R.schirmer - Contrato de Casamento Serie Walsh 1

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Contrato de Casamento

R. Schirmer
Direitos autorais do texto original
2019 Roberta Schirmer
Todos os direitos reservados
2 edição
Índice
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Epílogo
Capítulo 1

Os olhos castanhos miravam em total confusão.


- Um contrato?
- Isso mesmo, Diana. – ele confirmou sem nenhuma emoção
transparecendo de seus olhos amendoados – Estou pedindo para que se case
comigo.
- Através de um contrato de casamento, não por sentimentos. –
ainda o olhava confusa – Por quê?
- Porque eu tenho o que você quer.
- E o que seria?
- Dinheiro. – foi até a mesinha no canto de seu escritório e encheu
novamente o seu copo com uísque – Muito dinheiro, Diana. Mais do que
pode imaginar. – virou para ela e bebeu um gole.
- E por que me escolheu em vez de escolher outra mulher?
- Porque se o contrato for quebrado, eu não terei nenhum prejuízo.
- Como assim?
- Terei como garantia a empresa do seu pai. É esse o grande motivo
de te fazer pensar se vale a pena ou não assinar o contrato comigo. Posso
salvar sua família da falência iminente, Diana. Em troca disso, só preciso que
seja minha esposa. Já estou com vinte e oito anos, preciso me casar para ter
uma boa imagem no mundo dos negócios, ser bem sucedido financeiramente
já não é mais o suficiente à essa altura. – deu dois passos em direção à ela
olhando-a fixamente – Preciso de uma dama ao meu lado e você sempre foi
educada nos melhores colégios, tem um nome de peso na alta sociedade. Em
resumo, é uma esposa ideal.
- E se eu cumprir o contrato, o que eu ganho?
- A empresa do seu pai livre da falência e poderá continuar
usufruindo de todo o conforto que sempre gostou.
- Eu vou precisar ler o contrato com calma. – disse pensando que
aquela proposta poderia ser bastante vantajosa.
- Terá até um mês para pensar e ler o contrato. Nada mais do que
isso, tenho pressa para me casar, Diana. – aproximou-se da mesa de carvalho
e abriu uma gaveta tirando de lá um envelope – Foi redigido pelo meu
advogado, Sr. Simmons. – esticou a mão oferecendo à ela – Contrate um
advogado, ele irá lhe ajudar.
- Sabe que não tenho dinheiro para isso, Anthony. – pegou o
envelope das mãos dele.
- Apenas contrate, eu cuido das despesas. – deu a volta na mesa e
foi até a porta – Diga para ele me ligar, você tem o meu cartão. Eu resolvo
com ele o pagamento pelos serviços. Caso não concorde com algo, nos
reuniremos para chegar a um acordo. – olhou-a nos olhos antes de abrir a
porta – Sei que fará a coisa certa.
Capítulo 2

O barulho de chuva lá fora a deixava ainda mais preguiçosa, mas


tinha um envelope em mãos que merecia sua atenção e não poderia ignorá-lo.
A verdade é que a proposta de Anthony lhe era tentadora sendo analisada por
alto. Sempre gostou de conforto, sempre gostou do fato de gastar dinheiro
com roupas, jóias, sapatos e viagens. Quando descobriu que seu pai estava à
beira da falência e que não havia mais nenhuma chance de salvar a empresa,
seu mundo caiu. Pensou que a única forma de manter a vida de antes seria se
casando com um homem rico, porém a maior probabilidade de isso acontecer
seria com um homem com idade para ser seu avô e a ideia não lhe agradava.
Entretanto, Anthony Walsh de repente aparecera lhe fazendo uma proposta
que parecia impossível recusar: milionário, bonito e inegavelmente sexy, lhe
proporcionava sua salvação financeira em troca de uma companheira estável
para aumentar ainda mais seus negócios.
Preparou um chocolate quente e se sentou no sofá da sala de estar
tomando coragem para ler o contrato. Havia ligado para o antigo advogado da
família, Sr. Friedrich, e ficou combinado de que ele iria até seu apartamento
na segunda-feira, então aproveitou o sábado para ler o contrato e tirar suas
dúvidas na reunião. Retirou com cuidado os papéis do envelope e seu coração
começara a bater mais acelerado, não entendia muito bem o motivo de estar
tão apreensiva, mas algo em seu interior lhe avisava que nem tudo poderia ser
tão simples como estava pensando.

CONTRATO PARTICULAR DE UNIÃO ESTÁVEL

Esse Contrato Particular de União Estável é efetuado entre


Anthony Franklin Walsh, residido em 432 Park Avenue, Manhattan, em Nova
York, Estados Unidos e Diana Victoria Stewart, nascida em 04/12/1989,
residida em 302 9th Avenue, Manhattan, em Nova York, Estados Unidos.
Diana Victoria Stewart, norte-americana, nascida em 04/12/1989,
solteira, portadora do Real ID nr. 734-86-5514, pelo Departamento de
Segurança da Pátria.
Por este instrumento particular de Contrato de União Estável de
convivência duradoura, pública e contínua, em sintonia com o Código Civil
de 2002 e com fundamento na Lei nr. 9.278/96, que diz: “É reconhecida
como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um
homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família”,
entre os Conviventes, acima qualificados, fica estabelecido:

Cláusula Primeira: Que os Conviventes, a partir desta data,


passam a viver como marido e mulher, sob o mesmo teto, à 432 Park Avenue,
Manhattan, em Nova York, Estados Unidos, sem filhos do atual
relacionamento.
Cláusula segunda – Que durante o tempo de vigência da
convivência, ambos os Conviventes deverão a observância de todos os
afazeres e cuidados exigidos para uma sólida e harmônica convivência.
Sendo o Varão a dar a palavra final sobre os afazeres e deveres da Varoa,
tendo este a total liberdade para tomar suas próprias atitudes.
Cláusula terceira – Que os Conviventes manterão conjuntamente a
administração do lar comum, com os encargos financeiros sendo de
responsabilidade do Varão, considerada a situação econômico-financeira
individual de cada um, sempre consensualmente mensurados e avaliadas à
época.
Cláusula quarta – Que o Varão tem atividades econômicas
próprias, com renda satisfatória, e não depende econômico-financeiramente
da Varoa, sendo esta dependente econômico-financeira do Varão.
Cláusula quinta – Que o regime de bens adotado é o da separação
total de bens, ou seja, todos e quaisquer bens móveis ou imóveis, direitos e
rendimentos, adquiridos pelo Varão antes ou durante a vigência do presente
contrato pertencerão a este, não se comunicando com os bens da outra parte.
Cláusula sexta – Que os saldos bancários, as aplicações
financeiras e os créditos e débitos de qualquer natureza, presente e futuros
do Varão, também não se comunicarão em nenhuma hipótese, ficando a
critério deste, no período de vigência desde contrato a responsabilidade de
movimentação e administração de seus respectivos negócios financeiros da
Varoa, tornando-se o proprietário legal.
Cláusula sétima – Que, na hipótese da aquisição de qualquer bem
móvel ou imóvel, para o qual ambos os Conviventes hajam contribuído
financeiramente, constará do documento respectivo, escritura ou promessa
de compra e venda, o percentual de participação e propriedade de cada um.
Tratando-se de bem móvel, em que não haja possibilidade de constar a
proporção da participação de cada um, os Conviventes o estabelecerão em
documento à parte para que seja registrado e arquivado no Cartório de
Registro de Títulos e Documentos desta Comarca.
Cláusula oitava – Para o caso da Varoa reincidir ao presente
contrato, seus bens automaticamente passarão a ser propriedade de Varão,
ficando a critério deste a decisão de aceitação dos mesmos, podendo decidir
de acordo com sua conveniência. Também fica decidido que o Varão ficará
livre de qualquer responsabilidade econômico-financeira em relação à
Varoa.
Cláusula nona – Em caso de gravidez da Varoa ser confirmada, o
Varão tem total liberdade para reincidir o contrato em qualquer momento,
liberado de maiores responsabilidades econômico-financeiras em relação à
Varoa, apenas com o filho sendo confirmada sua paternidade.
Cláusula dez – Que o presente contrato vigerá por dois anos a
partir de sua data inicial, salvo a hipótese de aditamento ou alteração de
suas cláusulas mediante instrumento escrito e, com total consentimento do
Varão, tendo a Varoa nenhum tipo de autoridade para decidir se o prazo
deve ou não ser prorrogado ou reduzido.
Cláusula onze – Que as causas de extinção do presente contrato
podem ser: por resolução involuntária (força maior ou caso fortuito); por
rescisão do Varão; e, finalmente, pela cessação (no caso de morte de uma
das partes ou de ambas).
Cláusula doze – Que eventuais alterações do presente instrumento,
depois de formalizadas e reconhecidas às firmas dos signatários, deverão ser
registradas e arquivadas no Cartório de Títulos e Documentos desta
Comarca.
Cláusula treze – Que eventual modificação ou revogação das leis
que regem a matéria, ora vigentes, não alterarão os efeitos e objetivos da
presente avença e manifestação de vontade dos Conviventes.
Cláusula quatorze – Que no momento do final do período de
vigência do contrato, se a Varoa cumprir cada uma das cláusulas
estabelecidas, o Varão se encarregará de devolver automaticamente os bens
que antes do contrato pertenciam à Varoa, salvos de qualquer problema
financeiro ou de outro aspecto.
Para dirimir eventuais dúvidas originárias da interpretação do
presente instrumento, se necessário, nomeiam os contratantes Conviventes o
foro da comarca de Nova York, Estados Unidos, renunciando a qualquer
outro por mais privilegiado que seja.
Por se acharem assim, justos e contratados, assinam o presente
contrato em duas vias de igual teor e forma, para um só fim de direito, na
presença das testemunhas abaixo, a que tudo assistiram.

Manhattan, Nova York, 28 de agosto de 2015.

Diana releu duas vezes o contrato até ter certeza de onde estava se
metendo. Muitas coisas pareciam fazer sentido, mas era preocupante o fato de
que se desistisse do casamento antes dos dois anos estipulados, além de
deixar de depender financeiramente de Anthony, também perderia a empresa
da família que estaria sendo salva da falência, passando a pertencer a ele. Em
resumo, se desistisse do contrato, não teria nenhum apoio financeiro.
Suspirou e recostou-se no sofá sabendo que não tinha saída. No momento
Anthony era sua única esperança de salvar a família daquela situação.
Levantou-se e foi para o quarto tendo a consciência de que o
duplex que estava morando estava prestes a ser vendido para que o pai de
Diana tivesse algum dinheiro para se manter. Estava morando ali desde que
completara dezoito anos e era doloroso saber que aquilo já não seria mais
seu. Gostava de morar sozinha, gostava daquele silêncio e era ótimo para
fazer uma reunião com as amigas nos finais de semana. O que faria estando
casada com Anthony? Teria liberdade para encontrar as amigas? Como
viveriam juntos se mal se conheciam? Até que nível seriam marido e mulher?
Eram tantas dúvidas que só ele poderia lhe esclarecer.
Sentada na cama ela mirava o closet calada se lembrando da
quantidade de vestidos de estilistas famosos que estavam guardados lá dentro.
Usara apenas uma única vez, mas no mundo onde vivia, uma mulher jamais
poderia aparecer em um evento com um vestido que já fora usado em outra
ocasião. A 5th Avenue, a rua mais famosa e mais cara de Nova York era o
lugar que conhecia como a palma de sua mão, afinal, passava horas ali
procurando roupas, sapatos e jóias, porém essa rotina já não lhe pertencia
mais, somente se casando com Anthony voltaria a ter a oportunidade de
comprar roupas dos estilistas mais renomados do mundo. Era um beco sem
saída, precisava conversar com o advogado para entender com mais clareza
todo aquele contrato.

A segunda-feira começara chuvosa, mas por sorte Diana não


precisaria sair para encontrar o antigo advogado de sua família, Sr. Friedrich
iria até seu duplex esclarecer melhor o contrato e lhe explicar quais suas
vantagens. Este havia recebido uma cópia e tivera tempo para analisar cada
uma das cláusulas. O senhor de meia idade chegou já abrindo sua pasta
mostrando que não gostava de perder tempo e Diana já conhecia seu jeito.

- Bom dia, senhorita. – cumprimentou-a colocando a pasta sobre a


mesa do escritório e abrindo-a retirando o contrato.
- Bom dia, Sr. Friedrich.
- Analisei o contrato e estou pronto para esclarecer qualquer dúvida
que tenha. – disse se sentando em uma cadeira de frente para a mesa dela.
- Aceita beber algo antes? – ofereceu com educação.
- Não, obrigada. – agradeceu educado.
- Bem, então minha dúvida é saber quais são minhas vantagens
nesse contrato.
- Srta. Stewart, suas vantagens basicamente são ter a empresa da
sua família livre da falência logo após o fim do contrato e o fato de viver de
maneira bastante confortável durante o período de vigência dele, já que o Sr.
Walsh se encarregará de todo o lado financeiro. – explicou.
- E as desvantagens?
- O Sr. Walsh é o único que tem o poder de alterar o contrato. Caso
você sinta necessidade disso, terá que informá-lo e dependerá da aceitação
dele ou não. A senhorita viverá por dois anos ou mais caso ele decida por
prorrogar o prazo e terá de aceitar as exigências que ele achar necessárias.
- Não me parece muito justo. – mordeu o lábio bastante indecisa –
Não há nenhuma brecha nesse contrato?
- Não, o advogado do Sr. Walsh tomou esse cuidado e deixou tudo
muito bem especificado. – colocou o contrato sobre a mesa.
- Então agora cabe a mim decidir ou não. – suspirou – Sr. Friedrich,
pode marcar uma reunião com o Sr. Walsh e o advogado dele com a maior
urgência possível?
- Claro que sim. – levantou-se – Vou providenciar e assim que tiver
uma resposta entro em contato com a senhorita.
A hora mais difícil de todas havia chegado. Com tudo esclarecido
sobre as cláusulas do contrato, era o momento de decidir o que lhe era mais
vantajoso. Deveria viver dois anos com Anthony se submetendo às suas
vontades em troca da salvação de sua família?
Capítulo 3

O prédio alto e imponente no centro de Manhattan era o reflexo do


poder de Anthony Walsh. Um empresário jovem, solteiro e bastante atraente
estava em busca de uma esposa para um contrato de casamento e aquilo
soava extremamente estranho para Diana, afinal, ele poderia ter a mulher que
quisesse sem precisar comprá-la. Foi direto para o elevador tentando não se
distrair olhando a decoração do enorme edifício empresarial. Anthony
trabalhava no décimo segundo andar e enquanto estava dentro do elevador,
Diana se olhou no grande espelho para conferir a maquiagem e ajeitar o
cabelo. Assim que a porta abriu, a primeira coisa que viu foi uma jovem loira
sentada de frente para um computador usando um coque muito bem feito e
roupas nas cores vinho muito discretas. Aproximou-se e fez com que a jovem
voltasse sua atenção para ela olhando-a muito curiosa por trás dos óculos de
grau.

- Bom dia. – Diana cumprimentou-a educadamente.


- Bom dia.
- Eu tenho uma reunião marcada com o Sr. Walsh às dez horas.
- Nome, por favor. – disse enquanto voltava sua atenção para a tela
do computador buscando na agenda todos os compromissos de Anthony.
- Diana Victoria Stewart.
- Está aqui. – olhou-a novamente – O Sr. Walsh havia dito que
poderia entrar assim que chegasse. – levantou-se – Me acompanhe.

A jovem saiu em direção a um corredor batendo os saltos no piso


de madeira sendo seguida por Diana. A loira bateu na porta e a voz de
Anthony foi ouvida do outro lado dando permissão para que fosse aberta. A
sala era ampla, porém com cores discretas. As enormes janelas de vidro
clareavam o ambiente, mas podia se ver a película que impedia que o que se
passava do lado de dentro fosse visto pelo lado de fora. Havia um cinzeiro
sobre a mesa, um cigarro apagado e ela se perguntou se Anthony fumava.
Não conhecia nem um pouco o homem com o qual poderia se casar.
- A Srta. Stewart chegou. – avisou a loira dando passagem para que
ela pudesse entrar.
- Obrigado, Gabriela. – Anthony disse sentado em sua cadeira de
presidente atrás da larga mesa de vidro.

A loira assentiu e fechou a porta assim que Diana entrou. Anthony


se levantou e de repente, o amplo escritório pareceu diminuir diante do poder
que ele exercia com seu porte másculo. Estava usando um terno escuro da cor
grafite, uma camisa branca e uma gravata em tons de vermelho. Os olhos dele
a analisaram sem a menor descrição e Diana podia sentir o peso daquele olhar
queimando sua pele, mas não se moveu e nem se mostrou desconcertada.
Estaria Anthony analisando o que pretendia ganhar caso o contrato fosse
assinado?

- Veio de branco para se acostumar ao vestido de noiva? – ele


perguntou lhe dando uma última olhada antes de pegar um copo de uísque.

Quando escolhera o vestido branco de renda não imaginou que


Anthony faria algum tipo de comparação com um vestido de noiva. Decidira
vesti-lo porque era bastante confortável e adequado para a ocasião. Tinha o
comprimento perfeito e não era decotado.

- O que o faz pensar que vou assinar o contrato? – perguntou


curiosa para saber por que Anthony se mostrava tão confiante.
- Porque sabe que é a única forma de salvar a sua família nesse
momento. – respondeu enchendo o copo devagar – Aceita uma bebida?
- Não, obrigada. – foi até a cadeira em frente à mesa dele e se
acomodou – Onde estão os advogados?
- Eles chegarão às onze. – caminhou de volta para a cadeira onde
estava sentado.
- Por que me chamou para vir às dez?
- Porque precisamos deixar claro muitas coisas antes de passarmos
para as formalidades. – acomodou-se e bebeu um gole de seu uísque –
Precisamos definir as regras desse casamento.
- O que tem em mente, Sr. Walsh?
- Acho que sabe tudo sobre o contrato, certo? – ajeitou-se na
cadeira e apoiou os braços na mesa inclinando-se um pouco para frente –
Quando digo que quero me casar com você, digo que vamos viver uma vida
de marido e mulher. Isso inclui sexo.
- Sexo? – espantou-se um pouco – Eu achei que deveríamos bancar
o casal apenas na frente de outras pessoas.
- Não, Diana. – negou com a cabeça – Eu não vou gastar uma
fortuna enquanto você dorme em um quarto separado. Até porque meus
empregados achariam estranho. Seria desperdício não aproveitar esse
casamento. – sorriu de canto.
- Está querendo dizer que vamos transar? – arregalou os olhos.
- Exato. – respondeu com os olhos fixos nos dela – Não será
nenhum sacrifício, eu garanto.
- Anthony, isso é loucura!
- Loucura é desperdiçarmos a oportunidade. – levantou-se devagar
caminhando até a janela onde ficou de costas para Diana – É essa minha
proposta. Eu cuido das questões financeiras e você apenas terá o trabalho de
bancar a esposa em todos os sentidos. – virou-se para ela – É pegar ou largar.
- Além do sexo, quais as minhas outras obrigações como sua
esposa?
- Ser fiel, obviamente. – levantou as sobrancelhas levemente –
Participar de festas, reuniões, leilões e qualquer tipo de evento social que eu
seja convidado. Além, é claro, de sorrir e mostrar-se completamente
apaixonada por mim, como um casal perfeito. – aproximou-se da mesa e
pegou seu copo de uísque – É essa a proposta, Diana. Eu vou lhe dar todo o
conforto que quiser, roupas, jóias, sapatos, o que quiser comprar. Além da
empresa do seu pai que eu vou sanar todas as dívidas. Em troca você vai
bancar a esposa apaixonada. Simples.
- Não parece tão simples. São dois anos convivendo como marido e
mulher para depois fingirmos que nada aconteceu.
- São negócios, Diana. Não um casamento de verdade.

Aquela era a maior loucura da sua vida, porém qual era a melhor
solução? Aceitar Anthony como marido, ou aceitar a iminente falência de sua
família? Suspirou e se deu por vencida. Talvez fosse melhor arriscar, dois
anos não demorariam a passar e ela sairia ilesa daquela estranha relação.

- Eu assino o contrato. – olhou-o decidida sabendo que aquele era o


maior passo que já dera em sua vida.
- Perfeito. – sorriu vitorioso – Taylor já está chegando com a
papelada.

Logo após alguns minutos dos quais ambos passaram acertando os


detalhes daquele casamento, Taylor Simmons chegou ao escritório
carregando sua mala e providenciando o contrato para ser assinado. Anthony
confiava em seu advogado para qualquer tipo de assunto, eram amigos desde
os tempos de faculdade quando cursaram direito, porém Anthony abandonara
o curso pela metade quando precisou tomar a frente da empresa da família.
Sr. Friedrich chegou logo depois e junto com seus advogados, Anthony e
Diana assinaram o contrato que manteria ambos ligados por deveres a serem
cumpridos durante o tempo estipulado. Agora ela era oficialmente noiva de
um dos homens mais poderosos dos Estados Unidos. Aquilo seria animador,
afinal, não podia negar que sua intenção sempre fora se casar com um
homem da alta sociedade, porém nunca pensara que aconteceria daquela
maneira. Os advogados saíram do escritório deixando Diana e Anthony
sozinhos novamente e ela se levantou pronta para sair.

- A festa de noivado será daqui a um mês. – ele disse levantando-se


e dando a volta na mesa.
- Não acha que será estranho de repente aparecermos noivos?
- Daremos a desculpa de que preferimos manter nossa relação em
segredo. Não queríamos aparecer nas colunas sociais, não queríamos
ninguém comentando sobre nosso namoro, mas agora que realmente
decidimos nos casar, estamos assumindo nossa relação.
- Acha que vão acreditar?
- Claro! – respondeu com segurança – Conheço diversos casais que
fizeram isso. Aposto que você também conhece.
- Tem razão. – pegou a bolsa sobre a mesa e colocou-a no ombro –
Preciso treinar minha cara de apaixonada.
- Sei que vai conseguir. – deu alguns passos até ficar mais próximo
à ela – Vou te levar até a casa dos meus pais no próximo final de semana.
- Céus, eu me esqueci de todas essas formalidades! – colocou uma
das mãos sobre a testa – Vou precisar fingir para eles também?
- Sim. – assentiu – A única que sabe do nosso contrato é minha
irmã.
- Preciso me preparar para isso.
- Você ainda tem alguns dias para fingir que está apaixonada, por
hora precisamos resolver outra coisa.

Anthony colou os lábios aos dela fazendo pressão para que Diana
abrisse a boca e deixasse que ele a explorasse. Os braços musculosos
envolveram sua cintura e ela cedeu ao beijo envolvendo-o pelo pescoço e
dando passagem para a língua atrevida se entrelaçar com a sua. Anthony
tinha um beijo poderoso, quente e envolvente e por mais que não houvesse
sentimento entre os dois, seus lábios pareciam se encaixar perfeitamente.
Diana segurou-lhe os cabelos enquanto as mãos dele passeavam por suas
costas apertando-se contra si. Havia química entre os dois e ela podia sentir
seu corpo se aquecer sentindo os seios serem pressionados contra o corpo
rígido dele. Não podia negar que o beijo de Anthony era maravilhoso e talvez
aquele casamento não parecesse tão difícil, afinal, se com aquele toque era
capaz de sentir o corpo se arrepiar, o sexo deveria ser incrível. Por que não
aproveitar o lado bom daquele contrato? Seu futuro marido era poderoso,
sexy e incrivelmente bonito. Ele a soltou após lhe morder os lábios e se
afastou de Diana que sentia as pernas bambas. Ambos estavam ofegantes e
Anthony a olhava com intensidade.

- Sem dúvida nenhuma serão dois anos inesquecíveis, Diana. –


disse com a voz ainda mais rouca – Isso é só o começo do que faremos
juntos.

Ela não respondeu, seu coração ainda estava acelerado e seu corpo
estava surpreendentemente quente. Nenhum homem provocara nela aquela
sensação com apenas um beijo, então preferiu sair rapidamente daquele
escritório antes que se jogasse nos braços dele novamente. Assim que passou
pela porta, Gabriela a olhou com curiosidade e Diana caminhou a passos
largos até o elevador torcendo para que este chegasse rapidamente e ela
pudesse ver sua aparência pelo espelho. Assim que entrou, notou que seus
lábios já não conservavam a cor do batom e estavam um pouco
avermelhados, o que sem dúvida chamou a atenção da secretária. Deveria se
acostumar com aquilo, afinal, seria a futura Sra. Walsh, mesmo que com
prazo de validade.
Recostou a cabeça na parede do elevador e fechou os olhos
enquanto era levada até o térreo. Seu corpo respondera tão bem o beijo de
Anthony que ficou imaginando como seria quando ambos finalmente
transassem. Não havia amor entre os dois, mas naquela manhã ficou provado
que ambos tinham química juntos. Pelo menos não precisaria fingir que se
sentia atraída, muito pelo contrário, estava totalmente envolvia pelo poder
sexual que Anthony exercera sobre ela.

- Certo, Diana. – disse para si mesma abrindo os olhos devagar –


Desfrute da parte boa desse casamento. Banque a boa esposa e após dois anos
sua vida voltará ao normal. – era naquilo que iria acreditar dali em diante.

As portas se abriram e ela foi direto para a garagem onde pegaria


seu carro e voltaria ao apartamento para esperar o grande dia de conhecer a
família Walsh. Seu primeiro compromisso como noiva oficial de Anthony e
seu primeiro teste para saber se conseguiria fingir que toda aquela relação era
verdadeira. Seria capaz de enganar a todos sem por em dúvida a veracidade
daquele noivado?

Durante o resto da semana, Diana só conseguia pensar no


casamento, na festa de noivado e no almoço que teria na casa dos pais de
Anthony. Na quarta-feira à noite ele a levou para jantar como um verdadeiro
casal apaixonado. Foram a um ótimo restaurante na ilha de Manhattan e
desfrutaram da comida enquanto conversavam um pouco sobre o que ele
fazia na empresa e como pretendia salvar a empresa do pai dela. Anthony se
mostrou todo o tempo educado como se falasse com algum sócio, sem
mostrar nenhum tipo de afeto. Algumas vezes lhe acariciava a mão como
demonstração de carinho em público. Na primeira vez fora um pouco
desconfortável, não sabia como agir com aquela atitude tão repentina, mas
depois se dar conta de que aquele tipo de intimidade era necessário e que
Anthony não dispensaria, relaxou um pouco mais e forçou seu melhor sorriso
para ser convincente. Conhecê-lo de maneira mais íntima nunca havia lhe
passado pela cabeça. Vira Anthony pessoalmente duas vezes em eventos
sociais que haviam sido convidados, mas nunca trocara nenhuma palavra com
ele, mas na alta sociedade, todos conheciam suas histórias, mesmo sem um
contato direto.
Diana levantara cedo naquele sábado para poder se arrumar com
calma e decidir como se vestir para ir à casa dos pais de Anthony. Lembrou
que para ele não houvera nenhum tipo de cerimônia para falar com seu pai,
apenas marcaram um reunião e ficou acertada a oficialização do casamento.
Fernando Stewart sabia que a filha estava se casando para salvar a empresa
do pai e se sentia um pouco culpado, mas Diana fizera questão de mostrar
que já era maior de idade e sabia o que estava fazendo. Anthony era um
homem rico e milionário, casar-se com ele não seria um sacrifício tão grande
e dois anos passariam rapidamente. Ao final do contrato, estaria livre
novamente para fazer o que sentia vontade. Por hora, precisava decidir que
roupa vestir para fingir ser uma noiva apaixonada.
Abriu o closet e retirou diversas peças de roupas até se decidir por
um vestido azul royal transpassado até a altura dos joelhos. Amarrou o nó
lateral de frente para o espelho e se maquiou colocando os sapatos de salto
por último. Eram da cor nude com salto branco e a bolsa era discreta
combinando com os sapatos. Ficou satisfeita com o look que escolhera e sem
dúvida passaria uma boa impressão para a família Walsh. Pontualmente às
onze da manhã a campainha de seu apartamento soava indicando que poderia
ser Anthony. Olhou pelo olho mágico e respirou fundo ajeitando o vestido
uma última vez antes de abrir a porta.

- Oi, bom dia. - cumprimentou-o.

Anthony não fez menção para entrar, apenas ficou parado na soleira
da porta demonstrando que sua intenção era sair dali o mais rápido possível.

- Bom dia.

De surpresa ele a puxou pela cintura e colou os lábios com os dela


lhe dando um beijo rápido. Por que fazia aquilo? Não havia ninguém e não
precisavam fingir que eram um casal de verdade.

- Anthony, não há ninguém aqui. – disse assim que ele a soltou.


- Não importa, Diana. Vamos ser marido e mulher e nos beijaremos
quantas vezes eu achar necessárias, estando ou não sozinhos. – segurou-lhe o
queixo – E não fica restrito somente aos beijos, isso se estende a tudo.

Começou a descer as escadas devagar enquanto Diana se


recuperava. Naquela semana vinha tentando ignorar o fato de que Anthony
exigiria dela um papel de esposa que incluía sexo. Estava consciente de que
se sentia atraída por ele, nenhuma mulher em sã consciência rejeitaria aquele
homem, mas ele fazia parecer que ela deveria lhe oferecer tudo o que
quisesse na hora que sentisse vontade, que até mesmo em relação ao sexo ela
seria submissa aos desejos do marido.
Sentaram na Mercedes preta e Anthony deu partida no carro,
relaxando o corpo no encosto do banco. Estava vestido de maneira casual,
totalmente diferente de quando usava aqueles ternos feitos sob medida com
tecidos da melhor qualidade. Ele estava com uma camisa polo branca e uma
calça jeans escura. Era a primeira vez que via Anthony vestido daquela
maneira e ainda com tênis nos pés. Parecia outro homem.

- Antes que a gente chegue à casa dos meus pais, preciso relembrar
que para eles nosso relacionamento é completamente normal. Portanto
quando eu disse que te levaria para almoçar, minha mãe ficou surpresa e
perguntou quando nos conhecemos. – Anthony disse sem tirar os olhos do
trânsito.
- O que falou para ela?
- Que estávamos em um evento beneficente e eu te vi sozinha em
um canto. Logo me interessei e me aproximei. Um garçom estava passando e
eu peguei uma taça de champagne para lhe oferecer. Começamos a conversar
e no final da noite eu te convidei para jantar quando estivesse livre. Enfim,
fomos nos conhecendo e aqui estamos hoje.
- Vou me lembrar disso.

Ele virou o carro entrando em uma rua repleta de mansões e Diana


sentiu o corpo tenso. Iria conhecer os pais de seu noivo que na verdade nem
era um noivo tão convencional. Ajeitou a bolsa no colo e segurou as alças
apertando com força exagerada buscando aliviar aquela tensão. Anthony
parou o carro diante de um grande portão de ferro e esperou até que este
abrisse e guiou a Mercedes para dentro da propriedade enquanto Diana
admirava toda sua elegância.

- Seja bem-vinda, Diana. – ele disse assim que estacionou o carro


em uma garagem junto com outros três.
- Espero que dê tudo certo. – suspirou.
- Vai dar, apenas finja que morre de amores por mim. – sorriu de
maneira cínica e saiu do carro.

Anthony saiu do carro e com o cavalheirismo que devia demonstrar


em público, abriu a porta e ajudou Diana a sair. Ela tentava manter a calma,
mas conhecer os futuros sogros sempre era uma situação delicada,
principalmente naquelas circunstâncias.

- Relaxe, Diana. Você precisa parecer natural. – ele alertou-a.

Ela respirou fundo e deu o braço a ele que a conduziu até a entrada
da mansão. Tinha o terreno bem grande e a propriedade era imensa. De onde
estava podia ver uma linda fonte rodeada de flores que davam alegria ao
lugar e deixava ainda mais charmoso. Na entrada aparecera uma senhora com
um cabelo preso minuciosamente em um coque e roupas conservadoras.
Diana logo deduziu que aquela deveria ser a governanta da mansão Walsh.

- Bom dia, Sr. Walsh. – cumprimentou Anthony assim que o casal


terminou de subir os poucos degraus.
- Bom dia, Elena. – cumprimentou-a – Quero lhe apresentar minha
noiva, Diana Victoria Stewart.
- Muito prazer, Srta. Stewart. – disse esbanjando educação.
- O prazer é meu. – sorriu.
- Elena, onde está minha mãe?
- Na sala de estar, senhor.

Anthony tirou o braço de Diana do seu e abraçou-a de lado


colocando a mão em sua cintura, mantendo o corpo dela colado ao seu.
Caminharam juntos pelo grande hall bem decorado até chegarem à espaçosa
sala de estar decorada com tons claros e alguns tons de um verde mais escuro.
Diana pode ver uma mulher loira muito bem vestida e uma longa trança nos
cabelos, um senhor de cabelos grisalhos ao seu lado e no outro sofá, uma
jovem de cabelos também dourados que aparentava ser mais nova que
Anthony.

- Anthony, meu amor! – a mulher loira se levantou e pelo visto


aquela era a mãe dele – Que demora, achei que havia desistido.
- Sabe que não deixaria de vir, mãe. – ele beijou uma das faces da
senhora e olhou para a noiva – Esta é minha noiva, Diana Victoria Stewart.
- Muito prazer, querida. – apertou a mão dela – Sou Alexandra
Walsh. Fiquei tão feliz com a notícia do casamento. Meu marido havia me
dito que conhece o seu pai.
- É verdade, joguei golfe com Fernando Stewart algumas vezes e
fico feliz que meu filho esteja noivo da filha dele. – o homem se levantou e
disse enquanto se aproximava deles – Muito prazer, Diana. Eu sou Victor
Walsh.
- Muito prazer, Sr. e Sra. Walsh. – apertou a mão do pai de
Anthony também.
- Olá, Diana. – a jovem loira se a aproximou – Me chamo Rachel,
sou a irmã do Anthony. – estendeu a mão.
- Muito prazer, Rachel.

A jovem parecia muito com Alexandra, tinha os cabelos loiros e os


olhos de um azul profundo. Já Anthony puxara os olhos castanhos do pai,
eram amendoados e bastante expressivos, guardavam certo mistério toda vez
que ele a olhava profundamente. Victor serviu uma bebida enquanto as
empregadas preparavam a mesa para o almoço.

- Diana, Anthony me contou que se conheceram em uma festa. –


Alexandra disse mostrando animação, parecia realmente satisfeita com o
casamento do filho.
- Sim, foi uma surpresa para mim. Não esperava que fosse conhecer
um homem tão incrível como Anthony. Ele foi tão educado que não pude
recusar o convite para jantar. – sorriu tentando aparentar ser o mais natural
possível.
- Anthony sempre teve bom gosto. – Victor comentou sorridente.
- Eu não podia deixar passar a oportunidade de conhecer uma
mulher tão bela como Diana. – segurou a mão dela e deu um beijo calmo
sobre os dedos.
- Vai me deixar sem jeito, Anthony. – sorriu um pouco sem graça.
- Estou sendo sincero, querida. – piscou para ela e Diana achou
aquele gesto bastante sedutor.
- Sra. Walsh, o almoço está servido.

Elena anunciou e fez com que Diana se distraísse e desviasse o


olhar daquele par de olhos cor de amêndoas que a hipnotizaram por alguns
milésimos de segundos. Anthony rapidamente se levantou e deu a mão à ela
ajudando-a a se levantar e toda a família se conduziu até a sala de jantar.
Tinha uma grande mesa de vidro e todos os pratos estavam perfeitamente
dispostos junto com suas taças, talheres e guardanapos. Anthony puxou a
cadeira para a noiva e para a irmã com seu gesto tipicamente cavalheiresco e
se sentou logo à frente de Diana. Ela se sentia um pouco tensa por saber que
Rachel tinha total consciência de que tudo aquilo era uma encenação e cada
vez que aquilo vinha à sua mente se sentia mal. Estava enganando Alexandra
e Victor que pareciam ser pessoas tão legais, porém tinha que dançar
conforme a música já que aceitara aquele contrato.
Todos começaram a refeição e Alexandra começou a conversar
com Diana sobre algumas viagens que fizera e por sorte ela podia
compartilhar aquele conhecimento, pois viajara muito enquanto o pai ainda
tinha poder sobre a empresa e as coisas estavam indo bem com os negócios.
Rachel algumas vezes entrava na conversa enquanto Anthony e o pai estavam
ocupados falando sobre a empresa. Fora um almoço bastante agradável na
opinião de Diana e ela cada vez se sentia mais culpada por mentir para os
pais dele, enquanto Anthony parecia ter total controle da situação.

- Gostou da comida, Diana? – Alexandra perguntou enquanto a


sobremesa era servida.
- Estava deliciosa, Sra. Walsh. – sorriu sincera, pois adorara o filé
mignon e o delicioso molho de ervas.
- Que bom que gostou, espero que venha almoçar ou jantar aqui em
casa mais vezes.
- Vou adorar.

Ao final da sobremesa, Anthony chamou Diana para dar uma volta


pelo jardim para lhe mostrar a propriedade e poder conversar a sós com ela.
Os dois caminharam de mãos dadas para manter a pose de casal e enquanto
ele parecia impassível, Diana tentava evitar o nervosismo com aquele toque
que para ela se tornava muito íntimo diante das condições daquela relação.

- Você agiu muito bem, meus pais realmente acreditam no nosso


casamento. – ele disse se sentando com ela em um banco de madeira todo
pintado de branco.
- Foi para isso que eu assinei aquele contrato, certo? – colocou uma
mecha do cabelo atrás da orelha – Confesso que no início fiquei bem nervosa,
mas seus pais são muito legais e consegui relaxar.
- Eu não te deixo relaxada, Diana?
- Nem um pouco.
- Então talvez a gente deva praticar.

Ele a puxou pela nuca e lhe deu um beijo calmo, porém bastante
firme. Anthony tinha um beijo possessivo e surpreendentemente seus lábios
se encaixavam com perfeição enquanto ele ditava o ritmo. As línguas se
entrelaçavam e ela não resistiu à vontade de por a mão no braço musculoso e
apertou-o. Qualquer um que os visse naquele momento não teria dúvida sobre
a veracidade daquele casamento, porém apesar daquela química que
possuíam quando estavam juntos, ambos sabiam seus limites e o que
realmente sentiam. Ele mordiscou o lábio inferior dela com um pouco de
força e puxou-o afastando-se. Diana abriu os olhos sentindo o lábio latejar
com a mordida, mas aquilo não a incomodava. Ambos estavam um pouco
ofegantes e Anthony apenas se levantou mostrando que aquele beijo não o
afetava em nada.

- Preciso ir conversar com meu pai sobre alguns assuntos de


negócios. Dizem respeito à empresa do seu pai. – dissera checando as horas
no relógio – Não vai demorar muito, sinta-se livre para fazer o que quiser
desde que não saia da mansão.
- Ficarei aqui mesmo. – ajeitou-se no banco e colocou as mãos no
colo.
- Certo, eu já volto.

Saiu a passos largos em direção à entrada da mansão enquanto


tirava do bolso um maço de cigarros e Diana ficou ali sozinha organizando os
pensamentos. Anthony tinha um jeito um pouco frio, mas quando a beijava
sentia o corpo se aquecer com aquele jeito possessivo que ele tinha de ditar o
ritmo do beijo. Por mais que não houvesse nenhum tipo de sentimento entre
os dois, seu corpo respondia àquela proximidade e a cada dia imaginava
como seria quando finalmente transassem.

- Oi, Diana.

Estava tão imersa em seus pensamentos que se assustou ao ouvir a


voz da irmã de Anthony. Rachel sorriu e se aproximou dela sentando-se ao
seu lado olhando-a com os grandes olhos azuis.

- Anthony me disse que você sabe sobre ele ter me contado sobre o
contrato do casamento de vocês. – disse com a voz serena mostrando que
aquilo não parecia incomodá-la.
- Ele me contou. – olhou para um canteiro de flores – Foi difícil
tomar a decisão de aceitar e é constrangedor mentir para seus pais.
- Eu disse ao meu irmão que não concordava com o contrato, mas
ele é cabeça dura demais para ouvir qualquer pessoa. Eu gostei de você,
Diana. Gostaria que Anthony pudesse ter apresentado você como noiva da
maneira que deveria ser, e não com essas circunstâncias. Espero que sejamos
amigas. – sorriu simpática.
- Eu também espero. Obrigada pelo apoio. – sorriu de volta.
- Se me permite dizer, Diana. Eu vi seu beijo com meu irmão,
realmente qualquer pessoa que visse aquilo pensaria no quanto vocês estão
apaixonados.
- É o que tem que aparentar. – mordeu o lábio devagar – Eu só
espero que dê tudo certo, agora já não tem mais volta.
- Vai dar. – colocou a mão no ombro dela – E se precisar de uma
amiga, estarei aqui.

Rachel com muita calma se levantou e deixou Diana novamente


sozinha com seus pensamentos. Entre ela e Anthony havia química, com
certeza o beijo aparentava que poderiam realmente estar apaixonados, mas
ela sabia que aquele era um sentimento que não existia entre os dois. Ele era
um homem bonito, sem dúvida a atraía, mas terminava por aí. Anthony era
uma pessoa fria e autoritária, aquelas nunca foram características que lhe
atraíam em um homem, então o máximo que poderia acontecer seria sentir-se
sexualmente atraída por ele.
Capítulo 4

O tão esperado dia havia chegado. A mansão estava toda decorada


com flores e muito bem iluminada para a festa de noivado que Anthony fizera
tanta questão. Ela estava no quarto terminando a maquiagem e quando olhara
pela janela, viu uma imensidão de pessoas pelo jardim e se sentiu um pouco
amedrontada. Suspirou e se sentou na cama ainda usando o roupão e
aproveitou os poucos minutos que ainda tinha sozinha antes de encarar uma
longa noite ao lado de Anthony fingindo estar completamente apaixonada por
ele diante de centenas de pessoas. Estava no quarto de hóspedes para ter mais
privacidade. Havia um mês que concordara se casar com Anthony e apesar de
ele ter exigido que, apesar do casamento ser de fachada, ambos teriam
relações sexuais, aquilo ainda não havia acontecido. O que a deixava relaxada
e tensa ao mesmo tempo, já que quanto mais se estendia o tempo, mais
apreensiva ficava.
Olhou em volta tomando consciência de que em breve aquela seria
sua casa durante dois anos. Ao lado de um homem que não amava e que
também não a amava, para poder salvar a família. Lembrou que seu pai
estaria na festa e pensou no quanto deveria estar se sentindo culpado por ver
a filha passar por aquela situação, mas faria de tudo para mostrar ao pai que
estava bem daquela maneira e que Anthony seria um bom marido, apesar de
não ter tanta certeza assim. Afinal, o noivo era bastante frio e não fazia
nenhum tipo de esforço para que a relação entre eles fosse mais leve.
Por mais que quisesse ficar naquela cama descansando e tentando
esquecer por alguns minutos que tinha uma grande responsabilidade pela
frente, Diana se levantou e tirou o roupão, colocou o vestido de seda azul
turquesa de um ombro só e possuía uma longa faixa da mesma cor logo
abaixo dos seios. O modelo era drapejado na parte de cima e exibia uma
longa saia solta que ia até os tornozelos. Nos pés ela usava um belo sapato de
meia pata da cor chumbo. Olhou para a caixa de veludo sobre a cama e abriu-
a, pegando o par de brincos de diamante que ganhara de Anthony
especialmente para a ocasião, junto com o lindo bracelete. Ele tinha bom
gosto, ou a pessoa que comprara a jóia a pedido dele o tinha. Olhou mais uma
vez no espelho e conferiu os cabelos castanhos que agora caíam por suas
costas em cachos modelados.
As batidas na porta a avisaram de que estava na hora de descer e
colocar seu sorriso mais simpático no rosto até que aquela festa tivesse fim.
Aproximou-se da porta e abriu, vendo Anthony vestido com um belo smoking
sob medida, com a barba feita e os cabelos muito bem penteados arrumados
com gel. O corpo de Diana alertou-a de que aquele homem era perigosamente
sexy e que precisava senti-lo dentro de si, eliminando toda a tensão que
existia.

- Boa noite, Diana. – sorriu de canto olhando-a com aqueles


profundos olhos castanhos – Pronta?
- Sim, já podemos descer.
- Venha, há muitas pessoas loucas para nos ver juntos.
- Eu posso imaginar.

Diana deu o braço a ele e desceram como um verdadeiro casal


apaixonado. Quando chegaram à entrada da mansão, muitos convidados que
estavam ali perto voltaram sua atenção para o mais novo casal. Muitos
estavam empolgados porque acreditavam que Anthony e Diana haviam
nascido um para o outro. Muitos jornais e revistas comentavam nas colunas
sociais que ambos faziam um belo casal e que provavelmente aquele seria o
casamento mais comentado do ano. Ninguém duvidava do quanto eles
estavam apaixonados e realmente acreditavam que Anthony havia tomado a
decisão de se casar por ter se encantado com Diana Stewart, que era uma bela
jovem.

- Olá, Jones. – Anthony dissera para o homem que estava mais


próximo deles – Fico feliz que tenha vindo.
- Não deixaria de vir à sua festa de noivado. Fiquei muito satisfeito
que realmente decidiu se casar. – disse o senhor de meia idade que estava ao
lado de uma mulher que devia ser sua esposa.
- Seria loucura não me casar depois de ter encontrado Diana. –
levou a mão da noiva até os lábios e lhe deu um beijo carinhoso.
- Amor à primeira vista? – perguntou a mulher que apesar de não
ser tão nova, tinha ótima aparência.
- Podemos dizer que sim. No momento em que a vi, sabia que seria
a mulher com quem deveria me casar.
- E já planejam os filhos? – ela perguntou bastante curiosa.
- Claro, Diana sabe que quero ter uma família grande. – sorriu – Ela
também tem o mesmo desejo, não é querida?
- Sim, meu amor. – finalmente dissera alguma palavra – Por ser
filha única sempre quis ter muitos filhos quando me casasse. – explicou para
o casal – Por sorte Anthony tem o mesmo desejo.
- Temos quatro filhos, é maravilhoso! – disse a mulher sorrindo
mostrando simpatia por Diana – Curtir a gravidez é uma fase inesquecível.
- Não vejo a hora. – sorriu tentando transparecer o quanto estava
feliz.

Os minutos seguintes foram uma pequena agitação. Diana


caminhou por todo o jardim ao lado de Anthony sendo apresentada a diversas
pessoas das quais não lembrava o nome de quase ninguém. Cumprimentou
muita gente, sorriu para todas e conseguira fazer com que todos pensassem
no quanto estava apaixonada. A mão de Anthony em sua cintura parecia
queimar, ele não a soltava e estava claramente mostrando a quem ela
pertencia. Apesar de não amá-la, algumas vezes ele demonstrava um lado
possessivo quando saíam juntos, apesar daquilo ser algo que aconteceu
poucas vezes naquele mês.
Finalmente chegou o momento no qual se sentiu mais relaxada e
pode respirar um pouco. Fernando Stewart estava sentado em uma mesa
apreciando uma taça de vinho à espera da filha que recebeu um tempo de
Anthony para falar com o pai.

- Papai, que bom que está aqui. – ela se sentou em uma cadeira e
beijou a bochecha dele.
- Não deixaria de vir e te dar forças, apesar de que eu ainda não
concordo muito com tudo isso. – ele disse olhando-a com os grandes olhos
castanhos.
- Eu sei que não, mas está tudo bem. – segurou a mão dele – Vai
dar tudo certo, Anthony é um bom homem. – disse para tranquilizara o pai,
mas a verdade é que nem ela tinha certeza sobre o tipo de pessoa que era o
noivo.
- Conheço Anthony há algum tempo, é um empreendedor nato,
entende muito bem de negócios, mas ainda tenho receio se ele realmente vai
saber cuidar de você. Sei por que está fazendo isso, Diana, e me sinto
extremamente culpado.
- Não, nada disso, pai. – negou com a cabeça – Não foi culpa sua,
você não sabia que estavam desviando tanto dinheiro da empresa. Você
confiou em pessoas que o traíram. Mas vai dar tudo certo, como você disse,
Anthony é um ótimo empresário e vai recuperar a nossa empresa. Enquanto
isso eu vou estar casada com ele. Não se preocupe, eu sei me cuidar. – alisou
a mão do pai e apertou-a pra lhe passar mais confiança.
- Tudo bem, mas sabe que pode contar comigo, minha filha.
- Com licença, posso reclamar a minha noiva agora? – Anthony
chegou de maneira mais simpática sorrindo para Fernando, tentando talvez,
demonstrar que ele podia se sentir tranquilo tendo-o como genro.
- Claro que sim. – Fernando assentiu.
- Meus pais querem falar com você, Diana. – estendeu-lhe a mão
para ajudá-la a se levantar – Espero que esteja gostando da festa, Stewart.
- Está ótima, Walsh. – pegou sua taça de vinho – Bela escolha. –
ergueu-a.
- Obrigado. – acenou levemente com a cabeça e levou Diana dali
novamente com a mão pousada sobre sua cintura.

Ela atravessou o jardim sorrindo para algumas pessoas que a


cumprimentavam e viu a mesa onde a família Walsh estava reunida.
Alexandra, Victor e Rachel conversavam em meio a sorrisos e cada vez que
via os futuros sogros, sentia-se mais culpada por ter que mentir e saber que
apesar da empolgação deles para ter netos, ela sabia que aquilo não
aconteceria e o casamento tinha prazo de validade.

- Diana, está tão bonita. – Alexandra exclamou assim que viu o


casal chegar.
- Obrigada. – sorriu e se sentou assim que Anthony lhe puxou a
cadeira.
- Essa cor ficou ótima em você. – Rachel comentou sentada ao seu
lado.
- Vamos ser sinceros: qualquer coisa fica bela na minha noiva. –
Anthony comentou com um sorriso de canto.
- Ah, são seus olhos. – Diana virou o rosto para olhá-lo fingindo
transparecer o quanto gostara do elogio.
- Eles só enxergam a verdade. – aproximou-se dela e lhe deu um
leve selinho nos lábios.
- Victor, você poderia fazer mais elogios desse tipo. – Alexandra
reclamou com o marido.
- Mas eu faço, querida. – Victor defendeu-se.

Por sorte a família Walsh era bastante simpática e estar com eles se
tornava um momento de prazer para Diana. Era um clima leve e bastante
amigável, conversavam bastante sobre diversos assuntos e ela conseguia ficar
menos desconfortável com toda aquela situação sobre mentiras e com
consciência de que Rachel sabia toda a verdade.
Ver tanta gente desconhecida naquela festa a fez lembrar-se de
Elisa Bryant, sua amiga desde que eram crianças e havia se tornado atriz de
teatro, que agora estava na Austrália em cartaz com sua peça por três meses.
Sentia falta de poder desabafar com ela quando algo a atormentava, precisava
muito explicar toda a confusão que estava sentindo diante da nova fase de sua
vida, mas falar pelo telefone nunca era a melhor opção, até por conta do fuso
horário que a atrapalhava muito conversar com a amiga por um longo tempo.

- Diana... – ouviu a voz de Anthony despertando-a de seus


pensamentos.
- Ah, oi. – olhou-o voltando a si.
- Você ficou abatida, vão pensar que não está contente com o
noivado. – disse sussurrando ao ouvido dela.
- Eu estava pensando em Elisa, queria que ela estivesse aqui. –
respondeu baixo e pegou sua taça de champagne.
- Pelo que sei ela volta no mês que vem, certo? – ela assentiu –
Então a convide para almoçar ou jantar em nossa casa.
- Sim, eu farei isso. – sorriu sentindo-se melhor por saber que
Anthony não a impediria de ter amigas.
- Agora antes que sirvam o jantar, farei meu discurso. – segurou-lhe
o queixo e lhe deu um selinho demorado.

Com elegância, Anthony se levantou e caminhou até o palco onde


havia um microfone esperando-o. Diana olhou para ele curiosa sobre o
discurso e a presença do noivo no palco chamou a atenção da maioria das
pessoas antes mesmo que ele dissesse algo.
- Boa noite, senhoras e senhores. – a voz dele se fez ouvir por todo
o jardim – Em primeiro lugar quero agradecer a presença de todos aqui.
Espero que estejam gostando da festa. Queria falar algumas palavras sobre
minha noiva, Diana Stewart. – olhou para ela que estava sentada à mesa com
a família Walsh bem próxima ao palco e Diana sentiu que os olhares recaíram
sobre si – Desde o primeiro momento em que a vi, sabia que existia algo
especial. Diana é mais do que uma namorada, é uma companheira e a mulher
em quem eu confio. Foi por isso que preferi deixar em segredo nossa relação
e quando me dei conta de que ela era a mulher com quem queria passar o
resto da vida, foi o momento de fazer essa festa e anunciar nosso noivado. –
colocou a mão no bolso e puxou uma caixinha de veludo vinho – Diana, meu
amor. Quero lhe dar isso.

Todos ficaram boquiabertos quando Anthony abriu a caixinha de


veludo e mostrou o belo anel com um solitário que deve ter lhe custado uma
fortuna. O diamante chamava a atenção brilhando imponente sobre o anel de
ouro e Diana não conseguiu evitar o sorriso que escapou de seus lábios.
Sempre quisera um anel de diamantes como compromisso e por mais que
aquela não fosse a circunstância ideal, não podia deixar de se sentir feliz com
a jóia. Anthony estendeu a mão para ela lhe convidando para subir ao palco e
Diana se levantou sorrindo, dessa vez de modo mais sincero. Jóias sempre
animavam uma mulher.
Na frente de todos Anthony colocou o anel no dedo dela e beijou-a.
Diana se surpreendeu com aquela atitude em frente a centenas de pessoas,
mas o beijo dele era tão envolvente que se deixou levar. Nem mesmo os
aplausos a distraíam daquele momento, a língua de Anthony passeava por sua
boca com maestria e os lábios se encaixavam com surpreendente perfeição.
Quando se separaram, Diana já não tinha mais o gloss nos lábios, este se
perdera entre o beijo e o sorriso que Anthony lhe dera em seguida, era capaz
de fazer com que até ela mesmo acreditasse que o beijo fora realmente
sincero.
A noite durou mais do que ela imaginava. Estava com sono, com
dor nas costas e dores nos pés. Andar de um lado para o outro bancando a
noiva feliz era realmente cansativo. Só queria tomar um banho e dormir por
longas horas. Quando finalmente todos os convidados foram embora, ela se
sentou em uma das cadeiras e suspirou aliviada como se tivesse tirado um
grande peso das costas.
- Sobrevivemos. – disse fechando os olhos para relaxar.
- Sim, nos saímos bem. – ele respondeu permanecendo de pé –
Vamos entrar, Diana. A noite foi longa.

Ela não quis retrucar, ele estava mais do que certo. Tirou os
sapatos, pegou-os e acompanhou Anthony até a porta de entrada. Quando
chegaram ao corredor que dava para os quartos, ela sentiu o corpo tencionar.
Seria agora que ele a levaria para a cama e exigiria seu direito como um
casal? Parou e ficou esperando que decisão ele tomaria.

- O quarto de hóspedes está pronto, Diana. Tenha uma boa noite.

Foi tudo o que Anthony disse antes de entrar em seu quarto. Por um
lado ela ficara aliviada sobre não precisar fazer sexo naquela noite estando
tão cansada, mas ao mesmo tempo era frustrante que em pouco mais de um
mês, ele não tenha tomado nenhuma atitude. Enquanto falavam sobre o
contrato, Anthony havia deixado claro que sexo entre eles seria fundamental.
Então por que adiava tanto aquele momento? Ficar parada no meio do
corredor discorrendo sobre aquelas questões não era o ideal. Foi para o quarto
de hóspedes, tomou um banho relaxante e deitou-se na grande cama.
Precisava de horas de sono para se recuperar e devido à exaustão, logo
adormeceu.
Capítulo 5

Os raios de sol entravam fracos pelas frestas da cortina azul clara


e Diana se remexeu na cama preguiçosamente. Sentia-se relaxada e
descansada. Por quando tempo havia dormido? Abriu os olhos e não
reconheceu o lugar, mas imediatamente sua mente resgatou lembranças da
noite anterior e recordou-se de que estava no quarto de hóspedes da grande
mansão de Anthony. Sentou-se na cama e passou a mão nos cabelos
espreguiçando-se em seguida.
Quando desceu, não vira nenhum sinal da presença de Anthony. Já
estava praticamente na hora do almoço e ela duvidava de que ele ainda
estivesse dormindo. Desceu um pouco sonolenta ainda e chegou até a
cozinha. A Sra. McCoy estava em frente ao fogão mexendo em uma panela e
o aroma da comida fez o estômago de Diana revirar de fome. Ruth McCoy
trabalhava para Anthony desde que ele comprara aquela mansão.

- Bom dia, Sra. McCoy. – cumprimentou-a educada – Onde está


Anthony?
- Bom dia, Srta. Stewart. – a senhora virou para ela – O Sr. Walsh
está na piscina junto com a família.
- Obrigada.

Ela nem mesmo sabia que a família de Anthony havia dormido lá.
Quantos quartos de hóspedes ele tinha naquela mansão? A verdade é que ele
nunca lhe mostrara os detalhes daquele lugar, porém quando estivessem
casados, ela teria tempo de sobra para descobrir tudo sobre aquela mansão,
afinal, moraria ali por dois anos. Chegou até a porta de entrada e fechou os
olhos aproveitando o ar fresco. Estavam no final do outono e o sol fraco
estava delicioso e aquecendo-a em contraste com o vento frio. Desceu as
escadas e deu a volta na mansão caminhando pelo jardim até chegar à piscina.
Anthony estava sentado em uma cadeira vestido com uma calça de abrigo
cinza e uma camisa de mangas compridas branca segurando um cigarro entre
os dedos. Conversava com seu pai enquanto Rachel e a mãe bebiam um copo
de suco um pouco mais afastadas aproveitando mais o sol.
Diana foi se aproximando e Anthony a viu. Ele sorriu abertamente
e aquele sorriso fazia com que algo dentro dela sorrisse também. Não era o
tipo de homem que costumava sorrir, o que era uma pena, pois Anthony tinha
um sorriso magnífico. Tão lindo com a estrutura de seu corpo e tão frio ao
mesmo tempo.

- Querida, já estava indo te acordar, logo o almoço vai ser servido.


– ele disse novamente atuando – Dormiu bem? – lhe segurou o queixo e lhe
deu um selinho.
- Sim, estava muito cansada. – retribuiu de leve e olhou para os pais
dele – Bom dia, me desculpe dormir tanto.
- Não tem problema, Diana. – respondeu Alexandra – Sabemos o
quanto é cansativo uma festa. Você estava mesmo precisando descansar, por
isso eu disse para Anthony deixar você no quarto.
- Eu estava com saudades dela, mãe. – Anthony disse sorrindo e
abraçou a noiva pelos ombros – Quer comer algo agora ou prefere esperar o
almoço?
- Eu espero, está com um cheirinho delicioso.

Deixou ser conduzida por Anthony até uma das cadeiras e se sentou
aproveitando o finalzinho da manhã. Ele havia dito que logo após o almoço
ambos iriam fazer compras. Já estava na hora dela ter algumas roupas novas
para poder sair e participar de eventos ao lado dele, afinal, iriam para a lua-
de-mel em duas semanas. Tecnicamente já estavam casados, mas para toda a
sociedade, o casamento ainda aconteceria em uma cerimônia íntima apenas
para formalidades na frente dos pais de Anthony.
O almoço realmente estava uma delícia. A carne de vitela estava
macia e Diana não se lembrava da última vez que comera algo tão delicioso.
A conversa à mesa fora leve e Anthony contava à mãe onde pretendia passar
a lua-de-mel com a esposa. Foi o momento em que Diana tomou consciência
sobre aquilo. Ele decidira tudo sozinho sem pedir a opinião dela, iriam para a
Toscana, na Itália. Por um lado era bom já que nunca visitara a região, mas
era ruim saber que Anthony agia sempre sozinho já que por ser o dono do
dinheiro, se sentia no direito de fazer o que tivesse vontade.

Como havia dito, Anthony a levara até o shopping naquela tarde


logo após o almoço. O resto da família Walsh continuava na mansão e iriam
embora no dia seguinte. Diana achou estranho quando ele ao invés de entrar
no estacionamento, parou o carro em frente ao shoppping.

- Diana, quero que compre o que quiser. Seria bom que comprasse
alguns vestidos já que teremos muitos eventos pela frente. Roupas para nossa
lua-de-mel e com certeza lingeries. – pegou a carteira e abriu tirando um
cartão de crédito – Fiz esse para você, é seu cartão de dependente. A senha é
8744. Não esqueça, qualquer coisa me ligue. Eu vou jogar golfe, daqui a três
horas venho para te buscar. Gaste o quanto quiser.
- Achei que ficaria aqui. – pegou o cartão e guardou na bolsa.
- Não, acho compras algo entediante. Nos vemos daqui a pouco. –
beijou-a rapidamente.

Ela saiu do carro e viu Anthony arrancar e o veículo se perder de


seu campo de visão quando virou a esquina detrás do shopping. Queria um
tempo a sós com ele e com calma para perguntar sobre a lua-de-mel e o
casamento, mas desde que acordara não tivera a chance e nem mesmo pudera
escolher se queria ou não fazer compras. Lá estava novamente o Anthony que
decidia tudo sozinho e não deixava nenhuma escolha. Como não podia lutar
contra aquilo, deu meia volta e entrou naquele lugar repleto de lojas de
primeira linha prestes a gastar uma fortuna para satisfazer não somente a si
mesma como a Anthony.
Em poucos minutos que estava caminhando no shopping, Diana já
havia esquecido sobre Anthony e a decepção de ter sido deixada sozinha. A
única coisa em que pensava era na quantidade de lojas com os mais lindos
vestidos. Se seu futuro marido a deixava de lado como se fosse uma boneca,
iria aproveitar para gastar uma fortuna no cartão de crédito. Afinal, fora ele
quem havia dito para gastar o quanto quisesse.
Assim que seus olhos bateram em um vestido vinho teve a certeza
de que queria comprá-lo. Era frente única e as costas tinham um lindo decote
que dava muito mais charme ao modelo da peça. Entrou na loja de grife e
pediu para provar o modelo que lhe caíra muito bem no corpo. Sentia-se sexy
e poderosa e imediatamente pensou no que Anthony acharia quando a visse
naquele vestido. Mordeu o lábio inferior diante do pensamento que estava
incomodando-a durante aqueles últimos dias. Por que ele estava esperando
tanto para finalmente irem para a cama? Aquela espera era desconfortável e a
deixava ainda mais nervosa. Queria logo transar com ele e acabar com isso.
Não seria tão ruim, Anthony era um homem sexy e extremamente bonito.
A vendedora lhe mostrou algumas outras peças e Diana saiu
carregando duas sacolas. A Victoria Secrets era uma parada obrigatória
quando o assunto era lingerie. Se devia cumprir seu papel de esposa na cama,
fez questão de comprar lindos conjuntos de calcinha e sutiã para mostrar o
quanto era sexy. Ver que Anthony era capaz de desejá-la inflaria seu ego,
afinal, toda mulher gosta de ser apreciada.
Quando começou a sentir os pés doerem, Diana se sentou em uma
mesa na praça de alimentação e pediu um chocolate quente já que o outono
estava se aproximando e a temperatura começava a cair nessa época. Ficou
apreciando o movimento enquanto esperava o momento de Anthony voltar.
Seu celular tocou pontualmente no horário marcado e ela atendeu-o
rapidamente, estava louca para voltar para casa, mas não a mansão dele e sim
o seu apartamento.
Juntou todas as sacolas e foi caminhando para a entrada para
esperar Anthony que já estava quase chegando. Ele parou o carro em frente
ao shopping e saiu do veículo para ajudá-la a guardar as sacolas na mala da
Mercedes.

- Vejo que cumpriu com o que eu pedi. – ele comentou sorrindo


logo após ver a sacola da Victoria Secrets.
- Eu precisava de algumas lingeries novas. – olhou-o rapidamente e
se virou para entrar no carro pela porta do carona.

Todo o resto do dia fora tenso para ela. Começava a sentir o corpo
cansado e não conseguira relaxar desde o dia anterior quando fora para casa
de Anthony para a festa de noivado. Tivera algumas poucas horas para ficar
longe de tudo aquilo, mas apesar de sair para fazer compras, o tempo todo
sua mente rodava em torno dele. Passara o final de semana fingindo estar
apaixonada, tomando cuidado e vigiando cada atitude que tinha para parecer
que ela e Anthony eram um verdadeiro casal.
Quando ele a deixou em seu apartamento, finalmente pode relaxar.
Sentira falta de sentar em seu sofá, ler algum livro de romance enquanto
apreciava uma xícara de chá quente. Esse era o melhor programa para ela
naquela época do ano em Nova York, quando as ruas estavam gélidas e o
vento gelado queimava suas narinas. Adorava compras, não podia negar que
ficara feliz com todas as roupas que comprara, mas nos últimos dias
começara a dar mais valor aos momentos em que ficava sozinha em casa
fazendo o que sentia vontade, sem ter que se exibir para os outros. Todo o
glamour que experimentava quando usava um maravilhoso vestido Versace
ou um lindo sapato Prada, combinados com diamantes em formatos de jóias,
agora para ela se tornara uma obrigação, não mais um prazer. Tudo que fazia
era meticulosamente regrado para agradar a Anthony e aos outros. Aguentaria
aquilo por dois anos? Deveria aguentar. Seu futuro e de sua família dependia
daquilo. Não podia deixar o pai na miséria àquela altura da vida. Ele fizera
seus sacrifícios desde que a mãe dela falecera, então chegara a hora de
retribuir todos os esforços.
Tomou um delicioso banho quente, preparou um sanduíche de
queijo e pegou um copo de suco de laranja. Colocou tudo sobre a linda
escrivaninha branca e ligou o laptop. Finalmente sorria naturalmente naquele
final de semana. Havia um e-mail de Elisa. Como sentia falta da amiga, as
coisas seriam mais fáceis se tivesse a companhia dela para desabafar. Bebeu
um gole de suco e começou a ler o que a amiga havia mandado.

De: Elisa Bryant ([email protected])


Para: Diana Stewart ([email protected])
Assunto: Que saudade!

Diana, você não sabe como ando sentindo falta dos Estados
Unidos. É claro que a Austrália é linda, mas está tão quente aqui! Fico
apenas imaginando o finalzinho do outono aí em Nova York e cada vez
sentindo mais saudades dos cafés que frequentávamos para por o papo em
dia. Falando nisso, ainda não consegui digerir muito bem a ideia do seu
casamento com Anthony Walsh. Como assim tão rápido? Sabe que sou
curiosa e fico me perguntando por que nunca havia me dito que vocês saíam
juntos. De repente você me manda um e-mail dizendo que vai se casar. E
ainda me deixa mais curiosa ainda com esse papo de que depois vai me
explicar tudo. Oh, amiga, isso não se faz. De qualquer forma, espero que
esteja tudo bem. Qualquer novidade me conte. Eu mandei e-mail porque
meus horários estão bem loucos com os ensaios da peça e as apresentações e
com o fuso horário diferente, fica complicado para te ligar. Se cuide, daqui a
um mês estou de volta e poderemos por a conversa toda em dia. Mande
notícias! Beijinhos.

Diana mordeu o lábio inferior um pouco nervosa controlando a


vontade de contar tudo à amiga sobre o contrato de casamento, porém ainda
não tinha certeza se deveria ou não. Não sabia se perguntava a Anthony se
Elisa poderia saber a verdade, ou se diria sem que ele soubesse ou se
realmente contaria à amiga o que estava por trás daquele casamento.
Resolveu manter o segredo pelo menos por enquanto, até Elisa voltar teria
tempo para decidir. Comeu um pedaço do seu sanduíche e começou a
escrever uma resposta para a amiga.

De: Diana Stewart ([email protected])


Para: Elisa Bryant ([email protected])
Assunto: RE: Que saudade!

Olá, Eli! Estou morrendo de saudades também. Sinto muito não


responder antes, mas é que estive enrolada com o noivado. A festa foi ontem,
oficializamos tudo publicamente, ganhei um lindo anel de diamantes que
você vai cair para trás quando vir. É lindo! Quando você voltar teremos
tempo para por toda a conversa em dia, enquanto isso fico aqui torcendo
para que tudo dê certo e estou feliz vendo que realmente está indo tudo como
o esperado. A peça sem dúvida é um sucesso. Não vejo a hora de te ver
voltar e assistir mais um espetáculo. Anthony provavelmente vai querer ir
junto, ele adora teatro. Quando você voltar já estaremos casados, então irei
te receber na mansão de Anthony, vamos morar lá. Ele queria comprar uma
nova, mas achei que não tinha a menor necessidade. Inclusive, fora Anthony
quem dissera para te chamar para almoçar ou jantar conosco quando você
estiver de volta. Agora preciso dormir, já é tarde aqui em NY. Se cuide,
beijinhos.

Releu todo o e-mail e clicou em enviar. Sua falsa alegria ao falar do


noivado e do casamento distrairia do assunto principal, sendo uma forma de
manter um assunto sem precisar responder exatamente aos questionamentos
de Elisa. Terminou seu lanche, colocou a louça na pia e foi escovar os dentes.
Deitou-se na cama logo em seguida e relaxou se aconchegando em seus
cobertores sabendo que teria pelo menos aquela noite de paz.
Capítulo 6

Diana olhava para o seu reflexo no espelho usando aquele


elegante vestido branco de seda tentando colocar na cabeça que se tratava de
um vestido de noiva. Ia até os tornozelos, sua saia era solta e simples, o
tomara-que-caia tinha um decote de coração que lhe dava uma bela visão de
seu colo enfeitado com o maravilhoso colar de diamantes. Seu cabelo estava
de lado e preso com grampos enfeitados com pequenos brilhantes. A
maquiagem era leve e o buquê de rosas brancas não era extravagante assim
como toda a cerimônia. Anthony optara por um casamento no civil, o
contrato já havia sido assinado e aquela cerimônia servia para dar veracidade
à união diante dos pais dele. Fernando Stewart estava presente e Diana se
sentia mais segura na presença dele, era seu único convidado já que Elisa não
estava no país.
Ao final da cerimônia, Alexandra Walsh viera até ela lhe desejar os
parabéns e dizer que estava muito contente em tê-la como nora. Diana sorriu
sincera, simpatizava muito com a mãe de Anthony e gostava de saber que a
agradava. Toda a família dele era muito agradável e ela gostaria que o, agora
marido, pudesse ser também, mas ele parecia que não se encaixava nos
padrões dos Walsh, exceto pela elegância.
Anthony tocou-lhe o braço com os longos dedos e Diana se virou
para olhá-lo. Era alto o bastante, ombros largos e usava um terno italiano com
corte perfeito na cor preta. A gravata de seda estava perfeitamente alinhada e
o tom cinza chumbo assentava muito bem com a camisa branca. Ele era
realmente bonito, perigosamente sexy e quando notava um calor naqueles
olhos castanhos, sentia seu corpo se aquecer.

- Precisamos ir, Diana. O nosso voo sai dentro de uma hora. –


avisou-a.
- Certo. – assentiu – Vou me despedir do meu pai.

Em exatamente uma hora, o jato particular levantava voo


aproveitando as boas condições climáticas naquele final de outono. Não
chovia, mas o frio e talvez o medo mantinham Diana encolhida no banco.
Anthony estava sentado do outro lado ainda usando seu terno, porém agora
sem o paletó e com a gravata frouxa. Bebericava um copo de uísque a
algumas vezes podia sentir o peso do olhar dele sob ela e sentia ainda mais o
corpo arrepiado. Dentro de algumas horas estariam pousando em Roma para
em seguida irem para Florença. Diana sabia que estava se aproximando a
hora da noite de núpcias, e cada vez que a ideia passava em sua mente, tinha
a certeza de que estava se comportando como uma menina virgem. Não teve
muitos namorados, na verdade se sentia uma pessoa bastante exigente, mas
tinha experiência suficiente para não ficar tensa naquelas situações.
Porém cada vez que se imaginava na cama com Anthony, seu corpo
todo se contraía. Seria medo? Medo de que? Ele era um homem de poucas
palavras, em suma misterioso, estava prolongando aquele momento por
alguma razão que ela desconhecia. Tudo aquilo fazia com que dúvidas
surgissem em sua mente quando o assunto se tratava de sexo. Anthony não
parecia um homem que aceitava apenas um papai e mamãe para satisfazer
seus desejos sexuais. Acabou pegando no sono e só acordou quando sentiu
que Anthony a tocava no ombro e lhe despertava chamando baixo o seu
nome.

- Precisamos descer. Vamos comer algo até que nos deem


permissão para voar até Florença. – ele dissera com uma calma invejável.
- Sim. – ajeitou-se no banco e bocejou – Meu rosto deve estar
horrível. – passou a mão pelos cabelos tentando ajeitar o coque.
- Não se preocupe com isso. Não está ruim.

Ele a levou para fora do jato particular e andou ao seu lado todo o
tempo com a mão em sua cintura. Eram nove da manhã em Roma, decidiram
tomar café e começar a adaptar o corpo ao novo fuso horário já que passariam
uma semana na Itália. Anthony fizera tanta questão da lua de mel, mas sabia
que aquilo era apenas mais uma jogada para mostrar o quão romântico ele
poderia ser. Florença. Ele soubera escolher. A cidade era linda e era ótima
para os corações apaixonados. Já que não estava apaixonada, iria apenas se
deleitar com a beleza da região.

Quando finalmente chegaram ao hotel em Florença, ainda no


caminho dentro do carro alugado por ele, podia ver o quanto o lugar era lindo
e o quanto estava curiosa para visitar tudo. Não sabia se Anthony estava
disposto a passear pela região, mas ela estava sedenta por conhecer tudo. O
hotel que ele escolhera era elegante e luxuoso. O IL Salviatino ficava
localizado em uma colina a três quilômetros de Fiesole. Anthony era o tipo
de homem que não tinha limites quando o assunto era dinheiro e a suíte
presidencial era prova disso. A bela vista do centro histórico de Florença era
um deleite e um privilégio para os hóspedes daquele hotel clássico
considerado uma vila renascentista do século XV. Diana ficou ali na espaçosa
varanda admirando os jardins paisagísticos que pareciam não terem sido
castigados com a chegada do inverno, mostrando toda sua beleza e cores.

- O que achou? – Anthony perguntou entrando na varanda e


fixando seu olhar na bela paisagem.
- É lindo! – respondeu sem desviar sua atenção – Estou totalmente
impressionada.
- Logo vai poder explorar todo o hotel. É enorme, tem vistas
espetaculares, eu mesmo pesquisei tudo antes de decidir nos hospedar aqui.
- Foi uma ótima escolha. – virou o rosto para olhá-lo. Seu pulso
acelerara e ela sabia que a qualquer momento ele exigiria o seu papel como
esposa – Preciso tomar um banho.
- Claro. – estendeu o braço para indicar-lhe passagem – Não se dê
ao trabalho de escolher um vestido. – olhou-a nos olhos de maneira profunda
– Uma camisola será ideal. - respondeu a pergunta mental dela.

A passos largos, Diana saiu da varanda e pegou suas coisas dentro


da mala e se trancou rapidamente no banheiro. Era bonito, todo em mármore
e porcelana, mas nem mesmo a bela decoração chamava a atenção dela.
Anthony não ia mais adiar o momento, seria agora, assim que abrisse a porta
daquele banheiro saindo de sua zona de conforto. Foi para debaixo da água
quente e suspirou. Anthony era um homem bonito, muito mais bonito do que
qualquer um com quem já se envolvera, podia sentir o seu corpo
corresponder sempre que ele a beijava, então tinha que se deixar levar por
aquela sensação quando o momento acontecesse.
Tomou um banho demorado tendo consciência de que Anthony
pudesse se irritar de tanto esperar, mas queria prolongar seu momento
sozinha. Era a primeira vez que iria para a cama com alguém sem ter nenhum
tipo de afeto pela pessoa, por mais belo que seu marido fosse, ainda lhe
parecia um desconhecido e transar com ele naquelas condições fazia parecer
com que sentisse uma prostituta. Respirou fundo e abriu a porta, usando
apenas uma camisola de seda branca que mal lhe cobria as coxas. Droga!
Deveria ter usado algo menos ousado.
Anthony estava sentado na poltrona no canto da suíte vestido
apenas com uma cueca boxer branca. Olhava para ela fixamente como se
estivesse olhando para aquele ponto desde que sentara ali. Diana podia sentir
ser avaliada como se ele quisesse ter certeza de que fizera um bom negócio.
Era como se fosse um objeto de decoração que agora era meticulosamente
observado para saber se combinava bem com o ambiente. Anthony levantou-
se devagar, vestindo apenas aquela cueca com os músculos à mostra parecia
muito maior e mais intimidador. Ela sentiu a tensão aumentar, ele não parecia
nervoso, seus olhos castanhos refletiam tudo o que ia acontecer ali naquele
quarto. Ele respirou fundo e deu mais alguns passos, ela continuava sem se
mexer e mostrava toda a sua tensão.

- Está parecendo uma virgem, Diana. – ele disse com a voz mais
rouca e grave – Desse jeito terei que rasgar suas roupas. Sou totalmente capaz
disso, já que não quero perder tempo.

Diana não teve tempo de fazer ou falar nada. Anthony avançou


sobre ela e pegou-a pela cintura chocando seus corpos e tomando-lhe a boca
com os lábios fervorosamente. Ela sentiu o calor do corpo dele contra o seu e
gemeu ao sentir a língua ávida explorando sua boca. Parecia que realmente
durante todo o tempo daquele noivado e toda a espera, fizeram borbulhar o
desejo de Anthony e ele realmente não queria perder tempo. Não conseguiu
resistir às carícias da língua dele sobre a sua, a mão deslizou pelas suas costas
até sua bunda e pressionou-a contra sua ereção. Pode sentir o quanto ele
estava poderosamente excitado e temeu pela força que Anthony poderia ter
ao possuí-la.
Ele afastou-se rapidamente desgrudando os lábios dos dela e Diana
pode ver o quanto estavam vermelhos, assim como os seus também deveriam
estar. As respirações estavam ofegantes e ela mal conseguia se manter em pé
por conta das pernas trêmulas. Sem a menor cerimônia, Anthony segurou o
decote da camisola dela e puxou com força abrindo o pano com apenas um
puxão e impulsionando o corpo dela para frente com a pressão do
movimento. Diana se assustou com a atitude e ficou apenas com uma
calcinha branca com os seios totalmente à mostra. Ele contemplou o belo
corpo com o olhar quente de desejo, estava mais do que claro ao ver o
volume em sua cueca o quanto a desejava.
Novamente ele a beijou com vontade, mas dessa vez foram
caminhando juntos até a enorme cama e Diana sentiu que estava sendo
deitada sobre o colchão macio. O corpo forte ficou sobre o seu, cobrindo-a
por completo e aproveitou para levar as mãos para o cabelo dele que ainda
estava arrumado com gel. Anthony gemeu rouco entre o beijo e ela sentiu que
ele fazia pressão com o membro sobre o centro dela, deixando-a pronta para
recebê-lo. Estava sentindo prazer, queria sentir Anthony dentro dela com
urgência, mas ele queria aproveitar mais do seu corpo.
Os beijos foram intensos e ela estava ficando cada vez mais
arrepiada. Arqueou quando sentiu os lábios firmes em seu mamilo. Anthony
sugava seu seio com vontade, parecia faminto e não tinha nenhuma intenção
de ser delicado, mas ela estava gostando daquilo. Os lábios dele passearam
por todo seu corpo, o desejo de ambos crescia em um ritmo descontrolado e
Anthony arrancou-lhe a calcinha com os dentes. Diana ficou totalmente nua
sobre a cama, com o corpo iluminado e entregue a ele. Estava com os cabelos
castanhos soltos espalhados sobre o lençol e seus seios subiam e desciam de
acordo a respiração pesada.
Sem mais cerimônias, Anthony retirou a cueca, pegou um pacote
com o preservativo sobre a mesinha de cabeceira e ela se assustou já que não
havia notado que a camisinha estava lá todo esse tempo. Ele cobriu o
membro completamente duro e penetrou-a com força. Diana gritou sem
conseguir controlar o susto de ter sido invadida de maneira tão rápida, mas
era deliciosa a forma com que era preenchida por ele. Anthony tinha o
membro grosso e ela não conseguia controlar o gemido cada vez que ele se
movimentava penetrando-a. Envolveu as pernas sobre a cintura dele e
começou a movimentar o quadril com o mesmo ritmo.
Diana arqueou o corpo e Anthony aumentou o ritmo, os corpos
começavam a suar e ela podia sentir os pelos do peitoral dele roçando em
seus seios. Ele a levava a um nível de excitação que ela jamais sentira, não se
considerava capaz de se entregar tanto a um homem com quem não tinha
nenhum tipo de relação amorosa. Anthony era apenas um sócio, apesar de seu
marido, tudo o que fizeram antes era agir como pessoas com um
relacionamento profissional. Agora, pareciam dois amantes, dando e
recebendo prazer, suando e mesclando as respirações ofegantes aproximando-
se cada vez mais do clímax tão esperado. Ela não conseguia mais controlar o
desejo e explodiu em um delicioso orgasmo que a fez estremecer e contrair
sua feminilidade em torno do membro dele. Anthony não resistiu a isso e
deixou-se levar pelo clímax, deitando o corpo sobre o dela com a respiração
pesada.
Os gemidos cessaram e a respiração de ambos se tornara ainda
descontrolada, sendo o único som naquele quarto. Anthony se mexeu
primeiro e levantou-se indo até o banheiro para se livrar do preservativo.
Diana não tinha muita força para algum movimento brusco, então apenas
ajeitou o corpo sobre a cama e apoiou sua cabeça no travesseiro. Ela não
podia acreditar que o sexo com Anthony era tão prazeroso.

- Precisamos conversar sobre isso. – ele dissera novamente


tranquilo, não parecia que havia acabado de transar, apenas o cabelo um
pouco bagunçado era o vestígio do que havia acontecido nos minutos
anteriores.
- O quê? – perguntou com a voz ainda fraca.
- Usei camisinha hoje, Diana, mas não é algo que me agrada,
portanto assim que voltarmos para Nova York, você vai fazer uma consulta
para saber qual o anticoncepcional deve usar. – deu a volta na cama e se
acomodou.
- Ah sim. Tudo bem. – limitou-se a concordar.
- Agora vamos cochilar um pouco. Precisamos nos adaptar ao fuso
horário, portanto no meio da tarde acordamos para almoçar. – deitou-se e
puxou as cobertas.

Ela preferiu não dizer nada. Fechou os olhos e suspirou deixando-


se dominar pelo cansaço da viagem e do sexo que havia acabado de fazer.

Aquela era a última hora do dia em que o sol ainda aparecia. Ela
abriu os olhos sentindo a claridade vir do pequeno espaço entre as cortinas.
Esticou-se na cama preguiçosamente e ao sentir que tinha todo o espaço livre
percebeu que Anthony já havia levantado e não estava no quarto. Levantou-
se devagar e foi até o banheiro lavar o rosto e pegou um roupão macio todo
felpudo da cor branca com o nome do hotel gravado com fios dourados.
Amarrou-o à cintura e caminhou até a porta de ligação para onde dava uma
sala espaçosa e muito bem decorada, onde viu Anthony vestido casualmente
com uma calça jeans e uma camisa polo vinho. Ele lia o La Nazione, o jornal
mais vendido de Florença e Diana não se surpreendeu por ele saber italiano,
em sua outra mão, havia um cigarro entre os dedos e ele deu uma última
tragada antes de apagá-lo no cinzeiro.

- Boa tarde, já estava indo te chamar. – ele dobrou o jornal


desviando sua atenção para ela – Tenho planos para nós dois.
- Planos? – fechou um pouco mais o roupão mesmo sabendo que
aquela era uma atitude desnecessária, já que Anthony a vira completamente
nua poucas horas atrás.
- Sim. Vamos comer algo no restaurante do hotel, depois daremos
um passeio pelo jardim, acho que você vai gostar.
- Tudo bem. Eu vou tomar um banho.
- Te espero aqui. Tente não demorar.

Como Anthony era impaciente, ela tomou um banho rápido e vestiu


uma calça jeans, um suéter rosa antigo e um casaco longo por cima,
deixando-o aberto. Colocou botas de cano curto da cor preta e fez uma
maquiagem de leve. Deixou os cabelos soltos, caindo ondulados como
cascatas ao longo das suas costas e perfumou-se. Deu uma última olhava no
espelho para se sentir realmente satisfeita e notou que precisava de brincos.
Pegou um par simples de pérolas e completou o visual. Anthony a olhou de
cima a baixo quando a viu entrando na sala da suíte de hotel.
Ele não a elogiou, apenas levantou-se dobrando o jornal e colocou-
o sobre a mesinha. Pegou sua jaqueta cinza chumbo e vestiu-a. Diana não
disse nada, apenas se limitou a segui-lo para dentro do elevador assim que
saíram do quarto. Anthony deu a mão à ela e saíram andando lado a lado até
o enorme jardim. Diana na mesma hora se impressionou com o tamanho e a
imponência do lugar. Apesar do frio naquela época do ano, as flores estavam
bem coloridas e davam ainda mais charme ao jardim. Podia se sentir os
aromas em uma deliciosa combinação e Diana respirou fundo se sentindo
renovada.

- É um belo lugar. – Anthony comentou chamando a atenção dela.


- Sim, muito bonito. – respondeu e sentou em um banco branco
próximo às flores rosas – Você escolheu muito bem o hotel.
- Sabia que ia gostar. – acomodou-se ao seu lado – Preciso lhe falar
sobre seu apartamento.
- O que houve? – olhou-o rapidamente.
- Nada. Só quero que saiba que contratei alguém para limpá-lo uma
vez por semana.
- Fez isso sem me consultar? Colocou uma pessoa estranha pra
mexer nas minhas coisas? Alguém que nem conheço, Anthony? – ficou
irritada.
- Relaxe, Diana. Ela é irmã de Ruth e uma pessoa bastante
confiável. Pelo amor de Deus, é claro que eu não colocaria qualquer uma
dentro do seu apartamento. – passo o braço por trás dela deixando-o apoiado
no encosto do banco – Cuidarei de todas as despesas até você voltar a morar
lá.
- Tudo bem. – colocou o cabelo atrás da orelha – Pelo menos você
contratou alguém em quem confie. – olhou-o nos olhos – Preciso perguntar
algo.
- O quê? – olhou-a curioso.
- Eu não contei a Elisa sobre as condições do nosso casamento, mas
ela é minha amiga e confio muito nela. Enfim, queria saber se posso contar à
ela sobre o contrato. – mordeu o lábio mostrando insegurança.
- Pode. – assentiu – Apenas para Elisa. Sei que são amigas e não
vou te privar disso. Se diz que confia nela, sabe o que está fazendo.
- Quero perguntar outra coisa. – não desviou o olhar – Por que me
escolheu, Anthony? Ainda não me entrou na cabeça a ideia de que escolheu
justo a mim para casar com você. Sei que tem a ver com a empresa do meu
pai, mas ainda assim isso não lhe faz diferença, você poderia ter se casado
com qualquer uma.
- Eu não queria qualquer uma, Diana. Sim, poderia ter me casado
com uma das mulheres com quem me relacionei, elas teriam aceitado. Mas o
problema é que não aceitariam apenas para viver em uma mansão e sair por aí
gastando o quanto lhe desse vontade, iriam se casar na esperança de que
pudessem fazer com que eu me apaixonasse por elas e essa não é a minha
intenção. – balançou a cabeça de forma negativa – Já você e eu não nos
conhecíamos diretamente, você não tinha esperança de que eu te amasse e
precisava do dinheiro, então nosso casamento seria apenas uma troca de
favores. – explicou e virou o rosto para contemplar um pássaro que havia
acabado de pousar no chão do jardim.
A verdade é que além de negócios, Anthony a desejou desde o
momento em que a vira. Conhecia Diana por nome, a vira poucas vezes,
conhecia o pai dela pessoalmente, mas nunca tiveram a oportunidade de
conversar, porém quando a viu em uma festa na casa de Ursula Kingston ele
deu o primeiro passo. Era uma mulher linda, os longos cabelos castanhos
balançavam com a brisa da noite e ele desejou que aqueles mesmos fios
roçassem em sua pele enquanto a possuía de maneira intensa. A beleza de
Diana também foi um ótimo motivo para propor aquele contrato e para que
exigisse que tivessem relações sexuais.

- Daqui a pouco vamos até o restaurante jantar. Você está há muito


tempo sem comer nada. – olhou o relógio mudando de assunto – Deve estar
faminta.
- Na verdade, um pouco. – ajeitou-se no banco e olhou para o ponto
onde há alguns segundos estava o pássaro.
- Esse fuso horário fez uma bagunça no nosso relógio biológico.
Comemos no aeroporto, chegamos ao hotel e não comemos mais nada desde
então. Porém dormimos boa parte do tempo.
- Estou com vontade de comer peixe. – era pra ser um pensamento,
mas disse em voz alta.
- Eles tem um delicioso salmão ao molho de laranja, acho que você
vai gostar.
- Parece delicioso.

Sentiu a mão dele sobre seu ombro enquanto a abraçava em um


gesto calculado. Preferiu não dizer nada, apenas limitou-se a olhar para
frente, mas a mão de Anthony parecia perturbadora apesar do toque leve.
Suspirou devagar e recordou o que havia acontecido algumas horas antes. O
calor do corpo dele sobre o seu, o jeito que se movimentava e se encaixava a
ela ditando o ritmo até levá-la ao orgasmo. Gostara daquilo. Era incomum
sentir-se tão satisfeita na cama de um homem por quem não nutria afeto, mas
com Anthony fora diferente. Ele era diferente.
O frio se intensificava e Anthony pareceu notar quando a convidou
para o jantar. O restaurante do hotel era bastante aconchegante, tinha mesas
de madeira rústica e cadeiras da cor creme bem acolchoadas e uma toalha
branca sobre cada uma das mesas. Os pisos de madeira combinavam bem
com os quadros que ocupavam toda a parede de maneira vertical, com
imagem de nobres do século XVIII. Grandes janelas de vidro davam uma
bela visão do jardim para quem se sentasse próximo a elas pudesse ter uma
refeição acompanhada de uma vista maravilhosa. Foi em uma dessas mesas
que Anthony decidira se sentar.
Ele tinha razão sobre o salmão ao molho de laranja. Diana achara
delicioso e o vinho tinto fora uma ótima escolha. Anthony entendia sobre
vinhos, sobre negócios, sobre sexo, mas talvez nunca entendesse sobre amor.
Essa era a razão por ter arrumado um casamento que para ele também era um
acordo de negócios.

- O que achou do jantar? – ele perguntou assim que ela terminou de


comer.
- Delicioso. – pegou sua taça de vinho e bebericou um gole – Você
tinha razão sobre o salmão.
- Fico satisfeito com isso. – acenou levemente com a cabeça –
Gostaria de comer a sobremesa e subir para o quarto, preciso conversar com
você.
- Sobre? – colocou a taça sobre a mesa dando total atenção ao
marido.
- Nosso casamento.
- Algum problema?
- Peça sua sobremesa, Diana. Lá em cima conversamos.

Anthony deu por encerrada a discussão e recostou-se à cadeira


acolchoada. O garçom anotou os pedidos com as sobremesas e retirou-se com
uma reverência para pedir licença. Diana começou a cogitar o que acontecera
de errado naquelas quase vinte e quatro horas de casamento que o levassem a
querer conversar, mas não encontrou nenhum motivo aparente. Quando a
sobremesa chegou, ela comeu rápido porque queria subir e conversar logo
com ele.
Ambos subiram em silêncio, Anthony retirou a jaqueta e pendurou-
a no encosto da cadeira. Ela retirou o casaco e colocou-o sobre o sofá,
sentou-se e retirou as botas dando mais liberdade aos pés. Viu o marido se
aproximar e sentar logo ao seu lado, então se virou para olhá-lo.

- Diana, vamos conviver por dois anos sobre o mesmo teto.


Dividiremos a mesma cama não só para dormir, sei que é estranha essa
situação, mas precisamos fazer com que esse casamento funcione do melhor
jeito possível.
- O que quer dizer com isso, Anthony?
- Que pare de agir como se tivesse medo de falar comigo ou medo
de se aproximar. Somos marido e mulher. Sei que não estamos apaixonados,
mas há algumas horas atrás ficou claro que se sente atraída por mim, então
acho que me beijar não será um grande sacrifício. – passou a mão nos cabelos
– Será que pode fazer isso? Será que pode abrir a boca para falar comigo de
maneira natural sem esperar que eu puxe algum assunto?
- Posso tentar. – mordeu o lábio – É estranho para mim,
praticamente não nos conhecemos, Anthony.
- Teremos dois anos para isso.- levou a mão até a nuca de Diana e
acariciou-a – Por hora temos outra coisa para fazer.

Beijou-a com ardor fazendo com que não resistisse a ele. Anthony
a pegou no colo e colocou-a na cama provando mais uma vez que estava
certo. Diana o desejava, podia perceber isso em cada gemido e espasmo que
tinha sob seu corpo quando chegavam ao ápice do prazer.
Capítulo 7

O dia seguinte fora mais tranquilo, Diana e Anthony conseguiram


adaptar melhor o organismo para o fuso horário. O sol havia acabado de
nascer e ele achou que era melhor pedir o café da manhã no quarto para em
seguida fazerem um passeio pelos vinhedos da região. Ele tomou banho,
colocou uma cueca boxer preta e uma calça da mesma cor. Ficou sem camisa
e pegou o notebook para checar alguns e-mails, afinal, por mais que estivesse
em lua de mel, precisava saber o que estava acontecendo durante sua
ausência.
Diana acordou e notou que Anthony já não estava na cama. Olhou
em volta e respirou fundo, espreguiçou-se e vestiu seu hobby de seda que
comprara quando fora ao shopping quando estava na casa de Anthony. Ele
estava sentado à mesa concentrado na tela do computador e não notou sua
presença. Era um homem muito bonito, olhos os castanhos pareciam enxergar
além, era como se Anthony pudesse ver seu interior, por isso fazia questão de
se manter sempre distante.

- Anthony? – chamou-o baixinho.


- Bom dia. – desviou o olhar para ela – Dormiu bem?
- Sim, me sinto bem descansada. – aproximou-se – Você acordou
cedo.
- Tenho o hábito de acordar cedo. – estendeu a mão para ela – Vem
aqui, eu não mordo. – olhou-a de cima a baixo – Só em alguns casos.

Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Hesitou um pouco,


mas deu a mão a ele. Anthony tinha a mão quente, mas seu olhar permanecia
frio. Precisava se acostumar com aquilo rapidamente. Ele fez com que se
sentasse em uma de suas coxas e lhe deu um beijo calmo. Não havia mais
ninguém ali além dos dois, mas pelo visto Anthony estava levando a sério a
conversa da noite anterior e era melhor se acostumar com essas atitudes.

- Pedi o café no quarto, já deve estar chegando. Hoje vamos até


Siena, aluguei um carro e vamos passar o dia fora. Portanto não use salto, vai
ser desconfortável passear pelas vinícolas.
- Tudo bem, eu vou tomar banho enquanto o café da manhã não
chega.

Tomou a atitude e deu um selinho nele. Anthony não disse nada o


que a deixou um pouco mais relaxada após fazê-lo. Fora o primeiro passo,
tinha que parar de agir como uma adolescente virgem e agir como uma
mulher. Nunca fora tímida, sempre soubera o que fazer em cada ocasião e
não seria intimidada por Anthony, afinal, agora eram marido e mulher.
Tomou um banho, lavou os cabelos e se arrumou. Colocou uma calça jeans
escura, um suéter creme e uma sapatilha dourada. Fez uma maquiagem leve e
ajeitou os cabelos. Quando voltou para a sala, a mesa do café já estava
arrumada e Anthony já havia fechado o notebook. Fizeram a primeira
refeição do dia e desceram. O carro alugado era uma BMW, Diana não
entendia muito sobre os modelos, então apenas se limitou a sentar no banco
do carona e por o cinto.

- Não teremos um guia?


- Não precisamos, Diana. – ligou o motor e saiu pegou a rua já
movimentava àquela hora da manhã – Apenas relaxe.
- Posso por uma música?
- Claro.

Escolheu a rádio e recostou no banco relaxado enquanto ouvia uma


música que reconheceu ser Mariah Carey. Gostava do jeito que ela cantava,
tinha uma bela voz. Anthony não demonstrou estar incomodado com o tipo
de música, apenas limitou-se a prestar atenção na estrada à sua frente. Meia
hora depois ele pegava uma estradinha estreita de terra onde Diana podia ver
ao longe uma vasta plantação.

- Para onde estamos indo? – perguntou curiosa se ajeitando no


banco.
- Avignonesi. – disse enquanto parava o carro – É uma das mais
famosas vinícolas da Toscana.

Céus! Como a voz dele ficava ainda mais sexy falando italiano.
Fora apenas uma palavra, mas o suficiente para que ela sentisse um calor
percorrer o interior do seu corpo. Anthony desceu o carro e deu a volta,
ajudando-a a sair logo em seguida. Vamos experimentar alguns vinhos,
almoçar e passear pelo lugar. Fiz reserva para o almoço à uma da tarde, então
temos tempo para visitar as adegas antes disso.

- Estou ansiosa, é a primeira vez que visito uma vinícola.


- Parece que suas viagens foram reduzidas à Paris e Milão, lojas e
restaurantes, Diana. – ele diz, mas sem o tom acusador, e ela podia jurar que
era um tom brincalhão por trás do comentário.
- Tenho que admitir que sim. – sorri, pela primeira vez em boa
parte do tempo – Mas fico feliz que você preferiu a Toscana ao invés de uma
lua de mel em alguma cidade cheia de glamour.
- Eu sabia que você já teria visitado todas.

Anthony deu a mão a ela e ambos caminharam juntos até a entrada


da vinícola. Era uma bela propriedade revestida de tijolos alaranjados que
davam destaque em meio à grama em um tom de verde escuro. Havia
árvores, o cheiro de plantas era delicioso e Diana respirou fundo. Um homem
estava parado na entrada da propriedade e sorriu abertamente ao ver o casal.
Parecia simpático e receptivo, tinha alguns cabelos grisalhos e um pouco
mais alto que Anthony. Usava óculos de grau e uma camisa social sob uma
jaqueta de linho marrom.

