia
desenvolvimento da engenharia genética, a insulina
administrada em pacientes diabéticos é, em grande parte, Genética.
produzida por bactérias que recebem o segmento de
Assinale a(s) proposição(ões) verdadeira(s) sobre a
A) peptídeo e transcrevem para o DNA humano a transgenia e suas aplicações com relação à saúde e ao
codificação para produção de insulina humana.
meio ambiente.
B) RNA mensageiro e codifica o genoma para produção
da insulina da própria bactéria no organismo humano. ( ) Os organismos transgênicos são aqueles que recebem
C) plasmídeo da insulina humana e codifica o genoma segmentos de DNA da mesma espécie.
agregando peptídeos cíclicos no organismo humano.
( ) Os genes alienígenas permitem ao organismo receptor
D) DNA humano responsável pela produção de insulina
produzir substâncias que nunca produziriam em
e passam a produzir esse hormônio idêntico ao da
condições naturais.
espécie humana.
( ) Os alimentos transgênicos não representam nenhuma
12. (PUC Minas) A vacina de DNA é a mais recente forma de ameaça à saúde humana, e, por isso, não necessitam
apresentação de antígeno que veio revolucionar o campo
ser testados em outras espécies de animais, antes de
da virologia. O processo envolve a inoculação direta do
chegarem ao homem.
DNA plasmidial, que possui o gene codificador da proteína
antigênica, que será expressa e produzida no interior ( ) A produção de insulina, a partir de transferência
das células do indivíduo. Esse tipo de vacina apresenta de genes humanos para bactérias, que passam,
uma grande vantagem sobre as demais, pois fornece
incontinenti, a produzir esse hormônio, é uma das
para o hospedeiro a informação genética necessária para
experiências bem-sucedidas da transgenia.
que ele fabrique o antígeno preservando todas as suas
características importantes na indução de uma resposta ( ) Cientistas interferem na evolução natural das
imune eficiente. Isso sem gerar os efeitos colaterais que espécies, alterando geneticamente animais e plantas.
podem aparecer quando são utilizados patógenos vivos,
ou os problemas proporcionados pela produção das ( ) É fundamental o estabelecimento de limites, tanto por
vacinas de subunidades em micro-organismos. parte dos cientistas como dos governantes, para que
SCIENTIFIC AMERICAN. as manipulações genéticas não resultem em impactos
Desenvolvimento de vacinas gênicas. 1999. ambientais irreversíveis.
108 Coleção 6V
Noções de Engenharia Genética
14. (Unicamp-SP–2016) Aedes aegypti modificados 03. (Enem) Em um laboratório de Genética experimental,
(transgênicos) têm sido utilizados no combate à dengue. observou-se que determinada bactéria continha um gene que
Esses mosquitos produzem uma proteína que mata conferia resistência a pragas específicas de plantas. Em vista
seus descendentes ainda na fase de larva. Mosquitos disso, os pesquisadores procederam de acordo com a figura.
machos modificados são soltos na natureza para procriar
com fêmeas nativas, mas os filhotes resultantes desse
cruzamento não sobrevivem. É possível monitorar
a presença de ovos resultantes do cruzamento de
machos modificados com fêmeas nativas a partir da luz
fluorescente emitida pelos ovos.
2–Isolamento do
3–Clonagem do DNA
A) Descreva o princípio da técnica utilizada para produzir DNA bacteriano
1–Bactéria
os mosquitos modificados. 4–Extração do
gene de interesse
B) Por que os ovos resultantes do cruzamento dos
machos modificados com fêmeas nativas emitem luz
fluorescente? O que é preciso fazer com os ovos para
BIOLOGIA
5–Fabricação
saber se eles emitem luz fluorescente? do gene
7–Planta
6–Inserção do gene nas
SEÇÃO ENEM células do tecido da planta
• 02. D • 08. B
06. (Enem) Os transgênicos vêm ocupando parte da imprensa
com opiniões ora favoráveis ora desfavoráveis. Um
• 03. C • 09. C
genótipo modificado.
A) D)
• B) Esses ovos produzem luz fluorescente, pois
• 01. A
• 02. A
• 03. E
C)
• 04. B
• 05. D
• 06. B
110 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA C 10
Origem da Vida
Desde os tempos mais remotos, desejava-se compreender Experimento de Redi – Pedaços de carne foram colocados
como surgiam os seres vivos. As teorias da abiogênese e em oito vidros, sendo quatro cobertos com gaze, impedindo
biogênese revelam os esforços de diversos pesquisadores na a entrada de moscas, e os outros permaneceram abertos,
busca por respostas. permitindo, assim, a entrada das moscas. Após alguns dias,
Redi constatou a presença de “vermes” (larvas de moscas)
ABIOGÊNESE X BIOGÊNESE apenas nos vidros que ficaram destampados.
putrefação não eram gerados pela própria carne, como se só poderiam ter surgido por “geração espontânea”.
pensava, e, sim, por ovos depositados por moscas adultas.
No século XVIII, Lazzaro Spallanzani, padre italiano e defensor
da biogênese, refez o experimento de Needham, porém fervendo
os frascos ao invés de simplesmente aquecê-los.
Vidros preparados por Redi
Após alguns dias, constatou que os frascos não continham
micro-organismos. Concluiu, então, que Needham não havia
aquecido suficientemente os frascos, e, por isso, não foram
Carne
destruídos todos os micro-organismos ali já existentes. Needham
rebateu, alegando que a fervura teria destruído o “princípio ativo”,
Vidro aberto Vidro fechado com gaze o que explicaria a ausência dos micro-organismos nos frascos.
(presença de moscas na carne) (ausência de moscas na carne)
No final do século XVIII, a descoberta do gás oxigênio e o
seu papel essencial à vida também contribuíram para rebater
Alguns dias depois
o experimento de Spallanzani. Para os defensores da geração
espontânea, a fervura dos caldos orgânicos e a vedação
hermética impediriam a geração dos micro-organismos, uma
Arquivo Bernoulli
A derrubada definitiva da hipótese de que micro-organismos Entretanto, a aceitação da teoria da biogênese explica
seriam formados por “geração espontânea” só ocorreu em 1862, como surgem os seres vivos. Como então teriam surgido
com os famosos experimentos dos frascos em “pescoço de cisne”, na Terra os primeiros seres vivos?
idealizados e realizados pelo cientista francês Louis Pasteur. Do ponto de vista religioso, quase todas as crenças
admitem a existência de um ser superior, criador de
Arquivo Bernoulli
todas as coisas do Universo, inclusive dos seres vivos.
Experimento 1 A essa concepção religiosa dá-se o nome de criacionismo.
Poeira Já do ponto de vista científico, existem hipóteses que
acumulada
procuram explicar o surgimento dos primeiros seres vivos
em nosso planeta, algumas das quais abordaremos a seguir.
Nenhum
Poeira crescimento
microbiano
HIPÓTESE DA PANSPERMIA
Experimento 2 Poeira
CÓSMICA (COSMOZOÁRIOS)
Crescimento
microbiano
Essa hipótese admite uma origem extraterrestre
para a vida em nosso planeta. O panspermismo supõe
que micro-organismos oriundos de outros pontos do
espaço, transportados por meteoros ou por meteoritos,
teriam chegado ao nosso planeta e, encontrando condições
favoráveis de sobrevivência, teriam se proliferado,
E x p e r i m e n t o s d e Pa s t e u r – Pasteur colocou caldos começando o povoamento da Terra.
orgânicos em frascos de vidro e, aquecendo-os, puxou o
Embora aceita por alguns, essa hipótese apresenta duas
gargalo dos mesmos, produzindo, assim, um “pescoço em
grandes restrições:
S” (“pescoço de cisne”), o que não impede a penetração do
ar e, consequentemente, do oxigênio no interior dos frascos. • As formas de vida conhecidas, mesmo as mais
resistentes, como os esporos de bactérias e os cistos
Em seguida, os caldos no interior dos frascos foram fervidos
de protozoários, dificilmente resistiriam, sem proteção
para ocasionar a morte dos micro-organismos por ventura
adequada, às grandes adversidades cósmicas,
neles presentes. Após o resfriamento dos frascos, Pasteur
tais como as grandes variações de temperatura e as
observou que no experimento 1 as partículas em suspensão
radiações mortais de alta intensidade.
no ar (poeira, micro-organismos) ficaram retidas nas curvas
úmidas do gargalo do frasco, e, desse modo, o caldo nutritivo
• A hipótese não explica a origem da vida; apenas
transfere o problema da Terra para outro ponto qualquer
não foi contaminado, permanecendo estéril, destituído de micro-
do Universo. E como teria surgido a vida nesse outro
-organismos, à semelhança do que acontecera no experimento
ponto do Universo? A hipótese não explica.
de Spallanzani.
112 Coleção 6V
Origem da Vida
O ponto de partida dessa hipótese são as supostas Essa experiência de Miller está esquematizada na figura
condições que devem ter existido na Terra primitiva. a seguir:
Tais condições, segundo alguns cientistas, eram:
Fios elétricos
BIOLOGIA
não eram os mesmos que agora predominam em
Água Os compostos orgânicos
nossa atmosfera (N2 e O2). acumulam-se aqui.
fervendo
1 5
• A condensação do vapor-d’água originava chuvas
Tubo em U
que caíam sobre a crosta bastante aquecida.
