Juventude Categoria
Juventude Categoria
Juventude Categoria
Belém – PA
2018
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Belém – PA
2018
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CDD 016.37
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BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof.ª Dr. ª Lúcia Isabel da Conceição Silva – Orientadora/Presidente da Banca.
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA – PPGED/ICED/UFPA.
__________________________________________________
Prof. ª Dr. ª Maély Ferreira Holanda Ramos – Avaliadora Titular Interna.
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA – PPGED/ICED/UFPA.
__________________________________________________
Prof. ª Dr. ª Débora Dalbosco Dell'Aglio – Avaliadora Titular Externa.
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRGS – PPGPSICO/UFRGS.
__________________________________________________
Prof.ª Dr. ª Ivany Pinto Nascimento – Avaliadora Suplente Interna.
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA – PPGED/ICED/UFPA.
__________________________________________________
Prof.ª Dr. ª Normanda Araujo de Morais – Avaliadora Suplente Externa.
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza - PPGP/UNIFOR.
12
À N ATALIA MARIA, minha irmã de alma, por estar sempre ao meu lado
desde o início de minha trajetória acadêmica.
AGRADECIMENTOS
CARTA POÉTICA EM AGRADECIMENTO
Introduzo a escrita desta carta com muita emoção por saber que a presente dissertação
é fruto da coletividade, do apoio social e da união.
Minha vida tem sido sustentada por alguém que costumo chamar intimamente de PAI,
mas que também é denominado de DEUS. Nesse período que passei na universidade, o meu PAI
nunca me desamparou, mesmo quando pensei em desistir. A Ele toda a honra!
Além da presença celestial, somente duas pessoas sempre estiveram ao meu lado,
oferecendo-me carinho e cuidando de minha vida afetiva e material: Meu pai, PEDRO
NAZARENO, e minha mãe, N AIR SOUZA. Ambos têm uma trajetória marcada pela persistência,
garra e companheirismo. Todos esses elementos (entre muitos outros) fizeram com que um
jovem rapaz alcançasse aquilo que era inimaginável. Amo vocês!
Quando me reporto à família, não posso deixar de lado três seres humanos que, mesmo
em sua pequenez, conseguem me surpreender com suas ações tão cativantes, doces e amáveis.
À Y ASMIM por sua doçura, ao Y AN por sua gentileza e à KAMILE por sua intensa alegria
contagiante.
Essas mesmas qualidades, eu consigo identificar em N ATALIA MARIA, que foi uma
verdadeira irmã durante todas as adversidades que passei na graduação e agora na pós-
graduação. No entanto, não posso reduzir o papel dessa moça à minha vida acadêmica, pois,
desde quando nos conhecemos, ela esteve ao meu lado em dias ensolarados e/ou chuvosos. Eu
te amo, filha!
Com o tempo um pouco semelhante, há aproximadamente quatro anos, a PROF.ª D R. ª
LÚCIA ISABEL me deu a oportunidade de integrar o GEPJUV. Foi um divisor de águas em minha
trajetória. Dei grandes saltos em minha formação humana que foram impulsionados por um
voto de confiança que recebi dela. Obrigado, Prof.ª, por me ensinar os primeiros passos na
pesquisa científica, estando ao meu lado nas idas a campo. À Prof.ª Lúcia por seu
profissionalismo, compromisso admirável com a transformação social e por acreditar em minha
capacidade!
Em seu grupo de pesquisa, conheci pessoas maravilhosas que atuaram ativamente na
elaboração deste trabalho. T ATIENE GERMANO, empenhadíssima, foi incansável no contato com
as instituições e na aplicação dos instrumentos. ROSELY MAIA, sempre muito dedicada e
carinhosa, esteve ao nosso lado lutando pela aprovação do projeto no Comitê de Ética. MARIA
CÂNDIDA, com sua personalidade cativante, também teve um papel preponderante na coleta dos
questionários. RODRIGO SANTOS, com muito companheirismo, e BRUNA N ASCIMENTO , de forma
muito gentil, aceitaram o desafio de ajudar na tabulação dos dados. BRUNA STELLA, moça
14
amável e carinhosa, que para mim é uma irmã, esteve ao meu lado nas primeiras aplicações do
inventário. A todos vocês, o meu muito obrigado!
Além da equipe do GEPJUV, outro amigo de graduação estendeu sua mão para me
ajudar: JONH MOURA. Sua contribuição na tabulação dos dados foi importantíssima. Obrigado,
meu irmão, pela amizade fraternal!
As contribuições para o aperfeiçoamento do trabalho também vieram através da PROF. ª
DR.ª DÉBORA DELL'AGLIO que gentilmente respondia minhas perguntas enviadas via e-mail,
quando a dissertação ainda estava em fase bem inicial. Posteriormente, novas contribuições
vieram no exame de qualificação. Tê-la como avaliadora de meu trabalho foi um grande prazer!
O texto também foi minuciosamente avaliado pela PROF.ª DR.ª MAÉLY RAMOS, que, pelo
menos nesta página, quero chamá-la respeitosamente de amiga, pois, apesar das relações
hierárquicas existentes, sempre conduziu suas aulas e orientações com empatia, gentileza e
afeição. Registro aqui a minha gratidão pela amizade e orientações que possibilitaram a
composição da Revisão Sistemática que compôs o segundo capítulo desta dissertação.
No mais, o que seria desta pesquisa sem os 542 Q UINHENTOS e QUARENTA E DOIS
ADOLESCENTES e JOVENS que nos receberam nas escolas e partilharam suas experiências
conosco? O que seria desta pesquisa sem os RESPONSÁVEIS que autorizaram os menores de 18
anos a participar? E, por fim, o que seria desta pesquisa sem as ESCOLAS PÚBLICAS que
autorização a entradas dos pesquisadores em seu âmbito. A resposta é simples: nada!
A dissertação também é fruto do coletivo de PROFESSORES e ESTUDANTES do PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (PPGED-UFPA) que
estiveram ao meu lado nas disciplinas cursadas, em eventos científicos e em atos políticos
contra o governo golpista de Michel Temer. Ao coletivo PPGED/UFPA que luta
incessantemente por uma educação pública, de qualidade e socialmente referenciada!
Nesses dois anos no PPGED, pude participar de uma grande variedade de atividades
na UFPA, graças à dedicação exclusiva ao mestrado, através de bolsas de estudos financiada
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Com lágrima em meus olhos iniciei a escrita deste texto e é com um sorriso de felicidade
em meu rosto que eu o finalizo.
A todas as PESSOAS e INSTITUIÇÕES citadas...
A todas as PESSOAS e INSTITUIÇÕES não citadas, mas que contribuíram de alguma forma
com o trabalho, o meu MUITÍSSIMO OBRIGADO! UM VIVA À COLETIVIDADE E AO
COMPANHEIRISMO!
Com carinho,
Cientista Poético – Mateus Souza.
15
“- Acho que o pior para mim daí dessa lista é quando a gente perde
alguém. Perdi meu pai.
- Recente?
- Eu tinha treze anos [...].
- No tempo que ele ficou doente – teve câncer – acho que aí que eu fui
ficar mais ligada com ele. Quando eu recebi a notícia, foi o pior
momento da minha vida (estudante começa a chorar), parece que
alguma coisa tinha saído de mim.
[...] no dia, foi a pior sensação do mundo ver meu pai num caixão.
- E o quê que te ajudou nessa situação?
- Eu acho que foi eu me apegar com Deus. Pedir forças pra Deus.
[...]
- Tu te sentes hoje mais forte depois dessa ‘pancada’ da vida?
- Sim, porque ele conversava muito comigo. Ele dizia:
‘A única coisa que eu quero é te ver formada’.
E hoje em dia, eu digo para o meu pai (que é meu pai de criação):
‘Pai, eu vou me formar, porque eu quero dar orgulho para vocês. O
orgulho que o meu pai queria sentir, eu vou dar para vocês’.
Eu acho que me fortaleceu para manter o foco no que eu quero.
Deu-me forças”.
(SANTOS; SILVA, 2015, p. 12-16).
16
RESUMO
ABSTRACT
This dissertation aims to understand the implications of exposure to stressful events in the lives
of teenagers and young students in public schools and the possible interactions between risk
factors (stressor events) and development protection factors. This is a multi-method research
organized in two studies. The first one consists of a Systematic Review of Literature (SRL) on
stressful events in the development of Brazilian children, teenagers and young people, whose
aim was to construct a panorama of research on the subject. The articles were selected in the
Portal of Periodicals of CAPES, SciELO and the Virtual Health Library - Brazil (VHL-BR),
totalizing a set of 21 empirical articles. The results indicated the lack of productions on the
subject in the North of Brazil and that the youth, as analytical category, is not so evidenced.
The analysis of the research landscape indicated three investigative tendencies: the first one
refers to the studies that deal with the implications of the stressor events in the development;
the second relates to research that discusses these implications but relates them to other
variables in order to identify the developmental outcomes of stress exposure; the third, and last,
concerns the processes that can act as moderators between stressors and developmental
outcomes. The second, quantitative-qualitative study was organized in two samples: the first
(quantitative) sample consisted of 510 (five hundred and ten) students from 8 (eight) public
schools in the city of Belém, of both sexes, with ages between 12 and 24 years, who responded
to the Inventory of Stressful Events in Adolescence - IEEA; the second (qualitative) sample
consisted of 1 (one) Dialogue Group - DG, with a total of 32 students from the 1st year of high
school, held in one of the participating schools of the first stage of the research. The purpose of
the DG was to understand perceptions, meanings and interactions between risk factors and
protection in adolescence and youth. The results indicated a very diverse scenario of stressful
events in which the participants were exposed, above all, in the family and school
microsystems. The survey also identified strong impacts of sexual violence on development.
As a protective factor, it was found that the relations of friendship had a very important
moderating role in the face of these adversities. Finally, it was discussed the need of other
protective processes to be potentialized and perceived by young people, especially in the family
and at school, since there are stressors that need to be addressed in an articulated way with the
help of these institutions.
LISTA DE TABELAS
TABELA 01. Processo quantitativo de seleção dos artigos por descritor e base de dados 64
TABELA 02. Valores absolutos da seleção dos artigos por descritor e base de dado 65
TABELA 03. Características dos participantes 72
TABELA 04. Dezessete termos mais frequentes na nuvem de palavras 74
TABELA 05. Eventos estressores mais frequentes e impactantes para a amostra geral 105
TABELA 06. Escore de frequência de eventos estressores por sexo 106
TABELA 07. Escores médios de impacto de eventos estressores por sexo 107
12
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01. Ano de publicação dos artigos 67
GRÁFICO 02. Tipo de pesquisa 68
GRÁFICO 03. Tipo de análise de dados 68
GRÁFICO 04. Instrumentos e procedimentos de coletas de dados 70
GRÁFICO 05. Etapa de desenvolvimento dos participantes 71
13
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
1.1 Trajetória do pesquisador até a escolha do tema.......................................................... 17
1.2 Delimitação do tema, problemática e objetivos da pesquisa............................................ 21
1.2.1 Questão norteadora ................................................................................................. 25
1.2.2 Objetivos ...................................................................................................................... 25
1.3 Organização da dissertação ........................................................................................... 26
2 REFERENCIAL TEÓRICO: AS CONCEPÇÕES BASILARES E
ESTRUTURANTES DA DISSERTAÇÃO. ............................................................................. 28
2.1 As contribuições da Teoria de Urie Bronfenbrenner para o entendimento do
desenvolvimento humano, da adolescência e da juventude ................................................... 29
2.2 Adolescência (s) e juventude (s): uma discussão teórico-conceitual .......................... 36
2.3 Dados sobre adolescência e juventude no Brasil: entre estatísticas sobre violência e
desigualdades sociais ................................................................................................................ 42
2.4 Eventos estressores, fatores de risco e fatores de proteção: definições e implicações
no desenvolvimento humano .................................................................................................... 50
3 EVENTOS ESTRESSORES NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS,
ADOLESCENTES E JOVENS BRASILEIROS: UM ESTUDO DE REVISÃO
SISTEMÁTICA DE LITERATURA. ....................................................................................... 56
3.1 Método ................................................................................................................................. 56
3.1.1 Delineamento ............................................................................................................... 56
3.1.2 Procedimentos de coleta e análise de dados .............................................................. 57
3.2 Resultados e discussão........................................................................................................ 64
3.2.1 Resultados das buscas ................................................................................................. 64
3.2.2 Caracterização geral dos artigos ................................................................................. 66
3.2.3 Os objetivos gerais das pesquisas ............................................................................... 73
3.3. Considerações finais acerca da RSL ............................................................................. 95
4 ENTRE RISCO E PROTEÇÃO: EVENTOS ESTRESSORES NO
DESENVOLVIMENTO DE ADOLESCENTES E JOVENS ESTUDANTES DE
ESCOLAS PÚBLICAS DE BELÉM/PA. ................................................................................ 98
4.1 Delineamento ...................................................................................................................... 98
4.2 Amostra Quantitativa .......................................................................................................... 99
4.2.1 Caracterização dos Participantes ................................................................................ 99
4.2.2 Local da pesquisa ...................................................................................................... 100
4.2.3 Instrumentos e técnicas ............................................................................................. 100
4.2.4 Procedimentos de Análise de dados ......................................................................... 102
4.3. Amostra Qualitativa ......................................................................................................... 102
4.4 Critérios éticos .................................................................................................................. 104
4.5 Resultados ......................................................................................................................... 105
16
1 INTRODUÇÃO
O primeiro contato com a temática deste trabalho deu-se no ano de 2014, após minha
inserção como bolsista de Iniciação Científica (INC) no GEPJUV.
18
1
Retirado do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq.
Link de acesso: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6360568206173900
2
Cidades e seus respectivos estados:
Maués – Amazonas; Porto Alegre – Rio Grande do Sul; Recife – Pernambuco; São Paulo, Presidente Prudente e
Taubaté – São Paulo; Arco e Belo Horizonte – Minas Gerais; Campo Grande – Mato Grosso do Sul; Brasília –
Distrito Federal.
3
Ceará, Espírito Santo, Pará e Rio Grande do Sul.
19
4
Essa pesquisa deu continuidade às análises de variáveis específicas do banco de dados da pesquisa O ser jovem
em Belém do Pará de Silva (2013) e também realizou Grupos de Diálogos com jovens estudantes de uma das
escolas que participaram da primeira etapa da pesquisa, com o objetivo de compreender percepções, significações
e dinâmica interacional entre fatores de risco e de proteção.
20
De modo geral, os resultados mostraram que os jovens têm percepções positivas sobre
a família e que eles são afetados negativamente por várias situações adversas relacionadas,
sobretudo, a problemas socioeconômicos e à violência na comunidade. Sobre exposição às
drogas, as análises mostraram altos índices de uso de drogas, tanto entre os participantes do
sexo masculino, como entre as do sexo feminino. Também se observou que os jovens têm um
número considerável de amigos e familiares que usam essas substâncias, o que pode caracterizar
exposição a elas. Com isso, notou-se a existência de um contexto ou rede de risco ao
desenvolvimento da juventude e, ao mesmo tempo, observaram-se os papéis exercidos pela
família na construção de fatores de proteção frente a essas adversidades (SOUZA; SILVA,
2015).
Mais à frente, no início do ano de 2016, os dados referentes especificamente a eventos
estressores foram objeto de análise na escrita de meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
em Pedagogia (SOUZA; SILVA; NUNES, 2016). A escolha dessa variável em específico se
deu devido às inquietações que tive durante a iniciação científica, sobretudo, a partir das
relações que fui estabelecendo entre os resultados que havia encontrado e os achados de estudos
anteriores. Naquele momento durante a IC, pude observar que eventos estressores têm relação
com sintomas depressivos (WATHIER; DELL’AGLIO, 2007) e até mesmo com tentativas de
suicídio (FEIJÓ; RAUPP; JOHN, 1999), dentre outros.
Durante a realização da pesquisa, a fala de uma estudante, especificamente, em um dos
Grupos de Diálogo me chamou muito a atenção 5. Ao comentar a situação “alguém muito
importante para mim faleceu”, a estudante descreveu o impacto que a morte de seu pai teve em
sua vida. Durante o relato, a jovem ficou muito emocionada e começou a chorar de forma
intensa. De imediato, os demais estudantes ficaram em silêncio, pensativos, alguns também
ficaram emocionados. Como aquela era minha primeira experiência em pesquisa, não contive
a emoção e, por alguns instantes, comecei a pensar em questões pessoais relacionadas à minha
própria vivência. Esqueci completamente que estava ali como pesquisador. Vale destacar que a
Prof.ª Lúcia Isabel estava à frente do diálogo como mediadora, enquanto eu apenas o observava
e fazia algumas anotações. Sem dúvidas, se estivesse sozinho, eu não teria condições para
conduzir aquela situação. Desse modo, a vontade de continuar aprendendo tanto a fazer
pesquisa, quanto a aprofundar meus conhecimentos, principalmente, sobre adolescência,
juventude e eventos estressores, motivou-me a entrar no mestrado e a dar prosseguimento em
meus estudos sobre esses temas.
