Fenomenos de Variacao No PM
Fenomenos de Variacao No PM
Fenomenos de Variacao No PM
Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Aliana José Gomes Napaua
Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Índice
1. Introdução....................................................................................................................................3
1.1. Objectivos:............................................................................................................................3
1.1.1. Geral...............................................................................................................................3
1.1.2. Específicos......................................................................................................................3
4. Conclusão..................................................................................................................................10
5. Bibliografia................................................................................................................................11
3
1. Introdução
Desde os primórdios, o estudo da língua em seu contexto social tem merecido espaço
privilegiado por parte de linguistas com maior ênfase, a partir dos anos 1960. A língua tem uma
função social – o da comunicação – e ela só pode ser compreendida e interpretada dentro do
contexto sociocultural. É importante compreender que a língua não é um sistema uno, invariável,
estático, mas, necessariamente, abriga um conjunto de variedades, variantes e dialectos.
Todas as línguas são moldadas pelos contextos socioculturais e a sua variação e mudança
dependem da forma como os usuários replicam o seu uso. Em Moçambique, não é excepção.
Todas as línguas faladas tendem a mudar com o tempo desviando-se constantemente com relação
à norma.
O foco principal desta pesquisa é de abordar acerca dos Fenómenos de variação no PM, nos
domínios da Sintaxe, Semântica ou da Pragmática do Português. Para efeito na presente
pesquisa, delimitamos os seguintes objectivos:
1.1. Objectivos:
1.1.1. Geral
1.1.2. Específicos
A metodologia do nosso trabalho teve como bases metodológicas a análise bibliográfica, pela
qual, consistiu em observação de referências já publicadas por meios escritos e electrónicos, e
consultas em diversas páginas de WEBSITES, sob em foque a busca do conhecimento a respeito
do objecto desta pesquisa.
4
Em nossa óptica com base nas abordagens acima referenciada, versadas por estes estudiosos
olhando a fundo as suas abordagens de modo a usar como nosso espelho, compreendemos que as
variações linguísticas são ramificações naturais de uma língua que se diferenciam da norma-
padrão por convenções sociais, momento histórico, contexto ou região em que um falante insere-
se.
Firmino (2002), diz que as variações linguísticas diferenciam-se em quatros grupos: sociais
(diastráticas), regionais (diatónicas), históricas (diacrónicas) e estilísticas (diafásicas).
Regional, geográfica ou diatópica Definida pelo espaço (região) do falante. Percebida pelo
sotaque e regionalismo.
Social ou diastrática Definida pelo grupo social em que o falante insere-se. Percebida pela gíria
e pelo jargão.
Estilística ou diafásica Definida pela adequação que o falante faz de seu nível de linguagem à
situação comunicativa e ao estilo do género textual.
5
Concordamos com a tese de Zamparoni (2009, p.30), Adotamos o termo nativização, (termo
também utilizado por Firmino, 2002; Vilela, 1995; Lopes-Miguel, 2004) para designar o
processo de transformação da norma-padrão europeia em PM, uma variedade que, tendo como
na base as LB, adapta, integra na língua seus valores culturais, sua identidade, seus símbolos,
seus objectos materiais, de tal forma que seja sentida como pertence dos moçambicanos.
Tendo em vista o enquadramento destes fenómenos na gramática do PM, eles serão aqui
organizados em três áreas principais. Em primeiro lugar, serão descritos casos em que é afectada
a estrutura argumental dos verbos. Em seguida, tratar-se-á de questões relacionadas com o uso
dos pronomes clíticos. Por último, referir-se-ão mecanismos de encaixe de orações
subordinadas no PM.
6
Os pronomes clíticos no PM
Como em qualquer um dos fenómenos já aqui descritos, os padrões de ordem dos pronomes
clíticos no PM são ainda caracterizados por uma certa instabilidade. Assim, além de casos de
alteração da posição dos clíticos em contextos em que ocorre um verbo auxiliar (cf. «O professor
não tinha nos dado a aula.», «Ele vai me ter que demonstrar.»), a tendência que se apresenta de
forma mais sistemática diz respeito à colocação dos clíticos em posição pós-verbal em orações
subordinadas:
Como os exemplos acima mostram, o clítico ocorre em posição pós-verbal (e não pré-verbal,
como exigiria a norma europeia), num contexto em que o complementador se encontra realizado
lexicalmente. O padrão escolhido na realização deste tipo de construções parece assim idêntico
ao que é adoptado em frases simples afirmativas, em que ocorre posposto ao verbo.
