Resumo Do Modulo de Biomecânica

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema do Trabalho:
Categorias Indices padrões classificação
Resumo do Modulo de Biomecanica
Pontuação Nota subtotal
maxima do
Nome e Código do Estudante: tutor
Capa 0.5
Carmónio Luis Matsinhe-708205593
Indice 0.5
Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura organizacionais Curso:
Discusão 0.5
Licenciatura em Ensino Conclusão
de Educação Física e0.5Desporto
Bibliografia 0.5
Disciplina:
Contextualização 1.0
Biomecanica
(Indicação clara do
problema)
Ano Descrição
de Frequência:
dos 1.0
Introdução objectivos
Metodologia
4º Ano 2.0
adequada ao objecto
do trabalho
Articulação e 2.0
domínio do discurso
Conteúdo académico (expressão
escrita cuidada,
coerência /coesão
Análise e textual)
discusão Revisão bibliográfica 2.0
nacional e
internacionais
relevantes na área de
estudo.
Beira, Abril,
Exploração dos2023
dados 2.0
Conclusão Contributos teóricos 2.0
práticos
Aspectos Formatação Paginação, tipo e 1.0
gerais tamanho de letra,
paragrafo,
espaçamento entre
linhas
Referências Normas APA 6ª Rigor e coerência das 4.0
Bibliográficas edição em citações/referências
Universidade
citações e Católica de Moçambique
bibliográficas
Instituto de Educação à Distância
bibliografia

Tema do Trabalho:
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
1. Resumo do Modulo de Biomecânica...............................................................................1

2. Introdução a Biomecânica...............................................................................................1

2.1. Objecto de estudo da Biomecânica..........................................................................1

2.2. Objectivo da Biomecânica........................................................................................1

2.3. Classificação da Biomecânica..................................................................................2

3. História da Biomecânica..................................................................................................2

4. Biomecânica do crescimento e desenvolvimento ósseo..................................................3

4.1. O osso humano.........................................................................................................3

4.2. Compressão, tensão e deslizamento.........................................................................4

4.3. Stress mecânico........................................................................................................4

4.4. Torção, inclinação e cargas combinadas..................................................................4

4.5. Crescimento e Desenvolvimento Osseos.................................................................5

4.5.1. Hipertrofia óssea...............................................................................................5

4.5.2. Atrofia óssea.....................................................................................................5

4.5.3. Fracturas por stress............................................................................................5

5. Biomecânica muscular.....................................................................................................6

5.1. Características funcionais do musculo.....................................................................6

5.2. Funções Musculares.................................................................................................7

5.3. Papel do Musculo.....................................................................................................7

5.4. Acções Musculares Gerais.......................................................................................8

6. Conceitos mecânicos básicos...........................................................................................8

6.1. Ponto material e trajetória........................................................................................8

6.1.1. Planos de referência anatómica.........................................................................9

6.1.2. Eixos de referência anatómica..........................................................................9


6.1.3. Conceito de movimento..................................................................................10

6.1.4. Leis de Newton...............................................................................................11

6.1.5. Movimentos lineares e angulares....................................................................11

6.1.6. Grandezas escalares e vectoriais.....................................................................12

6.1.7. Posição............................................................................................................13

6.1.8. Deslocamento..................................................................................................13

6.2. O conceito de velocidade linear e angular Velocidade linear................................13

6.3. Velocidade angular.................................................................................................14

7. Biomecânica e a Educação Física Escolar.....................................................................14

7.1. Conteúdo em EF.....................................................................................................14

7.2. Conteúdos de natureza conceitual e a Biomecânica...............................................14

7.3. Conteúdos de natureza procedimental e a Biomecânica........................................15

7.4. Conteúdos de natureza atitudinal e a Biomecânica................................................16

8. Modelo complexo de análise do movimento..........................................................16

8.1. Cinemetria..............................................................................................................17

8.2. Dinamometria.........................................................................................................17

8.3. Electromiografia (EMG)........................................................................................18

9. Análise qualitativa em Biomecânica......................................................................18

9.1. Métodos de analise.................................................................................................18

9.2. Natureza dos padrões de movimento......................................................................19

9.3. Observação da execução........................................................................................19

9.4. Analise de habilidade motora.................................................................................19

1.
2. Resumo do Modulo de Biomecânica
3. Introdução a Biomecânica

A Biomecânica constitui a disciplina centífica que procura medir, modelar, explicar,


equacionar, categorizar e catalogar os padrões dos movimentos das criaturas vivas.
Considera-se ainda que se trata da “Física do movimento humano ou de outros seres vivos”,
integrando o estudo das forças produzidas pelo corpo, o estudo das forças que actuam sobe
o corpo e as consequências do movimento e da deformação dos tecidos. No domínio
específico da Biomecânica humana distingue-se ainda a Biomecânica de porções
seleccionadas do corpo (Biomecânica muscular, óssea, articular, respiratória, etc.) (Vilas-
Boas & Sousa, 1998).

Existem várias definições de Biomecânica. Winter (1990) define Biomecânica do


movimento humano como sendo uma interdisciplina que descreve, analisa, avalia, estima,
calcula e determina o movimento humano. A Biomecânica é de facto uma área muito
complexa no que diz respeito à descrição e análise do movimento dos seres vivos dum
modo geral e em particular ao movimento do homem. Para o presente texto vamos adoptar
a definição de Amadio (1996) em que refere que a Biomecânica é uma ciência que trata de
análises físico-matemáticas de sistemas biológicos e, como consequência, de movimentos
humanos.

3.1. Objecto de estudo da Biomecânica

O objecto de estudo da Biomecânica do comportamento motor, isto é, a matéria de estudo


própria e conducente a um conhecimento biomecânico, na localização especializada desse
mesmo conhecimento (âmbito de estudo), é a produção, motora do sistema locomotor
resultante das solicitações mecânicas exteriores e das respostas biológicas organizadas sob
o ponto de vista cinemático e dinâmico.

