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Teoe Ii

O documento discute a estrutura e conjugação de verbos na língua portuguesa, incluindo os conceitos de radical, vogal temática, desinências, número, pessoa, modo, tempo e voz.

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ISPN, 2024.

AULA Nº 1 - VERBOS, FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

O processo de conjugação verbal está presente na vida de qualquer indivíduo falante,


independentemente do seu grau de escolarização. Entretanto, por ser uma acção natural, muitos
não se dão conta de que, por trás desse processo, existem diversos elementos estruturais que
permitem a existência dessa construção.
VERBO é uma palavra variável, que exprime ideia de estado, acção e fenómenos da
natureza, sendo que todos esses acontecimentos são representados no tempo.
ESTRUTURA DAS FORMAS VERBAIS
Radical: morfema que concentra o significado essencial do verbo:
Estud-ar
Vend-er
Permit-ir
Observe que, para se obter o radical de um verbo, basta eliminar as duas últimas letras do
infinitivo. Contudo, atente-se para os casos de verbos prefixados, ou seja, há situações em que
prefixos poderão se antepor aos radicais:
Re-vend-er
Des-permit-ir
Vogal Temática: morfema que permite a ligação entre o radical e as desinências. Na língua
portuguesa, há três vogais temáticas – o que indica a quantidade de conjugações que o verbo pode
ter, são elas:
a – indica os verbos que pertencem à primeira conjugação: amar, cantar, perdoar, etc.
e – indica os verbos que pertencem à segunda conjugação: esquecer, sofrer, viver, etc.
Note que, no português o verbo pôr e seus derivados (supor, compor, repor, etc.) também
pertencem à segunda conjugação, uma vez que sua vogal temática é “e”, obtida da forma
arcaica poer.
i – indica os verbos que pertencem à terceira conjugação: assistir, permitir, decidir, etc.
O Conjunto formado por radical + vogal temática recebe o nome de tema. Observe:
SOLTAR: SOLT – radical / A – vogal temática / SOLTA – tema.
Desinências: Morfemas que, acrescentados ao tema, indicam as flexões do verbo. Há
desinências número-pessoais e modo-temporais. As desinências número-pessoais indicam se o

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verbo está no singular ou plural (número) e se está conjugado na primeira, segunda ou terceira
pessoa do discurso.
As desinências modo-temporais indicam se o verbo está no indicativo, conjuntivo ou
imperativo (modo) e se fora conjugado no presente, pretérito ou futuro (tempo). Observe a
estrutura da forma do verbo falássemos:
FALA – tema (radical + vogal temática)
-SSE – desinência modo-temporal (indica que o verbo está conjugado no modo conjuntivo e
no pretérito imperfeito);
-MOS – desinência número-pessoal (indica que o verbo está conjugado
na primeira pessoa do plural).
Ainda no processo de estruturação do verbo, e combinando com o conceito de sílaba tónica,
existe o conceito de verbos rizotónicos e arrizotónicos: o primeiro corresponde aos verbos em que
a sílaba tónica aparece no radical; o segundo consiste na aparição da sílaba tónica na terminação
verbal. Exemplo:
Estudo. Radical: ESTUD / Sílaba Tónica: TU – rizotónico
Estudei. Radical: ESTUD / Sílaba Tónica: EI (está na desinência) – arrizotónico
FLEXÕES VERBAIS
É importante ressaltar que, os verbos não são caracterizados somente por seus possíveis
significados, mas também, e principalmente, por suas flexões. Os verbos podem variar de número,
de pessoa, de modo, de voz, de tempo e de aspecto.
1) Número
a) Singular, quando se refere a uma só coisa ou a uma só pessoa gramatical. Ex.: eu vou
à escola; o Direito é uma ciência social;
b) Plural, quando se refere a mais de uma coisa ou pessoas gramaticais. Ex.: Estudamos
Direito;
2) Pessoa
a) A 1ª pessoa é aquela que fala e corresponde aos pronomes pessoais eu no singular e
nós, no plural.
b) A 2ª pessoa é aquela com quem se fala e corresponde aos pronomes pessoais tu no
singular e vós no plural;

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c) A 3ª pessoa é aquela de quem se fala correspondendo aos pronomes pessoais ele, ela
no singular e eles ou elas no plural;
3) Modos, sendo estes as diferentes maneiras que toma o verbo para traduzir a atitude da
pessoa que fala ao anunciar o facto expresso pelo verbo.
a) O Indicativo: expressa a acção ou estado verbal como uma realidade ou certeza. Ex.:
Houve um acidente terrível.
b) Conjuntivo: expressa a acção ou estado verbal como uma dúvida, incerteza,
probabilidade ou, inclusive, como irrealidade. Ele pode exprimir:
- uma dúvida: duvido que ele seja capaz de fazer isto.
-uma incerteza: não acredito que eles venham;
-um desejo:
Conforme exposto na introdução, os verbos podem flexionar quanto ao número, pessoa, modo,
tempo e voz.
4) NÚMERO E PESSOA, como os substantivos, quando flexionado quanto
ao número, os verbos podem estar no singular ou plural. O que vai determinar são as
pessoas do discurso às quais os verbos se referem. Observe o verbo estudar:
PESSOA VERBO NÚMERO
EU ESTUDO SINGULAR
TU ESTUDAS SINGULAR
ELE/ELA ESTUDA SINGULAR
NÓS ESTUDAMOS PLURAL
VÓS ESTUDAIS PLURAL
ELES/ELAS ESTUDAM PLURAL

Observação: no Brasil, o uso da segunda pessoa do singular fica restrito a algumas regiões e
muitas vezes fica aquém do que a gramática normativa determina. É comum que seu emprego seja
feito da seguinte forma: TU + verbo conjugado na terceira pessoa. Na maioria dos estados, ele
fora substituído pelo tratamento VOCÊ o que leva, também, o verbo para a terceira pessoa.

5) TEMPO E MODO, no momento em que o verbo é utilizado, o processo verbal pode estar
em ocorrência, ocorrido ou por ocorrer. Essas três possibilidades são expressas pelos três

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tempos verbais – presente, pretérito (perfeito, imperfeito ou mais-que-perfeito) ou futuro


(presente ou pretérito). Quanto à formação, podem ser simples quando formado apenas por
um só verbo ou composto quando recebem o auxílio de ter e haver.
A indicação do tempo está, na maioria das vezes, ligada à indicação de modo, isto é, a
expressão da atitude de quem fala ou escreve em relação ao conteúdo do que se fala ou escreve.
Quanto ao modo, os verbos podem ser caracterizados em indicativo, conjuntivo (subjuntivo) ou
imperativo.
O indicativo representa a expressão considerada certa ou real em relação a acção
anunciada pelo verbo. (eu estudei, estudava, estudarei).
O Conjuntivo, ao contrário do indicativo, representa a expressão considerada incerta,
hipotética, duvidosa pelo falante ou autor. (estudasse)
O imperativo, por sua vez, exprime ideia de desejo, ordem e apelo. Nesse caso, ele é
dividido em afirmativo ou negativo (estude/não estude).
Há dois tipos de imperativo:
A. Formal
Usado para nos dirigirmos a pessoas que não são da nossa intimidade ou desepenham uma função
hierárquica diferente da nossa.
B. Informal
Empregado, sobretudo, quando nos dirigimos a indivíduos da nossa intimidade.
Ambos podem apresentar-se nas formas afirmativa e negativa.
• Imperativo formal
[por você/o(a) senhor(a)]
Tanto a forma afirmativa como a negativa deste imperativo são formadas a partir da 3.ª do presente
do conjuntivo.
Ex.: Faça bem a revisão deste artigo. (imperativo formal afirmativo)
Não reveja o texto à pressa (imperativo formal negativo)
Os pronomes pessoais de complemento e os pronomes/determinantes possessivos que devem ser
empregados neste caso são: se, si, consigo, seu(s), sua(s).
Refira-se às qualidades das sua professoras.
• Imperativo informal
[por tu]

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Para a formação do imperativo afirmativo, o procedimento é o seguinte:


