Fenomenos de Variacao No PM

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Aliana José Gomes Napaua

Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Sintaxe, Semântica ou da Pragmática do


Português
(Licenciatura em Ensino de Português com Habilitações em Ensino de Inglês)

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Aliana José Gomes Napaua

Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Sintaxe, Semântica ou da Pragmática do


Português

Trabalho de pesquisa da cadeira de SSPP2, a ser


apresentado ao Departamento de Letras e
Ciências Sociais para fins avaliativos sob
orientação do docente: António Cuatuacha.

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Índice
1. Introdução....................................................................................................................................3

1.1. Objectivos:............................................................................................................................3

1.1.1. Geral...............................................................................................................................3

1.1.2. Específicos......................................................................................................................3

2. Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Sintaxe, Semântica ou da Pragmática do


Português.........................................................................................................................................4

2.1. Variações linguísticas...........................................................................................................4

2. Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Sintaxe, Semântica ou da Pragmática do


Português.........................................................................................................................................5

3. Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Sintaxe do Português.................................5

3.2. Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Semântica ou da Pragmática do


Português......................................................................................................................................8

4. Conclusão..................................................................................................................................10

5. Bibliografia................................................................................................................................11
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1. Introdução

Desde os primórdios, o estudo da língua em seu contexto social tem merecido espaço
privilegiado por parte de linguistas com maior ênfase, a partir dos anos 1960. A língua tem uma
função social – o da comunicação – e ela só pode ser compreendida e interpretada dentro do
contexto sociocultural. É importante compreender que a língua não é um sistema uno, invariável,
estático, mas, necessariamente, abriga um conjunto de variedades, variantes e dialectos.
Todas as línguas são moldadas pelos contextos socioculturais e a sua variação e mudança
dependem da forma como os usuários replicam o seu uso. Em Moçambique, não é excepção.
Todas as línguas faladas tendem a mudar com o tempo desviando-se constantemente com relação
à norma.
O foco principal desta pesquisa é de abordar acerca dos Fenómenos de variação no PM, nos
domínios da Sintaxe, Semântica ou da Pragmática do Português. Para efeito na presente
pesquisa, delimitamos os seguintes objectivos:
1.1. Objectivos:

1.1.1. Geral

 Conhecer os fenómenos de variação no PM, nos domínios da sintaxe, semântica ou da


pragmática do português.

1.1.2. Específicos

 Identificar os fenómenos de variação no PM, nos domínios da sintaxe, semântica ou da


pragmática do português;
 Apresentar os fenómenos de variação no PM, nos domínios da sintaxe, semântica ou da
pragmática do português;
 Descrever os fenómenos de variação no PM, nos domínios da sintaxe, semântica ou da
pragmática do português.

A metodologia do nosso trabalho teve como bases metodológicas a análise bibliográfica, pela
qual, consistiu em observação de referências já publicadas por meios escritos e electrónicos, e
consultas em diversas páginas de WEBSITES, sob em foque a busca do conhecimento a respeito
do objecto desta pesquisa.
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2. Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Sintaxe, Semântica ou da Pragmática do


Português

2.1. Variações linguísticas

Timbane (2013), as variedades linguísticas diferenciam-se da norma-padrão por convenções


sociais, momento histórico, contexto ou região em que um falante insere-se.

As variações (variantes ou variedades) linguísticas são as ramificações naturais de uma língua, as


quais se diferenciam da norma-padrão em razão de factores como convenções sociais, momento
histórico, contexto ou região em que um falante ou grupo social insere-se. Trata-se, pois, de
objecto de estudo da Sociolinguística, ramo que estuda como a divisão da sociedade em grupos –
com diferentes culturas e costumes – dá origem a diferentes formas de expressão da língua, as
quais, embora se baseiem nas normas impostas pela gramática prescritiva, adquirem regras e
características próprias.

Em nossa óptica com base nas abordagens acima referenciada, versadas por estes estudiosos
olhando a fundo as suas abordagens de modo a usar como nosso espelho, compreendemos que as
variações linguísticas são ramificações naturais de uma língua que se diferenciam da norma-
padrão por convenções sociais, momento histórico, contexto ou região em que um falante insere-
se.

Firmino (2002), diz que as variações linguísticas diferenciam-se em quatros grupos: sociais
(diastráticas), regionais (diatónicas), históricas (diacrónicas) e estilísticas (diafásicas).