3.2. Objectivo da Biomecânica

Segundo ZATSIORSKI et al. (1982) é objectivo da Biomecânica para análise do


movimento desportivo a descrição da técnica de movimento, ocupando-se dos principais
factores que a determinam: Leis da Mecânica do movimento e propriedades do sistema
locomotor humano (AMADIO, 1989).

1
A Biomecânica tem como objectivo também a interpretação do rendimento desportivo com
ajuda dos meios e procedimentos que definem o seu campo de actuação. Refere ainda o
autor que não se deve esquecer que existem outros factores, como antecedentes genéticos,
factores motivacionais, factores maturacionais e estruturais de aprendizagem e de
desenvolvimento motor, estrutura organizacional táctica do movimento, etc., que
demonstram um importante papel no desempenho, apesar da sua influência não poder ser
igualmente quantificada, se comparados com os parâmetros biomecânicos na interpretação
e análise do movimento.

Em síntese o objectivo da Biomecânica é estabelecer a característica da técnica mais


conveniente para determinado movimento desportivo através do conhecimento científico.
Na Biomecânica desportiva, por exemplo, procura-se também a interpretação do
rendimento desportivo através de conceitos mecânicos (AMADIO, 1989).

3.3. Classificação da Biomecânica

A Biomecânica classifica-se de forma esquemática em Biomecânica interna e Biomecânica


externa. Conforme referido, esta divisão segundo AMADIO (1989) efectua-se segundo
determinação quantitativa ou qualitativa da força que actua sobre os corpos, assim como da
interacção do corpo com o meio onde o movimento acontece.

 A Biomecânica interna que se preocupa com as forças internas, ou seja, as forças


transmitidas pelas estruturas biológicas internas do corpo, estão intimamente
relacionadas com a execução dos movimentos e com as cargas mecânicas exercidas
pelo aparelho locomotor, representadas pelo stress, o estímulo mecânico necessário
para o desenvolvimento e crescimento das estruturas do corpo.
 Com relação à Biomecânica externa ela representa aqueles parâmetros de
determinação quantitativa e ou qualitativa referente as mudanças de lugar e posição
do corpo humano em movimentos desportivos, com auxílio de medidas descritivas
cinemáticas e dinâmicas, ou seja, referem-se as características observáveis
exteriormente na estrutura do movimento. As forças externas constituem-se da força
de gravidade, da força de reacção e outras (AMADIO, 1989).

4. História da Biomecânica

2
A Biomecânica não é o resultado de um corte epistemológico bem localizado num autor
ou numa época. Estamos, por isso, perante uma matriz disciplinar que se constroi a
partir de divisões e recompilações de especialistas já maduras. A matriz disciplinar
Biomecânica resulta de um conjunto de valores de acordo com o que, para cada època,
era aceite como tal. Historicamente podem ser delimitadas várias etapas (períodos) que
de algum modo influenciaram a construção de um conhecimento que veio a ser próprio
e, portanto, delineamos os grandes paradigmas que concorreram para o efeito.

Para Aristóteles a própria Natureza é em si a fonte e a causa do movimento e do repouso


que lhe é inerente de uma forma primária e essencial. Na antiga Grécia, realizou os
primeiros estudos biomecânicos relacionados com o caminhar e a corrida Quanto aos
aspectos históricos do desenvolvimento da Biomecânica gostaria, tal como AMADIO
(1989) o fez, de registar apenas um facto que marcou o início da actuação e coordenação
internacional da Biomecânica do Desporto que começou, segundo com um Encontro
Internacional relativo a perguntas fundamentais do papel da Biomecânica para movimentos
desportivos, em 1960, na cidade de Leipzig Alemanha Oriental (AMADIO, 1989).

Através do suporte da Unesco o primeiro Seminário Internacional de Biomecânica foi


realizado em 1969 em Zurique e desde então decorre regularmente de dois em dois anos. A
Sociedade Internacional de Biomecânica foi fundada, na Finlândia, em 1973 e em 1984
reuniu-se pela primeira vez a Sociedade Internacional de Biomecânica do Desporto.

Actualmente existem centenas de estudiosos interessados em Biomecânica. Os resultados


das suas pesquisas contribuem grandemente para aumentar a compreensão sobre os limites
do corpo humano. As suas aplicações ao nível da medicina, ergonomia, desporto e
equipamentos, são inúmeras.

5. Biomecânica do crescimento e desenvolvimento ósseo


5.1. O osso humano

O esqueleto humano tem como função principal proteger determinados órgãos vitais, como,
por exemplo, o cérebro, que é protegido pelo crânio, e também os pulmões e o coração, que
são protegidos pelas costelas e pelo esterno.

3
Os ossos do corpo humano variam de formato e tamanho, sendo o maior deles o fémur, que
fica na coxa, e o menor o estribo que fica dentro do ouvido médio. É nos ossos que se
prendem os músculos, por intermédio dos tendões.

O esqueleto feminino difere um pouco do masculino, como, por exemplo, na pélvis, cujo
formato favorece a saída de um bebé do ventre da mãe. Fazem parte também do esqueleto
humano, além dos ossos, os tendões, ligamentos e as cartilagens. Funções em geral dos
ossos incluem sustentação do corpo, locomoção, protecção dos órgãos vitais (como o
coração, pulmão e encéfalo), produção de células sanguíneas e reserva de cálcio

5.2. Compressão, tensão e deslizamento

Força compressiva ou compressão pode ser entendida como uma força de aperto. Uma
maneira efectiva de desidratar pétalas de flores é colocá-las dentro de um livro e empilhar
outros livros sobre o primeiro. O peso do livro cria uma força compressiva sobre as flores.
Da mesma maneira, o peso do corpo actua como uma força compressiva sobre os ossos que
o suportam.