1. conjugar o verbo pretendido no presente do indicativo;
2. usar a forma verbal da 3.ª pessoa.
Quanto ao imperativo negativo, recorremos à 2.ª pessoa do presente do conjuntivo.
Ex.: Faz os exames médicos com urgência. (imperativo informal afirmativo)
Não revejas esta obra sem me consultares. (imperativo informal negativo)
Os pronomes pessoais de complemento e os pronomes/determinantes possessivos para este
imperativo são: te, ti, contigo, teu(s), tua(s).
Ex.: Refere-te aos defeitos dos teus amigos.
Os verbos podem ainda ser vistos em suas FORMAS NOMINAIS. Elas são chamadas assim
porque podem assumir a função de substantivos, adjectivos ou ainda advérbios. As formas
nominais são classificadas em infinitivo (pessoal ou impessoal) – terminação -r, gerúndio –
terminação –ndo, ou particípio – terminação -do.
O esquema abaixo apresenta os modos e os tempos verbais da língua portuguesa. O verbo
escolhido foi estudar
Quanto às formas:
Infinitivo Pessoal: estudar, estudares, etc.
Impessoal: estudar
Gerúndio: estudando
Particípio: estudado
VOZ: a voz indica, fundamentalmente, se o ser que o verbo se refere é agente (pratica a
acção), paciente (sofre a acção) ou os dois. Há três situações possíveis:
ACTIVA: Aqui, o ser a que o verbo se refere é agente, isto é, pratica a acção. Exemplo:
José cortou a manga.
A forma verbal “cortou” está na voz activa porque José é o agente do processo verbal, ele
praticou a acção.
PASSIVA: Aqui, o ser a que o verbo se refere é paciente, isto é, sofre a acção. Exemplo:
A manga foi cortada por José
A forma verbal “foi cortada”, conhecida como Locução Verbal, está na voz passiva
porque A manga é o paciente da acção verbal.

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O português dispõe de dois tipos de voz passiva: analítica, em que ocorre uma locução
verbal formada pelo verbo ser mais o particípio do verbo principal; sintéctica, em que se utiliza o
pronome se ao lado do verbo na terceira pessoa, como em alugam-se casas.
REFLEXIVA: O ser ao que o verbo se refere é agente e paciente do processo verbal, pois age
sobre si mesmo. Exemplo: O rapaz cortou-se com a faca.
A forma verbal “cortou-se” está na voz reflexiva porque o rapaz é, ao mesmo tempo,
agente e paciente: ele cortou a si mesmo.
CONJUGAÇÕES
Quando se fala em conjugar verbo, fala-se em apresentar sistematicamente todas as formas
que ele pode assumir ao ser flexionado, nos mais variados tempos e modos que ele pode apresentar.
As conjugações são apresentadas em três grupos, representados em consonância com as
vogais temáticas: -a, -e e -i. Para cada uma dessas conjugações há um modelo que indica as formas
verbais. Eles podem ser: REGULARES, obedecem precisamente a um paradigma da respectiva
conjugação; IRREGULARES, não seguem nenhum paradigma da respectiva conjugação –
podem apresentar irregularidades no radical ou nas terminações. Os verbos ser e ir, por
apresentarem profundas alterações nos radicais em sua conjugação, são
chamados ANÔMALOS; DEFECTIVOS, não são conjugados em determinadas pessoas, tempos
ou modos; e ABUNDANTES, apresentam mais de uma forma para determinada flexão.

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AULA Nº 2 - CRASE____________________________________________________

Um outro fenómeno que precisamos aprender com minúcia é o da crase, pois não são
poucas vezes que encontramos textos jornalísticos ou administrativos com
incumprimento flagrantes do uso da crase.
Assim, a crase é a junção da preposição –a com o artigo feminino –a, ou com o pronome
–a, ou ainda com os pronomes –aquele, aquela e aquilo.
Desta forma, vale alertar alguns cuidados que se devem ter no seu uso. O primeiro tem
a ver com a questão da regência quer verbal, quer nominal. É esta que nos dirá da
necessidade ou não da proposição a ligar àquele vocábulo (verbo ou nome) ao outro por
meio da crase, conforme explicámos.
O outro elemento importante a se ter em conta é conseguirmos identifcar a
preposição e sua relação obrigatória para se localizar as expressões femininas, pois só
elas aceitarão o artigo ou o pronome que se fundirá à preposição por meio do acento
grave, indicador de crase. Observe com mais detalhes:
Entrega o livro À Joana
a a
+
Preposição artigo

Esta caneta é igual À que te ofereci


a a
+
Preposição pronome
demonstrativo
Entrega a chave Àquele rapaz
a aquele
+
Preposição pronome
demonstrativo

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Obs.: A crase (à) só acontece antes de palavras femininas precedidas por artigo
definido.
Em caso de dúvida no emprego da crase, (a) recorra aos seguintes artifícios:
a) Subistituir o nome feminino que se segue ao ‘‘a’’ por um masculino. Se o
resultado do ‘‘a’’ for ‘‘ao’’, então, no feminino, haverá crase (à).
Exemplo: Telefona à Vissolela / telefona ao Kassule
b) Nos topónimos (nomes de lugares, como Luanda, Brasil, Cunene, Egípto,
Mavinga, Cuito, etc.) recorremos a estas instruções:
Ele vive em Onjiva Ele viva na Ganda;
Ele vem de Onjiva Ele vem da Ganda;
Ele passa por Onjiva Ele passa pela Ganda
(este topónimo (este topónimo
repele o artigo) exige)

Portanto:
No próximo fim de semana vou a Onjiva

Não há contração porque o topónimo


‘’Onjiva’’ repele artigo

A delegação vai à Catombela

Há contração porque o topónimo ‘’Catombela’’ pede artigo


que contrai com a preposição ‘‘a’’

3.1. Casos obrigatórios do uso da crase


1) Antes da palavra feminina acompanha de:
a) Artigo. Ex.:este fim de semana não vou à praia. (vou a + a praia);
b) Demonstrativo (aquele/a/s, o/a/s). Ex.: já entreguei os livros àqueles
estudantes;/ Esta janela é semelhante à da tua casa;
c) Relativos (o qual / os quais). Ex.: as crianças às quais foi dada a vacina da
pólio já sairam; A aluna à qual me referi, faltou hoje;
d) Na designação das horas. Ex.: saiu de casa às 11h:00 e só voltou às 18h:00;
Obs.: mas não se pode crasear na expressão «A que horas é o teu voo»?

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e) Nas locuções adverbiais, formadas com palavra feminina. Ex.: às vezes fico a
estudar até tarde; Não me sinto muito à vontade para falar desse assunto; não
podemos começar a fazer o trabalho à toa;
Nota importante: Não ocorre crase antes da palavra ‘‘casa’’ no sentido de lar, a
menos que venha determinada:
Ex.: cheguei a casa mais cedo (sem crase) = voltei à do meu pai;
Estou em casa. Venho de casa. = Estou na casa da Ana./Venho da casa da
Ana;
- Não ocorre crase antes da palavra ‘’terra’’ no sentido de chão firme, oposto a
mar, a menos que venha determinada. Ex.: o pescador voltou a terra no dia
seguinte. Mas: eles ansiavam o regresso à dos seus sonhos.
3.2. Casos em que não se usa a crase
a) Antes de palavra masculina. Ex.: este automóvel funciona a álcool;
b) Antes do artigo ‘‘uma’’. Ex.: ontem assistimos a uma palestra sobre a poluição;
c) Antes de palavras no plural, quando não precedidas de artigos. Ex.: não me
dirijo a pessoas orgulhosas. Mas: não me dirijo às pessoas orgulhosas;
d) Antes de verbos. Ex.: ficamos a trabalhar até escurecer;
e) Antes de pronome pessoal inclusive o de tratamento. Ex.: este poema é
dedicado a ela;/ dedicado a vossa excia;/ dedicado a ti;
f) Antes de numeral cardinal excepto na designação das horas ou de
quantidades como o total de uma realidade. Ex.: demos vacina a 15 crianças
da creche;/ o Casseque fica a 7 km do Huambo;/ vendemos a quitaba a 15
kwanzas;
g) Antes de pronome demostrativo (excepto aquele/a/s, e a qual/as quais em que
o ‘‘a’’ que os precede se funde com a preposição) indefinidos relativos,
relativos ou interrogativos. Ex.: pergunta a essa senhora se precisa mais
alguma coisa;/ o Sr. Almeida é uma pessoa a quem respeito muito;/ não digas
isto a ninguém;
h) Antes de topónimos que se usam sem artigo. Ex.: eles chegaram a Benguela
antes do carnaval;/ vais a maputo de férias?

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i) As expressões adverbiais formadas por palavras repetidas dispensam a crase.


