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Instituto Superior de Transportes

e Comunicações

Transmissões por
Parafuso sem Fim
Órgãos de Máquinas – Cápitulo 5 3⁰ Ano

Eng⁰ Eulices Mabasso


Tópicos
1. Conceitos gerais Transmissões por Parafuso Sem Fim (PSF)
2. Características geométricas das Transmissões PSF
3. Esforços actuantes nas transmissões PSF
4. Causas das avarias das transmissões PSF
5. Resistência das transmissões por PSF
6. Cálculo térmico
7. Sequência de cálculo das transmissões
8. Exercícios prácticos
2
1. Conceitos gerais
 Parafuso sem fim é um tipo de transmissão por engrenagens
onde o movimento circular gerado pelo parafuso movimenta uma
coroa ou um pinhão teoricamente sem fim, pois ao contrário de
mover a contra-parte, ela gira, mantendo o movimento circular.

 As engrenagens de parafuso sem-fim pertencem ao grupo das


engrenagens torsas, em que uma das rodas tem a forma de um
parafuso.

 As engrenagens de parafuso sem-fim podem também ser


consideradas como um caso particular das engrenagens
helicoidais cruzadas.
3
1. Conceitos gerais
 Originalmente, as engrenagens de parafuso sem-fim eram
utilizadas para transmissões mecânicas compactas em que se
pretendia uma significativa redução de velocidades entre os
órgãos motor e movido.

 Este tipo de engrenagem é mais suave, mais silencioso e


amortece um maior nível de vibrações quando comparado com
as restantes classes de engrenagens.

 Em relação às hipoides, os parafusos sem-fim apresentam maior


capacidade de carga em virtude do maior contacto entre os
dentes .
4
1. Conceitos gerais
 A transmissão de parafuso sem-fim/coroa faz
parte das transmissões dentadas-roscadas
tendo características tanto de transmissões
dentadas como de transmissões roscadas.

 As transmissões de parafuso sem-fim/coroa


diferenciam-se das transmissões com dentes
helicoidais de eixos cruzados visto que estas,
no momento inicial, têm contacto pontual,
Fig.1- Coroa - Parafuso sem Fim
enquanto que as transmissões de parafuso
sem-fim/coroa têm contacto linear.
1. Conceitos gerais
1. Uso da engrenagem sem fim

 O uso da engrenagem sem fim se dá quando


é necessário reduzir a velocidade
transmissão de força para uma segunda
engrenagem para que o trabalho de uma
máquina não se sobrecarregue.

 Enquanto a maior parte das engrenagens


utiliza velocidades mais altas, a taxa de
transmissão da engrenagem sem fim é bem Fig.1.1 - Coroa - Parafuso sem Fim
menor, mas varia de acordo com o número
de dentes que a engrenagem possui e com a
máquina em que ela se encaixa.
1. Conceitos gerais
1. Uso da engrenagem sem fim

 O movimento na TPSF é constante e, na


maioria dessas transmissões, o veio
consegue girar a coroa, porém a coroa não
pode girar o veio durante o movimento.

 Esta é uma particularidade única deste tipo


de transmissões, que acontece devido ao
fato de a inclinação do veio ser pequena
demais para ser capaz de ser girada a partir
a fricção iniciada pela coroa.
Fig.1.2 - Coroa - Parafuso sem Fim
1. Conceitos gerais
1. Uso da engrenagem sem fim

 Essa característica faz com que este


tipo de transmissão seja muito
utilizada para certificar a segurança de
máquinas como os transportadores ou
até mesmo em meios de transporte,
pois a possibilidade de se parar o
movimento consegue-se operando
essa transmissão como uma trava
para a máquina. Fig.1.3 - Coroa - Parafuso sem Fim
1. Conceitos gerais
1. Uso da engrenagem sem fim

 As transmissões por
PSF e do Parafuso sem
fim são usadas para
várias finalidades dentre
elas:
1. Mecanismos de elevação de
água;
2. Transporte de grãos;
3. Rochas na mineração;
4. Redutores;
5. Etc.
1. Conceitos gerais
1. Uso da engrenagem sem fim
1. Conceitos gerais
1. Uso da engrenagem sem fim