5
Trata-se justamente do relato que está nos elementos pré-textuais deste trabalho como epígrafe.
21
forma como eles percebem os eventos vivenciados e os impactos que essas adversidades têm
em suas vidas (POLETTO, 2007; LIMA, 2014).
A presente dissertação se insere nessa perspectiva, tornando-se relevante
academicamente na medida em que:
a. contribuirá na compreensão dos processos relacionados aos fatores de risco e de
proteção na adolescência e juventude em diferentes contextos, já que tem como
objetivo identificar eventos estressores e fatores protetivos em várias dimensões
(pessoal, familiar, escolar, comunitária, etc.);
b. desenvolveu um estudo de Revisão Sistemática de Literatura (RSL) sobre eventos
estressores na infância, adolescência e juventude, o que oferece subsídios para o
entendimento das peculiaridades, similaridades e lacunas dessas investigações. No
mais, também não se pode esquecer que RSL é uma metodologia muito utilizada nas
áreas da saúde e da psicologia, tornando-se importante sua disseminação para outros
campos do conhecimento, como a educação;
c. produziu conhecimento sobre o tema no norte do país, já que, através da RSL, não
foram encontrados estudos em revistas científicas brasileiras nesta região;
d. deu continuidade a uma pesquisa anterior (SOUZA; SILVA; NUNES, 2016) sobre
eventos estressores na adolescência e juventude em Belém/PA, ampliando-se, desse
modo, o foco de compreensão a partir da aplicação de um outro instrumento: O
Inventário de Eventos Estressores na Adolescência – IEEA (KRISTENSEN et al.,
2004). Na pesquisa citada anteriormente, aplicou-se o Questionário Juventude
Brasileira (Versão Fase II; DELL’AGLIO et al. 2011) composto por 77 questões sobre
diversos temas referentes à juventude, entre eles há um item que trata de eventos
estressores, composto por 24 situações que podem se configurar como adversas. Já o
IEEA é um instrumento próprio para investigar estressores e possui 64 situações, o que
possibilita um estudo mais amplo e aprofundado sobre o assunto. No mais, destaca-se
que outras escolas belenenses foram selecionadas para a pesquisa, de bairros distintos;
e. utilizou uma concepção multimetodológica com a adoção de técnicas quanti-
qualitativas através do IEEA e da metodologia dos Grupos de Diálogo (GD). O GD,
por sua vez, possibilitou a apreensão dos sentidos e significados produzidos por um
grupo de jovens participantes da pesquisa a respeito dos dados coletados através do
IEEA. Trata-se, então, de uma pesquisa que apresentará diferentes análises acerca dos
dados coletados e interpretações importantes para a literatura da área.
25
1.2.2 Objetivos
1.1.2.1 Geral
1.1.2.2 Específicos
Este capítulo visa discorrer sobre os conceitos e concepções que embasam e estruturam
todo o debate da dissertação, com base nas seguintes categorias: Adolescência, Juventude,
Fatores de Risco, Fatores de Proteção e Eventos Estressores.
O fio condutor da discussão a que se propõe esta seção é o entendimento dinâmico e
processual da vida de adolescentes e jovens como produto de múltiplas relações entre
características individuais e contextuais, que se constituem historicamente, inter-relacionam-se
e influenciam, desse modo, o desenvolvimento humano. Essa forma dinâmica de conceber o
desenvolvimento da pessoa está fundamenta na Teoria Bioecológica do Desenvolvimento
Humano (TBED), de Urie Bronfenbrenner (BRONFENBRENNER, 1996, 2011;
BRONFENBRENNER; MORRIS, 1998). Tal matriz teórica tem sido muito utilizada como
referência em pesquisas sobre adolescência, juventude, fatores de risco e de proteção no Brasil
(NUNES, 2013; MAIA, 2017; SOUZA; SILVA; NUNES, 2016; NARDI, 2010; SANTOS,
2006; CERQUEIRA-SANTOS et al, 2010; AMPARO et al, 2008).
O presente capítulo está subdividido em três subseções. A primeira apresenta justamente
a TBED, haja vista que ela perpassará por todas as demais subseções e também estará presente
nas análises dos dados da pesquisa empírica que possibilitou a composição do quarto capítulo
deste trabalho. No mais, apresenta-se neste primeiro subitem a concepção de Pessoa, de
Processos, de Contexto e de Tempo que a abordagem pressupõe. Estes quatro elementos são
fundamentais para as demais discussões de todas as seções.
A segunda subseção discute as concepções de adolescência e juventude que alguns
autores brasileiros abordam, cuja centralidade está na ideia de pluralizar estas duas categorias
com o objetivo de se conceber múltiplas adolescências e juventudes, que são construídas pelos
próprios sujeitos em relação com seus contextos socioculturais. Utilizar-se-á neste debate,
especialmente, autores que têm produção focada nas noções e abordagens sobre adolescência e
juventude e que, desse modo, atendem ao objetivo do subitem, tais como: León (2005), Dayrell
(2003), Esteves e Abramovay (2007), Dayrell e Carrano (2003), Campos (2012), Pappámikail
(2010), Groppo (2015), Melo, Souza e Dayrell (2012) e Carrano (2012).
Logo em seguida, na subseção de número três, apresenta-se um conjunto de dados
estatísticos que demonstram que a juventude brasileira está exposta a um contexto de risco,
marcado pela desigualdade social e pela violência. Este panorama é importante para que se
possa visualizar (mesmo que de forma estatística) a situação macroestrutural que os jovens
29
vivenciam no Brasil. Na atualidade, tanto a desigualdade social quanto a violência são fatores
que não podem ser ignorados e que têm afetado fortemente a adolescência e a juventude, uma
vez que, quando se observam os documentos sobre essas questões, identifica-se de imediato
número alarmantes de risco à adolescência e juventude. Isso justifica a relevância de pesquisas
sobre ambas às etapas do desenvolvimento, assim como se propõe esta dissertação.
O quarto e último subitem discute os conceitos de fatores de risco, fatores de proteção
e eventos estressores e de suas possíveis implicações no desenvolvimento humano. Essas três
categorias também são apresentadas de forma dinâmica, visto que nenhum destes
fatores/eventos pode ser definido a priori, haja vista que uma mesma situação pode (ou não)
impactar o desenvolvimento, além de ser percebida de diferentes formas.
relativamente regular, por meio de um longo período de tempo; 3) com o tempo, as atividades
precisam ser cada vez mais complexas; 4) as relações proximais devem ser recíprocas para que
os processos proximais sejam efetivos; 5) a interação recíproca depende da atenção, exploração
e manipulação que a pessoa em desenvolvimento realiza dos objetivos e símbolos que estão
presentes em seu contexto imediato, bem como de sua imaginação (KOLLER, 2004).
Os processos proximais podem produzir dois tipos de efeitos que conduzem a diferentes
resultados no desenvolvimento: 1) o primeiro refere-se aos efeitos de competência que tem
relação com a aquisição e apropriação de saberes, habilidades e capacidades para orientar o
próprio comportamento; 2) o segundo resultado chama-se “efeito de disfunção” que é a
manifestação recorrente de dificuldades em manter o controle e a integração do comportamento
(KOLLER, 2004; LIMA, 2014).
Lima (2014, p.28) exemplifica essa questão:
socioeducativas em meio aberto na cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul,
sob a ótica da TBDH. O primeiro caso, diz respeito a um adolescente de quinze anos que, junto
com seus amigos, foi pego pela polícia com maconha. Devido a isso, ele teve de cumprir, por
seis meses, medidas socioeducativas. Algumas experiências positivas vivenciadas no passado
pelo adolescente demonstraram influências no processo de reflexão sobre os seus atos. Um dos
fatores encontrado no microssistema familiar, que pode ter auxiliado no desenvolvimento moral
do adolescente foi o seu relacionamento positivo com a mãe.
No segundo caso, observou-se que o adolescente, em decorrência do uso de drogas e da
permanência nas ruas, foi morar em um abrigo, o qual se constituiu em outro microssistema
fundamental para o seu desenvolvimento. De acordo com Nardi (2010), este movimento do
ambiente familiar para o abrigo é chamado na TBDH de transição ecológica e provoca inúmeras
mudanças na vida das crianças e adolescentes e em suas redes de apoio social e afetivas. O
último caso, de um adolescente de quinze anos que morava sozinho com a irmã, retrata as
possíveis influências que as mudanças de configuração familiar podem ter na adolescência. Os
pais do adolescente se separaram e foram morar com outros conjugues, deixando o adolescente
e a sua irmã morando a sós. Posteriormente, o adolescente foi pego junto com amigos pela
polícia pichando um muro perto de sua casa e teve de cumprir medidas socioeducativas. Nardi
(2010) comenta que, para a TBDH, existem implicações que podem ocorrer no
desenvolvimento do indivíduo, caso algum momento ou fase de transição aconteça muito cedo
ou muito tarde. No caso deste jovem, chegaria um momento em sua vida que iria morar sozinho.
Porém, de acordo com ele, esse tempo chegou muito cedo, podendo ter ocasionado
consequências negativas em sua vida.
O estudo de Maia (2017) procurou investigar a exposição de adolescentes e jovens
estudantes de escolas públicas de Belém do Pará à violência no contexto familiar, de modo a
identificar suas percepções sobre tal violência, os fatores de risco e os fatores de proteção, tendo
por base analítica a teórica a TBED. Ao todo, participaram 5 adolescentes e jovens, de ambos
os sexos, com idades entre 16 e 19 anos. Os resultados evidenciaram que os participantes têm
percepções positivas sobre o microssistema familiar, apesar de terem sido expostos à violência
física e/ou psicológica neste contexto ao longo de suas trajetórias de desenvolvimento.
Ademais, as falas fluíram para além da família e possibilitam compreender a dinâmica de outros
contextos de desenvolvimento. A pesquisa identificou eventos relacionados à violência em
contexto comunitário (mesossistema), que se manifestaram em brigas e agressões físicas
envolvendo os jovens e membros da comunidade (vizinhos e policiais, principalmente). No
35
mais, também se pôde observar experiências vivenciadas na escola que se constituíram como
potenciais fatores de risco, expressas, por exemplo, em práticas de bullying.
A pesquisa de Maia (2017) também possibilitou compreender as influências que
algumas relações que acontecem na família podem exercer em outros contextos, como é o caso
do apoio familiar em atividades relacionadas à escola, à religiosidade e ao mundo do trabalho.
Isso demonstra o quão dinâmico podem ser as interações entre os sistemas ecológicos e de suas
influências no desenvolvimento na adolescência e juventude. Mais do que isso, a investigação
também demonstrou a dinâmica de papéis que a família exerce diretamente na vida dos jovens,
constituindo-se em alguns momentos como contexto protetivo e, em outros, sendo propulsora
de fatores de risco que se evidenciaram através dos mais variados tipos de violência.
A pesquisa de Nunes (2013) também foi realizada com jovens belenenses e teve por
objetivo investigar os fatores de risco e os fatores de proteção existentes na relação entre os
jovens e o microssistema escolar, utilizando-se, da mesma forma, a TBED. A amostra da
pesquisa foi composta por 610 estudantes de escolas públicas, com idades entre 14 a 24 anos,
de ambos os sexos. Os resultados indicaram vários tipos de correlações, sobretudo, em relação
ao microssistema escolar: reprovação baixas expectativas de futuro acadêmico, boas percepções
quanto à escola e melhores perspectivas acadêmicas, percepção positivas sobre a escola e
autoestima.
Através de todas essas pesquisas, observa-se que as proposições da TBED podem ser
utilizadas em investigações voltadas à adolescência, pois ajudam na compreensão
biopsicológicas), os contextos mais imediatos nos quais ele está inserido (escola, família e
comunidade, por exemplo) e os contextos que independem de sua presença física (conjunto de
valores culturais, por exemplo).
Todos esses processos acontecem de forma diferenciada em cada sociedade e vão
produzir distintas adolescências e juventudes. Assim, estas duas categorias adquirem contornos
específicos em função das múltiplas possibilidades interacionais entre fatores individuais e
contextuais no desenvolvimento humano que nos permitem flexioná-las e compreendê-las de
forma plural, na perspectiva da diversidade. Esse debate será o ponto central da próxima
subseção deste trabalho que tem por objetivo discutir as concepções acerca da adolescência e
juventude presentes na literatura brasileira, bem como defender a necessidade de diversificar e
compreender as vicissitudes de ambas às etapas da vida humana.
De acordo com León (2005), de forma disciplinar, a adolescência tem sido uma
categoria analisada, sobretudo, pela Psicologia, que busca compreender os processos e
transformações particulares de cada indivíduo. A juventude, por sua vez, ganha maior atenção
em outras áreas das ciências sociais – e também das humanidades –, em especial nos estudos
sociológicos, antropológicos, culturais e nos campos da educação e da comunicação.
O que cada área do conhecimento busca compreender é a diversidade e complexidade
de ambas as etapas de vida, já que a adolescência e a juventude são tratadas na literatura como
categorias complexas, polissêmicas e de difícil compreensão (TRANCOSO; OLIVEIRA, 2014;
CARA; GAUTO, 2007; PAPPÁMIKAIL, 2010; DAYRELL; CARRANO, 2002).
Desse ponto de vista,
Por outro lado, mesmo sendo um período “problemático”, a juventude é tida como um
estágio importante e estratégico para o desenvolvimento econômico, sendo os jovens “atores
dinâmicos da sociedade e como potencialidades para responder aos desafios colocados pelas
inovações tecnológicas e transformações produtivas” (SILVA; LOPES, 2009, p. 102). Também
se costuma relacionar o jovem a modelos sociais baseados e construídos nas grandes mídias
(DAYRELL; CARRANO, 2003).
No entanto, essas concepções precisam ser problematizadas, pois
Isso significa que a forma de ser e os papéis sociais exercidos por jovens que têm a
mesma idade, mas que residem em contextos diferentes e com condições socioeconômicas
díspares, não são os mesmos, haja vista que o desenvolvimento humano e, portanto, do
adolescente e do jovem, constitui-se como “o conjunto de processos pelos quais as propriedades
da pessoa e do ambiente interagem para produzir a constância e a mudança das características
biopsicológicas da pessoa ao longo do seu ciclo vital” (BRONFENBRENNER, 2011, p. 139).
39
As autoras parecem partilhar da ideia de que a adolescência deve ser pensada para além
de critérios etários e biológicos. Campos (2012) destaca que as características individuais de
cada ser humano produzem especificidades quanto ao crescimento e à maturação biológica que
impedem a generalização de critérios etários. Frota (2007), por sua vez, comenta que a
adolescência é uma categoria que está em constante movimentação e reconstrução dentro do
curso histórico.
Quanto à categoria juventude, ela, em diversos aspectos, inclui a categoria adolescência.
Dentro das diferentes abordagens, a juventude foi concebida como uma construção social,
histórica, cultural e relacional. Esses critérios ajudam a designá-la como um fenômeno
dinâmico e em permanente mutação. Assim, ser jovem está ligado a critérios etários (categoria
sociodemográfica), a características de amadurecimento em diversas dimensões da vida
humana (sexualidade, afetividade, relações sociais, alterações intelectuais e físicas), a valores
culturais (LEÓN, 2005).
41
De modo geral, essas visões sobre o ser jovem aparecem na sociologia da juventude e,
de acordo com Pais (1990), podem ser agrupadas e traduzidas de forma sintética em duas
grandes linhas: A primeira, conforme já pontuamos, considera a juventude como grupo social
homogêneo, composto por indivíduos cuja característica mais importante é estarem
vivenciando certa fase da vida, isto é, pertencerem a um dado grupo etário. Aqui, a prioridade
é conferida ao estudo daqueles aspectos tidos como mais unitários e constantes dessa etapa da
existência. A segunda tendência, de caráter mais difuso, compreende que, em função da
coexistência de uma multiplicidade de culturas juvenis, compostas a partir de diferentes
interesses e inserções na sociedade (situação socioeconômica, oportunidades, poder, etc.),
define a juventude para muito além de um bloco unitário.
Como base nessa segunda tendência, “vem se tornando cada vez mais corriqueiro o
emprego do termo juventudes, no plural, no sentido não de se dar conta de todas as
especificidades, mas, justamente, apontar a enorme gama de possibilidades presente nessa
categoria” (ESTEVES; ABRAMOVAY, 2007, p. 22). Assim,
a critérios rígidos, muito menos estão estáticas no tempo, mas que estão em constante
movimento no curso histórico, transformando-se e transformando o contexto sociocultural
(MELO; SOUZA; DAYRELL, 2012).