Ex.: face a face;/ passo a passo, etc.;
j) Antes de nomes de pessoas ilustres ou que sejam desconhecidas. Ex.: o
prémio foi entregue a Kofi Anan, o ex-secretário geral da ONU.
3.3. Casos do uso facultativo
a) Diante dos nomes próprios femininos. Ex.: Dei a Maria um presente/ ‘‘Dei à
Maria um presente’’;
Obs.: a crase, por indicar existência de artigo, fará emergir, com nomes
próprios, certa familiaridade em relação à pessoa a quem se alude, não sendo,
por isso, indiferente o emprego ou a omissão.
b) Antes da palavra casa, se vier esta especificada por expressão que indique
ela o dono. Ex.: vim a casa de Pedro (compare com: estou em casa do Pedro); ou
vim à casa de Pedro (compare com: estou na casa de Pedro)
Bem, a partir destes dados, já pode ter uma base para começar a dar os primeiros
passos na boa aplicação da língua portuguesa. A luta é árdua e precisa-se de muita
dedicação e investigação contínua, porque a nossa língua é deveras complexa.

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AULA Nº 3 - A VÍRGULA – UM SINAL DE PONTUAÇÃO PROBLEMÁTICO

Dentre todos os sinais de pontuação, a vírgula é o que mais problemas tem causado à
maior parte dos que comunicam através da escrita.
Eis algumas indicações sobre o emprego deste sinal de pontuação.

USO RECOMENDADO

A vírgula deve ser utilizada para:

1. Separar elementos semelhantes, que desempenhem a mesma função na construção


e não se encontrem ligados por conjunção:

A puíta, o reco-reco, a marimba, o quissanje e o hungo são instrumentos musicais


tradicionais africanos.

2. Isolar o vocativo e o aposto:

Ó Nayole, já temperaste os cacussos?

Pepetela, escritor angolano, ganhou o Prémio Camões em 1997.

3. Intercalar orações coordenadas sindéticas1 e assindéticas (sem conjunção):

As minhas alunas estavam doentes, mas fizeram o exercício sobre o uso da vírgula.

O Osvaldo levanta-se cedo, arruma o seu quarto, ajuda os irmãos a fazer os deveres
de casa.

4. Usa-se duas vírgulas para isolar o pois conclusivo:

Este exame está, pois, bastante acessível.

5. Separar orações subordinadas, sempre que estas antecedem a oração principal ou


subordinante:

Depois que entrei nesta empresa, consegui fazer boas amizades.

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Uma excepção a esta regra são as orações (com o mesmo sujeito) introduzidas pela conjunção e:
A soraia leu A Revolta da Casa dos Ídolos e resumiu-a por escrito.
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6. Isolar complementos cincunstanciais em início de frase ou no interior de uma oração:

No último fim-de-semana, fomos jantar à casa dos nossos netos.

Uma cantora angolana vai dar, no cine tropical, um concerto de música popular.

Distribuiremos, de forma organizada, os cadernos de actividades.

7. Separar orações relativas explicativas2.

A minha esposa, com quem sempre saio aos fins-de-semana, gosta muito de conteplar
o mar.

8. Isolar expressões explicativas:

O monangamba era visto como uma máquina, ou seja, como alguém que trabalhava
sem parar.

9. Separar ideias intercaladas:

Em toda a natureza, disse o professor, está presente o número de ouro.

10. Isolar o local da data:

Dundo, 29 de Fevereiro de 2008.

11. Separar, nas cartas, a despedida no nome:

Um abraço amigo, Matumona.

12. Omitir o verbo, elipsando-o:

Os sobrinhos vão à oficina e as tias, ao supermercado.

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Em orações relativas restritivas, no entanto, o uso da vírgula é proibido: Ontem estive com o jovem que pintou
aquela casa.
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USO PROIBIDO

Não se deve a usar a vírgula entre:

1. Os elementos principais de uma oração (sujeito, predicado, nome predicativo do


sujeito, complemento directo, nome predicativo do complemento directo) não podem
ser separados por vírgula, quando se encontram seguidos;

A União Nacional dos Artistas e Compositores homenageou Ana Clara Guerra


Marques.

(E não: A União Nacional dos Artistas e Compositores, homenageou Ana Clara Guerra
Marques.)

O ano de 2011 é de triste memória para os japoneses.

(E não: O ano de 2011, é de triste memória para os japoneses.)

2. O verbo e os seus complementos;

O Jorge comprou uma impressora para a sua filha.

(E não: O Jorge comprou, uma impressora para a sua filha. Ou: O Jorge comprou uma
impressora, para a sua filha.

Ofereceram ao Zola uma máquina fotográfica.

(E não: Ofereceram, ao Zola uma máquina fotográfica.

Ou: Ofereceram ao Zola, uma máquina fotográfica.)

3. O nome – ou pronome – e os seus modificadores (excepto o aposto);

Aquela rapariga magrinha gosta muito de comer vegetais.

(E não: Aquela rapariga, magrinha gosta muito de comer vegetais.)

Nomearam-no director executivo de uma grande empresa.

(E não: Nomearam-no, director executivo de uma grande empresa.)

Aquelas colegas partiram as pernas da cadeira do director.

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(E não: Aquelas colegas partiram as pernas, da cadeira do director.

Ou: Aquelas colegas partiram as pernas da cadeira, do director.)

USO FACULTATIVO

Em geral, o uso facultativo deste sinal de pontuação resume-se às seguintes


finalidades:
1. Separar orações com sujeitos diferentes ligadas pela conjuncão e;

Os rapazinhos assustaram-se, e a mãe deles desligou o televisor.

2. Isolar orações subordinadas consecutivas;

Ele comeu tão rapidamente, que se engasgou.

3. Separar orações antecedidas por uma oração relativa sem antecedente;

Quem não tem alvos na vida, vive à mercê das vontades alheias.

4. Separar orações alternativas;

Voltas hoje para casa, ou vais ficar comigo por mais alguns dias?

5. Separar orações introduzidas por locuções subordinativas;

Não pudemos visitar-te no hospital, visto que também estávamos doentes.


6. Separar o título do nome do autor.
Leiam Maka na Sanzala, de Wanyenga Xito.

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AULA Nº 4 - NATUREZA E TIPOLOGIA DOS PRONOMES CLÍTICOS E REGRAS


SOBRE A SUA COLOCAÇÃO

4.1 Natureza dos Pronomes Clíticos


Quando se alude ao clítico, refere-se ao vocábulo (ou à sílaba) que, não tendo acento
próprio, se apoia no outro. Por esta razão, os pronomes clíticos são também chamados
pronomes átonos, isto é, não possuem acento tónico. Uma vez anteposto à outra palavra,
o pronome clítico fica sujeito à acentuação desta.

4.2 PRONOMINALIZAÇÃO

A pronominalização é um termo utilizado para descrever o processo de substituição de


um nome ou grupo nominal por um pronome (pessoal, demonstrativo, possessivo). Neste
prontuário, cingir-nos-emos à pronominalização de uma expressão com a função de
complemento directo (CD) ou complemento indirecto (CI) pelo respectivo pronome
pessoal3.

O Adiclenes viu a Aida / O Adiclenes viu-a.


CD
Este telefone pertence ao meu grande amigo Moisés. Este ipode pertence-lhe.
CI

4.1 Pronominalização do complemento directo

O complemento directo é um tipo de complemento que, regra geral, se segue ao verbo


e que se obtém perguntando “o quê?" ou "quem?" ao verbo.

Vi a Ceforá no ISPN. – Vi-a no ISPN.

Os pronomes pessoais que desempenham esta função sintática são: o, a, os, as, me,
te, se, nos, vos.

A Solange lê uma revista. / A Solange lê-a.

A professora chamou-nos para conversar connosco.

3
É possível pronominalizar-se o nome predicativo do sujeito. Demonstrando: Somos médicos, e somo-lo por gosto.
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Os pronomenos de 3.ª pessoa (excepto o se) podem apresentar três formas, de acordo
com as seguintes situações:

1. Caso a forma verbal termine em vogal oral, usa-se os pronomes o, a, os, as:

O Paulo comeu as jinguengas da Rossana. / O Paulo comeu-as.

2. Os pronomes terão as formas lo, la, los, las, quando o verbo terminar nas consoantes
r, s e z, as quais têm de ser previamente eliminadas:

A Mingota está a rever um artigo. / A Mingota está a revê-lo.

O Matondo quis a canoa para o seu filho. / O Matondo qui-la para o seu filho.

A Lukeni fez as ilustrações com muito cuidado. / A Lukeni fê-las com muito cuidado4.

3. Sempre que a forma verbal terminar em som nasal (ão, am, em, õe), os pronomes
adquirem as formas no, na, nos, nas:

Os angolanos amam o funje. / Os angolanos amam-no.

Ao usarmos os outros pronomes, nem estes nem os verbos sofrem qualquer alteração.

