Marilia Calazans - A Vala de Perus e As Universidades Públicas
Marilia Calazans - A Vala de Perus e As Universidades Públicas
Marilia Calazans - A Vala de Perus e As Universidades Públicas
em Antropologia Forense e Direitos Humanos pela Unifesp. Bacharel em Ciências Sociais pela
USP. Realizou Estágio Supervisionado e Iniciação Científica em Bioarqueologia no MAE/USP.
Trabalhou como consultora em uma interface de bioarqueologia e direitos humanos, por meio
do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Grupo de Trabalho Perus
(GTP). Atualmente trabalha como antropóloga ao CAAF-Unifesp.
(http://lattes.cnpq.br/5548909826776765)
3 Bacharel em Gestão da Informação e Mestre em Ciência da Informação pela Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE). Tem interesse principal, mas não exclusivamente, nas áreas
de Análise e Interpretação de Dados, Disseminação da Informação, Fluxos Informacionais,
Monitoramento e Análise de Mídias Sociais, Memória, Comportamento Informacional e
Cibercultura. Atualmente trabalha no CAAF-Unifesp. Endereço para acessar o Currículo
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3638035595566288.
4 Bacharel em Biblioteconomia e Documentação pela USP. Tem experiência nas áreas de
THE PERUS MASS GRAVE AND PUBLIC UNIVERSITIES IN THE ROUTE TO MEMORY,
TRUTH AND JUSTICE (1990-2019)
Abstract: This article analyzes the participation of public universities in the route of
exhumed human remains, in 1990, from the clandestine mass grave in the Dom Bosco
Cemetery, in Perus, a district in the Municipality of São Paulo, Brazil. The objective is
thinking through the potential and significance of research carried out in these
institutions to provide technical, technological, and scientific advice in cases of
human rights violations, generally, and in the case of the Perus Mass Grave,
particularly. Also, we seek to grasp the relationship of the university as a producer of
elements that may join in collective and national memory, in a scenario of narrative
disputes about the past, of clashes between memories and historiography making,
and of narrative and conceptual revisionism, in addition to historical negationism in
the field of History. To do this, the route of hundreds of skeletons removed from the
Perus Mass Grave since its opening to the present day is put into perspective,
considering the governmental, academic, and legal institutions that influenced these
pathways, brought mishaps, perpetrated violations, and ensured individual and
collective achievements. Finally, a reflection is proposed on the possibility of the
university acting in other contexts of State violence.
Introdução
5 LAJOLO, Tereza. A indigência humana! In: INSTITUTO MACUCO (ed.). Vala clandestina de
Perus: desaparecidos políticos, um capítulo não encerrado da história brasileira. São Paulo:
Instituto Macuco, 2012, p. 103-105.
6 Janaína Teles traçou um panorama da abertura da Vala de Perus a partir de entrevistas e
outros documentos em: TELES, Janaína. A vala clandestina de Perus: entre o passado e o
presente. InSURgência: Revista de Direitos e Movimentos Sociais, Brasília, v. 4, p. 300-341, 2018.
7 TELES, Janaína. Memórias dos cárceres da ditadura: os testemunhos e as lutas dos presos
políticos no Brasil. 2011. 519 f. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2011. Cf. TELES, Janaína. A constituição das memórias sobre a repressão da
ditadura: o projeto Brasil Nunca Mais e a abertura da vala de Perus. Anos 90, Porto Alegre, v.
19, n. 35, p. 261-298, 2012. O outro marco foi a publicação do livro: ARQUIDIOCESE DE SÃO
PAULO. Brasil: nunca mais. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985. Segundo a autora, ambos configuraram
momentos emblemáticos de divulgação das denúncias contra a violência estatal do período,
calcados em registros documentais jurídicos (no caso dos autos processuais abertos contra
perseguidos políticos) ou materiais/indiciários (no caso dos remanescentes humanos
revelados com a abertura da Vala de Perus).
8 Nos últimos 5 anos, em momentos concomitantes ou distintos: Secretaria Especial de Direitos
sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus. Papeles del CEIC, Leioa,
v. 2019, n. 2, p. 1-20, 2019b. Sobre métodos da pesquisa ante mortem realizada pelo GTP e o
estabelecimento do universo de busca ver: HATTORI, Márcia; TAUHYL, Ana. Registros
documentais e descaminhos de corpos: ossadas de Perus revelam máquina de fazer
desaparecer. Revista do Arquivo, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 1-12, 2016.
10 HATTORI, Márcia. Enquadramentos de uma antropologia forense brasileira na busca de
desaparecidos políticos. In: AMADEO, Javier (org.). Violência de Estado na América Latina:
direitos humanos, Justiça de transição e antropologia forense. São Paulo: Ed. Unifesp, 2019, p.
