Temperatura Do Óleo No Motor Através de Sensores NTC

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Luiz Akyhito Miyazaka - N.

USP 8957047
Murilo da Silva Furlan - N.USP 9013060
Vitor Hugo de Carvalho Gomes - N.USP 8957134
William Koji Yonamine - N.USP 8956992

Monitoramento da temperatura do óleo no motor através


de sensores NTC

Disciplina Baja - Relatório técnico.

Universidade de São Paulo


Campus São Carlos
Engenharia Elétrica/Ênfase em Eletrônica

São Carlos
Junho de 2017
Agradecimentos

O agradecimento deste trabalho é direcionado ao Professor Edson Gesualdo 1 e ao


grupo Baja 2 , que uniram o aprendizado teórico de uma disciplina com um trabalho
prático, permitindo que os alunos tenham uma melhor compreensão da diferença entre o
que é aprendido durante as aulas e a sua aplicação, além de reforçar o entendimento de
como um engenheiro deve trabalhar e se organizar diante de um problema, elaborando e
desenvolvendo um projeto que contenha a sua solução.
Também agradecemos aos servidores técnicos que nos auxiliaram durante a elabo-
ração dos testes práticos, assim como o professor José Marcos Alves 3 por disponibilizar
o laboratório aberto de inovação e empreendedorismo e o grupo Warthog Robotics 4 , por
gentilmente cederem o laboratório para que os testes fossem realizados.

1
<http://143.107.182.35/sel/?page_id=33>
2
<http://www.bajaeescusp.com/>
3
<http://143.107.182.35/sel/?page_id=33>
4
<https://www.wr.sc.usp.br/pt/>
Resumo
O objetivo do documento é demonstrar o processo de desenvolvimento, orientações das
etapas propostas para a aquisição da temperatura do óleo no motor do carro do grupo
Baja, o qual possui um projeto de extensão universitária promovido pela SAE (Society of
Automotive Engineers).
A aquisição da temperatura do óleo será realizada através de sensores NTC (Negative
Temperature Coefficient) inseridos internamente ao tanque de óleo do motor com circuitos
de tratamento e discrepância projetados para aprimorar a leitura.
Palavras-chaves: Sensor NTC. Baja. Tanque de óleo. Medição de temperatura.
Lista de ilustrações

Figura 1 – Motor Briggs & Stratton compatível com o utilizado pelo grupo Baja . 8
Figura 2 – Componentes do motor Briggs & Stratton do projeto . . . . . . . . . . 9
Figura 3 – Entrada inferior para reabastecimento e instruções de uso . . . . . . . 9
Figura 4 – Exemplo de tampa usada que será perfurada . . . . . . . . . . . . . . . 10
Figura 5 – Funcionamento do termopar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Figura 6 – Exemplo de RDT - PT 100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Figura 7 – Circuito integrado LM35 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Figura 8 – Circuito de linearização final projetado . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Figura 9 – Circuito de Incongruência do Sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Figura 10 – Módulo subtrator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Figura 11 – Circuito módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 12 – Circuito Comparador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 13 – Chave eletrônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 14 – Gráfico da saída linearizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 15 – Gráfico da saída do circuito subtrator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 16 – Gráfico da saída do circuito módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 17 – Gráfico da saída do circuito comparador de janela . . . . . . . . . . . . 21
Figura 18 – Gráfico da saída do circuito média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 19 – Gráfico da saída do circuito de incongruencia . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 20 – Circuito de incongruência do sinal montado em protoboard . . . . . . . 22
Figura 21 – Saída do osciloscópio obtido do circuito subtrator . . . . . . . . . . . . 23
Figura 22 – Saída do osciloscópio obtido do circuito média . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 23 – Saída do osciloscópio obtido do circuito módulo . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 24 – Saída do osciloscópio obtido do circuito comparador de janela . . . . . 24
Figura 25 – Saída do osciloscópio obtido do circuito na etapa final . . . . . . . . . . 24
Figura 26 – Saída saturada no osciloscópio, obtido do circuito modulo . . . . . . . 25
Figura 27 – Saída saturada no osciloscópio, obtido do circuito subtrator . . . . . . 25
Figura 28 – Esquemático da PCI realizada no EAGLE (frontal) . . . . . . . . . . . 26
Figura 29 – Esquemático da PCI realizada no EAGLE (traseira) . . . . . . . . . . . 26
5

Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 PROBLEMATIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3 PARÂMETROS DE ESTUDO E DESENVOLVIMENTO . . . . . . . 8


3.1 Tanque de óleo do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.2 Sensores de temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.2.1 Termopar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.2.2 RDT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.2.3 LM35 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.2.4 Termistor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.3 Circuito de linearização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.4 Circuito de incongruência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.4.1 Subtrator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.4.2 Módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.4.3 Comparador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.4.4 Chave eletrônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.5 Considerações adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4 SIMULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.1 Circuito Linearizador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.2 Circuito de incongruência de sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

5 MONTAGEM E TESTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5.1 Testes em Protoboard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5.2 PCI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

7 APÊNDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
7.1 Código MatLab do circuito linearizador . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
6

1 Introdução

O projeto Baja SAE é um desafio lançado aos estudantes de engenharia que oferece
a chance de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, visando
incrementar a preparação dos alunos para o mercado de trabalho. Ao participar do projeto
Baja SAE, o aluno se envolve com um caso real de desenvolvimento de projeto, desde sua
concepção, projeto detalhado e construção final. No Brasil, o projeto recebe o nome de
Projeto Baja SAE BRASIL.
Em vista da proposta proporcionada pelo projeto Baja SAE, a disciplina SEL0352
- Instrumentação Eletrônica II, visa apresentar um desafio prático de projeto de instru-
mentação eletrônica. O problema apresentado foi a medição dinâmica da temperatura do
óleo do motor. A escolha dos componentes utilizados e do método de aquisição de dados,
se deu através de análises técnicas e de custo, visando também um projeto inovador.
O amadurecimento do projeto, ocorreu ao longo de seu desenvolvimento, através de
exposições e palestras realizadas para colegas de classe e professores, onde as ideias de
circuitos e equipamentos eram debatidas.
7

2 Problematização

O carro do projeto BAJA, não possui medidor de temperatura do óleo do motor.


Tal indicador é importante para evitar problemas com um superaquecimento constante
do óleo, o que pode acarretar em danos nos componentes do motor além de comprometer
o próprio desempenho do carro. É necessário projetar um sistema robusto e eficiente,
que suporte todas as condições adversas pelo qual um carro do BAJA passa, assim como
encontrar um projeto viável e econômico.
Foram considerados diversos sensores que serão melhor discutidos na seção de senso-
res no capítulo de "Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento". Também, foi considerado
o projeto mecânico do tanque de óleo do motor, uma vez que ele é o ambiente no qual o
nosso sistema irá trabalhar.
Ao longo do desenvolvimento, foram discutidos os problemas com a alta temperatura
e robustez em que o projeto é submetido, bem como a forma de aquisição do sinal (circuitos
e componentes eletrônicos) e o local em que este deve ser instalado.
8

3 Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento

Neste capítulo, serão discutidos os parâmetros que foram levados em consideração


na elaboração do projeto. As principais condições de contorno levadas em consideração
foram o tanque do motor e a escolha do sensor.
Esses considerações surgiram a partir de pré-requisitos iniciais em que o projeto foi
apresentado. Com o estudo das características do atual motor utilizado pelo grupo Baja
(visto na Figura 1), pode-se discutir pontos de acesso ao óleo do motor para o sensor
e as faixas de temperatura em que este deverá trabalhar. Outro requisito notado é o
microcontrolador PIC utilizado (da série 18F), para onde as informações de temperatura
deverão ser enviadas. As informações devem acompanhar os níveis de tensões de entrega
e portas disponíveis no PIC com conversor AD.