A única excepção ocorre na 1.ª pessoa do plural da conjugação reflexa/recíproca: o s da


forma verbal final desaparece.

Interessamo-nos muito por pinturas rupestres.

4.2 Pronominalização do complemento indirecto

O complemento indirecto obtém-se perguntando “a quem" ao verbo.

As expressões que desempenham esta função só podem ser substituídas pelos


seguintes pronomes pessoais: me, te, se, lhe, nos, vos, lhes.

Ofereceram-me um computador.

4
Procede-se à acentuação gráfica dos verbos nesses casos da seguinte maneira: acento agudo para as vogais a e i
(visitá-las, construí-los); acento circunflexo para as vogais e e o (detê-la, pô-lo). Quanto ao i, este só será acentuado
quando for precedido de uma vogal pronunciada, com a qual não constitui um ditongo (segui-lo, e parti-lo – sem
acento; mas distraí-lo – com acento).
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A Suzete disse-lhes que chegaria mais tarde.

A pronominalização do complemento indirecto é, pois, mais simples do que a do


complemento directo, visto que não exige transformação alguma tanto dos verbos como
dos pronomes5.

4.3 Pronominalização de ambos os complementos

É possível pronominalizarmos, em simultâneo, os complemento directo e indirecto numa


determinada frase. Para que isso aconteça, o verbo deve ser bitransitivo, ou seja, tem
de seleccionar ambos os complementos.

A pronominalização simultânea faz-se por meio de dois processos.

1. Contracção
Ocorre através da junção dos complementos indirectos me, te, lhe(s) aos complementos
directos o, a, os, as.

Ao contraírem-se, estes pronomes transformam-se, respectivamente, em mo, ma, mos,


mas, to, ta, tos, tas, lho, lha, lhos, lhas.

O pronome que representa o complemento directo define o género e o número desse


complemento:

A Filipa comprou-me dois casacos. / A Filipa comprou-mos.

O José dar-te-á um chapeu. / O José dar-to-á.

Talvez entreguem as blusas à Henda. Talvez lhas entreguem.

2. Hifenização
Processa-se por meio do uso do hífen entre os complementos indirectos representados
pelos pronomes nos, vos e os complementos directos com a forma lo, la, los, las.

Antes, deve-se eliminar o s dos complementos indirectos:

Pede ao teu chefe que nos conceda uma audiência.

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Há outros pronomes de complemento – mim, ti e si - os quais são sempre precedidos de preposição: Esta conversa
será apenas entre mim e ti. O Nganjeta riu-se de si.
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Pede ao teu chefe que no-la conceda.

Se a Arlete vos emprestar o dicionário, consiguirão fazer este trabalho.

Se a Arlete vo-lo emprestar, consiguirão fazer este trabalho6.

4.4 Regras das posições dos pronomes pessoais de complemento


Os pronomes podem tomar uma das seguintes posições numa frase:

▪ Enclítica (depois do verbo) A Marta comeu-o sozinha.


▪ Mesoclítica (no interior do verbo) A Marta comê-lo-á sozinha.
▪ Proclítica (antes do verbo) A Marta não o comeu sozinha.

A seguir, descrevemos as regras para cada uma dessas posições:

4.4.1 Para a posição enclítica (ou pós-verbal)


O pronome aparece em posição enclítica nas situações descritas a seguir:

▪ Em frases declarativas afirmativas: A minha sogra ajuda-me muito.


▪ Em orações introduzidas pela maior parte das conjunções coordenativas: Não
estive com o Jorge hoje à tarde, mas vi-o de manhã.
▪ Após a preposição a7. Estamos a fazer-lhe um favor.

4.4.2 Para a posição mesoclítica (ou interverbal)


O requisito para o pronome estar em posição mesoclítica é o seguinte: em frases
declarativas afirmativas cujo verbo se encontra no futuro do indicativo ou do condicional,
desde que não exista nenhum elemento na frase que obrigue o pronome a antepor-se
ao verbo (como explicado a seguir):

Realizar-se-á um debate sobre o ensino do protuguês em Luanda.

Amar-te-ia se não fosses desonesta8.

6
Ambos os processos de dupla pronominalização raramente são usados tanto na fala como na escrita.
7
À excepção dos pronomes de 3.ª pessoa que desempenham apenas a função de complemento directo (o, a, os, as),
é muito comum o pronome aparecer em posição pré-verbal em português não europeu: Estão a te chamar.
8
Primeiro, parte-se o verbo em dois – de um lado, o infinitivo (excepto com os verbos dizer, fazer, trazer); do outro
lado, a desinência. Caso o pronome seja exclusivamente um complemento directo de 3.ª pessoa, devemos seguir as
regras acima referidas ao procedermos à sua colocação no interior do verbo.
18
ISPN, 2024.

4.4.3 para a posição proclítica (ou pré-verbal)9


O pronome ocorre em posição proclítica10 nos seguintes casos:

1. Em orações introduzidas por algumas conjunções (e locuções) coordenativas aditivas


e alternativas:

A Kawika também os visitou este mês.

O Bula saberá disso, quer lho contes quer não.

2. Em orações introduzidas por conjunções (e locuções) subordinativas:

Enquanto nos divertíamos a ver um documentário, os pais chegaram, exaustos, do Zaire.

Lê para que te tornes sábio.

3. Após pronomes relativos, indefinidos e interrogativos:

É esta a menina que me tinha pedido o livro Ynari, a menina das cinco tranças.

Alguém vos deu uma informação errada.

Quem lhes ofereceu o filme Amistad?

4. Em frases negativas e exclamativas:

Nunca lhe tinham feito críticas ao seu trabalho.

Quão útil me foi aquela viagem!

5. Depois de determinados advérbios e preposíções (já, talvez, ainda, mais, menos,


tanto, muito, pouco, sempre, até, conforme, etc.):

Ainda se comportam como crianças, apesar de já terem 30 anos.

9
Esta é a posição preferida para a maioria dos falantes angolanos. Isto deve-se ao facto de, nas línguas bantu, os
clíticos pronominais aparecem apenas em posição pré-verbal.
Demonstremo-lo através do Kimbundu (frases extraídas de MIGUEL, 2003:55-6) (1) Mukaji ami wa-ngi-xingile. (A
minha mulher insultou-me). Quanto aos pronomes reflexos, usa-se apenas um para todas as pessoas: Eye u-di-
sukula. (Tu lavas-te). / Ene a-di-zola. (Eles amam-se).
10
Mesmo que o proclisador esteja longe, ainda assim se deve colocar o pronome antes do verbo: A Belina disse-me
que, embora tivesse ficado aborrecida com o teu comportamento, te levará ao aeroporto.
Contudo, o proclisador perde a sua força de atracção, por assim dizer, quando separado do resto da frase por uma
vírgula: Não, comprei-o no Uíje.
19
ISPN, 2024.

Procurem o chip até o acharem.

Note bem: Há casos em que o pronome aparece ligado a dois ou mais verbos. Que
posição este tomará?

Se se tratar de conjugação perifrástica, pode-se encaixá-lo após um dos verbos, tendo


sempre em consideração as regras da posição enclítica.

Vou-me atrasar um pouco para a reunião de hoje. / Vou atrasar-me um pouco para a
reunião de hoje.

Estão-te a telefonar muito este fim-de-semana! / Estão a telefonar-te muito este fim-de-
semana!

Depois de alguns meses, fomo-nos conformando com a situação. / Depois de alguns


meses, fomos conformando-nos com a situação.

Porém, se o contexto frásico for propício à posição proclítica, o pronome aparece antes
do verbo auxiliar ou após o verbo principal. Além disso, caso este seja precedido de
preposição – excepto a preposição a – o pronome pode ser encaixado logo após a
preposição ou o verbo.

O chefe não vos quer prejudicar, mas ajudar-vos a ser profissionais sérios. / O chefe não
quer prejudicar-vos, mas ajudar-vos a ser profissionais sérios.

Os filhos não lhe têm de pedir desculpas, pois quem errou foi ele mesmo. / Os filhos não
têm de pedir-lhes desculpas, pois quem errou foi ele mesmo. / Os filhos não têm de lhe
pedir desculpas, pois quem errou foi ele mesmo.

Se se tratar de tempos compostos, o pronome acompanha sempre o verbo auxiliar. Ele


pode aparecer nas três posições já abordadas, levando em consideração as regras de
cada uma delas.

Temos-lhes emprestado muitos livros de literatura tradicional.

Nunca se tinha esquecido de pagar a taxa de circulação.

Ter-me-iam dito a verdade se confiassem em mim.

