2017santos Emm
2017santos Emm
RECIFE
2017
ELOÍNA MARIA DE MENDONÇA SANTOS
RECIFE
2017
Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
Banca Examinadora
_____________________________________________
Dr. Simão Vasconcelos
Universidade Federal de Pernambuco/UFRPE
(Membro externo)
_____________________________________________
Dra. Tatiany Patrícia Romão Pompilio de Melo
Instituto Aggeu Magalhães/FIOCRUZ-PE
(Membro externo)
_____________________________________________
Dra. Milena Paiva
Instituto Aggeu Magalhães/FIOCRUZ-PE
(Membro interno)
_____________________________________________
Dra. Zuma Medeiros
Instituto Aggeu Magalhães/FIOCRUZ-PE
(Membro interno)
_____________________________________________
Dra. Cláudia Maria Fontes de Oliveira
Instituto Aggeu Magalhães/FIOCRUZ-PE
(Orientadora)
Dedico esse trabalho a minha mãe Eva Mendonça.
E ao meu Tio Eloi Mendonça.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Produtos larvicidas à base de bactérias entomopatogênicas são seletivos e têm sido utilizados
com sucesso para o controle de culicídeos e simulídeos de importância médica. Nessa
perspectiva, um biolarvicida composto por cristais inseticidas de Lysinibacillus sphaericus
(Lsp) e Bacillus thuringiensis svar. israelensis (Bti), VectoMax® CG, foi avaliado em relação
a sua eficácia para o controle de Culex quinquefasciatus e Aedes aegypti em áreas urbanas,
bem como avaliado seu impacto na suscetibilidade de C. quinquefasciatus a Lsp. O estudo foi
conduzido no bairro de Água Fria, Recife-PE que já vinha tratando seus criadouros
bimensalmente com larvicidas a base de Lsp (VectoLex® G) e de Bti (VectoBac® G). A região
foi dividida na área 1 (A1) onde o esquema foi mantido e na área 2 (A2), onde os produtos
foram substituídos pelo VectoMax®. Índices entomológicos durante o período de pré-
intervenção foram analisadosa partir da densidade de adultos/formas jovens. Além da
avaliação da suscetibilidade de C. quinquefasciatus a Lsp. Durante os três anos de
intervenção, esses levantamentos entomológicos foram mantidos. Após o primeiro ano, houve
uma redução no número de adultos de C. quinquefasciatus nas duas áreas (p=0<0,0005),
atingindo uma queda de 43,83% (A1) e 61,86% (A2) comparado ao período de pré-
intervenção. A suscetibilidade de C. quinquefasciatus a Lsp não apresentou perda, as razões
de resistência apresentaram flutuações inferiores a 10 vezes, em ambas às áreas, na maioria
das avaliações. Os alelos que conferem resistência a Lsp tiveram uma frequência de 0,057
antes da intervenção, ao longo do tratamento, a frequência na A2 foi inferior (0,069) à A1
(0,088), sugerindo que o uso do VectoMax® desfavoreceu a seleção destes alelos. Desta
forma, a utilização do produto conjugado Lsp+Bti, ofereceu vantagens como um maior
impacto no controle de C. quinquefaciatus, menor potencial de seleção de resistência, além de
vantagens logísticas pelo uso de um único produto.
ABSTRACT
Larvicidal products based on entomopathogenic bacteria are selective and have been
successfully used for controlling culicidae and simulids of medical importance. From this
perspective, a the effectiveness biolarvicide composed of insecticidal crystals of Lysinibacillus
sphaericus (Lsp) and Bacillus thuringiensis israelensis (Bti), VectoMax® WSP, was
evaluated for controlling the Culex quinquefasciatus and Aedes aegypti in urban areas, as well
as its impact on the susceptibility of C. quinquefasciatus to Lsp. The study was conducted in
the neighborhood of Água Fria, Recife-PE, which had been treating its breeding grounds bi-
monthly with larvicides based on Lsp (VectoLex® G) and Bti (VectoBac® G). The region
was divided into area 1 (A1) where the scheme was maintained and in area 2 (A2), where the
products were replaced by VectoMax®. Entomological indices during the pre-intervention
period were performed from the density of adults young forms. In addition the susceptibility
of C. quinquefasciatus to Lsp was also evaluated. During the three years of intervention, these
entomological surveys were maintained. After the first year, there was a reduction in the
number of adults of C. quinquefasciatus in both areas (p = 0 <0.0005), reaching a decrease of
43.83% (A1) and 61.86% (A2) compared to the pre-intervention. The susceptibility of C.
quinquefasciatus to Lsp showed no loss, the resistance ratios showed fluctuations less than 10
times, in both areas, in most evaluations. The alleles conferring resistance to Lsp had a
frequency of 0.057 before the intervention, throughout the treatment, the frequency at A2 was
lower (0.069) tham A1 (0.088), suggesting that the use of VectoMax® disadvantaged the
selection of such alleles. In this way, the use of the Lsp + Bti conjugated product offered
advantages such as greater impact on C. quinquefaciatus control, less resistance selection
potential, and logistic advantages due to the use of a single product.
A. aegypti whose
Keywords: Aedes. Culex. Bacillus thuringiensis. Controle biológico de vetores.
A. aegypti whose
LISTA DE FIGURAS
A1 Área 1 de estudo
A2 Área 2 de estudo
Bin Toxina binária de Lysinibacillus sphaericus
BinA Toxina binária de Lsp responsável pela toxicidade às células
BinB Toxina binária de Lsp que reconhece e se liga a receptores
específicos no epitélio intestinal das larvas
Bti Bacillus thuringiensis svar. israelensis
cDNA DNA complementar
CL50 e CL90 Concentrações letais de compostos para 50 e 90% dos indivíduos
expostos
Cpm1 Culex pipiens maltase 1
Cqm1 Culex quinquefasciatus maltase 1
CqSF Colônia de laboratório de Culex quinquefasciatus susceptível a Lsp
CVA Centro de Vigilância Ambiental
DA Densidade de adultos
DLP Densidade de larvas e pupas
DO Densidade de ovos
DNA Ácido desoxirribonucleico
DP Desvio Padrão
DDT Dicloro Difenil Tricloroetano
DENV-(1-4) Vírus Dengue sorotipo 1, 2, 3 ou 4.
FL Filariose Linfática
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GPI Glycosylphosphatidylinositol
kDa Kilo Dálton
Lsp Lysinibacillus sphaericus
L1, L2, L3, L4 Estádios larvais 1, 2, 3 e 4
Mtx Toxinas mosquitocidas
PGEFG Programa Global de Eliminação da Filariose Linfática
PNCD Programa Nacional de Controle da Dengue
PNEFL Programa Nacional de Eliminação da Filariose Linfática
IA Ingrediente Ativo
IAM Instituto Aggeu Magalhães
INMET Instituto Nacional de Meterologia
OMS Organização Mundial da Saúde
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
Pb pares de base
PCR Reação em Cadeia da Polimerase
PE Pernambuco
Pg Picograma
pH Potencial Hidrogeniônico
RNA Ácido ribonucleico
RR Razão de Resistência
UTI Unidade Tóxica Internacional
ZIKAV Vírus zika
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 19
2 MARCO TEÓRICO 22
2.1 Culex quinquefasciatus: bioecologia 22
2.2 Importância epidemiológica de Culex quinquefasciatus . 23
2.3 Aedes aegypti: bioecologia 24
2.4 Importância epidemiológica de Aedes aegypti. 25
2.5 Controle de mosquitos 28
2.5.1 Químico 28
2.5.2 Biológico. 30
2.6 Lysinibacillus sphaericus (Lsp) 32
2.6.1 Toxinas e modo de ação 32
2.6.2 Receptores da toxina Bin e resistência 35
2.7 Bacillus thuringiensis svar. israelensis (Bti) 39
2.7.1 Toxinas e modo de ação 40
2.7.2 Receptores e potencial de Resistência 41
2.8 Utilização de Lsp e Bti em campo 42
2.9 Sinergia entre Lsp e Bti e perspectivas de uso combinado 44
3 JUSTIFICATIVA 46
4 PERGUNTA CONDUTORA 47
5 HIPÓTESE 48
6 OBJETIVOS 49
6.1 Objetivo Geral 49
6.2 Objetivos específicos 49
6.2.1 Objetivo secundário. 49
7 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 50
7.1 Área de estudo 50
7.2 Desenho experimental (Intervenção) 52
7.2.1 Operacionalidade. 52
7.3 Amostragem de C. quinquefasciatus e A. aegypti 54
7.3.1 Densidade de adultos 55
7.3.2 Densidade de larvas e pupas 55
7.3.3 Densidade de ovos. 56
7.4 Análise de suscetibilidade de Culex quinquefasciatus a Lsp 57
7.4.1 Análise das amostras 57
7.4.2 Bioensaios 58
7.4.3 PCR para detecção dos alelos de resistência do gene cqm1 58
7.5 ANÁLISES DE DADOS 59
7.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 60
8 RESULTADOS 61
8.1 Operacionalidade 61
8.2 Avaliação dos tratamentos na densidade de Culex quinquefasciatus 63
8.2.1 Adultos 63
8.2.2 Formas pré-imaginais 69
8.2.3 Avaliação de índices entomológicos para detecção de Culex
quinquefasciatus 69
8.3 Avaliação dos tratamentos com biolarvicidas sobre a densidade de
Aedes aegypti 70
8.3.1 Adultos 70
8.3.2 Ovos 72
8.4 Detecção de alelos do gene cqm1 Culex quinquefasciatus que conferem
resistência a Lysinibacillus sphaericus 75
8.5 Detecção de alelos de Culex quinquefascitus que conferem resistência a
Lysinibacillus sphaericus 76
8.6 Presença de Aedes aegypti em criadouros preferencialmente colonizados
por Culex quinquefasciatus 81
9 DISCUSSÃO 83
9.1 Impacto do controle vetorial 83
9.2 Impacto na suscetibilidade de C. quinquefasciatus a Lsp e frequência de
alelos r 88
10 CONCLUSÕES 92
REFERÊNCIAS 93
APÊNDICE A- Artigo publicado 113
19
1 INTRODUÇÃO
ambientes aquáticos, que limitam a persistência de sua ação larvicida em certos tipos de
criadouros (LACEY, 2007). Por outro lado, o complexo modo de ação de Bti cujos cristais
contêm quatro toxinas que atuam em sinergia com diferentes receptores, dificulta o processo
de seleção de resistência nas populações de mosquitos expostas (ARAÚJO et al., 2013;
FERREIRA; SILVA-FILHA, 2013;GEORGHIOU; WIRTH, 1997). Estudos in vivo e in vitro
mostram que existe uma sinergia de ação entre as toxinas de Lsp e Bti, pois essas toxinas
combinadas possuem uma significativa atividade larvicida para colônias de Culex
quinquefasciatus resistentes a Lsp, demonstrando assim, potencial para superar a resistência à
toxina Bin (THIERY et al., 1998; WIRTH et al., 2004). Além disso, estas toxinas associadas
apresentam uma ação larvicida para A. aegypti (WIRTH et al., 2004). A partir desses achados,
foi desenvolvido um produto que possui em sua formulação uma mistura de cristais de Lsp e
Bti destinados ao controle de mosquitos (ANDERSON et al., 2011; KAHINDI et al., 2008;
MWANGANGI et al., 2011).