Com isso, a água evaporava rapidamente e novas
E x p e r i ê n c i a d e M i l l e r s i m u l a n d o a s c o n d i ç õ e s a t m o s fé r i c a s
condensações originavam constantes tempestades da Terra primitiva – Miller introduziu, em seu aparelho,
que eram acompanhadas por inúmeras descargas metano, amônia, hidrogênio e vapor-d’água. O vapor-d’água era
elétricas (raios). produzido pela fervura da água do balão (1). Pelo aquecimento,
os gases são forçados a circular no sentido das setas (2).
• Não existia ainda uma camada de ozônio (O 3) A mistura passa no interior de um grande balão, no qual ocorrem
descargas elétricas de cerca de 60 000 volts (3). Essas descargas
perfeitamente formada, o que acarretava um
simulam os raios. O vapor-d’água é, em seguida, resfriado e
verdadeiro “bombardeio” na superfície terrestre por
condensado (4). Isso simula a condensação de vapor-d’água nas
radiações ultravioleta de alta intensidade. camadas superiores da atmosfera e as chuvas. Os compostos
formados nesse sistema depositam-se na parte do tubo em
Partindo dessas supostas condições que teriam existido na forma de U (5).
Terra primitiva, Oparin imaginou que a alta temperatura do
Para alguns cientistas, a composição da atmosfera
planeta e a ocorrência de descargas elétricas na atmosfera
primitiva não teria nem CH4 (metano) nem NH3 (amônia),
pudessem ter provocado reações químicas entre os gases
sendo constituída por vapor-d’água, H2 (hidrogênio), N2
(amônia, metano, hidrogênio e vapor-d’água), fazendo surgir
(nitrogênio), grande quantidade de CO2 (gás carbônico) e CO
compostos orgânicos como aminoácidos, monossacarídeos,
(monóxido de carbono), provenientes das intensas erupções
ácidos graxos, etc. Esses compostos orgânicos formados na
vulcânicas da época. Entretanto, mesmo admitindo essa
atmosfera teriam se precipitado, junto da água das chuvas,
nova composição de gases da atmosfera primitiva, as ideias
na superfície do planeta. Devido à alta temperatura da
de Oparin não são invalidadas, uma vez que com essa nova
superfície, a água retornava rapidamente à atmosfera por
composição de gases também teria sido possível a formação
evaporação, deixando os compostos orgânicos sobre as
rochas bastante aquecidos. de aminoácidos e outras substâncias orgânicas, conforme
se demostrou por meio de experimentos semelhantes ao
Em 1953, Stanley Miller construiu uma aparelhagem
de Miller.
por meio da qual procurou recriar as supostas condições
da nossa atmosfera primitiva. Colocou num balão de Miller, com o seu experimento, comprovou que é possível,
vidro: amônia, metano, hidrogênio e vapor-d’água. sob certas condições especiais, formar aminoácidos
Submeteu esses gases ao aquecimento prolongado e abiogeneticamente, isto é, sem a participação de seres
a constantes descargas elétricas de alta intensidade. vivos. Se, experimentalmente, isso pode ocorrer, por que
Depois de certo tempo, Miller constatou a formação de não poderia também ter ocorrido em condições naturais na
alguns aminoácidos no interior de sua aparelhagem. nossa atmosfera primitiva?
Um outro cientista, Melvin Calvin, realizou experimentos Nesse tempo, já deveriam ter surgido proteínas com
semelhantes ao de Miller; porém, bombardeou os gases da capacidade catalisadora, isto é, enzimas, que aceleravam
atmosfera primitiva com radiações e obteve, entre outros, os processos de síntese de novas substâncias. Assim,
compostos orgânicos do tipo carboidrato. compostos ricos em radicais fosforados poderiam ter se
combinado com proteínas, formando nucleoproteínas
As experiências de Miller, Calvin e outros demonstraram
com capacidade de autoduplicação. Essas nucleoproteínas
a possibilidade da formação de diferentes tipos de
compostos orgânicos antes do surgimento de seres vivos autoduplicáveis seriam os protogenes, isto é, os genes
na Terra. Isso, evidentemente, fortaleceu ainda mais a primitivos. Esses protogenes teriam se associado uns
hipótese de Oparin. aos outros, formando filamentos, os cromossomos.
Esses cromossomos primitivos, envoltos pela massa de
Oparin presumiu que as moléculas de aminoácidos sobre
coacervados, originaram gotículas quase vivas, as pré-células.
as rochas aquecidas, sob estímulo de calor, pudessem
A posterior organização de moléculas proteicas e lipídicas
combinar-se por ligações peptídicas, dando origem a
na periferia das pré-células fez surgir uma membrana
moléculas maiores, denominadas protenoides, que seriam
lipoproteica, reguladora do trânsito de substâncias entre o
as primeiras proteínas a existir na Terra.
exterior e o interior daqueles microscópicos glóbulos. Com o
Em 1957, Sidney Fox submeteu uma mistura de
seu equipamento de nucleoproteínas e de enzimas, a gotícula
aminoácidos secos a aquecimento prolongado e demonstrou
assumia um certo grau de autonomia para funcionar e para
que eles reagiam entre si, formando cadeias peptídicas,
se reproduzir. Teriam surgido, assim, as mais rudimentares
com o aparecimento de moléculas proteicas pequenas.
e primitivas células. Surgia a vida no planeta Terra.
Essa demonstração de Fox também contribuiu para
fortalecer a hipótese de Oparin. O e s t u d o d o s f ó s s e i s m a i s a n t i g o s r e ve l a q u e
Continuando seu raciocínio, Oparin admite que a aproximadamente 3,5 bilhões de anos separam os nossos
insistência das chuvas por milhões de anos e o resfriamento dias do período em que a Terra conheceu as primeiras
da superfície terrestre levaram ao aparecimento dos formas de vida. Estudos geológicos, por sua vez, indicam
primeiros mares na Terra. Para esses mares primitivos, que o nosso planeta tem idade em torno de 4,5 a 5 bilhões
foram sendo arrastadas as proteínas e outros compostos de anos. Portanto, durante parte de sua existência, a Terra
orgânicos que se formavam sobre as rochas quentes. foi um planeta despovoado. Durante esse período é que
Os mares primitivos seriam, então, uma verdadeira “sopa teriam ocorrido os fenômenos relacionados por Oparin em
orgânica” ou “caldo orgânico”. sua hipótese.
Neles, as proteínas, juntamente com a água, teriam Ainda de acordo com a hipótese heterotrófica, as primeiras
formado sistemas coloidais (coloides). Da aglomeração células surgidas nos mares primitivos devem ter sido
e da interpenetração dos coloides teriam surgido os heterótrofas. Sabe-se que o mecanismo enzimático dos
coacervados (coacervar = reunir). O coacervado é um autótrofos é muito mais complexo do que o dos heterótrofos.
sistema coloidal mais complexo, em que um aglomerado Num processo evolutivo qualquer, surgem, primeiramente,
de moléculas proteicas fica envolvido por uma mesma as estruturas mais simples que, por meio de modificações,
camada de água.
vão se tornando cada vez mais complexas. Assim, o processo
Veja a figura a seguir: evolutivo dos seres vivos ocorrido na natureza não deve
ter sido diferente. Com base nesse raciocínio, é mais lógico
Proteínas admitir que os primeiros seres vivos, dotados de mecanismos
enzimáticos mais simples, devem ter sido heterótrofos.
Daí se falar em hipótese heterotrófica. Essa hipótese admite
que esses primeiros seres vivos heterótrofos obtinham no
próprio meio em que viviam, isto é, nos mares primitivos, o
Água
alimento necessário para sua manutenção e sobrevivência.
Lembre-se de que, de acordo com Oparin, os mares
Coloide: cada macromolécula Coacervado: grupos de primitivos eram verdadeiras “sopas orgânicas”.
de proteína está envolta por proteínas compartilhando
uma capa de água. a mesma capa de água. Como esses primeiros seres vivos obtinham energia
dos alimentos? Seriam eles aeróbios ou anaeróbios?
Os coacervados poderiam ter se difundido nos mares Como o mecanismo enzimático da respiração aeróbia é
primitivos e, com o passar do tempo, poderiam ir mais complexo do que o da fermentação, e como no meio
englobando partículas orgânicas e inorgânicas, que iriam ambiente ainda não existia o oxigênio livre (O2), é de se
se aderindo a eles, transformando-os em grandes supor que tenham sido anaeróbios, obtendo energia dos
complexos químicos que abrigavam inúmeras substâncias alimentos por meio da fermentação (processo anaeróbio de
(proteínas, ácidos graxos, carboidratos, aminoácidos, etc.). obtenção de energia).