20
ISPN, 2024.

Obs.:

Há contextos em que se torna possível a ligação do pronome ao verbo principal


(conjugado no particípio passado). Por exemplo, quando se usa mais de um verbo
principal, ligados, na mesma frase, a um único verbo auxiliar. Nestes casos, o pronome
aparece em posição proclítica.

O docente universitário tinha falado sobre a nova Constituição e se referido ao modelo


não canónico de eleição do Presidente da República.

4.5 Síntese

PRONOMES PESSOAIS DE COMPLEMENTO


Pes- Complementos Complementos CI + CD CI + CD
soas Directos (CD) Indirectos (CI) Contraídos Hifenizados
1.ª me: me: mo(s): no-lo(s):
A Nzinga chamou-me O Joaquim disse- A mãe deu-mo(s). Envia-no-lo(s)
nos: me a verdade. ma(s): regularmente.
Os meninos amam- nos: Ele não ma(s) fez. no-la(s):
nos. A Rita entregou-nos Para no-la(s)
o dinheiro. darem,
esforcemo-nos.

2.ª te: te: to(s): vo-lo(s):


Ele quer-te saudável. Fiz-te um sumo de O pai abre-to(s). Ficarei
vos: manga. ta(s): satisfeito
Elas sempre vos vos: Não ta(s) deixo. quando vo-lo(s)
elogiam. Trouxe-vos livros de entregarem.
pintura. vo-la(s):
Pede para que
ela vo-la(s) dê.

21
ISPN, 2024.

3.ª o(s): lhe: lho(s):


Minga, agarra-o já! Oxalá lhe dêem Contem-lho(s). ____________
a(s): férias! lha(s):
Não a trates mal, lhe(s): Não lha(s) digam.
Mauro! Aqueles cadernos
lo(s): pertencem-lhes.
Vamos limpá-lo(s) à
tarde.
la(s):
Quero escrevê-la(s)
agora.
no(s):
As professoras
aconselham-no(s)
regularmente.
na(s):
Comeram-na(s) após
terem lavado as
mãos.

22
ISPN, 2024.

AULA Nº 5 - SINTAXE DE REGÊNCIA______________________________________


Regência Verbal e Nominal
Definição:
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou
um nome) e seus complementos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras,
criando frases não ambíguas, que expressam efectivamente o sentido desejado, que
sejam correctas e claras.
Regência Verbal
Termo Regente: Verbo

A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que
os complementam (objectos directos e objectos indirectos) ou caracterizam (adjuntos
adverbias).
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, pois
oferece oportunidade de conhecermos as diversas significações que um verbo pode
assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição. Observe:
A mãe agrada o filho – agradar significa acariciar, contentar.
A mãe agrada ao filho – agradar significa "causar agrado ou prazer", satisfazer.
Logo, conclui-se que "agradar alguém" é diferente de "agradar a alguém".
Saiba que:
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos aspectos fundamentais
do estudo da regência verbal (e também nominal).
As preposições são capazes de modificar completamente o sentido do que se está
sendo dito. Veja os exemplos:
Cheguei ao metro.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso, é o meio de
transporte por mim utilizado. A oração "Cheguei no metrô", popularmente usada a fim
de indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente.
Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, quotidiana de
alguns verbos, e a regência culta.

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de acordo com sua


transitividade. A transitividade, porém, não é um facto absoluto: um mesmo verbo pode
actuar de diferentes formas em frases distintas.

23
ISPN, 2024.

Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É importante, no entanto, destacar
alguns detalhes relativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
a) Chegar, ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de lugar. Na língua culta, as
preposições usadas para indicar destino ou direcção são: a, para.
Exemplos:
Fui ao teatro. (Adjunto Adverbial de Lugar)
Ricardo foi para a Espanha. (Adjunto Adverbial de Lugar)
Obs.: "Ir para algum lugar" enfatiza a direcção, a partida. "Ir a algum lugar" sugere
também o retorno.
Importante: reserva-se o uso de "em" para indicação de tempo ou meio. Veja:
Cheguei a Roma em Outubro. (Adjunto Adverbial de Tempo)
Chegamos no trem das dez. (Adjunto Adverbial de Meio)
b) Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a.
Por exemplo:
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último jogo.
Verbos Transitivos Directos
Os verbos transitivos directos são complementados por objectos directos. Isso significa
que não exigem preposição para o estabelecimento da relação da regência. Ao
empregar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as
actuam como objectos directos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, la, los,
las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou, no, na, nos, nas (após formas
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complementos
verbais, objectos indirectos.
São verbos transitivos directos, dentre outros:
abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, alegrar,
ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar,
defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, protejer,
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o verbo amar:

24
ISPN, 2024.

Amo aquele rapaz. / Amo-o.


Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para indicar posse
(caso em que actuam como adjuntos adnominais).
Exemplos:
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram a sua carreira)
Conheço-lhe o mau humor (= conheço seu mau humor)
Verbos Transitivos Indirectos
Os verbos transitivos indirectos são complementados por objectos indirectos. Isso
significa que esses verbos exigem uma preposição para o estabelecimento da relação
de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem
actuar como objectos indirectos são o "lhe", o "lhes", para substituir pessoas. Não se
utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos indirectos.
Com os objectos indirectos que não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos
tónicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Os verbos
transitivos indirectos são os seguintes:
a) Consistir
Tem complemento introduzido pela preposição "em".
Por exemplo:
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para todos.
b) Obedecer e Desobedecer
Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "a".
Por exemplo:
Devamos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Eles desobedeceram às leis do transito.
c) Responder
Tem complemento introduzido pela preposição "a". Esse verbo pede objecto indirecto
para indicar "a quem" ou "ao que" se responde.

25
ISPN, 2024.

Por exemplo:
Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indirecto quando exprime aquilo a
que se responde, admite voz passiva analítica. Veja:
O questionário foi respondido correctamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
d) Simpatizar e Antipatizar
Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "com".
Por exemplo:
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam para uma minoria
privilegiada.
Verbos Transitivos Directos ou Indirectos
Há verbos que admitem duas construções, uma transitiva directa, outra indirecta, sem
que isso implique modificações de sentido. Dentre os principais, temos:
Abdicar
Abdicou as vantages do cargo. / Abdicou das vantagens do cargo.
Acreditar
Não acreditava a própria força. / Não acreditava na própria força.
Almejar
Almejamos a paz entre as nações. / Almejamos pela paz entre as nações.
Ansiar
Anseia respostas objectivas. / Anseia por respostas objectivas.
Anteceder
Sua partida antecedeu uma série de factos estranhos. / Sua partida antecedeu a uma
série de factos estranhos.
Atender
Atendeu os meus pedidos. / Atendeu aos meus pedidos.
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ISPN, 2024.

Atentar
Atente esta forma de digitar. / Atente nesta forma de digitar.
Cogitar
Cogitávamos uma nova estratégia. / Cogitávamos de uma nova estratégia. /
Cogitávamos em uma nova estratégia.
Consentir
Os deputados consentiram a adopção de novas medidas económicas. / Os deputados
consentiram na adopção de novas medidas económicas.
Deparar
Deparamos uma bela paisagem em nossa trilha. / Deparamos com uma bela paisagem
em nossa trilha.
Gozar
Gozava boa saúde. / Gozava de boa saúde.
Necessitar
Necessitamos algumas horas para preparar a apresentação. / Necessitamos de
algumas horas para preparar a apresentação.
Preceder
Intensas manifestações precederam a mudança de regime. / Intensas manifestações
precederam à mudança de regime.
Presidir
Ninguém presidia o encontro. / Ninguém presidia ao encontro.
Renunciar
Não renuncie o motivo de sua luta. / Não renuncie ao motivo de sua luta.
Satisfazer
Era difícil conseguir satisfazê-la. / Era dificil conseguir satisfazer-lhe.
Versar
Sua palestra versou o estilo dos modernistas. / Sua palestra versou sobre o estilo dos
modernistas.
Verbos Transitivos Directos e Indirectos
Os verbos transitivos directos e indirectos são acompanhados de um objecto directo e
um indirecto. Merecem destaque, nesse grupo:
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ISPN, 2024.

Agradecer, Perdoar, e Pagar


São verbos que apresentam objecto directo relacionado a coisas e objecto indirecto
relacionado a pessoas. Veja os exemplos:
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Objecto Indirecto Objecto Directo

Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.


Objecto Directo Objecto Indirecto

Paguei o débito ao cobrador


Objecto Directo Objecto Indirecto

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado. Observe:
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a voçê. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Pagueia-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Saiba que:
Com os verbos agradecer, perdoar e pagar a pessoa deve sempre aparecer
como objecto indirecto, mesmo que na frase não haja objecto indirecto. Veja
os exemplos:
A empresa não paga aos funcionários desde Setembro.
Já perdoei aos que me acusaram.
Agradeço aos eleitores que confiaram em mim.