O objetivo geral desse estudo foi avaliar o potencial do biolarvicida VectoMax® CG
composto por cristais de Lsp e Bti, para o controle de C. quinquefasciatus e A. aegypti em
uma área do bairro de Água Fria, situado no município de Recife, região Nordeste do Brasil.
Recife possui condições propícias para a proliferação dessas espécies e a circulação de
diferentes agentes etiológicos, fazendo com que as ações de controle conjuntas para as duas
espécies sejam essenciais para interromper o ciclo de transmissão de doenças por eles
veiculadas. Em Água Fria, programas de controle de vetores vêm sendo executado há mais de
10 anos. Dentre as ações de controle preconizadas, os criadouros de C. quinquefasciatus são
tratados com um produto larvicida à base de Lsp (VectoLex® G) e os criadouros de A. aegypti
recebem aplicações com larvicida à base de Bti (VectoBac® G e WDG).
A hipótese desse estudo é de que um produto composto por cristais inseticidas de ambas
bacterias Lsp+Bti possa ser usado em substituição aos biolarvicidas que contêm apenas uma
das bacterias entomopatogênicas em sua formulação. Esta substituição pode trazer vantagens
pela presença de cinco toxinas com mecanismos de ação associados a diferentes receptores e
com um espectro de ação mais amplo para espécies de mosquitos. O ganho operacional,
também é um fator importante, pois um único produto poderá promover o controle
populacional de diferentes espécies no mesmo habitat. A escolha do produto mais adequado
para o controle dos mosquitos vetores é essencial para a sustentabilidade dos programas de
controle e para reduzir a frequência de transmissão de vírus dengue, febre amarela, zika e
chikungunya, além do verme Wuchereria bancrofti responsável pela filariose linfática no
estado de Pernambuco.
21
A partir dos dados obtidos nesse estudo foi possível compor dois artigos, o primeiro foi
elaborado com os resultados obtidos do impacto do tratamento dos larvicidas sob a densidade
de C. quinquefasciatus e Aedes aegypti e encontra-se como apêndice dessa tese. O segudo
manuscrito será elaborado a partir dos dados de suscetibilidade e frequencia de alélos de
resistência de C. quinquefasciatus a Lsp.
22
2 MARCO TEÓRICO
oviposição (6-eritro-5acetoxy hexadecanóide) que também exerce grande poder atrativo sobre
fêmeas que buscam local para realizar suas posturas (GANESAN et al., 2006). Desta forma,
populações desses mosquitos se estabelecem com tendência a se agrupar, assim os criadouros
desta espécie são caracterizados por uma alta densidade de indivíduos (CONSOLI; OLIVEIRA,
1994).
Devido ao grande potencial de colonização e adaptação em todos os tipos de ambientes
aquáticos artificiais, sobretudo aqueles com alto nível de matéria orgânica, C. quinquefasciatus
possui alta capacidade de proliferar em áreas urbanas com saneamento precário (CONSOLI,
1994; SIMONSEN; MWAKITALU, 2013). O Brasil possui grande número de municípios com
com condições sanitárias deficientes, como agregações de moradias construidas em áreas
alagadiças, adensamento urbano, além de outras características que potencializam o número de
criadouros e a capacidade de crescimento populacional do mosquito (ALBUQUERQUE, 1993;
SIMONSEN; MWAKITALU, 2013). A cidade do Recife reflete bem as condições descritas
acima, pois apenas 42% desse município possui rede de esgoto (PERNAMBUCO, 2004)
também confirmação de seis óbitos por febre de chikungunya, nos estados da Bahia, Sergipe,
São Paulo e Pernambuco (BRASIL, 2016).
Diversos fatores influenciam a manutenção do ciclo de transmissão destas arboviroses, a
intensa e desordenada urbanização gera precárias condições de moradia, de infra-estrutura de
coleta de lixo e de saneamento básico (GUBLER, 2002; RIGAU-PEREZ et al., 1998),
somados à ineficiente estrutura de abastecimento de água, que estimula o seu armazenamento
em domicílios pela população (PENNA, 2003). Esses fatos favorecem o desenvolvimento de
condições adequadas para a formação de criadouros de A. aegypti e C. quinquefasciatus
(TAUIL, 2001). O aumento da mobilidade mundial das populações humanas, através viagens
regionais e internacionais constitui mais um aspecto que favorece a circulação dos vírus e o
transporte passivo de vetores (Organização Mundial de Saúde, 2014).
A imunização contra o DENV e o controle vetorial são as principais estratégias para
combater a dengue (GYAWALI; BRADBURY; TAYLOR-ROBINSON, 2016).
Recentemente, foi desenvolvida e disponibilizada uma vacina registrada (Sanofi- Pasteur)
contra os quatro sorotipos virais da dengue (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4). Há
também outra vacina tretavalente desenvolvida pelo Instituto - Butantã em parceria com NIH-
National Institutes of Health) que está em fase de testes clínicos em humanos, sendo a
previsão é de que a vacina esteja disponível, gratuitamente, para a população, por intermédio
do SUS (Sistema Único de Saúde), a partir de 2019 (PORTER; TENEZA-MORA;
RAVIPRAKASH, 2014).
Outra arbovisose que tem levado a uma grande preocupação no Brasil é a infecção
causada pelo vírus ZIKA (ZIKV).Sua associação com a síndrome congênita neurológica em
recém-nascidos e a síndrome de Guillain-Barré já foram esclarecidas e representa um novo
desafio no campo da saúde pública (HAZIN et al., 2016; HEUKELBACH; WERNECK,
2016; MUSSO; GUBLER, 2016). A associação dos casos de microcefalia em recém-nascidos
com a infecção de gestantes pelo ZIKV foi apresentada recentemente por meio de imagens e
análises virológicas e patológicas fetais (MLAKAR et al., 2016), e confirmada por estudos
através da identificação e sequenciamento do ZIKV em líquido amniótico de duas gestantes
que tiveram infecção durante a gravidez e fetos com microcefalia (CALVET; DOS SANTOS;
SEQUEIRA et al., 2016). A circulação desse vírus no Brasil foi registrada inicialmente nos
estados da Bahia e Rio Grande do Norte (CAMPOS et al., 2015). Rapidamente, outros casos
de infecção por esse vírus foram confirmados em diferentes estados brasileiros, além de casos
reportados na América Latina, Caribe, Estados Unidos e Europa. Quanto a infecções pelo
vírus ZIKV em 2016, foram registrados 211.770 casos prováveis no país (taxa de incidência
28
de 103,6 casos/100 mil hab.), distribuídos em 2.280 municípios, tendo sido confirmados
126.395 (59,7%) casos. A análise da taxa de incidência de casos prováveis, segundo regiões
geográficas, demonstra que a região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência:
205,3 casos/100 mil hab. Entre os estados destacam-se Mato Grosso (670,0 casos/100 mil
hab.), Rio de Janeiro (407,7 casos/100 mil hab.) e Bahia (337,6 casos/100 mil hab.). A
Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um alerta e decretou estado de emergência
internacional no período de fevereiro a novembro de 2016 baseado no aumento de incidência
de microcefalia em zonas endêmicas para infecções do ZIKV. O município do Recife, no
estado de Pernambuco, é um dos locais com maiores números de casos notificados de
microcefalia em recém-nascidos associado à infecção por ZIKV nas gestantes (TEIXEIRA et
al., 2016). A introdução desta nova arbovirose só potencializa a preocupação com as ações de
controle populacional do mosquito A. aegypti no estado e no País.
Uma das maneiras de prevenir doenças causadas por patógenos transmitidos por vetores
é realizar ações que reduzam a densidade de seus vetores e, por conseguinte, reduzir o risco
de transmissão. Esse controle pode ser realizado com intervenções químicas ou biológicas.
2.5.1 Químico
2.5.2 Biológico
butírico (GABA) e leva o inseto à morte morte por hiperexcitação do sistema nervoso
(SPARKS et al., 2012). O spinosad possui um espectro de ação que inclui grande variedade
de espécies de importância agricola, médica e veterinária. Entretanto, há registros de
surgimento da resistência em várias espécies de Diptera (FERGUSON, 2004; HSU; FENG
2006; SCOTT 2003; SU; CHENG 2014), além de insetos de outras ordens como
Lepidoptera, Thysanoptera e Hymenoptera (SPARKS et al., 2012). Assim, o manejo da
resistência ao spinosad é bastante importante, considerando seu uso a longo prazo
(SIEGWART et al., 2015).
gêneros de mosquitos como Culex, Anopheles, Aedes e Mansonia (LACEY, 2007). Aedes
aegypti é considerado refratário para a toxina Bin, pois a concentração letal do Lsp para
essa espécie é cerca de 100-1000 que àquela para Culex pipens, que é a espécie mais
sensível (NIELSEN-LEROUX; CHALES, 1992). No entanto, a atividade para espécies do
gênero é variável; Aedes atropalpus, por exemplo, apresenta uma suscetibilidade
elevada, similar às espécies do complexo C. pipens (BERRY et al., 1993). Essa toxina é
denominada Binária (Bin), pois é um heterodímero composto por dois polipeptídios,
BinA (42 kDa) e BinB (51 kDa) que agem em sinergia e atingem a sua atividade larvicida
máxima quando ambos os componentes estão presentes em concentrações equimolares
(NICOLAS et al., 1993). Individualmente, as subunidades não possuem alta toxicidade.
O modo de ação da toxina Bin se inicia com a ingestão dos cristais tóxicos pelas
larvas em ambiente aquático. Em pH alcalino intestinal das larvas, ocorre a solubilização
dos cristais e a liberação das protoxinas Bin que no lúmem são clivadas por serina-
proteases em fragmentos de menor peso molecular BinA (39 kDa) e BinB (43 kDa), que
são considerados as toxinas ativas (BAUMANN et al.,1985, 1988; DAVIDSON et al., 1987)
(Figura 1). Em seguida, os polipeptídeos ativos possuem a capacidade de serem tóxicas
para as larvas (NIELSEN-LEROUX; CHALES, 1992). Estudos demonstraram que o
componente BinB é responsável por reconhecer e se ligar a receptores específicos do
epitélio intestinal das larvas, enquanto a BinA é responsável pela toxicidade para as
células (NICOLAS et al., 1993; CHARLES et al., 1997). Sobre a ação da toxina Bin há
outros avanços na sua caracterização, tais como a determinação de regiões e
aminoácidos da sub-unidade BinB, responsáveis pela ligação aos receptores (ROMÃO et
al., 2011; SINGKHAMANAN et al., 2013) além da estrutura cristalográfica
(SRISUCHARITPAMIT et al., 2014). As interações de toxinas com receptores específicos
das células do epitélio do intestino induzem a alterações citopatológicas que resultam na
morte das larvas. Os principais efeitos citopatológicos da toxina Bin no epitélio intestinal
de larvas são ruptura das microvilosidades, intumescimento das mitocôndrias,
fragmentação do retículo, e intensa vacuolização citoplasmática (CHARLES, 1987; DE
MELO et al., 2009; SILVA-FILHA; PEIXOTO, 2003). Um estudo a respeito do modo de
ação celular da toxina mostrou que esta induz a autofagia nas células tratadas e é alvo de
um processo de reciclagem em compartimentos específicos (OPOTA et al., 2011).
