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6.

Dissolução e Liquidação, Fusão e Cisão, Transformação

6.1 Dissolução

Designa-se por Dissolução, a morte, extinção ou desaparecimento da sociedade. Essa


morte nunca é repentina, pois a sociedade dissolvida continua a ter ainda existência
jurídica, embora apenas para liquidação do seu património e partilha do remanescente
pelos sócios.

Nos termos do artigo 229º do Código das Sociedades Comerciais, para além dos casos
previstos no contrato, as causas gerais de dissolução imediata são:

a) pela deliberação dos sócios;


b) Pela suspensão da actividade por período superior a três anos;
c) Pelo decurso do prazo de duração;
d) Pelo não exercício de qualquer actividade por período superior a doze
meses consecutivos, não estando a sua actividade suspensa nos termos
deste Código;
e) Por decisão da autoridade competente quando a sua constituição dependa
da autoridade governamental para funcionar.
f) Pela extinção do seu objecto;
g) Pela ilicitude ou impossibilidade superveniente do seu objecto se, no prazo
de quarenta e cinco dias, não for deliberada a alteração do objecto;
h) Por se verificar, pelas contas do exercício, que a situação líquida da
sociedade é inferior à metade do valor do capital social;
i) pela falência;
j) Pela fusão com outras sociedades;
l) Pela sentença judicial que determine a dissolução.

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Registo e efeitos da dissolução

1. A dissolução deve ser registada.


2. A dissolução tem como efeito a entrada da sociedade em liquidação.
3. A dissolução produz efeitos a partir da data em que for registada ou, quanto às
partes, na data do trânsito em julgado da sentença que a declare.

Publicidade da dissolução

A dissolução de qualquer sociedade será devidamente publicada.

Obrigações da administração da sociedade dissolvida


1. Dissolvida a sociedade, os administradores devem submeter à aprovação dos
sócios, no prazo de sessenta dias, o inventário, o balanço e a conta de lucros e
perdas referidas à data do registo da dissolução.

2. Aprovadas as contas pelos sócios, os administradores que não sejam liquidatários


devem entregar a estes todos os documentos, livros, papéis, registos, dinheiro ou
bens da sociedade.

3. Os administradores devem fornecer também toda a informação e esclarecimentos


sobre a vida e situação da sociedade que sejam solicitados pelos liquidatários.

6.2 Liquidação

Por Liquidação deve entender-se o conjunto de operações a que é necessário proceder


para pôr o património social em condições de ser facilmente partilhado pelos sócios.

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Primeiro realiza-se o Activo e satisfaz-se o Passivo, depois reparte-se o remanescente
(se o houver) pelos associados, em conformidade com as disposições estatutárias e as
resoluções tomadas em reunião ou assembleia-geral.

Quando o produto da venda dos bens e da cobrança das dívidas deduzido das despesas
de liquidação não for suficiente para pagar integralmente todo o Passivo, paga-se
primeiramente os credores preferenciais e rateia-se o restante pelos credores comuns.

As liquidações extra-judiciais ou judiciais são feitas por um ou mais liquidatários.


Os liquidatários são por vezes sócios da sociedade e outras vezes, pessoas estranhas à
mesma (liquidatário escolhida pelos credores, administrador da massa falida).

A sociedade em liquidação mantém a sua personalidade jurídica e em geral, continua


a ser-lhe aplicável, com as necessárias adaptações, as disposições que regem as
sociedades não dissolvidas, devendo a respectiva firma social ser acompanhada
sempre da expressão «Sociedade em Liquidação» ou «Em Liquidação».

Os liquidatários devem:
a) Ultimar os negócios pendentes;
b) Cumprir as obrigações da sociedade;
c) Cobrar os créditos da sociedade;
d) Pagar todas as dívidas da sociedade, para as quais seja suficiente o activo
social;
e) Reduzir a dinheiro o património residual;
f) Propôr a partilha dos haveres sociais;
g) Prestar, nos três primeiros meses de cada ano civil, contas anuais da
liquidação, acompanhadas por um relatório pormenorizado do estado da
mesma, elementos estes que devem ser submetidos à apreciação e aprovação
dos sócios.

6.2.1. Contabilização

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Activo Sit. Liquida
11. Caixa 51. Capital
12. Bancos 55. Reservas
13. Outros Instrumentos Financeiros 59.Resultados Transitados
84 Result. Liquidação
88 Result. Liq. Período (a)

Antes de começar a liquidação, é preciso regularizar as contas e elaborar um balanço


que poderá ser, um Balanço de Gestão ou um Balanço de Liquidação propriamente
dito.