- Buongiorno! – ele cumprimentou em italiano.


- Boungiorno! – Anthony disse em um italiano que estremeceu o
interior dela – Come esta?
- Bene e tu?
- Molto bene, grazie. – Anthony acenou de leve com cabeça – Sou,
Anthony Walsh e essa é minha esposa Diana Walsh, ela não fala muito
italiano.
- Muito prazer, Sr. e Sra. Walsh. – sorriu – Benvenuti! Sejam bem
vindos! Sou Carlo Montini.
- Muito prazer, Sr. Montini. – Diana disse se sentindo mais
relaxada em estar ali sem a pressão de ter pessoas perseguindo-a como a mais
nova esposa do milionário Anthony Walsh.
- Nós gostaríamos de conhecer a adega. Sou um apreciador dos
vinhos. – Anthony disse sem tirar as mãos da cintura dela.
- Claro, por aqui. – Carlo deu meia-volta e começou a conduzi-los
para os fundos da propriedade. – Aqui fabricamos uma diversidade de vinhos.
Tinto, seco e branco. No momento está acontecendo a degustação.
- Gostaríamos de participar. – Anthony disse enquanto caminhava a
passos firmes.
- Como quiser, Sr. Walsh.

O local onde acontecia a degustação de vinhos era fresco e tinha


uma linda visão para a plantação das vinhas. Diana sorriu se sentindo pela
primeira vez realmente feliz desde que descobrira sobre a falência declarada
da empresa do pai.

- Parece que realmente acertei te trazendo aqui. – Anthony disse


colocando as mãos nos bolsos olhando para ela.
- Com toda certeza, cada vez que conheço mais fico mais
encantada. – respondeu com o olhar fixo na bela paisagem.
- Tem um lindo sorriso, Diana. Seria bom se sorrisse com mais
frequência.
- Sr. Walsh, temos o primeiro vinho. – Carlo chamou a atenção do
casal não dando oportunidade para Diana responder alguma coisa sobre o
comentário do marido.
- O que temos aqui? – Anthony perguntou vendo um garçom servir
com elegância duas taças abauladas.
- Este é vinho Rosso di Montepulciano.

Anthony pegou a taça e girou o líquido em sentido anti-horário,


aproximou-o do nariz sentiu o aroma antes de beber um gole. Todo aquele
movimento o fazia parecer um sommelier.

- É possível sentir um leve gosto de cereja. – disse com uma


expressão indecifrável.
- O senhor tem um paladar bastante apurado, Sr. Walsh. É
sommelier?
- Não, mas como disse sou um admirador de vinhos. – colocou a
taça sobre a mesa e olhou para Diana – Prove, querida. Tenho certeza que vai
gostar. – pegou a taça dela e entregou-lhe – Minha esposa prefere os vinhos
tintos.
- É delicioso! – ela exclamou assim que provou um gole da bebida.
Em seguida, provaram mais dois vinhos. Um branco e um seco. O
primeiro chamado Vignola Toscana IGT e o segundo Vin Santo
di Montepulciano.

- Qual o melhor vinho de vocês? – Anthony perguntou curioso,


parecia realmente satisfeito com a qualidade das bebidas.
- Com certeza o Vino Nobile di Montepulciano. – Carlo respondeu
seu titubear.
- Quero duas garrafas dele.
- Vamos providenciar, Sr. Walsh.

Anthony levou Diana para dar um passeio pelo vinhedo Il Settonce,


onde as parreiras eram pequenos arbustos e não em espaldeira, como da
maneira mais convencional e seu formato hexagonal deixava cada uma das
plantas distantes de maneira igual.

- Quero uma uva. – mordeu o lábio.


- Apenas escolha um cacho e retire-o. – ele a incentivou.
- Pode? – olhou-o um pouco insegura.
- Claro.

Ela parecia uma criança satisfeita ao pegar o cacho de uvas.


Anthony a conduziu até o restaurante e lá fizeram uma refeição completa.
Visitaram a adega logo em seguida e depois deram uma volta por Siena a pé,
já que era proibido andar de carro por lá. Diana estava extremamente cansada
dentro do carro a caminho do hotel em Florença. Ao chegarem, Anthony a
conduziu para um banho acompanhada por ele, mas não transaram, apenas
aproveitaram um pouco mais a companhia um do outro e Diana gostou
daquele momento. Ele sabia que aquilo seria importante para ajudá-la a
relaxar naquele casamento e estava ajudando.

- Vamos dormir, Diana. O dia foi bastante movimentado.

Ambos se ajeitaram entre os lençóis e pegaram em um sono


profundo quase que instantaneamente e pela primeira vez, Diana havia
conhecido um lado de Anthony que era um pouco mais receptivo.
Capítulo 8

Quando os raios de sol entraram pelas pequenas frestas das


cortinas, mais uma vez ela acordava sem a presença do marido ao lado da
cama. Será que ele sempre se levantaria tão cedo? Quando teria a
oportunidade de ver Anthony adormecido ao seu lado? Chegava a duvidar de
que aquele homem dormia em algum momento. Levantou-se e não se seu ao
trabalho de colocar o hobby, caminhou com uma camisola roxa até a sala e
viu Anthony com os cabelos molhados tomando uma xícara de café.

- Bom dia. – ela se aproximou – Quais são os planos para hoje?


- Eu vou voltar à vinícola. – respondeu sem olhar para ela, sua
atenção estava em alguma notícia no jornal que segurava em uma das mãos.
- Você vai sozinho?
- Vou, Diana.
- Por quê?
- Porque vou tratar de negócios. – colocou a xícara sobre a mesa –
Há um shopping aqui perto, pegue um táxi e vá até lá. – levantou-se e largou
o jornal sobre a mesa – O cartão que te dei é internacional, não se preocupe.
- Anthony, eu não falo italiano, não posso sair sozinha por aí.
- Diana, não se preocupe. – colocou o celular no bolso – Muitos
italianos falam inglês. Principalmente em uma região turística como essa.
Qualquer coisa me ligue.

Ele lhe deu um beijo rápido e saiu pela porta deixando-a sozinha e
sem saber o que fazer. Estava em um país diferente e com pessoas diferentes,
sem nenhum tipo de referência e com uma língua que não se parecia nem um
pouco com a sua. Anthony era seu único apoio, mas ele não estava ali,
preferira cuidar de negócios, era o que sabia fazer muito bem. Suspirou e
decidiu tomar um banho de banheira. Relaxou, ouviu algumas músicas
italianas no rádio do quarto e aproveitou os sais de banho. Em algum
momento, imagens de Anthony nu invadiram sua mente. Ele estava
poderosamente rígido, dentro da banheira, mirando-a com um olhar
selvagem. Suspirou e se sentou com a postura reta e a respiração um pouco
ofegante.

- Oh, o que foi isso? – colocou a mão sobre o peito e sentiu seu
coração um pouco mais acelerado.

Estava tendo visões eróticas de Anthony. Realmente não podia


mais negar que o desejava, que eram sexualmente compatíveis e que esperava
ainda mais. Sabia que ele era totalmente capaz de lhe dar prazer da maneira
que jamais tivera. Anthony tinha um olhar quente quando estavam na cama,
quando ele a olhava meticulosamente analisando seu corpo e a forma como a
possuía dizia que sem dúvidas, ambos tinham química sexual. Ele não havia
feito nada antes de casarem e Diana se pegou pensando como teria sido a lua
de mel se já tivesse experimentado prazer nos braços de Anthony.

- Seus gemidos seriam ouvidos por outros hóspedes, Diana. – disse


para si mesma respondendo seu próprio questionamento.

Tomou café procurando espantar os pensamentos eróticos que de


repente a assolaram naquela manhã. Teria sido efeito da frustração de não ter
transado com Anthony na noite anterior? Estavam juntos há pouco mais de
dois dias e já sentia uma necessidade de sentir prazer com ele mais vezes.
Vestiu uma calça jeans, uma bota preta de cano médio, um suéter roxo e um
lenço lilás. Ajeitou os cabelos, maquiou-se e saiu determinada a caminhar um
pouco pelo shopping, afinal, não tinha muita segurança para sair pelas ruas de
Florença explorando o lugar sem a companhia de Anthony.
Olhou as lojas, havia tanta coisa para comprar e ela decidiu levar
algo para o marido ao ver que uma das lojas era especializada em vinhos.
Entrou com a certeza de que não tinha muito dinheiro para gastar. Queria dar
um presente a Anthony e não seria justo fazer isso com o dinheiro dele.
Olhou em volta até se decidir por algo discreto que cabia perfeitamente na
quantia que dispunha para gastar. Um kit de vinhos, onde havia alguns
acessórios que ela não sabia identificar pelo nome e nem para que serviam,
mas com certeza estavam relacionados à abertura da garrafa. Ficou satisfeita
com a compra: a caixa era vinho, totalmente aveludada e os utensílios
ficavam dispostos de maneira organizada. Andou um pouco mais, almoçou
em um restaurante que servia um delicioso ravióli e caminhou devagar
olhando as vitrines. Viu um vestido verde esmeralda que a encantou. Tinha
um lindo decote em V e quando o provou notou o quanto seus seios ficaram
realçados. Sorriu diante da imagem e olhou-se novamente no espelho antes
de decidir ficar com ele. Era justo em seu corpo e tinha o comprimento ideal
indo até um pouco mais da metade das coxas.
Quando chegou ao hotel, encontrou Anthony de pé recém-saído do
banho próximo à janela contemplando a vista usando um roupão branco
enquanto fumava seu cigarro. Virou o pescoço ao ouvir o barulho da porta se
fechar e Diana respirou fundo. Nunca aprovou muito aquele tipo de vício,
mas Anthony ficava extremamente sexy enquanto fumava. O jeito com que
segurava o cigarro, como expelia a fumaça e a forma como se deleitava de
prazer com aquilo fazia com que sentisse vontade de ficar admirando-o por
um longo momento. Tudo o que ele fazia era sexy e bastante masculino. Ele
costumava apagar o cigarro sempre que ela aparecia, mas dessa vez não o fez,
apenas ficou onde estava mirando-a com aqueles intensos olhos castanhos
esperando que dissesse algo.

- Que bom que já está aqui. – foi tudo o que conseguiu dizer
enquanto se aproximava do sofá e colocava as sacolas sobre ele.
- Estava me perguntando onde você havia se metido. – bateu as
cinzas do cigarro em um cinzeiro colocado no parapeito da janela –
Começava a me preocupar o fato de estar sozinha por aí sem saber falar
italiano.
- Você disse que não havia com o que se preocupar.
- Mas estava mudando de opinião já que estou aqui há mais de uma
hora e você não aparecia. – desviou sua atenção para as sacolas – O que
comprou?
- Tenho um presente para você. – pegou a sacola preta com letras
em dourado.
- Presente? – apagou o cigarro no cinzeiro e se aproximou dela com
curiosidade – É meu aniversário?
- Sabe que não. – colocou as mãos dentro dos bolsos traseiros da
calça – Eu comprei porque me lembrou de você e além do mais, era o que eu
podia comprar com o que tinha.
- Diana... – estreitou os olhos – Como assim era o que você podia
comprar com o que tinha? – meneou a cabeça – Até onde me lembro, minha
situação financeira não restringe nenhum tipo de presente.
- Mas a minha sim. Eu comprei com meu dinheiro, Anthony. O
pouco que me restou. É um presente pra você e eu não queria comprar com
seu dinheiro. – explicou.
- Tudo bem, deixe-me ver.

Ele abriu a sacola e viu a caixa de veludo vinho. Retirou-a e


colocou-a sobre a mesa, abrindo em seguida e vendo do que se tratava. Diana
estava apreensiva, era o primeiro presente que comprava para ele e começava
a se arrepender do impulso que tivera. Não conhecia bem seu marido, além
do mais, era um homem milionário que já possuía de tudo.

- Um kit para vinhos. – olhou-a – É fantástico! – sorriu de canto.


- Que bom que você gostou. – suspirou aliviada – Quando vi, achei
que era um bom presente. Você tinha dito que era um apreciador de vinhos.
- E sou. – aproximou-se dela – E muito obrigado pelo presente.
Como devo retribuir?
- Não precisa, Anthony. Foi um presente. – respondeu já sentindo
seu corpo ficar alerta com a aproximação.
- Eu faço questão.

A mão firme segurou-lhe os cabelos em sua nuca e puxou-a para


um beijo sedento. Anthony tinha o cheiro da loção pós-barba e o gosto de sua
boca era uma mistura de menta com tabaco. Aquilo era sexy. Diana se
entregou ao beijo, deixando a língua possessiva provocar-lhe, acariciar e
explorar sua boca em muitos níveis. A temperatura de seu corpo aumentava,
a respiração ficava ofegante e sem se dar conta, sentiu Anthony a prensar
contra a parede e gemeu ao sentir a ereção dele em sua barriga.
Os beijos desceram para seu pescoço, percorreram um caminho
provocando-a, deixando-a arrepiada enquanto as mãos habilidosas iam
retirando seu lenço e subindo seu suéter. Anthony afastou os lábios da pele
dela apenas para passar o suéter por sua cabeça. Quando este já estava no
chão acompanhado pelo lenço, ele novamente afundou o rosto na curva de
seu pescoço e ela se contorceu.

- Isso, Diana... – ele disse com a voz rouca e sensual – Sei que quer
isso tanto quanto eu.

Não havia mais como fingir que não estava gostando daquele tipo
de intimidade. Era hora de tocá-lo, de sentir sua pele quente e seus músculos
rígidos. Diana tomou a atitude e levou as mãos até o nó do roupão dele, o que
fez Anthony olhá-la bastante surpreso, mas o sorriso malicioso a incentivou a
ser ainda mais atrevida. Estava dominada pela paixão do momento e o seu
nível de excitação estava aumentando consideravelmente. Quando abriu o nó
de Anthony, ficou surpresa ao vê-lo completamente nu, mas passou a língua
nos lábios e empurrou o roupão pelos ombros dele.
Envolveu o membro com a mão e acariciou-o atrevidamente e
sorriu satisfeita ao arrancar um gemido de prazer dele. Anthony desfrutava
daquilo, se entregava ao momento e ela apertava sentindo-o completamente
rígido sob a palma de sua mão. Quando soltou de repente, Anthony abriu os
olhos abruptamente e respirou frustrado, mas ela apenas sorriu para ele e
deixou que ele conduzisse o resto. As mãos ágeis a livraram das botas, da
calça e da calcinha, de maneira tão rápida que a surpreendeu. Ele não a levou
para cama e nem para o sofá, queria ela ali, naquele momento, mas gemeu
frustrado ao se dar conta de que precisava de um preservativo.

- Que merda! – xingou enraivecido.


- Anthony... – chamou-o segurando em seus cabelos tamanho o
desespero para senti-lo.
- Venha, Diana.

Anthony a pegou no colo com facilidade e carregou-a até a cama,


onde logo na cabeceira estava espalhada certa quantidade de preservativos.
Ele pegou um dos pacotes e rasgou-o rapidamente, protegeu-se e penetrou-a
com força arrancando um grito abafado dela. Diana agarrou-se a ele e
Anthony começou os movimentos de maneira rápida e ágil. Ambos gemiam
ofegantes, os corpos se aqueciam e suavam a cada investida dele. Ela se
deixava levar, se sentia totalmente preenchida por ele e gemeu ao senti-lo
enterrar-se com mais intensidade.
Empurrou com toda a força que conseguiu reunir e Anthony bateu
de costas no colchão. Ela subiu sobre ele e encaixou-se no membro mais uma
vez. Ambos gemeram alto, as mãos firmes seguraram sua cintura enquanto
ela começava a ditar o ritmo seguindo o dele de alguns poucos segundos
atrás. Os seios pulavam a cada cavalgada e Anthony se deleitava com a visão.
Diana tinha seios fartos e se orgulhava daquilo e naquele momento se sentia
poderosa sobre ele, tendo seu olhar felino sobre si. Ambos queimavam de
desejo, uma gota de suor escorreu pelo vale dos seios dela e Anthony
afundou-a em seu membro, sentindo seu corpo tremer e ambos chegaram ao
clímax juntos.
Diana gritou, sem se importar de ser ouvida por qualquer pessoa
naquele andar. Anthony apertou os olhos com força sem conseguir abri-los
para contemplar a beleza de sua esposa sendo dominada por um orgasmo. Ela
caiu sobre ele, os corpos molhados grudados um no outro enquanto a
respiração descompassada tentava voltar ao seu ritmo. Foram alguns minutos
assim, em total silêncio sem sequer se moverem. Diana remexeu-se e caiu ao
lado dele, totalmente satisfeita com o momento. Anthony se remexeu e
passou as mãos sobre o rosto para tentar organizar as ideias.

- Por Deus, Diana! – exclamou ainda ofegante – Marque uma


consulta assim que chegarmos à Nova York. Quase não consegui parar para
pegar uma camisinha.
- Eu sei. – virou o rosto para olhá-lo – Será a primeira coisa que
farei.
- Sabe, Sra. Walsh... – sentou-se na cama devagar e virou um pouco
o pescoço para olhá-la – Acho que encontramos um ponto em comum.
- Sexo.
- Deveríamos começar com algo. – levantou-se para se livrar do
preservativo – Jantaremos no quarto, acho que teremos muito que conversar
sobre nossos assuntos em comum. – olhou-a com seu olhar devorador e
caminhou em direção ao banheiro.
Capítulo 9

Voltar para Nova York fez com que Diana sentisse que estava de
volta à realidade. Agora não iria para seu apartamento, seu novo lar era uma
mansão com a qual não tinha nenhum apego. Anthony deixou as malas no
quarto e Diana olhou em volta da suíte. Era discreto, decorado com cores
neutras em tons de preto, cinza e pastel. O quarto suave, mas muito
sofisticado, como tudo que dizia respeito a ele. Anthony era o tipo de homem
que gostava de ser milionário e não escondia sua satisfação em mostrar ao
mundo seu poder financeiro. Gastava dinheiro sem pena, gostava de tudo que
era bom e agora Diana fazia parte daquele mundo de luxo ao qual estava
acostumada, mas que era regido sobre as regras de Anthony Walsh.
Chegaram à noite em casa, Diana estava cansada e com fome, então
tomou um banho enquanto o marido ia para o escritório checar alguns e-mails
e recados. Ela vestiu uma camisola de seda preta que ia até o meio das coxas,
colocou o hobby por cima e amarrou-o para poder descer. Entrou na cozinha
e Ruth virou-se para olhá-la.

- Olá, Sra. Walsh. – sorriu simpática – Como foi a viagem?


- Tudo ótimo. – sorriu mostrando-se contente.
- Já vou servir o jantar, fiz um frango grelhado e uma salada de
legumes. O Sr. Walsh disse para preparar algo leve porque vocês estão
cansados e logo vão dormir.
- Obrigada, Ruth. Vou até o escritório chamar meu marido.

Foi até o escritório e bateu na grande porta de madeira. Ouviu a voz


dele do outro lado lhe dando a permissão para entrar e abriu a porta devagar
colocando primeiro a cabeça para o lado de dentro.

- Com licença. – disse antes de abrir mais a porta e entrar de vez.


- Entre, Diana.

Anthony não desviou o olhar de um papel que estava lendo bastante


concentrado. O que chamou a atenção dela foi que ele usava óculos de grau
com armação preta. O olhar concentrado e a expressão séria o deixavam
ainda mais sexy e os óculos lhe caíram perfeitamente. Como ela não disse o
que fora fazer ali, Anthony levantou o olhar para concentrar sua atenção na
esposa.

- O que houve? Por que está me olhando assim? – largou os papéis


sobre a mesa.
- Ainda não tinha visto você de óculos. – abraçou o próprio corpo.
- Não uso com frequência, apenas quando tenho que ler por muito
tempo. – levantou-se – Mas o que veio fazer aqui? Tenho certeza que não
veio para ficar me observando.
- Ruth vai servir o jantar.
- Ótimo, eu já estou faminto e você precisa se alimentar.

Ele deu a volta em torno da mesa de carvalho e parou na frente


dela. Anthony ainda usava o jeans e a camisa social verde escura que voltara
de viagem. Estava um pouco cansado, mas sempre colocava os negócios em
primeiro lugar, portanto a primeira coisa que fez quando chegou em casa foi
se trancar no escritório por longos minutos.

- Vamos jantar, depois conversaremos. – ele disse e caminhou em


direção à porta.

Conversar de novo? O que de tão importante ele tinha para falar


agora? Suspirou e seguiu-o. Anthony parou no corredor e ficou esperando-a,
envolveu o braço por cima de seus ombros e caminhou com ela até a sala de
jantar. O cheiro estava delicioso, Ruth havia deixado as travessas sobre a
mesa para que eles se servissem à vontade. Foi nesse momento que Diana se
tocou que realmente estava morrendo de fome. Ambos se serviram e
comeram enquanto conversavam. Anthony perguntava sobre a viagem e o
que ela mais havia gostado, se tinha vontade de voltar e se queria visitar
outros lugares. Diana se sentiu um pouco mais relaxada com a conversa, mas
ainda se sentia um pouco deslocada com a mudança.
Anthony foi o primeiro a terminar o jantar e não a esperou.
Precisava tomar banho e foi logo para o quarto, dizendo para ela subir assim
que terminasse de comer. Como estava curiosa para saber o que de tão
importante ele tinha para conversar, comeu rapidamente sua sobremesa e
subiu. Sentou-se na cama e ficou mirando a porta do banheiro esperando que
ele saísse. Quando Anthony apareceu, usava apenas uma toalha enrolada na
cintura e algumas gotas de água escorriam pelo seu peitoral. Diana prendeu a
respiração diante da imagem e desviou o olhar antes que seu corpo reagisse
àquela visão. Precisava se concentrar no que tinham para conversar.

- O que queria falar comigo? – perguntou enquanto fingia ajeitar o


nó do hobby.
- Diana, agora realmente começa a nossa vida de casados. Com as
nossas obrigações. – foi até o armário e pegou uma cueca boxer branca.
- Eu sei. – levantou o olhar a tempo de vê-lo se livrar da toalha e
ficar completamente nu.
- Essa mansão por dois anos será tanto minha quanto sua. – vestiu a
cueca e olhou-a – Tem direito de fazer o que quiser, Diana. Os empregados
vão te obedecer da mesma maneira que me obedecem. Você pode dar ordens
e pedir a Ruth o que quiser para o almoço ou jantar. Você vai ficar
responsável pelo cardápio dos jantares que teremos aqui, responsável pela
organização de festas, enfim, você também terá seu espaço e suas funções
nessa casa. – aproximou-se dela e olhou-a nos olhos – Lembrando que vamos
bancar o casal feliz até mesmo dentro de casa, afinal, os empregados não
sabem sobre as condições reais do nosso casamento.
- Sim. – assentiu sentindo o cheiro de sabonete que vinha dele – Eu
não vou me esquecer disso.
- Ótimo, Diana. Agora vamos dormir, precisamos descansar.

Ele deu a volta na cama e se acomodou. Diana foi até o banheiro


escovar os dentes e se juntou a ele na cama. Aquela era a primeira vez que
dormia ali com ele e achou o colchão bastante confortável. Aconchegou-se
mais ao travesseiro e deixou que o sono a dominasse.

Diana despertou sentindo o corpo relaxado e descansada. Abriu os


olhos de maneira preguiçosa e notou que mais uma vez Anthony não estava
ao seu lado. Desde que dormiram juntos pela primeira vez, nunca conseguira
acordar e ver seu marido adormecido ao seu lado. Quantas horas aquele
homem dormia? Suspirou e afastou o lençol para o lado, levantou-se e foi
para o banheiro tomar um banho e tirar aquela expressão sonolenta de seu
rosto.
Ruth estava na cozinha e Diana ainda podia sentir o cheiro de café.
Anthony acabara de sair, ele sempre tomava uma xícara de café todas as
manhãs. Percebera isso enquanto estava em Florença com ele.

- Bom dia, Ruth. – cumprimentou-a.


- Bom dia, Sra. Walsh. O Sr. Walsh saiu há menos de cinco
minutos, disse que não quis te acordar, pois vocês tiveram uma longa viagem
e a senhora precisava de um bom descanso. – virou-se para olhá-la – O que
quer para o café?
- Se não for nenhum incômodo, eu gostaria de panquecas com
geleia. – puxou uma cadeira para se sentar.
- Não é incômodo nenhum, eu já vou preparar.

Diana ficou em silêncio, ainda se sentia deslocada naquele lugar.


Quando ainda morava com o pai, nunca tivera problema em dar ordens aos
empregados, mas ali na casa de Anthony, com pessoas com quem ainda não
se acostumara e se sentindo uma intrusa devido às circunstâncias do seu
casamento, ainda não conseguia se sentir à vontade sendo a Senhora Walsh.
Por mais que a cozinheira fizesse de tudo para ser simpática e agradar, Diana
ainda se sentia deslocada naquilo tudo. Ruth demorou apenas alguns minutos
e colocou o prato à sua frente, com panquecas que exalavam um delicioso
aroma e um pote de geleia de framboesa. Diana comeu em silêncio e
agradeceu quando terminou.

- Estava uma delícia, Ruth. – limpou o canto da boca com o


guardanapo.
- Fico feliz que tenha gostado. Sra. Walsh. Quer que eu prepare
algo especial para o almoço?
- Pode escolher, confio em você para isso Ruth. – sorriu amigável e
se retirou.

Quando voltou para o quarto, Diana percebeu que não tinha muito
que fazer, então decidiu arrumar as roupas de seu closet e organizar tudo o
que comprara nos últimos dias. Pegou todos os vestidos e começou a
organizá-los por cores, em seguida vez o mesmo com as saias e as blusas. Os
casacos, suéteres e cachecóis ficavam em outra repartição do closet. Colocou
os sapatos em seus devidos lugares e suspirou cansada. Ocupara grande parte
da manhã fazendo aquilo e sorriu por ter conseguido passar um pouco do
tempo.
Lembrou-se que aquela semana Elisa estava de volta e decidiu
pegar seu laptop para checar se havia algum e-mail da amiga. Sentia muita
falta de poder conversar ao vivo com ela, trocar confidências e pedir
conselhos. Quando Elisa soubesse a verdadeira razão daquele casamento,
Diana sabia que ela não aprovaria muito bem a ideia, mas já era algo que
estava feito, o que precisava no momento era aprender a lidar com a situação
até o contrato terminar. Ligou e entrou em sua caixa de entrada, lá estava um
e-mail de Elisa que ainda não havia lido.

De: Elisa Bryant ([email protected])


Para: Diana Stewart ([email protected])
Assunto: Estou voltando!

Diana, você realmente me deixa curiosa com tanto mistério para


me contar, mas por sorte já estarei em NY essa semana e vou querer saber
TODOS os detalhes desse casamento repentino, porque sei que há algo muito
importante que devo saber. É claro que não é de se admirar que você me
dissesse que se encantou com o charme de Anthony Walsh, mas eu te
conheço o suficiente para saber que isso não seria um motivo para fazer você
se casar, sei que há algo mais. Eu chuto que você está grávida! Ah, e me
lembro que você disse para jantarmos ou almoçarmos em sua nova casa
qualquer dia desses, já aceito o convite desde já. Terei algumas semanas
para descansar até voltar a ensaiar a próxima peça. Quinta-feira à tarde
estou chegando, vou demorar a me adaptar ao fuso horário.
Eu ligo quando chegar, beijos!

Sorriu ao ver que a amiga estava bem e sabia que Elisa desconfiaria
do casamento tão repentino. Gravidez até poderia ser considerado algo para
fazer com que ambos se casassem, afinal, não seria bom para a imagem de
Anthony ter um filho sem estar casado. Porém, por sorte o casamento não era
por um motivo que os ligaria até o fim de suas vidas. Filhos seria um elo
eterno que nenhum dos dois estava disposto a manter, não daquelas
condições. Ficou sem saber o que responder, sem tocar o assunto crucial que
vinha atormentando-a, mas que não queria falar por e-mail. Decidiu ser
breve.

De: Diana Stewart (dianavstewart @web.com)


Para: Elisa Bryant ([email protected])
Assunto: Boa viagem!

Eli, não vejo a hora de você voltar e poder te contar tudo. Fico
feliz que conseguiu umas semanas de férias, então acho que podemos sair
para fazer umas compras, sinto falta disso! Me ligue mesmo quando chegar,
vamos marcar um almoço, quem sabe? Por enquanto não aqui em casa,
quero te contar tudo antes de almoçarmos aqui com Anthony. Espero que
tenha uma boa viagem, beijos.

Terminou de escrever e desligou o laptop. Já estava na hora do


almoço e ela desceu para ver se estava pronto. Era chato comer sozinha
naquela mansão, mas precisava se acostumar já que aquela seria sua nova
rotina. Recordou-se do que Anthony havia dito sobre a ginecologista. Tinha
que marcar uma consulta e começar a tomar logo o remédio, era melhor fazer
logo aquilo e evitar que ele se irritasse. Quanto mais evitasse brigas, melhor
seria lidar com aquele casamento. Passou a tarde toda deitada na cama
assistindo TV, fez uma nota mental que precisava passar em uma livraria e
comprar alguns livros para se distrair enquanto não tinha nada pra fazer.
Adorava romances, mas cada vez que os lia, percebia que aquelas estórias
ficavam apenas na ficção.
A porta do quarto se abriu e ela viu Anthony entrar vestido com um
paletó cor de chumbo, uma camisa branca e uma gravata verde escura. Não
aparentava cansaço e estava bastante sexy naquela pose de homem de
negócios. Tinha um marido incrivelmente bonito, mas que não era
apaixonada. Ele retirou o paletó e pendurou-o no encosto da poltrona de
couro.

- Como foi o seu dia? – perguntou a primeira coisa que veio à sua
cabeça para quebrar aquele silêncio.
- Cheio, mas nada fora do normal. – olhou para ela e começou a
afrouxar a gravata.
- Eu estava esperando você para falar sobre a minha consulta. –
sentou-se na cama e ajeitou os cabelos – Eu não sabia para quem ligar então
resolvi esperar você.
- Ligue para minha irmã e pegue o número da ginecologista dela.
Tenho certeza que é muito boa. Marque um horário o quanto antes. – colocou
a gravata junto com o paletó e começou a abrir os botões.
- Eu ligarei para sua irmã.
- Ótimo! – continuou abrindo os botões e deixando o peitoral à
mostra – Tomarei um banho e depois poderemos jantar.
- Tudo bem.

O jantar foi tranquilo, Anthony contou um pouco sobre o que havia


acontecido na empresa e Diana prestava atenção. Queria entender um pouco o
que acontecia em torno de seu marido e era interessante ver como ele falava
com paixão de seu trabalho. Anthony realmente nascera para aquilo. Após a
sobremesa, ambos subiram e se prepararam para deitar. Ela se recostou na
cama e ficou esperando até que ele se ajeitasse para tocar no assunto sobre
Elisa.

- Anthony, Elisa está chegando quinta-feira à noite. – avisou a ele –


Ela disse que está ansiosa em vir jantar ou almoçar aqui.
- Marque com ela um dia e me avise, Diana. – deitou-se e fechou os
olhos – Com um pouco de antecedência para sabermos se temos ou não
algum compromisso no dia. Agora vá descansar. Boa noite, Diana.

E dessa maneira seca ele se aconchegou ao travesseiro e fechou os


olhos. Ela não sabia se ele estava ou não adormecido, mas já que não tinha
com quem conversar, também se deitou e deixou que o sono a dominasse.
Capítulo 10

O tão esperado dia de Elisa voltar havia chegado e já era sexta-


feira, dia em que marcara um almoço no apartamento da amiga. Estava
bastante feliz e acabou terminando de se arrumar muito cedo, porém teve a
ideia e aproveitar aquele tempo para ir ao escritório de Anthony para
conhecer melhor seu ambiente de trabalho, dessa vez como sua esposa. Será
que ele iria apreciar a surpresa ou iria reclamar por ser importunado em seu
trabalho? Mordeu o lábio inferior com um pouco de dúvida, mas decidiu
seguir sua vontade.
Dirigiu tranquila até o grande prédio da Walsh Publishing House e
suspirou ao ver que a imponência daquele edifício, que refletia o poder de
Anthony como homem e como empresário. Ele exalava controle, seu olhar
era seguro e sua voz rouca demonstrava firmeza. Talvez aqueles detalhes o
tivessem ajudado a se tornar o homem que é hoje. Era dono da maior editora
do país, aonde todos os dias diversos livros chegavam até ali para serem
avaliados na esperança de serem publicados. Anthony possuía
reconhecimento mundial, além de estar no ramo de livros, revistas e jornais,
ele era sócio de algumas outras empresas, das quais Diana não sabia, atual
dono das empresas Walsh e possuía trinta por cento de uma construtora. Seu
rendimento econômico estava longe dos padrões de entendimento dela, mas
sabia que Anthony tinha dinheiro para esbanjar. Estacionou o carro no
subterrâneo e se recordou da primeira vez que esteve ali. Jamais ia imaginar
que um pouco depois voltaria como esposa do presidente da empresa. Subiu o
elevador até o andar da presidência que era o penúltimo. Olhou-se no espelho
e ajeitou os cabelos levemente ondulados, checou a maquiagem e arrumou o
lindo colar com bolinhas de ouro que havia ganhado do pai.
A porta se abriu e ela viu a mesma secretária ainda em sua mesa
olhando concentrada para a tela de seu computador. Talvez a jovem loira não
se recordasse dela, devia ter diversas pessoas entrando ali para falar com
Anthony, então se aproximou e o barulho de seus saltos deve ter chamando a
atenção da loira.
- Bom dia. - disse educadamente.
- Bom dia. – respondeu mantendo-se de pé em frente à mesa – Eu
gostaria de falar com o Sr. Walsh. – disse sem saber se o chamava pelo nome
ou o tratava de maneira mais formal em seu ambiente de trabalho.
- Tem hora marcada? – perguntou de maneira profissional e
eficiente já clicando em alguns locais em seu computador.
- Não, eu não marquei hora.
- O Sr. Walsh disse que não quer ser incomodado. Então só com
hora marcada. São exigências dele. Mas posso deixar um recado, é só me
dizer seu nome. – pegou uma caneta no porta-lápis.
- Eu... – olhou de um lado para o outro sem saber o que fazer – Me
chamo Diana Victoria Walsh.
- Oh, meu Deus! – exclamou surpresa – Sra. Walsh, me desculpe.
Eu não sabia. Eu vou agora mesmo avisar ao Sr. Walsh que está aqui. –
pegou o telefone de maneira nervosa.
- Gabriela, preciso que entregue...

Anthony estava saindo da sala segurando algumas pastas na mão


quando seus olhos encontraram os da esposa e a secretária voltava a colocar o
telefone em sua base. Ele sorriu mostrando felicidade, mas somente Diana
sabia que não era um sorriso espontâneo.

- Querida, que surpresa! – exclamou se aproximando – O que faz


por aqui? Precisa de alguma coisa?
- Não. – negou um pouco desnorteada – Eu só queria te ver, já que
estava passando por aqui.
- Que maravilha! – envolveu um braço em torno de sua cintura e
lhe deu um selinho rápido – Gabriela, leve essas pastas para Lawrence. Diga
que se ele tiver alguma dúvida, que fale comigo. – entregou à secretária.
- Claro, Sr. Walsh. – assentiu de maneira eficiente pegando as
pastas.
- A propósito, quando minha esposa chegar, sempre deixe que ela
entre. Caso eu esteja em alguma reunião em minha sala, diga para ela esperar.
– puxou Diana e deu meia volta.
- Sim senhor.

Diana foi guiada até o escritório de Anthony e este fechou a porta


assim que entraram. A sala fazia com que ela recordasse o momento em que
entrou ali e recebeu uma proposta de casamento inusitada. Agora, quase três
meses depois, retornara como Sra. Walsh. As paredes e vidros da imensa sala
de Anthony pareciam refletir a frieza do olhar dele. Era tudo muito discreto
de distinto, não havia fotos e nenhum tipo de decoração que remetia a algo
mais caloroso e íntimo, apenas um quadro com cores neutras numa mistura
de tons pastéis, cinza, azul e preto que lembravam a imagem de uma cidade à
noite. O mesmo quadro que vira pela primeira vez que entrara ali.

- O que veio fazer aqui, Diana? Precisa de alguma coisa? – ele


contornou a grande mesa e se sentou novamente em sua cadeira.
- Não, na verdade estou indo ao apartamento de Elisa almoçar com
ela e como ainda é cedo resolvi passar aqui para te visitar. – disse sem se
sentar, segurando a bolsa pelas alças em frente ao seu corpo.
- Mas eu estou muito ocupado, não quero ser atrapalhado. – abriu
uma gaveta e tirou de lá algumas pastas – Tenho os relatórios de ganhos do
vinhedo que visitamos e preciso pensar se vale a pena ou não investir.
- Eu não sabia que ia atrapalhar tanto.
- Preciso trabalhar, afinal, você está tendo uma vida boa graças a
mim que fico aqui nesse escritório.
- Eu vou embora.
- Esteja em casa até às cinco. – ele disse sem ao menos olhá-la – Os
Bertolli vão jantar conosco essa noite.

Sentiu-se ofendida pela forma com que ele jogara as coisas diante
dos seus olhos. Era verdade que não fazia nada e estava sendo sustentada por
ele, mas aquilo era justamente porque fora o próprio Anthony que dissera que
cuidaria de tudo e lhe daria todo o luxo ao que fora acostumada. E
obviamente, diante disso, sentia-se no direito de dar ordens. Ele não fizera
nenhum esforço de se desculpar, apenas continuou sentado em sua cadeira
enquanto ela saía do escritório.
Diana foi até o elevador segurando a raiva que sentia pela forma
que era tratada, não queria demonstrar para a secretária de Anthony que
estava irritada, afinal, tinha que fingir que vivia um casamento feliz. Apertou
o botão do elevador com força exagerada e desceu xingando-o em
pensamentos. Achava-se no direito de dar ordens e por mais que lhe
incomodasse aquele jeito dele, ela sentia raiva de si mesma por achá-lo sexy.
Suspirou quando saiu do elevador e tentou afastar aqueles pensamentos.
Precisava conversar com Elisa, contar tudo com detalhes e esperar a amiga
chamá-la de louca. Mas apesar de tudo, as coisas pareciam que melhorariam
dali em diante, pois ter a ajuda dela para desabafar quando precisaria lhe
ajudaria muito, porque até agora lidou com tudo absolutamente sozinha e
ainda tinha muito tempo pela frente.
O edifício onde Elisa morava ficava no centro de Manhattan, bem
próximo à empresa de Anthony, portanto conseguira chegar rápido sem pegar
nenhum congestionamento. Cumprimentou o porteiro que já a conhecia e
permitiu que subisse sem nenhuma identificação. Pela primeira vez subia as
escadas nervosa para fazer uma visita à amiga, pois sabia que ela lhe
bombardearia com diversas perguntas das quais não podia fugir e temia o
julgamento que Elisa pudesse fazer dela quando soubesse o real motivo de
seu casamento. Parou em frente à porta de madeira escura e respirou fundo
antes de tocar a campainha. Apenas poucos segundo depois, a figura da
morena surgira, um pouco mais bronzeada do que da última vez que a vira,
mas com o mesmo sorriso acolhedor e animado.

- Di, que saudades! – abraçou-a calorosamente na soleira da porta.


- Que bom te ver, Eli. Senti sua falta. – sorriu e afastou-se da amiga
mirando os grandes olhos castanhos.
- Venha, temos muita fofoca para por em dia. – puxou-a para
dentro do apartamento e trancou a porta – Vou servir uma saladinha que
aprendi lá na Austrália como entrada enquanto conversamos e a carne
termina de assar.

Elisa era assim. Prática, organizada e apesar de serem muito


amigas, a tratava como se fosse sempre a primeira vez que a visitava. Toda
atenciosa, cheia de cuidados e sempre fazendo questão de agradar. A morena
voltou alguns poucos minutos depois com um pequeno pote de porcelana
cheio com a salada colorida por conta dos diversos legumes. Agradeceu e a
amiga se sentou na poltrona vermelha de frente para o sofá onde Diana estava
sentada.

- Sem mais enrolação, Diana. Preciso saber sobre esse casamento


relâmpago. – Elisa iniciou a conversa antes de saborear sua salada.
- É um pouco complicado explicar. – suspirou e olhou-a – Mas é
melhor eu dizer tudo de uma vez. – colocou um pouco da salada na boca para
adiar por alguns segundos a verdade, pôs o pote sobre a mesinha de centro e
respirou fundo para encontrar coragem – Eu e Anthony nos casamos por
interesse. Não existe um sentimento entre nós dois.
- O quê? – arregalou os olhos de espanto – Como assim por
interesse?
- Ele precisava de uma esposa e eu precisava salvar a empresa do
meu pai para não terminarmos na rua da amargura. – colocou o cabelo atrás
da orelha – Anthony me propôs um contrato, com várias cláusulas e devo
cumpri-lo por dois anos. Nesse período nós vamos fingir que somos
totalmente apaixonados.
- Mas, Diana... – colocou a tigela sobre o colo – Isso é muito
complexo para eu entender. Então você está casada com um homem que você
não ama? – ela assentiu – Já que vocês fingem que são um casal, vocês
também tem relações?
- Temos. – balançou a cabeça e mordeu os lábios – Eu sei que é
loucura, Elisa. Mas eu admito que apesar de não amar Anthony, eu me sinto
bem quando o assunto é sexo.
- Bem, eu vi algumas fotos do Anthony em jornais e temos que
levar em consideração que o homem é um espetáculo! – exclamou Elisa com
sinceridade – Desculpe, sei que apesar de tudo ele é seu marido.
- Você tem razão, Eli. Anthony é um homem maravilhoso em
termos físicos.
- O que quer dizer com isso? – levantou uma sobrancelha – Ele não
é um bom marido?
- A questão é que Anthony deixa muito claro que somos apenas
sócios, tudo se trata de negócios, portanto faz questão de ressaltar que é ele
quem tem o poder nas mãos.
- Você está infeliz, Diana. – meneou a cabeça.
- Não posso me considerar uma pessoa feliz no momento, mas o
que me dá forças é ajudar meu pai com a empresa.
- E o que Fernando acha de tudo isso?
- Me perguntou se eu tinha realmente certeza de que era isso que
queria fazer. E bem, eu tinha que fazer. – ficou olhando para a tigela com a
salada sobre a mesa de centro – Eu quero fazer algo pelo meu pai, ele já fez
muito por mim. Precisamos cuidar um do outro, é tudo o que temos. Se eu
tive a oportunidade de ajudá-lo, por que não tentar?
- Mas você tem o direito de desistir do contrato certo? – Elisa
perguntou curiosa e Diana assentiu – E com certeza se isso acontecer,
Anthony tem que sair com algum lucro. Afinal, ele não faria um contrato para
não ser beneficiado seja lá o que acontecesse.
- O contrato diz que temos que ficar casados por dois anos, se eu
cumprir tudo de maneira satisfatória, a empresa do meu pai estará salva da
falência, se não, ele ficará com a empresa para ele e eu sem absolutamente
um centavo no bolso. – suspirou – Resumindo: tenho que aguentar firme
esses dois anos.
- Eu entendo. – Elisa olhou-a com compaixão, sem julgá-la – Sabe
que pode contar comigo.
- Sim. – sorriu para tentar relaxar um pouco – Bem, eu preciso estar
em casa às cinco. Terá um jantar de negócios.
- E você precisa exercer seu papel. – levantou-se – Bem, por hora
vamos esquecer isso. Vamos conversar e fofocar como antes de eu viajar,
quando você ainda não era casada.
- Você precisa me contar as novidades. – Diana também se
levantou e deixou a bolsa no canto do sofá – E eu ainda vou terminar essa
salada. – pegou a tigela sobre a mesa de centro – Pode ser minha primeira
tentativa de tentar cozinhar.
- Vou te dar a receita. – caminhou para a cozinha.

Diana ajudou a amiga a arrumar a mesa com os pratos e talheres


enquanto Elisa tirava a travessa do forno. O cheiro estava delicioso. A
morena sempre tivera muito jeito para cozinhar, enquanto ela mal sabia fritar
um ovo. Quando mais nova, nunca se preocupou com aquele detalhe, mas
agora sentia alguma necessidade que não conseguia explicar de ter o prazer
de alguém saborear seu prato e lhe elogiar. Afinal, não tinha nenhuma
habilidade que pudesse chamar atenção.

- Como foi a viagem, Eli? – Diana perguntou assim que se


sentaram à mesa.
- Foi ótima, a Austrália é um país divino! – exclamou animada – É
bem quente nessa época do ano, mas como pode ver, aproveitei bastante
meus dias de folga na piscina. – disse esticando o braço para mostrar o
bronzeado – Mas confesso que sentia um pouco de saudade desse friozinho
em Nova York.
- Fico feliz que tenha gostado, mas admito que prefiro que esteja
aqui. É a única pessoa em quem posso confiar, Eli. Ninguém mais sabe sobre
o contrato. Apenas meu pai, você e a irmã de Anthony.
- Eu não sabia que ele tinha uma irmã. – meneou a cabeça – E os
pais dele?
- Estes não sabem de nada. Acreditam que nos conhecemos, nos
apaixonamos e decidimos nos casar.
- Sabe, Di... – começou a servir um pedaço de carne nos dois pratos
– Você me disse que transa com Anthony, até aí tudo bem. – olhou-a curiosa
– E os filhos? Eu acredito que ele não queira ser pai nessas condições, certo?
- Não, ele não quer. Na verdade há uma cláusula no contrato que
diz que não posso engravidar. – pegou o prato que a amiga lhe oferecia e
agradeceu – Não posso culpá-lo, eu mesma não quero engravidar nessas
circunstâncias. Só torço para esses dois anos passarem rápido.
- Nisso vocês tem toda a razão. – a amiga concordou – Seria
complicado lidar com uma gravidez onde o casamento tem prazo de validade
concreto.
- Sim. Eu vou marcar uma ginecologista e vou passar a tomar
anticoncepcional. A irmã de Anthony vai me indicar uma.
- Caso precise, posso lhe indicar uma também.
- Eu aceitaria, mas conhecendo Anthony, vai querer que eu vá na
mesma doutora que a irmã. – deu de ombros – Por mim eu consultaria a sua.
- Está tudo bem. – sorriu e terminou de se servir – Agora podemos
comer, acho que você vai gostar.

Estava delicioso o almoço. As duas conversaram bastante e Diana


perdeu a hora. Faltavam apenas quinze minutos para as cinco da tarde e
precisou sair correndo para não se atrasar muito. Combinou com Elisa que
ligaria em breve para marcarem de fazer compras e para que ela jantasse em
sua casa e conhecesse Anthony.
Dirigiu o mais rápido que pode, respeitando os limites de
velocidade das avenidas movimentadas àquela hora. Não havia sol e se podia
ver as pessoas caminhando pelas ruas com casacos e suéteres para encarar o
vento gelado que começava no início da noite. O inverno cada vez se
aproximava mais e as temperaturas iam caindo bruscamente, mas Diana
agradecia pelo aquecedor do carro que deixava o veículo com uma
temperatura bastante agradável. Chegou à mansão um pouco mais de cinco
horas, torcia para que Anthony não se incomodasse com o atraso. Estacionou
o carro e saiu apressada sentindo a diferença brusca de temperatura e
caminhou rapidamente até a entrada da mansão suspirando assim que entrou
no hall.
Anthony acabava de sair do corredor onde ficava o escritório e
estava verificando seu relógio de pulso, mas levantou a cabeça assim que
ouviu os barulhos de salto quando ela entrou na grande sala de estar.

- Vou imaginar que seu relógio está atrasado e por isso vou não
chegou antes. – ele dissera em seu típico tom de voz frio.
- Desculpe. Fazia tanto tempo que eu e Elisa não conversávamos
que acabei perdendo a hora.
- Os Bertolli chegarão às sete. Portanto se acha que vai demorar se
arrumando, sugiro que comece logo. – aproximou-se dela e segurou-lhe o
queixo – Hoje você terá um papel fundamental nos meus negócios e uma
ótima oportunidade para mostrar a esposa dedicada que você é.
- Não se preocupe, Anthony. Sei o que tenho que fazer.
- Excelente!

Os lábios firmes tocaram os seus com precisão não dando chance


para recuar e surpreendentemente ela percebeu que não pretendia fazer
aquilo. Entregou-se ao beijo dando passagem para a língua dele explorar toda
sua boca e usou a mão que não segurava a bolsa para passar a ponta dos
dedos pela nuca de Anthony. Ele não continuou com aquele momento, o
único onde não havia diferenças, ambos de desejavam da mesma maneira,
mas ela sentiu os lábios firmes se afastarem e o olhar profundo dele pesar
quando os olhos amendoados se encontraram com os seus.

- Preciso voltar para o escritório e fazer algumas ligações. Esteja


pronta às seis e meia.

Virou-se imediatamente e saiu a passos rápidos, desaparecendo no


corredor quando entrou novamente no escritório. Anthony tinha o grande
poder de mudar de um amante caloroso para um homem frio voltado para os
negócios. Subiu para o quarto a fim de procurar uma roupa adequada para
ocasião, já que era um jantar bastante importante e era seu papel agir como a
esposa perfeita. Escolheu um vestido de seda verde musgo com mangas até
os cotovelos e um decote quadrado para não parecer muito vulgar. A saia
tinha um caimento perfeito, era solta e dava leveza ao caminhar. Escolheu um
colar de ouro com uma esmeralda em forma de gota e brincos para combinar.
Tomou um banho demorado e lavou os cabelos.
Assim que saiu do banho, vestiu a lingerie, colocou um roupão e
notou que Anthony ainda não havia ido se arrumar. Era melhor poder ficar
sozinha o máximo de tempo que pudesse, sem ter o olhar dele pesando sobre
si. Pegou o secador e ficou de frente para o espelho do banheiro secando os
cabelos. Em alguns minutos, estava com eles lisos e penteados. Costumava
usar os cabelos ondulados e com volume, mas deixá-los lisos lhe dava menos
trabalho, já que eram naturalmente assim. Fez uma maquiagem leve e passou
apenas um gloss para dar brilho aos lábios. Quando voltou para o quarto,
encontrou Anthony falando ao celular.

- Sim, Lorenzo. – ele dizia enquanto mantinha um cigarro entre os


dedos – Estamos esperando. Até logo.

Diana se aproximou da cama enquanto ele desligava seu iPhone e


colocava-o sobre o criado-mudo. Colocou o cigarro na boca e tragou a
fumaça calmamente, em um gesto que não passava despercebido por ela. Era
sexy a maneira com que ele fumava, parecia relaxado e sem o semblante
sério.

- Você mudou o cabelo. – a voz rouca dele tinha um leve tom de


curiosidade e ela sentiu a necessidade de explicar.
- Sim, mantê-lo liso é mais prático e não queria correr o risco de me
atrasar. – retirou o roupão ficando apenas com a lingerie e sentiu o olhar dele
sobre seu corpo.
- Entendo. – olhou-a de cima a baixo minuciosamente e expeliu a
fumaça devagar – Gosto dele com ondas.

Olhou-o rapidamente, mas ele já havia virado e caminhava até o


cinzeiro que ficava no canto do quarto sobre uma mesinha. Apagou o cigarro
e foi direto para o banheiro. Diana olhou-se no espelho e checou o visual
olhando novamente para os cabelos. Não, não os deixaria ondulados apenas
para agradá-lo. Virou-se e colocou o vestido tentando não dar importância
para a opinião de Anthony. Ele poderia até mandar na sua maneira de se
comportar, mas não deixaria que a influenciasse até no jeito que ajeitava os
cabelos. Quando ele saiu do banho, com uma toalha amarrada na cintura,
Diana não conseguiu evitar olhar para uma gota que escorria do seu peitoral
até sua barriga, sumindo ao tocar na barra da toalha.
Anthony era maravilhoso, o corpo dele tinha músculos perfeitos, o
peitoral era largo e as coxas firmes. De todos os defeitos que tinha, nenhum
estava relacionado ao seu físico. Ele se vestiu com uma calça preta e uma
camisa social de mangas compridas na cor marfim. Deixou os dois primeiros
botões abertos e complementou com um paletó também preto. Diana calçou o
scarpin preto enquanto ele colocava seu sapato da mesma cor.

- Está pronta? – olhou-a assim que a viu ficar de pé.


- Sim, acho melhor verificar com Ruth como anda o jantar. –
respondeu enquanto terminava de colocar os brincos.
- Perfeito. Ficarei na sala de estar, quando terminar venha me fazer
companhia.
- Tudo bem.

Ela saiu do quarto e desceu as escadas enquanto deixava o perfume


masculino dele para trás. Gostava daquele cheiro, achava que aquele aroma
combinava com ele. Entrou na cozinha e viu que Ruth dava algumas
instruções à outra cozinheira.

- Olá, Ruth. – aproximou-se dela e deu uma rápida olhava no fogão


– Como vai o jantar?
- Muito bem, Sra. Walsh. – a governanta respondeu rapidamente –
A sopa para a entrada já está pronta, daqui a pouquíssimos minutos já estará
fervendo. O suflê de camarão já está no forno e ficará pronto daqui a mais ou
menos quinze minutos. O Sr. Walsh preferiu um Cheesecake ao molho de
framboesas para a sobremesa.
- Está ótimo, obrigada Ruth.
- Por nada, Sra. Walsh.

Diana saiu da cozinha sentindo a fome ser despertada pelo


delicioso aroma de comida que envolvia o ambiente. Anthony estava sentado
na sala de estar e segurava um copo com uísque enquanto verificava as horas
em seu Rolex. Olhou-a assim que notou que a esposa se aproximava.

- E o jantar?
- Está quase pronto, não haverá nenhum tipo de problema. – parou
em pé próxima a ele.
- Ótimo. – levantou-se e foi até o bar – Mais tarde quero saber
como foi o almoço na casa da sua amiga.
- Tudo bem. – assentiu com a cabeça.
- A propósito, esse vestido fica bem em você. – olhou-a de cima a
baixo – E ótimo para a ocasião. – aproximou-se dela e segurou-lhe o queixo –
Não está me decepcionando no seu papel de esposa.

Ele tentou se aproximar para lhe dar um beijo, mas a voz de Ruth
interrompeu aquele momento e Diana teve que confessar que ficou um pouco
frustrada.

- Com licença, Sr. Walsh. – disse tentando esconder seu embaraço


– Me desculpe. O Sr. e a Sr. Bertolli acabaram de chegar.
- Obrigado, Ruth. Vamos recebê-los. – Anthony disse se afastando
um pouco de Diana e dando o braço à ela.

Ambos caminharam até a entrada onde viram a governanta abrindo


a porta para o casal. Diana notou que ambos pareciam ter entre quarenta e
quarenta e cinco anos. A Sra. Bertolli era conservada, talvez já tivesse
colocado botox ou feito alguma intervenção cirúrgica. Possuía cabelos em um
loiro platinado e bastante brilhoso. O corpo era esbelto e não havia rugas de
expressão. O vestido vinho era discreto e ela usava uma bolsa no estilo
carteira da cor preta. O marido estava vestido com uma calça social preta e
uma camisa social da mesma cor. Tinha os cabelos levemente grisalhos e
usava óculos de grau com armação quadrada, mas tinha boa aparência.
Anthony imediatamente estendeu a mão quando se aproximou.

- Sejam bem-vindos. – recebeu-os com educação e apertou a mão


de ambos – Esta é minha esposa, Diana. – olhou para ela – Estes são Aurora e
Lorenzo Bertolli.
- Muito prazer. – ela soltou o braço de Anthony e cumprimentou-os
também com apertos de mão.
- O prazer é todo nosso. – Lorenzo respondeu com uma voz grave.
- Entrem, fiquem à vontade. – Diana esticou a mão indicando para
que passassem.
- Querem beber alguma coisa? – Anthony ofereceu passando o
braço por trás da esposa e colocando a mão em sua cintura.
- Eu aceito um uísque com gelo. – Lorenzo disse enquanto entrava
de braços dados com a esposa.
- Eu bebo uma água com gás. – Aurora disse caminhando com o
marido.
- Serão servidos. – Diana imediatamente se apressou para
providenciar os pedidos – Anthony servirá o uísque, eu pedirei para a nossa
governanta providenciar a água. – olhou para Aurora – Com gelo?
- Não, pode ser sem. Obrigada.

Diana rapidamente foi até a cozinha e pediu para Ruth providenciar


a água com gás. Voltou para a sala e foi fazer companhia ao marido.
Conseguia desempenhar bem seu papel de esposa e quando a água fora
servida à Aurora, ela puxou um assunto que deixou Diana um pouco tensa
para responder.

- Pronta para as mamadeiras e as fraldas, Diana? – perguntou


inocentemente com um sorriso nos lábios.
- Bem, eu acho que ainda vai demorar um pouquinho para isso. –
respondeu de um jeito que lhe pareceu aceitável.
- Na verdade, eu gostaria de ter quatro filhos. – Anthony se colocou
na conversa – Mas Diana acha que devemos esperar um pouco.
- Vamos aproveitar um pouco mais nosso casamento, meu amor. –
ela disse tocando-lhe o braço.
- Eu tive três, duas meninas e um menino. – Aurora disse
visivelmente animada – Se o que te deixa em dúvida é como seu corpo ficará
depois de quatro filhos, não se preocupe. Eu mesma fiz uma lipoaspiração
depois de cada um dos partos.
- Ficou muito bem, Aurora. – Diana não podia dizer a verdade
sobre sua relutância em ter quatro filhos ou até mesmo um, o que lhe
preocupava na verdade era aquele casamento com prazo de validade.
- Obrigada.
- Com licença, Sr. Walsh, o jantar está servido. – Ruth deu o recado
e todos se levantaram.

O jantar fora um sucesso. Anthony pretendia fazer uma sociedade


com Lorenzo no ramo dos vinhedos que o interessaram desde a viagem de lua
de mel. Diana fora uma ótima anfitriã e entrava no quarto com a sensação de
missão cumprida. Por sorte os Bertolli eram pessoas ótimas e fora até mesmo
divertido o jantar. Anthony se juntou à ela e fechou a porta, ela estava
sentada na cama retirando os sapatos e suspirando de alívio.

- Foi um ótimo jantar. – ele dissera retirando o paletó e


pendurando-o no recosto da poltrona de couro.
- Eles são ótimas pessoas. – ela respondeu e se levantou.
- Sim, a sociedade nos vinhedos está quase concretizada. –
começou a abrir os botões da camisa – E o almoço na casa de Elisa? – ele
mudou de assunto bruscamente – Contou à ela sobre nosso contrato?
- Sim. Ela ficou um pouco curiosa, mas não me recriminou. –
retirou os brincos e colocou-os sobre o criado-mudo junto com o colar.
- Talvez ela esteja me achando um monstro. – ele terminou de abrir
os botões, retirou a camisa, colocando-a junto com o paletó e retirou os
sapatos com a ajuda dos próprios pés.
- Não sei se monstro é a palavra exata, mas também não posso
dizer que ela é sua fã.

Virou para olhá-lo e prendeu a respiração vendo-o com o peitoral à


mostra. Soltou o ar devagar e ficou parada onde estava. Nenhum dos dois
dissera mais nada, o assunto parecia ter encerrado naquele momento
enquanto ambos se olhavam fixamente. Anthony foi quem tomou atitude e
avançou até ela puxando-a com força e chocando o corpo feminino contra o
seu. O beijo que veio em seguida foi intenso, forte e as línguas exploravam a
boca um do outro com extrema vontade. A mão firme dele desceu
imediatamente para uma das nádegas dela e apertou o quadril contra o seu
fazendo com que Diana soltasse um gemido entre o beijo.
Os lábios firmes dele desceram até o pescoço e traçou um delicioso
caminho com a língua até a ponta da orelha dela deixando-a completamente
arrepiada. As mãos dela seguraram os braços dele e começaram a apertá-los
com força sentindo os músculos rígidos. A vontade que tinha era de sentir o
membro poderoso dentro de si, preenchendo-a de maneira inexplicável.
Sentia sua feminilidade pronta para recebê-lo, pulsando entre suas pernas
implorando para que Anthony não prolongasse aquelas preliminares.
Ele agarrou-lhe o vestido com as mãos e puxou-o para cima
retirando-o com pressa e deixando-a apenas com a lingerie de renda branca.
Não queria perder tempo, estava claro para Diana que Anthony também
sentia a mesma necessidade de saciar aquela excitação que crescia de maneira
rápida. Ele soltou seu sutiã e puxou-o rapidamente até que fosse esquecido ao
chão. Os seios firmes com mamilos rígidos eram prensados contra o peitoral
firme e Diana gemeu ao sentir os pelos dele roçando contra eles.
Anthony a levou até a cama e deitou-a sobre o colchão, desceu o
corpo e abocanhou um dos seios com firmeza sugando-o com força enquanto
as mãos ágeis lhe retiravam a calcinha com rapidez. Diana agarrou os cabelos
dele e puxou-os com força, soltando um gemido baixo enquanto a língua
quente lhe acariciava o mamilo. Com a mesma habilidade, Anthony se livrou
da própria calça e da cueca e ficou nu, com o membro rígido pronto para
possuí-la, mas antes de fazê-lo, se levantou e pegou uma camisinha na gaveta
e abriu o pacote.

- Não. – ela interrompeu olhando-o nos olhos – Eu faço isso.

Diana pegou o preservativo e com cuidado desenrolou-o sobre o


membro duro à sua frente. Anthony gemeu quando ela tirou a mão, mas logo
se debruçou e se encaixou entre as pernas penetrando-a com força. Ambos
gemeram alto, ela se agarrou às costas dele e os movimentos começaram
rápidos e ritmados. Diana adorava a forma com que era preenchida por ele,
podia sentir o membro pulsando dentro de si e arranhou-lhe as costas com
força quando Anthony estocou com força. Os corpos suavam e se
movimentavam em um único ritmo, as respirações se aceleravam e nenhum
dos dois conseguia mais controlar o próprio corpo. Explodiram em um prazer
único, Diana gemia alto e Anthony deixou o corpo cair sobre o dela se
sentindo satisfeito.
Inegavelmente ambos tinham uma química incrível, quando o
assunto era sexo, eram surpreendentemente compatíveis. Anthony gemeu
preguiçoso e levantou-se para se livrar da camisinha. Quando voltou, Diana
já havia se ajeitado na cama. Nenhum dos dois quis dizer nada, apenas se
limitaram ao silêncio e adormeceram.
Capítulo 11

A semana passara sem nenhum compromisso importante. Rachel


telefonara para Diana e ela conseguira marcar um horário naquela mesma
semana, graças ao poder que o sobrenome Walsh possuía. Durante a manhã
gelada de sexta-feira, Diana fora à uma consulta e saiu de lá imediatamente
para uma farmácia onde comprou as caixas de seu anticoncepcional.
Telefonara para Anthony e avisara sobre a consulta. Ele ficara satisfeito por
ela ter resolvido aquela questão e exigiu detalhes quando chegasse em casa.
Diana pensou em passar em um shopping para dar umas voltas,
mas decidira voltar para a mansão onde tomaria logo as providências para
começar a tomar o remédio. Já em casa, após tomar um banho, se sentiu
entediada recriminando a si mesma por não ter passado em uma livraria para
comprar alguns livros para se distrair. Foi até o escritório de Anthony
procurar por algum livro para que pudesse ao menos desfolhar. Passou a mão
pela grande coleção de obras que ali estavam organizadas por nomes de
autores, em ordem alfabética. Ele era meticulosamente organizado, mas notou
que em cima da mesa havia algumas pastas abertas com alguns papéis para
fora.
Olhou para a estante de livros e para os papéis jogados na mesa.
Sentia uma necessidade de organizá-los, o tédio era tão grande que pretendia
ocupar seu tempo com qualquer coisa que aparecesse. Aproximou-se da
grande mesa e viu o laptop dele desligado. Começou a juntar os papéis
devolvendo-os à sua pasta. Abriu as gavetas logo abaixo da mesa e colocou
todas as pastas ali dentro. Colocou de volta uma das canetas no porta-lápis e
voltou para a estante a fim de procurar um livro que a interessava. Pegou um
livro chamado 1.001 Lugares Para Conhecer Antes de Morrer, de Patricia
Schultz. Achou interessante, devia ser repleto de fotos de lugares onde jamais
imaginou estar e que de repente poucas pessoas imaginavam o tamanho de
sua beleza.
Foi para a varanda o quarto e se colocou debaixo das cobertas, leu
um pouco o livro e Ruth veio chamá-la para o almoço. Só naquele momento
que se dava conta de que estava com bastante fome. O frango com ervas e
salada ceasar estava delicioso, Diana repetiu o prato agradecendo por
Anthony ter empregadas que cozinhassem tão bem, algo que ela nunca
conseguira fazer. Até mesmo seu ovo mexido era um desastre. Nem mesmo o
café da manhã podia preparar. Após o almoço, dormiu um pouco
aproveitando o que a cama estava aconchegante em contraste com o clima
gélido do lado de fora. Cochilou por um bom tempo e acordou sentindo-se
bem descansada. Tomou um banho quente de banheira, despejara sais de
jasmim e deixou o aroma tomar conta do ambiente. Era relaxante e lhe dava
paz ficar deitada na banheira sem pensar em nada que a preocupasse.
Quando saiu do banheiro vestida apenas com seu roupão, notou a
presença de Anthony no quarto. Ele ainda usava o terno, apenas afrouxara a
gravata e o olhar estava tão sombrio que o castanho de seus olhos se
escurecera.

- Já falei com as empregadas dessa casa então eu vou te perguntar


uma única vez. – ele dissera com a voz carregada de insatisfação – Foi você
quem mexeu no meu escritório?
- Eu fui pegar um livro e vi sua mesa com papéis espalhados. –
explicou sabendo que ele não ficara satisfeito com sua tentativa de
organização.
- NUNCA MEXA NAS MINHAS COISAS A NÃO SER QUE EU
TENHA PEDIDO OK? – ele explodiu já saturado de estresse por conta do
trabalho e problemas que tivera de resolver na empresa – NÃO INTERESSA
SE O ESCRITÓRIO TEM PAPÉIS NA MESA OU ESTEJA REVIRADO,
ISSO NÃO LHE DIZ RESPEITO! – os gritos dele faziam com que ficasse
assustada e encolhesse os ombros.
- Eu não sabia, me desculpe. Estava sem nada para fazer e achei
que fosse ajudar.
- ESTÁ ENTEDIADA? PROCURE O QUE FAZER LONGE DAS
MINHAS COISAS! FAÇA UM CURSO, VÁ AO SALÃO, SE VIRE!
- NÃO GRITA COMIGO! – ela também se alterou, não ia permitir
que ele agisse daquela maneira – NÃO É PORQUE VOCÊ ME FEZ
ASSINAR AQUELE CONTRATO QUE VAI FALAR COMIGO COMO
BEM ENTENDE! SÓ COMPRANDO UMA ESPOSA MESMO PARA
ALGUÉM SE CASAR COM VOCÊ!

Ele avançou para ela como um leão, o olhar tão quente que soltaria
labaredas se fosse capaz. Diana deu dois passos para trás, foi tudo o que
conseguiu fazer antes que ele a alcançasse e lhe segurasse o rosto com uma
das mãos, pressionando suas bochechas com os dedos, afundando o polegar e
o indicador. Anthony não se preocupava se a machucava ou não, estava
irritado e em um alto nível de estresse sentindo o sangue borbulhar nas veias.

- Torne a falar isso alto e você vai terminar na rua sem nenhum
centavo no bolso. – ameaçou em um tom de voz muito mais baixo que o
anterior, com a voz tipicamente rouca.

Com o mesmo movimento brusco que a segurou, ele a soltou


fazendo com que Diana caísse sentada na cama.

- Sim, eu te comprei. Então quero que faça valer cada dólar que
gastei.

Anthony virou-se rapidamente e saiu do quarto batendo a grande


porta branca com um estrondo que fez com que ela se assustasse novamente.
Desabou em um choro sentindo a pressão dos dedos dele refletida ainda em
suas bochechas. Uma lágrima escorreu devagar pela face corada e Diana
ainda podia sentir o coração batendo acelerado no peito. Aguentaria ser
tratada dessa maneira por dois anos? Quando assinou o contrato não tinha
ideia do quão grosso e rude Anthony poderia ser, mas não tinha como
reverter toda a situação agora. Se desistisse do contrato, ficaria sem nada e
seu pai perderia o resto de dignidade que ainda possuía. A empresa Stewart
passaria a ter o nome Walsh para sempre. Precisava ser forte, precisava
aguentar aquele sacrifício. Pensar no pai a confortava e em como sua vida
voltaria ao normal após aqueles dois anos.
Decidida a não continuar chorando, ela se levantou e passou a
ponta dos dedos na bochecha para secar a teimosa lágrima que decidira
escorrer por mais que tentasse segurá-la. Foi até o closet e pegou uma calça
legging preta e uma blusa de manga rosa um pouco comprida e solta. Vestiu
tudo por cima da lingerie rosada e decidiu não descer. O melhor era ficar
afastada de Anthony. Voltou a ler o seu livro recostada na cama tentando
afastar os pensamentos sobre a briga que acontecera ali poucos minutos
antes.
Não tinha certeza de quanto tempo ficara ali lendo, mas viu
Anthony entrar no quarto carregando o paletó na mão e com alguns botões da
camisa social abertos no colarinho. Ele a mirou rapidamente e passou direto
para o banheiro. Diana suspirou aliviada por não ter que voltar a enfrentá-lo.
Quando ele voltou, estava com a toalha amarrada em volta da cintura, mas ela
se recusou a ficar olhando por mais que a tentação fosse grande.

- Coloque uma roupa, Diana. Vamos sair para jantar. – ele disse
indo direto para o closet.
- Algum compromisso? – desviou sua atenção do livro.
- Não, apenas quero te levar para jantar. – respondeu de costas para
ela procurando alguma roupa.
- Não quero sair, Anthony.
- Diana, não foi uma pergunta. – virou-se para olhá-la – Estou
dizendo que vamos sair para jantar. Quero deixar o incidente de hoje para trás
e quero que me conte sobre sua consulta, portanto trate de se levantar porque
estou com fome e já fiz as reservas.

Discutir com ele não adiantava. Anthony era teimoso e gostava de


ter suas vontades atendidas. Estava com fome e um pouco entediada de ficar
tanto tempo na cama. Sair para um jantar pelo menos lhe distrairia um pouco.
Escolheu um vestido justo ao corpo na cor azul marinho e escolheu um
sobretudo preto para se aquecer antes de chegar ao carro. O decote do vestido
lhe realçava os seios fartos. Anthony colocou uma calça jeans e um suéter
preto com um grande casaco também preto por cima. Preferiu um sapato
social e concluiu o visual quando Diana terminava de calçar os sapatos pretos
de camurça. Ela passou uma maquiagem simples e pegou uma pequena bolsa
preta com detalhes prateados, onde cabiam apenas um batom, um espelhinho
e seu celular.
O vento gelado ardia suas narinas cada vez que inspirava e
agradeceu por chegar logo à Mercedes estacionada na garagem. Anthony
tratou de rapidamente ligar o aquecedor para manter o calor do corpo. O
inverno prometia chegar com intensidade e pesadas nevascas. Ele dirigiu com
cuidado pelas ruas escorregadias pela umidade do sereno que caía intenso
quase como uma chuva fina. O restaurante que escolhera era italiano e o mais
famoso da cidade. Anthony entregou as chaves ao manobrista assim que
chegaram e ofereceu o braço, entrando junto dela no restaurante. Foram
conduzidos à mesa já reservada e se sentaram. Ele pegou o cardápio e abriu-
o, percorrendo os pratos com o olhar até se decidir.
- O que acha como entrada pedirmos um carpaccio com rúcula e
parmesão? – perguntou tirando os olhos do cardápio e olhando para ela.
- Parece delicioso.
- Ótimo! – exclamou satisfeito – Que tal um richiatelli com
porpeta?
- Por mim está perfeito. – concordou.

Anthony fez o pedido ao garçom e pediu que lhe trouxesse um


vinho branco para acompanhar a refeição. Esperou até a que bebida fosse
servida para iniciar uma conversa.

- Como foi sua consulta? – perguntou logo após bebericar um


pouco do vinho.
- Tudo bem. Ela me examinou e indicou um remédio. Comprei e o
tomei assim que cheguei em casa. – explicou.
- Imagino que demore um tempo a fazer efeito.
- Sim. Como tomei fora do meu ciclo menstrual, a doutora
aconselhou que eu tomasse toda a cartela primeiro antes de abdicar da
camisinha. – explicou e tomou um gole de seu delicioso vinho.
- Quantos compridos?
- Vinte e um. – a resposta o fez suspirar.
- Certo. Que esses dias passem rápido. – olhou-a – Procure não
esquecer quando deve tomar o remédio.
- Não vou esquecer, Anthony. Fique tranquilo. Não sou uma
irresponsável.
- Fico mais aliviado em ouvir isso.

Depois de um pouco mais de um assunto sobre o dia estressante


dele na empresa, o prato de entrada fora servido e Diana comeu com ganas
sabendo o quanto estava com fome. A rúcula estava deliciosa e o gostinho
que o parmesão deixava era suave. Quando o prato principal chegou, ela
sentiu um delicioso aroma do tempero e comeu com a mesma ou até mais
vontade que o prato de entrada. O vinho escolhido por Anthony combinara
perfeitamente com a refeição e mais uma vez ficava claro o quanto ele
entendia sobre a bebida. Diana escolheu a sobremesa: uma deliciosa fatia de
torta alemã que parecia fazer seu estômago sorrir.
Quando voltou para casa, sentia-se satisfeita e retirou os sapatos
dando alívio e movimento aos pés. Anthony ficara do outro lado do quarto se
livrando das roupas até ficar apenas com a cueca. Após o jantar, nenhum dos
dois falara nada todo o caminho até a mansão. Diana ainda se sentia
desgostosa pelo que acontecera e se questionando se conseguiria aguentar o
gênio difícil do marido por longos dois anos. Foi em direção ao closet na
intenção de pegar uma camisola para ir dormir, mas se deteve ao ouvir a voz
grave dele.

- Se sua intenção é dormir, desista. – começou a caminhar em


direção à ela.
- Por quê?
- Tenho outros planos mais interessantes. – olhou-a de cima a baixo
com seu olhar devorador, que apesar de vestida, fazia com que ela se sentisse
completamente nua.
- Anthony, não estou afim.
- Diana, Diana... – ele negou com a cabeça – Você não está aqui
para ter vontades, está aqui para satisfazer as minhas.

Aquilo fora como um soco em seu estômago. Anthony a tratava


como uma prostituta. Não queria sexo naquele momento, estava chateada e
agora ainda mais desgostosa por tudo que ouvira desde que ele chegara em
casa. Sem se preocupar com as vontades dela, ele deu mais alguns passos e
puxou-a para si pela cintura fazendo Diana soltar um grito de surpresa que
logo fora silenciado pelos lábios dele que reclamavam um beijo. Ela tentou
protestar, mas as mãos firmes agarraram seus cabelos impedindo que ela se
afastasse. O beijo era duro, um pouco fora do ritmo já que ela não queria
ceder, mas aquilo parecia excitá-lo ainda mais.
O volume dentro da cueca de Anthony lhe tocava a barriga
provocando e incitando-a a senti-lo dentro de si. Diana gemeu e permitiu que
a língua brincasse com a sua explorando toda sua boca. Ele pareceu satisfeito
pelo primeiro sinal de que ela estava cedendo e a levou até a parede. Diana
sentiu suas costas tocarem a superfície dura e o corpo dele cobrir o seu.
Ambos estavam ofegantes e ela gemeu quando os lábios firmes se afastaram.

- Você quer isso tanto quanto eu, Diana. – a voz rouca era ainda
mais tentadora.

Anthony agarrou-lhe a barra do vestido com força e puxou-o para


cima até que este ficasse preso em sua cintura. Diana subiu as mãos e
agarrou-lhe os cabelos, puxando com força e fazendo a cabeça dele inclinar
para trás. Estava dominada pelo prazer e pelo instinto sexual, sua
feminilidade pulsava pronta para recebê-lo e não adiantaria mais lutar contra
o desejo que a sucumbia. Passou a língua pelo pescoço dele e mordeu-o,
fazendo com que Anthony pressionasse ainda mais o quadril contra o dela.
Ele agarrou a calcinha rosa e puxou-a com tanta força que fez com que Diana
gemesse ao sentir o roçar do pano queimar sua pele antes que finalmente
fosse rasgado.
As mãos firmes seguraram a cintura dela enquanto suas pernas se
envolviam em torno da cintura dele. Anthony estava com os olhos
escurecidos e a expressão carregada de luxúria. Ele a levou até a cama, mas
não a deitou. Diana ficou em seu colo enquanto ele se sentava e esticava a
mão para pegar um preservativo. Ambos ficaram se olhando enquanto ele
rasgava o pacote e afastava a cueca até descobrir o próprio membro. Colocou
a camisinha e Diana se encaixou devagar, sendo preenchida aos poucos por
ele. Ambos gemeram, Anthony segurou-a novamente pela cintura e começou
a movimentá-la.
Diana colocou as mãos nos ombros musculosos enquanto subia e
descia. O olhar profundo dele a excitava ainda mais e podia sentir sua
feminilidade molhada enquanto deslizava no membro pulsante. Cravou as
unhas nos ombros de Anthony quando ele começou a forçá-la para baixo e o
membro a atingia de maneira mais profunda. Suor, respirações ofegantes,
gemidos, tudo isso se mesclava e o clímax se aproximava. Ela jogou a cabeça
para trás ao sentir que seu orgasmo vinha de maneira plena e gritou o nome
dele enquanto Anthony pela última vez enterrou o membro nela de maneira
poderosa e chegava ao clímax fazendo com que Diana estremecesse fraca em
seu colo como consequência do delicioso orgasmo que estava
experimentando.
Capítulo 12

Quando o sábado chegou, Anthony levou Diana até o clube onde


ele jogava golfe. Apesar do frio, ele precisava manter a social e uma ida ao
clube que costumavam frequentar os maiores empresários de Nova York, era
uma ótima oportunidade para finalmente sair ao lado da esposa. Diana estava
um pouco apreensiva, era a primeira vez depois do casamento onde estaria ao
lado de Anthony e rodeada de diversas pessoas. Colocara uma bela calça
preta combinando com as botas, uma blusa branca por baixo com um grande
casaco cinza de botões pretos por cima. Os cabelos estavam soltos e recordou
do leve movimento que Anthony fez ao deslizar dois dedos pelas mechas
deles antes de saírem do quarto. Parecia apreciar que ela decidira deixá-los do
jeito que ele preferia.
O clube era bastante distinto e o estacionamento era enorme para
suportar uma grande quantidade de carros. Diana começou a ficar nervosa e
ansiosa ao mesmo tempo. Teria que encarar todas aquelas mulheres lhe
perguntando sobre filhos e o casamento. Contando suas experiências e
tentando lhe dar uma infinidade de conselhos que julgavam úteis para o
matrimônio. Conhecia aquele tipo de mulheres, estivera no meio delas há
muito tempo, mas era ruim quando ela se tornava o centro do assunto.

- O que ficarei fazendo enquanto você joga golfe? – perguntou


curiosa, afinal, era a primeira vez que ia ali.
- As mulheres costumam ficar em um restaurante com vista para o
campo tomando café da manhã enquanto conversam.
- Terei que ser uma delas.
- Sim. De preferência, seja a melhor.

Em um movimento rápido, ele a virou e beijou-a com paixão.


Diana sabia que aquela era uma demonstração em público, apenas uma
exibição, mas não evitava sentir um calor percorrer suas veias apesar do
vento gelado.

- Vamos.
Ele dissera logo após o beijo e a levou até o restaurante do clube
que onde havia uma área aberta como uma varanda e outra parte interna, que
era onde todos os sócios estavam, afinal, fazia frio do lado de fora. Anthony
entrou no grande salão e muitos olhares caíram sobre ele e a esposa. Aonde
iam, eram o assunto do momento, até todos verem com os próprios olhos que
Anthony Walsh realmente se casara. Eles se aproximaram da mesa onde
muitos conhecidos dele tomavam chocolate quente e café.

- Veja quem apareceu... Anthony! – um homem um pouco gordo


foi o primeiro a falar.
- E veio acompanhado, finalmente. – disse a mulher com óculos de
grau sentada ao lado dele.
- Quero que conheçam minha esposa, Diana Walsh. – ele passou o
braço por trás dela pousando em sua cintura.
- Muito prazer. – Diana disse sorrindo, controlando o desconforto
de ser o centro das atenções para pessoas que não conhecia.
- Querida, estes são Lucia e Howard Martin, Jacob e Grace Baker e
Albert e Olivia Parker. – Anthony apresentou-os apontando cada um.
- Acho que agora que todos estão aqui, podemos começar nossa
partida – levantou Albert, o homem gordo que fora o primeiro a se
manifestar.
- Certo. – Howard concordou – Foi um prazer conhecê-la, Diana,
mas agora preciso massacrar o seu marido no golfe.
- Isso se você conseguir enxergar o buraco, Howard. – Anthony
respondeu sorrindo e deu um beijo na esposa – Nos vemos daqui a pouco,
querida.

Os quatro homens saíram do restaurante e Diana se acomodou em


uma das cadeiras. As mulheres a olharam curiosas, querendo saber como ela
e Anthony esconderam por tanto tempo o relacionamento e de repente
anunciaram a festa de noivado.

- Então, Diana. Ficamos surpresas quando Anthony anunciou que ia


se casar. – Olivia disse estendendo a mão com grandes unhas vermelhas para
pegar sua xícara de chocolate.
- Todos ficaram, mas foi melhor assim. Manter tudo em segredo
nos deu um bom tempo para aproveitarmos nossa relação com calma, talvez
tenha contribuído muito para finalmente nos casarmos. – respondeu tentando
aparecer sinceridade.
- Ele sempre foi um ótimo partido como marido, não lhe faltaram
candidatas. – a loira chamada Grace disse com um sorriso se desenhando em
seus lábios vermelhos pelo batom.
- Eu sei, Anthony sempre foi um homem e tanto. Eu tenho muita
sorte em tê-lo. Na verdade, eu acho que nascemos um para o outro. – sorriu
para não dar o gosto àquelas mulheres de que Anthony poderia ter quem
quisesse, inclusive elas.
- Então vocês planejam ter filhos? – Olivia perguntou.
- Claro. Anthony quer ter quatro. – olhou para o garçom que parara
ao seu lado querendo saber se ela pediria algo – Um chocolate quente, por
favor. – fez o pedido e voltou a olhar aquelas mulheres que apesar de
casadas, desejavam seu marido.
- Uau! Quatro é muito. – exclamou Olivia se endireitando na
cadeira – Eu mesma tive apenas um, não queria estragar o meu corpo.
- Bem, se algo acontecer ao meu corpo, tenho certeza que vou
poder consertá-lo.
- Com certeza vai. – disse Lucia, a que aparentava ser mais velha
com cerca de trinta e cinco anos e que usava óculos de grau – Eu fiz duas
lipoaspirações depois de ter meu casal de filhos. Sabe, Diana, quando se tem
dinheiro é bom nos dar ao luxo de fazer essas coisas. E se você se cuidar,
acho que nem precisará fazer nenhuma intervenção cirúrgica.
- Assim espero. – sorriu amigavelmente para ela.
- Com licença, eu vou ao banheiro. – Grace se levantou.
- Eu vou com você. – Olivia também se pôs de pé.

Diana viu as duas se afastarem. A primeira tinha os cabelos


dourados e a outra um cabelo castanho claro. Não gostou da forma que Grace
e Olivia falaram, estava claro que ambas tinham certa atração por Anthony, o
que podia ser rapidamente explicado pela beleza masculina dele. Lucia
despertou-a de seus pensamentos.

- Sabe, Diana. – ela disse enquanto se servia de um biscoito


amanteigado – Olivia e Grace nunca esconderam o quanto se interessavam
por Anthony.
- Eu pude perceber. – respondeu ajeitando a bolsa no colo – Mas
elas são casadas, certo?
- São. – confirmou balançando levemente a cabeça – Mas não se
preocupam com esse detalhe. – olhou-a por trás dos óculos de maneira
amigável – Eu gostei de você, Diana. Parece ser uma boa pessoa.
- Obrigada, Lucia. – sorriu um pouco tímida ainda – Você também
me parece ser uma pessoa legal.
- Eu conheço aquelas duas há muito tempo. Não dê ouvidos. É o
melhor que você faz.
- Vou me lembrar disso. – sorriu um pouco mais à vontade.

O garçom voltou trazendo a xícara com o chocolate quente e Diana


tomou um gole deixando que o líquido quente aquecesse seu corpo naquele
frio do outono. Anthony voltou cerca de quase duas horas depois, quando ela
já estava saturada de ouvir as alfinetadas de Olivia em relação a ele. Aqueles
comentários lhe geravam perguntas e dúvidas que a deixavam aflita sobre o
tipo de relação que Anthony mantinha com ela antes de se casarem.

- Lucia, seu marido estava enganado quando disse que ia me


massacrar. – Anthony disse assim que se aproximou da mesa – Fiz um
Albatross.
- Qual era o par? – ela perguntou mostrando que entendia sobre
golfe.
- Setenta e um.
- Sessenta e oito tacadas, nada mal, Walsh. – ela sorriu e chamou o
garçom que passava ali por perto – Traga mais um chocolate quente, por
favor.
- Uma pena estar tão frio, querida. – Anthony disse se sentando ao
lado de Diana – Você ia adorar ter visto. – lhe deu um selinho calmo.
- Anthony está contando vantagem, eu o deixei ganhar. – Howard
protestou sentando ao lado da esposa – Resolvi fazer um Double bogey só
porque fazia tempo que ele não aparecia. Quis ser simpático.
- Apenas desculpas. – Anthony remendou.
- Meus parabéns, Anthony. – Olivia cumprimentou-o
descaradamente alisando seu braço.
- Obrigado, Olivia. – ele balançou a cabeça – Mas agora eu e minha
esposa precisamos ir. – levantou-se – Em breve podemos marcar um jantar
em minha casa.
Após se despedirem, Anthony ofereceu o braço a Diana para irem
até o carro. Diana tinha algumas perguntas a fazer e não conseguia mais
esperar, estava doida para que ficassem sozinhos e poder lhe questionar e
tirar suas dúvidas.

- Anthony, eu percebi o jeito que Olivia fala de você. – comentou


enquanto andavam juntos sentindo o vento cortante no rosto.
- Qual o problema, Diana? – ele pareceu não se afetar com a
pergunta.
- Ela fala descaradamente sobre você mostrando que está
claramente interessada, sendo que ela é casada. – reclamou.
- Isso é problema dela. – disse no mesmo tom frio.
- Mas não me sinto confortável com isso. Ela flertou com você
mesmo na presença do marido. – insistiu – Você já teve algo com ela,
Anthony?
- Não, Diana. Eu não tive. – pararam assim que chegaram à entrada
enquanto esperavam o manobrista trazer o carro – E a sua função não é dar
crises de ciúmes, é apenas bancar a esposa apaixonada. Não esqueça isso.

Antes que ela pudesse protestar, o celular tocou e Anthony levou a


mão ao bolso da calça marfim par retirar o aparelho.

- Walsh. – atendeu com seu tom de voz de homem de negócios e


ficou na escuta – Só um minuto, Taylor.

Diana se lembrava dele. Era o advogado que redigiu o contrato de


casamento e que esteve presente durante a assinatura. Anthony confiava nele,
era uma das poucas pessoas em quem depositava sua confiança e seus
segredos, entre eles o contrato assinado para manter um casamento de
aparências. Enquanto vagava pelos seus pensamentos, Anthony conectou o
telefone ao carro para poder falar enquanto dirigia.

- Pronto. – disse dando partida no veículo enquanto dirigia pelas


ruas de Nova York.
- Anthony, o advogado do Sr. Bertolli entrou em contato e disse
que ele está interessado na sua proposta. – Diana ouviu a voz de Taylor
através do viva-voz. Era grave, mas não sexy como a de seu marido, admitiu
com relutância.
- Excelente. – um sorriso brotou em seus lábios.
- Lorenzo quer marcar uma reunião para decidir os detalhes. Vamos
nos reunir com ele e o advogado.
- Eu estou dirigindo a caminho de casa, mas ligue para Gabriela e
verifique os horários livres em minha agenda. Marque a reunião o mais
rápido possível, não podemos perder a oportunidade.
- Sim, eu ligo novamente assim que tudo estiver decidido.
- Ótimo.

Ele desligou o celular e continuou com seus olhos atentos ao


tráfego bastante intenso para um início de tarde de sábado. Diana gostava da
forma com que ele lidava com os negócios e seus funcionários. Achava sexy
a maneira decidida com que falava, os pensamentos calculistas e a
inteligência com que lidava com as situações. Era terrível admitir que aquele
homem cruel com as palavras, que muitas vezes lhe feria, podia também ser
sexy quando autoritário. Talvez estivesse enlouquecendo.

- Ao que parece você fez um bom papel naquele jantar. – a voz dele
a retirou de seus pensamentos.
- É para isso que estou aqui. – admitiu.
- Talvez eu devesse lhe comprar um bracelete de brilhantes ou um
colar de rubis.
- Para quê?
- Para lhe presentear, Diana. Pelo primeiro investimento que faço
após nosso casamento.
- O primeiro de muitos.
- Pode ter certeza que disso.

A mão dele pousou sobre a coxa dela e apertou-a fazendo com que
um calor percorresse pela sua espinha. Será que ele fazia de propósito ou não
tinha ideia do que podia provocar? Após algumas carícias, ele retirou a mão e
voltou a segurar o volante. Assim que saíram da garagem, ambos foram para
dentro da mansão com pressa já que começava a garoar. Assim que pisaram
no quarto, o celular dele tocou novamente e mais uma vez retirou-o de dentro
do bolso lateral da calça e atendeu logo após identificar a chamada.

- Olá, mãe. – ouviu em silêncio durante alguns segundos enquanto


Diana se sentava na poltrona e se livrara das botas de couro – Claro que sim,
pode contar conosco. – ele jogou as chaves da Mercedes sobre a mesa no
canto do quarto – Estaremos aí às sete.

Desligou o celular e colocou-o ao lado das chaves. Olhou para


Diana e ela o olhava de volta mostrando-se curiosa.

- Minha mãe nos convidou para o jantar de Ação de Graças. – ele


respondeu dando fim à curiosidade dela.
- Oh, eu tinha esquecido o feriado! – ela exclamou espantada.
Havia acontecido tanta coisa naquele último mês que esqueceu que estavam
no final de novembro.
- Então já sabe que nessa quinta temos o jantar na casa da minha
família às sete da noite.
- Pode deixar.
- Daqui a vinte minutos vamos almoçar, Ruth deve estar com o
almoço quase pronto.

Diana se levantou e foi até o closet procurar algo mais confortável


para vestir. Colocou uma calça de pano roxa e uma blusa simples de mangas
compridas da cor marfim. Anthony vestiu uma calça jeans e uma camisa
preta. Ela estava começando a se acostumar com a mansão e se sentir
verdadeiramente em casa.
Logo após o almoço, Diana ficou se sentindo um pouco culpada
por não passar o feriado ao lado do pai, porém não podia fazer nada, afinal
era Anthony quem ditava as regras. Mesmo assim o sentimento de culpa a
dominava e resolveu ligar para o pai enquanto Anthony estava no escritório
ocupado com ligações, papéis e seu cigarro.

- Minha filha, que surpresa boa! – Fernando exclamara do outro


lado da linha e ouvir a voz dele lhe dava forças para continuar.
- Papai, senti saudades. – disse se aconchegando mais ao edredom e
sorrindo por poder falar com alguém que realmente amasse.
- Eu também, meu amor. Como você está? – o tom de voz mudara
para preocupado.
- Eu estou bem.
- Diana, querida. Sabe que não precisa fazer isso, daremos um jeito.
- Não, papai. Eu posso aguentar. Estou aprendendo a lidar com essa
nova vida.
- Anthony tem sido um bom marido?
- Ele não é perfeito, mas está tudo bem, de verdade. – resolveu
mudar de assunto – Eu estou ligando para avisar que terei que passar o
feriado de Ação de Graças com a família Walsh.
- Eu sabia que depois que você se casasse, teria sua vida e seus
compromissos, mas não se preocupe. Os Johnson me convidaram para um
jantar na casa deles, não ficarei sozinho. Posso ter perdido tudo, mas tenho
um nome que vale muito, querida. Paul quer que eu seja seu consultor
financeiro.
- Isso é ótimo, papai! – sorriu feliz.
- Sim, é o que posso fazer para ganhar a vida graças aos meus
conhecimentos sobre os negócios. Está longe do que eu tinha, mas vou pode
sobreviver.
- Logo tudo voltará ao que era antes, papai.
- Eu sei, Anthony é muito competente e está fazendo um bom
trabalho com a empresa. Ele me deixa a par de tudo.
- Não sabia que conversavam.
- Falamos sobre negócios, Anthony é bastante inteligente, querida.
- Sim, papai. – viu o marido entrar no quarto – Preciso ir. Nos
falamos depois, podemos marcar um almoço.
- Claro, minha filha. Me ligue para marcar. Eu amo você.
- Eu também te amo, papai. – desligou enquanto via Anthony
encarando-a – Eu liguei para o meu pai pra avisar que não passarei o feriado
com ele.
- Se ele quiser pode jantar com minha família, será bem recebido.
- Obrigada de qualquer forma, mas papai já tem compromisso.
- Tudo bem. – ele deu de ombros e foi até a gaveta pegar um maço
de cigarros.

O silêncio se instalara novamente entre os dois e Diana preferiu se


deitar e cochilar um pouco. A chuva se intensificara e o clima ficara ainda
mais gostoso para dormir e descansar o corpo. Queria esquecer tudo o que
acontecera, tudo o que passara naquele mês e nas coisas que ainda enfrentaria
ao lado de Anthony para trazer de novo paz à sua família.
Capítulo 13

O feriado de Ação de Graças na casa dos Walsh prometia ser


bastante animado. Diana os adorava, não podia negar a extrema simpatia que
sentia pelos sogros e pela cunhada. Apesar daquele casamento não ser
afetivamente sincero, tinha adotado aquela família como sua. Alexandra
sempre a tratava muito bem, fazia questão de agradá-la e nem mesmo Rachel
fazia com que se sentisse desconfortável por saber todo o segredo por trás
daquele casamento. A mansão estava toda decorada de maneira natalina, as
grades da escada eram decoradas com bolas e festões verdes presos em
formatos de arcos. Diana começou a se perguntar por que a mansão de
Anthony ainda não havia sido decorada.

- Que alegria ter vocês aqui! – exclamou Alexandra animada


usando um belo vestido verde.
- Como vai, Alexandra? – Diana perguntou enquanto recebia um
abraço caloroso da anfitriã.
- Muito bem e você, querida?
- Eu vou bem, obrigada.
- Meu filho, vocês chegaram na hora certa. – ela fez Anthony se
curvar um pouco e lhe deu um beijo na bochecha – O jantar logo será
servido.
- Está chovendo bastante lá fora, íamos chegar um pouco mais
cedo. – ele respondeu e conduziu Diana até onde estava o resto de sua
família.

Rachel estava usando um vestido roxo com decote quadrado que


era justo ao corpo. Victor saboreava um uísque e sorriu ao vê-los. Diana
adorava a família Walsh e se sentia muito bem acolhida por eles, até mesmo
por Rachel que era a única que sabia a verdade. Ela parecia não se incomodar
que o irmão houvesse decidido casar naquelas circunstâncias e não julgava a
decisão de Anthony de querer manter um relacionamento de aparências.

- Anthony! Diana! – Victor exclamou vendo-os se aproximar -


Aceitam uma bebida?
- Não, pai. – negou – É melhor jantarmos primeiro.
- Falando nisso, vou perguntar a Margareth se o jantar está servido.

Alexandra saiu da sala e Rachel começou uma conversa animada


sobre seu dia na empresa. Ela algumas vezes fazia presença na Walsh
Publishing House e tomava conta da parte de relações públicas da empresa, o
que fazia com que trabalhasse mais tempo fora do que dentro do edifício.
O jantar foi servido e todos se encaminharam para a grande sala de
jantar. Diana viu todos os pratos típicos da ceia de Ação de Graças muito
bem distribuídos sobre a mesa e a mistura de aromas era deliciosa. Victor se
sentou na cabeceira da mesa, Anthony puxou a cadeira para que ela se
sentasse e se acomodou logo ao seu lado. Alexandra ficou de frente para o
filho e logo ao seu lado sentou Rachel.

- Parece delicioso. – a irmã de Anthony comentou ajeitando o


guardanapo sobre o colo.
- O cheiro está divino. – Alexandra completou e todos
concordaram.

Apesar de sentir falta do pai naquele feriado, Diana se sentira bem


durante toda a ceia ouvindo as conversas de Victor sobre uma viagem às Ilhas
Virgens no meio do ano. Era divertido ouvir todas as histórias e cada detalhe
que Victor dava ao lugar, ela sentia mais vontade de conhecê-lo. Quando o
assunto mudou, este se encaminhou para um terreno delicado. Alexandra
comentava sobre casamento e era um assunto que deixava Diana tensa.

- Quando vou ganhar netos? – ela perguntou se mostrando animada


e Diana levantou o olhar assustada sem saber o que responder.
- Ainda é cedo, mãe. – Anthony se adiantou em uma resposta – Eu
e Diana queremos aproveitar um pouco mais antes de termos filhos.
- Eu compreendo, mas quero a casa cheia de crianças correndo de
um lado ao outro. – olhou para a filha – Você não quer ser titia, Rachel?
- Não vejo a hora de isso acontecer. – ela respondeu sorrindo
parecendo realmente convicta de que Diana iria engravidar.

Quando finalmente chegaram em casa, era quase meia-noite.


Anthony estava bastante calado e Diana cansada. Ela logo tomou um banho e
foi para a cama, enquanto ele foi para o escritório para cuidar de alguns
papéis antes de finalmente se render ao sono.
Capítulo 14

A cidade de Chicago era conhecida como a Cidade dos Ventos,


mas para ele naquele momento era a cidade da neve. O frio de dois graus
fazia o vento tocar suas faces e queimar seu nariz cada vez que respirava.
Chegou ao hotel e entregou as chaves do carro alugado ao manobrista.
Carregava uma pasta preta na mão e sentiu o celular vibrando no bolso da
calça. Apertou o passo e entrou no hotel sentindo o ar aquecido fazer efeito
no seu corpo. Retirou o celular do bolso interno do paletó e atendeu a
chamada assim que viu que era Fernando Stewart.