114 Coleção 6V
Origem da Vida
BIOLOGIA
é mais lógico supor que as primeiras formas de vida tenham
Fermentação → Fotossíntese → Respiração aeróbia
sido extremamente simples e que, ao longo do tempo, por
meio de um lento e progressivo processo evolutivo, foram
A hipótese heterotrófica tem suas restrições. Ela se tornando cada vez mais complexas, originando toda essa
não explica, por exemplo, como se deu o surgimento variedade de organismos que conhecemos.
substâncias corretas e a manipulação adequada Esse objeto de aprendizagem contém informações acerca
da aparelhagem são cruciais para a formação das duas importantes hipóteses utilizadas para explicar a
dos compostos orgânicos. Escolhas inadequadas podem origem da vida, heterotrófica e autotrófica, com destaque para
invalidar a hipótese de Oparin e Haldane, mudando os rumos
as aquisições evolutivas metabólicas que os seres primitivos
da ciência ou mesmo criando problemas no laboratório. Boa
apresentaram. Aproveite o vídeo para compreender um pouco
experimentação!
mais sobre elas. Boa tarefa!
01. (UFPI) Todo ser vivo se origina por reprodução de outro II. Segundo a hipótese heterotrófica, os primeiros
ser vivo da mesma espécie. organismos eram estruturalmente muito simples e
O texto anterior está de acordo com a viviam em um ambiente aquático rico em substâncias
nutritivas, mas sem oxigênio dissolvido na água ou na
A) teoria da geração espontânea.
atmosfera. Eles usavam essas substâncias químicas
B) teoria da biogênese.
como alimento, sendo, portanto, heterótrofos.
C) hipótese heterotrófica da origem da vida.
III. Segundo a hipótese de Oparin e Haldane, os seres
D) hipótese autotrófica da origem da vida.
vivos não se originaram na Terra, mas em outros
E) hipótese do criacionismo. planetas e foram trazidos para a Terra por meteoros
que caíram aqui.
02. (UEMS) A origem da vida no planeta foi possível devido
Assinale a opção verdadeira.
a uma série de eventos que se sucederam. Em relação a
esse fato, analise as proposições: A) Somente a afirmativa I é correta.
III. Surgimento de organismo capaz de utilizar a energia 05. (UFES) Durante os primeiros bilhões de anos de
2NV3
luminosa. existência da vida, os seres procariontes evoluíram e
desenvolveram processos bioquímicos fundamentais,
A ordem considerada mais aceita, em que os eventos
anterior aconteceram, está contida na alternativa: tais como mecanismos de duplicação do material
hereditário, síntese de proteínas, obtenção de energia e
A) I, II, III
outros. Em relação à evolução dos processos de obtenção
B) II, I, III
de energia, é lógico se pensar que
C) III, II, I I. a presença de oxigênio na atmosfera permitiu que
D) III, I, II uma linhagem de seres procariontes desenvolvesse
E) II, III, I um mecanismo de obtenção de energia –
a respiração aeróbica.
03. (Cesgranrio) Em 1953, com um aparelho bem engenhoso, II. uma linhagem de seres procariontes desenvolveu um
H2UJ o pesquisador Stanley Miller acrescentou um elemento processo de fabricação de substâncias orgânicas que
a mais para a compreensão da origem da vida. usa luz solar como fonte de energia – a fotossíntese.
Reproduzindo as condições ambientais primitivas no seu
III. a fermentação é um processo de obtenção de energia
aparelho, conseguiu obter aminoácidos sem a participação
bastante simples, e os primeiros seres vivos deviam
de seres vivos, tendo usado para isso apenas
utilizá-lo, por ser um processo anaeróbico.
A) ADN, ATP, acetil-coenzima A e metano.
IV. durante o processo da fotossíntese, ocorre degradação
B) ADN, ATP, oxigênio, luz e calor. de moléculas de água, com liberação de energia e de
C) água, nitrogênio, carbono e faíscas elétricas. oxigênio para a atmosfera.
D) metano, água, NH3, H2 e descargas elétricas. Aponte a alternativa que apresenta a sequência correta
A) I – II – III – IV
04. (UECE) A origem da vida na Terra é um assunto que
B) II – IV – III – I
sempre preocupou a humanidade e que desperta opiniões
C) II – III – IV – I
controversas e debates acalorados entre partidários de
diferentes correntes. Analise as afirmativas a seguir sobre D) III – I – II – IV
116 Coleção 6V
Origem da Vida
dizia: “Coloca-se, num canto sossegado e pouco Há mais de 2 500 anos, muito antes de Francesco Redi
iluminado, camisas sujas. Sobre elas espalham-se grãos (1626-1697), podemos afirmar que os gregos
de trigo, e o resultado será que, em 21 dias, surgirão
A) eram adeptos da Geração Espontânea.
ratos”?
B) foram os primeiros que demonstraram a veracidade da
A) Biogênese Abiogênese.
B) Renascimento C) acreditavam que a matéria orgânica em decomposição
BIOLOGIA
geravam larvas.
C) Adaptação
D) sabiam que as moscas eram responsáveis pelas larvas
D) Abiogênese
que surgiam nos cadáveres.
E) Abiótica
04. (UNITAU-SP) No início da década de 1950, um cientista
BBUR
02. (FESP-BA) A figura seguinte representa a experiência norte-americano construiu um equipamento no qual colocou
G571 hidrogênio, amônia e metano, disparando descargas
de Redi.
elétricas e adicionando vapor-d’água nessa mistura.
Após uma semana de experimento, houve a formação
de um líquido no qual foram encontrados compostos
orgânicos e alguns aminoácidos.
06. (UNEB-BA-2015) A origem da vida na Terra é uma A figura ilustra o surgimento, no processo de formação
questão ainda em aberto. No entanto, sabe-se que, da Terra, de alguns seres vivos. Considerando essa figura
há cerca de 3,5 bilhões de anos, já havia, na Terra e os múltiplos aspectos a ela relacionados, assinale a
primitiva, atividade de organismos unicelulares – opção correta.
cianobactérias. Vários processos químicos antecederam A) Assim como os insetos, a molécula de DNA circular
a vida unicelular. Primeiramente, foi preciso que surgiu há menos de meio milhão de anos.
substâncias químicas básicas, como metano, amônia, B) Quando os primeiros vertebrados surgiram na Terra,
sulfeto de hidrogênio, dióxido de carbono, fosfato e os invertebrados já existiam há mais de dois milhões
água formassem compostos de interesse biológico, de anos.
como a glicina, presente em proteínas. Em uma segunda C) Três milhões de anos antes de os mamíferos surgirem,
etapa, teriam sido produzidos lipídios e fosfolipídios. não existiam organismos fotossintetizantes na Terra.
Posteriormente, em fases mais avançadas, moléculas de
D) Antes de surgirem os invertebrados marinhos, a
ácido ribonucleico, RNA, seriam formadas, permitindo a
atmosfera terrestre possuía características redutoras e,
síntese de proteínas. (PACHECO, 2014, p. 35-38). assim, a biomassa era gerada pela respiração celular.
PACHECO, José Antônio de Freitas. E) O surgimento de cianobactérias contribuiu para o
Quando a vida surgiu no universo? Ciência Hoje. acúmulo de O2 na atmosfera.
São Paulo: SBPC, n. 318, v. 53, set. 2014.
08. (PUC RS-2016) Com base na foto a seguir, que apresenta
9E79
A atividade das cianobactérias iniciou uma revolução que uma réplica do experimento de Miller-Urey, exposta no
mudou o cenário da Terra primitiva com reflexos na vida Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (MCT-PUCRS).
118 Coleção 6V
Origem da Vida
09. (UPE) Em uma gincana de Biologia, você concorre a uma vaga para representar Pernambuco na etapa nacional.
NVK6
O ponto sorteado foi Origem da vida. Você e seu adversário receberam cartas de um jogo, relacionadas às hipóteses: (1)
autotrófica e (2) heterotrófica. Observe as cartas a seguir:
Processos CO2
O2
Energia
Fermentação
Os primeiros
procariotas eram
capazes de
Fotossíntese sintetizar seu
próprio alimento
orgânico.
Respiração
BIOLOGIA
Carta 1 Carta 2 Carta 3 H 2O Carta 4
Equação
FeS2 + H2
FeS + H2S Dissulfeto Hidrogênio
de ferro
Fulfeto Gás
de ferro sulfídrico + energia
Carta 5
Vence aquele que inter-relacionar as cartas, montando uma sequência coerente com uma dessas duas hipóteses, associando
as afirmações das colunas 1 e 2.
Coluna 1 Coluna 2
A) I e A. D) III e A.
B) I e B. E) III e B.
C) II e A.
120 Coleção 6V
Origem da Vida
D) A formação dos cloroplastos precedeu a formação das 15. (Unicamp-SP) Em 1953, Miller e Urey realizaram
mitocôndrias na história da vida, já que, para ocorrer experimentos simulando as condições da Terra primitiva:
a respiração celular, é necessária a presença do O2 supostamente altas temperaturas e atmosfera composta
produzido pela fotossíntese.
pelos gases metano, amônia, hidrogênio e vapor-
E) Englobamentos primitivos entre seres unicelulares -d’água, sujeita a descargas elétricas intensas. A figura
distintos geraram relações parasitárias que representa o aparato utilizado por Miller e Urey em seus
BIOLOGIA
Área de
III. Origem da célula
condensação
IV. Respiração
V. Fermentação Água
fervente
VI. Evolução orgânica
B) I, II, III, IV, V, VI. B) Cite um produto obtido que confirmou essa hipótese.
C) VI, V, IV, III, II, I. C) Como se explica que o O2tenha surgido posteriormente
D) III, I, II, IV, V, VI. na atmosfera?
