Eleições e Democracia No Brasil Quem Tem Medo Da Democracia - Diessika

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA

ELEIÇÕES E DEMOCRACIA NO BRASIL: “QUEM TEM MEDO DA


DEMOCRACIA?”

Uberlândia

2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA

ELEIÇÕES E DEMOCRACIA NO BRASIL: “QUEM TEM MEDO DA


DEMOCRACIA?”

Projeto de Pesquisa apresentado para


Seleção do Mestrado Acadêmico do
Programa de Pós-graduação em História –
para ingresso em 2024-1, Linha de Pesquisa
Territorialidades, cultura e poder, Edital
2/2023 PPGHI/UFU

ORIENTADORES PRETENDIDOS:

1. Prof. Dr. Gilberto Cézar de Noronha


2. Prof. Dr. Marcelo Lapuente Mahl

Uberlândia

2023
Resumo: Este projeto tem como objetivo geral compreender as eleições e a democracia no
Brasil identificando como a elite e os governantes mobilizam o debate da democracia. Analisa
especificamente o medo da democracia e seu processo de manutenção de princípios
autoritários e liberais desde o primeiro reinado com a primeira constituição em 1824, com o
governo representativo, até os debates da eleição de 2022, revisitando a história da
democracia no Brasil. Para isso, serão utilizados como fontes os registros produzidos pela
imprensa (O Estado de São Paulo). Propõe-se análise comparativa do cenário político
contemporâneo com outros momentos específicos da história do Brasil: Primeiro Reinado,
Segundo Reinado, Primeira República, República de 1945-1964, eleições de 2022, visando
compreender historicamente como o medo da democracia, tem sido utilizado na manutenção
do imaginário social. O trabalho pretende contribuir para a compreensão histórica de como os
governantes e a elite mobilizaram os afetos por meio do medo da democracia.

Introdução:

Este projeto tem como objetivo compreender a democracia e as eleições. Analisar a


história e o medo da democracia e o seu processo de manutenção, comparando as eleições e a
democracia na história do Brasil em momentos específicos assim como: Primeiro Reinado
(criação da Constituição de 1824), Segundo Reinado, Primeira República, República de
1945-1964 e as eleições de 2022.

A palavra democracia deriva do grego "demokratia", pela junção de “demos”, que


significa povo, e “kratia”, com sentido de poder, de força1. Norberto Bobbio define em
“Dicionário de Política” democracia como governo do povo, de todos os cidadãos, de todos
aqueles que têm direito de cidadania2. Isto é, todas as decisões políticas devem estar em
conformidade com o desejo do povo. O autor também assume que “são necessárias certas
liberdades para o exercício correto do poder democrático” que é essencial para garantir as
liberdades fundamentais.3 Quando falamos em democracia a primeira coisa que vem à mente
são as eleições. Segundo o dicionário Michaelis, eleição significa o ato de eleger/escolher por

1
Dicionário online. Etimologia Democracia. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/democracia//> Acesso
em: 10 jul 2023.
2
Bobbio, Norberto. Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; trad.
Carmen C, Varriale et ai.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. -
Brasília : Editora Universidade de Brasília, 11ª ed., 1998. p. 319.
3
Bobbio, Norberto. O futuro da Democracia. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p.33
meio do voto4. Segundo Mariana Jantsch de Souza, a eleição é o que faz ser uma democracia
representativa, “é por meio desse ato de escolha de um representante que tomamos as decisões
que a ordem jurídica e democrática nos autoriza”5. O Brasil possui o modelo de democracia
representativa, a palavra representação vem da palavra ausente, e esta ausência representa
aquilo que não pode estar presente. Essa representação é indireta e tem intermédio dos
partidos políticos que segundo Chauí citada por Souza, a representação simboliza o corpo
social, que é descrito e simbolizado pelos representantes.6

A história da democracia teve início no Brasil em 1824, no Primeiro Reinado, D.


Pedro I estabelecia a criação da primeira Constituição Política do Império do Brasil que
estabelecia uma monarquia constitucional hereditária e representativa que consta no Título 1º
do Império do Brazil, seu Território, Governo, Dynastia, e Religião, no art. 3. “O seu Governo
é Monarchico, Hereditario, Constitucional, e Representativo.”7 Em suma, o governo
representativo no Brasil, tinha o mesmo objetivo que os governos representativos que
surgiram no mesmo período no ocidente: institucionalizar os conflitos entre os diversos
setores da elite. Era um regime de elite, dirigido pela elite, mas com diferentes demandas.
Quando se fala em monarquia no Brasil, sabe-se que o parlamento no processo decisório era
menosprezado, pela existência do Poder Moderador, ou seja, um rei que poderia a qualquer
momento dissolver a Câmara. Em outras palavras,“um governo liberal tem que ser capaz de
criar mecanismos de legitimação”.8