Figura 1 – Motor Briggs & Stratton compatível com o utilizado pelo grupo Baja

3.1 Tanque de óleo do motor


Primeiramente, estudou-se o motor que será trabalhado. Obtendo o manual de ope-
rações e instruções deste, foi possível ter acesso às informações necessárias para avançar
no projeto. As partes do motor podem ser vistas na Figura 2.
É de interesse do projeto saber quais entradas do motor permitem acesso ao óleo
usado nas circulações, para que se possa medir a temperatura diretamente no líquido para
uma maior precisão na leitura do sensor. São notadas três entradas possíveis: a entrada
de óleo superior com vareta de medição de nível (número 11 na Figura 2), a entrada de
óleo inferior para reabastecimento (número 13 na Figura 2) e a entrada de óleo inferior
com checagem de nível (número 14 na Figura 2).
Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 9

Figura 2 – Componentes do motor Briggs & Stratton do projeto

Após conversas com as partes interessadas do grupo BAJA SAE e uma verificação
do carro montado com o motor, observou-se sua disposição e ficou evidente que a entrada
com maior acessibilidade e menor interferência para o uso do carro seria a entrada inferior
para reabastecimento (número 13 na Figura 2). Esta fica exposta na parte traseira do carro
e pode suportar os sensores que realizarão a leitura da temperatura. A entrada está mais
evidenciada na Figura 3.

Figura 3 – Entrada inferior para reabastecimento e instruções de uso

Com o ponto de entrada do sensor determinado, é necessário agora projetar o modo


de introdução deste sensor pelo canal disponível de forma robusta para não permitir
vazamentos, falhas de leitura e danos no sensor em si devido a movimentação ou vibração
intensa do carro.
Para tal, foi idealizada uma substituição da tampa atual da entrada de óleo, por
uma customizada. A tampa customizada possui uma perfuração do tamanho exato da
fiação do sensor, com comprimento suficiente para este ficar totalmente imerso no óleo.
Essa nova abertura na tampa deve ser vedada de forma a evitar vazamento. A fiação que
sai da tampa para a parte externa deve seguir a estrutura do carro até seu painel de
Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 10

controle onde os circuitos de aprimoramento da medição do sensor está localizado.

Figura 4 – Exemplo de tampa usada que será perfurada


Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 11

O último dado necessário a ser retirado no motor é a faixa de temperatura de


trabalho do óleo para dimensionar os sensores corretamente. Como essa informação não
existia oficialmente, estimou-se inicialmente, através de conversas com membros do Baja,
uma faixa de temperatura de 25∘ 𝐶 a 200∘ 𝐶. Entretanto, com o avanço do projeto e um
conhecimento melhor das partes envolvidas, julgou-se uma faixa de operação mais exata,
dada entre 25∘ 𝐶 a 120∘ 𝐶; sendo que entre 80∘ 𝐶 a 120∘ 𝐶 deverá ser a mais importante
para leitura, com maior precisão.

3.2 Sensores de temperatura


O sensor de temperatura foi escolhido levando em consideração a sua temperatura
de operação máxima e mínima, o preço de compra, e a inovação técnica que seria gerada
devido a sua seleção.
O sensor deverá trabalhar principalmente à temperatura de 25∘ 𝐶 até 120∘ 𝐶, como
observado na Seção 3.1. O sensor também precisa apresentar robustez mecânica, uma
vez que o carro do Baja trafega em terrenos muito acidentados e está sujeito a batidas
e vibrações. Os tipos de sensores térmicos considerados inicialmente para o projeto estão
listados a seguir.

∙ Termopar

∙ RDT

∙ LM35

∙ Termistor (NTC e PTC)

3.2.1 Termopar
O termopar é um sensor de temperatura simples e robusto. Seu funcionamento gira
em torno do efeito seebeck, em que a junção de dois metais gera uma tensão em função
da temperatura de cada material.

Figura 5 – Funcionamento do termopar


Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 12

Apesar de ser um sensor simples, o seu sinal de saída é altamente ruidoso e de difícil
condicionamento, fatores que inviabilizaram a sua escolha para o projeto. Além disso, o
seu preço é muito alto, inviabilizando a sua compra para o projeto.