As concepções da juventude como um conjunto unitário e como um conjunto
diversificado não invalidam uma a outra, elas coexistem. Isso acontece porque, de acordo com
Pais (1990), dependendo do enfoque, a juventude pode se apresentar tanto como um grupo
aparentemente homogêneo quanto heterogêneo. No primeiro caso, por exemplo, quando a
compreendemos a partir de critérios etários; no segundo, quando ela é percebida em função das
peculiaridades socioculturais e históricas.
No mais, entendemos que a adolescência e a juventude são, ao mesmo tempo, condições
biopsicossociais e um tipo de representação. Se há uma característica universal entre todos os
indivíduos, composta por alterações no desenvolvimento físico e psicológico, é muito diversa
a forma pela qual as sociedades, em cada momento histórico, vão lidar e representar esse
momento. Essa diversidade encontra materialidade na sociedade e vai transversalizar ambas às
categorias por meio de diferentes condições socioeconômicas (classes sociais), culturais (etnias,
identidades religiosas, valores), de gênero e de regiões geográficas, dentre outros aspectos, que
possibilitam falar em múltiplas adolescências e juventudes, que vivenciam diferentes condições
de vida (PERALVA, 1997; DAYRELL, MOREIRA; STENGEL, 2011; GROPPO, 2015;
MELO; SOUZA; DAYRELL, 2012).
No Brasil, em especial, as condições de vida de adolescentes e jovens tem sido
perpassada por fatores relacionados à desigualdade social, que vão colocar, por exemplo, a
adolescência e a juventude no topo das estatísticas de vítimas de violência. Isso significa que
existem processos contextuais e externos que interferem negativamente no desenvolvimento
nessas etapas de vida. Torna-se relevante frisar que essas condições parecem se acentuar por
idade, gênero, raça, território e classe social, uma vez que, os dados que compuseram o próximo
subitem deste trabalho, demonstram que a violência tem atingido, principalmente, adolescentes
e jovens do sexo masculino, que são negros, moradores de periferias e áreas metropolitanas dos
centros urbanos, que possuem baixas condições socioeconômicas.
2.3 Dados sobre adolescência e juventude no Brasil: entre estatísticas sobre violência
e desigualdades sociais
veremos mais à frente, de modo geral, os mais afetados por esse cenário são jovens pobres e
negros. Há uma série de dados que convergem para essa constatação e que nos ajudam a pensar
em como a juventude de países em desenvolvimento e, em específico no Brasil, são vítimas de
um sistema excludente, desigual e racista. É um cenário que se evidencia, dentre outros fatores,
através da pobreza, da violência, da desigualdade de oportunidades em áreas como educação e
saúde e também através de mecanismos de resistência que a própria juventude elabora e
materializa em seu cotidiano (RAIMUNDO, 2014).
Em relação aos números de habitantes mundiais, os jovens representam uma parcela
significativa e em crescimento. No ano de 1950, os jovens com idades entre 10 e 24 anos
representavam 721 milhões de pessoas em uma população mundial composta por 2,5 bilhões
de habitantes. Após 55 anos, em 2005, os jovens, nesta mesma faixa-etária, somavam 1,02
bilhão, ou 15,8% da população mundial (UNFPA, 2010), que era formada por 6,5 bilhões de
pessoas (PISON, 2005). Dados mais recentes de 2014 revelaram um novo aumento nesses
números: a população mundial passa a totalizar 7 bilhões de pessoas, com cerca de 1,8 bilhão
de jovens com idades entre 10 e 24 anos, isso significa que na atualidade existem “mais jovens
com idades entre 10 e 24 anos do que em qualquer outro momento da história humana”
(FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – UNFPA, 2014, p. 1).
Vale destacar que a maior parte dessa população jovem, encontra-se em países com
baixas condições socioeconômicas, os quais apresentam maiores barreiras à plena realização
do potencial da juventude. Um total de 89% desses jovens, aproximadamente nove em cada 10,
vivem em países em desenvolvimento. Nesses países, é menor o acesso a serviços básicos de
saúde e educação e maior a exposição à violência (UNFPA, 2014).
No Brasil, os dados do último Censo Demográfico (IBGE, 2010) mostraram que havia
190,7 milhões de brasileiros, dentre os quais, 51,3 milhões eram adolescentes e jovens com
idades entre 15 e 29 anos, dentre os quais 84,8% viviam nas cidades e 15,2% no campo. Houve
um aumento significativo de aproximadamente três milhões de jovens em relação ao Censo de
2000, que era de 47,9 milhões (IBGE, 2000; IBGE 2010). Isso significa que a juventude
representava aproximadamente 26% da população brasileira, que estava distribuída da seguinte
forma por regiões:
i. Sudeste: 20,7 milhões de jovens – 40%;
ii. Nordeste: 15 milhões de jovens – 29%;
iii. Sul: 7 milhões de jovens – 14%;
iv. Norte: 4,6 milhões de jovens – 9%;
v. Centro-Oeste: 4 milhões de jovens – 8%.
44
proporções populacionais, os jovens negros de 16 a 17 anos morreram três vezes mais que os brancos
da mesma idade. Em 2013, proporcionalmente, mais de dez crianças e adolescentes negros morreram
para cada branco.
O relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial – 2014
(BRASIL, 2014) apresenta um indicador sintético (Índice de Vulnerabilidade Juvenil à
Violência – IVJ) que agrega dados relativos às dimensões que podem contribuir para a
vulnerabilidade dos jovens à violência, tais como: taxa de frequência taxa de mortalidade por
causas internas, taxa de mortalidade por causas violentas, valor do rendimento familiar médio
mensal, entre outros. De modo geral, o documento destaca algo preocupante: todos os estados
brasileiros, à exceção do Paraná, os negros (que incluem pretos e pardos), com idade de 12 a
29 anos, correm mais risco de exposição à violência que os brancos (que incluem brancos e
amarelos) na mesma faixa etária.
No caso específico dos homicídios, o risco de uma pessoa negra ser assassinada no
Brasil é, em média, 2,5 vezes maior que uma pessoa branca. O documento mostra ainda que a
cor da pele dos jovens está relacionada diretamente ao risco de exposição à violência. No
Paraná, a título de exemplo, um jovem negro possui 13,4 vezes mais chances de ser assassinado
do que um jovem branco. O estado do Pará, especificamente, apresenta cinco municípios entre
os 20 com maior IVJ: Altamira (3°), Marabá (4º), Parauapebas (6º), Marituba (10º), Ananindeua
(13º) e Belém (18º). Destaca-se que, neste grupo dos 20 municípios com maior IVJ, Belém é a
única capital da região norte presente na lista e a segunda capital brasileira, atrás, apenas de
Maceió (14º) (BRASIL, 2014).
O documento Homicídios na Adolescência no Brasil (IHA) 6 (BORGES; CANO, 2014)
também encontramos uma estimativa alarmante: com base em dados de 2012, o documento
estima que quarenta e dois mil adolescentes brasileiros, com idades entre 12 e 18 anos, poderão
ser vítimas de homicídio, entre os anos de 2013 e 2019, nos municípios brasileiros com mais
de 100 mil habitantes. Isso quer dizer que, para cada mil adolescentes com 12 anos completos
em 2012, 3,32 podem ser assassinados antes de completarem 19 anos de idade. Em relação a
2011, houve um aumento de 17%, quando o índice era de 2,84. Ainda de acordo com o estudo,
6
“Para a elaboração do IHA, foram analisados 288 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. O
levantamento tem como base os dados dos censos 2000 e 2010, do IBGE, e do Sistema de Informações sobre
Mortalidade, do Ministério da Saúde. O IHA faz parte das ações do Programa de Redução da Violência Letal
Contra Adolescentes e Jovens (PRVL), criado em 2007”.
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/01/indice-de-homicidios-na-adolescencia-iha-
e-divulgado. Acesso em: 20 ago. 2017
46
36,5% das mortes na adolescência têm como causa os homicídios, enquanto que na população
de modo geral o percentual é bem menor (4,8%).
Novamente, o documento registra que os jovens negros têm maiores chances de morrer
antes dos 19 anos, uma vez que a probabilidade de um jovem negro ser assassinado é 2,96 vezes
maior do que a de um branco. No que tange ao gênero, os adolescentes do sexo masculino têm
pelos menos 10 vezes mais chances de serem assassinados, isso pode ser observado em todo o
período analisado (2005/2014). Quanto à região, o Nordeste apresentou o índice mais elevado
em 2014: 6,50. O documento ressalta que se esses dados de 2014 se mantiverem constantes,
estima-se que, ao longo dos próximos sete anos (2015/2021), mais de 16.500 adolescentes
nordestinos entre 12 e 18 serão mortos. A região Norte, o estado do Pará e o município de
Belém apresentaram, respectivamente, os seguintes índices: 3,03; 4,16; e 5,42. A capital
paraense foi a que apresentou o maior IHA em todas as capitais do Norte do país, apesar do
declínio que o município apresentou entre os anos de 2010 e 2014, a saber: i. 2010 – 6,08; ii.
2011 – 6,03; iii. 2012 – 6,0; iv. 2013 – 5,09 (BORGES; CANO, 2014).
O Mapa da Violência 2014 (WAISELFISZ, 2014), por sua vez, registra que em 2012
aconteceram mais de 56 mil homicídios em todo o país. Isso significa 154 vítimas por dia no
Brasil. Além do mais, o documento destaca um aumento de 13,4% nos registros de homicídios
em comparação aos números apresentados no ano de 2002, sendo “a principal causa de morte
de jovens de 15 a 29 anos no Brasil, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino,
moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos” (WAISELFISZ, 2014, p.
9, grifo nosso). O estado do Pará, em especial, apresentou um aumento de 175% nas taxas de
homicídios entre os anos de 2002 e 2012. Só em 2012, verifica -se uma taxa 41,7 mortes por
100 mil habitantes paraenses, uma taxa total de 126,9 homicídios por 100 mil no período
analisado (2002/2012). Ao realizar-se um recorte nestes dados para a população com idades
entre 15 e 29 anos, observa-se que o Pará ocupa a posição 6ª posição com um aumento de 188%
de homicídios contra os jovens. A taxa de vitimização aumenta para 77,9 por 100 mil habitantes
em 2012, e de 140,0 homicídios por 100 mil habitantes no período analisado (WAISELFISZ,
2014).
No Mapa da Violência 2016 (WAISELFISZ, 2016), observa-se que, enquanto no
período compreendido entre 2003 e 2014, o número de homicídios por arma de fogo dentre a
população branca diminuiu 26,1%, dentre a população negra aumentou 46,9%. Enquanto no
ano de 2003 morriam, proporcionalmente, 71,7% mais negros do que brancos. Em 2014 esse
número saltou para 158,9%, ou seja, morrem 2,6 mais negros do que brancos no país. O
documento também registra que as principais vítimas de Homicídios por Armas de Fogo (HAF)
47
são os jovens. Os HAF entre a população brasileira passaram de 6.104, em 1980, para 42.291,
em 2014, isso significa um crescimento de 592,8%. Contudo, entre jovens com idades entre 15
e 29 anos, houve um crescimento bem mais assustador: salta de 3.159, em 1980, para 25.255,
em 2014: aumento de 699,5%.
Os dados do documento apontam, de forma preliminar, que, só no ano de 2014, foram
registradas 25,255 HAF de jovens, com idades entre 15 e 29 anos, em todo o Brasil. A região
norte, especificamente, registrou, neste mesmo ano, o menor número de HAF entre jovens:
foram 2.223 jovens (8,8%). O Nordeste, primeiro lugar da lista, apresentou mais do que o dobro
de jovens atingidos por HAF: 11.363 mil jovens (45%). As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste
registraram, respectivamente, os seguintes números: 6.794 –27%; 2.529 – 10%; e 2.346 – 9,2%
(WAISELFISZ, 2016).
Apesar da violência não se restringir a determinados grupos sociais, raciais, econômicos
e/ou geográficos, ela pode se intensificar a partir de questões etárias, de gêneros, raciais e de
classe social (ABRAMOVAY; PINHEIRO, 2003). No caso dos dados citados anteriormente,
percebe-se que, nos últimos anos, a violência no Brasil tem atingido, principalmente
adolescentes e jovens pobres e negros. Esse panorama possui fortes vínculos com as condições
sociais nos quais esses sujeitos se encontram, bem como destacam Cara e Gauto (2007, p. 180):
A literatura aponta que alguns dos fatores de risco citados anteriormente podem se
configurar enquanto eventos de vida estressores na adolescência e juventude. É o caso, por
exemplo, de situações de violência física e psicológica em diferentes instituições
(SCHNEIDER; PACHECO, 2010; ZAPPE; DELL’AGLIO, 2016), e da violência sexual
(CALCING; BENETTI, 2014; SCHNEIDER; PACHECO, 2010).
Os eventos de vida são experiências vitais, de ordem física e/ou psicológica, que podem
representar mudanças significativas ou discretas na vida das pessoas (WOYCIEKOSKI;
NATIVIDADE; HUTZ, 2014). Já os eventos de vida estressores (ou apenas “estressores”) são
situações causadoras de estresse (LIPP, 2000; MARGIS et al., 2003). Destaca-se que na
literatura esses últimos eventos têm recebido algumas nomenclaturas: estressores (LIPP, 2000),
eventos de vida estressores (JANSEN et al., 2014), eventos estressores (POLETTO; KOLLER;
DELL’AGLIO, 2009), eventos estressantes (DELL’AGLIO; HUTZ, 2002) e situações
estressoras (MATSUKURA et al., 2013).
O termo estresse, cientificamente, é um conceito muito difícil de ser definido (YUNES;
SZYMANSKI, 2001), mas pode indicar o estado gerado pela percepção de estímulos
(estressores) que provocam excitação emocional e, ao perturbarem o equilíbrio interno do
sujeito, disparam um processo de adaptação caracterizado, entre outras alterações, pelo aumento
de adrenalina que produz diversas manifestações sistêmicas, com distúrbios fisiológicos e
psicológicos (MARGIS et al., 2003).
O estresse pode se manifestar em diferentes momentos da vida, no entanto,
O estresse que se torna opressivo pode acarretar problemas psicológicos. Uma doença,
o nascimento de um irmão, a frustração diária e a ausência temporária dos pais são
fontes comuns de estresse para quase toda criança. O divórcio ou a morte dos pais,
uma hospitalização, o abuso de substâncias pelos pais e a instabilidade da falta de
moradia e a pobreza afetam muitas crianças. Algumas crianças sofrem o trauma da
guerra, de terremotos, de sequestro ou de abuso infantil. Esses graves estressores
podem ter efeitos de longo prazo no bem-estar físico e psicológico (PAPALIA;
OLDS; FELDMAN, 2006, p. 428).
relação com as percepções que o sujeito atribui ao estressor vivenciado (POLETTO; KOLLER;
DELL’AGLIO, 2009; POLETTO, 2007).
Contudo, deve-se destacar que, ao longo da experiência estressora, as percepções podem
se modificar sob influência de outras variáveis, tais como a duração dos recursos de apoio e o
grau de controle sobre a situação (ABAID, 2013). Além disso, a relação do indivíduo com
eventos estressores passa por distintos graus de ocorrência, intensidade, frequência, duração e
severidade (KOLLER; DE ANTONI, 2004; KRISTENSEN et al, 2004), o que constitui uma
considerável variação de reações a um mesmo evento estressor (POLETTO, 2007).
A mediação entre o impacto dos eventos estressores e sua resolução de forma eficaz e
adaptativa depende dos recursos internos e externos de cada indivíduo (KATSURAYAMA et
al., 2009), entre os quais, a literatura aponta para os fatores de proteção que são influências
“que modificam, melhoram ou alteram respostas individuais a determinados riscos de
desadaptação” (POLETTO; KOLLER, 2011, p. 31).
Os fatores de proteção podem agir a partir de características pessoais e/ou contextuais.
Os fatores pessoais têm relação com características biológicas, por meio da saúde física e do
temperamento, e relacionam-se às experiências com o ambiente social, através da autoestima e
da confiança. Já os recursos ambientais se evidenciam através do “poder aquisitivo ou o apoio
social oferecido pela comunidade e a afetividade oportunizada pela família e pelos amigos”
(POLETTO; KOLLER, 2011, p. 36).
A título de exemplo,
a maneira como uma criança que foi violentada fisicamente lidará com esta situação
dependerá do contexto no qual essa violência aconteceu, quais são os ambientes que
ela frequenta, sua rede de apoio, seu momento no desenvolvimento, suas experiências,
seus processos psicológicos e características individuais (POLETTO; KOLLER,
2008, p. 409).
por natureza (POLETTO; KOLLER, 2008), que interagem entre si e alteração a trajetória da
pessoa (POLETTO; KOLLER, 2011).