Informar
Apresenta objecto directo ao se referir a coisas e objecto indirecto ao se referir a
pessoas, ou vice-versa.
Por exemplo:
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)
Na utilização de pronomes como complementos, veja as construções:

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ISPN, 2024.

Informei-os ao clientes. / Informei-lhes os novos preços.


Informei-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os seguintes: avisar, certificar,
notificar, cientificar, prevenir.
Comparar
Quando seguido de dois objectos, esse verbo admite as preposições "a" ou "com" para
introduzir o complemento indirecto. Por exemplo:
Comparei seu comportamento ao (ou com o ) de uma criança.
Pedir
Esse verbo pede objecto directo de coisa (geralmente na forma de oração subordinada
substantiva) e indirecto de pessoa.
Por exemplo:
Pedi-lhe favores
Objecto Indirecto Objecto Directo

Pedi-lhe que mantivesse em silêncio.


Objecto Indirecto Oraçao Subordinada Substantiva
Objectiva Directa

Saiba que:
1) A construção "pedir para", muito comum na linguagem quotidiana, deve ter
emprego muito limitado na linguagem culta. No entanto, é considerada correcta
quando a palavra licença estiver subentendida.
Por exemplo:
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Observe que, nesse caso, a preposição "para" introduz uma oração subordinada
adverbial final reduzida de infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
2) A construção "dizer para", também muito usada popularmente, é igualmente
considerada incorrecta.

Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objecto indirecto introduzido pela
preposição "a".
Por exemplo:

29
ISPN, 2024.

Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideias.


Prefiro trem a ônibus.
Obs.: na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado em termos intesificadores, tais
como: muito, antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo
existente no próprio verbo (pre).
MUDANÇA DE TRANSITIVIDADE versus MUDANÇA DE SIGNIFICADO
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mudança de
significado. O conhecimento das diferentes regências desses verbos é um recurso
linguístico muito importante, pois além de permitir a correcta interpretação de passagens
escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os
principais, estão:
Agradar
1) Agradar é transitivo directo no sentido de fazer carinho, acariciar.
Por exemplo:
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quando o revê
Claúdia não perde oportunidade de agradar o gato. / Claúdia não perde oportunidade
de agradá-lo.
2) Agradar é transitivo indirecto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável
a. Rege complemento introduzido pela preposição "a".
Por exemplo:
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.
Aspirar
1) Aspirar é transitivo directo no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar.
Por exemplo:
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
2) Aspirar é transitivo indirecto no sentido de desejar, ter como ambição.
Por exemplo:
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a elas)
Obs.: como o objecto directo do verbo "aspirar" não é pessoa, mas coisa, não se usam
as formas pronominais átonas "lhe" e "lhes" e sim as formas tónicas "a ele (s)", "a ela
(s)". Veja o exemplo:
30
ISPN, 2024.

Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)


Assistir
1) Assistir é transitivo directo no sentido de ajudar, prestar assistência a, auxiliar.
Por exemplo:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assistí-los.
2) Assistir é transtivo indirecto no sentido de ver, presenciar, estar presente, caber,
pertencer.
Por exemplo:
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo "o verbo assistir" é intransitivo, sendo
acompanhado de adjunto adverbial de lugar introduzido pela preposição "em".
Por exemplo:
Assistimos numa conturbada cidade.
Chamar
1) Chamar é transitivo directo no sentido de convocar, solicitar, a atenção ou a presença
de.
Por exemplo:
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
Chamei você vária vezes. / Chamei-o várias vezes.
2) Chamar no sentido de denominar, apelidar, pode apresentar objecto directo e
indirecto, ao qual se refere predicativo preposicionado ou não.
Exemplos:
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Custar
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ISPN, 2024.

1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo


acompanhado de adjunto adverbial.
Por exemplo:
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
2) No sentido de ser difícil, penoso pode ser intransitivo ou transitivo directo.
Por exemplo:
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjectiva
Intransitivo Reduzida de Infinitivo

Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo "custar"


um sujeito representado por pessoa. Observe o exemplo abaixo:
Custei para entender o problema.
Forma correcta: Custou-me entender o problema.
Implicar
1) Como transitivo directo, esse verbo tem dois sentidos.
a) dar a entender, fazer supor, pressupor.
Por exemplo:
Suas atitudes implicavam um firme propósito.
b) Ter com consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar.
Por exemplo:
Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um povo.
2) Como transitivo directo e indirecto, significa comprometer, envolver.
Por exemplo:
Implicaram aquele jornalista em questões económicas.
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indirecto e rege com
preposição "com".
Por exemplo:
Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
Proceder

32
ISPN, 2024.

1) Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou


portar-se, agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
adverbial de modo.
Exemplos:
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.
2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição "de") e fazer, executar (rege
complemento introduzido pela preposição "a") é transitivo indirecto.
Exemplos:
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
Querer
1) Querer é transitivo directo no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Por exemplo:
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
2) Querer é transitivo indirecto no sentido de ter afeição, estimar, amar.
Exemplos:
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
Visar
1) Como transitivo directo, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria, e de pôr visto,
rubricar.
Por exemplo:
O homem visou o alvo. O gerente não quis visar o cheque.
2) No sentido de ter em vista, ter como meta, como objectivo, é transitivo indirecto e rege
a preposição "a".
Exemplos:

33
ISPN, 2024.

O ensino deve sempre visar ao progresso social.


Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

REGÊNCIA NOMINAL
Regência Nominal é o nome da relação existente entre um nome (substantivo,
adjectivo, ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é sempre
intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam o mesmo regime dos verbos de que derivam.
Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer os regimes dos
nomes cognatos. Observe o exemplo:
Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos
pela preposição "a". Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que
os regem. Observe-os atentamente e procure, sempre que possível, associar esses
nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida a cerca de, em, Ojeriza a, por
sobre
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com,
por

Adjectivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agrádavel a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fánatico por Prejudicial a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a

34
ISPN, 2024.

Capaz de, para Hábil em Relacionado com


Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em,
por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de
Perto de

Obs.: os advérbios terminados em –mente tendem a seguir o regime dos adjectivos de


que são formados: paralela a; paralelamente a.

AULA Nº 6 - SINTAXE DE CONCORDÂNCIA_________________________________


CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observe:
As crianças estão animadas

Crianças animadas.

No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na terceira pessoa do plural,


concordando com o seu sujeito, as crianças. No segundo exemplo, o adjectivo animadas
está a concordar em género (feminino) e número (plural) com o substantivo a que se
refere: crianças.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e género se correspondem.
Concordância é a correspondência de flexão entre dois termos, podendo ser verbal ou
nominal.
CONCORDÂNCIA VERBAL
Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar com seu sujeito.
a) Sujeito Simples
35
ISPN, 2024.

Regra Geral
O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Veja os
exemplos:
A orquestra tocou uma valsa longa.
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
Os pares que rodeavam a nós dançavam bem.
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
Casos Particulares
Há muitos casos em que o sujeito simples é constituido de formas que fazem o falante
hesitar no momento de estabelecer a concordância com o verbo. Às vezes, a
concordância puramente gramatical é contaminada pelo significado de expressões que
nos transmitem noção de plural, apesar de terem forma de singular ou vice-versa. Por
isso, convém analisar com cuidado os casos a seguir:
1) Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de,
o grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de,...) seguida de
um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural.
Por exemplo:
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram nenhuma proposta
interessante.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos colectivos, quando
especificados:
Por exemplo:
Um bando de vândalos destruiu / destruíram o monumento.
Obs.: nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a
forma plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto.
2) Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca
de, mais de, menos de, perto de,...) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda
com o substantivo. Observe:
Cerca de mil pessoas participaram da manisfestação.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas olimpíadas.

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ISPN, 2024.

