Direito Societario Atualizado 2024
Direito Societario Atualizado 2024
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Prof. Dra. Adriana Goulart De Sena Orsini Prof. Dr. Julio Cesar de Sá da Rocha
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Prof. Dr. Cèsar Mauricio Giraldo Prof. Dr. Omar Jesús Galarreta Zegarra
Universidad de los Andes, ISDE, Universidad Universidad Continental sede Huancayo,
Universidad Sagrado Corazón (UNIFE),
Pontificia Bolivariana UPB (Bolívia)
Universidad Cesar Vallejo. Lima Norte (Peru)
Prof. Dr. Eduardo Goulart Pimenta Prof. Dr. Raphael Silva Rodrigues
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Centro Universitário Unihorizontes
e PUC - MInas e Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Prof. Dr. Henrique Viana Pereira Prof. Dr. Rodrigo Almeida Magalhães
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
PUC - Minas
PUC - Minas
Prof. Dr. Javier Avilez Martínez
Universidad Anahuac, Universidad Prof. Dr. Thiago Penido Martins
Tecnológica de México (UNITEC), Universidad Universidade do Estado de Minas Gerais -
Del Valle de México (UVM) (México) UEMG
2 – A Empresa e o Direito..............................................................................................26
Capítulo II
Capítulo III
2 – O Mercado de Derivativos...................................................................................122
3 – Os Fundos de Investimento...............................................................................131
6 - Debêntures ....................................................................................................................154
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
4. 2 - Controle minoritário.............................................................................................355
5. 2 - Controle econômico............................................................................................360
Capítulo XI
1 – Aspectos gerais............................................................................................................387
2 – Estrutura e classificações....................................................................................388
6 - Acordo de quotistas..................................................................................................411
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XVI
1 – Concentração empresarial..................................................................................537
Capítulo XVII
2 - O recesso societário.................................................................................................567
1 HAHN. Frank. General Equilibrium Theory. (In:) BELL. Daniel. KRISTOL. Irving. The Crisis in
Economic Theory. Basic Books. New York. 1981. Pg. 131.
2 – A Empresa e o Direito
11 HORTA. Raul Machado. Direito Constitucional. 2ª edição. Ed. Del Rey. Belo Horizonte. Pg. 197.
13 Já legislação empresarial ordinária remete a tais previsões quando, por exemplo, incentiva
a dissociação entre propriedade e gestão na macroempresa e a adoção de práticas de
governança corporativa.
14 No sentido de dar efetividade a este preceito constitucional apresenta-se a Lei n. 9.279/96,
também chamada de Código da Propriedade Industrial, que se incumbe de regular o
exercício de direitos de propriedade inerentes às invenções, modelos de utilidade, desenhos
industriais e marcas.
18 A legislação ordinária mais uma vez vem a regular tal diretriz constitucional na forma da Lei
n. 8.078/90 (o Código de Defesa do Consumidor).
19 “Nesse sentido, a função social da concorrência, do contrato e da propriedade está
relacionada, em um sistema econômico capitalista, à operabilidade do mercado. Com efeito,
se o mercado joga importante papel na sociedade, quanto melhor o seu desempenho, maior a
função social do Direito.” TIMM. Luciano Benetti. O Novo Direito Civil: ensaios sobre o mercado,
a reprivatização do direito civil e a privatização do direito público. Livraria do Advogado Editora.
Porto Alegre. 2008. Pg. 91.
22 São sociedades não personificadas as sociedades em comum (art. 986 a 990 do Código
Civil) e as sociedades em conta de participação (art. 991 a 996 do Código Civil), as quais
devem ser tratadas apenas como espécies contratuais.
Já as pessoas jurídicas de direito privado sem natureza de sociedade são as fundações e as
associações (art. 44 do Código Civil)..
23 ´Limited liability´means only that those who contributes equity capital to a firm risk no more
than their initial investments – it is an attribute of the investment rather than of the corporation.”
(EASTERBROOK. Frank H. FISCHEL. Daniel R. The Corporate Contract. (in) BEBCHUCK. Lucien
Arye. (coord.) Corporate Law and Economic Analysis. Cambridge University Press. 2005. Pg. 191.
24 Externalidade é, em síntese, a consequência que o ato de uma pessoa física ou jurídica
provoca sobre os direitos de terceiros, naqueles casos em que não o agente, mas os terceiros
afetados pelo ato em questão, arcam com os custos advindos desta conduta ou auferem os
ganhos dela decorrentes.
Quando o ato praticado provoca um efeito negativo sobre os direitos de terceiros e estes
efeitos negativos são custeados por eles, fala-se em externalidade negativa. Quando, ao
contrário, o ato praticado provoca um efeito positivo sobre os direitos de terceiros e estes
ganhos não são custeados por eles, verifica-se uma externalidade positiva.
“Uma externalidade surge quando uma pessoa se dedica a uma ação que provoca impacto
no bem-estar de um terceiro que não participa dessa ação, sem pagar nem receber nenhuma
compensação por esse impacto. Se o impacto sobre o terceiro é adverso, é chamado
externalidade negativa; se é benéfico, é chamado de externalidade positiva.” (MANKIW, Gregory.
Introdução à Economia. 3a edição São Paulo: Thomson. 2005. p.204).
A poluição emitida em decorrência da atividade empresarial é um genuíno exemplo de
externalidade negativa. Quando não preocupadas em conter o nível de poluição por elas
produzida, as organizações empresariais não gastam nada com a contenção desta poluição,
mas, por outro lado, provocam com sua ação poluidora graves danos ambientais, que são
suportados por toda a sociedade. É um custo social da atividade produtiva, que diminui o
dispêndio com a produção dos bens, mas socializa os danos poluentes.
Externalidade positiva, por outro lado, ocorre quando uma conduta específica provoca um
ganho para terceiros sem que estes tenham que arcar com os custos decorrentes deste
ato. Quando, por exemplo, um supermercado reforma as vias públicas que levam ao seu
estabelecimento, este ato provoca um ganho para a coletividade em geral (que passam
a desfrutar de maior conforto) mas seus custos são suportados exclusivamente pela
sociedade empresária em questão, que o faz em atenção a seus interesses particulares, mas
inevitavelmente provoca um ganho para toda a sociedade.
25 POSNER. Richard. Economic Analysis of Law. Seventh Edition. Aspen Publishers. New York.
2007. Pgs. 424 e segs.
26 A realidade do ordenamento jurídico brasileiro aponta um significativo aumento das
hipóteses em que se relativiza, em favor dos credores, a regra da limitação na responsabilidade
limitada dos sócios.
Como demonstrado por Bruno Meyerhof Salama (SALAMA. Bruno Meyerhof. O fim da
responsabilidade limitada no Brasil: história, direito e economia. Malheiros Editores. São Paulo.
2014), débitos de diferentes naturezas (fiscais, trabalhistas ou decorrente de relação de consumo,
em especial) são hoje, seja por previsão legal ou, pior, por orientação jurisprudencial, estendidos
ao patrimônio dos integrantes de sociedades com previsão legal de responsabilidade limitada
para seus sócios.
Por outro lado, a mitigação dos requisitos originais para aplicação da desconsideração da
personalidade jurídica torna esta situação eminentemente excepcional em constante, levando-a
a também servir de fundamento para a relativização ora tratada.
No citado trabalho, Bruno M. Salama demonstra a aqui abordada importância da limitação na
responsabilidade dos sócios como fator de incentivo e previsão do risco no exercício da atividade
empresarial. Ressalta a sua prevalência em diferentes ordenamentos - das mais diversas origens
- e, por fim, enumera as cada vez mais comuns regras e orientações jurisprudenciais que estão
a relativizá-la, chegando à conclusão de que apenas as sociedades anônimas com ações
negociadas em bolsa ainda podem ser consideradas, mesmo que não de forma absoluta, como
dotadas de tal atributo.
O alcance do patrimônio pessoal dos sócios de responsabilidade limitada por débitos da pessoa
jurídica rompe com a previsibilidade dos custos e benefícios de se empreender, uma vez que os
agentes não são capazes de antever o grau de risco econômico que assumem no exercício da
empresa. Tal rompimento gera insegurança jurídica e, por consequência, compromete o efciente
funcionamento do mercado de bens e serviço.
Desta forma, há que se restringir as hipóteses de exceção à limitação na responsabilidade dos
sócios pelas dívidas da pessoa jurídica e, principalmente, admitir-se sua aplicação apenas nas
situações expressamente previstas em lei.
Subir para baixo ou sair para dentro... Isso soa impossível, mas não é - e nem é tão difícil
quanto pode parecer.
Há 160 anos existe um objeto que desafia as leis da física. A fita de Möbius foi criada
pelo matemático e astrônomo alemão August Ferdinand Möbius, em 1858.
Sua representação mais comum e conhecida é como um símbolo do infinito.
Fazer uma é muito simples, basta pegar uma tira de papel, girar uma de suas pontas e
juntar os dois extremos. Assim, resta uma fita com “apenas um lado”, que é a característica
que define a fita de Moebius.
Um exemplo de objeto não orientável
Uma das características mais fascinantes da fita de Möbius é ser o que os matemáticos
chamam de “objeto não orientável”, ou seja, é impossível determinar qual é a parte de cima
e a de baixo, a de dentro e de fora.
“É algo complicado de entender intuitivamente”, diz Alejandro Adem, professor de
Matemática da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá.
Se, por exemplo, você começasse a caminhar pela parte de “cima” de uma fita de Möbius,
quando desse a volta completa e chegasse novamente ao ponto de partida, estaria, sem
se dar conta, parado na parte de “baixo”.
Da mesma forma, se começasse a caminhar pela borda externa da fita, ao dar a volta
completa, terminaria em sua borda interna.
www.bbc.com. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-45659225. Site
consultado em 01/06/2020
Embora pareçam muito distintas, estes modelos de pessoas jurídicas têm muito
mais pontos de contato do que a princípio possam aparentar. Todas são, em
essência, um conjunto organizado de pessoas e capital para desenvolvimento
de atividade econômica com finalidade de lucro. Além disso, o instituto da
sociedade é consagrado, há séculos, como o regulador da empresa na economia.
27 ASCARELLI, Tullio. Panorama do Direito Comercial. São Paulo: Saraiva & Cia. 1947. p. 24 e
segs.
28 “Some scholars read the evidence we have from Roman writers as suggesting that ancient
Rome had a large and active stock market, in which the shares of Roman companies could be
traded among the public much like on a modern stock market”. MAGNUSON, William. For Profit:
A History of Corporations (p. 20). Basic Books. Edição do Kindle.
29 “The word compagnia is a compound os two latin words (cum and panis) meaning “breaking
bread together”. MICKLETHAWAIT. John. WOOLDRIDGE. Adrian. The Company: a short history
of a revolutionary idea. Modern Library. London. 2012. Pg. 21 e segs.
30 GOWER, L.C.B. Gower´s Principles of Modern Company Law. London: Sweet & Maxwell. 1992.
p. 21. ASCARELLI. Tullio. Problemas das Sociedades Anônimas e Direito Comparado. Campinas:
Bookseller Editora e Distribuidora. 2001. p. 452.
31 Certo também concluir que desde sua origem a sociedade anônima é uma criação
estruturada para agregar grande quantidade de pessoas e capitais, de modo a viabilizar
grandes empreendimentos econômicos. Em decorrência disso, este tipo de sociedade está,
em regra, sujeito a rígidas exigências de constituição, tanto que originalmente dependia
de expressa e específica autorização do soberano. MICKLETHAWAIT. John. WOOLDRIDGE.
Adrian. The Company: a short history of a revolutionary idea. Modern Library. London. 2012. Pg.
46 e segs.
Charles J. SCOTT, Robert E. Principles of Relational Contracts. Virginia Law Review. Vol. 67. n. 6
(Sep. 1981) Pg. 1089 a 1150.
35 Os mais importantes trabalhos do autor (The Nature of The Firm e The Problem of Social
Cost) são encontrados, com valiosos comentários, na seguinte obra: COASE, Ronald H. The
Firm, The Market and The Law. Chicago: The University of Chicago Press. 1990.
36 BAKER, Scott. KRAWIEC, Kimberly D. Incomplete Contracts in a Complete Contract World.
http//www.ssrn.com. (site consultado em 21/11/2006).
Exemplo desta vantagem comparativa está na Lei n. 14.193, de 2021, que instituiu
a denominada Sociedade Anônima do Futebol (S.A.F) com o objetivo de conferir
às instituições cuja atividade principal consista na prática do futebol, feminino
e masculino, em competição profissional (art. 1º), um modelo regulatório mais
eficiente.
38 COOTER, Robert. ULEN, Thomas. Law & Economics. 4th edition. New York: Pearson, Addison
Wesley. 2004. Pg. 225
44 “Por isso, parece-nos que o contrato social precisa deixar claramente estabelecido em que
assunto deve ser aplicada a referida lei [Lei das S.A] e, além disso, regular, suplementarmente,
os institutos do anonimato que incorpora à sociedade sobre que versa.” GONÇALVES NETO.
Alfredo de Assis. Direito de Empresa – Comentários aos artigos 996 a 1.195 do Código Civil. Ed.
Revista dos Tribunais. São Paulo. 2007. Pg. 306.
53 Art. 19. Nenhuma emissão pública de valores mobiliários será distribuída no mercado sem
prévio registro na Comissão [de Valores Mobiliários] (...)
§ 3º - Caracterizam a emissão pública: I - a utilização de listas ou boletins de venda ou subscrição,
folhetos, prospectos ou anúncios destinados ao público; II - a procura de subscritores ou
adquirentes para os títulos por meio de empregados, agentes ou corretores; III - a negociação
feita em loja, escritório ou estabelecimento aberto ao público, ou com a utilização dos serviços
públicos de comunicação.
58 É possível mesmo aludir a uma subespécie de companhia fechada - prevista no art. 294 da
Lei n. 6.404/76 - que tem por características o patrimônio líquido inferior a R$ 78.000.000,00
(setenta e oito milhões de reais) e menos de 20 (vinte) acionistas em seu quadro de sócios.
José Waldecy Lucena a elas se refere como sociedades familiares, uma vez que são adotadas,
em regra, por sócios de uma mesma família ou bastante próximos, como colegas de trabalho
ou amigos (LUCENA. José Waldecy. Das Sociedades Anônimas – Comentários à Lei. Vol. I. Ed.
Renovar. Rio de Janeiro. 2009. Pg. 108/109).
As companhias fechadas que atendam aos requisitos do art. 294 da Lei n. 6.404/76 terão
algumas prerrogativas particulares, as quais também se encontram ali estabelecidas. São
elas: possibilidade de convocação de assembleia geral de acionistas por comunicação
escrita entregue a cada um dos sócios e dispensa de publicação dos documentos do art. 133
da Lei n. 6.404/76.
Não se sabe ao certo onde acaba e onde começa cada aspecto do que é ali mostrado.
Há ciência do que está exibido, mas falta-lhe nitidez. É, metaforicamente, como se
apresenta o elemento affectio societatis das relações societárias. Há, em maior ou
menor grau, a sensação de sua importância e presença, mas torna-se impossível
caracterizar onde ele começa e onde acaba, quando ele é ou não relevante.
É por isso que apoiar o arcabouço regulatório das relações entre sócios sobre
elemento de tal fluidez e, por consequência, subjetividade, mostra-se inadequado
e, mesmo, inexequível.
69 A intermediação financeira não tem exclusivamente o papel aqui descrito. Ao contrário, sua
participação no funcionamento das economias de mercado é ampla e fundamental. Sobre
tais diversas funções, confira: GORTON. Gary. WINTON. Andrew. Financial intermediation.
National Bureau of Economic Research, Working paper 8928. 2002. Cambridge http://www.
nber.org/papers.html.
72 “Em vista disso, deve-se interpretar o artigo 17 da Lei n. 4.595/64, que define as instituições
financeiras em função de suas atividades privativas, como exigindo, cumulativamente, (i) a
captação e recursos de terceiros em nome próprio, (ii) seguida de repasse financeiro através
da operação de mútuo, (iii) com o intuito de auferir lucro derivado da maior remuneração dos
recursos repassados em relação à dos recursos coletados, (iv) desde que a captação seja
seguida de repasse em caráter habitual. SALOMÃO NETO. Eduardo. Direito Bancário. Ed. Atlas.
São Paulo. 2007. Pg. 27
73 Os mercados financeiros e de valores mobiliários são também caracterizados por forte
grau de interdependência entre seus agentes, o que leva ao chamado risco sistêmico, outro
fator de justificação da detalhada regulação e fiscalização aqui referidas. “O risco sistêmico
aproxima-se da ideia de um efeito prejudicial de descrédito e desconfiança no mercado
financeiro, decorrente, com frequência, de um abalo econômico de uma de suas instituições,
que se alastra atingindo os demais agentes solventes, do mercado, sem relação direta com
as ações da instituição que gerou o efeito prejudicial. É um efeito negativo (externalidade), o
mais devastador do mercado bancário, que se origina no próprio setor”. (SILVA. Leandro Novais
e. Direito bancário – regulação e concorrência. Ed. Mandamentos. Belo Horizonte. 2005. Pg.
60/61).
74 EIZIRIK. Nelson. GAAL. Ariádna B. PARENTE. Flávia. HENRIQUES. Marcus de Freitas.
Mercado de Capitais – Regime jurídico. 2ª edição. Ed. Renovar. Rio de Janeiro. 2008. Pg. 7/8.
78 A busca por assegurar liquidez e preço equitativo para os valores mobiliários negociados
em mercado secundário é, como dito, uma preocupação central tanto do mercado quanto
das normas que o disciplinam. É neste sentido que são desenvolvidas alternativas como o
Market Maker, cuja previsão se encontra na Resolução n. 133/22, da Comissão de Valores
Mobiliários. Este “fazedor de mercado” – em tradução literal – é uma pessoa jurídica que,
cadastrada na bolsa de valores, atua na compra e venda das ações de uma dada companhia,
de modo a evitar que elas fiquem, pela falta de compradores, desinteressantes para os
investidores. Verificada a pouca procura por ações desta companhia, o Market Maker entra no
mercado para comprá-las apenas para, ao menos temporariamente, criar demanda em torno
de tais valores mobiliários.
79 YAZBEK. Otávio. Regulação do Mercado Financeiro e de Capitais. Ed. Elsevier Campus. Rio
de Janeiro. 2007. Pg. 137.
80 Até o ano de 2017 havia, como instituições separadas, a BM&F BOVESPA – que já era
resultado da união entre a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) e a BOVESPA (Bolsa de
Valores do Estado de São Paulo) – e a CETIP S.A Mercados Organizados, que desempenhava
a função de intermediário em negociações de títulos e valores mobiliários realizadas fora da
Bolsa de Valores, o chamado Mercado de Balcão.
82 A Bolsa de Valores é uma entidade autorreguladora. Isto significa que ela pode, respeitados
os limites legais, criar as regras aplicáveis às operações ali realizadas, de forma a padronizar
e agilizar os negócios além de, concomitantemente, oferecer segurança e previsibilidade aos
investidores.
“A atuação da B3 e de todos os seus clientes está amparada em um conjunto de regras
e procedimentos, organizados e descritos na Estrutura Normativa da companhia. Nessa
estrutura não só estão definidos os direitos e deveres de todos os Participantes, mas também
estão estabelecidos os procedimentos que devem ser seguidos no âmbito das diferentes
atividades desempenhadas pela B3 em suas diversas linhas de negócio”. Disponível em:
https://www.b3.com.br/pt_br/regulacao/estrutura-normativa/sobre-a-estrutura/.Consulta
em 25 de Janeiro de 2022.
88 Os principais benefícios do Novo Mercado sob as diversas óticas são: a) para os investidores:
maior transparência nos processos, mais respeito com seus direitos societários, redução de
risco. b) para as empresas: melhoria na imagem institucional, valorização das ações, menor
custo de capital. c) para o mercado acionário: aumento da liquidez, aumento das emissões.
d) para o Brasil: empresas mais fortes e competitivas, fortalecimento do mercado de capitais.
PINHEIRO. Juliano Lima. Mercado de Capitais: fundamentos e técnicas. 7ª edição. Ed. Atlas. São
Paulo. 2014. Pg. 198.
99 CANTIDIANO. Luiz Leonardo. O papel regulador da CVM. In: Revista de Direito Bancário e do
Mercado de Capitais. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais, 2005. n. 27.
100 São, deste modo, princípios norteadores do processo administrativo sancionador
instaurado na CVM: a legalidade, o contraditório e a ampla defesa, além da obrigatória
fundamentação das decisões e proporcionalidade das punições aplicadas (Lei n. 9.784/99).
101 http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/sps.html.
Consultado em 03/05/2020.
102 “Em síntese, existe, no inquérito, simples investigação de fatos e da responsabilidade pela
sua prática, se ilegais. Nada além disso, não cuidando ainda de acusação, que só surgirá
no eventual processo administrativo posterior, sendo essa uma das razões por que a lei,
sabiamente, determinou o sigilo das apurações realizadas pela CVM, que podem, ao final,
não resultar em processo administrativo”. ARAGÃO. Paulo Cezar. Parecer de Orientação CVM
n. 6/1980. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/legislacao/pareceres-orientacao/pare006.
html. Consultado em 03/06/2020.