34
Figura 1- Modo de ação da toxina Binária presente nos cristais de Lysinibacillus sphaericus em larvas de Culex
quinquefasciatus.
L. sphaericus
B
C
D
E
A toxina Bin é o principal fator inseticida das cepas de Lsp usadas para a produção
de biolarvicidas. A sua ação, como discutido anteriormente, é altamente específica e
dependente de sua ligação a receptores no epitélio intestinal das larvas. Os receptores
da toxina Bin para Culex pipens, C. quinquefasciatus e Anopheles gambiae são α-
glicosidases (EC 3.2.1.20) ortológas com cerca de 66-73 kDa, ligados a membrana
epitelial das células do intestino através de uma âncora de glicosil-fosfatidilinositol (GPI)
(SILVA-FILHA et al., 1999). Essas proteínas foram denominadas em ‘Culex pipens,
maltase 1 (Cpm1)’, ‘C. quinquefasciatus maltase 1’ (Cqm1) e ‘An. gambiae maltase 3’
(Agm3). As sequências do cDNA de cpm1 e cqm1 estão depositadas no GenBank sob os
números de acesso AF222024 e DQ333335 (DARBOUX et al., 2001; ROMÃO et al., 2006).
Avaliando-se o grau de identidade entre esses receptores em nível da sequência
proteica, observa-se que em relação a Cpm1 há 66% para An. gambiae, 74% para A.
aegypti e 65% para Drosophila melanogaster (ROMÃO et al. 2006). Larvas de A. aegypti
produzem a α-glucosidases, Aam1, que é ortóloga com a Cpm1, no entanto, não tem
capacidade de interação com a toxina Bin (FERREIRA et al., 2010; 2014).
Lsp apresenta modo de ação baseado na interação entre a toxina Bin a uma única
classe de receptores, e esta condição é favorável para seleção da resistência, comparada
36
ao Bti, que possui complexo modo de ação (FERREIRA; SILVA-FILHA 2013). A detecção
da resistência de C. pipens/ C. quinquefasciatus a Lsp já foi registrada em colônias
selecionadas em laboratório (AMORIM et al., 2007; PEI et al., 2002; WIRTH et al., 2000a),
assim como em populações naturais de campo expostas a tratamentos (MULLA et al.,
2003; NIELSEN-LEROUX et al.,1995, 1997, 2002; RAO et al., 1995; YUAN et al., 2000).
Neste modelo, o mecanismo mais comum de resistência é a ausência de receptores
funcionais no epitélio intestinal devido a mutações no gene cqm1 e cpm1 (CHALEGRE et
al., 2012; DARBOUX et al., 2002; 2007; GUO et al., 2013; NIELSEN-LEROUX et al., 1995;
2002; OLIVEIRA et al., 2004; ROMÃO et al., 2006). Entretanto, existem duas populações
de C. pipens (SPHAE e TUNIS) resistentes a Lsp, que apresentam receptores Cqm1
funcionais, sugerindo a existência de outros mecanismos de resistência que ainda não
foram elucidados (NIELSEN-LEROUX et al., 1997, 2002).
As mutações no gene cqm1 podem gerar transcritos que codificam proteínas truncadas
sem âncora GPI e por não estarem localizadas no epitélio, não conseguem se ligar à toxina
Bin, ocasionando a refratariedade (Quadro 1). Até o presente momento, oito alelos de
cpm1/cqm1 de genes associados à toxina Bin foram descritos, sete deles se caracterizam por
deleções ou mutações nonsense, que criam um códon de parada prematuro e respectivos
transcritos codificam proteínas truncadas sem âncora GPI. Existe uma exceção no caso da
colônia BP da França, ocorrem dois eventos no gene cpm1 que levam à resistência a Lsp em
larvas de C. pipiens. Em um deles, o alelo denominado cpm1BP–del, foi originado por uma
inserção de um elemento transponível ou transposon no éxon 2. Esta inserção leva a um
evento no processamento do RNA mensageiro, e uma deleção de 198 pb ocorre no mesmo
éxon. Esta deleção não muda a fase de leitura, entretanto, por razões ainda desconhecidas, a
proteína codificada por este alelo (desprovida de 60 ou 66 aminoácidos) é incapaz de se ligar
à toxina Bin. Uma das possibilidades é que a perda desses aminoácidos afete o sítio de ligação
do receptor ou cause mudanças na conformação da molécula (DARBOUX et al., 2007).
37
Quadro 1- Alelos de resistência do gene cqm1/cpm1 do complexo Culex pipens associados a resistência à toxina
Bin de Lysinibacillus sphaericus.
Alelo País Origem Mutação Referência
Figura 2 - Representação do gene que codifica o receptor Cqm1 em Culex quinquefasciatus (número de acesso
no GenBank DQ333335) e localização dos polimorfismos dos alelos cqm1REC, cqm1REC-D16 e cqm1REC-D25.
Quadro 2- Frequência de alelos do gene cqm1 em populações de Culex quinquefasciatus determinados por PCR.
Nd - não determinado.
Amostra cqm1REC-D19 cqm1REC-D16 cqm1REC-D25 cqm1REC2 Referências
Fazenda Nova 0,003 Nd Nd Nd Chalegre et al., 2009
Bti apresenta um modo de ação cujas etapas iniciais são semelhantes àquelas
descritas anteriormente para Lsp. Após ingestão e solubilização dos cristais em meio
alcalino no intestino das larvas, ocorre a ativação proteolítica das protoxinas em toxinas,
ligação de toxinas ativas do epitélio intestinal e subsequente formação de poros na
membrana das células resultando na lise celular (BRAVO et al., 2007; KNOWLES; ELLAR,
1987).
As protoxinas mais comumente encontradas nos cristais de Bti são Cry4Aa (125
kDa), Cry4Ba (135 kDa) Cry11Aa (68 kDa) e a CytAa (28 kDa). Algumas cepas de Bti
podem apresentar cristais contendo as toxinas Cry10Aa e Cyt2Ba que também apresentam
atividade larvicida contra mosquitos (BERRY et al., 2002; GUERCHICOFF, UGALDE;
RUBINSTEIN, 1997; THORNE et al., 1986). Abaixo, algumas características das toxinas:
a) Cry: Possuem três domínios estruturais com as seguintes funções: domínio I
formado por α-hélices é a porção da toxina responsável pela inserção na
membrana das células intestinais, que resulta na oligomerização, formação de
poros, e perda de balanço osmótico celular, que leva à lise celular (BOONSERM et
al., 2006). Os domínios II e III são formados, sobretudo, por alças e folhas β e são
responsáveis pela interação específica com os receptores nas células intestinais
(DE MAAG et al., 2003; PIGOTT; ELLAR, 2007).
b) Cyt: Possuem um único domínio constituído por α-hélices e folhas beta, e são
toxinas com ação citolítica, agindo diretamente na membrana da célula formando
poros, ou através de uma ação detergente (BUTKO, 2003; BRAVO; GIL; SOBERÓN,
2007; KONI; ELLAR, 1994). As toxinas de Bti atuam em sinergia, ou seja, as
toxinas individualmente possuem baixa atividade, mas quando todas estão
presentes, a atividade é elevada (CRICKMORE et al., 1995). A sinergia é
promovida pela toxina Cyt1Aa que tem capacidade de ligarem-se as toxinas Cry,
induzir a formação de oligômeros que por sua vez se ligam aos receptores de
epitélio com alta afinidade (CANTÓN et al., 2011; PÉREZ et al., 2005, 2007).
41
biolarvicidas contendo os cristais do Bti são usados. Estudos demonstram que essa
sinergia entre toxinas existentes no Bti pode acontecer também com toxinas de outra
espécie de bactéria como o Lsp (THIERRY et al.,1998; WIRTH et al., 2000b), como será
descrito no item 2.9.
2.8 Utilização de Lsp e Bti em campo
constataram a atividade desse larvicida à base de Lsp para Anopheles nuneztovari e Anopheles
darlingi. Outro estudo também reportou um controle do vetor da malária Anopheles simesis
em Hubei, uma provicia da China utilizando Lsp e Bti (XU et al., 1992; YUAM et al., 2000).
A utilização de Bti ocorreu logo após seu descobrimento, após o isolamento da
cepa H-14 em Israel em 1977, suas propriedades larvidas para dípteros foram
caracterizadas (DE BARJAC, 1978; GOLDBERG; MARGALIT, 1977). Larvicidas à base de
Bti apresenta atuação satisfatória em campo, levando à redução da densidade larval em
diferentes tipos de criadouros de simulídeos, culicídeos e chironomídeos (GOLDBERG;
MARGALIT, 1978; REGIS et al., 2001; LACEY, 2007). O marco histórico de sua utilização
foi o programa de controle da Oncocercose na década de 80, na África Ocidental
(GUILLET et al., 1990). Outro exemplo de sua eficiência em campo é o programa de
controle de Aedes vexans no vale do rio Reno na Alemanha, que utiliza Bti há mais de 30
anos (BECKER, 1997). No Brasil, esse biolarvicida também tem sido empregado desde
1982 no controle de simulídeos na Serra Gaúcha no Rio Grande do Sul (MARDINI et al.,
2000). Atualmente está sendo utilizado por alguns municípios da Região Metropolitana
do Recife no tratamento de criadouros de A. aegypti.
Existem vantagens e desvantagens na utilização desses larvicidas. Lsp possui
persistência de sua ação em áreas ricas em matéria orgânica, além do seu alto potencial
de reciclagem em ambientes poluídos, que é superior ao Bti (LACEY et al., 1988; LACEY,
2007). No Brasil o uso do Lsp é fortemente recomendado, entretanto, populações de C.
quinquefasciatus podem se tornar resistentes com seu uso continuado, além da ausência
de atividade tóxica significativa para A. aegypti (NIELSEN-LEROUX; CHARLES, 1992).
Já os biolarvicidas à base de Bti apresentam uma maior sensibilidade a radiação solar do
que Lsp e ambientes aquáticos com alta carga de matéria orgânica, o que dificulta a
persistência desse larvicida em alguns tipos de criadouros, característicos de regiões
tropicais como o Brasil (LACEY 2007). Entretanto, o sucesso na atividade tóxica de Bti é
garantido pela presença de diferentes toxinas que agem sinergicamente para a completa
expressão de sua toxicidade, através de ligações com múltiplos receptores, dificultando
assim, o processo de seleção de resistência nas populações de mosquitos expostas (ARAUJO
et al., 2013; FERREIRA; SILVA-FILHA, 2013; GEORGHIOU; WIRTH, 1997;
LIKITVIVATANAVONG et al., 2011; SOBERON et al., 2007). Embora essa bactéria seja
utilizada no controle de larvas, Stoops (2005) mostrou que Bti pode atuar também como
44
3 JUSTIFICATIVA
4 PERGUNTA CONDUTORA
5 HIPÓTESE
6 OBJETIVOS
6.1 Geral
6.2 Específicos
7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Uma sinopse das abordagens realizada para avaliação dos tratamentos com biolarvicidas
para A. aegypti e C. quinquefasciatus está exposta no esquema (Figura 3).