3.2.2 RDT
O RDT é amplamente utilizado em sistemas de alta performance para a medição
de temperatura. A sua faixa de operação é grande e razoavelmente linear; por isso, o seu
circuito de tratamento de sinal pode ser bastante simples de se implementar.

Figura 6 – Exemplo de RDT - PT 100

Dentre os sensores analisados, o RDT é o melhor sensor para a aplicação desse


projeto, por possuir um circuito de condicionamento simples e por ser um componente
amplamente divulgado na comunidade de projetista. Entretanto, isso torna o projeto
muito simples e pouco inovador para os âmbitos do trabalho, deixando um retorno escasso
de conhecimento para os integrantes do grupo. Por conta disso, o sensor RDT foi rejeitado
para uso nesse projeto.
Outro ponto que corroborou para tal decisão foi o seu preço. O RDT é o sensor
mais caro dentre os analisados, apresentando um preço médio de R$300,00 por unidade.
Considerou-se a possibilidade de fabricação caseira de tal sensor, mas o grupo encontrou
dificuldades em encontrar receitas de produção dos RDT’s e, além disso, a fabricação
deveria ser perfeita para um bom funcionamento e minimização dos erros de medidas.
Esta opção também foi descartada.

3.2.3 LM35
O LM35 é um circuito integrado produzido pela Texas Instruments. É um sensor
muito utilizado para aquisição de baixas temperaturas, possuindo uma faixa de tempe-
ratura de operação de −55∘ 𝐶 e 150∘ 𝐶. Em seu funcionamento, o pino de saída (output)
terá um valor de tensão que varia entre a alimentação (Vcc) e o terra (GND), dependendo
da temperatura em que este é submetido.
Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 13

Figura 7 – Circuito integrado LM35

O circuito de condicionamento do sinal do LM35 é simples e apresenta uma saída


linear, entretanto a sua temperatura máxima de operação (150∘ 𝐶) é um problema visto
que o óleo pode atingir temperaturas maiores, caso haja alguma problema com o motor.
Ao atingir tais temperaturas elevadas, a medição ficará comprometida e o circuito de
aquisição, juntamente com o CI, poderá ser danificado. Assim, o LM35 não é viável para
ser utilizado no projeto, uma vez que são nessas temperaturas acima do normal em que
o sistema deverá medir com mais precisão, para informar ao piloto e à equipe sobre os
possíveis problemas de temperatura que estão ocorrendo no carro.

3.2.4 Termistor
O termistor dentre todos os sensores, é o sensor mais barato e simples. O termistor
é um semicondutor sensível à temperatura, podendo ser NTC ou PTC, cujo coeficiente
de variação à tensão é negativo e positivo respectivamente. A sua curva característica
de temperatura por resistência apresenta variação exponencial, assim o seu circuito de
condicionamento do sinal precisa levar tal fato em consideração. No mais, o tratamento
do sinal é um grande desafio pois a variação da resistência do termistor em temperaturas
elevadas é muito baixa, assim uma variação de um grau em um temperatura elevada,
representa uma variação de poucos miliohms no termistor. Esse sensor também apresenta
uma grande faixa de operação, e uma grande inovação, uma vez que não é comum de se
utilizar o termistor para esse tipo de aplicação.
O termistor escolhido foi o disponível na loja Ca and Ma, uma vez que é inviável
a compra de componentes no exterior devido ao alto custo de frete. Tal modelo suporta
temperaturas até 160∘ 𝐶, apresenta um fio de isolação e um encapsulamento que facilita
a instalação do sensor no tanque de óleo.
Tal thermistor não possui um data-sheet, portanto os coeficientes de Steinhart Hart
do sensor em questão, deverão ser calculados através do método experimental. Os coefi-
cientes A, B e C da expressão 3.1, são determinados através de um sistema de equação,
onde uma temperatura T conhecida é aplicada e o valor de R é medido, repete-se esse
Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 14

procedimento 3 vezes, e então o sistema linear é calculado, obtendo-se assim os coeficiente.