103 A CVM pode ainda coibir condutas dos agentes sujeitos às suas normas e fiscalização
mesmo antes que resultem em danos ou prejuízos, desde que com a finalidade de prevenir
ou corrigir situações anormais de mercado (art. 9º par. 1º da Lei n. 6.385/76).
104 BORBA. José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 7ª edição. Ed. Renovar. Rio de Janeiro.
2013. Pg. 126
105 Imagine-se, por exemplo, uma questão complexa relativa a negócios com derivativos
no mercado de futuros: não é realista esperar que o Poder Judiciário tenha familiaridade
com esse tipo de questão e possa efetivamente tomar em conta os fatores relevantes na
determinação da regularidade de uma operação de hedge, sendo previsível imaginar-se que
o entendimento manifestado pelas áreas técnicas da CVM terá um peso imenso na convicção
do julgador. ARAGÃO. Paulo César. A CVM em juízo: limites e possibilidades. Disponível em:
www.bmfbovespa.com.br/pdf/ArtigoPauloAragao.pdf. Site consultado em 13/03/2015. Pg. 12
106 Em nosso ordenamento jurídico, são raros os órgãos judiciais dotados de competência
especializada em matéria empresarial, daí a possibilidade conferida à CVM para cooperar
com o judiciário visando a melhor adequação de suas decisões a tais questões. EIZIRIK.
Nelson. GAAL. Ariádna B. PARENTE. Flávia. HENRIQUES. Marcus de Freitas. Mercado de
Capitais: Regime Jurídico. 2ª edição. Ed. Renovar. Rio de Janeiro. 2008. Pg. 263.
110 Em arbitragem, os custos patrimoniais são certamente maiores do que as custas judiciais,
dada a necessidade de custeio dos honorários de árbitros e Câmara. Porém, estes custos
são compensados, via de regra, em termos de previsibilidade (o que gera menores custos
de oportunidade), custos reputacionais e do precedente, além da maior especialidade da
decisão.
Uma solução adotada para redução de custos patrimoniais em arbitragem é o financiamento
por terceiros. Neste caso, uma pessoa física ou jurídica, alheia ao conflito, se dispõe a arcar
com todos ou alguns dos custos patrimonias da arbitragem em troca do recebimento,
caso a parte financiada seja bem sucedida no litígio, de percentual dos valores auferidos.
BAUMANN, Anjte. New Forms of Third Party Funding in International Arbitration: Investing
in Case Portfolios and Financing Firms. Kluwer Arbitration, 2019. TUCCI, José Rogério Cruz
e. Financiamento de litígios por terceiros (third-party litigation funding) em processos cíveis
(judiciais e arbitrais). Tese de Doutorado.Universidade de São Paulo. 2017.
111 “Por isso, o direito comercial se apresenta originariamente, com um caráter autônomo, não
apenas no sentido atual da palavra, mas no sentido que este termo tinha no sistema romano
comum. Era direto autônomo, poi não se prendia ao direito estatal, mas assentava apeans no
consentimento e nos costumes dos interessados, , sucessivamente consolidados nos constituta
usus medievais; era autônomo, pos que da competência de uma jurisdição consular particular,
que por seu turno se contrapunha à jurisdição geral do magistrado comunal”. ASCARELLI. Tullio.
Panorama do Direito Comercial. Ob. Cit. Pg. 24
112 MARTINS. Pedro A. Batista Martins. Arbitragem no direito societário. GZ Editora. Rio de
Janeiro. 2019. Pg. 45 e seg.
FRANZONI. Diego. Arbitragem Societária. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais. 2015. Pg. 93/94 .
115 Outro aspecto do assunto diz respeito à possibilidade ou não de intervenção de terceiros
em processos arbitrais, algo a ser considerado especialmente em se tratando de comparnhias
abertas. Neste sentido, vale a constatação de que: “Em síntese, há uma presunção em favor
da privacidade e da confidencialidade da arbitragem comercial. Em hipóteses excepcionais,
no entanto, quando a sentença irremediavelmente tiver a capacidade de afetar interesses
jurídicos alheios (eficácia ultra partes), há de flexibilizar-se a premissa. Deve permitir-se, então
o ingresso voluntário de terceiros no processo”. COSTA. Guilherme Recena. Partes e Terceiros
na Arbitragem. Tese de Doutorado. São Paulo. Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo. 2015. Pg. 53.
117 EIZIRIK. Nelson. GAAL. Ariádna B. PARENTE. Flávia. HENRIQUES. Marcus de Freitas.
Mercado de Capitais: Regime Jurídico. 2ª edição. Ed. Renovar. Rio de Janeiro. 2008. Pg. 54.
118 Tal alteração na orientação do regime brasileiro decorre da Lei n. 10.303 de 2001, que,
ao modificar a redação original do art. 2º da Lei n. 6.385/76, tomou por valores mobiliários
não apenas os títulos elencados expressamente na legislação mas também quaisquer outros
títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação, de parceria
ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm
do esforço do empreendedor ou de terceiros.
119 A expressão Howey Test – “Teste de Howey”, em tradução literal – é usada para se referir
2 – O Mercado de Derivativos
125 “Se o preço subir, o vendedor terá prejuízo no exato montante em que o comprador lucrará.
Isto é, o vencedor ganha o que o perdedor perde; um contrato de futuros [assim como o contrato
a termo] é um jogo de soma zero, em que a perda de uma parte é exatamente igual ao ganho da
outra parte”. WEBB. Robert. BRAHMA. Sanjukta. Mercados Financeiros. Ed. Saraiva. São Paulo.
2016. Pg. 196.
128 Isso não significa que os contratos a termo não sejam negociáveis. O que se pretende
ressaltar é que os contratos futuros são, em relação aos seus similares a termo, melhor
estruturados para serem livremente negociáveis, dadas características como a maior
padronização e a existência de vencimentos antecipados.
129 “Contrato futuro – instrumento derivativo com um conjunto de características padronizadas,
sendo previamente estabelecido pela bolsa: as características físicas do ativo subjacente do
contrato, seu tamanho (valor financeiro), a variação mínima de preço, a unidade de negociação,
a data de vencimento e a sua forma de liquidação na data de vencimento. Para a negociação
de contratos futuros para determinado vencimento, os participantes somente precisam declarar
o interesse em três variáveis: a natureza (compra e venda), a quantidade de contratos e o preço.”
MENDONÇA. Álvaro Affonso. Hedge para Empresas – uma abordagem aplicada. Ob. Cit. Pg.
72/73.
130 Embora não atue diretamente na negociação deste tipo de derivativo, a Bolsa de Valores
realiza o registro de algumas de suas modalidades, em seu sistema eletrônico
131 “Opções podem ser de dois tipos: 1 – opção americana: confere ao titular da opção o direito
de comprar ou vender o ativo subjacente [como ações, no caso ora em estudo] a qualquer
momento no horizonte de tempo até que a opção expire. Uma opção que expire em três meses
pode ser exercida a qualquer momento neste período. 2 – opção europeia: confere ao titular da
opção o direito de comprar ou vender o ativo subjacente em uma data específica, conhecida
como data de vencimento”. WEBB. Robert. BRAHMA. Sanjukta. Mercados Financeiros. Ob. Cit.
Pg. 220/221.
3 – Os Fundos de Investimento
bAo longo dos últimos anos, muitas pessoas têm mudado a visão negativa que se
tinha sobre a cannabis. Embora ainda seja um tema polêmico, diversos países buscam
descriminalizá-la. E a legalização já existe em muitas regiões dos Estados Unidos —
principal potência econômica global.
Games
O século XXI trouxe novas profissões para a sociedade, não é? Com isso, uma das
principais mudanças de percepção está no mundo dos games. Antes vistos como
brincadeiras para crianças e adolescentes, esse mercado hoje é responsável por
movimentar bilhões na economia global.
No entanto, os e-Sports, como também são chamados, não se destacam apenas pela
venda de jogos. Na realidade, esse universo tem sido um gerador de renda. Como
exemplo é possível citar os torneios internacionais e a comercialização de produtos
dentro do ambiente do próprio game.
Portanto, considerar ativos desse mercado pode ser interessante para investidores que
buscam diversificar suas carteiras e acreditam que empresas do setor demonstram
capacidade de inovar e expandir seu faturamento.
Água
Entre as três alternativas, é possível que a água seja aquela que cause o maior
estranhamento, certo? Afinal, não é comum que a substância seja vista como uma
oportunidade de investimento — e justamente por isso é considerada exótica.
Por isso, diversas empresas ao redor do mundo vêm buscando soluções para esse
campo. Dessa forma, pode ser benéfico conhecer esse nicho e o potencial de
crescimento que ele apresenta para investidores.
Como você viu, esses três mercados podem trazer oportunidades de investimentos
exóticos para a sua carteira. Desse modo, uma das principais vantagens que eles
apresentam está, como você viu, na possibilidade de diversificação para o seu
portfólio.
Além disso, uma parcela considerável das empresas nesses nichos é internacional.
Isso significa que alocar capital em investimentos exóticos pode ser um meio para
internacionalizar seu portfólio. Assim, você pode se expor a outras moedas e diminuir
os riscos de eventuais crises no mercado brasileiro.
Os mercados exóticos podem ser acessados aqui mesmo no Brasil, por meio de
instituições internacionais ou mesmo via operações não regulamentadas no país.
Contudo, esse último acesso costuma gerar riscos de fraude. Logo, vale a pena
entender como se expor a eles de forma regulamentada.
Fundos de investimento
No mercado brasileiro, uma das maneiras de se expor aos mercados exóticos é por
meio de fundos de investimento. Eles consistem em veículos coletivos que contam
com a presença de um gestor profissional responsável pela composição da carteira
do fundo.
ETFs
Os exchange traded funds (ETFs), ou fundos de índice, também são uma modalidade
de investimento coletiva. Eles são negociados na bolsa brasileira e sua principal
característica é buscar replicar os resultados de um indicador do mercado.
Assim, nos investimentos exóticos, como no setor de games, por exemplo, eles optam
por acompanhar um índice relacionado a essas alternativas. Um ponto interessante está
no fato de que parte desses indicadores estão presentes no mercado internacional.
Assim, você pode expor parte do seu capital a outras moedas, de maneira indireta.
138 Segundo o art. 18 da Res. CVM n. 175/22, caso o regulamento não limite a responsabilidade
dos cotistas, eles responderão pessoalmente por eventual patrimônio líquido negativo, sem
prejuízo da responsabilidade do prestador de serviço pelos prejuízos que causar dolosa ou
culposamente.
139 Fundos de investimento são “um conjunto de recursos monetários, formados por
depósitos de grande número de investidores (cotistas), que se destinam à aplicação coletiva
em títulos e valores mobiliários”. ASSAF NETO. Alexandre. Mercado Financeiro. 5ª edição. Ed.
Atlas, São Paulo. 2003. Pg. 386.
140 “Os fundos buscam a conveniência da aplicação em condições técnicas mais favoráveis
do que as que seriam possíveis para cada um de seus participantes, se estes operassem por
conta própria nos mercados financeiros. (...) Os fundos agem em nome de uma coletividade,
substituindo grande número de investidores, oferecendo as vantagens decorrentes dessa
concentração”. PINHEIRO. Juliano. Mercado de Capitais: fundamentos e técnicas. 7ª edição.
Ed. Atlas. São Paulo. 2013. Pg. 139.
141 Sobre os diferentes tipos de fundos de investimento, veja: CARVALHO. Mário Tavernard
Martins de. Regime Jurídico dos fundos de Investimento. Ed. Quartier Latin. São Paulo. 2013. Pg.
103 e segs.
142 Art. 16. A cota de classe aberta não pode ser objeto de cessão ou transferência de
titularidade, exceto nos casos de: I – decisão judicial ou arbitral; II – operações de cessão
fiduciária; III – execução de garantia; IV – sucessão universal; V – dissolução de sociedade
conjugal ou união estável por via judicial ou escritura pública que disponha sobre a partilha de
bens; VI – substituição do administrador fiduciário ou portabilidade de planos de previdência; VI
– transferência de administração ou portabilidade de planos de previdência; VII – integralização
de participações acionárias em companhias ou no capital social de sociedades limitadas; VIII
– integralização de cotas de outras classes, passando assim à propriedade da classe cujas
cotas foram integralizadas; e IX – resgate ou amortização de cotas em cotas de outras classes,
passando assim essas últimas cotas à propriedade do investidor cujas cotas foram resgatadas
ou amortizadas.
143 Art. 17. Sem prejuízo da portabilidade das cotas pelos seus titulares, as cotas de classe
fechada e seus direitos de subscrição podem ser transferidos, seja por meio de termo de
cessão e transferência, assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou por meio de negociação
em mercado organizado. § 1º A transferência de titularidade das cotas de classe fechada fica
condicionada à verificação, pelo administrador, do atendimento das formalidades estabelecidas
no regulamento, nesta Resolução e demais regulamentações específicas. § 2º Na hipótese de
transferência por meio de negociação em mercado organizado, cabe ao intermediário verificar
o atendimento das formalidades estabelecidas no regulamento e nesta Resolução e demais
regulamentações específicas.
Confira também: CARVALHO. Tomás Lima de. Fundo de investimento imobiliário – análise
jurídica e econômica. Arraes Editores. Belo Horizonte. 2014. Pg. 15.
144 Neste sentido o art. 24 da Res. CVM n. 175/22: A distribuição de cotas de classe fechada
deve observar a regulamentação específica sobre ofertas públicas de distribuição de valores
mobiliários.
145 CAMINHA. Uinie. Securitização. Ed. Saraiva. São Paulo. 2005. CHAVES. Natália Cristina.
Direito Empresarial: Securitização de Crédito. Ed. Del Rey. 2006. Belo Horizonte.
146 O termo “securitização” remete ao vocábulo inglês securitization, o qual, por sua vez,
advém de securities, cuja tradução mais próxima é valores mobiliários.
147 SCHWARCZ. Steven L. The future of securitization. Connecticut Law Review. Vol. 41.
Number. 4. May. 2009. Pg. 1315/1324.
non para a montagem da operação, hoje, esta expressão “SPE” está sendo substituída por “SPV”
– Special purpose vehicle (veículos de finalidade específica) ou companhias securitizadoras
– que podem ser: 1) contrato ficudiário – Trust; 2) fundo mútuo – fundo de investimento em
direito creditório 3) sociedades anônimas (ou similares) as quais podem ser as próprias SPE(s).
NAJJARIAN. Ilene Patrícia de Noronha. Securitização de recebíveis mercantis. Ed. Quartier
Latin. São Paulo. 2010. Pg.s 99/100.
150 Pode-se ainda, para torná-los economicamente mais interessantes, optar por emitir
diferentes tipos de valores mobiliários em nome da companhia securitizadora, cada um deles
conferindo determinados direitos a seus titulares. FABOZZI. Frank J. Securitization: the tool of
financial transformation. Yale ICF Working Paper n. 07-07. Social Science Research Network.
Electronic Paper Collection: http://ssrn.com/abstract=997079.
O músico David Bowie não estava à frente de seu tempo apenas no campo artístico. Foi um
inovador também nos negócios. Em 1997, Bowie negociou os direitos autorais futuros sobre
suas obras na forma dos chamados, à época, Bowie Bonds. Os investidores que adquirissem
tais “bonds” seriam titulares dos créditos futuros decorrentes da obra do artista. Isto permitiu
que Bowie transformasse a expectativa de remuneração futura em dinheiro presente, em nítida
operação de securitização. https://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2016/01/david-
bowie-foi-tao-inovador-nos-negocios-quanto-na-musica.html
157 As Letras de Risco de Seguro são inspiradas nos chamados Insurance Linked Securities, já
usados há décadas no mercado de valores mobiliários norte-americano para operações de
transferência de risco inerente a contratos de seguro. Sobre o tema, confira: Cummins, J. David,
CAT Bonds and Other Risk-Linked Securities: State of the Market and Recent Developments
(November 19, 2007). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=1057401.
158 Um dos aspectos mais evidentes desta regulação consubstancia-se nos altos padrões de
transparência negocial exigidos pela legislação norte-americana, a qual tem no denominado
Sarbane-Oxley Act um de seus pilares. Referida frequentemente pelas siglas SARBOX ou
SOX, tal lei, editada em 2002, representou grande alteração nas regras de transparência e
governança corporativa, estabelecendo padrões de conduta elevados para as companhias
que negociem no mercado de valores mobiliários norte-americano.
É incerto se os requisitos de transparência e governança corporativa fixados pela SOX são
realmente eficientes ou se, em verdade, representam mais custos do que efetiva melhoria no
funcionamento do mercado de valores mobiliários daquele país. Veja-se, como exemplo, o
texto de PIOTROSKI. Joseph. SRINIVASAN. Badrinath. Regulation and Bonding: The Sarbanes-
Oxley Act and the Flow of International Listings. Rock Center for Corporate Governance.
Stanford University Working Paper n. 11. 2008. Disponível em: ssrn.com.
6 - Debêntures
161 Brazilian Depositary Receipts (BDRs) são certificados de depósito de valores mobiliários
emitidos no Brasil que representam valores mobiliários de emissão de companhias abertas
com sede no exterior
162 “A função econômica dos BDRs é a de permitir que emissores estrangeiros captem recursos
do mercado de capitais brasileiros através da negociação com valores mobiliários lastreados
em títulos de sua emissão, o que, com o desenvolvimento da economia e do mercado de capitas
nacionais, tem alcançado significativa importância”. TESTA. Pedro. Anotações sobre o regime
jurídico dos Brazilian Depositary Receipts. (IN). ADAMEK. Marcelo Vieira Von. (Coord.). Temas
de Direito Societário e Empresarial Contemporâneos. Ed. Malheiros. São Paulo. 2011. Pg. 553.
163 Este modelo de captação deixa de lado algumas situações que podem ser chamadas de
“híbridas”. É o caso, por exemplo, dos sócios que emprestam dinheiro à pessoa jurídica, de
bancos que investem na sociedade em troca de direitos de sócio ou mesmo das sociedades
que emitem novas ações ou quotas a serem totalmente integralizadas – respeitada a
preferência de cada um – pelos atuais integrantes.
164 Vale repetir que esta distinção leva em conta a realidade fundamental de credores e
sócios. Com o evoluir do regime jurídico das sociedades e formas de captação de recursos,
acabaram por ser desenvolvidas formas “híbridas”, como as debêntures perpétuas, as
conversíveis em ações ou com remuneração vinculada aos lucros obtidos pela sociedade
devedora e mesmo as ações preferenciais sem direito de voto e sem prioridade na repartição
dos lucros.
165 Segundo o par. 1º do art. 59 da Lei n. 6.404/76 o conselho de administração pode, nas
companhias abertas, deliberar sobre a emissão de debêntures não conversíveis em ações,
salvo disposição estatutária em contrário.
166 Art. 59. A deliberação sobre emissão de debêntures é da competência privativa da
assembleia-geral, que deverá fixar, observado o que a respeito dispuser o estatuto :I - o valor da
emissão ou os critérios de determinação do seu limite, e a sua divisão em séries, se for o caso;
II - o número e o valor nominal das debêntures; III - as garantias reais ou a garantia flutuante,
se houver; IV - as condições da correção monetária, se houver; V - a conversibilidade ou não
em ações e as condições a serem observadas na conversão; VI - a época e as condições de
vencimento, amortização ou resgate; VII - a época e as condições do pagamento dos juros, da
participação nos lucros e do prêmio de reembolso, se houver; VIII - o modo de subscrição ou
colocação, e o tipo das debêntures.
Tal transferência será posteriormente lavrada, pela companhia, também no “Livro de Registro
de Ações Nominativas”.
182 “Basicamente, a custódia de títulos compreende o serviço de guarda e o de exercício
de alguns dos direitos decorrentes dos títulos, os quais são prestados aos investidores pela
instituição custodiante”. TOMAZETTE. Marlon. Curso de Direito Empresarial. Vol. I... ob. Cit. Pg.
457.
lucros da sociedade da qual venha a participar. Embora esta modalidade de sócio seja vedada
nas sociedades limitadas, vale a referência como exceção ao princípio da proporcionalidade
na repartição dos lucros.
192 Tome-se, por hipótese, uma sociedade que tenha por objeto social serviços que sejam
prestados individualmente pelos sócios, como consultas fisioterápicas ou odontológicas.
Nada impede que o contrato social preveja que os lucros serão repartidos não em função
da participação dos integrantes sobre o capital, mas, por exemplo, em função do número de
atendimentos realizados, no período em questão, pelos sócios, individualmente considerados.
193 É o caso, por exemplo, do art. 17, par. 1º, II da Lei n. 6.404/76, que estabelece a possibilidade
de que o estatuto social confira a cada ação não votante de companhias abertas dividendos
ao menos 10% (dez por cento) superiores àqueles reservados para cada uma das ações
ordinárias.