E) V, VI, II, IV, III, I.
14. (UnB-DF) Num balão de vidro com o gargalo recurvado e SEÇÃO ENEM
TUQU
aberto, Pasteur ferveu um caldo nutritivo, deixando esfriar
lentamente. O caldo permaneceu inalterado por muitos 01. (Enem) Em certos locais, larvas de moscas, criadas
dias. A seguir, o gargalo foi removido e, 48 horas depois, em arroz cozido, são utilizadas como iscas para pesca.
era evidente a presença de bactérias e fungos no caldo. Alguns criadores, no entanto, acreditam que essas larvas
Assinale as alternativas corretas, referentes ao surgem espontaneamente do arroz cozido, tal como
experimento descrito. preconizado pela teoria da geração espontânea. Essa
A) As bactérias e fungos do ar foram incapazes de passar teoria começou a ser refutada pelos cientistas ainda
ao longo do gargalo e atingir o caldo nutritivo após no século XVII, a partir dos estudos de Redi e Pasteur,
seu resfriamento.
que mostraram experimentalmente que
B) O aquecimento matou as bactérias e fungos
A) seres vivos podem ser criados em laboratório.
primitivamente presentes no caldo.
C) As bactérias e fungos que apareceram no caldo eram B) a vida se originou no planeta a partir de micro-
de espécies diferentes daquelas que ocorrem no ar. -organismos.
D) O aquecimento inativou, temporariamente, as C) o ser vivo é oriundo da reprodução de outro ser vivo
substâncias do caldo capazes de originar bactérias e
pré-existente.
fungos.
D) seres vermiformes e micro-organismos são
E) Os sinais evidentes da presença de bactérias e
fungos no caldo nutritivo foram consequência da evolutivamente aparentados.
multiplicação rápida desses micro-organismos. E) vermes e micro-organismos são gerados pela matéria
F) Todo ser vivo procede de outro ser vivo. existente nos cadáveres e nos caldos nutritivos,
G) Bactérias e fungos são autótrofos. respectivamente.
02. (Enem) As áreas numeradas no gráfico mostram a De acordo com o gráfico, é correto afirmar que
composição em volume, aproximada, dos gases na atmosfera A) as primeiras formas de vida surgiram na ausência de O2.
terrestre, desde a sua formação até os dias atuais.
B) a atmosfera primitiva apresentava 1% de teor de oxigênio.
100
C) após o início da fotossíntese, o teor de oxigênio na
90
atmosfera mantém-se estável.
80
D) desde o Pré-Cambriano, a atmosfera mantém os
Composição (%)
70
I II mesmos níveis de teor de oxigênio.
60 IV
E) na escala evolutiva da vida, quando surgiram os
50 anfíbios, o teor de oxigênio atmosférico já havia
40 se estabilizado.
30
20
• 07. E • 14. A, B, E, F
Oxigênio (% da quantidade atual)
100
J
10
15.
I
à do planeta
semelhante
•
de ozônio
Atmosfera
Atmosfera
Anteparo
primitiva
–3,1
–2,7
–2
–1
–0,7
–0,6
–0,4
–1,6
–0,2
–0,1
122 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA C 11
Teorias Evolucionistas
Para explicar como ocorrem as modificações nas No esforço para terem acesso ao alimento, adquiriram o hábito
características dos seres vivos e o surgimento de novas de esticar o pescoço e as pernas anteriores; e, assim, essas
partes do corpo foram se desenvolvendo pelo uso frequente.
espécies, várias teorias evolucionistas surgiram, entre
Essas características adquiridas passaram a ser transmitidas
as quais destacamos: o lamarckismo, o darwinismo e
de geração a geração, resultando nas atuais girafas de
o neodarwinismo. pescoços longos e de pernas dianteiras desenvolvidas.
causando-lhes uma atrofia. Assim, pelo uso ou desuso foram, aos poucos, sendo esticadas até atingir o tamanho
longo que possuem hoje em dia. A língua comprida e as
de certos órgãos e estruturas do corpo, os indivíduos
garras desenvolvidas dos tamanduás seriam, respectivamente,
passariam a ter novas características, que os tornariam
respostas ao esticamento para capturar formigas e o uso
mais bem adaptados às condições ambientais. Por meio da
frequente para remexer formigueiros; cactáceas teriam suas
reprodução, essas novas características seriam transmitidas folhas reduzidas a espinhos como necessidade de adaptação
aos descendentes. à economia de água. A atrofia dos olhos das toupeiras atuais
seria porque suas ancestrais não necessitavam de visão, já
Vários foram os exemplos citados por Lamarck para
que viviam sob a terra. A atrofia então teria ocorrido devido à
ilustrar suas ideias evolucionistas. O mais célebre de todos
pouca utilização, e essa característica seria transmitida entre as
foi o do pescoço das girafas atuais. Segundo Lamarck,
gerações. Esses exemplos ilustram como o lamarckismo explica
os ancestrais das girafas tinham pescoços curtos, membros
o surgimento de algumas características morfofisiológicas em
anteriores com o mesmo comprimento dos posteriores e determinadas espécies. Observe que, em todos os exemplos
viviam em um ambiente em que a vegetação rasteira era citados, o meio ambiente atua como um fator que “exige”
relativamente escassa; e, por isso, teriam sido forçados modificações nos seres vivos, para que eles possam se tornar
a se alimentarem de folhas situadas no alto das árvores. adaptados às circunstâncias existentes.
Embora certo em suas convicções, o lamarckismo está errado Darwin também ilustrou suas ideias com alguns exemplos.
em suas explicações. A lei do uso e desuso, por exemplo, Para explicar a origem das girafas atuais, ele argumentou da
embora correta para o caso dos músculos, não pode ser seguinte maneira: no passado, os ancestrais das atuais girafas
generalizada para todos os órgãos e todas as partes de um tinham pescoços e patas dianteiras com tamanhos variáveis.
organismo. Além disso, sabemos que nenhuma alteração Entretanto, em algum momento a vegetação rasteira começou
fenotípica provocada por fatores ambientais, isto é, nenhuma a ficar indisponível e as girafas competiam pelo alimento
característica adquirida, transmite-se à descendência. disponível. Aqueles indivíduos que possuíam pescoço mais
A maior falha da teoria está exatamente aí, na transmissão longo e patas dianteiras desenvolvidas foram favorecidos,
dos caracteres adquiridos ao longo das gerações. Apesar já que essas características permitiam acesso às folhagens
de suas falhas, Lamarck teve os seus méritos: foi um localizadas nos pontos mais altos das árvores. Dessa forma,
evolucionista ardente numa época em que predominava o as girafas que possuíam pescoços e patas curtas foram sendo
lentamente extintas, uma vez que a seleção natural favorecia
fixismo e chamou a atenção para o fenômeno da adaptação
a sobrevivência dos indivíduos com as patas dianteiras
ao meio como sendo um processo necessário para a evolução.
desenvolvidas e pescoço longo, as quais conhecemos hoje.
Arquivo Bernoulli
• Face à desproporção entre o crescimento da população
e a quantidade de alimento disponível, os indivíduos
empenhar-se-iam em uma “luta pela vida”.
• Como resultado da luta pela vida, haveria a A mesma explicação se aplica às longas orelhas dos
seleção natural dos mais aptos em prejuízo dos coelhos. Elas permitiam uma audição mais eficiente aos
menos aptos.
coelhos que as possuíam, o que melhorava a capacidade
Apoiando-se nesses pontos, Darwin considerou que certas de percepção dos predadores e favorecia a fuga. Assim, a
características poderiam contribuir para a sobrevivência e característica favorável foi selecionada, enquanto o oposto
para a reprodução de certos indivíduos num determinado
ocorreu com os coelhos de orelhas curtas. Por sua vez, a
ambiente, constituindo variações favoráveis. Indivíduos
competição entre os tamanduás era facilitada para aqueles
portadores de variações desfavoráveis, por sua vez, teriam
que possuíam garras desenvolvidas e língua comprida, já
grandes dificuldades de sobrevivência e seriam extintos.
que tinham maior acesso aos formigueiros e às formigas.
Assim, as diferenças individuais já existentes entre os
Eles então sobreviviam e se reproduziam – em detrimento
indivíduos de uma mesma espécie seriam selecionadas
daqueles que não possuíam tais características –, uma
naturalmente pelo meio ambiente; o meio, então,
como fator de seleção, preservaria os indivíduos portadores vez que se adaptavam com sucesso ao seu meio. Já para
de variações favoráveis e eliminaria os portadores de as cactáceas, o darwinismo explica as folhas reduzidas a
variações desfavoráveis. Dessa maneira, a natureza iria, espinhos, bem como as demais adaptações à economia de
ao longo das gerações, “aprimorando” a espécie, de modo a água, como variações favoráveis que contribuíram para a
torná-la cada vez mais adaptada ao meio ambiente. adaptação e sobrevivência em condições desérticas.