 O Parafuso sem Fim foi inventado por


Arquimedes, Grande cientista da
antiguidade , por este facto o Parafuso sem
fim as vezes é chamado por Parafuso de
Arquimedes. Porém os gregos já
conheciam o mecanismo de TPSF no
Século III a.C.
Fig.2- Arquimedes 287 e 212 a.C.
 A invenção do PSF foi extremamente
importante para o desenvolvimento de
diversas civilizações, tanto que o Parafuso
de Arquimedes estava estampado na moeda
italiana ao lado do seu idealizador.
1. Conceitos gerais
1.2. Vantagens e Desvantagens

Vantagens

a) possibilidade de obtenção de grandes relações de transmissão


(compacidade) (as relações de transmissão podem atingir valores
da ordem dos 100:1);
b) suavidade e ausência de ruído durante o funcionamento;
c) possibilidade de deslocamentos reduzidos e precisos (por
exemplo, em mecanismos divisores);
d) transmissão de movimento entre eixos cruzados;
e) possibilidade de garantir irreversibilidade do movimento (auto-
frenagem)
1. Conceitos gerais
1.2. Vantagens e Desvantagens

Desvantagens:

a) baixo rendimento (comparativamente a outros tipos de transmissões);


b) frequente necessidade de utilização de materiais anti-fricção de alto custo
para o fabrico da roda-coroa;

As transmissões de parafuso sem-fim/coroa utilizam-se quando é necessário


diminuir a velocidade e a transmissão do movimento é feita entre veios
cruzados (na maioria dos casos com veios perpendiculares).
O grau de utilização das transmissões de parafuso sem-fim/coroa corresponde
a cerca de 10% do das transmissões por engrenamento.
1. Conceitos gerais
 De um modo geral, relações de transmissão de
50:1 são o limite em termos económicos. Para
valores superiores a este devem usar-se
sistemas de engrenagens de dois andares.
Quando o fator primordial é a transmissão de
potência devem usar-se parafusos de múltiplas
entradas.

 Quando o principal fator é a redução de


velocidade devem usar-se parafusos de uma
única entrada, sobretudo quando se pretende
qua a transmissão seja autoblocante. Em geral, o
número de entradas varia entre 1 e 5, podendo
atingir 10. Fig.3 – Parafuso sem-fim de quatro
entradas
1. Conceitos gerais
1.3. Envolvimento Simples e Duplo

A capacidade de transmissão de
potência pode ser aumentada se
o parafuso for modificado com o
intuito de envolver a roda. Assim,
o contacto entre os dentes dá-se
segundo uma superfície e não
uma linha. Por conseguinte, a
capacidade de carga aumenta
com a modificação do parafuso e
ou da roda. Fig.4 – (a) Envolvimento simples; (b) Envolvimento
duplo
1. Conceitos gerais
1.4. Associações Parafuso Sem-Fim e Roda

 De um modo geral, são três as


diferentes associações que se podem
estabelecer entre o parafuso sem-fim e
a roda em sistemas redutores, a saber:

(i) parafuso cilíndrico e roda globoide;


(ii) parafuso globoide e roda cilíndrica;
(iii) parafuso globoide e roda globoide.

 Devido aos escorregamentos


consideráveis, os parafusos sem-fim
apresentam rendimentos que podem Fig.5 (a) Parafuso cilíndrico e roda globoide; (b)
variar entre 45 e 70%. Parafuso globoide e roda cilíndrica; (c) Parafuso
globoide e roda globoide.
1. Conceitos gerais
1.5. Relação de transmissão por parafuso sem Fim

 A relação de transmissão "i" das transmissões de parafuso sem-fim/coroa


define-se de acordo com uma condição segundo a qual em cada volta do
parafuso sem-fim a roda-coroa gira num ângulo correspondente a uma
quantidade de dentes igual ao número de filetes do parafuso sem-fim, podendo
ser analiticamente expressa por:
1. Conceitos gerais
1.5. Relação de transmissão por parafuso sem Fim

Embora o aspecto da fórmula para a relação de transmissão seja


similar ao das transmissões por engrenagens cilíndricas e cónicas,
nas transmissões por parafuso sem-fim/coroa os eixos são
perpendiculares e não são concorrentes.

Por isso, os vectores de velocidades nos pontos de engrenamento


não são paralelos, o que implica que as velocidades dos pontos do
elemento motor e elemento movido que estão em contacto são
notoriamente distintas, ou seja, há deslizamento.
1. Conceitos gerais
1.5. Relação de transmissão por parafuso sem Fim

Devido ao baixo rendimento, as transmissões de parafuso sem-


fim/coroa utilizam-se para potências pequenas e médias: até 200
kW. Vulgarmente usam-se até 50...60 kW, transmitindo torques até
5·105 N·m.