No Segundo Reinado (1840-1889), já com D. Pedro II, o modelo institucional era o do


governo parlamentar, que era caracterizado pelo unitarismo, justiça administrativa e por um
sistema parlamentar. A falta de opinião pública tornava o modelo de eleições honestas
impraticável, pela falta de uma base eleitoral em que o sistema pudesse apoiar, esse sistema
foi organizado a partir da legitimidade democrática de que a monarquia hereditária havia sido
investida9. Nesse período, assim como em 1824, o que marcava as eleições para escolha dos
4
Dicionário Michaelis. Eleição. Disponível em:
<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/elei%C3%A7%C3%A3o/> Acesso
em: 15 jun 2023.
5
SOUZA, Mariana Jantsch De. O discurso de ódio na democracia brasileira: uma análise discursiva do processo
de rejeição e de destituição da presidenta Dilma Rousseff. (Tese doutorado em Letras). Universidade Federal de
Pelotas. Programa de Pós-Graduação em Letras. Pelotas, 2017. p. 26.
6
Idem.
7
BRASIL. Constituição Politica Do Imperio Do Brazil (De 25 De Março De 1824). Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm> acesso em: 15 jul 2023.
8
DOLHNIKOFF, Miriam. O governo representativo no Brasil Imperial. In: Democracia em foco : um balanço dos
desafios da trajetória política brasileira / Jaqueline Porto Zulini (Org.). Rio de Janeiro: FGV Editora, 2022. p.
20-22.
9
LYNCH, Christian Edward Cyril. A primeira encruzilhada da democracia brasileira: os casos de Rui Barbosa e
de Joaquim Nabuco. Rev. Sociol. Polít. Curitiba, v. 16, número suplementar, p. 114, ago. 2008. p.114.
senadores eram as fraudes. Portanto, começava a campanha de reformas promovidas pelos
liberais, que incluía as “eleições diretas, a descentralização, a autonomia do judiciário, a
extinção do contencioso administrativo, a temporariedade do Senado, a neutralização do poder
Moderador e, de forma mais vaga, a abolição da escravatura.”10

Em 1889, na Proclamação da República, também não houve experiência democrática,


a data foi antecedida por intenso movimento de ideias importadas da Europa. Nesse período
no Brasil não havia participação do povo nos negócios públicos, ou seja, não havia povo
político, não havia cidadãos. A política era assunto dos estados-maiores das classes
dominantes11. A participação política do povo na República era pouco significativa, segundo
José Murilo de Carvalho em “Os bestializados” a exclusão de 80% da população do direito
político do voto, já demonstrava o quão pouco significou o novo regime de ampliação e
participação. Havia também a abstenção ao voto, a maioria dos adultos escolhiam não serem
cidadãos ativos e um dos motivos desse comportamento eram as fraudes eleitorais, que a
República não fez nada para extinguir, por isso, era considerado inútil votar e muito perigoso.
Desde o Império, as eleições tinham a presença dos capoeiras, contratados pelos candidatos
para garantir os resultados. A República extinguiu os capoeiras mas fazia o uso dos capangas
para influenciar o processo eleitoral.12 Em 1932, no governo Vargas, com o código eleitoral o
voto se tornou secreto e regido pela Justiça Eleitoral, que também concedeu o voto às
mulheres. A experiência eleitoral nesse período foi curta devido ao golpe de novembro de
1937, que instaurou o Estado Novo13. No Estado Novo (1937-1945) foi criado o imaginário de
um Estado democratico que só seria garantido por meio da instalação de um governo
centralizado e autoritário.14

As eleições foram realizadas novamente em 1945 com avanços essenciais no processo


eleitoral, mas manteve a herança de práticas eleitorais anteriores. Até então, as eleições eram
controladas pelo governo que vencia todas as eleições, mesmo quando tinham fortes
oposições.15 As eleições em 1945 se tornaram competitivas trazendo verdadeiras chances aos
opositores do governo. A partir disso, começaram a surgir os partidos políticos e pela primeira