194 Em caso de lucro reduzido, estes acionistas recebem seus dividendos preferenciais e os
demais ficarão sem participação, dada a prioridade ora comentada. Por outro lado, se houver
grande lucro remanescente, este somente é distribuído aos demais acionistas da companhia,
sem qualquer participação dos titulares de ações com dividendos preferenciais fixos.
195 Este concurso aos lucros remanescentes somente se opera após o pagamento, aos
demais acionistas, dos valores já anteriormente pagos a título de dividendos preferenciais
mínimos.
Na modalidade ora analisada, a primeira providência da companhia é pagar os dividendos
preferenciais, no montante estipulado pelos estatutos. Após este pagamento, se ainda
houver lucro, os demais acionistas recebem dividendos até o montante já repassado aos
acionistas com a prioridade no recebimento. Após esta etapa, se ainda houver lucro, este
será dividido igualmente entre todos os acionistas da companhia, independentemente de
sua espécie de ação.
197 Ainda segundo o art. 1.021 do Código Civil, cláusula do contrato social poderá prever que
o acesso aos livros e documentos referentes às atividades da sociedade somente se efetuará
em determinadas épocas do ano, de forma a estabelecer alguma previsibilidade para os
administradores.
Por outro lado, vale acrescentar que esta fiscalização direta, pelo sócio, dos atos de gestão é
complementada, no caso das sociedades limitadas, pelo poder de tomada e aprovação das
contas dos administradores (art. 1.071, I do Código Civil), em forma análoga ao que se verifica
nas sociedades anônimas.
198 O art. 11 par. 2º da Lei n. 6.404/76 estipula que o valor nominal será o mesmo para todas
as ações da companhia. Assim, é ilegal pretender-se que uma ação de determinada espécie
ou classe possa corresponder, isoladamente considerada, a percentual maior, em relação ao
capital social, do que outra.
Nas sociedades limitadas as quotas podem, ao contrário do que se tem nas companhias, ser
de valores nominais iguais ou diferentes (art. 1.055 caput do Código Civil), o que significa que
cada quota pode representar uma fração específica do montante do capital social. O valor
nominal delas – igual ou diferente entre si – há que ser fixado no contrato social (Código Civil,
art. 1.054 c/c art. 997).
206 Dá-se o nome de reservas, grosso modo, a quaisquer bens, recursos ou direitos de uma
sociedade, descontados aí aqueles referentes à integralização do capital social. São, em
síntese, todos os ativos financeiros da pessoa jurídica – créditos, dinheiro e bens – menos o
valor referente à integralização do capital social.
As reservas são subdivididas, na Lei n. 6.404/76, em diversas modalidades e têm origem,
em princípio, no lucro obtido pela pessoa jurídica e ainda não distribuído aos sócios. Sobre
as reservas e suas diferentes regras legais, confira: VERÇOSA. Haroldo Malheiros Duclerc.
PEREIRA. Alexandre Demetrius. Sociedades por ações. Ed. Revista dos Tribunais. 3ª edição.
São Paulo. 2014. Pg. 577 e segs.
207 O fato de as operações no mercado secundário não terem direta interferência sobre o
capital ou o patrimônio das companhias não permite, porém, concluir que mercados primário
e secundário sejam dois segmentos estanques e sem mútua repercussão. Ao contrário, se
as ações de uma companhia são, em mercado secundário, ilíquidas – ou seja, apresentam
pouca eficiência de negociação – é claro que, em futuras emissões, esta sociedade terá
dificuldade em encontrar compradores interessados em adquirir, no mercado primário, suas
novas ações.
Por outro lado, se não houver novas emissões de ações, o mercado secundário poderá
tornar-se, pelo excesso de procura em relação à pouca oferta de títulos, excessivamente
especulativo, formando-se o que os economistas denominam “bolha”.
211 O uso, por um ou mais agentes, de informações não disponíveis ao conhecimento dos
demais compradores ou vendedores daquela ação - a chamada informação privilegiada –
torna desigual a negociação entre eles.
Esta desigualdade de informações sobre o bem objeto de uma negociação – denominada
assimetria informacional - é uma grave e comum falha comprometedora da eficiência dos
mercados. Veja-se, como exemplo, os negócios envolvendo carros usados. O vendedor sabe,
a princípio, muito mais do que o pretenso comprador sobre o estado do veículo e se vale
desta desigualdade informacional na formação do preço.
O mesmo se verifica quando, em uma compra e venda de ações, o vendedor ou o comprador
tem informações - a respeito da companhia ou daquele valor mobiliário específico -
inacessíveis à outra parte do negócio. Por exemplo: se um investidor sabe, antes dos demais,
que uma companhia petrolífera está prestes a anunciar uma grande descoberta de novos
postos de exploração, sua decisão é – com base nesta informação privilegiada – adquirir
ações desta petrolífera antes que os demais resolvam, uma vez divulgada a informação, fazer
o mesmo.
212 A busca por um critério seguro de formação do preço de cotação de uma determinada
ação é, pode-se mesmo dizer, um verdadeiro “Santo Graal” do mercado de valores mobiliários.
Entretanto, a História mostra que as várias – e muitas vezes imperceptíveis – falhas de mercado
influenciam negativamente o modelo descrito e acabam por submeter o preço de cotação
das ações a fatores muitas vezes aleatórios ou meramente especulativos. Sobre o tema: FOX.
Justin. O mito dos mercados racionais: uma história de risco, recompensa e decepção em Wall
Street. Ed. Best Seller. Rio de Janeiro. 2009.
213 Código Civil, art. 1.057: Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou
parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se
não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do
parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos
sócios anuentes.
214 Lei n. 6.404/76, art. 36: O estatuto da companhia fechada pode impor limitações à circulação
das ações nominativas, contanto que regule minuciosamente tais limitações e não impeça a
negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de administração da companhia ou
da maioria dos acionistas.
Parágrafo único. A limitação à circulação criada por alteração estatutária somente se aplicará
às ações cujos titulares com ela expressamente concordarem, mediante pedido de averbação
no livro de “Registro de Ações Nominativas”.
215 Também chamadas de impedimentos à entrada no mercado. STIGLITZ. Joseph. E. WALSH.
Carl. E. Introdução à Microeconomia. 3ª edição. Ed. Campus. Rio de Janeiro. 2003. Pg. 213/215.
Federal – e judiciais.
por algo tangível pelos credores, em caso de inadimplemento das obrigações sociais.
228 Modesto Carvalhosa lembra, com acerto, que a penhorabilidade é também um requisito
para que um bem seja usado na integralização do capital social de qualquer sociedade. “Isto
porque é papel do capital social a garantia dos credores. Fossem os bens não penhoráveis e não
executáveis, não teriam os credores qualquer segurança ou garantia efetiva”. CARVALHOSA.
Modesto. (In). AZEVEDO. Antônio Junqueira (Coord.). Comentários ao Código Civil – Vol. 13.
Editora Saraiva. São Paulo. 2003. Pg. 70.
230 Não se está aqui a fazer alusão à adequação de previsão legal de “capital mínimo” para a
constituição de sociedades. A pessoa jurídica em geral – e a sociedade, em particular – muitas
vezes é usada apenas para limitação do risco no exercício de uma atividade econômica.
Nestes casos, é mesmo esperado que ela disponha de pouquíssimos recursos patrimoniais.
O que se deve evitar – e que, infelizmente, tornou-se prática comum – é a existência de
sociedades que têm estipulado em seus atos constitutivos um valor de capital social
totalmente ilusório, posto que jamais integralizado.
231 CALÇAS. Manoel de Queiroz Pereira. Sociedade Limitada no Código Civil. Ed. Atlas. São
Paulo. 2013. Pg. 102/104. Em âmbito administrativo, a falta de integralização tempestiva do
capital social pode acarretar para a sociedade o comprometimento de sua avaliação de
capacidade econômico-financeira, para fins de prosseguimento em processos licitatórios.
BARROS. Clemilton da Silva. O capital social não integralizado e a aferição da capacidade
econômico-financeira da empresa nos procedimentos licitatórios. htttp://jus.com.br/
artigos/11233. Site consultado em 12/02/2016.
233 O direito de voto e o direito de participação nos lucros ilustram bem o denominado
princípio da proporcionalidade aqui referido. Assim se, por exemplo, o sócio contribuiu com
70% (setenta por cento) do valor do capital social, ele terá direito ao mesmo percentual dos
lucros resultantes da atividade da sociedade e, nas deliberações com os demais integrantes,
seu voto também corresponderá aos mesmos 70% (setenta por cento) do total.
Os direitos essenciais do sócio são, em geral, exercidos com base no princípio da
proporcionalidade, o qual se justifica uma vez que, no empreendimento societário, os
possíveis ganhos e a ingerência do sócio devem corresponder, de forma proporcional, ao
que ele tenha contribuído para a formação do capital da pessoa jurídica.
236 O termo “emissão de quotas” não se afigura correto, uma vez que elas somente existem
como cláusulas do contrato social, no qual também constam, como já mencionado, seu valor
e titularidade.
237 As ditas ações sem valor nominal já foram abordadas em capítulo anterior e, como lá
se expôs, não são exatamente desprovidas deste valor. Ao contrário, simplesmente não há
referência expressa a ele.
238 A justificação aqui aludida significa uma explicação geral sobre os motivos da chamada
de capital e também quanto aos seguintes aspectos: 1 - o valor do capital social a ser
subscrito e o modo de sua realização 2 - o número, as espécies e classes de ações em que se
dividirá o capital social 3 - o valor nominal das ações (se for o caso) e o preço de emissão das
novas ações 4 - a importância a ser integralizada no ato de aprovação e as eventuais parcelas
sucessivas, bem como os prazos e os critérios de sua realização 5 - a eventual possibilidade
de subscrição ou não por terceiros, não acionistas, em caso de renúncia ou cessão do direito
de preferência 6 - os dispositivos estatutários a serem alterados e sua nova proposta de
redação 7 - as datas de início e término da subscrição 8 - o critério de disposição das sobras
de ações não subscritas pelos acionistas titulares de preferência sobre elas (art. 171 da Lei n.
6.404/76).
239 Nas companhias fechadas, de caráter nitidamente familiar, o critério mais adequado e
próprio é o do valor de patrimônio líquido, de fácil equacionamento, já que obtido conforme
os critérios do art. 178 e seguintes. Já para as companhias abertas, o critério do valor de
cotação mostra-se nitidamente de mais fácil obtenção.
240 Diferentemente da regra geral sobre as Assembleias de Acionistas, esta somente se
instala, validamente, em primeira convocação, com a presença de 2/3 (dois terços) ou mais
do capital social votante, já que deliberará sobre reforma dos estatutos por modificação do
capital social. Em segunda convocação, realizada segundo as mesmas formalidades legais,
esta Assembleia se instala com qualquer número de acionistas presentes.
241 O aumento de capital torna-se, portanto, uma medida mais ágil de ser implementada, o
que deixa ao órgão social competente maior amplitude e discricionariedade para decidir, do
ponto de vista estritamente negocial, quando realizar o procedimento.
242 Assim se, por exemplo, um sócio tem 10% (dez por cento) do capital social, uma vez
deliberado aumento deste último, por emissão de novas ações ou quotas, este sócio terá,
antes dos demais integrantes e de terceiros, o direito a integralizar exatos 10 % (dez por
cento) das ações ou quotas provenientes do aumento aprovado, com isto preservando seu
percentual no montante do capital social.
246 Exemplo desta modalidade de aumento do capital social com acréscimo de patrimônio
líquido é a operação de conversão de debêntures em ações da companhia (art. 166, III da
A Lei n. 6.404/76 dedica vários artigos à disciplina das diferentes modalidades de reservas
contábeis (Lei n. 6.404/76, arts. 193 a 200), que, embora sejam suscetíveis de classificação
segundo vários critérios – como origem e destinação, por exemplo – mantém a essência de
serem, como salientado, os bens e direitos da sociedade não computados sob a forma de
capital social.
251 O termo Underpricing se refere à diferença entre o valor das ações vendidas em IPO e o
preço pelo qual elas são subsequentemente negociadas. Demonstra, em regra, o aumento
no preço de tais ações em virtude da liquidez que adquirem ao passarem a ser livremente
negociadas em Bolsa de Valores e Mercado de Balcão. “Underpricing is estimated as the
percentage difference between the price at which the IPO shares were sold to investors (the
offer price) and the price at which the shares subsequently trade in the market”. LJUNGQVIST.
Alexander. IPO Underpricing. ECKBO. Espen. (ed:). Handbook in corporate finance: Empirical
corporate finance. 2004. Pg. 76.
252 WELCH. Ivo. RITTER. Jay. A Review of IPO activity, pricing and allocations. Yale International
Center for Finance. Working Paper-No. 02-01. February 8, 2002. Pg. 5.
American International Assurance (AIA) – Hong Kong – 2010 – US$ 17,90 bilhões
256 A Comissão de Valores Mobiliários exige, de acordo com o art. 4º da Lei n. 6.404/76, o
registro prévio tanto da sociedade anônima quanto dos valores mobiliários que venham a ser
por ela colocados à distribuição ou negociação pública.
262 TAPSCOTT. Don. TAPSCOTT. Alex. Blockchain Revolution. São Paulo: Senai editora. 2016.
Pg. 40/41.
265 “Imaginemos uma singela compra de revista numa livraria. Essa compra, a princípio, não
afeta terceiros positiva ou negativamente – ou seja, não gera externalidades. O produto que
está sendo comprado é absolutamente igual a todas as outras revistas da mesma edição – não
há defeitos ocultos. A entrega do bem e o pagamento do preço são simultâneos, de forma que
nenhuma das partes corre o risco de efetuar sua prestação e ver a outra parte desaparecer
sem cumprir com sua obrigação. (...) Por fim, não é preciso garantir a execução do contrato, pois
as prestações são executadas imediata e simultaneamente no mesmo local”. TIMM, Luciano
Benetti. Análise Econômica dos Contratos. In: TIMM, Luciano Benetti (Org.). Direito e Economia
no Brasil. 2ª edição. São Paulo: Ed. Atlas, 2019, Pg. 169.
266 O problema da confiança não é a única falha de mercado a comprometer a eficiência
dos contratos. Há outras, como monopólio, externalidades, etc. O objetivo aqui é, entretanto,
“isolar” esta variável – a confiança – para melhor analisá-la.
267 “Muitas vezes, na vida, algumas pessoas estão mais bem informadas do que outras e
essa diferença de informação pode afetar as escolhas que elas fazem e a maneira como se
relacionam umas com as outras. (...). ‘Eu sei algo que você não sabe’. Essa provocação é comum
entre crianças, mas também traduz uma verdade profunda sobre como as pessoas interagem
umas com as outras em algumas situações. Em muitas situações da vida, uma pessoa sabe
mais do que outra sobre o que está acontecendo. Uma diferença de acesso a conhecimento
relevante é chamada de informação assimétrica”. MANKIW, Gregory. Introdução à Economia.
3ª edição. São Paulo: Ed. Thomson, 2005, Pg. 479-480.
268 É o caso, por exemplo, de uma pessoa que paga, antecipadamente, por um produto
adquirido pela internet. Há, sempre, um grau – maior ou menor - de dúvida, de desconfiança,
se o vendedor realmente irá enviar o produto comprado ou se vai se apropriar indevidamente
do dinheiro já transferido. “E se o vendedor simplesmente ‘sumir’ e não me enviar o produto?”
É pergunta inerente, por questão de prudência, a este tipo de transação.
269 VARIAN, Hal. R. Microeconomia. 8ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2012. Pg. 766.
270 São dúvidas como a que o contratante de um serviço extremamente especializado –
como, por exemplo, uma obra de engenharia – tem quanto aos materiais que serão usados
na obra e o tempo prometido para entrega. “Será que vão usar os materiais da qualidade
contratada? Vão me entregar a obra no tempo prometido?”. Aqui também se inclui o risco de
vícios ocultos no produto objeto do contrato.
271 Fuller e Perdue, em seminal texto de 1936, analisam as possíveis “respostas” jurídicas à
quebra de contrato salientando, em síntese, que a preocupação básica é de “devolver” ao
contratante lesado a situação anterior ao contrato. (FULLER, L.L. PERDUE, William. R. The
Reliance Interest in contract damages. Yale Law Journal. Vol. 46. n. 1.1936. Pg. 52-96).
“Os remédios jurídicos se enquadram em três tipos gerais: remédios jurídicos definidos pelas
partes, remédios jurídicos impostos pelo tribunal e execução específica”. COOTER, Robert.
ULEN, Thomas. Direito e Economia. 5ª edição. Porto Alegre: Ed. Bookman, 2010, Pg. 248.
272 O que se pretende ressaltar é que o Poder Judiciário só consegue alcançar a quebra de
contrato com respostas repressivas ao descumprimento, não preventivas. “Confirmou-se a
quebra da promessa contratualmente feita? Vá a juízo exigir o cumprimento”. “O contratante
não agiu como contratado? Exija judicialmente que seja obrigado a refazer, da forma
combinada inicialmente”.
273 Tais custos envolvem não apenas aqueles diretamente ligados à demanda pelo
cumprimento judicial do originalmente contratado – como honorários de advogado e custas
judiciais – mas também os “custos de oportunidade” caracterizados, em essência, pelo tempo
que se espera para ter o que foi originalmente prometido e por aquilo que se deixou de fazer
enquanto se aguardava a solução judicial.
274 Desde cartórios, operadoras de cartões de crédito e agências de viagens, passando por
alguns que se destacam, mais recentemente, pelo modelo de negócio empreendido e rápida
aceitação no mercado, como Ebay, Pay Pal, Uber, etc.
diferem, ou podem diferir, daqueles do principal, os quais, quem age, pode não perseguir, na
medida em que seja muito custoso para este, o principal, fiscalizar a cada momento suas
ações. Os esquemas aparecem, não apenas na representação no sentido do direito civil, mas
também nos contratos de trabalho, no de prestação de serviços ou de empresa, nas relações
entre administradores da empresa e acionistas e com terceiros”. MACKAAY, Ejan. ROUSSEAU,
Stéphane. Análise Econômica do Direito. 2ª edição. São Paulo: Ed. Atlas, 2014, Pg. 21-22.
Sobre a Teoria da Agência (Agency Theory) e sua importância para o Direito há vasta literatura,
a qual é exposta, em seus mais relevantes aspectos, por Fernando Araújo (ARAÚJO, Fernando.
Teoria Econômica do Contrato. Coimbra: Ed. Almedina, 2015, Pg. 215 e segs).
primeiro momento, pela substituição da força muscular pela energia mecânica e depois,
por volta do início do século XX, pela produção em massa e uso irrestrito da eletricidade
(Revolução Industrial).
A terceira grande disrupção na Humanidade é por ele localizada a partir da década de 1960,
quando do advento do computador e sua disseminação para o ambiente profissional e
doméstico (Revolução Digital).
Por fim, o mesmo autor fala em um quarto grande momento de disrupção humana, a
chamada 4ª Revolução Industrial, que está atualmente em curso e é caracterizada pela
criação de formas artificiais de inteligência e aprendizagem automática. “Nessa revolução, as
tecnologias emergentes e as inovações generalizadas são difundidas de forma muito mais
rápida e amplamente do que nas anteriores, as quais continuam a desdobrar-se em algumas
partes do mundo.” (SCHAB. Klaus. A Quarta Revolução Industrial. São Paulo. Edipro. 2016. Pg.
22 e segs).
280 “A escala e o escopo das mudanças explicam por que as rupturas e as inovações atuais
são tão significativas. A velocidade da inovação em termos de desenvolvimento e ruptura está
mais rápida do que nunca.” SCHAB. Klaus. A quarta revolução industrial. Ob. Cit. Pg. 23.
As artes são, em seus vários tipos, campo fértil tanto para a evolução quanto para
a disrupção, sendo, portanto, pertinente a alusão a elas para ilustrar o tema.
Também Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) foi outro que, uma geração depois,
já no período Clássico da música erudita ocidental, elevou tal modelo composicional
a uma altura jamais ultrapassada.
Tanto Bach quanto Mozart são exemplos de artistas que evoluíram os padrões de
sua época e atividade. Há, porém, aqueles que propuseram novos padrões, novas
formas de fazer música.
É o caso de Igor Stravinsky (1882-1971) que, com sua obra “A Sagração da Primavera”,
de 1913, rompeu com longa tradição rítmica ocidental, literalmente apresentando
nova forma de se fazer música.
283 VOSHMGIR. Shermin. Token Economy: how blockchains and smart contracts revolutionize
the economy. Berlim. BlockchainHub. 2019. Pg. 22 e segs.
Shawn Fanning pode não ser lembrado pelos milhares de usuários que hoje
compartilham músicas em MP3 pela internet - mas ele é um dos protagonistas
da história que começou com uma brincadeira em um computador na faculdade,
passou por processos judiciais de gigantes da indústria musical e terminou na
constatação de que a mercado tradicional da música (venda de CDs, discos, etc.)
jamais será o mesmo.
Mas foi com a entrada do Metallica na discussão que o caso explodiu - a banda
combateu, ao lado de outros artistas, a “ameaça” (quebra de direitos dos artistas,
que tinham seu trabalho oferecido gratuitamente pelo programa) do Napster,
com advogados e declarações na imprensa.