497-520.
11 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL – MPF. Ação Civil Pública: Caso Ossadas de Perus
2019. Cf. TELES, Janaína. Os testemunhos e as lutas dos familiares de mortos e desaparecidos
políticos no Brasil. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL POLÍTICAS DE LA MEMÓRIA, 3., 2010, Buenos
Aires. Anales [...]. Buenos Aires: [s. n.], 2010; DOSSIÊ dos mortos e desaparecidos políticos a
partir de 1964. Pernambuco: Companhia Editora de Pernambuco; São Paulo: Governo do
Estado de SP: 1995/1996. Cf. AZEVEDO, Desirée de L. A única luta que se perde é aquela que
se abandona: etnografia entre familiares de mortos e desaparecidos políticos no Brasil.
Orientadora: Bela Feldman. 2016. [n. d.]. Tese (Doutorado em Antropologia Social) –
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016. Cf. TELES, Maria Amélia de A. Familiares
de desaparecidos políticos em busca por justiça: uma luta sem tréguas! In: AMADEO, Javier
(org.). Violência de Estado na América Latina: direitos humanos, Justiça de transição e
antropologia forense. São Paulo: Ed. Unifesp, 2019, p. 313-326.
12 BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
13 Marcos Napolitano destacou as universidades entre os “atores individuais e coletivos
historiografia. Citamos, entre outros: NADAI, Larissa. Entre pedaços, corpos, técnicas e
vestígios: o Instituto Médico Legal e suas tramas. 2018. 323 f. Tese (Doutorado em Ciências
Sociais) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2018. TELES, Janaína. A vala
18 Cf. HATTORI, Márcia; TAUHYL, Ana. Registros documentais e descaminhos de corpos: ossadas
de Perus revelam máquina de fazer desaparecer. Revista do Arquivo, São Paulo, v. 1, n. 2, p.
1-12, 2016. Outras vítimas da repressão foram sepultadas nesse mesmo cemitério: Joaquim
Seixas (Bragança-PA, 1922) e Luiz Eurico Tejera Lisboa (Porto União-SC, 1948) – este sepultado
sob um nome falso: TELES, Janaína. Memórias dos cárceres da ditadura: os testemunhos e as
lutas dos presos políticos no Brasil. Orientadora: Zilda Marcia Gricoli Iokoi. 2011. 519 f. Tese
(Doutorado em História Social) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. BRASIL. Relatório
da Comissão Nacional da Verdade. Brasília, DF: Casa Civil da Presidência da República,
2014a.
19 Cf. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL – MPF. Ação Civil Pública: Caso Ossadas de Perus. 2009.
20 Cf. LESSA, Andrea. Violência e impunidade em pauta: problemas e perspectivas sob a ótica
da antropologia forense no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 5, p. 1855-
1863, 2009.
21 O GTP e o Projeto de Pesquisa Crimes de Maio constituem exemplos de ações práticas
http://sdh.gub.uy/inicio/institucional/equipos/equipo-de-antropologos/presentacion-del-
equipo-y-objetivos. Acesso em: 30 dez. 2018.
30 GRUPO DE INVESTIGACIÓN EN ARQUEOLOGÍA FORENSE – GIAF. Informe final 2005-2006.
desaparecidos políticos. In: AMADEO, Javier (org.). Violência de Estado na América Latina:
direitos humanos, Justiça de transição e antropologia forense. São Paulo: Ed. Unifesp, 2019, p.
497-520
32 A CPI de Perus foi aprovada em outubro de 1990, para apurar a origem e responsabilidade
sobre o caso da Vala de Perus.
33 Já na época, ações dessa natureza estavam previstas na Constituição Federal. O art. 207,
42 SOUZA, Luiza. A Vala de Perus. In: INSTITUTO MACUCO (ed.). Vala clandestina de Perus:
desaparecidos políticos, um capítulo não encerrado da história brasileira. São Paulo: Instituto
Macuco, 2012, p. 21-22.
43 ALVES FILHO, Manuel; MIRANDA, Adriana. O Projeto Perus, passo a passo. Jornal da
verdade e da justiça! In: INSTITUTO MACUCO (ed.). Vala clandestina de Perus: desaparecidos
políticos, um capítulo não encerrado da história brasileira. São Paulo: Instituto Macuco, 2012,
p. 51-102.
45Cf. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL – MPF. Ação Civil Pública: Caso Ossadas de Perus. 2009.
Disponível em: http://www.dedihc.pr.gov.br/arquivos/File/Caso_Ossadas_de_Perus.pdf.
Acesso em: 19 set. 2019.
46Cf. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL – MPF. Ação Civil Pública: Caso Ossadas de Perus. 2009.
