Apostila - Fund de Dir Proc Penal Comum e Militar - Cho PM-2023
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FUNDAMENTOS DE
DIREITO PROCESSUAL PENAL
COMUM E MILITAR
TERESINA-PI
JAN-2024
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FUNDAMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
Curso de Habilitação a Oficial PM/2023
APRESENTAÇÃO
Caríssimos alunos,
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FUNDAMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
Curso de Habilitação a Oficial PM/2023
UNIDADE I
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FUNDAMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
Curso de Habilitação a Oficial PM/2023
Para que o juiz possa dizer qual das partes tem razão, desenvolve intensa atividade, e a essa
atividade, visando à aplicação da lei ao caso concreto, chama-se PROCESSO.
O processo instaura-se com a provocação do autor – aquele que pede a tutela jurisdicional. Vale
dizer que o processo se inicia com o direito de ação.
Nesse compasso temos o Direito Processual Penal com um ramo jurídico autônomo, subdivisão
do Direito Processual que se encaixa no grande ramo do Direito Público.
O Direito Processual Penal brasileiro é regido, em linhas gerais, pelas garantias e determinações
insculpidas na Constituição Federal de 1988 e, especificamente, pelo Código de Processo Penal - CPP (Decreto-Lei
nº 3.689/1940).
Há disposições de cunho processual penal em outros diplomas legislativos, como por exemplo na Lei
Federal nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais) ou na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
O processo penal é o instrumento necessário e suficiente à realização da jurisdição penal. A
Constituição brasileira afirma que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal" (Art. 5º, LIV).
Cabe ao processo penal a averiguação das provas apresentadas pelas partes, de acordo com suas
linhas argumentativas, de modo que o juiz seja livremente convencido e julgue o réu de acordo com seu
entendimento acerca do fato investigado através das provas a ele trazidas nos autos.
O processo penal para sua consecução segue diversos procedimentos investigatórios (por meio da
Polícia Judiciária na apuração dos crimes comuns e Polícia Judiciária Militar para os crimes militares definidos em
lei), ou ritos, de acordo com a natureza do crime que se pretende julgar, ou de acordo com a pena em abstrato
prevista para tal delito.
Os procedimentos processuais previstos no Código de Processo Penal brasileiro e adotados na Justiça
Comum são o rito ordinário, o rito sumário e o rito do Tribunal do Júri.
Já o rito sumaríssimo, previsto na Lei nº 9.099/95, é o estabelecido no âmbito dos Juizados
Especiais cíveis e criminais, subsidiados supletivamente pelo Código de Processo Penal.
a) Absolvição, quando resta provado que o acusado não é autor do fato típico ou quando
sobre ele incide uma ou mais excludentes de culpabilidade ou antijuridicidade, liberando o absolvido de quaisquer
obrigações com o Estado ou com qualquer parte do processo.
b) Condenação, quando resta provado que o acusado é autor do fato típico, antijurídico e
culpável. A condenação gera, na maior parte das vezes, a aplicação da sanção penal prevista em abstrato para o
crime de que o réu foi considerado culpado, além de ensejar a possível responsabilidade civil ex delicto do réu para
com a vítima;
c) Aplicação de medida de segurança, quando se determina que, embora autor da ação ou
omissão típica e antijurídica, o réu é inimputável, ou seja, não possuía, no momento do fato, capacidade mental de
entender a ilicitude de sua ação ou guiar-se de acordo com este entendimento; para aplicação de medida de
segurança entende-se que o réu deve ser considerado perigoso para a sociedade devido ao transtorno mental que o
torna inimputável, pelo que delibera-se interná-lo em instituição psiquiátrica para tratamento de sua patologia;
d) Aplicação de medida educativa, quando o acusado é autor do fato típico e antijurídico,
mas, por não ter ainda atingido a idade mínima legal para sujeição à sanção penal (no Brasil, a idade de 18 anos), é
submetido a medida educativa (nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente).
e) No caso do porte de drogas que não se caracterize tráfico, na forma da Lei nº
11.343/06, adoção das medidas pertinentes, previstas nos incisos do art. 28 do mesmo espeque legal.
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O Processo Penal é regido por princípios, muitos deles previstos no CPP ou mesmo na própria
Constituição Federal:
Razoável é aquilo que tem aptidão para atingir os objetivos a que se propõe, sem, contudo, representar excesso
algum. Desta forma, a razoabilidade acaba por exercer função controladora na aplicação do princípio da
proporcionalidade.
Na ação penal, é onde temos a função exclusiva do Estado no jus puniendi, ou seja, apenas o Estado
Juiz (seja ele personificado na pessoa do juiz, seja ele por meio de um tribunal) é quem pode fazer a Justiça, ajuizar
a ação penal por ato do Ministério Público (o titular da ação penal) portanto, constitui-se em crime o popular “fazer
justiça com as próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora seja legítima”, delito descrito no Código Penal, em
seu “art. 345 - Exercício arbitrário das próprias razões”.
Embora sendo o Estado o titular do direito de punir, não pode fazê-lo valer com o uso direto da
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força. Pelo respeito à dignidade humana e à liberdade individual, ele se submete ao próprio império da lei,
autolimitando o seu poder repressivo e assegurando, para tranquilidade de todos, a aplicação da lei ao caso
concreto, por meio de penalidades e através, também, dos órgãos jurisdicionais. Deste modo, a pena só poderá ser
aplicada após comprovação da responsabilidade do infrator (através do processo) e mediante decisão do órgão
jurisdicional.
Ora, esse direito que tem o estado de levar ao conhecimento do juiz um fato que se reveste de
aparência de infração penal, indicando-lhe o pretenso autor e, ao mesmo tempo, pedindo-lhe a aplicação do direito
penal objetivo, nada mais é que o direito de AÇÃO PENAL, previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.
A Ação Penal, levando-se em consideração o sujeito que a promove, pode ser PÚBLICA ou
PRIVADA. Pública, quando promovida pelo Ministério Público, e que constitui a regra do Direito Penal. Privada,
quando promovida pelos particulares.
As ações privadas ocorrem em certas infrações penais que afetam muito mais o interesse particular
que o social.
A Ação Penal Pública quanto ao seu exercício pode ser condicionada ou incondicionada.
Diz-se incondicionada, quando o seu exercício não depende de manifestação de vontade de quem
quer que seja. Condicionada, quando a propositura da Ação Penal depende de uma manifestação de vontade. Esta
manifestação de vontade se cristaliza num ato que se chama de REPRESENTAÇÃO ou REQUISIÇÃO DO
MINISTRO DA JUSTIÇA.
A Ação Penal Pública inicia-se através de um ato processual, chamado DENÚNCIA, que é
apresentada pelo representante do Ministério Público. Tratando-se de Ação Penal Privada, a sua peça inicial é
denominada QUEIXA.
a) Ação Penal Privada Propriamente Dita, que somente poderá ser exercida pela vítima ou quem
legalmente a represente e, no caso de morte, por qualquer uma das pessoas citadas no Art. 31 do CPP;
b) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: é aquela iniciada através de queixa, quando,
embora se trate de crime de ação pública, o Promotor não haja oferecido a denúncia no prazo legal (Art. 29 do
CPP):
c) Ação Penal Privada Personalíssima, isto é, aquela cujo exercício caiba apenas ao ofendido.
4. A POLÍCIA JUDICIÁRIA
A polícia judiciária é uma função dos órgãos da segurança do Estado que tem como principal
atividade apurar as infrações penais civis e militares e sua autoria por meio da investigação policial, que é um
procedimento administrativo com característica inquisitiva, servindo, em regra, de base à pretensão punitiva do
Estado, formulada pelo Ministério Público civil ou militar, titular da ação penal de iniciativa pública.
No Brasil as atribuições de polícia judiciária são da competência das Polícias Civis das 27 unidades
da federação (Polícias Civis dos Estados e do Distrito Federal), das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares (Polícia Judiciária Militar) e da Polícia Federal, de acordo com os parágrafos 1º e 4º, do artigo 144, da
Constituição Brasileira.
Nos termos do § 4º, do artigo 144, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, "às
polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União
(Polícia Federal), as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais, exceto as militares”. Estas
são realizadas pelos Oficiais PM/BM.
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A apuração das infrações penais (crimes/contravenção penal), conhecida também como investigação
policial, é realizada no curso do Inquérito Policial, previsto no Código de Processo Penal brasileiro. O Inquérito
Policial é conduzido de forma independente por cada Polícia Civil, Polícia Militar ou Polícia Federal, que o
remetem ao juízo criminal competente após a sua conclusão. O Ministério Público poderá requisitar diligências
complementares destinadas a melhor instrui-lo para o oferecimento da ação penal.
As Polícias Civis, as Polícias Militares e a Polícia Federal exercem a polícia judiciária, em sede de
procedimento preparatório ao processo penal (inquérito policial Civil ou Militar), auxiliam o poder judiciário (do
qual compõe também a Justiça Militar), através da coleta de provas e do esclarecimento da autoria e da
materialidade do crime. Embora alguns doutrinadores definam o inquérito policial como "mera peça informativa", é
certo que as provas ali coletadas, mormente as provas técnicas (perícias), são aproveitadas no processo judicial.
Aliás, a imensa maioria das ações penais é baseada em Inquérito Policial.
Na Carta Magna não existe a Polícia Judiciária como um órgão de segurança pública sendo
equivocado dizer que uma ou outra Polícia se chama polícia judiciária, pois esta é apenas uma função de várias
polícias que constam na carta magna e não tem qualquer relação de subordinação com nenhum órgão ou instituição
do poder, nem mesmo com o Ministério Público, a quem incumbe apenas o controle externo da atividade policial.
É que tal controle faculta ao Ministério Público a supervisão do andamento do inquérito, sem
poderes, porém, para ingerir na presidência do inquérito policial, que cabe somente, na forma da Lei 12.830/13, aos
Delegados de Polícia (Civil e Federal) na consecução do disposto pelo art. 4º1 do Código de Processo Penal (CPP)
e aos Oficiais das Forças Armadas, das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, na forma do arts. 7º e
15 do Código de Processo Penal Militar (CPPM).
Nestes últimos casos os Oficiais militares, inclusive, podem se tornar momentaneamente JUÍZES
MILITARES, o que denota uma ligação ainda mais interligada a função de Polícia Judiciária com Justiça Militar,
através do Direito Processual Penal Militar.
Segundo o eminente Rogério Greco, mesmo as requisições do Ministério Público, se entendidas
impertinentes, inadequadas ou prejudiciais ao andamento do inquérito policial, podem ser rejeitadas pelo Delegado,
ou pelo Oficial Militar, por despacho fundamentado, sem que haja o risco de constituir crime de desobediência,
uma vez não haver relação hierárquica entre Delegado/Oficial Militar e Promotor de Justiça.
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Ministério Público do Piauí, de 02/10/18, que orienta os Promotores de Justiça do Estado a receberem os boletins,
relatórios, termos que circunstanciem de ocorrências, peças de informação, lavrados pela Polícia Militar, sempre
que presentes os elementos suficientes para opinio delicti, e, por fim referendado pelo Provimento nº 19, do TJ/PI
de 17/12/18, que autoriza aos Juízes Estaduais da receberem os TCO lavrados pela PMPI, sendo hoje uma realidade
na Corporação, executado por meio do sistema Syspm/PMPI Mobile, na maior parte dos municípios do Estado.
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Flagrante delito é a certeza da existência do crime. Se vê em flagrante delito o indivíduo que se está
cometendo um crime ou acabou de cometê-lo ou, é perseguido logo após pelo ofendido, autoridade ou qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser ele o autor da infração.
A formalização da prisão como ato administrativo de polícia judiciária independe de mandado de
autoridade competente, dispensando a ordem escrita.
Da situação de flagrância decorre a necessidade social de fazer cessar a prática criminosa e a
perturbação da ordem, tendo também o sentido de salutar providência acautelatória a formalização e junção das
provas da materialidade do fato e da respectiva autoria, por meio do procedimento específico de Polícia
Judiciária, denominado Auto de Prisão em Flagrante (APF).
No Processo Penal Comum, o Auto de Prisão em Flagrante é lavrado pelo Delegado Polícia (Civil ou
Federal), consoante o art. 301 e seguintes do Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941 (Código de Processo
Penal – CPP).
A prisão em flagrante tem caráter de medida cautelar de natureza processual que dispensa a ordem
escrita, sendo originariamente e expressamente prevista na Carta Magna em seu art. 5º, inciso LXI:
Art. 5º...
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei.
O Código de Processo Penal (CPP), por sua vez, no seu art. 283, prescreve:
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão
temporária ou prisão preventiva.
(...) §2º A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as
restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.
Esta prisão pode ser feita por qualquer pessoa do povo, não é ato privativo da autoridade policial. Ao
cidadão, é dada a faculdade de prender quem quer que seja encontrado na aludida situação; entretanto, à autoridade
policial civil ou militar é imposta a obrigatoriedade de prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Os ritos e atos procedimentais do Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD) previstos no Código
de Processo penal estão descritos no item 5.1. Da Prisão em Flagrante, nesta apostila.
Temos ainda, como ato de Polícia Judiciária inerente aos atos infracionais (condutas delituosas
análogas aos crimes ou contravenções penais) praticados pelos menores (crianças ou adolescentes), o Auto de
Apreensão em Flagrante de Ato Infracional (AAF), realizado pelo delegado de Polícia Civil (ou federal), tendo
como destinatários no Estado do Piauí, as distritais ordinárias no interior, sendo que na Capital - Teresina as
especializadas - Delegacia de Segurança e Proteção ao Menor (DSPM) sendo o infrator adolescente ou se criança a
Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), para os fins, se necessário, de pertinente Inquérito
Policial, o qual deverá ser encaminhado ao final, ao Juizado da Infância e Juventude ou Juízo da Comarca na
cidade do Interior do Estado.
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Com previsão estampada no Livro I, Título II, do CPP, o Inquérito Policial (IP) tem, via de regra, 02
(duas) origens: a notícia de um crime (seja ela de origem interna ou externa) ou uma prisão em flagrante,
formalizada pelo auto de prisão em flagrante (APF) ou auto de apreensão em flagrante (AAF).
O ato que marca temporalmente seu início, conforme o caso, se dá pela portaria de instauração
do inquérito policial, ou por meio da formalização do auto de prisão ou apreensão em flagrante, no segundo
caso. De acordo com o art. 5º, §3º, do Código de Processo Penal (CPP), “qualquer pessoa do povo que tiver
conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito”.
Nos crimes de ação penal pública, o CPP prevê, no mesmo art. 5°, 02(duas) formas de início do
Inquérito Policial:
a) de ofício;
b) ou mediante requisição da autoridade judiciária, do Ministério Público, ou requerimento do
ofendido ou seu defensor.
A requisição de instauração, por sua vez, embora não haja previsão expressa no CPP, deve conter a
descrição dos fatos a serem investigados, bem como documentos que a instruam minimamente, como diligências
realizadas na esfera administrativa, cópias de procedimentos fiscais etc.
De acordo com o art. 5º, §4º, do CPP, o inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de
representação, não poderá sem ela ser iniciado.
Da mesma forma, pelo §5º, do mesmo artigo, nos crimes de ação privada, a autoridade policial
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Para o desenvolvimento da investigação, o Código de Processo Penal prevê diversas diligências que
podem ser realizadas na sua fase instrutória, as quais podemos dividir entre ordinárias e extraordinárias.
As diligências ordinárias estão previstas nos arts. 6º e 7° do CPP, que estabelecem como
diligências:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até achegada dos peritos criminais;
b) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
c) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
d) ouvir o ofendido;
e) ouvir o indiciado, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham
ouvido a leitura;
f) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
g) determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
h) ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos
autos sua folha de antecedentes;
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i) averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
j) colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.
k) Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie
a moralidade ou a ordem pública.
Nessa fase, é possível ainda a realização de diligências extraordinárias, como a representação por
medidas cautelares sujeitas a reserva de jurisdição, tais como a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico,
telemático, bem como a interceptação telefônica, busca e apreensão, infiltração policial, colaboração premiada e
ação controlada, entre outras.
4.1.4.3. Indiciamento
Uma vez finda a fase de colheita dos elementos probatórios, que pode ser chamada de fase de
“instrução” do inquérito policial, a autoridade policial, mediante análise técnico-jurídica dos fatos, poderá
proceder ao ato de indiciamento do(s) investigado(s), quando presentes os indícios de autoria e
materialidade, nos termos do §6° do art. 2° da Lei 12.830/2013.