124 Coleção 6V
Teorias Evolucionistas
É possível reconhecer uma grande diferença entre as teorias tarde, com a descoberta das mutações e com o desenvolvimento
lamarckista e darwinista nos exemplos mencionados. Lamarck da genética. Apenas no século XX, com as contribuições dos
defendia que o meio é causador das variações, enquanto para trabalhos de Mendel e a expansão conceitual sobre genes, foi
Darwin, ele as seleciona. Ou seja, o lamarckismo considera possível estabelecer os fatores determinantes da variabilidade
que novas características são impostas pelo meio, enquanto nos seres vivos: as mutações e a recombinação gênica.
o darwinismo defende que as diferentes características já
existem e são apenas selecionadas pelo meio. A principal As mutações são fontes básicas para toda variabilidade
diferença entre essas ideias, portanto, se concentra na genética, pois fornecem a matéria-prima para a evolução.
BIOLOGIA
animais domésticos e alguns vegetais cultivados pertenciam A recombinação gênica também contribui para a
às espécies representantes ainda em estado selvagem. variabilidade. A reprodução sexuada, a segregação
Darwin se dedicou à criação de pombos, cujas variedades independente de dois ou mais pares de genes e o
domésticas eram sabidamente originadas de uma única crossing-over são os fenômenos que permitem novos
espécie selvagem, a Columba livia, a partir da seleção arranjos de genes que chegarão aos gametas, aumentando
artificialmente conduzida pelos criadores. Sua conclusão foi a variabilidade dessas células formadas durante a meiose e,
que a seleção artificial podia ser comparada àquela que a consequentemente, aumentando a probabilidade de
natureza exercia sobre as espécies selvagens. ocorrência de genótipos diferentes.
Da mesma forma que o homem seleciona reprodutores de O neodarwinismo, teoria sintética da evolução ou teoria
uma determinada variedade ou raça, permitindo que apenas moderna da evolução proposta no início da década de 1940,
os que tenham as características desejadas se reproduzam,
constitui uma ampliação das ideias de Darwin: explica as
a natureza seleciona, nas espécies selvagens, os indivíduos
causas das variações nos seres vivos, coisa que o darwinismo
mais adaptados às condições reinantes. Estes deixam um
clássico não conseguiu explicar.
número proporcionalmente maior de descendentes, contribuindo
significativamente para a formação da geração seguinte. A mutação cria novos genes e a recombinação os mistura
com aqueles já existentes, originando os indivíduos
O darwinismo, entretanto, também cometeu falhas.
geneticamente variados de uma população. A seleção
Primeiramente, não soube explicar como surgem as novas
natural então “direciona” o processo evolutivo, uma vez que
variedades ou novas características entre os indivíduos de
seleciona as características mais favoráveis ou adaptativas a
uma mesma espécie. Darwin partiu do princípio de que elas
já existiam entre os indivíduos de uma mesma população. um determinado meio. Em outras palavras, ela favorece os
Também a afirmação de Malthus sobre a desproporção entre portadores de determinados conjuntos gênicos adaptativos,
crescimento populacional e quantidade de alimentos estava que tendem a sobreviver e se reproduzir em maior escala
profundamente exagerada e errônea. Lembre-se de que a que os outros. Dessa forma, enquanto as mutações e a
ideia de Malthus muito influenciou Darwin na elaboração recombinação gênica aumentam a variabilidade genética nos
do conceito de seleção natural. Todavia, o fenômeno “luta seres vivos, a seleção natural a reduz, pois tende a eliminar
pela vida”, proposto por Darwin, é indiscutível, assim como os indivíduos que possuem variações desfavoráveis.
é inegável a seleção natural dos mais aptos.
A evolução, portanto, pode ser considerada como
resultado da seleção natural, atuando sobre a
NEODARWINISMO variabilidade genética.
Como vimos, a teoria evolucionista proposta por Darwin Dependendo das condições ambientais, a seleção natural
não soube explicar as causas das variações ou variabilidades pode atuar em uma população favorecendo certos fenótipos
hereditárias das espécies. Essa explicação só pôde ser dada mais referentes a uma determinada característica.
de Darwin:
A) Seleção natural.
B) Lei do uso e do desuso.
C) Sobrevivência do mais apto.
D) Cada geração sucessiva ficar mais bem adaptada
ao ambiente.
E) Os organismos apresentarem variações hereditárias e,
Fenótipos portanto, transmissíveis.
Os gráficos 1 e 2 representam a curva normal de distribuição de
diferentes fenótipos referentes a uma determinada característica 03. (FUVEST-SP) Uma ideia comum às teorias da evolução
em uma população. propostas por Darwin e por Lamarck é a de que a
Considerando os tipos selecionados de acordo com a curva adaptação resulta
de distribuição normal dos diferentes fenótipos, a seleção A) do sucesso reprodutivo diferencial.
pode ser: direcional, estabilizadora ou disruptiva. B) do uso e desuso de estruturas anatômicas.
• Seleção direcional: favorece apenas um dos tipos C) da interação entre os organismos e seus ambientes.
extremos da curva de distribuição normal. Exemplo: D) da manutenção das melhores combinações gênicas.
em uma população de bactérias onde existem
indivíduos 100% sensíveis, indivíduos parcialmente E) de mutações gênicas induzidas pelo ambiente.
resistentes e indivíduos 100% resistentes a certo
antibiótico, a presença desse antibiótico no meio 04. (UFMG) Sabe-se que a penicilina age de modo pouco
irá favorecer as bactérias 100% resistentes, TMWC eficaz sobre algumas bactérias, que, há algum tempo,
aumentando na população bacteriana a frequência não resistiam à ação desse antibiótico. Esse fenômeno
dos indivíduos portadores do referido fenótipo. pode ser atribuído
A) às mutações provocadas pela penicilina.
• Seleção estabilizadora (normalizadora):
favorece os fenótipos médios da curva de B) à resistência adquirida pelas bactérias quando em
distribuição normal, em detrimento dos fenótipos prese nça do antibiótico.
extremos. Exemplo: pesquisas feitas em diversos C) à produção em massa do antibiótico, tornando-o
hospitais mostram que crianças nascidas com peso menos eficiente.
em torno da média (de 3 kg a 4,5 kg) têm maiores
D) à seleção de bactérias já resistentes ao antibiótico.
chances de sobreviver do que crianças com pesos
muito grandes ou muito pequenos. E) à transmissão de características adquiridas através
do tempo, devido ao meio ambiente.
• Seleção disruptiva (diversificadora): favorece
os indivíduos com fenótipos de ambos os extremos 05. (Unifor-CE) Considere os seguintes itens:
da curva de distribuição normal, em detrimento 748A
dos indivíduos com fenótipos médios. Exemplo: em I. Mutação
um ambiente onde os alimentos para os pássaros II. Adaptação ao meio
estão representados predominantemente por III. Seleção natural
sementes duras e larvas, devem ser favorecidos os
pássaros de bico fino e delicado (que têm facilidade IV. Uso e desuso dos órgãos
de capturar larvas) e pássaros de bico maior e V. Herança dos caracteres adquiridos
mais forte (capazes de quebrar sementes). Nesse A teoria de Lamarck leva em consideração apenas
ambiente, os pássaros de bicos intermediários
estão em desvantagem por não serem muito hábeis A) I, II e III. C) II, III e V. E) III, IV e V.
na obtenção de nenhum dos dois tipos de alimento. B) I, III e V. D) II, IV e V.
126 Coleção 6V
Teorias Evolucionistas
BIOLOGIA
Disponível em: <http://pt.slideshare.net> (Adaptação).
E) A adaptação é o resultado da capacidade de os
Os processos 1 e 2 representam, respectivamente, indivíduos de uma mesma população possuírem as
A) darwinismo e lamarckismo. mesmas características para deixar descendentes.
B) lamarckismo e criacionismo.
C) criacionismo e fixismo. 03. (UECE–2016) Segundo a Teoria da Evolução de Darwin,
D) fixismo e evolucionismo. a seleção natural atua permanentemente sobre as
07. (UFPB) Segundo a teoria darwinista, a afirmação que Nessa figura, em forma de “árvore”, apresentada no livro
A origem das espécies, de Charles Darwin (1859), qual a
explica de maneira mais correta a resistência de bactérias ideia que o autor queria apresentar?
aos antibióticos é: A) Espécies atuais conectam-se entre si em espécies
A) Os antibióticos levam à formação de bactérias ancestrais.
resistentes. B) As gerações mais recentes são melhores ou superiores
a seus ancestrais.
B) Todas as bactérias se adaptam aos antibióticos.
C) Não há conexão histórica entre as espécies, pois existe
C) Os antibióticos selecionam as bactérias resistentes.
um tipo ideal para cada uma.
D) O uso inadequado de antibiótico provoca mutações D) O homem é um ser vivo que sofreu processo evolutivo
nas bactérias. separado dos outros seres.
E) As bactérias tornaram-se resistentes aos antibióticos E) A espécie humana é a mais evoluída, mesmo tendo
devido ao contato com eles. como descendente direto os macacos.
128 Coleção 6V
Teorias Evolucionistas
10. (Cesgranrio) O desenho a seguir representa dois tipos de D) a uma troca de material genético entre os insetos e as
MQEL indivíduos de uma mesma espécie, reproduzindo-se ao plantas nas quais eles viviam, levando à manifestação
longo de quatro gerações. de características das plantas no corpo do animal.
E) à seleção contínua dos indivíduos um pouco mais
camuflados dentro das populações, os quais eram
menos predados e deixavam mais descendentes.