1
= 𝐴 + 𝐵.𝑙𝑛(𝑅) + 𝐶[𝑙𝑛(𝑅)]2 (3.1)
𝑇

3.3 Circuito de linearização


Após escolher o termistor como sensor de temperatura do projeto, deve-se traba-
lhar em cima de sua não-linearidade visto que esta característica afeta diretamente seu
monitoramento e processamento, que deve ser ajustado para operação em um formato de
melhor manipulação, logo é necessário um circuito que linearize sua resposta.
Um dos métodos mais simples de linearização é o de ponto de inflexão, onde toma-se
a temperatura central da faixa (𝑇𝐶 ) e a resistência (𝑅𝑇 𝐶 ) neste ponto de inflexão da curva
de 𝑅𝑃 , que representa o resistor a ser adicionado em paralelo ao termistor, obtendo-se a
equação 3.2. 𝛽 é o coeficiente de temperatura do material do sensor.

𝛽 − 2.𝑇𝐶
𝑅𝑃 = 𝑅𝑇 𝐶 . (3.2)
𝛽 + 2.𝑇𝐶
Usando esta relação, substituiu-se as variáveis com os dados disponíveis em datashe-
ets e achou-se um valor para 𝑅𝑃 próximo de 9𝑘Ω, entretanto após algumas simulações
usando o software LTSpice foi-se iterando com algumas disposições ligeiramente diferen-
tes para diminuir o erro de linearização para a faixa de 80∘ 𝐶 a 200∘ 𝐶 (embora essa faixa
de temperatura esperada tenha sido diminuída posteriormente manteve-se este circuito
calculado para a faixa inicial), o que proporcionou a Figura 8, especificidades e as imagens
de simulação podem ser vistas no Capítulo 4 - Simulação.
Pode-se notar que além do 𝑅𝑃 (no caso representado por R2) calculado há o resistor
R3 em série com a resistência do termistor e ainda uma segunda resistência de outro
termistor em série com a associação em paralelo montada anterior, isso se deve aos re-
sultados obtidos após várias iterações com o circuito durante a fase de simulação, neste
caso conseguiu-se diminuir a influência de pequenas variações que possam ocorrer nos
termistores causando erros e também melhorou a porcentagem de erro no sinal de saída
para altas temperaturas.
O sinal de saída linearizado encontra-se entre a associação em paralelo e o segundo
termistor conforme a Figura 8, entretanto este não é entregue diretamente ao microcon-
trolador para processamento, ainda passa por uma etapa de detecção de incongruência
descrita a seguir na Seção 3.4.
Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 15

Figura 8 – Circuito de linearização final projetado

3.4 Circuito de incongruência


Visando optimizar os pinos disponíveis do microcontrolador PIC, foi criado um
circuito de incongruência do sinal que detecta quando o sensor não está funcionando
adequadamente. O seu funcionamento baseia-se na comparação de medição entre dois
circuitos com termistores idênticos, onde caso um deles apresente mal funcionamento, o
PIC deixa de receber a informação de temperatura, indicando assim que há uma falha na
medição.
A figura 9 sintetiza a totalidade do circuito de incongruência, tal circuito será se-
parada em módulos para facilitar a explicação acerca de seu funcionamento. Os módulos
que compõem o circuito são:Subtrator,Módulo,Comparador de janela, Chave eletrônica.

3.4.1 Subtrator
O circuito Subtrator está sintetizado na figura 10. Ele é composto de um amplifi-
cador Operacional, e 4 resistores de valor 1kΩ. A sua configuração permite realizar uma
subtração analógica dos valroes de tensão de Vin2 e Vin1, ficando a expressão:

𝑉𝑑 𝑖𝑓 = 𝑉 𝑖𝑛2 − 𝑉 𝑖𝑛1 (3.3)

A subtração é realizada com o intuito de verificar se o circuito de medição 1 está


com um medida muito diferente do circuito 2, caso a medida entre os dois esteja muito
diferente um dos circuitos não está funcionando corretamente podendo ocasionar uma
medida errônea de temperatura.
Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 16