A Lei 12.830/2013 trouxe, em seu art. 2°, §6º, “o indiciamento, privativo do delegado de polícia”,
dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,
materialidade e suas circunstâncias”.
O delegado realiza juízo de valoração da conduta no inquérito policial, agindo como juiz do fato, não
sendo, o juiz das linhas do processo, mas, apenas, do fato bruto.
Sua natureza, pode ser entendida como um ato administrativo com efeitos processuais, cujas
consequências são bastante claras.
Para Steiner (1998),“O indiciamento formal tem consequências que vão muito além do eventual
abalo moral que pudessem vir a sofrer os investigados, eis que estes terão o registro do indiciamento nos Institutos
de Identificação, tornando assim público o ato de investigação. Sempre com a devida vênia, não nos parece que a
inserção de ocorrências nas folhas de antecedentes comumente solicitadas para a prática dos mais diversos atos da
vida civil seja fato irrelevante. E o chamado abalo moral diz, à evidência, com o ferimento à dignidade daquele
que, a partir do indiciamento, está sujeito à publicidade do ato”.
Saad (2004) preleciona ainda o indiciamento como condição para o exercício do direito de defesa na
fase investigatória “a partir do qual se deve, necessariamente, garantir a oportunidade ou ensejo ao exercício do
direito de defesa”.
Deve ser destacado ainda que o ato de indiciamento no inquérito policial é privativo do presidente da
investigação, sendo incabível, no caso, requisição por parte do Ministério Público ou do Poder Judiciário para que o
faça, tendo em vista ser ato de seu juízo de valor.
Dessa forma, requisições para indiciamento formuladas no bojo da investigação são ilegais e não
carecem de cumprimento.
De acordo com o art. 10, do CPP o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado
tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
4.1.4.5. Relatório
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O Relatório no Inquérito Policial consiste no ato que marca o encerramento da investigação, quando
a autoridade aponta as diligências realizadas e sua interpretação técnico-jurídica dos fatos.
A autoridade policial (delegado) fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos
ao juiz competente.
No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando
o lugar onde possam ser encontradas.
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do
inquérito.
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Incumbirá ainda à autoridade policial:
1) fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos
processos;
2) realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
3) cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
4) representar acerca da prisão preventiva.
O relatório pode prescindir do indiciamento, que somente ocorre quando presente os indícios de
materialidade e autoria de infração penal.
No relatório do Inquérito Policial, abrem-se três possibilidades ao Ministério Público:
1) requisitar novas diligências (necessárias);
2) desempenhar a opinio delict, por meio do oferecimento de denúncia; ou
3) pedir o arquivamento.
No caso de arquivamento, caso o juiz discorde, deve aplicar o art. 28 do Código de Processo Penal,
remetendo os autos ao procurador-geral, que, concordando com as razões apresentadas pelo juiz, deve designar
novo promotor para atuar no caso.
Esses são, em síntese, os passos por quais percorre o inquérito policial de sua instauração até o seu
encerramento com o relatório final da autoridade policial.
Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou digitadas e,
neste caso, rubricadas pela autoridade, devendo ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a
autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo
a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
Nos termos do Art. 13-A do CPP, os crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158
e no art. 159 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
1) o nome da autoridade requisitante;
2) o número do inquérito policial; e
3) a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.
O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será
realizada, ou não, a juízo da autoridade.
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5. PRISÃO
Prisão é a privação da liberdade. A prisão de um cidadão só pode ser feita em duas situações: em
flagrante delito ou mediante ordem escrita da autoridade judiciária competente (mandado judicial).
Veja-se o embasamento legal para que a prisão seja efetuada.
A Constituição Federal em seu Art. 5º, LXI, diz que: “ninguém será preso senão em flagrante delito
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar
ou crime propriamente militar, definidos em lei”.
Art. 142, §2º - Não caberá Habeas-corpus em relação a punições disciplinares militares.
A prisão em flagrante está referida no Código de Processo Penal nos artigos 301 e seguintes,
conforme se vê adiante:
Art. 301 – Qualquer pessoa do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 302 – Considera-se em flagrante delito quem:
I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou qualquer pessoa, em situação que
faça presumir ser ele autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
ele o autor da infração.
Art. 303 – Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a
permanência.
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Art. 304 – Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde
logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida,
procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva, suas respectivas assinaturas, lavrando, a
autoridade, afinal, o auto.
§1º - Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-
lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito
ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2º - A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas,
nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
§3º - Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
Art. 306 - A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1º - Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado,
cópia integral para a Defensoria Pública.
§ 2º - No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Art. 307 - Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de
suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o
preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas
testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso,
se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308 - Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo
apresentado a do lugar mais próximo.
Art. 684 - A recaptura do réu evadido, não depende de prévia ordem judicial e poderá ser efetuada
por qualquer pessoa.
Ocorre quando o indivíduo, pressentindo que se tornará vítima de um crime, avisa a polícia para que
esta passe a exercer necessária vigilância.
Ex: “A” desconfia que os ladrões vão a sua casa. Avisa à polícia e esta fica na espera. Pegando os
ladrões quando entram na sua casa.
A discussão na doutrina resume-se à caracterização de tentativa punível ou não. Alguns autores
acham que não, visto que os dispositivos foram postos para evitar a consumação do delito.
Estaria, assim, o agente, na mesma situação daquele que comete o chamado crime impossível.
Face às circunstâncias, o sujeito ativo jamais conseguiria realizar o tipo, consumando o delito.
Outros entendem que se trata de tentativa punível. Apesar da espera, dos preparativos no sentido de
flagrar o agente, resta sempre a possibilidade de o delinquente burlar a vigilância e consumar o crime, produzindo a
lesão ao bem jurídico. Para estes autores, o agente entrou na fase da execução.
A Súmula 145 do STF, diz: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação”.
O crime provocado é, também, chamado de “crime de ensaio”, “de experiência” ou “crime putativo
por obra do agente provocador”.
Ex: O dono de uma loja, desconfiado da honestidade de uma empregada, mandou-a selecionar
determinada mercadoria, deixando-a sozinha num compartimento, ao mesmo tempo em que colocou policiais de
atalaia, previamente solicitados, que a surpreende no ato do furto.
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Art. 283 - Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado
ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
...
§ 2º - A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições
relativas à inviolabilidade do domicílio.
Art. 284 - Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de
tentativa de fuga do preso.
Art. 285 - A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.
Parágrafo único - O mandado de prisão:
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos;
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução.
Dentre estes tipos de prisão, apenas a prisão em flagrante não depende de mandado judicial. Para
melhor entendimento, segue-se um sucinto comentário sobre cada um desses tipos.
A prisão preventiva poderá ser decretada em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
criminal (processo) ou mesmo em caso de necessidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva,
consoante o art. 310, do CPP, desde que a autoridade judiciária entenda haver prova da existência do crime,
indícios suficientes da autoria e a necessidade de permanência do flagranteado sob a custódia provisória do Estado,
ante os pressupostos para sua decretação, que são: fumus boni iuris; e, o periculum in mora.
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Art. 313 - Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940-Código
Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único - Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la,
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra
hipótese recomendar a manutenção da medida.
Art. 315 - A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada.
Art. 317 - A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só
podendo dela ausentar-se com autorização judicial.
Art. 318 - Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
IV – gestante;
V – mulher com filho de até 12 anos incompletos;
VI – homem, caso seja o único responsável pelos cuidados de filho de até 12 anos incompletos.
Parágrafo único - Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou
pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação
concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código.
A prisão temporária só pode ser decretada por meio de autoridade judicial, todavia, mediante
representação da autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público. Não pode ser decretada de ofício
pelo juiz.
Esta modalidade de prisão provisória, criada pela lei nº 7.960, de 21/12/89, caberá nas seguintes
hipóteses:
A prisão temporária é uma medida acautelatória em que é restrita a liberdade de locomoção (por
tempo determinado) de um indivíduo. Ela é destinada a possibilitar as investigações a respeito de
crimes graves, em sede de inquérito policial.
A sua duração é de 05 (cinco) dias, podendo ser prorrogada por igual período, em caso de extrema e
comprovada necessidade. Entretanto, há a exceção para crimes hediondos e outros delitos
considerados mais graves. Nestes, o prazo é mais vasto (30 dias, prorrogável por igual período).
Ela é diferente da prisão preventiva, visto que, ocorrerá:
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7. PERSEGUIÇÃO
Art. 290 - Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade
local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do
preso.
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Nada impede que o executor, antes ou durante a perseguição e realização da captura, avise e peça
auxílio às autoridades locais, mas não há determinação legal que imponha tal providência.
8. EMPREGO DA FORÇA
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de
tentativa de fuga do preso.
Art. 292 - Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
determinada pela autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos
meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito
também por duas testemunhas.
Art. 293 - Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em
alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido,
imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa,
arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não
for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo Único - O morador que se negar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença
da autoridade, para que se proceda contra ele caso for de direito.
Havendo consentimento do morador, pode ser realizada à noite ou durante o dia. Mesmo assim
aconselha-se levar duas testemunhas para presenciar a prisão.
Atente-se ao que estabelece o Art. 398, § 2º do Código Penal que autoriza ao ascendente,
descendente, cônjuge ou irmão de criminoso prestar-lhe auxílio, ficando isento de pena.
O emprego da força não deve exceder o indispensável ao cumprimento do mandado, que é fato
praticado em estrito cumprimento do dever legal. (art. 23.III, CP). O excesso, como violência desnecessária,
constitui ilícito penal (abuso de autoridade, homicídio, lesões corporais, etc.).
9. DOMICÍLIO
Segundo a Constituição Federal, em seu Art. 5º, inciso XI: "A casa é o asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito, ou desastre, ou
para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial".
Este conceito esclarece diversos aspectos. Em primeiro lugar deixa claro que com o consentimento
do morador, pode-se entrar em uma casa tanto de dia como de noite. Sem este consentimento, a lei faz uma
distinção entre o dia e a noite.
De noite, só se pode entrar em caso de flagrante delito, que abrange aquelas quatro situações já vistas
anteriormente, em caso de desastre, como por exemplo, um terremoto, um incêndio ou uma enchente e ainda para
prestar socorro para alguém.
Durante o dia, além destas situações, pode-se entrar na casa sem consentimento em caso de possuir
determinação judicial.
Embora ainda não se tenha uma definição legal do que seja dia, para que se possa cumprir estes
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dispositivos convencionou-se considerar como dia, então, o período que compreende das 06h00min às 18h00min, e
como noite o período que compreende das 18h00min às 06h00min. Portanto, mesmo que o policial possua uma
determinação judicial para entrar em uma residência, só poderá fazê-lo durante o dia.
É pacífico na doutrina que o art. 293 do CPP é estendido, no que lhe for aplicável, à prisão que deva
ser efetuada no domicílio da pessoa a ser capturada, que deve ser intimada a entregar-se. Goza ele, como morador,
das mesmas garantias quanto à inviolabilidade do domicílio, sendo possível, muitas vezes, que não seja o único a
residir no local.
Assim se conclui que, durante a noite, na oposição do morador ou da pessoa a ser presa, o executor
não poderá invadir a casa, devendo esperar que amanheça para se dar cumprimento ao mandado.
Resta ainda compreender o que se entende por casa em termos da lei.
Segundo o art. 150, § 4º do Código Penal: “A expressão casa compreende”:
I - Qualquer compartimento habitado;
II - Aposento ocupado de habitação coletiva;
III - Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
No item I pode-se verificar que qualquer compartimento habitado é considerado casa, e isto inclui
uma barraca, desde que não se tenha a visão de seu interior, um trailer, um casebre na favela, etc. Vê-se ainda pelo
item II que o quarto do hotel também é protegido pela inviolabilidade do domicílio; bem como, no item III, a parte
de um bar localizado do balcão para trás.
Deve-se ainda ter em mente que a proteção se estende aos jardins, quintais e garagens da casa.
Assim, o policial militar ao penetrar em uma casa, deverá sempre verificar se todos os aspectos
legais estão sendo cumpridos.
Sendo a busca e apreensão uma das atividades mais comuns no dia a dia do policial militar, é
importante conhecer a fundamentação legal que a rege:
A busca domiciliar, com o advento da Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º, XI, só
poderá ser executada com o mandado judicial. Apesar do art. 241 do CPP referir-se à possibilidade da
autoridade policial poder realizar busca domiciliar, nas hipóteses previstas nesse artigo, ele somente poderá fazê-la
com mandado judicial.
Art. 241 - Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar
deverá ser precedida da expedição de mandado.
O Art. 243 do CPP evidencia o conteúdo que deve constar do mandado de busca.
O § 2º assim estabelece: "Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado,
salvo quando constituir elemento de corpo de delito".
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Art. 244 - A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de
que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou
quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.
Art. 245 - As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à
noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o
represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
§1º - Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência;
§2º - Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada;
§3º - Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa,
para o descobrimento do que se procura.
§4º - Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser
intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§5º - Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
§6º - Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da
autoridade ou de seus agentes.
§7º - Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas
presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.
Art. 246 - Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em
compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao
público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
Art. 247 - Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão comunicados a
quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
Art. 248 - Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que o
indispensável para o êxito da diligência.
Art. 249 - A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
diligência.
Art. 250 - A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de outro
Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à
competente autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.
§1º - Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa quando:
a) Tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a
percam de vista;
b) Ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias,
que está sendo removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu encalço.
§ 2º - Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas
referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão
exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência.
11. RESISTÊNCIA
Art. 292 - Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por
autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para
defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.
Art. 293 - Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma
casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o
executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso;
sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas,
tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo único - O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença da
autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito.
Art. 294 - No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.
Art. 295 - Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando
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Art. 296 - Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos
militares, de acordo com os respectivos regulamentos.
Art. 300 - As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamente
condenadas, nos termos da lei de execução penal.
Parágrafo único - O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será
recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades
competentes.
A classe dos advogados não possui foro privilegiado, ao contrário de outras instituições, e seus
integrantes têm pleno conhecimento das disposições legais, mas possuem prerrogativas que lhe são outorgadas não
por decreto, mas por Lei Federal, sob pena de desobediência ao Estado de Direito, instituído pela Constituição de
1988.
O art. 7º, inciso V, da Lei 8.906 de 04 de julho de 1994, disciplina que, "São direitos do advogado:
"não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior com instalações e
comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e na sua falta, em prisão domiciliar".
Entenda-se que Sala de Estado Maior não se relaciona a cela, nem muito menos a sala de estado
maior dos quartéis de Polícia, Bombeiros Militares ou das Forças Armadas, mas de um compartimento onde o
advogado como preso especial deverá ser recolhido, observando-se o que dispõe o art. 295, VII e §§ 1º, 2º, 3º, 4º e
5º, do CPP.
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Dispõe a CF que "ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança (Art. 5º, LXVI)
Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder
liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 e observados os critérios
constantes do art. 282 do Código de Processo Penal.
O presente tema está abordado no Código de Processo Penal, em seus artigos 321 a 350. Para maior
conhecimento, serão transcritos apenas os que ressaltam as necessidades do policial militar.
Art. 322 - A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único - Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
Art. 323 - Não será concedida fiança:
I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como
crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
V - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 324 - Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo
justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código;
II - em caso de prisão civil ou militar;
III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312).
Art. 325 - O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites:
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011)
c) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no
grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada
for superior a 4 (quatro) anos.
§1º - Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser:
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 326 - Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as
condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade,
bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento.
Art. 327 - A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes
que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não
comparecer, a fiança será havida como quebrada.
Art. 328 - O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia
permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8(oito) dias de sua residência, sem comunicar
àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
Art. 330 - A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais
preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
§1º - A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita imediatamente por perito
nomeado pela autoridade.
§ 2º - Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será determinado pela sua
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cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
Art. 332 - Em caso de prisão em flagrante, será competente para conceder a fiança a autoridade que presidir ao
respectivo auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou
policial a quem tiver sido requisitada a prisão.
Art. 334 - A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória.
Art. 335 - Recusando ou retardando a autoridade policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele,
poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
horas.
Art. 337 - Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver absolvido o acusado
ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído sem desconto, salvo o
disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código.
Art. 341 - Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo;
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
V - praticar nova infração penal dolosa.
Art. 350 - Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do preso, poderá
conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a
outras medidas cautelares, se for o caso.
Parágrafo único - Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das obrigações ou medidas
impostas, aplicar-se-á o disposto no §4º do art. 282 deste Código.
16.1. Conceito
A audiência de custódia é o instrumento processual que determina que todo preso em
flagrante deve ser levado à presença da autoridade judicial, no prazo de 24 horas, para que esta avalie a
legalidade e necessidade de manutenção da prisão.