284 RUFFO, Giancarlo. PAGALLO, Ugo. Andrea, GLORIOSO. The Social impact of PSP Systems.
IN: SHEN, Xuemin. YU, Heather. BUFORD, John. AKON, Mursalin. Ed. (Org.) Handobook of peer
to peer networking. Disponível em www.file.allitebooks.com. Pg. 49.
285 O problema dos dois generais, também denominado problema dos generais bizantinos
é um modelo teórico – como, por exemplo, o famoso Dilema dos Prisioneiros - empregado
para ilustrar a dificuldade com a solução prévia do problema da confiança em redes
descentralizadas de comunicação, ou seja, aquelas sem a participação de um terceiro
confiável como validador de todas as transações.
Em rápida síntese, consiste na seguinte situação: um grupo de generais cerca uma cidade,
cada um com suas respectivas tropas. A cidade-alvo está entre as tropas, não havendo,
portanto, como os generais se comunicarem para decidirem, em consenso, a hora e forma
de ataque.
O problema é que há, entre eles, alguns possíveis traidores, os quais podem enviar informações
falsas aos demais acerca da hora e forma do ataque, sabotando toda a operação.
A grande dificuldade está, portanto, em criar uma solução que permita a tais generais
definirem, em consenso, a forma de ataque sem contar, para isso, com alguém para centralizar
tal tomada de decisão e, ao mesmo tempo, poderem confiar nas informações mutuamente
trocadas.
287 O termo blockchain refere-se a redes virtuais nas quais há uma solução prévia e
descentralizada para o problema da confiança aqui relatado. Importante notar, porém, que
a partir dessa essência descentralizada de geração prévia de confiança, variações maiores
ou menores desta tecnologia têm sido desenvolvidas. É o caso, por exemplo, da tecnologia
que sustenta o Ether, criptomoeda amparada em uma plataforma descentralizada diferente,
a Ethereum.
290 “No sistema blockchain, quando um novo bloco de transações é adicionado, ele fica
permanentemente aderido à cadeia de informações ali colocadas. Como cada bloco se refere ao
anterior, se alguém desejar fraudar o conteúdo das informações em um bloco, precisará alterar
não apenas aquele, mas todos os blocos anteriores. Esta alteração exige uma capacidade
computacional que torna, na prática, impossível fazê-lo ou, então, tão caro que não justifica o
benefício perseguido” (GATES, Mark. Blockchain. São Paulo: Amazon ed. 2017. Pg. 22).
295 Mesmo autores como Richard H. Thaler, consideram o grau de especialização dos
tomadores de decisão um aspecto fundamental para a sustentação de modelos racionais de
tomada de decisões. (THALER. Richard H. Misbehaving: the making of Behavioral Economics.
Ob. Cit. Pg. 125 e segs.
296 O estudo de Peter Bernstein (BERNSTEIN. Peter. A história do mercado de capitais: o
impacto da ciência e da tecnologia nos investimentos. Ed. Campus. Rio de Janeiro. 2008) faz
longa retrospectiva sobre o assunto, com o objetivo de apresentar teorias que aceitem ou
relativizem a premissa da máxima racionalidade econômica como padrão de decisões no
mercado de capitais e, também, de salientar seus enormes impactos sobre o interesse de
terceiros.
297 “High-frequency trading refers to fast reallocation or turnover of trading capital. To ensure
that such reallocation is feasible, most high-frequency trading systems are built as algorithmic
trading systems that use complex computer algorithms to analyze quote data, make trading
decisions, and optimize trade execution. All algorithms are run electronically and, therefore,
automatically fall into the “electronic trading” subset.” Aldridge. Irene. High frequency Trading. 2º
edition. John Wiley & Sons. Inc. 2013. New Jersey. Pg. 23)
299 CHRISTIAN. Brian. GRIFFITHS. Tom. Algoritmos para viver: a ciência exata das decisões
humanas. Ob. Cit. Pg. 54 e segs.
300 Em 1997, pela primeira vez um computador (chamado Deep Blue) venceu uma partida
de xadrez contra o então campeão mundial da modalidade, Gary Kasparov. “Na verdade, a
vitória do Deep Blue em 1997 foi justa e inequívoca. Foi também uma realização histórica, a
culminação de uma odisséia de 55 anos, cujas implicações foram muito além do xadrez. (...)
Essa vitória constituiu um momento profundo e emocionante, cuja importância o mundo inteiro
logo pôde compreender intuitivamente: a tecnologia movia-se agora em direção a um novo
reino ameaçador. Uma coisa era construírem-se máquinas que pudessem mover-se sobre a
terra, ou voar sobre o oceano, ou até mesmo reconhecer um rosto. Mas a vitória do Deep Blue
sobre Kasparov indicava que agora estávamos produzindo máquinas que poderiam competir
conosco intelectualmente. (SHENK. David. O Jogo Imortal. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro.
2007. Pg. 196/197)
301 “Assim, a intervenção humana restringe-se à própria programação dos algoritmos a
montante da negociação; após a sua criação, o algoritmo ‘vivifica-se’ e adquire uma faculdade
negocial autônoma”. (QUELHAS. José Manuel. High Frequency Trading. Universidade de
Coimbra. Boletim de Ciências Econômicas. Volume. LVIII. Coimbra. 2015. Pg. 317)
302 “Fundos de investimento ou bancos de médio e grande porte gerenciam portfólios com
centenas de posições em qualquer tempo dado. O banco (ou o fundo) monitoram os dados
do mercado, computadores atualizam os valores dos chamados ‘osciladores” indicando
quais posições devem ser adquiridas (...) Em geral, o que ocorre na prática é que os fundos
de investimentos, tanto os pequenos quanto os grandes, antes de começarem a usar um
novo modelo de algoritmo, fazem um teste de eficiência a partir de uma amostra de dados
da seguinte forma – uma fração da amostra é utilizada para estimação de parâmetros
considerados adequados para o algoritmo, com a fração restantes, o algoritmos é validado
simulando seu desempenho. Sendo o algoritmo aprovado nessas etapas de teses, o mesmo
é colocado no mercado (...) Mas não importa o quão bons sejam os algoritmos, eles sempre
necessitarão de testes e atualizações. Os mercados estão em constante mudança e conquistas
passadas não são indicativos de quaisquer sucessos futuros”. (UEMATSU. Akira Aricê de Moura
Galvão. Algoritmos de negociação com dados de alta frequência. Dissertação de Mestrado.
2012. Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. Pg. 9/10)
303 Para que se possa ter uma ideia de volume e tempo destas transações em alta
frequência, as unidades de medidas adotadas são milhões de ordens de negociação em
dez microssegundos (a milionésima parte de um segundo). ALDRIDGE. Irene. High frequency
Trading. Ob. Cit. Pg. 122.
304 A velocidade de implementação das decisões é inerente à ideia de HFT. Há, por outro
lado, o termo low frequency trading, usado para os casos de decisões por algoritmos em
volume menor (BODEK. Haim. The problem of HFT: collected writings on High frequency Trading
Máquinas permitem que investidor tenha mais velocidade e precisão nos negócios
em bolsa, mas a modalidade High Frequency Trading (HFT) abre brechas para novas
formas de fraude eletrônica
E para quem topa alto risco é possível deixar um computador fazendo várias ordens
de compra e venda de ações no mesmo dia, de forma automatizada, seguindo
regras de algoritmos. Adrenalina pura! É o que o mercado financeiro chama de High
Frequency Trading, ou simplesmente HFT.
A utilização desse tipo de tecnologia só cresce no Brasil. Em maio deste ano, o total de
contratos negociados por investidores de alta frequência no segmento BM&F bateu
recorde. Ao todo, os HFTs foram responsáveis por negociar 9,6 milhões de contratos,
enquanto em janeiro de 2009 eles negociaram 3.500.
Numa operação de HFT, para que o envio de ordens ocorra no menor espaço de tempo
possível, é preciso que a velocidade de resposta seja mínima. Ou seja, proximidade das
máquinas com a central de negociação da bolsa e uso de tecnologia de ponta podem
fazer toda a diferença entre ganhar ou perder dinheiro para esses investidores alucinados.
Mas, afinal, HFT é ilegal? Não. A modalidade de negociação automatizada à base
de algoritmos em si não viola nenhuma regra no mercado financeiro. A questão
é que abre brecha para a manipulação de mercado, exatamente por combinar
alta velocidade e grande volume de dinheiro.
E nessa diferença de preço das ações pode ser que um investidor cause uma condição
artificial para aquele ativo. Aí, vira crime. Tem o spoofing, que cria liquidez artificial com
ofertas fora do padrão do livro do ativo (book) e o layering, que atua em forma de
camadas de ofertas em níveis sucessivos de preços para influenciar os investidores.
Apesar de a prática de layering ser considerada nova por envolver o uso de robôs, ela
se assemelha às operações “Zé com Zé” do caso Naji Nahas, que derrubou a Bolsa
do Rio no fim dos anos 1990 . “A diferença é que naquela época era manual”, conta a
professora.
A bolsa brasileira, a B3, afirma que adota mecanismos para mitigar eventuais
riscos com operações HFT. “Queremos ter investidor pessoa física e fundos de
investimentos, mas também queremos ter clientes de alta frequência, porque
tudo isso ajuda as pessoas a terem os negócios executados. Uma base de clientes
diversa contribui com a liquidez do mercado”, afirmou o diretor de Operações da
B3, Mário Palhares.
Além disso, em maio deste ano, a B3 lançou uma plataforma para diminuir o risco
pré-negociação, como conta o diretor de Risco da B3, André d’Almeida Monteiro.
Esse mecanismo analisa a ordem do investidor e se ela é compatível com seu
histórico e capacidade de pagar.
ANDRADE.Jennefer.www.arte.estadao.com.br.Disponível:https://arte.estadao.
com.br/focas/estadaoqr/materia/os-robos-do-mercadofinanceiro-entre-
oportunidades-e-riscos. Site consultado em 28/05/2020.
308 Outro exemplo de moeda-mercadoria são os cigarros. Nos campos de prisioneiros de guerra
durante a Segunda Guerra Mundial, os prisioneiros trocavam bens e serviços entre si usando
cigarros como reserva de valor, unidade de conta e meio de troca. De forma similiar, quando
a União Soviética estava em colapso, no final da década de 1980, os cigarros começaram a
substituir o rublo como moeda em circulação preferida em Moscou. Nos dois casos, até os não-
fumantes ficavam satisfeitos em aceitar cigarros em uma troca, sabendo que poderiam usá-los
para comprar outros bens e serviços” (MANKIW. Gregory N. Introdução à Microeconomia. Ob.
Cit. Pg. 630)
O filme “O jogo da imitação” narra a história real do matemático Alan Turing e seu trabalho,
durante a Segunda Guerra Mundial, para decifrar as mensagens criptografadas (ou seja,
codificadas) trocadas entre as tropas nazistas. (O Jogo da Imitação. Direção: Morten Tyldum.
Produção: Black Bear Pictures. Estados Unidos. 2014)
key acts as a password that gives its owner acess to their digital assets. No user is trusted more
than any another. Istead of a single trusted third party validating transactions through their
servers with authority (single vote), a P2P network of computers running the blockchain protocol
validates transactions by consensus (majority vote)”. VOSHMGIR. Shermin. Token Economy. Ob.
Cit. Pg. 56
311 A impressão de que a riqueza armazenada na forma de criptomoeda seja inacessível
à fiscalização e regulamentação estatal não é correta, na medida que o Estado dispõe de
instrumentos para aferir a capacidade de geração e consumo de riqueza de cada pessoa. A
Receita Federal, por exemplo, exige que toda a riqueza armazenada em criptomoedas seja
devidamente declarada no Imposto de Renda do contribuinte. Assim, fica possível realizar
“cruzamento” de informações.
Corretoras de criptomoedas
1 – Banking on Bitcoin
Ano: 2017
Direção: Christopher Cannucciari
Duração: 83min
Disponibilizado na Netflix recentemente, este documentário retrata a criação da bitcoin a
partir de entrevistas com jornalistas,entusiastas e especialistas que acompanharam
episódios marcantes envolvendo a moeda. Também discute o futuro e a possibilidade da
bitcoin reduzir o poder dos bancos centrais.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=tmxqlSevtkQ?rel=0%5D
315 O termo white paper é inspirado no título do texto, atribuído a Satoshi Nakamoto, no qual
são descritos os objetivos e modo de funcionamento do blockchain criado para o bitcoin.
Entretanto, os white papers aqui mencionados são menos relacionados à explanação sobre
a tecnologia usada na operação e mais orientados para a demonstração de sua viabilidade
econômica.
Com o uso deste dispositivo, os adquirentes destes chamados fan tokens tornam-se titulares
de direitos diversos em relação ao clube emitente.
Estes direitos, devidamente lastreados em seu respectivo blockchain, vão desde escolha
de músicas ou cores de uniformes específicos até a participação nos lucros gerados pela
negociação de direitos contratuais sobre atletas.
Segundo o art. 110-A da Lei n. 6.404/76 (inserido pela Lei n. 14.195/2021) pode ser
criada, por disposição estatutária, uma classe de ações ordinárias ou preferenciais
em relação à qual se confira até o número de 10 (dez) votos por ação.
Ressalve-se, entretanto, que a criação desta classe de ações dotadas de voto plural
somente é possível, nas companhias abertas, se concomitante à sua constituição
ou abertura de capital. Já nas companhias fechadas admite-se que, por alteração
estatutária, ações com voto plural sejam criadas a qualquer tempo.
Além disso, as ações com voto plural estão sujeitas tanto a limitações temporais
quanto materiais, já que este atributo específico somente vigora pelo prazo máximo
– mas prorrogável - de 7 (sete) anos, além de não incidir em deliberações sobre
determinadas matérias, as quais estão enumeradas pelo art. 110-A da Lei n.
6.404/76 (com redação dada pela Lei n. 14.195/2021.
319 O voto múltiplo é um instrumento destinado a permitir que uma pessoa ou grupo minoritário
possa, se souber se organizar, eleger um número de Conselheiros de Administração superior
ao que conseguiria, se aplicada a regra geral de proporcionalidade.
Previsto somente para a eleição dos Conselheiros de Administração da companhia, este instituto
confere a cada ação o número de votos correspondente ao número de Conselheiros a serem
eleitos na ocasião.
Assim se, por exemplo, serão escolhidos, em uma dada Assembleia Geral de Acionistas,
03 (três) novos Conselheiros de Administração, cada ação votante terá, naquela específica
votação, 03 (três) votos, podendo o acionista concentrá-los em um único candidato ou
distribuí-lo entre diferentes postulantes.
324 “Ao longo dos últimos anos, a assembleia geral vem, na prática, perdendo espaço como
principal centro decisório da companhia, tendo em vista o absenteísmo dos acionistas
minoritários, uma vez que, em geral, apenas os controladores comparecem ao conclave”.
EIZIRIK. Nelson. A Lei das S.A Comentada – Vol. II. Ed. Quartier Latin. São Paulo. 2011. Pg. 17.
325 As deliberações à distância, semipresenciais ou digitais nitidamente reduzem, como se
mostrará adiante, ainda neste capítulo, tais custos de participação.
326 “A chamada ‘apatia racional’ descreve o comportamento dos acionistas quando o custo
de manter-se informado e participar nas assembleias gerais é superior ao benefício individual
esperado por tal comportamento. Ou seja, vale mais a pena, do ponto de vista econômico,
manter-se apartado da participação informada nas decisões coletivas do que nelas se envolver”.
EIZIRIK. Nelson. A Lei das S.A Comentada – Vol. II. Ed. Quartier Latin. São Paulo. 2011. Pg. 17.
O custo de se informar sobre os elementos relevantes para uma votação consciente são,
neste caso, maiores do que a capacidade do sócio de influenciar no resultado final da
votação. Assim, ele prefere não arcar com os custos desta informação e se abstém de votar,
enfraquecendo o órgão deliberativo.
327 O art. 133 da Lei n. 6.404/76 enumera, no caso de Assembleias Gerais Ordinárias de
Acionistas, uma série de documentos que devem, na forma ali disciplinada, obrigatoriamente
estar à disposição dos acionistas, para consulta e análise, com antecedência mínima de
um mês para a deliberação. Trata-se, em síntese, de informações sobre os atos de gestão
e a situação patrimonial da companhia, temas sobre os quais deliberarão, na ocasião, os
acionistas.
328 Esta diminuição de custos não se refere, entretanto, à necessidade de, diante das
informações disponíveis, ser capaz de interpretá-las e delas extrair uma opinião fundamentada
sobre como votar nas deliberações.
331 Imagine-se, a título de exemplo, uma sociedade limitada composta por dois ou
três sócios. Há alguma razão lógica para se estabelecer formalidades indispensáveis à
convocação e instalação de uma deliberação entre eles? Não seria possível, por exemplo,
que eles livremente combinassem de se encontrar para discutirem e votarem os assuntos
de interesse social?
Esta informalidade, por outro lado, gera insegurança jurídica nas hipóteses em que a
sociedade apresenta – ao menos potencialmente – elevado número de sócios, razão pela
qual a convocação deles, para fins de deliberação, torna-se mais rígida e formal, como se vê,
por exemplo, na Lei n. 6.404/76.
332 Tanto a Lei n. 6.404/76 (art. 132) quanto o Código Civil (art. 1.078) estipulam que esta
periódica e obrigatória assembleia deve se realizar dentro dos quatro primeiros meses
seguintes ao fim do exercício social. Embora não seja obrigatório, o exercício social costuma
coincidir, por regra contratual ou estatutária, com o ano civil, o que leva – principalmente
nas companhias – a uma grande quantidade de Assembleias Gerais Ordinárias de Acionistas
realizadas no início do ano, especialmente na última metade do mês de Abril.
333 O Código Civil é omisso quanto à necessidade de Reunião de Sócios para deliberar,
periodicamente, sobre os assuntos do art. 1.078. Como visto, a diferença entre Assembleia
e Reunião de sócios restringe-se às respectivas formalidades de convocação e instalação,
não alcançando, portanto, sua competência deliberatória e quoruns de aprovação. Portanto,
deve-se concluir que mesmo nas sociedades limitadas que deliberem por Reunião de
Sócios é obrigatória a sua realização anual, para fins de apreciação e votação dos assuntos
elencados pelo art. 1. 078 do Código Civil.
334 A decisão sobre a oportunidade da convocação, bem como a realização dos procedimentos
inerentes à sua validade justificam a opção – constante tanto da Lei n. 6.404/76 quanto do
Código Civil - de concentrar na pessoa dos administradores a atribuição legal de convocação
da assembleia de acionistas ou quotistas.
Primeiro porque, na condição de gestores do patrimônio e dos negócios sociais, são eles que
mais diretamente acompanham o andamento das atividades da sociedade, e, por isso, estão,
a princípio, mais informados para decidir quando a assembleia se faz necessária.
Em segundo lugar, os custos de convocação são da pessoa jurídica, e, portanto, nada mais
adequado que os mesmos sejam efetivados por ato de seus representantes legais.
338 Importante também observar que “a ordem do dia constará de um resumo do que será
tratado na assembléia, sendo condenável a indicação em termos gerais, como às vezes se
procura fazer.” MARTINS, Fran. Comentários à Lei das Sociedades Anônimas. – Vol. II. Tomo 1. 2a
edição. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1984. Pg. 168.
339 “O fundamento da dispensa de convocação é que somente os sócios têm interesse
em conhecer com antecedência os assuntos a serem discutidos. Comparecendo todos os
sócios ao conclave, presume o Código que concordaram com a omissão desse requisito
legal. Tendo, com efeito, a convocação por objetivo proteger os interesses dos sócios, não há
por que negar a validade e a eficácia da instalação do conclave se todos consentirem sobre
a ordem do dia. E a presença da unanimidade dos acionistas dá segurança de que não serão
atingidos os seus interesses.” CARVALHOSA, Modesto. Comentários ao Código Civil – Vol. 13.
Parte Especial: Do Direito da Empresa. São Paulo: Editora Saraiva, 2003. Pg. 198.
341 Justifica-se tal orientação, posto que a legitimidade dada por uma participação
significativa de sócios na assembleia não pode fazer com que, em virtude da ausência e
desinteresse destes, restem frustradas várias convocações e, via de consequência, fiquem
pendentes as decisões a serem tomadas.
que foi concebida originariamente no Reino Unido para conciliar o programa de privatização
com o resguardo de interesses estratégicos do Poder Público nas empresas privatizadas, sem
tolher sua liberdade externa de ação no mercado e inteferir demasiadamente na dinâmica
societária interna.” PINTO JÚNIOR. Mário Engler. Empresa Estatal. 2ª edição. Ed. Atlas. São
Paulo. 2013. Pg. 197.
344 As Assembleia de sócios quotistas também devem obrigatoriamente ser registradas em
Ata (par. 1º do art. 1.075 do Código Civil). Já as Reuniões de sócio dispensam, como visto,
qualquer formalidade de convocação ou instalação. Neste sentido, basta a deliberação
assinada por tantos sócios quantos os necessários à sua aprovação.