No PM, os clíticos reflexivos argumentais, isto é, aqueles que ocorrem com verbos transitivos
(como, por exemplo, [«lavar» SN) / «lavar-se»), são usados em geral de acordo com a norma
europeia. Quanto aos clíticos reflexivos não argumentais, isto é, aqueles que não estão
associados a uma posição argumental vazia, subcategorizada pelo verbo (como é o caso de
«arrepender-se» ou «estragar-se»), parece processar-se uma reanálise dos critérios da sua
utilização.
Esta reanálise, por um lado, consiste na tendência para a supressão deste tipo de clíticos do PE e,
por outro, está associada à criação de um clítico de flexão reflexiva, utilizado com verbos do PE
que não requerem a sua presença.
7
Observem-se em primeiro lugar os casos de supressão dos clíticos reflexivos não argumentais em
(3) - (4):
De uma maneira geral, parece legítimo considerar que a supressão deste tipo de clíticos no PM
decorre do facto de eles não estarem claramente associados a um papel sintáctico ou semântico.
Como se pode verificar, quer se trate dos chamados clíticos inerentes (usados com verbos como
«queixar-se» na frase (3)) ou dos clíticos anticausativos (usados com verbos como «atrasar-se»
na frase (4)), em nenhum dos casos a presença destes clíticos, exigida pela norma europeia, se
destina a assinalar a existência de uma posição subcategorizada pelos verbos com que ocorrem
(ao contrário do que acontece com os clíticos argumentais).
Entretanto, conforme se disse, em aparente contradição com este fenómeno, ocorrem no discurso
em PM frases em que é usado um clítico reflexivo não argumental — vejam-se os exemplos (5) -
(6):
(5) O rapaz simpatizou-se com essa moça. (=...simpatizou com essa moça)
Do ponto de vista dos falantes do PM, estas frases podem interpretar-se como assinalando a
afectação das entidades que os SNs com a função de SU (*o rapaz» em (5) e «o Fernando» em
(6)) designam pelas acções descritas pelos verbos «simpatizar» e «preferir».
Cançado (2008), Basso et all (2009) e Silva (2010) definem a semântica como uma área da
linguística que se preocupa com significado ou sentido linguístico (aquele que é veiculado pelas
palavras ou frases que pertençam a uma língua natural). Pois, os significados não linguísticos
(significados atribuídos à símbolos) não são analisados na Semântica.
Os mesmos autores estabelecem uma distância entre a Semântica e a Pragmática, baseada na
finalidade. Para se compreender essa distinção, toma-se o exemplo seguinte:
(1) Assim, vindo de onde, mano? Diante desta frase, de acordo com os autores, a Semântica
preocupar-se-ia com o significado da frase (o que a frase quer dizer?) e a Pragmática com o
significado do falante (o que o falante quer dizer com a frase?). Porém, quer para a interpretação
Semântica quer para a Pragmática de uma palavra ou frase, requer-se que os interlocutores
tenham o conhecimento do mundo e da relação entre a linguagem e o mundo.
Segundo Gonçalves (2013), até nos dias de hoje, os falantes da língua xichangana ainda dizem:
ku dlaya nyocana! (matar o bicho!) para se referir à primeira refeição do dia que ocorre antes das
12h. E, assim, houve transporte desse contexto para português: “mata-bicho” que significa “café
da manhã” (no português do Brasil) ou pequeno-almoço (no PE).
9
As palavras e expressões sograria (casa dos sogros), cortar o ano (réveillon), falar-alto
(subornar/corromper), wasso-wasso (feitiçaria para amar alguém), tchapo-tchapo (rápido), pasta
(mochila), machamba
(horta, roça), madala (idoso), baraca (lanchonete) ocorrem no PM e estão intimamente ligados à
cultura moçambicana.
É frequente percebermos, em comunicação cotidiana, as transformações e a integração de várias
palavras provenientes das LBm. Por exemplo, timbila/timbilas (xilofone/xilofones),
pala-pala/pala-palas (chifre/chifres de antílope), capulana/ capulanas (tecido de algodão que as
mulheres usam como adorno amarrado à volta da cintura), tchova/ tchovas (carrinho / carrinhos
de mão), madala/ madalas (idoso / idosos), mamana / mamanas (mãe/mães), molwene /
molwenes (marginal / marginais), mufana / mufanas (rapaz / rapazes).
É interessante deixar claro que a palavra timbilas aportuguesou-se com adaptação de marcação
de número de duas línguas: -mbila (singular) e ‘ti’ (prefixo do plural). Quando se adiciona
‘s’ está se adicionando mais uma marca gramatical na mesma palavra. Portanto, ti (marca do
plural das línguas do grupo tsonga) e s (para o plural em português).
10
4. Conclusão
5. Bibliografia