Para a contabilização dos gastos feitos durante a liquidação e os lucros ou prejuízos


apurados, são possíveis várias soluções, das quais destacamos as duas seguintes:
a) Movimentar uma única conta de resultados, com o título
“Resultados de Liquidação”.

b) Movimentar as contas de Gastos e Perdas e Rendimentos e Ganhos,


tal como habitualmente, mas, depois de apurados os resultados do
periodo, criar uma subconta específica para os resultados de
liquidação.

Na prática, esta solução revela-se mais cómoda, não havendo confusão entre os
resultados do periodo e os resultados de liquidação, visto que esta só começa após o
apuramento daqueles e o fecho de todas as contas.

Terminada e contabilizadas as operações de liquidação, elabora-se o Balanço de


Partilha no qual apenas subsistem as contas relativas aos bens e valores a partilhar
pelos sócios (apenas disponibilidades, em regra), e as contas da Situação Líquida.

Balanço de Partilha

(a) Resultado apurado até ao começo da Liquidação.

Para encerrar estas contas bastará:

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- Transferir para as contas – Liquidação dos Sócios as respectivas
quotas-partes dos saldos que apresentam as contas de Capital,
Reservas, Resultados do Período e Resultados de Liquidação.

- Creditar por contrapartida dessas contas de liquidação as


disponibilidades a partilhar pelos sócios.

6.3.2. Absorção

O processo é idêntico ao caso da fusão propriamente dita com a diferença de que a


sociedade absorvente não faz a entrega dos valores activos e passivos limitando-se a
receber os valores absorvidos e a entregar em contrapartida as acções que tiver em
carteira.

6.4. Cisão

Por cisão entende-se o processo pelo qual uma sociedade transforma-se em duas ou
mais sociedades. Podem distinguir-se as seguintes modalidades:

- Cisão Simples – Uma sociedade destaca parte do seu património para com
ele constituir outra sociedade;

- Cisão por Dissolução – Uma sociedade dissolve-se e divide o seu património


sendo cada uma das partes resultantes destinada a constituir uma nova sociedade;

- Cisão por Fusão – Uma sociedade destaca partes do seu património ou


dissolve-se dividindo o seu património em duas ou mais partes para os fundir com
sociedades já existentes ou com partes de património de outras sociedades separadas
por idênticos processos e com iguais finalidades.

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6.4.1. Contabilização
A transferência dos valores da sociedade cindida, implica a redução do seu capital na
cisão parcial e a extinção da sociedade na cisão total.

6.5. Transformação

A Transformação é a modificação da forma jurídica da empresa. As sociedades


mudam, por vezes, de forma jurídica devido a:
- Decisão da Assembleia Geral;
- Decisão dos credores, quando a falência tenha sido declarada judicialmente.

Como exemplos mais frequentes de transformação de empresas, que se verificam na


prática, podem ser indicados os seguintes:
- Transformação da empresa singular em sociedade por quotas (caso de um
comerciante em nome individual admitir um sócio e formar uma sociedade);

- Mudança de uma sociedade em nome colectivo para uma sociedade por


quotas;

- Transformação de uma sociedade por quotas em sociedade anónima, ou vice-


versa.

A transformação de qualquer empresa só se pode realizar, depois de cumpridas as


formalidades para a constituição da nova sociedade. Por esse motivo, é preciso fazer
escritura pública, que tem de ser registada e publicada.

Uma sociedade não pode transformar:


a) Se o capital não estiver integralmente liberado ou se não estiverem
totalmente realizadas as entradas convencionadas no contrato;

b) Se o balanço da sociedade a transformar mostrar que o valor do seu


património é inferior a soma do capital e reserva legal;

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c) Se a ela se opuserem sócios titulares de direitos especiais que não possam
ser mantidos depois da transformação;

d) Se, tratando-se de uma sociedade anónima, esta tiver emitido obrigações


convertíveis em acções ainda não totalmente reembolsadas ou convertidas.

6.5.1 Contabilização

Sob o ponto de vista contabilístico, a transformação da sociedade abrange dois factos:


a) Encerramento da escrita da empresa primitiva (que termina); e
b) Abertura da escrita da nova empresa (que começa).
Encerramento da escrita da empresa primitiva
Operações:
1. Distribuição da Situação Líquida pelos sócios;
2. Transferência dos valores activos;
3. Transferência dos valores passivos;
4. Atribuição aos sócios das quotas-partes do capital da nova empresa.

Abertura da escrita da nova empresa


Operações:
1. Constituição da sociedade com a descriminação dos sócios da sociedade
primitiva;
2. Recebimento dos valores activos da empresa primitiva
3. Transferência dos valores passivos da empresa primitiva

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