Portanto, existe um conjunto de variáveis individuais e contextuais envolvidas em uma
experiência estressora que influenciam na forma como o sujeito percebe e enfrenta o potencial
estressor. Assim sendo, diante da variabilidade de reações ao estresse e considerando esses
múltiplos aspectos que o envolvem, deve-se ter cautela ao classificá-los como um fator de risco
que pode gerar problemas psicológicos (POLETTO; KOLLER; DELL’AGLIO, 2009).
Nessa mesma perspectiva de compreender os eventos estressores de forma processual e
multifacetada, Morais, Koller e Raffaelli (2010) argumentam que o risco tende a ser cumulativo,
pois as adversidades não costumam estar isoladas, elas se entrecruzam dentro de um contexto
social. Normalmente, os fatores de risco estão ligados a um contexto complexo, sendo ainda
responsáveis por desencadear outros eventos estressores.
As autoras exemplificam essa questão:
Uma criança submetida à violência familiar no ambiente doméstico pode fugir para a
rua, como uma alternativa para evitar o tratamento austero e a violência sofrida. Na
rua, porém, outros eventos adversos continuam a ocorrer (fome, frio, violência de
policiais, exposição às drogas, exploração sexual etc.). Essas experiências adversas se
acumulam ao longo da sua história de vida (MORAIS; KOLLER; RAFFAELLI, 2010,
p. 790).
O que já se sabe é que alguns indivíduos são mais suscetíveis ou vulneráveis a certos
eventos estressores, quando comparados a outros na mesma situação de risco, por diferenças
fisiológicas e psicológicas. Quando diversas situações de risco se associam, elas podem agir
dificultando o cumprimento da agenda desenvolvimental da pessoa e o seu engajamento em
certos papéis sociais, bem como na aquisição de habilidades específicas. Por isso, a importância
em se prever fatores de risco não está tanto associada ao prognóstico ruim, mas, principalmente,
em demonstrar a necessidade e de se prevenir e, também, de se intervir, quando for necessário
(SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005).
Na adolescência, o estresse pode estar relacionado a eventos diários (provas, brigas com
o namorado), mudanças de vida (mudar de cidade, de escola), como também a eventos
estressantes traumáticos (morte de um ente querido, abuso sexual) (COMPAS, 1987). As
mudanças que acontecem na adolescência também podem ser caracterizadas como estressoras,
bem como destacam Kristensen et al., (2004, p. 45)
Os eventos traumáticos aos quais se refere Compas (1987) podem acontecer, por
exemplo, em alguma fase da infância, mas suas implicações podem reverberar em outros
momentos da vida humana, isso significa que muitos jovens podem sofrer com as
consequências de eventos que aconteceram quando ainda eram crianças (FEIJÓ; RAUPP;
JOHN, 1999). De acordo com Margis et al., (2003, p. 66),
O evento traumático é aquele em que, uma vez a ele exposto, o sujeito poderá sofrer
consequências psíquicas por um tempo longo, podendo chegar a décadas, mesmo após
seu afastamento do mesmo. O evento traumático grave inclui aspectos relacionados
ao comprometimento da integridade física do próprio indivíduo ou de outrem.
A vivência de situações adversas pode ainda influenciar em um mal que tem afetado
fortemente a adolescência e a juventude, que é o suicídio (FEIJÓ; RAUPP; JOHN, 1999). Essa
tem sido a principal causa de morte de meninas adolescentes com idades entre 15 e 19 anos no
mundo (OMS, 2014).
No município de Belém do Pará, em uma amostra de 650 adolescentes e jovens, Souza
e Silva (2015) identificaram como mais frequentes, respectivamente, os eventos estressores
relacionados a problemas socioeconômicos (desemprego e queda no nível econômico da
família), à morte de uma pessoa importante e à violência (assalto). Como eventos de maior
impacto no desenvolvimento sobressaíram-se, respectivamente, a morte de uma pessoa
importante, a violência (ser assaltado) e a situação “passar fome”.
Para Benetti et al. (2010), estresses altamente impactantes, como separações, mortes e
eventos de violência grave, precisam ser tratados de forma emergencial pelos profissionais
envolvidos nos diferentes contextos dos sujeitos (escola, família, comunidade) em razão dos
prejuízos psíquicos que essas situações podem ocasionar.
Os eventos estressores, conforme será destacado na próxima seção deste trabalho, são
tratados pela literatura como fatores que podem ocasionar danos ao desenvolvimento de
crianças, adolescentes e jovens, tendo relação com problemas de saúde mental e de
comportamento.
56
3.1 Método
3.1.1 Delineamento
mais, todos os procedimentos adotados devem ser registrados de modo que a RSL possa ser
reproduzida e conferida por outros pesquisadores (DE-LA-TORRE-UGARTE-GUANILO;
TAKAHASHI; BERTOLOZZI, 2011; CORDEIRO et al, 2007; RAMOS, 2015).
As revisões sistemáticas são consideradas estudos secundários, que têm nos estudos
primários sua fonte de dados. Por estudos primários, entendem-se os estudos científicos que
relatam os resultados de pesquisa em primeira mão (GALVÃO; PEREIRA, 2014).
Etapa 04:
Etapa 01: Etapa 02: Etapa 03:
Coleta de dados nos
Formulação da Localização e seleção Avaliação crítica dos
artigos – variáveis a
pergunta/problema; dos estudos; estudos;
serem estudadas;
7
Os Operadores Booleanos ou Lógicos auxiliam a filtrar os resultados de uma pesquisa e podem ser demonstrados
como: AND (e), NOT (não) e OR (ou). Quando utilizados, estes operadores ajudam no processo de refinamento
da pesquisa para que o material que se deseja encontrar seja localizado com mais rapidez e relevância (NEUZING,
2004).
59
A composição dos descritores foi realizada com base nos dois primeiros elementos da
técnica PVO, ou seja, “P” (Crianças, adolescentes e/ou jovens) e “V” (Eventos Estressores),
conforme mencionado anteriormente. Estes são os quatro primeiros descritores que estão
destacados em negrito no quadro 01. Posteriormente, selecionou-se, a partir desses termos,
outros descritores equivalentes a eles, totalizando 8 (oito) descritores para a pesquisa. Com o
auxílio dos Operadores Booleanos, estabeleceu-se o critério de cruzamento entre grupos de
descritores referentes às variáveis (V) com os demais descritores referentes ao “P” da técnica
PVO, tendo em vista um melhor refinamento dos objetos a serem levantados. Isso acontece
para que haja uma maior probabilidade de localização de artigos através da estratégia de busca,
bem como podemos observar nos 12 cruzamentos finais que foram gerados após a utilização
dos Operadores Booleanos.
Destaca-se que a escolha do descritor “eventos estressores” e de seu equivalente
“eventos estressantes” foi baseada em dois estudos bibliográficos anteriores (não sistemáticos)
sobre eventos estressores na adolescência e juventude (SOUZA; SILVA, 2015; SOUZA;
SILVA; NUNES, 2016) que já apontavam algumas pesquisas que utilizavam, principalmente,
a primeira terminologia. Nestes mesmos estudos, observou-se que algumas pesquisas
apresentavam na composição dos participantes, simultaneamente, crianças e adolescentes.
Desse modo, optou-se por incluir os descritores “Infância” e “Crianças”, a fim de garantir uma
maior amplitude de artigos, por mais que coexistam crianças, adolescentes e/ou jovens nas
amostras das pesquisas.
Logo em seguida, os dozes cruzamentos foram submetidos aos diretórios de busca. Esse
processo de levantamento dos artigos se deu em três bases de dados online, sendo essas:
1) Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Periódicos CAPES): É uma biblioteca virtual que conta com um acervo
de mais de 38 mil títulos com texto completo, 134 bases referenciais, 11 bases
dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de
referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual. O Periódicos
CAPES é considerado um modelo de consórcio de bibliotecas único no mundo, pois
é inteiramente financiado pelo governo brasileiro e atende às demandas dos setores
acadêmico, produtivo e governamental, propiciando o aumento da produção
científica nacional e o crescimento da inserção científica brasileira no exterior 8.
8
Essas informações estão presentes no próprio Portal de periódicos da CAPES e podem ser acessadas a partir do
seguinte link:
60
http://www.periodicos.capes.gov.br/index.php?option=com_pcontent&view=pcontent&alias=missao-
objetivos&Itemid=102
9
Informações presentes no link: http://www.scielo.br/?lng=pt
10
Informações presentes nos links:
BVS - http://bvsalud.org/sobre-o-portal / BVS-Brasil: http://brasil.bvs.br/vhl/sobre-a-bvs/o-portal-da-bvs-brasil/
61
Torna-se importante explicitar que neste estudo não foi delimitado um recorte temporal
como critério de inclusão por dois motivos: 1) intenção de levantar todos os estudos empíricos
sobre a temática no Brasil, independente do ano, a fim garantir uma maior compreensão sobre
o assunto; 2) hipótese inicial de que o quantitativo de artigos não seria tão elevado em
decorrência da peculiaridade do tema.
Após a seleção dos artigos foi realizado um Teste de Relevância – TR (etapa 3) para
avaliação crítica dos estudos. Este teste foi aplicado por dois juízes independentes, que
possuíam conhecimento prévio sobre a temática e foram esclarecidos sobre os objetivos desta
RSL e dos critérios de inclusão/exclusão adotados na seleção dos artigos. No mais, também se
pediu aos juízes para que analisassem os artigos na integra, a fim de garantir uma maior
confiabilidade nas análises. O TR (apêndice 01) foi composto pelas seguintes perguntas,
baseadas em Azevedo (2010): O objetivo do estudo tem relação com o que está sendo estudado?
O método está descrito com clareza? O estudo deve ser incluído na revisão sistemática?
A concordância do TR foi verificada através do cálculo do Índice de Concordância – IC
entre os pesquisadores a partir da seguinte fórmula:
Figura 02 - Fórmula para o cálculo do Índice de Concordância.
Legenda:
IC =Indice de Concordância;
A = Concordância;
D = Discordância.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Trata-se de uma técnica que visa indicar se os critérios utilizados em uma revisão são
confiáveis e que outros pesquisadores poderiam encontrar resultados semelhantes. Deve-se
considerar como ponto de corte IC > 80% (PEREIRA, 2006, p. 54). Neste trabalho, aplicou-se
62
11
O Qualitative Solutions Research N-vivo 2.0 (QSR) é um software elaborado para a análise qualitativa de dados.
Lançado em meados do ano de 2002, o QSR Nvivo 2.0 teve como um de seus precursores o software NUD*IST.
Ambos os programas foram desenvolvidos pela Universidade de La Trobe (Melbourne – Austrália), e se
fundamentam no princípio da codificação e armazenamento de textos em categorias específicas (GUIZZO;
KRZIMINSKI; OLIVEIRA, 2003).
63
Tabela 01 – Processo quantitativo de seleção dos artigos por descritor e base de dados.
1. Ano de publicação;
VARIÁVEIS
É interessante salientar que a análise dessas variáveis deve ser feita à luz dos critérios
adotados neste estudo, isto é, os achados e conclusões desta pesquisa têm como base o percurso
metodológico utilizado durante todo o processo de coleta de dados, o que permitiu que fossem
identificadas certas evidências e não outras. A adoção de critérios diferentes, portanto, poderia
(ou não) indicar outras interpretações relacionadas ao tema da revisão.
12
“Esforços cognitivos e comportamentais utilizados frente a circunstâncias adversas” (DELL’AGLIO; HUTZ, 2002, p. 5).
68
Quantitativa
81%
Estatística
81%
Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
O gráfico 02 permite visualizar que, de modo geral, a temática dos eventos estressores
é mais frequentemente tratada de forma quantitativa nas pesquisas (f=17; 81%). Foram
encontrados estudos utilizando técnicas qualitativas, mas que estiveram associadas a métodos
quantitativos, o que caracteriza essas pesquisas como quanti-qualitativas (f=04; 19%). Os
estudos quantitativos, conforme se pode notar no gráfico 03, utilizaram-se de análises
estatísticas (f=17; 81%) e as pesquisas quanti-qualitativas adotaram Análise de Conteúdo
associada à estatística (f=3; 14,3%) e análise categorial associada à estatística (f=01; 4,8%).
Um exemplo de estudo quantitativo é a pesquisa de Poletto, Koller e Dell’Aglio (2009)
que procurou investigar a ocorrência e o impacto de eventos estressores para 297 crianças e
adolescentes, de ambos os sexos, de Porto Alegre. Quanto, especificamente, aos aspectos
metodológicos e analíticos, os dados da pesquisa foram tabulados no Pacote Estatístico para
69
Ciências Sociais, versão 12 para Windows (SPSS 12.0), sendo, logo em seguida, analisados de
forma estatística. De início, as autoras apresentaram análises estatísticas descritivas de
frequência e percentagem das informações biossociodemográficas dos participantes, referentes
às suas famílias e escolas. Logo em seguida, procederam-se outras análises estatísticas, a saber:
verificação da frequência e impacto dos eventos estressores; testes t de Student e qui-quadrado
para verificação de diferenças entre grupos com relação às variáveis sexo e contexto; e análise
multivariada (general linear model) a fim de identificar interações entre grupos.
A pesquisa de Giacomoni, Souza e Hutz (2016), por sua vez, é um exemplo de estudos
quanti-qualitativos que também adotaram análise estatística, mas que a associaram a
procedimentos e técnicas qualitativas. O estudo teve por objetivo investigar quais eventos de
vida (positivos e negativos) são mais frequentes na vida de 200 crianças, de acordo com suas
percepções, e realizar comparações por sexo, por escola e faixa etária. Quanto aos aspectos
metodológicos, em especial, observa-se a utilização de entrevista para investigar os eventos de
vida (EV), a partir de duas questões que as crianças deveriam responder: 1. “O que aconteceu
de bom na tua vida?”; 2. “O que aconteceu de ruim na tua vida?”. Cada criança poderia
mencionar quantos EV desejasse.
As respostas foram transcritas e tiveram seu conteúdo analisado por dois avaliadores
independentes que verificaram o significado semântico das falas com critérios de
categorização sugeridos por Bardin (2011), criando-se categorias para EV positivos e para EV
negativos. Posteriormente, foram calculadas frequências e porcentagens de respostas por
categoria, bem como comparações por sexo e tipo de escola com base no teste binomial de
diferenças entre duas proporções e comparações através de teste qui-quadrado para várias
proporções visando analisar diferenças por faixa etária.
Neste estudo, observa-se que a coleta e o tratamento das informações foram feitos de
forma qualitativa e que a análise foi estatística, o que configura uma pesquisa quanti-qualitativa
multimétodos. De acordo com Creswell (2007), os métodos mistos podem contemplar múltiplas
possibilidades de análises, tanto estatísticas como textuais. Essa integração pode ocorrer
em diversos estágios do processo de pesquisa: na coleta de dados, na análise de dados,
na interpretação ou em alguma combinação de locais. Integração significa que o
pesquisador “junta” os dados. Por exemplo, na coleta de dados, essa “mistura” pode
envolver combinações de questões fechadas e abertas de um questionário
(CRESWELL, 2007, p. 215).
limitações dos métodos que almejam utilizar e associar em suas pesquisas (DAL-FARRA;
LOPES, 2013).
20 30%
Centenas
18
25%
16
14
20%
12
10 15%
8
10%
6
4
5%
2
0 0%
ENTREVISTA ESCALA INSERÇÃO INVENTÁRIO MAPA DE QUESTIONÁRIO
ECOLÓGICA AVALIAÇÃO DA
REDE DE APOIO
Frequência (f). Porcentagem (%).
Os dados referentes ao primeiro item a ser analisado estão expressos no gráfico 05:
Gráfico 05: Etapa de desenvolvimento dos participantes.
15 50%
40%
10 30%
5 20%
10%
0 0%
ADOLESCENTES CRIANÇAS CRIANÇAS E JOVENS
ADOLESCENTES
investigam tanto a infância quanto a adolescência (f=07; 33,3%), enquanto que se encontrou
apenas uma pesquisa formada por jovens na amostra. Este estudo com jovens é de autoria de
Jansen et al. (2014) e buscou identificar associações entre eventos vitais estressores e
transtornos de humor em uma amostra comunitária de jovens com idades entre 18 e 24 anos do
Sul do Brasil.
Quanto ao local de proveniência, nota-se que as pesquisas foram realizadas,
respectivamente, com participantes dos seguintes estados: Rio Grande do Sul (f=17; 81%), Rio
de Janeiro (f=9,5; 02%), Ceará (f=1; 4,8%) e São Paulo (f=1; 4,8%). Esses dados indicam uma
maior frequência de pesquisas no Sul do país, enquanto que não foram encontradas pesquisas
nas regiões Centro-Oeste e Norte.