- Pronto. – atendeu indo para o canto do lobby próximo aos


elevadores.
- Anthony, como vai?
- Bem e você?
- Estou bem. – respondeu do outro lado da linha – Estou te ligando
para saber se você está com Diana. É aniversário dela, queria dar os parabéns,
mas ligo para o celular e está desligado. Como vocês viajaram juntos, resolvi
tentar ligando para você.
- Ah, claro. Eu acabei de chegar ao hotel. Vou subir e me ligue
daqui a cinco minutos. Diana deve estar no quarto.

Não sabia que era o aniversário dela e tomar conhecimento daquilo


já no início da noite não era agradável. Claro que a data de nascimento dela
estava no contrato, mas sinceramente nem se atentou muito ao detalhe. Subiu
rapidamente para o quarto e viu Diana sentada encolhida em uma poltrona
lendo um livro bastante distraída. Ela usava uma calça branca de algodão e
uma blusa de mangas azul clara bem confortável, tão compenetrada e tão
bonita, não pode deixar de observar. O barulho da porta não a fez virar-se
para olhar quem era, o perfume de Anthony conseguia chegar até suas narinas
suavemente e podia perceber que o marido acabara de entrar.
Ele colocou a pasta sobre a mesa juntamente com o celular. A
reunião fora estressante e agora teria que lidar com o fato de que passara
quase o dia inteiro sem ter falado nada sobre o aniversário dela. Não
importava se não havia sentimento entre eles, aquele é um dia especial para
ela e o mínimo que poderia receber seria um “Feliz Aniversário” e um
presente. Retirou o sobretudo preto, o terno, a gravata e a camisa. Puxou o
cinto e largou-o sobre a outra poltrona. O celular tocou e ele já tinha ideia de
que era Fernando, mas verificou o visor para ter certeza.

- É para você. – estendeu o aparelho para Diana.


- Oi? – ela pareceu voltar ao mundo real – Para mim?
- Sim. É seu pai querendo falar contigo, já que você tem a péssima
mania de esquecer-se de carregar o celular.

Diana sabia que muitas vezes já se esquecera de recarregar a bateria


do celular e Anthony não gostava daquilo, mas realmente havia se distraído
em seu livro e esqueceu totalmente o mundo a sua volta.

- Olá, pai. – atendeu ao telefone enquanto o marido ia para o


banheiro.
- Diana, feliz aniversário, minha filha! – ele exclamou do outro
lado – Tentei falar com você mais cedo, mas só consegui mesmo ligando para
Anthony.
- Eu estava lendo um livro e acabei esquecendo-me de recarregar o
celular. – explicou.
- Você precisa voltar logo. Podemos almoçar juntos e conversar um
pouco. Faz tempo que não a vejo, querida. Preciso saber que está tudo bem. –
disse em seu tom preocupado.
- Eu sei, pai. Fique tranquilo, tudo está bem. – disse para
tranquilizá-lo, porém ainda se sentia desconfortável com aquele casamento
em alguns sentidos – Mas assim que eu voltar para Nova York, vamos nos
encontrar. Você também passará o Natal lá em casa.
- Vou adorar, minha filha.

Quando o assunto terminou e ela desligou o celular, levantou-se


para colocar o iPhone do marido sobre a mesa junto com a pasta. Voltou para
a poltrona em que estava, mas não conseguiu retomar a leitura, pois ouviu a
voz de Anthony atrás de si logo que a porta do banheiro fora aberta.

- Por que não me disse que era seu aniversário? – perguntou


mostrando um fio de irritação na voz.
- Achei que soubesse. Minha data de nascimento estava no
contrato, além do mais, sabia que você não iria se lembrar disso e não quis
incomodá-lo com esse assunto. – explicou tentando ignorar o fato de que ele
estava apenas com uma toalha amarrada em volta da cintura.
- Diana, você é minha esposa e seu aniversário é uma data
importante independente de estarmos ou não apaixonados. Eu poderia ter
planejado uma comemoração.
- Não tem problema, Anthony.
- Tem sim. Tem um enorme problema, mas vou consertá-lo. Vamos
jantar aqui mesmo no restaurante do hotel, já que o tempo lá fora não está
muito agradável.
- Sendo meu aniversário, eu poderia pedir para que jantássemos
aqui no quarto? – sugeriu – Estou com preguiça de me levantar e me produzir
toda.
- Tudo bem. Farei o pedido.

Ele foi até um iPad sobre a mesa do outro lado do quarto e com a
ponta do dedo acessou o cardápio da noite. Aquele era um dos recursos do
mundo moderno do qual não abria mão. Anthony gostava do fato de ser um
homem milionário, que a cada minuto que passava, ganhava uma enorme
quantia em dinheiro. Ele falou em voz alta os principais pratos do cardápio:
Rosbife com salada, salmão grelhado com tomates assados, filé de peito de
frango com molho de mostarda, pato com laranja, entre outros. Diana optou
pelo salmão grelhado e Anthony se encarregou de escolher creme de aspargos
para a entrada e mousse de blueberry para a sobremesa. Enquanto esperavam
o jantar ser entregue, ela voltou a ler seu livro enquanto ele vestia uma calça
de abrigo com camisa branca bem simples.
O serviço de quarto chegou e Anthony agradeceu dando uma de
suas boas gorjetas, o que fazia com que os rapazes praticamente discutissem
entre si para decidir quem iria ser o responsável por subir até o quarto em
troca de um bom dinheiro. Diana deixou seu livro de lado para se juntar ao
marido na mesa redonda de jantar que ficava na sala anexa à suíte.

- O cheiro está delicioso. – ela comentou vendo Anthony separar


primeiro as tigelas com o creme.
- Está mesmo, mas acho que temos que começar logo a comer antes
que esfrie. – aconselhou – Pedi um vinho tinto, acho que você vai gostar.

Ambos se sentaram à mesa e o creme de aspargos estava com um


sabor delicioso, muito bem temperado e a fez se lembrar das maravilhosas
refeições que Ruth preparava. Diana adorou todos os pratos e terminou um
pouco depois de Anthony. A garrafa de vinho estava pela metade e ele
encheu novamente as duas taças.

- Agora é a hora de relaxarmos um pouco, Diana. – ele disse e se


levantou para pegar um maço de cigarros – Minha mãe disse que o Natal será
em nossa casa, convide o seu pai também.
- Eu já o convidei. – pegou sua taça e bebeu um gole.
- Ótimo! Não se esqueça de conversar sobre o cardápio da ceia com
Ruth. – acendeu o cigarro e deu uma tragada – Assim que voltarmos para
Nova York, vou providenciar seu presente de aniversário. O que prefere?
Esmeraldas?
- Na verdade, você já me deu muitas jóias, não precisa me dar mais
nada tão caro. Eu gosto de coisas simples também, Anthony. Às vezes elas
são mais pessoais e íntimas.
- Como você preferir. – deu de ombros – A propósito, a festa de
Ano Novo será na mansão dos Chevalier.
- Quem são esses? – olhou-o um pouco confusa, nunca ouvira falar
daquela família quando frequentava as festas da sociedade.
- São franceses e donos de uma marca de cosméticos nova no
mercado. Querem fazer novas amizades aqui nos Estados Unidos e
resolveram dar essa festa. Fomos convidados e acho que pode ser bastante
proveitoso.
- Para o seu bolso. – ela emendou.
- Sem dúvidas. – sorriu soltando a fumaça entre os dentes.
- Você sempre pensou tanto nos negócios?
- Sempre. Fui criado para isso, Diana. E não posso dizer que foi
ruim, eu gosto do que faço. – foi até a cama e se sentou.
- E por que nunca quis se casar por amor? – perguntou curiosa,
sentindo que o álcool a desinibia para se atrever a perguntar sobre a vida do
marido.
- Sentimento demais atrapalha, Diana. – ele dizia tudo aquilo
relaxado – Eu sabia que a partir do momento em que me ligasse
emocionalmente à uma pessoa, eu me veria escravo daquilo e ia colocar
acima dos negócios. Isso iria me atrapalhar. Além do mais, o mundo está
repleto de mulheres interessadas em dinheiro e poder.
- E você resolveu casar comigo, justamente porque eu precisava de
dinheiro. Eu aceitei, não deixou de ser por interesse. – mordeu o lábio
sabendo que era um pouco complicado admitir aquilo em voz alta.
- Claro que foi interesse. – ele se levantou para se servir de mais
vinho – Mas nesse caso tenho total controle de tudo. Não estou apaixonado, o
que seria ruim caso estivesse porque seria horrível me dar conta de que a
mulher que amo está comigo por interesse. Entende o que quero dizer? –
despejou um pouco mais do líquido em sua taça.
- Perfeitamente.
- Nenhuma das mulheres com que você se envolveu fez você ter o
desejo de se casar?
- Não, Diana. Eu nunca me envolvi com uma mulher pensando em
me casar. Admito que estava muito mais preocupado com o prazer sexual do
que outra coisa. – deu de ombros – A vida era boa.
- Não é mais?
- Agora ela é um pouco melhor. – levantou o olhar para ela e Diana
percebeu que estava mais intenso.
- Por quê?
- Quer que eu te mostre por quê?

De maneira rápida, ele se livrou da taça e do resto do cigarro


deixando-os sobre a mesa e fez com que Diana se levantasse puxando-a pelo
braço e trazendo-a para perto de seu corpo. Trocaram um beijo intenso, cheio
de paixão e ela já podia sentir que seu sangue começava a esquentar.
Anthony fora ágil em tirar as roupas da esposa. Deixou-a completamente nua
e lhe deu um maravilhoso orgasmo fazendo com que Diana sentisse sua
língua experiente em seu centro. Ela ainda sentia seu corpo com os efeitos do
primeiro clímax daquele prazer quando sentiu o membro penetrando-a com
força. Foram movimentos ritmados, ambos sentiam o colchão afundar e antes
que pudessem terminar aquilo, rolaram e Diana ficou por cima ditando o
ritmo. Os gemidos eram roucos e intensos, nenhum dos dois conseguia falar
algo que tivesse algum sentido e Anthony deixou ser guiado para um mundo
que já estivera muitas vezes, mas cada vez mais aquela sensação era mais
forte. Uma intensidade que ele nunca tinha experimentado e tinha de admitir
no fundo da sua alma, o estava assustando muito.
Capítulo 15

Era véspera de Ano Novo e a neve não dava trégua na cidade de


Nova York. A mínima chegava a cinco graus negativos e Anthony fizera
questão de que ela comprasse um belo casaco que combinasse com o vestido
escolhido para a festa de Réveillon na mansão dos Chevalier. Como era uma
festa informal, decidiu-se por um vestido branco um pouco acima dos
joelhos, solto e frente única que dava uma bela visão de um decote que
realçava seus seios. Colocou um colar de ouro branco que ganhara do marido,
com discretas flores todas feitas com pequenas pedras de diamantes. Colocou
um bracelete no mesmo estilo e ajeitou os cabelos deixando-os soltos e
ondulados caindo ao longo de suas costas. Sentia-se maravilhosa e o toque
final era o sapato meia pata prateado.
- Está linda, Diana. – Anthony disse naquele tom de voz rouco
capaz de lhe deixar arrepiada.
- Obrigada.

Ela sorriu ao vê-lo vestido com uma calça jeans e uma camisa
social branca enrolada até os cotovelos. Anthony se barbeara deixando o
rosto liso. Ele usava um tênis branco e parecia bastante casual, diferente do
homem que vestia ternos italianos quase todo o tempo.

- Acho que já podemos ir. – olhou mais uma vez no espelho para
saber se a maquiagem estava realmente uniforme – Estou pronta.
- Antes de irmos, quero lhe dar algo. – ele disse indo até o closet e
pegando uma caixa verde escura em sua parte do armário.
- Anthony, o que é isso?
- Quero que veja, é seu presente de aniversário.

Diana se espantou, não esperava que ele fosse lhe dar um presente,
pensou que Anthony já tivesse esquecido daquilo, afinal, se passaram muitos
dias desde seu aniversário. Curiosa por saber o que ele havia decidido lhe dar,
sentou-se na cama e abriu a caixa se deparando com um livro. Sorriu no
mesmo momento, queria imaginar que Anthony havia percebido o quanto
estava lendo durante as últimas semanas. Leu o título e suspeitou que se
tratasse de uma história de romance, e ela adorava aquele estilo.

- Um passo para o amor. – leu o título em voz alta.


- Andei percebendo que você costuma ler romances. – ele explicou
o motivo de ter escolhido aquele livro.
- Começo a ler amanhã.
- É o lançamento da editora, ainda não foi para as livrarias. Você é
a primeira a tê-lo em mãos, por isso demorei tanto para lhe dar o presente.
Estava esperando que terminasse de ser impresso e encapado.
- Obrigada, Anthony. É bom ganhar um presente que signifique
algo mais pessoal. – colocou a caixa ao seu lado na cama.
- Fico feliz que tenha gostado, mas agora precisamos ir.
- Só vou pegar meu casaco.

Ela pegou um casaco que remetia à pele de animais, mas que era
sintético. Nunca se sentia bem vestindo um casaco originalmente de pele.
Aquele era todo branco e combinava bem com a ocasião. Anthony pegou seu
sobretudo preto e ambos desceram para a garagem. Diana estava mais ansiosa
para ler o livro do que para participar do Réveillon, mas não seria de todo
mal ir à uma festa mais informal do que as que costumava ir nos últimos
tempos.

- Podemos nos divertir nessa festa? – perguntou.


- Sim, Diana. Teremos tempo para dançar se quisermos, comer,
conversar e agirmos como marido e mulher. – ele respondeu enquanto
mantinha seus olhos bem atentos à pista escorregadia onde o snow patrol
acabara de passar para limpar a neve que caía intensamente naquela semana.
- Me parece divertido.

A mansão estava iluminada com milhares de luzes natalinas e o


jardim coberto pela neve não deixava de ser glamoroso. Diana adorava aquela
época do ano, tudo ficava ainda mais bonito e as casas mostravam o espírito
natalino com uma enorme diversidade de decorativos. Ela saiu do carro e
Anthony entregou as chaves ao manobrista que fora contratado para alinhar
os carros dos convidados. Diana fechou o casaco e deu o braço ao marido e
deixou que ele a conduzisse para o enorme salão de festas fechado e
aquecido. Uma das empregadas estava na porta e recolhia os casacos dos
convidados e Diana se sentiu mais livre deixando o peso do enorme casaco
que usava para lhe aquecer naquele frio intenso.
A festa estava animada, a música tocava embalando algumas
pessoas em uma pista de dança no meio do salão. Anthony passou por entre
os convidados até encontrar os anfitriões.

- Chevalier. – Anthony chamou fazendo o homem barrigudo lhe dar


atenção.
- Walsh, achei que não viesse! – ele disse efusivo apertando a mão
de Anthony calorosamente.
- Esse tempo nos faz dirigir bem mais devagar. – justificou-se –
Mas gostaria de lhe apresentar minha esposa Diana.
- Que prazer conhecê-la! – ele apertou-lhe a mão da mesma
maneira calorosa – Sou Claude e essa é minha esposa Simoné.
- Muito prazer. – Diana apertou a mão da mulher.
- O prazer é todo nosso. – ela respondeu – É muito bom recebê-los
em nossa festa. Espero que se divirtam.
- Com certeza, está tudo lindo. – Diana respondeu sorrindo.

Anthony pediu licença aos anfitriões e levou a esposa até um canto


para que pudessem ficar juntos e conversar. Ambos se serviram com drinques
e Diana começou a se animar com a música agitada. Olhou para o marido e o
viu concentrado reparando no decote de seu vestido sem se preocupar em ser
discreto e achou graça daquele Anthony que parecia não ser mais o homem
que controlava todos os seus movimentos.

- O que tanto olha, Anthony? – perguntou tentando chamar a


atenção dele.
- Estou apenas me distraindo com uma bela visão e me perguntando
quantos homens nessa festa vão se distrair da mesma forma. – respondeu com
um leve tom de irritação em sua voz.
- Você disse que eu estava linda.
- E está. Por isso sei que não serei o único a me distrair. – passou a
mão livre em torno da cintura dela e puxou-a para si – Acho que podemos ir
para casa logo após os fogos e comemorarmos o Réveillon em particular. –
encostou o nariz no pescoço dela e inalou o perfume adocicado deixando-a
arrepiada.
- Demonstração de carinho em público? – perguntou sem ter
certeza se ele fazia aquilo por vontade ou por necessidade de mostrar que
eram um casal apaixonado.
- No momento não estou pensando se estamos sendo ou não vistos.
– pressionou-a contra seu corpo e levou os lábios ao ouvido dela – Estou
fazendo isso porque pretendo terminar nossa noite na cama, Diana. É uma
necessidade.

Diana ficou levemente transtornada com a proximidade e também


começou a sentir a mesma necessidade. Na verdade, se pudesse, sairia
daquela festa naquele momento e deixaria seu corpo explodir como fogos de
artifício quando atingisse o orgasmo. Anthony era sedutor na mesma
proporção com que conseguia ser frio.

- Vamos ficar aqui sozinhos durante toda a noite? – perguntou


achando estranho o fato de não vê-lo caminhando pela mansão e mantendo
aquecidas suas amizades nos negócios.
- Não. Logo vamos dar uma volta. – ele deixou a taça sobre a
bandeja de um dos garçons que passava recolhendo-as – Por enquanto
precisamos ficar sozinhos, mostrar que somos um casal que precisa de um
tempo para nós.
- Entendi seu raciocínio. – ela o viu acender um cigarro – Eu
gostaria de ligar para Elisa e lhe desejar um Feliz Ano Novo.
- Terá tempo para isso. – soltou a fumaça após tirar o cigarro da
boca – Tente marcar o almoço com ela para a primeira semana de janeiro.
- Sim. – assentiu.
- Preciso conhecer sua amiga, estar mais envolvido nas coisas que
dizem respeito a você, Diana.
- Eu entendo. – concordou – Elisa só tem ficado muito ocupada,
sua peça já está em cartaz.
- Acho um bom lugar para conhecê-la pela primeira vez. Podemos
ir ao teatro no próximo espetáculo.
- Sim. Eu adoraria poder sair para me divertir um pouco em algum
lugar que não sejam essas festas. – meneou a cabeça – Pelo menos uma vez.
- Tudo bem. – levou o cigarro a boca e soltou a fumaça dando um
selinho nela em seguida – Preciso resolver alguns assuntos de negócios. Sei
que não é o momento ideal, mas Patrick me mandou um e-mail pedindo para
que o encontrasse aqui porque ele tinha algo importante para me dizer. Não
vou demorar.
- Tudo bem. Vou continuar nesse mesmo lugar.

Ele assentiu e saiu andando apressado sumindo na multidão. Diana


ficou ali, vendo uma enorme quantidade de pessoas que não conhecia, outras
que vira algumas vezes em festas e outras a quem fora apresentada. Algumas
paravam para cumprimentá-la e perguntar onde estava Anthony, mas ela só
sabia responder que estava no salão conversando com alguém. A festa que
antes parecia animada para ela com o toque de sedução do marido, agora era
apenas um tédio embalado por uma música agitada. Ele dissera que não ia
demorar, mas já havia se passado cerca de meia hora e Anthony não
aparecera. Suspirou e pegou um Martini de chocolate. Experimentara esse
drinque em uma das festas que fora com o marido e se apaixonara pelo sabor.

- Uma bela moça sozinha. – ouviu uma voz que não reconhecera
logo atrás de si – Na noite de Réveillon não se pode estar sozinha em um
canto, é deprimente.
- Não estou sozinha e nem deprimida.
- Não é o que está aparentando no momento. – sorriu.

Diana pode ver que era um homem não muito alto, com cabelos
loiros cortados mais rentes à nuca nas laterais da cabeça e um pouco
arrepiados próximo à testa. Tinha barba e bigode e usava um paletó branco
por cima da camisa simples da mesma cor. Não tinha nenhum traço ou estilo
que pudesse ser sedutor e ela se perguntou o que aquele homem queria.
Estava lhe soando muito inconveniente.

- Está muito calada. Agora você tem uma companhia para


conversar. – ele insistiu.
- Eu já estou acompanhada pelo meu marido. – voltou a se
defender.
- Se ele estivesse interessado em lhe fazer companhia estava ao seu
lado – ele deu um passo e esticou a mão pousando sobre a cintura dela –
Talvez ele não tenha se dado conta do que está perdendo.

Ela entrou em pânico, pensou em jogar o drinque na roupa daquele


homem dizendo algumas palavras rudes, mas não queria chamar a atenção e
ser o centro da festa dando uma imagem negativa para Anthony. Deu um
passo para trás para se desvencilhar daquela mão desconhecida sobre sua
cintura que lhe causava calafrios horríveis.

- Tire as mãos da minha mulher antes que eu quebre todos os seus


ossos. – a voz rouca de Anthony fora ouvida por ela e Diana sentiu no mesmo
momento seu corpo se aquecer sabendo que não estava mais sozinha.
- Veja quem temos aqui: aquele que se acha o dono do mundo. –
deu dois passos para trás para poder enxergar o outro melhor – Olá, Walsh.
- Não se aproxime novamente dela, Rogers.
- Veio rápido com medo de que poderia acabar encontrando sua
mulher na cama com outro?

O que acontecera no minuto seguinte fora tão rápido que Diana não
conseguira nem mesmo esboçar um grito. Anthony partiu para cima daquele
homem lhe dando um soco com força no rosto. Rogers, como fora chamado
por ele, se desequilibrou com o impacto do soco e foi parar no chão. Naquele
momento, a confusão já tinha chamado a atenção de muitos convidados, mas
Anthony não parecia se importar com aquele caos que começara. Diana
começou a esboçar alguma reação, mas não conseguia se mexer, sentia o
desespero tomando conta de seu corpo.

- LEVANTE SEU COVARDE! FAREI QUESTÃO DE FAZER


VOCÊ VOLTAR AO CHÃO E CATAR TODOS OS SEUS DENTES! –
Anthony gritou enquanto seus olhos exalavam ódio.
- Anthony! – Diana tentou chamá-lo.

Um homem desconhecido segurou-o por trás pedindo para que ele


se controlasse, que não valia a pena brigar. Anthony estava com a respiração
ofegante e não desgrudava os olhos do outro que ainda estava ao chão
conferindo se seu maxilar estava no lugar. Podia ver o rosto do marido
vermelho e uma das veias saltar em sua têmpora. Parecia cego, alheio a todas
as outras pessoas no salão, apenas via o outro caído ao chão logo após o
impacto do soco. Era a primeira vez que via Anthony naquele estado,
totalmente fora de si. Sua testa começava a formar a umidade do suor e o
sangue latejava em suas veias. Antes que pudesse reagir, outro homem se pôs
em sua frente para impedir que Rogers avançasse em direção a Anthony.
- ME SOLTA! ESSE DESGRAÇADO PRECISA APRENDER À
BASE DA PORRADA A QUANTOS METROS DE DISTÂNCIA DEVE
FICAR DA MINHA MULHER!
- Se controle, Walsh. – o homem gordo saiu puxando-o para longe
da confusão e Diana o seguiu atrás desesperada sem saber o que fazer.
- Rogers precisa aprender uma lição. – ela ouviu o marido falar
enquanto ainda era segurado pelo outro.
- Anthony, por favor... – Diana implorou de uma maneira que fizera
com que ele se calasse.

Quando o homem achou que estavam à uma distância segura,


soltou-o e Anthony se sacudiu tentando voltar ao seu normal ajeitando as
roupas. Diana ficou quieta, não sabia o que se passava na cabeça dele e se
sentia culpada por ter sido o pivô daquela briga. Não queria a presença
daquele homem, preferia ficar quieta em seu canto esperando o marido voltar.

- Você precisa se acalmar, Walsh. – dissera o homem que o levara


até ali – Sabe que não é a primeira vez que Rogers provoca uma confusão.
Ele faz isso para aparecer.
- Eu sei, mas perdi a cabeça. – passou as mãos sobre os cabelos –
Ele chegou perto da minha esposa.
- Entendo você, não se preocupe. Vamos torcer para que a
repercussão não seja tão grande.
- Assim espero. – suspirou e olhou para esposa – Vamos para casa,
Diana.

Ela se aproximou rapidamente dele e Anthony segurou-lhe o pulso


puxando-a para fora do salão logo após pegarem seus respectivos casacos. O
silêncio durante todo o trajeto dentro daquele carro a deixava ainda mais
tensa. Ele não falava nada, apenas estava concentrado em dirigir enquanto
olhava para frente tomando cuidado já que as pistas estavam bastante
escorregadias. Muitas ruas de Nova York estavam fechadas por conta da
comemoração na Madison Square, portando Anthony precisou fazer um
caminho mais longo até chegar em casa. Cada minuto que passava, a tensão
aumentava e Diana parecia querer se encolher cada vez mais. O que ele
estaria pensando? A culparia pelo que aconteceu? Céus, não tinha culpa
nenhuma! Deixou claro que era casada, se afastou da mão daquele homem,
mas Anthony pode ter visto as coisas com outros olhos. De repente lembrou-
se de algo que havia esquecido: as notícias. A briga poderia parar nos jornais
e revistas, as colunas sociais esperavam um evento grande para explorar
notícias e comentários. A briga envolvendo Anthony poderia ser um prato
cheio e as especulações poderiam distorcer toda a história. E se ele quisesse
terminar o contrato? O medo a assolou e o que mais a espantou naquele
momento foi que não fora com o conforto ou o dinheiro com que se
preocupou primeiro, fora o fato de sair da vida dele.
Capítulo 16

Assim que chegaram em casa, penduraram os casacos levemente


úmidos pela neve que caía intensa e subiram para os quartos. Diana se sentou
na poltrona de couro e retirou os sapatos de salto para relaxar os pés.
Anthony colocou a mão no bolso e retirou seu maço de cigarros, acendeu um
e suspirou. Aquele era seu jeito de relaxar.

- Não acredito que aquele desgraçado encostou em você. – disse


irritado soltando a fumaça conforme falava.
- Anthony... – chamou fazendo com que ele a olhasse – Eu não tive
culpa, por favor.
- Apesar de eu ter dito que aquele decote chamaria a atenção, sei
que não foi sua culpa, Diana. – levou o cigarro à boca e soltou a fumaça –
Rogers é o problema.
- Quem é aquele homem? – estava claro que Anthony o conhecia e
que ambos não se davam bem.
- Michael Rogers é o que pode ser considerado um inimigo nos
negócios. Tudo o que faz é na intenção de me prejudicar e o episódio de hoje
foi mais uma das tentativas de sujar minha imagem perante os outros
empresários excluindo minhas chances de sociedade. – bateu com a ponta do
cigarro no cinzeiro.
- Então quer dizer que as coisas ficaram ruins pra você? – mordeu o
lábio inferior e se levantou.
- Não sei quais serão as repercussões do que houve hoje.
- Queria poder fazer algo para melhorar isso. – aproximou-se dele e
passou a mão pelo seu braço.
- Só saberemos o que vai acontecer depois que lermos as colunas. –
olhou-a – Saiba que apesar da confusão, não me arrependo de ter dado um
soco nele.
- Eu me afastei, Anthony. Eu já havia dito que era casada, ele
insistiu e colocou a mão sobre minha cintura, mas eu cheguei para trás, não
precisava ter se exaltado tanto.
- Eu sei. – apagou o cigarro no cinzeiro – Eu te deixo sozinha por
alguns minutos e acontece isso. – olhou-a nos olhos – Você é minha e
ninguém vai tocar em você além de mim.

Anthony puxou-a pela nuca e colou seus lábios ao dela. Diana


nunca se importava com o gosto do cigarro que ficava quando ele acabava de
fumar, aquilo fazia parte da essência de quem ele era e o tornava mais sexy.
O beijo dele era possessivo e os lábios estavam encaixados com perfeição.
Era surpreendente como seu corpo respondia ao dele e ela se entregava sem a
menor hesitação. Anthony tinha o poder de envolvê-la e as mãos habilidosas
deslizavam pelo seu corpo sentindo cada uma de suas curvas e deixando-a
cada vez mais envolvida. Diana podia sentir o corpo se aquecer, sua
feminilidade latejar e a língua de Anthony deslizar por sua boca explorando-a
com vontade. Ela gemeu quando sentiu a mordida em seu lábio inferior, um
pouco forte, um pouco possessiva e aquilo de alguma forma a deixou ainda
mais excitada. Queria ele. Precisava senti-lo.
Os lábios se separaram, mas Anthony agarrou-lhe os cabelos
próximos à nuca e puxou-os fazendo com que Diana inclinasse a cabeça para
trás. A língua deslizou em seu pescoço, ela se arrepiou soltando um gemido
baixo com as leves mordidas que sentia.

- Você me pertence, Diana. – ele disse em um tom de voz ainda


mais rouco e fez com que ela estremecesse.
- Anthony... – gemeu ao sentir os lábios dele roçando de leve em
sua pele.
- Isso, chame meu nome... – sussurrou antes de tomar-lhe os lábios
novamente.

As mãos ágeis trataram de desfazer o nó do vestido dela atrás do


pescoço e deixou que os seios ficassem descobertos. Diana estava nas mãos
dele vulnerável e totalmente entregue ao momento de luxúria e prazer que ele
poderia lhe proporcionar. Soltou um gritinho de surpresa quando ele a virou
bruscamente de costas e tomou-lhe os seios com as duas mãos, apertando-os
com força e brincando com os mamilos endurecidos. Anthony beliscava e
soltava, Diana jogou a cabeça para trás e apoiou nos ombros dele, estava toda
arrepiada e sentia as mãos dele se encaixando perfeitamente em seus seios.
Levou uma das mãos para trás e segurou-lhe a nuca, puxou os cabelos dele e
empinou ainda mais os seios para que aquelas carícias continuassem. Com
uma das mãos, Anthony puxou o vestido dela para baixo e deixou-a apenas
com a calcinha de renda impedindo sua completa nudez.
As mãos dele deslizaram sobre sua barriga, sua cintura e pararam
quando tocaram o elástico da calcinha. Diana virou o rosto para olhá-lo e sua
expressão praticamente implorava para ser despida e possuída por ele.
Anthony lhe deu um beijo rápido, chupando seu lábio inferior e mordeu-o
com força em seguida, ouvindo o gemido dela e sentiu que Diana empinava a
bunda para ele. Aquele era um convite que não podia resistir. O membro dele
já fazia volume em sua calça e ela podia senti-lo atrás de si.
Anthony a agarrou e levou-a até a cama fazendo com que Diana
caísse sobre ela de costas, mantendo o olhar fixo no corpo de seu marido. Ele
retirou a camisa puxando-a com força e fazendo com que alguns botões
saltassem caindo em algum canto do chão do quarto. Peitoral ficou exposto,
mostrando alguns pelos que a deixavam ainda com mais vontade de tocá-lo.
Diana se sentou na cama e puxou-o pelo cós da calça. Apertou o membro por
cima do pano e ouviu Anthony gemer de prazer. Delicadamente e
prolongando o momento, ela abriu devagar o botão e abaixou o zíper sem
deixar de sentir que ele a olhava fixamente sabendo o que ela pretendia fazer.
Abaixou a calça e a cueca, deixando o membro rígido exposto à sua frente e
pronto para ser acariciado. Segurou com uma das mãos e olhou para Anthony
com os olhos castanhos brilhando de expectativa. A boca cobriu-o devagar e
o gemido rouco dele foi o que precisava para lhe dar mais confiança. Sentiu
que seus cabelos eram segurados com força e os movimentos de sua boca
começaram a aumentar. Era delicioso poder senti-lo daquela forma e ter
consciência do prazer que podia proporcionar.

- Diana...

A excitação naquele quarto aumentava progressivamente e


Anthony gemia chamando-a algumas vezes fazendo com que ela não parasse
aquele movimento. Antes que ele pudesse chegar ao clímax, sentiu ser
puxada pelos cabelos e ficou de pé, abrindo os olhos e encontrando os dele
ainda mais escuros e transbordando excitação.

- Sou sua, Anthony. – deslizou as mãos sobre o peitoral dele


sentindo seus pelos sobre as palmas das mãos.
A resposta para aquilo veio de maneira forte e violenta. Ele
segurou-lhe a calcinha e com força puxou-a fazendo com que o pano rasgasse
e jogou-a longe para algum lugar do quarto. A pele queimou quando sentiu o
atrito, mas ela não sentia dor, sentia-se excitada e o calor aumentar. Anthony
a jogou na cama e debruçou-se sobre ela abocanhando um dos seios. Diana
arqueou as costas, voltando a ficar arrepiada e agarrou os cabelos dele. Sentia
seu mamilo ser sugado com força, sentia mordidas e chupões fazendo com
que se contorcesse sob ele. Sua intimidade já estava molhada, latejando e
pronta para recebê-lo.
Anthony deslizou a língua no vale dos seios e encaixou-se entre as
pernas dela, penetrando-a com força em seguida. Diana gritou com a atitude
inesperada, sentiu-se preenchida por ele e abraçou-o com as pernas. Os
movimentos começaram rápidos, intensos e ritmados. Ambos gemiam e
chamavam com voz rouca o nome do outro. Diana cravou as unhas nas costas
dele e arranhou-o. Anthony ao sentir a leve ardência em suas costas começou
a enterrar o membro com força fazendo com que ela gritasse sentindo que ele
ia até o fundo.
Nenhum dos dois conseguia pensar em mais nada, o prazer
aumentava descontrolado e os corpos suados roçavam um no outro
deslizando sobre a umidade da pele. Diana estremeceu, fechou os olhos com
força e se deixou entregar ao prazer que sentia naquele momento. O clímax se
aproximava, a respiração era acelerada e o seu coração praticamente pulsava
como se fosse sair do peito. O que Anthony era capaz de provocar nela
homem nenhum havia conseguido e sem poder mais controlar o próprio
corpo, gritou o nome dele e explodiu em um orgasmo poderoso. Anthony
continuou os movimentos, sentia o membro inchado e após mais algumas
estocadas sentiu o corpo tremer e se liberou dentro dela soltando gemidos
roucos enquanto afundava o rosto na curva de seu pescoço.
Ambos estavam ofegantes e Diana deslizou uma das mãos pelas
costas dele devagar. Anthony respirou fundo e lhe deu uma mordida no
pescoço devagar e levantou a cabeça até encostar os lábios nos dela.
Beijaram-se com calma, Diana deslizou as mãos até a nuca dele e sentiu que
uma das mãos alisava uma cintura. Ambos recuperavam as forças e tentavam
controlar a respiração. Anthony afastou os lábios devagar e se deitou ao lado
dela fechando os olhos se sentindo satisfeito.

- Foi muito melhor do que ter ido àquela festa. – esticou um dos
braços e passou por trás dela.
- Nós dois preferíamos ter ficado aqui. – colocou a mão sobre o
peitoral dele – Tenho medo do que vai acontecer com a repercussão daquela
briga. – fechou os olhos e apoiou a cabeça no peitoral dele, pela primeira vez
em muito tempo agiam como um verdadeiro casal.
- Darei um jeito. Logo eles vão esquecer o que houve, Diana. Na
próxima semana encontrarão outro escândalo. Basta mostrarmos o quanto
nosso casamento anda bem e o quanto nos amamos. Eu perdi a cabeça, mas
não suporto que ninguém toque você.
- Eu não permitiria isso.
- Eu sei.

Um barulho chamou a atenção dela e fez com que levantasse a


cabeça do peitoral dele. Barulho de fogos. Finalmente chegara um novo ano.
Levantou-se apressada fazendo com que Anthony a olhasse curioso e abriu as
cortinas tentando olhar para o lado de fora e ver as luzes coloridas no céu. Era
um pouco complicado enxergar em toda sua beleza, nevava muito no
momento, mas era encantador. O ano havia terminado e mentalmente ela fez
um balanço rápido do que acontecera. Seu pai perdera tudo e ela se casou
com alguém que não conhecia para salvar a família da total falência. Sentiu
as mãos quentes de Anthony deslizarem sobre sua cintura e abraçá-la por trás.

- Feliz ano novo! – ele disse próximo à sua orelha.


- Feliz ano novo! – exclamou sorridente gostando daquele lado do
marido que ainda não conhecia muito bem.

Anthony estava um pouco mais atencioso e menos frio. Pareciam


um verdadeiro casal logo após fazerem amor. Ela se virou de frente para ele e
Anthony lhe deu um beijo rápido.

- Vou buscar o champagne. – ele se afastou e logo saiu do quarto.

Diana foi até a cama e se sentou. Estava nua e não se importava


com aquilo. Gostava da maneira que Anthony a olhava. Sentia-se bela e
desejável. Apesar de serem bastante diferentes na maneira de agir, ambos se
entendiam perfeitamente quando o assunto era sexo. Desejavam-se e
aproveitavam aquela química para que o casamento não se tornasse um peso
para nenhum dos dois. Lembrou-se do Natal, quando seu pai e a família de
Anthony foram cear na mansão. Agiram como um casal apaixonado, ele
fizera questão de lhe dar um presente naquela noite: um bracelete todo em
diamante que estava guardando para uma ocasião especial. Ficou imersa em
pensamentos e quando se deu conta, ele estava de volta segurando um balde
de gelo com uma garrafa de champagne e duas taças de cristal.

- Não estamos em uma festa lotada de pessoas, mas merecemos


brindar. – ele disse colocando tudo sobre a mesa e abriu a garrafa fazendo a
fumaça sair pelo gargalo.

Anthony serviu as duas taças e aproximou-se de Diana entregando-


a uma delas. Ela sorriu para ele e ambos bateram de leve o cristal um contra o
outro e beberam um gole.

- No que está pensando, Diana?


- No Natal, quando ceamos aqui. Foi diferente do que eu costumava
passar quando estava em casa. Éramos somente eu e meu pai. – explicou e
bebeu mais um gole do espumante – Gostei de passar com sua família. Foi
divertido. – olhou – Sempre foram assim as comemorações em sua casa?
- Sim. – ele se sentou ao lado dela – Minha mãe sempre foi uma
pessoa muito tradicional, então fazia questão de ter toda a família em volta da
mesa. Acho que era uma forma de manter todos juntos já que meu pai sempre
passou muito tempo cuidando dos negócios e eu cada vez que crescia me
envolvia mais com isso.
- Alexandra é uma ótima pessoa.
- Sim, ela é. – olhou-a – E sua mãe, Diana? – perguntou fazendo
com que ela o olhasse um pouco surpresa com a pergunta – Você nunca fala
muito sobre ela.
- Minha mãe faleceu quando eu era muito nova, cerca de cinco anos
de idade. Eu tenho muito poucas lembranças dela, a maioria são fotos. Meu
pai sempre tentou fazer o melhor pra suprir a falta dela.
- Ele fez o que estava ao seu alcance, certo?
- Sim. Como você deve saber, ele sempre foi focado nos negócios
também. Tudo o que tínhamos era a empresa e a nós mesmos. Eu não
acreditei quando ele disse que havia falido.
- Alguém roubou seu pai, Diana. Ele não foi diretamente culpado
pelo que aconteceu. Infelizmente, já era tarde quando Fernando descobriu que
havia um rombo em sua empresa e estava saindo mais dinheiro do que
entrando.
- Eu sei, ele me explicou. Um dia tínhamos tudo, e no outro não
tínhamos nada. Foi horrível ver meu pai se sentir culpado pelo que houve. Ele
se sentia culpado também, como se não tivesse honrado a memória da minha
mãe, de cuidar sempre de mim e da nossa família. Nos deixar na falência
destruir o que tínhamos para nos sustentar.
- E você está sendo forte o suficiente para reerguer o patrimônio da
sua família.
- Do jeito que eu sei. – olhou para o líquido em sua taça.
- Não se martirize por isso, Diana. – ele se levantou, foi até a
garrafa e encheu um pouco mais sua taça – Ambos estamos nos ajudando.
Você está sendo uma ótima esposa, devo te elogiar.
- Uma ótima esposa? Em qual sentido, Anthony? – olhou para ele.
- Em todos, Diana. – respondeu e bebeu um gole do champagne.
Capítulo 17

Teatro era um dos lugares preferidos de Anthony e um perfeito


local para ser visto ao lado da esposa. O musical que Elisa Bryant estrelava
era sobre uma mulher que havia deixado tudo para trás na intenção de seguir
seu sonho de ser cantora. Diana pegou o panfleto e se acomodou na cadeira
vermelha acolchoada ao lado do marido. Anthony segurou a mão dela e
ambos entrelaçaram os dedos. O gesto poderia ser calculado, mas ela gostou
de poder sentir o calor daquele contato. O que estava acontecendo? Cada dia
que passava se sentia menos distante do marido e menos estranha naquela
mansão. Apesar de Anthony ainda ser muito frio, Diana conseguia sentir
certa vontade de estar ao seu lado algumas vezes e aparecer em público
fazendo o papel de esposa apaixonada já não era tão difícil como antes. Era
costume, preferia acreditar que aquela vontade de sentir os simples toques do
marido fosse questão de hábito do que uma ligação emocional.
Ela havia avisado à Elisa que estaria naquela noite junto com
Anthony para prestigiá-la durante a peça e que logo após o espetáculo, ambas
se encontrariam para que a amiga finalmente pudesse conhecê-lo. Todas as
vezes que saía com Elisa ou esta ia até a mansão, Anthony nunca estava
presente, vivia na empresa e a morena ia embora antes que ele chegasse por
conta dos ensaios e das apresentações da peça. Finalmente Diana estava
contente por apresentar seu marido à amiga para que ela pudesse tirar as
próprias conclusões sobre aquele casamento. Anthony era educado e gentil
com as pessoas, muito diferente do homem frio que costumava ser dentro de
casa, e talvez assim, Elisa pudesse apoiá-la um pouco mais. A morena não
concordava muito em ver a amiga sendo obrigada a manter um casamento
naquelas condições, sua opinião era de que Diana vivia como se fosse uma
prisioneira, tendo que cumprir regras impostas pelo marido. Mesmo sabendo
que Elisa tinha razão, estava disposta a levar o casamento até o final e talvez
conhecer Anthony pessoalmente tirasse um pouco a ideia negativa que tinha
dele.
Quando as cortinas se fecharam, todos se levantaram para aplaudir.
Diana havia colocado um vestido preto de mangas longas e decote quadrado
e com a saia que lhe caía solta dando graça e movimento ao caminhar.
Anthony usava um paletó cinza escuro e uma calça jeans com camisa preta.
Ela deu o braço a ele e foi até o canto do palco para esperar Elisa. A amiga
desceu a escada lateral e aproximou-se do casal.

- Diana, que bom que você realmente veio! – a morena abraçou-a


de maneira amigável.
- Eu disse que viria. – sorriu e soltou – Elisa, esse é o meu marido.
– apresentou-o.
- Anthony Walsh, muito prazer. – estendeu-lhe a mão.
- Elisa Bryant. – apertou-lhe a mão de maneira firme dando um
leve aceno com a cabeça – Muito prazer.
- Diana me disse que vocês são muito amigas. – ele comentou
passando um dos braços por sobre os ombros da esposa – Eu disse que ela
deveria convidá-la para jantar em nossa casa, mas Diana me disse que você
tem ficado um pouco enrolada com os ensaios e as apresentações da peça,
então poderíamos ir para um restaurante agora. – olhou para Diana – O que
você acha?
- Eu acho uma ótima ideia! – exclamou animada – Venha conosco,
Eli. Você deve estar morrendo de fome.
- Tem um restaurante italiano aqui perto e a comida é excelente. –
Anthony completou.
- Tudo bem, me dê quinze minutos para me ajeitar e já regresso.

Rapidamente Elisa sumiu nos bastidores e Anthony puxou a esposa


para mais perto e lhe deu um beijo calmo nos lábios. Demonstração de
carinho em público. Ficou junto dele abraçada aproveitando as leves carícias
que Anthony fazia em suas costas. Elisa se juntou a eles e ambos seguiram
até o restaurante. A morena os acompanhava em seu carro logo atrás e Diana
via a grande quantidade de neve que caía do lado de fora. Anthony deixou o
carro no estacionamento subterrâneo e em poucos minutos os três estavam
acomodados em uma mesa escolhendo o cardápio.
Ele escolheu o vinho e Diana pediu um penne à frutti di maré
sendo seguida por Elisa. Anthony preferiu um tagliarine à parisiense.
Quando o garçom se afastou logo após anotar os pedidos, Diana olhou para a
amiga, mas antes que pudesse dizer algo, Anthony tomou a frente.
- A peça foi ótima. – elogiou.
- Obrigada. – a morena agradeceu de maneira simpática.
- Diana me disse que comentou com você sobre as condições do
nosso casamento. – ele tocara direto no ponto e Diana suspeitou que todo
aquele interesse em ver Elisa era justamente para falar sobre aquilo.
- Ela me disse e eu acho que ela está triste. – disse com sinceridade.
Ambos conversavam como se Diana não estivesse presente.
- Triste? – ele levantou uma das sobrancelhas.
- Vocês poderiam parar de conversar como se eu não estivesse
aqui? – suspirou – Parece que vocês estão lidando com uma criança.
- Vamos esquecer o assunto. – Elisa disse e pegou sua taça de
vinho – A intenção era de que eu te conhecesse, Anthony. Afinal, você é
marido da minha amiga.
- Vamos mudar de assunto.

O jantar tomou outro rumo. Elisa contou sobre seu trabalho e as


peças que fazia e o clima pareceu menos pesado. Diana perguntou como
estavam as coisas e ela deu a notícia de que estava saindo com um rapaz que
era dentista. Falaram sobre o tempo, sobre viagens, sobre a estadia de Elisa
na Austrália e por sorte o jantar que parecia ser um desastre, ao final
terminou bem.

Quando chegaram em casa, Diana subiu logo para o quarto sendo


acompanhada por Anthony. Viera calado todo o caminho e ela preferiu não
dizer nada. Ele podia ser caloroso e fácil de lidar algumas vezes, mas
conseguia mudar de atitude e humor num passo de mágica e ela ainda não
havia aprendido a lidar com aquelas mudanças constantes.

- Sua amiga não gostou de mim. – ele dissera retirando o paletó.


- Ah, Anthony. Ela só não sabia como agir no começo, mas depois
tudo pareceu muito bem.
- Diana, eu sei que ela não me suporta por conta do contrato. –
insistiu.
- Esqueça isso. – aproximou-se dele – Vamos tomar um banho e
descansar. – alisou o braço dele – O que importa é que estamos lidando com
o contrato muito bem.
- Eu sei. – assentiu – Isso é o que interessa, apenas como eu e você
lidamos com ele.
Capítulo 18

O mês de janeiro passou rápido. Já estavam nos últimos dias do


mês, mas a neve continuava bastante intensa em Nova York. Diana e
Anthony viajaram alguns dias para a Itália onde ele novamente havia
assinado o contrato definitivo da compra dos vinhedos. Fora uma viagem
fascinante, diferente da viagem de lua de mel e melhor por conhecer mais o
seu marido. Agora, uma semana após a viagem, Diana estava de frente para o
espelho penteando os cabelos quando Anthony entrou no quarto. Ele havia
almoçado em casa e decidido ficar no escritório ali mesmo trabalhando. Há
dois dias ele não ia até lá, a neve estava muito intensa e várias tempestades
dificultavam a locomoção de várias pessoas. A cidade estava praticamente
parada.

- Pensei em fazermos algo. – ele disse abraçando-a por trás


passando as mãos sobre sua barriga.
- Anthony... – largou o pente – Eu acho que você já estava
planejando isso desde que acordara.
- Acho que está me conhecendo bem, Diana. – subiu uma das mãos
e colocou sobre seu seio envolvendo-o sobre o tecido da blusa de seda.
- Isso é o que um homem de negócios faz quando não vai à
empresa? – olhou-o nos olhos através do reflexo no espelho.
- Só quando a esposa dele o deixa excitado.

A mão que estava sobre o seio dela apertou-o devagar e Diana


gemeu. Anthony tinha carícias perfeitas e sabia onde tocá-la. Ele conhecia
bem o seu corpo e cada um de seus pontos fracos. Os mamilos já estavam
endurecidos e a leve carícia que ele fazia com o polegar sobre um deles a
provocava lentamente ainda por cima da blusa. Toda a magia do momento
terminou quando um som irrompeu aquele silêncio. O celular de Anthony
tocava de maneira insistente e ele bufou irritado. Levou uma das mãos até o
bolso e atendeu a chamada enquanto a outra descansava sobre o seio dela.

- Walsh. – atendeu daquela forma que Diana não conseguia deixar


de achar sexy.

Ele permaneceu ouvindo o que a pessoa do outro lado falava e


Diana sentiu que a mão dele apertou-lhe o seio, mas aquilo parecia um
movimento que Anthony não tinha nem mesmo noção de que fazia. Ele
encerrou o toque retirando a mão rapidamente e sua expressão relaxada
mudou para um misto de seriedade e irritação.

- Como assim a contabilidade não bate? As contas foram


verificadas quantas vezes? – ele começou a andar pelo quarto falando em um
tom mais alto – São vinte milhões de dólares! – explodiu – Não podem
desaparecer assim sem mais nem menos! – passou uma das mãos pelos
cabelos – Espere. Eu vou para a empresa agora. Ligue para Davies e diga que
o quero em meia hora no meio escritório. – desligou o celular e enfiou-o no
bolso.
- Anthony... – ela o chamou, mas não sabia o que dizer.
- Diana, fique em casa e não me espere porque não sei a que horas
volto. – aproximou-se dela e puxou-a rapidamente pela cintura lhe dando um
beijo colando apenas os lábios.

Anthony se vestiu apressado e saiu como foguete de dentro do


quarto e Diana ficou parada no mesmo lugar sem saber como reagir. O tempo
lá fora estava bem ruim e parecia que agora Anthony tinha algo bem sério
para resolver. Vinte milhões de dólares? Não entendia muito bem de
negócios, mas pelo visto as contas não pareciam dar o resultado esperado e
havia diferença de dinheiro. Nunca vira Anthony preocupado, na verdade ele
sempre fora muito frio e calculista, lidava muito bem com as emoções, mas
quando o assunto era a empresa, ele mudava sua atitude já que aquele era o
patrimônio de uma geração que estava em suas mãos. Começou a ficar
preocupada com ele, não só pela empresa, mas também pela tempestade de
neve que caía intensamente sobre a cidade.
Ele chegou logo após o jantar com uma expressão cansada. Não
parecia o mesmo Anthony cheio de vida e com os olhos brilhantes que vira
através do espelho pouco antes dele sair de casa. Sentindo-se exausto, ele
tirou o casaco e pendurou-o no canto do quarto, desabotoou a blusa e retirou-
a se jogando na poltrona de couro e fechando os olhos. Era tão difícil para ela
vê-lo daquele jeito, não sabia como lidar com um Anthony que parecia sem
forças. Aproximou-se devagar e parou ao seu lado, pousou a mão sobre seu
peito, mas ele não protestou, apenas continuou quieto na mesma posição.

- Anthony, me deixou preocupada o dia todo. – disse baixinho – O


que aconteceu?

Os olhos amendoados agora sem brilho a olharam fixamente e logo


após veio um grande suspiro. Anthony continuou sentado do mesmo jeito e a
única coisa que parecia ter vida naquele momento eram as batidas de seu
coração.

- Um rombo de exatos vinte milhões nos cofres da empresa. – ele


disse com a voz rouca num leve tom de cansaço.
- O quão grave isso é?
- No momento eu tenho vinte milhões de dólares a menos na minha
empresa e a pessoa que fez isso provavelmente se aproveitou da correria das
festas de fim de ano para aplicar o golpe.
- Você falou com a polícia?
- Sim. Dois agentes do FBI estavam até agora no meu escritório.
Conversaram com Davies, Andrea e Keller. Pediram a lista de todos os
funcionários da empresa e vão verificar um por um.
- Eu espero que descubram logo quem fez isso. – alisou o peitoral
dele novamente – Você terá algum problema com a empresa por conta do
dinheiro que foi roubado?
- Não. Na verdade esse dinheiro não gera um impacto significante
para mim, o que me irrita não é ter perdido vinte milhões de dólares, é saber
que existe alguém capaz de me roubar e eu não sei quem é! – fechou os olhos
para controlar a irritação.
- Anthony, eles vão descobrir quem é. Confie no FBI. – colocou
uma das mãos sobre o rosto dele – Você precisa jantar.
- Fizemos um pedido de comida chinesa no escritório. – segurou a
mão dela e se levantou – Eu só preciso de um banho e cama. Vou descansar
antes que minha cabeça exploda.

Podia notar o quanto ele estava cansado e ela apenas se calou


vendo o marido se afastar e entrar no banheiro. Era melhor não dizer nada,
apenas se deitou e resolveu dormir também.
A semana toda fora uma correria para Anthony. Diana estava em
casa quase todo o tempo, saiu apenas uma vez para fazer compras ao lado de
Rachel para lhe ajudar a encontrar um vestido para ir ao casamento de uma
amiga. Pegou uma gripe forte por conta do frio que assolara com a chegada
do inverno que chegara com força e passou boa parte dele na cama. O marido
estava estressado, voltara a ser o mesmo homem frio de quando o conhecera.
Quando estava começando a se sentir melhor ao lado dele, se sentir
confortável como sua esposa, Anthony era grosso e passava muito pouco
tempo dentro da mansão. Quando o fazia, estava sempre trancado no
escritório fazendo uma diversa quantidade de ligações. Ela conseguia
entender seu problema com o lado financeiro e o roubo na empresa, mas era
difícil vê-lo voltar a agir como o homem de negócios que conhecera.
Há dois dias, ela estava se sentindo indisposta, um pouco enjoada e
vomitara algumas vezes. Não contou nada a Anthony porque ele já estava
com muitas preocupações e não queria atormentá-lo com isso. Provavelmente
comera algo que não lhe fizera bem, lembrou-se que comeu filé de cordeiro e
talvez aquilo não lhe tivesse feito muito bem por ter lhe pesado no estômago.

Uma noite, quando estava no quarto, Anthony chegou em casa logo


após horas em seu escritório. Diana ainda se sentia indisposta e preferia ficar
em casa lendo alguns livros que a editora de Anthony havia acabado de
publicar. Ela havia acabado de sair do banho usando apenas seu robe de seda
cor de marfim e viu o marido retirando as luvas de couro puxando pelas
pontas dos dedos uma a uma.

- Que bom que está no quarto e de robe, facilita muita coisa. – ele
disse mantendo os olhos fixos nos dela.
- Como assim?
- Quero relaxar, Diana. – retirou uma das luvas e colocou-a sobre a
mesa – E você sabe o que estou querendo dizer.
- Anthony, eu não estou me sentindo bem. – disse em um tom de
voz um pouco fraco, na verdade tinha medo de que a qualquer momento seu
estômago embrulhasse – Eu não estou afim no momento.
- Será que preciso te lembrar de que você não tem querer, Diana? –
ele puxou com mais violência a outra luva e tacou-a sobre e mesa – Sua
função aqui é fazer o que eu quero.
- Anthony... – arregalou os olhos, porém não conseguira dizer mais
nada.

Ele a puxou para si e tomou-lhe os lábios com violência forçando-a


a beijá-lo. Pela primeira vez, não se sentia realmente disposta a transar com
ele, estava se sentindo mal e sexo era a última coisa que precisava. Anthony
não se importou mesmo com os gemidos de protesto dela. Ele era mais forte,
abriu o robe de seda e a deixou nua. Não se dera ao trabalho de tirar toda a
roupa, Diana se sentia como se estivesse sendo violentada por ele quando
sentiu o membro invadi-la. Soltou um gemido, mas não era de prazer, era
pela força com que ele se movia lhe provocando pontadas de dor.
Anthony não estava preocupado em lhe dar prazer, queria apenas se
satisfazer e conseguiu. Após chegar ao clímax, ele simplesmente levantara e
se trancara no banheiro. Diana fechou os olhos e chorou. Mesmo em sua lua
de mel, sem conhecê-lo praticamente, Anthony não fora tão frio e não fizera
nada contra sua vontade. Soubera seduzi-la, se deu ao trabalho de lhe dar
prazer, porém naquele momento ele só se preocupara consigo mesmo. Não
queria continuar chorando, não podia deixar que ele a visse daquela forma
quando saísse do banho. Passou a mão pelos olhos e secou-os. Cobriu-se e
tratou de dormir, não queria olhar para ele. Ainda sentia sua feminilidade
latejar por ter sofrido com as estocadas dele sem estar totalmente pronta para
recebê-lo.
Quando Anthony se deitou ao seu lado, ela estava virada para o
lado oposto e se recusava a se mexer ou esboçar qualquer reação para indicar
que ainda estava acordada. Precisava ficar sozinha consigo mesma, refletindo
sobre o que acontecera nos últimos dias. Durante a manhã, ao acordar,
agradeceu por ele já ter ido para a empresa. Sentou-se na cama e olhou em
volta, o mesmo quarto onde se sentiu sexualmente satisfeita diversas vezes,
no dia anterior havia sido o cenário de uma cena que gostaria de esquecer.
Anthony a forçara a algo que não queria e lhe dissera da maneira mais rude
possível que sua função era aceitar qualquer coisa que ele quisesse. As coisas
entre os dois estavam caminhando tão bem que ela chegava a esquecer de que
seu único motivo para estar ali era de que ele precisava de alguém para fazer
o que lhe fosse ordenado, mas a realidade a fez acordar naquela noite.
Capítulo 19

Dois dias após o incidente que Diana tentava a todo custo deixar
de lado, estava sentada no banco do carona ao lado de Anthony para irem a
um almoço na casa dos Walsh. Ele não falara nada sobre o que acontecera
naquela noite, era como se tivesse esquecido o que havia feito. Talvez fosse
algo normal para ele agir daquela forma, mas por mais que tivesse gostado da
maneira mais violenta com que transavam algumas vezes, forçá-la fora um
ato absurdo.
A mansão dos Walsh estava sempre alegre e Alexandra os recebia
sorrindo. Rachel estava com o pai jogando baralho na mesa do jardim
climatizado aproveitando o belo visual da piscina e do jardim com grama
molhada livre da neve que cessara dois dias antes.

- Anthony e Diana, que bom que chegaram! – Victor exclamou


assim que notou a chegada deles.
- Acho que papai está aproveitando a chegada de vocês para sair do
jogo e camuflar sua derrota. – Rachel se levantou, abraçou o irmão e deu um
beijo na bochecha da cunhada – Como estão?
- Muito bem. – Anthony respondeu e levou Diana pela mão até o
sofá de madeira com almofadas azuis.
- Eu vou checar se o almoço já está pronto. – Alexandra foi para a
cozinha.
- E o problema com a empresa, filho? – Victor perguntou se
acomodando no outro sofá.
- O FBI está investigando. Estou realmente irritado por ter sido
traído dessa forma e espero muito saber quem foi o autor do desvio de vinte
milhões de dólares.
- Pelo lado bom, não houve nenhum impacto significante com isso.
- Mas é questão de honra e ver o responsável atrás das grades.
- Você parece muito estressado, Tony. – Rachel disse enquanto
juntava as cartas do baralho.
- Estou, Rach. – ele concordou retribuindo o apelido carinhoso –
Acho que Diana aguentou muito essa semana ao meu lado. – colocou a mão
sobre o joelho da esposa – Fui uma péssima companhia.
- Ainda há tempo de se desculpar por isso. – Rachel sorriu e se
levantou – Vou ajudar mamãe.
- Eu acho melhor lavarmos as mãos enquanto isso, querida. –
Anthony se levantou estendendo a mão para Diana.

O cheiro da comida estava delicioso, Alexandra se empenhara em


montar um belo cardápio para a refeição bem de acordo com o clima de
inverno. O prato de entrada fora uma sopa de abóbora que Diana achou
deliciosa, mas o prato principal era vitela. Estranhou o fato de sempre ter
adorado a maciez da carne, mas vê-la ser posta à sua frente sobre um creme
de espinafre fez com que seu estômago embrulhasse. Respirou fundo, se
calou no meio da conversa e fechou os olhos. Anthony não notou a diferença,
continuou conversando com o pai, porém Diana sabia que não aguentaria por
muito tempo e precisou se levantar.

- Com licença, não estou me sentindo bem. – saiu apressada até o


banheiro ao final do corredor.
- Eu vou ver como ela está. – Anthony ameaçou se levantar, mas
foi interrompido pela mãe.
- Não, filho. Eu vou ver o que está acontecendo.

Alexandra entrou no banheiro quando Diana já estava lavando a


boca e o rosto. Diana notou que alguém havia se aproximado por conta dos
barulhos dos saltos contra o piso, então viu o reflexo da sogra pelo espelho e
olhou para trás. Sua expressão era cansada e visivelmente debilitada.

- O que houve, querida? – Alexandra perguntou preocupada.


- Senti enjoo, não consegui me controlar. – recostou-se na pia e
colocou a mão sobre a testa – Não consigo mais comer nada.
- Eu entendo. – Alexandra se aproximou dela e olho-a nos olhos –
Há quanto tempo está sentindo isso?
- Mais ou menos uma semana me sinto um pouco indisposta.
- Diana, eu acho que já sei por que está assim.
- O quê?
- Eu acho que você está grávida, querida! – exclamou sem esconder
a animação.
- O quê? – arregalou os olhos em desespero – Eu não posso! –
exclamou sem perceber seu desespero.
- Por que não pode? – foi quando Alexandra perguntou que ela se
deu conta de que havia falado uma bobagem.
- Bem... – hesitou tentando se explicar – Eu acho que não posso
estar grávida, estou tomando remédio regularmente.
- Diana, eu entendo que esteja um pouco em dúvida, mas algumas
alterações podem acontecer e os remédios não são cem por cento confiáveis.
– colocou a mão nos ombros dela – Sua menstruação está atrasada?
- Bem... – mordeu o lábio – Um pouco mais de uma semana.
- Então sugiro que faça o teste, querida. – apertou-lhe os ombros
para lhe passar confiança – Vamos ficar ansiosos pelo resultado.
- Tudo bem. – balançou a cabeça – Eu vou fazer.

As duas voltaram para a sala de jantar e todos as olharam com


curiosidade, Anthony se levantou rapidamente mostrando preocupação.
Diana ao olhá-lo sentiu um arrepio percorrer sua espinha já prevendo seu
futuro. Teria que deixá-lo. Estava se convencendo de que pudesse estar
realmente grávida e esperava a pior reação do marido.

- O que houve? – ele perguntou em um tom de voz preocupado –


Está tudo bem, querida?
- Sim. – balançou a cabeça – Só estou um pouco enjoada.
- Está doente? – olhou-a assustado.
- Não, filho. – Alexandra negou vendo que a nora ainda estava em
choque – Eu acho que o que Diana está sentindo não é por estar doente.
- Então por que ela está assim? – Anthony perguntou bastante
confuso.
- Filho, eu acho que sua esposa está grávida.

Victor soltou um som como um grito de comemoração, Rachel


arregalou os olhos e Anthony fez a pior coisa de todas: não esboçou nenhuma
reação. Ele estava imóvel, seu olhar parecia perdido e ele nem mesmo se
mexera. Victor ficou animado e Rachel após o susto sorriu parecendo
contente, ou tentando disfarçar que estava, já que ela sabia todas as condições
daquele casamento. Anthony piscou uma, duas vezes, antes de reagir e olhar
para a mãe.
- Tem certeza? – foi a única coisa que disse.
- Não ainda, Diana vai fazer o exame. Mas é muito provável que
sim. – a mãe respondeu.
- Certo. – passou o braço por sobre os ombros da esposa – Mãe, se
não se importa, eu gostaria de levar Diana para casa. Ela não está se sentindo
bem e acho que é melhor repousar.
- Vá, Anthony. – Victor o apoiou – É melhor mesmo que ela
descanse. Apenas nos deixe informados sobre o resultado o mais rápido
possível. Já consigo me imaginar vovô.
- E eu titia. – Rachel completou.
Capítulo 20

O casal fora para o carro e Diana esperou que ele dissesse algo,
porém Anthony se limitou a dirigir, então ela apenas se recostou no banco e
olhou para o lado de fora. A neve já não caía, mas o frio ainda era bastante
intenso naquela época. A se aproximava aos poucos, porém em Nova York o
frio persistia por um bom tempo. Se estivesse grávida, a primeira coisa que
teria que fazer seria deixar a mansão e voltar a morar com o pai. Estava
preparada para deixar Anthony? Era aterrorizante se dar conta de que queria
estar com ele, algo dentro dela apesar de sofrer com as constantes mudanças
de humor dele, gostaria de poder estar perto porque sabia o quanto conseguia
ser feliz quando ele a tratava bem. Estava ficando louca. Queria realmente
estar ao lado de um homem desse jeito?
Anthony estacionou o carro na garagem e saiu rapidamente,
batendo a porta com força exagerada e Diana ficou ainda mais receosa sobre
o que viria em seguida. Ele jamais queria se tornar pai naquelas condições. O
casamento era um contrato, tinha prazo de validade e filhos seriam um laço
eterno com ela que ele não pretendia ter. Diana suspirou ao imaginar que
estaria completamente perdida caso o exame desse positivo. Ambos entraram
no quarto e ela se virou para ele que ainda possuía a mesma expressão
indecifrável.

- Anthony, eu juro que estou tomando o remédio direitinho. – disse


tentando se explicar.
- Dispenso explicações, Diana. – ele estendeu a mão fazendo sinal
para que ela parasse – Vamos poupar esse tempo e resolver o que precisamos.
Amanhã quero que saia cedo e vá à uma clínica. Faça o exame e pegue logo o
resultado. Preciso ter certeza antes de tomar alguma atitude.
- Certo. – abaixou o olhar, não tinha mais nada a dizer.

Ela sabia que aquela atitude seria anular o contrato e deixá-la


novamente sem nada, inclusive sem a empresa do pai, que era o único que
restava de sua família, mesmo falida. Se estivesse grávida, teria um filho que
não poderia contar com a presença do pai e fora concebido de maneira
indesejada. Ela pensava em ser mãe, mas era triste saber que se estivesse
esperando um filho, este seria com um homem que não aceitaria muito bem a
paternidade e iria encarar a criança como fruto de um erro. Anthony saiu do
quarto e a deixara sozinha. Diana achou melhor tomar um banho e se deitar,
ainda estava um pouco enjoada e talvez cochilar a deixasse melhor.
Quando saiu do banho, Ruth bateu à porta segurando uma bandeja
com um chá que aliviava aquela sensação de mal estar e Diana tomou antes
de pegar no sono. Era melhor dormir do que pensar em seu futuro mais do
que incerto. Anthony passou o domingo fora de casa, após o almoço na casa
dos pais, ele havia saído e só voltou à noite próximo da hora de dormir. Ele
não falou com Diana e ela sabia que ele estava a ponto de explodir. Lembrou-
se da última vez em que tiveram relações sexuais e da dor que sentira nos
braços dele. Torcia para que aquilo nunca mais acontecesse, não poderia
suportar ser tratada daquela forma.

Na manhã de segunda-feira, a neve já havia derretido das ruas e


ficava muito mais fácil para os carros circularem. Diana foi dirigindo até uma
clínica bastante famosa torcendo para que o resultado saísse o mais rápido
possível. Tamborilava os dedos nervosa no volante e o tráfego intenso de
Nova York àquela hora prolongava ainda mais a sensação de ansiedade. A
clínica Central Lab ficava em uma área privilegiada de Manhattan e Diana
deixou seu Volvo XC60 da cor prateada estacionada no amplo
estacionamento. Anthony havia lhe dado aquele carro há pouco mais de um
mês dizendo que precisava de algo que estivesse mais de acordo com o estilo
de vida dos dois e um importado como aquele fazia toda a diferença. Era
bastante confortável e fácil de dirigir, havia gostado do modelo escolhido por
ele.
A calma da clínica contrastava com o desespero que havia dentro
de Diana. Segurava as alças da bolsa em uma das mãos e a apertava com
tanta força que as unhas marcaram a palma de sua mão. Foi até a recepção e
uma menina morena de cabelos curtos lhe atendeu.

- Pois não. – olhou-a com os grandes olhos esverdeados.


- Eu preciso fazer um exame de gravidez.
- Vou verificar no sistema algum médico disponível. – olhou o
computador e logo após alguns cliques voltou-se pra Diana – O doutor
Benson estará livre daqui a quinze minutos. Pode me dar seu nome, por
favor?
- Diana Victoria Walsh. – respondeu rapidamente.
- Ótimo, seu nome já foi para o sistema do computador do Dr.
Benson e logo ele irá chamá-la. Pode preencher mais alguns dados?
- Claro.

Esperou cerca de dez minutos após terminar de preencher a ficha,


mas para ela aquilo pareceu uma eternidade. Quando uma enfermeira a
chamou, respirou fundo antes de se levantar e dar um passo cada vez mais
próximo de descobrir a verdade. Automaticamente levou a mão ao ventre e
ficou imaginando o que aconteceria se ali estivesse sendo gerada uma nova
vida. A sala do consultório do Dr. Benson seguia a mesma linha do resto do
hospital. O piso branco colocado na diagonal, uma mesa de vidro com um
computador, porta lápis e alguns papéis empilhados. O bloco de receitas logo
à sua frente ao lado de uma caneta que parecia uma daquelas que se ganha em
datas comemorativas, dourada e com algo gravado que Diana não conseguia
identificar pela distância. O médico tinha cabelos levemente grisalhos, estava
sentado e vestia seu jaleco branco por cima da roupa da mesma cor. Usava
óculos de grau simples e tinha o nariz grande. Olhou-a com olhos azuis
intensos e sorriu de maneira simpática.

- Bom dia, Sra. Walsh. – cumprimentou-a.


- Bom dia, doutor.
- Pode se sentar. – disse indicando a cadeira à sua frente e esperou
que ela se acomodasse – Sua ficha me diz que quer fazer um exame de
sangue para identificar gravidez. – disse olhando para a tela do computador.
- Isso. – confirmou.
- Tem se sentido enjoada?
- Sim. – balançou a cabeça – Faz uma semana que me sinto enjoada
e um pouco indisposta.
- Certo. – disse olhando para ela – Está tomando algum tipo de
anticoncepcional?
- Estou, há uns dois meses mais ou menos.
- Regularmente?
- Sim. – confirmou – Há a possibilidade de eu estar grávida,
doutor?
- Apesar de ser difícil acontecer, há sim. – apoiou os braços sobre a
mesa – Certos tipos de medicamentos cortam o efeito da pílula, vômitos ou
diarreias também contribuem para que os hormônios não sejam absorvidos
pelo organismo. Ou a troca de anticoncepcional e o fato de se esquecer de
tomá-lo.
- Eu troquei de remédio um pouco depois de começar a tomar o
definitivo.
- Vamos fazer o teste, Sra. Walsh. – ele se levantou – Vamos até a
sala de exame, o resultado ficará pronto rapidamente.
- Está bem.

Diana o acompanhou até uma sala que ficava no final do corredor.


Lá uma enfermeira ajeitava todos os procedimentos para o exame. A sala
tinha paredes verdes bem claras e o Dr. Benson entregou a ficha dela para a
enfermeira. O exame demorou apenas alguns minutos e Diana sabia que
aquele era o último passo até descobrir se estava ou não grávida.

- Certo, Sra. Walsh... – disse o doutor – Em duas horas o seu


resultado ficará pronto.
- Então eu vou dar uma volta pela cidade e volto para buscá-lo.
Obrigada, doutor.

Quando saiu da clínica, seu sangue parecia correr mais rapidamente


pelas veias sentindo o corpo quente apesar do frio que ainda estava na cidade.
Sentou no carro e pegou seu celular, precisava ligar para Elisa, queria ouvir
algo da amiga, mesmo que não fosse muito animador já que a morena não
gostava muito de Anthony.

- Di, que saudades! – exclamou assim que atendeu ao telefone.


- Muitas, Elisa. – suspirou – Liguei porque preciso conversar, mas
tenho medo de te interromper.
- Não está me interrompendo, estou em casa dando uma olhada em
algumas propostas que recebi para algumas sessões de fotos. Por que não
vem aqui?
- Agora mesmo, em vinte minutos estou chegando.
- Eu espero você.

Cada minuto que passava aumentava sua ansiedade. Diana estava


dirigindo em direção ao apartamento da amiga e ao mesmo tempo em que
torcia para não estar grávida, sentia uma ponta de sentimento materno crescer
dentro dela ao se imaginar carregando uma vida dentro de si. Elisa a recebeu
sorrindo, mas era possível ver o brilho de preocupação em seus olhos
escuros. Diana se sentou na poltrona e colocou a bolsa de lado esperando até
que a amiga se sentasse.

- O que aconteceu, Diana? – perguntou curiosa – Anthony fez


alguma coisa?
- Bem, na verdade talvez ele faça. – mordeu os lábios – Acabei de
sair de uma clínica, fiz um exame de gravidez.
- Você o quê? – arregalou os olhos.
- Isso, Eli. – disse desanimada – É provável que eu esteja grávida.
Só vou saber o resultado daqui uma hora e meia.
- Oh, meu Deus! – colocou uma das mãos sobre o rosto.
- Se eu realmente estiver grávida, Anthony vai anular o casamento,
dar uma desculpa para todos sobre os motivos do nosso casamento ter
terminado e eu ficarei sem nada, inclusive sem a empresa do meu pai e com
um filho que talvez ele rejeite.
- Anthony realmente seria capaz de sujar o nome dele se separando
da esposa grávida?
- Provavelmente sim. Tenho certeza que ele vai ver isso como
culpa minha e vai querer me punir me deixando sem nada. – olhou para o
tapete – Ele não quer ter um filho de um casamento com prazo de validade e
nem eu queria me tornar mãe nessas condições. – olhou para a amiga – E se
eu tiver que criar esse filho sozinha? Anthony no máximo vai dar dinheiro
porque a lei o obriga, mas não vai haver carinho de pai e isso é o que mais me
preocupa.
- Diana... – Elisa disse em seu tom de voz preocupado – Você sabe
que estou aqui para ajudá-la quando precisar, mas sabemos que Anthony é
um homem difícil de lidar que só pensa em nos negócios. Eu sempre achei
loucura esse casamento, mas você acreditou que poderia suportar, só não
contava com a possibilidade de ficar grávida.
- Eu sei, Eli. É uma situação muito complicada. – olhou para baixo
novamente – Mas me senti forte o suficiente para encarar. – colocou a mão
sobre o ventre – Se eu estiver grávida, vou sair daquela mansão o mais rápido
possível. De preferência quando Anthony não estiver em casa.
- Por quê?
- Não quero vê-lo e não quero que me veja recolhendo as coisas
como alguém que está sendo escorraçada.
- Di... – meneou a cabeça – Eu posso entender o fato de você ter
mantido relações sexuais com o Anthony. Fisicamente ele é perfeito, um
homem que chama atenção. Mas eu acho que você não o vê apenas como um
homem bonito. – inclinou-se para frente – Está sentindo algo especial por
ele?
- O quê? – arregalou os olhos – Não, Eli. – negou com a cabeça –
Nosso casamento não envolve sentimentos.
- Eu sei. Ele não deveria envolver, mas pode ter acontecido. –
apoiou o cotovelo próximo ao joelho e apoiou o queixo na mão – Você me
parece que não quer deixar a mansão não só pela situação da sua família, mas
também porque não quer deixar Anthony.
- Não, não tem a ver com ele. Tem a ver com o fato de me sentir
perdida em meio a tudo isso. Tenho medo do que meu pai vai dizer se eu lhe
contar que estou grávida. – suspirou – Eu prefiro acreditar que não estou. Que
é só uma indisposição, mas que tudo ficará bem. Eu prometi ao meu pai que
saberia me virar sozinha e faria algo para ele, que seria recuperar a empresa.
Eu não posso deixar a única coisa que tínhamos para Anthony.
- Eu entendo. Quero que me ligue ou mande uma mensagem
avisando sobre o resultado. – levantou-se – Eu fiz uma torta de atum
deliciosa, acho que vai gostar. Aceita um pedaço? Vamos esquecer por um
momento toda essa situação. As coisas vão se resolver, Di.
- Assim espero. – respirou fundo e se levantou.

Logo que se passaram duas horas, Diana saiu do apartamento da


amiga e dirigiu novamente até a clínica. Agora a ansiedade aumentara tanto
que precisou respirar fundo sentindo o embrulho no estômago. Desceu do
carro e andou apressada até à entrada com a cabeça um pouco baixa por conta
da chuva fininha que começara a cair. Foi até a recepção e deu seu nome para
saber se o resultado já estava pronto. Minutos depois, estava de volta à sala
do Dr. Benson que segurava um envelope branco.

- Olá novamente, Sra. Walsh. – ele a cumprimentou tirando alguns


papéis do envelope.
- Olá, Dr. Benson. – sentou-se na cadeira.
- Diana Victoria Walsh... – ele disse enquanto seus olhos azuis
estavam fixos no papel do exame – Meus parabéns, a senhora está grávida! –
exclamou sorrindo levantando o olhar.
- Grávida?! – repetiu espantada.
- Sim. – afirmou com a cabeça – Cerca de sete semanas, ainda está
no começo. – pegou seu bloco de receitas – Vou indicá-la a um ginecologista
para que possa fazer o pré-natal e tirar todas as dúvidas.
Capítulo 21

Ela saiu da clínica totalmente desorientada, todas as esperanças


que ainda tinha desapareceram com a comprovação do resultado. A chuva
fina deixou algumas marcas de pingos no envelope branco, mas não se
importou. Sentou no banco do veículo e fechou os olhos sem ter ideia do que
ia fazer de agora em diante. Seu casamento havia acabado, não conseguira
recuperar a empresa e a perdera definitivamente para Anthony. Havia
deixado tudo pior. Como explicar ao seu pai o que havia acontecido? Sentia-
se derrotada. Olhou para baixo e colocou a mão sobre o ventre. Havia um
bebê crescendo ali, fruto da relação falsa que mantinha com Anthony, porém
verdadeira o suficiente para conceber uma criança.

- O que vou fazer agora? – alisou o ventre – Seremos apenas nós


dois?

Não queria pensar em nada agora, precisava apenas chegar em casa


para então refletir sobre o que acabara de acontecer. Dirigiu até a mansão que
não seria mais o seu lar e saiu apressada para o quarto. Assim que fechou a
porta, correu até a cama e deitou deixando as lágrimas a consumirem. Tudo
se tornou pior ao sentir o cheiro de Anthony impregnado nos lençóis de seda.
Era forte, masculino e delicioso, assim como ele. Não teria mais a cama para
dividirem, nem mesmo os diversos compromissos. Tudo havia acabado e ela
sabia que a culpa iria recair sobre si.
Colocou novamente a mão sobre o ventre e se encolheu sabendo
que havia engravidado de um homem que não a amava e não tinha a menor
intenção de ter um filho com ela. Havia perdido tudo, toda sua dignidade e o
único bem que ainda restava de sua família. Falhara em sua tentativa de dar
ao pai novamente a empresa que era sua vida. As lágrimas escorriam
molhando o lençol, foram longos minutos de choro e soluços sobre o colchão
que nunca mais voltaria a dormir. Demorara a se acostumar àquela vida,
aquele lugar, mas sentia que tudo isso já fazia parte de si e deixar tudo para
trás a machucava mais do que poderia imaginar. Quando se mudou torcia
para que tudo logo terminasse, mas agora que iria embora não se sentia feliz,
se sentia derrotada, deixava algo para trás que já se tornara parte de si. Era
difícil admitir, mas saberia como lidar em não ter mais Anthony ao seu lado,
mesmo com todos seus defeitos, ainda existia algo nele que precisava
descobrir. Algo que lhe dizia que Anthony não era aquele homem frio todo o
tempo. Pudera experimentar alguns lapsos de momento onde ele se tornara
alguém mais caloroso e até mesmo carinhoso. Sabia que aquele homem
guardava muitos segredos em sua maneira de ser.
Foram longos minutos, talvez cerca de uma hora ou mais que ficara
ali chorando e tentando se conformar com a realidade. Pensou no bebê, uma
vida que dependia dela para tudo e passou a deixar o sentimento maternal
tomar conta de si para tentar esquecer tudo que a atormentava. Dedicaria todo
seu amor aquele pequeno ser que fora concebido em condições bastante
confusas, mas que teria seu carinho e sua dedicação da melhor maneira
possível. Seria uma boa mãe, pois sabia a falta que lhe fizera uma.
Quando reuniu forças, levantou-se e enxugou as lágrimas que
haviam escorrido, foi até o banheiro e lavou rosto. Estava inchado e seus
olhos diminuíram de tamanho. Seu rosto estava pálido e a maquiagem um
pouco borrada, mas aquilo não importava. Precisava sair daquela mansão
antes que Anthony chegasse. Seria ainda mais difícil encará-lo naquela
situação, precisava de um tempo para organizar os pensamentos e falaria com
ele pelo telefone. Aquilo a fizera lembrar que precisava avisar à Elisa, então
mandou uma mensagem porque não tinha condições de conversar no
momento. Sua cabeça doía e precisava de um bom descanso. Por sorte não
precisou se desfazer de seu apartamento e Anthony mantivera tudo
organizado enquanto ela não estivesse lá, portanto poderia voltar para onde
morava antes de toda essa confusão acontecer.
Pegou uma mala, colocou-a sobre a cama, começou a colocar seus
itens pessoais e pegou algumas roupas no closet que lhe pertenciam antes de
ter ido morar com Anthony. Começou a dobrá-las evitando pensar no que
deixaria de ter depois que saísse daquela mansão. Era meio da tarde, então
tinha tempo suficiente para arrumar algumas coisas antes de sair e não
encontrar com Anthony, mas se espantou ao ouvir o barulho da maçaneta da
porta. Viu a figura alta aparecer logo que entrou no quarto e ela que estava
dobrando um vestido parou o que fazia e olhou para ele um pouco surpresa
por estar ali àquela hora já que ele costumava chegar no começo da noite. O
quarto parecia ainda menor diante da sua presença.
- O que está fazendo? Pra que essa mala? – perguntou olhando-a
fixamente – Pretende viajar e não fiquei sabendo?

Diana não respondeu, apenas foi até o criado-mudo e pegou o


envelope branco que mudara sua vida e se aproximou dele, tendo consciência
de que o cheiro da colônia masculina era capaz de fazê-la perder a razão por
um segundo. Anthony pareceu confuso, então abriu o envelope e olhou sem
entender os papéis que estavam ali dentro, apenas conseguiu identificar que
era de um laboratório e provavelmente o exame de sangue que Diana fora
fazer.

- O que é isso, Diana? – perguntou mostrando os papéis.


- Meu exame de gravidez. – olhou-o nos olhos – Estou grávida,
Anthony. Sete semanas. – apontou em direção à cama – Eu estou fazendo
minhas malas para me mudar da mansão, quebrei uma das cláusulas do
contrato. Sei que ele foi anulado.

Ela girou o corpo para voltar a arrumar as malas, mas sentiu os


dedos de Anthony se fechando em torno do seu braço. Era agora o momento
que mais temera, ele faria um escândalo sobre aquilo. Virou-se quando sentiu
que ele a girava contra si e olhou-o nos olhos. Estava aterrorizada.

- Você não vai a lugar nenhum, Diana. – dissera com a voz rouca e
autoritária.
- Anthony, eu estou grávida. – repetiu – Não deveria ter acontecido
e...
- Chega! – interrompeu-a – Já disse que você não vai sair daqui.

Ainda segurando o braço dela, ele enfiou a mão livre em um dos


bolsos e retirou o iPhone discando algum número e colocou o aparelho no
ouvido. Diana não sabia o que fazer, ele não a deixara sair e imaginou que
precisavam resolver algo para que o casamento fosse oficialmente anulado.
Não queria chorar, não naquele momento, não ali na frente dele, mas o nó em
sua garganta fazia com que sentisse dor.

- Taylor, preciso de você aqui em minha casa com urgência. – ele


disse olhando para um ponto fixo e sem soltar o braço dela – Meia hora está
ótimo, eu espero você. – desligou e voltou a guardar o celular.
- Anthony, por favor... – pediu, mas não sabia o que dizer.
- Taylor virá aqui e daremos um jeito de mudar o contrato.
- Mudar? – espantou-se – Mudar o quê?
- A cláusula sobre a gravidez. – soltou-lhe o braço – O casamento
não vai se desfazer por conta disso. Conversarei com Taylor e veremos se ele
pode fazer um novo contrato incluindo cláusulas sobre filhos.
- Você não está irritado? – perguntou ainda em choque,
completamente surpresa pela reação tão controlada. Esperava que ele fizesse
um escândalo por ter descumprido o contrato.
- Não, Diana. – enfiou a mão no bolso e tirou um maço de cigarros
– Desde ontem andei pensando na possibilidade de você estar grávida e há
uma grande vantagem nisso. – retirou um cigarro e colocou o maço de volta
no bolso – Será uma notícia excelente para a imprensa. – prendeu o cigarro
entre os lábios e acendeu a ponta com um isqueiro de ouro, um detalhe
completamente Anthony Walsh – Imagine que maravilhoso será quando
souberem que você está grávida. – sorriu segurando o cigarro entre os dedos
– Será a prova de que nossa família está completa e nosso casamento é um
perfeito mar de rosas. – colocou o cigarro na boca e soltou a fumaça em
seguida.
- Então você conseguiu ver a vantagem de uma gravidez não
planejada?
- Sim. – confirmou balançando a cabeça e olhando para fora – Uma
separação agora está fora de cogitação e começarmos uma família será a
imagem perfeita que quero passar. – olhou para ela – Faça todos os exames
necessários, quero que consulte os melhores médicos de Nova York e
descanse. – aproximou-se dela devagar e segurou-lhe o queixo – Ligarei para
minha mãe e darei a notícia, marcarei um jantar para sábado. Convide seu pai
e Elisa.

Ele lhe deu um leve selinho nos lábios e saiu do quarto ainda
sustentando o cigarro recém-aceso entre os dedos. Então aquela gravidez para
ele era apenas mais uma jogada para aumentar seus negócios? Um fio de
esperança brotou quando achou que a calma dele vinha de um surpreendente
sentimento paternal, mas na verdade aquele filho representava para ele algo
que lhe abria ainda mais portas para expandir seus negócios. Aquele era o
Anthony que conhecera, aquele era o homem que sempre seria. Precisava
aprender a encarar aquela nova etapa junto com seu filho sem esperar
demonstrações de afeto e amor paternal vindos de Anthony. Sempre soubera
que ele era um homem frio e ainda sim aceitara o casamento, tinha de lidar
com isso da melhor maneira possível.
Foi até a mala e começou a tirar o que guardara e voltou a por tudo
em seu lugar. Voltara a se sentir novamente uma estranha em uma casa que
não era sua. A sensação de sentir que realmente pertencia aquele lugar sumiu
junto com o bom humor e o lado afetuoso de Anthony. Após guardar a mala
vazia, ela se sentou na poltrona e automaticamente levou a mão ao ventre.
Ainda não caíra a ficha de que dentro de alguns meses estaria carregando um
bebê em seu colo, alguém que iria proteger e amar com todas as forças que
tinha. Ficou alisando a barriga devagar olhando para baixo e sorriu pela
primeira vez desde que começara o dia. Seria mãe e ela não conseguia
imaginar que o sentimento maternal pudesse ser tão grande ao se dar conta de
que apesar da situação em que se encontrava, aquele era o momento mais
feliz de sua vida.

- Meu bebê... – sussurrou acariciando sua barriga por cima da blusa


– Eu prometo que serei a melhor mãe do mundo.

Diana sempre soube o quão difícil fora crescer sem a mãe e agora
chegara seu momento de dar todo o amor que uma mãe poderia dar a um
filho. Queria fazer a diferença para ele, participar de tudo que envolvia seu
filho e educá-lo para que se tornasse uma pessoa digna. Não se questionava
se esperava um menino ou uma menina, não tinha preferência pelo sexo do
bebê, o amaria e dedicaria seu tempo a ser uma mãe responsável. Apesar de
nova, aquele era o momento de amadurecer ainda mais como mulher já que
teria um filho para criar. O sentimento maternal a acolhia e era a ele que se
agarrava deixando de lado os medos e as inseguranças em relação a Anthony.
Precisava manter-se focada em relação ao bebê e cuidar dos detalhes de sua
gestação. Pensou no pai e no que ele diria sobre sua gravidez, afinal,
Fernando sabia que o casamento da filha era fachada perante toda a sociedade
e que duraria tempo suficiente até Anthony conseguir tudo o que queria
tirando proveito daquela situação.
Capítulo 22

Alexandra Walsh ficou completamente animada com a notícia de


que seria avó. Quando Anthony telefonou, ela pediu para falar com Diana e
passou meia hora ao telefone falando sobre gravidez, sobre os planos para o
bebê e divagou sobre seu sonho realizado de se tornar avó. Rachel também
parecera bastante animada, nos breves minutos que falara com ela ao
telefone, com a novidade e era um pouco estranho já que ela sabia sobre o
contrato.
Naquela noite de sábado, a família Walsh já estava reunida sentada
nos sofás da sala de estar enquanto esperavam por Fernando e Elisa. Anthony
fizera questão de dar aquele jantar para comemorar a gravidez da esposa,
apenas para fazer média com os pais, já que todas as outras pessoas presentes
sabiam sobre a verdade daquele casamento. Diana se sentia mal por mentir
para os pais dele que eram pessoas tão maravilhosas. Realmente gostava de
Alexandra e Victor e sentia aquela pontinha de tristeza por enganá-los
daquela forma bancando a esposa apaixonada e feliz.

- Estou tão contente por finalmente me tornar vovó! – Alexandra


exclamou bastante animada.
- Foi uma grande surpresa para nós dois, mas sou um homem
totalmente realizado. – Anthony disse com o poder de tornar suas palavras
sinceras – Estou muito feliz por Diana ter me dado esse presente. – beijou o
pescoço da esposa.
- Ótimo jeito de começar o ano, Anthony. – Rachel disse e olhou
para a cunhada – Já estou curiosa para saber se é menino ou menina.
- Ainda falta um pouquinho. – Diana sorriu.
- Marcou a consulta? – Alexandra perguntou preocupada.
- Sim. – confirmou com a cabeça – Segunda vou a ginecologista e
logo começarei o pré-natal.
- Com licença, Sr. Walsh. – Ruth entrou na sala – O Sr. Stewart
chegou.
- Papai! – Diana exclamou assim que viu a figura do pai entrar na
sala de estar.
- Querida! – ele abriu os braços para acolher a filha que já se
aproximava para abraçá-lo.
- Que saudades! – disse abraçando o pai – Que bom que está aqui. –
soltou-o e segurou a mão do pai – Venha, estávamos todos conversando.
- Fernando... – Anthony se levantou e estendeu a mão para
cumprimentar o sogro – Aceita beber alguma coisa?
- Um copo de uísque está ótimo. – disse apertando a mão do genro
– Boa noite a todos. – olhou para o resto dos Walsh sentados no sofá.
- Boa noite, Fernando. – Victor cumprimentou-o sendo seguido
pela esposa e a filha.
- O jantar logo será servido. – Diana disse voltando a se sentar em
seu lugar – Elisa está demorando um pouco.
- Deve ser o tempo, está horroroso em alguns cantos da cidade. –
Fernando disse e agradeceu ao copo que Anthony lhe entregava.
- Podemos esperar, não há problema. – Victor disse se recostando.
- Pai, falávamos sobre o bebê.

Diana disse a ele se lembrando da conversa que tiveram pelo


telefone quando contou que estava grávida. Fernando reagiu muito melhor do
que esperava. No momento em que recebeu a notícia ficara um pouco
chocado porque sabia que aquilo não deveria ter acontecido por conta do
casamento forçado da filha e pelo prazo de validade do mesmo, mas ao
mesmo tempo se dava conta de que se sentira feliz por saber que seria avô.
Sua família se resumia à filha e agora teria um neto para complementar a
família Stewart.

- Animado com a notícia de ser vovô? – perguntou Victor.


- Bastante animado. – Fernando sorriu – Acho que essa é a melhor
parte da vida, mimar nossos netos.
- Ah, eu concordo! – exclamou Alexandra.
- Acho que terão que tomar cuidado com esses avós. – Rachel os
alertou sorrindo – Mamãe vai mimar demais essa criança.
- Essa é a graça de ser avó. – ela se defendeu.

Elisa chegara sendo anunciada por Ruth e Diana ficou feliz de ver a
amiga tão bem. Estava com um brilho diferente e conhecendo-a tão bem
como a conhecia, sabia que ela estava apaixonada. Seria maravilhoso se suas
suspeitas realmente se confirmassem, Elisa parecia radiante.

- Me desculpem o atraso. – ela disse educadamente e


cumprimentou a todos com um aceno de mão – A cidade está um caos.
- Estamos esperando o jantar ser servido. – Diana disse enquanto
via a amiga se acomodar.
- Aceita beber algo, Elisa? – Anthony ofereceu-a como bom
anfitrião.
- Não, obrigada. – agradeceu educadamente.

Ruth entrou na sala de estar anunciando que o jantar estava servido


e todos se reuniram em volta da mesa muito bem arrumada. Os pratos de
porcelana chamavam a atenção pela beleza e os talheres de prata brilhavam
lustrados de maneira perfeita. O jantar fora agradável e Diana agradeceu
mentalmente por não ter sentido enjoo. Todos saborearam um bolo de nozes
coberto com calda de chocolate que era a especialidade de Ruth. Os Walsh
foram embora logo após o jantar e Fernando logo em seguida já que todos
moraram mais distantes e o trânsito estava complicado por conta do tempo
chuvoso. Elisa havia dito que também ia para casa, mas Diana pediu que esta
ficasse porque queria conversar com a amiga.
Anthony pediu licença e se trancou em seu escritório, não somente
para resolver seus assuntos como para deixar a esposa livre para conversar
com a amiga. As duas foram até a sala de TV e se sentaram no amplo sofá
acolchoado, Diana ligou o enorme telão e deixou em algum filme, porém
deixou o áudio bem baixo. Elisa se acomodou e colocou uma das almofadas
pretas no colo.

- Eu passei o resto da semana desesperada para conversar direito


com você. – disse a morena – Fiquei surpresa quando me contou que
Anthony não ia anular o casamento.
- Eu também me surpreendi. Ele ligou para o advogado e pediu um
novo contrato. – colocou a mão no ventre – A cada dia que passo me esqueço
mais das condições do meu casamento e penso mais no meu filho.
- É o melhor, Di. – olhou-a preocupada – E como Anthony age em
relação a isso?
- Anthony não pode ser considerado o pai do ano, mas está fazendo
o que pode à sua maneira. – deu de ombros – Na verdade eu procuro não
pensar muito sobre como ele se sente entende? Decidi que preciso me
preocupar com o bebê e em como lidar com a separação. Ele vai crescer com
pais divorciados e eu espero muito que Anthony saiba lidar com isso. Eu não
quero que nosso filho pense que ele não o ama.
- Entendo. – concordou com a cabeça – É uma situação bastante
complicada, mas estarei aqui para o que precisar.
- Eu sei. – sorriu – Você é a melhor amiga do mundo. – apertou a
mão dela – Mas quero que me conte: você chegou aqui tão feliz, andou vendo
o passarinho verde?
- Mais ou menos. – riu – Estou namorando.
- Oh, que notícia incrível! – espantou-se, mas sorriu bastante feliz –
Quem é?
- Lembra que te contei do Ryan, quando jantamos logo após a
peça?
- Claro que sim! – exclamou sorrindo – Eu estou tão feliz por você.
- Obrigada. – afagou a mão da amiga entre as suas.
- Vamos marcar algo depois, quero conhecê-lo.
- Ele também quer conhecer você, falo muito sobre nossa amizade.
– acariciou a mão da amiga – Eu quero voltar a ver o brilho em seus olhos,
Di.
- Você verá, Eli.
- Às vezes tenho dúvidas de que você não seja apaixonada por
Anthony.
- Não sou. – balançou a cabeça, mas sabia que uma parte de seu
coração não se sentia muito segura com aquela resposta.
- Bom, tudo bem. Só espero ver a Diana radiante de sempre.
- Agora tenho alguém para me fazer feliz. – tocou o próprio ventre
– Não existe motivo maior do que esse.
- Não mesmo. Seu filho será muito abençoado, Di. Não se preocupe
com o resto.
- Eu sei. – balançou a cabeça.

No quarto, já deitada logo após a amiga ir embora, Diana se


recostou na cabeceira da cama e ficou folheando uma revista Vogue achando
lindos alguns modelos de vestidos. Anthony entrou no quarto e a olhou
brevemente antes de tirar a camisa e deixá-la sobre a poltrona de couro preta.
- O jantar me parece que correu bem. – ele disse enquanto abria o
botão da calça – Todos estão animados com a gravidez.
- Um bebê tem esse poder de trazer alegria. – respondeu sem tirar
os olhos da revista.
- Está irritada?
- Não. – respondeu sem desviar o olhar do que lia – Eu deveria?
- Não vejo motivos. – deu de ombro e juntou todas as roupas
ficando apenas de cueca – Amanhã iremos ao clube. Será a melhor maneira
de começar a espalhar a notícia de que você está grávida.
- O quê? – levantou o olhar dessa vez para mirá-lo.
- Amanhã no clube vamos contar a eles que você está grávida. –
repetiu – Logo estará nas colunas sociais. – sorriu de canto – O herdeiro da
Walsh Publishing House.
- Devo me preparar para as perguntas posteriores?
- Sem dúvida. – aproximou-se da cama e se sentou na beirada – É
mais um desafio, Diana. – colocou a mão em sua nuca e puxou-a
aproximando o rosto do seu – Se sairá muito bem.