345 Sobre o tema, confira: BORBA. Gustavo Tavares. Invalidação da assembleia geral e de
suas deliberações. (In.) COELHO. Fábio Ulhôa. Tratado de Direito Comercial. Vol. II. Ed. Saraiva.
São Paulo. 2015. Pg 373/374.
346 O art. 1.080 do Código Civil responsabiliza ilimitadamente os sócios que venham a aprovar
matéria contrária à lei ou ao contrato social. É necessário observar, sobre este dispositivo,
que tal responsabilização depende, obviamente, da efetiva aprovação e implementação
da deliberação, bem como da comprovação dos prejuízos causados a outros sócios, à
sociedade ou a terceiros. GONÇALVES NETO. Alfredo de Assis. Direito de Empresa. Ed. Revista
dos Tribunais. São Paulo. 2007. Pg. 382/383.
347 Já para as sociedades limitadas este prazo é de 3 (três) anos, com base no que dispõe o
par. único do art. 48 do Código Civil.
de voto da ação gravada com usufruto, se não for regulado no ato de constituição do gravame,
somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o proprietário e o usufrutuário.”
CORRÊA LIMA. Osmar Brina. Sociedade Anônima. Ed. Del Rey. Belo Horizonte. 2003. Pg. 136.
353 Sobre tal debate, confira: RIBEIRO. Renato Ventura. Direito de Voto nas Sociedades
Anônimas. Ed. Quartier Latin. São Paulo. 2009. Pg. 349 a 352.
354 Esta facultatividade de comparecimento ou de voto será, de certo modo, flexibilizada no
caso de acordos de acionistas, hipóteses para as quais o art. 118 da Lei n. 6.404/76 prevê as
consequências aplicáveis ao sócio que, signatário de tais acordos, se abstém de comparecer
ou votar.
355 BIERMAN. H. Scott. FERNANDEZ. Luis. Teoria dos Jogos. 2ª edição. Pearson Editora. São
Paulo. 2010. Pg. 92.
356 Sancionar o sócio que vota sem o devido grau de informação sobre os custos e benefícios,
para a sociedade, de cada uma das alternativas postas em deliberação significaria atribuir aos
votantes nas assembleias ou reuniões de sócios o dever de previamente se informarem, o
qual não se encontra previsto nem no Código Civil, nem na Lei n. 6.404/76. O sócio tem o
direito – não o dever – de se informar sobre as atividades da sociedade.
363 O “jogo de soma zero” é, em síntese, representado por uma determinada situação na qual
o ganho de um dos participantes é exatamente a perda do outro envolvido. MYERSON. Roger
B. Game Theory: Analysis of conflict. Harvard University Press. Cambridge. 1991. Pg. 37 e segs.
364 “A doutrina, ao tratar do voto conflitante, faz uma distinção entre o conflito formal e o conflito
substancial de interesses. No primeiro caso, presume-se o abuso pela situação de fato e, por
isso, veda-se previamente o exercício do direito de voto. Já no segundo caso, não se presume o
abuso e, por isso, o voto não é vedado previamente, mas deve ser feita uma análise a posteriori
caso a caso para verificar a existência ou não do abuso”. TOMAZETTE. Marlon. Curso de Direito
Empresarial. Vol. I. 7ª edição. Ed. Atlas. São Paulo. 2016. Pg. 535.
365 BOTREL. Sérgio. A mesa das assembleias gerais das S.A. (in) BOTREL. Sérgio (Coord.).
Direito Societário – Análise crítica. Ed. Saraiva. São Paulo. 2012. Pg. 29.
capital, notadamente pela via contratual. O direito societário alemão, de resto, consagra
desde a Lei de 1937 tipos especiais de contratos entre empresas (chamados justamente
Unternehmensvertrage), regulando a subordinação jurídica de uma à outra” COMPARATO.
Fábio Konder. Direito Empresarial. 1a edição. Ed. Saraiva. São Paulo. 1995. Pg. 276
373 “Há, assim, em primeiro lugar, toda uma série de hipóteses em que o controle externo resulta
de uma situação de endividamento da sociedade. Em razão do seu direito de crédito, cuja
execução forçada pode levar a companhia à falência, o credor passa, muitas vezes, a dominar
a devedora, comandando a sua exploração empresarial.” COMPARATO. Fábio Konder. FILHO.
Calixto Salomão. O Poder de Controle na Sociedade Anônima. 5a edição. Ed. Forense. Rio de
Janeiro. 2008. Pg. 90/91.
376 Fundamental salientar também que há companhias cujo capital social está pulverizado
na titularidade de diferentes acionistas, de modo que simplesmente não há uma pessoa ou
grupo organizado que seja detentor de mais da metade das ações votantes. Uma sociedade
com esta distribuição de capital é, sem dúvida, uma sociedade sem sócio majoritário. Não é,
entretanto, uma sociedade sem controlador.
4. 1 - Controle majoritário
4. 2 - Controle minoritário
378 “Em geral, o controle minoritário - reproduzindo a observação de Berle e Means repousa
na habilidade dos minoritários de atraírem os acionistas dispersos para deles obterem
procurações que lhes assegura maioria nas deliberações da assembleia geral. O mesmo ocorre
com o chamado controle gerencial, em que a posição do mandatário é desempenhada pelos
administradores com participações mínimas, e, até, sem participação na sociedade.” LAMY
FILHO. Alfredo e BULHÕES PEDREIRA. José Luis. A Lei das S.A ... Vol. II. Ob. Cit. Pg. 196
379 “Em relação à sociedade de que participam diversos acionistas submetidos a controle
comum, o respectivo controlador exercerá, verdadeiramente, controle indireto, através
de sociedades-meio, de caráter puramente instrumental.” TEIXEIRA. Egberto Lacerda e
GUERREIRO. José Alexandre Tavares. Das Sociedades Anônimas no direito brasileiro. Ed. José
Bushatsky. São Paulo. 1979. Pg. 295.
380 BARBI FILHO. Celso. Acordo de Acionistas. Ed. Del Rey. Belo Horizonte. 1993. Pg. 69.
5. 2 - Controle econômico
382 Ressalve-se, entretanto, o fato de que o administrador que for mandatário de acionista
não poderá representá-lo na votação dos documentos da administração (art. 133 e 134, par.
1o da Lei n. 6. 404/76).
384 A menção específica aos polos de interesses descritos não exclui a existência de outros
grupos ou pessoas a serem tutelados. Uma operação de transferência de controle sobre
uma sociedade gera diversas externalidades – positivas e negativas – que podem alcançar,
por exemplo, os empregados da companhia, seus fornecedores, credores, concorrentes e,
mesmo, o mercado em geral.
A opção por esses três polos principais se justifica pois, sob o aspecto eminentemente
societário, são a eles – e seus possíveis conflitos – que se dirige a regulação legal. Outros
grupos são tutelados juridicamente por mecanismos ou regimes específicos. É o caso, por
exemplo, do mercado, cuja concorrência pode ser comprometida em uma operação como a
aqui descrita. Para isso se disciplina as regras e organizações de proteção, consolidadas na
Lei n. 12.529/2011.
386 “The principle of equal treatment basically requires that the person acquiring control over
the company is to ensure for the minority shareholders the possibility of exit from the company
subject to conditions that are at least as advantageous as the conditions ensured during the
acquisition of the share block providing control over the company”. KECSKÉS. András. HALÁSZ.
Vendel. Hostile takeover bids in the European Union: regulatory steps em route to an
ações de algum dos acionistas assinantes. No evento desta condição, tal sócio poderá obrigar
os demais acionistas a alienar suas respectivas participações no capital social. Assim, o terceiro
adquirente terá à sua disposição as ações de todos os acionistas assinantes do acordo.” REYES.
Francisco. Direito Societário Americano. Ed. Quartier Latin. São Paulo. 2012. Pg. 273.
389 Igualmente certo é afirmar que a oferta pública exigida pelo art. 254-A da Lei n. 6.404/76
torna mais cara a aquisição do controle de uma companhia aberta, pois o ofertante/
adquirente precisará comprar, além das ações do controlador, também as ações dos demais
acionistas que decidirem aderir à oferta pública obrigatoriamente feita em favor deles.
390 Outra forma de alocação do “prêmio de controle” admitida pelo art. 254-A da Lei n.
6.404/76 é o seu pagamento aos acionistas minoritários da companhia objeto, sem que eles
precisem transferir suas ações ao ofertante e novo acionista controlador.
Neste caso, o ofertante pode não se dispor a adquirir as ações dos minoritários da companhia
objeto, mas se obriga a pagar-lhes o “prêmio de controle”, consubstanciado na diferença
entre o valor de mercado das ações e o valor pago por ação integrante do bloco de controle
(art. 254-A, par. 4º da Lei n. 6.404/76).
391 A preocupação em reduzir a assimetria de informação aqui abordada está também
expressa na Resolução CVM n. 85/2022 que, como se viu, regulamenta a OPA. Em seu art.
13, esta Resolução da CVM exige que o instrumento da OPA – documento que explicita os
termos da oferta - seja firmado conjuntamente pelo ofertante e pela instituição intermediária
e contenha, além de outros requisitos descritos, declarações do ofertante e da instituição
intermediária de que desconhecem a existência de quaisquer fatos ou circunstâncias, não
revelados ao público, que possam influenciar de modo relevante os resultados da companhia
objeto ou as cotações de suas ações.
397 Esta exigência de aprovação, pela Assembleia Geral de Acionistas da ofertante, quando
tratar-se de companhia aberta, vale também para o caso da oferta pública disciplinada
pelo art. 254-A da Lei n. 6.404/76. De fato, em qualquer operação de aquisição do controle
de outra companhia, a ofertante/adquirente está, em geral, realizando um movimento de
elevado risco e investimento, o que, em última análise, justifica a exigência legal de prévia
aprovação assemblear.
398 “As ofertas públicas de aquisição – ou, abreviadamente, OPA – São propostas dirigidas ao
público tendo em vista a aquisição de valores mobiliários, através de um processo estabelecido
e lei. Ao contrário do que sucede em relação às emissões, as ofertas de aquisição apelam a uma
decisão de alienação de valores mobiliários: visam decisões de desinvestimento.
Apesar da intermediação, a oferta dirige-se aos titulares dos valores mobiliários emitidos pela
sociedade visada: depende, pois, do grau de aceitação por estes o sucesso ou insucesso da
oferta”. CÂMARA. Paulo. As ofertas públicas de aquisição. CÂMARA. Paulo. (coord.). Aquisição
de Empresas. Coimbra Editora. Coimbra. 2011. Pg. 162.
402 JARRELL. Gregg A. BRICKLEY. James A. NETTER. Jeffry M. in. Foundations of corporate
Law. ROMANO. Roberta. Org. Foundation Press. New York. Pg. 271.
VIEIRA. Jorge Eliseu Martins. FÁVERO. Luis Paulo Lopes. Poison Pills no Brasil:
um estudo exploratório. Revista de Contabilidade Financeira. Vol. 20. No. 50. São
Paulo. Maio/Agosto. 2009.
Além disso, muitas vezes, as poison pills são protegidas pelas chamadas “cláusulas pétreas”,
as quais dificultam a alteração ou exclusão da pílula de veneno (...).” CATEB. Alexandre Bueno.
SOUZA ROCHA. CARMEN Godoy Vieira de. PIMENTA. Eduardo Goulart. SIQUEIRA. Izes.
VELOSO. Silvia Mechelany. Breve Estudo sobre as poison pills no Brasil – O caso MRV versus
o caso Tenda. Revista de Direito Empresarial. Ano 9. N. 3. Setembro/Dezembro 2012. Curitiba.
Pg. 17/18.
405 CARVALHOSA. Modesto. As poison pills estatutárias na prática brasileira: alguns aspectos
de sua legalidade. CASTRO. Rodrigo Monteiro ARAGÃO. Leandro Santos de. (org.) Direito
Societário. Desafios atuais. São Paulo Ed. Quartier Latin. 2009. Pg. 25 e segs.
406 O termo sociedades coligadas pode, em uma conotação extremamente ampla, referir-se
a todas as hipóteses nas quais há, entre duas ou mais sociedades, uma conexão econômica,
independentemente de qual seja o instrumento jurídico usado. Trata-se, na realidade, de um
sentido amplo e impreciso, pois abarcaria situações como contratos de representação com
exclusividade, contratos de transferência de tecnologia, locação de estabelecimentos etc.
“Num sentido mais rigoroso falaremos em coligação, quando uma sociedade for sócia de
outra, em controle, quando a participação de uma sociedade em outra for de molde a facultar
legalmente o controle da primeira sobre a segunda; em holding, quando uma sociedade, sem
explorar diretamente nenhuma atividade comercial, tiver o seu patrimônio invertido em ações
ou quotas de outras sociedades, sujeitas, assim, ao seu controle.” ASCARELLI. Tullio. Problemas
1 – Aspectos gerais
2 – Estrutura e classificações
416 Mesma conclusão se aplica também ao sucessor ou adquirente das ações dos signatários
do acordo, os quais restarão obrigados a respeitar seus termos. A vinculação do sucessor ou
adquirente das ações ao acordo decorre da aquisição dos valores mobiliários, quando então
este outrora terceiro – em relação ao acordo – torna-se a ele vinculado.
417 “Como reiterado, nos acordos de acionistas somente estes podem instituir a avença, ou seja,
ter a iniciativa de contratá-la. Assim, não pode a companhia subscrever o acordo de acionistas.
Não obstante, nos acordos de bloqueio, a própria sociedade poderá tornar-se parte, com
interesse próprio, portanto.
Com efeito, nos acordos de bloqueio em que a sociedade é credora obrigacional, pela ordem,
na preferência ou opção de aquisição de ações do acionista retirante, torna-se ela parte efetiva
do acordo”. (CARVALHOSA. Modesto. Acordo de Acionistas. Ed. Saraiva. São Paulo. 2011. Pg. 40).
418 “Não significa isso que os acionistas não possam estabelecer normas ultrapassando essa
limitação; apenas, em tais casos, ainda mesmo que a sociedade arquive acordos com as
cláusulas não mencionadas na lei, tais acordos não serão observados pela sociedade nem
oponíveis a terceiros quando averbados nos livros de registro e nos certificados das ações, se
emitidos”. (MARTINS. Fran. Comentários à Lei das Sociedades Anônimas. Volume II. Tomo I. 2a
edição. Ed. Forense. Rio de Janeiro. Pg. 120)
425 “Evidentemente, tal convenção de aceitação subjetiva deverá conter uma clara e suficiente
cláusula liberatória, ou seja, de obrigação de aquisição dessas mesmas ações pelos signatários
remanescentes do acordo que vetarem, intuitu personae, o ingresso do promitente-adquirente.
Sem a instituição de cláusula liberatória, a convenção de prévio consentimento representaria
um cerceamento ilegal do direito de livre disponibilidade patrimonial.” CARVALHOSA. Modesto.
Acordo de Acionistas. Ed. Saraiva. São Paulo. 2011. Pg. 123.
426 “Essas disposições permitem que um sócio obrigue os demais acionistas assinantes do
acordo a alienar sua participação no capital da companhia. O direito de arraste [drag along
right] se sujeita à condição de que um terceiro formule uma oferta de compra de ações a
algum dos acionistas assinantes. No evento desta condição, tal sócio poderá obrigar os demais
acionistas a alienar suas respectivas participações no capital social”. REYES. Francisco. Direito
Societário Americano: estudo comparativo. Ed. Quartier Latin. São Paulo. 2013. Pg. 273.
427 “O acordo de acionistas é ‘norma secundária’ em confronto com o estatuto e, a fortiori, a
lei, os quais assumem o papel de ‘norma primária’ no sentido hierárquico”. (COMPARATO. Fábio
Konder. Novos Ensaios e Pareceres. Ed. Forense. 1981. Pg. 75). Decorrentes desta premissa
são as conclusões de que em acordos de acionistas não podem ser excluídos ou limitados
direitos essenciais dos sócios (art. 109 da Lei n. 6.404/76), assim como não se pode prever
decisões cuja competência seja dos órgãos sociais.
1 - Buy or sell – também denominada “cláusula texana”, prevê que qualquer das
partes pode fazer uma oferta pelas ações de um ou mais dos outros contratantes.
Aos destinatários da oferta cabe o direito de aceitá-la, vendendo suas ações
ao ofertante, ou dirigir ao proponente uma contraoferta, pelas ações deste
último, nos mesmos termos e condições que a proposta original. No caso desta
contraoferta, o proponente original é obrigado a vender suas ações.
3 - Tag Along – trata-se de cláusula que, nos moldes do art. 254-A da Lei n.
6404/76, obriga o adquirente das ações de qualquer dos contratantes a estender
a oferta aos demais signatários do acordo, nas mesmas condições. É um “direito
de venda conjunta” conferido, pelo acordo, aos seus signatários.
429 BARBI FILHO. Celso. Acordo de Acionistas. Ed. Del Rey. Belo Horizonte. 1993. Pg. 96/97
430 CARVALHOSA. Modesto. Acordo de Acionistas. Ed. Saraiva. São Paulo. 2011. Pg. 52.
431 “Quando a companhia entregar o serviço de escrituração, guarda, transferência e emissão
de certificados de suas ações a instituição financeira especializada, como autoriza o art. 27
da Lei n. 6.404/76, o arquivamento deverá ser feito pelo setor da companhia que cuida das
relações com a instituição financeira, ou, na sua ausência, pela Diretoria”. (BARBI FILHO. Celso.
Acordo de Acionistas... ob. Cit. Pg. 137)
432 O artigo 19 da Resolução n. 44/21 da CVM estipula que configura infração grave, para fins
do art. 11 da Lei n. 6.385/76, a violação de seus dispositivos. Desta forma, deixar de publicar
acordo de acionistas de companhia aberta, desde que devidamente arquivado em sua sede,
sujeita os responsáveis – no caso, os gestores da sociedade anônima aberta - às sanções
enumeradas pelo art. 11 da lei n. 6.385/76.
435 “Let us consider agreements such that the voting rights of their participants sum up to the
absolute majority of total voting shares. Then all relevant corporate decisions – that should be
taken by the general shareholders’ meeting – are de facto taken within the agreement, with the
shareholders’ meeting playing only a formal ratifying role. As a consequence, the redistribution
of power among the participants to an agreement is not – in general – a zero-sum game:
their VPCs sum up to a positive number equal to the overall voting power outside agreement
of the non- participating shareholders, who loose their power due to the agreement. In other
words, participants in agreements benefit from a ‘lever’age effect”: they are collectively able
to get a voting power disproportional to their voting equity”. (BAGLIONI. Angelo. Shareholders’
Agreement and voting power: evidence from Italian Listed firms. Disponível em: http://ssrn.
com/abstract=1092864)
437 MAMEDE. Gladston. MAMEDE. Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas vantagens –
planejamento jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 15ª edição. São Paulo.
Ed. GEN. 2022.
439 Sobre tais divergências, vale consulta à sistematização contida em: RIBEIRO. Renato
Ventura. Direito de Voto nas Sociedades Anônimas. Ed. Quartier Latin. São Paulo. 2009. Pg. 341
a 348.
440 “Atribui-se ao presidente da assembleia geral, entretanto, uma autoridade limitada: pode
ele negar-se a computar o voto lançado contra os termos do acordo, mas não pode suprir a
vontade do devedor e agir positivamente, votando como supõe que o acionista inadimplente
deveria ter votado”. ARAGÃO. Paulo Cezar. A disciplina do Acordo de Acionistas na Reforma da
Lei das Sociedades por ações (Lei n. 10.303/01). (in:). LOBO. Jorge. (Coord.). A Reforma da Lei
das Sociedades Anônimas. 2ª edição. Ed. Forense. Rio de Janeiro. 2003. Pg. 373.
443 Estratégia estritamente dominante é aquela que se mostra a melhor ação para aquele
jogador, qualquer que seja a estratégia do outro ou dos outros jogadores. “Um jogador racional
adotará uma estratégia dominante sempre que ela existir”. BIERMAN. H. Scott. FERNANDEZ.
Luis. Teoria dos Jogos. 2ª edição. Ed. Pearson Prentice Hall. São Paulo. 2011. Pg. 9.
444 O par. 8 do art. 118 da Lei n. 6.404/76 não permite, por ato do presidente da deliberação,
o suprimento do voto contrário ao acordo de acionistas, mas também não lhe nega poder de
autotutela, pois lhe autoriza a um só tempo aferir a contrariedade entre o voto dado e aquele
que deveria ter sido manifestado e também a não computa-lo na apuração final.
447 RIBEIRO. Renato Ventura. Direito de Voto nas Sociedades Anônimas. Ed. Quartier Latin. São
Paulo. 2009. Pg. 346/347.
448 O Código Civil (art. 1.011 par. 1º) e a Lei n. 6.404/76 (art. 147) estabelecem hipóteses de
inelegibilidade para o exercício da administração de sociedades.
449 Vale citar, neste sentido, o texto do art. 1.022 do Código Civil brasileiro: a sociedade adquire
direitos, assume obrigações e procede judicialmente, por meio de administradores com poderes
especiais, ou, não os havendo, por intermédio de qualquer administrador.