Geração inicial 1ª geração 2ª geração 3ª geração I. A seleção natural tende a diminuir a variabilidade de
espécies pela eliminação de caracteres desprovidos
1º tipo de valor para a sobrevivência.
2º tipo II. As mutações e recombinações cromossômicas tendem
a aumentar a variabilidade genética das populações.
A análise dessa sequência permite afirmar que os III. O ambiente é um fator importante na seleção natural
indivíduos do segundo tipo porque estabelece o padrão para a sobrevivência.
A) transmitiram as características adquiridas no meio Assinale
BIOLOGIA
ambiente para seus descendentes. A) se apenas I e II forem corretas.
B) não sofreram ação da seleção natural, porque eram B) se apenas uma afirmativa for correta.
mais aptos.
C) se apenas I e III forem corretas.
C) possuíam variações favoráveis em relação ao meio
D) se todas as afirmativas forem corretas.
onde estavam.
E) se apenas II e III forem corretas.
D) criaram mutações vantajosas para esse ambiente.
E) desenvolveram resistência às variações ambientais. 13. (UFES–2016) Na segunda metade do século XVIII, Charles
CXXY Darwin e Alfred Wallace descreveram parte de uma
11. (Fatec-SP–2015) Diversas espécies de animais apresentam
teoria que hoje é conhecida como Evolução Biológica.
adaptações morfológicas, as quais permitem que elas se
camuflem no ambiente em que vivem, passando quase Essa teoria postula que a enorme variedade de espécies
despercebidas por predadores. Os insetos conhecidos de seres vivos existentes é resultado de processos de
como bichos-pau são exemplos desse tipo de adaptação. transformação e adaptação inerentes à própria vida.
Eles apresentam o corpo, as pernas e as antenas Baseado nos princípios e conceitos da Evolução Biológica,
extremamente longos e finos, de modo que se confundem faça o que se pede.
com gravetos quando ficam em repouso, apoiados em A) Indique os dois processos que promovem a
árvores ou arbustos, como ilustrado na imagem.
variabilidade genética. Explique cada um deles.
B) Indique e explique o processo pelo qual, sob certas
circunstâncias e ao longo do tempo, as características
favoráveis dos organismos vivos tenderiam a ser
preservadas, enquanto as características desfavoráveis
tenderiam a ser eliminadas.
C) Descreva como o caso de desenvolvimento de
resistência de bactérias a antibióticos e o caso
de desenvolvimento de resistência de insetos a
inseticidas podem ser explicados à luz da Teoria da
Evolução Biológica.
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2016) Darwin, em viagem às Ilhas Galápagos,
observou que os tentilhões apresentavam bicos com
Disponível em: <http://tinyurl.com/pyay2qp>. formatos diferentes em cada ilha, de acordo com o tipo
Acesso em: 18 ago. 2014. de alimentação disponível. Lamarck, ao explicar que o
De acordo com a teoria mais aceita atualmente para pescoço da girafa teria esticado para colher folhas e frutos
compreender a evolução dos seres vivos, a adaptação no alto das árvores, elaborou ideias importantes sobre a
morfológica citada teria surgido, ao longo das gerações, devido evolução dos seres vivos.
A) ao esforço de cada indivíduo em passar despercebido O texto aponta que uma ideia comum às teorias da
por predadores e se tornar o mais semelhante possível evolução, propostas por Darwin e por Lamarck, refere-se
aos gravetos. à interação entre os organismos e seus ambientes, que
B) à proximidade espacial entre os insetos e os gravetos, é denominada de
o que teria levado a uma modificação corporal nos A) mutação.
indivíduos no decorrer de suas vidas. B) adaptação.
C) ao acaso, sendo que os insetos que se tornaram mais C) seleção natural.
semelhantes a gravetos, no decorrer de suas vidas, D) recombinação gênica.
teriam passado essa característica a seus descendentes. E) variabilidade genética.
02. (Enem) Embora seja um conceito fundamental para a 05. (Enem) As cobras estão entre os animais peçonhentos
Biologia, o termo “evolução” pode adquirir significados que mais causam acidentes no Brasil, principalmente na
diferentes no senso comum. A ideia de que a espécie área rural.
humana é o ápice do processo evolutivo é amplamente
As cascavéis (Crotalus), apesar de extremamente
difundida , mas não é compartilhada por muitos cientistas.
venenosas, são cobras que, em relação a outras espécies,
Para esses cientistas, a compreensão do processo citado causam poucos acidentes a humanos. Isso se deve ao
baseia-se na ideia de que os seres vivos, ao longo do ruído de seu “chocalho”, que faz com que suas vítimas
tempo, passam por percebam sua presença e as evitem. Esses animais só
A) modificação de características. atacam os seres humanos para sua defesa e se alimentam
B) incremento do tamanho corporal. de pequenos roedores e aves. Apesar disso, elas têm sido
caçadas continuamente, por serem facilmente detectadas.
C) complexificação de seus sistemas.
Ultimamente, os cientistas observaram que essas
D) melhoria de processos e estruturas.
cobras têm ficado mais silenciosas, o que passa a ser
E) especialização para determinada finalidade. um problema, pois, se as pessoas não as percebem,
aumentam os riscos de acidentes.
03. (Enem) Diferente do que o senso comum acredita, as lagartas
de borboletas não possuem voracidade generalizada. Um A explicação darwinista para o fato de a cascavel estar
estudo mostrou que as borboletas de asas transparentes da ficando mais silenciosa é que
família Ithomiinae, comuns na Floresta Amazônica e na Mata A) a necessidade de não ser descoberta e morta mudou
Atlântica, consomem, sobretudo, plantas da família Solanaceae, seu comportamento.
a mesma do tomate. Contudo, os ancestrais dessas borboletas B) as alterações no seu código genético surgiram para
consumiam espécies vegetais da família Apocinaceae, mas aperfeiçoá-la.
a quantidade dessas plantas parece não ter sido suficiente
C) as mutações sucessivas foram acontecendo para que
para garantir o suprimento alimentar dessas borboletas.
Dessa forma, as solanáceas tornaram-se uma opção de ela pudesse adaptar-se.
alimento, pois são abundantes na Mata Atlântica e na Floresta D) as variedades mais silenciosas foram selecionadas
Amazônica. positivamente.
CORES ao vento. Genes e fósseis revelam origem e E) as variedades sofreram mutações para se adaptarem
diversidade de borboletas sul-americanas. Revista Pesquisa à presença de seres humanos.
FAPESP, n. 170, 2010 (Adaptação).
Nesse texto, a ideia do senso comum é confrontada
com os conhecimentos científicos ao se entender que as
larvas das borboletas Ithomiinae encontradas atualmente GABARITO Meu aproveitamento
na Mata Atlântica e na Floresta Amazônica apresentam
A) facilidade em digerir todas as plantas desses locais. Aprendizagem Acertei ______ Errei ______
B) interação com as plantas hospedeiras da família
Apocinaceae.
• 01. D • 03. C • 05. D
130 Coleção 6V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA C 12
Evidências da Evolução
Como explicar o surgimento da grande variedade de espécies
h
Arquivo Bernoulli
de seres vivos existentes em nosso planeta?
h h
r u h
Os adeptos do fixismo admitem que todas as espécies, u c m
r f r
tal como se apresentam hoje, foram criadas por um ato divino. u
c u
Assim, o número de espécies seria fixo e foi determinado no r
c m m
momento da Criação. Para explicar o desaparecimento de m f m c
f f f
algumas espécies que viveram em épocas passadas e hoje não
mais são encontradas, os fixistas recorrem ao catastrofismo, Galinha Baleia Cavalo Homem
(ave) (mamífero) (mamífero) (mamífero)
ou seja, de tempos em tempos, o Criador submete o mundo
Membros anteriores de alguns vertebrados – Comparação entre
a determinadas catástrofes (dilúvio de Noé, por exemplo),
os esqueletos dos membros anteriores de diferentes vertebrados.
quando algumas espécies são extintas e outras, preservadas. Observe que todos eles possuem um mesmo plano estrutural.
Os ossos estão indicados da seguinte maneira: h = úmero; r = rádio;
A Teoria da Evolução, por outro lado, é adepta do u = ulna; c = carpos; m = metacarpos; f = falanges.
transformismo, ou seja, admite que, devido ao surgimento
de novas características e / ou desaparecimento de outras, A padronização e a semelhança de estruturas anatômicas não
as espécies se modificam com o passar do tempo, adaptando-se se limitam apenas ao esqueleto, estando presentes também na
a novas condições ambientais, podendo originar novas espécies. anatomia das vísceras (órgãos internos). Aves e mamíferos,
O evolucionismo admite que as espécies se transformam com por exemplo, apresentam coração, sistema circulatório, sistema
nervoso, entre outros, constituídos das mesmas partes básicas.
o passar do tempo, e as que atualmente vivem no nosso
planeta descendem de espécies ancestrais que viveram em Órgãos ou estruturas semelhantes que têm, em diferentes
épocas passadas. espécies, a mesma origem embrionária são chamados de
homólogos. Apesar de terem a mesma origem embrionária, esses
São numerosas as evidências que corroboram a linha de órgãos podem ter funções iguais ou diferentes. Por exemplo:
pensamento da maior parte da comunidade científica que tem a estrutura óssea das asas de um morcego (mamífero) e a das
a evolução dos seres vivos como uma realidade incontestável. asas de uma ave são estruturas homólogas relacionadas com
uma mesma função, ao passo que o esqueleto das asas de uma
Entre elas, destacamos as evidências anatômicas, embriológicas,
ave e o dos membros superiores (antebraço, braço e mão) do
bioquímicas, paleontólogicas e zoogeográficas, que serão homem são estruturas homólogas que realizam funções distintas.
discutidas no decorrer do módulo.