É uma medida de cunho processual penal, oriunda de pactos e tratados internacionais em que o
Brasil é signatário, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Interamericana de
Direitos Humanos (este último mais conhecido como Pacto ou Tratado de San Jose da Costa Rica).
Na legislação brasileira, está prevista no art. 310 do Código de Processo Penal, consoante
alteração proporcionada, recentemente, pela Lei nº 13.964/19, de 24/12/2019.
A Audiência de Custódia confere ao cidadão preso em flagrante o direito de ter seu caso
reanalisado por um juiz, que verá a legalidade da sua prisão em tempo excessivamente curto e, ainda, com a
garantia do contato pessoal.
A audiência de custódia é presidida por autoridade que detém competências para controlar a
legalidade da prisão (magistrado). Portanto, sabe-se que a autoridade de polícia judiciária (comum ou militar)
lavra e o juiz controla seu funcionamento. Além disto, serão ouvidas também as manifestações de um Promotor
de Justiça (Ministério Público), de um Defensor Público (Defensoria Pública) ou de seu Advogado.
1) Prisão em flagrante;
25
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O CNJ por meio da Resolução nº 213, de 15 de dezembro de 2015, estabeleceu as medidas a serem
adotadas pelos magistrados para as pessoas presas, para os fins na audiência de custódia, dentre elas, carecendo
uma atenção especial às previstas em seus art. 8º e 11:
(...)
Art. 8º Na audiência de custódia, a autoridade judicial entrevistará a pessoa presa em flagrante,
devendo:
26
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(....)
Art. 11. Havendo declaração da pessoa presa em flagrante delito de que foi vítima de tortura e
maus tratos ou entendimento da autoridade judicial de que há indícios da prática de tortura, será
determinado o registro das informações, adotadas as providências cabíveis para a investigação da
denúncia e preservação da segurança física e psicológica da vítima, que será encaminhada para
atendimento médico e psicossocial especializado. (GRIFO NOSSO).
§ 1º Com o objetivo de assegurar o efetivo combate à tortura e maus tratos, a autoridade jurídica e
funcionários deverão observar o Protocolo II desta Resolução com vistas a garantir condições
adequadas para a oitiva e coleta idônea de depoimento das pessoas presas em flagrante delito na
audiência de custódia, a adoção de procedimentos durante o depoimento que permitam a
apuração de indícios de práticas de tortura e de providências cabíveis em caso de identificação de
práticas de tortura. (GRIFO NOSSO).
§ 2º O funcionário responsável pela coleta de dados da pessoa presa em flagrante
delito deve cuidar para que sejam coletadas as seguintes informações, respeitando a vontade da
vitima:
I - identificação dos agressores, indicando sua instituição e sua unidade de atuação;
II - locais, datas e horários aproximados dos fatos; (GRIFO NOSSO).
III - descrição dos fatos, inclusive dos métodos adotados pelo agressor e a indicação das lesões
sofridas; (GRIFO NOSSO).
IV - identificação de testemunhas que possam colaborar para a averiguação dos fatos;
V - verificação de registros das lesões sofridas pela vítima; (GRIFO NOSSO).
VI - existência de registro que indique prática de tortura ou maus tratos no laudo elaborado pelos
peritos do Instituto Médico Legal; (GRIFO NOSSO).
VII - registro dos encaminhamentos dados pela autoridade judicial para requisitar investigação
dos relatos;
VIII - registro da aplicação de medida protetiva ao autuado pela autoridade judicial, caso a
natureza ou gravidade dos fatos relatados coloque em risco a vida ou a segurança da pessoa presa
em flagrante delito, de seus familiares ou de testemunhas. (GRIFO NOSSO).
§ 3º Os registros das lesões poderão ser feitos em modo fotográfico ou audiovisual,
respeitando a intimidade e consignando o consentimento da vítima. (GRIFO NOSSO).
§ 4o Averiguada pela autoridade judicial a necessidade da imposição de alguma medida de
proteção à pessoa presa em flagrante delito, em razão da comunicação ou denúncia da prática de
tortura e maus tratos, será assegurada, primordialmente, a integridade pessoal do denunciante,
das testemunhas, do funcionário que constatou a ocorrência da prática abusiva e de seus
familiares, e, se pertinente, o sigilo das informações.
§ 5º Os encaminhamentos dados pela autoridade judicial e as informações deles resultantes
deverão ser comunicadas ao juiz responsável pela instrução do processo.
(...)
Acerca da audiência de custódia, assim preleciona o art. 310 do Código de Processo Penal, verbis:
CPP. Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e
quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a
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A audiência de custódia no Piauí foi implantada conforme Termo de Adesão do Estado do Piauí ao
Termo de Cooperação Técnica nº 007, datado de 21 de agosto de 2015, celebrado entre o Estado do Piauí, o
Conselho Nacional de Justiça, o Ministério da Justiça e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa, sendo
regulamentado pelo Provimento Conjunto 03/2015, da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-
PI) e da Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Piauí (CGJ-PI), contando com o apoio do efetivo
funcionamento de Centrais Integradas de Alternativas Penais, Centrais de Monitoração Eletrônica e serviços com
enfoque restaurativo e social, aptos, em suma, a oferecer opções concretas e factíveis ao encarceramento provisório
de pessoas.
Esse tipo de audiência possibilita a apresentação de um preso ao juiz, na presença de representantes
do Ministério Público e de um defensor público ou privado, em até 24 horas após a prisão em flagrante para que
seja avaliada a pertinência da manutenção dessa prisão ou aplicação de medidas como fixação de fiança,
encaminhamento para tratamento (no caso de dependentes químicos, por exemplo) e determinação de uso de
tornozeleira eletrônica.
As audiências de custódia em Teresina são realizadas de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, no
Fórum Desembargador Joaquim de Sousa Neto, sendo presididas atualmente pelos Juízes de Direito da Central de
Inquéritos e no interior do Estado, na sede do Juízos de suas respectivas Comarcas.
A Lei nº 9.099/95 fundamenta-se diretamente no art. 98, inciso I, da Constituição Federal o qual
estabelece a criação pela União, no Distrito Federal e nos Estados, dos Juizados Especiais, sendo estes providos por
juízes togados, ou togados e leigos, com competência para a conciliação, o julgamento e a execução de causas
cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento dos recursos por turma de
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antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis.
A Lei das Execuções Penais destina-se a regular a execução das penas e das medidas de segurança.
O art. 1º da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984(Lei Federal), estabelece que: "A execução penal
tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado".
Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela
lei, sendo vedada qualquer distinção de natureza social, religiosa ou política, devendo recorrer o Estado à
cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança.
Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade para orientar a
individualização da execução penal.
A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado (assistência material, a saúde, jurídica,
educacional, social, religiosa).
O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade
educativa e lucrativa, além de ser remunerado.
Cumpre ao condenado também, submeter-se às normas de execução das penas possuindo direitos e
tendo que cumprir deveres, sujeitando-se a faltas disciplinares, sanções e recompensas (elogio e concessão de
regalias).
São órgãos em âmbito Nacional da execução penal o Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária – CNPCP e o Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN.
No estado do Piauí, são: o Juízo da 2ª Vara Criminal e de Execuções Penais, o Ministério Público, o
Conselho Penitenciário e a Secretaria de Justiça e da Cidadania, com suas unidades prisionais do Estado, cada um
com seus respectivos regimes:
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ESTABELECIMENTO REGIME
Casa de Custódia Fechado
Irmão Guido Fechado
Penitenciaria Feminina Fechado
e semiaberto
Casa de albergado Aberto
Major Cesar Semiaberto
Hospital Penitenciário Fechado e
semiaberto
Esperantina Fechado
Parnaíba (mista) Fechado e
semiaberto
Floriano Fechado
Picos (masculina) Fechado
Picos (feminina) Fechado e
semiaberto
Oeiras Fechado e
semiaberto
Bom Jesus Fechado
São Raimundo Fechado
A execução das penas (privativa de liberdade, restritiva de direitos, de multa) e das medidas de
segurança bem como o procedimento judicial correspondente às unidades prisionais do Estado observará o que
dispõe a Lei 7.210/84, e normas peculiares.
Além das Unidades prisionais acima destacadas, temos o Centro Educacional Masculino (CEM),
instituto correcional para onde são encaminhados os menores infratores, para cumprimento de medidas sócio-
educativas, não fazendo parte do Sistema Penitenciário Estadual, sendo pertencente à Secretaria de Assistência
Social do Estado – SASC.
Embora também não fazendo parte do Sistema Prisional Estadual temos o Presídio da Polícia
Militar (PPM), instituído inicialmente por meio da Portaria nº 729, de 18 de dezembro de 2012, do Comando
Geral da Polícia Militar do Piauí, publicada no DOE nº 239, de 21/12/12 e posteriormente incluído na estrutura
organizacional da Corporação como órgão de apoio da Corregedoria da PMPI, por meio da Lei nº 6.792, de
19/04/16, publicada no DOE nº 73, de 19/04/16, sendo o estabelecimento penal destinado à Custódia de
Militares Estaduais, presos provisoriamente ou condenados pelas Justiças Comum, Federal ou Militar (9ª
Vara Criminal de Teresina).
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UNIDADE II
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O Direito Processual Penal Militar é um ramo especializado do direito que tem por objetivo
permitir a aplicação da legislação penal militar por meio de regras processuais que de forma semelhante
cuidam do processo penal, tanto em razão dos procedimentos de Polícia Judiciária quanto nos tipos de
processos ordinários e de procedimentos especiais.
No Brasil, o Direito Processual Penal Militar está materializado pelo Código de Processo
Penal Militar (CPPM), que é o Decreto-lei 1002, de 1969, que cuida dos procedimentos ordinário e
especial, a serem observados no curso dos processos perante a Justiça Militar da União e da Justiça
Militar Estadual.
Os processos da Justiça Militar Estadual, por exemplo, nos crimes militares, correspondem
àqueles a que respondem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros Militares,
obedecendo às normas processuais previstas no Código de Processo Penal Militar.
A doutrina especializada nesta seara ainda é limitada, destacando-se os estudos realizados a
respeito da matéria autores como Jorge César de Assis, Cícero Robson Coimbra Neves, Célio Lobão
Ferreira, Ronaldo João Roth, Rodrigo Foureaux, Élio Manoel, Eládio Pacheco Estrela, dentre outros.
Apesar da pouca divulgação, o Direito Penal Militar e o Direito Adjetivo castrense têm um
público alvo em torno de um milhão de pessoas, entre os militares da ativa e da reserva das Forças
Armadas e das Forças Auxiliares (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares).
O início do processo penal militar tem-se por meio da persecução criminal, através da Policia
Judiciária Militar, a qual é exercida nos termos art. 7º do CPPM, por autoridades, nos órgãos, forças,
unidades e entidades que sejam subordinados a elas, tanto no âmbito das Forças Armadas, quanto nas
Corporações Militares Estaduais. Para tanto temos como atos de Polícia Judiciária Militar os
persecutórios ou acautelatórios realizados ante o crime militar - Inquérito Policial Militar (IPM), Auto de
Prisão em Flagrante Militar (APFD) e Termo (ou Instrução Provisória) de Deserção (TD ou IPD), dentre
outros atos não apenas procedimentais, como a realização de expedientes previstos no art. 8º, do CPPM,
tais como a requisição de perícias, cumprimento das determinações da Justiça Militar e demais
prescrições previstas no Código de Processo Penal Militar.
Posteriormente temos a ação penal militar que é exercida por meio do Juízo Militar que atua
em admissibilidade pré-processual e de garantias e no processo penal propriamente dito, mediante
denúncia do Ministério Público sempre que houver prova de fato que, em tese, constitua crime e/ou
indícios de autoria.
Qualquer pessoa, no exercício do direito de representação, poderá provocar a iniciativa do
Ministério Publico, dando informações sobre fato que constitua crime militar e sua autoria, e indicando-
lhe os elementos de convicção. As informações, se escritas, deverão estar devidamente autenticadas; se
verbais, serão tomadas por termo perante o juiz, a pedido do órgão do Ministério Público, e na presença
deste.
Da mesma forma que na Justiça comum, o processo ou ação criminal militar inicia-se com
o recebimento da denúncia pelo Juízo Militar (Juiz ou Conselho de Justiça – Especial ou
Permanente), a quem cabe, juntamente com seus auxiliares (Escrivão, Oficial de Justiça, Analistas e
Técnicos), garantir a regularidade do processo e a execução da lei penal militar. É ele que mantém a
ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar, inclusive, a força militar.
Constituem também no processo da ação penal as partes – acusador (Ministério Público e o
assistente de acusação, este último, se o ofendido assim o tiver), o acusado (assim chamado ao ser
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requerimento do Ministério Público, enquanto não for proferida sentença irrecorrível, o juiz poderá
submeter às medidas de segurança que lhes forem aplicáveis: a) os que sofram de doença mental, de
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ou outra grave perturbação de consciência, ébrios
habituais, toxicômanos, mediante internação provisória em hospital de custódia e a definitiva - aquela
aplicada pelo juiz em vez da pena, àqueles com insanidade mental, mediante internação definitiva em
hospital de custódia. Aplicação da Pena, correspondente ao crime praticado, observando-se as situações
de prescrição. Surgindo um novo dilema, quanto à aplicação da Lei Penal aos novos crimes militares (por
extensão) em face das mudanças e definição de competência jurisdicional, proporcionados pela recente e
híbrida Lei nº 13.491/17, que embora tenha ampliado substancialmente o entendimento das hipóteses da
incidência do crime militar, previstas no art. 9º do Código Penal Militar (CPM), trouxe enormes
consequências processuais, inclusive a processos criminais e inquéritos policiais já em andamento.
No Direito Processual Penal Miliar, temos também os atos probatórios. Interrogatório.
Confissão. Perícias e exames. Testemunhas. Acareação. Reconhecimento de pessoa e coisa.
Documentos. Indícios.
Por último temos as nulidades, em que seja ato judicial ou pré-processual (ato judicial ou
persecutório) que será declarado nulo se resultar em prejuízo para a acusação ou para a defesa, tendo
como exemplo, incompetência, impedimento, suspeição ou suborno do juiz pode levar a anulação de um
ato judicial. Como outro exemplo, temos o Auto de Prisão em Flagrante Militar, lavrado por autoridade
militar incompetente, em que poderá caber a concessão de ordem de habeas corpus, mesmo em delito
militar.
Para que sejam validadas estas nulidades, elas precisam ser declaradas e arguidas dentro de
um prazo pré-definido e por autoridade competente.
Feitas estas considerações, iremos agora nos ater com mais profundidade daqui em diante à
Polícia Judiciária Militar, com enfoques práticos, que são o objeto principal da nossa disciplina de
Fundamentos de Direito Processual Penal Militar.
“Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do artigo 8º, pelas seguintes autoridades,
conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o Território Nacional e fora dele, em
relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter,
desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposição legal, estejam
sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e unidades que lhes
são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades
compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos
territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos
e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de
organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios.”
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua
autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por eles lhe forem
requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
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Embora o CPPM refira-se apenas à terminologia própria das Forças Armadas, faz-se mister,
para o exercício da polícia judiciária militar, no âmbito da PMPI, a analogia aos graus funcionais e
hierárquicos para o exercício de tal atividade, diretamente ou mediante delegação aos seus comandados
(oficiais e graduados, nos termos da Lei), através da instauração ou adoção dos procedimentos de polícia
judiciária militar, pelas seguintes autoridades, em observância ao disposto no art. 7º, alínea “h”, do
CPPM:
1- Comandante-Geral;
2- Comandantes Intermediários (CPM I, CPM II, CPLMN, CPCE, COPAER, CPCOM, CPE
etc);
3- Comandantes de Unidades (1º, 2º, 3º BPM etc) e Subunidades (Independentes - 2ª CIPM
– Promorar, CIPE ou destacadas – 3ª Cia/1º BPM, 2ª Cia/12º
BPM, 2ª Cia/10º BPM, etc).
Além das autoridades aqui mencionadas, temos aquelas que exercem a atividade de Polícia
Judiciária Militar, de Ofício (Oficiais Coordenadores de Policiamento de Unidade – CPU, Comandantes
de Policiamento, Oficiais de Dia, Graduados de Dia, ou Comandantes de GPM, Chefes de Plantão2 de
Polícia Judiciária Militar da Corregedoria ou autoridade correspondente nas OPM, quando de serviço e/ou
em razão da função, observando-se o disposto no art. 223, do CPPM) quando na realização dos Autos de
Prisão em Flagrante Delito (APFD), nos procedimentos inerentes aos Termos de Deserção (TD), como a
prisão de desertores, com sua apresentação voluntária, ou mesmo além do disposto no art. 262,
referentes ao comparecimento espontâneo, nos demais crimes militares, ou mesmo quando
devidamente delegadas para tal mister, nos procedimentos de Inquéritos Policiais Militares (IPM).