Ele a beijou com intensidade e Diana largou a revista dando


passagem para a língua atrevida enquanto levava as mãos para os braços dele.
Sentiu os músculos bem definidos e deixou que ele lhe puxasse para seu colo,
sentando de frente e ficando sobre o membro ainda escondido pela cueca.
Podia senti-lo ganhando volume conforme ia roçando sua intimidade através
do tecido fino da calcinha e sentiu as mãos dele agarrarem suas coxas. Em
pouco tempo o beijo já era intenso e cheio de calor, queria e precisava senti-
lo dentro de si e com movimentos rápidos, Anthony retirou o membro da
cueca, puxou a calcinha dela de lado e penetrou-a com vontade.
Diana gemeu e se agarrou aos ombros dele, afundou seus lábios em
seu pescoço e começou a movimentar o quadril para cima e para baixo em
movimentos rápidos e ritmados. Ambos começaram a gemer, as respirações
ficaram descompassadas e a excitação aumentava cada vez mais. Anthony
agarrou sua cintura com firmeza e passou a encaixar tudo com força em seu
membro, ela gritou e puxou os cabelos dele quando atingiu o orgasmo e
Anthony se deixou liberar dentro dela sentindo o corpo estremecer. Após um
tempo calados naquela posição, se deitaram e logo adormeceram, sentindo o
corpo exausto.
Capítulo 23

A manhã do dia seguinte estava gloriosa. A neve cessara e apesar


do frio de janeiro, o sol aparecera dando mais beleza à paisagem. A mansão
de Anthony tinha uma vista maravilhosa e, por ficar localizada um pouco
mais no alto das outras residências, a varanda do quarto principal dava uma
visão ampla das árvores do bairro onde moravam. Aquele cheiro de mato
molhado era delicioso e reconfortante, Diana foi até a beirada da varanda e se
apoiou na grade se sentindo bem e agradecendo por não ainda não ter tido
nenhum dos seus enjoos matinais.

- Bom dia. – Anthony apareceu atrás dela já de banho tomado e


com os cabelos molhados, vestido com uma calça de linho creme e uma
camisa polo branca com uma jaqueta cor de chocolate por cima.
- Bom dia. – virou-se para olhá-lo – Acordou cedo.
- Eu sei. Não quis te acordar, ainda tínhamos algum tempo antes de
sair para o clube. – colocou as mãos nos ombros dela – Está frio aqui agora,
não é o momento ideal para ficar doente. Entre e tome um banho, eu vou
checar alguns e-mails antes de irmos.
- Falando nisso... – colocou a mão sobre o peitoral dele – E aquele
problema com o roubo na empresa?
- O FBI está cuidando do caso. Vamos achar o culpado. – estendeu
o braço indicando que dava passagem à ela – Agora vá, Diana.

Não debateu, apenas foi para o banheiro onde tomou um delicioso


banho quente. Pensou novamente no filho que esperava e sorriu ao lembrar
que no dia seguinte faria sua primeira consulta à ginecologista. Fora Anthony
quem lhe dera o número do telefone da médica e fora categórico ao dizer que
agradecia o fato de que o melhor ginecologista de Nova York fosse uma
mulher. A Dra. Perkins era bastante renomada e acompanhara a gravidez de
diversas atrizes de Hollywood e nomes da alta sociedade. Sua agenda de
pacientes era lotada, mas o sobrenome Walsh fazia toda a diferença para que
Diana tivesse alguns privilégios.
Dentro do carro, Anthony lhe dava instruções de como agir e o que
falar sobre a gravidez. Estavam a caminho do clube e Diana já se preparava
psicologicamente para encarar todas aquelas pessoas, principalmente, as duas
mulheres que engoliam seu marido com apenas com um olhar. Revirou os
olhos só de lembrar como sorriam e flertavam descaradamente com Anthony.
Ele lhe deu o braço assim que saíram do veículo e caminharam novamente
até o restaurante onde todos tomavam café da manhã. Diana conseguiu
identificar Lucia, Olivia e seus maridos, porém as outras pessoas não lhe
eram conhecidas.

- Bom dia. – Anthony cumprimentou a todos que sentados à grande


mesa de café da manhã e todos o olharam bastante surpresos.
- Bom dia. – cumprimentaram de volta dando sorrisos simpáticos,
ou talvez, falsos.
- Anthony, você tem nos abandonado aqui. – Olivia dissera já
colocando as garras de fora.
- Estive sem tempo. – passou o braço por sobre os ombros da
esposa – Diana e eu andamos ocupados com uma novidade.
- Eu adoro novidades. – Olivia apoiou o queixo sobre a mão
olhando-o de maneira curiosa.
- Então acho que vai adorar essa: Diana está grávida! – exclamou
com uma empolgação que Diana sabia que não existia.
- Uau, parabéns! – exclamou uma mulher loira que parecia ter cerca
de quarenta anos e tinha os cabelos lisos cortados na altura dos ombros.

Todos à mesa lhes parabenizaram e Diana pode sentir que Olivia


lhe dava um sorriso falso e ao mesmo tempo lhe fuzilava com o olhar. O que
aquela mulher esperava? Que Anthony se tornasse o pai dos filhos dela? Que
ele permanecesse solteiro para que ela colocasse as garras sobre ele? Por mais
que soubesse que era errado, Diana começou a apreciar o gosto da vitória
sobre Olivia. Estava se deleitando com o fato de ser esposa de Anthony e
estar esperando um filho dele enquanto a outra a invejava. Fora apresentada a
todos que ainda não conhecia sentados à mesa e logo todos os homens se
levantaram para jogar golfe enquanto as mulheres continuaram no
restaurante.

- Diana, estou tão feliz por você. – Lucia exclamou.


- Obrigada. – sorriu simpática para a única mulher com quem se
identificava naquela mesa.
- Quantos meses?
- Quase um mês e meio. – sorriu e levou a mão ao ventre – Estou
radiante. Anthony já tem mil planos.
- Eu imagino, eu fiquei assim quando engravidei também. – tomou
um gole do seu suco de laranja – Quando você começar a sentir o bebê
chutando, você vai enlouquecer.
- Mal posso esperar. – olhou para fora – O sol está lindo, eu
adoraria dar uma caminhada pelo clube. Ainda não tive muito tempo de
conhecer tudo por aqui.
- Se quiser posso te acompanhar. – Lucia se ofereceu.
- Eu adoraria ter companhia. – sorriu e levantou-se pegando sua
bolsa.

As duas saíram apressadas antes que mais alguma mulher quisesse


se oferecer para lhes acompanhar. Diana gostava de Lucia, parecia uma
mulher íntegra e previa que podiam se tornar grandes amigas. Ambas
caminharam pela margem do lado que ficava na lateral do restaurante e
seguia um longo caminho até os fundos do clube.

- Apesar de ainda está bem frio, o sol está muito gostoso. – Lucia
disse caminhando de braços cruzados.
- Tem razão. – concordou – Você costuma vir toda semana?
- Quase todo domingo e às vezes aos sábados também. No inverno
o clube fica um pouco mais vazio, mas quando chega a primavera e o verão,
isso aqui fica bem movimentado, principalmente por crianças.
- Eu posso imaginar. É um lugar muito bonito e me parece bem
seguro para se deixar os filhos brincando.
- A segurança aqui no clube é bem rígida. Eu conheço os donos,
eles são pessoas maravilhosas. Seu marido também os conhece.
- Anthony conhece tanta gente que acho que vou precisar de uns
três anos de casamento para poder conhecer todos também. – sorriu.
- Diana, longe de mim querer me meter em certas coisas, mas pude
perceber que Olivia não pareceu muito feliz com a novidade.
- Eu também percebi isso. Acho que tem a ver com Anthony.
- Sim. – sentou-se em um banco de madeira – Olivia nunca
escondeu de ninguém que se casou com Albert por interesse.
- Nossa! – arregalou os olhos – E ele sabe disso?
- Sabe, mas não se importa. – deu de ombros – Albert tem quase
cinquenta anos, Olivia tem vinte e seis. A diferença de idade é bem grande e
ele não é um cinquentão como o George Clooney.
- Nossa, que coisa mais estranha.
- Albert quer ter uma esposa bonita para exibir, apenas isso. Ele
tem o dinheiro, sabe que Olivia não vai deixá-lo porque é interesseira.
- Entendo.
- É por isso que ela dá em cima de Anthony sem se preocupar em
ser ou não casada. Olivia sempre teve o sonho de se envolver com seu marido
até que tivesse a certeza de que poderia trocar Albert por Anthony caso ele a
assumisse em um relacionamento sério. O tiro dela sempre saiu pela culatra
porque Anthony nunca lhe deu confiança e ele é esperto o bastante para saber
que Olivia tem interesse.
- Eu não suporto essa mulher.
- E tem motivos. – colocou a mão sobre a dela – Não se preocupe,
Diana. Por mais que ela continue investindo no seu marido, ele não vai
corresponder.
- Eu sei. – sorriu – Obrigada pela conversa, tem sido muito bom ter
alguém para dividir certas coisas.
- Pode contar comigo. Eu também não vou muito com a cara de
algumas mulheres daqui, mas ajo com educação por causa do meu marido.
- Eu vou ser sincera. Eu também só ajo com educação por causa do
Anthony.

Ficaram ali por mais alguns minutos conversando sobre outros


assuntos que envolviam moda, cabelos e eventos que iriam acontecer naquele
mês. Lucia era uma mulher inteligente e comentou que estava prestes a fazer
um curso de culinária, o que interessou bastante a Diana que fez mais
algumas perguntas sobre onde seria e quando iria começar. Cogitou a
possibilidade de se matricular e anotou em seu celular o nome da escola de
gastronomia.

- Querida, finalmente eu te achei.

Diana se distraiu da conversa assim que ouvir a voz do marido.


Anthony se aproximava pelo caminho beirando o lado por onde ela havia
passado minutos antes. Ele estava com os cabelos um pouco bagunçados por
conta do vento no campo de golfe, mas sua expressão parecia relaxada e ela
ficou feliz por vê-lo assim, afinal, Anthony passara os últimos dias estressado
por conta do roubo na empresa.

- Estava aqui conversando, achei que iria demorar mais no jogo. –


respondeu olhando para ele que continuava se aproximando.
- Me deixou preocupado, não sabia que você ia passear pelo clube.
– olhou para Lucia – Se importa que eu roube minha esposa um pouquinho
agora?
- Ah, claro que não, Anthony! – ela exclamou sorrindo – Eu vou
atrás do meu marido, também deve estar me procurando. – olhou para Diana
– Eu vou adorar ter você como companhia, Diana. Anthony sabe meu
número, qualquer coisa me ligue.
- Pode deixar. Obrigada, Lucia. – sorriu e a viu se afastar.
- Me parece que você fez uma nova amiga. – ele disse assim que
Lucia se afastou.
- Ela é uma ótima pessoa. A única que realmente me agradou. Não
é como a cara de pau da Olivia. – revirou os olhos – Eu não a suporto.
- Porque ela dá em cima de mim. – ele respondeu sorrindo de canto
e colocou as mãos sobre a cintura dela – Diana, Diana, está me saindo uma
perfeita esposa ciumenta. Não me lembro de isso estar no contrato. –
terminou sussurrando no ouvido dela e mordeu-lhe o lóbulo da orelha.
- Eu adicionei às minhas funções. – arrepiou-se.
- Entendi. – olhou-a – Agora que já demos nosso show de
demonstração de carinho, quer almoçar no restaurante do clube? Eles tem um
cordeiro aqui que é delicioso, tenho certeza que você vai adorar.
- Então eu aceito. Estou morrendo de fome.
- Sei que sim. – passou um dos braços por sobre os ombros dela.
- Agora como por dois, daqui a pouco ficarei gorda.
- Não vai ficar gorda, Diana.

Os dois caminharam juntos até o restaurante no segundo andar do


clube. Era espaçoso, mas não muito movimentado por conta do tempo ainda
frio que afastava muitos frequentadores que preferiam ficar em casa. As
paredes eram pintadas em um tom de mostarda, os pisos em triângulos
pequenos brancos e marrons e as mesas e cadeiras pretas feitas de madeira. O
lado direito do restaurante possuía uma grande parede de vidro com colunas
pretas bem finas dando uma bela visão do jardim e do lado do clube. Anthony
a levou até uma das mesas perto do vidro e Diana ficou contemplando a
paisagem enquanto ele fazia o pedido.

- Pedi o cordeiro com peto de hortelã, risoto de beterraba e


pupunha. – ele disse assim que o garçom se afastou – Pedi um vinho Château
Tour Du Roc Milon, é feito em sua grande maioria pelas uvas Cabernet
Sauvignon. – explicou – Tenho certeza que você vai gostar. Esse tipo de
vinho sempre me lembra você.
- E essas uvas são realmente gostosas? – sorriu de canto dando a
entender a ambiguidade de sua pergunta.
- Pode ter certeza que são. – respondeu olhando-a nos olhos
fixamente.

Ficaram em silêncio olhando um para o outro quando o garçom se


aproximou trazendo o vinho. Serviu a ambos e Diana olhou para Anthony
com os olhos arregalados percebendo que não podia tomar nenhum tipo de
bebida alcoólica.

- Anthony, eu não posso beber vinho. Estou grávida.


- É verdade. – ele disse um pouco desanimado – Você ia adorar
esse.
- Vou pedir um suco de uva.
- Tudo bem. Eu faço o pedido. – levantou o dedo novamente para
chamar o garçom e pediu o suco para ela.

Em alguns minutos ambos já estavam saboreando a deliciosa carne


de cordeiro e Diana apreciou a maciez enquanto bebia seu suco de uva já que
deveria cortar o álcool do seu cardápio durante toda a gravidez. Era
complicado se privar de algumas coisas com as quais estava acostumada,
principalmente depois que se casou com Anthony, que sempre tivera um dom
para escolher ótimos vinhos, porém sabia que iria deixar algumas coisas de
lado em nome da saúde do seu filho e isso era o mais importante. Enquanto
esperavam a torta holandesa para a sobremesa, Diana lembrou-se do curso de
culinária que pretendia fazer com Lucia e decidiu comentar com Anthony.
- Eu gostaria de te contar uma coisa. – disse chamando a atenção
dele que levava a taça de vinho à boca, mas parara no meio do movimento.
- O quê? – perguntou curioso deixando a taça sobre a mesa.
- Enquanto conversava com Lucia, ela me contou que iria fazer um
curso de culinária e eu me interessei. Como não sei cozinhar, acho que é uma
boa oportunidade não só para preencher meu tempo, mas para que eu possa
aprender.
- Tudo bem. – concordou voltando a pegar o seu vinho.
- Eu fiquei um pouco insegura de falar, não tinha me decidido se
queria ou não fazer porque não me sinto muito confortável gastando seu
dinheiro dessa forma se eu não sou sua esposa de fato. – explicou, mas sem
saber quais palavras usar.
- Diana, presta atenção em uma coisa. Você é minha esposa, não
interessam quais as condições. Se quer gastar dinheiro, vá lá e gaste. Faça
quantos cursos você quiser, compre o que gostar, não importa. Acabaram de
roubar vinte milhões da minha empresa, não estou preocupado se você gasta
mil dólares, dois mil ou dez. Tenho coisas muito maiores para me preocupar.
- Certo.

Aquele era o Anthony estressado que conhecera desde o primeiro


dia. Era incrível como ele conseguia mudar de humor em pouco tempo. Ela
estava adorando o jeito sorridente e safado com que falava alguns minutos
antes, mas aquele era um estilo ao qual não conseguia sustentar por muito
tempo. O Anthony frio e distante o homem que realmente existia dentro dele.
Era difícil se acostumar com isso quando provava um pouco da companhia
do outro Anthony.
Capítulo 24

Na segunda-feira, Diana foi até à sua primeira consulta com a


ginecologista. A Dra. Perkins era magra, baixa e usava óculos de grau de
armação roxa que combinavam perfeitamente com seus cabelos pretos que
ficavam presos em um coque muito bem feito. Ela conversou com Diana um
pouco sobre o que seria o pré-natal e marcou para que voltasse dois dias
depois para fazerem a ultrassonografia. Naquele primeiro momento apenas
mediu a pressão dela, fez algumas perguntas sobre hábitos alimentares e
indicara algumas comidas que ela deveria evitar e outras que poderia comer
com mais frequência. Diana gostou da doutora e saiu do consultório satisfeita
por finalmente saber que daqui a dois dias poderia ouvir o coração do seu
filho.
Voltou para casa mais empolgada e ansiosa para chegar quarta-feira
e finalmente poder ter uma prova mais concreta da existência do seu bebê.
Almoçou sozinha já que Anthony estava na empresa e depois decidiu pegar
seu laptop para verificar o site da escola de gastronomia que Lucia havia lhe
indicado. The Institute of Culinary Education ficava na 23rd Street em Nova
York e era bastante renomada, com aulas para capacitar profissionais e aulas
de recreação. Clicou na parte de aulas recreativas e leu um pouco sobre como
tudo funcionava. Quem sabe se conseguisse pegar o jeito na cozinha não
tentava um curso profissionalizante? Era deliciosa a sensação de poder se
tornar útil, algo que até então não havia pensado. Sempre vivera à custa do
pai e agora que estava lutando para recuperar a empresa dele, da forma que
conseguira, amadurecera e passou a ver a vida com outros olhos. Precisava
fazer algo, começar a produzir alguma coisa e sentir que fazia a diferença.
Anotou o endereço da escola e resolveu ir até lá naquele mesmo dia.
Guardou o laptop e tomou um banho. Agradecia por não sentir
enjoo durante a tarde, apenas quando acordava, o que facilitava muito para a
hora que tivesse que sair não passar mão enquanto estava na rua. Colocou
uma calça jeans justa ao corpo de lavagem escura, botas pretas e um suéter da
cor marfim com um casaco longo por cima da cor preta. Deixou os cabelos
soltos e fez uma maquiagem leve. Pegou sua bolsa e desceu as escadas
encontrando Ruth na sala de estar trocando as flores do vaso da mesa de
centro.

- Ruth, se o meu marido chegar antes de mim diga que não demoro.
Fui resolver algumas coisas.
- Claro, Sra. Walsh. – assentiu com a cabeça.

Entrou no Volvo e saiu dirigindo pelas ruas calmas da área


residencial de Manhattan, mas logo entrou no tráfego intenso das ruas
centrais. Sentia-se animada, ela estava adorando a ideia de aprender a
cozinhar já que não tinha nenhuma noção do que fazer. Apesar de morar
sozinha, sempre teve alguém para cozinhar ou ia a restaurantes, apenas fazia
alguns sanduíches para lanchar. Queria aprender a cozinhar coisas
sofisticadas e iria se empenhar para isso. Depois de cerca de vinte minutos,
conseguiu chegar ao Instituto de estacionou o carro em um estacionamento
próximo dali. Caminhou carregando sua bolsa agarrada ao corpo e fechando
o casaco para evitar o vento frio. Assim que passou pelas portas de vidro,
ajeitou os cabelos com as mãos e se aproximou da recepção onde uma
menina morena digitava algo no teclado bastante concentrada.

- Boa tarde. – cumprimentou-a fazendo com que os grandes olhos


verdes a mirassem com atenção.
- Boa tarde. – respondeu educada – Em que posso ajudá-la?
- Eu gostaria de algumas informações sobre o curso de culinária
recreativo.
- Claro. – assentiu com a cabeça e imediatamente buscando todas
as informações necessárias em seu computador – Nome, por favor?
- Diana Victoria Walsh.
- Bem, Sra. Walsh, nós temos uma grande quantidade de aulas das
quais a senhora escolhe quais quer participar. Cada aula pode ser vendida
como um pacote se a categoria oferece mais de uma aula. Temos aqui um
guia com todas as aulas recreativas explicando o que é aprendido em cada
uma delas, os dias, horários e os preços. A senhora escolhe quais quer fazer e
paga o valor por cada pacote escolhido.
- Entendi.
- Vou pegar o guia. – levantou-se e foi até um armário logo atrás de
seu balcão e pegou um catálogo dentro de uma gaveta entregando-a em
seguida.
- Obrigada. – agradeceu – Amanhã mesmo volto para me
matricular.
- Claro, estarei esperando a senhora.

Durante o caminho de volta para casa, se sentia muito mais


motivada para começar o curso e resolveu parar em uma livraria para
comprar alguns livros de culinária. Não queria esperar para pegá-los na
editora de Anthony, resolveu que precisava com urgência ler algo sobre o
assunto e comprou dois. Quando chegou à mansão, largou as chaves do carro
no aparador e subiu as escadas carregando sua bolsa e sua sacola. Assim que
entrou, viu o marido parado próximo à porta da varanda, olhando para o lado
de fora enquanto fumava seu cigarro distraído, mas virou assim que ouviu o
barulho da porta.

- Onde estava? – perguntou sem nem cumprimentá-la.


- Fui ao Instituto de Culinária. – respondeu – Amanhã pretendo
fazer minha matrícula. – colocou os livros sobre a poltrona, retirou a bolsa do
ombro e pegou o guia de informações dentro da mesma – Quer dar uma
olhada?
- Quero. – estendeu a mão para que ela lhe desse o catálogo e Diana
se aproximou dele lhe entregando.

Anthony ficou quieto enquanto passava o olhar naquele guia


repleto de aulas e valores e em seguida devolveu-lhe enquanto a outra mão
levava o cigarro até a boca. Diana o olhou com expectativa e esperou até que
ele se manifestasse.

- Me parece interessante. Como funciona? – perguntou olhando


para ela.
- Eu escolho quais dessas aulas quero fazer, cada uma ensina uma
coisa diferente e aí eu escolho as que me interessam e pago o valor do pacote
de todas as aulas escolhidas.
- Entendi.
- Eu não sei quais escolher. – se sentou na cama e olhou fixamente
o catálogo de aulas por um tempo – Todas me parecem tão interessantes, mas
o valor é absurdo.
- Faça quantas quiser, Diana. – apagou o cigarro no cinzeiro.
- Tem certeza? – olhou-o insegura.
- Tenho. – abriu os botões da camisa social – Pague as aulas no
cartão de débito que lhe dei. Vou tomar um banho, precisamos conversar
depois.

Diana ficou em alerta na mesma hora com o que acabara de ouvir.


Anthony queria conversar? Sobre o quê? Ficou tensa perguntando
mentalmente se ele poderia ter se arrependido de alguma forma em relação ao
contrato ou se tinha novidades em relação a ele. Taylor estava tomando conta
desses detalhes e de repente já tivesse uma resposta concreta do que fora
decidido e que precisava ser assinado. A ansiedade a consumia e olhou com
expectativa quando viu Anthony sair do banheiro com a toalha amarrada em
volta da cintura.

- O que quer conversar comigo? – perguntou tensa.


- Vou precisar viajar, Diana. Irei a algumas cidades onde há filiais
da editora para verificar pessoalmente as contas da empresa. Depois do que
aconteceu aqui, quero fazer uma verificação completa.
- Eu entendo. – ficou aliviada por não ser nada em relação ao
contrato – Você vai demorar muito?
- Talvez eu fique fora por três semanas. Um pouco mais, um pouco
menos, depende de como vão caminhar as coisas.
- Anthony... – chamou-o precisando perguntar sobre o novo
contrato, aquela dúvida a estava incomodando – E o contrato? Como ficaram
as coisas em relação a ele?
- Taylor já terminou de redigir, eu assinei hoje lá na empresa, mas
eu preferi não incomodá-la com isso agora, portanto durante essa semana ele
virá aqui para que você assine. – pegou uma cueca na gaveta e voltou para o
banheiro para pendurar a toalha e vestir a peça íntima.

Continuou sentada enquanto esperava ele retornar. Anthony voltou


para o quarto vestido com uma cueca boxer preta e passando os dedos entre
os cabelos molhados. Diana ficou admirando o peitoral forte e os pelos que
tanto gostava de sentir nas palmas das mãos. Ele pareceu notar que estava
sendo observado daquela forma que desviou o olhar do chão para ela e
levantou uma das sobrancelhas.

- O que foi, Diana?


- Nada. – negou com a cabeça – Só estava te observando.
- Vem cá... – tirou as mãos dos cabelos e estendeu uma para ela.

Diana não disse nada, apenas se levantou e deu a mão a ele, mas
assim que sentiu segurá-la, foi puxada de encontro ao seu corpo e deu um
gritinho assustada com o movimento tão repentino.

- Anthony! – colocou as mãos sobre o peitoral dele sentindo os


pelos que anteriormente apenas observava.
- Ficarei três semanas fora, Diana. – ele disse olhando-a fixamente
com os profundos olhos castanhos enquanto uma de suas mãos estava em sua
lombar – Preciso aproveitar enquanto estou aqui.

Beijou-a com vontade e ela cedeu abrindo os lábios e deixando a


língua possessiva invadir sua boca e explorá-la. O beijo dele era delicioso e
as mãos exploravam a lateral do seu corpo apertando-a e fazendo com que
ficasse próxima a ele com os seios espremidos contra seu peitoral. O calor
começava a tomar conta de seu corpo e Anthony com as mãos ágeis foi
livrando-a do casaco e da blusa, deixando-a com o sutiã de renda à mostra. A
forma com que as mãos dele se encaixavam em seus seios era perfeita,
pareciam terem sido feitos sob medida para ele. Em poucos segundos, o sutiã
já estava jogado ao chão e Anthony a pegou no colo rapidamente deitando-a
sobre a cama.
Diana sentiu o corpo dele sobre o seu e os lábios beijando seu
pescoço devagar, mordiscando e a língua deixando-a arrepiada traçando um
caminho lento até o lóbulo da orelha. Agarrou os cabelos dele com uma das
mãos e puxou-os quando sentiu os lábios descerem até o vale dos seios.
Gemeu quando a língua dele passou em volta do seu mamilo e arqueou as
costas com a leve mordida. Anthony tinha um jeito único de estimulá-la e os
seios passaram a se tornar um atrativo especial para toda a sedução que ele
poderia oferecer. Diana gemia e se contorcia sentindo a boca e a língua
habilidosa em seus mamilos. Fora uma sensação e um prazer únicos que
sentia refletidos em sua intimidade.
Com uma calma que a torturava, ele desceu os lábios até sua calça
e abriu-a, retirou-lhe as botas primeiro e puxou a calça jeans até que seu
corpo estivesse coberto apenas pela pequena calcinha de renda. O sorriso
malicioso dele fazia com que se sentisse poderosa e desejada, o volume
impressionantemente evidente em sua cueca demonstrava o quanto a desejava
e Diana se sentia ainda mais sexy. Anthony era um homem delicioso e
poderosamente viril, chamava a atenção de quase todas as mulheres que o
olhavam e naquele momento era todo seu.
Ela gritou quando sentiu puxar sua calcinha até que esta
arrebentasse e jogou do outro lado do quarto. Diana gostava daquele jeito
agressivo, excitava-a em um nível incrível e se arqueou quando a língua
atrevida passeou sobre sua intimidade. Anthony tinha tanta experiência no
que fazia que era capaz de levá-la ao orgasmo daquela forma. Agarrou-se ao
lençol de seda e começou a gemer descontrolada enquanto sentia a língua
dele invadindo-a sem reservas. O suor já brotava do seu corpo, sentia o corpo
úmido e o calor a consumindo ainda mais até sentir explodir com o orgasmo.
Diana se contorceu na cama estremecendo enquanto seu corpo
desfalecia sob o efeito do clímax do momento. Anthony se livrou da cueca e
sem aguentar mais a vontade que sentia de possuí-la, invadiu sem aviso
fazendo com que ela se agarrasse às suas costas cravando as unhas. Os
movimentos foram intensos e ritmados, ela gemia sabendo que poderia ser
ouvida por algum funcionário que por acaso passasse pelo corredor, mas não
se importava com aquilo, precisava externar de alguma forma o prazer que
sentia. Sentia o corpo dele suado sobre o seu, o peitoral roçando em seus
seios e os corpos deslizando um no outro. Ela estava prestes a atingir
novamente o orgasmo, mas Anthony parecia querer prolongar a sensação,
diminuindo o ritmo algumas vezes em uma deliciosa tortura sexual.
Finalmente os dois chegaram ao clímax logo após uma estocada forte e Diana
gritou o nome dele desfalecendo e mergulhando em um mundo onde só havia
os dois.
Ficaram em silêncio apenas ouvindo a respiração um do outro, o
peso do corpo dele não a incomodava, mas Anthony saiu de cima dela
deitando ao seu lado. Nenhum dos dois disse nada, mas o silêncio
demonstrava o que sentiam. Ambos sabiam que por mais que tivessem
diferenças e que sua relação fosse atípica, sexualmente pareciam ter nascido
um para o outro.

- Anthony... – ela chamou-o baixo quebrando o silêncio.


- Diga. – ele respondeu olhando para o teto.
- Estou com fome. – riu.
- Ah, eu achei que você fosse falar que sentiria minha falta nessas
três semanas depois do que aconteceu agora. – apoiou o cotovelo no colchão
e olhou-a.
- Talvez eu sinta. – sentou-se na cama – Mas é sério, estou com
fome. A gravidez está me deixando faminta.
- Veremos se Ruth pode lhe preparar um sanduíche, ainda está um
pouco cedo para o jantar. – levantou-se – Acho que preciso de um banho
novamente e você vai comigo.
- Eu preciso muito de um banho. Meu marido me fez suar. –
levantou-se e foi caminhando direto para o banheiro.
- Esse é um dos meus principais objetivos. – caminhou logo atrás.

Quando ambos terminaram o banho, Diana vestiu uma calça de


pano colada ao corpo da cor verde escura e uma blusa simples da cor creme
com mangas curtas. Anthony colocou uma calça de abrigo cinza e uma
camisa branca. Ambos saíram do quarto e encontraram Ruth no corredor.

- Olá Senhor e Senhora Walsh. – cumprimentou-os sempre com sua


indiscutível polidez – Eu estava limpando o quarto de hóspedes, querem
alguma coisa?
- Poderia fazer um sanduíche de atum para minha esposa? –
Anthony perguntou passando o braço por trás de Diana e pousando a mão em
sua cintura.
- Claro que sim. – confirmou imediatamente – Fiz um suco de
laranja, aceitaria Sra. Walsh?
- Por favor, Ruth. – acenou com a cabeça.
- Com licença.

A governanta saiu apressada descendo as escadarias de mármore


enquanto Diana sentia o rosto quente provavelmente bastante corado àquela
altura. Se Ruth estava limpando o quarto de hóspedes, provavelmente passara
pelo corredor enquanto ela gemia descontrolada e gritava o nome do marido.
Era tão constrangedor olhar para ela depois do que acabara de fazer com
Anthony.

- O que houve, Diana? – ele notou que ela estava corada e calada,
com o humor totalmente diferente do que estava antes de sair do quarto.
- Ruth estava limpando o quarto de hóspedes. Deve ter me ouvido
gemer.
- E qual o problema? – apertou-a contra si – Você é minha esposa,
fazermos sexo é a coisa mais normal do mundo. Pare de ficar se preocupando
se fomos ou não ouvidos pelos empregados. – puxou-a para caminhar junto
com ele – Vamos, você precisa comer algo.

Foi inevitável não ficar um pouco constrangida por causa de Ruth,


mas Anthony tentou distraí-la contando um pouco sobre os motivos da
viagem e o que precisaria fazer.
Capítulo 25

Anthony viajou logo no dia seguinte e Diana começou a se sentir


muito deslocada novamente naquela mansão. Tinha tempo de sobra e não
tinha a companhia dele para conversar um pouco. Tratou de ler um pouco e
logo após o almoço fora à escola de culinária. Fez sua matrícula e ficou mais
animada, esquecendo um pouco as três semanas que viriam pela frente. No
dia seguinte pela primeira vez iria escutar o coração do seu bebê e ficou ainda
mais empolgada. Chegou em casa contente, leu e releu o contrato de
matrícula e ficou se perguntando se seria capaz de aprender a cozinhar. Teria
o talento necessário? Mordeu o lábio inferior e colocou na cabeça que faria
de tudo para aprender e se esforçaria ao máximo. Precisava descobrir algum
talento dentro de si.
Diana acordou cedo, empolgada com a consulta que teria naquela
manhã. Sentiu-se um pouco enjoada no começo, mas após mais alguns
minutos deitada, ela se levantou devagar e tomou um banho. Não conseguiria
comer, o enjoo matinal a deixara um pouco sensível e preferiu não arriscar.
Ruth insistira para que ela tomasse pelo menos um suco alegando que
Anthony não ficaria satisfeito se soubesse que não estava se alimentando bem
e acabou cedendo tomando um copo do suco de laranja que lhe fora
oferecido.

O consultório da ginecologista era calmo e havia uma secretária na


recepção atrás de uma mesa branca. Diana se aproximou e logo a moça
olhou-a com atenção.

- Bom dia. – ela cumprimentou-a.


- Bom dia, sou Diana Victoria Walsh. Eu marquei uma consulta
para as dez horas.
- Vou confirmar. – mexeu no computador com dedos habilidosos –
Está aqui, Sra. Walsh. – olhou-a – Pode se sentar que logo será chamada.

Diana foi até o sofá verde de couro e se sentou. Havia uma mesinha
de centro com uma diversidade de revistas e um vaso de rosas amarelas muito
bem cuidadas, provavelmente foram colocadas ali naquela manhã. Resolveu
se distrair com uma revista, mas não conseguia se focar em nada do que lia,
ficava pensando em Anthony e no quanto gostaria que ele estivesse ali em
sua primeira consulta, mas seu marido era ocupado demais e dono de uma
empresa milionária com diversas responsabilidades. Tocou o ventre e ficou se
perguntando se Anthony iria se apegar ao bebê como um verdadeiro pai. O
pensamento fora cortado quando ouviu a voz da secretária lhe chamar.

- Sra. Walsh, a Dra. Perkins está pronta para lhe atender. Pode
entrar.

A sala da ginecologista seguia a mesma decoração da sala de


espera. A Dra. Perkins estava sentada atrás da mesa branca, com os cabelos
loiros presos em um coque e os óculos de grau de armação vermelha
combinavam bem com seu rosto realçando os olhos azuis. Ela devia ter pouco
mais de trinta anos e parecia muito distinta. Diana se aproximou e ela sorriu
para recebê-la.

- Bom dia, Sra. Walsh. Como está?


- Um pouco nervosa. – sorriu um pouco para tentar relaxar – Pode
me chamar de Diana.
- Então Diana... – olhou para tela do computador para chegar
algumas informações – Essa é sua primeira consulta, certo?
- Sim. – confirmou.
- De acordo com o exame que você fez, está com cerca de oito
semanas. – olhou-a novamente – Faremos nossa primeira ultrassonografia
para saber se está tudo bem como o bebê.
- Estou ansiosa. – sorriu demonstrando seu nervosismo.
- Eu posso imaginar. Eu vou pedir para que você abra o botão da
calça e se deite na maca, vou preparar o aparelho e logo veremos o bebê e
ouviremos o coraçãozinho bater.
- Eu estou louca por isso.

Diana se levantou e abriu o botão da calça, deitou-se na maca e


ficou esperando que a Dra. Kelly Perkins preparasse todo o equipamento.
Sentiu a médica passando em seu ventre um gel um pouco gelado e ficou
ainda mais nervosa. A ginecologista pegou o aparelho e colocou na barriga
dela e as imagens borradas começaram a aparecer na tela. Diana ficou tensa,
não podia entender nada do que estava na tela do aparelho, mas sabia que ali
estava a primeira imagem do seu filho. A Dra. Perkins não dizia nada, apenas
movia de um lado para o outro o aparelho mudando um pouco o ângulo da
imagem e aquele silencia fazia com que Diana ficasse ainda mais nervosa.

- Vou ligar o áudio para ouvirmos o coração. – a ginecologista


apertou um botão e um som se fez ouvir.

Era o barulho de batidas de coração, o coração do seu filho. Diana


sentiu uma lágrima escorrer ao ouvir aquele som tão maravilhoso provando
que ali dentro dela crescia uma vida. Era o som mais bonito que ouvira em
toda sua vida e fora impossível segurar as lágrimas. Seu filho crescia dentro
de si, queria tanto que Anthony estivesse ali para ouvir esse mesmo som
mágico. Após se recuperar daquele primeiro momento, notou que o coração
batia em um ritmo um pouco descompassado e se preocupou. Havia batidas
demais, muito rápidas e a emoção deixou espaço para a preocupação e o
nervosismo. A Dra. Perkins estava quieta todo esse tempo por que notara
algo errado?

- O que houve, doutora? – perguntou preocupada – Algo errado?


- Não, Diana. Não há nada errado. Sua gravidez caminha bem, não
se preocupe. – olhou-a – Mas eu preciso lhe dizer algo.
- Diga, por favor.
- Não há um bebê aqui dentro. Você está esperando gêmeos.
- O quê?

A surpresa da notícia fora tão grande que ela se sentou na maca.


Como assim gêmeos? Dois bebês crescendo ali dentro? Céus, Anthony teria
um colapso! Ele nem mesmo esperava se tornar pai de um, agora havia dois
bebês a caminho e ela sem nenhuma experiência com maternidade. Ficou em
choque, precisou da ajuda da ginecologista para voltar a se deitar na maca.

- Eu entendo que seja uma surpresa, Diana. – disse a Dra. Perkins


olhando-a com atenção – Uma mulher quando está grávida costuma ter em
mente que virá apenas um bebê, descobrir que são dois é um grande choque.
- Sim, eu estou totalmente chocada. – respondeu já deitada na maca
de olhos fechados – Foi por isso que ouvi uma batida de coração fora do
ritmo.
- Nem sempre os corações dos gêmeos batem juntos. – voltou a
colocar o aparelho do ultrassom no ventre de Diana e começou a deslizar –
Vou lhe mostrar os detalhes da sua gestação. – apontou para a tela – Temos
aqui o seu útero e aqui os embriões. É muito importante ressaltar que se trata
de uma gestação de gêmeos univitelinos, o que significa que são idênticos.
Eu vou entrar em mais detalhes com você logo após o ultrassom.

Diana ficou ouvindo tudo em completo silêncio, mas sua mente


dava voltas e passava por lugares que incluíam Anthony, os membros da
família Walsh, seu pai e seu futuro como esposa com prazo de validade.
Olhou para a tela com atenção, mas não via nada, apenas alguns borrões que
somente a Dra. Perkins entendia, mas o sentimento poderoso que sentiu
vendo a primeira imagem dos seus filhos fez com que sentisse as lágrimas
brotarem em seus olhos. A sua felicidade dobrara de tamanho, fora
presenteada em dobro com a dádiva de ser mãe e por mais que não estivesse
preparada o suficiente, sabia que Deus escolhera aquele momento por algum
motivo e ela aprendera a abraçar o momento de coração.

- Diana, eu preciso desligar o ultrassom porque tenho coisas muito


importantes para conversar com a senhora.
- Claro, eu estou bastante curiosa sobre isso. – respondeu e viu a
ginecologista desligar o aparelho.

Kelly limpou o gel da barriga dela e as duas se acomodaram em


suas respectivas cadeiras para falar sobre aquela nova condição da gravidez.
Diana sabia que gêmeos precisariam de muito mais cuidado, mas precisava
saber de tudo nos mínimos detalhes.

- Eu vou falar primeiro sobre a situação em relação aos gêmeos.


Como eu já disse, você está esperando gêmeos univitelinos, o que significa
que eles serão fisicamente idênticos, sendo assim terão o mesmo sexo. – a
Dra. Perkins explicava de maneira calma e Diana ouvia com atenção cada
uma das palavras – Eles são univitelinos porque estão crescendo na mesma
placenta e são idênticos porque eles são gerados a partir do mesmo óvulo e
do mesmo espermatozoide, mas esse embrião acabou se dividindo em dois. É
preciso muito cuidado para que não haja nenhuma complicação. Eu vou
aumentar o número de consultas para acompanhar muito bem sua gravidez.
Precisa de repouso, muita calma e se alimentar de maneira saudável. Vou lhe
receitar vitaminas também.
- Pode deixar, doutora. Eu vou cuidar dos meus bebês. – colocou a
mão sobre o ventre – Eles são tudo para mim.
- Há outra coisa que quero conversar com você. – ajeitou os óculos
na face – Eu vi na sua ficha que é casada, gostaria de falar com seu marido.
- Claro, eu entendo. – afirmou com a cabeça – Anthony não pode
vir porque precisou viajar com urgência por conta da empresa.
- Diga a ele que assim que voltar, preciso que lhe acompanhe à uma
consulta. O pai é uma peça importante nessa gravidez também.
- Doutora... – remexeu-se na cadeira – É muito arriscada a minha
gravidez? – perguntou um pouco apreensiva.
- Não, Diana. Toda gravidez de gêmeos univitelinos requer uma
atenção especial, mas se você seguir tudo que lhe for recomendado, terá uma
gestação tranquila.
- Obrigada, doutora. – ficou menos tensa.
- Vou marcar uma consulta para essa segunda. – começou a digitar
algumas coisas em seu teclado – Sugiro que compre algumas revistas e
pesquise na Internet mais informações sobre a gravidez de gêmeos.
- Eu farei isso.

Minutos depois, ela já estava fora da clínica e se dirigia de volta


para casa pensando no que descobrira. Naqueles últimos meses sua vida
mudara radicalmente. Havia se casado e agora seria mãe de gêmeos. Apesar
de ainda se julgar um pouco nova para tal responsabilidade, podia sentir uma
mudança em sua maturidade refletida em seu sentimento maternal. Só
pensava no bem estar de seus filhos, queria poder ser a melhor mãe possível e
conversaria com Alexandra sobre o assunto, já que nunca tivera uma mãe ao
seu lado e não tinha a quem pedir conselhos. Foi para casa e notou o vazio
que sentia em seu estômago, não comera nada sólido antes de sair, apenas
tomou um copo de suco e se lembrou das palavras da ginecologista
recomendando que devia se alimentar com cuidado.
Ruth estava na cozinha mexendo em uma panela quando ela entrou
e o cheiro aguçou ainda mais sua fome. Sorriu inconscientemente pensando
que aquilo não se tratava apenas da sua vontade de comer, mas também a dos
seus filhos. Achou melhor não contar a novidade dos gêmeos para a
governanta, ainda precisava decidir como contaria para Anthony e não queria
que ninguém acabasse contando a ele sem querer.
- Ruth. – chamou a governanta.
- Sra. Walsh, não a vi entrando. Deseja alguma coisa? – perguntou
com sua eficiência e sua tamanha necessidade de agradar aos patrões.
- Eu gostaria de almoçar.
- Claro, eu estou terminando o purê de batatas, há carne assada e
uma salada de brócolis que tenho certeza que vai adorar.
- Parece delicioso. Eu vou tomar um banho e desço para o almoço
- Sim, senhora.

Era estranho ser tratado como senhora, passou toda sua vida sendo
a Srta. Stewart, mas quando era chamada de Sra. Walsh era como se seu
casamento realmente fosse real em todos os parâmetros. Tomou um banho
quente e relaxante e desceu para a sala de jantar onde Ruth já havia colocado
a louça e os talheres juntamente com as travessas de comida. Serviu-se um
pouco de cada e almoçou em silêncio com um suco de uva que substituía o
vinho. Comeu um bolo de nozes de sobremesa e agradeceu à Ruth o delicioso
almoço que fora preparado. Recordou-se que no dia seguinte faria aulas de
culinária e pensou em contar com Ruth seu desejo de começar a cozinhar.

- Ruth, amanhã começarei um curso de culinária. Gostaria de tentar


fazer alguns pratos. Se você pudesse me ajudar com algumas dicas pelo
menos no começo eu ficaria muito feliz.
- Sra. Walsh, nada me daria mais prazer do que lhe ajudar a
cozinhar. – disse sorridente – Tenho certeza que o Sr. Walsh ficará muito
contente se lhe preparar alguns pratos.
- Eu estou pensando nisso. Na verdade Anthony vai ficar fora cerca
de três semanas, acha que até lá sou capaz de preparar um jantar ou um
almoço para quando ele chegar?
- Claro que sim. – confirmou enquanto começava a retirar tudo da
mesa – Tenho certeza que fará algo delicioso.
- Obrigada, Ruth. – sorriu – Eu vou pensar em um cardápio
simples, afinal, ainda estarei no começo.
- Fale comigo quando decidir, Sra. Walsh. Assim poderei comprar
os ingredientes que faltarem.
- Obrigada novamente, Ruth. Não sei o que faria sem você.

Voltou para o quarto mais animado pensando que com a ajuda de


Ruth em alguns detalhes, poderia surpreender Anthony. Sabia que ele achava
que não tinha nenhum talento, que a única coisa que sabia fazer era compras
em lojas de grife, mas mostraria para seu marido arrogante que poderia sim
fazer algo do qual iria se orgulhar. Lembrou que precisava ligar para o pai e
lhe dar a notícia da gravidez e tomou a decisão de só contar a Anthony sobre
os gêmeos quando ele estivesse de volta. Queria ver a reação nos olhos dele.
Pegou o celular e ligou para o pai que atendeu no segundo toque.

- Diana, minha princesa. Que maravilha você me ligar! – exclamou


Fernando bastante contente.
- Papai, que saudades. Como vai?
- Muito bem e você?
- Estou bem. Na verdade te liguei para lhe dar uma notícia. – fez
uma pequena pausa – Eu estou grávida de gêmeos.
- Gêmeos? – ouviu o tom de voz surpreso do pai – Meu Deus, é
uma surpresa e tanto!
- Sim. – sentou-se na cama – Eu estou esperando gêmeos idênticos.
– sorriu ao pensar que teria duas crianças fisicamente iguais correndo pela
casa – Estou tão feliz, papai!
- Mesmo, Diana? – ele perguntou inseguro – Eu achei que você
ficaria um pouco tensa com toda a situação.
- No começo tive medo, Anthony não queria ser pai agora. Deixou
claro que eu não poderia engravidar, mas quando aconteceu ele não terminou
tudo, ele mudou o contrato.
- Apesar de tudo, querida. Walsh é um homem inteligente e tem
caráter suficiente para saber que é responsável também por essa gravidez e
que por ser pai ele tem suas responsabilidades.
- Sim, eu sei. – mordeu o lábio e soltou – Papai, vou precisar
desligar, tenho que ligar para Elisa e contar a novidade.
- Claro que sim, minha filha. Nos falamos depois, eu amo você.
- Eu também te amo, pai.

Assim que encerrou a ligação, procurou o número da amiga na lista


de contatos e esperou que ela atendesse. Estava na esperança de que fosse
cair na caixa postal quando ouviu a voz animada de Elisa do outro lado da
linha.
- Oi, Di. Como vai?
- Bem, Eli. E você?
- Estou bem, animada com sua ligação e também um pouco
preocupada. O que houve?
- Estou ligando para te contar uma surpresa. – cruzou as pernas
sobre a cama – É sobre a minha gravidez. Estou esperando gêmeos.
- Oh, Diana! Não acredito! – ela quase gritou ao telefone –
Gêmeos?!
- Sim, idênticos. – respondeu sorrindo – Terei dois bebês, Eli!
Acredita?
- Estou em choque, mas muito feliz também.
- Eu estava com medo quando pensei que era apenas um, agora
recebo a notícia de que serão dois, mas já não tenho mais medo.
- E Anthony? O que ele disse sobre isso?
- Nada, ele ainda não sabe. Anthony está viajando, ficará fora por
três semanas e só contarei a novidade quando ele estiver de volta. Quero
poder ver sua reação, entende?
- Entendo. Acha que ele ficará feliz?
- Não vai pular de alegria, isso é um fato. – olhou para um ponto
fixo no chão sabendo que aquilo lhe chateava – Mas não vai reclamar. Vai
ficar em choque, eu acho.
- Eu só quero que você e os bebês sejam felizes e eu estarei sempre
aqui para te apoiar, amiga.
- Eu sei que posso contar com você sempre, Eli. É a melhor amiga
do mundo. Quando estiver livre me avise, queria que me acompanhe para dar
uma olhada em alguns móveis para o quarto dos bebês. Não sei o sexo ainda,
mas gostaria de ter uma ideia do que fazer se forem meninos ou meninas.
- Claro, eu te mando uma SMS para lhe avisar.
- Certo, vou esperar. Agora vou deixar você trabalhar, conversamos
melhor depois. Beijos.

Assim que desligou, se ajeitou debaixo das cobertas e ficou


pensando sem seu futuro. Passaria vários meses naquela mansão, cuidaria do
primeiro ano de vida de seus filhos, mas logo em seguida teria de ir embora.
Uma ponta de tristeza tomou conta dela pensando no dia em que teria que
sair daquela mansão e nunca mais dividir a cama com Anthony. Era
assustador se dar conta de que tinha dúvidas se realmente queria terminar
aquele casamento. Estava pensando no bem estar de seus filhos, apenas isso.
Colocou a mão no ventre e o acariciou.
Pouco antes do jantar, o telefone tocou e Ruth veio lhe entregar na
sala de estar onde estava sentada lendo um artigo no computador sobre
gravidez de gêmeos idênticos.

- Alô? – atendeu sem desgrudar a tela do computador.


- Diana, como está? – a voz de Anthony se fez ouvir do outro lado.
- Estou bem e você? Como foi a viagem?
- Um pouco cansativa, mas está tudo bem. – ele respondeu e sua
voz ainda conseguia ser sexy mesmo ao telefone – Tem se sentido bem?
- Sim, não tenho muitos enjoos. E como vão as coisas com a
empresa?
- Ainda não sei, estamos verificando as finanças e espero que não
tenha nenhum problema com a filial aqui em Orlando.
- Vai dar tudo certo.
- Espero que sim. E a consulta?
- Foi ótima, vou voltar semana que vem.
- Certo. Agora vá descansar, Diana. Nos falamos depois. Me ligue
se precisar, estou com o celular vinte e quatro horas.
- Não se preocupe, Anthony. Bom trabalho.

Ela desligou e colocou o telefone sobre o sofá ao seu lado. Anthony


falara de um jeito frio ao telefone e era nessas horas em que ficava em cima
do muro. Uma parte de si queria continuar ali com ele e outra parte torcia
para que aquele prazo acabasse o mais rápido possível. Seria uma luta interna
por um longo tempo, então preferiu afastar todos esses pensamentos e
retornou ao que estava fazendo. Ficou lendo uma variedade de artigos e
curiosidades e acabou perdendo a hora do jantar, sendo alertada por Ruth que
lhe perguntara se gostaria de comer. Aproveitou para se alimentar com algo
leve e depois se deitou. Queria descansar, por conta da gravidez se cansava
com facilidade e pegou no sono rapidamente.
Capítulo 26

O sol fraco entrava no quarto entre as frestas das cortinas e ela se


remexeu na cama ouvindo seu celular tocar. Ainda sonolenta, estendeu o
braço e pegou o aparelho em cima do criado-mudo sem olhar no visor o
nome de quem estava ligando.

- Alô? – atendeu com a voz arrastada de sono.


- Diana, acho que te acordei. – a voz de Elisa soava um pouco
constrangida.
- Ah, sim. – passou a mão sobre os olhos – Eu tenho dormido muito
depois que fiquei grávida, mas está na hora de levantar. – se sentou na cama
após um longo bocejo.
- Me desculpe por isso, Di. Eu te liguei pra saber se você estaria
livre hoje à tarde. O ensaio foi cancelado e pensei que poderíamos dar umas
voltas.
- Estou livre sim, tenho um curso pela manhã, mas durante à tarde
não estou ocupada.
- Curso? – perguntou curiosa.
- Sim, hoje eu te conto os detalhes.
- Tudo bem. Que tal almoçarmos juntas?
- Perfeito. Podemos nos encontrar às uma da tarde no Aquavit.
- Então está marcado! Desculpe te acordar, Di. Até mais.
- Até!

Diana se levantou e sentiu um leve enjoo. Respirou devagar


tentando afastar aquele desconforto matinal. Caminhou devagar até o
banheiro e lavou o rosto. Estava com um pouco de sono ainda, mas tinha de
se arrumar e ir para sua primeira aula de culinária. Quando entrou debaixo do
chuveiro, começou a se sentir melhor e conseguiu tomar banho rapidamente.
Escolheu uma calça jeans clara, uma sapatilha preta e um casaco vinho sobre
uma blusa marfim de gola alta. Escovou os cabelos e fez uma maquiagem
leve para o dia.
Quando desceu, Ruth estava na cozinha preparando panquecas e
sorriu ao vê-la. Aquela era a governanta e cozinheira mais eficiente que já
conhecera e cada vez mais ia se acostumando à ela.

- Bom dia, Sra. Walsh. Estou preparando panquecas, gostaria de


tomar o café da manhã?
- Sim, eu vou aceitar uma de suas deliciosas panquecas. – se sentou
no balcão – Eu espero conseguir preparar uma tão gostosa quanto as que você
prepara, Ruth.
- Vai conseguir, Sra. Walsh. – olhou-a de relance – Pode me pedir
ajuda sempre que precisar.
- Eu sei. – sorriu – Anthony deu muita sorte em ter você
trabalhando aqui.
- Eu gosto muito de trabalhar para o Sr. Walsh.
- Há quanto tempo trabalha para ele?
- Cerca de cinco anos. – respondeu sem tirar os olhos do que estava
cozinhando – Eu trabalhei na casa dos Walsh durante muito tempo e vim para
cá quando o Sr. Walsh comprou esta mansão.
- Entendo. – apoiou o cotovelo no balcão e o queixo na mão –
Anthony confia muito em você.
- E eu fico muito satisfeita com isso. Meu trabalho é deixar tudo
aqui organizado para vocês dois.
- Ruth, posso lhe fazer uma pergunta pessoal?
- Claro, Sra. Walsh.
- Você tem família? Filhos? Marido?
- Tenho um filho que mora na Austrália. É biólogo e acabou de
completar trinta anos. Meu marido faleceu há quase dez anos.
- Entendo, sinto muito. Eu imagino que sinta saudades do seu filho.
- Sim, mas eu aprendi que não podemos viver agarrados aos nossos
filhos pelo resto da vida. Uma vez ao ano tenho férias e vou visitá-lo. O Sr.
Walsh paga minha passagem, ele é um homem com bom coração. Meu filho
também vem me visitar no Natal. Ele é casado e tem uma filha. Minha neta
está com quatro anos.
- E como ela se chama?
- Nathalie. – sorriu – É uma menina muito esperta.
- Eu posso imaginar. – sorriu de volta.
- Gostaria da sua panqueca com geleia de framboesa ou de
morango, Sra. Walsh?
- Framboesa. – esperou Ruth lhe servir – Obrigada.
- Qualquer coisa é só pedir, Sra. Walsh.

Ela voltou para o fogão e Diana começou a comer. Naquela manhã


apesar do enjoo, o cheiro das panquecas lhe despertou a fome e acabou
comendo duas. Cerca de vinte minutos depois, estava dirigindo rumo à sua
primeira aula de culinária. A turma era composta em quase sua totalidade por
mulheres e estas eram como ela: não tinham experiência com cozinha. A
primeira aula foi uma introdução básica de utensílios e foram ensinados a
preparação de cookies de chocolate. Até que Diana se saíra bem. Queimou
um pouco a base, mas no geral ficaram gostosos. Conseguiu acertar o ponto
da massa e isso foi o mais importante naquela lição.
Quando saiu, verificou a hora em seu relógio e viu que precisava se
apressar para encontrar Elisa. Quando chegou ao restaurante, a amiga já
estava sentada em uma mesa e apreciava uma água com gás.

- Desculpe pelo atraso, estava no curso. – Diana se desculpou se


sentando à mesa.
- E que história é essa de curso? Você não me contou que havia
começado.
- De culinária, comecei hoje. Estou tão animada, Eli. – sorriu e viu
o garçom se aproximar – Vamos fazer o pedido agora?
- Sim, eu já decidi. Quero pato ao molho de laranja.
- Então vou pedir o mesmo. Com um suco de uva.
- Outro para mim. – Elisa pediu levantando o dedo para o garçom
que anotou os pedidos e se afastou – Fico feliz que esteja tão animada com o
curso.
- Quero me sentir útil de alguma forma. Não quero parecer um
encosto em Anthony o tempo todo. – meneou a cabeça – É claro que o curso
é pago por ele.
- Mas pelo menos é algo que está investindo em você. – inclinou-se
e apoiou os braços sobre a mesa – E essa história dos gêmeos? Di, eu fiquei
em choque!
- Pois é... – sorriu e colocou a mão sobre o ventre – Gêmeos
idênticos, acredita?
- Estou tão feliz, me sinto titia. – disse sorrindo – Meus parabéns,
Di.
- Obrigada. – suspirou – Você sabe que apesar da minha situação,
eu estou muito feliz em ser mãe. É um sentimento que te domina, sabe? Não
importam as circunstâncias, você só pensa nos bebês e no bem estar deles.
- Deve ser mágico!
- É uma sensação única. Quando eu ouvi os coraçõezinhos deles
batendo, foi um som tão delicioso que eu poderia ficar ouvindo pra sempre.
- E Anthony ainda não sabe, né?
- Não. – negou com a cabeça – Eu pretendo fazer um jantar quando
ele voltar e vou contar a próxima novidade. Ontem ele me ligou, por um
momento eu pensei em contar quando ele me perguntou sobre a consulta, mas
preferi ficar quieta. Quero mesmo ver a reação dele pessoalmente.
- Ele não vai dar pulos, você sabe, Di.
- Eu sei, mas quero ver como vai reagir em um primeiro momento.
Como será o choque.
- Entendi.

Durante todo o almoço e durante a tarde, as duas conversaram


sobre suas vidas e seus planos, Diana olhou algumas lojas de bebês e não
conseguiu resistir. Comprou dois macaquinhos brancos e saiu satisfeita por
ter comprado a primeira roupinha dos seus filhos. Olhou mais algumas lojas e
comprou dois vestidos de primavera para a estação que estava se
aproximando. Comeu uma salada de frutas com Elisa e quando anoiteceu foi
para casa.

Ao chegar, Ruth imediatamente se aproximou quando ela entrou na


sala de estar. Sentia os pés cansados e precisava de um banho urgente para
relaxar.

- Sra. Walsh, o Sr. Walsh ligou lhe procurando porque disse que
não conseguiu falar com a senhora pelo celular.
- Ah, eu saí com Elisa e o telefone ficou dentro da bolsa, vou tentar
ligar para ele. Obrigada, Ruth.
- Aceita comer alguma coisa?
- Não, obrigada. Talvez antes de dormir eu aceite uma sopa.
- Claro. – assentiu com a cabeça – Com licença.

Diana subiu carregando suas sacolas para o quarto e pegou o


celular na bolsa. Havia três chamadas perdidas de Anthony e ela retornou,
ouvindo a voz dele logo após o segundo toque.

- Onde você se meteu? – perguntou de imediato sem se preocupar


em perguntar como ela estava.
- Eu saí com Elisa, demos umas voltas e eu acabei deixando o
celular dentro da bolsa todo o tempo.
- Eu estava atrás de você, me deixou preocupado, Diana! – disse
em um tom de voz um pouco mais irritado.
- Me desculpe, Anthony. Eu estou bem.
- Na próxima vez que sair, avise à Ruth para onde vai.
- Tudo bem. – sentou-se na poltrona – Como vão as coisas por aí?
Resolveu algo?
- Por enquanto está tudo certo com a filial aqui. A polícia acha que
está perto de encontrar quem roubou a empresa de Nova York.
- Eu espero que isso logo seja resolvido.
- Será, Diana. Agora preciso ir, tenho uma reunião ainda.

Ele desligou a ligação e ela ficou com o aparelho na mão olhando


para a tela. Ouvir a voz de Anthony, mesmo irritado, fazia com que sentisse
sua falta. Não sabia que tipo de poder ele tinha, mas era algo bastante
poderoso que mesmo apesar do seu jeito grosseiro e frio, poderia fazer com
que sentisse sua falta e desejasse que ele estivesse ali ao seu lado.
Capítulo 27

Passar duas semanas longe de Anthony estava sendo uma missão


bastante difícil para Diana. Cada dia que dormia sozinha naquela cama
enorme sua vontade aumentava em relação à companhia do marido. Por mais
que ele tivesse uma grande quantidade de defeitos, para ela aquilo já não era
mais um problema. De alguma forma o jeito dele a atraía, fazia com que
sentisse bem quando o olhava nos olhos ou quando estava em seus braços.
Nem mesmo o incidente que acontecera entre os dois, quando Anthony a
possuiu contra sua vontade, fez com que ela acrescentasse mais um item a
lista de comportamentos inaceitáveis. Taylor apareceu para que ela assinasse
o contrato e este não havia muitas modificações, mas haviam cláusulas
assegurando aos filhos que tivesse todo o suporte financeiro do pai, assim
como direito na empresa Walsh.
Ele ligou poucas vezes naquelas duas semanas e já caminhavam
para a terceira. Diana muitas vezes quase cedeu ao desejo de dizer a ele que
estava esperando gêmeos, mas desistia no último momento. Precisava se
segurar, não queria contar quando ele estivesse a quilômetros de distância.
Por conta das aulas de culinária, conseguiu aprender a cozinhar um salmão
grelhado ao molho de alcaparras. Recebeu elogios do chefe de cozinha e se
julgou capaz de preparar aquilo para o jantar quando Anthony estivesse de
volta.
O celular tocou enquanto ela lia seu livro e sorriu ao ver no visor
que se tratava de Anthony. Devia estar sentido saudades dele por conta dos
hormônios da gravidez que alteravam seu comportamento.

- Oi, Anthony. – atendeu a ligação.


- Estou ligando para avisar que amanhã estarei de volta. Ainda não
sei a que horas vou chegar, mas amanhã ligo para avisar. Quero que esteja em
casa.
- Você vem amanhã? – perguntou sem esconder a felicidade em sua
voz.
- Sim. Não quer que eu volte?
- Eu quero, na verdade estou sentindo sua falta aqui.
- Então nos vemos amanhã, Diana. Eu ligo para avisar o horário.
Boa noite.

E tão de repente ele desligou que ela continuou com o celular no


ouvido, porém totalmente mudo. Havia acabado de dizer que sentia a falta
dele e Anthony simplesmente não se importou. Retirou o aparelho devagar
um pouco chocada com a frieza dele. Às vezes era difícil se acostumar com
aquele tratamento. Seria tão difícil ser mais emotivo? Precisava mostrar para
Anthony que não era apenas uma esposa que gastava seu dinheiro, alguém
que ele contratou para bancar a esposa dedicada. Precisava deixar claro que
era muito mais do que uma mulher fútil, sentia a necessidade de fazer com
que ele soubesse o quanto podia ser útil como pessoa e que tinha alguma
função no mundo. Subiu para o quarto e ficou pensando melhor na
sobremesa, queria surpreender Anthony mostrando que tinha algum talento,
algo que merecesse algum elogio além da sua beleza física. Pensou em um
cheesecake com cobertura de frutas vermelhas. Correu para a sala e pegou
seu livro do curso e procurou a receita. Precisava pedir a Ruth que lhe
comprasse os ingredientes do jantar. Desceu até a cozinha para falar com a
governanta.

A manhã começou com o sol brilhando imponente, longe das


nuvens que enfeitavam o céu azul. Os primeiros sinais da primavera se
aproximando estavam refletidos nas flores bem coloridas do jardim.
Espreguiçou-se e abriu os olhos devagar sabendo que aquele seria um dia
longo. Bocejou e se sentou na cama afastando o edredom macio, levantando-
se em seguida para fazer sua higiene matinal. Desceu ainda com sua
camisola, mas agora vestindo um hobby de seda azul claro. Ruth já estava na
cozinha de maneira eficiente mexendo no fogão e preparando o café da
manhã. Por sorte não tinha aula naquele dia e nenhum compromisso marcado.
Seu estômago roncava e ela sorriu pensando que parte daquela fome era por
conta dos bebês.

- Bom dia, Ruth. – disse se acomodando no balcão.


- Bom dia, Sra. Walsh. – olhou-a e sorriu – A senhora parece
radiante hoje.
- Obrigada. – colocou as mãos sobre as coxas – Talvez eu esteja um
pouquinho mais feliz porque Anthony vai chegar de viagem.
- Oh, sim! – exclamou – Eu vou ao mercado comprar os
ingredientes que me pediu. Tem algum problema que eu vá logo depois do
café da manhã?
- Não, de maneira nenhuma. – balançou a cabeça levemente –
Enquanto isso tento me preparar e falar com Anthony para saber que horas
ele vai chegar, espero que não seja na hora do almoço, não terei tempo de
preparar nada assim.
- Geralmente o Sr. Walsh chega à noite. O que vai querer para o
café, Sra. Walsh?
- Acho que uma tigela de frutas com granola.
- Vou preparar.

Logo após o café da manhã resolveu ligar para Anthony a fim de


saber a que horas ele chegaria em casa. Usou a discagem rápida e ouviu os
toques de chamada, tocou mais do que estava acostumada ouvir já que ele
sempre atendia rápido.

- Oi. – ouviu a voz rouca do outro lado da linha.


- Oi, Anthony. Não queria te atrapalhar, apenas queria perguntar a
que horas você vai chegar.
- Meu voo está previsto para chegar às seis e meia. Então acredito
que por volta das sete da noite eu esteja chegando em casa.
- Tudo bem, vou te esperar. Boa viagem.
- Obrigado.

Rapidamente ele desligou e ela ficou mais uma vez parada sem
reação após falar com ele. Até quando ele faria isso? Sempre desligava
rápido, não lhe dedicava muito tempo de atenção e não prolongava as
conversas vias telefone. Era melhor que Anthony voltasse logo, estava sendo
pior tê-lo longe, ele parecia muito mais frio em sua maneira de falar e agir.
Tomou um banho, vestiu uma calça rosa clara justa ao corpo e uma camisa
branca de mangas até o cotovelo. Esperou Ruth voltar do supermercado
enquanto repassava a receita para ver se conseguiria seguir todos os passos.
Ruth chegou carregando as sacolas e Diana a ajudou a colocar
todos os ingredientes sobre a mesa agradecendo à governanta por ter ido ao
supermercado. Com algum auxílio de Ruth, Diana começou a preparar a
sobremesa, já que esta precisava de algumas horas dentro da geladeira pra se
firmar. A calda ficou espessa e Diana ficou satisfeita com o resultado. Pelo
menos não ficaria aguada e sem graça. Preparou toda a torta e colocou-a na
geladeira. Fez uma pausa para almoçar e descansar, já que deveria sempre
repousar um pouco por conta da gravidez. Acabou cochilando e quando
acordou já eram cinco horas da tarde. Eu uma hora Anthony estaria pousando
em Nova York e precisava correr para preparar o salmão e a salada.
Rapidamente desceu e foi para a cozinha, pegou uma tigela para
misturar todos os vegetais para começar preparando a salada. Cerca de uma
hora depois, ela terminava de preparar o salmão e o molho.

- Ficou excelente, Sra. Walsh. – Ruth elogiou-a.


- Obrigada, pela bondade. – sorriu – Acho que para um primeiro
jantar saiu muito bom. Espero que Anthony goste.
- Tenho certeza que o Sr. Walsh vai adorar.
- Obrigada novamente, Ruth. Eu vou por a mesa.
- Não quer que eu faça isso, Sra. Walsh?
- Não, não precisa. – olhou-a – Por que não me chama de Diana?
- O Sr. Walsh não iria gostar muito disso. E eu particularmente
prefiro tratá-la como Sra. Walsh. É como estou acostumada.
- Tudo bem, eu entendo.

Era estranho ser chamada sempre de “Sra. Walsh”, mas entendia o


lado de Ruth que sempre trabalhou para Anthony e se acostumara a chamá-lo
daquela forma em sinal de respeito. Verificou o grande relógio redondo de
platina preso no alto da parede da cozinha e percebeu que faltava menos de
vinte minutos para as sete da noite. Rapidamente Diana pegou os pratos de
porcelana e os talheres de prata e arrumou-os cuidadosamente sobre a mesa
da sala de jantar. Os pratos eram brancos e quadrados, os talheres muito bem
lustrados refletiam perfeitamente as imagens e Diana teve o trabalho de
dobrar os guardanapos da maneira que aprendeu quando teve aulas de boas
maneiras na escola que frequentou quando criança.
Ao levantar o olhar para pegar as taças de vinho, assustou-se com
Anthony parado na entrada da sala de estar em completo silêncio mirando-a
intensamente com os olhos castanhos profundos. Ele estava com a barba
feita, mas o cabelo havia crescido um pouco e estavam levemente
desajeitados, o que o deixava com um ar ainda mais sexy. Olhar para ele foi a
prova de que realmente sentira sua falta. Foram três semanas complicadas e
quase tediosas, se não fosse pela consulta e pelas aulas de culinária. Ele
estava com o colarinho da camisa azul marinho aberto e a calça social
modelava seus quadris e o corte sob medida realçava as coxas masculinas.
Anthony continuou parado no mesmo lugar sem mover um único músculo.
Após o choque, ela conseguiu esboçar alguma reação.

- Eu não o vi parado aí. Chegou há muito tempo? – perguntou


tentando esconder o quanto a presença dele a abalava, principalmente depois
de ter confessado que sentia falta dele.
- Não, acabei de chegar. – disse com aquele timbre de voz que lhe
provocava pelo sonido rouco enquanto os olhos a observavam de cima a
baixo – Está colocando a mesa do jantar desde quando?
- Desde hoje. Fui eu quem preparou o jantar. Queria fazer algo para
quando estivesse de volta. – respondeu tentando deixar de lado a expectativa
pela reação dele.
- Então eu vou tomar um banho e desço para jantarmos.
- E eu vou terminar de por a mesa.

Diana chegou a pensar que receberia um beijo, mas Anthony se


limitou a olhá-la por mais dois segundos antes de se virar e sumir novamente.
Droga, como sentira a falta dele! Como ele conseguia se manter tão
impassível daquela forma após tantos dias longe? Anthony era controlado e
mantinha a pose distante quase todo o tempo. Onde estava aquele homem que
agira de maneira mais carinhosa em seu aniversário?
Anthony apareceu na sala de jantar vestido com uma calça de
abrigo cinza e uma camisa branca. Estava com os cabelos molhados e o
aroma da sua colônia pós-banho tomou conta do ambiente. Ela sentira falta
daquele cheiro, principalmente quando dormia. Era acolhedor e
reconfortante. Queria correr e abraçá-lo para ter certeza de que estava ali, mas
apenas o observou em silêncio.

- Posso me sentar? – ele perguntou segurando o encosto de uma


cadeira.
- Claro. – confirmou balançando a cabeça com certo exagero e se
acomodou de frente para ele – Eu fiz todo o jantar, inclusive a sobremesa.
Espero que goste.
- Posso garantir que estou faminto.
- Como foi a viagem? – ela perguntou enquanto o via se servir com
a salada.
- Cansativa, mas fizemos vários progressos. Me alivia saber que em
Orlando tudo está caminhando bem. A polícia aqui em Nova York já está
interrogando os suspeitos.
- Que bom. – sorriu e se serviu logo em seguida.

Ele comeu toda a salada e bebeu alguns goles de vinho sem dizer
nada em relação à refeição. Ela degustava seu suco de uva e se servia de mais
salada. A gravidez lhe deixava faminta e a cada minuto que passava, se sentia
mais tensa em ter que contar sobre os gêmeos. Não tinha ideia do que ele iria
falar. O prato principal e a sobremesa foram servidos e Anthony conversou
um pouco sem falar nada sobre a comida. Talvez não tivesse gostado, caso
contrário teria lhe feito um elogio por estar surpreso.

- O que achou do jantar? – perguntou assim que o viu terminar o


cheesecake.
- Me surpreendeu que tenha se dado ao trabalho de preparar um
jantar para me receber. – disse daquele jeito frio de sempre e ela quase quis se
levantar, mas precisava dizer algo importante.
- Anthony, eu preciso te dizer uma coisa. Foi um dos motivos para
eu ter feito do jantar também.
- O que aconteceu, Diana? – ele mudou sua expressão para algo
mais preocupado e curioso, arqueando umas das sobrancelhas.
- Quero falar sobre a consulta. – disse ficando ainda mais nervosa.
- Algum problema? – levantou as duas sobrancelhas.
- Não para mim. – colocou as duas mãos sobre o ventre – Eu estou
grávida de gêmeos.

A reação dele foi não ter reação. Os olhos castanhos não piscaram,
os músculos não se moveram e não houve nenhum sinal de alegria ou de
tristeza pelo fato. Ela começou a sentir a mão suar e esfregou-a em sua calça,
um detalhe que só conseguiu perceber depois: não havia trocado de roupa
para o jantar que deveria ser especial.

- Anthony, diga alguma coisa, pelo amor de Deus! – pediu


baixinho.
- Gêmeos?! – perguntou surpreso piscando os olhos com força.
- Sim. – balançou a cabeça – A Dra. Perkins me disse isso na minha
primeira consulta. Gêmeos idênticos, o que significa que terão o mesmo sexo.
- Dois bebês. – passou as mãos pelos cabelos – Nunca me passou
pela cabeça isso.
- Nem pela minha. – mordeu o lábio inferior – O que pretende fazer
agora? Algo mudou?
- Nada, Diana. – deu de ombros – Seremos pais de gêmeos, nada
vai mudar. Exceto que a partir de agora compraremos tudo em dobro. –
levantou-se – Eu preciso ir até o escritório e enviar um e-mail de
agradecimento aos funcionários da filial de Orlando.
- Tudo bem, eu vou para o quarto.

Subiu chateada por ele não lhe fazer um elogio digno, apenas
comentou o quanto estava surpreso por ela ter sido capaz de preparar um
jantar. Foi direto para o banho, onde ficou alguns minutos debaixo da água
quente tentando afastar os pensamentos que faziam com que se sentisse
inferior. Precisava apenas de um elogio, um incentivo que lhe servisse de
apoio para continuar a cozinhar e mostrar que tinha algum futuro no que
fazia. Quando saiu do banheiro, vestiu uma camisola pêssego que ia até a
metade das coxas. Ia se deitar quando Anthony abriu a porta e trancou-a logo
em seguida. O quarto parecera diminuir de tamanho.
Ele não disse nada, apenas deu alguns passos avançando sobre ela e
afundou a mão em sua nuca puxando-a para um beijo intenso. Diana gemeu
ao sentir a língua dele em sua boca, sedenta, procurando saciar algum desejo
oculto e passando para ela todo o calor do seu corpo acendendo-a. Não tinha
como resistir, principalmente depois daquelas semanas longe dele. Segurou
os braços musculosos e deixou que a língua explorasse toda sua boca em um
pedido silencioso por mais intimidade. Anthony levou a mão livre até a
bunda dela e apertou-a, pressionando-a contra sua intimidade que já formava
volume sob a calça. Diana gemeu entre o beijo e sentiu uma mordida forte em
seu lábio inferior. Gostava daquele jeito bruto dele, surpreendentemente a
excitava.
Anthony agarrou a camisola dela e puxou-a para cima, afastando os
lábios um pouco ofegante e retirou-a com pressa. Diana não estava usando
calcinha, ficou completamente nua na frente dele e viu o olhar escuro de
desejo sobre o seu corpo. Sabia o quanto mexia com ele, sabia que
sexualmente Anthony estava completamente entregue e com ela não era
diferente. Foi puxada e seu corpo nu bateu contra o dele e os lábios traçou um
caminho longo por todo o seu pescoço até o seu ombro, roçando de leve e lhe
provocando arrepios.

- Você está cheirosa, Diana. – sussurrou enquanto dava leves


mordidas em seu ombro.

Ela gemeu e inclinou a cabeça para trás quando sentiu uma das
mãos envolvendo seu seio. Anthony a levou até a cama e deitou-a
debruçando-se por cima e traçando um caminho de beijos até um dos seios.
Diana agarrou a camisa dele e puxou-a pra cima deixando as costas toda à
mostra, passou as unhas aumentando a força cada vez que sentia seu mamilo
ser sugado com força. Sua intimidade já estava úmida e totalmente pronta
para recebê-lo. Queria rápido e com força, do jeito que somente ele sabia
fazer.
Anthony desceu os beijos até chegar ao seu centro. Fora um beijo
íntimo, ele a provocava e se arqueava enquanto gemia. Conseguiu livrá-lo da
camisa e fora ele mesmo quem se livrou da calça e penetrou-a com força.
Diana gritou e se agarrou ele sentindo os movimentos rápidos e ritmados, os
corpos começaram a suar e a respiração quente dele em seu pescoço a
deixava ainda mais arrepiada. Anthony se virou e deixou-a por cima, Diana o
olhou com desejo e começou a se mover para cima e para baixo, sentindo os
seios balançando conforme seus movimentos. Ambos estavam suados e a
excitação era palpável. O quarto se tornara mais quente, Diana gemia sem
preocupação em ser ouvida e Anthony segurava sua cintura ajudando-a a se
movimentar. Semanas longe dele e ela não conseguia pensar em nada a não
ser na liberação do seu corpo. Diana cravou as unhas no peitoral dele e sentiu
que o clímax se aproximava, quando Anthony percebeu que ela perdia a
força, movimentou-a mais rápido e explodiu de prazer logo após Diana
atingir seu orgasmo.
Diana caiu sobre ele e sentiu uma das mãos sobre sua cabeça em
um leve cafuné. Aquele simples gesto era bastante importante para ela. Não
estava acostumada a nenhum carinho vindo dele e quando acontecia, não
queria que nunca mais acabasse.

- Eu também senti a sua falta. – ele finalmente dissera com a voz


baixa, mas o suficiente para ser ouvida.
- Mesmo? – levantou a cabeça totalmente espantada com o que
ouvira.
- Sim, Diana. – respondeu olhando-a nos olhos – Três semanas
sozinho em Orlando foram uma tortura.
- Fico feliz em ouvir isso. – sorriu e colocou a cabeça novamente
no peitoral dele – E feliz por saber que você não se chateou com a notícia dos
gêmeos.
- Por que me chatearia? Seremos pais de dois bebês, só precisamos
nos organizar, mas depois pensamos nisso.
- A ginecologista disse que queria que você estivesse presente na
consulta. Ela quer conversar algumas coisas.
- Eu irei. – respondeu com a voz calma – Agora vamos dormir,
Diana. Estou cansado da viagem.

Ele a beijou, calmamente, como quase nunca fazia. Isso a deixou


com o coração aquecido, ciente de que algo estava mudando, pelo menos
dentro dela. Ambos se acomodaram na cama e logo pegaram no sono. Diana
um pouco mais satisfeita por ter ouvido Anthony dizer que sentia sua falta.
Era um bom sinal, não se tornara um peso para ele e sua presença seria capaz
de fazer alguma diferença. Naquela noite, ela dormiu bem e o calor do corpo
dele a aquecia muito mais do que qualquer cobertor ou aquecedor. Fora a
melhor noite de sono que tivera em semanas.
Capítulo 28

- Gabriela, vou me atrasar para chegar ao escritório. Caso alguém


ligue ou me procure, anote os recados e se quiserem falar comigo, marque
outra hora. Vou ao consultório com minha esposa.

Anthony dizia ao telefone enquanto Diana vestia uma saia de seda


vinho e uma blusa simples marfim com um casaco cor de chocolate. Calçou
um sapato preto de salto médio e ajeitou os cabelos. A maquiagem era leve e
ficou satisfeita com o resultado do seu visual. Quando olhou para Anthony,
ele também parecia estar gostando do que via. Aproximou-se dela e lhe deu
um beijo rápido. O gloss que ficara em seus lábios a fez sorrir e ela limpou-o
com os dedos.

- Vamos, não quero me atrasar. – disse para ele enquanto ia pegar


sua bolsa.
- Espero que a consulta não demore muito. Tenho uma reunião logo
após o almoço.
- Fique tranquilo, Anthony. Não vai tomar muito do seu tempo. A
Dra. Perkins só quer conversar um pouco.

Ele não dissera mais nada, apenas a levou até seu carro e abriu a
porta do Mercedes fechando-a logo após Diana se acomodar. Durante todo o
caminho ambos foram em silêncio, ela estava ansiosa para ver a reação do
marido ao ouvir as batidas dos corações dos filhos e colocou as mãos sobre o
ventre. O trânsito em Nova York estava bastante intenso e chegaram ao
consultório exatamente na hora da consulta. A secretária chamou por Diana
sem disfarçar o olhar de interesse em Anthony, mas este pareceu não notar,
apenas mantinha a mão na cintura da esposa e parecia muito introspectivo
provavelmente pensando em seus negócios.

- Bom dia, Sr. e Sra. Walsh. – a Dra. Perkins cumprimentou-os


apertando-lhes a mão.
- Bom dia, doutora. – Anthony se sentou em uma das cadeiras logo
após ajudar Diana a se acomodar.
- Fico feliz que tenha vindo à consulta, Sr. Walsh. Gostaria de
conversar algumas coisas sobre a gravidez da sua esposa.
- Eu estava viajando, não pude comparecer às consultas anteriores,
mas Diana me deixou ciente de tudo. – segurou a mão da esposa.
- É realmente importante saber sobre tudo em relação à essa
gravidez porque gêmeos univitelinos precisam muitos cuidados. – disse a
doutora olhando-os com atenção – O número de consultas será ainda maior
assim como o número de ultrassonografias. Ficaremos sempre de olho na
pressão arterial e Diana terá que se alimentar muito bem para evitar o risco de
anemia. Além de tomar as vitaminas.
- Doutora, estou disposto a arcar com todas as despesas necessárias
para a gravidez da minha esposa ser muito bem acompanhada. – disse
Anthony mostrando que o dinheiro nunca seria problema.
- Sei que está, Sr. Walsh. Até a última consulta Diana estava muito
bem e se continuar assim não terá nenhuma complicação. – olhou para ela –
Quero que repouse e descanse em intervalo de horas. E além do mais, evitar o
estresse.
- Sim, doutora. Eu estou fazendo isso. – confirmou com a cabeça.
- Agora vamos fazer o ultrassom. – levantou-se – Já sabe o
procedimento, Diana. – olhou para Anthony – Sr. Walsh, pode se sentar ao
lado dela, há uma cadeira ao lado da maca. Vamos ver como estão os fetos e
ouvir seus corações.

Diana se acomodou na maca logo após deixar a barriga exposta e


Anthony sentou ao seu lado. Ele olhava tudo curioso, aquela era uma situação
totalmente desconhecida por ele e que não sabia como agir, o que deixava
ainda mais confuso já que ele sempre tivera domínio das emoções. Ela podia
sentir o quanto era complicado para Anthony lidar com aquela situação, mas
o ajudaria no que fosse possível. A Dra. Perkins ligou o monitor e passou o
gel pela barriga de Diana, que sentiu o produto gelado. Era a hora de ouvir
novamente o som dos seus filhos, a prova de que eles estavam vivos.
Quando as imagens borradas apareceram no monitor, Anthony
olhou curioso, mas sua expressão era indecifrável. Estava claro que ele não
entendia nada do que via, mas Diana sentia que havia alguma ligação entre
ela e o marido naquele momento. Algo mais sentimental. Era o primeiro
momento como família que tinham.
- Aqui podemos ver os dois fetos. – a Dra. Perkins apontou no
monitor – Ambos estão crescendo bem e tem o mesmo tamanho. Eu vou
imprimir a ultra para ter todos os aspectos detalhados.
- Eu não vejo a hora de saber o sexo dos bebês. – Diana comentou e
olhou para Anthony – São nossos filhos, Anthony.
- Tão pequenos... – ele disse baixinho – E podemos ouvir os
corações deles?
- Claro que sim. – a ginecologista ligou o áudio do aparelho e duas
batidas foram ouvidas quase em uníssono.

Aquele som era o preferido dela, com toda certeza. Sentiu Anthony
segurar-lhe a mão e sorriu para ele. Sabia que o marido não falaria muita
coisa, mas o silêncio dele também era uma resposta ao que estava sentindo.
Olhou-a com os olhos amendoados brilhando de maneira diferente e sorriu.
Um sorriso calmo, singelo, mas fora o melhor gesto que poderia receber dele
naquele momento. Era o seu jeito de demonstrar os sentimentos. A Dra.
Perkins deu as últimas instruções e desligou o aparelho esperando a
impressão da ultrassonografia.

Já dentro do elevador, Diana se olhou no espelho para conferir a


maquiagem. Não pudera ir ao curso de culinária por conta da consulta, mas
não faltaria a próxima aula, estava empenhada em aprender.

- Esse sábado temos um almoço beneficente na mansão dos


Hernández. – ele comunicou enquanto esperaram o elevador chegar ao térreo.
- Tudo bem. – olhou-o – Se importa que eu compre um vestido
novo?
- Não, Diana. Você sabe que não. – olhou o relógio – Vou te levar
em casa e ir rápido para a empresa.
- Não precisa, eu posso pegar um táxi. – saíram do elevador de
braços dados como um verdadeiro casal.
- Diana... – disse como se estivesse lhe chamando a atenção para
algo que ele não concordava.
- Pode deixar, Anthony. Não precisa se atrasar, eu pegarei um táxi
sem nenhum problema.
- Tem certeza? – parou na porta principal do edifício onde ficava a
clínica.
- Tenho.
- Então eu vou chamar o táxi para você.

Ele se adiantou e fez sinal para um táxi que acabara de virar a


esquina. O veículo encostou e Diana entrou no banco de trás logo após dar
um selinho no marido. Anthony ficou parado na calçada e ela abaixou o vidro
de trás do carro.

- Vá com cuidado, Diana. Eu chegarei para o jantar.


- Vou falar com Ruth para preparar o salmão que você gosta. Bom
trabalho, Anthony.

O taxista colocou o carro em movimento e Diana viu a figura alta


do marido se afastar novamente para pegar o carro na garagem do edifício.
Durante a consulta, Anthony agira como um pai preocupado, fizera
perguntas, mas não demonstrou nenhuma emoção visível. Ela sabia que
apesar dele ter aceitado a gravidez e não ter terminado o contrato, não estava
totalmente feliz em ser pai naquela situação: um casamento com o futuro já
planejado e dois filhos que seriam um elo eterno entre os dois. Algo que
Anthony não pretendia manter. Olhando para o lado de fora, Diana mordeu
os lábios pensando em tudo que viria dali em diante.

Durante a semana, Diana saiu com Elisa e fez algumas compras


procurando um vestido ideal para o almoço beneficente. Anthony andava
ocupado com as últimas investigações para descobrir mais sobre o esquema
de roubo na sua empresa e cada dia chegava mais estressado querendo saber
quem era o funcionário responsável por estar lhe roubando. Como
empresário, sempre dera todos os privilégios aos seus empregados e ficava
indignado por não ter sido capaz de perceber que estava sendo roubado antes.
Anthony tinha um jeito muito focado nos negócios e ela aprendia com o
tempo a aceitar aquilo e a lidar com a situação sem ficar se questionando ou
desejando que ele deixasse de lado por alguns momentos aquele foco na
empresa.
Capítulo 29

O sábado amanhecera ensolarado e Diana se espreguiçou na cama


notando o espaço ao seu lado. Abriu os olhos de maneira preguiçosa e
bocejou enquanto passava uma das mãos sobre os olhos. Suspirou e se sentou
na cama vendo que Anthony não estava no quarto. Como sempre ele acordara
primeiro e ela ficava na cama sozinha. Sentia-se um pouco enjoada e
caminhou devagar para o banheiro. Tomou um banho com calma e o enjoo
foi passando aos poucos. Logo após se secar, parou de frente para o espelho
do quarto tentando notar se sua barriga havia ou não aumentado de tamanho.
Passou uma das mãos sobre o ventre devagar e sorriu imaginando que
carregava dois bebês ali dentro. Mal podia esperar para ver sua barriga
redonda e os bebês chutando dando o aviso de que estavam ali dentro. Vestiu
sua lingerie e vestiu seu hobby de seda por cima, penteou os cabelos e desceu
até a cozinha.

- Bom dia, Ruth.


- Bom dia, Sra. Walsh. – olhou-a com os grandes olhos
esverdeados – Aceita tomar o café da manhã?
- Daqui a pouco. Sabe onde está Anthony?
- O Sr. Walsh já tomou o café e está no escritório.
- Obrigado, Ruth. Eu vou até lá, enquanto isso pode me preparar
omeletes? Estou morrendo de vontade de comer isso.
- Claro que sim.

Diana girou nos calcanhares e foi até o escritório, deu duas batidas
na porta e ouviu a voz de Anthony do outro lado permitindo que entrasse. Ele
estava com uma camisa preta simples sentado atrás da grande mesa olhando
atentamente para o notebook à sua frente. Diana achava extremamente sexy
quando ele estava concentrado daquele jeito. Usava óculos de grau e
sustentava um cigarro entre os dedos.

- Eu não queria te atrapalhar, só queria avisar que Claude virá aqui


em casa daqui à uma hora. – ela disse parada no meio do escritório.
- O quê? – ele levantou os olhos rapidamente para olhá-la, o tom de
voz áspero – Quem vai vir aqui, Diana?
- Claude... – repetiu o nome – O meu cabeleireiro. – disse ajeitando
o nó do robe – Chamei ele para fazer uma hidratação no meu cabelo para
irmos ao almoço.
- Entendi. – levou o cigarro até a boca e virou o rosto para soltar a
fumaça – Consegue ficar pronta até meio-dia?
- Sim. – confirmou com a cabeça – Eu vou ficar no quarto de
hóspedes arrumando meu cabelo para não te atrapalhar no nosso quarto.
- Está bem.
- Bem, vou para a cozinha. Ainda preciso tomar o café da manhã.
- Ótimo, você precisa se alimentar. – voltou a olhar para o monitor
– Meio-dia, Diana. Não se atrase, por favor.
- Tudo bem.

Ela saiu do escritório sabendo que Anthony estava ocupado e não


queria incomodá-lo ou deixá-lo irritado porque ser atrapalhado enquanto
estava trabalhando era algo que não suportava e a maneira como ele estava
falando com ela já denunciava seu desagrado.
Claude chegou carregando sua maleta prateada com diversos
produtos para cabelos. Diana sempre confiou nas mãos do cabeleireiro e fazia
anos que o conhecia. Claude era americano e adotou o nome francês como
uma estratégia comercial, mas ela achava que aquele nome combinava muito
mais com ele. Estava sentada em uma cadeira enquanto sentia as massagens
no couro cabeludo, algo que lhe deixava sonolenta, mas a voz de Claude a
despertava.

- Diana, eu quero ver o seu bofe pessoalmente. – ele dizia enquanto


fazia a hidratação nos cabelos dela.
- Anthony está ocupado no escritório.
- Eu vejo as fotos dele na revista, que sorte você teve viu? E ainda
por cima me escondeu o ouro.
- Não podia sair dizendo para todo mundo que estava com
Anthony. – mentiu fingindo que seu namoro com ele era segredo – Mas deu
certo, conseguimos nos casar e vivemos bem.
- Tão bem que você está grávida! – riu abertamente com seu jeito
espalhafatoso.
- É verdade que a notícia saiu nos jornais?
- Claro que sim! Eu sabia antes de você me dar a notícia hoje. –
sorriu – Tenho certeza de que está todo mundo comentando.

Ela ainda achava estranho ser alvo de comentários de pessoas que


nem mesmo conhecia, mas estar casada com Anthony, um dos homens mais
ricos dos Estados Unidos, fazia com que aquilo se tornasse uma rotina da
qual ele já estava acostumado e aprendera a tirar benefício da situação. A
gravidez era o que ele precisava para chamar a atenção de forma positiva e
pelo visto já estava dando certo, a notícia se espalhara rapidamente e aquilo
mostrava o quanto o casamento deles estava indo bem.

Diana chegou à mansão dos Hernández usando um vestido frente


única da cor salmão com uma jaqueta cor de marfim por cima. Usava sapatos
de salto alto da cor creme e entrou de braços dados com Anthony que usava
uma calça preta, camisa social verde bem claro e um paletó da cor chumbo.
Ele a levou até os anfitriões e Diana pode notar que a Sra. Hernández devia
ser uns vinte anos mais nova que o marido, tinha cabelos pretos bem lisos e
grandes olhos azuis. Os dentes eram exageradamente brancos e ela bastante
magra, mas o exagerado par de seios denunciava o silicone. O vestido azul
turquesa parecera ter sido escolhido para chamar a atenção.

- Julio. – Anthony chamou o nome do homem careca e baixinho


com a pele um pouco morena deixando clara sua descendência latina.
- Anthony, finalmente! – ele cumprimentou-o de maneira efusiva –
Faz tempo que não o vejo.
- Andei bastante ocupado. – sorriu e puxou Diana pela cintura para
grudar seu corpo no dele – Quero lhe apresentar minha esposa, Diana.
- Muito prazer, Diana. – ele cumprimentou-a com um aperto de
mão – Esta é minha esposa Lorraine. – apresentou-a.
- Prazer. – Diana sorriu educada sentindo a mão possessiva de
Anthony em sua cintura.
- Foi uma pena vocês não estarem no país quando fizemos nossa
festa de noivado. – Anthony disse aceitando um copo de vinho branco que
lhe era servido por um garçom.
- Mas fiquei sabendo do casamento pelos jornais, assim como a
novidade do momento. Diana está grávida!
- Sim. – Anthony sorriu demonstrando toda sua felicidade –
Gêmeos. Só não sabemos o sexo ainda.
- Eu posso imaginar a felicidade quando você descobriu que ia ser
pai. – riu – Passei por isso quatro vezes.
- E vai passar mais uma vez em breve. – Lorraine disse tocando o
braço do marido mostrando as grandes unhas pintadas de vermelho escuro –
Pretendo ser mãe de muitos.
- E eu pretendo ser pai de muitos, não é mesmo, querida? –
Anthony olhou para a esposa dando seu sorriso encantador.
- Com certeza, meu amor. – respondeu sorrindo.
- Agora se me der licença, Julio, preciso levar Diana para se sentar,
não pode ficar muito tempo em pé e vou pedir uma bebida sem álcool para
ela.
- Claro, fique à vontade. E não se esqueça de preparar o talão de
cheques! – riu.
- Pode deixar. – sorriu de volta.

Ambos se sentaram em uma mesa já reservada junto com o casal


Cooper. Ambos eram bastante jovens, mas Anthony parecia conhecer a
ambos e quando fora apresentada a eles, Diana descobriu que ele era um dos
herdeiros da maior rede de farmácias dos Estados Unidos. A mulher olhava
para Anthony disfarçadamente, porém Diana estava bastante atenta à ela,
diferentemente de seu marido que parecia absorto em uma conversa animada
com Anthony.

- Meu amor... – Diana chamou-o deixando claro para Patricia que


estava ali ao lado de Anthony – Eu gostaria de uma água mineral.
- Claro, querida. Vou providenciar imediatamente com o garçom. –
ele olhou em volta procurando um dos garçons vestidos com um paletó azul e
gravata borboleta preta.

Um jovem se aproximou segurando uma bandeja com taças de


champagne e Anthony pediu para que ele trouxesse um copo de água para
Diana. Ela sorriu e agradeceu ao marido lhe dando um selinho de leve,
demonstrando seu carinho em público, do jeito que ele queria.

- Teremos um leilão, acho que podemos arrematar algo. O que


acha, querida? – Anthony perguntou deixando de lado a conversa com
Daniel.
- Arrematarmos algo? – olhou-o curiosa – O quê, por exemplo?
- Um quadro. – deu de ombros – Quem sabe?
- Eu gosto de obras de arte. – sorriu.
- Ótimo, eu também. E acho que se arrematarmos uma, tenho uma
ideia de onde colocá-la.
- Onde?
- Surpresa. – piscou e lhe deu um selinho demorado.

Em um dado momento do evento, tiveram que se levantar para


cumprimentar outros convidados. Anthony se afastara um pouco para
conversar com um dos empresários do ramo alimentício, quando um homem
se aproximou de Diana. Ele a olhou de cima a baixo e ela se retesou no
mesmo instante.

- Boa tarde, linda. – ele elevou sua taça para ela em um


cumprimento – Acabei de chegar à cidade e é muito bom encontrar uma
mulher bela assim.
- Obrigada pelo elogio, mas sou casada. - cortou o rapaz alto com
grandes olhos azuis acompanhados de um sorriso lascivo.
- Não sou ciumento. – provocou.
- Mas eu sou.

A voz de Anthony se fez ouvir no momento em que Diana girou


nos calcanhares para se afastar, mas acabou encontrando com a parede de
músculos do marido que parara logo atrás dela. Olhou para cima e sentiu o
braço dele envolvê-la pela cintura em um gesto possessivo.

- Acho melhor você procurar por outra. – Anthony mantinha seu


olhar frio direcionado ao homem desconhecido – Se chegar mais uma vez
perto da minha esposa, arranco todos os seus ossos.
- Você é um maldito sortudo. – lançou novamente um olhar para
Diana, que se encolheu nos braços do marido.
- Sim, eu sou.

Após o homem se afastar, Anthony olhou para Diana encontrando


com o olhar dela brilhando em sua direção. Não disse nada, apenas beijou-a
da maneira possessiva que costumava fazer quando era tomado pelo ciúme
que não sabia controlar. Diana se derreteu eu seus braços e acariciou seu
peitoral.
O almoço fora servido, uma salada de lagosta fora servida como
prato de entrada e o prato principal era um filé mignon ao molho de aspargos
e rodelas de cenoura que Diana comeu com vontade. A gravidez a deixava
faminta e a tortinha com frutas vermelhas dera o toque especial ao almoço.

- Estava uma delícia! – ela exclamou satisfeita e passou a mão no


ventre – Acho que eles também gostaram. – riu.
- Fico feliz que esteja se alimentando. A Dra. Perkins foi categórica
sobre sua alimentação.
- Eu sei. Eu também estou cuidando muito para sempre comer
coisas saudáveis e me alimentar bem.
- Ótimo! – ele exclamou e beijou-lhe os nós dos dedos.
- Eu preciso ir ao banheiro.
- Quer que eu te leve até a porta?
- Por favor. – sorriu.

Anthony se levantou e levou-a pela cintura até a porta do banheiro


feminino. Ela entrou e ele ficou do lado de fora com as mãos nos bolsos
esperando a esposa. O banheiro era todo em mármore claro da cor marfim e
as bicas douradas davam um charme à decoração. Diana retocou à
maquiagem logo após usar o toalete e uma mulher de cabelos castanhos
cortados à altura do ombro apareceu saindo de uma das cabines e olhou-a
com os grandes olhos verdes.