A relação de transmissão varia, geralmente, entre 8 e 63...80.


Porém, em alguns casos (como, por exemplo, no accionamento de
mesas de grandes diâmetros nas máquinas-ferramentas), a
relação de transmissão pode ir até 1000.
1. Conceitos gerais
1.5. Relação de transmissão por parafuso sem Fim

 Tal como nas transmissões por rodas dentadas cilíndricas, os módulos,


distâncias interaxiais e relações de transmissão são normalizados. As relações
de transmissão normalizadas são:

 Os valores reais das relações de transmissão não devem ser superiores aos
normalizados em mais de 4%. Os valores normalizados dos módulos "m" são,
em milímetros:
1. Conceitos gerais
1.5. Relação de transmissão por parafuso sem Fim

 As distância interaxiais normalizadas "aw" são: :


1. Conceitos gerais
1.6. Perfis dos Filetes

 A ferramenta utilizada para o fabrico da roda-coroa é análoga a um


parafuso sem-fim. O perfil dos dentes da roda-coroa é obtido
automaticamente, por envolvimento. Por esta razão, o perfil do parafuso
sem-fim pode ser variado. A escolha do perfil faz-se atendendo às
vantagens tecnológicas.

Em geral, os perfis dos filetes dos parafusos sem-fim podem apresentar as


seguintes formas geométricas:
 Filete trapezoidal ou de Arquímedes
 Filete gerado por um tronco de cone de revolução
 Filete helicoidal
1. Conceitos gerais
1.6. Perfis dos Filetes

Filete trapezoidal ou de Arquímedes

 Tem a aspecto de uma hélice na qual a


configuração do perfil (trapézio) na secção axial do
parafuso é retilínea. O ângulo do trapézio simétrico
é definido pelo ângulo de pressão axial.

 Estes parafusos sem-fim são simples de fabricar,


se não forem submetidos à rectificação. Podem
ser produzidos por torneamento com uma Fig.6 – Parâmetros geométricos da
ferramenta de corte simples, para ângulos de roda dentada cónica e da roda
dentada equivalente
subida da hélice entre 10 e 15º.
1. Conceitos gerais
1.6. Perfis dos Filetes

 Por isso, têm vasta utilização


em transmissões de baixa
velocidade e pouco
sobrecarregadas.

 Quando as cargas em jogo


são baixas podem usar-se
filetes com perfil triangular,
não obstante o seu
rendimento ser relativamente Fig.7 – Perfis de filetes de parafuso sem-fim: Perfil helicoidal
baixo devido ao elevado atrito evolvente
que se desenvolve.
1. Conceitos gerais
1.6. Perfis dos Filetes

 Existem ainda os parafusos sem-fim


tóricos em que os filetes são gerados
num segmento de toro. Neste tipo de
parafusos sem-fim existe um maior
número de filetes engrenados ao mesmo
tempo, pelo que apresentam uma maior
capacidade de carga.

 Devido à quase inexistência de folgas,


os parafusos sem-fim tóricos
possibilitam transmissões mais suaves. Fig.8 – Perfil gerado por tronco de
cone de revolução
2. Características geométricas
 A distância entre pontos homólogos correspondentes às partes
laterais de duas espiras contíguas, medida paralelamente ao eixo
chama-se "passo calculado" e designa-se por "p". A relação p/π
chama-se "módulo" e designa-se por "m" e é um parâmetro
normalizado.

 Como forma de reduzir a diversidade de ferramentas cortantes, a


razão entre o diâmetro e o módulo do parafuso sem-fim, com a
designação “coeficiente de diâmetro”, também é um parâmetro
normalizado, o seu sentido físico é muito próximo ao do número de
dentes de uma engrenagem.
2. Características geométricas
 Passo Normal, Aparente e Axial
Considere-se a representação da figura 9 que diz respeito à planificação do cilindro
primitivo de um parafuso sem-fim de dupla entrada.