10
Idem.
11
CARVALHO, José Murilo. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia
das Letras, 1987. p. 42 - 44.
12
Ibid., p. 86-90.
13
GOMES, Ângela de Castro; FERREIRA, Jorge. Brasil, 1945-1964: uma democracia representativa em
consolidação. Locus: revista de história, Juiz de Fora, v. 24, n. 2. 2018. p. 257.
14
NETO, Flavio Benigno de Barros Freire. Os intelectuais autoritários e o conceito de democracia na década de
1930 e 1940. (Tese mestrado em História). Universidade Católica de Pernambuco. Recife, 2020. p. 67.
15
GOMES, Ângela de Castro; FERREIRA, Jorge. op. cit., p. 258.
vez na história do país os partidos políticos nacionais com programas e perfis ideológicos
definidos surgiram e se fortaleceram.16 As diversas eleições constantes, até o golpe militar de
1964, contribuíram para a consolidação da democracia liberal, “que expressava as diversas
correntes de opinião e a expansão do número de eleitores.”17Durante os governos
democráticos no pós-46, o golpe contra as instituições democráticas se tornou uma ameaça,
principalmente após 1960. O presidente João Goulart, conviveu com essa instabilidade até o
golpe militar de 1964. O golpe de Estado foi permanentemente reivindicado por setores da
sociedade civil e saiu vitorioso. A ditadura militar no Brasil durou 21 anos e estancou diversos
debates políticos, ideológicos e culturais.18

Iremos analisar neste projeto a democracia no Brasil nas eleições de 2022, no governo
Bolsonaro, no qual reavivou sentimento de medo por meio dos discursos de ódio que
produzem intolerâncias. Ao afetar os pilares da estrutura do regime democratico, os efeitos
dos discursos de ódio interferem no processo democratico.19 Desde o início do governo de Jair
Messias Bolsonaro em 2019, o Governo Federal incentivou a manifestação popular em que
apresentava as principais demandas o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e do
Congresso. Em outubro do mesmo ano Eduardo Bolsonaro, filho do então Presidente da
República, afirmou que, caso os movimentos sociais promovessem atos e protestos nos
moldes daqueles vistos no Chile e na Argentina, o Governo poderia editar um novo AI-520. Em
março de 2020 após manifestações bolsonaristas, já durante a pandemia de Covid-19, o STF
proibiu que Bolsonaro fizesse campanha contra o distanciamento social. O que rendeu
ameaças antidemocráticas que duraram até o final de 202121. Em 2022, além de Bolsonaro ir
contra as instituições democráticas brasileiras, fazia discursos de ódio, negando que houve
ditadura no Brasil entre 1964 e 1985 e minimizando os crimes durante o período22.

16
Ibid., p. 262.
17
Ibid., p.263
18
TOLEDO, Caio Navarro. 1964: o golpe contra as reformas e a democracia. Revista Brasileira de História. São
Paulo, v. 24, nº 47, p.13-28 - 2004. p. 15-17.
19
SOUZA, Mariana Jantsch De. O discurso de ódio na democracia brasileira: uma análise discursiva do processo
de rejeição e de destituição da presidenta Dilma Rousseff. (Tese doutorado em Letras). Universidade Federal de
Pelotas. Programa de Pós-Graduação em Letras. Pelotas, 2017. p. 76.
20
O Ato Institucional nº 5, AI-5, foi baixado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e
Silva, foi a expressão mais acabada da ditadura militar brasileira (1964-1985). Vigorou até dezembro de 1978 e
produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros. Definiu o momento mais duro do regime, dando
poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal
considerados. Cf. Fundação Getulio Vargas. CPDOC. AI-5. Disponível
em:<https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/AI5> Acesso em: 01 set 2023.
21
CHIODI, Alexsander Dugno; BERNARDI, Ana Julia Bonzanini. A ameaça antidemocrática como instrumento
de barganha no governo Jair Bolsonaro (2019‑2021). Revista Uruguaya de Ciencia Política. p.137-138.
22
STARLING, Heloisa Murgel. O passado que não passou. In: Democracia em risco?: 22 ensaios sobre o Brasil
hoje. Companhia das Letras; 1ª ed. 2019. p 337-339.
A democracia ainda é vista com medo e em 2022 foi reativado pelo ex-presidente Jair
Bolsonaro, o qual mobilizou seus discursos por meio do ódio e do medo da fraude que
provocou os ataques antidemocráticos de 08 de janeiro de 2023. O que vamos analisar neste
trabalho é como foi feita essa “nova” mobilização do medo da democracia. Será que
Bolsonaro se apropriou da memória forjada da democracia manipulada? Qual o lugar deste
sentimento de democracia na cultura política do povo brasileiro? Como Jair Bolsonaro forjou
este sentimento para seus fins políticos específicos na tentativa de permanência no Governo?
Quais são os medos da democracia no imaginário social? Até onde vai a liberdade de
expressão? Os discursos de ódio movem os debates democráticos? Interrogar historicamente o
uso do medo da democracia poderá contribuir para nossa compreensão da história política
brasileira? Esse projeto tem como objetivo buscar respostas a essas questões.