Fonte: A autora.
Fonte: A autora.
52
O impacto do produto larvicida composto pela mistura de cristais tóxicos de Lsp e Bti,
foi avaliado durante o período de três anos (maio 2010 a abril 2013). Para esta proposta,
Água Fria foi dividido em duas áreas: A1 com 583 casas (~2040 habitantes) e A2 com 463
casas (~1620 habitantes) (Figura 4 e 5). Essas áreas apresentam caracteristicas similares,
como baixa renda, saneamento precário, grande número de criadouros, habitacões
desordenadas, além de semelhantes características mosquitogênicas, como descrito no item
7.1.
Foram utilizados quatro biolarvicidas apresentados sob forma de grânulos, produzidos
pela Sumitomo Chemicals (Valent BioSciences). As características desses produtos estão
descritos no quadro 3.
Figura 5- Áreas de estudo no bairro de Água Fria, (Recife), onde os criadouros da A1 foram tratados com
Vectobac® G (Bti) e na A2 com o conjugado Vectolex® G (Lsp) na VectoMax® CG (Lsp+Bti) na área 2.
Fonte: A autora.
Nota: Em cada área foram feitas coletas de adultos por aspiração (15 casas), coletas de ovos por ovitrampas (30
casas) e coletas de jangadas/larvas/pupas por “conchadas” (5 - 10 fossas).
7.2.1 Operacionalidade
53
Quadro 3 - Produtos à base de Lysinibacillus sphaericus e Bacillus thuringiensis ser. israelensis, apresentado
sob a forma de grânulos utilizados para controle de Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus, em duas áreas de
estudo, no bairro de Água Fria, Recife-PE.
Fonte: A autora.
Nota: UTI- Unidade tóxica internacional.
A coleta de adultos foi realizada em 15 imóveis em cada área de estudo (A1 e A2)
durante os períodos de pré-intervenção e intervenção. As coletas aconteceram mensalmente,
no intradomicilio dos imóveis através de aspiradores manuais (Modelo Horst Ltda-Me, São
Paulo, BR) (Figura 6). Cada imóvel foi amostrado por três dias consecutivos, durante 15
minutos/dia. Os mosquitos coletados foram levados ao laboratório para contagem, sexagem e
identificação das espécies.
Figura 6- Aspirador Manual (Modelo = Horst Ltda-Me, São Paulo, BR) utilizado para coleta de mosquitos.
A coleta das formas imaturas dos mosquitos foi realizada em fossas com o objetivo de
estimar a DLP antes e durante o período de intervenção, além de investigar a presença de A.
aegypti nesse tipo de criadouro. Em cada fossa, cinco amostras (250 ml) na lâmina d’água,
utilizando o método de dipping (Figura 7) ou conchada sendo realizada quatro delas em cada
ângulo do criadouro, além de uma no centro. Dez fossas por área foram monitoradas durante a
pré-intervenção e primeiro ano de intervenção. No segundo ano de intervenção, esse número
foi reduzido para cinco por área, devido a iniciativas de reparos em fossas, canais e valetas na
cidade, através do plano ambiental das construções, realizado pela Prefeitura do Recife (PAC,
2011). Essas amostras foram levadas para laboratório para identificação, contagem e registro
de cada fase pré-imaginal (ovo, larva e pupa).
56
Neste estudo, a densidade de ovos de A. aegypti nas áreas foi estimada a partir da coleta
utilizando armadilhas de oviposição, ou ovitrampas (modificada por Regis et al. (2008). Esta
armadilha é constituída por um recipiente preto, com capacidade de 1l, contendo duas
palhetas de eucatex (5x15 cm), que serviram como suportes de oviposição, 200 ml de infusão
de gramínea (30%) como atraente de oviposição e 2 g de Bti (Vectobac WG) para evitar o
desenvolvimento de larvas que pudessem eclodir. Em cada área, 30 imóveis receberam uma
ovitrampa no peridomicílio. A manutenção das armadilhas aconteceu a cada 30 dias, quando
foi realizada a coleta das palhetas e sua respectiva substituição, assim como a reposição do
atraente e do biolarvicida Bti. As palhetas contendo os ovos coletados em cada mês foram
levadas ao laboratório para contagem.
Uma sinopse dos instrumentos utilizados para amostragem da população de A. aegypti
e C. quinquefasciatus encontram-se descritos no quadro 4.
57
Quadro 4 - Sinopse dos índices entomológicos de Culex quinquefasciatus e Aedes aegypti, utilizados para a
execução do projeto no bairro de Água Fria, Recife-PE.
Objetivo Espécie Instrumentos Amostragem Periodicidade
Densidade de A. aegypti e Aspirador 15 imóveis Mensal
Adultos C. quinquefasciatus (Aspiração 15mim/três
dias/casa)
Densidade de A. aegypti Ovitrampa 30 imóveis Mensal
ovos (1 ovitrampa/casa)
Densidade de A. aegypti e Concha 10 fossas- Mensal
formas pré- C. quinquefasciatus (conchada) Ano 1
imaginais 5 fossas- Ano
2e3
Fonte: a autora.
Para realização dos bioensaios de dose-resposta, jangadas contendo ovos desta espécie
foram coletadas através da armadilha de oviposição BR-OVT (BARBOSA et al., 2007)
(Figura 8). Estes ovos foram destinados especificamente para os estudos de suscetibilidade
das populações de C. quinquefasciatus a Lsp, e da frequência dos alelos de resistência a esse
larvicida descrito no item 7.4.2 e 7.4.3. A cada semestre, as armadilhas BR-OVT foram
instaladas no peridomicílio de 15 residências de cada área, e mantidas em campo por dois
meses, por área, totalizando seis momentos de coleta durante três anos de estudo. As jangadas
foram recolhidas das armadilhas duas vezes por semana e a cada 30 dias foi realizada a
manutenção, que consisti na troca de água e tratamento com Bti. Os ovos foram levados para
o insetário, e postos para eclodir conjuntamente. Em seguida os grupos de larvas do 1º instar
foram distribuídas em outros recipientes e mantidas, a fim de obter amostras representativas
das coletas realizadas nas 15 residências de cada área. Larvas do final do 3º estádio (L3) e/ou
início do 4º estádio (L4) foram utilizadas nos bioensaios e foram armazenadas a -80ºC para
extração de DNA.
58
7.4.2 Bioensaios
8 RESULTADOS
8.1 Operacionalidade
Em cada ciclo, o número de criadouros tratados nas áreas de avaliação foi entre 500 e
700. Esses dados foram disponibilizados pela Secretaria de Saúde da cidade do Recife. A
quantidade de produtos utilizados por ciclo de tratamento e a extensão dos criadouros tratados
em m2 podem ser visualizados na figura 9. Os tipos de criadouros tratados e as respectivas
quantidade de produto utilizado estão expostos na tabela 1.
Figura 9 - Consumo de biolarvicidas e superfície tratada no bairro de Água Fria nas áreas 1 (VectoBac®- Bti e
VectoLex® G ) e 2 (VectoMax® WSP ) durante os primeiros 12 Ciclos de avaliação.
Fonte: a autora.
62
Tabela 1- Criadouros de Aedes aegypti e de Culex quinquefasciatus descritos nas A1 e A2 de Água Fria, Recife, Brazil, no período de maio 2010 a abril 2012 e média de
larvicidas VectoLex® G, Vectobac® G, Vectobac® WDG ou VectoMax® CG utilizados por ciclo de tratamento nas áreas de estudo.
Nota:
CM - Criadouros monitorados.
CT Criadouros tratados.
a
Vectolex® - Lsp aplicado em criadouros de C. quinquefasciatus.
b
Vectobac® G- Bti aplicado em criadouros de A. aegypti.
c
Vectobac® WDG- Bti aplicado em reservatórios de água para consume humano.
d
VectoMax®CG - Lsp e Bti aplicado em criadouros de A. aegypti e C. quinquefasciatus.
63
8.2.1 Adultos
Figura 10 - Análise de Variância (ANOVA) do número de Culex quinquefasciatus adultos coletados durante o
pré-intervenção e intervenção (ano 1, 2 e 3) no Bairro de Água Fria, Recife-PE.
Fonte: A autora.
Nota : A) Área 1 (VectoBac® e VectoLex® G ; B) Área 2 (VectoMax® CG). Colunas seguidas do símbolo (**)
não diferem estatisticamente entre si, avaliado a partir do teste de Tukey a posteriori. PI- Pré-intervenção.
65
Figura 11- Densidade de Culex quinquefasciatus e precipitação naA1 e A2 A2. Criadouros foram tratados com VectoLex® G (Lsp) e VectoMax® CG (Lsp+Bti)
respectivamente.
(continua)
Legenda: A) Adultos.
66
Figura 11- Densidade de Culex quinquefasciatus e precipitação nas áreas 1 (A1) e 2 (A2). Criadouros foram tratados com VectoLex® G (Lsp) e VectoMax® CG (Lsp+Bti) nas
áreas 1 e 2 respectivamente.
(continuação)
Figura 11- Densidade de Culex quinquefasciatus e precipitação naA1 e A2 A2. Criadouros foram tratados com VectoLex® G (Lsp) e VectoMax® CG (Lsp+Bti)
respectivamente.
Fonte: A autora.
Nota: Barras representam médias ± desvio padrão e linhas representam a soma da precipitação mensal durante o período de pré-intervenção e intervenção. Setas indicam
início de avaliação anual.
68
Tabela 2 - Número médio e desvio padrão de ovos ± DP de ovos (jangadas), larvas e pupas e adultos de C. quinquefasciatus nas áreas 1 e 2, realizados no bairro de Água
Fria, Recife-PE, detectadas no período pré intervenção e durante a intervenção (Ano 1, 2, 3).
Fonte: A autora.
69
avaliação, o maior índice de positividade para jangadas foi de 23,2% no ano 2- área 2,
chegando a não ser detectada a presença de ovos na área 1 no ano 3. Para larvas e pupas nas
áreas 1 e 2 os maiores percentuais foram também observados nos anos 2 (62,8%) e 3 (66,7%)
respectivamente.
Tabela 3- Percentual de coletas positivas para presença de Culex quinquefasciatus nas áreas (A1 e A2), no
bairro de Água Fria, Recife-PE, utilizando diferentes índices para coleta em períodos de pré-intervenção (PI) e
intervenção durante três anos (1, 2, 3).
8.3 Avaliação dos tratamentos com biolarvicidas sobre a densidade de Aedes aegypti
8.3.1 Adultos
Figura 12 - Densidade de Aedes aegypti adulto e precipitação mensal registrada nas areas A1 e A2 de estudo.