É importante não confundir órgãos homólogos com
órgãos análogos.
EVIDÊNCIAS ANATÔMICAS
Órgãos homólogos (homologia) são aqueles que,
em espécies diferentes, podem ter aspecto, nome e função
O estudo da anatomia comparada mostra que espécies muito
diferentes, mas, internamente, apresentam a mesma estrutura
diferentes revelam estruturas com grandes semelhanças,
e têm a mesma origem embrionária. Exemplo: o esqueleto
apresentando um mesmo plano básico de organização. É o que das patas dianteiras de um jacaré (réptil), das nadadeiras
acontece, por exemplo, com a estrutura óssea (esqueleto) dos de uma baleia (mamífero), das asas de uma ave e dos
membros anteriores de diferentes vertebrados. As asas das membros superiores do homem possui os mesmos tipos de
aves, a nadadeira anterior de uma baleia, a pata anterior de ossos e se forma embrionariamente da mesma maneira.
Eles são órgãos homólogos entre si e, indiscutivelmente,
um cavalo e o membro superior (braço) de um homem, ainda
são mais uma evidência do parentesco existente entre essas
que muito diferentes, possuem estruturas ósseas bastante diferentes espécies de vertebrados.
parecidas. Seria isso uma simples coincidência ou uma evidência
Órgãos análogos (analogia) são aqueles que, em espécies
de que esses animais, todos eles vertebrados, descendem de
diferentes, por mero acaso, têm o mesmo nome e a mesma
um ancestral comum, do qual herdaram um plano básico de função, mas possuem estruturas totalmente diferentes, uma
estrutura corporal? vez que se formam embrionariamente por processos diversos.
Arquivo Bernoulli
no desenvolvimento embrionário dos vertebrados (peixes,
anfíbios, répteis, aves e mamíferos). Para os evolucionistas,
isso sugere que essas espécies tiveram no passado um
ancestral comum do qual herdaram um mesmo padrão de
Nadadeira
desenvolvimento nos estágios iniciais. A embriologia comparada
Braço também mostra que essas diferentes espécies de vertebrados,
em determinados estágios do desenvolvimento embrionário,
Nadadeira possuem certas características em comum que normalmente se
O esqueleto do braço do homem e o da nadadeira da baleia são tornam ausentes nos indivíduos adultos. É o caso, por exemplo,
estruturas homólogas, isto é, têm a mesma origem embrionária das fendas branquiais e da notocorda. Isso também evidencia
com o mesmo plano básico de organização estrutural. certo grau de parentesco entre elas.
As nadadeiras das baleias e as dos peixes são órgãos análogos,
Arquivo Bernoulli
isto é, apesar de terem a mesma função (servem para nadar),
possuem origem embrionária diferente, com uma organização
estrutural completamente distinta.
132 Coleção 6V
Evidências da Evolução
As semelhanças bioquímicas também testemunham a favor Um fóssil se forma quando os restos mortais de um organismo
de um laço de parentesco entre espécies distintas, uma vez não sofrem a ação tanto dos agentes decompositores,
que, quanto mais próximas estiverem as espécies na sequência como das intempéries naturais (vento, Sol contínuo, chuva,
evolutiva, menores serão as diferenças bioquímicas entre suas etc.). Dependendo da acidez e dos minerais presentes no
substâncias. Veja no exemplo a seguir a comparação do número sedimento, podem ocorrer diferentes processos de fossilização.
de diferenças nos aminoácidos das cadeias polipeptídicas da A permineralização, por exemplo, é o preenchimento dos poros
hemoglobina entre o homem e outros mamíferos. microscópicos do corpo de um ser por minerais. Já a substituição
Entre o homem e o chimpanzé .....................................0 consiste na lenta troca das substâncias orgânicas do cadáver
por minerais duros, como a sílica, transformando-o em pedra.
Entre o homem e o gorila ............................................ 2
As condições mais favoráveis à fossilização ocorrem quando o
Entre o homem e o macaco Rhesus .............................12
corpo ou parte de um animal ou de uma planta são sepultados
Entre o homem e o cavalo ..........................................43 no fundo de um lago e, rapidamente, coberto por sedimentos.
Diferenças nos aminoácidos da hemoglobina – Considerando Embora as partes duras e mineralizadas (ossos, conchas,
as semelhanças bioquímicas entre os animais relacionados etc.) tenham mais facilidade de formar fósseis, existem alguns
anteriormente, o chimpanzé é o parente mais próximo do
casos raros em que ocorre a fossilização de um organismo
homem, e o cavalo, o mais distante.
inteiro, com a carne, a pele, órgãos internos e esqueleto. Isso
BIOLOGIA
O desenvolvimento da biologia molecular e da genética ocorreu, por exemplo, com mamutes (ancestrais dos elefantes),
tem permitido comparar diretamente a estrutura genética de que permaneceram soterrados nas geleiras da Sibéria, e com
diferentes espécies por meio da comparação de nucleotídios insetos, que fossilizaram presos na resina de pinheiros.
presentes nas moléculas de DNA. A idade de um fóssil pode ser estimada por meio da medição
de elementos radioativos presentes nele ou na rocha em que ele
Porcentagem de se encontra. Essa idade é calculada levando-se em consideração
Pares de espécie
diferença a transformação dos elementos radioativos, que funcionam
Homem – Chimpanzé 2,5% como verdadeiros “relógios” naturais. Os isótopos radioativos
decaem de forma regular em sucessivos períodos de tempo.
Homem – Gibão 5,1% Durante cada um desses intervalos de tempo, conhecidos
Homem – Macaco do Velho Mundo 9,0% como meia-vida, uma parte do material permanece radioativa,
enquanto outra parte igual decai, transformando-se em outro
Homem – Macaco do Novo Mundo 15,8% elemento ou em um isótopo estável do mesmo elemento.
Um exemplo é a datação de carbono-14, que tem uma
Homem – Lêmur 42,0%
meia-vida de 5 730 anos. Enquanto vivo, um organismo
Diferenças na sequência de nucleotídios entre DNA humano e
absorve carbono, seja por meio da alimentação, seja
pela fotossíntese. No entanto, os organismos absorvem
de outros primatas – Determinação da semelhança genética
de maneira indiscriminada tanto 12C quanto 14C. Após a
entre primatas por meio da técnica de hibridização do DNA.
sua morte, o organismo cessa a absorção de carbono, e,
A proporção de DNA híbrido reflete o grau de semelhança entre
enquanto os átomos de 12C são estáveis, os de 14C decaem,
as espécies.
formando 14N. Desse modo, a razão 14C / 12C diminui com
Os resultados da análise bioquímica têm confirmado as o passar do tempo. Ao comparar a relação 14C e 12C e,
estimativas de parentescos entre espécies obtidas por meio sabendo que a meia-vida do carbono é 5 730 anos, é possível
determinar há quanto tempo um organismo viveu.
do estudo de fósseis e da anatomia comparada. Isso reforça
ainda mais a teoria de que as espécies atuais resultam da Tendo-se a quantidade de isótopo radioativo da amostra no
evolução de espécies que viveram no passado, estando todos momento da análise, é possível calcular o número de intervalos
os seres vivos relacionados por graus de parentescos mais iguais, ou períodos de meias-vidas, entre a morte do ser e o
ou menos distantes. momento da análise de seu fóssil, possibilitando a determinação
de sua idade.
EVIDÊNCIAS O estudo dos fósseis permite deduzir o tamanho e a forma dos
organismos que os originaram, possibilitando a reconstrução de
PALEONTOLÓGICAS uma imagem, possivelmente parecida, dos animais e vegetais,
quando estes eram vivos.
Essas evidências estão representadas pelos fósseis. O estudo comparado de numerosos fósseis diferentes, porém
Um fóssil (do latim fossile, extraído da terra) é qualquer resto todos eles de uma mesma linha evolutiva, constitui o que se
ou vestígio de um ser vivo que habitou o nosso planeta em chama ortogênese.
tempos remotos. Pode ser um pedaço de tronco de árvore, uma
concha de molusco, um osso, um dente e mesmo uma simples
pegada. Os fósseis constituem uma prova evidente de que EVIDÊNCIAS
nosso planeta já foi habitado por seres diferentes dos atuais.