Justificativa:

A democracia se torna temida frequentemente em governos autoritários, como nas


ditaduras que têm projetos pessoais de poder, sem compromisso com a cidadania e do bem
coletivo, ou seja, são aqueles que prezam pela individualidade. Historicamente a extrema
direita, com o seu projeto de exploração e opressão, sempre foi antidemocrática. Nesse
sentido, é relevante investigar em qual medida o discurso de ódio causa medo à democracia. O
medo está na origem das paixões e é a mais triste das paixões tristes por ser o caminho da
servidão (cf. Marilena Chauí).23 Um tema urgente nas discussões na história política
contemporânea.

É importante analisar historicamente o lugar do ódio à democracia na ação política, a


fim de entender as escolhas políticas da sociedade em que vivemos, identificando no espaço e
no tempo as relações de poder, dando foco no período contemporâneo e estabelecendo relação
comparativa com ações semelhantes em períodos históricos anteriores que também
mobilizaram recursos do medo da democracia desenvolvido pelo imaginário social e geram
impactos na sociedade e no território.24 Em dias mais recentes, presenciamos a retomada desse
recurso nas eleições de 2022, que pode ter sido um marco para o uso do discurso de ódio para
a manutenção do medo à democracia como ferramenta partidária das eleições. O ex-presidente
Jair Messias Bolsonaro fez uso do medo da fraude para promover adesão do seu eleitorado

23
CHAUÍ, Marilena. Sobre o medo. In: Os sentidos da paixão. org. Adauto Novaes. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009. Disponível em: <https://artepensamento.ims.com.br/item/sobre-o-medo/> Acesso em: 01 Ago 2023.
24
CASTRO, Iná Elias. A democracia como um problema para a geografia: o fundamento territorial da política. In:
CASTRO, Iná Elias; RODRIGUES, Juliana Nunes; RIBEIRO, Rafael Winter (orgs). Espaços da democracia: para
uma agenda da geografia política contemporânea. 1° ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, Faperj, 2013. p.40
acarretando os atos antidemocráticos de 08 de janeiro de 2023. A partir dessas questões é
possível compreender como o medo participa das produções sociais e das mudanças da vida
política.

As discussões históricas sobre as eleições, democracia e o medo da democracia têm


sido estudadas por linguistas, filósofos, cientistas políticos, sociólogos e historiadores. Na
linguística Patrick Charaudeau, ao falar da análise de democracia, reflete que a política é o que
mantém o cerne da sociedade e a esperança de um futuro melhor. A fala política é onde se
misturam esperanças e ações, onde se efetua o acordo social ideal entre líderes e cidadãos. A
política exige um discurso que obedeça a duas lógicas: uma simbólica que funda esse ideal nos
princípios da vida política, falando de valores coletivos que servem ao bem comum e que
devem justificar a ação política; e uma lógica pragmática que sugere o caminho e os meios de
gestão do poder para alcançar o bem-estar social.25 Mariana Jantsch de Souza, também
linguista, quando fala do discurso de ódio à democracia observa o hábito como a democracia
se torna uma questão, um debate, como ela entra nos discursos, como são introduzidos e que
efeitos de sentido são criados na relação Democracia e Direitos Fundamentais. 26

Os filósofos têm se interessado pelo estudo da democracia para compreender a


liberdade e a igualdade em um governo, como por exemplo, Jean-Jacques Rousseau, que
acreditava que apenas em um governo onde todos governam existe igualdade, ao contrário de
uma monarquia que apenas um governa, na democracia todos governam e todos têm o mesmo
poder político.27 Norberto Bobbio, outro importante filósofo que aborda o tema da democracia,
a define como um conjunto de regras para a tomada de decisões coletivas que prevejam e
estimulem a mais ampla participação possível das partes interessadas.28 Marilena Chauí, uma
importante filósofa brasileira, entende que democracia é reduzida a um regime político eficaz,
baseado na ideia de cidadania organizada em partidos políticos, e se manifesta no processo
eleitoral de escolha dos representantes, na rotatividade dos governantes e nas soluções técnicas
para os problemas econômicos e sociais.29A autora também aborda o medo na democracia