47Cf. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL – MPF. Ação Civil Pública: Caso Ossadas de Perus. 2009.
Disponível em: http://www.dedihc.pr.gov.br/arquivos/File/Caso_Ossadas_de_Perus.pdf.
Acesso em: 19 set. 2019.
48 Para protocolos de boas práticas ver: OFFICE OF THE HIGH COMMISSIONER FOR HUMAN
RIGHTS – OHCHR. The Minnesota Protocol on the Investigation of Potentially Unlawful Death.
The revised United Nations manual on the effective prevention and investigation of extra-legal,
arbitrary and summary executions. Geneva: OHCHR, 2016. COMITÉ INTERNACIONAL DE LA
CRUZ ROJA – CICR. Guía de buenas prácticas para el uso de la genética forense e
investigaciones sobre derechos humanos y derecho internacional humanitario. Buenos Aires:
CICR, 2015.
49 Cf. SOUZA, R. A. et al. A retomada das análises da vala clandestina de Perus. In: SÃO PAULO
(Estado). Relatório Final da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva. São Paulo:
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, 2015, p. 1-79.
50 Sobre o atentado ver: DE SOUZA. Paulo D. Vandalismo adia abertura de exposição
54 Cf. BRASIL, Secretaria de Direitos Humanos. Portaria n. 620, de 9 de outubro de 2014. Institui,
no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República SDH-PR, O Grupo
de Trabalho Perus com a finalidade de proceder à análise de restos mortais exumados do
Cemitério Dom Bosco, especialmente da sua vala clandestina, com vistas à identificação de
mortos e desaparecidos políticos, nos termos do disposto na Lei n. 9.140, de 4 de dezembro
de 1995. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 14 out. 2014b.
55 Cf. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP. Concurso Público: Edital n. 105, de 13
56 SOUZA, R. A. et al. A retomada das análises da vala clandestina de Perus. In: SÃO PAULO
(Estado). Relatório Final da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva. São Paulo:
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, 2015, p. 1-79.
57 Essas áreas do conhecimento foram nomeadas de acordo com a tabela do CNPq:
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – CNPQ. Tabela
de áreas do conhecimento. Disponível em: www.cnpq.br. Acesso em: 18 out. 2019.
60 Cf. TELES, Maria Amélia de A. Familiares de desaparecidos políticos em busca por justiça:
uma luta sem tréguas! In: AMADEO, Javier (org.). Violência de Estado na América Latina:
direitos humanos, Justiça de transição e antropologia forense. São Paulo: Ed. Unifesp, 2019,
p.131-326
61 Essa colaboração possibilitou o estudo de HATTORI, Márcia; TAUHYL, Ana. Registros
63 Cf. OCARIZ, Maria C.; TRINDADE, Paula S.; GONÇALVES, Tereza C. Atendimento psicológico
aos peritos do Grupo de Trabalho de Perus. In: OCARIZ, Maria C. (org.). Violência de Estado
na ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Efeitos psíquicos e testemunhos clínicos. São
Paulo: Escuta, 2015. p. 115-124.
64 ALMEIDA, Criméia A. S. de. Humanizar as ciências forenses. 9 out. 2019. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/5nh8h9DzVFRLD0beQtJOZV?si=pBmLA4_5S4q5qE9R9LpnT.
Acesso em: 17 out. 2019.
65 Cf. AMADEO, Javier (coord.). Violência de Estado no Brasil: uma análise dos Crimes de Maio
de 2006 na perspectiva da antropologia forense e da justiça de transição – relatório final. São
Paulo: Universidade Federal de São Paulo, 2019b.
66 Projeto apresentado em: MÃES DE MAIO. As mães de maio da democracia brasileira: 5 anos
dos crimes de maio de 2006 – verdade e justiça, ontem e hoje! Disponível em Fundo Brasil:
https://www.fundobrasil.org.br/projeto/maes-de-maio/. Acesso em: 26 fev. 2020.
67 Em entrevista, Edson Teles afirmou a importância da confluência desses saberes nos estudos
forenses: PODCAST 1049. Episódio piloto: Edson Teles. [Entrevista cedida a] João Pedro S. de
Albuquerque. 5 set. 2019. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/2aAJJ6XHROWLFGQBP81xHd?si=FmUg5DCOSiWWz2MargB
NKQ. Acesso em: 17 out. 2019.
68 A apresentação desses cursos se encontra disponível no website do CAAF-Unifesp:
à natureza da memória, como descrito em Ulpiano Meneses, mas o produto de uma política
estatal de obliteração, por meio de seus agentes e aparatos institucionais: MENESES, Ulpiano
T. Bezerra. A história, cativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das
Ciências Sociais. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 34, 1992, p. 16.