450 Administrar uma sociedade “(...) implica responsabilidade em procurar modelar o ambiente
econômico; em planejar, iniciar e levar adiante alterações nesse ambiente; e em constantemente
alargar os limites que as circunstâncias econômicas impõem à capacidade de contribuição da
empresa. O possível (as“condições econômicas” do economista) constitui, portanto, apenas um
pólo da direção da empresa. O outro pólo é representado pelo que se apresenta como desejável
no âmbito do interesse da economia e da empresa. E (...) cabe à direção a tarefa específica de
transformar aquilo que é desejável em possível, primeiro, depois em realidade. A administração
não é mera criatura da economia; é também criadora. E é apenas na medida em que domine
as circunstâncias econômicas e as altere, através de atos conscientemente conduzidos, que ela
realmente dirige.” DRUCKER, Peter F. Introdução à Administração. São Paulo: Thomson – IOB,
2004. Pg. 33/34.
451 Os decisivos reflexos que a estrutura, a composição e o perfil dos integrantes da
administração de uma sociedade têm sobre o resultado econômico de suas atividades não
escapa ao estudo de juristas, especialmente no Direito Norte-americano. Veja, a título de
exemplo: ROMANO. Roberta. BHAGAT. Sanjai. Empirical Sudies of Corporate Law. Center For
Law, Economics and Public Policy - Yale Law School. Research Paper No. 316. New Haven, May
2005. 108 Pg.
452 VIVANTE, Césare. Tratado de Derecho Mercantil. Vol. II. 1a ed. Madrid: Editorial Réus, 1932.
Pg. 285 e segs.
453 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Vol I. 25a ed. São Paulo: Saraiva, 2003. Pg.
423.
454 “O órgão não representa, presenta. A pessoa jurídica é que assina o título de crédito, ou
qualquer título circulável, ou o instrumento público ou particular de contrato, ou qualquer ato
jurídico, negocial ou não, posto que a mão que escreve seja a do órgão da sociedade, uma vez
que o nome de quem materialmente assina integre a assinatura. A pessoa jurídica pode outorgar
poderes de representação. Mas o órgão tem outros poderes, que resultam de sua investidura, na
conformidade dos atos constitutivos ou dos estatutos, ou de lei. O representante figura em nome
do representado; o órgão não é figurante; quem figura é a pessoa juridica ela se vincula em seu
próprio nome” PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. Vol n.
49. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1961. Pg. 113
455 LAMY FILHO, Alfredo. BULHÕES PEDREIRA, José Luis. A Lei das S. A. Vol. II. 2a ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 1996. Pg. 426
456 Complementa tal afirmativa o texto do art. 139 da Lei n. 6.404/76, que diz: “As atribuições
e poderes conferidos por lei aos órgãos de administração não podem ser outorgados a outro
órgão, criado por lei ou pelo estatuto.”
457 BANDEIRA DE MELLO, Oswaldo Aranha. Princípios Gerais de Direito Administrativo. V. II.
Rio de Janeiro: Forense, 1974. Pg. 78 e segs.
(diretores).” ASCARELLI, Tullio. Problemas das Sociedades Anônimas e Direito Comparado. 1a ed.
Campinas: Bookseller. 2001. Pg. 482.
461 Maria Silvia Zanella Di Pietro relata que comumente classificam-se os órgãos públicos,
quanto à sua composição, em singulares e coletivos, conforme sejam integrados por um
único indivíduo ou vários. Lembra, porém, que Renato Alessi apresenta critério um pouco
diverso, preferindo falar em órgãos burocráticos e colegiados. “Os primeiros são aqueles que
estão a cargo de uma só pessoa física ou de várias pessoas ordenadas verticalmente, isto é, de
forma que cada uma delas possa atuar individualmente, porém ligadas, para sua necessária
coordenação, por uma relação hierárquica. Quando se fala, por exemplo, de uma Diretoria,
sabe-se que existe o Diretor, que é o responsável pelo órgão, mas dentro desse órgão existem
outras pessoas ligadas ao dirigente, como secretárias, datilógrafos, contínuos. Já os órgãos
colegiados são, ao contrário, formados por uma coletividade de pessoas físicas ordenadas
horizontalmente, ou seja, com base em uma relação de coligação ou coordenação, e não uma
relação de hierarquia; são pessoas situadas no mesmo plano e que devem atuar coletivamente
em vez de individualmente, concorrendo a vontade de todas elas ou da maioria para a formação
da vontade do órgão.” DI PIETRO, Maria Silvia Zanella. Direito Administrativo. 14a ed. São Paulo:
Atlas. 2002. Pg. 351
466 É possível também a analogia entre a forma de repartição das competências entre
os diferentes órgãos das Sociedades Anônimas privadas e a divisão de Poderes em um
Estado Democrático de Direito. Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto, citando Charles Resteau,
lembrou que: “A sociedade anônima pode ser assemelhada a uma república democrata com
seus Poderes Legislativo, Executivo e Fiscalizador. O primeiro é a assembleia geral; o segundo,
a administração; e o terceiro, o conselho fiscal.(...) “Na sociedade anônima, como no regime
democrático, os três poderes são harmônicos e independentes. Cada um tem suas atribuições
traçadas na lei e nos estatutos, e só dentro de sua competência sua decisão tem valor.”. PEIXOTO,
Carlos Fulgêncio da Cunha. Sociedade por Ações. Vol. III. São Paulo: Saraiva, 1973. Pg. 1 e 2.
467 “Diante da flexibilidade contratual que se permite à sociedades limitadas, sua administração
poderá ser formada por apenas um órgão de administração, composto por administradores que
equivaleriam aos diretores da sociedade anônima, ou poderá ser formada, se assim dispuser o
contrato social, por um conselho de administração, que neste caso funcionará, como já referido,
sob as regras das sociedades anônimas desde que haja a indicação no contato social da Lei do
Anonimato como supletiva das omissões legais e contratuais.
Se a sociedade limitada optar por uma administração unitária, com apenas um órgão
semelhante à diretoria, poderá, ainda livremente regular a estrutura dessa administração,
instituindo um ou vários cargos de administrador – já que a lei não estabelece limite mínimo ou
máximo par ao número de administradores -, para os quais o contrato social deverá estabelecer
a distribuição de funções e a forma de representação”. CARVALHOSA, Modesto. Comentários
ao Código Civil. Vol. 13. São Paulo: Saraiva. 2004. Pg.108.
468 “Quando a limitada explora atividade econômica de pequena ou média dimensão, são
os próprios sócios (ou parte deles) que exercem, indistintamente, os atos de administração,
agindo em conjunto ou separadamente. Uma situação corriqueira, aliás, é a do sócio majoritário
empreendedor como o único administrador. À medida, contudo, que a sociedade se dedica
a atividades de maior envergadura, a administração da empresa se torna mais complexa, e
reclama maior grau de profissionalismo. Então, as tarefas gerenciais ou administrativas tendem
a ser repartidas, entre os sócios e profissionais contratados, em áreas compartimentadas da
gestão empresarial (administrativa, comercial, de produção, financeira etc.)” COELHO, Fábio
Ulhôa. A Sociedade Limitada no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. Pg. 51.
469 “Admitiu o Código Civil a designação por ato em separado, isto é, por instrumento diverso do
contrato social. Essa fórmula é apropriada para as sociedades nas quais o contrato social prevê
prazo certo de gestão. Evita, com isso, alterações contatuais periódicas, exclusivamente para
substituir ou para estender o mandato dos administradores escolhidos.” GONÇALVES NETO.
Alfredo de Assis. Direito de Empresa – Comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código Civil. Ed.
Revista dos Tribunais. São Paulo. 2007. Pg. 327.
470 Em sentido contrário, há que se admitir que a não impugnação, pelos demais
administradores, da medida tomada por qualquer deles implica na solidariedade, entre eles,
perante a sociedade e/ou os sócios, pelos prejuízos culposa ou dolosamente praticados.
de suas funções, que não correspondem a tais padrões. Os padrões de cuidado e diligência
são, portanto, enunciativos e não rígidos, e sua interpretação ampla. (...) Os standards previstos
na norma apontam para o princípio da boa-fé no desempenho das funções de administrador.
Consequentemente, este não é responsável por erros de julgamento em que, de boa-fé, tenha
incorrido na administração dos negócios da companhia, desde que fique demonstrado ter agido
como o devido cuidado e diligência.” CARVALHOSA, Modesto. Comentários... 3o Volume. Ob. Cit.
Pg. 267
480 REYES. Francisco. Direito Societário norte-americano. Ed. Quartier Latin. São Paulo. 2014.
Pg. 229.
481 SILVA. Alexandre Couto. Responsabilidade dos Administradores de S.A – business judgement
rule. Ed. Campus Elsevier. Rio de Janeiro. 2007.
482 “Os doutrinadores enfatizam que uma coisa é tomar uma decisão, e outra coisa é tomar
uma decisão informada. E acrescentam que a business judgment rule só protege a decisão
informada”. CORRÊA LIMA. Osmar Brina. Business Judgment rule. (In.). SILVA. Alexandre Couto
(Coord.). Direito Societário – Estudos sobre a Lei de Sociedades por ações. Ed. Saraiva. São
Paulo. 2013. Pg. 158.
485 O art. 1.015 do Código Civil é expresso ao estabelecer a estreita e direta conexão entre os
atos que podem ser praticados pelos administradores e o objeto social.
486 “Ultra vires is a latin expression which lawyers and civil servants us to describe acts
undertaken beyond (ultra) the legal powers (vires) of those who have purposed to undertake
them.” GOWER. L.C.B. Gower’s Principles of Modern Company Law. 5th Edition. London: Sweet &
Maxwell, 1992. Pg. 166.
487 RAGHUVANSHI. Raghavendra S. VAIDYA. Nidhi. Applicability of doctrine of ultra vires
on companies. Pg. 3. Disponível em: http://ssrn.com/abstract=1558971. Site consultado em
12/05/2016.
O filme Wall Street – Poder e cobiça é um verdadeiro clássico dos filmes relacionados
ao mercado financeiro. Nele se pode perceber, ao longo de todo o enredo, o valor de
informações privilegiadas para os investidores e as consequências, para o mercado, de sua
utilização. (Wall Street. Direção: Oliver Stone. Produção: A. Kitman Ho e Edward R. Pressman.
Estados Unidos. 1987.
491 CAHN. Andreas. DONALD. David C. Comparative Company Law. Cambridge University
Press. 2010.
492 Inclua-se também como insider trading a pessoa que, apesar de não ligada à companhia,
obtém a informação em questão por meio de alguém inserido na estrutura organizacional da
sociedade.
493 MANNE. Henry. Insider Trading and the Stock Market. The Free Press. New York. 1966.
494 Neste sentido, Manne ainda questiona o postulado de que a decisão de comprar ou
vender ações ao insider decorra, por parte daquele que não tem a informação privilegiada,
estritamente deste desconhecimento. “The most fundamental economic proposition in the
whole topic of insider trading is that no shareholder is harmed by a rule of law that allows the
exploitation of nonpublicized information about shares of publicly traded corporations. The
naive argument in defense of the SEC’s position on this subject is that if the shareholder had the
information (good news) the insider had, he would not sell his shares.” MANNE. Henry. Insider
Trading and the Stock Market. The Free Press. New York. 1966. Pg. 317.
495 As severas críticas a tal argumento são reconhecidas pelo próprio Henry Manne, em
posterior trabalho no qual ele retorna ao assunto. MANNE. Henry. Insider Trading: Hayek,
virtual markets, and the dog tha did not bark. Journal of Corporation Law, Vol. 31, No. 1, Fall
2005, pp. 167-185
496 “Manne identified two principal ways in which insider trading benefits society and/or the firm
in whose stock the insider traded. First, he argued that insider trading causes the market price
of the affected security to move toward the price that the security would command if the inside
information were publicly available. If so, both society and the firm benefit through increased
price accuracy. Second, he posited insider trading as an efficient way of compensating managers
for having produced information. If so, the firm benefits directly (and society indirectly) because
managers have a greater incentive to produce additional information of value to the firm”.
BAINBRIDGE. Stephen M. Manne on Insider Trading. UCLA School of Law. Law & Economics.
Research Paper Series. Research Paper n. 08. Pg. 04.
497 “If the information is not made public then the prices of some goods are not adjusted and
consequently people continue to consume resourses at one price when in fact these resources
should command a different price. There is a net social loss for the period between the time the
information became known to the insiders and when it became known to the general public. To
the extent that the insider trading moves the prices closer to their proper level the net social loss
is reduced. The more the insiders make use of the information the more rapidly the price rises
and the lower the net social loss. It is the standard invisible hand effect.” WATKINS. Thayer. Henry
Manne´s position on insider trading and property rights. Disponível em http://www.sjsu.eduu/
faculty/watkins/manne.htm. Site consultado em 02/03/2016.
498 Não se pode pressupor, com fundamento, que todos os investidores disponham do
mesmo grau de informação sobre as ações no mercado de valores mobiliários. É, ao contrário,
lícito que cada investidor busque se informar sobre a realidade econômica das companhias
e, em decorrência disso, use para si tais informações e faça suas opções de investimento.
A diferença central entre o investidor que busca, por seus próprios meios, informações
relevantes e o insider trading é que o primeiro obtém tais informações com seu esforço,
arcando com os respectivos custos.
Já o insider trading obtém a informação não divulgada sem qualquer esforço ou custos, mas
pelo simples fato de ocupar uma posição na estrutura corporativa.
499 É, por exemplo, como negociar um carro usado com seu antigo dono. O vendedor
tem um grau de informação muito mais completo sobre o estado do veículo, o que lhe
permite precificar melhor o produto. Já o potencial comprador, por não dispor de tal grau de
informação, não tem critérios adequados para fixar o preço. Esta assimetria de informações
acaba por levar a uma transação ineficiente, posto que o comprador tende a pagar, pelo
carro, mais do que ele vale.
Este exemplo é a base de um trabalho hoje fundamental para a compreensão da assimetria
informacional como falha de mercado e suas consequências: AKERLOF. George. The market
for lemons: quality uncertainty and the market mechanism. Quarterly Journal of Economics.
The MIT Press. 1970. Pg. 488/500.
500 Não se deve confundir o insider trading e a obrigação de transparência com situações
nas quais dois ou mais agentes econômicos estabelecem entre si, em uma fase ainda pré
contratual, acordo de confidencialidade. O objetivo deste último é proteger as informações
que forem, nesta fase pré contratual, trocadas entre os negociadores. Trata-se de evitar que
um deles use ou divulgue as informações que, em razão das negociações em curso, são
fornecidas pelo outro.
É lícito – e mesmo recomendável – que, nas tratativas anteriores a um contrato, as partes
desta negociação estabeleçam a recíproca proibição de divulgação ou uso das informações
que, como forma de viabilizar a conclusão do negócio, são colocadas à disposição mútua.
Nesta hipótese, o sigilo é válido e funciona mesmo a favor do mercado, pois impede que
as informações trocadas nesta fase pré-contratual – muitas vezes referentes à estrutura ou
funcionamento das partes – se tornem irrestritamente conhecidas.
Desta forma, é preciso que haja outra pessoa ou grupo para o qual o ato de
divulgar imediatamente a informação produzida seja a melhor escolha, dentro
de um adequado sistema de incentivos e preços. Entre esta pessoa ou grupo e
João haveria o que se denomina de jogo não cooperativo – ou jogo de soma zero
– posto que o ganho de um corresponde exatamente à perda do outro.
501 Sobre esse e outros conflitos de agência, confira o capítulo seguinte, relativo ao processo
decisório na companhia e suas regras de governança.
506 Art. 159 par. 4º da Lei n. 6.404/76: se a assembleia deliberar não promover a ação, poderá
ela se proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital
social.
507 O termo “a princípio” é usado pois muitas vezes essa prerrogativa garantida à referida
minoria qualificada do capital social pode tornar-se instrumento de abuso, como no caso das
denominadas strike suits do direito norte-americano. ‘’Strike suits. Shareholder derivative action
begun with hope of winning large attorney fees or private settlements, and with no intention of
benefiting corporation on behalf of which suit is theoretically brought.’’ Black’s Law Dictionary.
Sixth Edition, St. Paul, Minn. West Publishing Co, 1990. Veja também: BRANDI. Tim Oliver.
The strike suit: A common problem of the derivative suit and the shareholder class action.
Dickinson Law Review. vol. 98. nº3. 1994.
508 Imagine-se, por exemplo, que o administrador a ser responsabilizado civilmente seja
pessoa de estreita ligação com o controlador da companhia. Nesta hipótese, é pouco
provável que a maioria do capital social autorize a propositura da demanda indenizatória.
510 Tome-se, para fins de ilustração, o seguinte exemplo: em uma determinada sociedade,
um acionista – controlador ou não - entende que seria de interesse da companhia realizar a
compra de um certo imóvel, para instalação do estabelecimento.
Com esta convicção, este acionista externaliza sua iniciativa, a qual não tem, até o presente
momento, nenhum poder de vincular nem a companhia, terceiros ou mesmo o autor da
sugestão.
Se esta iniciativa for ratificada pelo órgão competente – Conselho de Administração ou
Assembleia Geral de Acionistas, conforme o caso – torna-se uma decisão corporativa, a ser,
agora com poder vinculante, observada por toda a estrutura interna da sociedade.
Cabe, a seguir, a implementação desta decisão, que se consubstancia quando a companhia,
nos termos decididos, coloca em prática o ato, contratando a compra do imóvel com seu
vendedor e, a partir de então, vinculando-se em relação a este terceiro.
511 “In broad terms, the decision process has four steps: initiation—generation of proposals for
resource utilization and structuring of contracts; ratification—choice of the decision initiatives to
be implemented; implementation—execution of ratified decisions; and monitoring—measurement
of the performance of decision agents and implementation of rewards”. JENSEN. Michael C.
FAMA. Eugene F. Separation of ownership and control. Journal of Law and Economics, Vol.
XXVI, June 1983. Pg. 302
512 “Because the initiation and implementation of decisions typically are allocated to the same
agents, it is convenient to combine these two functions under the term decision management.
Likewise, the term decision control includes the ratification and monitoring of decisions. Decision
management and decision control are the components of the organization’s decision process or
decision system”. JENSEN. Michael C. FAMA. Eugene F. Separation of ownership and control.
Journal of Law and Economics, Vol. XXVI, June. 1983. Pg. 302.
513 A análise de Jensen e Fama refere-se à esta divisão de competências decisórias como um
intrincado nexo de relações contratuais, estabelecidos internamente à estrutura corporativa.
Em que pese a relevância destas relações contratuais intracorporativas, não se pode deixar
de lado que, no caso da Lei n. 6.404/76, a competência de cada órgão social, ao longo do
processo de gerenciamento e controle de decisões, é estabelecida diretamente pela lei, fixa
a competência de todos os órgãos corporativos.
514 A afirmação de que os órgãos de administração são competentes para a iniciativa do
processo decisório não significa tratar-se de competência privativa deles. Ao contrário, esta
iniciativa pode advir de qualquer pessoa ou grupo interessado na companhia, faça ou não
parte de sua estrutura interna, como sócios minoritários, controladores, empregados ou
mesmo credores, consumidores e fornecedores, por exemplo.
“Numa organização não complexa, a informação é centralizada pelos agentes que tomam
decisões; numa organização complexa, a informação é descentralizada”. MACKAAY. Ejan.
ROUSSEAU. Stéphane. Análise Econômica do Direito. Ed. Atlas. São Paulo. 2014. Pg. 534.
Assim, quanto maior a complexidade da organização corporativa, mais descentralizada a
informação e, por isso, mais ampla a gama de pessoas ou grupos fáticamente habilitados a
propor iniciativas.
Já em organizações menos complexas, a capacidade de propor iniciativas restringe-se
eminentemente àquele grupo que dispõe de informações suficientes para isso.
515 Importa lembrar que nas companhias fechadas sem a presença do Conselho de
Administração em sua estrutura organizacional (art. 138 par. 2º da Lei n. 6.404/76), a
implementação de decisões concentra-se exclusivamente na Diretoria da corporação.
516 “Assim, justamente, se ensina ter, em princípio, a deliberação assemblear, de per si, um
caráter interno, devendo ser, pois (aos cuidados dos diretores ou de outrem com poderes
a respeito), manifestada a terceiros para ter relevância quanto a estes. Por sua vez, entre os
diretores, alguns podem ter o poder de manifestar a terceiros a vontade social (e, por isso,
de obrigar a sociedade perante terceiros), tendo, no entanto, também os outros, o poder de
concorrer (é óbvio, nos limites decorrentes da lei, do estatuto e das deliberações assembleares)
para a determinação da vontade social que, em seguida, deve ser manifestada a terceiros.
ASCARELLI. Tullio. Problemas das sociedades Anônimas e Direito Comparado. Ed. Bookseller.
Campinas. São Paulo. 2001. Pg. 496. nota n. 1025.
538 Utiliza-se o termo stakeholders para denominar genericamente estas pessoas e grupos
cujos interesses estão ligados à companhia. A relação da companhia com estes stakeholders
está no centro da discussão sobre responsabilidade social da companhia. ROSSETTI. José
Paschoal. ANDRADE. Adriana. Governança Corporativa – fundamentos, desenvolvimento e
tendências. Ed. Atlas. São Paulo. 2004. Pg. 35.