25
CHARAUDEAU, Patrick. A conquista da opinião pública: como o discurso manipula as escolhas políticas.
Trad: Ângela M. S. Correa. São Paulo: Contexto, 2016. p. 19
26
SOUZA, Mariana Jantsch De. O discurso de ódio na democracia brasileira: uma análise discursiva do processo
de rejeição e de destituição da presidenta Dilma Rousseff. (Tese doutorado em Letras). Universidade Federal de
Pelotas. Programa de Pós-Graduação em Letras. Pelotas, 2017. p. 34
27
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social ou princípios do direito político. Trad: Pietro Nassetti. 3ª Ed. São
Paulo. Martin Claret,2011. p. 61-66.
28
BOBBIO, N. O futuro da democracia.Trad. Marco Aurélio Nogueira. 13ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2015. p.
98 e 99.
29
CHAUÍ, Marilena. Democracia e sociedade autoritária. Comunicação & Informação, v. 15, n. 2, p. 149 - 161,
jul./dez. 2012. p. 149.
utilizando Espinosa no “Tratado teológico-político” e no “Tratado político” o qual afirma que
a democracia é o mais natural dos regimes políticos porque nela se realiza o desejo de todo ser
humano de governar e não ser governado, o que pode ocorrer se todos forem iguais e livres.30
“A liberdade, força do plural simultâneo, é a presença de si e dos outros sem pavor da morte
recíproca. O medo sempre será uma obsessão. Nunca transformado em ação física e
espiritual.”31 Nasce de outras paixões e pode ser diminuída, mas nunca suprimida, por outros
afetos contrapostos e mais fortes que ela, assim como pode ser aumentada por paixões mais
tristes que ele. Nesta perspectiva, o sistema do medo juntamente com o campo da paixão
produzem “teorias”, uma espécie de esconjuros efémeros cuja fragilidade sempre renovada
prolonga o pavor. O sistema do medo tem origem tanto nas conexões necessárias entre certas
paixões quanto nas imagens corporais que envolvem ideias imaginativas na mente.32

Já os cientistas políticos se dedicam também ao estudo da democracia na monarquia,


no sistema representativo e nas ameaças antidemocráticas no Brasil. Christian Edward Cyril
Lynch se detém ao conceito de democracia e acredita que no Brasil ela se dá por uma
correspondência entre os marcos formais de advento do regime liberal democrático e sua
prática.33 Paulo Bonavides, também cientista político, se atenta ao sistema representativo, o
autor considera ser um conjunto de instituições que definem uma certa maneira de ser ou de
organização do Estado.34 Ana Julia Bonzanini Bernardi e Alexsander Dugno Chiodi, também
cientistas políticos, tratam da ameaça antidemocrática entre 2019 e 2021 no governo
Bolsonaro, que segundo os autores manteve o conflito e a ameaça à democracia como
elemento constante na gestão pública e relação com os demais poderes.35 O sociólogo Tiago
Cruz Spinelli destaca que a discussão acerca da democracia implica numa vasta literatura,
desde a concepção filosófica aristotélica, que enxergava a democracia como o mau governo da
maioria, ou o governo dos pobres, que representava um perigo às liberdades políticas.36

30
CHAUÍ, Marilena. Sobre o medo. In: Os sentidos da paixão. Org: Adauto Novaes. São Paulo: Companhia das
letras, 2009. p. 58.
31
Idem.
32
Ibid.,p. 59-60.
33
LYNCH Christian Edward Cyril. Do Despotismo da Gentalha à Democracia da Gravata Lavada: História do
Conceito de Democracia no Brasil (1770-1870). DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 54, no
3, 2011. p. 355.
34
BONAVIDES, Paulo. O sistema representativo. Revista de Informação Legislativa, v. 7, n. 26, p. 69-100,
abr./jun. 1970. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/180895> Acesso em: 10 mar 2023.
35
BERNARDI, Ana Julia; CHIODI, Alexsander Dugno. A ameaça antidemocrática como instrumento de barganha
no governo Jair Bolsonaro (2019‑2021). Revista Uruguaya de Ciencia Política, jul. 2023. p.131.
36
SPINELLI, Tiago Cruz. Racionalidade democrática do voto: uma análise do estudo eleitoral brasileiro.(Tese
mestrado em ciências sociais) Universidade Federal de São Carlos. Programa de pós graduação em ciências
sociais. Departamento de ciências sociais. São Carlos/SP, 2007. p. 30.
Na história, Rodrigo Patto Sá Motta evidencia a cultura política e como esse conceito
tende a idealizar a liberal‐democracia como modelo superior.37 Já René Rémond, aponta
caminhos para a renovação da história política, por meio dos estudos dos temas como partidos
e eleições.38 Eliane Santoro de Lacerda, salienta o processo de construção de um conceito de
democracia adequado aos propósitos da ordem política instaurada no Brasil. O que nos ajudará
a entender como foi o processo de produção da democracia liberal nos principais governos que
usaram a democracia como forma de manutenção do poder tanto na República quanto na
história política do tempo presente.39

O estudo das eleições, da democracia e o medo da democracia representativa têm sido


limitados na historiografia brasileira. São abordados sobretudo em discussões sobre
participação política do povo na República, consolidação da democracia entre 1945-1964 e a
democracia em cultura política no Brasil. Por isso, este trabalho tem a intenção de preencher
essas lacunas e movimentar as discussões de como o medo da democracia se comporta no
imaginário social e como a política brasileira maneja os afetos no seu processo de
manutenção.