Tensão é o oposto da força compressiva. Força de tensão é uma força de estiramento que
cria tensão no objecto sobre o qual ela é aplicada. Quando uma criança senta em um
baloiço, o seu peso cria tensão sobre as correntes que o sustentam. Força de tensão é
exercida sobre o osso quando os músculos inseridos nele se contraem. A força de
deslizamento actua paralela ou tangencialmente a uma superfície. A força de deslizamento
tende a causar um deslocamento ou deslizamento de uma parte do objecto sobre a outra.

5.3. Stress mecânico

O stress representa o resultado da distribuição interna da força, aplicada externamente sobre


o corpo. O stress pode ser quantificado da mesma forma que a pressão-força por unidade da
área sobre a qual actua.

5.4. Torção, inclinação e cargas combinadas.

Torção ocorre quando um osso é contorcido ao redor do seu eixo longitudinal, tipicamente
uma das suas extremidades está fixa. Um tipo ligeiramente mais complicado de carga que
os ossos devem suportar é chamado de inclinação. Por exemplo, quando uma força

4
excêntrica é aplicada a extremidade do osso, ele se curva, criando um stress compressivo
em um lado do osso e um stress de tensão no lado oposto.

5.5. Crescimento e Desenvolvimento Osseos


5.5.1. Hipertrofia óssea

Embora casos de remodelagem completa do osso sejam pouco comuns, os ossos


frequentemente sofrem uma hipertrofia em resposta a certos tipos de actividades físicas
regulares. Os ossos de pessoas fisicamente activas são mais densos, e, portanto, mais
mineralizados do que os de pessoas sedentárias da mesma idade e do mesmo sexo. Além
disso, os resultados de alguns estudos indicam que determinadas profissões e desportos que
causam stress em certa região do corpo produzem acentuada hipertrofia óssea nessa região.

5.5.2. Atrofia óssea

Enquanto o osso responde ao aumento do stress mecânico hipertrofiando-se, ele mostra


uma reacção oposta ao stress reduzido. Algum stress parece ser necessário para a
manutenção da integridade óssea. Quando os stresses normais, exercidos sobre o osso pela
contracção muscular e pela sustentação do PC, são removidos, o tecido ósseo atrofia.
Quando a atrofia óssea ocorre, a quantidade de cálcio contida nele diminui e tanto o peso
quanto a resistência do osso também decrescem.

5.5.3. Fracturas por stress

Fracturas por stress (também denominadas fracturas por fadiga ou por insuficiência) com
frequência ocorrem como resultado de carga repetida sobre o esqueleto por longos períodos
e é provável que sejam precedidas de periostites (HALL, 1993). Fracturas por stress podem
ocorrer após a aplicação de cargas normais a uma alta frequência (ex.: corridas a longa
distância), cargas pesadas a uma frequência normal (ex.: corridas de 100 m repetidas
carregando uma segunda pessoa) ou de cargas pesadas a uma alta frequência (ex.:
treinamento intensivo com peso). A última situação é a mais perigosa, podendo não apenas
causar fracturas com stress, como também por sobrecarregar outros tecidos. A incidência de
fracturas por stress é maior em atletas em virtude do aumento na espessura dos ossos e
rotação da articulação coxo-femoral. Atletas com discrepância no comprimento das pernas
ou que tenham o arco do pé excessivamente alto ou baixo também apresentam maior

5
incidência de fracturas por stress. Correr mais de 100 km por semana e jogar basquetebol
são actividades associadas a fracturas por stress. Estas lesões são mais comuns em jovens e
mulheres. Prevalecem também entre mulheres com distúrbios menstruais e alimentares,
assim como em mulheres que tomam contraceptivos orais (HALL, 1993).

6. Biomecânica muscular

Nesta unidade, vamos apresentar e discutir sobre questões relacionadas com as


características funcionais do músculo, funções do músculo, papel do músculo e sobre as
acções musculares gerais.

6.1. Características funcionais do musculo

Os músculos são órgãos constituídos principalmente por tecido muscular (Estriado


Esquelético, Liso e Estriado Cardíaco) especializado em contrair e realizar movimentos,
geralmente em resposta a um estimulo nervoso.

O músculo esquelético é muito resistente e pode ser alongado ou encurtado em velocidades


bastante altas sem que ocorram grandes danos ao tecido. O desempenho da fibra muscular
em situações de velocidade de carga variáveis é denominado por quatro propriedades do
tecido muscular esquelético:

 Irritabilidade - É a capacidade para responder à estimulação. Como um tecido


excitável o músculo-esquelético pode ser recrutado rapidamente com significante
controlo sobre quais e quantas fibras musculares serão estimuladas para um
movimento (HAMILL & KNUTSEN, 1999).
 Contractilidade - É a capacidade de um músculo encurtar-se quando o tecido
muscular recebe estimulação suficiente. Alguns músculos podem encurtar-se até 50
a 70% de seu comprimento de repouso. A média é cerca de 57% do comprimento de
repouso para todos os músculos esqueléticos (HAMILL & KNUTSEN, 1999).
 Extensibilidade - É a capacidade do músculo aumentar o seu comprimento ou
alongar-se além do comprimento de repouso. A extensibilidade do músculo é
determinada pelo tecido conectivo encontrado no perimísio, epimísio e fáscia que
cerca o músculo (HAMILL & KNUTSEN, 1999).