- Diana Walsh... – ela disse olhando-a de cima a baixo sem querer


disfarçar – Quem diria, finalmente te encontrei.
- Eu te conheço? – olhou-a levantando uma das sobrancelhas.
- Não, mas faço questão de me apresentar. – estendeu uma das
mãos – Jennifer Bonnet.
- Acho que não preciso me apresentar, afinal, você parece me
conhecer bem. – Diana voltou a retocar a maquiagem sem apertar a mão da
morena.
- Quanta hostilidade com a ex-namorada do seu marido. – olhou-se
no espelho.
- Não me interessa essa informação. – fechou a embalagem do
gloss e abriu a bolsa para guardá-lo.
- E que tal essa informação? – ela continuava falando de maneira
insolente – Fiquei sabendo que está grávida e dizem por aí que uma gravidez
destrói o corpo de uma mulher.
- Eu acho que tenho uma informação que acredito que você não
saiba. – Diana passou a mão nos cabelos e olhou-a – Não estou preocupada
com meu corpo por conta da gravidez, eu cuido dele muito bem. – mordeu o
lábio e soltou-o – Assim como Anthony, e é por isso que estou grávida.
Divirta-se na festa.

Saiu do banheiro sorrindo e Anthony olhou-a de maneira curiosa,


com certeza não estava entendendo qual o motivo que a fez sair tão sorridente
do banheiro.

- O que aconteceu lá dentro que te deixou sorrindo desse jeito? –


perguntou curioso e colocou as mãos sobre a cintura dela.
- Conheci uma das suas ex-namoradas. – pousou as duas mãos
sobre o peitoral dele.
- O quê? – olhou-a confuso.
- Jennifer Bonnet.
- Ah, claro. – balançou a cabeça – Jennifer nunca foi minha
namorada, apenas saímos algumas vezes.
- E me parece que ela não ficou muito feliz depois que terminaram.
- Talvez não. – deu de ombros – Mas o que te fez sorrir tanto em
conhecê-la?
- Simples, Anthony. – tocou-lhe o rosto com a ponta dos dedos –
Não abaixei a cabeça para as ofensas dela. E acho que agora ela está se
perguntando em que posição os bebês foram concebidos. – riu – Venha,
preciso me sentar.
- Falando em conceber, não vejo a hora de voltarmos para casa. –
ele comentou enlaçando-a pela cintura – O decote do seu vestido está dando
asas à minha imaginação.

Ela não disse nada, apenas riu. Adorava quando Anthony estava
daquele jeito relaxado, sem o olhar frio e os comentários secos. Sentaram-se a
tempo de assistir o começo do leilão. Uma obra de arte a interessou e ele deu
lances até arrematar a peça. Diana agradeceu contente, fora muito dinheiro
gasto, mas saber que era um leilão beneficente fazia tudo o que foi gasto
valer a pena.

Anthony dirigiu apressado até em casa e assim que entraram na sala


de estar, ele a agarrou pela cintura e beijou-a com intensidade. Diana gemeu
entre os lábios dele e se agarrou aos seus cabelos enquanto ambos
caminhavam agarrados até a escada. Anthony alisava todo o corpo dela
sentindo as curvas e Diana sentia o vestido subindo um pouco de acordo com
os movimentos.

- Ruth pode nos ver... – ela sussurrou entre o beijo sentindo a mão
dele apertar sua bunda.
- Não importa.

Ele a pegou no colo e os sapatos dela caíram pela escada enquanto


ele ia apressado até o quarto onde a deitou na cama. Com extrema rapidez e
dedos ágeis, Anthony retirou o paletó e a camisa, debruçando-se sobre Diana
e beijando-a novamente. A mão deslizou sobre seu corpo até sua coxa e
voltou subindo o vestido. Ele sentiu a meia três quartos e sorriu malicioso
olhou-a em seguida.

- Meias? – perguntou passando o polegar sobre a renda fina.


- Não gostou? – olhou-o nos olhos com a respiração um pouco
ofegante.
- Adorei, Diana. – respondeu com o mesmo sorriso – Faça isso
mais vezes.

Sem mais perder tempo, ele retirou o vestido dela e abocanhou um


dos seios enquanto uma das mãos a livrava da calcinha. Anthony não retirou
as meias que ela estava usando, achava aquele detalhe extremamente sexy e
deixou que Diana mesmo com dificuldade retirasse sua calça e sua cueca.
Penetrou-a logo em seguida e ambos gemeram descontrolados enquanto os
corpos alcançavam um único ritmo. O suor molhava a pele e as respirações
estavam ofegantes. Anthony explodiu dentro dela logo após Diana atingir o
orgasmo e ambos passaram o resto da tarde na cama abraçados enquanto
cochilavam.
Capítulo 30

Anthony estava no escritório da mansão revisando o caso do


roubo em sua empresa, que havia sido solucionado naquela semana,
procurando alguém para substituir o chefe do departamento de designer, que
já estava preso e esperava seu julgamento. Ele passou a mão no rosto e ouviu
o telefone tocar, pegou o aparelho logo em seguida e atendeu.

- Walsh. – disse com a voz fria e rouca.


- Sr. Walsh, me desculpe incomodar, mas preciso lhe comunicar
algo sobre sua esposa. – disse um dos seus funcionários do outro lado da
linha.
- O que aconteceu? – ajeitou-se na cadeira ficando curioso.
- Aqui é o Thompson, o gerente da gráfica. Eu sei que o senhor já
permitiu que a Sra. Walsh viesse até aqui e escolhesse alguns livros, mas
achamos que deveríamos informá-lo de que essa semana ela pediu três caixas
de livros, com cerca de trinta livros cada. Ela pediu para que colocassem
dentro do carro e foi embora. Achamos importante contar ao senhor já que
ela sempre retirou apenas um ou dois livros.
- Obrigado, Thompson. Está fazendo um ótimo trabalho.
- Eu que agradeço, Sr. Walsh.

Diana estava sentada na varanda do quarto alisando sua barriga e


aproveitando o sol daquela manhã de sábado. Ao seu lado em uma mesinha
estava uma tigela de vidro com morangos cobertos de chocolate e ela comia
com extrema vontade, saciando seu desejo de grávida. Anthony apareceu na
varanda com uma expressão séria e cruzou os braços quando parou à sua
frente bloqueando os raios de sol deixando-a no escuro da sombra. Olhou-o
curiosa com a postura dele, mas não disse nada. Esperou até que ele se
pronunciasse.

- Fiquei sabendo que você saiu da gráfica com três caixas de livros.
Não que eu me importe com a quantidade em si e sim com o que você fez
com tantos livros. – ele começou a falar sem desviar o olhar.
- Como ficou sabendo? – mordeu o lábio inferior se sentindo um
pouco insegura.
- Sou o dono da editora, Diana. Eu sei o que acontece na minha
empresa e o que acontece com minha mulher. – bufou ficando sem paciência
– Pode responder a minha pergunta?
- Sim. – balançou a cabeça devagar – Eu doei para caridade.
- O quê? – olhou-a confuso.
- Bem, eu conheci uma mulher na aula de culinária que é voluntária
em uma oficina para jovens. Lá eles tem algumas aulas de graça e há pouco
tempo começaram um clube de leitura, com o acompanhamento de uma
jovem que estuda Literatura. – explicou – Eu não comentei nada porque achei
que você fosse reclamar ou algo do tipo.
- Diana... – ele suspirou parecendo aliviado – Reclamar por causa
disso? É claro que não! – agachou-se ainda de frente para ela – Eu só achei
estranho você querer tantos livros e nenhum deles estar aqui em casa, mas
achei nobre a sua atitude. – alisou o braço dela.
- Obrigada. – sorriu.
- Ruth está preparando o almoço, vamos comer no jardim. –
levantou-se – Se importa?
- Não, eu gosto de comer lá fora.
- Vou voltar para o escritório, nos vemos no almoço.

Ele saiu da varanda e Diana colocou a mão sobre a barriga já


arredondada. Estava com três meses de gravidez e cada dia que passava
ficava mais ansiosa para ver o rostinho deles. Na segunda iria à consulta e a
Dra. Perkins para saber o sexo dos bebês. Não tinha preferência, apenas
queria ter certeza se esperava meninos ou meninas. Não via a hora de sair e
comprar as roupinhas e decorar o quartinho. Tinha diversas ideias e falaria
com um decorador assim que tivesse certeza do sexo dos bebês. O celular
tocou e ela deixou os pensamentos de lado. Estendeu a mão e pegou o
aparelho olhando no visor o nome da cunhada.

- Oi, Rachel. – atendeu se recostando novamente à cadeira.


- Diana, quanto tempo! – exclamou a voz animada da cunhada do
outro lado da linha – Tudo bem com você e meus sobrinhos?
- Sim, tudo ótimo. – sorriu e passou a mão livre sobre o ventre – E
com você?
- Tudo bem sim. Liguei pra te chamar pra darmos umas voltas no
shopping semana que vem.
- É uma ótima ideia.
- Então depois eu te ligo para marcarmos melhor. Agora preciso ir,
tenho algumas coisas a fazer. A empresa anda cansando minha beleza. – riu –
Cuide-se, Diana.
- Você também, Rachel. Até mais!

Na hora do almoço, ela desceu para o jardim e viu Anthony sentado


à mesa bebendo uma taça com água. Sorriu para ele e se sentou em uma
cadeira à sua frente.

- Rachel me ligou para marcarmos de ir ao shopping.


- Eu fico feliz que vocês duas tem se dado bem. – colocou a taça
sobre a mesa – Segunda irei ao escritório de manhã, mas à tarde estarei em
casa. Tenho assuntos a resolver fora da empresa.
- Que pena você não ir à consulta comigo. – disse um pouco
desapontada – Segunda vou pegar o resultado do exame para saber o sexo dos
bebês.
- Eu ficarei sabendo assim que você chegar em casa.
- Tudo bem. – olhou para trás – Estou com fome, onde está Ruth?
- Foi buscar o almoço. Eu sei que está com fome, a gravidez está te
deixando faminta e fico feliz que esteja se alimentando bem.
- Esses bebezinhos deixam a mamãe louca. – sorriu e colocou as
mãos sobre a barriga.

A segunda-feira amanheceu ensolarada e Diana voltava do


consultório radiante pensando sobre seus bebês. Estava esperando dois
meninos e não via a hora de contar para Anthony não somente aquilo, mas
sobre a batida que dera na traseira do carro enquanto dava ré na garagem de
casa. A lataria ficara um pouco amassada, mas como já estava atrasada para a
consulta, ela não se preocupou em chamar um táxi e saiu de casa assim
mesmo. Anthony não ia ficar muito satisfeito com aquilo, mas tentaria não se
importar e dar mais atenção à novidade sobre os bebês.
Entrou na mansão animada e Ruth lhe avisou que Anthony havia
chegado e subira direto para o quarto. Diana subiu as escadas e entrou vendo
o marido de cueca branca recém-saído do banho, com os cabelos molhados e
fumando seu cigarro tranquilo sentado na poltrona de couro.

- Oi, Anthony. – sorriu – Tenho novidades! – exclamou a animada


fechando a porta atrás de si.
- Que bom que chegou, eu também tenho novidades, mas não é o
momento de contar-lhe.
- Primeiro a minha. Estou esperando dois meninos! – contou quase
gritando – Não é um máximo?
- Dois meninos? – ele levantou-se logo após apagar o cigarro no
cinzeiro sobre a mesinha do lado – Essa é a melhor notícia que poderia me
dar. Dois herdeiros para a Walsh Publishing House. – puxou-a pela cintura e
lhe deu um beijo rápido nos lábios – Sou um homem de sorte.
- Sim, você é! – respirou fundo aproveitando que ele ficara
contente com a notícia para contar sobre o pequeno acidente com o carro –
Preciso contar outra coisa.
- Que não me parece muito boa dada a sua expressão. – olhou-a
levantando uma das sobrancelhas – O que houve, Diana?
- Eu bati com a traseira do carro. – mordeu o lábio inferior com
força exagerada.
- Você o quê? – arregalou os olhos – Como?
- Eu fui dar ré e acabei calculando mal a distância e bati com a
traseira do carro na coluna da garagem. – colocou as mãos sobre os braços
dele – Me desculpa, por favor. Eu amassei a lataria.
- Diana, não estou preocupado com a porra da lataria, estou
preocupado com você! – aumentou um pouco o tom de voz – Pode ser sido
algo bobo, mas também poderia ter sido algo grave. E se acontece algo com
você ou os bebês? Tem noção? – passou a mão no rosto claramente nervoso –
Você vai ter um motorista a partir de amanhã.
- Não, Anthony! Foi só um descuido.
- Não interessa o motivo. – balançou a cabeça – Eu vou pedir para
um dos motoristas da empresa vir para cá. Será seu motorista particular e não
quero ouvir nenhuma objeção! – ela ficou calada e cruzou os braços – Ótimo!

Ela não pode dizer mais nada a não ser aceitar, afinal, era ele quem
mandava naquela relação, assinara um contrato onde deixava Anthony
decidir tudo. Passou o resto do dia lendo alguns livros de culinária pensando
na receita que iria preparar para uma das aulas onde a professora lançara um
desafio que consistia em preparar um prato usando frango.
Capítulo 31

Já no dia seguinte, o motorista que Diana chamara da empresa


estava na mansão pontualmente às sete da manhã. Gregory Clarke devia ter
cerca de cinquenta anos e era alto e magro. Usava um terno preto e gravata
preta contrastando com uma gravata fina branca. Tinha sotaque inglês e se
portava muito formalmente. Era educado e não podia negar, não precisar
dirigir até que a agradava um pouco alguns dias. Diana fora para uma das
suas aulas de culinária e se surpreendeu ao ver Anthony em casa na hora do
almoço.

- O que faz aqui? – perguntou a ele assim que entrou no quarto.


- Resolvi vir para casa mais cedo, preciso de um pouco da paz do
meu escritório. E aproveitando que está aqui, preciso falar com você.
- Sobre o quê?
- Amanhã vamos encontrar uma corretora de imóveis e ver uma
casa em Scarsdale.
- Por quê?
- Porque quero sair do centro de Nova York, Scarsdale é uma
vizinhança da alta sociedade bastante residencial, é um excelente lugar para
os meninos serem criados.
- Espera só um minuto. – estendeu a mão pedindo calma a ele –
Para os meninos serem criados? Como assim? Você sabe que nosso
casamento não vai durar muito.
- Eu sei, Diana. – respondeu sem desviar o olhar – E eu não estou
nem um pouco preocupado com isso no momento. Os bebês vão nascer
quando ainda estivermos casados e quero que eles sejam criados em uma
vizinhança tranquila.
- Quando nosso casamento terminar eles vão morar comigo,
Anthony. É isso que importa!
- Diana, não começa...
- Não começar o quê? Você não está pensando em ficar com a
guarda deles, está?
- Eu não vou discutir isso com você agora. – virou as costas indo
em direção ao banheiro.
- Ah, você vai sim, Anthony Walsh! – ele disse quase gritando –
Você não é louco de tirar eles de mim, eu sou a mãe!
- E eu sou o pai. – virou-se e olhou-a.
- Não me interessa, você sabe muito bem que os filhos,
principalmente pequenos, devem estar com a mãe!
- Eles são tão meus quanto seus, Diana.
- Eu sei muito bem disso, mas eu sou a mãe, eu que estou
carregando comigo e qualquer juiz em sã consciência daria a guarda a mim.
Você teria seu tempo com eles, mas eles viveriam comigo.
- Diana, esqueça esse assunto! – disse se alterando – Amanhã nós
vamos ver essa maldita casa quer você queira ou não!
- Por que eu tenho que ir se é você quem vai viver lá e não eu?
- Porque eu quero que você vá!
- Você só pensa em você mesmo, é um egoísta!
- E você é obrigada a me aturar caso não queria terminar sem
nenhum centavo no bolso!
- Até quando vai me jogar na cara seu maldito dinheiro?
- Até quando você depender dele! Agora me deixe em paz porque
tenho muito que fazer.

A passos largos ele entrou no banheiro e bateu a porta com força.


Diana estava extremamente irritada com a ideia absurda dele e resolveu dar
uma volta no shopping já que não podia ir até a casa de Elisa já que esta
deveria estar ensaiando e precisava estar em qualquer lugar sem a presença
egoísta do marido. Gregory rapidamente pegou as chaves do carro andando
apressado e de maneira um pouco rígida, abriu a porta com seu cavalheirismo
robotizado e se sentou no banco do motorista.

- Me leve até o shopping mais próximo, Gregory.


- Claro, madame.

Rapidamente já estava cruzando as ruas movimentadas de Nova


York tentando a todo custo esquecer a atitude de Anthony. Caminhar pelo
shopping era o melhor a fazer para se distrair e ficar longe do marido antes de
que pulasse no pescoço dele.
No estacionamento do shopping, Gregory parado ao lado do carro
esperando por Diana na hora marcada. Passaram-se dez minutos, vinte
minutos, meia hora e nada dela voltar. Já estava ficando nervoso,
provavelmente ela perdera a hora, então resolvera tentar ligar para o seu
celular. Não julgava correto ligar para o celular da sua patroa, mas aquilo era
necessário. Foi direto para a caixa postal o que deixou ainda mais tenso.
Precisava entrar e procurá-la, pelo menos em um andar. Gregory rodou,
entrou em algumas lojas e nada de encontrar Diana, voltou para o carro e
nenhum sinal dela. Precisava ligar para Anthony, era o único jeito. Respirou
fundo com medo da reação do patrão.

- Alô? – Anthony atendera logo no segundo toque.


- Sr. Walsh, vim buscar a Sra. Walsh e não a encontro. Estou há
quase quarenta minutos esperando por ela e nada. Tentei o celular e deu
desligado, não sei mais o que fazer. – explicou nervoso.
- Como assim Diana sumiu? – ele perguntou alterando o tom de
voz.
- Me desculpe, Sr. Walsh. Eu cheguei dez minutos antes da hora
marcada, fiquei esperando e nada dela aparecer.
- Céus, onde minha esposa se meteu? – disse em tom de voz alto,
perguntando mais para si mesmo do que para obter resposta – Gregory, faça o
seguinte. Espere mais vinte minutos e depois venha para casa, daremos um
jeito. Qualquer coisa ela volta de táxi.
- Certo, senhor.

Anthony desligou o celular e colocou-o dentro do bolso sentindo-se


irritado. Levantou-se apressado e foi até a sala de estar, precisava de um copo
de uísque. Encheu-o até a metade e tomara tudo quase de uma só vez
revoltado com a atitude de Diana de não aparecer. Ruth caminhou até ele
logo após descer as escadas, mas Anthony não olhou-a.

- Sr. Walsh, com licença. – chamou-o de maneira educada – A Sra.


Walsh não me disse o que deveria cozinhar para o jantar então resolvi
perguntar ao senhor.
- Faça uma sopa qualquer, Ruth. A Sra. Walsh não está em casa e
não sei a que horas volta porque não perdeu a péssima mania de deixar o
celular desligado. – ele respondera desabafando sua raiva.
- Aconteceu algo com ela? – perguntou em um tom de voz
preocupado.
- Eu não sei. – encheu novamente o copo – Diana simplesmente
sumiu. – bebeu de uma só vez o uísque.

O celular tocou e ele suspirou irritado, viu o número de Diana no


visor e atendeu rapidamente.

- Diana? – ele ia bombardeá-la com suas palavras quando fora


interrompido por uma voz desconhecida.
- Walsh. – dissera um homem do outro lado da linha com a voz
tranquila, mas séria – Tenho um recado para lhe dar: acabei de sequestrar sua
linda esposa e estando grávida ela está valendo muito mais.
- O quê? – perguntou sentindo as pernas fracas, apoiou a mão na
parede ficando pálido e deixando Ruth preocupada.
- Isso mesmo, sua esposa está comigo e a prova disso é que fiz
questão de ligar do celular dela. Darei um tempo para você processar a
informação e fique calmo, só farei algo à ela se você não agir conforme o
combinado. Em breve ligo para dizer o quanto quero em troca para você ter a
bela Diana de volta. Não seja estúpido, Walsh. Não coloque a polícia no meio
disso, você não vai gostar do resultado, acredite.
Capítulo 32

Antes que pudesse dizer algo ou reagir, a ligação fora finalizada e


Anthony permaneceu na mesma posição largando o copo já vazio fazendo
com que esse se espatifasse no chão provocando um grande barulho e
quebrando em vários pedaços. Ruth se assustou com o olhar vago do patrão,
como se Anthony estivesse fora de órbita. Era a primeira vez que o via
daquele jeito, afinal, sempre fora tão controlado.

- Sr. Walsh? O que aconteceu? – perguntou ficando desesperada


vendo o patrão pálido e sem reação.
- Diana foi sequestrada, Ruth. Minha mulher está correndo perigo.
– ele disse com o olhar vazio, como se tivesse fora de si.
- Oh, meu Deus! – exclamou aterrorizada.
- Não posso chamar a polícia, seria por a vida de Diana em risco. –
guardou o celular no bolso – Ele quer dinheiro, Ruth. Não sei quanto tempo
vai durar até ele entrar em contato, enquanto isso Diana está sabe-se lá onde.
– apertou os olhos com as palmas das mãos – Ela está grávida...
- Sr. Walsh, o senhor precisa sentar. Eu vou pegar um copo de água
com açúcar, a Sra. Walsh vai ficar bem. Eu vou rezar muito e tudo vai dar
certo. – segurou-o pelo braço em uma atitude que nunca tivera, mas aquele
momento era excepcional e precisava cuidar do patrão, levando-o para se
sentar.

Rapidamente Ruth foi à cozinha e encheu um copo com água e


algumas colheres de açúcar e voltou para a sala onde o entregou a Anthony
que tremia um pouco e balançava o líquido dentro do copo. Ele bebeu três
goles e deixou o copo sobre a mesa de centro. Estava arrasado, sua mente
dava voltas e tudo o que conseguia pensar era o q poderia estar acontecendo
com Diana.

- Sr. Walsh... – Ruth o chamou.


- Preciso ligar para minha família, para o pai de Diana, para Elisa...
– passou a mão no rosto – Meu Deus, eu não sei o que farei se algo de mal
acontecer com ela.
- Pode apostar que tudo vai dar certo. Eu vou rezar muito por ela.
- Obrigado, Ruth.

Os olhos de Anthony eram tristes, sua vontade era de sair como um


louco na rua procurando pela esposa em cada canto. Não se perdoava pelo
que acontecera, se estivesse com ela... Ele fechou os olhos com força, não
queria pensar em possibilidades, Diana estava correndo perigo e precisava
fazer algo para acabar logo com essa tortura. Ligou para todos e Rachel foi a
primeira a chegar. Correu em direção ao irmão e o abraçou. Ela estava
visivelmente preocupada e acariciou os cabelos do irmão tentando passar
algum conforto.

- Tony, eu vim o mais rápido que pude. – olhou-o – Eu tenho


certeza de que tudo vai ficar bem. Eu só sairei daqui quando Diana estiver sã
e salva.
- Estou desesperado, Rach. – fechou os olhos – Eu não posso
pensar em como ela está se sentindo agora. Isso me deixa totalmente de mãos
atadas, não posso fazer nada para trazê-la de volta agora, só esperar.

Elisa foi a segunda, chegou correndo com os olhos arregalados de


expectativa e um brilho de preocupação. Anthony desviou o olhar, se
entreolharam, mas o silêncio que pairou foi confortador para ele. Podia ver
nos olhos escuros da morena que ela estava ali para ser solidária e não o
culparia pelo que acontecera. Fernando chegou logo em seguida, estava
desesperado e a expressão em seu rosto denotava aflição.

- Onde está minha filha? – ele entrou na sala de estar a passos


largos.
- Eu estou esperando por um novo contato.
- Se algo acontecer à ela eu mato você entendeu? – Fernando
segurou Anthony pelo colarinho da camisa, mas a atitude agressiva não o
intimidou.
- Eu quero Diana sã e salva tanto quanto você, e não vou medir
esforços para trazer minha mulher de volta.
- É mesmo? – Fernando perguntou de maneira irônica sabendo toda
a verdade sobre o casamento da filha com ele.
- Pode ter certeza que sim. – Anthony se desvencilhou com
violência.
- Por favor, não é hora para brigarem. – Rachel se meteu puxando o
braço do irmão – Precisamos nos manter unidos e passar calma uns para os
outros. Todos querem que Diana fique bem e eu sei Anthony fará até mesmo
o impossível para que isso aconteça. Todos estão com os nervos à flor da
pele, mas vamos tentar manter a calma porque brigar agora não vai adiantar.
- Rachel tem razão. – Fernando disse passando as mãos nos cabelos
grisalhos – Precisamos nos concentrar em trazer minha filha.
- E eu vou trazer Diana de volta, nem que pra isso eu tenha que dar
a minha vida. – Anthony disse decidido – Pode apostar que ela estará aqui em
casa sã e salva.

Anthony estava confiante, mas ao mesmo tempo o medo que o


consumia era terrível. Desabou no sofá sem encontrar forças para conseguir
se manter de pé. Afundou a cabeça nas mãos e ficou naquela posição por
longos minutos sem saber ao certo quanto tempo ficara assim. Só levantou a
cabeça quando ouviu a voz da mãe chamando-o enquanto corria batendo os
saltos do sapato no piso da sala de estar.

- Anthony, meu amor. – ela se sentou ao lado do filho – Eu e seu


pai viemos correndo. Me conte o que aconteceu direito, estou totalmente
perdida.
- Eu também estou, mãe. – voltou a afundar o rosto nas mãos –
Diana foi sequestrada, está sabe-se lá onde e eu estou aqui sem poder chamar
a polícia e esperando uma nova ligação.
- Você precisa de um copo de água com açúcar. – alisou as costas
dele – Ruth, traga um copo para Anthony e uma vela. Vamos rezar para que
tudo dê certo.
- Não vou me perdoar se algo acontecer com ela ou com meus
filhos.
- Não fale assim, Anthony. – Victor disse em pé ao lado da filha –
Todos vão ficar bem, vamos pensar positivo.
- Preciso falar com Taylor, vou precisar dele aqui. Com certeza vão
me pedir um bom dinheiro, vou precisar da ajuda dele para conseguir o
dinheiro tão rápido com o banco.

Fez a ligação para o advogado que rapidamente se prontificou a ir


até a mansão. Anthony estava com o olhar perdido, água com açúcar não o
acalmava e a cada minuto que passava sentia seu coração se sufocando mais.
Alexandra foi com Ruth até o quarto e acenderam uma vela próxima à
imagem de uma santa que a governanta mantinha sobre a cômoda. Rachel
ficou sentada em um dos sofás olhando para o iPhone angustiantemente
silencioso que Anthony havia deixado sobre a mesa de centro.

- Por que esse filho da mãe escolheu a minha mulher? – Anthony


perguntou com a voz áspera exalando irritação.
- Isso foi uma ação planejada, Anthony. – Victor falou ainda de pé
com as mãos nos bolsos da calça de brim – Ninguém ia simplesmente olhar
Diana na rua e decidir sequestrá-la. É alguém que deve estar planejando isso
desde que vocês se casaram e achou que agora que ela está grávida, é a
melhor oportunidade de conseguir de você o que pedir.
- E ele vai ter. – levantou-se e enfiou a mão no bolso para tirar o
maço de cigarros, era a melhor forma de tentar ficar menos nervoso – Eu não
posso me dar ao luxo de por a vida de Diana mais em risco do que já está.
- Filho, quando tudo isso passar. Vamos falar com a polícia. –
colocou a mão sobre o ombro dele.
- Taylor chegará em breve e como advogado ele deve ter uma visão
melhor das coisas.
- Tony, eu acho que você deveria falar com a polícia. Eles precisam
saber. Nem que um policial fique à paisana dando cobertura à toda essa
situação. Escutas telefônicas, rastreadores, eu não sei. – Rachel opinou e fez
Anthony olhá-la antes de acender o cigarro que estava preso entre os lábios,
retirando-o em seguida.
- Tenho medo de que algo dê errado. Não quero correr riscos.
- Pense sobre isso, Anthony. A polícia sabe o que fazer.

Ele ficou quieto, acendeu seu cigarro e tragou fundo a fumaça


tentando se acalmar com o gesto. Anthony fechou os olhos devagar e conteve
a vontade de gritar. Por que aquilo estava acontecendo com ele? Precisava de
uma bebida, aquela espera era uma tortura. Encheu um copo de uísque até
quase a borda e bebeu de uma vez só até a metade. As duas mãos estavam
ocupadas e ele olhava um ponto fixo na parede com a mente dando voltas.
Alexandra voltou para a sala de estar e Anthony nem sequer se dera conta.
- Filho, você precisa comer alguma coisa.
- Não, mãe. Eu não quero comer. EU QUERO MINHA ESPOSA
AQUI! – gritou a última frase assustando quase todos que estavam na sala.
- Anthony, se acalme! – Victor chegou perto dele e colocou a mão
em seu ombro – Ele vai ligar, pedir o resgate e tudo vai dar certo.

O celular tocou e todos se alarmaram olhando para o aparelho


rapidamente de maneira tensa. Anthony largou o cigarro que caiu ao chão e
se adiantou atendendo a ligação enquanto todos o olhavam apreensivos.

- Alô?
- Walsh, vou direto ao assunto. Quero quinze milhões de dólares
em troca da sua esposa. Tenho certeza que isso nem vai doer no seu bolso.
Quero cinco milhões em notas de cem e dez milhões em notas de cinquenta.
Amanhã à noite faremos a troca, sem gracinhas e sem enrolação, Walsh. Se
não eu apago a sua esposa antes mesmo que você consiga piscar. – disse a
voz desconhecida do outro lado – Amanhã à tarde eu aviso onde será a troca.
- Eu quero falar com ela! – disse em tom de desespero – Eu preciso
falar com minha mulher!
- Você tem dez segundos.
- Anthony... – a voz de Diana soou baixa, mas era clara suficiente
para ele, ouvir a voz dela pareceu fazer o sangue dele correr mais acelerado
em suas veias e uma faca atravessar seu peito – Me ajuda...
- Diana, meu amor, eu prometo que você vai voltar! Eu farei de
tudo para você estar aqui sã e salva!
- Você entendeu o recado, Walsh. – O sequestrador tomara o
celular dela voltando a falar de maneira ríspida – Amanhã à noite quero o
dinheiro ou não verá sua mulher novamente.

Antes que pudesse dizer algo, a ligação foi encerrada e Anthony


sentiu a raiva tomar conta de si. O copo de uísque ainda pela metade fora
arremessado sem dó contra a parede provocando um som agudo de vidro se
quebrando em vários pedaços e fazendo com que o líquido voasse pela sala
de estar durante o trajeto até a parede.

- DESGRAÇADO! – gritou com a veia do pescoço saltando.

Anthony seria capaz de matar o responsável pelo sequestro de


Diana. Precisava com urgência levantar o dinheiro no banco e agora mais do
que nunca precisava de Taylor. Suas mãos tremiam, suavam frio, o desespero
era palpável àquela altura. Alexandra se aproximou dele preocupada com o
estado do filho, que estava com os nervos à flor da pele.

- Anthony, acalme-se antes que você acabe passando mal com


tamanho nervoso. – segurou o braço dele – Vá tomar um banho.
- Eu não quero um banho, mãe. Eu não tenho cabeça para mais
nada além de pensar no dinheiro que preciso para resgatar Diana.
- Quanto ele pediu? – Victor perguntou enquanto Ruth passava ao
seu lado com uma vassoura na mão para limpar o estrago feito pelo copo.
- Quinze milhões. – respondeu passando a mão no rosto – Dez
milhões em notas de cinquenta e cinco milhões em notas de cem. Preciso
ligar para o gerente do banco.
Capítulo 33

Dez minutos depois, Taylor entrava a passos largos na sala de


estar. Anthony rapidamente explicara toda a situação e o advogado o
aconselhara a avisar à polícia de que Diana havia sido sequestrada. Para
evitar algum alarde com a imprensa e com a própria autoridade, ele sugeriu
que seu amigo que era inspetor ficasse à frente do caso para monitorar todos
os passos enquanto acontecia toda a negociação e após Diana ser liberada, as
investigações poderiam começar até encontrarem o criminoso. Anthony
concordou e cerca de uma hora depois o inspetor García chegara à mansão
vestindo uma jaqueta de couro preta sobre uma camisa cinza e uma calça
jeans um pouco surrada. Devia ter cerca de quarenta anos e era apenas alguns
centímetros mais baixo que Anthony. Tinha a expressão um pouco cansada,
mais por conta do trabalho exaustivo do que por desgaste físico. Os cabelos
eram um pouco grisalhos nas laterais e a barriga um pouco arredondada
demonstrava que devia se entupir de café e rosquinhas. Taylor garantiu que o
inspetor era bastante experiente e astuto. Anthony pode notar sua perspicácia
assim que o inspetor lhe fizera algumas perguntas e deu seu parecer.

- Com certeza esse sequestro é produto de muito planejamento.

García disse segurando a xícara de café que Ruth acabara de servir


acompanhado de alguns biscoitos para que todos pudessem comer pelo
menos alguma coisa, já que nenhuma refeição decente seria capaz de atiçar a
fome de qualquer um dos presentes naquela sala. O nervosismo tirara o
apetite de todos.

- Não tem nenhum inimigo Anthony? – o inspetor perguntou se


servindo de um dos biscoitos amanteigados de Ruth.
- Um funcionário roubou vinte milhões da minha empresa, mas já
foi detido. Acho que não tem relação com o sequestro da minha esposa.
- De qualquer forma, vou verificar. Preciso do nome do
responsável.
- Hugo Ashford. – respondeu sentindo raiva apenas em pronunciar
seu nome.
- Vou pedir uma verificação sobre a ficha dele.

As horas se arrastaram e Anthony estava cada vez mais arrependido


de ter brigado com Diana por conta da casa que pretendia comprar. Se não
tivessem discutido, ela não sentiria vontade de estar longe para evitar mais
uma briga e não sairia de casa para ir ao shopping. García conversou com
Gregory sobre o fato de que ele pudesse ter notado alguma movimentação
estranha quando levou Diana ao shopping, mas ele disse que não havia
percebido nada diferente. Anthony não dormiu durante toda a madrugada, o
coração acelerado e os nervos à flor da pele, os Walsh cochilaram um pouco,
mas acordavam em seguida e caminhavam pela mansão bastante
preocupados.
Ruth preparava alguns lanches, trazia sucos, mas todos comiam
pouco. Taylor conseguira contatar o gerente apesar da hora e Anthony iria ao
banco antes do horário de abertura. O próprio gerente decidiu fazer a
transação com o menor número de pessoas possível dentro do banco.
Anthony estava exausto, mas não conseguia se desligar e apenas dormir.
Estava preocupado com a saúde de Diana, a gravidez precisava de bastante
cuidado e a situação poderia piorar tudo.
Assim que o sol nasceu, Anthony vestiu seu terno escuro com
camisa branca e gravata listrada em vários tons de azul. Precisava sair de casa
parecendo o mesmo empresário de sempre, não poderia sequer desconfiarem
de que algo acontecera com Diana. Queria que a noite chegasse logo para tê-
la de volta. A ideia de perdê-la era insuportável. Taylor foi sentado no banco
do carona durante todo o trajeto e García estava no banco de trás. Foram um
pouco mais de duas horas até assinar os papéis e ter todo o dinheiro contado e
arrumado em malas de couro. Quinze milhões em espécie estavam agora em
seu poder e em nenhum momento ele pensava naquele desfalque em sua
conta bancária. Em pouco tempo somara um saldo de trinta e cinco milhões
negativos, mas por sorte, tinha lucros suficientes e ações em várias empresas,
além dos vinhedos que lhe davam garantia de não ter nenhum tipo de
problema financeiro ou desfalque monetário por conta desses imprevistos.
Tudo o que queria era Diana em casa, sã e salva, com seus filhos em perfeito
estado.
O sequestrador fizera o contato dizendo que a troca seria feita em
uma construção inacabada em Hoboken, Nova Jersey às duas horas da
manhã. Anthony anotou o endereço com a mão trêmula e apenas conseguiu
ouvir a voz de Diana chamando-o quase em um sussurro como garantia de
que estava viva. O aperto em seu peito era enorme, o ar parecia lhe faltar, não
conseguia conter o nervosismo e cada hora que passava se sentia mais tenso e
desesperado. Afrouxou o nó da gravata e sentou derrotado no sofá.

- Tony, Ruth preparou esse prato para você. É um filé de frango


grelhado com molho de espinafre. É leve e acho que você precisa comer.
Todos comemos um pouco e você não comeu nada desde que chegou em
casa. – Rachel parou em sua frente segurando o prato – Coma, por favor.
- Eu estou sem apetite, Rach. – olhou para a irmã mostrando as
olheiras e os olhos avermelhados.
- Diana ficará bem. Você já tem o dinheiro, logo chegará a hora de
resgatá-la. Tudo vai dar certo. Ela e os bebês estarão bem.
- Certo. Vou comer um pouco.

Em silêncio, todos assistiram a luta que ele travava contra a falta de


apetite e o estômago enjoado por conta do nervosismo e estresse que estava
passando há praticamente vinte e quatro horas. Finalmente chegara uma da
manhã. A madrugada estava fria e Anthony se sentou no banco da Mercedes
sozinho. As maletas estavam no porta-malas e suas mãos suavam. Precisava
ver Diana, tocá-la, saber que estava realmente bem. García iria em um carro
um pouco atrás, estacionaria em um local seguro onde poderia ver o
sequestrador deixando o lugar e pudesse persegui-lo logo sem seguida.
Hoboken era uma cidade no estado de Nova York, bastante
populosa que no momento dormia. As ruas estavam praticamente desertas e
Anthony sentia as mãos cada vez mais suadas enquanto segurava o volante.
Tentaria transmitir calma, agiria com tranquilidade e teria Diana em seus
braços em poucos minutos. Ele parou o carro na beirada da calçada e desceu
do veículo sem pensar em que ponto García ficaria. Abriu o porta-malas e
pegou as maletas. A construção era bastante rústica e as paredes de concreto
transmitiam a frieza do local. Estava com alguns jornais rasgados no chão, o
que significava que provavelmente mendigos aproveitavam o local para se
abrigar. Anthony entrou vendo a pouca iluminação do local. Como não havia
janelas, as luzes da rua refletiam dentro deixando tudo um pouco escuro, mas
ele reprimia o medo que sentia por Diana no momento. Chegou em um salão
aberto e mais iluminado, com paredes quebradas que facilitavam a entrada da
luz. No fundo do local, estava Diana sentada em uma cadeira e amarrada
pelas mãos. Os cabelos tão bonitos agora eram apenas uma cascata lisa e um
pouco bagunçada.
Anthony sentiu um aperto tão grande que não conseguira reagir ao
vê-la naquela situação. Sua mulher parecia ainda mais frágil, a barriga
arredondada deixando claro que carregava seus bebês e o rosto pálido. Não
queria se lembrar dessa imagem debilitada dela, seu peito doía com força e o
coração batia rápido.

- Walsh, que bom. Bastante pontual. – disse o sequestrador


empunhando uma pistola – Vamos resolver logo esse impasse. Quero que
coloque as maletas perto daquele buraco. – apontou para um enorme buraco
na parede do lado direito – Vou soltar sua esposa e carregá-la comigo até o
meio do salão. Quero que volte para onde está. Vou soltá-la e pegar as
maletas e dar o fora daqui. Mostre o dinheiro. – Anthony abriu as maletas e
voltou a fechá-las – Ótimo. Agora vá, acelere o processo.

Sem dizer nada, ele apenas colocou as maletas no local indicado


sentindo o suor brotando em sua testa. Diana era o mais importante, não
queria fazer nada que pudesse por a vida dela em risco. Voltou para seu lugar
e viu o homem desamarrar sua esposa e carregá-la segurando seu braço até o
meio do salão. Diana praticamente cambaleava. Suas roupas pareciam sujas e
amassadas, seu cabelo despenteado e a maquiagem inexistente, mas ainda
sim era a visão que mais o agradava. Ela estava viva, caminhando e apenas
poucos metros os separavam.
O homem soltou-a empurrando-a na direção do marido, correndo
até as maletas e saiu apressado pelo buraco sumindo na escuridão da noite.
Diana foi até ele, cambaleando e Anthony se adiantou para abraçá-la com a
força que lhe era permitida por conta da barriga já arredondada da esposa. As
lágrimas brotaram nos olhos de Diana de maneira instantânea molhando a
camisa branca dele, os dedos a agarravam pelas costas com tanta força que
Anthony se espantou com o fato dela ainda ter energia suficiente para aquilo.
Nenhum dos dois disse nada. Diana passara o pior dia de sua vida,
a todo momento com medo de que pudesse morrer e algo de ruim acontecesse
com seus filhos. Não podia se imaginar longe de Anthony, fora o momento
em que percebera que estava irremediavelmente apaixonada por ele. Apesar
do jeito controlador, grosso e manipulador, aquele era o homem que lhe dera
dois filhos e que amava de maneira tão intensa que sua vontade de voltar para
casa se resumia no que estava fazendo agora. Abraçá-lo forte, sentir o calor
do seu corpo e a rigidez dos seus músculos.

- Anthony... – ela disse baixinho entre alguns soluços de desabafo –


Tive tanto medo...
- Eu prometo que nada vai acontecer a você novamente. – ele disse
com o nariz grudado em sua cabeça – Nada. – repetiu.
- Não fica longe de mim, por favor.

O pedido veio acompanhado de uma nova crise de choro de medo e


ao mesmo tempo, alívio. Diana estava tão apavorada que nem mesmo se dera
conta de que Anthony a chamara de “meu amor” e ele também não havia
percebido o que falara no dia anterior quando ouvira a voz dela ao telefone.
Nenhuma diferença entre eles, nenhum contrato e nenhuma briga era capaz
de tornar aquele momento menos importante e especial. Anthony afagou-lhe
as costas e em seguida pegou-a no colo colocando-a no banco do carona.
Diana abraçou a própria barriga e chorou baixinho durante o todo o trajeto e
apesar do emocional dela estar abalado, se sentia aliviada de estar ali com ele.
Era o único lugar onde se sentia protegida. Ele a levou primeiramente a um
hospital para exames emergenciais e por sorte, Diana e os bebês estavam
bem.

A mansão ainda era a mesma, o jardim ainda era o mesmo e ela


ficava espantada com o fato e que um dia longe daquele lugar fazia com que
parecesse que tinha ficado anos fora. As horas se arrastaram naquele cativeiro
sobre a pressão da palavra do sequestrador que todo o tempo a ameaçava
dizendo que seu marido não poderia falhar, senão ele a mataria e depois faria
o mesmo com ele. Nunca sentira um medo tão grande.

- Diana, meu Deus! – Alexandra foi a primeira a exclamar quando


viu o filho entrando na sala de estar com a esposa nos braços – Você está
bem querida?
- Sim. – disse baixinho com a cabeça recostada no peitoral do
marido.
- Ruth vai lhe preparar um lanche, precisa comer algo.
- Ela vai se alimentar, mãe. – Anthony disse olhando para a
matriarca – Peça para Ruth trazer o lanche para o quarto, vou dar um banho
em Diana.

Rachel, Fernando e Victor deram graças a Deus e lançaram olhares


de solidariedade a Diana que os recebeu de bom grado. Apesar de apreciar
toda a preocupação, vendo que até mesmo Taylor estava na sala de estar, a
única pessoa de quem precisava no momento era Anthony. Ele a levou até o
quarto e foi direto para o banheiro, também precisava de um banho e faria
isso juntamente com Diana. Colocou-a no chão devagar e retirou sua roupa
com cuidado. Ela estava fraca e ele precisava de calma. Logo em seguida
também retirou a própria roupa e foi para debaixo do chuveiro quente. Diana
soltou um gemidinho de alívio por sentir a água em seu corpo e abraçou o
marido apoiando a cabeça em seu peitoral.
Anthony passou o sabonete pelo corpo dela devagar, lavou-lhe os
cabelos e os enxaguou com cuidado. Diana estava adorando aquele carinho e
atenção, fazia com que tudo o que vivera de ruim fosse embora pelo ralo
junto com a água. Anthony lavou o corpo rápido e fechou o chuveiro. Pegou
uma toalha e envolveu o corpo da esposa beijando sua testa em seguida. Ele a
secou, vestiu-a com o roupão macio e carregou-a até a cama, deixando-a
deitada. Rapidamente voltou para o banheiro, secou o corpo e também vestiu
seu roupão.
Diana estava deitada na cama encolhida com uma das mãos sobre a
barriga. Ele se sentou e passou os dedos em sua bochecha. Tivera tanto medo
de perdê-la, jamais a deixaria correr tanto perigo novamente.

- Diana, preciso que coma e descanse agora. Você precisa. – ele


disse com a voz baixa e bem suave.
- Durma comigo, Anthony. – pediu baixinho e ele assentiu com a
cabeça.

Ouviram batidas na porta e Anthony liberou a entrada. Ruth trazia


uma bandeja com um copo de suco de laranja e um sanduíche de atum com
cenoura que era um dos preferidos de Diana. Ela deixou a bandeja sobre o
criado-mudo logo após afastar um pouco o abajur e olhou para a patroa.

- Fico feliz que esteja bem, Sra. Walsh. Eu rezei muito para dar
tudo certo.
- Obrigada, Ruth.
A governanta deixou-os a sós e Anthony ajudou Diana a se sentar e
se recostar em um travesseiro. Ela comeu metade do sanduíche e bebeu
alguns goles do suco. Anthony deixou tudo sobre a bandeja e se deitou com
ela abraçando-a e deixando que Diana apoiasse a cabeça em seu peitoral.
Ambos estavam exaustos e aliviados em estar ali, portanto pegaram no sono
rapidamente sentindo o calor do corpo um do outro e aquela sensação de
segurança.
Capítulo 34

A claridade que entrava pela fresta da janela com os raios de sol


cortando o quarto fizeram com que Diana acordasse. Gemeu sentindo um
pouco de dor nas costas quando se espreguiçou e percebeu que estava em seu
quarto, o quarto que dividia com Anthony. Aquele pesadelo realmente havia
acabado. Sentiu o lado da cama vazio, mas o lençol amarrotado era a
indicação de que Anthony dormira ali ao seu lado. Virou-se um pouco e
suspirou se sentindo realmente em casa. Lembrou-se de quando aquele lugar
lhe parecia desconhecido, mas agora já se acostumara àquela mansão.
Lembrou-se de quando Anthony lhe disse que pretendia comprar uma nova
mansão, que foi motivo de briga, mas agora ela pensava melhor no assunto e
se mudar dali não lhe era totalmente absurdo.
Sentou-se na cama e colocou a mão sobre a barriga arredondada.
Acariciou-a pensando se Anthony realmente ia querer a guarda deles,
deixando-a longe dos bebês. Precisavam conversar sobre aquele assunto, não
era algo que deixaria para resolver quando o contrato tivesse finalmente
terminado. Aquela era uma situação na qual não gostava de pensar. Sentia-se
segura com Anthony, queria estar ao lado dele e sabia que cometera um erro
ao se apaixonar.
A noite que passara longe do marido a fizera perceber que o amava.
Respirou fundo e se lembrou dos momentos de terror, do medo de não
sobreviver e de nunca mais ver Anthony. Será que seu sequestrador seria
detido? O que aconteceria com ela de agora em diante? Estava com medo de
sair sozinha, queria proteger a si mesma e aos filhos. A porta se abriu
distraindo-a e viu Anthony entrando vestido com uma calça de abrigo cinza
pendendo em sua cintura e o peitoral nu onde recostara sua cabeça na noite
anterior e se sentiu protegida. Ele estava com os cabelos molhados e a barba
por fazer o deixava extremamente sexy.

- Bom dia. – ele disse se aproximando com uma bandeja nas mãos
– Como está se sentindo?
- Com um pouco de dor nas costas. – viu-o se sentar na beirada da
cama e apoiar a bandeja sobre o colchão.
- Ruth preparou um café da manhã delicioso para você.
- Você já comeu?
- Sim. Estou acordado faz algum tempo.
- Que horas são?
- Um pouco mais de meio-dia. – tocou-lhe o rosto – Você precisava
descansar.
- Não sabia que tinha dormido tanto assim. – colocou a mão sobre a
dele – Obrigada.
- Pelo quê? – passou levemente o polegar sobre a bochecha dela.
- Por ter me tirado de lá. Por pagar uma quantia tão alta por mim. –
olhou para baixo – Eu nunca poderei agradecer o suficiente por ter salvado a
minha vida.
- Diana, eu faria até mesmo o impossível para te tirar de lá. –
segurou-lhe o queixo e fez com que ela o olhasse – Não precisa me
agradecer. – olhou para a bandeja – Agora coma.

Ela não disse nada, apenas bebeu alguns goles do suco e comeu
pouco mais da metade da panqueca com geleia de amora. Anthony ficou
satisfeito pelo que a esposa comera e desceu para colocar a bandeja na
cozinha. Diana tomou um banho devagar e se vestiu com uma calça de pano
roxa e um suéter da cor marfim. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e
calçou uma sapatilha preta.

- Bom dia, Sra. Walsh. Como está? – Ruth perguntou enquanto


trocava as flores do vaso na sala de estar.
- Estou melhor, obrigada por se preocupar, Ruth. – respondeu de
braços dados com o marido.
- Rezei muito pela senhora.
- Obrigada de coração. – sorriu para a governanta.

Depois de caminharem um pouco pelo jardim, aproveitando o sol,


Anthony a levou direto para o quarto e Diana caminhou até a varanda para
aproveitar melhor o sol da tarde. Olhou para o horizonte vendo o céu rosado.

- Precisamos conversar, Diana. – Anthony chegou por trás dela e


colocou as mãos sobre seus ombros massageando-os – Eu fiquei muito
preocupado com você.
- Eu posso imaginar. – fechou os olhos – Eu só queria voltar para
casa, eu senti tanto medo, Anthony.
- Não vai acontecer novamente. Eu prometo. – beijou-lhe o pescoço
suavemente – Não vou permitir que algo aconteça a você e aos nossos filhos.
- Pegaram o homem que me sequestrou?
- Sim. – passou a mão por seus braços sentindo a maciez da pele –
O inspetor García foi comigo até o local do resgate e seguiu cautelosamente o
criminoso. Ele tentava fugir da cidade e foi pego na Palisade Avenue perto do
Washington Park.
- Graças a Deus. – virou-se de frente para ele encontrando seus
lindos olhos castanhos – Lembra-se de quando me falou sobre a mansão que
queria comprar?
- Diana, não quero brigar novamente por conta desse assunto.
Vamos esquecê-lo.
- Não, Anthony. – colocou as duas mãos sobre o peitoral dele
sentindo o tecido grosso do suéter – Eu quero me mudar para lá.
- Sério? – olhou-a espantado – Você tem certeza?
- Sim. – balançou a cabeça em afirmação – Eu não quero mais ficar
no centro de Nova York, quero um lugar mais calmo para viver, um lugar que
pareça mais seguro. – ficou fazendo um desenho imaginário no peitoral dele
– Você ainda quer aquela casa?
- Sim, Diana. Eu quero aquela casa, acho que o lugar é ideal. Assim
que você se sentir melhor, marco uma hora com a corretora. – alisou o rosto
dela - Tenho algo para lhe dizer.
- O quê? – perguntou curiosa.
- Não quero que ande sozinha. Terá um segurança com você, certo?
– disse sério mostrando que não mudaria de opinião.
- Entendi. – apoiou a testa no peitoral dele e fechou os olhos – Eu
também não quero andar sozinha por um bom tempo.
- Ótimo! – beijou-lhe o alto da cabeça – Agora venha, você precisa
repousar.

Estava adorando aquele novo Anthony, carinho e preocupado, só


não sabia até quando aquilo iria durar. Ela preferiu não falar sobre a guarda
dos bebês naquele momento, o melhor mesmo era descansar e aproveitar que
estava tudo bem para poder dormir e relaxar o corpo. Vestiu uma camisola e
se meteu debaixo do edredom.
O cochilo durou um pouco mais de uma hora e quando Diana
acordou, o quarto estava com luminosidade baixa, graças ao abajur que
provavelmente Anthony quem o tinha acendido. Sentou-se na cama e olhou
ao redor, vendo o quarto completamente vazio. Onde estaria o marido?
Colocou os pés no chão sentindo-se faminta. A barriga já estava bem
arredondada e protuberante e ela colocou as mãos sobre a mesma. Sentia-se
tão plena em seu sentimento maternal e agradecia mentalmente por Deus ter
cuidado dos seus meninos.
Foi até o banheiro, lavou o rosto, escovou os dentes e vestiu seu
robe por cima a camisola. Desceu para procurar por Anthony e decidiu ir até
o escritório, era o lugar onde ele costumava se refugiar. Bateu duas vezes
com os nós dos dedos na porta e a empurrou devagar, vendo o marido
concentrado e digitando ferozmente em seu Macbook.

- Anthony? – chamou-o percebendo que ele nem mesmo tinha se


dado conta de que batera à porta.
- Diana? – ele levantou a cabeça ao ouvir sua voz e franziu a testa
levantando-se rapidamente – Aconteceu alguma coisa? Está se sentindo bem?
- Eu estou bem, só com um pouco de fome. – respondeu ainda
parada na porta – Posso entrar?
- Claro.

Ele deu a volta na mesa e se recostou à mesma esperando a esposa


se aproximar. Ela fechou a porta e deu alguns passos até estar de frente para
ele. Anthony tomou-lhe a mão e passou o polegar acariciando-a devagar.

- Ruth está terminando o jantar. Descansou?


- Sim, tenho ficado menos disposta por conta da gravidez, me canso
fácil e depois do que passei... – fez uma pequena pausa – Precisava recuperar
o sono pedido.
- Quero que repouse e descanse bastante, lembra-se das
recomendações da médica, certo?
- Sim, eu me lembro.

Ao sentir algo em seu ventre, Diana imediatamente levou as duas


mãos até a barriga e arregalou os olhos.

- Oh...
- O que aconteceu, Diana? – Anthony num piscar de olhos
enrijeceu e ajeitou o corpo, levando as duas mãos até o rosto dela – Fale-me!
Está com dor? – a preocupação em sua voz era evidente.
- Não, fique calmo. – tratou de responder para evitar que o marido
ficasse nervoso, mas estava em estado de êxtase – Eu senti um chute. – o
sorriso em seus lábios deixava claro o quanto aquilo era especial.
- Um chute? – dessa vez os olhos de Anthony ganharam um brilho
diferente.
- Sim. – confirmou balançando a cabeça - Nossos meninos estão se
mexendo. Estão dando sinal, Anthony.

Diana desfez o nó e abriu o robe, para que fosse mais fácil poder
senti-lo. Pegou a mão do marido e levou-a até seu ventre arredondado. Os
gêmeos continuavam se movendo, era uma sensação diferente e
extremamente emocionante. Seus filhos estavam vivos, agitados dentro do
seu útero enquanto ela os carregava com todo carinho.

- Está sentindo? – perguntou olhando para o marido, que mantinha


o olhar fixo em sua barriga.
- Meu Deus, Diana! Isso é fantástico! – exclamou completamente
atônito – Estou sentindo nossos filhos...

Anthony tirou as mãos e levou-as até o rosto da esposa, tomando-


lhe os lábios de um jeito profundo e agradecido. Diana agarrou-se à sua
camisa e aproveitou cada sensação que o beijo lhe provocava. Aquele
momento era especial e mesmo que Anthony não demonstrasse tanta emoção
no dia-a-dia, sabia que sentir os filhos em seu ventre tinha sido uma deliciosa
surpresa para ele.
Capítulo 35

Rachel estava dentro do escritório e olhava curiosa para o irmão


que terminava uma ligação de negócios. Ele girava uma caneta preta entre os
dedos, com um Walsh CEO gravado no corpo do objeto preto com detalhes
em ouro. Anthony falava com o olhar perdido em algum ponto fixo do
escritório. Voltara a ser o empresário sério e bem sucedido após ficar uma
semana na mansão com a esposa quase vinte e quatro horas por dia, saindo
apenas algumas poucas vezes para ir até a empresa para assinar alguns papéis
importantes. Quando ele terminou a ligação, olhou para a irmã curioso com a
visita.

- O que a traz aqui, Rachel? – perguntou deixando a caneta sobre


um papel em cima da mesa.
- Eu tive que vir à empresa por conta de um trabalho e decidi passar
na sua sala para perguntar pessoalmente como Diana está.
- Ela está bem. – recostou-se na cadeira presidencial – A saúde está
boa, os bebês estão crescendo bem e ela está aos poucos superando o trauma
que sofreu. Amanhã vamos ver a casa que pretendo comparar em Scarsdale.
- Eu acho um ótimo lugar para vocês morarem com as crianças. –
ajeitou a bolsa sobre o colo – Diana precisa de um lugar mais tranquilo.
- Eu sei. E ela concordou que devemos nos mudar.
- E recuperaram o dinheiro depois que encontraram o responsável
pelo sequestro?
- Sim. Na mesma hora me foram entregues as maletas, mas eu
sinceramente não estava nem um pouco preocupado com isso. Se não
recuperassem, eu não ia me importar. O único que me interessava era saber se
Diana estava bem.
- Entendo. Já que estamos falando sobre ela, quero te dizer uma
coisa. – olhou-o com os grandes e perspicazes olhos azuis – Acho que você
está totalmente apaixonado por Diana.
- O quê? – arregalou os olhos. Se estivesse bebendo algo teria se
engasgado naquele momento.
- Estou falando sério, Anthony.
- Você só pode estar louca, Rachel. – levantou-se se sentindo um
pouco nervoso e foi até uma mesa no canto da sala encher um copo com
uísque.
- Anthony, qualquer um que o visse durante o sequestro de Diana
diria que você está louco por ela. Não acha que aceitar a gravidez e mudar o
contrato não foi uma prova de que você quer estar com ela e não tem a
intenção de se separar?
- Rachel, o que aconteceu foi que decidi que a gravidez pudesse ser
algo positivo para minha imagem. – bebeu um grande gole – Não estou
apaixonado, só fiquei nervoso durante o sequestro. É óbvio! Era a vida de
Diana e dos bebês que estavam em jogo.
- Anthony, mesmo preocupado, você agia de um jeito que
realmente demonstrava que estava apaixonado. Quando você chegou com
Diana nos braços, seu semblante era de como se estivesse carregando o maior
tesouro. Eu te conheço, meu irmão.
- Você não está falando coisa com coisa. – terminou de beber o
uísque e colocou o copo sobre a mesinha – Só estou cumprindo meu papel de
marido. Terminando o contrato eu e Diana vamos voltar as nossas vidas de
solteiros e ponto final.
- Tudo bem. – deu de ombros e se levantou – Você é muito cabeça-
dura. E a propósito... – sorriu – Você a chamou de “meu amor” ao telefone no
dia do sequestro.
- Foi impulso, Rachel. Não teve significado. – voltou para seu lugar
– Agora preciso trabalhar.

Diana estava em casa recostada na cama acomodada enquanto lia


um livro. Estava sentindo falta de Anthony, queria que o marido chegasse
logo, mas ele tinha uma reunião demorada para decidir o novo funcionário
que ocuparia o cargo que havia ficado vago na empresa. Fechou o livro e
colocou-o sobre o criado mudo e pensou sobre a oficina de jovens que
ajudara com a doação. Sentiu vontade de ir até lá, mas não queria sair de casa
sozinha. Lembrou-se do segurança que Anthony contratara para acompanhá-
la. Chamava-se Robert Hunning, trabalhava como segurança na Walsh
Publishing House e fora contratado especialmente para trabalhar
pessoalmente para o chefe. Diana faltou às aulas de culinária, mas pretendia
voltar na próxima semana. Queria convidar Elisa para ir ao shopping e
comprar com ela algumas roupinhas para os bebês. Agora que sabia o sexo
deles, ficava mais fácil fazer as compras. Tinha que pensar na decoração do
quartinho, mas precisava decidir com o marido quando iriam se mudar, caso
ficassem com a casa, porque o quarto dos bebês precisava ser decorado e
tinha de saber se iriam fazer isso logo na casa nova e não na atual.
Ouviu o barulho da maçaneta e olhou com expectativa para a porta.
Anthony surgiu vestindo seu terno cinza-chumbo, com gravata de seda
listrada nas cores cinza, preto e branco. Estava excepcionalmente sexy, com
os cabelos um pouco desalinhados e o olhar profundo e brilhante. Olhou-a
com atenção, como se estivesse avaliando seu estado para concluir se ela
estava bem ou não.

- Chegou cedo. – disse vendo-o afrouxar a gravata.


- Resolvi não perder muito tempo na reunião, queria vir para casa
para falar com você. – soltou a gravata, jogou-a sobre a poltrona e
aproximou-se da cama abrindo os três primeiros botões da camisa.
- Conversar comigo? – sentou-se ereta – O que aconteceu?
- Quero falar sobre duas coisas. – sentou-se na beirada da cama –
Em primeiro lugar, o responsável pelo seu sequestro estava envolvido em
uma quadrilha com o mesmo homem que roubou a empresa: Hugo Ashford.
- Meu Deus! – colocou a mão sobre a boca espantada.
- Eles estavam montando um esquema, queriam todo o dinheiro
para abrir uma empresa para lavagem de dinheiro. Por sorte isso já foi
resolvido.
- Fico feliz com isso. Quanta maldade no mundo! – piscou com
seus longos cílios – E a outra coisa que queria me contar?
- Quero te levar para uma viagem.
- Uma viagem? – olhou-o surpresa – De negócios?
- Não, Diana. Uma viagem nossa. – colocou uma mecha do cabelo
dela atrás da orelha – Depois de tudo que aconteceu, queria te levar para
Cancún pra relaxarmos por uns quatro dias.
- Será que vou poder? – acariciou a barriga por cima da blusa –
Precisamos falar com a Dra. Perkins.
- Ela te liberou, disse que um pouco de sol e uns dias longe de tudo
te farão bem depois de todo o estresse.
- Quando você falou com ela?
- Hoje de manhã liguei para o consultório enquanto estava na
empresa. – respondeu olhando-a nos olhos – Que tal?
- Você já tomou todas as providências pra me convencer a viajar,
não é? – sorriu – Quando vamos?
- Talvez semana que vem. Primeiro precisamos ver a casa, se
gostarmos e decidirmos comprá-la, precisamos definir o projeto de reforma
com um arquiteto e deixar algumas coisas encaminhadas antes da viagem
para acelerar o andamento.
- Reforma?
- É, caso a gente ache que precisa mudar alguma coisa. –
aproximou-se dela e lhe deu um selinho demorado – Vou tomar um banho. –
levantou-se – Já jantou?
- Não. Estava te esperando.
- Então logo descemos para jantar. Não demoro. Você precisa se
alimentar.

Anthony saiu em direção ao banheiro deixando-a sozinha


novamente e Diana se imaginou em Cancún. Praia, sol, e principalmente,
longe do estresse que passara com o sequestro e tendo o marido somente para
ela. Sim, era um sonho. Iria aproveitar cada minuto desse momento porque
cada dia que passava, era um dia a menos que teria com Anthony. Sabia que
era loucura ter se apaixonado dessa forma, mas não pudera evitar.
Ele saiu do banheiro alguns minutos mais tarde com apenas a
toalha presa na cintura e Diana não pode deixar de observar cada músculo
perfeito do marido. Algumas gotas escorriam pelo seu peitoral, descendo até
a barriga e sumindo na borda da toalha, amarrada tão baixa que qualquer
centímetro a mais mostraria a base do membro que ela já conhecia tão bem.
Quando levantou o olhar, percebeu que tinha sido flagrada por ele que a
observava com um sorriso no canto dos lábios.

- Gostando do que vê, Diana? – perguntou daquele jeito presunçoso


que apenas Anthony Walsh era capaz.
- Qualquer mulher iria gostar. Você sabe disso, Anthony. – ela
ajudou a inflar ainda mais o ego do marido.
- Mas é você que está casada comigo. – aproximou-se caminhando
devagar e sentando na beirada da cama – Da mesma forma que eu sou um
maldito sortudo por você ser minha esposa. Os homens torcem os pescoços
toda vez que te veem passar.
- Não fico reparando essas coisas.
- Eu reparo. Desde o dia em que nos conhecemos.

Anthony lhe roubou um beijo agarrando sua nuca e invadiu sua


boca com a língua. Ele sabia como beijar. Provocava, tirava dela tudo que
queria com o toque de sua língua. Anthony era capaz de tornar um beijo algo
extremamente erótico. A maneira com que agarrava seus cabelos mostrava
que estava no comando. Diana estremeceu e começou a ficar excitada, mas
ele se afastou após lhe dar uma breve mordida no lábio inferior e levantou-se
deixando-a pegando fogo. Ficaria mais frustrada se não tivesse notado o
volume que se formara na toalha do marido. Sim, ele também ficara excitado.
Capítulo 36

A manhã do dia seguinte começou com o tempo um ensolarado,


mas com nuvens que algumas vezes bloqueavam a luz do sol. Diana estava
no banco do carona enquanto a Mercedes cruzava as ruas tranquilas e menos
movimentadas de Scarsdale. Anthony dirigia usando óculos de aviador,
camisa de mangas longas da cor marfim, modelando os músculos e uma calça
jeans escura. Diana colocara seu vestido florido amarelo e uma jaqueta cor de
tijolo por cima, com sapatilhas de couro creme. Estava adorando o lugar, era
bem residencial, arborizado e com certeza Anthony tinha razão em querer se
mudar. Aquilo não se comparava à loucura da cidade de Nova York.
Anthony foi parando o carro em frente à uma mansão de muros
altos de pedras com um portão de ferro preto. Um carro vermelho estava
parado logo à frente e Diana imaginou que se tratava da corretora. Anthony
desligou o motor e ele desceu do veículo para abrir a porta para a esposa. Ela
segurou à mão dele e caminhou ao seu lado sentindo a mão firme em sua
cintura. A corretora desceu do seu veículo usando belos sapatos de salto
vinho, uma calça social preta e uma blusa de seda cinza por baixo de um
terninho que fazia conjunto com a calça. Tinha cabelos loiros bem lisos na
altura dos ombros e um batom exageradamente vermelho nos lábios.

- Bom dia, Sr. e Sra. Walsh. – ela cumprimentou-os, mas seu olhar
estava endereçado apenas a Anthony.
- Bom dia, Veronica. – Anthony a cumprimentou e virou-se para
Diana – Querida, essa é Veronica Marshall. Ela vai nos mostrar a casa.
- Muito prazer. – Diana cumprimentou-a por educação, mas não
estava gostando da forma com que aquela mulher olhava seu marido.
- Igualmente, Sra. Walsh. – ela desviou o olhar rapidamente para
em seguida pousar novamente em Anthony – Podem me acompanhar.

Veronica abriu o portão e deixou que ambos entrassem no grande


terreno. Era amplamente decorado com grama e palmeiras, um caminho de
pedras em subida que levava até uma garagem na lateral da propriedade que
parecia caber cerca de quatro carros. A mansão ficava um pouco acima do
nível do portão e dava uma bela vista de Scarsdale. A propriedade era
exageradamente grande. Tinha uma linda piscina com espaço para
espreguiçadeiras e mesas de café da manhã. Uma piscina menor estava anexa
e com certeza era reservada para crianças. Diana achou linda a visão de fora
da casa, tinha paredes brancas, janelas e portas da mesma cor, todas em vidro
liso e na entrada havia duas colunas brancas em modelo grego. Tinha dois
andares, varandas no que deveriam ser os quartos, um quintal bastante
arborizado e muito bem conservado. Aquela mansão deveria ser uma fortuna,
seu estômago se revirou ao imaginar-se morando naquele lugar por um
tempo. Olhou para Anthony que havia tirado os óculos escuros e olhava para
a mansão com olhos avaliadores. Pensou no dia em que teria de deixá-lo e o
pensamento a fez olhar pra baixo. Não podia confessar que estava apaixonada
e muito menos sonhar com um final feliz. Suspirou um pouco triste, mas foi
distraída daquele sentimento ao ouvir a voz rouca do marido.

- É um belo lugar. O que achou, querida? – ela levantou o olhar e


viu que ele a olhava esperando ansioso por uma resposta.
- É realmente lindo! – desviou sua atenção para a mansão – É
enorme!
- Sim. – confirmou balançando com a cabeça – Veronica, podemos
ver o interior agora?
- Claro que sim.

A loira se adiantou rebolando exageradamente em uma tentativa de


chamar a atenção de Anthony, mas este estava preocupado em verificar seu
iPhone para saber se havia alguma chamada. Ele voltou a guardar o aparelho
no bolso e Diana enlaçou o braço com o dele de maneira possessiva
deixando-o um pouco curioso com o gesto, afinal, sua esposa não costumava
fazer isso. Veronica abriu a porta de entrada e assim que entraram, Diana
notou que o hall bastante iluminado, com paredes com texturas em um cinza
claro que lhe lembraram fumaça, contrastando com faixas brancas. O piso era
também branco com alguns pisos quadrados da cor preta em cada uma das
junções.

- Como pode ver, Sr. Walsh, as escadas são em mármore e o pisco


em porcelana. – disse Veronica mais uma vez se dirigindo a Anthony como
se ele fosse o único ali.
- Essa mansão tem que agradar à minha esposa. – ele disse e Diana
sorriu por dentro – O que achou da entrada, querida?
- Muito bonita. Gostei da escada em curva com o corrimão em
preto. Ficou um contraste bonito. – disse agarrada ao braço dele.
- Eu também gostei desse detalhe.
- Que bom que gostaram. Agora vamos até a sala de estar, acho que
vão adorar a vista. – Veronica saiu batendo os saltos contra o piso e o casal a
seguiu ficando cada vez mais curioso.

As paredes da sala de estar eram marfim e o cômodo bastante


amplo. Na parede do centro ficava a lareira de pedra com uma grade em
preto. Diana imaginou como ficaria bonito alguns sofás da cor branca, uma
mesa de centro preta em vidro e cortinas da cor pêssego dando destaque ao
lugar. Sorriu com o pensamento e se imaginou vivendo ali. O que a
entristecia era saber que por pouco tempo, e ficando intrigada com o fato de
Anthony insistir tanto com o fato de que a mansão tinha de agradá-la já que
iria morar ali mais ou menos por um ano e era ele quem viveria nesta
residência por mais tempo.

- Quero ver a vista. – ela disse deixando de lado os pensamentos


depressivos e concentrando suas forças no presente.
- É magnífica! – Veronica se adiantou aproximando-se da janela –
Como podem ver, tem uma visão ampla da área da piscina, de boa parte do
gramado e das árvores.
- Eu gostei. – Anthony olhou para Diana que assentiu.
- Acho que o gramado vai ser um ótimo lugar para as crianças
brincarem. – ela disse alisando a própria barriga como se lembrasse à loira de
que Anthony seria pai em breve.
- Sim, Sra. Walsh. – ela desviou o olhar para a barriga de Diana por
um breve segundo.

Será que Anthony percebia que aquela mulher o estava devorando


com o olhar? Veronica mostrou o banheiro social, a cozinha, a dispensa, a
sala de TV, escritório, sala de jantar e subiu para o segundo andar onde
mostrou os quartos de hóspedes e suas suítes, terminando no quarto principal.
Anthony olhou ao redor avaliando meticulosamente o lugar já que era ali que
iria dormir. As paredes eram em um tom de verde bem claro, quase creme. O
chão era de porcelana lisa da cor marfim. As janelas eram amplas e
clareavam o ambiente. A varanda seguia o mesmo padrão dos outros dois
quartos, mas era maior e dava para a maior vista da cidade. Diana sorriu de
imediato e se viu ali, dormindo ao lado do marido. O problema é que aquela
paz tinha prazo de validade.

- Eu estou satisfeito com o que vi. – Anthony disse e olhou para a


corretora – Poderia me deixar a sós com minha esposa por alguns minutos?
- Claro que sim, Sr. Walsh. Estarei lá embaixo esperando. –
Veronica saiu apressada.
- Gostaria de vir morar aqui? – ele perguntou assim que viu a
corretora fechar a porta do quarto.
- Sim. – suspirou e olhou para janela ampla – Mas eu e você
sabemos que fico aqui por pouco tempo. É a você que essa casa tem que
agradar.
- Diana, pare de pensar um pouco no contrato e pense em nós dois
morando juntos.
- Eu sei, mas não consigo ignorar o contrato, Anthony. Quase
nunca falamos dele, é como se ele não existisse, mas existe e é bem real. –
acariciou a barriga – Eu penso no futuro, em como será quando nos
separamos, em como vão viver os bebês. E principalmente, com quem eles
vão viver.
- Você é a mãe, Diana. Isso é um fato. Taylor já me orientou sobre
o fato da guarda em caso de separação e sabemos que o melhor a ser feito é
os filhos ficarem com a mãe. – colocou a mão sobre o rosto dela – Mas não é
com isso que estou preocupado, não estou pensando no contrato. Estou
pensando na nossa vida juntos.
- Eu gostei da casa. – olhou-o apreensiva se questionando por que o
marido não queria falar sobre o final do casamento, jamais queria imaginar
que Anthony pudesse nutrir algum sentimento – Mas você precisa gostar
também.
- Eu gostei.
- Obrigada.
- Pelo quê?
- Em falar que a guarda dos nossos filhos é minha. – olhou para
baixo – Eu não conseguiria ficar longe deles.
- Eu sei. E nada mais do que justo que fique com você, mas farei
meu papel de pai.
- Sim. Eu fico feliz em ouvir isso. Você é o pai e eles vão te amar.
- Venha... – estendeu a mão para ela – É uma pena a mansão ainda
não estar decorada. – ele a levou até a beira da varanda do quarto principal.
- Por quê?
- Seria bom uma cama aqui nesse momento. – olhou para frente, os
olhos castanhos mais claros por conta da luz do sol.
- Você está pensando...
- Sim, Diana. Eu estou pensando nisso. – interrompeu-a – Não me
lembro da Dra. Perkins nos proibindo e faz tempo que não transamos.
- Sim. – olhou para frente sentindo seu corpo se aquecer.
- Talvez...

Antes que ele pudesse terminar a frase, Anthony virou-a para si e


beijou-a com desejo. Diana gemeu entre os lábios dele e passou a língua pela
sua em uma dança sensual que a estimulava e o provocava. Sentiu o casaco
ser afastado do ombro e cair sobre o chão, a mão possessiva deslizava pelo
seu corpo até alcançar sua bunda e ela gemeu com os lábios grudados nos
dele quando sentiu Anthony apertar suas nádegas com força. Com muita
habilidade, ele abriu a calça e abaixou a cueca, Diana ficou espantada com a
pressa, mas entendeu que por conta da situação precisavam de uma rapidinha.
Ele a puxou para baixo devagar, por mais que estivesse arrebatado
pelo desejo, precisava ter cuidado com a esposa grávida. Sentou-se e puxou-a
para seu colo. Diana sorriu entre o beijo e levou as mãos atrevidas até o
membro dele sentindo-o rígido. Apertou-o e acariciou fazendo com que
Anthony gemesse de prazer. Em um movimento rápido, ele levantou o
vestido dela, puxou a calcinha de renda para o lado e Diana segurou os
ombros do marido se encaixando no membro endurecido.
Ambos gemeram com o contato e ela começou a se movimentar
com a ajuda dele que segurava seus quadris. Ambos gemiam, Diana
aumentava o tom gradativamente e havia esquecido de que Veronica pudesse
estar ali por perto. Os movimentos eram ritmados e o membro de Anthony a
preenchia com perfeição. Os corpos suavam, Diana cravou as unhas por sobre
o tecido da camisa marcando os ombros dele, com a outra mão puxou-lhe os
cabelos e ambos explodiram juntos em um orgasmo cheio de saudade.
Alguns minutos depois, após se recuperarem. Diana passou a mão
sobre a saia do vestido e respirou fundo vestindo novamente a jaqueta.
Ajeitou os cabelos e olhou para o marido que tinha os cabelos levemente
bagunçados após o sexo. Ele segurou-lhe a mão e beijou os nós dos dedos.

- Acho que esse realmente vai ser o nosso quarto. – sorriu


malicioso.
- Com toda certeza. – sorriu de volta.
- O estreamos muito antes de receber a escritura. – passou um braço
pela cintura dela e lhe deu um selinho demorado – Vamos descer, Veronica
deve estar impaciente.
- Eu havia me esquecido dela. Será que ela ouviu? – arregalou os
olhos diante da possibilidade de que a corretora tivesse ouvindo seus
gemidos.
- Relaxa, Diana. Somos casados. Não há nenhum problema
queremos alguns minutos sozinhos para uma rapidinha. – ele ajeitou os
óculos na gola da camisa.

Veronica estava no hall de entrada mexendo em seu celular quando


ambos desceram. Ela rapidamente guardou o aparelho dentro da bolsa e
olhou-os com a expressão que não dizia se tinha ou não ouvido os ruídos
enquanto faziam sexo.

- Já tomaram alguma decisão? – ela perguntou na expectativa,


afinal, estava preste a vender uma casa que custava milhões de dólares.
- Ficaremos com a casa. – Anthony respondeu com os dedos
entrelaçados aos da esposa – Diana adorou o ambiente e acha que será
perfeito para as crianças. Gostaria de assinar os papéis o quanto antes.
- Estarão prontos daqui a dois dias. – ela respondeu de imediato, os
olhos brilhando de satisfação.
- Se fosse possível, gostaria então de que levasse ao meu escritório
no horário da manhã, falarei com meu advogado para estar presente.
- Claro que sim, Sr. Walsh.
- O preço combinado será mantido, certo? – ele perguntou e Diana
quase desmaiou ao ouvir o valor.
- Exatamente.
- Perfeito. – acenou com a cabeça – Agora precisamos ir, minha
esposa precisa repousar.
- Claro.

Rapidamente Veronica girou nos calcanhares e logo estavam de


frente para seus veículos. Despediram-se e Anthony ligou o motor da
Mercedes deixando para atrás a futura casa que lhe deixara em pouco mais de
trinta e quarto milhões de dólares mais pobre. Diana nunca parou para pensar
no quanto o marido era rico, mas a facilidade que tinha de gastar dinheiro
provava que Anthony fazia justiça ao título de um dos homens mais rico da
América, na mesma lista que empresários do ramo da eletrônica, que hoje em
dia estava em alta. Após se tornar dono do vinhedo, sua fortuna havia
aumentado.
Capítulo 37

Diana nunca se sentira muito confortável em viagens de avião e


durante o voo se sentiu um pouco enjoada, mas não se permitiu vomitar.
Anthony ficou todo o tempo de mãos dadas com ela se mostrando
compreensivo e mostrando que estava ao seu lado para lhe ajudar. Na última
semana, ele havia mudado tanto sua forma de agir que a deixava até mesmo
desconcertada. Parecia mais carinhoso, fora à consulta com ela e deixou-a
bastante surpresa diante da empolgação com a ultrassonografia.
Definitivamente ele estava bem diferente de quando o conhecera. Talvez
tivesse sido o sequestro que o fez mudar, já que desde aquela ocasião ele
vinha demonstrando-se menos frio e distante.

- Está com fome? – perguntou deslizando o polegar sobre a mão


dela.
- Um pouco. – se remexeu no assento do jatinho particular da
empresa de Anthony.
- Em poucos minutos vamos pousar e podemos jantar no
restaurante do hotel. Acha que pode esperar um pouco?
- Sim. – colocou a mão sobre a barriga – Acho que eles estão com
fome.
- Tenho certeza que sim.
- Anthony, já pensou no nome deles? – perguntou de repente.
- Na verdade nunca parei para pensar.
- Eu pensei em alguns. – continuou alisando o ventre bem
arredondado adorando saber que seus filhos estavam ali tão dependentes dela.
- Quais?
- Kevin, Louis, Erick...
- Eu gostei dos nomes. – olhou-a – Acho que podemos usá-los e
decidir os dois que vamos escolher.
- Sim. – balançou a cabeça – Eu concordo.
- Agora ponha seu cinto, vamos pousar em breve.
Ficou mais aliviada e fechou o cinto. Pelo menos em relação aos
nomes dos bebês tinha conseguido um progresso. Agora seu foco era comprar
as roupinhas e decorar o quarto dos meninos.

Assim que o avião pousou em solo mexicano, Diana sentiu o calor


atingi-la e retirou o casaquinho verde musgo ficando apenas com o vestido
cor de uva. Anthony a levou para pegarem as malas e ambos entraram em um
táxi para ir rumo ao hotel. Diana deixou a janela do carro aberta para sentir o
vento em sua face. Aquilo era rejuvenescedor, apesar de ser um local quente
de clima tropical, estava adorando sentir um pouco o calor em sua pele ao
invés do frio cortante de Nova York. Poderia abusar dos vestidos, sandálias,
saias e com certeza poderia aproveitar um pouco da piscina do hotel. O táxi
parou em frente ao Le Blanc Spa Resort, o mais elogiado hotel de Cancún.
Diana sabia que Anthony jamais aceitaria menos. O saguão era luxuoso, as
paredes brancas com detalhes dourados no balcão, flores tropicais coloridas
espalhadas em alguns vasos dando alegria ao ambiente e recepcionistas
bronzeadas com seus cabelos castanhos claros bem presos em um coque.
Anthony se aproximou de uma e ela bateu os longos cílios com olhos de um
castanho que brilhavam diante da visão de Anthony vestido com uma calça
jeans de lavagem mais clara e camisa branca com os dois primeiros botões
abertos. Diana agarrou o braço do marido tentando fazer com que a jovem
notasse sua presença.

- Buenas tardes!
- Buenas, tardes. Tengo reservas. – disse Anthony em um espanhol
impecável.
- Claro. – assentiu com a cabeça – Cual és el nombre?.
- Anthony Walsh.
- Perfecto, señor Walsh. La suite presidencial está lista.
- Gracias.

Anthony deixou que um dos carregadores colocasse suas malas


sobre um carrinho e os acompanhou até o andar mais alto do hotel onde
ficava a suíte escolhida por ele. Diana estava impressionada com o tamanho
do lugar e apertou o braço do marido ao se ver dentro de um enorme quarto
com uma ampla varanda. As paredes eram coberta com madeira bem clara,
uma TV de LED estava presa à uma parede entre duas janelas grandes de
frente para um sofá em formato de U que combinava com as paredes. Uma
mesa em um canto, de frente para à porta de vidro que dava para a varanda
sustentava um belo vaso com flores. Do outro lado do quarto, a enorme cama
estava com uma colcha da cor grafite sobre um lençol branco e enfeitada com
almofadas também da cor escura.

- O que achou, querida? – perguntou à ela que olhara para tudo


deslumbrada.
- É lindo! – sorriu e olhou-o – É maravilhoso, Anthony.
- Fico feliz que tenha gostado. Acho que vai gostar ainda mais da
vista. – indicou a porta que dava para a varanda e olhou para o carregador –
Muchas gracias. – abriu a carteira e deu uma generosa gorjeta ao jovem que
saiu sorridente.

Diana caminhou até a porta e abriu-a pisando na varanda e olhando


para a vista que era de tirar o fôlego. Dava de frente para o mar, que cintilava
sob o sol do final de tarde. Muitas pessoas caminhavam pela areia e se
refrescavam no mar cristalino. Ela sentiu o vento nos cabelos e se apoiou no
parapeito inspirando o ar puro e fresco. Sorriu de imediato e olhou em volta
toda a beleza do lugar. As folhas dos coqueiros balançavam para um lado
fazendo um belo farfalhar.

- Satisfeita? – Anthony perguntou se apoiando no parapeito ao seu


lado.
- Muito. – olhou – É tudo muito bonito, estou sem palavras.
- Está com fome? – perguntou colocando a mão no ombro dela e
acariciando-o.
- Bastante. – olhou para baixo vendo a barriga cada dia maior –
Esses mocinhos estão me deixando faminta.
- Então vou pedir algo no quarto. Você precisa ficar aqui
repousando.
- Sim. Minhas costas estão começando a doer. Estou ficando gorda.
- Diana... – Anthony falou em tom de repreensão – Você não está
ficando gorda, deixe de bobagens. Você é linda. – beijou-lhe a testa – Vou
pedir o jantar no quarto.

Anthony se afastou entrando no quarto e Diana preferiu ficar ali


vendo a paisagem do lugar. As pessoas lá embaixo estavam felizes,
sorridentes e conversando, o clima de Cancún, a beleza do lugar dava uma
nova paz de espírito para seus visitantes. Por um momento Diana esqueceu os
problemas que tinha em relação ao seu casamento e ficou ali vendo a sombra
que o por do sol provocava na água e sentindo o vento fresco batendo a sua
pele. Minutos depois Anthony chamou-a parado à porta da varanda.

- Diana, venha.
- Já? – virou-se e o viu parado com os dedos no bolso da frente da
calça deixando os polegares para fora.
- Sim. O serviço desse hotel é bem eficiente e eu pedi uma comida
simples. – estendeu a mão para ela – Não quero que coma nada pesado
porque sei que está com sono e logo vai acabar adormecendo.
- Estou com sono mesmo. – aproximou-se dele devagar – A
gravidez me deixa cansada.
- Eu sei. – esticou o braço e passou por sobre os ombros dela –
Venha, se sente que o serviço de quarto já está chegando.

Minutos depois, o jantar foi entregue e Anthony esperou que tudo


fosse servido à mesa e Diana se sentou para finalmente poder jantar. Comeu
com vontade, sem ter noção de que realmente estava faminta. Quando
terminou seu salmão com espinafre, olhou para Anthony que mantinha os
olhos sobre ela. Meneou a cabeça e deixou o garfo sobre o prato achando
curiosa a forma com que ele a olhava.

- O que foi?
- Nada. Estava esperando você terminar de comer, estava mesmo
com fome. – ele respondeu se servindo um pouco mais de vinho.
- Esses dois meninos estão abrindo meu apetite. – passou a mão
sobre a barriga e pegou seu copo de suco de laranja.
- Falando neles, andei pensando sobre os nomes que você me deu.
- Sério? – olhou para ele achando estranho o interesse momentâneo
sobre o assunto.
- Sim. – recostou-se e girou o vinho dentro da taça – Acho que
Kevin e Louis são nomes interessantes. Eu gostei.
- Então podemos escolher esses?
- Podemos.
- Só precisamos saber quem vai ser quem.
- Acho que podemos utilizar a ordem alfabética. Quem nascer
primeiro será Kevin e o segundo será o Louis.
- Boa ideia. – riu.

Após comer a sobremesa, Diana se levantou e foi tomar um banho


para deitar. A viagem a deixara exausta e queria acordar cedo no dia seguinte
para aproveitar o lugar. Sua intenção era ir até a piscina, pegar um pouco de
sol e depois dar umas voltas pelos arredores querendo conhecer um pouco
mais sobre Cancún. Anthony ficou acordado por algum tempo ainda, ligou o
notebook e colocou os óculos de grau para se concentrar e começar a ler
alguns e-mails. Diana saiu do banheiro vestida com sua camisola de seda azul
clara e olhou para o marido concentrado olhando para a tela do computador.
Anthony era sexy, independente do gênio difícil, já não podia mais negar o
quanto era charmoso e o quanto o amava. Era uma luta interna que precisava
travar todos os dias. Quanto mais perto dele ficava, mas se apaixonava e ao
mesmo tempo sabia que quanto mais aguentasse aquilo, mais perto estava de
encerrar o período do contrato. Suspirou e se deitou. Anthony não disse nada,
continuou em silêncio fazendo suas coisas e ela adormeceu pensando naquele
sentimento que descobrira há pouco tempo.
Capítulo 38

Ao acordar, Diana se remexeu na cama e abriu os olhos naquele


quarto desconhecido até o cérebro processar a informação de que estava em
um hotel em Cancún. Sorriu ao se lembrar do mar e se espreguiçou na cama
mais uma vez sozinha. Estava acostumada a acordar e não ver o marido
deitado ao seu lado, Anthony sempre acordava antes e se mostrava bastante
disposto. Sentou-se no colchão e passou a mão no rosto tentando adaptar a
visão ainda um pouco sonolenta. Levantou-se devagar para evitar a tontura
matinal e foi até o banheiro que estava fazendo, deixando claro que Anthony
já tinha se levantado bem antes.
Assim que saiu do banheiro após sua higiene, caminhou até a
varanda ainda usando sua camisola e viu o marido debruçado sobre o
parapeito fumando um cigarro de maneira tranquila. Ele usava uma cueca
samba-canção escura e estava sem camisa mostrando as costas largas e
musculosas. Diana adorava olhá-lo, Anthony tinha um corpo perfeito e
aceitara desde algum tempo que não conseguia resistir mesmo que tentasse.

- Anthony... – chamou-o baixinho.

Ele se virou na mesma hora e a viu parada à porta da varanda.


Aproximou-se caminhando devagar e parou à sua frente deixando uma das
mãos um pouco afastadas. Desde que soubera que a esposa estava grávida,
Anthony estava evitando fumar próximo à ela o que o fizera também
diminuir a quantidade de cigarros. Diana olhou-o nos olhos vendo o castanho
ainda mais claro por conta da luz do sol naquela manhã maravilhosa em
Cancún.

- Bom dia, querida. – ele lhe deu um selinho no canto dos lábios,
um hábito que adquirira também durante a gravidez para que o gosto do
tabaco não a incomodasse.
- Bom dia. – colocou uma das mãos sobre o peitoral dele sentindo
os pelos e a pele quente que tanto adorava.
- Já pedi o café da manhã. Vamos tomá-lo aqui na varanda, o que
acha?
- É um ótimo jeito para se começar o dia. – deslizou a mão até a
barriga dele parando abaixo do umbigo de maneira distraída – Acordou há
muito tempo?
- Cerca de vinte minutos. – colocou o cabelo dela atrás da orelha
sem desviar o olhar.
- Quero ir para a piscina após o café, me acompanha?
- Claro.

Anthony terminou seu cigarro do lado de fora e Diana ficou


olhando a paisagem e a piscina lá em baixo ainda pouco movimentada àquela
hora da manhã. Estava louca para descer, mas ficou se perguntando se ficaria
muito gorda usando biquíni, seus seios estavam maiores e a barriga crescera
ainda mais. Seu pensamento foi distraído com a chegada do café da manhã.
Anthony pegou seu roupão e vestiu-o sobre a cueca e deixou que um dos
entregadores lhe deixasse o carrinho com o que fora pedido. Deu-lhe uma
gorjeta que sempre fazia com que o outro sorrisse e fechou a porta quando
este se foi.

- Pronto, vou colocar tudo na mesa, pode ir se sentando. – Anthony


disse empurrando o carrinho até uma mesa de madeira debaixo de um toldo
na varanda.
- Eu estou com tanta fome. – ela se aproximou e se sentou à mesa –
O que você pediu?
- Cereais, panquecas com calda de amora que eu duvido que sejam
melhores que as de Ruth... – ela sorriu e concordou – Iogurte com granola e
torradas com cream cheese. Fora o suco de laranja, que é seu preferido.
- Obrigada.

Ficou feliz com aquele detalhe e um pouco surpresa também. Não


esperava que Anthony tivesse se dado conta de que adorava suco de laranja,
mas pelo visto, seu marido era realmente surpreendente e bastante
observador. Estar naquele paraíso a fez deixar de lado as preocupações em
relação ao futuro durante aquela manhã. Nem mesmo pensava sobre o
sequestro que a deixara tão amedrontada e fizera com que Anthony fizesse
questão de manter um motorista particular e um segurança.

A piscina era enorme em um formato que lembrava o número oito.


Diana usava um biquíni vermelho tomara que caia, que no momento a
deixava insegura por conta dos seios ainda maiores, além de lhe deixar
bastante em dúvida sobre tirar ou não o vestido branco que usava por cima
como saída de praia. Sua barriga estava bastante arredondada por conta dos
gêmeos e ficou se sentindo um pouco gorda e constrangida ao lado de
Anthony, ainda não tinha se acostumado ao novo corpo e o marido era um
homem com o corpo perfeito. Ele estava com uma bermuda da cor creme e
uma camisa branca de linho extremamente sexy com seus óculos estilo
aviador. Viu-o sentando em uma das espreguiçadeiras com um exemplar do
jornal local e ela obviamente não se surpreendeu por ele saber ler em
Espanhol com tamanha perfeição.

- O que houve, Diana? – foi acordada de seus pensamentos ouvindo


a voz dele enquanto era observada por trás das lentes dos óculos.
- Nada. – sentou-se na espreguiçadeira que ficava ao lado da dele e
ajeitou os óculos escuros sem retirar o vestido.
- Tem certeza de que não é nada? – ele fechou o jornal que
começara a abrir e deixou-o de lado virando-se para ela – Você ficou estranha
de repente.
- Só estou um pouco envergonhada de tirar o vestido.
- E posso saber por quê?
- Você sabe. – suspirou – Estou gorda. Está cheio de mulheres
magras desfilando por aí.
- Diana, você não está gorda, está grávida. Há uma grande
diferença nisso. Deixe de bobagens, não vai querer pegar sol de vestido, não
é?
- Tem razão. É loucura. – levantou-se devagar e retirou o vestido
sentindo os raios de sol sobre sua pele branca.

Dobrou o a peça de roupa e colocou-a sobre a ponta da


espreguiçadeira. Abriu sua bolsa e pegou o protetor solar e começou a passar
pelo corpo sobre os braços, a barriga, o colo e as pernas. Terminando pelo
rosto. Olhou para Anthony que parecia concentrado em seu jornal e ficou um
pouco receosa de atrapalhá-lo, mas precisava de ajuda para passar protetor
nas costas.

- Anthony... – chamou-o baixinho.


- Hmm... – ele apenas murmurou sem desviar o olhar, concentrado
demais para dizer alguma coisa.
- Passa o protetor nas minhas costas. Não é bom pegar tanto sol
sem proteção.

Ele não disse nada, apenas deixou o jornal de lado e pegou a


embalagem que lhe era oferecida. Despejou o creme nas mãos e deslizou
pelos ombros dela descendo para as costas. Diana fechou os olhos. As
carícias que eram feitas por ele enquanto passava o produto eram relaxantes e
faziam com que ela desejasse que não mais parasse. Seus hormônios estavam
alterados e os toques de Anthony faziam com que sua libido aumentasse.
Mordeu o lábio inferior quando as mãos firmes deslizaram até sua lombar,
passando por sua cintura e chegassem próximas às suas nádegas.

- Pronto. – ele afastou as mãos e esticou novamente a embalagem


para ela – Quer beber alguma coisa?
- Eu gostaria de um suco de uva. – respondeu se recostando após
guardar o protetor na bolsa.
- Vou fazer o pedido e entrar um pouco na água.

Diana o viu levantar a mão e chamar um dos garçons que andavam


de um lado para o outro à beira da piscina esperando pedidos ou entregando-
os. Um deles, bastante bronzeado se aproximou e Anthony pediu o suco de
uva e um mojito. Quando o rapaz se afastou, ele retirou a camisa e a bermuda
ficando apenas com uma sunga toda preta, deixando os óculos escuros de
lado. Diana prendeu a respiração ao olhar o corpo de Anthony sobre a luz do
sol fazendo com que seu corpo esquentasse dando mais vontade de tocá-lo.
Os hormônios aumentaram sua libido, Diana olhava fixamente para Anthony
enquanto ele não percebia que estava sendo observado. Caminhou até a borda
da piscina e mergulhou evitando levantar uma enorme quantidade de água.
Suspirou e se recostou novamente, ajeitando os óculos escuros e
passou a língua entre os lábios. Amava aquele homem e tinha total
consciência do poder que tinha sobre ela. Colocou a mão sobre a barriga
protuberante e alisou-a com carinho pensando nos filhos.

- Não vejo a hora de olhar para a carinha de vocês. – disse baixinho


– Tenho certeza de que seremos felizes, eu prometo.
Disse aquilo pensando no momento em que teria de deixar tudo
para trás e terminar aquele casamento que acontecera tão de repente.
Levantou o olhar para tentar não pensar naquilo, já que estava no paraíso e
não pretendia ficar triste, e viu Anthony sair da água molhado com gotas de
água escorrendo pelo seu peitoral sumindo na borda da sunga. Diana
controlou a vontade de lamber todas as outras gotas que percorriam o mesmo
caminho e viu o marido passar a mão nos cabelos molhados jogando-os para
trás. O garçom apareceu no mesmo momento e Anthony pegou o copo com
seu drinque enquanto o garçom entregava o suco para Diana.

- Obrigada. – ela agradeceu ao rapaz que fez um leve aceno com a


cabeça.
- A água está uma delícia, querida. – ele sentou-se novamente em
sua espreguiçadeira de lado e olhou-a – Acho melhor você mergulhar um
pouco, vai lhe fazer bem.
- Sim, eu já vou. – bebeu um gole do seu suco gelado – Anthony,
eu quero sair com Elisa quando voltar para Nova York e comprar algumas
coisas para os bebês.
- Tudo bem. – ele respondeu tranquilo e bebeu mais um gole do seu
drinque.
- Eu queria comprar os móveis, eu gostei da ideia da decoradora.
- Compre o que quiser, Diana.
- Mas a casa é sua.
- Ela é nossa, você também vai morar lá.
- Não por muito tempo.
- Diana, não comece com isso de novo, viemos para relaxar. –
recostou-se – Vá para a piscina, aproveite a água. Mais tarde vamos almoçar
em um restaurante perto do hotel.

Preferiu não continuar a conversa, Anthony era cabeça dura e se


para ele o assunto já estava encerrado, não adiantaria ficar remoendo aquilo.
Mas estava preocupada com seu coração e gostava de falar em voz alta sobre
o fim daquele casamento, como se fosse mais fácil de aceitar e menos
doloroso. Levantou-se e respirou fundo afastando a sensação de estar se
sentindo gorda e caminhou até a escada de pedra da piscina entrando devagar
sentindo a água molhando seu corpo a cada degrau que descia. Ela preferiu
não molhar os cabelos, prendeu-os em um coque e aproveitou a temperatura
da água. Anthony tinha razão, estava deliciosa e ficou ali por um bom tempo
olhando algumas vezes para o marido que terminava de ler o jornal.
Ao sair da água, sentiu-se renovada e viu o olhar de Anthony cair
sobre si. Era intenso e brilhava sob a luz do sol. Ele se levantou e ambos
ficaram frente a frente.

- Acho melhor irmos para o quarto. – ele disse puxando-a para um


abraço e ela sentiu seu corpo molhado contra o corpo quente do marido que
havia secado com os raios de sol.
- Por quê? – olhou-o confusa enquanto pousava as duas mãos sobre
a cintura dele.
- Porque não estou interessado em aguentar outros caras te
comendo com os olhos.
- O quê? – olhou-o surpresa.
- Diana, eu vi você ir para a água e a vi sair dela. Pelo menos três
homens pararam o que estavam fazendo para te observar.
- Anthony, eu estou grávida. Está cheio de mulheres lindas por aí,
com as barrigas lisas e o corpo todo no lugar.
- Só porque está grávida, você acredita que não está desejável? –
ela assentiu – Diana, Diana... – ela disse seu nome em tom de advertência –
Você não tem ideia do quanto é linda estando ou não grávida. – soltou-a e
pegou o vestido dela que estava dobrado sobre a espreguiçadeira – Vista isso.
– entregou-a a peça de roupa – Vamos para o quarto e vou lhe provar o
quanto um homem pode ficar louco com você.