Fig.9 – Elementos geométricos de um parafuso sem-fim


2. Características geométricas
 O diâmetro primitivo de referência (ou de corte) do parafuso sem-fim
é d1 = q⋅m, onde q é escolhido de tabelas, em função do módulo m:

m 2 2,5 3,15 4 5 6,3 8 10 12,5


q 8 10 12,5 16 20

(1)
2. Características geométricas
 O número de entradas do parafuso sem-fim z1 escolhe-se em função
da relação de transmissão i. Segundo normas, z1 é igual a:

Tabela 1. Relação entre número de dentes e relação de transmissão

 O ângulo de elevação da linha do filete 𝑝𝑧1 𝑝 ∙ 𝑧1 𝑚 ∙ 𝑧1 𝑧1


𝛾 do parafuso sem-fim sobre o diâmetro 𝑡𝑔𝛾 = = = = (2)
𝜋 ∙ 𝑑1 𝜋 ∙ 𝑑1 𝑑1 𝑞
primitivo de referência pode ser
determinado por:
2. Características geométricas
 As alturas da cabeça e do pé dos filetes (das espiras), os diâmetros
da crista e da raiz, e o comprimento da parte roscada são definidas
por:

(3)
 Onde:
(4)
(5)
2. Características geométricas

Fig.10 –Parâmetros geométricos da transmissão


parafuso-sem fim/ coroa
2. Características geométricas
2.1. Deslizamento nas transmissões de parafuso sem-fim

 No funcionamento das transmissões por parafuso sem-fim,


diferentemente das transmissões por rodas dentadas comuns, é
típica a existência de deslizamento a uma velocidade considerável.
A velocidade de deslizamento vs é tangente às linhas dos filetes do
parafuso sem-fim e o seu valor é dado por:

Fig.11 –Direcção da velocidade de deslizamento


2. Características geométricas
2.1. Deslizamento nas transmissões de parafuso sem-fim

 Para transmissões com parafusos de uma entrada (z1 = 1) pode-


se adoptar vs ≈ v1. Para o cálculo projectivo da transmissão vs
pode ser determinado aproximadamente usando a seguinte
fórmula, em m/s:

Fig.11 –Direcção da velocidade de deslizamento


3. Esforços actuantes nas transmissões
 No polo de engrenamento (figura 12) há três componentes de
forças mutuamente perpendiculares:

Fig.12 – Forças no engrenamento


4. Causas das avarias nas transmissões

As principais causas das avarias das transmissões de parafuso sem-


fim são:

 desgaste dos dentes da roda-coroa;


 gripagem;
 destruição das superfícies activas dos dentes da roda-coroa
por fadiga.

O desgaste é o critério que limita o período de serviço da maioria das


transmissões de parafuso sem-fim.
4. Causas das avarias nas transmissões
O desgaste depende muito da lubrificação e aumenta quando:

 a montagem da transmissão é feita com baixa precisão;


 o lubrificante está poluido;
 a rugosidade do parafuso sem-fim é alta;
 há arranques e paragens repentinos;
 as condições de lubrificação são precárias.

A gripagem é mais perigosa se na roda-coroa forem empregues


materiais duros: ferro, ferro-fundido, etc.
4. Causas das avarias das transmissões
 Em caso de utilização de materiais duros para o fabrico da roda-
coroa, a gripagem dá-se com muita intensidade, provocando
grandes deformações nas superfícies e rápido desgaste dos dentes
por partículas do material da roda-coroa que aderem ao parafuso
sem-fim.

 Quando se utilizam materiais macios para a roda-coroa (bronze


com estanho) a gripagem verifica-se em formas menos perigosas: o
material da roda-coroa "unta-se" no parafuso sem-fim.

 O esmigalhamento por fadiga verifica-se geralmente nas


transmissões com roda-coroa de bronze resistente à gripagem.
Este fenómeno verifica-se só na roda-coroa (bronze).
4. 1. Materiais

 No engrenamento do parafuso sem-fim com a coroa existem


zonas com condições de deslizamento indesejáveis, tal como foi
analisado. Para além disso, o contacto do par piora com a
deformação do parafuso sem-fim.

 A produção de ambos os elementos do engrenamento (parafuso


sem-fim e roda-coroa) com materiais duros não dá resultados
positivos. Por isso, em geral, a roda-coroa é feita de materiais
antifricção relativamente macios.
4. 1. Materiais
 Os materiais para o par parafuso sem-fim/roda-coroa, tendo em
vista os tipos de ruptura e defeitos dos dentes, devem ter boa
resistência ao desgaste, ter pouca tendência à gripagem, ser
facilmente trabalháveis, ter baixo coeficiente de atrito e possuir alta
condutividade térmica, para além de um baixo coeficiente de atrito.