6
 Elasticidade - É a capacidade da fibra muscular retornar ao seu comprimento de
repouso depois que a força de alongamento do músculo é removida. A elasticidade
do músculo é determinada mais pelo tecido conectivo dentro do musculo que pelas
próprias fibrilas (HAMILL & KNUTSEN, 1999)
6.2. Funções Musculares

Os músculos esqueléticos realizam uma variedade de funções, todas elas importantes para o
desempenho eficiente do corpo humano. As três funções que relacionam-se
especificamente para o movimento humano são: a contribuição para a produção do
movimento esquelético (os movimentos resultantes são necessários para a locomoção e
outras manipulações segmentares), assistência na estabilidade articular e manutenção da
postura e posicionamento corporal.

Os músculos esqueléticos também proporcionam outras funções que não relacionam-se


directamente com o movimento humano. Estou a falar do suporte e protecção dos órgãos
viscerais e os tecidos internos, da alteração e controlo das pressões dentro das cavidades, da
contribuição na manutenção da temperatura corporal e do controlo das entradas e saídas
durante a deglutição, defecação e eliminação da urina (HAMILL & KNUTSEN, 1999).

6.3. Papel do Musculo

Os músculos podem desempenhar papel de agonistas, antagonistas, estabilizadores ou de


neutralizadores (HAMILL & KNUTSEN, 1999).

 Agonistas e antagonistas - Os músculos que criam o mesmo movimento articular


são chamados de agonistas. Por outro lado, músculos opositores ou que produzem o
movimento articular oposto são chamados antagonistas. São os antagonistas que
precisam relaxar-se para permitir que ocorra um movimento ou precisam contrair-se
ao mesmo tempo que os agonistas para controlar ou reduzir a rapidez de um
movimento articular.
 Estabilizadores e neutralizadores - Os músculos são também usados como
estabilizadores, agindo em um segmento de modo que possa ocorrer um movimento
específico em uma articulação adjacente. A estabilização é muito importante na
cintura escapular que precisa ser suportada de modo que os movimentos do braço

7
possam ocorrer de forma homogénea e eficiente. O último papel que os músculos
precisam desempenhar é o de sinergistas, ou neutralizadores, no qual o músculo irá
contrair-se para eliminar uma acção articular indesejada causada por outro músculo.

6.4. Acções Musculares Gerais


 Acção muscular isométrica - A tensão muscular é gerada contra uma resistência
para manter a posição, levantar um segmento ou objecto ou abaixar ou controlar um
segmento. Se o músculo está activo e desenvolve tensão, porém sem mudança
visível ou externa na posição articular, a acção muscular é denominada isométrica.
Por exemplo, para curvar-se 30 graus de flexão do tronco e manter a posição, a
acção muscular usada para manter essa posição pode ser chamada de isométrica
(HAMILL & KNUTSEN, 1999).
 Acção muscular concêntrica - Se um músculo gera tensão activamente com um
encurtamento visível na extensão do músculo, a acção muscular é denominada
concêntrica. Na acção articular controlada concentricamente, as forças musculares
somadas que produzem a rotação se acham na mesma direcção que a mudança no
ângulo articular, significando que os agonistas são os músculos controladores em
uma acção concêntrica. A maioria dos movimentos articulares para cima são criados
por uma acção muscular concêntrica. Por exemplo, a flexão do braço ou do
antebraço quando se está em pé será produzida pela acção muscular concêntrica dos
agonistas respectivos ou músculos flexores (HAMILL & KNUTSEN, 1999). Acção
muscular excêntrica Quando um músculo é sujeito a momento externo maior que o
interno dentro do músculo, ocorre alongamento do músculo, e a acção é chamada de
excêntrica. A fonte de força externa desenvolvendo o momento externo que produz
uma acção muscular excêntrica é geralmente a gravidade ou a acção muscular de
um grupo muscular antagonista.

7. Conceitos mecânicos básicos


7.1. Ponto material e trajetória

8
A Mecânica descreve e procura explicar o movimento de objectos, corpos, partículas,
etc. Na sua evolução surgiram os conceitos de ponto material e de trajetória, dos quais
se desenvolveu a descrição matemática de movimento, que se chama Cinemática.

O conceito de ponto material simplifica o tratamento matemático do movimento.


Quando este ponto se desloca, as suas posições sucessivas definem uma curva que é a
sua trajetória. já o movimento de um corpo extenso não pode ser descrito por uma só
curva, pois cada ponto do corpo descreve a sua própria trajetória, que pode ser diferente
uma da outra. Assim acontece, por exemplo, com os pés e o umbigo de um ginasta que
dá uma cambalhota no ar. Mesmo que o corpo seja rígido, diferentes pontos executam,
no geral, trajetórias diferentes.

7.1.1. Planos de referência anatómica

Três planos cardinais imaginários dividem o corpo em três dimensões. Um plano é uma
superfície bidemensional com uma orientação definida por coordenadas espaciais de
três pontos distintos dentro de um plano, e que não estão na mesma linha. Pode ser
entedido como uma superfície plana imaginária. O plano sagital, também conhecido
como plano cardinal antero-posterior ou plano cardinal mediano, divide o corpo
verticalmente em metades direita e esquerda, com cada metade tendo o mesmo peso.

O plano frontal, também referido como plano cardinal coronal ou plano cardinal lateral,
divide o corpo verticalmente em metades anterior e posterior com pesos iguais. O plano
horizontal ou transverso divide o corpo em metade superior e inferior do mesmo peso.

A intercepção dos três planos cardinais ocorre em um ponto conhecido como centro de
gravidade do corpo (CG). Estes planos imaginários de referência existem apenas em
relação ao corpo humano. Se uma pessoa gira 45 graus à direita, os planos de referência
também giram 45 graus à direita. Embora todo o corpo possa movimentar-se na
orientação de um plano cardinal, os movimentos de segmentos corporais individuais
também podem ser descritos como movimentos no plano sagital, movimentos no plano
frontal e movimentos no plano transverso.