Fonte: A autora
Nota: Os sítios de oviposição de A. aegypti foram tratados com VectoBac WG® (Bti) e VectoMax® WSP (Lsp + Bti) em A1 e A2, respectivamente. As barras com marcadores
representam médias mensais ± SE; As linhas representam as somas mensais durante os períodos de pré-intervenção e intervenção e as setas indicam o início dos tratamentos anuais
72
8.3.2 Ovos
Figura 13- Densidade de ovos de Aedes aegypti durante os períodos de intervenção nas duas áreas de estudo, A1 e A2. . Os sítios de oviposição de A. aegypti foram tratados
com VectoBac WG® (Bti) e VectoMax® WSP (Lsp + Bti) em A1 e A2, respectivamente. As barras com marcadores representam médias mensais ± SE; As linhas
representam as somas mensais durante os períodos de pré-intervenção e intervenção e as setas indicam o início dos tratamentos anuais. A) número médio de ovos/mês e
precipitação; B) Análise de Variância quanto ao número de ovos.
(continua)
Figura 13-Densidade de ovos de Aedes aegypti durante os períodos de intervenção nas duas áreas de estudo, A1 e A2. . Os sítios de oviposição de A. aegypti foram tratados
com VectoBac WG® (Bti) e VectoMax® WSP (Lsp + Bti) em A1 e A2, respectivamente.. A) número médio de ovos/mês e precipitação; B) Análise de Variância quanto ao
número de ovos.
Fonte: A autora.
Nota: As barras com marcadores representam médias mensais ± SE; As linhas representam as somas mensais durante os períodos de pré-intervenção e intervenção e as setas
indicam o início dos tratamentos anuais. Colunas seguidas pelo (**) não diferem significativamente.Teste de Tukey a posteriori (P <0,005).
75
Pré-intervenção
(A1 e A2) 0,014 (0,010 - 0,018) 7 0,032 (0,026-0,043) 2,7
M1
A1 0,029 (0,026 - 0,033) 14,5 0,053 (0,048 - 0,061) 4,4
A2 0,005 (0,029 - 0,006) 2,5 0,070 (0,035 - 0,026) 5,8
M2
A1 0,024 (0,021 - 0,028) 12 0,050 (0,042 - 0,059) 4,2
A2 0,008 (0,006 - 0,012) 4 0,034 (0,024 - 0,053) 2,8
M3
A1 0,011 (0,009 - 0,021) 5,5 0,037 (0,031 - 0,059) 3,1
A2 0,007 (0,004 - 0,010) 3,5 0,113 (0,053 - 0,426) 9,4
M4
A1 0,009 (0,006 - 0,010) 4,5 0,092 (0,049 - 0,261) 7,7
A2 0,017 (0,013 - 0,025) 8,5 0,172 (0,094 - 0,448) 14,3
M5
A1 0,0004 (0,0002 - 0,0011) 0,2 0,006 (0,0009 - 0,0139) 0,5
A2 0,0012 (0,0007 - 0,0015) 0,6 0,024 (0,0081 - 0,026) 2
M6
A1 0,010 (0,001 - 0,028) 5,0 0,071 (0,026 - 0,104) 5,9
A2 0,010 (0,008 - 0,015) 5,0 0,048 (0,026 - 0,067) 4,0
Fonte: A autora.
Nota: As larvas utilizadas nos bioensaios foram da colônia de laboratório (CqSF) e da população de campo
exposta ao VectoLex® G (A1) e VectoMax® CG (A2). Foram analisadas larvas coletadas no período de pré-
intervenção (PI) e em seis momentos (M1-M6) durante os três anos de intervenção.
8.5 Detecção de alelos do gene cqm1 Culex quinquefasciatus que conferem resistência a
Lysinibacillus sphaericus
O método de PCR, descrito em Chalegre et al. (2009), é capaz de identificar alelos que
contêm deleções nesta região incluindo os alelos cqm1REC, cqm1REC-D16, cqm1REC-D25. A
identidade de cada um desses alelos foi feita através de sequenciamento, que revelou a
deleção específica presente no fragmento amplificado. O padrão de fragmentos amplificados a
partir do gene cqm1 para indivíduos homozigotos suscetíveis, heterozigotos e homozigotos
para os alelos de resistência acima descritos pode ser observado na Figura 14. Qualquer uma
das deleções que caracterizam os alelos de resistência resulta na amplificação de um
fragmento de tamanho menor (< 208 pb) do que aqueles amplificados a partir de alelos que
não possuem deleção. Inicialmente essa identificação é realizada por inspeção visual do perfil
de fragmentos amplificados de cada larva, seguida da confirmação por meio de uma nova
77
reação de PCR, sequenciamento subsequente do DNA purificado da banda alvo para obtenção
da identidade do fragmento.
Em nossa avaliação, um total de 2894 indivíduos foram sumetidos a PCR, analisados
em cinco momentos durante a intervenção. O momento 1 não foi analisado pois material
estava sem condições de ser processado. A avaliação permitiu detectar a presença e
determinar a frequência de alelos de resistência, em todos os momentos do estudo em ambas
as áreas. No período de pré-intervenção a frequência foi de 0,057, sendo detectadas apenas
heterozigotos para os alelos “r”. No período de intervenção a frequência variou entre 0,028
(A2 M3) a 0,13 (A2 M4) (Tabela 5). A comparação da frequência das duas áreas ao longo da
intervenção mostrou que a frequência da A1 foi superior a A2 em três das quatro avaliações
realizadas (M2= 0,086; M3=0,073 e M5=0,085) (Figura 15A). A avaliação global mostrou
que A1 obteve uma frequência superior do alelo “r” (0,088) comparada a área 2 (0,069).
Ambas as frequências globais encontradas durante a intervenção foram superiores ao período
de pré-intervenção (0,057) (Figura 15B). A análise dos genótipos mostra que a maior
frequência dos alelos “r” na área 1 deve-se principalmente aos alelos que são detectados em
heterozigose (Figura 16). A frequência global de homozigotos para alelos “r” não diferiu
entre as áreas ao longo da intervenção. A avaliação global dos genótipos mostra um cenário
com 84-88% dos individuos caracterizados como homozigotos suscetíveis, 10-14% como
heterozigotos e cerca de 2% homozigotos resistentes (Figura 16B).
O padrão de fragmentos amplificados correspondente aos alelos “r” confirmado através
da repetição da PCR e a identidade pode ser analisada em amostras de fragmentos purificados
e submetidos a sequenciamento. Dentre 385 indivíduos portadores de alelo “r” detectados
com a presença do alelo, 98 amostras foram sequenciadas e confirmaram a presença de uma
das deleções para o gene cqm1.O alelo cqm1REC, foi predominante, pois foi detectado em todas
as amostras dos momentos analisados, ele representa 90,8% dos alelos identificados. Dois
outros alelos descritos anteriormente foram detectados nas amostras e estes ocorrem em baixa
frequência, sendo de 6,1% para cqm1REC-D16, e ainda mais rara 2,0% para cqm1REC-D25. Dentre
as nove amostras analisadas, o cqm1REC-D16 e o cqm1REC-D25 foram detectados em apenas três e
duas amostras respectivamente.
78
Figura 14 - Separação eletroforética de fragmentos a partir de alelos do gene cqm1 de Culex quinquefasciatus do
bairro de Água-Fria, Recife-PE amplificados por PCR.
MM
M
300
S S S S HT S HT S S S S HT S S S .. R
200
100
Fonte : A autora.
Nota: S-Suscetível, HT-Heterozigoto e R-Resistente. MM- marcador molecular em pares de bases.
79
Figura 15- Frequência dos alelos de resistência cqm1REC-D19, cqm1REC-D16, cqm1REC-D25, em larvas do 4° instar de
Culex quinquefasciatus nas áreas 1 e 2 no bairro de Água Fria, Recife- PE, determinada através de reação de
PCR alelo-específica.
Fonte: A autora
Nota: A) Avaliação no período de pré-intervenção e intervenção (M2-M5); B) Avaliação Global.
80
Tabela 5- Frequência de alelos de resistência do gene cqm1 em larvas de Culex quinquefasciatus nas áreas 1 e 2 do bairro de àgua Fria, Recife-PE, coletados durante a pré-
intervenção e durante cinco momentos de tratamento (M1-M5).
No de
Tempo Área larvas SS SR RR Fc alelos r N cqm1REC-D19 cqm1REC-D16 cqm1REC-D25
SR RR SR RR SR RR
Pré-intervenção 1 e 2 515 458 55 2 0,057 2 2 0 0 0 0 0
M2 1 20 19 0 1 0
237 198 38 1 0,086 0 0
2 222 211 7 4 0,033 5 2 3 0 0 0 0
1 9 8 1 0 0 0 0
M3 265 228 35 2 0,073
2 262 248 13 1 0,028 2 2 0 0 0 0 0
1 15 12 2 0 0 1 0
M4 299 245 43 11 0,100
2 341 257 75 9 0,130 22 17 2 3 0 0 0
1 16 13 2 1 0 0 0
M5 415 355 49 11 0,085
2 338 309 20 9 0,056 7 4 0 1 2 0 0
2 0
Total 2894 2509 335 50 0,064 98 79 10 4 2
Fonte: A autora
Nota:
a
Detecção de alelos cqm1de acordo com padrão de fragmentos gênicos obtidos por PCR específica; bIdentidade de fragmentos gênicos obtida por sequenciamento
c
Frequência de fragmentos de alelos r, d Material não avaliado.
81
Figura 16: Percentuais de genótipos (%) para o gene cqm1 em larvas do 4° instar de Culex quinquefasciatus nas
áreas 1 e 2 no bairro de Água Fria, Recife- PE, determinada através de reação de PCR alelo-específica. A)
Avaliação no período de pré-intervenção e intervenção (M2-M5); B) Avaliação global.
Fonte: A autora.
Tabela 6 - Número de larvas e pupas de Aedes aegypti coletadas em criadouros preferencialmente colonizados
por Culex quinquefasciatus em Água Fria, Recife-PE.
Coleta Área Larva Pupa Total
A1 0 01 01
Jun/2012
A2 0 0 0
A1 08 85 93
Set /2012
A2 03 10 13
A1 0 03 03
Out/2012
A2 0 22 22
A1 0 0 0
Nov/2012
A2 0 07 07
9 DISCUSSÃO
todos os criadouros são fundamentais para atingir um alto nível de redução populacional, pois
esta espécie apresenta um comportamento de oviposição que concentra muitos ovos em
criadouros preferenciais identificados pelas fêmeas (CONSOLI, 1994). Mulla et al. (2001)
utilizaram Lsp para controle de C. quinquefasciatus em criadouros de áreas urbanas na
Tailândia, onde observaram redução de 80-98% na densidade dos mosquitos adultos. Ações de
controle de vetores da malária no Kenia e Tanzânia utilizando Lsp e Bti, em rotatividade,
também obtiveram sucesso na redução populacional de adultos de Anopheles funestus,
Anopleles gambiae e, Anopheles coustani, (FILLINGER; LINDSAY, 2006; TCHICAYA et
al., 2010). Desta forma, o mapeamento preciso seguido de tratamento sistemático de
criadouros com altas densidades nas áreas-alvo pode gerar excelentes resultados para o
controle desta espécie.