2Através da Portaria nº 075, do Comando Geral, datada de 20/02/13, com as alterações proporcionadas pela Portaria nº 193, de 30/05/18,
encontra-se regulamentado o serviço de Plantão de Polícia Judiciária Militar (PPJM) e a Polícia Disciplinar Ostensiva (PDO), na
Corregedoria da Polícia Militar do Piauí , com atribuições dentre outras de orientar e, se necessário, proceder a autuação em flagrante delito
do(s) militar(es) da ativa, que de serviço ou de folga e inativos que praticar(em) crime militar, observado o disposto nos arts. 223, 244, 245 e
249, do CPPM.
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7º e 8º, do CPPM, estão previstos nas instruções normativas - IN001-EMG/PMPI, que trata no Manual
de Prática de Polícia Judiciária Militar (Inquérito Policial Militar, Auto de Prisão em Flagrante
Delito, Termo de Deserção, Comparecimento Espontâneo, etc), regulamentada a sua utilização
obrigatória na Instituição, consoante disposto na Portaria nº 158/CGC, de 07/06/13, publicada no BCG nº
112, de 18/06/13, além das regulamentações administrativas instituídas pelo Comando Geral da
Corporação, como as alterações previstas na Portaria nº 275-GCG, de 18/10/13, publicada no BCG nº
200, de 22/10/13, que orienta acerca dos procedimentos adotados em ocorrências envolvendo policial
militar, tanto na posição de autor como de vítima, nos casos da prática de crimes militares decorrentes
de intervenção policial militar, além da Portaria nº 098-GCG/2014, de 19/03/14, publicada no BCG nº
055, de 24/03/14, que trata sobre a inclusão de dados3 essenciais de policiais militares em procedimentos
criminais de polícia judiciária militar.
Caberá também, além do constante na referida instrução normativa e, na forma do que
dispõe o art. 138, da Lei Estadual nº 3.808, de 16/07/81, a observância do disposto no Código de Processo
Penal Militar.
CPPM: “art. 9º O inquérito policial-militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos
legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade
precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.”
OBS: VER no art .9º, do CPM (Código Penal Militar) as circunstâncias de crime militar.
De acordo com o art. 10, do CPPM o inquérito Policial Militar (IPM) é iniciado mediante
portaria:
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrido
a infração penal, atendida a hierarquia do infrator;
b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de
urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada,
posteriormente, por ofício;
c) em virtude de requisição do Ministério Público;
3 Através da Portaria nº 098-GCG/2014, de 19/03/14, o Comando Geral da PMPI, considerando as atribuições que lhe confere o art. 7º, alínea
“h”, do Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 (Código de Processo Penal Militar), bem como o que estabelece o art. 16, II, alínea
“a” do Provimento nº 39/2013, da Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí; e ainda em consonância com o
disposto na Lei Federal nº 11.971, de 06 de julho de 2009, que visa garantir a individualização das pessoas quando da emissão de certidões
expedidas pelos Ofícios do Registro de Distribuição e Distribuidores Judiciais, determinou que os encarregados dos procedimentos de Polícia
Judiciária Militar (Inquérito Policial Militar, Auto de Prisão em Flagrante Delito ou Termo de Deserção), consignem nos autos, quando da
qualificação de policiais militares indiciados, presos ou desertores, os dados relacionados, necessários para a alimentação do Sistema de
Gestão de Processos Judiciais: I - nome da mãe; II - data de nascimento; III - endereço completo, inclusive o CEP; IV - o número da
inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas – CPF; V - correio eletrônico, se houver.
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De acordo com o art. 11, do CPPM a designação de escrivão para o inquérito caberá ao
respectivo encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação para aquele fim,
recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou
suboficial, nos demais casos (ou seja, se praças ou civis, estes últimos se cometerem crime militar na
esfera federal)..
De acordo com o Parágrafo único, do art. 11, do CPPM, o escrivão prestará compromisso
de manter o sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as determinações do CPPM e do Encarregado do
IPM, no exercício da função.
Art. 12, do CPPM. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar,
verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das
coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
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De acordo com o parágrafo único do art. 13, CPPM, para se verificar a possibilidade de
haver sido a infração praticada de determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder à
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem
atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.
2.3.1.7. Prazo
Art. 20, CPPM, 20 dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de 40 dias, quando o indiciado estiver solto, contados a
partir da data em que se instaurar o inquérito.
2.3.1.8. Prorrogação
Art. 20, § 1º, do CPPM: Este último poderá ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela
autoridade militar superior para exames, perícias e outras diligências. O pedido deve ser feito antes da
terminação do prazo inicial.
2.3.1.9. Devolução
Art. 22, § 1º, do CPPM: Devolução pela autoridade delegante ao Encarregado para
novas diligências, no prazo não excedente de vinte dias, para a restituição dos autos.
Art. 26, do CPPM: Os autos do IPM, poderão ser devolvidos à autoridade policial, caso
sejam seja necessárias novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia ou por
determinação do juiz antes da denúncia, para preenchimentos de formalidade prevista no CPPM, ou para
complemento de prova que julgue necessária, sendo que em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não
excedente de vinte dias, para a restituição dos autos.
No IPM, quanto à ordem de oitiva das pessoas, não há uma ordem obrigatória a ser
observada para a oitiva de pessoas, devendo ser decidida pelo encarregado, de acordo com a
conveniência da investigação policial militar. No entanto, é recomendável ouvir o investigado/indiciado
por último quando já está de posse de todas as informações necessárias para o seu interrogatório.
Tanto testemunhas, ofendido e investigado/indiciado podem ser ouvidos quantas vezes for
necessário, sempre que novo esclarecimento deva ser prestado. Lembrando que a requisição de militares
a fim de serem ouvidos no IPM, deverá obrigatoriamente ser feita por intermédio da autoridade a que
estiver subordinado, nos termos do que dispõe o art. 288, §3º, do CPPM.
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Testemunha é aquela pessoa que presta o compromisso legal de dizer a verdade acerca dos
fatos que lhe forem perguntados. É ouvida por meio de termo de inquirição de testemunha.
Informante é aquela pessoa que tem algum interesse particular na apuração ou que tem
algo contra ou favor das partes (pessoas ofendidas ou militares imputados) envolvidas no fato sob
investigação. Também sendo considerado informante o menor (criança ou adolescente quando
comparece para ser ouvido, e devidamente acompanhado de curador) e o relativamente incapaz. São
ouvidos por termo de informações.
Ofendido/Vítima: é aquela pessoa que noticia um fato delituoso, que requer a devida
apuração. Devendo a pessoa, que se disser ofendido/vítima do ato delituoso, ser advertida antes de sua
oitiva, acerca dos crimes de denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime (art. 342 do CPM
ou 339 do CP). O ofendido ou vítima é ouvido por termo de declarações.
Investigado: aquela pessoa contra quem está se levantando indícios ou suspeitas da prática
delituosa. É ouvido também por meio de termo de declarações, não presta compromisso legal de dizer a
verdade.
Indiciado: aquela pessoa contra quem se verifica a incidência de indícios e ou vestígios
da prática delituosa. É ouvido por meio de termo de interrogatório.
(VER art. 15, da Lei nº 13.869, de 05/09/19 - Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade,
a partir de 03/01/20) sobre o INTERROGATÓRIO e ADVOGADO
Deverá o Encarregado do IPM, bem como o Escrivão “ad hoc”, observarem durante a
qualificação de testemunhas, informantes, ofendido/vítima, declarante e principalmente do
investigado/indiciado, o disposto nos arts. 1º e 2º, da Portaria nº 098-GCG/2014, de 19/03/14, publicada
no BCG nº 055, de 24/03/14, que dispõe sobre a inclusão de dados essenciais de policiais militares em
procedimentos criminais de Polícia Judiciária Militar, nos termos do art. 16, II, alínea “a”, do Provimento
nº 39/2013, da Corregedoria Geral de Justiça do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, devendo
sob pena de incorrerem no disposto no parágrafo único do art. 1º, da mencionada portaria. Senão
vejamos:
Portaria nº 098-GCG/2014, de 19/03/14.
(...)
Art. 1º Determinar que os Oficiais Militares designados para o exercício de polícia judiciária militar,
encarregados de procedimentos criminais como Inquérito Policial Militar, Auto de Prisão em Flagrante
Delito ou Termo de Deserção, consignem nos autos, quando da qualificação de policiais militares
indiciados, presos ou desertores, os dados abaixo relacionados, necessários para a alimentação do Sistema
de Gestão de Processos Judiciais:
I - nome da mãe;
II - data de nascimento;
III - endereço completo, inclusive o CEP;
IV - o número da inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas – CPF;
V - correio eletrônico, se houver.
Parágrafo único. O Oficial encarregado do procedimento criminal que registrar informações falsas ou que
dolosamente omiti-las, responderá disciplinarmente por tal ato.
Art. 2º Os Oficiais militares a quem forem delegadas as atribuições de polícia judiciária militar deverão
constar na Autuação o(s) nome(s) do(s) indiciado(s) após reunidos elementos suficientes que apontem para a
autoria e materialidade da infração penal.
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§1º O policial militar investigado será cientificado fundamentadamente da condição jurídica de indiciado,
respeitadas todas as garantias constitucionais e legais.
§2º O não indiciamento do policial militar investigado na conclusão do relatório do procedimento
inquisitivo, demandará o uso da expressão “Sob investigação” na autuação do referido Inquérito Policial
Militar. §3º Se no decorrer da fase inquisitiva o Encarregado verificar o indiciamento de policial militar
distinto do que estava sendo investigado, na Autuação e na conclusão do Relatório do respectivo feito
persecutório, deverá constar o nome do indiciado, cuja identificação tenha sido apontada após reunião de
elementos suficientes de autoria e materialidade da infração penal.
§4º Para evitar a ocorrência de constrangimentos decorrentes da existência de homônimos entre nomes de
policiais militares, o Encarregado de quaisquer dos procedimentos de polícia judiciária militar (Inquérito
Policial Militar, Auto de Prisão em Flagrante Delito e Termo de Deserção) deverá constar,
obrigatoriamente, nos autos, cópia da identidade militar (RGPM) e do CPF, dados estes exigidos pela Lei
Federal nº 11.971, de 06 de julho de 2009, e ainda, no Provimento nº 39/2013, da Corregedoria Geral de
Justiça do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí.
Art. 3º Determinar que cópia desta Portaria seja anexada pela Autoridade instauradora de quaisquer dos
procedimentos criminais referenciados neste ato, à documentação exordial que os originar.
Art. 4º Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação, revogando as disposições em
contrário. (...)
ART. 254, do CPPM - A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo
Conselho de Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação da autoridade encarregada do inquérito policial militar, em qualquer
fase deste ou do processo, concorrendo os requisitos seguintes:
a) prova do fato delituoso;
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f) estupro (artigo 213, caput, e sua combinação com o artigo 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (artigo 214, caput, e sua combinação com o artigo 223,
caput, e parágrafo único);
Obs: A Lei no 12.015, de 7-8-2009, revogou os arts. 214 e 223, passando a matéria a ser
tratada pelo art. 213 do CP.
h) rapto violento (artigo 219, e sua combinação com o artigo 223, caput, e parágrafo
único);
i) epidemia com resultado de morte (artigo 267, § 1º);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado
pela morte (artigo 270, caput, combinado com o artigo 285);
l) quadrilha ou bando (artigo 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (artigos 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956), em
qualquer de suas formas típicas;
n) tráfico de drogas (artigo 33 da Lei no 11.343/06);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei no 7.492, de 16 de junho de 1986).
O IPM não pode ser arquivado por ordem de autoridade militar, embora conclusivo da
inexistência de crime ou de transgressão disciplinar.
No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do IPM, o § 1º. do art. 22, do
CPPM, prevê que o seu Encarregado o envie à autoridade delegante, para que lhe homologue ou não a
solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou determine novas
diligências, se as julgar necessárias. Diz o § 2°. do mesmo artigo que a autoridade delegante,
discordando da solução dada ao inquérito, poderá avocá-lo e prolatar solução diferente.
De acordo com o art. 1º, da Portaria nº 195, de 30/05/18 (BCG nº 100, de 30/05/18), as
autoridades policiais militares (Comandantes de Comando Intermediários e Comandantes de OPM )
competentes para instaurar e homologar ou avocar Inquérito Policial Militar (IPM), ao fazê-lo,
deverão deixar a cargo da Corregedoria Geral da PMPI a instauração, se for o caso, de Processo
Administrativo Disciplinar Militar - Rito Ordinário ou Simplificado (PADO/PADS), devendo,
contudo, apontar indícios de conduta ilícita administrativa porventura apurada nos autos do procedimento
inquisitório (IPM), além dos indícios de infração penal militar ou comum.
2.3.1.12. O IPM nos crimes militares por extensão (Lei nº 13.491/17) e nos crimes
contra a vida de civil.
art. 9º do CPM, em substituição ao disposto no antigo parágrafo único do mesmo artigo, através da novel
Lei nº 13.491/17, de 13/10/17, deu por finda a celeuma existente em relação aos crimes dolosos contra a
vida cometidos por militares das Forças Armadas, desde que nas hipóteses dos incisos II e III, do art. 9º,
do CPM. A competência da Justiça Militar da União, para processamento e julgamento de quaisquer
crimes militares (critério ratione materae) continua exclusiva dela, quando se tratarem, inclusive, dos
crimes dolosos contra a vida de civis, nas hipóteses mencionadas.
Os civis, em regra, e apenas na esfera federal, só praticarão crime militar nas
circunstâncias do inciso III, do art. 9º, do CPM.
Já na esfera estadual (contra as Instituições Militares estaduais, ou seja, as PPMM e
BBMM) verificado o teor art. 125, §4º, da CF, primeira parte, e conforme Súmula 53, do STJ, temos
que, por exclusão os civis e os militares das Forças Armadas se intentarem contra as Instituições
Militares Estaduais não cometerão crime militar e sim crime comum ou contravenção penal.
A competência para o processamento e julgamento dos crimes dolosos contra a vida de civil
pela Justiça Comum (o Júri no caso), se praticados por militares estaduais (bombeiros e policiais
militares) se em serviço ou no desempenho da função (II, alínea “c”, art. 9º, do CPM) em nada mudou
com o advento da Lei nº 13.491/17, por conta do disposto no §1º do art. 9º, do CPM, também em
substituição ao antigo parágrafo único, inalterada, portanto, a competência constitucional do
Tribunal do Júri, continuando, para alguns, no entanto, a eterna celeuma quanto à investigação de
tais crimes, se pela Polícia Judiciária (Polícia Civil) ou pela Polícia Judiciária Militar Estadual (ou
Distrital), na forma do art. 144, §4º, última parte, da CF, pois apesar do destino em regra ser para a
Justiça comum (Júri), temos o crime (impropriamente) militar de homicídio, por exemplo, ainda
previsto no art. 205, do CPM, definido de modo idêntico no art. 121, do Código Penal comum,
cabendo no nosso entender o juízo de valoração quanto ao encaminhamento do feito persecutório
ao Júri, não ser do Delegado de Polícia (sob pena deste incorrer em usurpação de atribuição do
parquet) sendo atribuição exclusiva do Membro do Ministério Público atuante no Juízo Militar Estadual,
o qual entendendo, no caso concreto, culposo denunciar no Juízo Militar Estadual, cabendo segundo seu
entendimento, se doloso o homicídio, suscitar sim, o declínio dos autos no caso, do IPM, da Justiça
Militar Estadual, para o Tribunal do Júri, na forma do que dispõe, validamente, ainda, na esfera estadual o
constante no art. 82, §2º, do CPPM, pois como sabemos, nem sempre teremos necessariamente, a
figura do dolo dentre os crimes contra a vida, mesmo que de civil, praticados por militares
estaduais nas hipóteses do art. 9º do CPM.