Regional, geográfica ou diatópica Definida pelo espaço (região) do falante. Percebida pelo
sotaque e regionalismo.

Social ou diastrática Definida pelo grupo social em que o falante insere-se. Percebida pela gíria
e pelo jargão.

Histórica ou diacrónica Definida pelo momento histórico. Percebida pelo arcaísmo.

Estilística ou diafásica Definida pela adequação que o falante faz de seu nível de linguagem à
situação comunicativa e ao estilo do género textual.
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2. Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Sintaxe, Semântica ou da Pragmática do


Português

Ao longo de séculos vimos desenrolar-se um processo, diríamos


espontâneo e quotidiano, quer de moçambicanização da LP, quer de
aportuguesamento das várias línguas locais. Não diria que a LP se
adaptou ao meio. Diria que o meio adaptou às necessidades
justamente porque não se pode perder de vista que esta não era uma
troca entre iguais, na medida em que tais incorporações se davam em
contexto em que a LP não representava nenhum poder conquistado e
não contava com nenhuma estrutura efectiva e articulava para impor
às demais línguas em presença; era uma pequena gota no oceano
formado pelas múltiplas línguas locais (Zamparoni, 2009, p.30).

Concordamos com a tese de Zamparoni (2009, p.30), Adotamos o termo nativização, (termo
também utilizado por Firmino, 2002; Vilela, 1995; Lopes-Miguel, 2004) para designar o
processo de transformação da norma-padrão europeia em PM, uma variedade que, tendo como
na base as LB, adapta, integra na língua seus valores culturais, sua identidade, seus símbolos,
seus objectos materiais, de tal forma que seja sentida como pertence dos moçambicanos.

A nativização da LP em Moçambique aumenta à medida que os falantes da LP aumentam,


incentivados pelo prestígio social e político, por ser língua nacional e internacional. Devido às
variáveis sociais, o português falado em Moçambique se distancia do português europeu,
brasileiro, angolano, guineense etc. Como podemos verificar nos fenómenos a baixo.

3. Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Sintaxe do Português

A caracterização que aqui se propõe da sintaxe do PM constitui, assim, uma tentativa de


generalização a partir de casos que já ocorrem, de forma bastante sistemática e regular, no
discurso oral e escrito de falantes do PM, (Gonçalves2013, p.6-11).

Tendo em vista o enquadramento destes fenómenos na gramática do PM, eles serão aqui
organizados em três áreas principais. Em primeiro lugar, serão descritos casos em que é afectada
a estrutura argumental dos verbos. Em seguida, tratar-se-á de questões relacionadas com o uso
dos pronomes clíticos. Por último, referir-se-ão mecanismos de encaixe de orações
subordinadas no PM.
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 Os pronomes clíticos no PM

Foi já assinalada acima a modificação que se verifica no PM relativamente à escolha da forma


pronominal «lhe» associada à posição de SN -O [+ RUM). Para além desta, há ainda a referir as
alterações que se observam no comportamento sintáctico dos pronomes clíticos, assim como nos
critérios de utilização dos clíticos de flexão reflexiva.

Como em qualquer um dos fenómenos já aqui descritos, os padrões de ordem dos pronomes
clíticos no PM são ainda caracterizados por uma certa instabilidade. Assim, além de casos de
alteração da posição dos clíticos em contextos em que ocorre um verbo auxiliar (cf. «O professor
não tinha nos dado a aula.», «Ele vai me ter que demonstrar.»), a tendência que se apresenta de
forma mais sistemática diz respeito à colocação dos clíticos em posição pós-verbal em orações
subordinadas:

(1) Há pessoas [que opõem-se contra a religião].

(2) A lesada disse [que aqueles desconhecidos cercaram-na].

Como os exemplos acima mostram, o clítico ocorre em posição pós-verbal (e não pré-verbal,
como exigiria a norma europeia), num contexto em que o complementador se encontra realizado
lexicalmente. O padrão escolhido na realização deste tipo de construções parece assim idêntico
ao que é adoptado em frases simples afirmativas, em que ocorre posposto ao verbo.