Os dados de monitoramento de fossas em cada área nos períodos de PI e de intervenção
não demostraram uma redução na densidade de jangadas, larvas e pupas. Entretanto, durante o
PI a densidade observada era relativamente baixa, pois as áreas já vinham sendo tratadas
quando a intervenção como o VectoMax foi iniciada na A2. Silva-Filha et al. (2001),
trabalhando durante 26 meses de tratamento de criadouros de C. quinquefascaiatus, ex. fossas,
caixas de inspeção, poças de água servida e tanques com Lsp no bairro do Coque-Recife,
encontraram DLPs de 20,6 ± 3,4 e 4,5 ± 14,4 na pós- intervenção, com valores semelhantes aos
encontrados em nossas avaliações. Além disso, no nosso estudo o número de fossas
monitoradas (5-10/área) pode ser considerado reduzido, devido às ações de controle ambiental
realizadas pela Prefeitura do Recife. Algumas fossas foram reparadas e vedadas, não podendo
assim, continuar sendo amostradas em nossa pesquisa. Diferentemente da coleta de imaturos, a
amostragem de adultos foi feita em quinze casas por área, sendo mantido este número durante
toda a avaliação. O índice de positividade da coleta dos adultos nas residências também reforça
a sensibilidade desse indicador entomológico, pois a detecção da presença de C.
quinquefasciatus através de larvas e pupas nos criadouros monitorados variou de 20 a 66.6%,
enquanto a positividade de adultos nas residências foi entre 84 a 100%. Muitas vezes, registra-se
a ausência de larvas em criadouros de uma residência, entretando no mesmo imóvel ou na sua
circunvizinhança podem existir outros criadouros ativos. Isto reforça a vantagem da coleta de
adultos ou do uso de armadilhas de oviposição, que são eficientes indicadores da presença de
fêmeas reprodutivamente ativas no monitoramento da infestação por mosquitos em áreas urbanas
(BARBOSA et al., 2007; REGIS et al., 2013; SANTOS et al., 2012).
85
Nosso estudo demonstrou que a amostragem dos mosquitos adultos foi mais robusta para
avaliar o impacto da intervenção sobre a população de mosquitos, sendo considerado como um
indicador relevante para programas de vigilância de C. quinquefasciatus.
Um dos objetivos do nosso trabalho foi investigar a presença de larvas de A. aegypti em
fossas, criadouros preferencialmente colonizados por C. quinquefasciatus. O número de pupas
coletado foi superior ao de larvas, possivelmente devido ao método de coleta (conchada), pois
embora A. aegypti tenha grande deslocamento na coluna da água, diferente de larvas de C.
quinquefascaitus, as pupas de A. aegypti nestes criadouros passam mais tempo na superfície.
Assim como outros autores, constatamos que o mosquito A. aegypti pode colonizar
concomitantemente com C. quinquefasciatus criadouros com elevada carga de matéria
orgânica (BARRERA et al., 2008; SANTOS; BARBOSA, 2014). No bairro de Água Fria, a
oviposição de A. aegypti nestes foi observada em diferentes momentos de coleta, em seis das
dez fossas monitoradas. Nosso estudo demonstrou que A. aegypti pode depositar seus ovos
em fossas, que as larvas eclodem e conseguem completar o ciclo de desenvolvimento em um
ambiente aquático com elevado teor de matéria orgânica. Essa investigação foi realizada para
conhecer a abrangência de criadouros utilizados pelo mosquito A. aegypti. Os resultados
podem servir de subsídio para direcionar as ações de controle vetorial de A. aegypti, uma vez
que o PNCD não contempla o tratamento de criadouros considerados habitats típicos de C.
quinquefasciatus. A coabitação das duas espécies em fossas reforça a importância de um
tratamento com Lsp-Bti em conjunto, pois amplia a cobertura larvicida contra C.
quinquefasciatus e A. aegypti.
Em relação ao impacto do tratamento com os biolarvicidas sobre a densidade de A.
aegypti, observou-se que a coleta de adultos através da aspiração resultou em um número
reduzido de indivíduos. Por outro lado, a coleta de ovos através das ovitrampas revelou a
presença de fêmeas reprodutivamente ativas dessa espécie nas residências, e um grande
número de ovos foi removido do ambiente. A coleta de adultos de A. aegypti é considerada
um desafio, pois, tanto através de aspirações quanto de armadilhas, o índice de coleta é
geralmente baixo, variando de 1-2 adultos/coleta, enquanto o número de ovos coletados por
ovitrampas em 30 dias pode ultrapassar 300 ovos/coleta. Foi observada uma redução
significativa no número de ovos nos anos 2 e 3, em relação ao ano 1. Entretanto, não podemos
atribuir essa redução ao uso dos biolarvicidas pelo fato de não haver dados relativos ao
período de PI para comparações. Os resultados fornecidos pelos índices entomológicos
utilizados nesse estudo para A. aegypti reforçam os achados de estudos prévios quanto à alta
sensibilidade da ovitrampa, como ferramenta de monitoramento, em relação aos instrumentos
86
para coleta de adultos (RÍOS-VELASQUEZ et al., 2007; REGIS et al., 2008, 2013, 2014;
SANTOS et al., 2003; SUTER et al., 2016).
Como descrito, o comportamento de oviposição de fêmeas de C. quinquefasciatus e de
A. aegypti é distinto. Culex quinquefasciatus concentra sua postura em grupos de 150-300
ovos sob a forma de jangadas ovos (jangadas), e seus ovos liberam feromônios de agregação,
que acabam exercendo também um papel de atração para oviposição de outras fêmeas da
espécie (GANESAN et al., 2006). Por outro lado, fêmeas de A. aegypti possuem um
comportamento definido como “oviposição em saltos” (skip oviposition), em que ovos de uma
mesma postura serão depositados em inúmeros substratos úmidos disponíveis no ambiente
gerando a estratégia de um padrão de dispersão. Desta forma, pode-se considerar que,
operacionalmente, o controle vetorial baseado majoritariamente no uso de larvicidas é mais
eficiente para o controle da densidade de C. quinquefasciatus. A possibilidade de identificar e
localizar criadouros, onde estão concentrados elevados contingentes de imaturos no ambiente,
permite alta cobertura e alcance de tratamento. Enquanto para A. aegypti é preciso identificar
e tratar um número significativo de criadouros para alcançar um real controle de sua
densidade populacional. Porém, muitos de seus criadouros não são facilmente localizados o
que constitui um grande desafio, pois muitos deles inclusive microcriadouros, não são
detectados pelos agentes de saúde ambiental, e podem ser responsáveis pela recolonização e
manutenção do vetor na área. Desta forma, a utilização de diferentes estratégias de controle é
a opção mais viável para controle de A. aegypti. Na literatura, alguns estudos já alertaram para
a ineficiência de ações de controle de Aedes que utilizam apenas larvicidas como única
estratégia para seu controle populacional, enfatizando assim, a importância de ações de controle
integradas, que incluem o uso de armadilhas de oviposição, mobilização popular, divulgação
das medidas de controle, dentre outros métodos (BARRERA et al., 2014; REGIS et al., 2013).
Considerando os resultados obtidos neste estudo, a utilização do produto VectoMax®
para controle de vetores na A2 foi considerada vajantajosa. Esse larvicida biológico é
constituído pela combinação de protoxinas de cristais de Lsp e Bti que agem em sítios-alvos
distintos. As toxinas de Bti interagem em sinergia com a toxina Bin de Lsp e potencializa a
sua atividade contra as larvas ampliando seu espectro de ação. A utilização conjunta de
cristais de Lsp e Bti restaura a toxicidade contra linhagens de C. quinquefasciatus resistentes a
Lsp e é ativa para larvas de A. aegypti, que é uma espécie naturalmente refratária a Lsp por
não possuir receptores para a toxina Bin (FERREIRA et al., 2010; THIERRY et al., 1998;
WIRTH et al., 2000a; WIRTH et al., 2000b;). Assim, a mistura de cristais de Lsp + Bti pode
reduzir o potencial de seleção de resistência a Lsp (CETIN et al., 2007; ZAHIRI et al., 2002).
87
impedem a ligação da proteína Bin com o receptor (CHALEGRE et al., 2012, 2015;
DARBOUX et al., 2002, 2007; GUO et al., 2013; ROMÃO et al., 2006), causando
refratoriedade total. Portanto, o monitoramento da frequência desses alelos torna-se uma
estratégia importante para o monitoramento da resistência. Durante a pré-intervenção, a
frequência encontrada para esse alelos 0,057, foi semelhante ao encontrado por Chalegre et al.
(2009) no mesmo bairro (0,053-0,055). A frequência alélica demonstrou uma variação entre
as A1 e A2, sendo a A1 superior na maior parte dos momentos de avaliação (ao se avaliar
globalmente, a frequência da A2 foi inferior a A1 .
Em relação à análise de genótipos observados, especificamente em relação aos
indivíduos homozigotos resistentes, observou-se que o número foi semelhante entre as áreas.
Este resultado não foi esperado, pois o produto conjugado aplicado na A2 possui cristais de
Lsp e de Bti, estes últimos poderiam eliminar um maior número de indivíduos homozigotos
para os alelos “r”. Pois estes resistêntes ao Lsp e suscetiveis ao Bti. Todavia, os dados
demonstram que, assim como os dados de suscetibilidade (discutidos acima), a pressão de
seleção não parece ter sido intensa durante o estudo, pois as frequências não se elevaram de
forma significativa ao longo do tratamento, sobretudo na A1. Em estudos prévios em
populações não tratadas com Lsp as frequência encontradas, são entre 0,003 e 0,006
(CHALEGRE et al., 2009), portanto são bem mais baixas que as frequencias encontradas em
nosso estudo em Água Fria (10-2). Os dados revelam que Água Fria apresenta uma linha de
base (“default”) da frequência destes alelos maior do que áreas nunca tratadas com Lsp, o que
é condizente com o histórico de tratamento da área com Lsp desde 2003 (SILVA-FILHA et
al., 2008). Por outro lado, durante o presente estudo que correponde a três anos de
acompanhamento, não foi observado um aumento relevante e contínuo das frequências dos
alelos em nenhuma das áreas, sugerindo que não estaria havendo forte pressão de seleção
imposta pelo emprego dos biolarvicidas a base de Lsp na área do estudo. Ainda assim, os
resultados de menor frequência dos alelos “r” na A2, na análise global e na maioria dos
momentos analisados, sugerem que o produto conjugado desfavorece a seleção de tais alelos
através da ação combinada seus cristais inseticidas. Estudos prévios revelaram que o gene
cqm1 possui diversos alelos de resistência identificados em populações de diferentes países
(DARBOUX et al., 2002, 2007; GUO et al., 2013; ROMÃO et al., 2006), o que reintera a
importância do monitoramento do uso de Lsp como larvicida para controle de mosquitos.