7.1.2. Eixos de referência anatómica

9
Quando um segmento corporal move-se, ele sofre um deslocamento angular em torno
de um eixo imaginário de rotação que passa através da articulação à qual este segmento
Biomecânica 30 está ligado. Eixo é uma linha imaginária projectada
perpendicularmente ao plano onde ocorre o movimento. Existem três eixos de
referência para a descrição do movimento humano, e cada um é orientado
perpendicularmente a um dos três planos de movimento. O eixo transverso, também
conhecido como eixo frontal ou látero-medial, é perpendicular ao plano sagital. A
rotação no plano frontal ocorre em torno do eixo sagital ou ântero-posterior. A rotação
no plano transverso ocorre em torno do eixo vertical ou longitudinal. É importante
reconhecer que cada um destes três eixos está sempre associado ao mesmo plano-aquele
ao qual o eixo é perpendicular.

7.1.3. Conceito de movimento

A análise do movimento do homen do ponto de vista da mecânica vem acontencendo ao


longo de vários anos. Por exemplo, Aristóteles, no século IV A. C.: estudava as partes
corporais e os deslocamentos dos animais aplicando leis que regem o movimento. No
século XVII, outro importante percursor, Giovanni Afonso Borelli, discípulo de
Galileo, aplicava as leis mecânicas para deduzir os movimentos do sistema ósseo-
muscular; Borelli apresentava as alavancas ósseas, abordava a questão do centro de
gravidade no ser humano e das posturas correctas ou incorrectas sob o ponto de vista
mecânico. Uma antiga ciência, a Cinesiologia, que utiliza o prefixo “Cine”, que
significa movimento; trata-se de uma disciplina que estuda o movimento. A palavra
Cinesiologia não é muita utilizada hoje em dia porque a disciplina faz parte da
Biomecânica. Para HAY (1981) a Cinesiologia começou a ser usada como uma ciência
que estudava a estrutura e função do corpo humano. Com o tempo, ampliou seu
domínio e passou a tratar todas as questões relacionadas com o movimento humano.

Para melhor entendermos sobre o assunto, vamos fazer uma abordagem sobre os
sistemas de coordenadas e descrição do movimento.

A posição de um ponto material no espaço é definida por suas coordenadas. Se essas


coordenadas são cartesianas, trater-se-á de três números que indicam a distância do

10
ponto aos três eixos coordenados Ox, Oy e Oz. Este é o sistema mais comumente usado
na Biomecânica.

7.1.4. Leis de Newton.


 1ª Lei de Newton - “Lei da inércia” – um corpo só altera o respectivo estado de
movimento (repouso ou velocidade constante) se uma força exterior actuar sobre
ele. A massa do corpo é a medida da resistência à modificação do estado de
repouso ou de movimento em que o corpo se encontra [m = Inércia]. Estado de
movimento (repouso ou velocidade constante) é o equivalente cinemático da
noção Quantidade de movimento como se verá na 3ª lei de Newton.
 2ª Lei de Newton - “Lei da aceleração” – A aceleração [a] de uma massa [m] é
directamente proporcional à força resultante [F resultante = Σ F parciais] que
actua sobre essa mesma massa. A direcção da aceleração é a mesma que a força
resultante: Consideremos [F] como representando [F resultante = Σ F parciais],
então: Genericamente: [a = F/m] ou, [F = m a].
 3ª Lei de Newton - “Lei da Acção/Reacção”: Para toda a força activa há uma
força reactiva com igual intensidade e com sentido oposto. A força activa e a
força reactiva têm a mesma linha de acção, a mesma direcção, a mesma
intensidade, apenas sentidos diferentes. Vectorialmente [F = Fx + Fy + Fz]. O
que se aplica a [F] aplica-se às respectivas componentes. Portanto, se [F = - F],
também [Fx= - Fx]; [Fy= - Fy]; [Fz= - Fz].

7.1.5. Movimentos lineares e angulares

Ao observarmos o movimento humano ou um objecto sendo movido por um ser humano,


dois tipos diferentes de movimento estão presentes. Primeiro seu movimento linear,
geralmente chamado de movimento de translação, que é o movimento ao longo de uma via
curva ou recta.

 Movimento linear - O movimento linear ou de translação é caracterizado pelo


movimento em que as partes de um objecto percorrem a mesma distância na mesma
direcção ao mesmo tempo. Na análise de habilidade, por exemplo, é geralmente

11
muito útil monitorar o movimento a partir do topo da cabeça para obter uma
indicação de certos movimentos do tronco. Um exame da cabeça durante a corrida é
um bom exemplo. A cabeça move-se para cima e para baixo? De um lado para
outro? Se isso ocorre, é uma indicação que a massa central do corpo está a mover-se
também nessas direcções (HAMILL & KNUTZEN, 1999).
 Movimento angular - O segundo tipo é o movimento angular. O movimento
angular ou de rotação ocorre ao redor de um eixo. Por exemplo, balançar numa
barra é um movimento angular porque todo o corpo roda ao redor do ponto de
contacto com a barra. Para fazer uma volta completa, os pés percorrem uma
distância muito maior que os braços, pois estão mais distantes do ponto central.

É típico em Biomecânica examinar as características de movimento linear de uma


actividade e, então, fazer uma observação mais atenta dos movimentos angulares que criam
e contribuem com o movimento linear.