Por fim reafirmamos categoricamente, em defender, sob os estritos mantos da
constitucionalidade (art. 144, §4º, última parte, da CF) e da legalidade (arts. 7º e 8º, do CPPM) os atos de
Polícia Judiciária Militar, em especial do procedimento do Inquérito Policial Militar - IPM como
exclusivo e legítimo instrumento cabível para apuração e consecução da opinio delicit em face de
quaisquer sejam os crimes militares (propriamente4, impropriamente5 ou militares por extensão6),
4
Propriamente Militares (crimes militares próprios ou puros) - Também denominados puramente essencialmente ou exclusivamente
militares (art. 9º, inc. I, segunda parte). São aqueles que, em regra, só podem ser praticados, em regra, por militar, por constituir infração
específica do ocupante do cargo militar quando no exercício das funções desse cargo, o sujeito ativo assume uma particularidade, condição
esta de origem jurídica, considerando-o como aquele praticado por pessoa de certa qualidade, como de militar. Este tipo de crime é o que
atinge, diretamente, a disciplina e o dever militar. São delitos, tipicamente, do militar. No entanto, temos, quanto ao civil no polo ativo, as
exceções do crime de insubmissão (art. 183, do CPM) em que unicamente o civil convocado (conscrito) irá cometer, porém, apenas na seara
militar federal, bem como também, e apenas nessa mesma esfera, na hipótese de concurso eventual (art. 53, caput e §1º, do CPM), o civil
como co-autor com um militar federal, em alguns crimes propriamente militares, como especificamente nos crimes de violência contra
superior (art. 157), desrespeito a superior (art. 160), violência contra inferior (art. 175) e desacato a superior (art. 298) e no motim (art. 149,
nas suas modalidades comissivas). São outros exemplos de crimes propriamente militares: art. 149 (Motim); art. 149 (Parágrafo Único,
Revolta); art. 152, (Conspiração); art. 157 (Violência contra superior), art. 163 (Recusa de obediência), art. 187, (Deserção).
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FUNDAMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
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inclusive os crimes contra a vida de civis, previstos em Lei (CPM e na Lei Penal Comum) quem venham
a ser cometidos por militares estaduais, desde que dentro das hipóteses do art. 9º, do CPM, inobstante as
mudanças proporcionadas pela Lei nº 13.491/17, ocorrendo flagrante ilegalidade a inobservância ou
quaisquer posicionamentos em contrário.
Temos acerca do assunto, a recente RECOMENDAÇÃO Nº 02/2018, datada de 20/08/18,
oriunda da 9ª Promotoria de Justiça de Teresina, em que dispõe aos Comandantes Gerais da Polícia
Militar e Corpo de Bombeiros Militar, em suma:
1. Que ao tomar conhecimento de notícia de ilicitude penal praticada por militares e/ou
bombeiros militares nas situações definidas no art. 9º, inc. II, do CPM, inclusive os crimes dolosos contra
a vida praticados contra civis, instaurem de imediato à apuração, através da polícia judiciária militar por
meio de Inquérito Policial Militar;
2. Os crimes dolosos contra a vida praticados por policiais militares sejam apurados por
meio de Inquérito Policial Militar, sem prejuízo de eventual procedimento investigatório no âmbito
da Polícia Civil;
Recomendação esta, que também se estende ao Secretário de Segurança Pública e ao
Delegado Geral de Polícia Civil do Estado do Piauí para que:
3. Que adote as providências legais administrativas, no sentido de cientificar aos Delegados
de Polícia Civil do Estado do Piauí que, a atribuição originária para apuração de crimes militares
praticados por policiais e/ou bombeiros militares, será dos Comandos das duas instituições
militares, sem prejuízo, no entanto, de que a autoridade de polícia judiciária civil, fazendo uso do
poder de polícia e discricionariedade, no caso de crimes dolosos contra a vida praticados contra civis,
instaure, também, persecução penal provisória, quando o fato delituoso ocorrer sob sua circunscrição.
As peças que não estão negritadas somente serão utilizadas pelo Encarregado do IPM
em conformidade com a conveniência e necessidades que decorrerem no curso do IPM.
1) Autuação do IPM pelo Escrivão “ad hoc” (Ver modelos, de acordo com o caso se
COM OU SEM INDICIAMENTO ou se COM UM OU MAIS VOLUMES).
2) Portaria lavrada pelo do Encarregado do IPM, situações (ver formulários):
2.1) Portaria do encarregado de Ofício (pois não há delegação sendo que o próprio
encarregado instaura de Ofício e designa o escrivão “ad hoc”);
5 Impropriamente Militares (crimes militares impróprios) - É o crime militar praticado não apenas por militar, mas praticado também
por civil (este apenas na esfera federal, contra as Instituições Militares – Forças Armadas), seu tipo penal está previsto de modo idêntico ou
de modo diverso na Lei Penal Comum. Na esfera estadual ou distrital, contra as Instituições Militares Estaduais, só é praticado por miliares
estaduais (ou pelos militares do Distrito Federal) nos termos do art. 125, §4º, da CF/88, excluídos os civis no polo ativo (Súmula nº 53, do
STJ). São exemplos de crimes impropriamente militares: art. 154 (Aliciação para motim e revolta), art. 155 (Incitamento), art. 158 (Violência
contra militar de serviço), art. 164 (Oposição a ordem de sentinela), art. 172 (Uso indevido de uniforme, distintivo ou insígnia militar por
qualquer pessoa), art. 205 (Homicídio simples), art. 209 (Lesão leve), art. 214(Calúnia), art. 215 (Difamação), art. 216 (Injúria), art. 240
(Furto simples), art. 242 (Roubo simples), art. 254 (Receptação), art. 259 (Dano simples), art. 299 (Desacato a militar), art. 319
(Prevaricação), art. 177 (Resistência mediante ameaça ou violência).
6
Crimes Militares Extravagantes (Crimes Militares Por Extensão) – São todos aqueles tipificados fora do Código Penal Militar, ou seja, aqueles existentes
na legislação penal comum que, episodicamente, embora comuns em sua essência, constituem-se em crimes militares quando para o seu cometimento forem
preenchidos quaisquer dos requisitos dos inciso II e III do artigo 9º do CPM (a partir de sua nova redação dada pela Lei nº 13.491/17). São exemplos de crimes
militares extravagantes aqueles cujas condutas estão definidas fora do Código Penal Militar nas legislações: Dec Lei nº 2.848/40 - Código Penal (crimes sem
correlatos idênticos ou diversos no CPM), Lei nº 12.850/2013 - Organização criminosa, Lei nº 4.898/65 - Lei de Abuso de Autoridade, Lei nº 8.072/50 – Lei
dos Crimes Hediondos, Lei nº 9.455/97 - Lei dos Crimes de Tortura, Lei nº 10.826/03 - Lei do Desarmamento, Lei nº 11.343/06 - Lei de Antidrogas, etc).
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2.2) Portaria apenas do encarregado do IPM, pois escrivão “ad hoc” já havia sido designado
pela autoridade delegante;
2.3) Portaria com designação de escrivão “ad hoc” pelo encarregado do IPM;
2.4) Portaria do encarregado em substituição a outro Oficial para dar prosseguimento a IPM,
com designação de escrivão “ad hoc” pelo próprio encarregado do IPM.
2.5) Portaria apenas do encarregado em substituição a outro Oficial para dar prosseguimento
a IPM, pois o escrivão “ad hoc” já havia sido designado pela autoridade delegante;
3) Termo de compromisso do Escrivão
4) Certidão de Recebimento do Escrivão
5) Portaria da autoridade delegante (ver formulários);
6) Documentos de origem do IPM (parte, relatório, BOA, Sindicância ou cópia de uma
sindicância, requisição do MP comum ou militar, representação criminal, recorte de jornal,
impresso de site de notícias, cópia de outro IPM, cópia de APFD, cópia de APFD ou
Sindicância Civil, etc);
7) Conclusão
8) Despacho (do Encarregado para andamento do IPM)
9) Recebimento
10) Ofício de solicitação de comparecimento de militar investigado para prestar
declarações em IPM
11) Ofício de solicitação de comparecimento de ofendido (ou vítima)
12) Ofício de solicitação de comparecimento de militar como testemunha
13) Ofício de solicitação de servidor público como testemunha
14) Ofício de intimação pessoal de testemunha.
15) Ofício de comunicação da designação de escrivão
16)Termo de juntada (se vierem documentos para o IPM, solicitados ou não)
17) Documentos a serem juntados (Laudos, exames, boletins de trânsito, etc)
18) Certidão (do escrivão acerca das diligências determinadas, se cumpridas ou não)
19) Conclusão
20) Termo de Declarações do Investigado (para militar Investigado) ou Declarante
Civil ou Militar não investigado
21) Termo de Declarações do Investigado (para militar Investigado) ou Declarante
Civil ou Militar não investigado a partir de Requisição do Ministério Público Militar
22) Termo de inquirição de testemunha
23) Termo de declarações da vítima (ou ofendido se tiver)
24) Termo de acareação
25) Despacho (do Encarregado para andamento do IPM)
26) Recebimento
27) Ofícios de requisições com quesitos aos peritos (alguns com seus respectivos termos
de coleta):
Art. 5º...
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei.
O Código de Processo Penal Militar, por sua vez, no seu art. 243, prescreve:
Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou
desertor, ou seja, encontrado em flagrante delito.
Esta prisão pode ser feita por qualquer pessoa do povo, não é ato privativo do militar. Ao
cidadão, é dada a faculdade de prender quem quer que seja encontrado na aludida situação; entretanto, ao
militar é dever, é imposta a obrigatoriedade de prender quem quer que seja encontrado em flagrante
delito, insubmisso ou desertor.
De acordo com o art. 244, do Código de Processo Penal Militar (Decreto Lei n. 1.002 de
21/10/69), considera-se em flagrante delito aquele que:
Para a lavratura do auto de prisão em flagrante devem ser verificados todos os elementos
que caracterizam a situação de flagrância, no sentido de se constatar se existem ou não os pressupostos
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De acordo com o art. 243, do Código de Processo Penal Militar - CPPM, qualquer
pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja, encontrado
em flagrante delito. Entretanto, de acordo com o art. 223, do CPPM, “a prisão de militares é feita
por outro militar de posto ou graduação superior, ou se igual, mais antigo”. Dessa forma, se um
subordinado encontra um superior em estado de flagrante delito, o correto é acionar a autoridade superior
para que adote as providências necessárias para a lavratura, admitindo-se no máximo a custódia do
superior no local onde ele foi encontrado, até a chegada da autoridade capaz.
Não esqueçam que no momento da prisão, antes do início e durante da lavratura do
APFD, devem ser observadas e asseguradas as garantias constitucionais que são:
Art. 5º...
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;...
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicadas
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou pessoa por ele indicada;
51
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LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;...
Além das garantias constitucionais acima, devem ser adotadas no Auto de Prisão em
Flagrante Delito Militar, as inovações da legislação processual penal comum, introduzidas pela Lei
Federal nº 12.403/11, que alterou o art. 306, do Código de Processo Penal, autorizadas pelo art. 3º,
alínea “a”, do CPPM, dentre elas:
Autoridade
A autoridade a quem for apresentada uma pessoa presa em flagrante delito, ou a que for
determinado (a) por autoridade superior (art. 223, CPPM), deverá presidir a lavratura do respectivo auto
de prisão. De acordo com o art. 245 do CPPM são competentes para a lavratura do auto de prisão em
flagrante o Comandante, oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou autoridade correspondente (oficial).
O art. 250 do CPPM, estabelece que, sendo efetuada a prisão em flagrante em lugar não
sujeito à administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil ou por autoridade militar do
lugar mais próximo daquele em que ocorrer a prisão.
a) Flagrante Comum ou Ordinário
Como o próprio nome já diz, trata-se o flagrante ordinário ou comum, daquele no qual
participa uma das autoridades previstas no art. 245, do CPPM. Nele temos: autoridade militar (Presidente
do APFD), condutor, testemunhas, vítima (ou ofendido se tiver), indiciado e escrivão.
CPPM - Art. 245. Apresentado o preso ao comandante ou ao oficial de dia, de serviço ou de
quarto, ou autoridade correspondente, ou à autoridade judiciária, será, por qualquer deles, ouvido o
condutor e as testemunhas que o acompanharem, bem como inquirido o indiciado sobre a imputação que
lhe é feita, e especialmente sobre o lugar e hora em que o fato aconteceu, lavrando-se de tudo auto, que
será por todos assinado.
Na Capital, caberá ao Chefe do PPJM da Corregedoria, de acordo com o art. 2º, §1º, da
Portaria nº 075, de 20/02/13 (BCG nº 035, de 22/02/13) inciso III e IV, alterados pela Portaria nº 193, de
30/05/18 (BCG nº 100, de 30/05/18), os procedimentos de autuação em flagrante delito de policiais
militares da ativa que praticarem crime militar em serviço ou de folga ou em razão da função e dos
policiais miliares inativos, observado o disposto nos arts. 223, 244, 245 e 249, do Código de Processo
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Penal Militar (CPPM), com seu respectivo recolhimento ao Presídio da Polícia Militar do Piauí (PPMPI).
Caberá ainda, também, ao Chefe do PPJM da Corregedoria, na forma do dispõe o IX,
inserido pela mesma Portaria nº 193/18, proceder à autuação em flagrante delito do policial militar em
serviço que praticar crime militar, quando houver divergência entre OPM quanto ao lugar da ocorrência
do fato delituoso, nos termos do art. 6º do Código Penal Militar (CPM), realizando, ao final, o seu
recolhimento ao PPMPI, observando-se o disposto nos mesmos artigos mencionados no final do
parágrafo anterior.
Ainda do que concerne à autoridade responsável pelo procedimento de autuação em
flagrante delito, supletivamente dispõe o art. 12, do Provimento nº 29, de 11/07/19, da Corregedoria
Geral de Justiça, em vigor, desde o dia 1º de agosto de 2019, que “são competentes para a lavratura do
auto de prisão em flagrante delito, de acordo com o previsto no art. 245 do Código de Processo Penal
Militar, o Comandante, o Oficial de dia, o Oficial de serviço ou autoridade correspondente”, constando
no parágrafo único, do mesmo art. 12, que o auto de prisão em flagrante delito consistirá de um termo
sintético, assinado pelo Oficial responsável pela sua lavratura, pelo conduzido pelo escrivão, onde
estejam objetivamente descritas as medidas de polícia judiciária militar adotadas, acostando-se a este os
termos relativos às oitivas e interrogatório efetuados e lavrados, dentro do que prescreve o art. 223, do
CPPM, em caso cometimento do crime militar.
b) Flagrante Especial
CPPM - Art. 249. Quando o fato for praticado em presença da autoridade (se oficial), ou
contra ela no exercício de suas funções, deverá ela própria prender e autuar em flagrante o infrator,
mencionando a circunstância, dentro do que prescreve o art. 223, do CPPM, na forma do art. 249, do
CPPM, ressalvado o implicitamente disposto no art. 12, do Provimento nº 29, de 11/07/19, da
Corregedoria Geral de Justiça, quanto à necessidade de condução do infrator à presença de um oficial
para que este realize a respectiva lavratura na forma do art. 245, do CPPM.
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Condutor
Testemunha
É a pessoa sobre quem recai a imputação delitiva. É aquele tido como provável autor da
infração de acordo com os elementos existentes.
(VER arts. 15, 15-A, 16 e 18 da Lei nº 13.869, de 05/09/19 - Lei dos Crimes de Abuso
de Autoridade) sobre o INTERROGATÓRIO e ADVOGADO.
(VER art. 12, III, da Lei nº 13.869, de 05/09/19 - Lei dos Crimes de Abuso de
Autoridade)
será lavrada uma certidão para registro do incidente, a ser anexada ao APFD.
c) Recolhimento do conduzido à prisão: Lavrado o auto de prisão em flagrante, e se das
respostas resultarem fundadas suspeitas contra o conduzido, a autoridade militar em
observância ao constante no art. 246, do CPPM determinará o seu recolhimento à prisão,
procedendo-se, imediatamente, se for o caso, a exame de corpo de delito, à busca e
apreensão dos instrumentos do crime e a qualquer outra diligência necessária ao seu
esclarecimento. Devendo o recolhimento do preso, ser feito mediante guia de
recolhimento de preso militar, com contra recibo da carceragem, que deverá se juntado aos
autos do APFD.
d) Comunicação ao judiciário, a familiar ou pessoa indicada pelo conduzido e ao seu
comandante imediato: O presidente do APFD deverá comunicar imediatamente ao Juízo
competente, ao familiar ou outra pessoa indicada pelo preso, tão logo tenha tomado ciência
da ocorrência e terminada a lavratura do auto, sob pena de incorrer em crime de abuso de
autoridade.
e) Requisições de Exames e Perícias: Caso a infração penal deixe vestígios e havendo
fundada suspeita, a autoridade policial militar, Presidente do Flagrante, mandará recolher o
suspeito à prisão e adotará as providências elencadas no art. 12, do CPPM, caso já não
tenham sido adotadas pelo condutor, sendo, portanto, dentre outras medidas, imperiosa a
inspeção do local de crime, pois lá podem ter sido deixados vestígios embasadores de uma
prova pericial.