Em relação à diversidade, o atual estudo do bairro de Água Fria mostrou a presença de
três alelos, cqm1REC-D19, cqm1REC-D16 e cqm1REC-D25, sendo o último identificado pela primeira
vez em nossas amostras de Água Fria em estudo publicado por Chalegre et al. (2012). Nossos
90
dados demonstraram que o alelo mais frequente, baseado nos resultados das amostras
sequenciadas, foi o cqm1REC. Estes resultados, juntamente com dados prévios (CHALEGRE
et al., 2009, 2012; MENEZES et al., 2016) indicam que os alelos cqm1REC-D16 e cqm1REC-D25,
assim como o alelo cqm1REC-2,que não foi avaliado neste estudo, têm uma frequência e
distribuição muito menor do que o cqm1REC (MENEZES et al., 2016). Os alelos cqm1REC-D16 e
cqm1REC-D25 foram encontrados apenas de maneira pontual na população avaliada em ambas
as áreas de estudo. Assim, os resultados deste estudo demostram que monitoramento do alelo
cqm1REC é o mais importante e pode ser usado como marcador da pressão de seleção de
resistência a Lsp. Esta ferramenta pode ter um poder de resolução muito superior aos
bioensaios, sobretudo para alelos com modo de herança recessivo, e vários trabalhos têm
reforçado a importância da caracterização destes alelos, pois assim é possível aplicar métodos
diretos para seu monitoramento dos alelos “r” em populações de insetos tratados (XU et al.,
2009; ZHANG et al., 2012).
Os resultados produzidos por este estudo mostram que a utilização do larvicida conjugado
à base de Lsp e Bti em criadouros urbanos apresenta vantagens, pois foi possível reduzir o
tamanho populacional de C. quinquefasciatus. Além disso, a presença de um complexo de
cristais tóxicos pode ter atuado na prevenção da seleção de alelos de resistência do gene cqm1
em populações de C. quinquefasciatus.
Nossas avaliações quanto a operacionalidade da aplicação do produto nós observamos
que foi utilizado 5 vezes menos larvicida que a área 1, gerando um ganho operacional no
transporte e aplicação do produto nos criadouros pelos agentes de saúde ambiental. Quando ao
impacto na população de mosquitos, verificamos que enquanto existiu uma colaboração entre
nosso laboratório de pesquisa e a secretaroia de saúde do município foi possível constatar uma
real impacto na densidade de C. quinquefasciatus, durante os primeiros 12 ciclos de
acompanhamento. Após esse período não mais detectamos esse efeito na área tratada como o
Vectomax. Dessa forma, ressaltamos que o acompanhamento da atividade larvicida em campo
através da densidade de larvas, pupas e adultos, suscetibilidade larval e frequência alélica de
genes de resistência. Dessa forma é possível realizar o aperfeiçoamento dos programas de
controle de mosquitos, e consequentemente, a redução de transmissão de patógenos nas áreas
alvo de tais intervenções.
O controle populacional de A. aegypti continua sendo um grande desafio, pois suas
características eco-biológicas limitam estratégias de controle que se baseiem apenas em um
único tipo de intervenção, como a aplicação de larvicidas. Assim, reforçamos a importância de
91
10 CONCLUSÕES
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Bin toxin from Bacillus sphaericus acts on Culex quinquefasciatus larvae by binding to Cqm1 midgut-bound receptors, and dis-
ruption of the cqm1 gene is the major cause of resistance. The goal of this work was to screen for a laboratory-selected resistance
cqm1REC allele in field populations in the city of Recife, Brazil, and to describe other resistance-associated polymorphisms in the
cqm1 gene. The cqm1REC allele was detected in the four nontreated populations surveyed at frequencies from 0.001 to 0.017, and
sequence analysis from these samples revealed a novel resistant allele (cqm1REC-D16) displaying a 16-nucletotide (nt) deletion
which is distinct from the 19-nt deletion associated with cqm1REC. Yet a third resistant allele (cqm1REC-D25), displaying a 25-nt
deletion, was identified in samples from a treated area exposed to B. sphaericus. A comparison of the three deletion events re-
vealed that all are located within the same 208-nt region amplified during the screening procedure. They also introduce equiva-
lent frameshifts in the sequence and generate the same premature stop codon, leading to putative transcripts encoding truncated
proteins which are unable to locate to the midgut epithelium. The populations analyzed in this study contained a variety of al-
leles with mutations disrupting the function of the corresponding Bin toxin receptor. Their locations reveal a hot spot that can
be exploited to assess the resistance risk through DNA screening.
September 2012 Volume 78 Number 17 Applied and Environmental Microbiology p. 6321– 6326 aem.asm.org 6321
Chalegre et al.
important tool for controlling C. quinquefasciatus, which is the TABLE 1 Toxicity of B. sphaericus strain 2362 against larvaea
exclusive vector of the nematode Wuchereria bancrofti in Brazil LC50 LC90
(32). In view of the strategic role of this biolarvicide in RMA and
No. of Mean (95% fiducial Mean (95% fiducial
the advantage provided by the knowledge available on the molec-
Sample larvae limits) RR limits) RR
ular basis of resistance, the goal of this work was to provide data on
the frequency of the cqm1REC allele through DNA screening, as CqSF 360 0.004 (0.003–0.005) 1.0 0.029 (0.019–0.049) 1.0
IPO 1,480 0.013 (0.010–0.017) 3.3 0.029 (0.022–0.044) 1.0
well as to describe novel polymorphisms of the cqm1 gene which
JAB 1,480 0.017 (0.013–0.020) 4.3 0.026 (0.023–0.049) 0.9
can disrupt the expression of the Cqm1 protein as a target site for
AGU 1,140 0.024 (0.021–0.028) 6.0 0.050 (0.042–0.059) 1.7
Bin toxin. The search for new resistance-mediating events is a key a
Larvae were fourth-instar Culex quinquefasciatus from a susceptible laboratory colony
step for the development and continuous improvement of molec- (CqSF), two nontreated populations (IPO, JAB), and one treated population exposed to
ular methods for resistance monitoring, since most alleles identi- B. sphaericus (AGU). Shown are lethal concentrations (mg/liter) for 50% (LC50) or 90%
fied are recessively inherited and cannot be directly tracked (LC90) of larvae after 48 h. RR, resistance ratio; LC for the population tested/LC for the
through bioassays. CqSF reference colony.
the control groups showed 2.9 and 1.7% mortality for IPO and (nt 1306 to 1321), located 12 nucleotides downstream of the
JAB, respectively, after the standard period of 48 h of exposure. cqm1REC deletion (nt 1276 to 1294), and this allele was denomi-
ROD and AZE larva susceptibilities were not analyzed since these nated cqm1REC-D16 (Fig. 2). Visual inspection of diagnostic frag-
samples were collected in 1999 and stored at ⫺70°C without fur- ments provided by AS-PCR does not allow a reliable distinction
ther evaluation. between products amplified from cqm1REC or cqm1REC-D16 alleles
The AS-PCR performed in this study is based on the fact that (Fig. 1). The cqm1REC-D16 allele was detected in both JAB and AZE
according to the size of the DNA fragment amplified, using two samples. In JAB, its frequency of 0.003 was based on the finding of
primers flanking the 19-nt deletion which characterizes the one heterozygote and one homozygote larva sample for this allele
cqm1REC allele, it is possible to identify fragments derived from detected among 510 individuals analyzed, whereas in AZE, its fre-
either cqm1 or the cqm1REC resistant allele, corresponding to 208 quency was 0.006, carried by only one heterozygous larva sample
or 189 bp, respectively (4). Here we define cqm1 as all alleles other found among 240 larva samples (Table 2). The frequency of each
than cqm1REC, taking into account that it is not possible to exclude cqm1REC or cqm1REC-D16 allele in 1,481 larva samples from all non-
the existence of unknown resistance mutations which are located treated populations was 0.004 or 0.002, respectively, while the
outside the region under evaluation or do not alter the size of the frequency of both was 0.006.
amplified fragment. All populations analyzed here, which had no The DNA segment where the two deletions described above
history of B. sphaericus spraying, nonetheless showed the presence were found may be a hot spot for these kinds of mutations since a
of the cqm1REC allele. Frequencies of 0.003, 0.001, and 0.002 were third deletion was detected in individuals from AGU, a treated
detected in IPO, JAB, and AZE, respectively, whereas ROD area exposed to B. sphaericus. Resistance ratios for AGU larvae
showed a higher frequency of 0.017 (Table 2). In these popula- were 6- and 1.7-fold at LC50 and LC90, respectively. The AS-PCR
tions, the cqm1REC allele was always found in heterozygous indi- screening based on a sample of 269 larvae showed a frequency of
viduals, whereas most individuals were homozygous for the cqm1 0.033 for cqm1REC, and this allele was carried by heterozygous and
allele (Fig. 1; Table 2). homozygous larvae. The sequence analysis of the set of smaller-
Screening for the cqm1REC allele involved sequencing of all am- sized diagnostic fragments amplified from this AGU sample
plified diagnostic fragments (⬍208 bp) potentially corresponding showed, besides the fragments containing the 19-nt deletion, one
to this allele in order to confirm their identity. The analysis of the heterozygous individual for an allele containing a 25-nt deletion
resulting sequences revealed not only the targeted cqm1REC 19-nt encompassing the 19-nt deletion for the cqm1REC allele, plus the
deletion but also a second deletion located in the same region six subsequent bases (Fig. 2). The allele presenting this new dele-
encompassed by the amplified fragment. The new polymorphism tion, comprising nucleotides 1276 to 1300, was denominated
found in these nontreated populations consists of a 16-nt deletion cqm1REC-D25, and visual inspection of the corresponding fragment
generated by AS-PCR also does not allow a reliable distinction
compared to alleles containing the cqm1REC or cqm1REC-D16 dele-
tion (Fig. 1).