Figura 9 – Circuito de Incongruência do Sinal

Figura 10 – Módulo subtrator

3.4.2 Módulo
O circuito "Módulo"(11) faz com que o resultado do circuito subtrator apresente
apenas valores positivos de tensão, uma vez que caso Vin1 apresente um valor maior que
Vin2, a saída V_dif terá valor negativo (3.3) o que fará com que o circuito comparador
de janela apresente mal funcionamento.
A operação de módulo é realizada através de um amplificador operacional ligado na
configuração inversor, e um diodo em paralelo com o amplificador. O diodo para tensão de
valor positivo, funciona como uma chave fechada, curto-circuitando assim o amplificador,
para valores negativos de tensão o diodo não conduz, assim toda a tensão negativa é
convertida em positiva na saída do amplificador operacional. A figura 16 na seção de
simulação é feita no LTSpice e exemplifica a operação módulo descrita anteriormente, a
diferença entre a amplitude de V_dif e V_mod se deve à queda de tensão no diodo, para
atenuar tal queda, será utilizado um diodo de germânio que possui uma queda de tensão
Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 17

Figura 11 – Circuito módulo

de 0.3V em média.

3.4.3 Comparador
O circuito comparador (12) vem como solução para disparar o circuito apenas numa
determinada faixa de tensão, fora dessa faixa o circuito deve enviar sinal 0V para o PIC,
configurando assim um mal funcionamento dos sensores.

Figura 12 – Circuito Comparador

O comparador, é composto de um amplificador operacional na configuração de com-


parador, aonde a tensão Vcorte_alto é o limiar para o qual o Amp_Op irá chavear para
-9V caso Vmod seja maior que Vcorte_alto.
Assim com -9V no gate do transistor, o mesmo não irá atuar como um circuito
fechado, fazendo com que o PIC receba 0V de sinal, configurando assim um mal funcio-
namento do circuito

3.4.4 Chave eletrônica


A chave eletrônica é composta de um simples transistor FET de canal N, que irá
trabalhar nas regiões de corte e saturação. A figura 13 exemplifica o circuito descrito.
Quando Vcopia possuir valor negativo o transistor atuará como uma chave aberta,
e quando Vcopia possuir valor positivo o mesmo irá funcionar como uma chave fechada.
Capítulo 3. Parâmetros de Estudo e Desenvolvimento 18

Figura 13 – Chave eletrônica

3.5 Considerações adicionais


Nota-se que há uma queda de 0,3 volts no valor da diferença entre as entradas Vin1
e Vin2 após o estágio de Módulo (Seção 3.4.2), isso se deve ao diodo de germânio 1N34A
que possui esta queda característica, logo o valor do comparador de janela é de 1.3V, ou
seja, qualquer valor a baixo deste é considerado falha de leitura e não é enviado ao PIC.
19

4 Simulação

Neste capítulo serão discutidas as simulações obtidas pelo LTSpice, de cada módulo
do circuito, assim como a simulação no MATLab do circuito linearizador.

4.1 Circuito Linearizador


A simulação do circuito 8 é mostrada na figura 14. Analisando o gráfico, encontra-
se que o erro máximo do circuito é de 0.1% para temperaturas acima de 25∘ 𝐶 que é a
temperatura de trabalho do circuito. O programa desenvolvido para realizar tal simulação
está anexado nos apêndices.

Figura 14 – Gráfico da saída linearizada

Também nota-se que a tensão de saída está linearizada, assim o sinal poderá ser
trabalhado mais facilmente pelo PIC

4.2 Circuito de incongruência de sinais


As simulações de todos os módulos do circuito de incongruência de sinal estão presen-
tes nesta seção. Todos os estágios foram simulados via LTSpice onde foi possível visualizar
graficamente suas saídas e, assim, assegurar seu funcionamento.
Na figura 15, o traçado em azul representa o resultado da subtração de Vin2 e Vin1.
Nota-se que quando Vin1 é maior que Vin2, o resultado é negativo.
Capítulo 4. Simulação 20