Quanto aos contextos de desenvolvimento, observa-se que as amostras têm em sua
composição, principalmente, estudantes de escolas públicas:
Tabela 03 – Características dos participantes.
CARACTERÍSTICAS f %
1) Estudantes de escolas públicas. 7 33,3
2) Adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas em regime fechado. 2 9,5
3) Crianças/Adolescentes em situação de rua;
2 9,5
Crianças/Adolescentes que moravam com a família e frequentavam uma ONG.
4) Adolescentes grávidas. 1 4,8
5) Crianças que conviviam ou não com depressão materna. 1 4,8
6) Crianças/Adolescentes com experiência de rua. 1 4,8
7) Crianças/Adolescentes estudantes de escolas públicas que moravam com a família;
1 4,8
Crianças/Adolescentes que moravam em instituições de abrigo de proteção.
8) Crianças/Adolescentes que moravam em casas de acolhimento. 1 4,8
9) Crianças/Adolescentes que moravam em instituições de abrigo de proteção. 1 4,8
10) Crianças/Adolescentes que residiam em instituições de proteção (abrigos);
1 4,8
Crianças/Adolescentes que moravam com a família.
11) Estudantes de escolas públicas e privadas. 1 4,8
12) Estudantes de escolas públicas que moravam com a família;
1 4,8
Estudantes de escolas públicas abrigados em órgão de proteção.
13) Jovens moradores de uma comunidade. 1 4,8
Total 21 100,0
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
O estudo dos objetivos gerais dos artigos nos ajuda a compreender o que a literatura da
área tem discutido sobre a temática em questão. Nesta RSL, isto será feito com o auxílio do
Software NVIVO (Versão 10) e da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977).
A figura 04 apresenta a frequência dos termos utilizados nos objetivos gerais das
pesquisas através da nuvem de palavras:
74
de conexões que formam frases e que só passam a ter sentido quando são relacionadas às
palavras centrais. Além do mais, torna-se importante salientar que “eventos estressores” é a
nomenclatura mais utilizada pelos autores para se reportar às situações causadoras de estresse,
por isso ambos os termos se encontram conectados em praticamente todas as ligações, a não ser
por uma conexão que está sinalizada em amarelo na árvore, a saber: “Identifica a associação
entre eventos vitais estressores”. Isso quer dizer que nem todos os estudos utilizam a expressão
“eventos estressores”.
(3)
(1) (2) Tratamento dos resultados.
Pré-Análise. Exploração do Material. Inferência.
Interpretação.
UNIDADES DE
UNIDADES DE CONTEXTO – UC REGISTRO – UR
(OBJETIVOS) (CATEGORIAS
INICIAIS)
1. Investigar a relação existente entre eventos estressores cotidianos, Eventos Estressores
senso de comunidade e bem-estar subjetivo em alunos de escolas Cotidianos;
urbanas e rurais do Nordeste do Brasil, focando nas diferenças por Senso de Comunidade;
contexto territorial. Bem-Estar Subjetivo.
2. Avaliar a relação entre eventos estressores ocorridos no último ano na Eventos Estressores;
família de crianças e adolescentes com indicativos de problemas de
saúde mental em uma amostra de estudantes de duas escolas de uma Problemas de Saúde
cidade no sul do Brasil. Mental.
3. Descrever e comparar dois grupos de adolescentes em situação de Rede de Apoio Social e
vulnerabilidade social (um grupo em situação de rua e um grupo que vive Afetiva;
com sua família) quanto à sua rede de apoio social e afetiva, ao número Eventos Estressores;
78
17. Investigou estratégias de coping, definidas como esforços cognitivos Circunstâncias Adversas;
e comportamentais utilizados frente a circunstâncias adversas, e o estilo
atribucional de crianças de oito a dez anos. Estilo Atribucional.
18. 1) investigar o número e o impacto de eventos estressores de vida Eventos Estressores de
em dois grupos de adolescentes (adolescentes em situação de rua e Vida;
adolescentes em situação de vulnerabilidade social que vivem com suas
famílias); 2) descrever e comparar os resultados de indicadores de Ajustamento;
ajustamento (número de sintomas físicos, comportamento suicida, uso
de drogas, comportamento sexual de risco, afeto positivo e afeto Eventos Estressores;
negativo) nos dois grupos; e 3) avaliar a associação dos eventos
estressores com o indicador geral de mau ajustamento, criado a partir Mau Ajustamento.
da soma dos diferentes indicadores de ajustamento avaliados.
19. Estimar a prevalência da depressão em adolescentes grávidas e Depressão;
identificar os principais fatores de risco. Fatores de Risco.
20. Investigou o perfil de adolescentes em conflito com a lei que Eventos Estressores;
cumpriam medida socioeducativa em regime fechado nas unidades da Uso de Drogas;
FASE-RS, em Porto Alegre, observando a ocorrência de eventos
estressores, uso de drogas e expectativas de futuro. Expectativas de Futuro.
21. Investigar o processo de coping em crianças e adolescentes Processo de Coping;
institucionalizados e crianças e adolescentes que moravam com a família,
através de eventos estressantes envolvendo pares (ou seja, pessoas de Eventos Estressantes.
mesma idade) e adultos
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Houve pequenos recortes nas UC (objetivos) que se tornaram categorias iniciais, mas
que, ao mesmo tempo, são UR. Essas primeiras categorias dizem respeito às variáveis presentes
nos objetivos que serão reagrupadas em função da similaridade semântica e irão originar as
categorias intermediárias. Estas, por sua vez, serão aglutinadas em função da ocorrência dos
temas e irão resultar nas categorias finais. O quadro 03 demonstra a segunda etapa do processo
de categorização:
80
CATEGORIAS
CATEGORIAS INICIAIS CONCEITO NORTEADOR CATEGORIAS FINAIS
INTERMEDIÁRIAS
1. Eventos estressores (f=10).
2. Eventos de vida negativos (f=2).
3. Eventos de vida estressantes (f=1).
4. Circunstâncias adversas (f=1).
5. Eventos de vida desfavoráveis (f=1). Conjunto de eventos, situações e
6. Eventos estressantes (f=1). experiências causadores de
Eventos Estressores.
7. Eventos estressores de vida (f=1). estresse
f=22.
8. Eventos vitais estressores (f=1). (LIPP, 2000; MARGIS et al.,
9. Experiências de vida traumáticas (f=1). 2003). FATORES DE RISCO
10. Eventos estressores cotidianos (f=1). f=24.
11. Situações individuais, familiares e contextuais
(f=1).
12. Preditores de sintomas depressivos (f=1).
13. Fatores de risco (f=1). Variáveis que aumenta a
probabilidade de um indivíduo
Fatores de Risco
apresentar problemas físicos,
14. Uso de drogas (f=1). f= 2.
psicológicos e/ou sociais
(POLETTO; KOLLER, 2011).
16. Mau ajustamento (f=2).
17. Problemas de comportamento (f=1).
18. Sintomas de stress (f=1).
Tem relação com os possíveis
19. Sintomas depressivos (f=1). Resultados RESULTADOS
resultados ao desenvolvimento
20. Depressão (f=2). Desenvolvimentais DESENVOLVIMENTAIS
após a exposição a fatores de
21. Problemas de saúde mental (f=2). f=15. f=15.
risco.
22. Transtornos de humor (f=1).
23. Ajustamento (f=1).
24. Conduta social (f=1).
81
Esta primeira categoria tem relação com um conjunto de variáveis que podem interferir
negativamente no desenvolvimento, intituladas de fatores de risco. Esses fatores são condições
que estão associadas a uma maior probabilidade de resultados desenvolvimentais negativos e/ou
indesejáveis que, quando presentes no contexto, podem ocasionar danos biopsicossociais ao ser
humano (MORAIS; KOLLER; RAFAELLI, 2012; POLETTO; KOLLER, 2011).
Algumas experiências de vida podem comprometer o desenvolvimento, de modo a
desestabilizar o equilíbrio interno do indivíduo, conduzindo-o a tensões e excitações
emocionais, comportamentais e fisiológicas que interferem em suas respostas (MARGIS et al,
83
2003). São situações consideradas, portanto, como potenciais fatores de risco (POLETTO;
KOLLER; DELL’AGLIO, 2009). Em grande parte dos artigos encontrados nesta revisão,
conforme se pode notar nas categorias iniciais presentes no quadro 03, essas situações são
denominadas de eventos estressores (f=10).
Todas as pesquisas identificadas apresentam no objetivo geral algum termo referente às
situações desencadeadoras de estresse. No entanto, percebe-se que essa nomenclatura não é
consenso entre os autores. Os conceitos aparecem da seguinte forma nos objetivos dos artigos:
eventos estressores (DELL’AGLIO et al, 2005; CASTOLDI; LOPES; PRATI, 2006; LIMA;
MORAIS, 2007; WATHIER; DELL’AGLIO, 2007; MORAIS; KOLLER; RAFFAELLI, 2010;
MORAIS; KOLLER; RAFFAELLI, 2012; KRISTENSEN; SCHAEFER; BUSNELLO, 2010;
SCHNEIDER; PACHECO, 2010; NARDI; JOHN; DELL'AGLIO, 2014; MATOS et al, 2015;
LIMA; MORAIS, 2016), eventos de vida negativos (LOPES; LOUREIRO, 2007;
GIACOMONI; SOUZA; HUTZ, 2016), eventos de vida desfavoráveis (PESCE et al, 2004),
eventos estressores cotidianos (ABREU et al, 2016), eventos vitais estressores (JANSEN et al,
2014), situações individuais, familiares e contextuais (BENETTI et al, 2010), eventos de vida
estressantes e preditores de sintomas depressivos (ABAID; DELL'AGLIO; KOLLER, 2010);
eventos estressantes (DELL’AGLIO; HUTZ, 2002a), circunstâncias adversas (DELL’AGLIO;
HUTZ, 2002b), experiências de vida traumáticas (CALCING; BENETTI, 2004), eventos
estressores de vida (MORAIS; KOLLER; RAFFAELLI, 2010).
Por se tratarem de conceitos que dizem respeito a fenômenos semelhantes e/ou iguais,
todos foram agrupados na categoria intermediária “eventos estressores” (f=22) e,
posteriormente, na categoria final “fatore de risco” (f=24), já que eles aparecem como risco ao
desenvolvimento nestes artigos.
As pesquisas que tratam única e especificamente das implicações dos eventos
estressores no desenvolvimento, sem relacioná-los com outras variáveis são: Dell’Aglio et al
(2005) e Nardi, Jahn e Dell’Aglio (2014). Ambos os estudos serão descritos e relacionados com
outras literaturas complementares selecionadas sobre o tema.
A pesquisa de Dell’Aglio et al (2005) buscou investigar a ocorrência de eventos
estressores no desenvolvimento de 50 adolescentes do sexo feminino, com idades entre 13 e 20
anos, autoras de ato infracional, que cumpriam medidas socioeducativas em órgão
governamental no estado do Rio Grande do Sul. Foram identificados eventos estressores em
diferentes dimensões, tais como a pessoal, familiar, social e judicial/institucional. Alguns
eventos foram percebidos pelas adolescentes como muito estressantes, tais como maus-tratos,
84
abuso sexual, uso de drogas, repetência escolar, desemprego e morte dos pais, que se
constituíram como potenciais fatores de risco ao desenvolvimento.
Em pesquisa de Nardi, Jahn e Dell’Aglio (2014), com adolescentes que também
cumpriam medidas socioeducativas, em regime fechado, em unidades da Fundação de
Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (FASE-RS), de ambos os sexos, com idades
entre 14 e 20 anos, encontramos resultados semelhantes. A pesquisa teve por objetivo analisar
o perfil desses adolescentes, no que tange ao uso de drogas, eventos estressores e expectativa
de futuro. Em relação aos eventos estressores, identificou-se que mais da metade dos
participantes vivenciou experiências estressoras (desemprego e prisão de membros da família,
bem como a morte de pessoas significativas), que também se constituíram enquanto potenciais
fatores de risco. De acordo com os autores, esses achados podem indicar que muitas vezes os
adolescentes que estão em conflito com a lei não apresentam um desenvolvimento visto como
característico da adolescência, uma vez que “são surpreendidos com uma ampla variedade de
fatores de risco ao longo de suas vidas com os quais precisam aprender a lidar” (NARDI; JAHN;
DELL’AGLIO, 2014, p. 130).
As etapas da adolescência e da juventude são consideradas vulneráveis por se tratarem
de fases em que o indivíduo pode estar exposto a diversos fatores de risco que podem ser
precursores de transtornos psicossociais ao longo da vida (MATOS et al, 2015). Alguns dos
eventos estressores encontrados nos estudos de Dell’Aglio et al (2005) e Nardi, Jahn e
Dell’Aglio (2014) demonstram a vulnerabilidades vivenciadas nessas etapas, que se
evidenciaram em: (a) Situações de violência; (b) Estressores relacionados ao contexto
familiar; e (c) Comportamentos de risco.
No estudo de Dell’Aglio et al (2005), os eventos de violência estiveram relacionados
aos maus-tratos e ao abuso sexual. Os maus-tratos, de acordo a definição da Organização
Mundial da Saúde (OMS), referem-se a:
Toda forma de maus-tratos físicos e/ou emocionais, abuso sexual, abandono ou trato
negligente, exploração comercial ou outro tipo, da qual resulte um dano real ou
potencial para a saúde, sobrevivência, desenvolvimento ou dignidade da criança, no
contexto de uma relação de responsabilidade, confiança ou poder (OMS, 2002, p. 59).
Percebe-se que tal compreensão é ampla e engloba diversos tipos de violência, que vão
desde a violência física e psicológica à negligência e exploração dos mais variados tipos. Nota -
se também que o abuso sexual pode ser considerado um tipo de maus-tratos. O abuso sexual,
por sua vez, pode ser entendido como:
Qualquer contato ou interação de uma criança ou adolescente com alguém em estágio
mais avançado do desenvolvimento, na qual a vítima estiver sendo usada para
estimulação sexual do perpetrador. A interação sexual pode incluir toques, carícias,
85
sexo oral ou relações com penetração (digital, genital ou anal). O abuso sexual
também inclui situações nas quais não há contato físico, tais como voyerismo, assédio,
exposição a imagens ou eventos sexuais, pornografia e exibicionismo (HABIGZANG,
2008, p. 338).
Quanto aos estressores vivenciados na família, outros estudos demonstram que tal
contexto se constitui enquanto um cenário conflitante (PALUDO, 2011; NARDI;
DELL’AGLIO, 2012; GOMES; PEREIRA, 2005; SOUZA; SILVA, 2015; COSTA;
DELL’AGLIO, 2011). Deve-se pensar na família como uma estrutura que não está isolada do
contexto histórico, econômico e social, mas como um microssistema em que se encontram
presentes e se enfrentam os poderes macrossistêmicos da sociedade (FALEIROS; FALEIROS,
2008; BRONFENBRENNER, 2011).
Por fim, os comportamentos de risco referem-se às participações em atividades que
podem comprometer a saúde física e/ou mental do sujeito. Na adolescência, muitas dessas
condutas podem iniciar apenas pelo caráter exploratório, bem como pela influência do ambiente
(relações entre pares, família, etc.); no entanto, caso não sejam identificadas e enfrentadas
precocemente, podem levar à efetivação destas ações com significativas consequências nas
dimensões individual, familiar e social da vida do jovem (FEIJÓ; OLIVEIRA, 2001).
A vivência de experiências adversas pode ter relação, até mesmo com a tentativa e a
própria efetivação do suicídio. Isso foi identificado no levantamento de pesquisas
epidemiológicas sobre suicídio de Prieto e Tavares (2005). De acordo com os autores,
A história de desenvolvimento emocional das pessoas que cometem ou tentam
suicídio guarda similaridades, apontando para a elevada incidência de experiências
adversas (adverse life events). Detectou-se história positiva para situações de violência
física, sexual, negligência e rejeição na infância e adolescência. Há evidências de
elevada incidência, nessa população, de mudanças frequentes em suas condições de
vida: separações conjugais dos pais, trocas frequentes das pessoas responsáveis por
seus cuidados; e comunicação pouco frequente e pouco satisfatória com os pais na
adolescência. Esses aspectos apontam para uma relação com os pais marcada por
dificuldades, expressas pela violência, pela instabilidade e pelo conflito (PRIETO;
TAVARES, 2005, p. 152).
ambientais que vão influenciar nas peculiaridades das pessoas. Nessa perspectiva, não se pode
falar em desenvolvimento humano sem levar em consideração as características biopsicológicas
do ser humano (talentos, habilidades, deficiências, temperamento, etc.) e os diversos níveis
ambientais do qual ele participa e está inserido, que vão desde os contextos mais imediatos, tais
como a família e a escola, até aqueles mais remotos, tais como as instituições governamentais
e os padrões culturais (BRONFENBRENNER, 1996; 2011; PAPALIA; FELDMAN; 2006).