Todos os movimentos lineares dos seres humanos, ou objectos movidos por eles, ocorrem
como consequência de contribuições angulares. As únicas excepcões para essa regra são os
movimentos como os que ocorrem no esqui aéreo ou na queda livre, onde o corpo é
mantido em uma posição para deixar a gravidade criar o movimento linearmente
descendente, ou casos em que uma tracção ou empurrão externo movem o corpo ou
objecto. Um exemplo clássico é o andar. Se observarmos um ponto em qualquer parte do
corpo do indivíduo, por exemplo o centro de gravidade, verifica-se que, quando o indivíduo
desloca-se, ela também desloca-se tanto para a frente (eixo x), como para cima (eixo y),
como para a lateral (eixo z), dada a oscilação natural do andar. Mas, ao mesmo tempo
ocorre uma rotação dos segmentos em torno das articulações do tornozelo, joelho, coxo-
femoral e ombro. Pelo deslocamento pode-se calcular a velocidade linear (v) como angular
( ) (HAMILL & KNUTZEN, 1999).

7.1.6. Grandezas escalares e vectoriais

Para realizar suas tarefas quotidianas, frequentemente os seres vivos precisam de se


movimentar. Muitas vezes, esses movimentos são importantes para a própria sobrevivência
seja para se alimentar ou se defender. Aplicando-se as leis físicas aos corpos em
movimento, esses movimentos geralmente são bastante simples de ser analisados. Na

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Física, os movimentos mais simples são os unidimensionais, sendo um pouco mais
complexos os compostos ou bidimensionais. Qualquer análise de um movimento exige
determinações das variáveis deslocamento, velocidade e aceleração. Essas variáveis são
quantidades vectoriais; portanto, representadas por um vector. Os parâmetros mecânicos
expressam-se através de quantidades físicas escalares ou vectoriais.

 As grandezas escalares são aquelas que ficam completamente determinadas por


um único valor numérico referido a uma unidade adequada. Por exemplo:
Comprimento, Tempo, Temperatura, etc.
 As grandezas vectoriais são as quantidades físicas que necessitam, para a sua
completa especificação de quatro características: intensidade ou magnitude,
direcção (normalmente é o ângulo em relação à direcção horizontal), sentido e
ponto de aplicação. Estas grandezas são representadas por meio de um vector.
7.1.7. Posição

Posição de um objecto refere-se a sua localização no espaço com respeito a uma referência.
O movimento ocorre quando um objecto ou corpo muda a posição. Os objectos não podem
mudar de posição instantaneamente; assim, o tempo precisa ser levado em conta ao
considerar o movimento de um objecto. O movimento, desse modo, pode ser entendido
como uma mudança progressiva de posição em um período de tempo.

7.1.8. Deslocamento

O deslocamento é medido em linha recta a partir de uma posição até a posição seguinte.
Deslocamento não deve ser confundido com distância, porque a distância que um objecto
percorre pode ser ou não em linha recta. Deslocamento é defenido como quão distante o
objecto foi movido de sua posição inicial e em que direcção ele foi movido. Como o
deslocamento inerentemente descreve a magnitude e a direcção da mudança de posição, ele
é uma quantidade vectorial. A distância, como se refere somente a quão distante um objecto
foi movido, é uma quantidade escalar.

7.2. O conceito de velocidade linear e angular Velocidade linear

Quando os conceitos de deslocamento e tempo são combinados, leva-se em conta o


conceito de velocidade vectorial e escalar. Velocidade vectorial é uma quantidade definida

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como o tempo que leva uma mudança de posição. Velocidade escalar seria o que no dia-a-
dia consideramos como velocidade, e é uma quantidade escalar. A velocidade escalar é
definida como a distância que um objecto percorreu dividida pelo tempo que levou para
percorrê-la.

7.3. Velocidade angular

As definições para velocidade escalar angular e velocidade vectorial angular são análogas
às da velocidade escalar linear e vectorial linear, tanto na definição quanto no significado.
A velocidade escalar angular é a distância angular percorrida por unidade de tempo.

8. Biomecânica e a Educação Física Escolar

O termo Educação Física Escolar (EFE) está associado à ideia de matéria ou conteúdo do
ensino e, portanto, é um elemento do currículo. Entendida como tal, a EFE deve estar
ligada a um conjunto de conhecimentos originados no domínio acadêmico da EF, assim
como apontado por SAVIANI (1994). Fica também claro que se existe uma discipina
académica da EF, existe conteúdo considerado importante e, assim, é preciso criar uma
situação favorável para a sua aprendizagem no âmbito escolar. Antes de entrarmos em
concreto no tema, inicialmente, é importante apresentar o significado do termo conteúdo.

8.1. Conteúdo em EF

O termo conteúdo é um instrumento utilizado para se chegar aos objectivos presentes em


planeamento, seja ele, bimestral, trimestral semestral ou anual. Deve-se ter em mente que
os “objectivos de um plano de trabalho não são aquilo que se vai dar ao aluno como
actividade, mas sim o que se espera dele como resultado da aprendizagem”.

Os conteúdos escolares não existiam na sua forma actual, eles têm um carácter histórico,
vão sendo elaborados e re-elaborados conforme as necessidades de cada época e os
interesses sociais vigentes.

8.2. Conteúdos de natureza conceitual e a Biomecânica

Os conteúdos conceituais designam o que o indivíduo deve saber. A dimensão conceitual,


segundo CORRÊA & FREIRE (2004), é composta de factos, princípios e conceitos que
devem ser compreendidos, caracterizando um saber sobre ensinando na escola. Os factos

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possuem carácter concreto e decisivo e são apreendidos de forma memorística (ZABALA,
1998), ou seja, não é necessário nenhum esforço para integrar os novos conhecimentos com
os já existentes na estrutura cognitiva.

Como exemplo de factos, é possível citar: a localização do coração, a definição do


músculo, a estrutura da articulação, etc. Quando são estabelecidas relações significativas
entre os factos, obtêm-se, segundo POZO, 1998, p. 32) conceitos e princípios. Sua
aprendizagem é significativa, ou seja: “trata-se de um processo no qual o que aprendemos é
o produto da informação nova interpretada à luz daquilo que sabemos”.