Figura 15 – Gráfico da saída do circuito subtrator

Figura 16 – Gráfico da saída do circuito módulo

Na figura 16, o traçado em azul representa a saída do circuito subtrator que é a


entrada do circuito modular(11). A defasagem de amplitude entre o sinal modular e o
sinal Vdif, ocorre devido à queda de tensão no diodo.
Na figura 17, a simulação mostra que apenas quando Vmod for menor que Vcorte_alto,
Vcopia atinge um valor de tensão positivo que será aplicado no gate do transistor, fechando
a chave eletrônica.
O circuito média realiza a média entre os dois sensores para se obter uma medida
mais precisa da temperatura do óleo do motor.
Por fim, a figura 19 é a simulação da saída do circuito de incongruência, onde o valor
medido só é enviado para o PIC quando Vcopia está em um nível positivo de tensão.Isso
só é possível quando a diferenças entre os dois sensores é baixa.
Capítulo 4. Simulação 21

Figura 17 – Gráfico da saída do circuito comparador de janela

Figura 18 – Gráfico da saída do circuito média

Figura 19 – Gráfico da saída do circuito de incongruencia


22

5 Montagem e testes

Nesta seção estão descritos os testes em protoboard, assim como a montagem final
do circuito.

5.1 Testes em Protoboard


A figure 20 é uma foto do circuito de incongruência do sinal montado na protoboard.
Para ter certeza de que todos os módulos funcionam, o circuito de incongruência foi
testado em blocos, sendo realizadas medidas em cada etapa do circuito. A experimentação
foi feita utilizando um gerador de sinais senoidal e uma fonte de tensão contínua em 5
volts para simularem os sinais de entrada Vin1 e Vin2 respectivamente, pois com sinais
bem determinados e conhecidos, a análise e correção de eventuais falhas no circuito serão
mais simples e eficazes.

Figura 20 – Circuito de incongruência do sinal montado em protoboard

Durante os testes ocorreu um problema de saturação na saída do circuito módulo e do


circuito subtrator, isso ocorre devido à tensão de alimentação do amplificador operacional,
o qual foi alimentado com 7 volts simétricos. Assim para valores cujo resultado da operação
ultrapassem os 7 volts, irão fazer com que a saída fique saturada. Entretanto esse não é
um problema visto que caso tanto a operação quanto a módulo ultrapassem os 7 volts,
indica que o circuito está com problema, portanto não é necessário uma resposta correta,
Capítulo 5. Montagem e testes 23

Figura 21 – Saída do osciloscópio obtido do circuito subtrator

Figura 22 – Saída do osciloscópio obtido do circuito média

basta apenas que o valor de saturação consiga fazer com que a chave eletrônica seja aberta
para que uma tensão de 0V seja enviada para o PIC, o que configura um defeito em algum
termistor.

5.2 PCI
Como a protoboard é utilizada apenas em testes, onde a aplicação em um projeto
prático não é indicada, foi concebida uma PCI (placa de circuito Impresso) para que os
componentes possam ser devidamente soldados e o circuito instalado no carro BAJA. A
figura 28 é o esquemático realizado no CADSOFT Eagle, a placa foi projetada para ser
construída em dupla face visto que o circuito necessita ser conciso e simples para uma
melhor aplicabilidade no carro.
Capítulo 5. Montagem e testes 24

Figura 23 – Saída do osciloscópio obtido do circuito módulo

Figura 24 – Saída do osciloscópio obtido do circuito comparador de janela

Figura 25 – Saída do osciloscópio obtido do circuito na etapa final


Capítulo 5. Montagem e testes 25

Figura 26 – Saída saturada no osciloscópio, obtido do circuito modulo

Figura 27 – Saída saturada no osciloscópio, obtido do circuito subtrator


Capítulo 5. Montagem e testes 26

Figura 28 – Esquemático da PCI realizada no EAGLE (frontal)

Figura 29 – Esquemático da PCI realizada no EAGLE (traseira)