No PM, os clíticos reflexivos argumentais, isto é, aqueles que ocorrem com verbos transitivos
(como, por exemplo, [«lavar» SN) / «lavar-se»), são usados em geral de acordo com a norma
europeia. Quanto aos clíticos reflexivos não argumentais, isto é, aqueles que não estão
associados a uma posição argumental vazia, subcategorizada pelo verbo (como é o caso de
«arrepender-se» ou «estragar-se»), parece processar-se uma reanálise dos critérios da sua
utilização.

Esta reanálise, por um lado, consiste na tendência para a supressão deste tipo de clíticos do PE e,
por outro, está associada à criação de um clítico de flexão reflexiva, utilizado com verbos do PE
que não requerem a sua presença.
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Observem-se em primeiro lugar os casos de supressão dos clíticos reflexivos não argumentais em
(3) - (4):

(3) A tal namorada foi queixar ao pai. (=...queixar-se ao pai)

(4) Muitas vezes eu atrasava às aulas. (=...atrasava-me para as aulas)

De uma maneira geral, parece legítimo considerar que a supressão deste tipo de clíticos no PM
decorre do facto de eles não estarem claramente associados a um papel sintáctico ou semântico.
Como se pode verificar, quer se trate dos chamados clíticos inerentes (usados com verbos como
«queixar-se» na frase (3)) ou dos clíticos anticausativos (usados com verbos como «atrasar-se»
na frase (4)), em nenhum dos casos a presença destes clíticos, exigida pela norma europeia, se
destina a assinalar a existência de uma posição subcategorizada pelos verbos com que ocorrem
(ao contrário do que acontece com os clíticos argumentais).

Entretanto, conforme se disse, em aparente contradição com este fenómeno, ocorrem no discurso
em PM frases em que é usado um clítico reflexivo não argumental — vejam-se os exemplos (5) -
(6):

(5) O rapaz simpatizou-se com essa moça. (=...simpatizou com essa moça)

(6) O Fernando preferiu-se da tal rapariga. (=...preferiu tal rapariga)

Do ponto de vista dos falantes do PM, estas frases podem interpretar-se como assinalando a
afectação das entidades que os SNs com a função de SU (*o rapaz» em (5) e «o Fernando» em
(6)) designam pelas acções descritas pelos verbos «simpatizar» e «preferir».

Ainda Gonçalves (2013, p.6-11), no português de Moçambique, há interferências sintácticas


provenientes das línguas bantu moçambicanas:
(1) O meu irmão foi concedido uma bolsa de estudos. (sem equivalente no PE)
(2) Tu também podes nascer um filho saudável. (PE = dar a luz)
(3) O presidente afirmou que não sei. (PE = afirmou que não sabia)
(4) Ele saiu em casa muito cedo. (PE = de casa)
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No português de Moçambique, constata-se a ausência de concordância verbal e nominal em


frases. Os exemplos (5) e (6) ilustram esse fenómeno da variação com relação ao Português
Europeu (PE):
(5) Muitos já não respeita a tradição. (PE = respeitam)
(6) Rituais religioso só conheço um. (PE = religiosos)
Para além da falta de concordância verbal e nominal, nota-se que há flexão indevida do
infinitivo. Assim, vejamos os exemplos (7) e (8):
(7) Os alunos propuseram fazerem o trabalho em dois dias. (PE = fazer)
(8) Os chefes deviam criarem melhores condições para todos (PE = criar)
No Português de Moçambique, é frequente ocorrer a neutralização de formas próprias para o
tratamento por tu/você. Para ilustrar, vejamos os exemplos (9) e (10).
(9) Jovem universitário, procure o teu lugar. (PE = procure.../...seu)
(10) Você não tinha nada que falar, porque ele não é teu irmão. (PE = seu)
3.2. Fenómenos de variação no PM, nos domínios da Semântica ou da Pragmática do
Português