Como exemplo de conceitos é possível citar o funcionamento do sistema cardiovascular;


como se dá a produção de movimento; os princípios de prescrição do treinamento da
capacidade aeróbica (ULASOWISZ & PEIXOTO, 2004).

Na Educação Física, esse conteúdo conceitual é composto de conhecimentos sobre o


movimento (FREIRE, 1999). Considerando que o movimento envolve princípios da
Mecânica, compreender movimento implica, com certeza, a compreensão de alguns
princípios da Biomecânica.

Conceitos biomecânicos estão envolvidos em todas as actividades corporais e os alunos(as)


podem, além de observar e constatar o que ocorre, compreender o que levou a tal
desempenho. O que está se propondo é que a prática corporal leve à reflexão e ao
entendimento acerca de conhecimentos envolvidos na realização de movimentos e da
interacção do corpo humano com o ambiente que o cerca.

8.3. Conteúdos de natureza procedimental e a Biomecânica

Os conteúdos procedimentais são conjuntos de “accões ou decisões que compõem a


elaboração ou a participação” orientadas para a consecução de uma meta (COLL & VALL,
1998, p. 77 cit. por ULASOWISZ & PEIXOTO, 2004). Em outras palavras diríamos que
seriam o que se deve saber fazer, sem se restringir apenas à execução de actividades, mas
procedendo também a uma reflexão de como realizá-las. São exemplos desse tipo de
conteúdo os seguintes: seleccionar e criar exercícios adequados ao desenvolvimento da
capacidade aeróbica; executar exercícios de alongamento de acordo com a prescrição de

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treinamento e posturas adequadas; associar os princípios da prescrição de treinamento da
flexibilidade em actividades diversas (ULASOWISZ & PEIXOTO, 2004).

A categoria procedimental é ligada ao fazer, ou seja, trata da aprendizagem e execução de


gestos desportivos dos movimentos rítmicos, dos movimentos de lutas, do trabalho em
grupo para a criação de novas regras e jogos, etc.

Corroborando, FREIRE (1999) refere que o conteúdo procedimental é composto pelo


conjunto de técnicas, habilidades ou procedimentos que devemos saber executar, ou seja, é
um “saber fazer”.

8.4. Conteúdos de natureza atitudinal e a Biomecânica

Os conteúdos atitudinais são a intenção ou a predisposição para a acção, o que deve ser.
SARABIA (1998) define conteúdos atitudinais como “tendências ou disposições adquiridas
e relativamente duradouras a avaliar de um modo determinado um objecto, pessoa,
acontecimento ou situação e actuar de acordo com essa avaliação” (ULASOWISZ &
PEIXOTO, 2004),.

Para DOGANIS & THEODORAKIS (1995) o conteúdo atitunal possui três elementos, os
quais são interligados: o componente cognitivo (conhecimentos e crenças), afectivo
(sentimentos e preferências) e de conduta (acções manifestas e declarações de intenção).
Como exemplo, estes autores apresentam os seguintes: valorização da activação das
capacidades físicas como meio de melhorar a realização das actividades da vida diária; a
reformulação de crenças e conceitos sobre o envelhecimento; a autoconfiança para
enfrentar dificuldades, reconhecer potencialidades e aceitar e superar limites.

9. Modelo complexo de análise do movimento

A Biomecânica, por se tratar de uma disciplina que depende basicamente de resultados


experimentais, é essencial que esta apresente uma grande preocupação nos seus métodos de
medição, somente desta forma, torna-se possível buscar métodos e medidas mais acuradas e
precisas para a modelação do movimento humano.

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Utilizando estes métodos, o movimento pode ser descrito e modelado matematicamente,
permitindo a maior compreensão dos mecanismos internos reguladores e extensores do
movimento.

Na complexa análise do movimento humano, estes métodos, dependendo do tema estudado,


podem ser utilizados isoladamente ou em conjunto, mediante sistemas que possibilitam
aquisição de dados de forma sincronizada.

9.1. Cinemetria

A cinemetria constitui a área de avaliação biomecânica que se preocupa, fundamentalmente


com a descrição dos movimentos (deslocamentos), independemente das forças que os
produziram. A cinemetria é um conjunto de métodos que se preocupa em medir parâmetros
cinemáticos do movimento, isto é, a partir de imagens obtidas, através de câmaras de
filmar, durante a execução do movimento, realiza-se o cálculo das variáveis dependentes
dos dados observados nas imagens, como posição, orientação, velocidade e aceleração do
corpo ou e seus segmentos.

A cinemetria é composta basicamente, por procedimentos de natureza óptica, onde as


medidas são obtidas através de indicadores indirectos conseguidos através de imagens, que
por sua vez são representações do movimento. Nesse sentido é necessário calibrar:

 O espaço – através de estudos de proporcionalidade das escalas de calibração.


Actualmente, os vídeos já têm uma frequência de aquisição de imagens muito
estável, isto é, a indicação do número de imagens que adquirem por segundo é
rigorosa.
 O tempo – determinado através da frequência de aquisição de imagens. Hoje, já
existe também tecnologia vídeo que incorpora a frequência de gravação de imagem
e um cronómetro digital, enquanto que no passado uma das soluções para o controlo
rigoroso do tempo era a filmagem de um relógio, simultaneamente com o
movimento.

9.2. Dinamometria

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Através da dinamometria, que engloba todos os tipos de medidas de força e ainda a
distribuição da pressão, pode-se interpretar as respostas de comportamentos dinâmicos do
movimento humano. As forças mensuráveis são as forças externas, transmitidas entre o
corpo e o ambiente, isto é, forças de reacção. De particular interesse, são as forças de
reacção do solo transmitidas na fase de apoio em actividades quase-estáticas ou dinâmicas.
Já que elas, segundo AMADIO (1996), são as mais comuns na nossa vida quotidiana.
Juntamente com a constante peso corporal, essas forças de reacção do solo, são geralmente,
a causa de qualquer alteração do movimento do centro de gravidade (centro pela qual a
massa do corpo estará distribuída igualmente em todas as direcções).