Diana demorou a reagir vendo Anthony arrumar todas as coisas e


vestir a bermuda sobre a sunga logo após guardar o resto dentro da bolsa. Ele
segurou-a pelo pulso e levou-a até o quarto, trancando a porta em seguida e
largando a bolsa no chão antes de colar os lábios com os dela. Diana gemeu
sentindo o beijo intenso e as bocas se encaixando perfeitamente. Seu biquíni
estava molhado, o vestido úmido, mas a cada segundo seu corpo se aquecia
sentindo as mãos habilidosas de Anthony sobre a lateral dele.
Ela gemeu quando sentiu os dentes dele mordiscando-lhe o lábio
inferior e sentiu seu vestido ser puxado para cima até que este passasse por
sua cabeça. Ficou apenas com a roupa de banho e Anthony se ajoelhou à sua
frente roçando os lábios em seu vente pouco acima da borda do biquíni.
Arrepiou-se e sentiu um beijo em sua intimidade por cima do pano molhado e
segurou aos cabelos do marido. Viu o sorriso malicioso antes de ele retirar a
parte de baixo do biquíni e explorar sua intimidade com a língua.
Diana estremeceu e puxou o cabelo dele com mais força, abrindo as
pernas e deixando que Anthony explorasse toda sua intimidade com a língua
quente e habilidosa. Era uma sensação deliciosa, ele sabia o que fazer e onde
fazer, seu clitóris latejava e ela gemeu baixo ao sentir uma leve mordida dele.

- Anthony, por favor...

Apertou mais os cabelos dele tentando controlar a vontade que


crescia de sentir o membro invadindo-a e preenchendo-a. Quando estava a
ponto de atingir o orgasmo, ele se levantou e beijou-a com paixão fazendo
com que Diana sentisse o próprio gosto em seus lábios. Ele retirou a bermuda
e a sunga e puxou-a para a cama fazendo com que ela sentasse em seu colo.
Sem conseguir se controlar, Diana segurou os ombros dele e se encaixou no
membro rígido pronto para possuí-la.
Ambos gemeram e ela começou a se movimentar devagar,
alterando o vai e vem do quadril com algumas reboladas e jogou os cabelos
pra trás dando acesso livre ao marido para lhe beijar o pescoço. Cada vez que
ela aumentava mais os momentos, Anthony gemia rouco e lhe apertava a
bunda. O clímax se aproximava e as respirações ofegantes se misturavam os
gemidos que preenchiam o silêncio do quarto. Diana gritou o nome dele e
cravou as unhas em seu ombro levando Anthony junto consigo naquele
orgasmo.

- Acho que você precisa tirar esse biquíni molhado. – ele comentou
alguns minutos depois, quando ambos estavam deitados sobre a cama se
recuperando do que acabara de acontecer.
- Ele está me incomodando. – ela se sentou devagar e retirou a
parte de cima do biquíni dando liberdade aos seios – Estavam me apertando.
- Seus seios estão maiores. – sentou-se na cama e alisou as costas
dela – Não me olhe desse jeito, Diana. Conheço-os o suficiente para saber
quando aumentam de tamanho.
- Você tem razão. – sorriu e olhou para baixo – O problema é que
eles sempre foram fartos e com a gravidez estão ainda maiores. Me sinto
gorda.
- Diana, vamos precisar de um segundo round para eu te provar que
não está gorda?
- Tudo bem, você me convenceu. – olhou-o – Mas ainda podemos
ter o segundo round, certo?

Anthony sorriu e colocou a mão sobre sua nuca puxando-a para um


beijo e novamente ambos se entregaram.

Durante o por do sol, Diana se espreguiçou sentindo seus músculos


totalmente cansados. Anthony estava sentado ao seu lado na cama e quase
tomou um susto quando abriu os olhos e o pegou observando-a. Embora
sonolenta, se permitiu alguns segundos para olhar para o marido. Anthony era
ainda mais sexy quando estava sério e concentrado. A barba por fazer lhe
dava ganas de querer tocá-la com a palma da mão.

- Dormiu bem? – ele perguntou quebrando o silêncio.


- Sim. – respondeu tentando se sentar na cama, com a barriga ainda
maior, sentia mais de dificuldade.

Anthony a ajudou apoiando suas costas e Diana conseguiu se


sentar, alisando a barriga nua. O lençol cobria a parte de baixo do seu corpo,
mas seus seios estavam completamente à mostra. Seu primeiro instinto foi
cruzar os braços para cobrir sua nudez, mas Anthony segurou seu pulso. Os
olhos amendoados lhe disseram em silêncio que não deveria fazer aquilo.
Devagar, Diana afastou os braços e deixou os seios à mostra.

- Nunca se cubra na minha frente, entendeu? – foi um aviso sério,


mas ela pode ouvir o toque de carinho naquele tom.
- Ainda preciso me acostumar com meu corpo. Tudo mudou tão
rápido.
- Você é linda, Diana. Grávida ou não.
- Obrigada.
- Agora vamos aproveitar a brisa desse início de noite, vai te fazer
bem. – ele se levantou e para sua surpresa, a pegou no colo.
- Anthony! – exclamou despreparada para essa atitude, ele nunca
fazia isso.
- Vamos tomar banho juntos.

Algo que poderia durar pouco tempo, acabou demorando bastante


para terminar. De novo, Anthony fez questão de mostrar para a esposa o
quanto ela era desejável. Diana se sentia leve e saiu do banheiro vestindo seu
roupão quando a noite já caíra. Escolheu um vestido de mangas curtas da cor
azul clara e calçou uma sandália rasteira. Anthony colocou um jeans e uma
camisa simples branca que lhe realçava cada um dos seus músculos. Ela
penteou os cabelos e os deixou secar naturalmente. Não passou nenhuma
maquiagem, apenas um gloss.
Anthony a levou para caminhar à beira da praia. A brisa fresca
batia em seus cabelos e em seu rosto enquanto andava com ele de mãos
dadas. Qualquer um que os visse jamais poderia suspeitar que estavam em
um casamento por conveniência. Anthony acariciava sua mão com o polegar
e começara a conversar sobre algumas viagens que fizera antes mesmo de se
conhecerem. Pela primeira vez ele estava falando do passado por vontade
própria.

- Já estive em Cancún cerca de três anos atrás. Vim para uma


reunião para me associar à uma famosa editora mexicana. Nunca tive tempo
de vir até a praia caminhar, é a primeira vez que faço isso. Há anos não viajo
a lazer. Exceto é claro, na nossa lua de mel.
- Ao contrário de você, sempre viajei a lazer. Mas agora, depois de
tudo isso, tenho percebido o quanto minha vida foi vazia. Fútil, na verdade.
Engravidar tem me feito abrir os olhos para algumas coisas.
- O quê?
- Quero que nossos filhos sintam orgulho de mim. Não quero ser
apenas uma mulher dependente do seu dinheiro ou do dinheiro do meu pai.
Eu gostaria de fazer algo produtivo, mas nunca estudei nada. Nem fui para
uma faculdade. – falar isso em voz alta a fazia se sentir como uma derrotada,
coisa que nunca aconteceu enquanto ainda vivia sua vidinha de viagens e
compras.
- Sou um homem de negócios, Diana... – parou de caminhar
fazendo com que ela também parasse e se virou de frente para a esposa – Não
sei sinceramente o que você pretende para o futuro, mas como um empresário
e administrador, pode ter certeza que posso te dar todas as direções
necessárias.
- Obrigada, Anthony. – sorriu para ele, como poucas vezes fazia,
mas dessa vez sentia que embora seu casamento não desse certo, conseguia
enxergar um futuro mais concreto, onde se orgulharia de si mesma.
- Agora vamos jantar em algum restaurante, você precisa alimentar
esses dois.

Ele tocou sua barriga, por vontade própria, de maneira espontânea e


quase podia acreditar que Anthony não era um cara frio, existia um coração
ali dentro que talvez, sem nenhum tipo de pressão, ele pudesse mostrar.
Capítulo 39

Diana caminhava de braços dados com o marido logo após saírem


do restaurante de frutos do mar onde ela comera uma deliciosa sopa de
mariscos na hora do almoço. Relembrou a noite anterior, a caminhada na
praia, a conversa com Anthony, o apoio que demonstrara lhe dar em relação
ao futuro e principalmente, a maneira carinhosa com que a tratara. Tocou-lhe
a barriga, ficou o tempo todo preocupado se estava se sentindo bem e ao
voltarem para o hotel, não fizeram sexo, mas ficaram na varanda curtindo o
ar fresco da noite enquanto ela contava um pouco sobre suas viagens pela
Europa.
Agora, durante a tarde, Diana insistira em fazer uma caminhada
pelo local na intenção de conhecer um pouco mais enquanto fazia a digestão.
Ela decidiu entrar em algumas lojinhas e comprou lembranças para
Alexandra, Victor, Rachel, Elisa e o pai. Sentia falta dele e não tivera tempo
de vê-lo desde o sequestro que sofrera.
Decidiu entrar em uma última loja referente a artigos para bebês.
Ficou encantada com a variedade de coisas que podia encontrar. Anthony
decidiu ficar do lado de fora, fazendo uma ligação para a família e lhes dizer
que estava tudo bem. Lá dentro, Diana olhava cada uma das peças de roupa
desejando poder levar tudo, porque eram simplesmente maravilhosas. Viu
dois macaquinhos que desejou comprar para os gêmeos. Bordado com um
leãozinho na altura do peito, do lado esquerdo, ela comprou um azul e um
verde. Mal podia esperar para ver a hora em que vestiria os gêmeos.
Pegou as duas pequenas roupinhas e continuou andando pela loja
totalmente distraída. Parou novamente em outro cabide de roupas e sentiu
que alguém lhe esbarrou.

- Ai! – exclamou se desequilibrando, mas logo sentiu uma mão


firme em seu braço.
- Perdón! – o homem logo tratou de se desculpar.
- Está tudo bem. – respondeu.
- Eu estava distraído. – o desconhecido agora falara em sua língua e
ela finalmente pode olhar para ele.

Era um homem de estatura média, com olhos castanhos e cabelos


claros queimados pelo sol. Ele usava uma camisa simples e um pouco larga
da cor azul e uma bermuda cargo.

- É americana? – ele perguntou parecendo analisá-la com cuidado.


- Sim, vim passar alguns dias aqui. – respondeu pensando que seria
um pouco deselegante desviar o olhar para continuar dando uma olhada nas
roupinhas.
- Sempre quis conhecer os Estados Unidos, ainda não tive a
oportunidade.
- Você vai gostar, só não temos praias tão bonitas quanto às daqui.
- Mas com certeza tem mulheres lindas que compensam isso.
- E certamente, uma delas é casada.

Num passe de mágica, como sempre acontecia nesses casos,


Anthony se projetou atrás do homem impondo toda sua altura e seu jeito
possessivo que faziam com que Diana sentisse as pernas fraquejarem.

- Infelizmente as melhores sempre estão acompanhadas. – o


desconhecido girou nos calcanhares ficando de frente para Anthony, sendo
quase quinze centímetros mais baixo.
- De fato. – deu um passo a frente, ainda mais sério, com o olhar
parecendo pegar fogo – Portanto sugiro que saia de perto da minha mulher
antes que eu mesmo afaste você.

O homem deu uma última olhada em Diana de cima a baixo e se


afastou rapidamente quando Anthony ameaçou avançar em sua direção, mas
Diana se jogou para frente agarrando o braço do marido para acalmá-lo.

- Anthony, não faça isso. Não vá brigar, por favor. – pediu se


posicionando na frente do marido e apertando seu braço.
- Esse homem estava dando em cima de você, Diana. Teve a
audácia de te olhar na minha frente. – ele respondeu claramente alterado, mas
não levantou a voz.
- Foi bem estranho, ele esbarrou em mim e eu tentei ser educada,
mas não percebi segundas intenções até aquele comentário.
- Preste atenção em mim. – Anthony segurou seu queixo fazendo
com que mantivesse o olhar fixo no seu – Você está grávida, insiste em não
se sentir bonita e veja só, um desgraçado veio dar em cima de você. Desde
que eu a conheci, sabia que seria assim. Mas todos devem saber que você é
minha esposa.
- Por favor, se acalme. – pediu e ele respirou fundo - Veja o que
vou comprar. – mostrou a ele os dois macacões para distrair a cabeça do
marido – O que achou?
- Eu gostei. – aquele era o máximo que ele poderia demonstrar.
- Vou para o caixa pagar por essas roupinhas antes que eu fique
mais tempo aqui e queira levar tudo.

Como previsto, Anthony não a deixou ir sozinha, foi caminhando


logo atrás deixando claro que ela estava acompanhada. A simpática senhora
atrás do balcão lhe sorriu e começou a dobrar o par de roupinhas com
extrema delicadeza, antes de colocar em uma sacola de papel listrada de azul
e amarelo. Após o pagamento, Diana agradeceu e sentiu a mão de Anthony
na base de suas costas lhe conduzindo até a saída.
Após uma hora andando, Diana sentiu os pés e as costas doloridas e
suspirou fazendo com que Anthony parasse de andar. Ele a olhou
preocupado.
- O que aconteceu, Diana? Está se sentindo bem?
- Só com um pouco de dor nos pés e nas costas. – respondeu
levantando o olhar para ele – Podemos nos sentar?
- Claro. – ele a levou até um banco debaixo de uma árvore que
ficava em uma pequena praça e acariciou-lhe a mão – Quer alguma coisa?
- Apenas descansar.
- Vou chamar um táxi para nos levar de volta para o hotel. Você
precisa repousar, sabe as recomendações da Dra. Perkins.
- Eu sei.

Ambos chegaram ao hotel e Anthony ajudou a esposa a tomar um


banho rápido e se deitar para descansar. Diana não tinha ideia do quanto
estava cansada, mas descobriu assim que se sentiu sonolenta e pegou no sono
rapidamente.
Quando acordou, a luz do quarto já estava acesa e provavelmente
estavam no início da noite. Piscou algumas vezes e viu Anthony sentado no
sofá no canto do quarto com o notebook no colo usando seus óculos de grau e
usando apenas uma cueca samba-canção enquanto lia concentrado algo na
tela do computador. Quando notou que ela havia acordado, desviou o olhar e
se ajeitou no sofá.

- Está se sentindo melhor? – perguntou lhe dirigindo um olhar


preocupado.
- Sim. Mas me sinto mal porque tenho dormido muito ao invés de
aproveitar a viagem.
- Diana, você está grávida. Foi a própria Dra. Perkins que lhe disse
que você se cansaria com mais facilidade e que precisaria repousar bastante.
- Eu sei. – ela concordou balançando a cabeça e se sentando na
cama – Anthony, eu queria comer alguma coisa. – recostou-se na cama e
passou a mão na barriga por cima da camisola de seda.
- O quê? Me diga que peço para o serviço de quarto.
- Quero morango com chocolate. – mordeu o lábio – Desejo de
grávida.
- Céus! – ele exclamou e olhou para cima – Eu achei que isso
nunca aconteceria.
- Anthony... – chamou-o – Por favor.
- Tudo bem, Diana. – deixou o computador portátil de lado e se
levantou – Vou perguntar se eles tem aqui no restaurante do hotel, senão vou
atrás de algum lugar que venda isso.
- Obrigada. – sorriu – Mesmo.
- Não precisa agradecer. Eu não demoro.

Ligou para o serviço de quarto, mas eles não tinham os morangos


disponíveis então rapidamente Anthony se vestiu, pegou a carteira e saiu do
quarto tentando fazer a vontade da esposa. Diana continuou recostada e olhou
para a barriga onde cresciam os frutos daquela relação conturbada com seu
marido.

- O papai é durão às vezes, mas tem um bom coração. Eu sei. –


começou a conversar com os filhos – Estou tão feliz por ter vocês aqui
comigo, não me sinto mais sozinha quando o pai de vocês vai trabalhar.
Quando voltarmos vou comprar roupinhas, sapatinhos e os móveis do
quartinho de vocês com a tia Elisa. Vocês vão adorá-la. É a melhor amiga da
mamãe e vai ser a madrinha de um de vocês, assim como a tia Rachel. Ela é a
irmã do papai e está muito empolgada com a chegada de vocês. – disse
sorrindo – Mas não tanto quanto eu. Quero poder pegá-los no colo, dar
banho, amamentar, por pra dormir, cuidar e dar todo o meu amor.

Diana ficou ali conversando sobre vários assuntos com os filhos.


Contava sobre as aulas de culinária, sobre a oficina que ajudara com a doação
de livros e como pretendia visitá-la assim que terminasse as compras para o
quarto dos bebês. Queria ver de perto como os jovens estavam aproveitando
os livros e gostaria de participar o clube do livro que criaram para incentivar
a leitura. Não soube quanto tempo ficou ali conversando com os bebês, mas
viu Anthony abrir a porta do quarto segurando uma sacola de plástico.

- Desejo realizado. – ele disse largando o cartão da porta sobre a


mesinha – Tive que comprar em uma doceria há quase um quilômetro do
hotel.
- Me desculpe ter que fazer você procurar por isso, mas eu
realmente quero muito comer.
- Não tem problema. – aproximou-se da cama e se sentou na
beirada – Bom apetite. Espero que goste.

Estendeu as mãos e pegou a sacola enquanto sorria animada por


finalmente realizar seu primeiro desejo de grávida. Abriu a caixa e viu todos
os morangos dispostos em formato de círculo e passou a língua nos lábios.
Pegou um deles e mordeu-o gemendo de satisfação em sentir o sabor tão
desejado. Fechou os olhos e suspirou mastigando o morango sentindo prazer
enquanto degustava.

- Diana, se você soubesse o quanto isso foi sexy, pensaria duas


vezes antes de fazer de novo. – a voz de Anthony a distraiu e fez com que
abrisse os olhos.
- Mesmo? – olhou-o curiosa.
- Mesmo. – assentiu.
- Quer me dar na boca, Sr. Walsh? – pegou um morango e levantou
a mão mostrando-o.
- Será um prazer, Sra. Walsh.

O jogo de sedução não demorou muito. Logo Anthony estava se


desfazendo das roupas, levantando a camisola dela e penetrando-a devagar
tomando cuidado com sua barriga. Diana sorria satisfeita enquanto era levada
a um mundo de prazer que não se cansava de visitar. Após o sexo
maravilhoso, Anthony se dispôs a lhe fazer uma massagem nas costas e nos
ombros.
Diana estava sentada, completamente nua na cama, enquanto ele
lhe acariciava os ombros com a ajuda de um óleo de frutas cítricas bastante
refrescante.

- Obrigada, Anthony. – suspirou de olhos fechados aproveitando a


pressão dos dedos dele.
- Não precisa me agradecer, Diana. Você é minha esposa e está
carregando meus filhos. Além disso, depois do que aconteceu, você precisa
relaxar.
- Anthony... – chamou-o – Eu estou com fome. – passou a mão na
barriga.
- Está na hora de jantarmos. – abraçou-a por trás e também tocou-
lhe a barriga enquanto encostava os lábios em seu ouvido – Comemos no
quarto e a sobremesa fica por minha conta.

O tom de voz dele sugeria algo extremamente erótico e após o


jantar, Diana descobriu os planos do marido. Anthony utilizara o chocolate
para lambuzar os seios dela e se deliciar com a maciez da sua pele. O final
daquela viagem estava sendo incrível e ela estava com medo de voltar para a
realidade.
Capítulo 40

Sozinha em casa, Diana estava terminando de tomar banho para


sair para jantar com o marido. Anthony conseguira assinar um contrato com
uma empresa alemã e passaria a investir em um novo mercado de
publicações. Ele chegou em casa quando ela estava terminando a maquiagem
e passou direto para o banheiro lhe dando um beijo no ombro rápido como
cumprimento. Ele saiu do banho alguns minutos depois completamente nu e
com o corpo já seco, Diana o viu pelo espelho, enquanto ajeitava o vestido, o
marido passando logo atrás de si e sorriu interiormente. Ainda não se
acostumara à beleza de Anthony.

- Diana, antes de sairmos preciso dizer que viajarei daqui a dois


dias. – disse enquanto vestia a cueca.
- Viajar? – ela se virou para olhá-lo – Para onde?
- Preciso ir até a Itália, visitar os vinhedos e conferir de perto como
andam as coisas. Quero fazer um balanço desses primeiros meses e estar mais
próximo dos funcionários.
- Entendo. – olhou novamente para o espelho e passou a mão pela
barriga – Vai demorar?
- Talvez umas duas semanas. – vestiu a calça e parou ao lado dela
segurando uma camisa social – Decidi fazer a viagem porque consegui firmar
o contrato com os alemães e posso deixar a empresa de Nova York por
alguns dias.
- Tudo bem. Eu vou cuidar do quarto dos bebês na nova casa.
- Confio em você, faça o que quiser. – vestiu a camisa olhando-se
no espelho.

Diana se olhou novamente checando se o vestido roxo realmente


lhe caíra bem e decidiu colocar os sapatos pretos que havia deixado ao lado
da cama. Após calçá-los, colocou brincos de pérolas e viu Anthony colocar
seu paletó preto por sobre a camisa vinho.

O restaurante era aconchegante, Anthony escolhera um australiano


porque dissera que Diana ia adorar. Ela nunca havia ido a um, mas achou
interessante poder experimentar comidas típicas da Austrália. Como conhecia
o lugar e a culinária, Anthony escolheu uma salada grega para a entrada e
como prato principal costeletas de cordeiro com tapenade. Diana adorou o
sabor do tapenade, que servia como molho para dar mais sabor à carne. A
sobremesa foi um pavlova, uma torta com recheio de kiwi e limão que ela
adorou e acabou repetindo.

- Fico feliz que tenha gostado. – Anthony comentou após colocar a


taça de vinho branco sobre a mesa.
- Eu achei tão gostosa a comida. Não tinha ideia de que a culinária
australiana era tão saborosa.
- Vou te trazer mais vezes.
- Essas tortinhas são uma delícia. Não consegui resistir ao segundo
pedaço. – ela sorriu e colocou o garfo de volta no prato e limpou a boca com
o guardanapo.

Anthony não respondera, seu olhar se fixou em um ponto do


restaurante e ele não piscava. Diana achou estranha a reação repentina e a
expressão do marido que não explicava nada. Ela queria saber o que prendera
tanto a atenção dele, então virou o rosto e viu Rachel em uma mesa do outro
lado do restaurante acompanhada de Taylor. Ambos conversavam sorridentes
e estavam de mãos entrelaçadas sobre a mesa. Diana virou o rosto novamente
e o marido continuava com a mesma expressão e em silêncio.

- Anthony... – chamou-o baixinho fazendo com que os olhos


amendoados se fixassem nela.
- Dá pra acreditar naquilo? – ele perguntou ainda incrédulo – Meu
advogado e a minha irmã! Desde quando?
- Eu não sei. – balançou a cabeça em negativa – Eles parecem
felizes.
- Eles precisam saber que eu os vi. – foi se levantando.
- Não, Anthony! – Diana exclamou – Não vá! Não faça isso.
- Rachel não me contou nada.
- Ela já é bem grandinha. De repente estão vendo se vai dar certo
antes de contarem sobre o que está acontecendo entre eles. Vamos embora,
Anthony. Não vamos incomodá-los.
- Não consigo acreditar. Minha irmã com meu advogado. Eu jamais
ia imaginar algo assim. – ajeitou-se na cadeira novamente e chamou o
garçom – Amanhã vou ligar para Rachel.
- Sim, amanhã você fala com ela. Não os deixe constrangidos aqui.

Minutos depois, após saírem pela porta lateral do restaurante já que


Diana convencera o marido a sair sem que Rachel e Taylor tomassem ciência
de sua presença, ambos estavam a caminho de casa e Diana já se sentia
cansada. Era quase onze da noite, as ruas estavam ainda um pouco
movimentadas já que o tempo não estava mais tão frio e a primavera trouxe o
frescor da noite.

Anthony estava sentado com Diana na varanda do quarto logo após


chegar do trabalho um dia antes de viajar. Ele falava ao telefone com a irmã e
deixara o aparelho no viva-voz para que a esposa também participar do
assunto sobre a relação de Rachel com Taylor

- Rachel, quero que me conte como aconteceu. – ele falava logo


após ter dito à irmã que a vira no restaurante com seu advogado.
- Anthony, está bancando o irmão ciumento. Eu não tenho quinze
anos.
- Não interessa. Ainda é minha irmã caçula e quero saber como foi
que essa relação com meu advogado começou. Há quanto tempo estão saindo
juntos?
- Eu vou contar porque te conheço e sei que não vai sossegar. –
Diana ouviu o suspiro dela do outro lado da linha – Lembra-se do dia em que
fui ao seu escritório? Da última vez?
- Sim. – ele respondeu.
- Quando estava indo embora, encontrei Taylor no elevador e como
estava na hora do almoço, por coincidência íamos almoçar no mesmo
restaurante. Ele me convidou para me sentar à sua mesa e começamos a
conversar. Depois marcamos de sair juntos e cá estamos.
- Estão namorando? – ele perguntou diretamente.
- Ainda não. E nem tente me retrucar. – ela emendou sabendo que o
irmão não ia ficar satisfeito com a resposta – Eu prefiro que as coisas
aconteçam devagar, estamos nos dando bem e se tudo continuar bem como
está, aí sim oficializamos.
- Não me soa muito bem isso. – ele se recostou no sofá da varanda
– De qualquer forma, espero que Taylor não faça nada errado porque sou
capaz de cortar a cabeça dele com uma faca de pão.
- Anthony, menos. Já não sou mais criança. Agora fique calmo que
eu vou desligar. Tenha uma boa viagem e mande um beijo para Diana. – ela
não sabia que a cunhada estava ouvindo toda a conversa.
- Certo. Se cuida, Rachel.

Ela desligou e Anthony suspirou fechando os olhos. Diana colocou


a mão sobre a coxa dele e alisou-a devagar sabendo que apesar da cunhada
ser uma mulher adulta, Anthony sempre a protegeria porque este era seu
jeito. Era protetor e gostava de ter domínio sobre as coisas, até mesmo em
relação aos namoros da irmã. Talvez ele não estivesse tão nervoso por já
conhecer Taylor, provavelmente se fosse um homem desconhecido, ele já
teria interferido e se mostrado presente naquele dia no restaurante.

- Anthony, você está parecendo um irmão preocupado com a irmã


adolescente. – ela disse acariciando a coxa dele – Por que não pensa em outra
coisa?
- Fico preocupado, Diana. – passou o braço sobre o encosto do sofá
atrás dela – Não quero ver minha irmã magoada.
- Você acha que Taylor pode magoá-la?
- Não sei. – balançou a cabeça – Ele é meu advogado e amigo, mas
não sei como se comportará com minha irmã.
- Vai dar tudo certo. Eles fazem um belo casal e eu torço pra que
fiquem juntos. – recostou-se e colocou a mão sobre a barriga – Acho que vou
tirar um cochilo.
- Vá, Diana. Você precisa descansar.
- Amanhã vou à mais uma consulta. Uma pena você não poder ir
junto.
- Me ligue depois e me deixe ciente de tudo. – levantou-se e
estendeu a mão à ela – Venha. Enquanto isso vou ligar para Taylor e pedir
para ele trazer o contrato do seguro da nova casa já que terei que viajar
amanhã.
- Você quer interrogá-lo, não é? – levantou-se devagar por conta da
barriga que já estava começando a pesar tornando alguns movimentos mais
lentos.
- Talvez. – deu de ombros.

Diana acordou no final da tarde com o estômago roncando.


Levantou-se devagar e apoiou a mão na barriga e se levantou apoiando a
outra no colchão. Não havia sinal de Anthony no quarto e nem dentro do
banheiro. Lavou o rosto devagar e se olhou no espelho. Até que a viagem lhe
fizera bem, estava um pouco mais bronzeada e gostava no seu tom de pele no
momento. Olhou pela janela quando voltou ao quarto e viu que estava tudo
escuro do lado de fora, mas não tinha ideia do horário. Pegou um hobby e
vestiu por cima da camisola, saiu do quarto e desceu direto para a cozinha
sem se preocupar onde o marido estava, precisava comer. Tinha que cuidar
dos seus bebês. Ruth estava em frente ao fogão cozinhando alguma coisa e
não a viu entrar.

- Boa noite, Ruth. – ela disse se aproximando o balcão.


- Boa noite, Sra. Walsh. – olhou-a – Está com fome?
- Bastante.
- O Sr. Walsh disse para lhe fazer uma sopa e lhe oferecer assim
que acordasse. – ela disse já se movendo para pegar uma das tigelas de
porcelana.
- Onde Anthony está?
- No escritório. Disse para você comer primeiro e depois ir até lá.
- Obrigada. – Diana agradeceu quando Ruth colocou a tigela sobre
o balcão à sua frente junto com outra tigela com pães.

Não tinha noção do tamanho de sua fome até repetir a sopa. Era de
legumes e estava deliciosa. Na verdade, Diana se acostumara à comida de
Ruth e entristeceu ao imaginar que não mais poderia saborear aquela refeição,
que não entraria em casa e veria o doce olhar de Ruth a quem tinha quase
como uma mãe e principalmente, não teria Anthony. Seu semblante
entristecera e ela reprimiu a vontade de chorar. Não podia pensar nessas
coisas, precisava ser forte e encarar tudo já que decidira levar adiante aquele
casamento. Tinha que pensar no pai, precisava salvar a empresa dele e
devolver-lhe o único bem que sobrara da família Stewart. Droga! Detestava o
quanto os hormônios mexiam com ela. Seu emocional às vezes parecia uma
montanha russa.

- Está tudo bem, Sra. Walsh? – Ruth perguntou notando a tristeza


em seu olhar.
- Sim. Eu estou bem. – sorriu para disfarçar – Estava tudo
delicioso, Ruth. Vou falar com Anthony. – ela pegou a tigela para levar até a
pia.
- Não, não precisa fazer isso. – Ruth interferiu – Deixe que eu
cuido de tudo.
- Obrigada.

Diana sorriu mais uma vez e foi até o escritório do marido vendo a
porta fechada. Ela bateu e ouviu a voz dele permitindo a entrada. Anthony
estava de calça jeans e uma camisa branca de mangas com um decote em V.
Era um pouco grudada ao seu corpo e modelava os músculos do braço com
perfeição. Ele estava de pé ao telefone calado, provavelmente ouvindo quem
estava do outro lado.

- Não, Frank. Eu vou viajar amanhã e só voltarei daqui a duas


semanas mais ou menos, não marque a reunião para semana que vem. –
Anthony olhou-a e estendeu-lhe a mão – Eu sei, mas eles vão precisar
esperar. – segurou a mão de Diana e apertou-a devagar – Preciso ir à Itália,
tenho que verificar minha empresa no país e não posso mais adiar isso. –
Diana se recostou a ele e Anthony soltou-lhe a mão pousando-a em sua bunda
– Marque para quarta-feira logo após a minha volta. – alisou uma das
nádegas da esposa – Ótimo, Frank. Vou precisar desligar.

Anthony largou o telefone sobre a mesa e olhou-a com atenção.


Diana levantou o olhar e deslizou a ponta dos dedos sobre a barba por fazer.
Adorava os olhos do marido, eram amendoados, mas algumas vezes pareciam
bem mais escuros que de costume.

- Já se alimentou? – ele perguntou demonstrando preocupação.


- Sim. Ruth me disse que você deu ordens de que eu tinha que
comer algo assim que levantasse. – sorriu – A sopa estava deliciosa.
- Fico feliz em ouvir isso. – ele levou-a até o sofá – Precisamos
conversar sobre alguns detalhes antes de Taylor chegar. É sobre a viagem.
- O que quer falar comigo?
- Diana, depois do que houve, eu não quero que você ouse por os
pés para fora dessa mansão sem o Robert. Está me entendendo?
- Sim. – balançou a cabeça em afirmativa – Eu também não me
sinto pronta para sair sozinha.
- Ótimo. Se quiser sair com Elisa, não tem problema. Ande com o
segurança e tudo ficará bem.
- Espero que volte logo.
- Farei o possível. – lhe deu um selinho rápido – Agora troque de
roupa, Taylor vai chegar daqui a pouco e não quero nenhum homem vendo
minha mulher vestida assim. – levantou-se e estendeu à mão para ela – Te
espero na sala.

Taylor chegou quarenta minutos depois e parecia tenso. Diana não


o vira muitas vezes, mas o advogado de Anthony sempre lhe parecera seguro
e muito distinto. Diana imaginou que provavelmente Rachel lhe contara que
o irmão já sabia sobre os dois. Os olhos esverdeados olharam diretamente
para seu cliente e amigo e em seguida miraram Diana. Ruth o levara até a sala
de estar e em seguida saíra provavelmente voltando até a cozinha. Taylor
estava vestido com uma calça preta e uma camisa social azul escura listrada
de branco e cinza. Era a primeira vez que Diana o via sem terno, já
demonstrando que Anthony o tirara de seu momento de folga e poderoso
como era, não tinha suas exigências negadas por ninguém.

- Boa noite, Anthony. – Taylor disse cumprimentando-o com um


leve aceno de cabeça e olhou para Diana – Boa noite, Sra. Walsh.
- Pode me chamar de Diana. – ela disse achando formal demais
aquele cumprimento já que o marido era trato pelo nome.
- Gostaria de beber alguma coisa? – Anthony se encaminhou para o
bar.
- Um uísque está bom. – Taylor respondeu ainda de pé segurando
sua pasta.
- Sente-se – Diana convidou-o indicando um dos sofás e se sentou
no outro vendo Anthony encher dois copos.
- Como estão os bebês? – Taylor perguntou para quebrar o silêncio.
- Estão bem, obrigada. – Diana acariciou a própria barriga de modo
maternal.
- Aqui está. – Anthony serviu-o e se sentou ao lado da esposa
segurando seu copo – O contrato do seguro está de acordo?
- Sim. Perfeitamente claro. – Taylor deixou o copo de lado sobre o
descanso de copos e abriu a pasta retirando um envelope – Aqui há cópias
caso queira ler e estou também com o original para ser assinado.
- E o seguro cobre tudo?
- Exato. Roubo, qualquer dano estrutural, incêndio, absolutamente
tudo que vá gerar um grande prejuízo.
- Então vou assiná-lo. – Anthony se levantou.
- A escritura também já está comigo. – Taylor pegou outro
envelope.
- Vou levar o contrato para o escritório e pegar uma caneta para
assiná-lo.

Em um minuto, Anthony já estava de volta com os papéis assinados


e entregou-os ao advogado pegando a escritura definitiva da nova mansão em
Scarsdale.

- Diana vai se encarregar de ver de perto como andam as reformas e


vai começar a decorar o quarto dos bebês. – Anthony disse se sentando
novamente ao lado da esposa e pegando seu copo de uísque – Caso ela
precise de você, esteja às ordens para atendê-la, certo?
- Perfeitamente.
- Agora que já acabamos, quero conversar sobre outro assunto. –
Anthony se recostou no sofá e passou um dos braços sobre o encosto da
cadeira enquanto Taylor se alarmava – Sei que está saindo com minha irmã.
- Anthony, eu... – Taylor disse logo após arregalar os olhos
esverdeados, titubeando pela primeira vez desde que Diana o conhecera.
- Taylor, somos amigos há um bom tempo e sei que você é um
homem correto, é por isso que confio em você como meu advogado. –
Anthony disse e bebeu um longo gole de sua bebida – Rachel é minha irmã e
eu espero que não a magoe.
- Eu gosto dela de verdade. Rachel é uma mulher linda e
inteligente. É uma pessoa que eu valorizo muito e que pretendo ter em minha
vida. Sei que foi bastante repentino tudo o que houve, mas estamos indo bem.
- Pretende namorá-la?
- Claro. – Taylor afirmou categoricamente – Só estou dando um
tempo para que sua irmã se sinta mais segura em relação a isso.
- Fico mais aliviado depois de falar com você. – Anthony se
levantou – Cuide da minha irmã. – estendeu a mão para ele.
- Eu o farei. – levantou-se e apertou-lhe a mão – Boa noite.
- Boa noite. – Anthony respondeu mais relaxado.

Calada, Diana via a imagem dos dois homens e sorria internamente


por Anthony aparentar calma durante a conversa. Ambos se despediram do
advogado e subiram para o quarto onde se deitaram. Diana precisava
descansar e Anthony tinha de acordar cedo para viajar.
Capítulo 41

- Sim, papai. Eu estou bem. – Diana falava andando pelo quarto e


colocando suas coisas dentro da bolsa.
- Precisa se cuidar, querida. Ainda estou preocupado com o que
aconteceu.
- Eu sei, mas estou andando com um segurança agora. Anthony não
me permite sair de casa sem escolta. – guardou a carteira e tentou fechar o
zíper com uma das mãos – Agora vou à uma consulta e depois sairei com
Elisa, vamos ver a decoração do quarto dos bebês.
- Certo, minha filha. Se cuide e tenha um bom dia.
- Você também, papai. Sinto saudades.
- Eu também, Diana. O tempo todo.

Ela sentiu o coração se aquecer e sorriu antes de desligar a ligação.


Sabia que agora o pai aceitava melhor o fato de ela ter engravidado de um
homem com quem não ficaria casada. A ideia de ser avô o conquistara já que
sua família agora estava aumentando. Diana guardou o celular e descer as
escadas encontrando com Robert parado na sala de estar esperando-a.
Anthony havia viajado naquela manhã e provavelmente ainda estava
sobrevoando o Atlântico.
A consulta fora ótima, os bebês estavam bem e Diana se sentia
aliviada sempre que saía com boas notícias do consultório. Depois de toda a
tensão com o sequestro, achava que algo poderia dar errado com sua gravidez
e prejudicasse seus filhos. Recostou-se no banco de trás e ficou olhando para
o lado de fora do carro enquanto Robert dirigia concentrado até a loja de
móveis onde Diana marcara de se encontrar com a amiga.
Elisa estava parada em frente à porta usando um vestido azul claro
até os joelhos e uma sapatilha da cor nude. Diana saiu do estacionamento
indo de encontro à ela. As duas se abraçaram mantendo certa distância por
conta da barriga a morena deu uma boa olhada na amiga segurando seus
ombros.
- O sol de Cancún lhe fez bem, você está ótima, Di. – sorriu e
colocou a mão sobre a barriga dela – Como estão esses pequenos?
- Ótimos, acabei de sair de uma consulta. – olhou para dentro da
loja – Vamos entrar, não vejo a hora de ver os móveis.

As duas entraram na loja seguidas de perto por Robert que se


mantinha todo o tempo calado. Algumas vezes Diana esquecia a presença
dele, o que era bom, pois ainda não se acostumara a ser seguida, por outro
lado, adorava saber que tinha proteção para que evitasse passar por
momentos de terror como os que vivera. Rodaram toda a loja buscando o que
mais agradava e viu um conjunto de móveis de madeira clara com detalhes
em um verde também claro e Diana ficou totalmente encantada.

- Acho que é esse, Eli. – passou a mão pela cômoda – É lindo. Foge
do branco clássico.
- Eu também gostei. É perfeito.
- Eu compro dois berços, mudo o desenho das colchas e assim eles
ficam diferentes sem destoarem.
- Perfeito, Di. – olhou-a – Será que Anthony vai gostar?
- Ele disse que confia em mim. – deu de ombros – O que importa é
que fiquei apaixonada e é esse que vou levar.
- Sra. Walsh, está decidida a levar esse conjunto de móveis? – a
vendedora Joyce estava parada ao lado do mostruário com as mãos
entrelaçadas em frente ao corpo.
- Sim, é este. Quero encomendar dois armários e dois berços.
- Perfeitamente, senhora.

Dez minutos depois de preencher todos os dados e o endereço para


a entrega, Diana fez o pagamento e saiu da loja acompanhada da amiga e do
segurança. As duas almoçaram em um restaurante ali perto e decidiram ir ao
shopping. Entraram em várias lojas de roupas para bebês logo após o almoço
e Diana não resistiu em comprar várias coisas. Como eram gêmeos, precisou
comprar tudo em dobro e Robert saiu carregando várias sacolas. Elisa
também segurava algumas e Diana poucas já que não podia carregar muito
peso.
Já no final da tarde, depois de ficar o dia todo na rua, Diana chegou
em casa e com a ajuda de Robert, colocou todas as sacolas sobre a cama. O
segurança saiu do quarto rapidamente e ela se sentou na poltrona sentindo as
costas doerem por conta do peso da barriga. Anthony ainda não havia ligado,
verificou o celular para ter certeza e não havia nenhuma chamada. Ruth não
lhe dera nenhum recado, o que significava que o marido ainda não havia
ligado. Decidiu tomar um banho para relaxar e torcia para que o marido
ligasse, pois estava começando a se preocupar.
Após colocar a camisola e secar os cabelos, Diana começou a tirar
as sacolas da cama e as levou para o quarto de hóspedes. Como tinha que
esperar se mudarem, ela só ia guardar as roupinhas quando estivessem na
nova mansão com o quartinho todo pronto. Voltou para o quarto a tempo de
ouvir seu celular tocar. Olhou no visor e era Anthony, sorriu aliviada antes de
atender.

- Oi. – ela disse sentando sobre o colchão.


- Olá, Diana. Tudo bem?
- Sim, estou bem e você? Como foi de viagem? – ela mais relaxada.
- Um pouco cansativo. Assim que cheguei fui direto para os
vinhedos e por conta do fuso horário, já era quase noite quando cheguei. Vim
para o hotel, tomei um banho e jantei. Decidi ligar agora porque já estou indo
dormir e suspeitei que já tivesse chegado do seu passeio com Elisa.
- Eu comprei os móveis para o quarto dos bebês e fui à consulta,
está tudo bem.
- Que bom, fico feliz em ouvir isso. Agora preciso desligar.
Alimente-se e descanse. Depois nos falamos, Diana.
- Até mais, Anthony.

Ele desligou e Diana olhou para a tela do celular antes de deixá-lo


sobre a mesinha ao lado da poltrona. Estava realmente com sono, mas
precisava comer alguma coisa antes de dormir. Ruth preparou frango ao
molho de laranja e Diana comeu um pouco antes de subir para o quarto e se
entregar ao sono.

As duas semanas que passara longe de Anthony pareceram longas.


Ele ligara pouco, quando o fazia era breve e quando ela tentava ligar, muitas
vezes ele não atendia. Diana não conseguia entender o motivo de aquilo estar
acontecendo, mas sentia que não era um bom sinal. Lembrou-se dos últimos
meses, Anthony estava sendo carinhoso, fora um marido maravilhoso durante
a viagem para Cancún e secretamente estava acreditando que ele pudesse ao
menos gostar dela, nem que fosse um pouco. Queria saber o que estava
acontecendo, mas perguntar não adiantaria, já que Anthony apenas diria que
estava tudo bem.
Longe dele, ela estava se sentindo incompleta. Passava mais tempo
conversando com os bebês e saía apenas para ir às aulas de culinária e as
consultas. Elisa algumas vezes passava na mansão para ver a amiga e Rachel
fazia companhia para a cunhada aproveitando para levar alguns presentes
para os sobrinhos. Diana criara muita simpatia pela cunhada e gostaria muito
de ter contato com ela quando seu casamento acabasse. Fernando também lhe
fizera uma visita e jantaram juntos um delicioso filé mignon preparado por
Ruth.
Finalmente naquela tarde Anthony estaria chegando à Nova York e
poderia ver se o marido realmente havia mudado e ficado mais distante
emocionalmente, ou se ele estava apenas estressado por conta do trabalho na
Itália. Diana tomou um banho e colocou um vestido branco estampado com
algumas flores e calçou uma sapatilha. Ficou sentada na sala de estar
esperando pelo marido.

- O papai logo vai chegar. Vocês devem estar sentindo tanta falta
dele quanto eu. – disse acariciando a barriga.

Anthony apareceu seguido por Gregory que carregava sua mala. O


motorista fora até o aeroporto buscar o patrão e Anthony parecia bastante
cansado, porém continuava lindo. Diana sorriu e foi até ele que a recebeu
com um abraço, mas sentia que algo nele estava diferente.

- Anthony, está tudo bem? – ela perguntou segurando o rosto dele


entre as mãos.
- Estou cansado, Diana. Tenho trabalhado todos os dias desde que
viajei. Só preciso de um banho e cama. – respondeu soltando-a devagar –
Vamos para o quarto.

Era estranho vê-lo assim. Parecia o Anthony de quando se casaram.


Frio, distante, sério e com um olhar gélido. Diana olhou para Gregory, que
parecia não notar a maneira seca com que o patrão havia falado, e virou-se
indo para o quarto com o marido. Quando entrou, Anthony já estava se
desfazendo das roupas e foi direto para o banheiro. Diana juntou as roupas
que ficaram jogadas pelo chão do quarto e colocou-as dentro do cesto de
roupa suja que ficava no canto do banheiro dentro de um armário embutido.
Anthony estava em silêncio e ela preferiu esperá-lo no quarto.
Quando o marido voltou, com uma expressão menos cansada e já
de banho tomado, Diana levantou-se da poltrona e foi para a cama.

- Não quer jantar primeiro? – perguntou tentando manter um


diálogo.
- Não, só quero dormir.

E sem dizer mais nada, ele se meteu debaixo do edredom e se


aconchegou aos travesseiros se deixando levar por um sono profundo. Diana
tentou não pensar em nada ruim em relação ao marido, mas era estranho vê-lo
daquela forma, era como se voltasse no tempo e estivesse novamente ao lado
do Anthony com quem se casara há quase um ano atrás. Em silêncio, deixou
o quarto e foi até o escritório dele, pegou um livro sobre a Grécia e começou
a desfolhá-lo, lendo algumas informações que achava relevante.
Ela acordou se sentindo desconfortável e colocou a mão sobre a
barriga. Estava com cinco meses e seu ventre já estava bastante arredondado.
Sentiu uma dor nas costas e quando abriu os olhos percebeu que havia
adormecido recostada na poltrona. Por estar ali, deduziu que Anthony não
havia acordado e ficou perdida sem saber que horas eram. Levantou-se com
dificuldade e deixou o livro sobre a poltrona. Apagou as luzes e se
encaminhou para o quarto dando uma boa olhada no relógio de platina
pendurado no final do corredor que indicava ser pouco mais de uma da
manhã. Diana subiu para o quarto e Anthony continuava adormecido, o que
provava que ele realmente andava muito cansado. Resolveu deixar de pensar
em como ele estava agindo e deitou ao lado dele logo após vestir a camisola.

Ao acordar, Diana se viu sozinha na cama, Anthony não estava ao


seu lado e ela suspirou chateada. Onde ele estava? Por que tinha a sensação
de que Anthony estava fugindo dela? Levantou-se, tomou um banho e desceu
para perguntar à Ruth sobre ele. A governanta estava colocando a louça na
lavadora quando Diana entrou na cozinha.

- Bom dia, Ruth. – cumprimentou-a.


- Bom dia, Sra. Walsh. – olhou-a – Aceita alguma coisa para o café
da manhã?
- Primeiro eu gostaria de saber onde está Anthony.
- Ele já tomou o café e disse que ia para empresa.
- Entendi. – acomodou-se em um dos bancos – Já que ele saiu,
então tomarei o café agora.
- Panquecas?
- Sim, eu adoraria.

Após o café da manhã, Diana foi para o quarto e se arrumou. Não


ficaria em casa sozinha esperando por Anthony, iria até à nova mansão ver
como estavam as coisas. Ligou para a decoradora e por ser Diana Victoria
Walsh, conseguiu que esta desistisse da sua hora de almoço para ir até
Scarsdale atender a chamada da esposa do poderoso Anthony Walsh. Robert
a levou até lá e Diana saiu do carro assim que ele estacionou na propriedade.
Carrie Russell era a decoradora contratada por Anthony para junto com
Diana, decidir todos os detalhes do interior da casa.

- Bom dia, Sra. Walsh. – estendeu a mão – Que bom vê-la


novamente.
- Bom dia. – apertou-a em um cumprimento educado.

Carrie usava uma saia lápis da cor vinho e uma blusa de seda
marfim sobre um paletó que fazia conjunto com a saia. O sapato preto de
salto era bastante elegante e ela tinha os cabelos castanhos presos em um
coque. Diana lembrava perfeitamente dos olhos verdes fixos em Anthony
quando este se aproximou. Carrie o olhava sem conseguir disfarçar seu
interesse e agora Diana se sentia feliz por estar ali sem ele, deixando-a
desapontada.

- Vejo que o Sr. Walsh não pode vir. – ela disse tentando fazer com
que o comentário parecesse inocente.
- Meu marido está ocupado com a empresa, mas me deu total
liberdade para cuidar da decoração sem precisar de sua aprovação. – ela se
adiantou para a entrada da mansão – Vamos falar primeiro sobre o quarto dos
bebês, os móveis já foram entregues.

Diana passou toda a manhã com Carrie discutindo algumas ideias e


decidindo sobre móveis e estilos de decoração para cada cômodo. Queria que
tudo estivesse em harmonia e decidiu também a cor das paredes. Escolheu
um tom pastel para o escritório de Anthony que combinaria com a cor mogno
dos móveis. Ela achava que aquele ambiente um pouco mais no estilo antigo
deixaria o lugar aconchegante e acolhedor, diferente do escritório dele na
empresa que parecia bastante sem vida.
Satisfeita com as decisões daquele encontro, Diana dispensou
Carrie e ficou um pouco ali no jardim da mansão que logo sofreria o trabalho
de paisagismo. Ficou imaginando os filhos brincando e correndo pelo
gramado, mas fechou os olhos pensando que quando isso acontecesse, já não
estaria morando ali. Por que tanta preocupação por um lugar onde nem
mesmo iria morar? Sabia a resposta. No fundo o que queria era que um dia
Anthony acordasse e decidisse rasgar aquele contrato e a assumisse
verdadeiramente como esposa, dizendo que a ama. Foi despertada de seus
pensamentos pelo toque de seu celular. Era Anthony.

- Oi. – atendeu tentando controlar a empolgação pela ligação, já


que mal se falaram desde que ele voltou para Nova York.
- Onde você está? – a voz dele soava um pouco irritada – Liguei
para casa e Ruth me disse que você havia saído.
- Estou em Scarsdale. – respondeu com tranquilidade – Robert me
trouxe até aqui, eu gostaria de conversar sobre algumas coisas com Carrie.
- Da próxima vez me avise quando decidir sair da cidade. – ele
disse ainda aparentando irritação.
- Não queria incomodar. Você saiu tão apressado hoje de manhã
que imaginei estar muito ocupado na empresa.
- De qualquer forma, ligue. Caso eu não atenda, Gabriela pegará o
recado e depois me passará.
- Tudo bem. Mais alguma coisa?
- Não, só queria saber onde você estava. Nos falamos quando eu
chegar.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, ele desligou o
telefone. Diana suspirou e abaixou o braço de maneira derrotada. O que dera
nele? Por que voltara a ser o antigo Anthony Walsh? Guardou o celular
dentro da bolsa se sentindo irritada e triste ao mesmo tempo, virou-se e
decidiu ir para casa.

- Robert, me leve embora, por favor.


- Claro, madame. – ele se adiantou e abriu a porta para ela.

Durante todo o caminho de volta, Diana ficara olhando para fora do


carro pensando no que podia ter acontecido para Anthony voltar tão
diferente. Não encontrava nenhuma resposta, nada que justificasse uma
mudança repentina de uma hora para outra. Não podia perguntar nada a ele,
não podia transparecer que estava incomodada, além do mais, ele jamais iria
responder de maneira satisfatória se perguntasse diretamente.
Assim que chegou em casa, tomou um banho e deitou para
descansar um pouco. A cada dia que passava ficava cansada com mais
facilidade e a barriga pesada lhe dava dor nas costas. Aconchegou-se e
acabou pegando no sono, sentindo o cheio de Anthony no travesseiro ao lado
do seu.

Um mês se passara, Diana estava com pouco mais de seis meses de


gravidez e passava mais tempo deitada do que dando passeios. Deixara as
aulas de culinária e se sentia péssima por isso. Algumas vezes visitara a
oficina para qual ajudara com os livros, porém também deixara a atividade de
lado. Sua barriga estava cada vez maior e sentia dor nos pés. Anthony
continuava cada vez mais calado e distante, ela algumas vezes não conseguia
controlar a tristeza e cedia às lagrimas.
Nunca entenderia o marido. Jamais saberia o que fizera com que
mudasse de repente. Onde estava o Anthony carinhoso? Não conseguia
entender como ele havia desaparecido de uma hora para outra e dado lugar
novamente ao Anthony frio com quem havia se casado. O celular tocou e ela
esticou a mão para atendê-lo.

- Oi. – disse um pouco desanimada após olhar no visor e ver que


era Anthony.
- Diana, estou ligando para avisar que vou chegar tarde. Não me
espere para o jantar.
- Tudo bem. – limitou-se a responder.
- Até mais.
- Tchau.

Desligou a ligação e largou o celular ao seu lado sobre a cama. Já


estava acostumada com aquele tipo de notícia. Anthony chegava quase todos
os dias depois do horário de costume, apenas tomava banho, comia alguma
coisa e dormia, ou às vezes se trancava no escritório. Quase não se falavam,
vez ou outra conversavam pouco mais de algumas palavras quando estavam
em algum evento ou quando visitavam a família dele. Diana torcia para que
os bebês nascessem logo, não para que Anthony de repente passasse mais
tempo em casa, mas porque precisava canalizar todo o amor que tinha para os
bebês. Tentou esperar por ele, saber que horas ia chegar, mas o cansaço por
conta da gravidez era maior e ela acabou pegando no sono.

Diana acordou com um sobressalto sem ter noção da hora.


Procurou o celular e o viu sobre o criado mudo, mas não se lembrava de tê-lo
colocado lá. Era quase oito da manhã e recordou-se de que tentou esperar por
Anthony que iria chegar mais tarde. O lado da cama onde ele dormia estava
vazio, mas o lençol enrugado denunciava que dormira ali. O paletó e a
gravata do dia anterior estavam jogados, dando a certeza de que Anthony
aparecera. O único problema é que não sabia a que horas.
Levantou-se devagar e apoiou a mão nas costas sentindo um pouco
de dor. A cada dia que passava, era mais difícil sustentar o peso da barriga o
que estava acabando com sua coluna. Tomou um banho rápido e desceu
vestida com uma calça de pano azul escura e uma bata branca, deixando um
pano bem folgado por cima da barriga protuberante. Sentia-se gorda e o fato
de não transar com Anthony desde que ele voltara de viagem só fazia com
que se sentisse pior.
Vivia à sombra de um marido que pouco se comunicava e tudo
parecia pior do que quando se casaram. Antes Anthony conversava, mesmo
que com suas grosserias, ainda mantinham relações sexuais e saíam juntos
toda a semana. No momento, Anthony mal parava em casa e não fazia a
menor questão de estar junto com ela. Não queria tomar o café da manhã,
passou direto pela sala de estar e entrou no corredor, entrando no escritório e
suspirando sentindo o cheiro da madeira e a luz baixa do ambiente. Passou a
mão pela borda da grande mesa e viu a caneta dourada com a gravação “A.
Walsh”.

- O que deu no pai de vocês? – perguntou aos bebês que se


reviravam em seu ventre.

À noite, Anthony chegou do trabalho milagrosamente em seu


horário normal. Entrou em disparada no quarto e arrancou o paletó jogando-o
sobre a poltrona. Estava lindo, porém com o olhar frio que carregava consigo
desde que mudara sua forma de agir. Diana estava recostada na cama e
acariciava a barriga interrompendo a conversa com os filhos.

- Nos mudamos na semana que vem. – Anthony disse arrancando a


gravata vermelha jogando-a sobre o paletó.
- Já? – perguntou surpresa.
- Sim.
- Mas faltava toda a decoração. – arregalou os olhos – É uma casa
grande, me disseram que demorariam um pouco até terminarem tudo.
- Consegui fazer com que acelerassem essa parte. A decoração será
feita e depois ajeitaremos os detalhes. Precisamos nos instalar antes de
terminar o mês.
- Por quê?
- Fui convidado para dar uma entrevista para a revista Forbes. Você
já pode ter ideia do quão importante isso é. Querem fazê-la em nossa casa,
mas a imprensa já tem conhecimento de que estamos prestes a nos mudar,
então quero fazer isso antes de ser entrevistado. Tudo acontecerá na mansão
em Scarsdale e tiraremos fotos juntos no jardim. Audrey Sullivan, a
encarregada das relações públicas da empresa já combinou com os jornalistas
da Forbes, não podemos adiar nossa mudança porque precisamos de alguns
dias para nos adaptar.
- Nossa! – recostou-se novamente ao travesseiro – Se não tem outra
opção e ao que parece a entrevista é essencial. Então acho que já podemos
nos despedir dessa casa.
- Sim. – balançou a cabeça – Peça a ajuda de Ruth para arrumar
suas roupas.
Capítulo 42

A nova mansão em Scarsdale era maravilhosa. Realmente tudo


ficara pronto dentro do prazo e fazia dois dias que haviam se mudado.
Anthony continuava o mesmo, mas estava tenso com a entrevista. A revista
Forbes era a mais importante do ramo de empresários milionários e ter uma
matéria publicada alavancaria ainda mais seus negócios e visibilidade.
Para o dia da entrevista, Diana escolheu um belo vestido de cetim
da cor salmão, sapatos de salto preto e deixou os cabelos soltos. Colocou uma
maquiagem leve e realçou os lábios com um batom rosado. Anthony colocou
uma camisa azul marinho de mangas longas e tecido fino. A calça jeans o
deixava bastante despojado e nos pés ele usava um sapato preto. A primeira a
chegar para ajudar com a entrevista foi Audrey. Uma loira magra, com
cabelos repicados na altura dos ombros e um olhar bastante avaliador. Diana
notou que ela a olhou de cima a baixo com os grandes olhos azuis claros e
sorriu tentando mostrar simpatia.

- Bom dia, Sra. Walsh. – estendeu a mão com unhas pintadas de


vermelho.
- Bom dia. – Diana cumprimentou-a apenas por educação.
- Fico feliz que tenha vindo cedo, Audrey. – Anthony disse com um
dos braços por cima dos ombros de Diana – Acho que precisamos repassar as
perguntas que serão feitas.
- Claro. Serão basicamente sobre os negócios e a empresa. Depois
disso lhe perguntarão sobre o casamento e os filhos. – ela respondeu piscando
algumas vezes os longos cílios olhando fixamente para Anthony.
- Venha, Audrey. Ruth vai lhe servir algo para beber. Enquanto isso
terei uma conversa com minha esposa, se não se importa. – ele virou-se e
começou a levar Diana para dentro de casa sendo acompanhado pela loira.
- Acomode-se no sofá, não vamos nos demorar.

Dizendo isso, Anthony levou Diana até o escritório e fechou a porta


olhando-a com atenção. Ela estava nervosa, não entendia o motivo de tanto
mistério.

- O que quer conversar comigo?


- Diana, precisamos ser o casal mais feliz do mundo. – ele disse em
um tom de voz baixo – Precisamos o tempo todo nos olhar, sorrir, nos
acariciarmos, darmos uma verdadeira demonstração de amor na frente das
câmeras. Isso vai contar para a narrativa que virá antes das perguntas quando
forem publicadas.
- Anthony, eu sei. – ela balançou a cabeça em afirmativa – Estamos
juntos há quase um ano, banquei a esposa apaixonada até agora.
- Só quero ressaltar o quanto essa entrevista é importante. Não
estrague tudo.
- Não vou estragar nada.
- Precisamos deixar claro que teremos mais filhos, que não quero
apenas os gêmeos, que teremos uma grande família.
- E eu comento toda feliz dizendo que estou louca para ter uma
menina. – completou – Não precisa me ensinar nada, Anthony.
- Ótimo, então vamos sair e fazer nosso papel.

Era estranho vê-lo falando daquele jeito. Definitivamente, Anthony


voltara a ser o mesmo com quem se casara. Calculista, egoísta e deixando
claro que seu casamento era baseado nos negócios. Diana respirou fundo
tentando controlar a vontade de chorar e caminhou de braços dados com ele
até o lado de fora de casa, onde uma van da revista acabara de estacionar.
Desceram alguns funcionários, o fotógrafo e a repórter sorrindo ao olharem
para Anthony, também satisfeitos com a matéria que iam publicar.
Após se acomodarem, o fotógrafo decidiu fazer algumas fotos antes
de começarem as perguntas. Anthony de repente estava gentil e atencioso.
Ambos se sentaram no banco do jardim e ele abraçou-a com carinho, tiraram
fotos sorrindo com expressões satisfeitas. Parecia um típico casal apaixonado.
As poses foram mudando. Em algumas fotos estavam de pé, em outras
sentados. Anthony estava com a mão sobre a barriga da esposa, beijando o
ventre protuberante, abraçando-a por trás e a mais esperada. O beijo do casal.
Após uma sessão de flashes, ambos se acomodaram sobre a sombra da
varanda.

- Podemos começar, Sr. Walsh? – perguntou Abigail Thompson, a


repórter da revista.
- Claro. – Anthony respondeu acomodado sobre o sofá da varanda
de mãos entrelaçadas com a esposa.
- A que deve o sucesso da sua empresa?
- Em primeiro lugar, a dedicação de cada um dos funcionários que
estão envolvidos. Busco sempre aperfeiçoá-los e contratar pessoas
qualificadas que vistam a camisa da empresa verdadeiramente. – respondeu
tranquilo.
- Uma notícia se espalhou de que o senhor estava investido em
empresas na Itália, é verdade?
- Sim. Eu comprei um vinhedo na Toscana pouco depois que me
casei. Costumo atribuir essa compra à minha esposa. – Anthony olhou para
Diana que deu seu sorriso tímido.
- Por quê?
- Diana adora vinhos, sempre apreciei a bebida e fizemos um
delicioso passeio por um vinhedo durante nossa lua de mel, o que me
despertou o interesse pelo ramo.

Abigail fez mais algumas perguntas sobre os negócios de Anthony


e Diana segurava a mão do marido sentindo-a quente e aproveitando o toque
caloroso que já não sentia há muito tempo. Audrey olhava o casal em um tom
de interesse e Diana a todo o momento se sentia desconfortável com a
presença daquela mulher, já Anthony parecia ignorar que outras pessoas o
estivessem olhando.

- A notícia de que a Sra. Walsh estava esperando gêmeos deixou-os


todos contentes e foi um assunto bastante comentado nas festas. Pretendem
ter outros?
- Diana e eu sempre quisemos ter uma família grande. Acho que
por esse motivo Deus nos presenteou com dois filhos de uma só vez.
- Nosso próximo passo é ter uma menina. – Diana disse olhando
para o marido tentando demonstrar toda sua paixão, escondendo a tristeza em
seu olhar.
- Já escolheram os nomes para os bebês?
- Sim, mas isso será uma surpresa. – Anthony se adiantou.

Mais meia hora de entrevistas e algumas fotos e finalmente todos


foram embora. Anthony automaticamente voltara a ser o homem frio que se
trancava no escritório para trabalhar, ou para fugir dela, Diana ainda não
tinha certeza. Era hora do almoço quando ela decidiu ir atrás dele para
convidá-lo para comer alguma coisa e Anthony estava parado de pé na
varanda do quarto falando ao telefone.

- Hoje eu não posso. – ele falava suavemente e virou-se a avistando


se aproximar – Marque para amanhã, às três Gabriela. Preciso desligar. – seu
tom de voz mudara completamente e Diana achou bastante estranha aquela
reação. Imediatamente ele desligou o celular e se virou para olhá-la.
- Vim te chamar para o almoço. Com a manhã toda ocupada, você
estar faminto.
- Sim. Estou. – ele se adiantou – Venha, você também precisa
comer.

De maneira sistemática e mecânica, Anthony caminhou ao seu


lado. Havia dias que não lhe tocava de maneira espontânea e não fazia a
menor menção ao sexo. É claro que Diana sabia que com a barriga daquele
tamanho não deveria estar tão sexy, mas Anthony durante a viagem lhe
deixara claro de várias maneiras que ela estava linda. O que tinha acontecido?
Por que ele retornara tão diferente? Não queria pensar em nada ruim, mas
toda aquela felicidade que começara a experimentar, havia se dissipado como
fumaça no céu.
Ruth preparava um delicioso frango grelhado com alcaparras e uma
sopa de abóbora para a entrada. Ultimamente vinha se sentindo um pouco
sem apetite, mas se forçava a comer bem por conta dos bebês. Anthony
estava sentado do outro lado da mesa em silêncio sem se dar nem ao trabalho
de olhá-la.

- Anthony, eles vão entregar os móveis do quarto dos meninos essa


semana.
- Ótimo. – respondeu cortando seu frango – É bom que o quarto
esteja todo pronto logo, acredito que os bebês não vão demorar a nascer.
- Gêmeos sempre nascem um pouco antes dos nove meses e eles
estão tão grandes. – olhou para baixo e acariciou a barriga protuberante.
- Continue se cuidando, Diana. Depois do almoço suba para
descansar. Vou ficar aqui no escritório para cuidar de alguns e-mails.
E assim, sem mais nem menos, ele encerrou o assunto e Diana
suspirou. Achou melhor subir antes da sobremesa e se afastar de Anthony. Se
ele a trataria com tanta frieza, não faria mais questão de se manter perto dele.
Ao final do contrato, pegaria suas coisas e iria embora com os filhos. Lidaria
com o coração partido em outro momento. Sua prioridade sempre seria os
gêmeos.
Capítulo 43

Tentar organizar o quarto dos bebês com uma barriga de sete


meses e meio era uma tarefa difícil. No dia anterior, Rachel havia passado na
mansão para deixar roupinhas que havia comprado para os sobrinhos. Havia
sacolas dadas por Alexandra e Victor e Diana os agradeceu ligando assim que
a cunhada fora embora. Rachel finalmente havia engatado um namoro com
Taylor e parecia radiante, com um novo brilho no olhar. Ela também gostaria
de estar feliz como a cunhada, mas tudo o que sentia era tristeza e a frieza do
marido que mais uma vez estava trancado no escritório. Há uma semana tinha
sido o aniversário de Anthony e eles comemoraram com um jantar em um
restaurante e logo depois, ele estava trancado em seu escritório. Parecia
somente um dia comum. Agora Diana estava no quarto dos bebês
organizando as últimas coisas. Suas costas doíam um pouco, mas ela
ignorava o incômodo e dobrava todas as roupinhas organizando-as dentro das
gavetas.
Ruth apareceu à porta segurando um envelope pardo e Diana parou
de arrumar tudo desviando sua atenção para a governanta.

- Sra. Walsh, chegou uma correspondência para a senhora. –


entregou o envelope à Diana que achou estranho não haver remetente.
- Obrigada, Ruth. – acenou com a cabeça.

Curiosa para saber do que tratava aquela correspondência


misteriosa, Diana abriu o envelope rasgando a ponta e notou que havia alguns
papéis não muito grandes dentro dele. Enfiou a mão sentido a textura
diferente e puxou revelando fotografias. Largou o envelope que caiu ao chão
devagar e sentiu o sangue se espalhar pelo seu corpo de maneira rápida. As
pernas ficaram fracas e ela desabou sentada na poltrona de amamentação.
Todas as fotografias eram de Anthony com uma mulher em frente a um
edifício. Era loira e Diana quase conseguia ter certeza de que se tratava de
Audrey, a mulher que tratava das relações públicas da empresa dele.
Não conseguia acreditar que Anthony a estava traindo, mas todo
seu comportamento nos últimos tempos deixava claro que seu desinteresse
por ela era justificado por uma traição. Diana sentiu seu estômago embrulhar
ao ver fotos de Audrey segurando-o pela gravata e Anthony com a mão sobre
sua bunda. A terceira fotografia era ambos aos beijos e ela não conseguiu ver
mais nada, sua visão embaçou e Diana desabou em um choro compulsivo.
Agradeceu por Ruth já ter saído do quarto, pois não se sentiria bem sendo
vista chorando daquela forma com as provas da traição de seu marido em
suas mãos.
Não era um casamento de verdade, sempre soubera disso, mas
esperava dele que houvesse um mínimo de respeito. Anthony não tivera
consideração, sabendo que ela estava ali grávida, aguentando dores enquanto
ele se deitava com uma loira descarada. As lágrimas corriam por sua face de
maneira compulsiva, como uma cachoeira por suas bochechas e ela não se
dava ao trabalho de secá-las. Algumas gotas caíam sobre as fotos e Diana não
se importava. Queria gritar, queria correr, queria sair dali o mais rápido
possível. Seu coração estava despedaçado, um coração apaixonado ferido
pela traição e falta de respeito.
Foram longos minutos tomados pela tristeza, que deu lugar à raiva
quando se deu conta das vezes em que ele chegara tarde do trabalho. Com
certeza estava se divertindo com Audrey, enquanto ela o esperava feito uma
tonta. Como pudera ser tão idiota? Como não percebeu que toda aquela frieza
repentina demonstrava que ela já não o interessava? Era apenas uma mulher
grávida com quem se casara por interesse comercial.
Levantou-se o mais depressa que pode e desceu carregando as
fotografias com força amassando um pouco o papel. Seu sangue corria pelas
veias fazendo todo seu corpo esquentar e a raiva que sentia era maior do que
a dor nas costas, igualando-se ao tamanho da dor que sentia em seu peito.
Irrompeu o escritório como um foguete, batendo a porta com força e fazendo
Anthony levantar os olhos confusos com a reação dela. Ele estava sentado à
mesa digitando algo em seu computador, mas os olhos vermelhos de Diana e
as bochechas molhadas eram um assunto muito mais urgente.

- COMO VOCÊ PODE? – ela gritou fazendo com que ele


arregalasse os olhos – VOCÊ É SUJO, ANTHONY! VOCÊ É UM
MALDITO CANALHA COM QUEM ME ARREPENDO DE TER
CASADO! – com força ela arremessou as fotos sobre ele, fazendo uma chuva
de papéis cair sobre aquele homem enquanto outras batiam de encontro ao
seu rosto.

Anthony pegou uma das fotos que caíra sobre a mesa e ficou pálido
ao tomar conhecimento do que se tratava. A prova clara de sua traição, não
tinha como negar. Levantou os grandes olhos castanhos e olhou para Diana
que bufava de raiva.

- Diana, tudo tem uma explicação. – ele se levantou e ela deu um


passo para trás.
- EU NÃO QUERO SUA EXPLICAÇÃO, EU NÃO QUERO
NADA DE VOCÊ! – ela gritava com cólera – TUDO O QUE EU QUERO É
SAIR POR ESSA PORTA E NUNCA MAIS VOLTAR!
- Pelo amor de Deus, Diana! Acalme-se!
- NÃO QUERO CALMA, EU QUERO QUE VOCÊ E SUA
AMANTE VAGABUNDA SE DANEM! VOCÊ TEVE A CORAGEM DE
SE DEITAR COM OUTRA MULHER ENQUANTO EU ESTAVA AQUI
CARREGADO DOIS FILHOS SEUS! – ela fez o número dois com os dedos
de maneira exagerada – VOCÊ NÃO TEVE UM PINGO DE RESPEITO!
EU TE ODEIO, ANTHONY! VOCÊ É O HOMEM MAIS EGOÍSTA DO
MUNDO!
- Diana, eu e você sabemos que esse casamento não é real. – ele
tentava a todo custo se manter calmo diante de todo o escândalo – Ele iria
acabar.
- MAS FOI REAL O SUFICIENTE PARA VOCÊ ME
ENGRAVIDAR!
- DÁ PARA PARAR DE GRITAR? – ele mesmo explodira
fazendo uma das veias saltarem em seu pescoço.
- NÃO! EU QUERO QUE O MUNDO ESCUTE QUE VOCÊ
NÃO VALE NADA!
- Pare com isso, Diana. Pelo amor de Deus! – ele contornou a mesa
com a intenção de se aproximar dela.
- NÃO TOQUE EM MIM! – ela deu um passo para trás – NUNCA
MAIS TOQUE EM MIM! – gritou com toda sua força e sentiu uma pontada
na barriga – Ai... – gemeu colocando a mão sobre o ventre.
- Diana! – Anthony correu até ela ficando preocupado, agarrando-
lhe o braço e vendo a esposa curvada – O que houve?
- Minha barriga, está doendo... – ela disse com a voz fraca,
totalmente diferente de poucos segundos atrás – Ai, dói muito. – fechou os
olhos com força.

Rapidamente, Anthony a pegou no colo dizendo que a levaria para


o hospital. Ruth viu o patrão correr com a esposa nos braços já assustada por
ter ouvido toda a gritaria.

- Ruth, ligue para minha família, Fernando e Elisa e avise que estou
levando Diana para o hospital. Acho que os bebês vão nascer. – ele disse
ofegante e correu para a porta de entrada. – Avise que estarei no hospital
central.

Gregory estava do lado de fora passando cera no carro quando viu


o patrão correr com uma expressão desesperada até o veículo. Estava nervoso
e podia notar as pequenas gotas de suor em sua testa enquanto a esposa
permanecia encolhida em seus braços.

- Me leve para o hospital central agora. Acho que Diana está


prestes a dar à luz.

O motorista largara tudo e ajudou o patrão a se senta no banco de


trás deixando a esposa ainda encolhida segurando o ventre enquanto gemia de
olhos fechados. As lágrimas desciam por sua bochecha e pingavam na camisa
de Anthony que a abraçava tentando dominar o pânico que sentia. Diana
gemia e soluçava baixo, eram pontadas no ventre que a amedrontavam e
machucavam.

- Não quero perder meus bebês, não quero... – gemia enquanto


segurava a barriga encolhida no colo de Anthony, deixando de lado todo o
ódio que sentia, não conseguia nem mesmo raciocinar.
- Gregory, vá mais rápido! – Anthony disse em um tom de voz alto
e desesperado.
- Estou dirigindo o mais rápido que posso, Sr. Walsh. O tráfego
está muito pesado.
- Então tira o peso dele, porra! – explodiu – Minha mulher está com
dor!

Apesar de nervoso, Anthony nunca explodia com seus empregados,


mas o nível de estresse e desespero estava tão grande que já não pensava em
mais nada. Diana choramingava nos braços dele, rezava para que Deus
cuidasse da vida dos seus filhos, mas a dor que sentia algumas vezes era tão
forte que fazia com que parasse a oração por não conseguir raciocinar.
Anthony entrou na emergência carregando a esposa nos braços, sua
testa acumulava gotas de suor por conta do nervosismo e da pressa com que
caminhava. Entrou em disparada pelo corredor até a recepção onde uma
jovem de olhos azuis olhava fixamente para uma tela do computador, os
cabelos castanhos presos em um coque perfeito.

- Com licença, minha esposa está grávida e está com dores. – ele
disse para a recepcionista que o olhou com os olhos em alerta.
- Vou chamar o médico responsável.

Rapidamente ela apertou um botão chamando o obstetra da clínica.


Diana gemia e as lágrimas continuavam molhando a camisa dele, mas
Anthony apenas se importava em vê-la livre daquela dor, sã e salva assim
como seus filhos. Seu coração estava apertado e se despedaçava aos poucos.
Um senhor alto, com cerca de quarenta e cinco anos veio correndo pelo
corredor, seu jaleco esvoaçava e ele fixou o olhar experiente em Diana.
Anthony pode ler em seu jaleco o nome Dr. Carter.

- Vamos colocá-la na maca. O que aconteceu? – ele disse


avaliando-a enquanto duas enfermeiras se aproximavam com uma maca.

Anthony deitou a esposa sobre o colchão verde e ela chorou ainda


mais agarrada à barriga, sem conseguir controlar a dor que sentia no ventre
atravessando até mesmo sua espinha.

- Sou Anthony Walsh. Minha esposa está grávida de gêmeos


univitelinos, começou a sentir dores e eu a trouxe até o hospital.
- Vamos levá-la até a sala de exames, precisamos fazer uma
ultrassonografia de emergência para saber a posição dos bebês.

A equipe médica se apressou e o doutor empurrava a maca com


Diana enquanto Anthony andava a passos largos ao seu lado. Sentia sua testa
molhada de suor, seu coração batendo acelerado e a adrenalina percorrendo
cada centímetro do seu corpo como um vulcão prestes a entrar em erupção.
- Doutor, a paciente está perdendo sangue. Os sinais vitais estão
muito fracos. – disse uma das enfermeiras que segurava o pulso de Diana.
- Vamos fazer o parto de emergência! – disse o médico se
apressando mais – O senhor não vai poder entrar. – olhou para Anthony.
- Como não?! – olhou-o ficando mais nervoso – É minha esposa!
- Mas o estado dela é delicado, falaremos com o senhor assim que
terminarmos.

Rapidamente, a equipe virou o corredor e sumiu dentro de uma


sala, fechando a porta em seguida e deixando Anthony parado no completo
silêncio. Sentia um medo se apoderar dele, uma sensação semelhante ao que
sentira no sequestro de Diana. Seu estômago parecia se embrulhar lhe dando
uma sensação de enjoo, seu corpo estava quente e ele podia sentir as batidas
do coração de maneira forte e acelerada. Caminhou devagar um pouco
desnorteado de volta à recepção onde Gregory esperava de pé um pouco
apreensivo.

- Senhor! – a recepcionista chamou Anthony que nem sequer ouviu


– Senhor! – chamou-o novamente e ele levantou a cabeça devagar – Você
precisa preencher a ficha de entrada da sua esposa.

Anthony sentia como se caminhasse sobre as nuvens, como se seus


pés não estivessem fincados ao chão. Era como se estivesse totalmente fora
de si. Olhou para Gregory e novamente para a recepcionista, caminhou até o
balcão e com dificuldade começou a preencher a ficha. Largou a caneta e
olhou para o motorista que o olhava sem saber o que fazer.

- Gregory, vá em casa e busque a bolsa de Diana e a bolsa dos


bebês. Ruth irá lhe ajudar. – foi tudo o que conseguiu dizer antes de fechar os
olhos e mergulhar novamente em sua tristeza.

Havia traído a esposa. Havia traído a única mulher que fora capaz
de amar e por um deslize e medo do futuro, cometera o maior erro de toda
sua vida. Agora por conta disso podia perder a esposa e os filhos. Lembrou-se
das palavras da enfermeira. Ela está perdendo sangue. Por que aquilo tinha
que acontecer? Merecia todo o castigo do mundo. Mas merecia ser castigado
através de Diana? Ela merecia esse sofrimento? Seus filhos mereciam isso?
Não, ele era o único culpado e o único que merecia sofrer. Essa dor era
insuportável, Diana nunca tivera culpa de nada. Desde que assinaram aquele
contrato, ele havia sido o único responsável por todos aqueles erros. O
barulho de saltos altos sobre o piso claro chamou a atenção dele. Anthony
levantou o olhar para encontrar com o da irmã, que vinha em sua direção com
uma expressão preocupada.
Anthony abriu os braços para recebê-la e apertou-a contra seu
corpo. Precisava de algum apoio antes que desabasse, precisava da família
naquele momento e Rachel era a única que o entenderia, por se tratar de ser a
única Walsh a ter conhecimento sobre a verdade de seu casamento.

- Meu Deus, o que aconteceu, Tony? – ela disse sentindo o rosto do


irmão afundado em seu pescoço.
- Diana está correndo perigo. Meus filhos correm perigo. É tudo
minha culpa, Rachel. – ele disse em um tom de voz que quase sumia – Se
algo de ruim acontecer, nunca vou me perdoar.

Ele não aguentava mais, o aperto em seu peito estava se


transformando em lágrimas e as gotas começaram a rolar por sua face.
Anthony começou a chorar de um jeito que a irmã nunca vira. Até mesmo
quando era criança, foram poucas as vezes que Anthony se entregara às
lágrimas. Sempre fora forte e para ele, chorar significava fraqueza. Mas agora
estava frágil, segurando a irmã com força como um garoto de cinco anos.
Aquele não era o Anthony que conhecia. Ele sentia as grossas lágrimas
deslizando por seu rosto e a dor se espalhando através de cada parte do seu
corpo, agarrando suas entranhas. Seu coração estava comprimido e se
arrependia amargamente de cada vez que chegara tarde em casa, que negara
carinho à Diana por estar com outra mulher. Onde estava com a cabeça? Por
que se utilizou do contrato para justificar uma amante? Por que fizera
tamanha besteira? Medo de admitir que estava apaixonado por ela? Medo de
se dar conta de que ela não o amava? Medo de deixar as emoções falarem
mais alto como ele sempre recusou que falassem? Medo de se achar fraco por
estar apaixonado? Tudo que fizera foi por achar que tinha total controle dos
seus atos, que a preocupação que sentia pela esposa não estava relacionada a
amor.

- O que houve, Anthony? – Rachel tentou segurar o rosto dele entre


as mãos afastando-o de seu pescoço – O que você fez?
Os olhos amendoados estavam brilhantes pelas lágrimas, a imagem
da irmã era desfocada graças a sua visão turva por conta dos olhos molhados.
Ele piscou algumas vezes, fechou os olhos com força, mas as lágrimas
acumuladas por tanto tempo teimavam em rolar sem controle.

- Eu e Diana brigamos. Foi culpa minha. Eu errei, Rachel. Eu


cometi o maior erro da minha vida, nunca vou me perdoar. – sua voz estava
embargada e um soluço de dor veio em seguida – Não posso perdê-la, meu
Deus... – suas palavras foram um sussurro, sumindo.

Não era um homem religioso, não tinha o costume de rezar. Esse


era um hábito que ficara no passado desde os tempos da sua catequese aos
domingos de manhã quando ainda era uma criança. Mas se existia uma força
capaz de proteger Diana e os bebês, era Deus. Anthony largou a irmã e
desabou em um dos sofás azulados da sala de espera. Enterrou o rosto nas
mãos e continuou chorando por todos os anos em que não derramara uma
lágrima. Foram minutos assim, soluçando, com as mãos molhadas e a
profunda tristeza em seu coração. Se Diana sentira parte dessa tristeza ao ver
aquelas fotos, ele era um canalha filho da mãe que merecia o inferno.
Por que ninguém aparecia para lhe falar como ela estava? Por que
não permitiram que entrasse? A expressão preocupada do médico quando a
enfermeira lhe avisara sobre a perda de sangue lhe provocava calafrios. Mais
uma vez o barulho de saltos fez com que levantasse a cabeça. A silhueta turva
de Elisa se aproximava como um furacão vindo do oceano.

- O que aconteceu? – ela perguntou ofegante, provavelmente já


estava correndo faz tempo – Ruth me ligou e disse que Diana estava passando
mal. – notou a expressão de Anthony e empalideceu.
- Diana está em um parto de emergência. Não me deixaram entrar.
– ele respondeu com a voz falhada – Não sei o que está acontecendo com ela.
– negou com a cabeça e fechou os olhos de novo.
- Anthony, você está chorando... – a morena disse ainda sem
conseguir acreditar que o via daquela maneira.
- Se você soubesse, Elisa...

Ele agarrou os próprios cabelos e olhou para baixo. Precisava de


Diana viva, precisava dos seus filhos. Lembrou-se das palavras que a esposa
gritara antes de sentir dor. Não toque em mim. Tinha destruído tudo, tinha
perdido a única pessoa a quem deveria ter respeitado e dito toda a verdade ao
invés de fugir assustado. Estava apaixonado. Por que não encarou o
sentimento? Por que preferiu esconder e camuflá-lo se envolvendo com outra
achando que tinha total controle de tudo? Até onde aquele casamento era
verdade? Assinaram um contrato, iriam ter dois filhos, mas devia ser fiel em
um casamento não convencional? Deveria ter respeitado sua esposa, não
tinha que ter cometido tamanha burrice. Principalmente, deveria ter sido
sincero e se deixado levar pelo sentimento. Dizer a Diana que a amava com
todas as suas forças e isso só ficava mais claro agora, diante da possibilidade
de perdê-la. Se existia ainda alguma dúvida, ela se dissipara nesse momento.
Capítulo 44

Os minutos se arrastavam, Gregory voltara para o hospital


carregando tudo o que Ruth havia lhe enviado. Alexandra ligou para Rachel
avisando que estava em outra cidade com o marido e a tempestade a impedia
de sair. Fernando fora avisado e estava a caminho do hospital. Anthony
parara de chorar, mas os olhos continuavam vermelhos e ele permanecia em
completo silêncio e totalmente desalinhado. Foram longos minutos até que o
médico voltasse para a sala de espera com uma expressão cansada. Anthony
se levantou de maneira tão rápida que todos o olharam espantados por ele
conseguir ter forças para aquilo após parecer tão abalado.

- Como está minha mulher, doutor? – ele perguntou sem conseguir


esconder o nervosismo.
- Felizmente ela e os bebês estão bem. – todos pareceram soltar o ar
dos pulmões sentindo-se aliviados e Anthony pareceu sentir o peso sair dos
seus ombros – Os gêmeos nasceram com 34 semanas, o que já está dentro do
recomendável, por sorte estavam bem encaixados e conseguimos estabilizar a
paciente para que ela pudesse dar a luz de maneira natural.
- Ainda bem. – ele passou a mão pelo rosto – Eu posso vê-la?
- No momento não será possível, Sr. Walsh. – respondeu o médico
– Sua esposa está cansada e fraca e pegou no sono. Preferimos que ela durma
pelo menos algumas horas, será o tempo para os bebês ficarem na
incubadora.
- Incubadora? – perguntou assustado.
- Não se preocupe, Sr. Walsh. É só um procedimento para bebês
gêmeos que nasceram um pouco antes do esperado. Mas os gêmeos estão
bem e ficarão lá só para observação.
- Eu quero vê-los.
- Sim. – retirou do bolso do jaleco duas pulseiras brancas – Estas
pulseiras são para identificação dos bebês. – prendeu-as no pulso dele –
Podem me acompanhar se mais alguém for vê-los.
Sentindo-se menos tenso, Anthony seguiu o Dr. Carter até a ala dos
berçários. Um grande vidro na parede permitia que os pais e visitantes
pudessem ver os recém-nascidos dividindo a mesma sala. O médico apontou
para os dois bebês que estavam na ponta, mais próximos ao vidro e Anthony
sentiu seu coração se encher de alegria pela primeira vez desde que saíra
daquele escritório. Aqueles eram seus filhos. As crianças que Diana deu tudo
de si para trazer ao mundo e ele não pôde estar junto naquele momento
especial. Mais uma coisa que ele perdera e não poderia reparar. Se fizesse
uma lista de erros... Talvez ela fosse maior do que a bíblia.

- Meus filhos... – ele disse baixo parado entre a irmã e Elisa.


- São tão lindos. – Rachel disse secando uma lágrima que brotava
no canto do olho.
- Não posso acreditar que sou pai. É uma alegria que não tem como
explicar. – disse sorrindo enquanto olhava os bebês com veneração, calmos e
tranquilos em suas roupinhas verdes. – Nunca imaginei que pudesse ser
assim.
- E os nomes? – Elisa perguntou.
- Durante a viagem, Diana e eu decidimos por Kevin e Louis. –
olhou para baixo – Agora eu não sei.
- O que houve, Anthony? – Rachel perguntou alisando as costas do
irmão – Me conte o que aconteceu de verdade entre você e Diana. É claro que
não foi uma simples briga.
- Não sou digno de nada. Não sou digno da esposa que tenho, não
sou digno dos meus filhos. Não sou digno de nenhum sentimento bom. O que
mais me dói, é que sei que mereço o desprezo de Diana, por mais que não
aceite isso.
- Pare de dizer isso! – Rachel segurou o braço dele tentando-o
sacudi-lo – Seja o que for, as coisas vão se resolver.

Ele ficou calado, ainda não conseguia verbalizar para a irmã e a


amiga da esposa, que era um covarde que desrespeitara a própria mulher. O
medo de que algo pudesse acontecer à Diana ou os bebês tinha acabado de
sair dos seus ombros e ele precisava respirar por alguns minutos.

- Eu acho que é melhor você comer algo, Anthony. – Elisa sugeriu


– Ninguém poderá entrar no quarto de Diana agora e você está parecendo
fraco.
- Eu concordo. Venha. – Rachel puxou o irmão que resistiu um
pouco até se dar por vencido.

Os três foram até a cantina da clínica, mas Anthony só comeu meio


sanduíche e tomou um pouco de café para tentar controlar o cansaço. Toda
hora verificava o relógio para saber se já podia entrar no quarto da esposa
quando fora para a sala de espera e quando finalmente o ponteiro chegou
onde queria, ele despontou até encontrar o quarto de Diana onde um
enfermeiro se encontrava parado ao lado de fora da porta.

- Sou Anthony Walsh, gostaria de ver minha mulher.


- Perdão Sr. Walsh, mas a Sra. Walsh não quer permitir sua
entrada. – ele disse sério, mas bastante nervoso por impedir o marido de uma
paciente entrar. Provavelmente não era muito comum acontecer.
- Como assim não quer permitir?
- Ela não disse o motivo. Disse que apenas outros parentes e
amigos poderiam vê-la. Seria melhor não contrariar, ela ainda está bastante
cansada e abalada.
- Eu posso entrar? – Rachel levantou a mão – Sou Rachel Walsh,
cunhada de Diana.
- Claro, Srta. Walsh. – ele deu passagem para a loira passar.

Rachel entrou e Anthony continuou parado onde estava


completamente desolado. Como não poderia ver a própria esposa? Diana
continuava com raiva suficiente para não querer vê-lo mesmo depois de ter
dado à luz? Elisa tocou-lhe o braço um pouco receosa e ele desviou os tristes
olhos amendoados para ela.

- Anthony, se sente. Daqui a pouco Diana pede para falar com


você.

Após hesitar, ele caminhou até a sala de espera e afundou


novamente em um dos sofás enterrando o rosto contra as palmas das mãos. O
tempo que Rachel ficou lá dentro parecera eterno, a irmã não voltava e
Anthony estava apreensivo sobre o que conversavam. Será que Diana
contaria algo sobre o que ele fizera? Ele gostaria de conversar com a irmã
pessoalmente sobre o que aconteceu, mas já não havia solução e só esperava
a tempestade aumentar sobre sua cabeça. Suspirou pesadamente e
permaneceu calado ciente de que Elisa estava ali também calada, se
perguntando o motivo da amiga não querer ver o marido.
Rachel voltou à sala de visitas e Anthony levantou o olhar, notando
que a irmã o olhava diferente.

- Elisa, Diana pediu para que você fosse lá falar com ela.
- Obrigada.

A morena levantou e Rachel ficou em silêncio esperando até que


esta estivesse longe. Olhou para o irmão com os grandes olhos azuis e cruzou
os braços levantando uma das sobrancelhas bem delineadas.

- Você tinha uma amante, Anthony? – perguntou diretamente


fazendo com que ele se remexesse no sofá e se recostasse.
- Tinha. – assumir aquilo foi pior do que imaginava e não adiantava
continuar enrolando.
- Por quê? – perguntou sem conseguir acreditar – Há quanto tempo
estava traindo Diana?
- Cerca de um mês, foram poucas vezes, já acabou. – fechou os
olhos – Não me orgulho disso, Rachel. Acredite.
- Diana disse que não quer que você entre. Está se sentindo péssima
pelo que você fez. Disse que recebeu fotos suas com a tal mulher. – sentou-se
ao lado dele.
- Sim. Não sei quem fez aquilo, eu nunca dei motivos para que
fosse pego em flagrante, afinal, eu queria manter a pose do meu casamento,
não precisava de um escândalo de traição nos jornais. – olhou para a irmã –
Mas pelo que vi na foto, era noite, foi um beijo rápido em frente ao
apartamento. Alguém que queria prejudicar meu casamento tirou aquelas
fotos. Mas estou arrependido do que aconteceu, Rachel. Fiz uma merda
gigantesca por motivos idiotas.
- Quem é ela?
- Audrey. – disse o nome arrependido de ter se envolvido com ela –
Trabalha como relações públicas na minha empresa.
- Por que fez isso, Anthony? – ela colocou a mão nas costas do
irmão – Está claro que você é apaixonado por Diana. Eu te disse isso há
alguns meses atrás! Você é cego por acaso?
- Foi justamente por isso que cometi esse maldito erro. – enterrou
novamente o rosto nas palmas das mãos mantendo a cabeça baixa – Eu estava
com medo. O casamento começou com data para acabar, eu me vi
apaixonado por uma mulher de quem eu iria me divorciar, não queria me
sentir vulnerável e me recusava a acreditar que pudesse ser fraco o suficiente
para ceder a um sentimento desses. Diana só falava do fim do casamento, isso
me desesperou. Não sei lidar com esse tipo de fraqueza, nunca me apaixonei,
Rachel. Nunca nem me imaginei completamente apaixonado por ninguém. –
agarrou os cabelos com força como se pudesse sair daquele pesadelo – Eu
quis tentar esquecer, eu me envolvi com Audrey porque sabia que ela estava
interessada em mim, era uma mulher bonita, achei que seria capaz de superar
a separação quando o dia chegasse. Que tudo estava sob controle. Merda! –
xingou sentindo raiva de si mesmo – Mulher nenhuma nunca seria capaz de
me fazer esquecer Diana, foi por isso que não levei adiante. Aquilo estava me
corroendo, comecei a ignorar minha esposa porque o peso da traição acabava
comigo. Cheguei a pensar em falar a verdade, mas Diana estava grávida, não
podia se estressar, então me calei.
- Não deu certo tentar esquecê-la. Só fez com que Diana ficasse
com raiva disso.
- Eu errei, Rachel. Deus sabe como estou me arrependendo nesse
momento. Quase perdi minha mulher e meus filhos, agora ela não quer me
ver e sabe-se lá como vai reagir quando isso acontecer.
- Diana está cansada, passou por muita coisa em pouco tempo.
Precisa descansar e pensar sobre o que vai ser do casamento de vocês.
- Se ele ainda existir. E isso está acabando comigo. – disse
derrotado.
- Esse contrato estava fadado a não dar certo. Vocês viveram como
um verdadeiro casal, você se apaixonou e se Diana se sentiu desse jeito
quando descobriu a traição, é sinal de que também se apaixonou. Os olhos
dela não mentem. Apesar de tristes, tem um brilho diferente quando fala
sobre você.
- Diana nunca vai me perdoar. – uma lágrima desceu traçando uma
linha molhada em sua bochecha – E se estiver apaixonada por mim, a mágoa
será ainda maior.
- Ninguém sabe o dia de amanhã, Tony. – alisou as costas dele –
Dê um tempo à ela. Um tempo a vocês. Foque nos bebês, eles vão precisar de
todo carinho e amor.
- Quero ver minha esposa.
- Vamos para casa, Diana não quer vê-lo. Respeite isso. Tome um
banho, coma, descanse. Mais tarde você volta e tenta falar com ela.
- Preciso falar com o doutor.

Rapidamente, Anthony se levantou e foi até a porta do quarto onde


estava a esposa e falou com o enfermeiro que estava cuidando do tempo de
visita de cada uma das pessoas que entravam no quarto de Diana. O jovem
respondeu que o doutor estava prestes a voltar para dar instruções à paciente
do que faria em relação aos bebês. Decidido a esperar, Anthony colocou as
mãos nos bolsos e caminhou de um lado para o outro ouvindo a porta se abrir
e Elisa sair do quarto. Ela também lhe lançou um olhar diferente, ainda mais
gélido que o da irmã e na mesma hora tomou ciência de que a morena
também estava sabendo sobre o que acontecera.

- Doutor, preciso falar sobre minha esposa. – Anthony se adiantou


assim que viu o médico retornar.
- Pois não, Sr. Walsh. – ele disse assentindo com a cabeça.
- Até quando ela ficará aqui?
- Pelo menos por mais alguns dias. Sua esposa perdeu um pouco de
sangue e teve um parto natural às pressas. Nós vamos deixá-los aqui em
observação para ver como vão reagir. Sua esposa vai amamentá-los daqui a
pouco e depois vai precisar dormir novamente.
- Entendi. Mas está tudo bem com ela e os meus filhos, certo?
- Perfeitamente. – assentiu com um leve movimento da cabeça – O
período de observação é só por medida de segurança e rotina. Agora com
licença, preciso falar com a paciente.

O Dr. Carter, entrou no quarto de Diana e Anthony suspirou


chateado por ser o único impedido de entrar. Sentia-se como um estranho,
mas era o pai dos bebês e marido da paciente. Voltou desanimado para a sala
de visitas e Rachel se levantou aproximando-se em seguida.

- Vamos, eu vou para casa contigo. Ruth vai lhe preparar um


lanche, tome um banho e descanse. Mais tarde você volta.

Anthony caminhou desnorteado até o lado de fora do hospital ainda


inconformado por não poder ter visto a esposa. Diana estava realmente
irritada e nem mesmo depois de ter dado à luz, ela se acalmou. Sabia que
tinha errado com ela e não sabia o que iria fazer para tentar o perdão da
esposa.
Rachel estava preocupada com o irmão. Ela dirigia seu carro
enquanto Anthony ia no banco do carona. Ele fora durante todo o trajeto
calado, o corpo rígido e com certeza remoendo tudo o que acontecera. Rachel
lhe pedia para ter calma, para pensar e dar um espaço à Diana. Despejar em
cima dela uma chuva de sentimentos poderia fazê-la não acreditar nele.
Quando chegaram à mansão, ele saltou para fora caminhando a passos largos
para dentro de casa. Preocupada com o irmão, Rachel desceu do veículo e foi
atrás dele praticamente correndo e se equilibrando nos saltos. Anthony
caminhava rápido e só conseguiu alcançá-lo no corredor que dava para os
quartos.

- Anthony! – chamou-o fazendo com que ele parasse e girasse nos


calcanhares até encontrar com o par de olhos azuis da irmã.