Sobre o tema, merece consulta o material referido abaixo, elaborado pela B3:
h t t p s : // w w w . b 3 . c o m . b r / d a t a / f i l e s / 1 A / D 7 / 9 1 /
AF/132F561060F89E56AC094EA8/Guia-para-empresas-listadas.pdf
O filme “O mago das mentiras” (Wizard of Lies. Direção: Barry Levinson. Produção:
HBO movies. Estados Unidos. 2017) trata do caso verídico de Bernie Madoff, outrora
considerado um mago dos investimentos nos Estados Unidos. Vale observar, ao
longo de todo o filme, que suas criminosas ações foram, de certa forma, viabilizadas
pela inexistência de instrumentos eficazes de transparência, descentralização e
circulação de informações referentes às atividades realizadas.
544 CARVALHOSA. Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. Vol. III. 6ª edição. Ed.
Saraiva. São Paulo. 2014. Pg. 405 e seg.
Governança Corporativa
Essencialmente sujeitas a conflitos, a relações societárias devem ser reguladas para que
prevaleça a transparência e a boa-fé entre os envolvidos, de forma a evitar a existência de
ações ocultas ou oportunistas capazes de comprometer as atividades da companhia ou o
mercado
546 “Assim, o estatuto deve disciplinar o órgão, dispondo se o seu funcionamento será
permanente ou se dependerá da solicitação dos acionistas minoritários para que se instale e
passe a funcionar naquele exercício social” (EIRIZIK. Nelson. A Lei das S.A Comentada. Vol. II. Ed.
Quartier Latin. São Paulo. 2012. Pg. 428).
547 Esta alteração deve, em rápida síntese, atender aos seguintes requisitos:
1 – A alteração de cláusula estatutária para transformar a atuação do Conselho Fiscal de
facultativa em permanente deve ser aprovada em Assembleia Geral Extraordinária de
Acionistas, convocada expressamente para este fim.
2 – Esta Assembleia Geral Extraordinária somente se instala, em primeira convocação, com a
presença de, no mínimo, três quartos do capital votante.
3 – Esta aprovação ocorre por maioria absoluta do capital social. (CARVALHOSA. Modesto.
Comentários à Lei das Sociedades Anônimas. Vol. III. Pg. 420)
548 Previsão similar existe também para os membros de Conselho Fiscal das Sociedades
Limitadas, que, uma vez empossados, exercerão suas atividades, salvo cessação anterior, até
a próxima deliberação anual (art. 1.067 do Código Civil).
551 Analisadas à luz dos conflitos de agência é possível ver, nestas previsões de votação em
separado, uma tentativa de coordenar os múltiplos e conflitantes interesses dos principais, no
caso representados pelos acionistas da companhia.
552 CARVALHOSA. Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. Vol. III. Ob, cit. Pg.
423.
553 Diferentemente do que se tem no Código Civil, a Lei n. 6.404/76 estabelece, no
Conselho Fiscal das Sociedades Limitadas. De sua análise pode-se também concluir que a
formação ou implementação das decisões tomadas pelos quotistas passam ao largo dos
poderes do Conselho.
556 A conclusão é a mesma em se tratando do Conselho Fiscal das Sociedades Limitadas,
dada a similitude de conteúdo entre as atribuições deste órgão na Lei n. 6.404/76 e no
Código Civil.
557 “A fiscalização a ser exercida pelo Conselho Fiscal sobre os atos dos administradores deve
restringir-se tão-somente à verificação do atendimento dos seus deveres legais e estatutários.
Assim, o órgão fiscalizador não possui competência para apreciar o conteúdo da gestão
societária, ou seja, não lhe cabe entrar no julgamento do mérito e da conveniência das
decisões empresariais tomadas pelos administradores. EIZIRIK. Nelson. Conselho Fiscal.
(in:) LOBO. Jorge. (coord). Reforma da Lei das Sociedades Anônimas. 2a edição. Ed. Forense.
Rio de Janeiro. 2003. Pg. 462/463. LAMY FILHO. Alfredo. BULHÕES PEDREIRA. José Luiz.
A Lei das S.A. 2a edição. 2o volume. Ed. Renova. Rio de Janeiro. pg. 456). Nesse sentido é
particularmente interessante observar que se o Conselho Fiscal realiza alguma, qualquer
quer seja, interferência na formação das decisões gerenciais da sociedade, começa ele a ser
responsável por elas, perdendo, deste modo, sua feição mais importante, que é a de isenção
e independência em relação às atividades que se destina a fiscalizar.
560 The value of the equity stake sold by the entrepreneur depends on the choice of corporate
governance. This choice is taken to be binary in this model and essentially a ‘weak/strong’ choice.
Under a strong governance regime, the firm has an independent audit committee, deciding
whether or not to appoint an auditor and selecting the quality of any audit, and an independent
board of directors implementing the auditor’s recommendations. Under this regime, both the
audit committee and the board of directors are assumed to take the decisions maximizing the
value of the firm’s equity. In contrast, under a weak governance regime, the entrepreneur takes
the decisions maximizing his own welfare. (FRANTZ. Pascal. INSTEFJORD. Norvald.Corporate
Governance, shareholder conflicts and audit quality. http://ssrn.com/abstract=669024. Site
consultado em 30/04/2013.
565 Em essência, o termo “captura” é usado para identificar situações nas quais um órgão
regulador é, em sua composição, ocupado por pessoas voltadas para defender os interesses
daqueles agentes que estão sujeitos ao poder regulador do órgão.
É, por exemplo, o caso de uma agência reguladora do setor de telefonia, na qual os seus
principais dirigentes sejam escolhidos por direta interferência das companhias telefônicas.
Nesta hipótese, o órgão regulador passa a funcionar no interesse daquela pessoa ou grupo
a quem deveria orientar e fiscalizar, perdendo sua razão de ser. Sobre o tema, há três
trabalhos de fundamental referência: STIGLER. George J. A Teoria da Regulação Econômica;
POSNER. Richard. A. Teorias das Regulação Econômica e PELTZMAN. S. A Teoria Econômica
da Regulação depois de uma década e desregulação. A versão traduzida de todos pode ser
encontrada em MATTOS. Paulo. (Coord.). Regulação Econômica e Democracia: o debate norte-
americano. Editora 34. São Paulo. 2004. Veja também: BÓ. Ernesto Dal. Regulatory Capture: a
review. Oxford Review of Economic policy. Vol. 22. n. 2. Oxford Univesity press. 2006. Pg. 203 a
225.
566 É positivamente relevante a previsão legal das hipóteses de eleição em separado para
determinados grupos de acionistas e, também, o reconhecimento da competência individual
de atuação para os conselheiros fiscais, de modo a evitar ou minimizar o risco de “captura”
ora abordada.
567 Embora não expressamente referido na Lei n. 6.404/76, tem se tornado comum a criação
estatutária do chamado “Comitê de Auditoria”, órgão obrigatório para as companhias sujeitas
às regras americanas de transparência (consolidadas pela denomina Sarbanne Oxley Act, ou
simplesmente SOX), mas facultativo no regime jurídico nacional.
Embora muito semelhante ao Conselho Fiscal, o Comitê de Auditoria teria, em tese, uma
função menos fiscalizadora e mais de aconselhamento, orientação e monitoramento dos
administradores, de forma a prevenir – e não reprimir – ilegalidades na gestão empresarial.
569 É nesse sentido o radical, mas ilustrativo exemplo de Fischer Black. “There is no easier
way for a company to escape the burden of a debt than to pay out all of its assets in the form of
a dividend, and leave the creditors holding an empty shell. BLACK. Fischer. The dividend puzzle.
The journal of portfolio management. 1976. Pg. 9. Cópia eletrônica em http://web.cenet.org.cn/
upfile/46880.pdf. Site consultado em 22/08/2012.
576 LEUZ. Christian. WYSOCKI. Peter. Economic consequences of financial reporting and
disclosure regulation: a review and suggestions for future research. Disponível em: http://
ssrn.com/abstract=1105398. Site consultado em 24/08/2012. BUSHMAN. Robert. M.
SMITH. Abbie J. Transparency, Financial Accounting Information and Corporate Governance.
EconomicPolicyReview.N.65.2003.Disponívelem:http://www.newyorkfed.org/research/
epr/03v09n1/0304bush.pdf. Site consultado em 14/11/2105.
577 LEUZ. Christian. SCHRAND. Catherine. Disclosure and the cost of capital: evidence from
firm’s responses to the Enron shock. Disponível em: http://www.nber.org/papers/w14897. Site
consultado em 12/04/2014.
580 EASTERNBROOK. Frank H. FISCHEL. Daniel R. The corporate contract. (in:) BEBCHUK.
Lucien Arye. (Coord) Corporate Law and Economic Analysis. Cambridge University Press. NYC.
2005. Pg. 203.
2 - Espécies
um novo ente societário (‘incorporated joint venture’). ANTUNES. José Augusto Q. L. Engrácia. Os
Grupos de Sociedades - Estrutura e organização jurídica da empresa plurissocietária. Livraria
Almedina. Coimbra. 1993. Pg. 71.
587 O citado dispositivo legal exige que a sociedade de comando seja, em relação às
filiadas, “titular de direitos de sócio ou acionista”, o que exclui as hipóteses de controle sem a
participação no capital da sociedade controlada - o chamado “controle externo”.
610 Embora seja previsão ampla prevista tanto no Código Civil quanto na Lei n. 6.404/76, esta
sucessão obrigatória nas operações de concentração empresarial está também acolhida em
outros pontos da legislação, como na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):
“Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos
por seus empregados.”
“Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os
contratos de trabalho dos respectivos empregados.”
611 É, por exemplo, a hipótese de uma sociedade que incorpore outra cujo passivo se mostre
relativamente alto. Considerando que os credores da sociedade incorporada agora passam
a ser credores da incorporadora, os titulares de crédito contra esta última estarão, com a
operação, sujeitos a ter esvaziado o patrimônio de seu devedor – a sociedade incorporadora
- pela adesão dos credores da incorporada.
612 “A incorporação consiste, portanto, na absorção de uma sociedade por outra, com os
seguintes efeitos: a unificação dos corpos sociais das duas sociedades: os sócios da incorporada
passam a ser sócios da incorporadora: a unificação de patrimônios: o patrimônio da incorporada
é consolidado no da incorporadora, que a sucede universalmente; e a extinção da incorporada,
sem liquidação: apenas a pessoa jurídica incorporadora continua a existir após a operação”.
LAMY FILHO, Alfredo. BULHÕES PEDREIRA, José Luis. A Lei das S A ... Ob. Cit. Pg. 560
616 É o que se encontra expresso no art. 224, I da Lei n. 6.404/76, que obriga o Protocolo
a prever “o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição dos
direitos de sócio que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar as relações de
substituição”.
Assim, é necessário descrever no Protocolo quantas ações das sociedades incorporadas
correspondem a uma ação da incorporadora ou, no caso da fusão, quantas ações de cada
uma das sociedades fusionadas corresponderão a uma ação da sociedade resultante da
fusão, além dos critérios contábeis adotados para a fixação desta relação.
618 CAMPOS NETTO, Ezequiel de Melo. Cisão das Sociedades Limitadas. Rio de Janeiro:
Forense, 2004. Pg. 8.
619 Veja-se neste sentido o par. 1o do art. 229 da Lei n. 6.404/76: (...) a sociedade que
absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações
relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem
parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios
líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados.
620 Em inexplicável orientação, o Código Civil brasileiro omitiu-se não só quanto à definição
da operação de cisão quanto em relação ao seu procedimento. Isto posto, afigura-se o mais
adequado empregar-se, por analogia, as regras da Lei n. 6.404/76, exceto no que tange ao
direito dos credores (art. 1.122 do Código Civil), matéria excepcionalmente cuidada de forma
expressa. GONÇALVES NETO. Alfredo de Assis. Direito de Empresa. Ed. Revista dos Tribunais.
São Paulo. Pg. 495.
621 “A operação de transformação compreende dois procedimentos diferentes, que podem
ser discernidos lógica e cronologicamente, e que a lei de sociedades por ações regula em
dispositivos distintos: a) a deliberação dos sócios da sociedade a ser transformada e b) os atos
necessários para que a sociedade passe a revestir a forma do novo tipo adotado”. LAMY FILHO,
A Lei n. 13.874, de 2019, alterou o artigo 1.052 do Código Civil para admitir,
expressamente, a criação de sociedade limitada com apenas um sócio.
Esta sociedade limitada unipessoal terá seu ato constitutivo redigido, no que for
compatível, com as mesmas cláusulas essenciais ao contrato social (art. 997 do
Código Civil).
622 José A. Engrácia Antunes distingue, neste aspecto, entre as situações de domínio total
originário e domínio total superveniente. Por domínio total original chama o autor a hipótese
da sociedade subsidiária integral que se constitui já nesta condição enquanto a situação de
domínio total superveniente configura-se quando ocorre a aquisição da totalidade do capital
social de uma sociedade já constituída por outra. (ANTUNES. José A. Engrácia. Os Grupos de
Sociedades. Livraria Almedina. Coimbra. 1993. Pgs. 709 e segs.)
623 O art. 251 da Lei n. 6.404/76 exige que a sociedade controladora de subsidiária integral
seja brasileira. Sobre os critérios legais para a definição da nacionalidade de sociedade, há
que se observar tanto os dispositivos da própria lei n. 6.404/76 (art. 269) quanto do Código
Civil (art. 1.126).
624 O par. 1º do art. 251 da Lei n. 6.404/76 reitera que os bens eventualmente utilizados pela
controladora na integralização do capital social da subsidiária integral devem ser previamente
avaliados, na forma do art. 8º da mesma Lei n. 6.404/76.
625 “A lei brasileira, admitindo a existência da sociedade anônima tendo um só acionista,
permite que isso aconteça de duas maneiras: ou por constituição, por sociedade brasileira, de
uma sociedade anônima em que todas as ações pertençam à primeira, ou por conversão de
uma sociedade já existente em subsidiária integral, passando todas as ações a pertencer à
sociedade brasileira”.(MARTINS, Fran. Comentários à Lei das S.A. Vol. III. 2ª edição. Ed. Forense.
Rio de Janeiro. Pg. 315).
626 CARVALHOSA. Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. Vol. IV, Tomo II, ob.
Cit. pg. 243. CORRÊA-LIMA. Osmar Brina. Sociedade Anônima. Ed. Del Rey. Belo Horizonte. Pg.
435.
627 Embora salientando ser esta a orientação prevalecente também no direito norte americano
e no direito alemão, Modesto Carvalhosa diverge, ressaltando ser inadmissível conferir-se à
assembleia geral da sociedade controladora os poderes deliberativos sobre as atividades
da sociedade subsidiária integral.“Será, assim, a assembleia de um único sócio totalitária e
unânime, sendo sua função, portanto, atípica no que se refere a estabelecer o consenso a partir
da reunião de sócios que devem contribuir com suas opiniões para o surgimento da vontade
social.”(CARVALHOSA. Modesto. Comentários... Vol. IV. Tomo II. Ob. Cit. Pg. 136.)
628 Waldírio Bulgarelli (O Conselho Fiscal nas Companhias brasileiras. Ed. Revista dos
Tribunais, 1988 pg. 127 e segs) e José Anchieta da Silva (Conselho Fiscal nas Sociedades
Anônimas Brasileiras. Ed. Del Rey. 2000. Pgs 50 e segs) vêem neste órgão a função precípua de
instrumento de proteção aos acionistas minoritários o que, de certa forma, leva à conclusão
de sua incompatibilidade com o instituto da sociedade unipessoal.
1 – Concentração empresarial
631 “Os recursos de produção são também denominados fatores de produção. Eles são
constituídos pelas dádivas da natureza (fator terra), pela população economicamente
mobilizável (fator trabalho), pelas diferentes categorias de capital (fator capital) e pelas
capacidades tecnológicas (fator tecnologia) e empresarial (fator empresarialidade ou
organizacão). (...) Do emprego desses cinco fatores de produção, de sua disponibilidade, de suas
qualificações ou capacitações, das formas de sua mobilização e de sua interação resultam
os padrões de atendimento das ilimitáveis necessidades individuais e sociais.” ROSSETTI, José
Paschoal. Introdução à Economia. 20a edição. São Paulo: Ed. Atlas, 2003. Pg 91.
635 “Os custos, como todos nós sabemos, são geralmente calculados em termos monetários
e incluem salários, rendas, taxas e juros, e ainda os montantes pagos por matérias-primas,
combustíveis, energia, transportes, etc.” STANLAKE. George Frederik. Introdução à Economia.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. Pg 95.
636 É verdade, entretanto, que os custos de produção não se restringem ao que paga o
empresário a título de salários, rendas, juros e demais recompensas aos fatores de produção
agregados por ele. Há ainda o que a Economia conhece por custos de oportunidade,
representados por aquilo que o empresário está “deixando de ganhar” se, ao invés de dedicar
seu tempo e seus recursos ao exercício da empresa, fosse cuidar de efetuar outro tipo de
atividade. Custos de oportunidade são, em essência, aquilo que o empresário deixa de ganhar
por exercer a atividade empresarial. Ao optar pela produção ou distribuição empresarial de
bens ou serviços, esta pessoa física ou jurídica – o empresário – abdica de outras opções de
ganho, as quais são identificadas pelo termo “custos de oportunidade”. MANKIW, Gregory.
Introdução à Economia. 3a ed. São Paulo: Thomson Learning, 2005. Pg 51. STIGLITZ, Joseph E.
WALSH, Carl E. Introdução à Microeconomia. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2003. Pg 31.
637 “When undertaking a transaction, parties to the transaction must incur several sorts of costs.
Ex ante costs are incurred before the transaction takes place. If the transaction is to be governed
by a written contract, the contract must be drafted. Whether governed by a contract or simply by
verbal commitments, the terms of the transaction must be negociated. Ex post cost are incurred
in consummating and safeguarding the deal that was originally struck.” KREPS, David M. A
Course in Microeconomic Theory. New Jersey: Princeton University Press, 1990. Pg. 743.
638 Foi com o texto “The Nature of The firm”, já referido no Capítulo I, que Ronald Coase
postulou as premissas fundamentais da concepção de empresa ora apresentada.
639 “(...) at the microlevel, transaction costs consist of those costs associated within contracting
between private parties.” MERCURO, Nicholas. MEDEMA, Steven G. Economics and the law –
from Posner to Post-Modernism. New Jersey: Princeton University press. 1999, Pg. 131.
but with suppliers, customers, creditors, and so on. The problem of agency costs and monitoring
exists for all of these contracts, independent of whether there is joint production in their sense; i.e.,
joint production can explain only a small fraction of the behavior of individuals associated with
a firm.” JENSEN. Michael C. MECKLING. William H. Theory of the Firm: Managerial Behavior,
Agency Costs and Ownership Structure. Journal of Financial Economics, October, 1976, V. 3,
No. 4, Pg. 305-360.
642 Trade-off é um termo que se refere ao dilema que uma pessoa ou grupo enfrenta ao
ter que escolher entre duas alternativas incompatíveis uma com a outra. “Descansar” ou
estudar”? “Poupar ou gastar”?
643 Segundo Oliver Williamson, a Teoria da Empresa de Ronald Coase enfatiza que empresa
e mercado são formas alternativas de obtenção dos insumos necessários à produção de bens
ou serviços. A primeira delas – empresa - marcada pela verticalização ou centralização, já que
os fatores de produção se sujeitam à organização única, dada pelo empresário. Já a segunda
alternativa – mercado - é caracterizada pela obtenção de insumos de forma pontual, por
meio de contratos estabelecidos entre o agente econômico que necessita de tais insumos
e seu fornecedor. “In mundane terms, the issue is that of make-or-buy.” WILLIAMSON. Oliver
E. WINTER. Sidney G. (ed.) The nature of the firm – origins, evolution, and development. Oxford
University Press. 1993. Pg. 4.
644 “Companies seeking to expand are faced with a choice between internal growth and growth
throught mergers and acquisitions.” (GAUGHAN, Patrick A. Mergers, acquisitions and corporate
restructuring. 3. Ed. New York: John Wiley & Sons, Inc. 2002. Pg. 111)
651 Sobre incompletude contratual e contratos relacionais: BAKER. George. GIBBONS, Robert.
MURPHY, Kevin J. Relational Contracts and the Theory of the Firm. 1997. COOTER. Robert. ULEN,
Thomas. Direito & Economia. 5a edição. Ed. Bookman. Porto Alegre. Pg. 226 e segs.
652 “A passagem do tempo entre a troca de promessas e seu cumprimento cria incertezas e
riscos. Incertezas e riscos representam obstáculos às trocas e à cooperação”. COOTER. Robert.
ULEN. Thomas. Direito e Economia. Ed. Bookseller. Porto Alegre. Pg. 208.
