Prov 0115
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Portaria 428/2018 Decreto n° 6.321 de 21 de dezembro de 2007 e Lista de Municípios
Prioritários da Amazônia (atualizado em 13/09/2017) em http://meioambiente.am.gov.br/wp-
content/uploads/2018/03/lista_municipios_prioritarios_AML_2017.pdf.
Existe uma forte pressão para a expansão de novas áreas para uso agropecuário. O arco
do desmatamento que estava bem delimitado nas porções leste e sul do Pará, oeste do
Maranhão, e grande extensão norte - sul do Mato Grosso agora atinge regiões do sudoeste
do Pará, sul do Amazonas e oeste do Acre. Observamos a diminuição na participação dos
municípios no sul do Mato Grosso. E a região sul do Amazonas, nos últimos três anos,
mostra condições críticas de controle do desmatamento. Essas áreas revelam a tentativa
de expansão do arco do desmatamento. Adicionalmente, o estado de Roraima, que não
figura como uma região tão crítica no desmatamento, bateu o recorde em 2019 com
aumento de 216% e mostra o avanço da fronteira ao norte da Amazônia.
Evolução do desmatamento nos municípios do arco do desmatamento (polígono em preto) nos anos de
2008 (esquerda em verde) e 2018 (direita em rosa). Fonte: PRODES/INPE.
Sobreposição dos municípios do arco do desmatamento (polígono em preto) nos anos de 2008 (verde) e
2019 (rosa). Fonte: PRODES/INPE
O mapa abaixo mostra diferença do desmatamento nos municípios do arco do
desmatamento nos anos de 2008 e 2018. Podemos observar que os municípios da porção
sul e sudeste do arco apresentaram índices de desmatamento maiores em 2008. Já em
2018, são os municípios da porção norte e oeste do arco é quem apresentam os maiores
índices de desmatamento.
Diferença no desmatamento nos municípios do arco do desmatamento (polígono em preto) nos anos de
2008 (círculo amarelo) e 2018 (círculo vermelho). Fonte: PRODES/INPE
4000
Alertas desmatamento (ha)
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
Sena Madureira Manoel Urbano Feijó
Alertas de desmatamento nos municípios do Acre no período de junho a agosto 2019. Fonte: Deter-
B/INPE
1.500,00
1.000,00
500,00
0,00
Março Abril Maio
(antes) (operação Ibama/vídeo (depois)
Bolsonaro)
Alertas de desmatamento no município de Cujubim no período de março a maio 2019. Fonte: Deter-
B/INPE
6.000,00
Alertas desmatamento (ha)
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00
1.000,00
0,00
Abril Maio Junho
(antes) (divulgação das operações) (depois)
Alertas de desmatamento no município de Novo Progresso no período de abril a junho 2019. Fonte:
Deter-B/INPE
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00
1.000,00
0,00
Abril Maio Junho
(antes) (divulgação das operações) (depois)
Alertas de desmatamento na Floresta Nacional do Jamanxim no período de abril a junho 2019. Fonte:
Deter-B/INPE
Caso 4. Em julho de 2019, o ministro Ricardo Salles se reúne com madeireiros e defende
a atividade em Espigão d’Oeste (RO). A visita ocorreu treze dias após um caminhão do
Ibama ser incendiado durante as operações realizadas no mês de junho. Essa operação do
Ibama até 4 de julho já havia proibido mais de 70 empresas de continuar com a produção
madeireira na região. Na ocasião da visita, o ministro reconheceu a importância da
produção madeireira no estado e que iria avaliar os pedidos feitos pela categoria.
Os resultados dos alertas de desmatamento do Deter-B mostram o encaminhamento que
Ricardo Salles deu aos pedidos dos madeireiros de Espigão d’Oeste. No mês de julho de
2019, o município de Espigão d’Oeste apresentou um aumento de 332% nos alertas de
desmatamento em comparação com o mês de maio de 2019. Em agosto e setembro de
2019, os alertas de desmatamento reduziram, mas seguiram com aumento de 247% e
283%, respectivamente, em comparação com o mês de maio de 2019.
Os alertas de desmatamento do Deter-B nos meses de julho e agosto de 2019 também
foram superiores em comparação com o mesmo período de 2018: aumento de 348%% e
116% nos meses de julho e agosto, respectivamente.
No município de Espigão d’Oeste, a estimativa do desmatamento de 2019 (período de
ago/18 a jul/19) registrou um aumento de 21% em comparação com o mesmo período dos
dados consolidados do PRODES/INPE (período ago/17 a jul/18).
400
Alertas de desmatamento no município de Espigão d´Oeste no período de maio a junho 2019. Fonte:
Deter-B/INPE
50.000,00
Alertas desmatamento (ha)
45.000,00
40.000,00
35.000,00
30.000,00
25.000,00
20.000,00
15.000,00
10.000,00
5.000,00
0,00
Julho Agosto Setembro
(antes) (Dia do Fogo) (depois)
Alertas de desmatamento nos municípios de Novo Progresso e Altamira no período de julho e setembro
2019. Fonte: Deter-B/INPE
No município de Altamira, os alertas de cicatriz de queimadas do sistema Deter-B
registrados em durante o mês do “Dia do Fogo” (agosto de 2019) aumentaram em
14.384% em comparação com o mês anterior. Em setembro de 2019, os alertas de cicatriz
de queimadas seguiram com aumento de 4.490% em comparação com o mês de julho de
2019 (período anterior o “Dia do Fogo”).
Os alertas de desmatamento do Deter-B nos meses de agosto e setembro de 2019 também
foram muito superiores em comparação com o mesmo período de 2018: aumento de
146.260% e 90% nos meses de agosto e setembro, respectivamente.
Discurso incendiário
Diante desse cenário, a fiscalização ambiental, que já sofria de inúmeras carências, tem
muita dificuldade para atuar. O abandono do PPCDAm como a principal medida de
controle do desmatamento é um dos principais elementos que contribuiu para esse cenário
de destruição. PPCDAm é uma política de Estado e precisa ser implementada. Isso vai
muito além do que o MMA tem feito hoje para controlar o desmatamento. O governo
precisa assumir uma agenda socioambiental na Amazônia, onde envolve diversos
ministérios. Inexiste uma coordenação específica atualmente para implementar o
PPCDAm. A política ambiental não se faz com desconstrução e discursos incendiários ou
que exaltam os setores que mais devastam a Amazônia. Na maioria das vezes, em se
tratando de exploração de madeira, os setores favorecidos por esse discurso político atuam
na ilegalidade.
É necessário retomada e continuidade do PPCDAm. Quando tivemos a presença do
Estado, como por exemplo a recente GLO para combater o fogo na Amazônia, os índices
de desmatamento e fogo caíram. E garimpos ilegais foram paralisados. Ou seja, a
fiscalização inibe o desmatamento.