27

6 Conclusão

Ao final do desenvolvimento, o projeto encontra-se funcional com todas as funciona-


lidades as quais foram planejadas, no início da proposta, implementadas e com um layout
de PCB pronta para manufatura.
O trabalho mostrou-se um desafio de engenharia que não se aprende em sala de aula.
Assim foi necessário estudos extra-classe e desenvolvimento de topologias especificas para
a aplicação no carro Baja.
Outro ponto importante deste projeto foi a aprendizagem e utilização dos softwares
de simulação, que se mostraram muito versáteis na resolução e visualização de problemas
simplificando um problema que seria demasiadamente complexo de ser resolvido sem o
auxílio de técnicas computacionais.
Foi possível ver que problemas aparentemente complexos, como captar a tempera-
tura do óleo do motor de um carro, podem ser solucionados com os aprendizados que
foram obtidos em sala de aula durante o curso de engenharia. Os temas que não foram
aprendidos em sala, foram facilmente encontrados na literatura e incorporados ao projeto.
O circuito elétrico feito é bem simples e barato, visto que utiliza termistores para
captar a temperatura. A topologia utilizada, que foi focada na redução de custos, é ino-
vadora nessa aplicação. Além disso, o processamento analógico do sinal e a linearização
do termistor, reduz drasticamente a necessidade de processamento no microprocessador.
Pode-se concluir também que o projeto elétrico foi um sucesso, e o circuito proposto
cumpre o papel desejado de tratar o sinal de temperatura recebido. Quanto a captação
da temperatura de fato, não foi possível testá-la no carro, porém ela funciona muito bem
na faixa de atuação para a qual foi projetada.
28

Referências

[1] Sergio Franco. Design with operational amplifiers and analog integrated circuits.
McGraw-Hill series in electrical and computer engineering, 2015.
[2] Gregorian, Roubik, and Gabor C. Temes. Analog MOS integrated circuits for
signal processing. New York, Wiley-Interscience, 1986.
[3] Tse, Chi Kong. Linear circuit analysis. Addison Wesley Longman, 1998.
29

7 Apêndice

7.1 Código MatLab do circuito linearizador


1 T= [ 0 : 1 : 2 0 0 ] ;
2 load ( ’ planilha_termistor ’ ) ;
3 %% A p l a n i l h a de t e r m i s t o r eh dada p e l o f a b r i c a n t e , n e l a tem−s e
o s v a l o r e s de r e s i s t e n c i a em f u n c a o da temperatura , os
v a l o r e s da r e s i s t e n c i a sao armazenados na v a r i a v e l "
termis_temp "
4 Rt=termis_temp ;
5

6 X=ones ( 2 0 1 , 1 ) ;
7 Vcc = 5*X;
8 Rs = 1 0 0 0 ;
9

10 %% Com p a r a l e l o e s e r i e
11 Rp = 5 0 0 0 ;
12 Rps = 5 0 0 ;
13 R2aux0 = Rt + Rps ;
14 R2aux = Rp + R2aux0 ;
15 R2aux1 = R2aux0 . * Rp
16 Req2 = R2aux1 . / R2aux ;
17 Rx2 = Req2 + Rt ;
18 I 2 = Vcc . / ( Rx2 ) ;
19 Vo2 = I 2 . * Rt ;
20

21 %% L i n e a r i z a n d o
22 Ttr = T . ’ ;
23 Ttra = Ttr ( 6 1 : 1 4 1 ) ;
24

25 Vo2x = Vo2 ( 6 1 : 1 4 1 ) ;
26 p2 = p o l y f i t ( Ttra , Vo2x , 1 ) ;
27 Y2 = p2 ( 2 )+p2 ( 1 ) *T;
28 Er2 = Vo2−Y2 . ’ ;
29 M2 = p2 ( 1 ) * 2 0 0 ;
30 ErMod2 = Er2 /M2;
Capítulo 7. Apêndice 30

31

32 %% Plotando
33 figure ;
34

35 subplot (2 ,1 ,1)
36 p l o t (T, Vo2 , ’ r ’ )
37 h old on
38 p l o t (T, Y2 , ’ k ’ )
39 h old on
40 p l o t (T, abs ( ErMod2 ) , ’m’ ) ;
41

42 %% Plotando os e r r o s
43 subplot (2 ,1 ,2)
44 p l o t (T, abs ( ErMod2 ) , ’ c ’ ) ;

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