Existem diversas possibilidades para o desenvolvimento percorrer, sendo essa
diversidade a melhor ilustração da existência de uma plasticidade no desenvolvimento humano
ao longo da vida, como consequência das interações entre um indivíduo e um mundo em
transformação (FONSECA, 2007). Assim, devem-se analisar os fatores que podem de alguma
forma influenciar negativamente o desenvolvimento e discutir os resultados que essa exposição
pode gerar na vida das pessoas, entre eles estão os eventos estressores que podem ocasionar
manifestações psicopatológicas diversas como sintomas depressivos, ansiedade e/ou
transtornos psiquiátricos, que vão afetar a saúde mental do indivíduo (MARGIS et al, 2003).
A saúde mental foi definida pela OMS como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo
realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma
produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere” (OMS, 2007, s/p). Na
adolescência, a vivência de eventos estressores, sobretudo quando esse processo é cumulativo,
intensifica as chances de manifestações psicopatológicas podem interferir na saúde mental.
Experiências de violência, condições de desigualdades sociais, rompimentos de vínculos
familiares, experiências de luto e doenças crônicas são algumas das situações caracterizadas
como potenciais fatores de risco para ocorrências de transtornos mentais (BENETTI, 2010).
A ocorrência de situações traumáticas é apontada em duas pesquisas incluídas na revisão
como fator de risco para a saúde mental. A primeira é de autoria de Benetti et al (2010) e
procurou investigar as características das práticas familiares de socialização e cuidado,
situações traumáticas ao longo do desenvolvimento e exposição a eventos de violência em 245
adolescentes estudantes da região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Foram
encontradas associações entre situações estressoras a nível pessoal e problemas
psicopatológicos em duas dimensões: a primeira é caracterizada por manifestações de sintomas
de ansiedade, depressão, transtornos somáticos e obsessivos; enquanto que a segunda diz
respeito aos comportamentos agressivos, uso de substâncias, conduta antissocial e delinquência.
O segundo estudo, de autoria de Matos et al (2015), avaliou a relação entre eventos
estressores ocorridos na família no último ano e indicativos de problemas de saúde mental em
1075 crianças com idade escolar em duas escolas do Rio Grande do Sul. A pesquisa encontrou
88
preparada para lidar com esses sujeitos, de modo a realizar um trabalho especializado para as
questões de prevenção e intervenção em saúde mental.
O estudo de Morais, Koller e Raffaelli (2010) teve dentre seus objetivos avaliar a
associação entre eventos estressores e indicativo geral de mau ajustamento em dois grupos de
adolescentes, com idades entre 11 e 18 anos, em situação de vulnerabilidade social: G1 – Grupo
em situação de rua; G2 – Grupo que vivia com a família. As correlações entre o número e o
impacto de eventos estressores com o indicador geral de mau ajustamento indicaram, nos dois
grupos, que, quanto maior o número de eventos estressores, maior o mau ajustamento. O maior
impacto, por sua vez, demonstrou-se correlacionado apenas no grupo de adolescentes com base
familiar. Esses resultados, de acordo com os autores, comprovam a hipótese do efeito
cumulativo do risco, segundo a qual, quanto maior o número de riscos enfrentados, maior será
a probabilidade de problemas de ajustamento.
Os transtornos da conduta identificados nessas pesquisas abrangem os comportamentos
de risco que podem comprometer a saúde física e mental do adolescente, como o uso de
substâncias, violência, agressividade e violação de normas e regras sociais (CRUZEIRO et al,
2013). No entanto, isso precisa ser analisado à luz das exposições a ambientes desfavoráveis,
bem como da carência de desfechos favoráveis no decorrer na infância e adolescência, que
podem aumentar as probabilidades do desenvolvimento de problemas comportamentais
(VILHENA; PAULA, 2017).
No que concerne aos transtornos de humor, a pesquisa de Jansen et al (2014) buscou
identificar associações entre eventos estressores e transtornos de humor em uma amostra
comunitária de 1172 jovens com idades entre 18 e 24 anos do Rio Grande do Sul. As categorias
de eventos estressores que apresentaram associações estatísticas significativas com alteração de
episódios de humor foram: perdas do suporto social, família, dificuldades pessoais e finanças.
A média de eventos estressores foi maior, respectivamente, entre os jovens com episódios de
humor misto atual13 e entre aqueles com episódios depressivos atual. Os autores argumentam
que a maior ocorrência de eventos estressores entre os jovens adultos em episódios mistos
13
Os episódios de humos estão divididos em quatro grupos: 1) Episódio depressivo maior: Caracteriza-se por
um período mínimo de duas semanas, durante as quais há um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer
por quase todas as atividades; 2) Episódio Maníaco: Refere-se a um período distinto, durante o qual existe um
humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável; 3) Episódio Misto: Diz respeito a um período
de tempo (no mínimo 1 semana) durante o qual são satisfeitos os critérios tanto para Episódio Maníaco quanto
para Episódio Depressivo Maior, quase todos os dias; 4) Episódio Hipomaníaco: é definido como um período
distinto, durante o qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, com duração
mínima de 4 dias.
Disponível em: < https://www.psiquiatriageral.com.br/humor/eh.htm>. Acesso em: 03 jan. 2018
91
Todas essas pesquisas serão descritas e discutidas de acordo com cada uma dessas
quatro categorias temáticas, iniciando-se pelas estratégias de coping.
Dell’Aglio e Hutz (2002a) investigaram as estratégias de coping utilizadas por 100
crianças com idades entre oito e 10 anos, de ambos os sexos, pertencentes ao estado do Rio
Grande do Sul, frente a circunstâncias adversas e o seu estilo atribucional. As crianças relataram
já ter vivenciado 100 eventos estressantes (44 crianças relataram dois eventos e 12 apenas um).
Os resultados indicaram que as estratégias mais utilizadas diante dessas situações foram aquelas
voltadas à busca de apoio social e de ações agressivas. Como estratégia alternativa, as crianças
apontaram preferência pelos comportamentos de ação direta, que permitem eliminar o estressor
ou modificar as características da situação estressante.
Em outra pesquisa realizada pelos mesmos autores (DELL’AGLIO; HUTZ 2002b),
foram investigadas estratégias de coping em 215 crianças e adolescentes com idades entre sete
e 15 anos. Assim como as crianças do estudo anterior, as crianças com idades entre sete e 10
94
anos desta pesquisa relataram a busca de apoio social como uma estratégia muito utilizada,
enquanto que nos adolescentes de 11 a 15 anos houve uma preferência em utilizar estratégias
de ação direta.
No estudo de Kristensen, Schaefer e Busnello (2010), com 220 adolescentes, de ambos
os sexos, provenientes de uma escola da rede pública de Porto Alegre (RS), identificou-se que
as estratégias de coping mais utilizadas pelos participantes foram autocontrole, afastamento e
fuga e esquiva, e as menos utilizadas foram estratégias de confronto. Esses acha dos não
corroboram com os resultados mencionados anteriormente da pesquisa de Dell’Aglio e Hutz
(2002b). Kristensen, Schaefer e Busnello (2010) explicam que essa divergência pode ser
explicada pelo fato de que a pesquisa avaliou as estratégias de coping utilizadas pelos
adolescentes sem levar em consideração eventos estressores específicos, enquanto que na
pesquisa de Dell’Aglio e Hutz (2002b) foram identificados os esforços empreendidos pelos
indivíduos diante de um evento estressor particular.
A partir da correlação entre estratégias de coping e sintomas de stress, Kristensen,
Schaefer e Busnello (2010) também identificaram que, entre os sujeitos que apresentaram mais
sintomas de stress, as estratégias mais utilizadas foram: fuga e esquiva, suporte social, confronto
e afastamento. De forma geral, os resultados desta pesquisa indicam que os adolescentes, diante
de eventos estressores, tenderam a empreender esforços de regulação dos próprios sentimentos
e ações, utilizar estratégias para evitar ou escapar do problema e empregar esforços cognitivos
de desprendimento e minimização da situação.
Quanto à rede de apoio social e afetiva, especificamente, Morais, Koller e Raffaelli
(2012) identificaram entre 98 crianças e adolescentes de Porto Alegre (RS) que a proximidade
do contexto familiar agiu como um importante moderador do efeito do número de eventos
estressores sobre o mau ajustamento, isto é, na presença de muitos estressores, quanto mais
elevada for a proximidade com a família, menor o mau ajustamento.
A rede de apoio pode se configurar “como um mecanismo de proteção ao disponibilizar
espaço para convivências saudáveis, aprendizagem, reforço de habilidades e de capacidades
sociais e emocionais importantes para o desenvolvimento” (POLETTO; KOLLER, 2011, p.
36). Na pesquisa de Morais, Koller e Raffaelli (2012a), a família, em especial, apareceu como
uma moderadora importante diante da frequência de estressores. É nesse contexto que o sujeito
poderá encontrar apoio material (moradia, alimentação, roupas, etc.) e afetivo, sendo tais
elementos essenciais para o pleno desenvolvimento da pessoa humana. Assim, outros estudos
apontam a família como um importante componente da rede de apoio social e afetiva que atua
95
4.1 Delineamento
aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não
perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas (MINAYO, 2001, p.
22).
dos 279 (54,7%) estudantes que informaram receber algum tipo de bolsa ou auxílio, 217
(43,5%) informaram que eram contemplados pelo programa Bolsa Família.
4.2.3 Instrumentos
Elaborado com base em alguns itens (1-2; 4-6; 16-17; 20; 22-24) do Questionário
Juventude Brasileira (Versão Fase II; DELL’AGLIO et al. 2011) e tem por objetivo caracterizar
aspectos pessoais e sociodemográficos dos participantes, tais como idade, sexo, série, número
de irmãos, idade dos pais e com quem os adolescentes/jovens residiam.
longo de sua trajetória de vida, marcando “sim” em caso de ocorrência ou “não” para eventos
que nunca vivenciou. Isso permite verificar a frequência dos eventos na mostra, ou seja, o
quanto eles foram experienciados (ou não) pelos participantes.
Logo após, em caso de ocorrência (sim), o sujeito deve informar em uma escala Likert
de 5 (cinco) pontos o impacto atribuído aos eventos vivenciados, sendo: (1) Nada estressante;
(2) Um pouco estressante; (3) Mais ou menos estressante; (4) Muito estressante, e (5)
Totalmente estressante (POLETTO; KOLLER; DELL’AGLIO, 2009a).
A forma como os adolescentes e jovens percebem os eventos estressores deve ser levada
em consideração, pois essa percepção pode assumir o papel de moderadora do processo de
enfretamento da adversidade juntamente com outros mediadores, tais como as características
individuais do sujeito e o suporte afetivo e social percebido por ele em seus contextos de
desenvolvimento. Por esse motivo, “o impacto dos eventos estressores vividos pelos
participantes deve ser levado em conta” (POLETTO; KOLLER; DELL’AGLIO, 2009a, p. 461).
Nesta pesquisa, foram realizadas algumas adaptações no instrumento, com base em uma
aplicação piloto realizada em uma turma de ensino médio (1ª etapa), de uma das escolas
participantes da pesquisa, composta por 14 (quatorze) jovens com idades entre 18 e 22 anos, a
fim de contextualizá-lo de acordo com a realidade do município de Belém.
O quadro 04 apresenta as adaptações culturais realizadas no inventário:
Quadro 04: Adaptações culturais realizadas no IEEA.
ITENS SITUAÇÕES ADAPTAÇÕES
5 Rodar de ano na escola Reprovar de ano na escola
Ser levado (a) para a Ser levado (a) para uma instituição de medidas
14
FEBEM socioeducativas
58 Terminar o namoro Terminar o namoro/noivado/casamento
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Após essas alterações, deu-se início a aplicação dos inventários que compuseram a
amostra quantitativa desta dissertação, a começar pela escola que permitiu a inserção anterior
e, logo em seguida, as demais instituições. Destaca-se que os estudantes responderam aos
instrumentos de forma coletiva no próprio espaço físico das escolas, nas salas de aula.
A temática do debate deve ser apresentada pelas pessoas responsáveis por conduzir o
processo de diálogo – os (as) facilitadores (as) –, com a ajuda de instrumentos metodológicos
que têm como função expor o tema através de informações detalhadas e alternativas para se
lidar com ele. A metodologia propõe que a temática do debate seja organizada em Cenários
Provocativos que podem ser organizados em forma de textos, slides, Power Point, vídeos ou
qualquer outro material informativo que seja capaz de provocar o diálogo (IBASE; PÓLIS,
2006).
Nesta pesquisa foi realizado um Grupo de Diálogo seguindo as seguintes etapas:
1) Retorno à instituição: Sob a coordenação da Prof.ª Lúcia Silva, o GEPJUV retornou,
no dia 26 de outubro de 2017, a uma das escolas participantes da primeira etapa do
estudo, selecionada por conveniência, a fim de verificar a possibilidade realização de 1
GD com os/as estudantes no próprio espaço físico da escola. A equipe foi muito bem
recebida pela coordenação pedagógica da instituição, que concordou com a proposta, e
pediram para que o grupo retornasse no dia 07 de novembro de 2017, às 9h, para realizar
o GD.
2) Preparação do Cenário Provocativo (apêndice 06): Logo em seguida, procedeu-se à
elaboração do Cenário Provocativo a ser utilizado como base à conversa com os/as
estudantes. Este foi organizado em Power Point a partir de alguns resultados
quantitativos levantados através do IEEA. O cenário teve por objetivo fomentar o debate
entre os participantes acerca dos principais resultados da primeira etapa da pesquisa,
bem como compreender suas percepções e significações sobre fatores de risco e fatores
de proteção.
3) Realização dos Grupos de Diálogo: No dia 07 de novembro de 2017, às 9h, retornou-
se à instituição, conforme havia sido marcado anteriormente. Foi selecionada pela
Coordenação Pedagógica da escola uma turma de primeiro ano do ensino médio, com
32 estudantes, de ambos os sexos, sendo 14 do sexo masculino e 18 do sexo feminino,
com idades entre 14 e 18 anos. Na turma, havia dois mediadores membros do GEPJUV
(Prof.ª Lúcia Isabel e Mateus Souza) que conduziram o diálogo. Estes apresentaram a
pesquisa aos/às estudantes e destacaram que, naquele momento, estavam sendo
convidados a participar da segunda etapa do estudo que consistia, justamente, no Grupo
de Diálogo. Antes de iniciar a gravação da entrevista, os/as estudantes foram
informados/as da proposta da pesquisa, deixando-se claro todos os procedimentos
(metodológicos e éticos) adotados e, também, de que a participação era voluntária.
Outra informação importante dada aos/às participantes diz respeito ao integral sigilo e
104
informados sobre os procedimentos adotados na pesquisa e que sua participação era voluntária,
garantindo-se o sigilo das informações pessoais e a possibilidade de desistência a qualquer
momento do estudo. Logo em seguida, após a concordância, pedir-se-á para os maiores de 18
anos a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (apêndice 07). No
caso de menores de 18 anos, solicitou-se a assinatura do documento por seu responsável legal
e também do Termo de Assentimento (apêndice 08).
É importante destacar que os aspectos éticos seguem os princípios contidos no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990).
4.5 RESULTADOS
4.5.1 Amostra Quantitativa
Os 15 (quinze) eventos estressores mais frequentes e impactantes na amostra total estão
apresentados na tabela 05:
Tabela 05: Eventos estressores mais frequentes e impactantes para a amostra geral.