Pela primeira vez, Rachel via um Anthony que não conhecia. O


homem sempre decido e seguro de si, tinha dado lugar a um de semblante
derrotado, ombros caídos e sem brilho no olhar, além dos cabelos e roupas
desalinhados. Anthony que nunca andava nem mesmo com a gravata fora do
lugar, parecia um caco. Ele finalmente tinha colocado para fora os
sentimentos, mas precisara pagar muito caro por isso.
A expressão cansada de Diana por conta do parto difícil dera lugar
a uma tristeza profunda enquanto contava resumidamente o que acontecera
entre ela e o marido. Rachel se assustou com aquela confissão. Desde o dia
do sequestro ela tinha certeza de que Anthony amava a esposa, mas ele era
cabeça-dura demais para admitir qualquer sentimento. Não conseguia
acreditar que ele fora capaz de tamanha covardia.
Deu um passo a frente, precisava reconfortá-lo e embora soubesse
que ele estava errado, ainda era seu irmão e ela o amava. Tocou-lhe o braço e
sentiu que Anthony se retesou e então aos poucos foi relaxando, deixando o
cansaço tomar conta do seu corpo.

- Estou preocupada com você. – olhou nos olhos dele, frios e sem
brilho.
- Não devia perder seu tempo comigo, Rachel. – rebateu, a voz
rouca já não possuía o mesmo tom grave e impositivo.
- Sou sua irmã, Anthony. Não estou aqui porque aprovo o que você
fez. Primeiro, porque eu te avisei há meses que você estava apaixonado pela
Diana. Mas você é teimoso. Podia ter evitado todo esse sofrimento.
- Eu sei, merda! Eu sei! – afastou-se dela e foi caminhando em
direção ao quarto e assim que abriu a porta, parou.

Anthony olhou em volta, tudo ali lhe lembrava da esposa. O quarto


parecia ter o perfume dela e a cama lhe trazia à mente imagens nítidas dela
adormecia entre os lençóis. O nó em sua garganta, que segurava desde que
Diana dissera que não queria vê-lo, veio com mais força e ele fechou os olhos
sentindo aquela dor. Tudo parecia lhe dilacerar, correr suas entranhas e por
um momento ele desejou a morte. Seria mais fácil acabar logo com isso do
que viver a vida com essa dor constante em seu peito.

- Que merda é essa aqui dentro, Rachel? – perguntou, mas sem se


importar de ouvir uma resposta – O que é isso que faz doer?
- Amor, Anthony. – a voz da irmã ecoou atrás dele.
- Não deveria machucar desse jeito. Não, o amor não machuca.

Respondeu ainda parado na porta, segurando a maçaneta sem


conseguir entrar. Estava paralisado, parecia uma espécie de bloqueio que não
fazia suas pernas responder.

- Não deveria mesmo machucar, mas às vezes ele dói. Muito. E


nossas atitudes muitas vezes definem se o amor nos fará sofrer, ou nos trará
felicidade. Por causa disso que Diana se feriu. Ela está sentindo a mesma dor,
Anthony.
- Esse quarto... – sua voz saiu em um sussurro – Não consigo. Eu
sou um maldito covarde, eu sou fraco...

Então, sem mais nem menos, suas pernas perderam as forças e


Anthony desabou de joelhos, na porta do quarto onde poderia ter vivido os
melhores momentos da sua vida, mas que tinham dado lugar à dor e à
incerteza do futuro. Ele só precisava ter olhado dentro dos olhos de Diana e
dito “Eu te amo”. Talvez ela não sentisse o mesmo, mas a confissão poderia
ser o primeiro passo para conquistá-la.
Rachel ficou ali paralisada vendo Anthony de joelhos na porta do
quarto, sem ter forças para se manter de pé e ir adiante. Ele precisava de um
tempo para si mesmo, para absorver o que tinha acontecido e lidar com o
turbilhão de sentimentos que tinha dentro de si. Conhecia o irmão o suficiente
para saber o quanto era cabeça-dura e não tinha facilidade de aceitar que
tinha fraquezas e agora, se deparara com todos os seus medos se tornando
realidade diante dos seus olhos.
Ela saiu o mais silenciosamente que pode, enquanto Anthony
permanecia ali. Parado, de joelhos, as lágrimas brotando de rosto de uma
maneira compulsiva fazendo-o praticamente convulsionar e levar a mão ao
rosto, sentindo desespero pelo futuro e arrependimento pelo passado.
Capítulo 45

O quarto era claro e Diana estava recostada na cama sentindo-se


um pouco melhor. Conseguira descansar algum tempo antes dos filhos irem
mamar. Ela tentava abstrair tudo o que aconteceu com Anthony, mas ao se
lembrar das fotos seu estômago se revirava sentindo uma náusea. Abraçou o
próprio corpo e viu os bebês ao seu lado ressonando tranquilos. Ficaram em
observação por uma noite inteira, mas estavam saudáveis. Tinham nascido
um pouco antes do previsto com trinta e quatro semanas. Diana ficou
preocupada assim que acordou, mas o Dr. Carter lhe tranquilizou dizendo que
os bebês tinham nascido com o peso dentro do esperado e por já terem
completado o número aceitável de semanas antes do nascimento, não
precisariam de uma UTI neo natal. Aquela fora a melhor notícia que poderia
ter recebido. Embora as dificuldades do parto de emergência, seus filhos
estavam bem. Uma das enfermeiras trouxera duas cestas acolchoadas onde
Kevin e Louis dormiam aproveitando o silêncio do quarto. Fernando havia
passado todo o início da manhã com a filha e saíra para uma reunião na nova
empresa onde estava trabalhando.
Diana estava sozinha há quase uma hora, exceto pela presença dos
filhos que eram o único motivo que tinha para sorrir. Pensou no casamento e
no fim que ele teria, perderia a empresa do pai definitivamente e sentiu que
todo seu esforço falhara. Nem mesmo um casamento você conseguiu
sustentar. Ela mesma se recriminava por saber que o marido estava com outra
mulher. Seria culpa sua? Anthony teria agido com o pensamento de que
aquele casamento era apenas fachada? Ela fora uma tonta por ter se
apaixonado enquanto ele se divertia com outra mulher nem um pouco
interessado no casamento que estava vivendo. Não, é claro que não era sua
culpa. Estava frágil depois do que acontecera, mas Anthony fora totalmente
responsável pelos próprios atos repugnantes. Não queria vê-lo, gostaria de
evitá-lo ao máximo, mas ele era pai dos seus filhos e teria que aceitá-lo ali no
quarto. Por mais que estivesse magoada, os gêmeos não tinham de sofrer por
isso. Precisavam do pai.
Fechou os olhos e ficou torcendo para que Elisa pudesse aparecer
logo e lhe distrair dos pensamentos que lhe rodeavam. Alexandra e Victor
passaram no hospital naquela manhã para ver os netos e não tinham a menor
ideia de que o filho e a nora haviam discutido, que Anthony a havia traído e
nem sequer imaginavam que o divórcio viria antes do contrato terminar.
Diana ouviu uma batida na porta e olhou-a, vendo a única pessoa que no
momento não tinha estrutura para encarar.
Anthony apareceu olhando-a de maneira diferente, um pouco mais
cabisbaixo e entrando no quarto depois de hesitar um pouco. Parecia
completamente inseguro sem saber o que fazer e era a primeira vez que o via
tão frágil daquela maneira. Ele sempre fora muito seguro de si e tinha
controle de tudo o que fazia. Diana suspirou e virou o rosto para olhar os
filhos, com bochechas rosadas e os cabelos no mesmo tom claro que os do
pai quando ainda era uma criança. Não conseguia manter contato visual,
porque amava o marido e o odiava da mesma maneira.
Devagar, Anthony se aproximou cravando os olhos nos gêmeos que
dormiam tranquilos logo após serem alimentados. Ambos usavam um
macacão verde claro, só que em um deles estava estampado um carrinho e no
outro um avião. Ele não sabia quem era Kevin e nem quem era Louis, mas
ver os filhos assim de perto, com a possibilidade de tocá-los, lhe despertava
um sentimento paternal que não tinha ideia de que possuía.

- Diana, são para você.

Ele disse com um tom de voz baixo, a voz rouca estava mais suave
e ela virou o rosto para ver o lindo buquê de flores amarelas que tanto
gostava. Hesitou em pegar o presente, mas aceitou com educação. Não queria
manter muito contato visual, estava emocionalmente abalada e olhar para ele
se sentia desarmada e a raiva apesar de presente, parecia querer se esconder
dando lugar ao tamanho amor que sentia por aquele homem. Um homem com
quem poderia ter sido feliz, se não fosse a triste realidade sobre aquele
casamento e uma traição que ainda lhe dilacerava o peito. Sua vontade era de
gritar, expulsá-lo de sua vida, mas sabia que jamais poderia fazer aquilo.
Teria de lidar com Antony pelo bem dos bebês. Então, fez o que era mais
prudente no momento. Agiu de maneira educada.

- Obrigada. – agradeceu e colocou as flores sobre a mesinha ao lado


de sua cama.
- Eu queria te ver ontem, mas você não quis que eu entrasse. – ele
disse mantendo uma pequena distância da cama, com as mãos no bolso e os
ombros encolhidos, completamente o oposto do que era.
- Não queria. – balançou a cabeça – Na verdade, eu ainda estou
muito chateada e triste com tudo o que aconteceu. Me sinto ferida, Anthony.
- Diana... – chamou seu nome, como uma súplica.
- Não, Anthony. – interrompeu-o engolindo o nó que começava a se
formar em sua garganta, não queria chorar na frente dele – Não quero falar
sobre isso, por favor. Estou cansada. Melhor falarmos sobre os meninos. –
mudou de assunto porque nenhuma explicação seria razoável para o que ele
fizera.
- Tudo bem. – disse se sentindo derrotado e olhou para os gêmeos
que continuavam adormecidos alheios a tudo o que acontecia a sua volta –
Preciso registrá-los. Estou com o comprovante do hospital. Preciso que me
diga se os nomes deles são os mesmos que escolhemos.
- Sim. – afirmou com a cabeça – Kevin e Louis. – olhou para os
filhos com os olhos brilhando de amor maternal.
- Kevin Franklin Walsh. – ele disse em voz alta o nome dos filhos –
Louis Franklin Walsh.
- Este é Louis. – esticou uma das mãos e tocou o pezinho de um
dos filhos. – Eles ainda estão com a pulseirinha. A enfermeira me disse que
posso tirar quando eu sentir que já não os confundo mais.
- Pelo visto eu vou demorar a me adaptar. – disse olhando para os
meninos – Eu gostaria de segurá-los no colo, uma pena que estejam
dormindo.

Diana olhou para o marido e não disse nada. A verdade é que


estava tentando não ceder à vontade de chorar e se jogar nos braços dele
implorando para que não a traísse mais, seria a atitude de uma boba
apaixonada e não queria mais ser assim. Queria ser forte, mostrar seu valor.
Seu orgulho tentava mantê-la de pé e encarar aquela situação de cabeça
erguida. Anthony deu a volta na cama e parou atrás das cestas onde os bebês
dormiam. Inclinou-se e beijou levemente a cabeça de cada um deles e
suspirou satisfeito por saber que era pai. Nunca havia planejado ter filhos
daquela maneira tão inesperada e em um casamento fadado ao divórcio, mas
ao ver os gêmeos sabia que nunca iria se arrepender de um dia ter
engravidado Diana, se pudesse voltar no tempo, teria feito a mesma coisa,
mudaria apenas o rumo que seu casamento tomara e os erros que cometera no
passado. Seu arrependimento foi ter fugido da realidade e não ter encarado o
fato de ter se apaixonado.
Levantou o olhar para Diana e ambos ficaram em silêncio. Ela
sentiu um arrepio percorrer sua espinha sabendo o quanto aqueles olhos
amendoados podiam transmitir uma sensação de conforto ao mesmo tempo
em que podiam ser frios quando Anthony queria. Ele, por sua vez, estava
hipnotizado pelo poder que Diana tinha através daqueles olhos brilhantes,
como dois diamantes perfeitamente lapidados. Ela suspirou e desviou o olhar
novamente para os filhos e isso fez com que ele enfiasse as mãos nos bolsos e
desse novamente a volta na cama.

- Bom. Eu vou resolver a questão do registro de nascimento deles.


– olhou-a – O doutor me disse que você iria para casa daqui alguns dias.
- Sim. – balançou a cabeça – Eu vou ficar com Elisa. Ela vai me
ajudar com os bebês a princípio, depois vou para a casa do meu pai. Não
ficarei com mais nada que seja seu, Anthony. Sei que estou perdendo a
empresa do meu pai e quebrando o contrato. Mas eu não aguento mais um
minuto nesse casamento.
- Diana, por favor. Me deixe explicar. Precisamos conversar e
depois quero que pense direito sobre nós dois. – insistiu.
- Já pensei, Anthony. O que você fez não há justificativa. – olhou-
o, mas virou o rosto rapidamente – Saia do meu quarto, por favor. Já
discutimos sobre os nomes dos bebês. – ela não queria sequer olhar para ele.
Estava novamente sentindo a raiva crescer.
- Como você quiser.

Rapidamente, Anthony saiu do quarto tentando controlar a vontade


de gritar e exigir que Diana voltasse com ele para a mansão. Deveria contar
que estava apaixonado? Não. Talvez fosse melhor seguir os conselhos da
irmã. Não dizer nada por enquanto até que Diana se acalme e se estabilize
emocionalmente, jogar essa bomba agora poderia parecer que estava
confessando um amor apenas por desespero. Não diga apenas que está
apaixonado. Não é o momento para ela ouvir isso. Diana pode não acreditar.
Aproveite o tempo para demonstrar o que sente. É o único jeito de obter o
perdão dela. Atos, não palavras. Ele ainda se lembrava das palavras de
Rachel quando foram para casa assim que saíram do hospital. Talvez tivesse
razão. Era melhor que Diana se acalmasse, dessa maneira poderia haver a
possibilidade de ela se aproximar novamente. Não a pressionaria, aquilo
poderia afastá-la ainda mais. Ela vai pensar melhor. Dizia para si mesmo.

Assim que saiu do quarto com uma quantidade enorme de dúvidas


na cabeça e a vontade reprimida de carregar Diana para casa, inconformado
pelo fim que seu casamento estava levando, Anthony avistou Fernando
Stewart chegando ao hospital para visitar à filha. Os olhares se encontraram e
o sogro lhe parecia menos solícito do que de costume e ele sabia muito bem o
motivo.

- O que faz aqui, Walsh? – Fernando o atacou assim que chegou à


uma distância considerável.
- Vim visitar Diana e os meus filhos. – respondeu mantendo a
cabeça erguida sem se deixar abalar pelo fato de ter errado com a esposa.
- Os filhos que você nem mesmo queria. – rebateu.
- Isso não interessa. Nada vai mudar o fato de que eles são os meus
filhos e eu tenho todo o direito sobre eles.
- Mas nenhum sobre a minha filha. Diana vai acabar com aquele
maldito contrato. Nunca fui muito a favor dele e não quero de volta aquela
empresa, pode fazer bom proveito. Ao contrário de você, eu me preocupo
muito mais com Diana.
- Você não tem o direito de falar isso. Somente eu sei como me
sinto em relação à ela.
- Isso não interessa mais. Esse casamento acabou, Walsh! Minha
filha não quer mais te ver! – disse alterando o tom de voz.
- O que não muda o fato de que aqueles bebês são meus filhos,
então ela não vai poder fugir de mim pelo resto da vida! – respondeu no
mesmo tom.
- Por mim meus netos nem mesmo teriam pai. Pelo menos não um
pai como você.
- Não venha falar comigo como se você fosse um exemplo. –
olhou-o de maneira fria sem se preocupar com o tom de voz alto – Se fosse
tão bom pai, sua filha não teria se casado com o homem, que no momento
você está desprezando, para salvar sua empresa.
- CALA A SUA BOCA!
- ENTÃO MEÇA SUAS PALAVRAS ANTES DE FALAR DE
MIM! – Anthony também gritou na mesma altura sem se deixar intimidar.
- Senhores, pelo amor de Deus, isso aqui é um hospital! –
aproximou-se a recepcionista desesperada com escândalo – Precisa de
silêncio.
- Não se esqueça, Walsh. Quero você longe da minha filha. –
Fernando disse em um tom muito mais baixo.
- Isso é o que vamos ver, Fernando.

Anthony saiu a passos largos do hospital, irritado pela discussão


sabendo que Fernando faria o favor de contar para a filha a fim de fazer com
que Diana se fechasse ainda mais e aumentasse sua raiva. Suspirou frustrado
e foi até o estacionamento pegar o carro pensando no quanto seria ainda mais
difícil conseguir o perdão dela.

Diana viu o pai entrar no quarto parecendo bastante irritado


passando uma das mãos nos cabelos em um gesto de nervosismo. Olhou-o
intrigado e se ajeitou na cama.

- O que aconteceu, pai? – perguntou vendo que ele estava


realmente alterado.
- Encontrei com Anthony saindo do hospital, acabamos discutindo.
- Como assim discutindo?
- Ele não é homem para você, minha filha. Anthony é arrogante e
prepotente, está achando que pode reverter a situação só porque é pai dos
meninos e se achando poderoso por causa da sua fortuna.
- Esqueça isso. Eu não quero ver o senhor discutindo por causa
dele. É um assunto encerrado.
- Eu não quero vê-la novamente nas mãos desse desgraçado, Diana.
- O casamento acabou, pai. – olhou para os filhos ainda
adormecidos – Eu vou para a casa de Elisa assim que sair daqui.
- Tem certeza de que não quer ficar lá em casa, Diana?
- Não, papai. Elisa vai me ajudar com os bebês.
- Querida, sabe que eu estou recuperando aos poucos o dinheiro da
nossa família. Podemos alugar um apartamento para você ficar.
- Eu ainda tenho meu antigo apartamento, mas não o quero.
Anthony foi quem cuidou das despesas enquanto moramos juntos e não
aceito mais nada vindo dele.
- Faz muito bem, Diana. Vamos dar um jeito.
- Vou ligar para Rachel. Vou pedir para que ela pegue algumas
roupinhas dos bebês na casa do irmão dela. Sei que foram compradas com o
dinheiro dele, mas preciso encarar o fato de que Anthony vai ter participação
financeira para cuidar dos meninos. – segurou levemente o pezinho de um
dos meninos – Tudo que aceitarei dele será para os bebês.
Capítulo 46

O mais difícil para Diana foi sair do hospital e ir para o


apartamento de Elisa. Precisava de ajuda, ainda estava debilitada e tinha dois
filhos para criar. Anthony fora até lá lhe falar que contrataria uma babá, mas
Diana recusou veementemente. Queria cuidar dos filhos o máximo que
pudesse e não os deixaria nas mãos de uma estranha com tão pouco tempo de
vida. Um novo futuro lhe esperava. Não queria mais saber do contrato e
rezava a Deus que tudo corresse bem de agora em diante. Perderia a empresa
do pai, era doloroso, mas precisava pensar em si mesma e nos filhos.
Anthony a magoara e não queria mais dividir o mesmo teto com ele. Seu
coração doía demais. O problema é que ele não sumiria da sua vida, estava
constantemente enraizado, não só em seu coração, mas sua presença era
fundamental na vida dos filhos. Seria extremamente difícil esquecê-lo. Ficara
determinado que ele iria visitar os filhos pelo menos uma vez por semana e
quando ela estivesse totalmente recuperada, resolveriam oficialmente a
situação legal da guarda dos bebês. Elisa separara para ela um quarto onde
Diana dormiria em uma cama de solteiro e o resto do espaço seria para os
dois berços dos bebês, que Fernando fizera questão de comprar.
Ver Anthony após tudo era doloroso demais, mas Diana se fez de
forte. No primeiro dia em que ele fora visitar os filhos, a garganta dela
pareceu criar um nó constante e precisou respirar fundo para não cair aos
prantos. Ela o amava apesar de tudo, mas não seria mais fraca. Acabou
confessando seus sentimentos, como se fosse para aliviar aquele peso, não
aguentava mais guardar aquilo. Lembrava-se exatamente do momento e do
que sentiu quando despejou aquela bomba, vendo que ele não estava nem um
pouco preparado para aquilo. E nem ela estava preparada para o que ouviria
dele.

FLASHBACK:

“Dentro do quarto que Elisa tinha separado para mim, meus filhos
estavam deitados sobre a cama de, adormecendo enquanto eu lhes cantava
uma música de ninar. Fazia um dia que eu tinha saído do hospital e me
perguntava o que seria da minha vida de agora em diante. Eu não queria
mais aquele contrato, perderia a empresa do meu pai e ele mesmo dissera
com todas as letras que não queria nada que viesse de Anthony. Pensar no
meu ex-marido me fazia sentir como se facas atravessassem o meu corpo. Eu
estava tão magoada que chegava a pensar que não teria mais como reagir.
Precisava ser forte pelos meus filhos, Anthony não acabaria comigo assim.
Ouvi uma batida na porta e levantei o olhar.

- Entre. – eu disse, mas não estava preparada para o que vi logo


em seguida.

Anthony entrou no quarto carregando um vaso com flores e uma


caixa branca nas mãos. Sua figura alta e imponente naquele cômodo
pequeno parecia fazer com que diminuísse ainda mais. Não pude deixar de
sentir que meu coração parou de bater por um breve segundo, antes de
retornar com toda força. Ele continuava tão bonito quanto, mas existia algo
diferente. Percebi que aquele poder que antes exalava do meu marido, não
existia mais.

- Diana, são para você. – a mesma voz grave, porém em um timbre


bem mais baixo, fez com que eu me arrepiasse e lembrasse por um momento
como era ouvi-lo sussurrar em meu ouvido.
- Obrigada. – agradeci tentando mudar o rumo que meus
pensamentos estavam tomando.

Ele colocou o vaso sobre o criado mudo ao lado da cama e


mostrou a caixa branca em sua outra mão, com um laço azul claro e detalhes
prateados. Olhei curiosa querendo saber o que Anthony carregava ali
dentro. Ele desviou o olhar para os meninos que continuavam tranquilos
sobre o colchão.

- Que pena que eles estão dormindo, eu trouxe um presente. – seus


olhos amendoados se focaram nos meus novamente trazendo mais uma vez
aquele mar de sensações.
- Recém-nascidos dormem bastante. – eu disse olhando para os
gêmeos, eram tão pequenos e fofos e eu me sentia muito orgulhosa. Agora eu
entendia o que era ser mãe-coruja – Bem, depois eles podem ver o presente
quando acordarem.
- Espero que gostem.

Anthony estendeu a caixa para mim e eu a peguei colocando-a no


colo. Soltei o laço e levantei a tampa. Dentro havia dois pares de sapatinhos
xadrez, as coisinhas mais fofas que já tinha visto. Um era azul e marrom e
outro azul e vermelho. Fiquei emocionada porque era o primeiro presente
que Anthony tinha comprado para os filhos. Levantei o olhar e encontrei
aquele par de olhos fixos nos meus.

- Tenho certeza que eles vão adorar, são lindos. – falei antes de
tirar os sapatinhos de dentro da caixa e olhá-los mais de perto.
- Nossos filhos ficarão estilosos. Me dei conta de que nunca tinha
comprado nada para os meninos. – ouvi seu suspiro antes de olhar
novamente para ele – Fui um péssimo pai durante a gravidez.
- Não é tarde para mudar em relação a isso, Anthony.
- E em relação a nós, Diana? É tarde?

Aquela pergunta me pegou de surpresa. Era tarde para nós dois? A


traição doía da mesma maneira do que no dia em que descobri. De vez em
quando minha mente projetava imagens dele com outra mulher, beijando-a e
acariciando-a, e a vontade de chorar vinha com força, como agora. Aquelas
fotos estavam vivas em minha mente e toda vez que pensava na possibilidade
de perdoá-lo, lembrava-me dos momentos em que fiquei em casa, grávida,
me sentindo mal, e ele provavelmente estava se divertindo com a amante
talvez em algum motel da cidade ou na casa da vadia. Meu Deus! Ela tinha
ido até a mansão e eu ainda me questionava se os dois já estavam tendo um
caso naquela época. Eu tinha consciência de que não era totalmente
inocente, de que deveria ter sido sincera com ele sobre meus sentimentos,
mas Anthony me devia pelo menos a fidelidade. Embora nosso casamento
fosse apenas um contrato com data de validade. Minha mente tentava me
convencer de que era um casamento arranjado, mas meu coração estava
partido porque ainda amava Anthony, mesmo sabendo que não deveria. O
silêncio deve ter pesado sobre o ambiente, por que Anthony o quebrara.

- Querida?
- Não me chame assim. – falei em defesa – Não existe nós,
Anthony. Fiz de tudo pelo nosso casamento, cumpri tudo que estava no
contrato, e além do mais, cometi a burrada de ter me apaixonado. Te amo,
Anthony, e não vou negar. – uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho
que eu tratei rapidamente de secá-la – Mas enquanto eu estava em casa,
você estava com outra.

Pude perceber o choque ao ouvir minha confissão. Ele não


esperava ouvir aquilo, mas eu não conseguia mais guardar. Anthony fechou
os olhos e passou a mão no rosto.

- Cometi um erro, Diana. Mas eu quero que me perdoe, você


precisa saber o quanto estou arrependido. – olhou novamente para mim e
chegou mais perto, o aroma do seu perfume me deixando com ainda mais
vontade chorar. Ajoelhou-se na minha frente, uma atitude que eu não
esperava de Anthony Walsh – Querida, eu amo você.

Aquelas palavras que eu tanto desejei ouvir sair dos lábios de


Anthony preencheram o cômodo me fazendo perder o ar. Era mesmo real?
Outra lágrima escorria do meu olho e eu sequei novamente. Tudo o que eu
mais desejava era ouvi-lo dizer isso, mas agora, me sentia tão magoada que
não conseguia acreditar naquilo. Se me amava por que não dissera? Por que
fizera tudo aquilo? Anthony tinha me traído com uma mulher que ele tivera a
coragem de levar para nossa casa. Precisava ser forte, tive de reunir cada
centelha de força que ainda existia dentro de mim.

- Diana, por favor... – ele segurou minha mão, o toque fazendo com
que tudo queimasse.
- Não. – puxei minha mão de volta – Quem ama não faz o que você
fez, Anthony. Você está confundindo as coisas. Está dizendo isso para me ter
de volta, isso está errado.
- Fiz porque tive medo. Fui um covarde. – ele se levantou e passou
a mão nos cabelos – Não posso mudar o passado, mas posso fazer diferente
no futuro. Volte para mim, Diana.
- Por favor, Anthony. Vá embora. – o nó em minha garganta
parecia aumentar, fazendo-a doer – Sua amante ficará feliz em consolá-lo.
- Não tenho mais nada com Audrey. Acabou antes daquelas fotos
irem parar nas suas mãos. Eu já estou investigando quem fez aquilo.
- Me diga uma coisa, Anthony... – engoli em seco e olhei para ele –
Se aquelas fotos não tivessem chegado até mim, você teria me contado o que
fez?
- Por Deus, Diana! É claro! Passei aquele tempo afastado por peso
na consciência de te tocar depois de ter estado com outra mulher. Não contei
porque você estava grávida e precisava se cuidar.
- Aquilo doeu muito. Você me desprezando, as fotos, ver você
beijando outra... – fechei os olhos – Ainda está muito vivo na minha mente,
Anthony. Por favor, me deixe digerir tudo isso.
- Te amo, Diana. Precisei ir até o fundo do poço para assumir isso
para mim mesmo.
- Eu não quero palavras. Sofri muito com tudo o que aconteceu.
Ainda não consigo acreditar que um homem que me ama pudesse fazer o que
fez. Então, por favor, me dê um tempo. Confiei em você, Anthony. Depois de
sofrer com todas as coisas que você fez, ainda sim continuei apaixonada. E
quando finalmente achei que nosso casamento estava começando a caminhar
de maneira certa, você me desprezou.
- Eu não sabia o que fazer, Diana. O contrato, você falando do fim,
eu me sentindo vulnerável, tudo isso me confundiu e eu fiz aquela besteira.
- Anthony, se você me ama como diz que ama. Mostre-me. Não
serão apenas palavras bonitas que vão me convencer.

Ele apenas assentiu e ficamos em silêncio até que Louis acordou


fazendo manha e o peguei no colo. Devia estar com fome. Abaixei a alça do
meu vestido, afastei o sutiã e comecei a amamentar o meu filho. Era um dos
momentos mais ternos da minha vida. Um dos meus filhos acomodados em
meu braço de maneira tranquila enquanto se alimentava. Olhei para Anthony
e ele estava quieto me observando. Queria tanto que esse momento
acontecesse em nossa casa, o amor prevalecendo, mas infelizmente, meu
coração doía.
Queria poder acreditar nos sentimento de Anthony, mas até aquele
momento, as atitudes dele só me provaram o contrário. Como ia acreditar
que aquele amor que ele jurava sentir era sincero? Eu queria provas de que
estava arrependido, de que realmente me amava. Não era fácil perder uma
traição, por mais que até então nosso casamento fosse apenas um acordo.
Meu coração já estava totalmente entregue.
Kevin começou a chorar e eu olhei para Anthony. Seu olhar
desviou para nosso bebê deitado na cama, emitindo aquele som que fora o
primeiro que ouvi na sala de parto.
- Pegue-o no colo. Eu vou amamentá-lo logo. – incentivei.
- Diana, não tenho jeito para isso. – novamente, estava lá aquele
olhar inseguro que eu nunca via em seu rosto.
- Não é difícil. Segure-o por baixo e apoie a mão em sua
cabecinha.

Ele ainda hesitou, antes de se abaixar e passar sua mão debaixo do


corpinho de Kevin enquanto a outra mão apoiava sua cabeça. Por mais que
Anthony disse que não tinha prática, estava se saindo bem. Com cuidado, ele
ajeitou o pequeno em seus braços. Fiquei emocionada de ver aquele homem
alto segurando uma miniatura de gente em seu colo. Ó meu Deus, eu queria
tanto isso para mim! Queria tanto poder estar em nossa casa, no quarto que
decorei para os meninos vendo Anthony segurá-los com cuidado e amor.
Mas não era fácil ser uma mulher traída e superar isso ainda não tinha sido
o momento para mim.

- Viu? Não é difícil. – falei ajeitando Louis nos braços e apoiando-


o para que pudesse arrotar.
- Ele é muito frágil. Estou nervoso. – ele não tirava os olhos do
bebê.
- Com o tempo você se acostuma.

Em poucos minutos, Louis já estava novamente deitado, dessa vez


no berço e eu peguei Kevin nos braços. O momento em que Anthony me
passou nosso outro filho, nosso olhares se encontraram e eu pude notar que
ali naquele brilho, ele também estava emocionado. Foi aí que tive a certeza
de que Anthony seria um bom pai. Eu só torcia para que um dia, pudesse
acreditar que ele seria um bom marido.

- Você me deu filhos lindos, Diana. – ouvi sua voz enquanto


amamentava Kevin.
- Eles são tudo para mim. – respondi alisando a cabecinha do meu
bebê – Se eles existem, também foi graças a você.
- Diana, você pode não acreditar em mim agora. Sei que está
magoada. Mas acredite, não vou desistir.
- Você sempre foi muito persistente, Anthony. Mas eu não sou mais
a garota que você encontrou naquela festa e a comprou com um contrato. E
também não sou a amante que se jogou nos seus braços provavelmente
achando que seria a próxima Sra. Walsh. Tudo o que mais queria era ouvir
você dizendo que me ama, mas essas palavras vieram tarde. Você me
humilhou. Eu quero acreditar que você está arrependido, mas não é fácil. Eu
penso naquela mulher e tudo dói.
- Se eu pudesse mudar tudo, faria sem pensar duas vezes. Mas
respeito o fato de estar magoada e você vai ter seu tempo, mas eu estarei
aqui, Diana. Todos os dias.

E com isso, ele saiu me deixando sozinha com os meninos. Aquelas


palavras cravadas em minha mente. A maneira com que disse “Eu te amo”
ainda mexia comigo e eu precisei ser forte para não me jogar em seus braços
nesse momento como tantas vezes imaginei. Anthony não podia mais me ver
como a mulher fraca com quem se casou, eu tinha de me dar valor para ele
me valorizar. Além do mais, a distância provaria se o que Anthony sentia por
mim era apenas ego ferido por ter sido abandonado ou se era realmente um
sentimento sincero.

Fazia uma semana que não o via, por conta de uma viagem que
Anthony precisava fazer e cada dia que passava era mais difícil conviver com
a saudade. Por mais errado que ele tivesse sido, algo dentro dela lhe dizia que
não deveria ter sido tão dura já que o casamento deles era apenas de fachada.
Cada vez que se lembrava disso, quando tentava amenizar aquela tristeza, se
lembrava de que ele o fizera por medo, segundo ele, de um sentimento que
não sabia lidar e ela vivia um casamento onde era a única que se dedicara.
Quase todas as noites, ao se ver sozinha na cama, continuava chorando
enquanto recordava perfeitamente o braço dele sobre si apertando-a contra
seu corpo e das vezes que ficou esperando-o e ele estava com outra.
A cada dia os gêmeos ficavam mais parecidos com o pai. Kevin e
Louis tinham um temperamento diferente, Louis era bastante manhoso e
Kevin demonstrava uma personalidade mais parecida com a de Anthony,
parecia um pouco mais firme, chorava pouco e apesar de demorar a pegar no
sono algumas vezes, não fazia nenhum tipo de manha para que a mãe o
pegasse no colo. Sim, aquele com apenas um mês de vida se mostrava a cada
dia uma cópia perfeita do pai. Olhar para os gêmeos fazia com que Diana se
lembrasse do olhar de Anthony. Os meninos tinham os mesmos olhos
esverdeados do pai e os cabelos claros assim como ele quando criança.
Três semanas depois de dar à luz e já se sentir recuperada, Diana
decidiu não ir para a casa do pai. Conseguira um pequeno apartamento duas
quadras depois do de Elisa e se instalara lá com os filhos. Fernando, que
estava aos poucos se reerguendo depois de uma sociedade que iniciara com
um antigo amigo, pagava o aluguel da filha e as despesas. Anthony tinha
discutido sobre isso, dizendo-se responsável pelos filhos e que deveria arcar
com qualquer custo sobre a moradia deles, mas Diana recusara. Não queria
nada de Anthony e não se sentiria bem morando em um apartamento pago
por ele. Seria quase como voltar para aquele maldito contrato. Mesmo depois
de um mês inteiro, ela ainda se sentia magoada e continuava amando o ex-
marido da mesma forma, Anthony tentava a todo custo falar com ela, tocar no
assunto, mas não conseguia sentar e conversar com ele. Era impressionante o
quanto toda aquela história mexia com sua cabeça. Ao longo daquelas três
semanas, ela remoía as palavras do ex-marido. “Eu amo você”. Seria mesmo
verdade? Queria muito acreditar naquilo, mas se perguntava por que ele
conseguira ser frio a ponto de estar apaixonado e ainda sim procurar outra?
Capítulo 47

ANTHONY

Pisar dentro de casa era uma tortura diária. Entrar no meu quarto
era como se sentisse uma punhalada no coração. O silêncio e o vazio me
matavam sem dó. Quantas vezes senti essa mesma sensação de tristeza? Só
me senti desamparado assim quando Diana havia sido sequestrada. Ali, meu
mundo desabou. Como estava acontecendo agora. Comecei a me desfazer das
roupas, peça por peça, da mesma maneira mecânica de sempre. Paletó,
gravata, camisa. Cinto, calça, até sobrar apenas uma cueca preta. Agora até
esse simples gesto era doloroso.
Olhei para trás e Diana não estava lá me apreciando com aqueles
lindos por baixo dos cílios longos. Aquele olhar de desejo que deixava meu
corpo pegando fogo e quase sempre me fazia ir até a cama mostrar o quanto
eu a desejava na mesma intensidade. Porém, agora, o quarto continuava com
a mesma quietude sepulcral. Se alguém um dia tivesse me dito que seria
capaz de sentir esse tipo de dor, eu diria que estava louco. Mas era real. Tão
real a ponto de parecer estar arrancando minhas entranhas, de me fazer
conversar com Deus todas as noites e pedir ajuda. Nunca tinha sido um cara
religioso, mas se existia alguma força divina que pudesse me libertar dessa
dor e fazer com que Diana acreditasse em mim, serie Ele. Eu a queria.
Dessa vez, não queria satisfazer um desejo egoísta, eu precisava
dela. Eu a amava. De todas as formas que um homem poderia amar uma
mulher. Sentei na poltrona no canto do quarto, em uma espécie de sala anexa.
Senti-a me derrotado e com ódio de mim mesmo. Todos os dias precisava
conviver com essa raiva. Tudo nesse lugar me lembrava de Diana, embora ela
tenha passado pouco tempo na mansão antes de dar à luz e decidir ir para
outro lugar. Além de tudo, eu estava sendo covarde demais e tinha me
afastado. Vivi poucos momentos aqui ao lado da minha esposa. Todas
aquelas noites ela estava em nossa cama, adormecida como um anjo, a
barriga arredondada carregando de maneira tranquila nossos filhos,
transmitindo a eles um amor que eu, como pai, tinha abdicado. Quantas
oportunidades perdi de lhe acariciar o ventre? De conversar com os meninos?
De agradecer aquele maravilhoso presente? E de antes de mais nada, ter dito
que a amava?
Odiava-me amargamente por ter sucumbido ao medo e me achado
capaz de ignorar um sentimento que eu já não podia refrear. Foram uma
sucessão de erros que me trouxeram até aqui. Como pude acreditar que ficar
com outra mulher resolveria tudo? Por que fui ingênuo e canalha para pensar
que Audrey pudesse apagar aquela chama constante que Diana acendera?
Todo o sofrimento das últimas semanas era merecido. Cada
centelha de dor que parecia ter se espalhado pelo meu corpo até atingir aquele
ponto vital chamado coração, era por minha culpa. Eu tinha feito tudo errado.
A insistência de Diana em falar do fim do contrato me fez recuar e me deixou
mais desesperado. Enquanto eu ignorava aquela data, ela apontava para mim
o fim do nosso casamento, me deixando com aquela sensação de que a
perderia. Novamente, eu precisava me proteger. Durante a faculdade, vi
muitos amigos se deixarem levar por sentimentos e mais tarde, homens de
negócios que deixaram de lado suas responsabilidades com a empresa, por
conta de uma mulher. Alguns tiveram danos irreparáveis e quando comecei a
experimentar essa sensação, de dependência de um sentimento que estava
surgindo e não estava nos meus planos, houve o roubo à empresa. Talvez
nada disso tivesse ligação com o fato de minha cabeça andar nas nuvens,
porque enquanto eu estava atrás da mesa da presidência, minha mente vagava
pelas curvas da minha mulher e me fazia querer sair de lá direto para casa,
louco para sentir o aroma de Diana e a pele incrível que eu adorava
acariciar. Mas, o rombo que tive nas contas da empresa e o fato de estar
casado, me despertaram o instinto de me proteger, de voltar a focar nos
negócios. Se eu deixasse Diana tomar minha mente, as coisas sairiam do
controle.
Se eu tivesse feito tudo diferente e assumido que queria Diana pelo
resto da vida e que o contrato fosse para o diabo, eu poderia tê-la ao meu
lado. Por Deus, ela me amava! Só bastava que nós tivéssemos sido
sinceros. Agora eu tinha perdido sua confiança e precisava fazer de tudo para
recuperar. Eu passaria o resto da vida tentando, se fosse necessário!
Conquistá-la não seria fácil, mas eu não desistiria. Passei um ano abdicando
desse sentimento, eu não iria para agora. Estava decidido.
Relembrei dos momentos com Audrey. Aquela sensação de
completo vazio que antes de Diana me era boa e segura, não era mais
suficiente. O que eu queria era aquele tsunami de sensações que eu sentia
com minha esposa. Merda, ex-esposa! Essa ideia era aterrorizante.
Tecnicamente, Diana ainda era minha esposa, o contrato continuava vigente.
Diana dissera que não queria mais nada de mim e Fernando declarara que não
queria a empresa de volta, mas nada tinha sido anulado ainda. Ela ainda
estava se recuperando e não tínhamos entrado em detalhes em relação ao
contrato, mas Diana até então estava decidida a reincidi-lo.
Suspirei pesadamente e me levantei. Eu daria um jeito de trazer
Diana de volta novamente para minha vida, provaria meu amor nem que
fosse a última coisa que fizesse em vida. Por enquanto, o contrato continuava
vigente e Diana era minha esposa. E assim eu torcia para que permanecesse.
Precisava que ela me perdoasse, voltasse para mim e aí então eu tornaria
aquilo um casamento como deveria ter sido, desde o início. Desde que saíra
do hospital, Diana não tinha retornado à mansão e continuava me evitando ao
máximo.
Levantei-me devagar e passei a mão nos cabelos. Tinha de tomar
um banho, reagir, ocupar minha cabeça por algumas horas antes que eu saísse
correndo dessa casa para ir atrás de Diana. Gritar do lado de fora do
apartamento dela até que me perdoasse. Eu já tinha cogitado essa ideia, mas
Rachel tinha razão, Diana precisava de algum tempo. Entrei no banheiro e
olhei ao redor. Tudo continuava igual. Ainda havia cremes e produtos da
minha esposa espalhados por ali. O shampoo dela continuava no mesmo
lugar e todos os dias, enquanto tomava banho, eu pegava aquele frasco e
sentia o perfume. Quantas vezes estive deitado na cama, antes de me levantar
para o trabalho e ela continuava ao meu lado, adormecida, os fios castanhos
espalhados pelo travesseiro enquanto eu sentia o aroma que me era familiar e
aconchegante. Agora, eu só tinha um frasco e ainda sim, esse objeto tinha o
poder de me trazer um tsunami de emoções.
Tomei um banho, vesti uma calça jeans e caminhei sem camisa até
o meu escritório. Precisava mandar alguns e-mails, tinha viagens agendadas
para ver a situação de uma nova sociedade e isso faria minha mente se
ocupar. Meu celular tocou sobre a mesa e vi o nome de Hank no visor. Ele
era um dos seguranças mais antigos que tinha e que conquistara minha
confiança ao longo daquele tempo e no momento, estava me fazendo um
favor pessoal.

- Boa noite, Sr. Walsh. – ouvi a voz dele do outro lado assim que
atendi.
- Hank, espero que tenha boas notícias. – falei já esperando saber se
finalmente tínhamos alcançado o objetivo.
- Sim. Descobri quem enviou aquele envelope para a Sra. Walsh. –
meu corpo pareceu derreter de alívio – O tal do Rogers, junto com a própria
Audrey.
- Eu tinha certeza que eles estavam envolvidos nisso! – passei a
mão no rosto me levantando de imediato – E os arquivos, Hank? Preciso dos
arquivos!

Não podia deixar que essas fotos ficassem por aí correndo o risco
de serem vazadas. Àquela altura eu não estava preocupado em sujar ou não
minha imagem, porém o que mais me deixava tenso era a humilhação à
Diana. Eu tinha errado e humilhado minha esposa, estava amargamente
arrependido disso e sofria até hoje as consequências daquele ato, mas Diana
não precisava sofrer ainda mais por conta das merdas que eu tinha feito.

- Trabalhamos nisso, Senhor. Nosso hacker entrou nas contas dos


envolvidos e acessou o endereço de IP e conseguiu um acesso remoto,
invadimos também o iCloud.
- Preciso saber se tem provas físicas também. Se não há nada
impresso. Vasculharam a casa?
- Gostaria de lembrá-lo de que isso é invasão de domicílio, senhor.
- Que vá para o diabo a invasão de domicílio! Quero ter certeza de
que não sobrou nada! – exaltei-me – Minha prioridade é proteger Diana.
- Claro, Sr. Walsh. Não se preocupe. Nossos homens cuidaram
disso, não há registros.
- Pois continuem procurando pelos pormenores.

Desliguei o celular e o deixei sobre a mesa. Audrey, como eu já


suspeitara, estava envolvida com aquelas fotos. Amaldiçoei mentalmente
cada minuto que estive com ela. Eu sentia a raiva me dominar e queria gritar
antes que explodisse. Fui para meu quarto, coloquei uma camiseta simples
branca e uma jaqueta de couro preta por cima. O inverno estava chegando a
Nova York e o vento lá fora era cortante. Desci rapidamente as escadas e fui
direto para a garagem. Precisava tirar a prova daquela merda toda.
Dirigi pelas ruas de asfalto molhado em uma velocidade acima do
limite de segurança, mas eu estava tão cego e tão tenso que já não raciocinava
direito. Repassava em minha mente cada minuto em que fui fraco e que
sucumbi ao medo deixando minha esposa de lado para tentar apaziguar um
sentimento que não tinha mais controle. Quando finalmente parei o carro na
frente do apartamento de Audrey, saltei para fora e subi as escadas pulando
alguns degraus. Já passava das dez horas da noite e eu pouco me importava.
Toquei a campainha impaciente, ouvindo o som estridente do lado de dentro.
A porta se abriu e revelou uma Audrey de cabelos soltos, camisola
preta e um sorriso nos lábios, que deixavam claro que estava feliz em me ver.

- Anthony... – sua voz foi quase um sussurro e quando ela abriu


espaço, eu atravessei passando por ela e invadindo o apartamento – Não fazia
ideia de que você viria me ver. Fico feliz que tenha repensado sua decisão.
- Minha decisão já foi tomada e não é por isso que vim aqui. Que
porra foi aquela de enviar fotos para minha esposa?

Com toda calma do mundo, ela fechou a porta e girou nos


calcanhares olhando para mim. O sorriso permanecia desenhado em seus
lábios e eu quis sacudi-la.

- Só mostrei à ela a verdade, Anthony. Que você estava comigo


enquanto ela estava em casa. Grávida e gorda.
- Você fez aquilo porque ficou com raiva de ser deixada de lado.
Achou o que, Audrey? Que eu ia largar Diana para ficar com você? Que
merda você come no café-da-manhã?
- Então por que ficou comigo?
- Porque você é fácil! – cuspi aquelas palavras – Bastou estalar os
dedos para você abrir as pernas para mim, Audrey. Se jogou em cima de mim
na primeira oportunidade. Eu cometi a idiotice de achar que esqueceria
Diana. Mulher nenhuma chega aos pés dela.
- Você é imundo, Anthony Walsh! Teve a coragem de chamar o
nome aquela vadia da sua esposa enquanto estava comigo.
- CALA A MALDITA BOCA, PORRA! – gritei cheio de ódio ao
ouvir Audrey se referir dessa maneira à Diana – VOCÊ NÃO TEM MORAL
NENHUMA PARA FALAR DESSE JEITO DA MINHA MULHER!
- E QUE MORAL VOCÊ TEM?
- VÁ SE FODER, AUDREY! - explodi – Tudo o que você fez foi
para acabar com meu casamento, mas preste atenção em uma coisa, mesmo
que Diana nunca me perdoe, jamais tocarei em você novamente. Portanto, se
quiser um babaca pra te foder, sugiro o Rogers. – notei seu olhar de espanto –
Pensou que eu não descobriria? – dei uma risada sarcástica – A intenção dele
era ir atrás da minha mulher.
- Não sei o que vocês viram naquela garota mimada. Você precisa
de uma mulher de verdade, Anthony.
- Diana é a mulher que foi capaz de fazer eu me apaixonar e, além
disso, você pode tentar o que quiser, nunca chegará perto disso.
- Está se achando muito melhor do que eu por ter se arrependido e
me jogado no lixo, Anthony? Pois você não vale nada também e é um
maldito hipócrita porque veio até aqui como se não tivesse culpa de nada do
que fez.
- Ah sim, eu tive culpa e vou remoê-la pelo resto da minha vida.
Sabe por quê? Porque fui um covarde que não queria admitir meus
sentimentos pela única mulher que eu sou capaz de amar.
- Te odeio, Anthony. Veio até aqui jogar isso na minha cara? Que
aquela garotinha conquistou o todo poderoso?
- Isso você já sabia. – aproximei-me dela devagar e parei na sua
frente, agarrando seu braço e olhando em seus olhos – Eu vim te avisar que
ninguém mexe com um Walsh e sai impune. Portanto, Audrey, pegue suas
coisas e não apareça na minha empresa novamente.

Soltei seu braço e quando saí do apartamento, ouvi o barulho de


vidro se chocar contra a porta. Agora estava feito. Eu tinha errado e
humilhado Diana enquanto ela estava em casa sozinha. Eu tinha conquistado
seu amor e agora precisava conquistar sua confiança. Querer protegê-la de
um escândalo poderia me fazer parecer um hipócrita e eu pouco me
importava com isso. Não queria fotos dessa traição pelos jornais, porque a
maior prejudicada seria minha mulher. Ela seria humilhada publicamente e eu
não queria isso, mesmo que já a tenha humilhado da maneira mais pessoal.
Não ia aumentar ainda mais o sofrimento dela. Eu iria me redimir de todo
esses erros e mostraria à Diana que eu poderia ser o homem dos seus sonhos.
Um novo Anthony Walsh tinha surgido e eu gostava muito mais dele.
Capítulo 48

- Filho, tem certeza que não quer vir jantar conosco hoje? – Alexandra
perguntou através do telefone.
- Não, mãe. Vou passar a Ação de Graças com meus filhos e com Diana.
- O pai dela vai estar lá, vocês não tem uma relação muito amistosa,
principalmente depois do que houve. Acha que é o certo a se fazer?
- Quero que Fernando se dane! – esbravejou – Eu sou o pai dos meninos,
goste ele ou não. Tenho certeza de que Diana não vai me expulsar do
apartamento. Ela pode estar magoada, mas jamais vai me privar de estar com
meus filhos.
- É triste ver tudo o que aconteceu, Tony. Sempre achei vocês um casal
lindo.

Anthony havia confessado tudo o que acontecera aos pais, desde o


momento que conhecera Diana. Não queria continuar com mentiras e chegara
a hora de agir de maneira transparente se quisesse seu casamento de volta.
Não esconderia nada de Diana e nem da família. Quando contou a verdade
para os pais, ambos ficaram chocados. Primeiro, porque não faziam ideia de
que o filho seria capaz de recorrer a um contrato para se casar e depois,
porque realmente acreditavam que Anthony estava apaixonado desde o
início. Esse último fato era meio verdade, já que ele desde o início começara
a ter sentimentos por Diana que até então não tinha conhecimento. E foi tarde
quando finalmente assumiu para si mesmo que aquilo era amor.

- Mãe, eu estou disposto a reconquistar Diana. Ela me ama, preciso


provar que estou arrependido e que o que sinto por ela é verdadeiro e não
somente um capricho egoísta meu.
- Eu sei, querido. Eu espero mesmo que no final tudo dê certo.
- Eu também.

Assim que encerrou a ligação, Anthony foi até a cozinha onde Ruth tinha
deixado preparada uma torta de cranberry. Não chegaria ao apartamento de
Diana sem nada. Pegou a travessa e desceu até a garagem da mansão,
colocando a sobremesa no banco do carona e se acomodando atrás do
volante. Não ia a hora de poder estar com os filhos e a mulher que amava.
Todos os dias deitava sozinho em sua cama e se amaldiçoava por não ter a
esposa por perto, mas sabia que cada grama daquele sofrimento era merecido.
Fizera merda e tinha de arcar com as consequências.
O tempo estava frio, uma chuva fina caía sem parar e ele dirigiu com
cuidado até finalmente chegar ao modesto apartamento onde Diana agora
morava com os filhos. Quanto mais ia ter de esperar para tê-la de novo? Será
que um dia ela finalmente iria perdoá-lo? Não gostava nem mesmo de pensar
na possibilidade de nunca mais tocá-la.
Pegou a sobremesa e desceu do veículo caminhando rápido até a entrada
para fugir da chuva. Subiu os dois lances de escadas até o segundo andar e
parou de frente para o apartamento 204. Apertou a campainha e esperou
poucos segundos, mas que lhe pareciam longos minutos. Quando a porta se
abriu, viu Fernando do outro lado com uma expressão irritada que não fazia
questão de disfarçar.

- O que faz aqui, Walsh?


- Vim ver os meus filhos, Stewart.
- E acha que só porque é o pai deles, pode aparecer a hora que bem
entende?
- Acha que vou passar o feriado longe deles?
- Esse apartamento é meu e eu decido quando você vai entrar. Não
estamos na sua casa para você achar que pode fazer o que bem entende.
- Pai, por favor. - a voz de Diana chamou a atenção dos dois homens que
toda vez que se encontravam, soltavam faíscas.
- Diana, minha filha. - Fernando olhou para trás, vendo-a parada ao final
do corredor - Anthony precisa saber onde é o lugar dele, não é o dono do
mundo.
- Mas ele é o pai dos meninos e eu quero que meus filhos tenham a
presença paterna. - seus olhos encontraram com os do, ainda, marido - Entre,
Anthony.

Com um olhar vitorioso, como não podia deixar de ser, Anthony adentrou
o apartamento olhando de soslaio para Fernando, que não gostara nada da
presença dele ali. Ao concentrar suas atenções na esposa, Anthony parou de
andar por alguns instantes para absorver o impacto que era olhar para ela.
Diana estava com um vestido cinza, de decote arredondado que chamava
atenção para seus seios ainda maiores. Anthony era completamente louco por
cada pedaço daquele corpo, mas admitia para si mesmo que os seios dela
sempre foram sua maior tentação. Ninguém diria que ela tinha dado à luz a
pouco tempo, porque todas as suas curvas estavam no lugar e o comprimento
do vestido deixava uma parte das suas coxas à mostra. Com certeza era um
vestido que comprara antes da gravidez e agora ainda lhe caía perfeitamente
bem.

- Desculpe vir sem avisar, Diana. - Anthony por fim conseguira encontrar
as palavras - Mas não queria passar o feriado longe de vocês.
- Os meninos estão no quarto. Acabei de amamentá-los. Louis ainda
estava acordado quando saí.
- Vou até lá para vê-los. - mostrou a travessa em suas mãos - Trouxe uma
sobremesa, Ruth quem fez.
- Obrigada. Agnes está na cozinha arrumando a mesa, eu vou levar para
lá.
- Não se preocupe com isso, deixe que eu faço.

Anthony foi até a cozinha onde Agnes estava servindo a mesa e parou no
exato momento em que ele entrou. Eles não tinham se encontrado ainda, já
que o relacionamento dela com o Fernando começara há pouco tempo.

- Olá, sou Agnes Olsen.


- Anthony Walsh, muito prazer.
- Ah, então é você o pai dos meninos. - ela sorriu, era uma mulher com
cerca de quarenta anos, de cabelos loiros presos em um coque e pele jovem.
- Sim, eu mesmo. – ele mostrou a travessa em suas mãos – Trouxe uma
sobremesa.
- Pode deixar sobre a pia, estou terminando a arrumação. Não sei como
Diana conseguiu preparar tudo isso tendo dois bebês para cuidar.
- Diana quem cozinhou?
- Sim, a grande maioria. Ajudei com algumas coisas quando ela precisava
trocar a fralda de um dos meninos ou amamentá-los.

Aquilo o pegou de surpresa, afinal, sabia que ela tinha feito cursos de
culinária a até cozinhara para ele, mas era surpreendente vê-la preparar uma
ceia principalmente tendo dois filhos recém-nascidos para tomar conta.
Anthony colocara a travessa sobre a pia e olhou para a mulher.

- Espero que minha presença não atrapalhe os planos, já que vim sem
avisar.
- Não será problema, tem bastante comida e quanto mais pessoas
estiverem aqui, melhor.

Ele assentiu e saiu da cozinha indo em direção ao quarto. Notou que


Fernando estava na sala tomando uma taça de vinho em silêncio enquanto
olhava pela janela. Não poderia condená-lo por sua hostilidade, afinal, se
tivesse uma filha, provavelmente mataria o cara que a tivesse magoado. A
porta estava entreaberta e ele decidiu entrar sem bater. Diana estava ninando
um dos meninos embalando-o em seu braço perto da janela. Ao notar a
presença dele, olhou para trás.

- Louis começou a chorar. Acho que está com cólicas. – comentou indo
até a cama e deitando o filho – Essa é a pior parte, Kevin acaba acordando
com o choro e vira uma sinfonia.
- Precisa de ajuda? – perguntou vendo-a começar acariciar a barriga do
pequeno.
- Kevin provavelmente vai começar a chorar em breve, pegue-o no colo e
o acalme enquanto eu cuido daquele pequenininho.
- Não me parece nada fácil quando você está aqui sozinha, Diana. Lidar
com dois bebês ao mesmo tempo. – foi se aproximando dela, a vontade tocá-
la quase o consumindo – Volte para casa comigo, querida. Vamos ser uma
família novamente.
- Anthony, por favor... – suplicou e levantou a cabeça para olhá-lo
enquanto ainda massageava a barriga do filho – Sei que me quer novamente
naquela mansão, mas ainda não confio em você. Minha mente está focada
nos meninos.
- Meu Deus, Diana! Eu amo você! – insistiu começando a ficar nervoso
ao perceber que ela não o compreendia.
- E eu amo você, Anthony. – engoliu em seco – Mas não fui para os
braços de outro homem por causa disso.
- Até quando vai me punir por esse erro, querida? – suspirou pesadamente
– Até quando?
- Eu não sei, estou tentando encontrar maneiras de entender o que
aconteceu. Também quero ter certeza de que isso que está me falando é
realmente verdade e não fogo de palha. Que não vai ser frio novamente
comigo quando se der conta de que isso que você sente não é amor.

Ele ia responder, mas outro choro ecoou no quarto e Anthony logo olhou
para o berço onde Kevin balançava os bracinhos irritado. Foi até o filho e
ainda hesitante, o pegou no colo apoiando-o contra seu peito e mantendo a
mão atrás de sua cabecinha.

- Acalme-se, campeão. O papai está aqui. – sua voz saiu calma e terna.

Diana adorava ver a interação de Anthony com os filhos e vê-lo cada vez
com mais jeito para pegar os bebês no colo a deixava emocionada. Sabia que
o marido tinha uma série de defeitos, mas tinha se tornado um pai
extraordinário. Devagar, Kevin foi se acalmando até ficar em um completo
silêncio, de olhinhos fechados e recostado no peitoral do pai. Depois de
conseguir lidar com as cólicas de Louis, Diana o colocou de volta no berço.

- Acho que Kevin dormiu. – falou baixinho chegando perto do filho e


vendo-o com a mãozinha fechada próxima à boca.
- Coloque-o no berço, Diana. Eu não sei como fazer isso.
- Não é difícil, vou te ensinar.

Ela tomou o filho nos braços e o colocou devagar no berço, ajeitando a


cabecinha dele junto com o bracinho. Ambos ficaram olhando para os
meninos por um tempo em silêncio até que Anthony o quebrou.

- Agnes estava na cozinha e me disse que você preparou a ceia.


- Sim, a cada dia gosto mais de cozinhar. Principalmente agora que
preciso fazer isso todos os dias.
- Me surpreendeu você ter feito tudo aquilo com dois bebês para cuidar.
- Quando nos tornamos mãe, parece que adquirimos um superpoder de ser
multitarefas.

Anthony colocou as mãos no bolso da calça e se virou para ela.

- Lembro-me de quando você cozinhou para mim. – sua voz saiu mais
baixa e suave.
- Foi a primeira vez que preparei algo sozinha. Não foi fácil.
- Mas estava gostoso. Fico imaginando que você tenha melhorado suas
habilidades de lá para cá.
- Eu acho que sim. – respondeu colocando uma mecha de cabelo atrás da
orelha um pouco em jeito – Não quero parar minhas aulas, mas por enquanto
preciso me dedicar apenas aos meninos. Talvez daqui alguns meses eu volte
para o curso.
- Sabe que pode contar comigo para isso, Diana. Sei que durante nosso
casamento não fui um marido muito interessado em suas atividades, mas
agora, quero que saiba que estarei aqui pra ajudá-la. Contrato uma babá para
ajudar com os gêmeos enquanto você estuda.
- Obrigada, Anythony. Eu vou pensar a respeito.
- Estou tentando mostrar a você que sou um novo homem, Diana.

Ele estendeu a mão e tocou o rosto dela de maneira suave, pousando a


palma da mão em sua bochecha, sentindo a maciez e o calor daquela pele
perfeita. Ela suspirou diante daquele toque, pela primeira vez desde que se
separaram ela podia sentir um toque terno que fazia seu coração balançar.
Como queria aquilo novamente! O polegar de Anthony deslizou
cuidadosamente traçando um caminho até seus lábios, contornando o inferior
e deixando sua pele pegando fogo.

- Tem sido uma tortura... – ele sussurrou, os olhos fixos nela,


hipnotizando-a.

Anthony quebrou os últimos centímetros de distância e aproximou os


lábios dos dela. Diana sentia o coração bater acelerado e as pernas tremiam.
Esse era o poder dele sobre ela. Suas respiração se misturavam e ela fechou
os olhos à espera daquele toque tão esperado. Ele passou a ponta da língua no
lábio inferior dela, deixando-a em uma expectativa angustiante. Devagar,
Anthony a beijou usando apenas os lábios, como se estivesse reconhecendo
novamente aquela boca que ele tantas vezes desejou.
Diana deu o primeiro passo e agarrou os braços dele, subindo as mãos até
que enlaçasse o pescoço de Anthony. Ele a abraçou pela cintura grudando o
corpo da esposa ao seu, deixando-o imediatamente excitado. Estava cego
pelo prazer e pela felicidade de finalmente estar beijando Diana. Na mesma
hora, em perfeita sincronia, as línguas se encontraram e ela soltou um gemido
de satisfação quando a língua dele roçou na sua. Há tanto tempo não se
entregavam ao desejo e a vontade de estar um com o outro, livre das amarras
de um contrato ou de um sentimento escondido. Diana o amava e tinha
deixado isso claro, e Anthony, até então permanecia disposto a provar seu
amor. A mão dele deslizou pelas suas costas, parando em sua lombar. Ele não
queria parar, não queria encerrar aquele momento único. Seu peito se enchia
de uma satisfação que não seria capaz de por em palavras.
Anthony sugou seu lábio inferior, saboreando o gosto dela, aquela boca
macia que se encaixava perfeitamente a dele. Diana suspirou e se afastou
devagar, abrindo os olhos e encontrando aquelas suas íris castanhas,
brilhando de um jeito diferente.

- Te amo, Diana. – sussurrou, sua mão deslizando para a cintura dela –


Preciso de você.
- Eu amo você, Anthony. – respirou fundo e se afastou do toque dele, que
era capaz de fazê-la fraquejar, como tinha acabado de acontecer – Mas ainda
não me sinto pronta para retomar nosso casamento.
- Querida, isso está me matando. Eu tenho noção do tamanho das coisas
que fiz, do quanto te magoei. Diana, se eu pudesse voltar no tempo, eu não
teria feito nada daquilo.
- Anthony, eu sei da minha parcela de culpa nesse casamento e agora o
estrago já foi feito. O que aconteceu me machuca um pouco ainda, não tanto
como antes, mas ainda tem aquela dorzinha aqui dentro. – colocou a mão no
peito – Ainda estou insegura em relação ao futuro, então, por favor, me
compreenda porque eu estou tentando compreender você.
- Eu sei. – ele deu um passo para trás e passou a mão nos cabelos,
desviando o olhar para os filhos – Se eu tivesse um desejo a ser realizado,
com certeza seria voltar no tempo e fazer tudo diferente. – olhou novamente
para ela, seus olhos castanhos uma nuvem de emoções – Não vou ser
hipócrita a ponto de dizer que eu não faria o contrato, porque, querida, eu
faria quantos contratos fossem necessários para ter você como esposa. –
focou novamente sua atenção nos filhos – Mas eu mudaria minhas atitudes,
lidaria com meus medos, seria sincero... – suspirou e olhou novamente para
os filhos, agora adormecidos de maneira tranquila em seus berços – Eu teria
encarado a paternidade de uma maneira diferente. Teria sido muito mais
presente como marido e futuro pai.
- Você está sendo um pai presente para os meninos. Eu espero que você
mostre a eles que pode ser um herói, como todo garoto enxerga seu pai.
- Sabe, Diana... – ele olhou para o chão, algo que Anthony Walsh jamais
fazia, mas que ultimamente, vinha mudando diversas atitudes – Eu não sei se
um dia vou me redimir de todo mal que fiz a você. De verdade, eu espero que
sim. – levantou o olhar para ela - Mas de uma coisa eu tenho certeza: vou
morrer tentando.

O silêncio se instalou naquele quarto, o ar parecendo pesado, mas Diana


estava ciente do quanto as palavras e atitudes de Anthony nos últimos tempos
havia mudado. De todo coração, adoraria viver ao lado do marido, junto com
os filhos. Mas precisava pensar muito bem no que era melhor antes de tomar
qualquer decisão. Olhou para os filhos e pensou no futuro deles, no que seria
melhor também para os dois. Ela queria uma vida diferente, queria amor, mas
queria também a segurança de saber que sua relação era sincera, que não
precisaria sentir medo de nada. Queria pensar em si mesma também, fazer
algo pelo seu futuro e não somente passar a vida à sombra do pai ou de
Anthony. Tinha algumas ideias, mas sabia que não seria muito fácil por em
prática. Pelo menos não no momento.

- Eu gostaria de ficar para o jantar, mas acho que seu pai não aceita muito
bem minha companhia.
- Não é fácil para ele ver tudo que aconteceu.
- Tem razão. – confirmou e chegou perto dos berços – Eles estão
dormindo e pelo visto vão ficar assim por algum tempo. Adoraria
experimentar o que você preparou, dessa vez fazer o elogio que você merece
ouvir. Mas acho melhor eu ir. Não quero correr o risco de criar alguma
confusão. Eu vim decidido a ficar com você e os nossos filhos, mas é melhor
não forçar nada.
- Fico feliz em saber que você tinha a intenção de estar ao lado dos
meninos. Quero que você seja muito presente na vida deles. E quanto a nós,
Anthony, é melhor continuarmos dando esse tempo. Quero pensar em mim e
nos nossos filhos. Preciso cuidar da minha vida. E preciso confiar em você.
- Entendo, Diana. Mas não vou desistir, nem por um minuto.

Olhou para os filhos por alguns segundos se perguntando o que tinha feito
de tão bom na vida para receber dois presentes de uma só vez. Os gêmeos
não tinham a menor noção de tudo o que acontecera naquele um ano de
casamento, mas Anthony cuidaria de ambos com a própria vida e
demonstraria ser o pai que eles mereciam. Ao passo que, iria provar para
Diana que era capaz de ser o marido que ela merecia. Se ela lhe desse apenas
uma nova chance, mostraria que tudo seria diferente.

- Vou jantar na casa dos meus pais. – falou olhando para a esposa.
- Diga que lhes mando lembranças. E que adorei os presentinhos que
deram aos meninos.
- Se minha mãe pudesse, viria todos os dias visitá-los.
- Ela é muito bem vinda.
- Darei o recado.

Diana levou Anthony até a porta. Fernando dessa vez estava na cozinha
com Agnes e a filha decidiu que era melhor não avisar que Anthony iria
embora, tinha medo das farpas que o pai soltaria e preferia evitar confusões,
como vinham acontecendo sempre que os dois estavam frente à frente. Assim
que abriu a porta, Anthony saiu do apartamento e olhou para ela, aqueles
olhos castanhos a mirando com intensidade e fazendo com que seu coração
desse saltos no peito.

- Até mais, Diana. Feliz dia de Ação de Graças. – sua voz rouca era
serena.
- Feliz dia de Ação de Graças Anthony.

Ele se afastou e ao apoiar a mão no corrimão da escada, Diana notou que


havia algo em seu dedo. A aliança. Anthony ainda estava usando-a e por um
momento sentiu uma familiaridade com aquilo, mas logo se lembrou de que
talvez, ele pudesse estar usando aquilo ainda em favor dos seus negócios. Se
aparecesse sem aliança, todos saberiam que o casamento teria acabado.
Anthony tinha confessado seu amor, mas ele era um CEO e sempre seria,
portanto, suas ações podiam ser facilmente interpretadas como uma jogada
para seus negócios e sua imagem. Suspirou e fechou a porta tentando não
pensar no marido e naquelas palavras que ecoavam em seus mente todos os
dias desde que foram pronunciadas: eu te amo.
Anthony por sua vez, dirigia pensando no propósito daquele feriado:
agradecer às coisas boas que tinha recebido naquele ano. Sem dúvidas seu
maior agradecimento era por Diana e pelos filhos. Por mais que estivesse
sofrendo mediante suas próprias inseguranças, ainda sim, aprendera muito
com tudo o que passou e teve a oportunidade de conhecer a mulher que lhe
roubara o coração irrevogavelmente. A mesma mulher que lhe dera algo que
nenhuma outra jamais lhe deu: amor e dois filhos perfeitos. Era hora de
honrar essa dádiva.
Capítulo 49

Finalmente estavam perto do Natal e Diana se sentia feliz de


decorar o próprio apartamento, comprara uma árvore de natal de um metro e
meio de altura, bem mais simples do que as que estava acostumada, inclusive
a que tinha na casa de Anthony no seu primeiro ano de casamento, mas ainda
sim se sentia plena e satisfeita. Era impressionante como sua vida tinha
mudado nos últimos tempos e agora ela se regozijava com coisas longes de
ser extravagantes. Tinha inclusive, decidido o que faria para seu futuro e não
queria depender do pai. Passara a vida sob a sombra dele e depois sob a do
marido. Perdeu a empresa da família e ainda estava sentida com aquilo, mas
Fernando deixou claro que não aceitaria a empresa depois do que houve com
Anthony, mesmo que o marido quisesse devolvê-la.

- Poderia ter sido tudo diferente.

Diana estava sentada no sofá da sala, logo após ter amamentado os


gêmeos segurando alguns enfeites para a árvore de natal. Ela podia ver os
flocos de neve caindo através do vidro das janelas e se lembrou de que nessa
mesma época no ano passado estava casada com Anthony. Em um ano, tudo
havia mudado. Sentia-se uma nova mulher, alguém mais forte. Olhou para os
filhos e sorriu vendo que a coisa mais linda que acontecera estava ali na sua
frente.

- Vocês são lindos, meus príncipes.

Não tinha como negar o quanto estava apaixonada por Anthony e o


quanto estava sendo difícil lidar com a distância e ao mesmo tempo com a
vontade de se jogar nos seus braços. O beijo que trocaram era a prova de que
seu corpo correspondia ao de Anthony como jamais acontecera com qualquer
outro homem. Precisava de um tempo, reorganizar seus pensamentos e pensar
em suas prioridades. Se retomasse o casamento com Anthony em algum
momento, queria estar se sentindo realmente preparada e não agindo por pura
fraqueza. Lembrou-se do beijo do dia de Ação de Graças, ainda sonhava
algumas noites com o que poderia ter acontecido. Desde então, nas semanas
seguintes, Anthony tinha lhe dado privacidade e respeitado o tempo que ela
lhe pedira. Visitava os filhos, era atencioso e fazia de tudo para agradá-la.
Diversas vezes tinha ido até o apartamento ainda vestido com o terno do
trabalho, ficado por alguns instantes e então ia embora.
Porém, ele não tinha feito mais nenhuma tentativa de tentar beijá-
la. Teria começado a esquecê-la? Será que estava se dando conta de que não a
amava? Então, duas semanas depois, ele havia viajado. Dissera que precisava
de alguns dias na Itália para visitar seus vinhedos. E desde então, não o via há
três dias, mas falara com ele quando ligou para saber como estavam as coisas.
Em uma tentativa de tentar esquecer o ex-marido, ela se levantou e
começou a pendurar os enfeites em cada um dos galhos da árvore, mas
precisou deixar o trabalho de lado assim que ouviu o telefone tocar.

- Alô? – atendeu curiosa por saber quem estava ligando aquela hora
da manhã.
- Diana! – Elisa parecia bastante animada do outro lado da linha –
Bom dia, tudo bem?
- Estou bem, Eli. – sentou-se se sentindo um pouco melhor por
poder falar com a amiga – E você?
- Está tudo bem. Eu estava ligando para dizer que vou passar aí na
hora do almoço. Não se preocupe, vou comprar comida chinesa e levar.
Quero ver os bebês fofos e matar as saudades de você.
- Tudo bem, eu espero você.
- Até mais tarde, Di. Beijos.

Elisa desligou e ela voltou a decorar a árvore dessa vez com mais
pressa. Queria terminar tudo antes da amiga chegar e tomar um banho para
esperá-la. Lembrou-se de que passaria o Natal com o pai e a nova namorada
dele. Ficou feliz por pensar nele, ver que aos poucos ia retomando sua vida.
Conseguira investir em algumas ações de empresas pequenas e lucrando aos
poucos com cada um de seus investimentos enquanto continuava trabalhando
como consultor de um amigo. Agnes Olsen trabalhava com história da arte e
Fernando a conhecera em um dos seus passeios à uma exposição em um
museu. Agnes era uma mulher distinta e bastante inteligente e nunca tivera
filhos nem mesmo se casado, fora uma mulher que se empenhara bastante em
sua profissão para chegar ao topo da carreira, sendo mundialmente conhecida
por suas pesquisas.
Assim que Diana terminou de enfeitar a árvore, ela foi dar um
banho nos filhos antes do almoço. Ficava bastante cansada no final do dia,
mas cada esforço valia a pena quando pensava neles.

- Meus príncipes, vocês estão tão quietinhos hoje. – ela falava com
os bebês enquanto dava banho em Kevin – A tia Elisa vai vir aqui visitar
vocês, sabia?

Enquanto conversava com eles, obviamente sem ser respondida, ela


conseguia se distrair sem pensar no quanto aqueles olhos lembravam os de
Anthony. Assim que colocou os meninos no berço novamente, tomou um
banho rápido e esperou a amiga chegar. Quando a campainha tocou, ela
sorriu e abriu a porta vendo Elisa carregando as sacolas.

- Achei que não fosse conseguir chegar, a neve está ficando mais
intensa lá fora. – ela comentou dando um beijo rápido no rosto de Diana e
levando tudo para o balcão – Cadê os pequenos?
- Estão dormindo, acabei de dar banho neles e já os amamentei.
- Ah, então depois eu vou lá vê-los. Não quero correr o risco de
acordá-los. – virou para a amiga e sorriu – Seus filhos são lindos.
- Sim. - sorriu boba – São dois príncipes.
- Filhos do rei das publicações. – Elisa completou – Falando nele,
eu o vi há alguns dias.
- Viu? – olhou-a curiosa.
- Sim. – balançou a cabeça e começou a tirar as caixinhas de
comida das sacolas – Eu tive uma reunião em Manhattan, quando estava à
caminho do escritório do diretor, passei em frente à Walsh Publishing. Vi
Anthony entrando no edifício segurando um copo de café.
- Ele foi comprar café? – perguntou surpresa.
- Ao que parece sim.
- Anthony nunca foi de sair do escritório para comprar café.
Sempre mandou alguém fazer isso, sempre gostou de dar ordens.
- O que mais me chamou a atenção não foi o café. Foi o jeito dele.
Anthony parecia triste, desolado. – terminou de tirar tudo de dentro das
sacolas e amassou-as – Diana, você sabe que nunca fui a defensora dele e sei
o quanto foi errado ele ter se envolvido com outra mulher, mas ver Anthony
hoje me fez repensar e acho que ele parece arrependido de verdade.
- Eu sei, ele anda mesmo diferente nos últimos tempos, mas eu
preciso de um tempo, sabe? – abraçou o próprio corpo ficando pensativa –
Essas últimas semanas me fizeram repensar muitas coisas em relação a mim.
Eu amo o Anthony, Eli. E ele sabe disso, todos sabem. Mas não posso deixar
esse amor ditar tudo em minha vida.
- Você não tem vontade de ficar com ele novamente?
- Oh, meu Deus, é claro! – suspirou – Tudo o que eu queria era que
as coisas dessem certo entre nós, mas eu me magoei e com certeza ainda dói
um pouquinho. Primeiro, quero saber se Anthony realmente me ama. E
segundo, não quero mais ser vista apenas como a Sra. Walsh. Vivendo à
sombra dele para sempre. Se retomarmos nosso casamento, eu quero um
companheiro. Um casamento de verdade, como deve ser. Um casal deve se
apoiar, se ajudar, não quero ficar apenas dizendo “sim” para as ordens de
Anthony.
- Eu te entendo, minha amiga. E acho que você tem toda razão.
Quem vê vocês dois de fora, nota que vocês dois são um lindo casal. Mas eu
te dou todo apoio em qualquer decisão e acho que essa é a melhor.
- Obrigada, Eli. – começou a organizar o balcão com as embalagens
que a amiga trouxera – Eu andei pensando e assim que os meninos estiverem
um pouco maiores, vou retomar meu curso de culinária e quero me formar.
Quem sabe me tornar uma chefe de cozinha? Ou ter meu próprio negócio?
Um bistrô? Um pequeno negócio já está ótimo. Eu quero tanto ser útil.

As duas se sentaram nos bancos e começaram a almoçar enquanto


mudavam de assunto. Diana contou sobre estar enfeitando a árvore e a ceia
que teria juntamente com o pai e a nova namorada. Elisa também a conhecera
quando Fernando jantara ali alguns dias atrás com Agnes. Ficaram todo o
almoço conversando e Diana saiu apressada quando ouviu o choro de um dos
filhos através da babá eletrônica.

- Esse mocinho está precisando trocar a fralda. – disse assim que


viu a amiga entrar no quarto – Eli, pode pegar o Louis no colo, por favor? Ele
acordou com o choro do irmão e queria que você o fizesse dormir de novo.
Acha que pode?
- Claro. – sorriu – Vou amar ninar o meu afilhadinho.
- Você e Rachel são muito babonas. – riu – Ela será a madrinha do
Kevin junto com Taylor. Anthony tem um primo chamado Patrick, ele mora
na Inglaterra. Será o padrinho do Louis junto com você.
- Ele é bonito?
- Você está muito assanhada, Elisa. – riu – Eu só o vi por foto
quando ainda era casada com Anthony. Patrick não tem vindo aos Estados
Unidos ultimamente e se não me engano é dentista. E sim, ele parece bonito.
– disse enquanto trocava a fralda de Kevin.

No final da tarde, Elisa foi embora e Diana levou os filhos para a


sala, colocando-os no bebê-conforto. Ficou assistindo TV enquanto Louis
babava a própria mãozinha e Kevin balançava os bracinhos. Sorriu olhando
para os filhos e sentiu seu coração aquecido por saber que apesar de ter
sofrido algumas vezes ao lado de Anthony, ele lhe dera dois lindos presentes
e por maiores defeitos que ele tivesse, sempre agradeceria por isso. Seria
maravilhoso poder criar os filhos na mansão que compraram quando estavam
casados, os meninos iriam adorar correr pelo gramado quando estivessem
maiores e iam ficar sujos de tanto brincar. Algumas vezes se pegava
pensando sentada em um dos sofás na varanda em frente à mansão, com o
corpo aconchegado ao do marido e vendo os filhos brincar de jogar bola. Mas
sempre que se tocava de que estava divagando, tratava de pensar em outra
coisa.
Adormecer era o momento mais difícil do dia. Todos os
pensamentos giravam em torno do ex-marido e a cama sempre parecia maior
sem a presença dele.
Capítulo 50

Dentro da enorme sala de estar, Anthony estava vestido com uma


calça de abrigo cinza e uma camisa de mangas compridas da cor preta
fumando seu terceiro cigarro. Era mais um sábado tedioso e o Natal ia se
aproximando rapidamente. Tragou a fumaça e fechou os olhos recordando da
última ceia que tivera. Ainda estava casado e na época não tinha a menor
ideia de que iria se apaixonar por Diana. Agora estava ali, sofrendo sem ela e
se perguntando o que faria para tentar tê-la de volta. Agora a mídia começava
a especular sobre as aparições dele sozinho, o que evitava ao máximo que
acontecesse, preferia ficar recolhido já que não lhe sobrava ânimo, e apesar
das poucas aparições a mídia não conseguia encontrar uma prova suficiente
de que o casal badalado havia se separado. Por conta do nascimento dos
gêmeos, toda a imprensa especulava que o desaparecimento da Diana em
festas se dava ao fato de dedicar-se aos filhos recém-nascidos, já que ela não
havia aparecido sem a companhia do marido em lugar algum. Ali na sala,
Rachel estava à frente do irmão parada de braços cruzados olhando-o.

- Não está dando certo esperar. - ele disse em voz alta apagando o
resto do cigarro no cinzeiro – Diana não vai reconsiderar, estou começando a
perder a esperanças. – respirou fundo – Ela não vai mais voltar pra mim.
- Tony, por favor... – Rachel suspirou e sentou ao lado dele – Não
diga isso. Tente ir com calma. Você vai reconquistá-la. – alisou o rosto dele –
Em breve vocês vão estar juntos novamente.
- Amanhã eu vou até lá. Levarei o presente dos meninos. – disse
olhando para o chão – Não vamos passar o Natal juntos. É o primeiro Natal
deles e eu não vou estar perto. – agora ele retomara o hábito de fumar uma
grande quantidade de cigarros, dado seu estresse e falta de ânimo. Tudo que
conseguira diminuir após seu casamento, agora voltara em dobro.
- Mas você estará com a nossa família. – alisou as costas dele – Dê
tempo ao tempo, meu irmão. Você vai saber como reconquistar Diana.
- É tudo o que mais quero. – fechou os olhos – Nada aqui está
fazendo sentido. Cada canto dessa casa me lembra dela e o quanto fui idiota
cada vez que entrei naquele quarto e dormi naquela cama sem demonstrar o
que realmente sentia. – suspirou chateado – Várias vezes a vi adormecida e
ficava remoendo a culpa dentro de mim, não tinha coragem de tocá-la. –
passou as mãos nos cabelos – Eu fui um canalha que não merece perdão.
Diana é perfeita, cada pedacinho dela é um tesouro que eu ignorei por medo
de sofrer como um tonto apaixonado e agora estou passando por um
sofrimento que não sou capaz de medir. O que eu tanto quis evitar está
acontecendo da pior forma.
- Não se martirize pelo que passou, Tony. Pense no futuro e em
como conquistar a confiança dela novamente. Diana é a mulher que vai te
fazer feliz, então lute por ela. Você já conseguiu descobrir quem enviou as
fotos?
- Foi a própria Audrey, ela e o desgraçado do Rogers. Meu Deus,
estou com tanto ódio deles e de mim. Audrey estava apaixonada por mim e
queria acabar com meu casamento, Rogers descobriu, louco para se enfiar na
vida de Diana. Ele a deseja desde o primeiro dia em que a viu. Aquele
desgraçado me persegue desde que a noiva dele jogou aquelas coisas na sua
cara.
- Esse cara está com você entalado na garganta há três anos, Tony.
A noiva dele disse com todas as letras que gostaria de estar na sua cama e não
na dele. Você realmente nunca ficou com ela?
- Claro que não, Rachel! Nunca me interessei por Virginia. Ela me
perseguiu algum tempo, desde que nos conhecemos em algum evento. Achei
que tivesse desistido quando decidiu ficar com o Rogers, mas pelo visto não.
Um belo dia discutiram e ela disse que sempre quis ficar comigo, desde então
aquele maldito me culpa achando que transei com a noiva dele.
- Certo. Pelo menos você sabe quem foi que fez aquilo. - beijou-lhe
o rosto – Eu vou até à casa de Diana entregar o presente dos bebês. Nos
vemos amanhã.

Ele não disse nada. Apenas ficou quieto tentando imaginar o que
fazer para reconquistar a esposa. Não podia desistir. Diana era a mulher da
sua vida.

Rachel chegou ao apartamento e pendurou o casaco atrás da porta


sorrindo ao ver os sobrinhos deitados no bebê-conforto como Diana fazia
todas as noites enquanto assistia à TV. Ela se encaminhou para o dentro da
sala e deu um beijinho sobre a cabeça de cada um dos gêmeos e entregou as
sacolas à ex-cunhada.

- Trouxe os presentes dos bebês e trouxe algo para você também,


Diana. – disse com seu típico sorriso simpático.
- Obrigada. – sorriu um pouco desconcertada – Me desculpe não ter
comprado nada para você, Rachel. É que não tive tempo para comprar
nenhum presente. Estou cuidando dos meninos sozinha e não encontro tempo
disponível para nada.
- Não tem problema. – olhou para os sobrinhos – Não tem presente
melhor do que esses dois pimpolhos. – riu – Acho que sou a tia mais coruja
que existe.
- Acho que sim. – foi até a árvore e colocou os presentes no pé dela
– Deixarei aqui. Vou abri-los na manhã de Natal.
- Perfeito. – sentou-se – Posso falar com você, Diana?
- Sim. – assentiu ficando curiosa – Aceita beber alguma coisa?
- Não, obrigada. Só quero conversar mesmo.
- Tudo bem. – sentou-se no outro sofá – Sobre o quê?
- Meu irmão. – respondeu sem rodeios – Sei que não tenho que me
meter e ele nem faz ideia de que estou dizendo isso. Mas Anthony está
desolado sem você, Diana. Nunca o vi desse jeito, é outra pessoa.
- Também não sou a melhor pessoa do mundo, mas Anthony traiu
minha confiança, entende? Preciso de um tempo para acreditar que ele está
mesmo arrependido e me sentir segura em relação a isso. Não adianta pensar
somente no que sinto por ele se me sentir insegura ao seu lado. – suspirou.
- Eu sei disso e não tiro sua razão. Meu irmão está arrependido, eu
tenho certeza, eu o conheço. Tem uma foto sua no escritório dele, Anthony
ainda está usando a aliança.
- Sim, eu notei outro dia. Fiquei surpresa.
- Tony ama você, Diana. Está na cara e eu já tinha notado isso há
meses atrás. Não estou pedindo para perdoá-lo hoje, mas pense com carinho
sobre toda essa situação.
- Vou pensar. – olhou para baixo.
- Bom, eu preciso ir agora. – levantou-se – Marquei de jantar com
Taylor.
- Fico feliz que estejam bem. – seguiu-a – Deseje a ele e aos seus
pais um Feliz Natal em meu nome.
- Pode deixar. – abraçou-a – Feliz Natal para você também, Diana.

Assim que fechou a porta, Diana recostou-se sobre ela sentindo as


palavras de Rachel martelando em sua cabeça. Ele está arrependido. Tem
uma foto sua no escritório. Anthony ainda está usando a aliança. Ela tocou o
dedo anelar da mão esquerda onde até pouco tempo sustentava ali a bela
aliança de casamento junto com o anel de diamantes que ganhara pelo
noivado. Cobriu a mão com a outra e colocou-as junto ao peito. Era difícil
permanecer indiferente a Anthony. Pouco mais de um mês havia se passado e
ela sentia seu coração ir se apertando aos poucos pela falta que ele fazia em
sua vida.
O choro de Louis fez com que ela acordasse daqueles pensamentos
e aproximou-se rápido do bebê-conforto em que o filho estava deitado.
Pegou-o no colo para acalmá-lo e beijou-lhe a cabeçinha.

- O que foi, meu príncipe? Acho que preciso trocar sua fraldinha. –
pegou a bolsa que deixara na sala já com o intuito de ter que trocar os filhos e
pegou uma fralda limpa, estendendo uma fralda de pano sobre o sofá e
deitando o filho logo em seguida.

Louis foi se acalmando enquanto Kevin permanecia deitado


colocando a mãozinha na boca algumas vezes mantendo os olhos verdes fixos
na mãe. Diana trocou a fralda do filho e deitou-o novamente no bebê-
conforto indo jogar no lixo a que estava suja. Sua maior alegria em meio a
dor do que acontecera em sua relação com Anthony, era poder cuidar dos
filhos e ter aqueles dois garotinhos lindos ao seu lado para lhe lembrar que
saíra daquele casamento com um motivo para sorrir. Kevin e Louis eram as
maiores bênçãos que poderia ter recebido e sabia que Deus estava preparando
para ela algo ainda melhor.

A véspera de Natal havia começado com bastante neve e pelas


notícias na TV, continuaria ao longo do dia com muita intensidade. Diana
acordara para tentar preparar alguma coisa para a ceia daquele dia
aproveitando que os filhos estavam dormindo tranquilos em seus berços.
Pensou no que tinha aprendido durante as aulas de culinária que frequentara e
nos diversos programas culinários que assistira na TV durante aquele mês em
que ficara em casa cuidando apenas os filhos. Tinha preparado a ceia de Ação
de Graças, essa não seria muito diferente.
Respirou fundo, prendeu os cabelos em um coque e começou a
pegar todos os ingredientes para começar a ceia. Conseguiu colocar o peru no
forno e começou a preparar o purê de batatas e os legumes, deixando a torta
de abóbora por último. Algumas vezes tinha de parar para cuidar dos filhos e
amamentá-los, o que fez com que demorasse um pouco mais para terminar de
cozinhar todos os pratos. Assim que o peru terminou de assar, quase no início
da noite, Diana correu para tomar um banho sentindo-se exausta, mas
satisfeita por ter feito tudo. Lembrou-se de quando cozinhou para Anthony
quando aprendera seu primeiro prato.
Mordeu o lábio imaginando quantas refeições estava perdendo ao
lado de Anthony. Poderiam ter sido tão felizes. Saiu do banheiro após
terminar de secar o corpo e foi para o quarto, ficando nua de frente para o
espelho vendo que seu corpo não sofrera nenhum tipo de mudança radical por
conta da gravidez. Sabia que era atraente e lembrou-se do desejo de Anthony
enquanto ainda tinham relações sexuais e do beijo que trocaram no feriado.
Vestiu-se devagar, colocando sua calcinha de renda e o sutiã para combinar.
Eram azul escuro e a faziam se sentir bonita. Não queria pensar no desejo de
Anthony por ela, queria estar bonita para si mesma.

- Você sempre foi bonita. E agora você é mãe, sinta-se radiante. –


respirou fundo tentando se animar.

Não queria pensar em Anthony, queria apenas aproveitar o Natal ao


lado da sua família sem ficar pensando no quanto ele lhe fazia falta. Por mais
magoada que tivesse ficado, não conseguia esconder a tamanha saudade que
estava sentindo. No início, chorava todas as noites, agora acontecia com
menos frequência, apenas quando se sentia muito emotiva. No fundo, torcia
para que um dia pudesse estar ao lado dele novamente. Colocou um vestido
verde simples e ajeitou a saia dele passando as mãos sobre ela.
A campainha tocou assim que ela terminou de vestir os filhos com
macacões verde escuro e toucas vermelhas. Estava colocando-os no bebê-
conforto quando ouviu o barulho de que alguém estava na porta.

- Já vou! – disse num tom de voz alto o suficiente para ser ouvida e
carregou os filhos até colocá-los sobre a mesa de centro de frente para o sofá.

Diana deixou a mesinha sem nenhum enfeite por cima para que
pudesse acomodar o bebê-conforto para vigiar os filhos enquanto estivesse
assistindo TV. Ajeitou os cabelos deixando-os presos em um rabo e correu
para a porta com a suspeita de que fosse o pai apesar de estar um pouco cedo.
Ele deve estar ansioso para ver os netos. Pensou antes de abrir a porta e ter
uma surpresa.
Anthony estava parado sobre o capacho segurando duas sacolas,
uma branca e uma azul. Usava uma calça jeans e um sobretudo preto sobre
um suéter de lã vinho. Estava com um ar diferente, aqueles olhos que diziam
o quanto sentia falta dela. Na mesma hora as palavras de Elisa e Rachel
martelaram em sua mente e seu coração se aqueceu vendo a imagem do
homem que amava ali parado à sua frente sem a pose de homem de negócios
com quem havia se casado. Anthony estava parecendo um homem comum,
passível aos problemas do mundo e com uma expressão que não denotava
toda sua força.

- Boa noite, Diana. – ele disse com a voz rouca, porém menos
firme.
- Boa noite. – respondeu tentando não transmitir nervosismo na
voz.
- Estava indo jantar com minha família e resolvi passar aqui para
deixar os presentes e dar um beijo neles.
- Claro. Pode entrar. – abriu um pouco mais a porta e deu um passo
para o lado dando passagem para o ex-marido.

Ele entrou e assim que passou por ela, Diana pode sentir o aroma
da colônia masculina que tantas vezes ficara impregnada em seu corpo.
Fechou a porta devagar e viu Anthony deixar as duas sacolas no pé da árvore
junto com os outros presentes. Estava curiosa para saber o que um homem
tão rico teria comprado para os filhos, mas não cederia à curiosidade até a
manhã do dia seguinte. Viu que ele se aproximou dos filhos e agachou-se em
frente aos dois ficando de costas pra ela. Diana pode ver a aliança dourada no
dedo dele algo que agora não lhe passava despercebida.

- Oi, campeões. – ele disse baixinho enquanto os filhos o olhavam


com os grandes olhos esverdeados, parecidos com os do pai – Não ia deixar
de vim aqui dar um beijo de Feliz Natal em cada um de vocês.

Kevin balançou os bracinhos de maneira divertida, mostrando


empolgação por ter o pai ali, mesmo com quase meses de vida, esses meninos
já sabiam se expressar muito bem. Diana não conseguiu deixar de sorrir e
cruzou os braços na frente do corpo alisando um deles com a mão como se
estivesse com frio. Aquela cena poderia ser repetida todos os dias se seu
casamento tivesse dado certo, mas como Elisa lhe dissera assim que deu à luz
aos gêmeos, aquele contrato era um sinal de que algo daria errado.
Anthony levantou-se e se debruçou sobre o Kevin pegando-o no
colo, ajeitando-o devagar sobre um dos braços, deixando o filho deitado.
Olhou para trás e viu que Diana o observava deixando-a um pouco sem graça
por ter sido flagrada olhando-o tão fixamente.

- Pode me ajudar com Louis? Quero segurar os dois ao mesmo


tempo. – ele disse de um jeito tão amoroso que quase não conseguia mais
reconhecê-lo.

Sem dizer nada, ela se aproximou do filho e pegou-o no colo


entregando a Anthony que aconchegou o outro filho em seu braço como
fizera com Kevin. Os meninos pareciam satisfeitos por ter o pai ali, olhavam-
no com olhos brilhantes e estavam perfeitamente ajustados aos braços dele.
Diana se lembrou de quando era envolvida pelos por eles, musculosos e
protetores, quando sentia as carícias do marido deixando-a arrepiada e
começou a ficar nervosa sentindo vontade de abraçá-lo e matar a saudade do
calor de seus braços e da proteção que sentia quando seus corpos estavam
grudados.

- Diana... – ele chamou-a em um tom de voz bem suave.


- Diga. – olhou-o abraçando o próprio corpo novamente e
deslizando uma das mãos pelo braço.
- Sinto sua falta.

Aquela confissão a desarmou e pegou-a completamente de


surpresa. Não esperava que Anthony dissesse algo parecido assim de repente.
Ela mordeu os lábios sem saber o que responder, mas acabou dizendo o que
era a mais pura verdade.

- Também sinto sua falta.


- Não vou descumprir minha promessa de lhe dar espaço, mas
preciso que saiba, Diana, que eu sinto saudades de você todos os minutos da
minha vida.
- Elisa me disse que você anda comprando seu próprio café. –
desviou um pouco o olhar sem conseguir continuar aquela conversa porque
acabaria cedendo a ele por conta da emoção.
- Não é sempre, às vezes estou preso na empresa em diversas
reuniões, mas quando estou livre, vou pessoalmente pegar meu café. Isso
ajuda a me manter distraído.
- Entendo. – respondeu desviando o olhar para os filhos, ajeitando a
roupinha de Kevin.
- Por mais que eu queira ficar aqui na noite de Natal, seu pai não
fica muito feliz com minha presença e como eu disse, estou tentando evitar
confusões com ele e lhe dar espaço. Me ajuda?
- Sim. Obrigada, Anthony. – balançou a cabeça e pegou um dos
gêmeos do colo dele, deitando-o sobre o bebê-conforto logo eu seguida.

Anthony fez o mesmo com o outro filho e se levantou colocando as


mãos dentro dos bolsos. O clima na sala ficou bastante pesado e Diana não
sabia o que fazer e nem mesmo o que falar. Seu coração implorava para que
se jogasse nos braços dele dizendo, mas sua razão lhe dizia que o melhor se
controlar porque ainda não era o momento.

- Estou indo, mas amanhã virei ver os meninos.


- Tudo bem. Vou abrir a porta. – ela se adiantou.
- Feliz Natal, Diana. – Anthony a acompanhou e girou os
calcanhares quando parou na porta.
- Feliz Natal.

Ela o viu se aproximar e por um momento chegou a pensar que ele


lhe daria um beijo nos lábios, mas Anthony encostou os lábios em sua
bochecha em um gesto carinhoso que foi capaz de fazê-la estremecer. Não se
lembrava de nenhum momento onde ele fora tão carinhoso e sutil lhe dando
um beijo na bochecha. Ambos se olharam logo em seguida e ficaram em
silêncio, dizendo muita coisa com o olhar profundo que lançavam um para o
outro. Anthony virou-se e desceu as escadas deixando-a ali parada, com a
porta aberta e sentindo o coração bater mais acelerado se sentindo balançada
com o que acabara de acontecer. Fechou a porta e sentiu vontade de chorar.
Nunca iria esquecer aquele homem e cada dia que ficava afastada parecia
aumentar o sentimento que tinha por ele.
- Diana, você sempre vai amá-lo. – cobriu o rosto com as mãos.

Não aguentava mais fugir daquele sentimento, precisava de


Anthony. Queria tentar novamente ao lado dele, queria poder finalmente
esquecer e não se sentir mais insegura com o que houve. Seu casamento era
um acordo, ele nunca havia prometido ser fiel e ela sabia disso. Porém, seu
coração se magoara da mesma forma e agora precisava lidar com esses
sentimentos confusos até por fim conseguir perdoá-lo. Um choro fez com que
afastasse os pensamentos por um momento e foi até os filhos ver que Kevin
começara a chorar provavelmente sentindo fome.
Quando terminou de amamentar Louis, Fernando e Agnes
chegaram com os presentes e também os colocaram debaixo da árvore.

- Uau! Parece que o Papai Noel foi generoso aqui! – Agnes


comentou após colocar seu embrulho.
- Quando se tem dois filhos, os presentes vem em dobro. – Diana
falou sorrindo e tentando deixar de lado seus pensamentos sobre o marido.
- Meus netos estão cada vez mais bonitos. – Fernando comentou
olhando para os gêmeos que agora dormiam tranquilos.
- Eles estão cada vez mais parecidos com o pai. – o comentário fez
com que ele olhasse para a namorada com uma expressão de quem não tinha
gostado daquilo.
- O que foi, Fernando? Não é porque você não gosta do Anthony
Walsh que ele deixa de ser menos pai dos meninos. Louis e Kevin puxaram a
ele totalmente. – olhou para Diana – Desculpe, querida, mas eu os acho muito
parecidos.
- Eu sei, eu concordo. Meus filhos são a cara do pai.
- Para mim eles tem rosto de neném, não tem semelhança com o
Walsh. Eles ainda são bebês!
- Homens não entendem nada mesmo. – Agnes enlaçou o braço do
namorado – Vi algumas fotos do Anthony Walsh na internet e os gêmeos são
bem parecidos com ele sim.
- Vamos mudar de assunto, por favor. Não quero ter uma indigestão
com tanto que vocês falam daquele filho da mãe.