2. Realizada a autuação, caso não se trate do flagrante especial (art. 249 do CPPM, em
que não tenha condutor), passará o presidente do AFPD a lavrar o auto, sob pena de
nulidade, procedendo-se separadamente, a sequência prevista no art. 245, do CPPM, das
oitivas, do condutor (em termo de declarações, caso tenha), testemunhas (duas no mínimo,
em termo de inquirição), vítima(s) (em termo de declarações) e por ultimo do(s)
conduzido(s) (em termo de interrogatório), havendo intervalos entre os respectivos
depoimentos, o que antes da Lei Federal nº. 11.113/20057, de 16/05/05, era formalizado em
uma só assentada, passando o condutor a ser considerado também como primeira
testemunha, conforme entendimento jurisprudencial já pacífico, em seguida, sendo colhidas
as pertinentes assinaturas após o término e cada depoimento (em separado), entregando a
cada depoente uma cópia dos seus respectivos termos;
3. A vítima (ou ofendido) se possível, poderá ser ouvida no próprio auto de prisão em
flagrante;
7
A Lei Federal nº. 11.113/2005, de 16/05/05, alterou o art. 304, do Código de Processo Penal, dispositivo destinado a dar celeridade ao
feito, podendo, em observância ao constante no art. 3º, alínea “a”, do CPPM, ser subsidiariamente aplicado no auto de prisão em flagrante
lavrado por autoridade militar por em nada ferir o que dispõe o art. 245, do mencionado desse Código.
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4. A seguir os autos deverão ser conclusos pelo escrivão ao Presidente do auto, que, ao
recebê-lo, proferirá o despacho onde determinará a lavratura e expedição da “Nota de
Culpa”, da “nota de ciência das garantias constitucionais” e a “guia de recolhimento” do
conduzido à prisão, comunicação ao Judiciário, a familiar ou pessoa por ele indicada, ao
seu comandante imediato e outras providências ainda necessárias.
5. Após o despacho proferido pelo Presidente do Flagrante, deverão ser feitos os termos de
recebimento e certidão, após o cumprimento do despacho, e em seguida conclusão, atos
estes praticados pelo Escrivão ad hoc;
8. Deverão os originais dos autos de flagrante serem encaminhados por meio de ofício,
dentro do prazo de 24(vinte e quatro) horas, contadas do momento da prisão, nos termos dos
art. 251, do CPPM, ao Juízo Militar (8ª Vara Criminal) na forma do que dispõe o art. 3º,
§§1º, 2º e 3º, do Provimento nº 29/CGJ, de 11/07/19.
De acordo com a Súmula Vinculante 11, do STF só é lícito o uso de algemas em casos de
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Ver: Art. 5º, XLIX, da CF, Arts. 42, 177, 180, 298 a 301 do CPM e Arts. 234 e 242 do
CPPM.
CPP
CPPM
Emprego de força
Emprego de algemas
§ 1º O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de
agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a que se refere
o artigo 242.
a) Incomunicabilidade do Indiciado/Conduzido
Foi revogada pela Constituição de 1988, porquanto o art. 5º, LXII, fala em direito de
“assistência de família”, sendo esta assistência de forma genérica: médica, alimentação, material para
higiene pessoal e roupa de cama.
Desta forma, pode-se afirmar igualmente que a incomunicabilidade do preso, caracteriza
abuso de autoridade.
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b) Garantias constitucionais
Conforme previsto no inciso LXIII, do art. 5º da CF/88, “o preso tem direito à identificação
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial”. Ou seja, para se evitar o abuso de
direito ou de poder contra o preso, considerando que a referência é a “responsáveis”, e não somente a
“responsável”, o direito de identificação abrange tanto o encarregado do interrogatório formal, no caso o
Presidente do Flagrante, assim entendido quando acontece registro das respostas, como interrogatório
informal, que simplesmente tenta obter dados para desenvolvimento das investigações.
3) Formas de cumprimento das garantias constitucionais (art. 5º, LXII e LXIII, da CF/88).
A autoridade policial militar tem o dever de esclarecer ao preso o seu direito de silêncio,
antes de iniciar a qualificação no interrogatório. Já, o de comunicar a prisão ao juiz competente e à
família, ou outra pessoa indicada, entretanto, será feito logo que for dada a voz de prisão, devendo em
seguida, o seu registro constar nos autos, o que poderá ser feito em seu termo de interrogatório ou em
forma de nota de ciência das garantias constitucionais, em separado, que deverá ser juntada aos autos.
Como já dito anteriormente, além da comunicação ao Juízo Competente, deverá ser também
observar o disposto na Lei nº 12.403/11, de 04/05/2011, que deu nova redação ao art. 306, do CPP, cuja
aplicação é subsidiária, na lavratura do flagrante por autoridade militar, consoante interpretação do
disposto na alínea “a”, do art. 3º, do CPPM, devendo ser comunicado o membro do Ministério Público
Castrense (9ª Promotoria de Justiça, em dias úteis, durante o horário do expediente do Poder Judiciário) e
encaminhadas à 9ª Defensoria Púbica, a cópia completa do APFD, caso o conduzido não informe o nome
de seu advogado ou não seja acompanhado por advogado em sua autuação.
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De acordo com o art. 251, do CPPM, o auto de prisão em flagrante deve ser remetido
imediatamente ao juiz competente, se não tiver sido lavrado por autoridade judiciária; e, no máximo,
dentro em cinco dias, se depender de diligência prevista no art. 246 (exame de corpo de delito, à
busca e apreensão dos instrumentos do crime e a qualquer outra diligência), devendo-se observar
os prazos previstos no art. 3º, §§1º, 2º e 3º, do Provimento nº 29/CGJ, de 11/07/19, senão vejamos:
Art. 3º...
§1º Se o militar se encontrar preso em local distante da Capital, sede do juízo militar estadual, a apresentação
para audiência se fará pela autoridade de polícia judiciária militar responsável no prazo de 72(setenta e duas)
horas, contadas da comunicação da prisão, haja vista a distância variável das organizações militares dispostas
no Estado.
§2º Na hipótese de dependência de diligência prevista no art. 246 do Código de Processo Penal Militar (exame
de corpo de delito, busca e apreensão dos instrumentos do crime ou qualquer outra diligência necessária ao seu
esclarecimento), o militar estadual preso deverá ser apresentado acompanhado de cópia do APFD.
§3º Se houver necessidade de diligências complementares, o procedimento previsto no caput deverá ser
adotado com cópia do APFD e, no máximo, dentro em 5 (cinco) dias, o APFD original deverá ser remetido
diretamente ao Juiz competente, conforme preceitua o art. 251 do CPPM. (...)
Embora o art. 27, do CPPM, prescreva que caso o auto de prisão em flagrante seja suficiente
para a elucidação do fato e sua autoria, dispensando-se instauração do Inquérito, verifica-se que há
situações que carecem de uma apuração mais acurada dos fatos, que resultaram na lavratura do flagrante,
cabendo se for o caso, sua transformação em competente Inquérito Policial Militar – IPM, de ofício pelo
próprio Presidente do Flagrante ou por delegação, nos termos do art. 10, alínea “a”, do CPPM,
observando-se ao que está prescrito no art. 20, do mencionado código, quanto aos prazos para sua
conclusão, de forma também, que se possa melhor subsidiar o Ministério Público, no que se refere à
coleta de elementos necessários à propositura da ação penal.
1) VOZ DE PRISÃO: dada ao infrator observados os requisitos do art. 244, do CPPM, após
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De acordo com a Súmula Vinculante 11, do STF só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Ver: Art. 5º, XLIX, da CF, Arts. 42, 177, 180, 298 a 301 do CPM e Arts. 234 e 242 do CPPM .
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Obs: caso não seja possível entregar o Oficio de comunicação ao familiar, constar nos autos
em certidão informando da comunicação por via telefônica, na presença de no mínimo 02(duas)
testemunhas, consoante modelo que se segue.
OBS1: Poderá se houver disponibilidade por parte do presidente do APFD, caso o indiciado
apresente advogado, fornecê-lo cópias, mediante recibo, dos autos durante ou após o
término da lavratura. Recomenda-se após a lavratura.
Da Resolução 213, do CNJ, de 15/12/15, através da qual foi instituído de fato no Brasil a
Audiência de Custódia (alterada pela Resolução nº 254, de 04/09/18), o Tribunal de Justiça do Estado
do Piauí editou sua Resolução nº 118, de 15/10/18, posteriormente a Resolução nº 128, de 04/02/19
(DJ/PI, de 05/02/19), em vigor deste o dia 01/04/19, que versa sobre a aplicação das audiências de
custódia realizadas de modo regionalizado, diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados,
abrangendo as prisões cautelares (flagrante, preventivas, temporárias) e definitivas em todas as comarcas
do Estado, dentro dos Sistemas de Identificação de Custódia (SIC) e de Audiência de Custódia
(SISTAC) para viabilizar o cumprimento desta resolução.
Ainda de acordo com a Resolução nº 128, de 04/02/19, em seu art. 20, além do preso
provisório, também serão submetidos a audiência de custódia o preso militar e o preso para
cumprimento de pena.
Com a edição do Provimento nº 029, de 11/07/19, da Corregedoria Geral de Justiça, que
dispõe sobre a realização de audiências de custódias no âmbito da Justiça Militar do Estado do Piauí, em
vigor desde o dia 1º de agosto de 2019, foi, finalmente, regulamentada a realização da audiência de
custódia, para os crimes militares praticados pelos integrantes da Polícia Militar do Piauí (PMPI) e
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí (CBMEPI), visando assegurar a apresentação, sem
demora, do militar estadual a um Juiz, nos casos de prisão em flagrante delito, de prisão decorrente de
apresentação voluntária ou captura relativas ao crime de deserção ou, ainda, de cumprimento de
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prisão, sendo previamente esclarecidos por funcionário designado pelo juiz os motivos, fundamentos e
ritos que versam a audiência de custódia.
Após a oitiva do militar preso, o juiz deferirá ao Ministério Público e ao defensor, nesta
ordem, reperguntas compatíveis com a natureza do ato, devendo indeferir as perguntas relativas ao
mérito dos fatos que possam constituir eventual imputação, permitindo-lhes, em seguida, requerer:
I – o relaxamento da prisão em flagrante; II – a concessão de menagem (art. 263 e seguintes do CPM)
ou liberdade provisória (art. 270 do CPM); III – a decretação de prisão preventiva; IV – a adoção de
outras medidas necessárias à preservação de direitos da pessoa presa.
A oitiva do militar preso será registrada em termo. Em seguida, será lavrada uma ata da
audiência contendo, apenas e resumidamente, a deliberação fundamentada do magistrado quanto à
legalidade e manutenção da prisão, cabimento de menagem ou liberdade provisória, considerando-se o
pedido de cada parte, como também as providências tomadas, em caso da constatação de indícios de
tortura e maus tratos.
Concluída a audiência de custódia, cópia da ata com o termo de oitiva será entregue ao
militar preso, ao defensor e ao Ministério Público, tomando-se a ciência de todos. Os originais serão
juntados no APFD ou no termo de deserção.
Proferida a decisão que resultar no relaxamento da prisão em flagrante, na concessão da
menagem ou da liberdade provisória, ou quando determinado o imediato arquivamento dos autos, o
militar preso será prontamente colocado em liberdade, mediante a expedição de alvará de soltura, e será
informado sobre seus direitos e obrigações, salvo se por outro motivo tenha que continuar preso.
O juiz deve buscar garantir aos militares presos em flagrante delito ou desertores capturados
o direito à atenção médica e psicossocial eventualmente necessária.
Havendo declaração do militar preso de que foi vítima de tortura e maus tratos ou
entendimento do juiz de que há indícios da prática de tortura, será determinado o registro das informações
e adotadas as providências cabíveis.
Ainda, de acordo com o Provimento nº 29/19-CGJ, a apresentação ao juiz também será
assegurada aos militares presos seja por prisão em flagrante (militar), incluindo-se os casos de
deserção, seja em decorrência de cumprimento de mandados de prisão expedidos pela Justiça
Militar, devendo todos os mandados de prisão conterem, expressamente, a determinação para que,
logo após o cumprimento das formalidades de recolhimento no Presídio da Polícia Militar ou local
adequado (na forma o art. 69, da Lei nº 3.808/81 e art. 300, parágrafo único, do CPP) o militar preso
seja apresentado para audiência de custódia, consignando o local e o momento da apresentação.
Audiências de custódia na Central de Inquéritos Militar do Juízo da 9ª Vara Criminal
serão realizadas em dias úteis, durante o horário do expediente do Poder Judiciário em Teresina.
Atualmente com o aumento da criminalidade, não se poder deixar de observar que cada vez
mais tem o profissional da segurança pública, em especial o Policial Militar, se deparado com situações
de enfretamento que decorrem na prática de crimes no exercício da função. Em observância a essa atual
conjuntura a Instituição tem começado a adotar medidas previstas em lei, para as ocorrências que tem
resultado na morte ou em lesões corporais, dos infratores que resistem de forma violenta à
intervenção policial militar.
Temos então que à autoridade policial militar, por ser autoridade administrativa e pela
discricionariedade que tem, caberá a decisão em lavrar ou não o auto de prisão em flagrante, nas
ocorrências, em que se deva observar se há, além das circunstâncias do art. 9º, do CPM, para a
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2.3.5.1. Conceitos:
A deserção é um crime próprio, o mais militar dos crimes, tipificado nos arts. 187, 188
e 190, do Código Penal Militar, sendo agravada se o infrator for oficial.
A sua condição de procedibilidade é o fato de ser praticado pelo militar da ativa (a
exceção do militar da ativa por equiparação, que responderá apenas disciplinarmente pela sua
ausência por mais de 8 dias). As suas características e seus elementos objetivos e subjetivos o tornam,
sem nenhuma dúvida, aquele que melhor reúne na tipologia de crime militar.
O Termo de Deserção (TD) ou Instrução Provisória de Deserção (IPD) é o
procedimento de polícia judiciária militar, que serve como peça informativa específica de instrução
provisória, para o crime de deserção, inciando-se no âmbito administrativo, prosseguindo o seu
processamento com a denúncia do Ministério Público, se recebida pela Justiça Militar Estadual, cuja
competência no Estado do Piauí, se encontra sendo exercida pela 9ª Vara Criminal da Comarca de
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Teresina-PI, estando seu o rito previsto nos arts. 451 a 457, do CPPM.
Consiste, em regra (pois temos a excepcionalidade do art. 190, do CPM), a deserção, na
ausência do militar da ativa, pelo lapso temporal de mais 08 (oito) dias, sem qualquer permissivo, ou
conhecimento de seus superiores, da unidade onde serve, ou, onde recebeu determinação de permanecer
ou de se apresentar.
Eládio Pacheco Estrela9, com as palavras de José da Silva Loureiro, define que “o crime
de deserção ocorre no momento em que o militar se ausenta voluntariamente do local onde deva
estar; transcorrido o prazo de graça, o crime está consumado, pois se trata de delito formal que se
constitui pelo simples decurso desse prazo, que é mais de oito dias.” Senão vejamos o que diz o art.
187, do CPM:
Art. 187 “Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que
deve permanecer, por mais de oito dias: pena - detenção de seis meses a dois anos; se
oficial, a pena é agravada.”
Esta ausência acima injustificada, pelo período superior a 08(oito) dias, é suficiente para
caracterizar o crime, ou seja, é um delito tanto omissivo, quanto comissivo, pois se consuma tanto em
razão de retirar-se (art. 187) ou do não comparecer, conforme informa o art. 188, do CPM, verbis:
Consiste no prazo de oito dias que a lei concede gratuitamente ao infrator como uma
tolerância para evitar que ele venha a consumar o crime de deserção. Durante o prazo de graça a
9
ESTRELA, Pacheco Eládio. Direito Militar Aplicado - Vol I. Salvador, BA: Lucano, 1997, p. 285
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“Art.451 [...]
§ 1°. A contagem dos dias de ausência, para efeito da lavratura do termo de deserção,
iniciar-se-á zero hora do dia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do
militar.
“Art. 456. Vinte e quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência de
uma praça, o comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente,
encaminhará parte de ausência ao comandante ou chefe da respectiva organização, que
mandará inventariar o material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou extraviado
pelo ausente, com a assistência de duas testemunhas idôneas.”