Sim Não Quanto foi ruim
Total
Evento estressor (Média//Desvio
(N) N % N %
Padrão)
Morte de outro familiar 506 361 70,8 145 28,7 4,00 (dp= 1,228)
Ter provas no colégio 498 355 69,6 143 28,0 2,21 (dp= 1, 405)
Discutir com amigos 506 353 69,8 153 30,2 3,12 (dp= 1,340)
Ter brigas com irmãos 508 337 66,3 171 33,7 2,91 (dp= 1,417)
Ter que obedecer às ordens de seus
503 329 64,4 174 34,6 2,10 (dp= 1,321)
pais
Um dos pais ficar desempregado 507 301 59,4 206 40,6 3,49 (dp= 1,398)
Mudar de escola 506 272 53,8 234 46,7 2,73 (dp= 1,367)
Não ter dinheiro 501 271 54,1 230 45,9 3,11 (dp= 1320)
Ser impedido de ir a festas ou
508 261 51,4 247 48,6 3,28 (dp= 1,406)
passeios
Ter familiares com ferimentos ou
507 253 49,9 254 50,1 3,50 (dp= 1,393)
doenças
Ser assaltado 500 252 49,4 248 49,6 3,93 (dp= 1,407)
Um dos pais ter filhos com outros
507 243 47,9 264 52,1 1,97 (dp= 1,272)
parceiros
Separação dos pais 499 231 46,3 268 53,7 3,25 (dp= 1, 537)
Morte de amigo 504 218 42,7 286 56,7 3,98 (dp= 1,313)
Mudar de casa ou de cidade 507 215 42,4 292 57,6 2,99 (dp= 1,466)
Sofrer humilhações ou ser
503 153 30,4 350 69,6 3,80 (dp= 1,304)
desvalorizado
Sofrer agressão física ou ameaça de
502 86 17,1 416 82,9 4,14 (dp= 1,466)
agressão por parte dos pais
Morte de um dos pais 507 81 16,0 426 84,0 4,27 (dp= 1,344)
Ser rejeitado pelos familiares 499 80 16,0 419 84,0 3,85 (dp= 1,415)
106
Os 10 (dez) eventos mais frequentes por sexo estão destacados em negrito na tabela, ou
seja, existem dois eventos que estão entre os dez mais frequentes para as meninas, mas que não
estão para os meninos, e vice-versa, a saber: a) Meninas: “Sentir-se rejeitado (a) por colegas e
amigos(as)” e “Não receber cuidado e atenção dos pais”; b) Meninos: “Ter amigos (as) com
ferimentos ou doenças” e “Envolver-se em brigas com agressão física”. Entre as meninas, os
dois eventos estão relacionados à percepção de apoio por parte da rede social e afetiva,
representada por colegas/amigos e pelos pais, já entre os meninos um dos eventos se refere às
relações entre pares e o outro à violência física.
Além disso, é interessante observar que, para ambos os sexos, obedecer às ordens dos
pais é o primeiro evento estressor mais frequente. Depois a frequência por sexo pa ssa a ter a
seguinte configuração, levando-se em consideração os cinco primeiros eventos: a. Meninas: 2.
Separação dos pais (f=137; 50,92%); 3. Ter problemas e dúvidas quanto às mudanças no corpo
e aparência (f=115; 42,27); 4. Ter dificuldades em fazer amizades (f=108; 40%); 5. Ter crise
nervosa (f=104; 38,37); b. Meninos: 2. Ser expulso (a) da sala de aula pelo/a professor/a (f=106;
45,53%); 3. Reprovar de ano na escola (f=104; 46,22%); 4. Sofrer castigos e punições (f=100;
45, 04%); 5. Separação dos pais (f=91; 40,99%). Ambos os sexos citaram a separação dos pais
como uma situação frequente, apesar de ser mais comum entre as meninas.
A tabela 07, por sua vez, apresenta o impacto dos eventos por sexo:
Tabela 07: Escores médios de impacto de eventos estressores por sexo.
Feminino Masculino
Eventos Estressores Desvio Desvio
Média Média
Padrão Padrão
(M) (M)
(dp) (dp)
Fazer aborto / A namorada fazer aborto. 4,857 0,378 4,647 0,606
Morte de um dos pais. 4,621 1,049 4,063 1,465
Ter dormido na rua. 4,231 1,235 4,227 0,813
Morte de irmãos (ãs). 3,833 1,579 4,000 1,394
108
Para ambos os sexos, o aborto aparece como o evento percebido como mais estressor.
Depois o impacto por sexo passa a ter a seguinte configuração, levando-se em consideração os
5 cinco primeiros eventos: a. Meninas: 2. Morte de um dos pais (M=4,621; dp=1,049); 3. Ter
dormido na rua (M=4,231; dp= 1,235); 4. Morte de irmãos (ãs) (M=3,833; dp=1,579); 5. Ter
doenças graves ou lesões sérias (M=3,750; dp=1,301); b. Meninos: 2. Ter dormido na rua
(M=4,227; dp=0,813); 3. Morte de um dos pais (M=4,063; dp=1,465); 4. Morte de irmãos (ãs)
(M=4,000; dp=1,394); 5. Ter doenças graves ou lesões sérias (M=3,511; dp=1,359).
As situações são praticamente as mesmas, no entanto, muda-se a percepção quanto ao
impacto. Destaca-se também que, com exceção do evento “Morte de irmãos (ãs)”, a média de
impacto para as meninas é mais elevada em todos os eventos apresentados.
5. Negligência institucional diante da Tem relação com a falta de apoio institucional FATOR DE RISCO AO
violência sexual (f=1); diante da violência sexual. Eventos Estressores
DESENVOLVIMENTO
f= 18.
(f=18)
Relato II
P2: Na parada de ônibus. Aí eu tava com dinheiro no bolso. Aí tava e uns amigos
meus. Aí um moto-taxi do nada: “é um assalto”. Aí todo mundo saiu de lá. Aí, ele
veio assim e puxou um facão. Aí:
- Passa, passa o celular.
- Que celular? Eu não tenho celular.
- Cadê o celular?
Meu primo veio lá de trás e deu o celular pra ele.
P3:[...] Ele [o avô] já tava doente, ele tava em coma por causa da gastrite, parece, aí
minha mãe até visitava ele às vezes, quando eu vi a minha irmã veio e simplesmente
falou:
- O vovô morreu. A mamãe tá chorando.
Na hora, eu não tive reação, tipo, eu fiquei parada lá, aí eu comecei a chorar, comecei
a chorar [...].
Aí eu fiquei chorando quase a noite toda porque toda vez que eu ia pra casa dele, ele
sempre tava lá, eu sempre convivia com ele, mesmo que fosse pouco. Aí quando eu
voltei pra escola, isso foi difícil porque quase não saia da minha cabeça, né, eu só
pensava naquilo e atrapalhou um pouco os meus estudos. Aí eu acabava chorando na
escola, as minhas amigas me ajudavam. Mas foi uma situação muito difícil porque é
uma pessoa que a gente ama morre, aí só pensa naquilo e atrapalha as outras coisas
que a gente tem que conviver. Mas foi bem estressante mesmo.
Relato II
P4: [...] nossos pais não entendem a gente, porque o que eles viveram antes é o que a
gente vai viver hoje ou então o mundo tá muito diferente porque eles viveram antes,
mas com o tempo tudo vai se evoluindo [...].
Então parece que eles são tipo focado mais no que eles viveram antes, como eram
antes, não no presente, então por isso que os nosso pais muitas das vezes eles se
espantam sim pra entender a gente, mas talvez o passado deles não deixa eles
entenderem um pouco do que a gente tá vivendo.
112
Relato I
P5: Eu me estresso muito rápido. Não consigo controlar, entendeu? A pessoa vai me
estressando, vai me provocando, né? Aí, eu não consigo me controlar.
Relato II
P6: Eu cheguei a discutir com amigos. Eu sou meio estourada na minha vida. A
maioria dos meus amigos, eu não chego a discutir, mas quando eu chego a discutir,
eu discuto muito.
d) Violência Sexual:
Nos relatos que seguem de P4 e P7, nota-se a crueldade da violência sexual na
adolescência, que causa indignação em P4 e muito medo e tensão em P7.
Relato I
P4: Recentemente, uma moça fazia dava carona e um rapaz teve, estuprou ela, ela foi
dar carona pra ele. [...] ela tava indo pra casa do namorado dela e eu ouvi um
comentário que falaram o que:
- Essa menina é burra! Tava dando carona pra desconhecido.
Ela tá fazendo o bem, ela tá ajudando ao próximo, ela não queria nada em troca porque
ninguém pagava ela pra dar carona. Então, é o que eu sempre me pergunto: até quando
vamos ser acusadas, quando somos vítimas.
Relato II
P7: Já aconteceu isso comigo de um cara mandar mensagem pra mim me ameaçando,
se eu não enviasse uma foto nua, ele ia fazer montagem minha e ia postar em todas as
redes sociais e ele bateu um print do Facebook dele sendo que ele tava em um bocado
de grupo de homens e se eu não mandasse ele ia postar várias fotos minhas.
Aí eu peguei, fiquei com muito medo, muito medo, não cheguei a fazer isso, eu
comecei a chorar. Falei: “Meu Deus, me ajuda! O que eu vou fazer?” Aí eu peguei e
contei pra minha prima. Aí a minha prima pegou e falou: “pera aí. A gente vai já
resolver esse assunto”. Foi que o meu primo hackeou o celular desse cara e descobriu
que esse cara é de São Paulo, ele não é de Belém. Ele disse que conhecia a minha
família, se eu contasse pra alguém, ele ia matar o pessoal da minha família. Ele falou
um bocado de coisa. Começou a me ameaçar muitas vezes, aí foi que eu levei o celular
na polícia. Eles tentaram rastrear o celular, só que esse número tava registrado no chip
de São Paulo [...].
Relato II
P2: Fora dessa questão de morte de familiar, outros problemas, eu acho que quase
todos desses aí, desses vários que tem, vários jovens procuram sempre a ajuda quase
que sempre dos amigos [...].
Relato III
P7: Eu tive recentemente uma decepção, que foi algo que me marcou muito. Eu vinha
pra escola, cheguei a chorar e eu contei muito com o apoio de alguns amigos que eu
não tive coragem de falar pra ninguém da minha família, ninguém sabe, mas eu contei
pra alguns amigos e eles me ajudaram muito que foi, eu não queria mais saber mais
de nada. Aí eles me ajudaram muito. Foi algo muito maravilhoso.
Relato IV
P4: Tô passando algo na minha família, na minha casa que eu não quero falar pros
outros, eu tô passando, não fico expondo, apenas uma pessoa percebeu isso que foi o
[olha para o lado e diz o nome de um colega de sala], só que nem ele sabe porque eu
não contei pra ele, mas eu sei que eu preciso dele e ele precisa de mim, assim como
nós precisamos uns dos outros.
4.6 Discussão
Este estudo buscou compreender as implicações da exposição a eventos estressores no
desenvolvimento de adolescentes e jovens estudantes de escolas públicas e as possíveis
interações entre fatores de risco (eventos estressores) e de fatores de proteção. De início, os
eventos estressores foram identificados através da aplicação do IEEA. O instrumento também
permitiu analisar o impacto atribuído pelos participantes aos estressores vivenciados,
115
e jovens e traz implicações ao seu bem-estar psicossocial (SOUZA; SILVA; NUNES, 2016;
BENETTI et al, 2010; SCARPATO, 2004).
Benetti et al (2010) buscou identificar ocorrência de situações traumáticas associadas às
manifestações de problemas de saúde mental em 245 adolescentes estudantes da região
metropolitana de Porto Alegre, RS. Os participantes apresentaram alta frequência de exposição
à violência na comunidade que esteve relacionada a assaltos, roubos e armas de fogo. A média
masculina, especificamente, para a exposição a eventos de violência geral e para exposição
direta (quando o adolescente é a própria vítima) foi maior que a feminina. As exposições direta
e indireta à violência constituíram-se como situações prejudiciais ao desenvolvimento dos
estudantes participantes da pesquisa.
A violência comunitária expressa em práticas de pequenos roubos e assaltos (com ou
sem o uso de armas de fogo) é um fator de risco grave e significativo para problemas de saúde
mental na adolescência. Os efeitos da violência causam respostas de medo e agressividade
excessivas ou inadequadas que prejudicam a trajetória de adaptação a estímulos afetivos e
emocionais da juventude (PINTO et al, 2014; BENETTI et al, 2010).
O evento estressor “discutir com amigos” foi o terceiro mais frequente entre a amostra
quantitativa. Este resultado corrobora com as pesquisas de Morais, Koller e Raffaelli (2010),
Poletto, Koller e Dell’Aglio (2009), Wathier e Dell’Aglio (2007), Kristensen et al (2004),
Dell’Aglio et al (2005) e Benetti et al (2010). As falas de P5 e P6 no Grupo de Diálogo
evidenciaram que o estresse influencia no controle emocional do adolescente ocasionando
desentendimento em algumas de suas relações de amizade.
Esses desentendimentos entre pares podem ser compreendidos como acontecimentos
presentes ao longo do desenvolvimento da vida de crianças e adolescentes, haja vista que se
configuram como “um como um laboratório de experiências relacionais” (POLETTO,
KOLLER, DELL’AGLIO, 2009, p. 462). Desse modo, deve-se verificar minuciosamente cada
caso, pois as relações de amizade também são apontadas pela literatura como um importante
fator de proteção (LISBOA, 2005; COSTA, 2016; AMPARO et al, 2008; DESOUSA;
CERQUEIRA-SANTOS, 2012). Na adolescência, portanto, podem acontecer situações de
desentendimento entre os pares, mas, ao mesmo tempo, expressões de afeto e compartilhamento
que relevam aspectos importantes do processo de socialização e desenvolvimento humano
(POLETTO; KOLLER, 2008).
Outra situação muito frequente na amostra quantitativa foi “ter provas no colégio”. No
Grupo de Diálogo, tal evento também foi o mais discutido pelos adolescentes. De modo geral,
nota-se nas falas que o estresse gerado pelas provas está relacionado às cobranças feitas pela
118
família para que os adolescentes tirem boas notas e/ou à falta de reconhecimento dos esforços
despendidos por eles diante dos exames avaliativos. As provas e os exames, por si só,
constituem-se enquanto eventos potencialmente estressores (KARINO; LAROS, 2014;
D’AVILA; SOARES, 2003; BONIFÁCIO et al, 2011), que acabam desencadeando outras
situações estressoras. No caso dos jovens participantes da pesquisa, existe uma inter-relação e
influência mútua entre eventos estressores, posto que as provas influenciaram nas relações dos
jovens com seus familiares e vice-versa, ou seja, o excesso de cobranças da família interfere
diretamente no desempenho dos jovens nos exames, do mesmo modo que a avaliação escolar
reverbera na dinâmica familiar. Deve-se compreender essa questão de forma processual e
relacional, uma vez que as adversidades não costumam estar isoladas, elas se inter-relacionam
e promovem outros eventos estressores. São processos complexos nos quais diferentes fatores
interagem e interferem na trajetória de vida da pessoa e de seus contextos de vida (MORAIS;
KOLLER; RAFFAELLI, 2010).
No mais, oito dos eventos mais frequentes e seis dos mais estressantes estiveram
relacionados à família dos participantes. Assim, pode-se perceber que os eventos estressores
não atingem os adolescentes de forma isolada, mas os seus contextos de desenvolvimento,
sendo, neste caso, a família aquela que é mais afetada. Esses resultados convergiram com
algumas falas do Grupo de Diálogo que também evidenciaram a família como um território de
tensões que afeta a vida do jovem. A fala de P4 referente à situação “Separação dos pais”
demonstrou que o evento impactou fortemente o seu emocional, ao ponto de afetar os seus
estudos. Neste depoimento, observam-se novamente as influências de um evento estressor nos
processos mesossistêmicos entre família e escola. Destaca-se que, para além destes estressores
que já haviam sido identificados através da amostra quantitativa, outro estressor relacionado à
família emergiu: “problemas com a família em relação à orientação sexual”.
Pesquisa conduzida por Maia (2017), com 5 adolescentes e jovens, de ambos os sexos,
estudantes de escolas públicas de Belém do Pará, com idades entre 16 e 19 anos, também
identificou fatores de risco no contexto familiar que corroboram os achados desta pesquisa. Os
dados evidenciaram que a separação dos pais acarretou mudanças e impactos negativos na vida
de um dos participantes. Outra narrativa revelou que o excesso de restrições e a falta de diálogo
ocasionaram medo e problemas de socialização na adolescência. No mais, também houve
relatos brigas e violência entre os membros das famílias que de alguma forma afetaram os
adolescentes. De acordo com a autora, tanto na sociedade quanto na família, as implicações
desses fatores na infância, adolescência e juventude costumam ser ignorados, pois não se leva
em consideração a exposição ao risco pode trazer danos de curto, médio ou longo prazo ao
119
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2010), as mulheres são as que mais
vivenciam a violência sexual e os homens a maioria dos que as perpetram. Dados posteriores
da entidade (OMS, 2014) indicam que uma em cada cinco mulheres com idade inferior a 18
anos no mundo já foi vítima de estupro ou abuso sexual e que uma em cada três mulheres já
experimentou violência física e/ou sexual por parte de seus parceiros. Além disso, 7% das
mulheres já foi alvo de violência sexual por desconhecidos e 50% delas se envolveu em uma
disputa física com seus companheiros.
Pesquisa de Habigzang et al (2008) buscou realizar avaliação psicológica em 10 casos
meninas vítimas de abuso sexual, com idades entre 09 e 13 anos. O estudo revelou que a maioria
das participantes foi vítima de abuso sexual por pelo menos um ano até a revelação da situação
a outras pessoas. As meninas apresentaram sintomas relacionados ao Transtorno de Estresse
Pós-traumático e indicadores de depressão e ansiedade. Também foi identificada a presença de
crenças distorcidas de culpa, diferença em relação aos pares e desconfiança, bem como baixo
rendimento escolar. As autoras salientam que essas alterações cognitivas e de comportamento
são algumas das principais consequências da violência sexual para as vítimas.