O objetivo deste projeto é analisar a democracia no Brasil e como a estratégia do medo


faz com que a população se mobilize em prol a um governo. Entendemos que o discurso é
fundamental para a compreensão dos fenômenos históricos.40 Sendo assim, todo discurso
mobiliza paixões que não se restringem a momentos de alta tensão, mas fazem parte da vida
política.41 A importância desse trabalho é atualizar conhecimentos sobre a história política
brasileira unindo-se aos interessados no estudo dos sentimentos e dos afetos que têm sido
rejeitados pela história política clássica. É fundamental para uma boa compreensão do
presente carente de orientação histórica.

Objetivo Geral:
- Compreender a democracia no Brasil;
Objetivos Específicos:
- Identificar o medo à democracia;

37
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Cultura política e ditadura: um debate teórico e historiográfico. Tempo e Argumento,
Florianópolis, v. 10, n. 23, p. 109 ‐ 137, jan./mar. 2018.
38
RÉMOND, René. Por uma história política. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ, 1996. RICOEUR, Paul. Em torno
ao político. São Paulo, Loyola,1995.
39
LACERDA, Eliane Santoro. A democracia através do espelho: uma investigação sobre o conceito de democracia
nas páginas de Cultura Política. (Dissertação mestrado em história social). Programa de Pós Graduação em
História Social da Cultura, do Departamento de História da PUC-Rio. Rio de Janeiro, 2007.
40
RÉMOND, René. op. cit., p.61.
41
ANSART, Pierre. A gestão das paixões políticas / Pierre Ansart; tradução. Jacy Seixas. 2019.
- Investigar a história das eleições e da democracia no Brasil em busca de modificações e
permanências;
- Comparar a utilização do medo à democracia e a sua manutenção comparando com outros
governos da história do Brasil;
Fontes e metodologia:
A metodologia a ser usada é a pesquisa direta em fontes primárias no jornal O Estado
de São Paulo, entre 1875 e 2023, bem como procedimentos metodológicos descritivos,
analíticos e qualitativos. Pesquisa bibliográfica e análise de referências teóricas sobre
eleições, democracia e os usos da cultura do medo no imaginário social, sendo instaurada em
1824 com a primeira constituição por D.Pedro I.

A pesquisa será feita por meio da imprensa no jornal O Estado de São Paulo42, no
acervo digital disponível no site, através do mecanismo de busca avançada em todos os
catálogos, no período de 1875 até 2023. Sendo assim, pretendemos catalogar as fontes em
tabela, digitalizar e anexá-las no Google Drive, ler e fichar os documentos. Além disso, nos
atentaremos para os períodos do Primeiro Reinado (primeira Constituição de 1824); Segundo
Reinado (1840-1889); Primeira República (1889-1930); República de 1945-1964
(consolidação da democracia brasileira) e eleições de 2022.

Sabendo da importância das fontes, sejam elas digitais ou impressas, vale ressaltar que
nem sempre foi assim. Nos anos 1970, poucas pesquisas foram feitas por intermédio de
jornais e revistas como fonte para conhecimento da história do Brasil. Segundo, De Luca, os
jornais pareciam pouco adequados para a recuperação do passado, visto que estes tinham
registros fragmentários do presente.43 Essa visão vilipendiosa em relação aos jornais passaria
a ser questionada pelos adeptos da Escola dos Annales44 que passaram a reconhecer a
importância dos meios impressos nas pesquisas históricas. Mesmo com um significativo
reconhecimento efetivo da imprensa como fonte de pesquisa por essa Escola, o
reconhecimento de fato só pôde ser alcançado através da mediação da terceira geração dos
Annales. Estes proponentes lançaram novas perspectivas para as análises históricas.45 Após
um amplo debate a partir da década de 70, o jornal tornou-se fonte de pesquisa histórica, isso