Vejamos então, uma representação gráfica do exemplo acima, baseada no modelo sugerido
por Alexandre Henriques da Costa10:
Por isso, a contagem do prazo de graça começa no dia seguinte ao da falta e a parte de
ausência deve ser dada 48 (quarenta e oito) horas após a verificação desta falta, o que equivale dizer: será
lavrada vinte e quatro horas depois do início da contagem do prazo de graça, que será logo o 1º dia
posterior ao dia faltado ou em que deveria o militar ter se apresentado.
Assevera Coimbra Neves11, que “durante esse período, fixado em oito dias, o militar não
estará em prática delitiva, mas apenas em conduta caracterizadora de transgressão disciplinar. Por
não restar nenhuma consequência penal militar ao autor, denomina-se o período em foco, de ausência
10
COSTA, Alexandre Henriques da. Manual prático dos atos de polícia judiciária militar. São Paulo: Suprema Cultura,
2004, p. 123.
11
NEVES, Cícero Robson Coimbra; STREIFINGER, Marcello. Apontamentos de direito penal militar: (parte especial).
São Paulo: Saraiva, 2007, v.2, p. 256.
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Na Polícia Militar do Piauí vigora o Dec. Estadual N°. 3.548, de 31/01/80 (RDPMPI) que
caso o militar se apresente no prazo de graça incidira em transgressão disciplinar:
“Art. 13. Transgressão Disciplinar é qualquer violação dos princípios da ética, dos deveres
e das obrigações policiais militares, na sua manifestação elementar e simples, e qualquer
omissão ou ação contrária aos preceitos estatuídos em leis, regulamentos, normas ou
disposições, deste que não constituam crime”.
[...]
26. Afastar-se de qualquer lugar em que deva estar, por força de disposição legal ou
ordem.
27. Deixar de apresentar-se, nos prazos regulamentares, à OPM para que tenha sido
transferido ou classificado e às autoridades competentes, nos casos de comissão ou serviço
extraordinário para os quais tenha sido designado.
28. Não se apresentar ao fim de qualquer afastamento do serviço ou, ainda, logo que
souber que o mesmo foi interrompido.
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2.3.5.5. Agregação, reversão, exclusão e reinclusão (na forma do que dispõe a Lei mº
3.808/81).
As praças com estabilidade, podendo ser especiais (sendo estas aspirantes ou cadetes, já
sendo praças antes de ingressarem no CFO) ou não, conforme o art. 456, §4º, segunda parte, CPPM,
serão agregadas:
É o ato pelo qual o militar agregado retorna ao respectivo quadro tão logo cesse o motivo
que determinou a sua agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe competir na respectiva escala
numérica, na 1ª vaga que ocorrer (art. 78, da Lei Estadual nº 3.808/81).
De acordo com o art. 79, a reversão será efetuada mediante ato do Governador do Estado
do Piauí.”
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As praças sem estabilidade, especiais ou não, conforme o art. 456, §4º, primeira parte,
CPPM, serão excluídas:
“§4°. Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, será ela
imediatamente excluída do serviço ativo. Se praça estável, será agregada, fazendo-se, em
ambos os casos, publicação, em boletim ou documento equivalente, do termo de deserção e
remetendo-se, em seguida, os autos à auditoria competente.
A exclusão de praça instável não se trata de ato administrativo disciplinar, mas tão-
somente ato administrativo-processual penal militar que precede ao processo de deserção que deverá
ser instaurado em razão da ausência da praça sem estabilidade (menos de dez anos de efetivo serviço),
nos termos do art.187, CPM.
Caso fosse de natureza administrativo disciplinar (a exclusão a bem da disciplina por
crime de deserção), a praça deveria ser submetida ao devido processo legal, conforme preconiza o art. 5º,
LIV, da CF/88, uma vez que sem tal garantia estaria tal ato seria nulo.
O oficial agregado que incorrer na situação prevista no §1º, do art. 117, da Lei nº
3.808/81, será demitido através de decreto do Governador do Estado, mediante proposta do
Comandante Geral da PMPI.
d) Reinclusão
Na Polícia Militar do Piauí, a reinclusão é o ato pelo qual o militar desertor sem
estabilidade, ou agregado há mais de 01(um) ano, excluído (ou demitido, se Oficial) nos termos do
art. 117, da Lei nº 3.808/81, que se apresentar ou for capturado, após submetido a inspeção de
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saúde e, quando julgado apto para o serviço militar, é reincluído ao serviço ativo na Corporação.
Assim como o ato de exclusão, a reinclusão das praças desertoras sem estabilidade,
para que se possam ver processar pelo Juízo Castrense, nos termos do §3º, do art. 457, do CPPM, se
dará por ato do Comandante Geral da PMPI, conforme preconiza o art. 117, §3º, da Lei nº 3.808/81.
Caso o desertor seja considerado incapaz definitivamente pela JMS, será isento de
reinclusão e do processo, que deverá ser arquivado, após pronunciamento do Ministério Público.
3. A CORREGEDORIA DA PMPI
Como falamos no início de nossas aulas, na Polícia Militar do Piauí, a competência para o
exercício do poder disciplinar decorre do poder hierárquico em todo o Estado do Piauí, diretamente ou
mediante delegação, através da instauração dos processos e procedimentos administrativo-disciplinares,
realizados no âmbito da PMPI, também pelo Corregedor PM, nos termos do art. 1º da Lei nº 5.403, de
14/07/04, senão vejamos:
Art. 1o Fica criada a Corregedoria da Polícia Militar na estrutura organizacional da Polícia Militar do
Estado do Piauí, com atuação em todo o Estado, chefiada por Corregedor nomeado pelo Chefe do Poder
Executivo Estadual, com atuação em todo o Estado, cuja finalidade é assegurar a correta aplicação da lei,
normatizar e padronizar os procedimentos de Polícia Judiciária Militar e de processos administrativos,
realizar correições e garantir a manutenção da hierarquia e disciplina na Corporação.
A Competência deste Órgão Correcional está delineada no art. 2º, da Lei nº 5.403, de
14/07/04, além do que estiver disposto em Lei o regulamento:
Art. 2º. Compete à Corregedoria da Polícia Militar do Piauí, além do que vier a ser prescrito em
regulamento:
...
III - Apuração dos crimes de natureza militar e que envolvam integrantes de duas ou mais Unidades ou
de outras Organizações Militares e da Polícia Civil;
...
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Jurisdição significa todo poder ou autoridade conferida à pessoa que pode conhecer de
certos negócios públicos e os resolver. A jurisdição como gênero vem em primeiro lugar, marcando o
poder outorgado ao juiz ou a outra autoridade judiciária. A competência, como espécie, no pressuposto
de uma jurisdição, limita o poder contido nesta.
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
4.1.1. Competência
De acordo com o art. 123 da CF, “o STM é o órgão de 2º grau (2ª Instância) da Justiça
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Militar (da União ou Federal), composto nos termos do art. 3º, da Lei nº 8.457 (Lei de Organização da
Justiça Militar da União), de 04/11/92, por de 15 ministros vitalícios (sendo 10 Oficiais Generais da ativa
das Forças Armadas = 03 Almirantes da Marinha + 04 Generais do Exército + 03 Brigadeiros da
Aeronáutica; e 05 civis = sendo 03 advogados + 01 representante dos juízes federais da Justiça Militar e
+ 01 do Ministério Público Militar).
O Superior Tribunal Militar tem competência originária para processar e julgar os
Oficiais-Generais, bem como de decretar a perda do posto e da patente dos Oficiais que forem julgados
indignos ou incompatíveis para com o oficialato.
b) Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por Lei.
Os órgãos da Justiça Militar (da União) processam e julgam os crimes militares praticados
por membros das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) bem como os praticados por não
militares federais e civis contra essas Corporações, nos termos do art. 124, da CF/88, dentro das
circunstâncias do art. 9º, do Código Penal Militar.
De acordo com o art. 1º, da Lei nº 8.457 (Lei de Organização da Justiça Militar da
União), de 04/11/92, são órgãos da Justiça Militar (da União) de 2º Grau o Superior Tribunal Militar
(STM) e de 1º Grau: a Corregedoria da Justiça Militar (órgão de fiscalização e orientação judiciário-
administrativa), Juiz-Corregedor Auxiliar, os Conselhos de Justiça e os Juízes Federais da Justiça Militar
e Juízes Federais substitutos da Justiça Militar (nas faltas, licenças ou impedimentos substituem os Juízes
Federais da Justiça Militar.
As competências do Superior Tribunal Militar (STM) estão no art. 6º, da Lei nº
8.457/92. Dentre estas competências estão: I- Processar e julgar originariamente os oficiais generais das
FFAA, nos casos permitidos em Lei, os pedidos de habeas corpus e habeas data, nos casos permitidos em
Lei, dentre outras competências.
Os Conselhos de Justiça constituem os órgãos de 1º Grau da Justiça Militar, tanto da União,
quanto dos Estados e do Distrito Federal.
Na Justiça Militar (da União), de acordo com o art. 16, da Lei nº 8.457 (Lei de Organização da
Justiça Militar da União), de 04/11/92, alterado pela Lei nº 13.774/18 os Conselhos de Justiça (Permanente e
Especial) serão presididos pelo Juiz Federal da Justiça Militar ou Juiz Federal substituto da Justiça Militar.
O Conselho Permanente será e composto por 04 (quatro) juízes militares, dentre os quais pelo menos 01 (um)
oficial superior. Já o Conselho Especial será composto por 04 (quatro) juízes militares, dentre os quais 01 (um)
oficial-general ou oficial superior.
Já na Justiça Militar Estadual (JME) os Conselhos (Especial e Permanente) de Justiça
serão presididos pelo Juiz de Direito do Juízo Militar Estadual, nos termos do art. 125, §5º, da CF,
última parte.
Os Conselhos de Justiça poderão ser Permanente ou Especial, sendo órgãos jurisdicionais
colegiados sui generis, formado por 01(um) juiz togado (Juiz Federal da Justiça Militar) e 04 (quatro)
oficiais juízes militares (sabres), pertencentes à Força a que pertencer o acusado, tendo fundamento nos
art. 122, II e; com analogia para o art. 125, §§ 3º e 5º, da Carta Magna, ressalvado a presidência dos
Conselhos de Justiça, na esfera estadual, ao Juiz Togado (Juiz de Direito).
O Conselho de Justiça será Permanente quando tiver como objetivo o processamento e
julgamento das praças (soldado, cabo, sargento, subtenente ou suboficial), enquanto que o Especial
destina-se a processar e julgar os Oficiais (Tenentes, Capitães, Majores, e demais oficiais superiores).
Essa condição anômala decorre de sua divisão prevista no art. 16 da Lei 8.457/92 (LOJMU),
também aplicável igualmente à Justiça Militar Estadual, qual seja:
a) O Conselho Permanente de Justiça, que processa e julga crimes militares cometidos por
praças ou civis (este último, somente na Justiça Militar da União), tem seus juízes renovados a cada
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trimestre, sem vincular os juízes militares ao processo nos quais atuarem naquele período, ou seja,
não se aplica no Conselho Permanente o princípio da identidade física do Juiz.
b) O Conselho Especial de Justiça, destinado a processar e julgar oficiais até o posto de
Coronel ou Capitão-de-Mar-e-Guerra. Tem seus juízes militares escolhidos para cada processo,
aplicando-se, excepcionalmente, e somente em relação aos juízes militares, o princípio da identidade
física do juiz, ou seja, aquele Conselho somente se extinguirá com a decisão final do processo.
Em regra, assim como os demais magistrados que atuam no foro penal, o juiz-federal da
Justiça Militar nova denominação dada ao antigo Juiz Auditor (pela Lei nº 13.774/2018, de 19/12/2018, que
alterou substancialmente a Lei 8.457/1992) não fica vinculado a processo algum.
Dentre as mais relevantes, mudanças proporcionadas pela Lei nº 13.774/2018 merece
destaque a que atribuiu competência ao Juiz Federal da Justiça Militar para julgar monocraticamente os
crimes militares praticados por civis. Estabeleceu ainda julgamento singular por juiz civil togado para
militar que comete crime militar em coautoria com o civil. Assim, qualquer crime militar que envolva
civil no polo ativo será julgado monocraticamente por magistrado da Justiça Militar (da União).
A Justiça Militar (da União ou Justiça Militar Federal) é diferenciada em relação à forma de
investidura e das garantias e prerrogativas de seus membros. Atualmente o Juiz Federal da Justiça Militar
(togado) é civil (togado) e ingressa na carreira através de concurso público de provas e títulos, com a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, em todas as suas fases (CF, art. 93, I), gozando
das seguintes garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (CF, art. 95), tendo
em contrapartida as vedações do parágrafo único do referido artigo.
Os juízes militares investem-se na função por meio de sorteio, realizado sob uma lista de
oficiais apresentados, nos termos dos arts. 19 e 23 da Lei nº 8.457/92. São juízes de fato, porém, não
gozam das prerrogativas afetas exclusivamente aos magistrados de carreira.
Deve-se ressaltar que os oficiais são juízes somente enquanto reunido o Conselho, que é
efetivamente o órgão jurisdicional, sendo que isoladamente, fora das reuniões do Conselho de Justiça, os
oficiais que atuam naquela Auditoria não serão mais juízes, submetendo-se aos regulamentos e normas
militares que a vida de caserna lhes impõe.
É importante observar que na hipótese de ação penal em desfavor de oficial e praça, em um
mesmo processo, ambos serão julgados pelo Conselho Especial de Justiça.
A Justiça Militar da União em 1º Grau é composta por juízos distribuídos em 12(doze)
Circunscrições Judiciárias (art. 2º, da Lei nº 8.457/92) espalhadas por todo o território nacional.
Na Justiça Militar da União os Conselhos de Justiça (órgãos de 1º Grau), têm sede nas
respectivas circunscrições Judiciárias Militares, correspondendo cada uma, a uma auditoria militar,
conforme abaixo:
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4.2.1. Competência
A Constituição Federal em seu art. 125, §3º, autoriza os Estados Membros da Federação a
criarem a Justiça Militar Estadual:
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Art. 125, §3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo
grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo
militar seja superior a vinte mil integrantes.
Art. 125, §4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes
militares definidos em lei e ações judiciais contra atos disciplinares, ressalvada a competência do júri quando
a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças.
Deduz-se pela simples leitura da primeira parte desse dispositivo dois conceitos de suma
importância:
1º) À Justiça Militar estadual cabe tão somente processar e julgar os militares dos estados e
do Distrito Federal, ou seja, os policiais e bombeiros militares. Excluídos, portanto, estão os civis e
militares federais.
2º) Esses crimes são aqueles cujas circunstâncias para o seu cometimento estão
capituladas no art. 9 º do Código Penal Militar.
Diante do citado artigo (125, 4º da CF), não é possível sujeitar civis a processo e julgamento
da Justiça Militar Estadual, reservada conforme vimos, aos policiais e bombeiros militares. Por isso,
compete à Justiça Comum estadual processar e julgar o civil acusado da prática de crimes contra
instituições militares estaduais (Súmula n.º. 53 do STJ) ou praticado contra policial militar.
4.2.2. Composição
No Estado do Piauí, ao contrário do que ocorre nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e
Rio Grande do Sul, onde já existe um Tribunal de Justiça Militar – TJM como órgão de 2º Grau ou
Instância e em alguns, também, mais de um órgão de 1º Grau (Auditorias Militares, como ocorre no
Estado de São Paulo), por não possuir efetivo superior a 20.000 integrantes têm como órgão de 2ª
Instância para o julgamento de crimes militares o Tribunal de Justiça Estadual (o TJ/PI) e como
órgão de 1º Grau os Conselhos de Justiça Militar ou Juízo Singular Militar (Juízo da 8ª Vara
Criminal).
Portanto esta Lei Complementar, no Capítulo II, delimitou a competência da Justiça Militar
do Estado do Piauí:
Art. 11. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os policiais militares e bombeiros militares do
Estado, nos crimes militares definidos em lei, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, e
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as ações civis contra atos disciplinares militares, cabendo ao Tribunal de Justiça do Estado decidir sobre a
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
§1º Compete ao Juiz de Direito do Juízo Militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares.
§2º Cabe aos Conselhos de Justiça processar e julgar os demais crimes militares.
Art. 12. Compete aos Conselhos:
I – Especial de Justiça, processar e julgar oficiais, exceto o Comandante-Geral da PM/PI, nos delitos
previstos na legislação penal militar;
II – Permanente de Justiça, processar e julgar policiais militares e bombeiros militares acusados que não
sejam oficiais.