Outras pesquisas também identificaram a violência sexual como uma adversidade
potencialmente estressora na infância, adolescência e juventude (KRISTENSEN et al, 2004;
SCHNEIDER; PACHECO, 2010; POLETTO; KOLLER; DELL’AGLIO, 2009; DELL'AGLIO
et al, 2005).
Destaca-se que o depoimento de P7 no Grupo de Diálogo salientou a falta de suporte
institucional diante da violência sexual, configurando-se, então como uma outra situação
adversa na adolescência. Entre as várias manifestações da violência, a sexual é uma das mais
danosas por provocar amplos transtornos físicos e psicológicos, tais como ansiedade, medo,
pesadelos, dores no corpo, risco de adquirir DST/AIDS e de gravidez não esperada, além de
tornar suas vítimas mais propensas a outros tipos de violência, ao abuso de drogas, à
prostituição, às disfunções sexuais, à depressão, às doenças psicossomáticas e ao suicídio, trata-
se, desse modo, de algo que precisa de atenção especial das instituições de proteção e que
121
outros fatores de proteção diante da perda de uma pessoa significativa na juventude, associados
à espiritualidade e à família. A espiritualidade esteve expressa na busca de ajuda em Deus e a
família nas lembranças positivas das falas proferidas por um de seus membros antes de sua
morte, que influenciaram, até mesmo, na expectativa de futuro acadêmico da participante. Isso
significa que, antes de falecer, o componente familiar mantinha diálogos que ficaram nas
lembranças da jovem que, após sua partida, motivaram-na a continuar os estudos.
Por outro lado, as percepções positivas de apoio dos amigos e de suas influências
protetivas em termos desenvolvimentais corroboram com a pesquisa de Costa (2016) e Amparo
et al (2008).
As relações de amizade que apresentam características de ajuda, aconselhamento,
conforto, apoio emocional e perdão são de grande relevância para enfrentamento de problemas
e situações de enfraquecimento emocional na adolescência e juventude (COSTA, 2016). Os
amigos exercerem inúmeras funções na vida destes sujeitos, que incluem apoio emocional,
espiritual, material, social e, até mesmo, em tarefas escolares. As relações de amizade, somadas
a outros fatores de proteção (família, escola, autoestima, religiosidade e espiritualidade) podem
contribuir para resolução de problemas e para a manutenção do desenvolvimento saudável
(AMPARO et al, 2008)
Os adolescentes, em uma visão Bioecológica, são seres
em desenvolvimento que interagem de maneira dinâmica com indivíduos e com seu meio
ambiente e são influenciados mutuamente pelos diversos contextos em que estão inseridos.
Entre esses contextos, os relacionamentos de amizade apresentam características importantes
nos diferentes microssistemas que participam (DESOUSA; RODRIGUEZ; DE ANTONI,
2014).
A amizade é entendida como uma interação entre dois ou mais indivíduos, recíproca e
iniciada por livre escolha. Trata-se de uma relação diádica, bilateral, íntima, mútua e voluntária.
As relações de amizade envolvem aspectos de afetividade, intimidade e confianças, que
possuem características próprias e que são únicas no ciclo vital. Os vínculos entre amigos
provêm, por exemplo, de uma natureza hierárquica distinta daquela construída com a família,
que vai agir de forma singular no desenvolvimento do sujeito (LISBOA, 2005).
Os amigos desempenham um papel importante ao oferecer apoio social e emocional que
ajuda na preservação da saúde física e mental do adolescente. O apoio social advindo dos
amigos funciona como mecanismo de proteção contra sentimentos de angústia (PEREIRA;
GARCIA, 2007) e atua como moderador diante de adversidades (DESOUSA; CERQUEIRA-
SANTOS, 2012). Uma parte significativa do repertório comportamental dos adolescentes é
123
influenciado pelas amizades. Geralmente, na infância, o indivíduo passa maior parte de seu
tempo em convívio familiar e, na adolescência, os amigos também passam a exercer um papel
mais significativo no processo de socialização. Esse tipo de relacionamento pode estar
associado à percepção positiva de suporte social e de qualidade de vida, bem como aos
sentimentos de felicidade e pertencimento (TOMÉ et al, 2011; COSTA, 2012).
124
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta dissertação buscou compreender as implicações da exposição a eventos estressores
no desenvolvimento de adolescentes e jovens estudantes de escolas públicas e as possíveis
interações entre fatores de risco (eventos estressores) e fatores de proteção ao desenvolvimento.
Trata-se de um estudo vinculado a uma pesquisa maior (SILVA, 2017) e que dá continuidade
à uma investigação anterior (SOUZA; SILVA; NUNES, 2016) sobre eventos estressores na
adolescência e juventude em Belém do Pará.
Assim, as discussões e os dados apresentados ao longo do texto buscaram contribuir na
construção de um panorama acerca da juventude na região belenense, esforço este que tem sido
realizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Adolescência, Juventude, Vulnerabilidade e
Fatores de Proteção (GEPJUV) ao longo dos últimos anos. De modo geral, os dados levantados
pelo GEPJUV têm revelado uma forte rede de risco à adolescência e juventude, marcada,
sobretudo, pela exposição à violência em diferentes contextos, sendo que algumas das situações
violentas experienciadas pelos jovens em Belém se configuraram como eventos estressores.
Ao mesmo tempo, o grupo de pesquisa tem se empenhado em indicar possíveis
caminhos protetivos e possibilidades de enfretamento ao risco. Foi dentro dessa perspectiva que
a presente investigação foi executada, isto é, com a intenção de compreender como vivem os
jovens em Belém, os potenciais fatores de risco ao seu desenvolvimento e os processos que os
têm ajudado em suas trajetórias. Entende-se ser relevante compreender como situações
estressantes podem operar no desenvolvimento e em quais ocasiões um potencial estressor se
apresenta como ameaça aos adolescentes e jovens e de que forma os fatores de proteção atuam
nesse processo. Muitas das adversidades podem ser melhor enfrentadas se forem percebidos os
mecanismos que nelas operam.
Na pesquisa, a fim de alcançar os objetivos propostos, utilizou-se um delineamento
multimétodos subdividido em dois estudos, sendo o primeiro uma Revisão Sistemática de
Literatura (RSL) e o segundo uma pesquisa empírica quanti-qualitativa que utilizou o Inventário
de Eventos Estressores na Adolescência – IEEA e a metodologia dos Grupos de Diálogo (GD).
Através da RSL, pôde-se compreender a importância de estudos sobre eventos
estressores pela possibilidade de identificar um conjunto de situações que podem se configurar
como potenciais estressores e que se manifestam em diferentes contextos e momentos da vida
de crianças, adolescentes e jovens. Como resultados desenvolvimentais, os eventos estressores
podem trazer sérias consequências à saúde mental e ao bem-estar de crianças e jovens. Por outro
lado, a literatura também aponta possibilidades de moderação desses efeitos em pesquisas que
125
escola. Com isso, deve-se pensar que a escola não é uma ilha isolada da realidade dos
estudantes, sobretudo daqueles que advém das camadas populares da sociedade e que têm sua
trajetória marcada justamente por muitos eventos estressores que são potencializados por
questões macroestruturais.
Diante dessa gama de eventos estressores, a pesquisa identificou que as amizades têm
um efeito protetivo importante. No caso específico da morte de um familiar, o estressor
demonstrou possuir elevado poder de impacto não só na vida do adolescente, mas em seu
ambiente familiar que, do mesmo modo, acabou sendo fragilizado. Assim, as relações de
amizade se configuraram como moderadores importantíssimos nesse cenário. Enquanto o
contexto familiar estava fragilizado e com poucos recursos protetivos, outro ambiente
desenvolvimental entrou em cena no processo e amorteceu o efeito do estressor: as amizades.
Além dessa questão, os participantes relataram passar por diversos problemas que não
partilhavam com outras pessoas, a não ser com os amigos. As falas indicaram que os sujeitos
trazem situações adversas vivenciadas em outros contextos para dentro da escola e dialogam
sobre elas apenas com os amigos. Quando tratam dessa questão, os jovens parecem não estar
se reportando aos amigos do microssistema comunitário, mas às amizades que têm no
microssistema escolar. Assim, nota-se que a dinâmica da escola extrapola as atividades
cotidianas centradas, por exemplo, em provas. Em certa perspectiva, pode-se considerar que a
instituição escolar atuou sim como protetiva diante dos estressores, mas que esse papel foi
desempenhado pelos próprios estudantes que são parte constituinte do contexto educacional.
No entanto, questiona-se: diante dos eventos estressores vivenciados pelos participantes, onde
estiveram os profissionais que atuam na educação, tais como coordenação pedagógica, a direção
e os próprios professores? Os dados indicaram uma certa invisibilidade desses sujeitos nessas
circunstâncias.
Outros contextos e instituições que podem ser essenciais no enfrentamento de
estressores específicos, não foram percebidas como oferecedoras de suporte, como foi o caso
da própria escola e da família, além destes, os resultados indicaram uma certa negligência por
parte da polícia no que tange às situações de abuso sexual. A adolescência e a juventude são
fases que podem ser mais susceptíveis a certos eventos estressores, o que demonstra que, nessas
etapas, os sujeitos se encontram vulneráveis e necessitam de apoio para enfrentar essas
adversidades, sendo que algumas delas exigem estratégias de enfrentamento específicas, assim
como intervenções institucionais. Desse modo, os jovens precisam perceber essas instituições
como oferecedoras de suporte social e emocional.
127
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APÊNDICES
148
TESTE DE RELEVÂNCIA
(Aplicado aos artigos na íntegra)
Identificação do Estudo
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________ _____
_______________________________________________________________________________________
Perfil dos
Local da Tipo de
Palavras- Ano de Tipo de participantes/ Principais
ID Objetivos Revista coleta de Instrumentos análise dos Participantes Sexo Idade
chave publicação pesquisa Contexto de resultados
dados dados
desenvolvimento
01
02
03
04
05
06
151
___________________________________
Profa. Dra. Lúcia Isabel da Conceição Silva
Coordenadora GEPJUV
152
10. Com quem você mora? (Marque todas as pessoas que moram na mesma casa que você)
Belém, ______/______/_____
________________________
Assinatura do sujeito /representante responsável
Belém, ____/_____/_____
_____________________________________
Assinatura da testemunha
(para caso de sujeitos menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de deficiência auditiva ou visual,
privados de liberdade e etc...)
Belém, ______/______/_____
_________________________________________________
Assinatura do sujeito que colheu o TCLE
(Somente para o responsável do projeto) Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
Belém, ______/______/_____
________________________________________
Nome:
156
Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa “Violências contra crianças, adolescentes e jovens:
percepções sobre risco e proteção e dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade)”.
Nesta pesquisa pretendemos “construir uma compreensão abrangente sobre o fenômeno da violência contra
crianças, adolescentes e jovens e possibilidades de enfrentamento, identificando a exposição à violência,
concepções dos sujeitos e instituições, atuação da rede de proteção e impactos nos processos de
desenvolvimento”. A pesquisa consiste na aplicação de questionário e/ou entrevista. Para participar desta
pesquisa, o responsável por você deverá autorizar e assinar um Termo de Consentimento. Você não terá nenhum
custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido(a) em qualquer aspecto que desejar e
estará livre para participar ou recusar-se. O responsável por você poderá retirar o consentimento ou interromper
a sua participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará
qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido(a) pelo pesquisador que irá tratar a sua
identidade com padrões profissionais de sigilo. Você não será identificado em nenhuma publicação. Esta pesqui sa
apresenta risco mínimo (ou risco maior que o mínimo, se for o caso), isto é, o mesmo risco existente em atividades
rotineiras como conversar, tomar banho, ler e etc. Apesar disso, você tem assegurado o direito a ressarcimento
ou indenização no caso de quaisquer danos eventualmente produzidos pela pesquisa. Os resultados estarão à sua
disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a
permissão do responsável por você. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o
pesquisador responsável por um período de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos. Este termo de
consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador
responsável, e a outra será fornecida a você.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim,
descrevendo o estudo “Violências contra crianças, adolescentes e jovens: percepções sobre risco e proteção e
dinâmica de atuação das redes de proteção (escola, família e comunidade)". Ficaram claros para mim quais são
os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confiabilidade e de esclarecimentos. Ficou claro também que a minha participação é isenta de despesas e que
tenho garantia de acesso aos resultados do estudo quando necessário. Concordo voluntariamente em participar
deste estudo e poderei retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
Agradecemos a colaboração aos participantes e colocamo-nos à disposição esclarecimentos adicionais com a
coordenadora Profa. Dra. Lúcia Isabel Silva (3233-0606). Caso tenha alguma dúvida, o Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos do Hospital Universitário João de barros Barreto estará à disposição no telefone
(91) 3201-6754.
Belém, ______/______/2017 ________________________
Assinatura do participante
ANEXOS
158
ANEXO 01:
INVENTÁRIO DE EVENTOS ESTRESSORES NA ADOLESCÊNCIA - IEEA
COD/ID: _________
Abaixo estão apresentados alguns eventos que podem ter acontecido na sua vida, provocando uma reação de tensão que chamamos de
estresse. Damos o nome de estresse a um conjunto de reações físicas e psicológicas que temos quando passamos por uma situação de vida
difícil, que nos dá medo, incomoda ou irrita. Marque aqueles eventos de vida que já ocorreram com você e assinale, para estes, um valor
entre 1 a 5 de forma que quanto maior for o valor, mais forte foi o estressor para você. Considere o seguinte exemplo:
00) Ter problemas de saúde
Não ( )
Sim ( X ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( X )
Nesse exemplo, o adolescente realmente teve problemas de saúde e considerou isso um evento estressor muito forte. Portanto, assinalou a
alternativa “Sim” e marcou o valor “5”. Se o ou a adolescente não tivesse passado por nenhum problema de saúde, ele/ela assinalaria a
alternativa “Não” e nenhum valor seria atribuído ao evento, pois o mesmo não ocorreu. Leia com atenção às alternativas abaixo e trabalhe
individualmente. Muito obrigado pela sua colaboração.
1) Ter problemas com professores Não ( ) 20) Discutir com amigos (as)
Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Não ( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
11) Mudar de escola
2) Ter problemas com a polícia Não ( ) 21) Ter brigas com irmãos (ãs)
Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Não ( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
12) Mudar de casa ou de cidade
3) Não ter dinheiro Não ( ) 22) Ter familiares com ferimentos ou
Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) doenças
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Não ( )
13) Assumir o sustento da sua família Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
4) Ter problemas com a justiça Não ( )
Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 23) Um dos pais ficar desempregado
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Não ( )
14) Ser levado para uma instituição de Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
5) Reprovar de ano na escola medida socioeducativa
Não ( ) Não ( ) 24) Ter dormido na rua
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Não ( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
6) Um dos pais ter filhos com outros 15) Ir para o conselho tutelar
parceiros Não ( ) 25) Ter amigos (as) com ferimentos ou
Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) doenças
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Não ( )
16) Morte de um dos pais Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
7) Perder o emprego Não ( )
Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 26) Não receber cuidado e atenção dos
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) pais
17) Morte de irmãos (ãs) Não ( )
8) Ter problemas e dúvidas quanto às Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
mudanças no corpo e aparência Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
Não ( ) 27) Ser impedido (a) de ir a festas ou
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 18) Morte de outro familiar passeios
Não ( ) Não ( )
9) Não ter amigos (as) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
Não ( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 19) Morte de amigo (a) 28) Ter que obedecer às ordens de seus
Não ( ) pais
10) Não conseguir emprego Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Não ( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
159
36) Um dos pais se casar novamente 49) Envolver-se em brigas com agressão 62) Ter mau relacionamento com
Não ( ) física colegas
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Não ( ) Não ( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
37) Sofrer agressão física ou ameaça de
agressão por parte dos pais 50) Ser estuprado (a) 63) Ser impedido (a) de ver os pais
Não ( ) Não ( ) Não ( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
38) Ser tocado (a) sexualmente contra a 51) Ser rejeitado (a) pelos familiares 64) Ser pobre
vontade Não ( ) Não ( )
Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
52) Ser assaltado (a)
39) Ser suspenso (a) da escola Não ( )
Não ( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
53) Ser xingado (a) ou ameaçado (a)
40) Ter sido adotado (a) verbalmente
Não ( ) Não ( )
Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) Sim ( ) 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
ANEXO 02:
APROVAÇÃO DO PROJETO NO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EM SERES
HUMANOS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO DA UFPA.
161
162
163
164
165