42
Jornal O Estado de São Paulo. Acervo O Estado de São Paulo. Disponível em:
https://www.estadao.com.br/acervo/
43
DE LUCA, Tania Regina. História dos, nos e por meio de periódicos. In: Fontes Históricas. PINSKY, Carla
Bassanezi. (organizadora) – 2.ed., 1ª reimpressão - São Paulo: Contexto, 2008. p. 111 - 112.
44
A Escola dos Annales foi um movimento historiográfico surgido na França, durante a primeira metade do século
XX.
45
SOUZA, Eliezer Felix de. A imprensa como fontes para pesquisa em história e educação. Disponível em:
<https://histedbrantigo.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario8/_files/LGXIxSF7.pdf> Acesso em: 10
ago 2023.
porque, segundo Maria de Lourdes Janotti, os interesses dos historiadores variaram no tempo
e no espaço, em relação direta com as circunstâncias de suas trajetórias pessoais e com suas
identidades culturais.46 No campo da história política, os meios de comunicação, em especial
os impressos, podem ser considerados um dos objetos principais de análise desse campo
historiográfico.47 René Rémond considera que “não há hoje muitas realidades da nossa
sociedade que a história política não tenha começado a explorar, desde as classes sociais até
as crenças religiosas, passando pelos grandes meios de comunicação ou às relações
internacionais”48

Hoje encontramos pesquisas historiográficas sobre diversos temas utilizando jornais e


revistas como fontes. Principalmente em trabalhos sobre história política, nos quais
registram-se lances de confronto no campo do poder.49 De acordo com Carlos Henrique
Ferreira Leite, os jornais não são transmissores imparciais e neutros, o que exige dos
pesquisadores abordá-los e relacioná-los com cautela, ao contexto histórico de sua produção,
e mantendo-os em constante diálogo com outras fontes e referências.50 É preciso dar conta
das motivações que levaram à decisão de dar publicidade a algo. Encontrar o grupo
responsável pela linha editorial, estabelecer os colaboradores, ficar atento também nos títulos
das matérias.51 Segundo Luca, a imprensa é considerada um importante meio de legitimação
de poder por sua capacidade de influenciar e formar opiniões através de estratégias
linguísticas. Portanto, os jornais podem ser entendidos como construtores responsáveis pela
história, por sua ativa atuação na política mediante a defesa de ideias que agem no
imaginário da população.52 A pesquisa de Fernando Antônio Azevedo, por exemplo, compara
os sistemas da mídia e os sistemas políticos, nas coberturas eleitorais da grande imprensa
durante as eleições e a capacidade de promover um debate pluralista.53 Heber Ricardo da
Silva, utiliza fontes impressas, analisando o papel da grande imprensa no campo político na
transição do regime estadonovista para a ordem democrática e o papel da mídia como

46
JANOTTI, Maria de Lourdes. O livro Fontes históricas como fontes. In: Fontes Históricas. PINSKY, Carla
Bassanezi. (organizadora) – 2.ed., 1ª reimpressão - São Paulo: Contexto, 2008. p. 10.
47
BEZERRIL, Simone da Silva. Imprensa: objeto de pesquisa para a história política. Anais do XXVI Simpósio
Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho de 2011. p.2.
48
RÉMOND, René. Por uma história política. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ, 1996. RICOEUR, Paul. Em torno
ao político. São Paulo, Loyola,1995. p.36.
49
DE LUCA, Tania Regina. História dos, nos e por meio de periódicos. In: Fontes Históricas. PINSKY, Carla
Bassanezi. (organizadora) – 2.ed., 1ª reimpressão - São Paulo: Contexto, 2008. Pp. 128.
50
LEITE, Carlos Henrique Ferreira. Teoria, Metodologia e Possibilidades: os jornais como fonte e objeto de
pesquisa histórica. Escritas. Vol. 7 n.1 (2015) ISSN 2238-7188. p.12.
51
DE LUCA, op. cit., p. 140.
52
Ibid., p. 111-153.
53
AZEVEDO, Fernando Antônio. Mídia e democracia no Brasil: relações entre o sistema de mídia e o sistema
político. Opinião Pública, Campinas, vol. 12, nº 1, Abril/Maio, 2006. p. 88-113.
defensores das liberdades democráticas.54 Do mesmo modo, Raphael Oliveira, em sua
dissertação de mestrado, observa como a propaganda influencia a construção política na
sociedade, analisando o papel da revista Veja diante a sociedade e a criação da imagem
política.55