Os biomecânicos medem as componentes da força de reacção do solo usando um


instrumento básico que é a plataforma de forças.

9.3. Electromiografia (EMG)

A electromiografia (EMG) é um método de estudo que tem ocupado um papel importante


nos últimos 40 anos em diferentes áreas de investigação que têm actividade neuromuscular
como objecto.

A EMG significa o registo gráfico da actividade eléctrica no músculo, quando realiza


contracção, motivada pelo impulso nervoso.

10. Análise qualitativa em Biomecânica

Actualmente, os profissionais da área desportiva têm utilizado como metodologia para


analisar a mecânica do movimento humano, o processo de observação visual, este processo
torna mais fácil a observação crítica do desempenho dos alunos durante a execução dos
elementos técnicos.

Um dos grandes desafios dos profissionais da área da Educação Física e Desporto, é


observar o desempenho de seu aluno e decidir onde a técnica precisa de correcção. Para
isso, é preciso uma abordagem bem planeada, pois senão tiver uma abordagem planeada a
velocidade e a complexidade da habilidade, dominará a análise. Assim sendo, uma
observação bem sucedida deve não somente conhecer a proposta do movimento mas,
também reconhecer os factores que contribuem para uma execução perfeita do movimento.

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10.1. Métodos de analise

Basicamente existem dois métodos, para a análise do movimento humano: o método


quantitativo e o método qualitativo. No método qualitativo, a execução é avaliação
subjetivamente com bases directa, a observação visual.

Já no método quantitativo, a execução é observada por fotografia, cinematografia,


eletromiografia, ou qualquer outra técnica de análise, e então é avaliada objectivamente
com base nas medidas objectivas através dessas técnicas..

10.2. Natureza dos padrões de movimento

De acordo com Hall (1993), os analistas também podem se beneficiar do conhecimento da


natureza dos padrões de movimento humano e habilidade em geral. É importante fazermos
a distinção sobre habilidades descontínuas e contínuas e entre habilidades abertas e
fechadas.

 Habilidade continua, são as quais apresentam uma repetição no padrão do


movimento, podemos exemplificá-las com as seguintes habilidades: nadar, correr,
remar e pedalar.
 Habilidade descontinua, são aquelas que apresentam um ponto de inicio e termino
definidos, nestas habilidades (remate no voleibol, remate no futebol e o passe no
basquetebol).

Já as habilidades abertas e fechadas, se distinguem pelos os acontecimentos do ambiente


em torno. Segundo Hall (1993), quando as condições são imprevisíveis, como o lançamento
lateral no basquetebol, são consideradas como habilidades abertas. As habilidades fechadas
são executadas em uma situação estruturada de maneira previsível.

10.3. Observação da execução

O sucesso na utilização de qualquer sistema de análise qualitativa dependente largamente


da precisão com que os movimentos envolvidos serão percebidos. Se o observador que
conduz a análise for capaz de perceber exactamente o que o executante está fazendo,
conclusões apropriadas serão provavelmente melhores alcançadas.

10.4. Analise de habilidade motora

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Neste tópico vamos descrever as principais informações que precisamos para analisar uma
habilidade motora através da técnica de observação visual. Segundo Carr (1998), a análise é
dividida em seis passos, a saber:

 Passo 1. Determinar os objectivos da habilidade - As regras dos desportos e as


condições existentes quando uma habilidade desportiva é executada, determinam os
objectivos da habilidade. Estar consciente desses objectivos é de suma importância,
pois eles determinam a técnica e a mecânica que seu atleta precisará usar para
executar a habilidade com sucesso. Carr (1998), cita a importância do técnico em
conhecer os objectivos de cada habilidade, pois se enfatizar um objetivo mais do
que o outro, ele estará limitando o seu atleta.
 Passo 2. Observar as características especiais da habilidade - As habilidades
desportivas (motora), podem ser divididas em diferentes tipos. Segundo a maneira
como o atleta executa a técnica; Condições nas quais seu atleta executa a habilidade.
Segundo Carr (1998), as maneiras e as condições estão inter-relacionadas e ambas
influenciam dramaticamente os métodos que o técnico usará.
 Passo 3. Estudar desempenhos excelentes da habilidade - Quando o técnico
observa atletas de elite executando uma habilidade, ele tem um quadro da
velocidade, ritmo, potência, posições corporais e outras características que
compõem um desempenho de qualidade. Carr (1998), refere que isso ajuda e
entender os padrões básicos de movimentos na técnica da habilidade.
 Passo 4. Dividir a habilidade em fases - O próximo passo, é dividir em fases, a
habilidade que o técnico está interessado em treinar. Segundo Carr (1998), este
processo é importante porque ele torna o trabalho bem mais fácil, quando você
procura por erros no desempenho do atleta.
 Passo 5. Dividir cada fase em elementos-chaves - Após ter escolhido as fases
mais importantes de uma habilidade, o técnico deve direcionar sua atenção para a
tarefa de dividir cada fase em seus elementos-chaves. Segundo Carr (1998),
elementos-chaves são movimentos distintos que se unem para compor uma fase.
 Passo 6. Entender as razões mecânicas da execução de cada elemento-chave - É
um passo muito importante, ele mostra-nos como devemos entender como a
mecânica compõe as técnicas desportivas. Pois, todos os movimentos fundamentais
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que o atleta faz esta assentada em princípios mecânicos. Portanto, uma vez
identificados os elementos-chaves da habilidade que está sendo analisada, o técnico
deve entender os propósitos mecânicos de cada elemento.

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