Obs.: quando a expressão "mais de um" se associar a verbos que exprimem


reciprocidade, o plural é obrigatório.
Por exemplo:
Mais de um colega se ofenderam na tumultuada discussão de ontem (ofenderam um
ao outro).
3) Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concordância deve ser feita
levando-se em conta a ausência ou presença do artigo. Sem artigo, o verbo deveficar no
singular. Quando há artigo no plural o verbo deve ficar no plural. Exemplos:
Os Estados Unidos determinam o fluxo de actividade económica do mundo.
Alagoas impressiona pela beleza das praias e pela pobreza das populações.
As Minas Gerais são inesqueciveis.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
Os Sertões imortalizaram Euclides da Cunha.
4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos,
alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido por "de nós" ou "de vós" o verbo
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
pronome pessoal. Veja:
Quais de nós são /somos capazes?
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.
Obs.: veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do
emissor. Quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabíamos de tudo e nada
fizemos", esta pessoa está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre quando
alguém diz ou escreve "Alguém de nós sabiam de tudo e nada fizeram", frase que
soa como uma denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará
no singular.
Por exemplo:
Qual de nós é capaz?
Algum de vós fez isso.
5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica percentagem seguida
de substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo. Exemplos:
25% do orçamento do país deve destinar-se à educação.

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85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito.


1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova.
Quando a expressão que indica percentagem não é seguida de substantivo, o verbo
deve concordar com o número. Veja:
25% querem a mudança.
1% conhece o assunto.
6) Quando o sujeito é o pronome relativo "que", a concordância em número e pessoa
é feita com o antecedente do pronome. Exemplos:
Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de um homem.
7) Com a expressão "um dos que", o verbo deve assumir a forma plural.
Por exemplo:
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encantaram os poetas.
Se você é um dos que admiram o escritor, certamente lerá seu novo romance.
Atenção:
A tendência, na linguagem corrente, é a concordância no singular. O que se
ouve efectivamente, são construções, como:
Ele foi um dos deputados que mais lutou para a aprovação da emenda.
Ao compararmos com um caso em que se use um adjectivo, temos:
Ela é uma das alunas mais brilhante da sala.
A análise da construção acima torna evidente que a forma no singular é
inadequada. Assim, as formas aceitaveis são:
Das alunas mais brilhantes da sala, ela é uma.
Dos deputados que mais lutaram pela aprovação da emenda, ele é um.

8) Quando o sujeito é o pronome relativo "quem", pode-se utilizar o verbo na terceira


pessoa do singular ou em concordância com o antecedente do pronome.
Exemplos:
Fui eu quem pagou a conta. / Fui eu quem paguei a conta.

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Fomos nós quem pintou o muro. / Fomos nós quem pintamos o muro.
9) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica na 3ª pessoa do singular
ou plural. Por exemplo:
Vossa excelência é diabético?
Vossas excelências vão renunciar?
10) A concordância dos verbos bater, dar e soar dá-se de acordo com o numeral.
Por exemplo:
Deu uma hora no relógio da sala.
Deram cinco horas no relógio da sala.
Obs.: caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, torre, etc., o verbo concordará
com esse sujeito. Por exemplo:
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
11) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum sujeito, são usados sempre na
3ª pessoa do singular. São verbos impessoais:
Haver no sentido de existir;
Fazer indicando tempo;
Aqueles que indicam fenómenos da natureza.
Exemplos:
Havia muitas garotas na festa.
Faz dois meses que não vejo meu pai.
Chovia ontem à tarde.
b) Sujeito Composto
1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, a concordância se faz no plural:
Exemplos:
Pai e filho conversavam longamente.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gramaticais diferentes, a concordância
ocorre da seguinte maneira: a primeira pessoa do plural prevalece sobre a segunda
pessoa, que por sua vez, prevalece sobre a terceira: Veja:
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.

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Primeira Pessoa do Plural (Nós)

Tu e teus irmãos tomareis a decisão.


Segunda Pessoa do Plural (Vós)

Pais e filhos precisam respeitar-se.


Terceira Pessoa do Plural (Eles)

Obs.: quando o sujeito é composto, formado por um elemnto da segunda pessoa e uma
da terceira, é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural. Aceita-se, pois, a
frase: "Tu e teus irmãos tomarão a decisão".
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, passa a existir uma nova
possibilidade de concordância: em vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito,
o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do sujeito mais próximo. Convém
insistir que isso é uma opção, e não uma obrigação.
Por exemplo:
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência.
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, no entanto, a concordância é feita
obrigatoriamente no plural. Observe:
Abraçaram-se vencedor e vencido.
Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
CASOS PARTICULARES
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos sinónimos ou quase sinónimos, o
verbo pode ficar no plural ou no singular.
Por exemplo:
Descaso e desprezo marcam / marca seu comportamento.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos dispostos em gradação, o verbo
pode ficar no plural ou concordar com o último núcleo do sujeito.
Por exemplo:
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segundo me satisfazem / satisfaz.
No primeiro caso, o verbo no plural enfatiza a unidade de sentido que há na combinação.
No segundo caso, o verbo no singular enfatiza o último elemento da série gradativa.

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3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos por "ou" ou "nem", o verbo
deverá ficar no plural se a declaração contida no predicado puder ser atribuída a todos
os núcleos. Por exemplo:
Drummond ou Bandeira representam a essência da poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Quando a declaração contida no predicado só puder ser atribuída a um dos núcleos do
sujeito, ou seja, se os núcleos forem excludentes, o verbo deverá ficar no singular.
Por exemplo:
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olímpiadas.
Você ou ele será escolhido. (Só será escolhido um).
4) Com as expressões "um ou outro" e "nem um nem outro", a concordância costuma
ser feita no singular, embora o plural também seja praticado.
Por exemplo:
Um e outro compareceu / compareceram à festa.
Nem um nem outro saiu / sairam do colégio.
5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por "com", o verbo pode ficar no plural.
Nesse caso, os núcleos recebem um mesmo grau de importância e a palavra com tem
sentido muito próximo ao de "e". Veja:
O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretário traçaram os planos para o próximo semestre.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a ideia é enfatizar o primeiro
elemento.
O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretário traçou os planos para o próximo semestre.
Obs.: com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito composto. O sujeito é
simples, uma vez que que as expressões "com o filho" e "com o secretário" são adjuntos
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se houvesse uma inverssão da ordem.
Veja:
O pai montou o brinquedo com o filho.
O governador traçou os planos para o próximo semestre com o secretário.

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6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como: "não
só...mas ainda", "não somente"..., "não apenas...mas também", "tanto...quanto", o verbo
concorda de preferência no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o Nordeste.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia.
7) Quando os elementos de um sujeito composto são resumidos por um aposto
recapitulativo, a concordância é feita com esse termo resumidor.
Por exemplo:
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante na vida das pessoas.
OUTROS CASOS
1) O Verbo e a palavra "SE"
Dentre as diversas funções exercidas pelo "se", há duas de particular interesse para a
concordância verbal:
a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
b) quando é partícula apassivadora.
Quando índice de indeterminação do sujeito, o "se" acompanha os verbos intrasitivos,
transitivos indirectos e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira
pessoa do singular.
Exemplos:
Precisa-se de governantes interessados em civilizar o país.
Confia-se em teses absurdas.
Era-se mais feliz no passado.
Quando pronome apassivador, o "se" acompanha verbos transtivos directos e indirectos
na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito
da oração.
Exemplos:
Construiu-se um posto de saúde.
Construíram-se novos postos de saúde.
Não se pouparam esforços para despoluir o rio.
Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.

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2) O Verbo "Ser"
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o sujeito da oração. No caso do
verbo "ser", essa concordância pode occorrer também entre o verbo e o predicativo do
sujeito.
O verbo "ser" concordará com o predicativo do sujeito:
a) Quando o sujeito for representado pelos pronomes –isto, isso, aquilo, tudo, o – e o
predicativo estiver no plural. Exemplos:
Isso são lembranças inesquecíveis.
Aquilo eram problemas gravíssimos.
O que eu admiro em você são os seus cabelos compridos.
b) Quando o sujeito estiver no singular e se referir a coisas, e o predicativo for um
substantivo no plural.
Exemplos:
Nosso piquenique foram só guloseimas.
Sujeito Predicativo do Sujeito

Sua rotina eram só alegrias.


Sujeito Predicativo do Sujeito

Se o sujeito indicar pessoa, o verbo concorda com esse sujeito. Por exemplo:
Gustavo era só decepções.
Minhas alegrias é esta criança.
Obs.: admite-se a concordância no singular quando se deseja fazer prevalecer um
elemento sobre o outro. Por exemplo:
A vida é ilusões.
c) Quando o sujeito for pronome interrogativo que ou quem. Por exemplo:
Que são esses papéis?
Quem são aquelas crianças?
d) Como impessoal na indicação de horas, dias e distâncias, o verbo ser concorda com
o numeral.
Exemplos:
É uma hora.

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São três da manhâ.