 Os parafusos sem-fim podem ser feitos com muitas marcas de aços


ao carbono ou ligados. Os parafusos sem-fim para transmissões
carregadas são fabricados de aço tratado termicamente para uma
dureza considerável. Os parafusos sem-fim de aços cementados
têm a melhor resistência e estabilidade.
4. 1. Materiais
Tabela.2. Materiais de construção da Roda
4. 1. Materiais
 Determinação das tensões admissíveis ao Contacto e à Flexão
4. 1. Materiais
 Determinação das tensões admissíveis ao Contacto e à Flexão
5. Resistência das transmissões
 As transmissões de parafuso sem-fim são calculadas tanto pelo
critério de resistência à fadiga como pela resistência estática. Estes
cálculos são feitos utilizando tensões de contacto e de flexão. Em
geral, as tensões de flexão não são usadas para o cálculo
projectivo, mas para o cálculo testador.

 Os cálculos de resistência à flexão são utilizados sobretudo para


rodas-coroas com um grande número de dentes (acima de 90 …
100 dentes) e para transmissões com accionamento manual. Os
cálculos de resistência à fadiga por contacto e à gripagem são de
extrema importância. O cálculo de resistência ao desgaste faz-se
em simultâneo com estes cálculos.
5. Resistência das transmissões
5.1. Cálculo pelas tensões de contacto
 Para simplificação do cálculo, este é feito supondo que o contacto
se dá só no polo de engrenamento. Tal como nas transmissões por
engrenagens cilíndricas, inicialmente usa-se a fórmula de Hertz
para as tensões máximas de contacto na compressão mútua entre
dois cilindros ao longo das geratrizes.
5. Resistência das transmissões
5.1. Cálculo pelas tensões de contacto

 Mas também pode se calcular com a seguinte expressão:

Ou:
5. Resistência das transmissões
5.2. Cálculo pelas tensões de flexão

 O cálculo da resistência à flexão é feito para a roda-coroa visto que,


quando comparados com os dentes da roda-coroa, os filetes do
parafuso sem-fim são suficientemente resistentes, tanto em termos
de forma como em termos de material.

 O cálculo é análogo ao cálculo da resistência dos dentes das rodas


dentadas cilíndricas com dentes helicoidais. Porém, importa notar
que os dentes das rodas-coroas são aproximadamente 20 … 40%
mais resistentes que os dentes das rodas dentadas helicoidais
devido à forma arqueada dos dentes.
5. Resistência das transmissões
5.2. Cálculo pelas tensões de flexão

 A fórmula para o cálculo da tensão é dada por:

Tabela 3. Coeficiente de forma do dente 𝑌𝐹


6. Cálculo térmico
 Durante o seu funcionamento, as transmissões de parafuso sem-
fim libertam uma grande quantidade de calor, em associação com o
seu relativamente baixo rendimento mecânico. O aquecimento do
óleo acima das temperaturas-limite (muitas vezes [tmax] = 85…90°C)
causa a perda da capacidade de lubrificação e aumenta o risco de
gripagem das transmissões. Por isso, é necessário fazer o cálculo
térmico da transmissão.

 A quantidade de calor libertado pela transmissão, em termos de


potência, é dada por (em Watts):
6. Cálculo térmico
 Durante o seu funcionamento, as transmissões de parafuso A
quantidade de calor libertado pela transmissão, em termos de
potência, é dada por (em Watts):

O calor dissipado para o meio-ambiente sai pela superfície livre do


corpo da transmissão para o ar circundante e também para o
fundamento, podendo ser expresso por:
6. Cálculo térmico
6. Cálculo térmico
 Para muitos redutores a temperatura admissível t1max do óleo é de
cerca de 60 … 70 °C, sendo a máxima próxima de 85, 90 ou 95°C.
Porém, para aviação toleram-se temperaturas até t1 = 100…120°C.
O limite é função do tipo de óleo e sua aplicação.

 Quando a transmissão não tem ventilação e é montada em corpo


fechado e pequeno, com pouca agitação do óleo, pode-se adoptar o
valor do coeficiente de troca de calor K ≈ 8 … 10 W/(𝑚2 ⋅°C) e para
instalação com agitação e ventilação intensiva toma-se K ≈ 14 … 17
W/(𝑚2 ⋅°C) . O valor de K diminui se o corpo da transmissão estiver
sujo ou poluido.
6.1. Rendimento
 O rendimento da transmissão de parafuso sem-fim, na zona de
engrenamento, calcula-se por uma expressão deduzida da fórmula
para o rendimento de roscas comuns. Esta fórmula tem um carácter
geral e, por isso, é aplicável para transmissões de parafuso sem-fim
(quando o parafuso sem-fim é o órgão mandante).
6.1. Rendimento
 Ao começar o cálculo projectivo, o rendimento da transmissão pode
ser avaliado aproximadamente por:

Também se usam as seguintes recomendações:


Tabela 4. Relação entre o número de filentes e rendimento
7. Sequência de cálculo das transmissões
Para o cálculo da transmissão de parafuso sem-fim/coroa são,
geralmente, dados:

 a potência de entrada P1;


 a frequência de rotação do veio motor, n1;
 a relação de transmissão i;
 o tipo de carregamento.