O estudo dos fósseis se denomina paleontologia (paleo, antigo;
ZOOGEOGRÁFICAS
onto, ser; logo, estudo) e fornece dados importantes sobre a A observação científica comprovou que as faunas dos
filogenia das espécies, isto é, a história evolutiva das espécies. continentes do Hemisfério Norte (América do Norte,
Os tipos de fósseis encontrados em determinada camada Europa e Ásia) são profundamente semelhantes entre
de solo refletem a flora e a fauna existentes no local, si, já as faunas das terras do Hemisfério Sul (América
por ocasião da formação das rochas. Assim, a análise dos fósseis do Sul, África e Oceania) são flagrantemente diferentes
encontrados em camadas sucessivas de rochas sedimentares umas das outras. No primeiro caso, estão os ursos,
permite deduzir a sequência das formas de vida que estiveram os cervídeos, as raposas, os castores, os lobos, etc.,
em determinado local. distribuídos pelos três continentes do Hemisfério Norte.
03. (CMMG)
A fragmentação da Pangeia (segundo Wegener). YA41
Sapo
Diferença no número de
Desde que começou a Deriva Continental, as terras aminoácidos da hemoglobina
do Hemisfério Sul passaram a ficar separadas por largos 75
Camundongo
50
Espécie
134 Coleção 6V
Evidências da Evolução
04. (UFMG) Verificou-se que, quando uma proteína é 02. (UESB-BA) É famosa a história do médico Edward Tyson,
encontrada em muitos tipos diferentes de seres vivos, 56X6 que, no século XVII, dissecou um golfinho que subira o
as diferenças na composição de aminoácidos dessa Tâmisa e estava à venda em uma peixaria de Londres.
proteína são tanto menores quanto mais próximos Ele descobriu que, por dentro, o que julgava ser um
evolutivamente são os seres comparados e vice-versa. peixe se parecia tanto com os outros quadrúpedes
que só podia ser um mamífero. Mais tarde, dissecou
No esquema a seguir, além do homem, estão
um chimpanzé, revelando o que sua anatomia tinha
representados pelas letras X, Y, Z e W outra espécie do
em comum com um homem. Tyson muitas vezes é
grupo dos primatas, um mamífero não primata, um réptil
considerado o pai da anatomia comparada, que, após
e um artrópode (não há correspondência entre a ordem
a emergência da teoria da evolução, permitira aos
das letras e a de citação desses animais). Os valores
biólogos montar a árvore da vida.
colocados nos cruzamentos das linhas são os números
de aminoácidos diferentes no citocromo C dos indivíduos MOSLEY, Michael; LYNCH, John. Uma história da Ciência.
dos quais elas se originam. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 114.
BIOLOGIA
9 consideradas como evidências de um processo evolutivo
X que ocorre entre espécies interligadas por uma
27
ancestralidade comum. Esse tipo de característica
21
1 evolutiva é denominado de
Y
8 15 A) convergência evolutiva.
26 12
Z B) especiação simpátrica.
24
14 C) homologia.
W D) analogia.
As letras X, Y, Z e W correspondem, respectivamente, E) anagênese.
aos indivíduos
A) macaco, mosca, coelho, tartaruga. 03. (UFAC) As transformações sofridas pelos seres vivos ao
WDGJ longo do tempo são o foco dos estudos evolucionários.
B) tartaruga, mosca, macaco, coelho.
As alternativas a seguir podem ser consideradas
C) mosca, tartaruga, coelho, macaco.
evidências evolutivas, exceto
D) coelho, mosca, macaco, tartaruga.
A) A presença de órgãos vestigiais, já que pode ser um
E) mosca, macaco, tartaruga, coelho. indicativo de uma origem ancestral comum.
B) As analogias, porque sua análise evidencia estruturas
05. (PUC RS) Responda à questão com base nos itens numerados
com a mesma função.
de 1 a 4, correspondentes a estudos que são úteis na
C) A análise bioquímica, visto que pode revelar
investigação da evolução biológica de um táxon.
semelhanças entre espécies.
1. Anatomia e embriologia comparadas.
D) As homologias, pois indicam que estruturas têm
2. Similaridade com o DNA de outros táxons. origens embrionárias diferentes, mas que sempre
3. Registros paleontológicos (fósseis). desempenham a mesma função.
4. Existência de órgãos vestigiais. E) Os fósseis, posto que são considerados testemunhas
dos processos evolutivos que os seres vivos vêm
A alternativa que contém o somatório de todos os itens
passando ao longo de milhares ou milhões de anos.
corretos é
A) 6. C) 8. E) 10. 04. (UFG-GO) Leia o texto a seguir.
49A0
B) 7. D) 9. Os animais não podem digerir a celulose sem a ajuda
de bactérias, e muitos vertebrados reservam um beco
sem saída no intestino, o ceco, que abriga esses micro-
EXERCÍCIOS -organismos. O apêndice humano é um resquício do ceco
mais avantajado dos nossos ancestrais vegetarianos.
PROPOSTOS DAWKINS, R. O maior espetáculo da Terra: As evidências da
evolução. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 113.
B) sucessão de seres vivos no decorrer do tempo e suas 09. (FASM-SP) O estudo da homologia e da analogia de órgãos
2BN6 semelhantes dos seres vivos auxilia no entendimento
modificações.
do processo evolutivo de espécies viventes, ainda que
C) oscilações nas frequências gênicas das populações. genealogicamente distantes. A figura ilustra órgãos
semelhantes de morcego, ave e inseto.
D) polimorfismos que facilitaram a evolução.
136 Coleção 6V
Evidências da Evolução
BIOLOGIA
vertebrados é
A) a viviparidade dos répteis e aves.
B) o desenvolvimento do ovo calcário dos anfíbios,
répteis e aves.
C) a embriogênese dos peixes, anfíbios, répteis, aves e
mamíferos.
D) o surgimento da reprodução sexuada nos peixes. Com base nas informações e em seus conhecimentos
E) a endotermia dos répteis e mamíferos. sobre o assunto, é incorreto afirmar que
A) os estágios iniciais do desenvolvimento embrionário
12. (UNITAU-SP) Na natureza podemos reconhecer grande revelam maiores semelhanças entre diferentes grupos
quantidade de estruturas semelhantes, na forma ou filogenéticos do que os estágios mais tardios.
na função, que ocorrem em diferentes animais, como, B) s e m e l h a n ç a s f i l o g e n é t i c a s o b s e r v a d a s n o
por exemplo, as asas dos insetos, das aves e de alguns desenvolvimento embrionário podem ser usadas
como critérios para o estabelecimento de parentesco
mamíferos. Durante a evolução biológica, diferentes
evolutivo entre espécies.
processos e mecanismos resultaram na origem dessas
C) as fendas branquiais observadas no desenvolvimento
estruturas, as quais podem ser homólogas ou análogas.
embrionário do homem indicam que o embrião passa
No que se refere a essas estruturas, é correto afirmar que por uma fase de peixe antes de se diferenciar em
A) e s t r u t u ra s a n á l o g a s t ê m a m e s m a o r i g e m , mamífero.
desempenham as mesmas funções e não indicam D) a independência do meio aquático, mas não da água,
qualquer relação de parentesco. para o desenvolvimento embrionário é um caráter
B) estruturas homólogas compartilham funções e são da filogenético que agrupa os amniotas a partir dos répteis.
mesma origem, mas não indicam qualquer relação de
14. (FUVEST-SP) Quando se comparam as faunas das terras
parentesco. do Hemisfério Norte (América do Norte, Europa e Ásia)
C) estruturas homólogas têm a mesma origem, com as terras do Hemisfério Sul (América do Sul, África
geralmente desempenham as mesmas funções e e Oceania), verifica-se que, nestas últimas, os animais
indicam relações de parentesco. revelam profundas diferenças.
D) estruturas análogas têm a mesma origem, geralmente Animais do “continente negro” são bem diversos dos nossos.
Lá não existem preguiças, tamanduás, tatus, peixes-boi,
desempenham as mesmas funções e indicam relações
pássaros como o sabiá, bem-te-vi, coleiro, etc. Mas também
de parentesco.
aqui não se observam leões, tigres, girafas e zebras.
E) estruturas homólogas não têm a mesma origem, mas Na Oceania, existem ornitorrincos e cangurus. A explicação
desempenham as mesmas funções e indicam relações para este fato está ligada à hipótese de que
de parentesco. A) as terras do norte estão separadas há menos tempo
do que as terras do sul.
13. (PUC Minas–2015) A Filogenia é o estudo da relação evolutiva B) as terras do sul estão separadas há menos tempo do
1DØO que as terras do norte.
entre grupos de organismos (como espécies e populações),
baseada em dados moleculares, morfológicos e fisiológicos. C) a vida surgiu em épocas diferentes nos dois
A Ontogenia define a formação e desenvolvimento do hemisférios e evoluiu também diferentemente.
indivíduo desde sua concepção até a morte. D) houve apenas coincidência, pois todas as espécies se
originaram de um tronco comum que só se diversificou
A figura compara aspectos filogenéticos embrionários em função exclusivamente do fenômeno “mutação”.
de grupos de vertebrados e mostra estágios do E) o homem se encarregou de provocar a distribuição
desenvolvimento ontogenético de cada grupo. anormal das espécies.
Placodermo
Ostracodermo
GABARITO Meu aproveitamento
Braquiópodo
Aprendizagem Acertei ______ Errei ______
Xifosura
Propostos Acertei ______ Errei ______
Quaternário
Ordoviciano
Carbonífero
• • • •
Cambriano
Devoniano
Triássico
Cretáceo
Siluriano
Terciário
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