Cançado (2008), Basso et all (2009) e Silva (2010) definem a semântica como uma área da
linguística que se preocupa com significado ou sentido linguístico (aquele que é veiculado pelas
palavras ou frases que pertençam a uma língua natural). Pois, os significados não linguísticos
(significados atribuídos à símbolos) não são analisados na Semântica.
Os mesmos autores estabelecem uma distância entre a Semântica e a Pragmática, baseada na
finalidade. Para se compreender essa distinção, toma-se o exemplo seguinte:
(1) Assim, vindo de onde, mano? Diante desta frase, de acordo com os autores, a Semântica
preocupar-se-ia com o significado da frase (o que a frase quer dizer?) e a Pragmática com o
significado do falante (o que o falante quer dizer com a frase?). Porém, quer para a interpretação
Semântica quer para a Pragmática de uma palavra ou frase, requer-se que os interlocutores
tenham o conhecimento do mundo e da relação entre a linguagem e o mundo.
Segundo Gonçalves (2013), até nos dias de hoje, os falantes da língua xichangana ainda dizem:
ku dlaya nyocana! (matar o bicho!) para se referir à primeira refeição do dia que ocorre antes das
12h. E, assim, houve transporte desse contexto para português: “mata-bicho” que significa “café
da manhã” (no português do Brasil) ou pequeno-almoço (no PE).
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As palavras e expressões sograria (casa dos sogros), cortar o ano (réveillon), falar-alto
(subornar/corromper), wasso-wasso (feitiçaria para amar alguém), tchapo-tchapo (rápido), pasta
(mochila), machamba
(horta, roça), madala (idoso), baraca (lanchonete) ocorrem no PM e estão intimamente ligados à
cultura moçambicana.
É frequente percebermos, em comunicação cotidiana, as transformações e a integração de várias
palavras provenientes das LBm. Por exemplo, timbila/timbilas (xilofone/xilofones),
pala-pala/pala-palas (chifre/chifres de antílope), capulana/ capulanas (tecido de algodão que as
mulheres usam como adorno amarrado à volta da cintura), tchova/ tchovas (carrinho / carrinhos
de mão), madala/ madalas (idoso / idosos), mamana / mamanas (mãe/mães), molwene /
molwenes (marginal / marginais), mufana / mufanas (rapaz / rapazes).
É interessante deixar claro que a palavra timbilas aportuguesou-se com adaptação de marcação
de número de duas línguas: -mbila (singular) e ‘ti’ (prefixo do plural). Quando se adiciona
‘s’ está se adicionando mais uma marca gramatical na mesma palavra. Portanto, ti (marca do
plural das línguas do grupo tsonga) e s (para o plural em português).
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4. Conclusão

Resumidamente, mediante a análise teórica e os aspectos levantados sobre fenómenos de


variação no PM, nos domínios da sintaxe, semântica ou da pragmática do português apresentados
ao longo deste trabalho, conseguimos compreender a respeito do conceito e os fenómenos.

Como pudemos constatar nesta pesquisa, o Português de Moçambique se distanciado Português


Europeu, sobretudo em nível sintáctico e semântico ou pragmático. Este é um rumo percorrido
por qualquer língua viva, pois se assim não fosse estaríamos falando latim. As entradas de
termos vindos das diversas LB se justificam pelo facto de que os contextos socioculturais
moçambicanos interferem na comunicação e forçam a marcação da identidade.
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5. Bibliografia

Calvet, Louis-Jean. (2007) As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola.


Coseriu, Eugenio. (1962) “Sistema, norma y habla”. Teoría del lenguaje y lingüística general,
Madrid: Gredos.
Firmino, Gregório (2002) A questão linguística na África pós-colonial: o caso do português e
das línguas autóctones em Moçambique. Maputo: Promédia.
Gonçalves, Perpétua. Afinal o que são erros de português. Primeiras Jornadas de Língua
Portuguesa: dinâmicas do português de Moçambique. Maputo, 26 de maio. Disponível em:
<http://www. catedraportugues.uem.mz/lib/docs/Jornadas%202013%20(2005).pdf>. Acesso em:
4 Novembro. 2022.
Alain; Ribeiro, Ilza. (Org.). O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009. p.101-124.
Ngunga, Armindo; Faquir, Osvaldo G. Padronização da ortografia de línguas moçambicanas:
Relatório do III Seminário. Col. As nossas línguas. Maputo: CEA, 2011.
Timbane, Alexandre António. A variação e a mudança lexical de língua portuguesa em
Moçambique. (Tese de doutorado). Faculdade de Ciências e letras, Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Araraquara, 2013.
Vilela, Mário. Ensino da língua portuguesa: léxico, dicionário, gramática. Coimbra: Almeida,
1995.
Zamparoni, Valdemir D. (1998) Entre narros e mulungos: colonialismo e paisagem social em
Lourenço Marques c.1890-c.1940. Tese (doutorado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo.

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