Eram 25 de Julho quando partimos.
Daqui até a padaria são dois quarteirões.
Saiba que:
Na indicação de dia, o verbo ser admite as seguintes concordâncias:
1) No singular: Concorda com a palavra explicita dia.
Por exemplo: Hoje é dia quatro de Março.
2) No plural: Concorda com o numeral, sem a palavra explicita dia.
Por exemplo: Hoje são quatro de Março.
3) No singular: Concorda com a ideia implicita de dia.
Por exemplo: Hoje é quatro de Março.

e) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade, e for seguido de palavras ou


expressõs como pouco, muito, menos de, mais de, etc, o verbo ser fica no singular.
Exemplos:
Cinco quilos de açucar é mais do que preciso.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim.
f) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) for pronome pessoal do caso recto,
com este concordará o verbo.
Por exemplo: No meu sector, eu sou a única mulher.
Aqui os adultos somos nós.
Obs.: sendo ambos os termos (sujeito e predicado) representados por pronomes
pessoais, o verbo concorda com o pronome sujeito.
Por exemplo:
Eu não sou ela.
Ela não é eu.
g) Quando o sujeito for uma expressão de sentido partitivo ou colectivo e o predicativo
estiver no plural, o verbo ser concordará com o predicativo.
Por exemplo:
A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.

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3) O Verbo "Parecer"
O verbo parecer, quando seguido de infinitivo, admite duas concordâncias:
a) Ocorre variação do verbo parecer e não se flexiona o infinitivo.
Por exemplo:
Alguns colegas pareciam chorar naquele momento.
b) A variação do verbo parecer não ocorre, o infinitivo sofre flexão.
Por exemplo:
Alguns colegas parecia chorarem naquele momento.
Obs.: a primeira construção é considerada corrente, enquanto a seguda , literária.
Atenção:
Com orações desenvolvidas, o verbo parecer fica no singular.
Por exemplo:
As paredes parece que têm ouvidos (Parece que nas paredes têm ouvidos).
4) A Expressão "Haja Vista"
A expressão haja vista admite as seguintes construções:
a) A expressão fica invariável (seguida ou não de preposição).
Por exemplo:
Haja vista as lições dadas por ele. (= por exemplo)
Haja vista aos factos explicados por esta teoria. (= atente-se)
b) O verbo haver pode variar (desde que não seguido de preposição), considerando-se
o termo seguinte como sujeito.
Por exemplo:
Hajam vista os exemplos de sua dedicação. (= vejam-se)
CONCORDÂNCIA NOMINAL
A concordância nominal se baseia na relação entre um substantivo (ou pronome, ou
numeral substantivo) e as palavras que a ele se ligam para caracterizá-lo (artigos,
adjectivos, pronomes adjectivos, numerais adjectivos e particípios). Basicamente, ocupa-
se da relação entre nomes.
Lembre-se: normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um termo
da oração, e o adjectivo, como adjunto adnominal.

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A concordância do adjectivo ocorre de acordo com as seguintes regras gerais:


1) O adjectivo concorda em género e número quando se refere a um único substantivo.
Por exemplo:
As mãos trémulas denunciavam o que sentia.
2) Quando o adjectivo se refere a vários substantivos, a concordância pode variar.
Podemos sistematizar essa flexão nos seguintes casos:
a) Adjectivo anteposto aos substantivos:
- O adjectivo concorda em género e número com o substantivo mais próximo.
Por exemplo:
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjectivo deve sempre
concordar no plural.
Por exemplo:
As adoráveis Fernanda e Claúdia vieram me visitar.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
b) Adjectivo posposto aos substantivos:
- O adjectivo concorda com o substantivo mais próximo ou com todos eles (assumindo
forma masculino plural se houver substantivo feminino e masculino).
Exemplos:
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
Obs.: os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, pois indicam que o adjectivo
efectivamente se refere aos dois substantivos.
Nesses casos, o adjectivo foi flexionado no plural masculino, que é o género
predominante quando há substantivos de géneros diferentes.

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- Se os substantivos possuírem o mesmo género, o adjectivo fica no singular ou plural.


Exemplos:
A beleza e a inteligência feminina(s)
O carro e o iate novo(s).
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjectivo:
a) O adjectivo fica no singular, se o substantivo não for acompanhado de nenhum
modificador.
Por exemplo:
Água é bom para saúde.
b) O adjectivo concorda com o substantivo, se este for modificado por um artigo ou
qualquer outro determinativo.
Por exemplo:
Esta água é boa para saúde.
4) O adjectivo concorda em género e número com os pronomes pessoais a que se refere.
Por exemplo:
Juliana as viu ontem muito felizes.
5) Nas expressões formadas por pronome indefinido neutro (nada, algo, muito, tanto,
etc.) + preposição DE + adjectivo, este último geralmente é usado no masculino singular.
Por exemplo:
Os jovens tinham algo de misterioso.
6) A palavra "SÓ" , quando equivale a "SOZINHO", tem função adjectiva e concorda
normalmente com o nome a que se refere.
Por exemplo:
Cristina saiu só.
Cristina e Débora saíram sós.
Obs.: quando a palavra "só" equivale a "somente" ou "apenas", tem função adverbial,
ficando, portanto, invariável.
Por exemplo:
Eles só desejam ganhar presentes.

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7) Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais adjectivos no singular,


podem ser usadas as construções:
a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o artigo antes do adjectivo:
Por exemplo:
Admiro a cultura espanhola e a portuguesa.
b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do adjectivo.
Por exemplo:
Admiro as culturas espanhola e portuguesa.
Obs.: veja esta construção:
Estudo a cultura espanhola e portuguesa.
Note que ela provoca incerteza: trata-se de duas culturas distintas ou de uma única,
hispano-portuguesa? Procure evitar construções desse tipo.
CASOS PARTICULARES
É proibido – É necessário – É bom – É preciso – É permitido

a) Essas expressões, formadas por um verbo mais um adjectivo, ficam invariáveis se o


substantivo a que se referem possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
Exemplos:
É proibido entrada de crianças.
Em certos momentos, é necessário atenção.
No verão, melancia é bom.
Não é permitido saída pelas portas laterais.
b) Quando o sujeito dessas expressões estiver determinado por artigos, pronomes ou
adjectivos, tanto o verbo como o adjectivo concordam com ele.
Exemplos:
É proibida a entrada de crianças.
Esta salada é optima.
A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação.
Anexo – Obrigado – Mesmo – Próprio – Incluso – Quite

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ISPN, 2024.

Essas palavras adjectivas concordam em género e número com o substantivo ou


pronome a que se referem. Observe:
Seguem anexas as documentações requeridas.
A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Muito obrigadas, disseram as senhoras, nós mesmas faremos isso.
Já lhe paguei o que estava devendo: estamos quites.
Bastante – Caro – Barato - Longe

Essas palavras são invariáveis quando funcionam como advérbios. Concordam com o
nome a que se referem quando funcionam como adjectivos, pronomes adjectivos, ou
numerais.
Exemplos:
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pronome adjectivo)
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
As casas estão caras. (adjectivo)
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjectivo)
"Vais ficando longe de mim como o sono, nas alvoradas". (Cecília Meireles) (advérbio)
"Levai-me a esses longes verdes, cavalos de vento!" (Cecília Meireles) (adjectivo)
Meio - Meia

a) A palavra "meio", quando empregada como adjectivo, concorda normalmente com o


nome a que se refere.
Por exemplo:
Pedi meia cerveja e meia porção de polentas.
b) Quando empregada como advérbio (modificando um adjectivo) permanece invariável.
Por exemplo:
A noiva está meio nervosa.

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Alerta - Menos

Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem sempre invariáveis.


Por exemplo:
Os escuteiros estão sempre alerta.
Carolina tem menos bonecas que sua amiga.

Bibliografia
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Cunha, C., & Cintra, L. (2014). Nova gramática do português contemporâneo (21ª ed.). Porto:
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Florido, M. B., & Silva, M. E. (1986). Análise de Comunicação - Estilistica e Análise textual-
Elementos de História da Língua . Porto Editora, LDA.
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Miguel, M. H. (2007). Língua Portuguesa 1: funcionamento da língua. Luanda: Editorial Nzila.
Moura, J. d. (2011). Gramática do Português Actual. Lisboa: Lisboa Editora.
Nascimento, Z., & Pinto, J. M. (2006). Dinâmica da Escrita: como escrever com êxito. Lisboa:
Plátona Editora.
Paz, O., & Moniz, A. (2004). Dionário breve de termos literários (2ª edição ed.). Lisboa: Editorial
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comunicativa nos alunos da 10ª classe do IMA do Huambo. Huambo: ISCED-Hbo.
Sardinha, L., & Ramos, L. V. (2011). O Texto Normativo. Porto: Didáctica editora.

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