The DNA extracted from larvae carrying the cqm1REC-D16
allele was used for cloning and sequencing of the entire cqm1
coding sequence in order to confirm its identity and analyze the
whole sequence. For this purpose, 45 clones from 5 larva sam-
ples were analyzed, and among them, 21 were positive for the
cqm1REC-D16 allele. The final sequence from the individuals car-
rying such a copy contained the two known introns of 50 and
55 bp, with an open reading frame of 1,727 bp in length. A total
FIG 1 Fragments amplified from alleles of the Culex quinquefasciatus cqm1 of 43 other single nucleotide differences were found through-
gene. PCR produces profiles of homozygous for cqm1 (lane 1), heterozygous out the sequence. Among them, 7 led to amino acid substitu-
for cqm1REC (lane 2), homozygous for cqm1REC (lane 3), heterozygous for tions in the deduced protein (see Table S2 in the supplemental
cqm1REC-D16 (lane 4), homozygous for cqm1REC-D16 (lane 5), and homozygous
for cqm1REC-D25 (lane 6). No fragments were amplified from samples with material); however, none of these is known to be associated
Aedes aegypti DNA (lane 7) or without DNA (lane 8). Molecular size markers with the capacity of Cqm1 to bind Bin toxin. The full-length
(molecular weight [MW]) in base pairs are shown on the left. sequence of the cqm1REC-D25 allele could not be amplified from
FIG 2 Representation of the cqm1 gene encoding the Cqm1 receptor in Culex quinquefasciatus larvae (GenBank accession number DQ333335). (A) Full-length
sequence of 1,848 nucleotides (nt) containing two introns of 50 nt (nt 1169 to 1218) and 55 nt (nt 1655 to 1709). (B) Nucleotide sequence from the region (nt
1221 to 1490) encompassing the polymorphisms found in alleles from Recife populations are indicated as follows: deletion of 19 nt corresponding to the cqm1REC
allele is underlined; the six extra bases corresponding to the cqm1REC-D25 are boxed; and the 16-nt deletion from the cqm1REC-D16 allele, located 11 bases beyond
the 19-nt deletion, is in italics and shaded in gray. Deletions start with a CGA trinucleotide motif in bold. The premature translation stop codon originating from
the deletions described here is boxed in bold. For the allele-specific PCR, primers 1 and 2 were used for the 5= and 3= ends, respectively. These deletions were
identified based on the sequencing of one strand of multiple DNA clones, which yielded identical results.
the same larva genomic DNA which originally generated the cife Metropolitan Area (RMA). Susceptibility to B. sphaericus in
PCR fragment of 183 nt containing the 25-nt deletion. Despite two nontreated populations of IPO and JAB showed that RR val-
extensive trials using the primers available for amplifying the ues at the LC90 were similar to that of the reference colony, and the
full-length sequence, and even additional primers designed for slight variations in RRs found at the LC50 are comparable to pre-
this purpose (see Table S1 in the supplemental material), only vious RRs reported for other nontreated mosquito populations,
the wild-type cqm1 sequences without any deletions were which have demonstrated the existence of natural variations in
found after analyzing the sequences of over 100 clones. Never- their B. sphaericus susceptibilities (4, 20, 34, 36, 37). The status of
theless, PCR assays using yet another set of primers (see Table two other nontreated populations of ROD and AZE could not be
S1, primers F4 and R4) resulted in the amplification of an analyzed; nevertheless, they were expected to be susceptible since
889-nt fragment whose sequence contained the 25-nt deletion. B. sphaericus had not been used in these areas and they were also
This sequence corresponded to about 50% of the full-length geographically isolated from the only two exposed areas in RMA at
gene (positions 506 to 1419) and included the first intron; how- the time the samples were collected (28, 31). The cqm1REC allele
ever, contrary to the sequence established for the cqm1REC-D16 was found in all nontreated populations analyzed, despite being
allele, single nucleotide polymorphisms compared to the pre- originally identified in a laboratory-selected colony (4, 29), high-
viously described cqm1 sequence (GenBank accession number lighting the strategic importance of monitoring for this allele in
DQ333335) were not found. Despite the high conservation of RMA. This result contrasts with those observed for laboratory-
this 889-bp fragment, the failure to amplify a full-length copy selected cadherin alleles associated with Cry1Ac resistance and
of the cqm1REC-D25 allele suggests the existence of polymor- whose screening in field populations has not led to a positive de-
phisms in other regions of its sequence which would prevent tection (13, 33). The frequency of the cqm1REC allele found among
annealing of the available primers. the populations analyzed, which was on the order of 10⫺3 (0.001
The two deletion events found in the cqm1REC-D16 and to 0.003), is consistent with the previous screening of two non-
cqm1REC-D25 alleles change the reading frame of the succeeding treated RMA populations (4) and with studies on Bacillus thurin-
amino acids, and both originate a premature stop codon at posi- giensis (Bt) resistance genes in Lepidoptera that have estimated the
tion 1362, which is also the same stop codon created by the 19-nt initial frequency of such alleles in nonexposed populations as
deletion from the cqm1REC allele (Fig. 2). The resulting sequence 0.0015 (15). However, the higher frequency observed for the ROD
from cqm1REC-D16 and cqm1REC-D25 alleles potentially encodes a population indicates that variations in pretreatment frequency
truncated (437 amino acids long) protein. Both the 16- and 25-nt can occur and should be taken into account for evaluating the
deletions can confer resistance, in homozygous individuals for any resistance risk prior to spraying. Recent surveys of Bt resistance
of these alleles, since they will not code for full GPI-anchored genes in lepidopteran field populations from Bt cotton areas in
Cqm1 proteins, available in the midgut epithelium for the Bin China also showed a wide range of frequencies from 10⫺4 to 10⫺1
toxin to bind. Comparative analysis of the three deletion events (14, 18, 19, 40, 45), with the latter being considered the first sub-
affecting the cqm1 gene highlighted the fact that while the 19- and stantial increase in resistance gene frequency among the areas un-
25-nt deleted segments share the same initial insertion point in the der study. The treated population of AGU evaluated here showed
sequence (at nucleotide 1276), all three also start with a common a higher cqm1REC frequency than those from the nontreated pop-
CGA trinucleotide motif. ulations, which is consistent with B. sphaericus exposure in that
area. However, this frequency has not increased compared to pre-
DISCUSSION vious screenings performed in AGU (4, 32), suggesting that the
In this study, a DNA screening was performed to detect the selection pressure might be low. This could be related with the
cqm1REC allele in populations of C. quinquefasciatus from the Re- introduction of Bacillus thuringiensis serovar israelensis (B. thurin-
giensis subsp. israelensis) to replace B. sphaericus in certain stages cpm1GEO allele (California), is mapped outside (8). From the evo-
of this control program (C. M. F. Oliveira, personal communica- lutionary point of view, further studies are needed in order to
tion). Considering that B. thuringiensis subsp. israelensis does not clarify the mechanisms responsible for the rise of such events in
display cross-resistance with B. sphaericus and it is able to elimi- this specific region of the cqm1 gene, as well as the impact of these
nate resistant genotypes (27, 36, 43), this could be one reason for alleles on the biological performance of the targeted insects. Al-
reducing the selection pressure in that area. though resistance in individuals from the CqRL1/2362 colony was
Molecular biology-based methods can be useful for monitor- related to a discrete reduction of some biological parameters (9),
ing early selection of resistance in field populations since known this colony has been maintained in the laboratory for more than
resistance alleles carried by heterozygous individuals can be di- 10 years and recent data have shown that the cqm1REC allele is able
rectly identified. Screening performed in this study revealed two to compete with cqm1, at least under laboratory conditions (1).
novel polymorphisms in the cqm1 gene, 16- and 25-nt deletions Similarly, cadherin genes, in view of null alleles found associated
found at the same region which encompasses the 19-nt deletion with Cry1Ac resistance, do not seem to be essential for the survival
originally found in cqm1REC. The finding of one homozygous larva of H. virescens, P. gossypiella, and H. armigera (12, 22, 45). In
sample for cqm1REC-D16 in the JAB population was not expected, conclusion, the findings from this work indicate a diversity of
considering its status of being a nontreated population, since data polymorphisms for the cqm1 gene which can lead to a loss of
from a previous screening of B. sphaericus and Bt resistance alleles function as the receptor for the B. sphaericus Bin toxin. The events
have shown such alleles only in heterozygous individuals under behind these polymorphisms, detected in individuals from field
such conditions (4, 42, 45). The resistance phenotype conferred by populations of RMA, are nevertheless located in a specific region
cqm1REC-D16 and cqm1REC-D25 alleles could not be experimentally of the cqm1 gene, which allows for easy screening of the multiple
confirmed; nevertheless, the functional effect of these deletions on events and is useful for assessing the resistance risk.
larva susceptibility is likely similar to that of cqm1REC, since they all
provoke frameshifts and introduce the same premature stop ACKNOWLEDGMENTS
codon in the sequence, which prevents the expression of full- This work was supported by “Programa Estratégico de Apoio à Pesquisa
length GPI-anchored proteins (6, 8, 29). Regardless of the fact that em Saúde (PAPES)” from Fundação Oswaldo Cruz-FIOCRUZ, Conselho
the Bin binding epitope on the Cqm1 protein is still unknown, the Nacional de Pesquisa (CNPq Brazil, grant 403488/2008-7), Fundação de
loss of the GPI anchor prevents its location on the midgut epithe- Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE Bra-
lium and, consequently, its function as the Bin toxin receptor. zil, grant APQ 0427-2.13/08).
We thank Andréa Neves Guedes de Souza and Liliane Barbosa Amo-
A comparable situation, involving a wide range of polymor-
rim (CPqAM-FIOCRUZ) for the insectarium support and the Program
phisms, has been investigated in Lepidoptera cotton pests which for Technological Development in Tools for Health PDTIS-FIOCRUZ for
display multiple cadherin alleles associated with Cry1Ac toxin re- the use of its facilities.
sistance (12, 22, 45). To date, 12 cadherin alleles were found to be
genetically linked to Cry1Ac toxin resistance, one from a labora- REFERENCES
tory-selected strain of Heliothis virescens, three from Pectinophora 1. Amorim LB, et al. 2010. Stability of Culex quinquefasciatus resistance to
gossypiella, and eight alleles detected in Helicoverpa armigera (the Bacillus sphaericus evaluated by molecular tools. Insect Biochem. Mol.
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last two species are from field populations) (12, 22, 23, 39, 42, 45).
2. Amorim LB, Oliveira CMF, Rios EM, Regis L, Silva-Filha MHNL. 2007.
From the functional point of view, many of them are considered Development of Culex quinquefasciatus resistance to Bacillus sphaericus
null alleles since they are disrupted by events which result in the strain IAB59 needs long term selection pressure. Biol. Control 42:155–
generation of premature stop codons or aberrant splicing events 160.
in their sequences, expected to encode truncated proteins lacking 3. Barbosa RM, Souto A, Eiras AE, Regis L. 2007. Laboratory and field
evaluation of an oviposition trap for Culex quinquefasciatus (Diptera: Cu-
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these cases, the final result is an inability of the toxin to bind to its 4. Chalegre KD, et al. 2009. Detection of an allele conferring resistance to
target tissue in a fashion similar to that observed for the cqm1 Bacillus sphaericus binary toxin in Culex quinquefasciatus populations by
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found over genes that can be as large as 16 kb, as was seen for H. 6. Darboux I, Charles JF, Pauchet Y, Warot S, Pauron D. 2007. Trans-
armigera (41). In contrast, the cqm1 gene is around 1.8 kb (29), a poson-mediated resistance to Bacillus sphaericus in a field-evolved popu-
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tor is a mechanism of bioinsecticide resistance. Proc. Natl. Acad. Sci.
resistance mutations have been identified suggests the existence of
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a hot spot for such events. Aside from the polymorphisms re- 9. de Oliveira CM, Filho FC, Beltran JE, Silva-Filha MH, Regis L. 2003.
corded in RMA in Brazil, the same gene region is also the target of Biological fitness of a Culex quinquefasciatus population and its resistance
the mutations which characterize the cpm1BP and cpm1BP-del re- to Bacillus sphaericus. J. Am. Mosq. Control Assoc. 19:125–129.
sistance alleles, which were found to coexist in a C. pipiens popu- 10. Fabrick JA, Mathew LG, Tabashnik BE, Li X. 2011. Insertion of an intact
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