A pesquisa também contará com análise bibliográfica e análise de referências teóricas


sobre análise do discurso, que é o campo da linguística que estuda o texto e o discurso
político. Patrick Charaudeau justifica que todo ato de linguagem é uma ação sobre o outro,
com a finalidade comunicacional do objetivo de ação, que consiste em colocar o outro em
uma posição de obrigação, em uma relação de submissão à posição do sujeito que fala. O
discurso político, assim como qualquer discurso, não tem sentido fora da ação e que a ação
busca, para o sujeito político, bem como para todo sujeito, o exercício de poder.56 A
investigação do medo se dá por bibliografias como a de Josete Soboleski57, que demonstra o
papel do medo na concepção da teoria política de Thomas Hobbes, e também Marilena
Chauí58 que lida com o medo da democracia em Espinosa. Ligado a isso, vamos trazer à luz a
discussão de Pierre Ansart59, que analisa a gestão das paixões políticas e toda escala de
sentimentos políticos, do amor ao ódio, que será relevante para o desenvolvimento deste
trabalho. O estudo também visa investigar o imaginário social em bibliografias como a de
Bronislaw Baczko, que identifica que o domínio do imaginário e do simbólico é uma
estratégia importante para o poder político e que as situações de conflito entre poderes
estimulavam a invenção de novas técnicas de combate no domínio do imaginário, sendo
constituído por uma imagem negativa do adversário procurando invalidar sua legitimidade.60
A invenção de novas técnicas, assim como a sofisticação e o aperfeiçoamento, “envolviam a
passagem do simples manejo dos imaginários sociais e sua manipulação cada vez mais
sofisticada e especializada.”61

54
SILVA, Heber Ricardo da. A democracia impressa: transição do campo jornalístico e do político e a cassação do
PCB nas páginas da grande imprensa 1945-1948. São Paulo : Cultura Acadêmica, 2009.
55
OLIVEIRA, Raphael. Otimismo em tempos de repressão: A publicidade inspirada na propaganda do Governo
Médici. (tese de mestrado) Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Niterói,
Rio de Janeiro, 2014.
56
CHARAUDEAU, Patrick. O discurso político. In: wander emediato; ida lúcia machado; william menezes. (org.)
análise do discurso: gêneros, comunicação e sociedade. Belo Horizonte, MG. Faculdade de Letras da UFMG,
2006. p.252 - 253.
57
SOBOLESKI, Josete. O medo: uma paixão política em Thomas hobbes. (tese de mestrado). Universidade
Estadual do Oeste do Paraná. Programa de pós graduação em filosofia CCHS/Unioeste. Toledo, 2011.
58
CHAUÍ, Marilena. Sobre o medo. In: Os sentidos da paixão. org. Adauto Novaes. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009.
59
ANSART, Pierre. A gestão das paixões políticas / Pierre Ansart; tradução. Jacy Seixas.
60
BACZKO, Bronislaw. A imaginação social. In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos-Homem. Lisboa, Imprensa
Nacional/Casa da Moeda, 1985. p. 300.
61
Idem.
Desse modo, pretendemos evidenciar neste trabalho as eleições e o medo à democracia
desde a primeira constituição de 1824 dando foco nos períodos “mais democráticos” da
história. O recorte temporal deste projeto parte da inquietação dos ataques antidemocráticos
de 08 de janeiro de 2023, esse exercício tem finalidade de responder às questões de pesquisa,
hipóteses e aos objetivos gerais e específicos para que possamos trazer a problemática.
Esperamos identificar de forma mais precisa como se constitui e se mobiliza o imaginário
social do medo da democracia por meio do discurso. Atentos à análise das palavras,
identificando quais são os interesses e jogos políticos, as referências do governo
contemporâneo. Pretendemos produzir um trabalho que contribua para o conhecimento
histórico da sociedade sobre os acontecimentos políticos contemporâneos entendendo a
contemporaneidade no sentido de Giorgio Agamben, como uma distinta relação com o
próprio tempo, que exerce este e, simultaneamente, dele toma distância,62 em que desperte o
pensamento crítico sobre os dias atuais e sobre acontecimentos contemporâneos.

Cronograma de execução (24 meses)

Ações Meses
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Pesquisa bibliográfica x x x x x x x x x x x x x
Localização e x x x x x x x x x x x x
sistematização de
fontes
Investigar a história da x x x x x x x
democracia no Brasil

Análise e discussão do x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
conteúdo
Fichas de desempenho x x x x
semestrais
Sistematização dos x x x x x x x x x x x
dados encontrados
Apresentação em x x
evento científico
Escrita do relatório x x x x x x x
final

Referências bibliográficas:

AGAMBEN,Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Trad: Vinícius


Nicastro Honesko. Argos. Editora da Unochapecó. Chapecó, 2019.
62
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