653 “Dois fatores influem sobre o comportamento individual, limitando o uso de contratos de
longo prazo: a racionalidade limitada e o oportunismo. A racionalidade limitada se refere às
dificuldades das pessoas em acumular e analisar a informação de modo confiável. Assim, se
tiverem a intenção de se comportar racionalmente, as pessoas ficarão restritas pelos limites
heurísticos. (...) O oportunismo se torna possível pelas assimetrias informacionais entre as partes.
As assimetrias decorrem de revelação incompleta., deformada ou falsificada da informação.
Interferem nas capacidades, preferências ou intenções das partes.” MACKAAY. Ejan. ROUSSEAU.
Stéphane. Análise Econômica do Direito. Segunda Edição. Ed. Atlas. São Paulo. Pg. 520/521.
654 Exemplo similar é encontrado na obra de Robert Pindyck e Daniel Rubinfeld, baseado
na hipotética fabricante de motores chamada Race Car Motors: “Suponhamos que haja um
mercado competitivo para os motores que ela fabrica e utiliza em seus automóveis. Se o preço
de mercado for baixo, a empresa talvez queira adquirir uma parte ou a totalidade de seus
motores no mercado exterior a ela; se, ao contrário, for alto, ela talvez queira vender no mercado
os motores que produz. (...) Pode parecer estranho que a Race Car Motors tenha de adquirir
motores no mercado competitivo, quando é capaz de produzi-los. Entretanto, se ela produzisse
todos os motores, o custo marginal para produzi-los seria mais elevado do que o preço no
mercado competitivo”. PINDYCK. Robert. RUBINFELD. Daniel. Microeconomia. 8ª edição. Ed.
Pearson. São Paulo. 2013. Pg. 440/4
655 ¨The most importante single atribute tha is responsible for bilateral dependency, which is the
contracting condition that is fundamentally responsible for vertical integration, is the condition
os asset specificity”. WILLIAMSON. Oliver E. Mergers, acquisitions, adn leveraged buyouts:
na efficiency assessment. (In:) BEBCHUK. Lucian Arye (coord.). Corporate Law and Economic
Analysis. Cambridge University Press. 1990. Pg. 5.
Soube da mais nova ideia do candidato à presidência dos EUA Donald Trump para
tornar a nação imperiosa novamente? Forçar a Apple a fabricar seus produtos nos
domínios norte-americanos.
Durante discurso na Liberty University, em Virgínia, Trump disse que faria com que
a Apple fabricasse seus “malditos computadores e coisas neste país no lugar de
outros”.
Ele não especificou como faria isso, mas seu raciocínio é bem claro: ele prefere
que empresas norte-americanas fabriquem produtos como o iPhone e a Apple
TV nas próprias terras, não na China, país que, segundo o próprio, está roubando
empregos do seu povo.
Mas fica aqui a questão: quanto custaria um iPhone 100% norte-americano e o que
seria necessário para ter um?
“Já falamos sobre isso antes”, me disse ao telefone Wayne Lam, analista de
eletrônicos de telecomunicação na empresa de pesquisas IHS Technology (A IHS
é a empresa que desmonta iPhones para calcular quanto custam para a Apple.
O iPhone 6s Plus, vendido por US$ 749, tem custo estimado de fabricação de US$
236). “Seria loucura enviar peças da Ásia para os EUA. Criaria uma camada de
complexidade extra no processo de fabricação num tempo em que tudo é muito
mais acessível na Ásia.”
Esses componentes made in Asia incluem telas, memória e cases, disse Lam
(Trump não especificou se forçaria a Apple a montar os iPhones nos EUA, ou se
forçaria a Apple a montá-los nos EUA com apenas peças norte-americanas, o que
seria impossível sem virar de cabeça pra baixo a cadeia global de suprimentos
para eletrônicos).
Para estimar quanto um iPhone 100% americano custaria aos consumidores, liguei
para Kyle Wiens, CEO dos especialistas em reparo de eletrônicos iFixits.
“Fabricar produtos da Apple nos EUA não é impossível, é uma questão dos
consumidores estarem dispostos a pagarem mais por eles”, disse ao telefone.
Com alguns cálculos simples, Wiens disse que os consumidores poderiam pagar
por volta de US$ 50 a mais por um iPhone montado nos EUA.
Isso porque muitos dos trabalhadores chineses ganham “pouco mais que o
salário mínimo, cerca de US$ 270 mensais na China, um quarto do salário mínimo
americano”, de acordo com a “The Economist”. Essa diferença tem de sair de algum
lugar e de forma alguma sairia dos cofrinhos (recheadíssimos) da Apple.
A Apple talvez tenha dado a largada meses atrás ao começar a montar o Mac Pro
nos EUA.
Claro, se Trump for eleito presidente e conseguir impor uma tarifa de 45% em tudo
que vier da China, como ameaçou fazer, isso mudará dramaticamente as contas
feitas pela Apple. Se custará à empresa 45% a mais trazer seus aparelhos para os
EUA, então talvez faça sentido montá-los localmente (caso do Brasil, com suas
elevadas taxas).
Perguntei então à IHS sua opinião sobre políticos que querem cantar de galo com
essa conversinha de trazer empregos de volta para os EUA: é só papo ou os EUA
estão prestes a voltarem às suas raízes industriárias?
“Temos uma economia global, penso que você tem de aceitar e lidar com isso”,
disse Dan Panzica, analista de terceirização de serviços e fabricação da IHS, ao
telefone.
Não é a primeira vez que um político implorou à Apple que leve suas fábricas para
os EUA. De acordo com o “The New York Times”, o presidente Obama perguntou a
Steve Jobs em fevereiro de 2011 porque a Apple não poderia fabricar o iPhone nos
EUA.
http://m.folha.uol.com.br/tec/2016/01/1732422-quanto-custaria-o-iphone-100-
norte-americano-de-donald-trump.shtml. Site consultado em 04/05/2016.
O porte das fábricas chinesas, hoje maiores e bem mais ágeis que as americanas,
é outro motivo para continuar a produção fora de casa. Um ex-executivo da Apple
conta que, poucas semanas antes de o iPhone ir para as prateleiras, em 2007, a
companhia redesenhou a tela do dispositivo, forçando a revisão da montagem do
aparelho, segundo o NYT. Assim, na China, o chefe dos operários teria acordado 8
mil deles, que dormiam em seus quartos dentro da fábrica.
Fabricar um iPhone nos Estados Unidos custaria US$ 65 a mais que na China, onde
a estimativa de custo de produção é de US$ 8. Isso minimizaria o lucro da Apple,
apesar de não eliminá-lo. (O preço médio de venda do iPhone é de US$ 600, o que
rende margem bruta de cerca de 40% à Apple, calcula o Business Insider. Assim, o
lucro bruto da Apple com cada iPhone é de aproximadamente US$ 250, segundo
o site.).
http://www.sitedalogistica.com.br/products/por-que-a-apple-fabrica-o-iphone-
na-china-/. Consultado em 02/05/2016.
2 - O recesso societário
657 No Brasil a admissão do recesso societário ocorreu inicialmente por via do artigo 15 do
Dec. 3708/19, regulador das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. ‘’Provém o
artigo 15 do Dec. 3708/19 do parágrafo 3º do art.41 da lei portuguesa de 1901, introdutora das
sociedades por quotas no direito português. Esta se inspirou no artigo 158 do Código Comercial
italiano de 1882 que, por sinal, repetiu o artigo 159 do Código de 1865 - artigo que primeiro
regulou, no direito societário em geral, o direito de recesso’’ MARTINS, Fran. Retirada de Sócio
por permissão contratual e apuração de Haveres, em Novos Estudos de Direito Societário. Ed.
Saraiva, São Paulo, 1987, Pg. 232.
658 Admitir que um sócio possa, a qualquer tempo e por sua mera decisão pessoal, infundada
e incondicionada, exigir o rompimento parcial do contrato social fragiliza excessivamente
uma relação jurídica como a de sociedade, a qual depende, regra geral, de certo grau de
perenidade e estabilidade.
o direito de retirada para todas as limitadas a apenas três hipóteses incomuns, aprisionando
indefinidamente e promovendo crises políticas”. NUNES. Marcelo Guedes. Dissolução Parcial
na Sociedade Limitada. (IN) COELHO. Fábio Ulhôa. (Coord.) Tratado de Direito Comercial. Vol. II.
Ed. Saraiva. São Paulo. 2015. Pg. 231.
664 “Neste caso [art. 1.029 do Código Civil] desejando [o sócio] sair, é-lhe deferido o direito
de retirada, a ser exercido por meio de simples notificação, da qual não é exigido que conste
qualquer motivo (“denúncia vazia”). Esta é a situação que abre ao sócio a possibilidade de retirar-
se da sociedade quando ocorre a quebra da affectio societatis em relação aos demais, pois a
crise do relacionamento entre os sócios em si mesma não gera tal direito”. VERÇOSA. Haroldo
Malheiros Duclerc. Direito Comercial – Sociedades. 3ª edição. Ed. Revista dos Tribunais. São
Paulo. 2014. Pg. 224.
665 Sobre a evolução interpretativa da dissolução parcial de sociedade com base no art.
335, V do Código Comercial de 1850: BARBI FILHO. Celso. Dissolução Parcial de Sociedade
Limitada. Ed. Mandamentos. Belo Horizonte. 2006.
666 Como já ressaltado, esta notificação se presta a dar ciência aos demais membros e não
a obter a sua anuência à manifestação de vontade do sócio retirante.
667 Se a sociedade for por prazo determinado o recesso não pode, com fundamento no art.
1.029, efetuar-se imotivadamente, sendo, ao contrário, necessário que o sócio baseie seu
pedido em “justa causa”, termo que se refere ao cumprimento das obrigações dos sócios
para com a sociedade e vice-versa.
Assim, para que o sócio de uma sociedade por prazo determinado possa pleitear o recesso
societário, com base no art. 1.029 do Código Civil, é preciso demonstrar que o contrato social
não está sendo devidamente cumprido, ao menos com relação a ele.
677 Sócio remisso é aquele que não cumpre, no prazo e forma estipulados, o dever de
integralizar suas quotas ou ações.
acarretou, a nosso ver, inadequada e excessivamente ampla solução para a matéria. Passou-
se a conferir validade a exclusão extrajudicial de sócio quotista por simples deliberação da
maioria do capital social – e independente de cláusula contratual neste sentido - tendo como
fundamento (ou “justa causa”) a alegação de simples “desarmonia” com o membro excluido.”
(LUCENA. José Waldecy. Das Sociedades Limitadas. 9a edição. Ed. Renovar. Rio de Janeiro.
2012. Pg. 601 e segs).
683 Não se pense, entretanto, que o Código prevê a sanção de exclusão por violação
aos deveres de colaboração apenas para os sócios minoritários. Ocorre que, como se
demonstrará, a exclusão do sócio majoritário, por violação de seu dever de colaboração, se
efetua judicialmente.
Por outro lado, chama a atenção a exigência, pelo art. 1.085 do Código Civil, de quórum
majoritário tanto segundo o número de sócios quanto com base no montante do capital
social.
684 GONÇALVES NETO. Alfredo de Assis. Direito de Empresa. Ed. Revista dos Tribunais. São
Paulo. 2007. Pg. 395.
694 Apesar de o art. 1.030 se referir apenas ao sócio cuja falência tenha sido decretada, a
mesma solução se aplica àquele integrante submetido ao concurso civil de credores, já este
instituto é, como a falência, uma espécie do gênero concursal, em que ocorre a arrecadação
de todo o patrimônio do devedor para rateio entre seus credores.
695 Neste sentido o disposto no art. 82 da Lei n. 11.101/05, que disciplina o processo de falência
e a recuperação de empresas: “A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade
limitada, dos controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas
respectivas leis, será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da realização
do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, observado o procedimento
ordinário previsto no Código de Processo Civil.”
696 As sociedades anônimas de capital aberto cujas ações sejam penhoradas para pagamento
de dívida contraída por acionista estão expressamente apartadas deste procedimento. Nelas,
A série Succession (Succession. Criação: Jesse Armstrong. Produção: HBO. Estados Unidos.
2018) aborda as dificuldades e conflitos que constantemente ocorrem quando, em uma
sociedade, chega o momento da troca de gerações no controle e gestão das atividades. Tal
questão é particularmente complexa em sociedades ditas “familiares”, como as apresentadas
na série.
É extremamente comum a sociedade controlada por pessoas que tenham, entre si, laços
familiares. Até aqui, não há problema. A dificuldade ocorre quando as pessoas confundem
suas decisões+ familiares com as empresariais, adotando critérios das primeiras para as
segundas.
Decisões familiares são pautadas por sentimentos, não pela razão e objetividade, ao contrário
do que se espera de decisões empresariais. Por isso, as sociedades controladas e/ou geridas
entre familiares muitas vezes afastam possíveis parceiros
701 ‘’É visto, assim, que o objeto específico da instituição de que nos ocupamos [apuração de
haveres] é operar a transmutação do direito patrimonial abstrato de sócio (enquanto jungido ao
contrato), convertendo-o normalmente em prestação pecuniária exigível. É forma instrumental
que dá corpo e objetividade exterior à situação jurídica preexistente, advinda da ruptura parcial
do vínculo societário, possibilitando (conforme seus resultados) a exigibilidade, por parte do
sócio ou de que o substitua, do crédito apurado’’. ESTRELLA. Hernani. Apuração dos haveres de
sócio. 2ª Edição, Editora Forense, Rio de Janeiro, 1992, Pg. 170.
702 A apuração de haveres é procedimento realizado necessariamente após a ocorrência,
no interior da sociedade, de qualquer hipótese de dissolução parcial. ‘’(...) em se verificando
o afastamento de sócio com a sobrevivência da sociedade, se faz mister determinar e liquidar
os seus haveres ou, eventualmente, fixar sua responsabilidade. É essa a destinação específica,
para a qual a providência foi concebida e aperfeiçoada. Por conseguinte, o âmbito próprio de
sua aplicação é o desligamento de sócio, por qualquer uma das já apontadas causas: morte,
despedida voluntária, exclusão, incapacidade superveniente e falência.” ESTRELLA. Hernani.
Apuração dos haveres de sócio. 2ª edição, Editora Forense, Rio de Janeiro, 1992, Pg.167/168
708 Veja-se, por exemplo, uma sociedade cujos ativos estejam atrelados ao valor do Dólar:
uma guinada brusca na cotação desta moeda em relação ao Real – algo que pode ocorrer
“de um dia para o outro” – altera bruscamente o valor dos ativos ou do passivo da sociedade,
refletindo diretamente na apuração dos haveres do sócio.
709 Trata-se de bens e direitos sem existência física, como patentes e direitos sobre marcas
ou referentes ao “ponto comercial”. COELHO. Fábio Ulhôa. Curso de Direito Comercial. Vol. I. 17ª
edição. Ed. Saraiva. São Paulo. 2013. Pg. 169.
jurídica. “Esse método supera algumas das dificuldades do lucro contábil e retrata os potenciais
econômicos dos componentes do patrimônio, inclusive o goodwill”. GORGA. Érica. Direito
Societário Atual. Ed. Elsevier. São Paulo. 2013. Pg. 221.
717 Por ganhos marginais entende-se, na situação, aquilo que um dos envolvidos – sócios
remanescentes ou retirante - obterá além do que foi oferecido, pela parte contrária, em
solução negociada para o pagamento dos haveres.
Já os custos marginais são, além dos gastos com a demanda e com a produção da informação
que respalde maior pedido, os denominados custos de oportunidade, que decorrem da falta
de disponibilização completa dos valores apurados enquanto não finalizada a divergência.
Sobre ganhos marginais, custos marginais e custos de oportunidade, confira: PINDICK. Robert.
RUBINFELD. Daniel. Microeconomia. 8ª edição. Ed. Pearson. São Paulo. 2013. Págs. 220 e segs.
718 Quando os quotistas vão realizar a integralização de sua parcela do capital social, é
amplamente admitida a opção por parcelamento ou realização futura do valor das quotas.
De forma similar, parece inquestionável admitir-se que os haveres de sócio sejam igualmente
pagos de maneira parcelada ou em data futura a ser contratualmente fixada, o que evitará –
sem comprometimento dos direitos do sócio que se retira – o salientado impacto negativo
sobre as atividades sociais.
724 Para uma acertada escolha entre estas duas opções o acionista dissidente dependerá
sobretudo de informações de qualidade sobre a companhia, seu patrimônio e sobre os
movimentos do mercado secundário de ações em geral.
725 Deixa-se de lado, para esta finalidade, as chamadas sociedades não personificadas, que,
como o próprio nome indica, não alcançam a condição de pessoa jurídica, configurando-se
apenas como relações de natureza contratual.
734 O art. 1.052 do Código Civil (com redação dada pela Lei n. 13.874/19) admite a constituição
de sociedade limitada com um único sócio. Neste caso, por óbvio, a causa de dissolução total
aqui tratada não incidirá.
735 Semelhante causa dissolução societária, aplicável apenas à sociedade em comandita, é
aquela prevista pelo art. 1.051 do Código Civil e que incide quando, por período superior a 180
(cento e oitenta) dias, apresenta-se a sociedade deste tipo sem ao menos um sócio de cada
uma das duas categorias de membros que a caracterizam, quais sejam: sócio comanditado
e sócio comanditário.
736 Afigura-se adequado, diante do art. 1.052 parágrafo primeiro do Código Civil, que o sócio
único de sociedade limitada possa optar pela redução da sociedade em questão à forma
unipessoal, com as necessárias alterações contratuais.
737 O art. 206, III da Lei n. 6.404/76 repete tal causa dissolutória citando-a como decorrente
não de ato dos sócios (extrajudicial, portanto) mas de decisão administrativa, tomada pela
autoridade competente para autorizar o funcionamento da companhia.
743 José Waldecy Lucena não distingue quanto a aplicabilidade, às Sociedades Limitadas,
das causas dissolutórias judiciais e extrajudiciais, previstas respectivamente nos artigos
liquidação. Já o Código Civil não contém dispositivo similar, o que, entretanto, não impede
a mesma conclusão, dada a própria essência do procedimento liquidatório e dos atos
praticados durante seu curso.
748 “A liquidação termina quando se fixa, em moeda corrente, o montante preciso da soma a ser
reembolsada ao sócio quotista”. CORRÊA LIMA. Osmar Brina. Sociedade Limitada. Ed. Forense.
Rio de Janeiro. 2006. Pg. 200.
749 Neste sentido o art. 211 par. único da Lei n. 6.404/76 e art. 1.036 do Código Civil.
750 Diferentemente do que se tem no regime do Código Civil, a Lei n. 6.404/76 prevê, em
seu art. 208, a obrigatória existência de Conselho Fiscal no curso do processo de liquidação
da companhia, o qual será de funcionamento permanente ou a pedido de qualquer acionista,
conforme disposto no estatuto.
751 Termo de difícil caracterização, os tais “negócios inadiáveis” podem ser abstratamente
concebidos como aqueles referentes ao cumprimento de obrigações constituídas antes da
verificação da causa dissolutória ou aqueles necessários à preservação do patrimônio da
sociedade em vias de encerrar suas atividades e existência jurídica.
752 Embora voltada para seu encerramento, trata-se a sociedade em liquidação de uma
pessoa jurídica representada, como ora se vê, pelo seu liquidante. Este, portanto, não está
dispensado, como qualquer representante de pessoa jurídica, dos deveres fundamentais de
diligência, obediência e lealdade. Saliente-se, inclusive, que tanto a Lei n. 6.404/76 (art. 217)
quanto o Código Civil (art. 1104) expressamente equiparam, para fins de responsabilidade, o
liquidante aos administradores da sociedade em liquidação.
753 A Lei n. 6.404/76 refere-se, neste ponto, à obrigação do liquidante de providenciar, no
prazo fixado pela Assembleia Geral de Acionistas ou pelo juiz – em caso de liquidação judicial
- o Balanço Patrimonial da companhia.
755 Ainda sobre o procedimento de liquidação judicial de sociedade, cabe salientar o art.
1.112 do Código Civil prevê que o juiz do processo liquidatório deve convocar os sócios para
participação em assembleia ou reunião na qual deliberarão sobre os interesses da liquidação.
756 LUCENA. José Waldecy. Das Sociedades Limitadas... ob. Cit. Pg. 847.
757 O artigo 1.037 do Código Civil estabelece ainda, nessa hipótese, o prazo de 15 (quinze)
dias para que o Ministério Público promova tal ação de liquidação judicial da sociedade, sob
a consequência de, em não o fazendo, permitir à autoridade administrativa que retirou da
sociedade a autorização para funcionar a nomeação de interventor na pessoa jurídica, sendo
então este último legitimado à propositura da ação de liquidação judicial.
Já a Lei n. 6.404/76 não se refere, em seu art. 209, II, a esta possibilidade de intervenção
administrativa na companhia dissolvida, mas autoriza a provocação do Ministério Público,
para o requerimento de liquidação judicial da companhia, também se interrompida por mais
de 15 (quinze) dias sua liquidação extrajudicial.
758 Para comprovar tal frequência, basta rápida consulta aos repositórios jurisprudenciais do
país, em especial do Superior Tribunal de Justiça (www.stj.jus.br), para que se veja o quanto
chegam ao Judiciário situações como a descrita.
Anna Chromý
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