73 Rodrigo Motta e Marcos Napolitano discutiram a forma como os depoimentos e
Conclusão
75 Cf. PEREIRA, Felipe Caldonazzo de Almeida; SERAFIM, Jucenir da Silva; MOLINA, Letícia Gorri.
Memória para a Ciência da Informação: um trabalho interdisciplinar. In: SEMINÁRIO DE
PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS, 9., 2016, Londrina. Anais [...]. Londrina, PR: Edgard Blücher,
2016. p. 1256-1267.
76 NAPOLITANO, Marcos. Recordar é vencer: as dinâmicas e vicissitudes da construção da
memória sobre o regime militar brasileiro. Antíteses, Londrina, v. 8, n. 15, p. 9-45, 2015, p. 17-18.
77 PODCAST 1049. Episódio piloto: Edson Teles. [Entrevista cedida a] João Pedro S. de
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Criméia A. S. de. Humanizar as ciências forenses. 9 out. 2019. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/5nh8h9DzVFRLD0beQtJOZV?si=pBmLA4_5S4q5qE9
R9LpnT. Acesso em: 17 out. 2019.
ALVES FILHO, Manuel; MIRANDA, Adriana. O Projeto Perus, passo a passo. Jornal da
Unicamp, Campinas, ano 15, n. 160, p. 2-5, 2001.
AMADEO, Javier (Org.). Violência de Estado na América Latina: direitos humanos,
Justiça de transição e Antropologia Forense. São Paulo: Ed. Unifesp, 2019a.
AMADEO, Javier (coord.). Violência de Estado no Brasil: uma análise dos Crimes de
Maio de 2006 na perspectiva da antropologia forense e da justiça de transição –
relatório final. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, 2019b.
AMENDOLA, Gilberto. Grupo teme paralisação de análises em Perus. 7 nov. 2016.
Disponível em: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,grupo-teme-
paralisacao-de-analise-em-perus,10000086791. Acesso em: 20 out. 2019.
ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO. Brasil: nunca mais. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
AZEVEDO, Desirée de L. A única luta que se perde é aquela que se abandona:
etnografia entre familiares de mortos e desaparecidos políticos no Brasil. Orientadora:
Bela Feldman. 2016. [n. d.]. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2016.
AZEVEDO, Desirée de L. Os nossos mortos e desaparecidos: reflexões sobre a
construção da noção de desaparecimento político no Brasil. In: AMADEO, Javier
(org.). Violência de Estado na América Latina: direitos humanos, Justiça de transição
e antropologia forense. São Paulo: Ed. Unifesp, 2019a. p. 231-266.
AZEVEDO, Desirée de L. Os mortos não pesam todos o mesmo: uma reflexão sobre
atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus. Papeles del CEIC,
Leioa, v. 2019, n. 2, p. 1-20, 2019b.
82 Ademais, a memória é um objeto que está sempre em disputa entre aqueles que estão no
poder e os grupos que o “poder” deseja riscar da História, pois a memória carrega consigo
um conjunto de eventos, fatos e personagens que, por meio de sua existência no passado,
têm experiências consistentes que estabelecem uma relação de atualidade com o passado.
Cf. AZEVEDO NETTO, Carlos Xavier de. Preservação do patrimônio arqueológico: reflexões
através do registro e transferência da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 37, n. 3,
p. 7-17, 2008.
que aqui se optou por considerar a data de início da ação civil pública, na qual as instituições
foram citadas e responsabilizadas, assim, claramente, elas não estavam mais envolvidas no
processo. Houve identificações a partir de 2009, mas a partir de parceria entre a Comissão
Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e laboratórios particulares.
85Cf. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL – MPF. Ação Civil Pública: Caso Ossadas de Perus. 2009.
Disponível em: http://www.dedihc.pr.gov.br/arquivos/File/Caso_Ossadas_de_Perus.pdf.
Acesso em: 19 set. 2019.
cemitério de Perus, na capital, estava sob responsabilidade da Unicamp há dez anos. 7 dez.
2000. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/campinas/cm0712200007.htm.
Acesso em: 21 fev. 2020.
92 SOUZA, R. A. et al. A retomada das análises da vala clandestina de Perus. In: SÃO PAULO
(Estado). Relatório Final da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva. São Paulo:
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, 2015, p. 1-79.
93 OCARIZ, Maria C.; TRINDADE, Paula S.; GONÇALVES, Tereza C. Atendimento psicológico aos
peritos do Grupo de Trabalho de Perus. In: OCARIZ, Maria C. (org.). Violência de Estado na
ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Efeitos psíquicos e testemunhos clínicos. São Paulo:
Escuta, 2015. p. 115-124.
88 ALVES FILHO, Manuel; MIRANDA, Adriana. O Projeto Perus, passo a passo. Jornal da