Art. 13. Compete aos Conselhos Especiais e Permanentes de Justiça:
I – processar e julgar os delitos previstos na legislação penal militar ou em lei especial cometidos por
policiais militares e bombeiros militares, ressalvados a competência privativa do Tribunal de Justiça do
Estado, do Júri quando a vítima for civil, a competência singular do Juiz de Direito integrante dos
Conselhos Especiais e Permanentes;
II – decretar a prisão preventiva do denunciado, revogá-la ou restabelecê-la;
III – converter em prisão preventiva a detenção de indiciados, ou ordenar-lhes a soltura, desde que não se
justifique a sua necessidade;
IV – conceder menagem e liberdade provisória, bem como revogá-las;
V – decretar medidas preventivas e assecuratórias, nos processos pendentes do seu julgamento;
VI – declarar a inimputabilidade de indiciado ou de acusado nos termos da lei penal militar quando, no
inquérito ou no curso do processo, tiver sido verificada aquela condição, mediante exame médico legal;
VII – decidir as questões de direito ou de fato suscitadas durante a instrução criminal ou no julgamento;
VIII – ouvir o representante do Ministério Público, para se pronunciar na sessão, a respeito das questões
nela suscitadas;
IX – conceder a suspensão condicional da pena, nos termos da lei;
X – praticar os demais atos que lhe competirem por força da lei processual penal militar.
Art. 14. Compete aos Presidentes dos Conselhos Especiais e Permanentes de Justiça exercer as atribuições
constantes dos arts. 29 e 30 da Lei 8.457, de 04 de setembro de 1992.
Ainda sobre o Juízo Militar Estadual de 1º Grau, este teve até o dia 12/07/19, sua
competência pré-processual exercida pelos Juízos da Central de Inquéritos de Teresina (instituída pelo
Provimento nº 039/13, da Corregedoria Geral de Justiça) e do Plantão Judiciário de 1º Grau (criado pela
Resolução nº 11/13, do mesmo órgão correcional jurisdicional) e sua competência processual pelo Juízo
da 8ª Vara Criminal (denominação dada à antiga Auditoria Militar, pela Lei Complementar Estadual nº.
97, de 10 de janeiro de 2008, que alterou o art. 41, da Lei Estadual nº 3.716, de 12 de dezembro de 1979
– LOJ/PI (Lei de Organização Judiciária do Estado do Piauí).
No entanto, de acordo com o Provimento nº 020, que trata do Código de Normas da
Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Piauí, datado de 20/05/14, que teve alterado o seu art. 374,
§5º, por meio do Provimento nº 30, de 11/07/19, publicado no DJ nº 8.707, de 12/07/19, temos da sua
implícita interpretação, que daqui para frente caberá ao Juízo de Direito da 8ª Vara Criminal de Teresina
(por meio a sua recém-criada Central de Inquéritos Militar, com sede no Quartel do Comando Geral da
PMPI), conjuntamente com o que já exercia, a competência, também, para o exercício de atos pré-
processuais, cautelares e de garantias, outrora exercidos pelos Juízos da Central de Inquéritos de Teresina
e do Plantão Judiciário de 1º Grau, incluindo-se as disposições do que consta no Provimento nº 29, de
11/07/19, que trata acerca da realização da audiência de custódia no âmbito da Justiça Militar do Estado
do Piauí.
Da mesma forma que nos atos realizados nas polícias Civil ou Federal, Ministério Público
ou Comissões Parlamentares de Inquérito, nas Instituições Militares, a participação do advogado não
se restringe apenas aos atos de polícia judiciária, responsáveis pela apuração dos ilícitos penais, mas,
também, aos atos da seara administrativa, cabendo da mesma forma ao causídico observar as
inovações da recente Lei nº 13.245/16, de 12/01/16, que alteraram o art. 7º, da Lei nº 8.906, de 04/07/84
(Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - EOAB), tais como: 1) “assistir a seus
clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo
interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios
dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração apresentar razões e quesitos” (art. 7º, XXI, do EOAB); 2) “examinar, em qualquer
instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de
investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital” (art. 7º, XIV, do EOAB), incluindo
aqueles sob a égide das Instituições Militares.
Por analogia temos que os atos de Polícia Judiciária Militar (IPM, APFD e TD e
Comparecimento Espontâneo) estão incluídos genericamente nas “investigações de qualquer natureza”,
indicando ainda, em primeiro lugar, que a atuação do advogado, nestes atos, na defesa do cliente não pode
se dar tão somente no inquérito policial, mas nos procedimentos e processos administrativos disciplinares
comuns e militares, podendo o causídico “copiar peças e tomar apontamentos”, inclusive “em meio
físico ou digital”, significando que a cópia de peças, que ocorre na maioria das vezes por fotocópia,
também pode ser feita por CD ou pen drive, por exemplo.
Importante destacar que na polícia judiciária de modo geral não há que se falar em prévia
comunicação ao advogado, nem tampouco ao investigado, na medida em que o sigilo é inerente à própria
eficácia da medida investigatória.
O sigilo, em especial no Inquérito Policial Militar, visa assegurar a eficiência da
investigação, que poderia ser seriamente prejudicada com a ciência prévia de determinadas diligências
pelo investigado e por seu advogado não afastando a possibilidade do defensor ter acesso aos autos do
procedimento persecutório, desde que, de informações já introduzidas nos autos, limitando-se o acesso do
advogado aos elementos de prova não relacionados a diligências em andamento, mas autorizando o
acesso àquelas diligências já documentados nos autos, quando não houver risco de comprometimento da
eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
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APÊNDICE
ABERTURA – termo que se usa no início do processo a partir do segundo volume do IPM para
indicação do mesmo.
ACAREAÇÃO – confronto de duas pessoas em cujas declarações existem divergências a serem
esclarecidas.
AD HOC – Para isto, para este caso ou finalidade.
AOS COSTUMES – expressão usada na assentada de inquirição de testemunhas na qual se revela o grau
de parentesco, afinidade ou interesse no caso, entre o depoente e o indiciado (ou o investigado) e vítima.
A ROGO – assinatura de terceiro que substitui a do declarante, quando este não sabe ou não pode assinar
seu depoimento.
ARRESTO – apreensão e deposito de quaisquer bens pertencentes ao indiciado, visando garantir a
execução da sentença que futuramente reconhecer sua obrigação como devedor.
ASSENTADA – termo lavrado no inicio, interrupção e encerramento dos trabalhos de audição de pessoas
no IPM.
AUTOPSIA – exame médico feito no interior do cadáver, para descobrimento da causa da morte. O
mesmo que NECROPSIA.
AUTO – peça escrita, de natureza judicial, constitutiva do processo que registra a narração minuciosa,
formal e autêntica de determinações ordenadas pela autoridade competente.
AUTOS – conjunto de peças que formam o processado de um inquérito.
AUTUAÇÃO – termo lavrado pelo escrivão para reunião da portaria e demais peças que a acompanham
que deram origem ao inquérito.
AVALIAÇÃO – ato realizado por peritos com a finalidade de apurar o valor da coisa destruída,
deteriorada ou desaparecida que foi objeto da infração penal.
AVOCAÇÃO – chamamento para si da solução final do IPM, o que ocorre quando o Comandante
concorda parcialmente ou discorda da conclusão apresentada.
BUSCA – procura ou pesquisa visando encontrar pessoal ou material que tenha relação de uma forma ou
de outra com o fato delituoso.
CARTA PRECATÓRIA – documento que se remete a uma autoridade solicitando-lhe a audição de
pessoa que se encontra em sua jurisdição ou circunscrição.
CERTIDÃO – ato através do qual o escrivão dá conhecimento ao encarregado do inquérito do
cumprimento ou não das determinações contidas no seu despacho. Serve também para assinalar a
ocorrência de algum fato relevante, de interesse futuro dos autos.
CITAÇÃO – primeiro chamamento do réu ou do acusado para se ver processar. Documento expedido
pelo Juiz de Direito do Juízo Militar, através de mandado para que o acusado formalmente denunciado,
compareça em dia, hora e local designados, para ser interrogado acerca da acusação formulada. Também
usada no processo administrativo disciplinar.
COMPROMISSO – juramento prestado pelo escrivão ou peritos de cumprirem fielmente as
determinações do encarregado do inquérito e do CPPM e guardarem sigilo do que tiverem conhecimento.
Ainda, juramento prestado pela testemunha de dizer a verdade em seu depoimento.
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CONCLUSÃO – ato do qual o escrivão, após o término dos trabalhos oriundos do despacho, faz a
entrega dos autos ao encarregado do inquérito.
CONDUTOR – agente que apresenta o conduzido à autoridade competente para ratificar a prisão e
promover a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante - APF.
CORPO DE DELITO – conjunto de elementos sensíveis ao fato delituoso, constatados através de
exames periciais, que visam materializar, tipificar e qualificar a infração.
CRIME MILITAR – ilícito penal praticado nas condições previstas nos artigos 9º e 10 do CPM.
DELEGAÇÃO – atribuição de poderes de policia judiciária militar para instauração de IPM, que poderá
ser retomada, tornando-se insubsistente o ato que a outorgou, por razões legais ou administrativas.
DEPRECANTE – autoridade que expede a carta precatória.
DEPRECADO – autoridade destinatária de carta precatória.
DESPACHO – ato através do qual o encarregado do inquérito determina providencias a serem tomadas
pelo escrivão.
DETENÇÃO – recolhimento ao local próprio, por tempo permitido por lei, que o encarregado do IPM
pode impor ao indiciado policial-militar. Por se tratar de medida privativa de liberdade é instrumento que
deve ser utilizado em último caso e com a devida comunicação ao MM Juiz de Direito do Juízo Militar
Estadual (no Estado do Piauí, a 9ª Vara Criminal).
DILIGÊNCIAS – No IPM são os atos praticados pelo encarregado e pelo escrivão, visando a elucidação
das circunstâncias, autoria e materialização da infração cometida.
ENCARREGADO – nome que se atribui ao Oficial a quem se destinou a portaria para instauração do
IPM.
ESCREVENTE – militar designado para executar os trabalhos de datilografia ou digitação quando o
escrivão designado para o inquérito não datilógrafo ou digitador. Trata-se de situação excepcional.
ESCRIVÃO – militar (primeiro ou segundo tenentes, aspirante a oficial, subtenente ou sargento)
designado para executar os trabalhos de datilografia, digitação e demais providências determinadas pelo
encarregado do IPM, previstas no CPPM. É o responsável pela estética, formalização e guarda dos autos.
Ao escrivão também pode ser dada a missão de levantar subsídios, realizar diligências complementares,
esclarecedoras, do que lavrará um respectivo termo, relatando os trabalhos.
ESCRIVÃO “AD HOC” – Escrivão que não é de ofício. No IPM é o militar que exerce a função de
escrivão.
EXAME – estudo, pesquisa, averiguação de um estado de coisa.
EXUMAÇÃO – ato de se proceder ao desenterramento de cadáver para nele se processar o exame
cadavérico de necropsia.
HOMOLOGAÇÃO – aprovação da solução (conclusão final) apresentada pelo Encarregado do IPM.
HORÁRIO DIURNO – tempo estabelecido por lei, compreendido entre as sete e dezoito horas para
autuação de pessoas.
IDONEIDADE – bom conceito social (moral e profissional), que torna uma pessoa digna de
credibilidade.
IMPEDIMENTO – situação existente que obsta a participação de determinada pessoa no inquérito.
INCOMUNICABILIDADE – proibição a um preso de se comunicar com outrem.
INDICIADO – pessoa sobre a qual pairam as acusações da pratica ou mesmo indícios do cometimento
do fato delituoso. Nos IPM destinados à Justiça Militar Estadual – JME, somente policiais-militares
podem ser indiciados, visto que esta não tem competência para julgar civis.
INDÍCIO – circunstância ou fato conhecido e provado, de que se induz a existência de outra
circunstância ou fato de que não se tem prova.
INFORMANTE – testemunha da qual a lei não exige compromisso de dizer a verdade em seu
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depoimento.
INQUIRIÇÃO – tomada de depoimentos de testemunhas.
INTERROGATÓRIO – audição do indiciado em juízo, também usado na fase do inquérito.
INTIMAÇÃO – ato de compelir alguém a comparecer perante o encarregado do inquérito.
INVESTIGADO – Que é objeto de investigação. Militar no IPM, sujeito a investigação sobre o qual
ainda não pairam indícios do cometimento do fato delituoso.
IPM – Inquérito Policial Militar – peça informativa elaborada por um oficial com a finalidade de apurar
uma infração de natureza militar, para oferecimento de elementos necessários à propositura da ação penal.
JUIZ AUDITOR MILITAR – Magistrado que atua na Justiça Militar no âmbito federal.
JUIZ DE DIREITO DO JUÍZO MILITAR – Magistrado que atua na Justiça Militar no âmbito
estadual. No estado do Piauí, corresponde à 9ª Vara Criminal, cuja denominação foi dada pela Lei
Complementar Estadual nº. 97. de 10 de janeiro de 2008, publicada no DOE nº. 08, de 11/01/08, que
alterou o art. 41, a Lei de Organização Judiciária do Estado do Piauí nº. 3.716, de 12/12/79 e a Lei
Estadual nº. 5.204, de 07/08/01, sendo o magistrado atualmente denominado Juiz de Direito da 9ª Vara
Criminal do Estado do Piauí.
JUNTADA – ato através do qual o escrivão faz a anexação ao processado de documentos vindo às mãos
do encarregado do inquérito e que interessam ao IPM.
LAUDO – documento que expressa o resultado de um exame pericial de forma conclusiva.
MANDADO – ordem judicial, determinando que se adote determinada providência.
MINISTÉRIO PÚBLICO – titular da pretensão punitiva do Estado. No âmbito estadual temos o
Ministério Público Militar Estadual.
MITIGADO – perda parcial da força ou efeito. Tornar(-se) mais brando, mais suave.
NOMEAÇÃO – designação de pessoa para o exercício de determinada função do IPM, como escrivão,
perito, etc.
NOTA DE CULPA – instrumento pelo qual se dá ao preso ciência dos motivos de sua prisão, bem como
de seu condutor e testemunhas.
NOTIFICAÇÃO – ciência dada pela prática de ato devido e futuro. Geralmente para comparecimento
em local, data e horário determinados para a execução do ato. Em juízo a testemunha é notificada e no
inquérito é intimada.
OFENDIDO – pessoa física ou jurídica atingida diretamente pelo ato delituoso.
OVERRULED – anulado (a), tornado(a) sem efeito. Ex. A Súmula sofreu um overruled (foi anulada,
tornada sem efeito, perdeu o efeito).
PERÍCIA – exame técnico procedido por perito, retratado através de laudo pericial.
PERITO – técnico designado para examinar e dar parecer sobre assunto de sua especialidade.
PORTARIA – documento através do qual autoridade designa e delega competência a um oficial para
instaurar o Inquérito. Indica, também, no caso do IPM, a abertura dos trabalhos, na qual o Encarregado dá
as primeiras ordens sobre a condução do feito persecutório. No IPM temos a “Portaria de designação” e a
“ Portaria de instauração do IPM”, esta última lavrada pelo encarregado.
PRAZO – período de tempo estipulado legalmente para determinado ato ou realização de um trabalho.
PRECATÓRIA – procedimento utilizado no processo ou IPM, para realização de diligências fora da
sede da jurisdição ou circunscrição onde estiver sendo realizado o IPM.
PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO - ato de prender o agente estando cometendo a infração penal,
acabando de cometê-la, é perseguido logo após em situação que faça presumir ser ele o autor da infração
ou encontrado logo após com instrumentos, armas, objetos ou papéis que autorizam aquela presunção.
PRISÃO PREVENTIVA – ato processual penal cautelar decretado pelo Juiz tanto na fase investigatória
como processual.
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qualquer.
VESTÍGIOS – são as provas materiais que podem ser encontradas no local de crime, que podem levar à
conclusão da sua autoria e como ocorreu.
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▪ BRASIL. Lei nº 13.774, de 19/12/2018. Altera a Lei nº 8.457, de 4 de setembro de 1992, que
“Organiza a Justiça Militar da União e regula o funcionamento de seus Serviços Auxiliares.
Presidência da República Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <
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▪ BRASIL. Lei nº 13.964, de 24/12/2019. Aperfeiçoa a legislação penal e processual penal.
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▪ CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Anotações teóricas e práticas acerca da prisão em
flagrante com a nova redação do artigo 304, CPP, dada pela Lei nº 11.113/05. Jus navegandi,
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