1. Escolhe-se o número de entradas do parafuso sem-fim usando as


recomendações dadas:
7. Sequência de cálculo das transmissões
Tabela 5. Relação entre i e z

2. Determinam-se os momentos torsores no parafuso sem-fim e na


roda coroa:
7. Sequência de cálculo das transmissões
3. Determina-se o valor estimado da velocidade de deslizamento em
m/s, usando a fórmula, onde T2 é expresso em N⋅m:

4. Escolhe-se o material da roda-coroa e indicam-se as suas


propriedades mecânicas σe e σr. Escolhe-se o material e o tratamento
térmico e/ou superficial do parafuso sem-fim e depois determina-se a
tensão admissível de contacto.
7. Sequência de cálculo das transmissões
5. Escolhe-se o valor normalizado do coeficiente de diâmetro q e
verifica-se se satisfaz a recomendação 𝑞 = (0,22 … 0,4)𝑧2 ou 𝑞 ≥ 0,25 ∙
𝑧2 , sendo o valor mínimo recomendado 𝑞𝑚𝑖𝑛 = 0,212 ∙ 𝑧2 .

6. Calcula-se o módulo de elasticidade reduzido e depois determina-se


a distância interaxial:
7. Sequência de cálculo das transmissões
7. Calcula-se o valor aproximado do módulo do engrenamento, com
base na distância interaxial arredondada:

8. Faz-se o cálculo testador da transmissão usando um ângulo de


abraçamento δ = 50º ou δ = 0,8727 rad, que se usa para determinar o
valor da tensão de contacto σH. O valor de εα é determinado usando a
fórmula:
7. Sequência de cálculo das transmissões
Calcula-se a velocidade periférica na roda-coroa, em m/s, por:

e usa-se o resultado para escolher 𝐾𝑉 e para posterior cálculo de


𝐾𝐻 = 𝐾𝛽 ∙ 𝐾𝑉 e 𝐾𝛽 depende do tipo de carga e do coeficiente de
diâmetro. Usando a fórmula calcula-se a tensão de contacto:

e depois compara-se com o valor admissível 𝜎𝐻 .


7. Sequência de cálculo das transmissões
9. Faz-se o cálculo testador da transmissão à flexão.

10. Calcula-se o rendimento real da transmissão pela fórmula e


compara-se com o valor arbitrado no ponto 2. A fórmula é :

11. Calculam-se ou designam-se as dimensões principais da


transmissão.
8. Exercícios Práticos

1. Considere uma engrenagem de parafuso


sem-fim roda helicoidal redutora em que o
órgão motor é o parafuso que gira a 1200
rpm e transmite uma potência de 0,75 kW.
O parafuso tem hélice direita, duas
entradas e um diâmetro primitivo de 50
mm. A roda tem 30 dentes e um passo
aparente de 13 mm. Determine os
parâmetros geométricos, as forças de
engrenamento no parafuso e na roda e a
quantidade de calor libertada em termos de
potência. Verifique-se o engrenamento
resiste ao contacto sendo [σH ] = 100 MPa.
8. Exercícios Práticos
2. Considere uma engrenagem de parafuso
sem-fim roda helicoidal de dupla entrada. O
parafuso sem-fim tem um diâmetro primitivo
igual a 50 mm e um módulo axial de 4mm. A
roda tem 32 dentes. Atendendo a que o
dentado é normalizado, determine: (a) o
passo axial do parafuso; (b) o passo helicoidal
do parafuso; (c) o módulo aparente da roda;
(d) o diâmetro primitivo da roda; (e) a relação
de transmissão; (f) o ângulo de inclinação dos
filetes; (g) o ângulo de passo; (h) o ângulo de
pressão axial; (i) a distância entre eixos; (j) a
saliência do parafuso; (k) a saliência da roda;
(l) o diâmetro de coroa da roda; (m) o
diâmetro de base da roda.

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