Diana sabia que o pai talvez nunca perdoasse Anthony pelo que
fizera à ela, mas ele precisava entender que nem toda a culpa do que
acontecera fora exclusivamente do marido. Havia o contrato e os pormenores
daquela relação onde a própria Diana tentava absorver para poder julgá-lo
com muito mais clareza. Ambos tinham culpa, isso é um fato, mas a traição
tinha mexido com seu lado de mulher apaixonada e ela ainda estava
processando isso. Anthony se defendia dizendo que fora por conta de
Fernando que a filha tinha aceitado se casar com ele, para tentar salvar uma
empresa que havia sido dada à falência.

- Diana, o cheiro está delicioso! – Agnes chamou sua atenção indo


em direção à cozinha.
- Espero que o gosto esteja tão bom quanto o cheiro. – seguiu-a
deixando o pai vigiando os gêmeos.
- Tenho certeza que está, se puder usar como padrão o jantar de
Ação de Graças, deve estar uma delícia.
- Obrigada, Agnes.
- Ah, Diana, seu pai fica chateado sempre que o assunto é o seu
marido, mas minha opinião é a seguinte: vocês fazem um casal lindo e eu
torço muito por vocês.
- Muito obrigada por isso. – sorriu sentindo ainda mais afeição pela
namorada do pai.
- Fico triste com o fato de que Anthony não esteja aqui para passar
o Natal com eles. Acredito que não é fácil.
- Nem me fale. É o primeiro Natal deles e Anthony gostaria de
ficar, mas depois do conflito do feriado de Ação de Graças, ele achou melhor
não irritar ainda mais o meu pai.
- Abrir mão de passar o Natal com os filhos para evitar confusão é
só prova que ele é um homem generoso.
- Sim, Agnes. Amanhã Anthony virá aqui.
- Espero que seja feliz, Diana. Você merece. Sei que ama seu pai,
mas não faça tudo pensando nele.

Agnes tinha razão. Primeiro se casara com Anthony por causa da


empresa do pai, tinha pensado no quanto seria doloroso para ele perder seu
negócio de família, agora, ela se sentia mal porque se preocupava com a
relação de Anthony e Fernando. Não seria bem pros meninos ver o pai e o
avô sempre soltando farpas, além do mais, sabia que Fernando não ficaria
nem um pouco contente se ela por ventura resolvesse retomar o casamento
com Anthony. Suspirou e decidiu servir alguns aperitivos, era Natal e o
momento seria de celebração.
Capítulo 51

A ceia fora elogiada pelo pai e por Agnes que comeram satisfeitos
tudo que Diana havia preparado. Ela ficou feliz em ouvir aqueles elogios
principalmente sobre o que havia cozinhado, já que não tinha muita
experiência culinária.

- Obrigada pela deliciosa ceia, Diana. – Agnes a agradeceu lhe


dando um delicado beijo na bochecha – O próximo jantar será em minha
casa.
- Vou esperar por ele. Obrigada por vir aqui. – ela agradeceu
sorrindo para a namorada do pai – E obrigada a você também, papai. – beijou
o rosto de Fernando.
- É bom te ver sorrindo, minha filha. – ele beijou a testa da filha –
Dê um beijo nos gêmeos por mim.

Diana estava cansada quando o pai e Agnes foram embora. Os


filhos já dormiam tranquilos e agora tinha um tempo para pensar sobre o que
acontecera mais cedo. Fernando não gostava de Anthony, ambos sempre
tiveram uma relação complicada, mas agora depois de tudo o que acontecera,
sabia que o pai era completamente avesso a ele. Olhou para o pé da árvore e
ficou curiosa em saber o que Anthony havia comprado para dar aos filhos.
Iria abrir só na manhã de Natal, mas já passava de meia-noite, então
tecnicamente já era dia vinte e cinco. Foi até uma das sacolas e abriu a azul
primeiro. Havia uma caixa de cerca de quarenta centímetros de comprimento,
porém bastante rasa. Ficou intrigada e abriu o laço dourado que amarrava a
caixa branca.
Retirou a tampa com cuidado e olhou o conteúdo embrulhando em
um fino papel que deixou ainda mais curiosa. Afastou o papel e viu um
quadro com uma paisagem bastante bonita que não reconheceu. Era como um
grande campo verde, onde as plantas pareciam milimetricamente dispostas
formando grandes caminhos por entre elas. Na beira da tela, podia ver
algumas árvores com folhas amarronzadas e mordeu o lábio sem conseguir
entender. Tirou o quadro de dentro da caixa e viu um pequeno cartão no
fundo. Estava em um envelope dourado e deixando a tela de lado, pegou-o
abrindo-o rapidamente. Um papel cartão branco saiu de dentro do envelope
com uma mensagem em preto com letra cursiva clássica, como a do seu
convite de noivado:
Se estiver confusa em relação à paisagem, talvez reconheça quando souber que é o vinhedo que
visitamos durante a lua de mel. Espero que um dia você procure saber o motivo de eu ter lhe dado esse
presente. Feliz Natal! Eu te amo.
Anthony.

Jamais imaginaria ganhar um presente como esse, principalmente


que existisse algum motivo especial o suficiente para que Anthony estivesse
escolhido aquilo ao invés das joias que sempre lhe presenteava enquanto
estavam casados. O que seria? Oh sim, ela ia realmente procurar saber qual o
motivo de ter ganhado um quadro com aquela paisagem específica. Ele estava
lhe provocando um turbilhão de emoções que já não conseguia controlar.
Olhou para a outra sacola e abriu-a ficando ainda mais curiosa depois do
primeiro presente. Havia duas caixinhas brancas com um laço azul com fios
prateados. E uma mais rasa, parecia com a do seu presente, porém um pouco
menor. Abriu uma delas e sorriu ao ver o conteúdo.
Era um macacão branco todo dobrado. O presente se tornara
especial já que foi dado pelo pai. Anthony não tinha muito tempo com os
filhos, os visitava, mas não ficava por longas horas porque respeitava o
espaço dela e aquele mimo fazia com que se emocionasse. Pegou a pequena
peça de roupa e se surpreendeu com os dizeres que estavam bordados na peça
em letras azul marinho. “Mamãe, dê uma chance ao papai”. Era uma frase
pequena, mas carregada de significados. Aquele presente era uma forma que
ele encontrara para dizer o que até agora ela não permitira. Todas as vezes
pedira a ele um tempo em uma busca incessante para tentar compreender tudo
que havia acontecido. Uma lágrima escorreu por sua face. Releu a frase e
sentou no chão sentindo-se fraca.
Anthony estava lhe mandando mensagens da maneira que
encontrara para se comunicar sem ser interrompido. Novamente as palavras
de Rachel lhe vieram à cabeça. Anthony está desolado sem você. Talvez
aquilo fosse verdade, talvez não fosse a única a sofrer com a separação
porque ele também tinha sentimentos verdadeiros. O marido era um homem
controlador e que não gostava de se sentir fraco, mas durante aqueles dois
meses, vinha tentando pedir perdão e admitindo seus erros. Algo que o antigo
Anthony Walsh jamais faria. A outra caixinha continha o mesmo presente,
obviamente porque se tratava de gêmeos. Seu coração estava apertado e a
saudade pareceu triplicar. Aquela noite seria difícil para conseguir dormir,
tinha uma revoada de pensamentos e emoções a consumindo de maneira tão
intensa que tudo o que conseguiu foi chorar para aliviar um pouco da pressão
que estava sentido. A cama era sempre o lugar mais difícil de ficar.
Lembrava-se de quando dormia com Anthony e estar sozinha ali a deixava
ainda mais triste, sentindo a imensa necessidade de sentir o abraço dele
enquanto adormecia.
Secou as lágrimas e quando conseguiu voltar a respirar
normalmente, ela pegou a última caixa. A mais fina delas. Abriu e encontrou
lá um papel fino, iguais aos que embrulhavam seus vestidos caros e que
envolvia outro papel. Afastou o papel de seda e viu que ele envolvia algo que
parecia um documento. Antes de realmente ler, se perguntou se era algo
relacionado ao contrato, mas quando seus olhos começaram a ler cada uma
das linhas, ela prendeu a respiração. Tratava-se da empresa da família
Stewart. Anthony, o atual proprietário, estava passando todas as ações da
empresa para o nome dos filhos. Cinquenta por cento para Kevin Franklin
Walsh e cinquenta por cento para Louis Franklin Walsh, para que ambos
assumissem propriedade após a maioridade e que antes disso, a tutora legal
da empresa seria ela, Diana Victoria Walsh.
Não podia acreditar que Anthony havia tomado aquela atitude. Ele
não ficara com a empresa do pai dela e tinha feito algo que até então Diana
não havia imaginado: dera aos filhos. Sim, a empresa da família Stewart
ainda pertencia ao mesmo sangue. Aquilo mostrara que Anthony não era
mais o homem egoísta em busca de mais poder, era uma atitude genuína, de
um verdadeiro pai. Passou as pontas dos dedos pelo papel, relendo cada uma
daquelas palavras. Pela primeira vez, conseguia sentir que algo estava
mudando. Talvez Anthony realmente estivesse arrependido.

O dia seguinte veio ainda com muita neve e Diana amamentou os


filhos e ficou com eles na sala abrindo o resto dos presentes. Ainda pensava
muito no que Anthony fizera na noite anterior, com as roupinhas, o
documento e o quadro e com tudo isso na cabeça acabou sonhando com o
marido, ambos juntos na varanda da mansão enquanto via os gêmeos
correndo pelo gramado. Sim, aquele sonho estava bem vivo em sua mente e
expressava o desejo de seu coração.
Abriu o presente de Rachel e sorriu ao ver dois bonés para os
gêmeos, cada um bordado com um K e um L, iniciais dos nomes dos meninos
e com um bilhete que dizia: Acho que isso vai facilitar muita gente para
conseguirem diferenciar entre Louis e Kevin. Feliz Natal! Diana sorriu e
guardou novamente na caixinha. O presente que Rachel havia comprado para
ela tinha sido um livro de culinária com 200 receitas dos mais variados tipos.
Ficou contente porque isso mostrava que a cunhada sabia que ela continuava
interessada em ter suas aulas e era um apoio silencioso.
Elisa havia comprado um par de tênis para os gêmeos e para Diana
um par de brincos de pérola muito elegantes. Ficou se sentindo mal por não
ter conseguido comprar nada para Rachel e nem para a amiga, porque
passava todo o dia envolta com os afazeres da casa e com os filhos. Também,
estava chateada porque não comprara nada para Anthony.
Ouviu o barulho da campainha e lembrou-se de que ele havia dito
que iria até o apartamento. Levantou-se e foi até a porta, abrindo-a e dando de
cara com Anthony. Alto, forte e absurdamente bonito. Sua barba por fazer lhe
dava vontade de alisar seu rosto e aquele olhar parecia estar lendo seus
pensamentos. Ficou até um pouco envergonhada com isso enquanto seu
coração batia acelerado pela presença dele.

- Entre, Anthony. – deu espaço para que ele passasse.


- Como foi sua noite de Natal?

Ele perguntou enquanto ela fechava a porta, mas se concentrava em


observá-lo naquela calça jeans e sobretudo preto para se proteger da neve lá
fora. Anthony se livrou do grande casaco e o pendurou no encosto do sofá
revelando uma camisa de mangas longas da cor preta, que desenhava cada
um dos seus músculos. Diana precisou engolir em seco e se lembrar
mentalmente de que tinha de se controlar.

- Foi tudo bem. – respondeu se aproximando do sofá – E a sua?


- Bem. – olhou para os filhos e se agachou na frente deles – O
papai sentiu saudades.

A maneira com que os gêmeos olhavam para Anthony deixava


claro que realmente sabiam que ele era seu pai e que estavam felizes com a
presença dele. Diana gostaria que Anthony fosse muito mais presente, mas
que a separação de ambos dificultava esse tipo de coisa. O marido fazia de
tudo para ver os filhos todos os dias e isso mostrava que ele realmente estava
se mostrando um pai excelente.
Viu o marido beijar cada uma das cabecinhas dos gêmeos e ela não
evitou sorrir. Acabou sendo flagrada por Anthony, olhando-o provavelmente
com cara de apaixonada. Não tinha mais como disfarçar.

- O que achou dos presentes? – perguntou e Diana deu a volta no


sofá e se sentou.
- Na verdade, eu gostei bastante. Queria agradecer pelo que você
fez, em relação à empresa do meu pai. – olhou para os filhos que estavam
quietos e observando Anthony – Ele não se sente bem aceitando-a e sei que
você também não se sente bem ficando com ela.
- Diana, eu fiz tudo que estava ao meu alcance para estabilizar as
finanças da empresa do seu pai, mas nunca tive a intenção de ficar com ela.
Pelo contrário, eu realmente queria que você fizesse de tudo para que ao final
do contrato, a empresa voltasse para sua família. Mantê-la sob minha
propriedade era a maneira de garantir que você ficasse ao meu lado por esses
dois anos.
- Eu sei. E fico feliz que você tenha optado por dá-la para os nossos
filhos.
- Eles também são da família Stewart. – sentou-se ao seu lado,
apoiando os braços nas coxas – Sempre farei de tudo pelos nossos filhos e
por você, acredite nisso, Diana.
- Sua atitude ontem me mostrou isso. – ela tomou coragem e
segurou uma das mãos do marido.

Ambos na mesma hora sentiram a conexão que estava relacionada a


esse gesto. Diana sentia o calor da mão de Anthony, ele sentia sua pele macia
e não ousava se mover um milímetro com medo de que ela a afastasse.

- Obrigada, Anthony. Significou muito para mim. Sei que não foi
fácil passar a noite de Natal longe dos meninos.
- Não mesmo. – ele usou a outra mão para cobrir a dela, tão menor
que a sua – Mas esses quase dois meses me fizeram enxergar que já não sou o
mesmo homem. Tomei um tombo muito grande quando você se foi, não vou
desistir de tê-la novamente como minha esposa, Diana. E se tempo é o que
você mais precisa para ter certeza de que mereço seu amor, te darei esse
tempo.
- Não sei o que dizer... – suspirou emocionada com o gesto dele,
algo que nunca imaginaria vindo de Anthony Walsh, acostumado a fazer
apenas o que quisesse – Você está realmente sendo o homem que eu desejo.

Sem dizer nada, ela chegou mais perto dele e se aconchegou ao seu
corpo. Anthony afastou uma das mãos e passou o braço em volta da esposa,
mantendo-a junto dele, seu rosto praticamente afundando na curva do seu
pescoço, e Deus... Como ele adorava aquilo! Diana estava cedendo, ele sabia,
ela sabia, mas não avançaria, não iria se aproveitar da situação e do momento
em que ela estava emocionada e agradecida. Esperaria até o dia em que Diana
finalmente dissesse que estava pronta para voltar para ele, até lá, seria
paciente e estaria ao lado dela em cada momento.
Anthony a apertou um pouco mais contra seu corpo, sua mão
alisando seu braço por cima do suéter. Ficaram assim, em silêncio, apenas
aproveitando aquele contato que ambos sentiram falta todo esse tempo. Para
ele, parecia uma eternidade desde que tocara Diana. Virou o rosto e encostou
os lábios no alto da sua cabeça, sentindo o aroma de seus cabelos. Aquele
cheiro que todos os dias ele fazia questão de se torturar, pegando a
embalagem de shampoo dela ainda em seu banheiro e sentindo o aroma.
Um som fizeram com que ambos se mexessem. Anthony precisou
soltar Diana porque um dos meninos estava chorando. Ela se inclinou para
frente, tirou o filho do bebê conforto e o aninhou em seu colo.

- Ah, meu amor, a mamãe está aqui. – falou com o filho usando
uma voz doce e suave – Deve estar com fome. – entregou-o a Anthony –
Pode segurá-lo enquanto tiro a blusa? Esse suéter não é nada prático para
amamentar.
- Claro.

Com cuidado, ele pegou o bebê e o aninhou em seu peito. Diana


puxou o suéter pela cabeça ficando apenas com um sutiã lilás que fez
Anthony prender a respiração até ficar praticamente roxo. Sua esposa era
linda e os seus seios fartos ainda mais perfeitos prontos para alimentar os
filhos lhe chamavam atenção.

- Obrigada.
Ela agradeceu, inclinando-se para pegar o bebê no colo do marido
enquanto ele estava totalmente hipnotizado pelos seios dela a poucos
centímetros de distância do seu rosto. Quando Diana se sentou e afastou o
sutiã para começar a amamentar o filho, Anthony ainda estava fora de órbita.
Eram meses sem tocá-la como gostaria, sem vê-la nua e molhada, pronta para
ele. Seu membro até doía quando imaginava todas essas imagens.
Passou a mão no rosto e tratou de se concentrar em algo que não
fosse sexy. Olhou para Diana, agora com outros olhos. O que acontecia ali
era algo extremamente especial. Ela alimentava seus filhos. Anthony ficou
absurdamente encantado com aquilo. Achava magnífico o poder de uma
mulher ao dar a luz e alimentar um novo ser humano.

- Kevin é bastante guloso. Ele costuma acordar mais vezes para ser
amamentado. – comentou quando o filho soltou o bico do seu seio satisfeito.
- Não deve ser nada fácil. Eles acordam muito durante a noite? –
perguntou vendo-a se levantar.
- Bastante, mas não me importo. Todas as horas de sono perdidas
valem a pena. – inclinou-se para ele entregando o filho – Quero que aprenda
a fazê-lo arrotar.
- O quê? – Anthony ficou surpreso – Diana, não sei se sou capaz.
- Claro que é.

Ela colocou o filho no colo dele e o ajudou a ajeitar o bebê. Diana


deu as coordenadas ensinando a dar leves tapinhas nas costas do filho para
que ele pudesse arrotar. Quando Anthony finalmente conseguiu, Diana sorriu
emocionada.

- Muito bem, papai. – colocou o filho de volta no bebê conforto.

Pegou o suéter e vestiu após ajeitar o sutiã com a silenciosa


aprovação do marido.

- É difícil amamentar com esse suéter, mas não tenho muitas opção
de roupa no momento e não gosto de levantar a blusa para que os meninos
possam mamar. Tenho que me preocupar para que o pano não caia por cima
do seu rostinho. Principalmente porque tenho medo de que a lã os cause
alergia. Sou muito paranoica?
- De maneira nenhuma, Diana. É uma mãe de primeira viagem e
preocupada. Você cuida muito bem dos nossos filhos.
- Obrigada.

Era impressionante como ele não sabia de algumas coisas. Como pai, ele
se sentia mal em não ter ideia de como os meninos se comportavam durante a
noite. Das vezes que Diana levantava para amamentá-los e trocar suas
fraldas, sem ter ninguém que lhe ajudasse. Anthony se recriminava por não
ter dado o amor aos filhos desde o primeiro momento. Ver aqueles dois
garotinhos enchia seu coração de orgulho por saber que foi parte dessa
criação. Como pudera ser tão frio e pensar que os filhos seriam uma boa
jogada para seus negócios? Sua mulher estava carregando aqueles dois bebês
e sofrendo com as mudanças do corpo enquanto ele pensava apenas em si
mesmo. Olhou para Kevin e Louis, deitados tranquilos no bebê-conforto e
prometeu para si mesmo que jamais voltaria a desperdiçar algum momento
com eles e que daria todo o amor de pai que eles mereciam.
Olhou para a Diana, ainda linda do jeito mais simples. Calça de ioga,
suéter e um cabelo preso em rabo de cabelo. Nenhuma maquiagem. Queria
ver esse rosto todos os dias ao acordar, ter seu corpo curvilíneo junto ao seu
na cama, queria ter mais filhos, queria ter uma família de verdade, com
ambos morando juntos, dividindo a educação dos filhos e indo às
apresentações da escola. Sem contratos, sem obrigações, a única certeza de
que se amariam pelo resto da vida. Queria dar à ela o casamento perfeito que
merecia. Desejava ver Diana em um vestido de noiva, tão radiante que nem
mesmo o brilho do sol seria capaz de ofuscá-la. Sem dúvidas, ele iria fazer de
tudo para ter a esposa de volta. O amor que sentia por ela não lhe dava mais
medo, e sim, esperança de que a vida estava sendo generosa com ele.

- Anthony. - ouviu a voz doce lhe tirar de seus pensamentos e olhou para
Diana, agora sentada na poltrona lateral, as mãos sobre o colo.
- Diga. - ajeitou-se no sofá e virou o corpo para poder ficar de frente para
ela.
- Eu andei pensando sobre o futuro. Sobre o que quero fazer.
- Me fale o que passou pela sua cabeça, Diana. Não tenha medo.
- Lembra-se dos meus cursos de culinária? - ele assentiu recordando que
pela primeira vez durante o casamento, ela parecia realmente empolgada -
Quero retomá-los. Sei que por enquanto não é possível por conta dos
meninos, ainda são muito pequenininhos. Mas gostaria muito de retornar em
breve.
- Se você quer voltar às aulas, terá todo meu apoio. Se precisar de alguém
para cuidar dos meninos enquanto isso, também não precisa se preocupar.
Lembro-me do quanto você gostava das aulas e o quanto a fazia feliz. O que
eu quero, Diana, é que se sinta bem.
- Obrigada, Anthony. Pensei em terminar o curso, fazer algumas
especializações e quem sabe abrir meu próprio bistrô? – mordeu o lábio
nervosa – Seria voar muito alto?
- De maneira nenhuma. Você tem todo direito de fazer algo que a agrade
e se quer ter seu próprio negócio, por que não? Eu vou estar aqui, Diana. Vou
te apoiar em qualquer coisa que me pedir. Sei que vai precisar de algum
tempo para suas aulas e todo o resto, podemos contratar uma babá com as
melhores referências possíveis.
- Seria maldade deixar os meninos com uma babá? – ela olhou para os
filhos, tão pequenos e quietinhos – Eu sinto medo de deixá-los com uma
estranha.
- Acredite, eu também. Mas contrataremos a melhor babá dos Estados
Unidos se for preciso. Conheço muitas pessoas que podem nos dar boas
referências.
- Vai ser difícil ficar algumas horas longes deles. Mas sinto que terminar
esse curso é o que eu preciso fazer.
- Estou orgulhoso, Diana. De verdade. – seus olhos castanhos olharam
para a esposa com adoração, ela era capaz de surpreendê-lo sempre – Já que
estamos falando sobre mudanças para o futuro, quero fazer algo também.

Anthony ficou de pé e foi até seu casaco pendurado no encosto da outra


poltrona. Tirou de lá um maço de cigarros e Diana olhou para ele de maneira
curiosa. O que ele pretendia com aquilo? Devagar, aproximou-se dela e se
agachou, apoiando um dos joelhos no chão, ficando na frente da esposa.
Estendeu o maço de cigarros para que ela o pegasse.

- Para que isso, Anthony? – aceitou mesmo sem entender.


- Quero que você jogue fora para mim. – seus olhos castanhos o tempo
todo fixo nos dela.
- Por que eu?
- Porque, Diana, quero que tenha a prova de que estou renunciando ao
cigarro hoje de uma vez por todas. Primeiro porque não é saudável e
segundo, não quero prejudicar nem você e nem os nossos filhos com ele.
Nunca fui o tipo de homem que fuma compulsivamente, mesmo durante o
nosso casamento, eu passava dias sem fumar, mas nos últimos tempos, eu
perdi o controle porque estava angustiado com toda essa situação. Mas eu não
quero mais. Tudo será diferente a partir de agora.
- Agora sou eu quem está orgulhosa, Anthony. É realmente muito bom
saber que você quer largar o cigarro de uma vez por todas.

Ambos se levantaram e foram até a lixeira da cozinha. Diana arremessou


o maço lá dentro sem hesitar. Sentiu o braço de Anthony passar por sobre
seus ombros. Ela não conseguiu evitar e fez o mesmo abraçando-o por trás
até colocar a mão em sua cintura. Ficaram assim, um ao lado do outro em um
gesto de companheirismo.

- Promete que não vai voltar a fumar, Anthony? – perguntou a ele,


preocupada com sua saúde e no legado que deixaria para os filhos.
- Eu prometo, Diana.

Então, ele lhe beijou o alto da cabeça e ambos voltaram em silêncio para
a sala. Diana estava certa de uma vez por todas que o Anthony que estava em
seu apartamento não era mais o mesmo de antes. Ele tinha mudado, assim
como ela. Tudo que passaram ao longo daquele ano lhes ensinara muita coisa
e Diana ficou quase a tarde inteira ensinando Anthony a cuidar de cólicas,
trocar fraldas e dar banho. Surpreendentemente ele parecia ter um talento
natural para a paternidade que só agora descobrira.
Com o cair da noite, ao vê-lo ir embora, teve a certeza de que havia
compreendido tudo. Seu casamento, seus medos, a traição e sua imaturidade.
Era uma nova mulher e Anthony era um novo homem. Sem dúvidas nenhuma
ambos eram capazes de começar de novo, dessa vez do jeito certo. Lembrou-
se da maneira que ele encontrara para pedir perdão, usando as roupinhas dos
meninos e o quadro com o bilhete. Havia tanta coisa em sua cabeça que se
esquecera de perguntar sobre aquele presente específico e o motivo dele ter
lhe dado, mas faria isso no dia seguinte. No momento, ela se sentia feliz
porque finalmente não estava mais pensando em seu casamento como algo
fracassado e sim como uma nova oportunidade para ela e Anthony
começarem uma vida nova.
Capítulo 52

Diana estava decidida a ter uma conversa franca com Anthony. Não
queria mais viver sem ele. Durante aqueles dois meses separados, ela
percebeu o quanto o marido tinha mudado. Estava mais carinhoso, atencioso,
decido a parar de fumar e mostrou que já não era mais o homem egoísta que
conhecera. Lembrou-se do quadro que ganhara de presente com a imagem do
vinhedo que visitaram durante a lua-de-mel. Com tudo que conversaram e
com todas as emoções aflorando, esquecera-se de perguntar o motivo pelo
qual Anthony tinha decidido lhe dar aquilo.
Olhou para os filhos adormecidos no berço, usando suas toquinhas e
luvinhas. Eram tão lindos, como dois bonequinhos de bochechas rosadas.
Sorriu pensando no quão divino era o poder dessa criação. Crescera sem a
mãe, que falecera quando ela ainda era um bebê. Margareth Stewart só tinha
um rosto para Diana porque seu pai a apresentara em fotos. Ela tivera câncer
de mama e infelizmente, não foi possível salvá-la. Agora, estava ali diante
dos filhos pedindo a Deus de maneira silenciosa que lhe conservasse muitos
anos pela frente para dar todo o amor aqueles menininhos que amava mais do
que a própria vida. Olhou para o reloginho em formato de trem sobre a
cômoda do quarto dos filhos e os ponteiros marcavam pouco mais de três da
tarde. Estaria Anthony no escritório e disponível para falar? Queria convidá-
lo para um jantar na intenção de ser sincera com ele, mostrar que o perdoava
e o que esperava daquele casamento. Iria dar grande passo novamente, mas
estava confiante. Tudo o que mais queria era voltar para Anthony.
Decidida a ligar para ele, ela foi até o telefone no aparador da sala e
discou o número direto da presidência, um que poucas pessoas tinham acesso.

- Escritório do Sr. Walsh, boa tarde. – disse a voz de Gabriela, clara e


profissional.
- Boa tarde, aqui é Diana Walsh. Anthony está no escritório?
- Olá, Sra. Walsh. É um prazer falar com a senhora. Infelizmente o Sr.
Walsh não está no escritório, ele precisou fazer uma viagem de urgência.
Alguma coisa em que eu possa ajudá-la?
- Não, obrigada, Gabriela. Eu falo com Anthony depois.
- Tente o celular dele, Sra. Walsh.
- Obrigada, não era nada urgente.
- Tenha uma boa tarde. – mais uma vez ela disse naquele tom polido.
- Você também.

Encerrou a ligação e devolveu o telefone sem fio para a base. Ficou


frustrada por saber que Anthony não estava em Nova York. O Natal havia
acabado e ele voltara a ser o homem de negócios de sempre. Quando ia até o
sofá ligar um pouco a TV para se distrair enquanto os meninos dormiam e
talvez cochilar um pouco, ouviu o toque do telefone. Será que era Anthony
após receber um recado de Gabriela de que ela havia ligado?

- Alô? – atendeu com expectativa.


- Diana, minha filha. – a voz do pai soou do outro lado da linha e ela
ficou frustrada.
- Ah, olá.
- O que houve? Aconteceu alguma coisa?
- Não, papai. Só estou cansada por causa dos bebês. – mentiu, a verdade é
que seu coração gostaria de que fosse uma ligação de Anthony.
- É por isso que estou te ligando. Venha passar o Réveillon com Agnes e
eu. Teremos o maior prazer de ficar com os meninos enquanto você descansa
e distrai um pouco. Só tem ficado dentro de casa todo esse tempo.
- Ah, papai. Eu acho melhor ficar aqui. É muito ruim sair com os meninos
nesse tempo, a neve veio intensa esse ano. Eles ainda são muito novinhos
para esse tipo de temperatura. Não se preocupe, ficarei bem. Quero que se
divirta.
- Tem certeza?
- Sim, pode confiar. Ficarei vendo TV e cuidando dos meninos.
- Ainda dá tempo de mudar de ideia, qualquer coisa me ligue. Nos vemos
ainda essa semana.
- Tudo bem. Até mais, papai.
- Até mais, minha filha.

Diana desligou a ligação e colocou o aparelho novamente na base. Foi


para o sofá e escolheu um filme qualquer e se deitou. Acabou cochilando sem
nem perceber, mas durou apenas alguns minutos porque logo o telefone
tocava novamente. Ela levantou-se um pouco sonolenta e atendeu a ligação.

- Alô?
- Diana. – a voz grave de Anthony fez todo seu corpo se arrepiar e
aquecer com aquele timbre rouco tão característico dele – Gabriela me disse
que você ligou para o escritório. Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada. – começou a mexer na ponta do cabelo sem perceber
enrolando uma mecha em torno do dedo – Eu só queria conversar, Anthony.
Mas pessoalmente, é claro. Não sabia que você tinha viajado.
- Precisei vir de última hora. Tivemos um problema com uma tiragem de
alguns livros, isso vai causar uma série de trocas. Principalmente por conta
do Natal, que é uma época em que as vendas aumentam bastante. Teremos
que fazer novas impressões. Vim pessoalmente conversar com alguns
diretores porque erros dessa magnitude não podem acontecer.
- Entendo. – mordeu o próprio lábio e soltou – Bem, então nos falamos
quando você retornar. Sabe quando será isso?
- Ainda não, vai depender do andamento. Mas quero estar em Nova York
o mais breve possível. Preciso te ver, Diana.
- Eu também, Anthony.
- Farei de tudo para estar logo aí. E os meninos como estão?
- Ótimos. No momento estão dormindo. Acabei cochilando no sofá.
- Está cansada. Precisa de alguém para lhe ajudar, Diana. Estou ficando
preocupado.
- Não se preocupe, por enquanto consigo lidar com eles sozinha.
- Certo, não vamos entrar em uma discussão. Eu preciso desligar, tenho
uma reunião daqui a cinco minutos. Nos falamos depois.
- Tudo bem, vai lá.
- Cuide-se, Diana. Em breve estarei aí.

Ambos desligaram e ela colocou o telefone no lugar. Queria ver Anthony,


queria conversar com ele, queria esclarecer tantas coisas e todos os seus
desejos. Ele tinha se tornado um novo homem, isso significava que poderia
sim retomar seu casamento. Havia perdoado o marido por todos os seus erros
porque tinha percebido que também tinha sua parcela de culpa, que o
casamento deles deveria ter começado do jeito certo e começou da pior
maneira possível. Nunca tiveram a fase do "se conhecerem, se apaixonarem,
se tornarem cúmplices". A babá eletrônica soou e mais uma vez, seus
pensamentos foram deixados de lado para dar atenção aos filhos.
Um dia se passou e Anthony ainda não tinha retornado. Ele ligara para
falar das diversas coisas que precisava acertar em relação à editora. Conforme
a semana foi avançando, com ela a saudade que Diana sentia de Anthony ia
aumentando. Ele não retornou à Nova York. No último dia do ano, ela tinha
perdido as esperanças de que Anthony estivesse de volta ainda naquele ano.
Pelo visto, terminariam o ano separados. Elisa e a família Walsh apareceram
naquela semana para visitá-la, assim como os gêmeos. Alexandra estava
babando nos netos, uma verdadeira avó orgulhosa. Diana se sentia afortunada
por ter aquelas pessoas em sua vida.
Decidida de que não ia passar o Réveillon com o pai e sim dentro de casa
vendo a festa da Times Square pela TV, Diana pensou no que poderia fazer
naquele dia. Alguns canapés para comer enquanto assistia as comemorações,
um suco já que bebidas alcóolicas estavam foram de cogitação. Pouco mais
de cinco da tarde, o telefone tocou.

- Alô?
- Diana, estou em Nova York. Acabei de chegar. – era Anthony, sua voz
imediatamente fazendo seu corpo reagir.
- Achei que não viesse para cá antes das festas.
- As coisas estão uma loucura no aeroporto. Estou desde ontem tentando
decolar, mas o tempo em Nova York não ajuda. Com as festas de fim de ano
o movimento é intenso. Quero ver você e os meninos.
- Bem, meu Réveillon será aqui no apartamento. Longe de todo glamour
ao que você está acostumado. – lembrou-o.
- Para mim está perto de você e dos nosso filhos é o que importa, nos
vemos daqui a pouco.
- Tudo bem, eu estarei esperando.

O que faria? Não tinha planos para receber Anthony naquela noite.
Deveria mesmo fazer só os canapés? Talvez uma massa, um jantar, era o
mais indicado. Ele tinha acabado de chegar de viagem, provavelmente estava
com fome. Queria fazer algo especial porque queria que essa noite fosse
especial. Pegou os ingredientes para fazer um penne com molho branco,
páprica e frango e em poucos minutos a cozinha já tinha ganhado vida. Diana
começou a perceber com o tempo, conforme cozinhava com mais frequência,
que tinha realmente um talento para aquilo. Tudo que antes parecia ser algo
extremamente difícil, tinha se tornado fácil. Deixou tudo pronto em tempo
recorde, tirando as duas vezes que precisou parar para ver os filhos e quando
terminou, tudo estava esquematizado para que ela apenas finalizasse o prato
na hora do jantar.
Tirou o avental e foi para o quarto dos filhos ver como estavam. Era
pouco mais de seis horas da noite e lá fora o tempo já tinha escurecido.

- O papai está vindo, meus amores. Vocês estão felizes com isso? –
perguntou olhando para os filhos – Eu estou.

Pela primeira vez em muito tempo, Diana sentia uma espécie de paz. Já
não sentia que perdoar Anthony era errado e conseguiu compreender todos os
detalhes daquela relação que, infelizmente, começara da maneira errada.
Aproveitou que os gêmeos estavam calmos e correu para o banheiro. Tomou
um banho rápido e vestiu seu roupão enquanto penteava os cabelos. Queria
deixá-los soltos nessa noite de Ano Novo. Escolheu um vestido simples verde
escuro de mangas curtas e decote arredondado, o cumprimento ia até um
pouco acima do joelho. Olhou-se no espelho e ficou satisfeita. Não estava
arrumada demais, porém, dessa vez, tinha tomado cuidado com a aparência.
Nas últimas semanas, sempre andava com uma camiseta ou suéter e calça de
ioga, mas queria começar o ano de maneira diferente.
Não forçou na maquiagem, apenas uma máscara de cílios e um gloss para
dar um toque melhor ao visual. Correu para o quarto dos meninos para ver se
eles continuavam bem e ambos continuavam dormindo. A campainha tocou e
Diana foi até a sala caminhando ainda descalça. Olhou através do olho
mágico e seu coração parou por um segundo. Anthony havia chegado. Sentia-
se tão apreensiva por que sabia que essa noite seria especial e decisiva.
Abriu a porta devagar tentando controlar a expectativa. Do outro lado, ele
estava vestido com seu terno escuro, gravata verde e um pesado casaco preto,
além das luvas de couro. Seu rosto com a barba por fazer e os cabelos
revoltos pelo vento lá fora não diminuíam em nada sua beleza única. O que
chamou atenção dela, na verdade, era a grande mala que estava ao lado dele.

- Vim direto do aeroporto. – explicou como se tivesse ouvido seus


pensamentos.
- Ah, entre. – deu um passo para o lado e permitiu que ele adentrasse o
apartamento.
Anthony puxou a mala até o canto do cômodo, tirando o casaco logo em
seguida. O termostato do apartamento tinha deixado o clima no interior bem
agradável.

- A neve está cada vez pior, foi difícil conseguir um táxi e fiquei com
medo de ir para casa, o tempo podia piorar e eu acabar ficando preso por lá.
Espero que não seja um problema se eu disser que gostaria de tomar um
banho. – tirou as luvas.
- Claro que não. Você deve estar cansado. Eu preparei um jantar simples,
se estiver com fome.
- Como sempre, você é perfeita.

Aquele elogio mexeu com ela porque sabia que tinha sido verdadeiro.
Não estavam mais vivendo um casamento cheio de fingimentos. A percepção
disso fez com que Diana ficasse nervosa e ainda mais abalada.

- Não foi nada demais, Anthony. Achei que um jantar era adequado para
passarmos o ano novo aqui. Você não deve estar acostumado a esse tipo de
coisa, não tem o glamour das festas que você frequenta.
- Aceite o elogio, Diana. – ele se aproximou dela e dois passos foram
suficientes para que ambos estivessem frente à frente, separados por poucos
centímetros – Não há lugar no mundo que eu gostaria de estar mais do que
aqui.

A declaração a pegou em cheio e por pouco Diana não se jogou em seus


braços. Anthony estava tão perto, o aroma de sua colônia mexendo com todos
os seus sentidos. Ele conseguia deixá-la sem palavras, completamente
hipnotizada por sua proximidade e seu olhar intenso.

- E os meninos? – perguntou com a voz tranquila enquanto segurava o


queixo dela, o polegar traçando uma linha imaginária abaixo do seu lábio
inferior.
- Eles estão bem. – tentou manter a voz calma, mas seu coração batia
acelerado – Dormindo no momento.
- Então vou tomar um banho antes que eles acordem. Podemos jantar logo
em seguida se preferir.
- Claro.
Anthony a observou por mais um breve momento e antes de se afastar em
direção ao banheiro. Diana ficou ali, parada, completamente sem reação
ainda tentando acalmar o corpo que parecia pegar fogo. Como ele era capaz
de provocar nela tantas sensações diferentes com apenas um simples toque?
Quando suas pernas finalmente obedeceram ao comando do cérebro, Diana
foi para a cozinha dar os toques finais ao macarrão. Serviu a mesa e sorriu ao
se dar por satisfeita. O jantar estava com um cheiroso delicioso. Decidiu ir
dar uma olhada nos meninos enquanto Anthony tomava banho, mas ao passar
pela sala o viu saindo do corredor com apenas a toalha amarrada na cintura.
Se existia uma visão mais perfeita do que Anthony com os músculos todos à
mostra, ela desconhecia. Seu corpo fantástico chamava a atenção de qualquer
mulher que pudesse apreciá-lo, os ombros largos, o V que terminava se
escondendo atrás daquela toalha, os braços fortes, o tórax onde ela já havia se
deitado várias vezes, tudo isso fazia com que ela sentisse ainda mais saudade
e sentisse muito mais a ausência de Anthony. Fazia tanto tempo que não o
tocava e seu corpo pegava fogo somente em imaginar-se novamente em seus
braços.

- Minhas roupas estão na mala. – disse apontando para a bagagem no


chão da sala e tirando-a de seus pensamentos.
- Eu estava indo ver os meninos.

Ela fez um esforço sobre humano para conseguir caminhar e afastar o


olhar do corpo de Anthony. Sua mente ainda girando totalmente atordoada
por sua visão. Ao passar do lado dele, sentiu seu braço envolvendo-a
impedindo que continuasse. Diana olhou para baixo, podia ver o antebraço
firme grudado à sua barriga e a mão agarrando sua cintura. Olhou para o
lado, levantando o rosto para conseguir olhar em seus olhos. Anthony era alto
e se sentia pequena quando estavam próximos.

- Teremos uma longa noite pela frente, Diana. Há muito o que


conversarmos. Quero que me escute com atenção e me pergunte tudo o que
quiser, porque, querida, posso ver em seus olhos que há dezenas de dúvidas
nessa cabecinha.

Diana sentiu o beijo dele em sua têmpora, suave e carinhoso. Precisou


reunir forças para se afastar e praticamente correu para o quarto dos meninos.
Não, não podia ser assim. Queria Anthony, queria estar em seus braços mais
do que em qualquer outro lugar, mas não podia se dar ao luxo de fazer algo
assim antes de finalmente conversarem. Sua razão precisava estar acima das
emoções. Assim que entrou no quarto dos meninos, respirou fundo. O cheiro
suave lhe dava paz. Olhou e viu Louis acordado, mas em silêncio. Ele olhava
para o móbile de animais que girava devagar sobre sua cabeça.

- Meu pequeno acordou. – ela se aproximou e pegou o filho no colo,


aninhando-o em seu peito – Está quietinho, meu amor.

Louis girou a cabecinha como se estivesse buscando o seio dela. Era uma
maneira que o filho lhe dizia que estava com fome, antes de se render ao
choro. Diana afastou o vestido, que por conta do decote se tornava mais fácil
de amamentar e com ele, seu sutiã. Louis começou a mamar avidamente e ela
aproveitou para se sentar em uma poltrona simples no canto do quarto.
Olhava para o filho completamente encantada. As bochechas rosadas, os
olhinhos fechados e a mãozinha pousada suavemente sobre seu seio. Esse
momento era insubstituível e especial.

- Parece que alguém resolveu jantar antes de nós.

A voz de Anthony tinha saído mais baixa do que de costume, mas não
menos poderosa. Diana levantou a cabeça e o viu totalmente relaxado vestido
com uma calça jeans e camiseta branca, recostado ao batente da porta e
braços cruzados. Era como se estivesse em casa.

- Louis estava acordado no berço e eu o peguei no colo. Na mesma hora


ele se virou para o meu seio. – explicou.
- Quem pode culpá-lo por isso, não é mesmo? – um sorriso lateral brotou
em seus lábios.

Aquela insinuação acabou arrancando um sorriso dela também. Sempre


soube que ele a desejava e que adorava seus seios. Anthony aproximou-se e
olhou para o filho mamando de maneira tranquila.

- Posso colocá-lo para arrotar? – perguntou em expectativa e Diana


adorou vê-lo tão interessado.
- Claro. Eu amamento Kevin enquanto isso, eles geralmente acordam ao
mesmo tempo.
- Acho que vou demorar a reconhecê-los. É impressionante como você
sabe quem é quem.
- Ah, é a convivência. Logo você também saberá. Mas tem uma pequena
dica. Kevin tem uma pintinha no pescoço, como você.
- Eu tenho uma pintinha no pescoço?
- Sim. – confirmou balançando a cabeça – Perto da base, do lado
esquerdo.
- Hm, não sabia que você conhecia certos detalhes do meu corpo.
- Fomos casados por um ano. – justificou-se – Conheço-o bem.
- Tenho que concordar com essa explicação. – Anthony olhou-a de cima a
baixo.

Ele conhecia cada centímetro do corpo dela quase como se ele mesmo o
tivesse projetado. Diana não tinha nada fora do lugar, até mesmo quando
estava grávida, seu corpo sempre chamava a atenção.
Um movimento de Louis chamou a atenção deles. O pequeno tinha
parado de mamar. Com cuidado, Diana ajeitou novamente o sutiã e o vestido.
Anthony pegou o filho no colo para fazê-lo arrotar. Diana achava
impressionante ver o marido interagir com os filhos. Era um homem de quase
1,90m de altura, forte, ombros largos, segurando uma miniatura em seus
braços. Jamais imaginou que Anthony pudesse ter tanto jeito com crianças.
Em pouco tempo, o filho já estava calmo, com a cabecinha apoiada de
maneira confortável próxima ao ombro do pai.

- Acho que agora só falta você aprender a trocar fraldas. – disse fazendo
Anthony sorrir.
- Eu posso aprender.
- Que bom, porque daqui a pouco esses garotinhos vão precisar.
Kevin já estava acordado e Diana também o alimentou. Como os dois
tinham despertado, eles levaram os gêmeos para a sala e os colocaram no
bebê-conforto.

- O macarrão já está pronto, Anthony.


- Vocês já comeram, agora chegou a vez do papai, campeões. – ele falou
com os filhos e se sentou à mesa.

Diana serviu o jantar se lembrando da primeira vez em que cozinhara para


Anthony. Era uma ocasião totalmente diferente e ele nem mesmo a elogiara.
Ficou em silêncio observando-o comer. Ele percebeu que ela olhava e lhe deu
um sorriso.

- Deve estar se perguntando o que eu achei da comida.


- Na verdade sim. Mas também estava me lembrando da primeira vez que
cozinhei para você.
- Sei que fui um desalmado naquele dia e não me orgulho disso. Não fiz
sequer um elogio depois do esforço e dedicação que você teve para me
receber.
- Por que, Anthony? Não estava bom? – sua pergunta era receosa.
- Diana, estava excelente. Na verdade, me surpreendi. Eu fiquei calado,
mas nada tinha ver com a comida. Estava assustado. – ele abaixou o garfo e
olhou-a nos olhos – Pela primeira vez na vida. – completou – Durante a
viagem tudo o que eu queria estar de volta em casa. Nunca tinha sentido essa
necessidade. Estava louco para te ver e ao chegar, as sensações que tive ao
olhar para você... – ele respirou fundo, sabendo que nunca mais tinha de
esconder isso – Aquilo me pegou de surpresa.
- Fiquei chateada naquele dia. Então depois, você disse que sentiu minha
falta.
- E estava sendo sincero.

Ela corou. Ainda não tinha se acostumado àquele Anthony. Um homem


que já não escondia mais seus sentimentos e pensamentos. Será que de agora
em diante seria mesmo assim? Ele olhou novamente para o prato e deu mais
uma garfada quando Diana começou a comer.

- Realmente acho que você tem que voltar para seu curso de culinária. –
comentou desviando a atenção novamente para ela – Assim que possível.
Existe um talento em você, Diana. Quero te ver crescer, quero que você tenha
orgulho de si mesma, porque eu já tenho, querida.

A declaração a pegou de surpresa novamente. Ouvir aquilo de Anthony


significava muito. Ele estava mesmo orgulhoso? O que tinha feito para isso?
Ela inclinou a cabeça mirando-o de maneira questionadora.

- Todos temos talento para alguma coisa, uns descobrem mais cedo que
outros. Você definitivamente tem um talento, Diana. Deve explorá-lo ao
máximo. – inclinou-se para a frente, os olhos sem desviar dos dela – Estarei
aqui sempre.
- Obrigada, Anthony. – suspirou e espetou um pouco da massa com o
garfo.

Comeram o resto em silêncio e beberam o suco de uva. Diana não podia


beber nada alcoólico e não tinha nenhum vinho na casa. Anthony pareceu não
se importar com isso. Ao terminarem, ele se levantou para tirar a mesa. Ela
olhou completamente assustada. Ele nunca tinha retirado nenhum prato da
mesa.

- Anthony? O que está fazendo? – perguntou se levantando.


- Tirando as coisas da mesa. – respondeu ainda recolhendo tudo.
- Não precisa se preocupar com isso. Eu vou arrumar tudo.
- Você já preparou, Diana. Tenho certeza de que está cansada.

Ele levou tudo para a cozinha e deixou sobre a pia. Em seguida, ficou
olhando provavelmente se perguntando o que fazer com tudo aquilo. Diana
sabia que Anthony Walsh nunca tinha lavado louça na vida. Ela se aproximou
dele e tocou-lhe o braço sentindo calor da sua pele.

- Deixe isso para depois. Eu quero te perguntar uma coisa, Anthony.


- Diga. – ele estava perto dela, muito perto e ao virar-se de frente, Diana
sentiu as pernas fraquejarem.
- Aquele quadro, do vinhedo... – engoliu em seco, estava nervosa, a
curiosidade de ouvi-lo dizer o motivo a consumindo – Você disse que se eu
quisesse saber, devia lhe perguntar.
- Quero que veja algo.

Anthony colocou a mão na base da sua coluna e a levou até a sala onde
seu casaco estava pendurado no encosto da poltrona. Enfiou a não no bolso
interno e pegou o aparelho. Ligou-o e Diana continuou calada ainda confusa.

- Minha intenção era te mostrar pessoalmente, mas só foi concluído na


semana passada. – explicou enquanto tocava a tela do iPhone à procura do
que precisava.
- Como assim?

Ele não respondeu, mas em poucos segundos tinha virado a tela do celular
para ela e Diana viu uma foto. Mais precisamente uma garrafa de vinho.
Ficou confusa em um primeiro momento, até que se deu conta do que estava
escrito e seu coração acelerou ainda mais. Não podia ser! Anthony tinha feito
mesmo aquilo? Gravado no rótulo em cores pretas e contornos dourado ela
pode ler "Diana Caubernet Sauvignon".

- Anthony? – levantou o olhar para ele, aqueles olhos a mirando de


maneira intensa, havia ali uma série de palavras que ela sabia que estavam
entaladas há algum tempo – Meu nome está no rótulo. – falou o óbvio porque
não conseguia pensar em mais nada.
- Sim. – ele confirmou e olhou para o celular antes de apagar a luz do
visor e guardá-lo no bolso dianteiro da calça – Em minha última viagem para
a Itália, eu tinha ido resolver algumas questões sobre o vinhedo. Há algum
tempo fiz a proposta de que fosse criado um vinho especial e ele seria uma
homenagem à mulher que eu amo. Infelizmente a produção não é algo tão
rápido e não tive tempo hábil para que pudesse trazer uma garrafa, então
contratei um artista para pintar o quadro para mim. Ele seria simbólico.
- Estou zonza com tudo isso. Você queria dar meu nome ao vinho?
- Quero eternizá-la, como o imperador Shah Jahan¹ fez com sua esposa.
Por que não em um lugar onde tudo começou?

Diana estava sem palavras. Não era possível! Sua respiração estava
entrecortada, o nó se formava em sua garganta e ela não queria chorar, mas
não conseguiu evitar que uma lágrima escorresse pelo canto do seu olho. Ela
secou-a rapidamente.

- Isso é... – as palavras morreram em sua garganta, seus olhos cravados


nos dele – Lindo, Anthony.
- Aquele vinhedo é especial, aquela cidade é especial. Mesmo que
nenhum de nós soubéssemos, foi onde tudo realmente começou. A primeira
vez que você foi minha, completamente. – seus dedos seguraram o queixo
dela – Naquela época eu não fazia ideia de que hoje estaria perdidamente
apaixonado e que seria pai de dois filhos. Também não sabia que sofreria
tanto pela ausência de uma mulher. Mas agora, eu sei, que foi naquele
momento em que meu subconsciente descobriu que jamais poderia te deixar.
- Você tem razão. – ela confirmou e colocou uma das mãos sobre o
antebraço dele – Foi na Itália, Anthony. Foi tudo lá.
- Diana... – ele continuou olhando-a nos olhos, seu tom de voz mudando
para algo mais sério – Todos aqueles meses eu fui o pior marido que poderia
ter sido. E você suportou tudo, cada momento. Eu sei que não sou merecedor
do seu amor por todos os erros que cometi. Mas eu juro, pela minha vida, que
em todos os minutos em que eu ainda viver vou te mostrar que não sou
aquele Anthony. Não tenho mais medo dos meus sentimentos e nem terei
medo de me rastejar se for preciso. Diana, eu...
- Shhh... – ela levantou o dedo e tocou-lhe os lábios pedindo silêncio – Eu
não fui a esposa mais perfeita do mundo, sei minha parcela de culpa. E acho,
Anthony, que o maior problema do nosso casamento, foi justamente o
casamento. Começou do jeito errado, nenhum de nós estava preparado para
sentir o que estamos sentindo. Não devíamos nos apaixonar, e aconteceu.
Escondemos isso e cada um reagiu do jeito que sabia. Agora eu enxergo isso.
Fiquei magoada com o que houve porque... – respirou fundo – Deus, eu amo
você, Anthony! Aquilo me destroçou, porque mexeu com minhas emoções,
meus sentimentos. Com o tempo, com os pequenos gestos, eu vi que nosso
maior problema foi a omissão e o medo, o sentimento existia. Achamos que
não era um casamento de verdade, não deveria mesmo ser. E aí, agimos de
maneira equivocada.
- Sempre vou me arrepender de tudo isso. De ter sido um covarde. Se eu
pudesse voltar no tempo, eu apostaria toda minha fortuna nisso se fosse
preciso, mas eu mudaria tudo o que aconteceu. Eu teria sido sincero, dado
valor a você e mostrado em todos os momentos o quanto eu te amo. Mas,
Diana, não posso voltar no tempo, então acredite em mim quando eu digo que
o futuro será diferente. Nós vamos construí-lo juntos. Não aguento aquela
cama sem você, não aguento mais um minuto naquela casa sem você.

Ele segurou o rosto dela, seu olhar já era desesperado, assim como seu
tom de voz. Diana agarrou seus pulsos, o olhar fixo no dele, o coração
disparado. Ela sabia que não podia resistir, ela sabia que sua felicidade estava
com aquele homem e que ambos poderiam resolver tudo. Precisava daquilo
com urgência.

- Me prometa, Anthony, do fundo do seu coração, que nosso casamento


será real. Que vamos nos respeitar e que você vai dividir tudo comigo. Não
quero ser somente a esposa que você exibe como um troféu, quero ser sua
companheira.
- Você terá tudo o que quiser de mim, querida. O que quiser. – ele disse,
seu tom suplicante, a testa encostando à dela – Mas, por tudo que é mais
sagrado, volte para mim.

Diana não conseguiu encontrar a voz, as emoções pareciam um bolo em


sua garganta e um nó se formara rapidamente. Ela fez então a única coisa que
poderia. Se jogou por sobre Anthony, envolvendo os braços em seu pescoço e
fazendo com que suas bocas se encontrassem. Ele imediatamente reagiu
àquilo. Suas mãos abandonaram o rosto da esposa e ele rodeou-a pela cintura.
Foi um ato completamente intenso. Em um segundo os pés de Diana estavam
no chão, no segundo segundo seguinte suas pernas estavam em volta da
cintura dele. Anthony a beijava como se sua vida dependesse daquilo. As
línguas se entrelaçavam em um beijo desesperado, ele sentia falta daqueles
lábios, a maciez e a maneira como suas bocas se encaixavam. Ela tinha sido
feita para Anthony, cada pedacinho moldado perfeitamente para se encaixar
nele.
Um gemido escapou da garganta de ambos, Diana estava com os dedos
entre os fios de cabelo dele, puxando-os com desespero enquanto uma das
mãos de Anthony segurava sua bunda e a outra explorava sua coxa por baixo
do vestido. Ele estava excitado, tão excitado que poderia ter um orgasmo ali
naquele momento e Diana não estava muito longe disso. Fazia tanto tempo
que não a possuía, que não sentia o calor do corpo dela junto ao seu, a
expectativa de ouvir aqueles gemidos enquanto ela estava quase gozando
podiam consumi-lo vivo.

- Meu Deus, Diana... – sua voz saiu entrecortada, a respiração ofegante.


- Anthony... – ela abriu os olhos devagar, o coração batendo acelerado,
sua intimidade totalmente pronta para recebê-lo – Os meninos. – lembrou-se
de que Kevin e Louis estavam ali na sala, provavelmente vendo aquilo tudo e
sem entender nada.

Ele soltou um gemido frustrado e quando a colocou no chão, com seus


corpos deslizando um no outro, Diana pode sentir o tamanho daquele
desespero. Anthony estava completamente excitado e o volume em sua calça
jamais poderia ser disfarçado. Ela podia sentir seu coração bater acelerado,
quase querendo sair do peito. Ambos se olharam, diversos sentimentos os
rodeando. Anthony podia sentir que o peso em seus ombros sumia, o seu
coração parecia parar de doer e uma felicidade imensa o acometia. Céus! Isso
era amor? Essa vontade de sair gritando pela rua o que sentia pela esposa,
como se nada no mundo pudesse destruir aquilo, querer estar com ela a
qualquer minuto e venerá-la. Seu membro doía desesperadamente, precisava
respirar.
Deu alguns passos para trás e passou a mão no rosto. Quando se virou
para olhá-la, Diana o observava, parecia curiosa.

- O que houve? – ela perguntou provavelmente estranhando seu


comportamento.
- Diana, estou a ponto de derrubá-la no sofá e fazer amor com você até
meu corpo se dissolver em pó.
- Não vou me importar com isso, mas... – ela olhou para os filhos – Agora
temos dois bebês.

Anthony olhou para os filhos. Quietos e inocentes deitados enquanto ele


lutava consigo mesmo para extravasar aquele tesão que parecia lhe comprimir
os órgãos. Não demorou muito para que Kevin começasse a chorar e Diana
precisasse pegar o filho no colo.

- Acho que alguém precisa trocar a fralda.


Se existia alguma maneira de esfriar o corpo e cortar todo o clima
anterior, com certeza era uma criança com a fralda suja. Diana olhou para o
marido e ele se aproximou, envolveu um dos braços por trás dela e segurou
sua cintura lhe dando um beijo no alto da cabeça.

- Você está certa, agora somos pais e temos dois bebês para cuidar.
- Essa é a vida de casados de agora em diante. – ela olhou para Anthony,
seus olhos exibindo preocupação – Você sabe disso, não sabe?
- Querida, não vou desistir de nada porque nossa vida agora mudou.
Temos dois filhos lindos e eu não trocaria nada disso por nenhuma vida de
solteiro.

Diana sorriu e levou Kevin para o quarto. Anthony pegou Louis no colo e
a esposa o ensinou a trocar fraldas. Não lhe parecia nada fácil e executar a
tarefa lhe tomou mais tempo do que era esperado. Mas por fim, longos
minutos depois, os meninos estavam limpos e cheirosos. Foram mais uma
hora acordados até pegarem no sono. Quando Diana colocou Kevin no berço,
os gêmeos já estavam adormecidos.
Anthony a envolveu pela cintura, abraçando-a por trás e apoiando o
queixo no alto da cabeça da esposa. Como sentira falta disso! Apertou Diana
contra si, sentindo o aroma do seu cabelo.

- Serei grato eternamente pelo presente que você me deu. – falou


baixinho.
- Bem, eu não os fiz sozinha...
- Dessa vez não estou falando dos meninos, meu amor. – ele usou as
mãos para girá-la até deixá-los frente à frente – Por mais que eles sejam um
presente extremamente precioso, dessa vez estou falando do seu amor.
- Meu coração é todo seu, Anthony. – colocou as mãos sobre o peitoral
dele – Tenho certeza de que seremos felizes.
- No que depender de mim, querida, você nunca mais irá sofrer.

Ele a beijou com paixão e em poucos segundos seus corpos já estavam


grudados e cheios de calor. Anthony a pegou no colo novamente, Diana
passou as pernas em torno de sua cintura e ele a carregou para fora do quarto.
Dessa vez não queria parar ou seria capaz de explodir. Estava a ponto disso.
Assim que chegaram ao corredor, Anthony pressionou a esposa na parede e o
beijo se tornou ainda mais cheio de paixão. As línguas se entrelaçavam,
gemidos involuntários saíam de suas gargantas e Diana agarrava seus cabelos
de maneira ávida. As mãos dele percorriam aquelas coxas, as apertava e
subiam para suas nádegas. Anthony pressionou o volume de sua calça contra
ela e se esfregou. Puta que pariu, aquilo era maravilhoso!
- Como você é perfeita... – a voz dele era um sussurro, os lábios grudados
aos dela.

Diana apertou seus ombros, encostou a cabeça na parede e deixou o


pescoço livre para que Anthony o explorasse. Ela se arrepiou quando os
lábios e a barba por fazer roçaram sua pele sensível. Fechou os olhos
aproveitando cada segundo daquelas sensações que tanto sentira falta. Estava
toda arrepiada, parecia pegar fogo de dentro para fora e sua intimidade
pulsava precisando senti-lo, rígido e grosso preenchendo-a.
Anthony estava desesperado, precisava de Diana mais do que da própria
vida. Uma de suas mãos agarraram o elástico delicado da calcinha e a puxou
com força, rasgando-a sem nenhuma piedade. Diana sentiu o tecido roçar sua
pele, uma sensação de ardência que enviou ainda mais ondas de prazer para
seu corpo. Anthony tinha pressa e ela também. Ele a carregou até o quarto e
assim que entrou, deitou-a de costas no colchão. Seus olhos a miravam como
um predador olha para sua presa. Iria devorá-la e Diana ansiava por isso. Seu
peito subia e descia, o bico dos seios rígidos contra o sutiã querendo ser
libertados.
As mãos ágeis percorreram o corpo dela deixando um rastro de
formigamento por sua pele. Anthony subia juntamente o seu vestido,
descobrindo-a e desnudando-a aos poucos. Diana estava nua da cintura para
baixo e ele continuava levantando seu vestido, puxando-o pelo alto da sua
cabeça com a ajuda da esposa que levantara os braços. Ficou apenas com o
sutiã de renda sustentando seus seios cheios.

- Meu Deus... – as palavras morreram na garganta dele.

Anthony estava hipnotizado com tamanho poder que ela exercia sobre
ele. Nunca nenhuma mulher tivera tanto controle não somente sobre seu
corpo, mas também sobre sua alma. Existia ali uma conexão que ia muito
além do físico. Devagar, como se não pudesse acreditar que Diana estava
quase completamente nua à sua frente, ele se abaixou e afastou-lhe as pernas.
Beijou o interior das coxas, novamente deixando aquele rastro de calor e
formigamento e fazendo a esposa suplicar internamente por mais. Eu quero,
eu preciso, não me torture assim. Anthony quase podia ouvir os pensamentos
dela. Sua língua tocou aquele ponto mais sensível do corpo de Diana e ela
estremeceu, como ele sabia que iria acontecer, porque conhecia muito bem
cada detalhe e o que lhe dava mais prazer.
A provocação continuou, a língua deslizando devagar por seu clitóris,
circulando, descendo, subindo, escorregando para dentro dela, o calor
molhado do seu corpo se dissolvendo ainda mais, os gemidos baixos, cada
expressão de prazer lhe corroía por dentro e bombeava todo o sangue do seu
corpo para um único lugar, ainda protegido pela cueca. Os lábios começaram
a trabalhar também, era o beijo mais íntimo e que ele adorava. Diana tinha
um sabor único, ele poderia passar o resto da vida exatamente assim, mas seu
pau precisava dela também.
Quando Anthony intensificou os movimentos da língua e dos lábios,
Diana caiu penhasco a baixo diretamente para um orgasmo que fez seu corpo
convulsionar e arquear. Ela agarrou os lençóis no momento em que explodiu
ao sentir Anthony sugar seu clitóris. Mordeu o lábio inferior e o soltou
tentando buscar o ar, mas sua respiração estava acelerada e a boca seca.

- Isso é muito gostoso, Anthony... – sussurrou, a voz quase sumindo.

Ele subiu beijando seu corpo até chegar aos seios e roçar os lábios ali, a
língua traçando a borda do sutiã. Diana estava ofegante e ele deixou que ela
se recuperasse. Anthony apoiou um pé no chão e um joelho na cama, puxou a
camisa pela cabeça a e jogou-a de lado. Diana quase babou ao vê-lo sexy e
musculoso à sua frente. Queria lamber cada gominho daquele abdômen. Com
as forças um pouco recuperadas, ela se sentou na cama, passou a ponta dos
dedos naqueles quadradinhos simétricos e rígidos e alcançou o botão. Sem
hesitar e sem se sentir envergonhada, ela abriu a calça de Anthony, abaixou o
zíper e puxou a mesma para baixo até o meio das coxas. O membro rígido
estava marcado através da cueca branca e ela não resistiu. Tocou-o por cima
daquele pano fino e apertou o membro que parecia latejar.

- Preciso da sua boca. – ele levou a mão até o queixo dela.

Diana assentiu porque sabia o que ele queria e precisava daquilo tanto
quanto ele. Abaixou a cueca, o membro duro saltou para fora deixo-a sem
fôlego. Poderia ter visto Anthony nu diversas vezes, mas nunca conseguira se
acostumar ao impacto que ele causava. Ajoelhou-se na cama, inclinou-se para
frente e envolveu os lábios em torno do membro dele. Na mesma hora, um
gemido primitivo escapou da garganta de Anthony e ele segurou seus
cabelos, prendendo-os em um rabo. Diana o provocava usando a mão, a
língua e os lábios. Sugava parte da extensão rígida como sabia que ele
gostava. Ambos tinham total consciência do que levava o outro à loucura e
Anthony estava perto daquilo. Seu coração bombeava o sangue rápido, sua
pele estava úmida de suor e seu abdômen se contraía cada vez que sentia se
aproximar mais do orgasmo.
Diana lambeu seu membro e ele queria se liberar, queria gozar, mas não
agora. Não podia. Precisava penetrá-la e sentir novamente aquela conexão. A
tortura não podia continuar. Puxou a esposa de volta e olhou em seus olhos,
ambos ajoelhados na cama, a pele avermelhada e as respirações
descompassadas.

- Quero você agora, não consigo mais segurar.


Ela levou as mãos para as próprias costas e abriu o sutiã. Deslizou-o pelos
braços e os jogou de lado. Anthony a deitou na cama, se livrou do resto das
roupas e jogou-as longe. Olhou para a esposa, completamente nua e
absurdamente sexy e quase gozou. Não tinha vergonha de admitir que seu
limite estava muito baixo. A ansiedade de possuí-la, a saudade, tudo isso o
deixava perto de explodir. Olhou os seios perfeitos e os tomou nas mãos,
alisando os mamilos com os polegares. Sempre fora louco por eles.
Deitando-se por cima de Diana, ele agarrou sua perna, posicionou-se
entre as mesmas e ao encaixar a cabeça do membro, ele soltou o ar preso em
seus pulmões. Se era um sonho, ele jamais queria acordar. Penetrou-a se uma
só fez desejando essa sensação para o resto da vida. Ambos gemeram com
aquele contato mais íntimo. Diana envolveu as pernas em volta da cintura
dele e agarrou seus cabelos. Estava pronta para mais um orgasmo, dessa vez
com Anthony dentro dela.
Os movimentos começaram suaves, precisava que Diana se acostumasse
a ele, mas a cada arremetida, Anthony a invadia mais rápido e mais forte.
Uma de suas mãos estavam com os dedos entrelaçados uns aos outros acima
da cabeça dela. A mão livre dele subia para seu quadril afim de levantá-la o
suficiente para penetrá-la mais fundo. Diana gemia, mas tentava se controlar
ou os gritos seriam ouvidos pelos bebês. Anthony não parava, mantinha o
ritmo acelerado, o membro rígido deslizando dentro dela. Seus corpos
suavam, suas respirações estavam ofegantes e ele beijou-a com paixão.
Até mesmo o simples fato de beijar se tornava algo extremamente difícil
entre gemidos. Anthony a pressionava contra seu quadril, o pênis cada vez
mais inchado, perto do orgasmo. Diana usou a mão livre para cravar-lhe as
unhas nas costas úmidas e Anthony gemeu. A dor era só mais uma descarga
de prazer e ele estava lá, quase lá.

- Goze comigo, Diana.

Então ele levantou-a ainda mais e enterrou o membro por completo,


atingindo nela aquele ponto especial que fez com que Diana se retorcesse
debaixo do seu corpo e se entregasse ao clímax em torno dele. Anthony não
foi mais capaz de se segurar e bastou apenas mais uma enterrada para gozar
com força, com o corpo estremecendo por cima do dela esvaindo todas as
suas forças. Ele tinha certeza de que não precisava estar em mais nenhum
lugar se não ali. Seu corpo cansado caiu sobre o dela, ambos suados, as peles
avermelhadas, respirações descompassadas e totalmente exaustos. Fazia
tempo que não transavam. Ela queria mais, porém, sabia que não era tão
simples. Mas ambos teriam um casamento todo pela frente.
Anthony saiu de cima dela e se jogou de lado quando conseguiu reunir
um pouco de força. Não estava pronto para soltá-la. Puxou Diana de encontro
ao seu corpo e beijou-lhe a testa suada. Olhou para baixo e notou lágrimas em
seus olhos. Imediatamente o pânico tomou conta dele de maneira
avassaladora. Não, ela não podia estar arrependida. Seu coração cairia e se
partiria em mais mil pedaços. Fazia apenas pouco tempo que havia
conseguido resgatá-lo e lhe dado esperanças.

- O que aconteceu, meu amor? – alisou o rosto dela, passando o polegar


para secar sua lágrima – Está me deixando preocupado.
- Estou bem, na verdade, estou ótima. – respondeu e levantou a cabeça
apoiando o queixo no peitoral dele – Te amo tanto. Estou me sentindo feliz.
- Diana, estou me sentindo o homem mais feliz do mundo. Tudo que
preciso está exatamente aqui nos meus braços e daqui nunca mais vai sair.
- Seremos felizes. Eu sei. Eu sinto. – deitou a cabeça novamente sobre
seu peitoral ouvindo o coração ainda acelerado.
- Acredite quando eu digo que te farei a mulher mais feliz do mundo. –
beijou-lhe o alto da cabeça – Eu amo você.

Não demorou muito até que a respiração de Diana estivesse calma dando
indícios de que havia adormecido. Anthony ao contrário, ficou ali,
abraçando-a e velando seu sono. Sabia que ela estava exausta por cuidar
sozinha dos bebês e queria que descansasse ao máximo. Sentia-se cansado
também, mas ao mesmo tempo estava agitado demais para pegar no sono.
Diana estava ali, em seus braços, e queria aproveitar cada minuto. Cuidaria
dela em todos os momentos. O descanso dela era muito mais importante que
o seu. Ficou ali, quieto, prestando atenção em cada respiração da esposa e
fazendo uma oração de agradecimento a Deus por ter lhe dado uma nova
oportunidade ao lado dela. Não iria desperdiçá-la.
Capítulo 53

Um barulho ao longe fez com que Diana despertasse. Soltou um


gemido cansado e hesitou ao abrir os olhos. Em seu primeiro movimento,
sentiu seus músculos doloridos e logo sua mente desanuviou. Lembrou-se do
que tinha acontecido. Tinha feito amor com Anthony e adormecera nos
braços dele. Sentia-se feliz, completa. Dessa vez teriam um casamento de
verdade. Abriu os olhos e se deu conta de que estava sozinha no quarto. A
cama estava com os lençóis amassados, mas Anthony não estava lá. Sentou-
se devagar, sentindo os músculos reclamarem. Passou a mão no rosto se
perguntando onde estava o marido.
Lembrou-se da quantidade de vezes que acordou sozinha porque
Anthony já tinha se levantado e ido para a empresa. Foram poucas as vezes
que teve o prazer de despertar em seus braços. Será que seria assim de novo?
Ele prometera que tudo seria diferente. Quando desceu da cama, viu a
camiseta do marido ainda jogada no chão. Ele estava no apartamento, mas
onde? Olhou para o relógio do despertador de sua cabeceira e viu que eram
onze e quarenta da noite. Tinha apenas cochilado. Virou-se para a porta do
banheiro, mas estava tudo escuro por lá. Levantou-se devagar e estava
completamente nua.
Foi até o guarda-roupa e pegou uma camisola para vestir. O
barulho que parecia tê-la acordado agora já não existia mais. Estava tudo
silencioso. Saiu do quarto e seu primeiro instinto não foi procurar por
Anthony, queria saber como estava os filhos, mas ao se aproximar da porta
do quartinho deles, ouviu uma voz que conhecia muito bem.

“... e eu fiz de tudo para ter sua mãe de volta. Ela é a mulher da
minha vida. Você e seu irmão não fazem ideia do quanto foi doloroso para
mim perde-la.”

Diana ficou parada ao ouvir aquelas palavras. Recostou-se na


parede e fechou os olhos absorvendo aquilo tudo. Sabia que perdoar Anthony
era a escolha certa, seu coração precisava disso e ela precisava dele.
“Eu serei o melhor pai do mundo para você e seu irmão. E
obrigado por me ajudar com a mamãe.”

Sem evitar um sorriso, Diana lembrou-se da roupinha que os


gêmeos receberam no Natal. Anthony tinha sido esperto em todas as suas
tentativas de se desculpas e pedir o perdão dela.

“Seremos uma verdadeira família agora e eu prometo que farei a


mamãe muito feliz porque eu a amo e nunca vou me cansar disso.”

Diana sentiu seu coração se encher com uma felicidade que sentira
poucas vezes. Agora estava completa. Tinha os filhos e o amor do homem de
sua vida. Entrou no quarto devagar, encontrando com Anthony sentado na
poltrona com Kevin no colo.

- Eu também amo você. – falou baixinho fazendo com que o


marido levantasse o rosto para olhá-la.
- Querida, pensei que estivesse dormindo. – Anthony se levantou
com o filho nos braços, Kevin estava acordado e olhava para o pai – Precisa
descansar.
- Acordei com um barulho. – explicou antes de receber um beijo
calmo dele.
- Kevin acabou despertando. Ouvi um barulho, parecia um choro e
vim para cá. Não quis te acordar porque gostaria que descansasse. – sorriu de
canto e inclinou-se para perto do ouvido dela – Ainda tenho planos para nós.
- Hmm, por isso não quer que eu fique cansada, Sr. Walsh? – sorriu
e mordeu o lábio inferior alisando o braço dele, sentindo sua pele quente.
- Quem pretende te cansar sou eu, Sra. Walsh.

Anthony lhe deu um beijo nos lábios de maneira suave e se afastou


olhando para o filho que começara a se remexer. Kevin ao perceber a
presença da mãe, logo se manifestou porque queria mamar. Diana já o
conhecia o suficiente e pegou o bebê do colo do pai. Sentou-se na poltrona e
abaixou a alça da camisola para expor um dos seios.

- Agora consigo saber quem é Louis e quem é Kevin. Depois que


você me explicou o detalhe da pintinha. – Anthony disse colocando as mãos
nos bolsos da calça jeans, ele estava de pé e sem camisa e a visão sempre
chamava a atenção de Diana.
- Você verá que será muito mais fácil depois que conviver ainda
mais com eles.
- O que vai acontecer logo porque viveremos juntos, meu amor.
- Sim, como um verdadeiro casal. – ela sorriu imaginando-se
novamente ao lado de Anthony, e pela maneira com que ele a olhava, podia
ver o amor ali – Fiquei nervosa quando acordei e não te vi na cama.
- Desculpe, eu não quis te acordar. – aproximou-se e agachou ao
lado dela, apoiando uma mão sobre o braço da poltrona - Acordaremos juntos
todos os dias agora.
- E muito durante a madrugada quando esses pequenos chorarem. –
levou a mão livre para o rosto dele e acariciou-o sentindo sua barba por fazer.

Ele assentiu e virou o rosto beijando a palma da mão dela. Ficaram


algum tempo em silêncio enquanto observavam Kevin mamar. Um barulho
chamou a atenção deles. Eram fogos de artificio. Tinha chegado o ano novo.
Os estouros do lado de fora acordaram Louis, que começou a chorar.
Anthony se levantou rapidamente para pegar o filho no colo e aninhá-lo em
seu peito. A sensação de desespero sempre o acometia quando ouvia um dos
filhos chorarem e queria fazer de tudo para acalmá-lo.

- Fique tranquilo, campeão. O papai está aqui. – colocou uma das


mãos apoiando a cabeça do filho e usando-a para cobri-lhe o ouvido e
diminuir o efeito do som.
- É o nosso segundo Ano Novo juntos. – Diana se levantou com
Kevin ainda em seu colo, que agora tinha parado de mamar provavelmente
incomodado com os barulhos.
- Dessa vez eu não precisei dar um soco em ninguém.
- Você é bem ciumento, amor. – ela deu um beijinho no braço do
marido.
- Sou extremamente possessivo em relação a você, Diana. Você é
perfeita demais.
- Sou perfeita para você, Anthony. Por isso quis se casar comigo. –
mordeu o lábio inferior e soltou-o devagar.
- Quando te vi naquele salão, há mais de um ano atrás, eu não ia
medir esforços para ter você, querida.
- E não mediu mesmo. – ela se recostou no marido, com Kevin
novamente mamando.

Os fogos foram diminuindo até que o silêncio reinasse novamente.


Diana e Anthony ficaram com os filhos até que ambos estivessem novamente
adormecidos. Quando saíram do quarto, ele a envolveu pela cintura e puxou-a
de encontrou ao seu corpo, mantendo-os frente a frente. Diana passou a mão
pelos braços musculosos do marido até alcançar seus ombros.

- Quero que volte para casa amanhã. – ele disse olhando-a nos
olhos, uma de suas mãos alisando sua lombar por cima da camisola de seda –
O quarto dos bebês está esperando por eles, nossa cama é solitária demais
sem você.
- Estou tão feliz, Anthony! – passou os braços em volta do pescoço
dele – Mas de uma coisa você precisa saber, meu pai não vai reagir muito
bem. – falou enquanto ambos caminhavam até a sala com os corpos
grudados.
- Sei que Fernando vai me hostilizar. – Diana se sentou no sofá e
Anthony se ajoelhou na frente dela alisando sua coxa devagar – Vou provar
ao seu pai que estou arrependido que posso fazê-la feliz. – usou a mão livre
para segurar a mão da esposa – E eu gostaria de falar uma última coisa,
preciso me desculpar por tudo e preciso saber se seu coração está curado do
mal que eu lhe fiz, Diana.
- O que houve, Anthony? – ficou preocupada com o tom de voz
sério que ele usou.
- Diana, antes de voltarmos para casa e para uma nova vida. Preciso
dizer tudo que está entalado e já venho guardando isso há um tempo.

Ela estava nervosa, o que mais ele tinha para falar? Alguma
confissão que pudesse por em cheque seus sentimentos? Esperou calada,
torcendo internamente para que Anthony não lhe contasse algo que ela não
sabia e que podia magoá-la.

- Eu não queria reviver esse dia, mas preciso falar com você frente
à frente, olhando nos seus olhos. Lembra-se da noite em que cheguei
transtornado e a forcei a transar comigo?

Claro que se lembrava. Não tinha se esquecido do quanto tinha se


sentido mal, violentada, uma sensação horrorosa que não desejava a ninguém.
Chorou baixinho, no meu canto, encolhida. Realmente não queria reviver
aquilo e por sorte, não acontecera novamente. Naquele semana se perguntou
o que tinha acontecido à ele, mas depois, preferiu não pensar mais naquilo.

- Diana, me desculpe. Perdoe-me pelo ato deplorável que cometi. –


ele fechou os olhos com força, como se estivesse sentindo dor.
- Oh, Anthony... – tentou falar, mas ele a interrompeu.
- Eu a estuprei, Diana. – sua voz saiu baixa, não conseguia
pronunciar aquilo sem se sentir o pior homem do mundo – Não me perdoarei
jamais por isso. Fui egoísta e manipulador. Magoei você de um jeito que não
poderei me reparar nunca e...
- Querido... – dessa vez o interrompeu pousando o dedo indicador
sobre seus lábios para lhe pedir silêncio – Eu entendi e aceito suas desculpas.
Fiquei muito magoada quando aconteceu, muito. Mas você nunca mais
repetiu aquele ato, então eu perdoo você.
- Diana, essa é uma culpa que vou carregar comigo até o último dia
da minha vida, mas preciso que você saiba que estou muito arrependido de
ter feito o que fiz. Um dos meus maiores defeitos foi achar que podia fazer
tudo e por você aceitar ser minha esposa através de um contrato, aquele
Anthony babaca com quem você se casou se achava no direito de lhe exigir
tudo.
- Mas você mudou, Anthony. Depois do que houve, você cometeu
sim seus erros, mas nunca fez aquilo novamente e sei que não fará.
- Querida, você jamais vai precisar se preocupar com isso. Eu era
um Anthony extremamente egoísta no início do nosso casamento e precisei
aprender da pior forma a ser um homem melhor.
- Ah, meu amor. Eu amo você.
- Te amo, Diana. E nunca vou me cansar de dizer isso.
- Sente-se, Anthony.

Ele a obedeceu se acomodando ao seu lado no sofá. Diana ficou de


pé e sob o olhar curioso dele, retirou a camisola ficando completamente nua.
Anthony pode sentir o membro enrijecer na mesma hora diante daquela visão
que ele jamais esqueceria. Olhou-a de cima a baixo, as coxas perfeitas, a
cintura fina, os seios fartos, os cabelos castanhos caindo suavemente sobre
seus ombros e roçando levemente em um dos mamilos. Engoliu em seco
tentando controlar o animal desesperado dentro dele.
- Feliz ano novo, meu amor. – Diana se aproximou e sentou-se em
seu colo, de frente, totalmente nua e entregue a ele.

Anthony a beijou como se sua vida dependesse daquilo. As mãos a


acariciavam por toda a extensão de pele que conseguia tocar e as línguas se
entrelaçavam desesperadamente. Ele nunca se fartaria dela e Diana precisava
de mais, muito mais, porque aqueles meses sem Anthony tinham sido uma
tortura. Ele era gostoso, sexy e a deixava pegando fogo com apenas um
toque.
O beijo cessou rapidamente. A pele dela estava quente e
avermelhada e Anthony segurou-lhe os cabelos, puxando-os para trás e
deixando o pescoço de Diana à mostra. Seus lábios tocaram a pele macia
provocando nela arrepios. Estava tão louca pelo marido que começou a se
esfregar em seu colo procurando algum contato. Anthony sorriu lascivamente
porque conhecia todas as reações da esposa como nenhum homem jamais
seria capaz de conhecer. Passou a língua devagar em seu pescoço,
provocando-a, excitando-a e desceu até a curva dos seios, beijou-os
suavemente.
Sua mão livre desceu pela barriga dela e chegou ao ponto mais
sensível. Acariciou seu clitóris arrancando um gemido dela. Diana estava
molhada, penetrá-la seria fácil e seu pau ansiava por aquilo
desesperadamente. Mas ele queria vê-la se derreter em seu colo antes que se
enterrar calor molhado que tanto gostava. Os dedos de Anthony a penetraram
devagar, centímetro a centímetro fazendo com que ela se arquejasse.
Diana agarrou os cabelos dele e se deixou levar. Sentia-se sexy e
estava totalmente entregue. Ele movimentou os dedos, enterrando-os até o
fundo e retirando-os em um movimento constante e ritmado, cada vez mais
rápido. Ela estremeceu e fechou os olhos, o calor tomando conta do seu corpo
e o prazer se tornando uma bola cada vez maior prestes a explodir. Anthony
usou o polegar para esfregar seu clitóris inchado e Diana chegou ao orgasmo
chamando o nome dele. Um “Anthony” saiu fraco dos seus lábios, mas foi
alto o suficiente para que ele pudesse ouvir e atiçar seu lado primitivo.

- Gosto da maneira que chama meu nome. Principalmente quando


está excitada.

Dessa vez ela estava no comando e sorriu ao sentir o efeito do


orgasmo passar. Estava renovada e se sentia muito sexy. Queria dar prazer a
ele. Levou as mãos até o botão da calça jeans e a abriu, baixando o zíper em
seguida.

- Vou te mostrar porque eu sou a Sra. Walsh e sempre serei.

Jogou os cabelos de lado, sentou mais para trás nas coxas dele a
puxou a calça o suficiente para libertar seu membro grosso e rígido. Anthony
a olhava como um leão, os olhos fixos e brilhantes. Diana sabia o poder que
tinha sobre ele e usaria isso para levar o marido à loucura. Agarrou o membro
e começou a acariciá-lo fazendo com que Anthony soltasse um gemido e
jogasse a cabeça para trás apoiando-a no encosto do sofá.

- Meu Deus, Diana... – sussurrou deixando-se abandonar nas mãos


dela – Não para.

Lá estava o CEO controlador completamente em êxtase por causa


dela. Sentia-se incrivelmente poderosa em relação a Anthony. Seus
movimentos aumentaram, ela o apertava e ia da base até a cabeça
masturbando-o até vê-lo prestes a se render. Queria cavalgá-lo, gozar com ele
dentro dela. Novamente um gemido rouco escapou dos lábios do marido, suas
mãos apertando-lhe a coxa, o abdômen contraído. Anthony sentia seu corpo
todo formigar e o sangue ser bombeado rapidamente de seu coração para seu
pênis. Se Diana continuasse os movimentos, iria gozar.
O suor acumulava-se em sua testa, sua respiração estava
descompassada e o membro começou a latejar. Ele sabia o que fazer, o
masturbava de maneira perfeita aplicando a pressão necessária para levá-lo ao
clímax. Reuniu todas as suas forças e segurou-lhe o pulso.

- Se continuar vou gozar, querida. – seus olhos enevoados pelo


prazer encontraram os dela – Preciso fazer isso dentro de você.

Ela continuou segurando-lhe o membro, levantou o quadril e se


encaixou nele, deslizando por toda aquela extensão e sendo preenchida.
Anthony gemeu junto com a esposa, ambos sentindo aquela conexão perfeita.
Os movimentos começaram lentos, provocantes, era um ato quase torturador
que o quadril dela fazia. Diana queria explorar cada momento de prazer,
prolongá-lo ao máximo e cavalgar devagar fazia com que Anthony se
contorcesse e forçasse o quadril para cima tentando aumentar o ritmo. Ela
sorriu malicioso e colou os lábios aos dele começando a movimentar mais
rápido. Ambos gemeram se deliciando com a sensação de prazer e ela
agarrou-se aos ombros dele cravando as unhas em cada músculo. O membro
dele tocando-a no fundo levando-os para mais perto do clímax.
Os corpos suados faziam fricção e Diana gemia sem se dar conta de
que poderia acordar os filhos. Já não conseguia controlar o corpo, já não
pensava e a única coisa em que ansiava era na satisfação sexual. Todos os
seus instintos estavam voltados para aquilo e Diana sentiu a intimidade dela
contraindo em volta do seu membro no momento em que atingira novamente
o orgasmo. Ele a seguiu, deixando-se liberar dentro dela navegando em um
mar de prazer e satisfação.
Diana deixou o corpo sair sobre o dele, suada e cansada. A
respiração de ambos estava acelerada e o coração batia rápido em
consequência do delicioso orgasmo. Ela estava de olhos fechados, a cabeça
apoiada no ombro do marido.

- Senti tanto a sua falta. – ela dissera em um sussurro afundando o


rosto na curva de seu pescoço.
- Eu também, meu amor. – sussurrou – Cada dia longe de você se
tornou uma tortura.
- Não vai mais acontecer. – levantou a cabeça devagar, seus olhos
ainda pesados por conta dos dois orgasmos – Gosto quando me chama assim.
- Meu amor? – olhou-a.
- Sim. – levantou a cabeça para olhá-lo – Dessa vez é verdadeiro,
sem mostrar para outras pessoas.
- De hoje em diante, você vai ouvir muito isso de mim, Diana. – ele
levantou-se com ela no colo – Feliz ano novo, querida. Está virando uma
tradição começarmos o ano com sexo.
- E é sempre delicioso. – envolveu as pernas em volta da cintura
dele – Nosso segundo Ano Novo juntos.
- Passamos por muita coisa nesse ano. Os próximos serão ainda
melhores. Vai ter amor, compreensão, carinho e seremos uma família de
verdade. – beijou-a devagar – Vamos tomar um banho agora. Quero deitar ao
seu lado.

Juntos, eles foram para o banheiro e Anthony fez questão de


ensaboar cada parte do corpo dela. Diana estava cada vez mais relaxada, o
corpo satisfeito debaixo da água quente. Ficaram alguns minutos ali tomando
banho entre beijos e carícias e logo depois, deitaram abraçados debaixo das
cobertas. Diana logo adormeceu no peitoral do marido e Anthony dessa vez
deixou se entregar ao sono, sabendo que dali em diante sua vida seria
perfeita.
Capítulo 54

A mansão continuava a mesma, nada tinha mudado, mas parecia


que Diana não pisava ali há anos. A neve cobria todo o belo jardim colorido,
mas ainda sim nada perdia sua beleza e encanto. Voltar àquele lugar onde
passara um dos momentos mais tristes em sua vida, provava que aquilo já
ficara no passado e tudo o que queria era ser feliz com os filhos e o marido.
Anthony estava com a roupa do dia anterior, juntara todo o necessário e
colocou tudo no carro para levá-la logo para a mansão. Os gêmeos estavam
nas cadeirinhas presas ao banco de trás e Diana usava uma calça jeans, botas
caramelo e um suéter da cor vermelha por baixo de um grosso casaco
marrom.
Assim que entraram no hall segurando os gêmeos, Ruth apareceu
sorridente e Diana retribuiu o sorriso por ver novamente a governanta a quem
tinha como uma mãe.

- Sra. Walsh, que alegria vê-la novamente. – dissera a senhora


aproximando-se com um olhar curioso para os gêmeos.
- Ruth, é bom vê-la também. – respondera à governanta deixando
que esta olhando para Louis em seu colo.
- Oh, meu Deus! – exclamou maravilhada – Eles são lindos! –
olhou para Kevin adormecido no colo do pai.
- Diana me deu filhos lindos, Ruth. – Anthony dissera olhando para
a esposa – Como poderei um dia agradecer por esses presentes?
- Se me permite responder, Sr. Walsh... – desviou o olhar para ela –
Apenas a ame. Toda mulher se sente bem quando é amada.
- Isso eu posso garantir pelo resto da vida. – sorriu sem tirar os
olhos de Diana fazendo com que ela sorrisse ainda mais.
- Fazem um belo casal. – Ruth se pronunciou.
- Obrigada, Ruth. – ela agradeceu.
- Eu gostaria de saber quem é quem. – a governanta apontou para
os bebês.
- Este é Louis. – Diana indicou o bebê que estava em seu colo – E
aquele é Kevin.
- Ele tem uma pinta no pescoço como eu. – Anthony completou
todo bobo com o fato.
- Vou me lembrar disso. – Ruth levantou o dedo indicando
mostrando que prestara atenção no detalhe e procuraria recordar sempre que
fosse lidar os meninos.
- Ruth, vamos subir e organizar tudo. Peça a Gregory para levar as
malas para o nosso quarto.
- Pode deixar, Sr. Walsh.

A governanta saiu apressada e Anthony subiu com os filhos


levando-os até o quarto deles. Ainda continuava do mesmo jeito que Diana
deixara, exceto pelas roupas que não terminara de dobrar, que agora estavam
arrumadas nas gavetas. Era a primeira vez que os meninos dormiriam ali e
tinha medo de que eles estranhassem. Colocaram cada um em seu berço e ela
preferiu ficar ali para que os gêmeos se acostumassem ao novo ambiente e
não ficassem sozinhos.
Anthony ficou ao seu lado e ela apoiou a cabeça em seu braço logo
abaixo do ombro. Lembrou-se do que o pai lhe dissera naquela manhã antes
de sair do apartamento. Fernando não aprovava aquele casamento, mas Diana
não deixaria sua felicidade de lado para agradar ao pai. Ele não quisera a
empresa de volta, mas esta fora colocada no nome dos gêmeos já que
Anthony também não se sentia confortável em mantê-la em seu nome.

- Está calada. – ele dissera baixo para não incomodar os filhos.


- Estava pensando no meu pai. Espero que um dia ele se conforme
com minha escolha.
- Fernando só vai me aceitar como genro quando eu provar que
posso te fazer feliz. – beijou-lhe o topo da cabeça – E eu vou provar, meu
amor.
- Eu sei. – sorriu e olhou-o – Você é o homem da minha vida.
- E você a mulher da minha vida. – sorriu lhe dando um selinho
demorado – Finalmente vamos viver como uma verdadeira família.
- Para sempre. – voltou a se recostar no braço dele.

Ali era onde gostaria de estar. De volta à sua casa e finalmente


dentro do coração dele. Anthony tinha muitos defeitos, mas eram eles que
faziam ser o homem por quem se apaixonara. Nunca fora perfeita, ninguém o
era. Mas acreditava que existiam pessoas perfeitas umas para as outras.
Anthony era a sua pessoa perfeita, não tinha nenhuma dúvida. Olhou para os
filhos deitados em cada um dos berços e sabia que aqueles seriam seus
tesouros pelo resto da vida. Seria feliz, de agora em diante, viveriam um
casamento sem mentiras. O único contrato seria de se amarem
incondicionalmente.

- Acho melhor conversar pessoalmente com seu pai. O que acha de


convidá-lo para jantar?
- Será uma boa ideia? – ela olhou para ele – Fazê-lo vir aqui é ter
de falar ao telefone que nos reconciliamos, acha que ele vai vir assim
mesmo?
- Querida, se ele te amar, fará até mesmo o que não gosta para
agradá-la. – Anthony a trouxe para mais perto, puxando-a pela cintura.
- Tem razão. Será que podemos fazer isso hoje? Me sinto ansiosa.
- Podemos fazer o que você quiser, meu amor.

Diana assentiu e ambos ficaram ali com os gêmeos até que estes
adormecessem. Anthony segurou sua mão e a tirou do quarto, precisava levá-
la para fazer algo muito importante.

- Precisamos resolver um último detalhe.


- O quê? – perguntou curiosa deixando o marido guiá-la.

Ele a levou para o escritório e fechou a porta atrás deles. Era a


primeira vez que ambos entravam ali juntos, após a discussão que tiveram no
mesmo lugar, que dera início ao nascimento dos bebês. Foi esse momento
que tudo desmoronou e Anthony sempre se lembrava disso e se perguntava a
si mesmo se Diana também se lembrava disso.

- Quero lhe mostrar algo. – ele falou dando a volta na mesa e


pegando dentro da gaveta um envelope.
- O que é isso, Anthony? – perguntou se aproximando, curiosa.
- Onde tudo começou. – retirou de lá de dentro o contrato de
casamento deles, assinado há mais de um ano atrás.

Diana chegou ainda mais perto e reconheceu aquele documento.


Deu a volta na mesa e parou ao lado do marido que tinha deixado o contrato
sobre a mesa. Ambos ficaram em silêncio, lendo silenciosamente cada
cláusula. Anthony se lembrava muito bem do momento em que decidiu todas
com cautela e Diana se lembrava do que sentiu ao lê-las. Devagar, ela afastou
uma página de cima da outra e olhou sua assinatura, na época tão insegura.
Quanta coisa mudara de lá para cá!
Passou a ponta dos dedos sobre seu nome, recordando do momento
em que oficializara seu destino. Naquele dia não tinha a menor ideia de que
mais de um ano depois, ela estaria com dois filhos e apaixonada por aquele
homem que lhe fizera uma proposta bastante incomum. Esse homem, agora
parado ao seu lado, era com quem escolhera passar o resto da vida, o mesmo
que lhe provava de várias formas estar apaixonado.
Diante do seu silêncio, Anthony passou a mão pela lombar da
esposa e a trouxe mais para perto puxando-a pela cintura. Os lábios beijaram
o alto da sua cabeça e ele gostaria de poder arrancar dela qualquer centelha de
sofrimento que ainda pudesse existir. Anthony seria capaz de tomar a dor
toda para si para que nada ferisse Diana.

- Está calada. – sussurrou com os lábios contra os cabelos


castanhos dela.
- Só estava pensando. – respondeu baixinho.
- Está arrependida de alguma coisa?

Anthony perguntou, mas tinha receio da resposta. E se depois que


as emoções se assentaram e as lembranças do casamento vieram à tona,
Diana quisesse desistir de reatar o casamento? Não estava pronto para subir
tão alto, dar esperanças ao seu coração e cair em queda livre novamente até o
fundo do poço. O silêncio dela e a demora em responder o estavam matando.

- Diana? – chamou-a.

Ela levantou o rosto, seus olhos úmidos pelas lágrimas e isso o


rasgou por dentro. Queria dizer alguma coisa, pedir perdão novamente,
ajoelhar na frente dela e implorar para que não o deixasse, mas não teve
tempo de reagir, Diana enlaçou seu pescoço e o abraçou com força. Anthony
retribuiu o abraço como se estivesse segurando todo o seu mundo ali. Essa
mulher era absolutamente tudo. Seus dedos se afundaram entre os cabelos da
esposa e ele a apertou encostando sua bochecha na cabeça dela por conta da
diferença de altura.

- Eu amo você. – Diana falou e ele respirou fundo.


- Eu também amo você, querida. Com todas as minhas forças.

Diana não queria soltá-lo, a explosão de sentimentos era grande.


Aquele contrato lhe trouxera várias lembranças, boas e ruins e ela sabia que
todas faziam parte do que ambos eram agora, nas pessoas em quem se
transformaram. Devagar, ela o soltou e olhou para cima, seus olhos
marejados não significavam tristeza e sim emoção por amar e se sentir
amada.

- Anthony... – ela disse seu nome baixinho, mas de maneira firme


enquanto ela alisava o rosto dele sentindo a barba por fazer – Nunca vou me
arrepender de um dia ter aceitado esse contrato. Não estou dizendo que foi a
maneira correta de começar um casamento, mas foi graças a ele que hoje
estamos aqui. Passamos por coisas boas e ruins, nos magoados, cometemos
erros, foi difícil... – suspirou – Muito difícil. Mas tudo isso fez com que nos
tornássemos o que somos hoje: um casal apaixonado. Algumas pessoas
descobrem o amor da maneira mais simples, mas acho que desde o começo
mostramos que não éramos um casal simples, certo?
- Infelizmente eu tive que ir até o fundo do poço para assumir para
mim mesmo um sentimento. – pegou a mão delicada dela que estava em seu
rosto e beijou-lhe a palma – Esse contrato não deve mais existir, Diana. Você
merece um casamento de verdade.
- Você vai rasgar o contrato?
- Eu poderia. – ele assentiu – Mas esse contrato é o que prova que
temos uma união estável e querida, se algo acontecer comigo, preciso
assegurar que você tenha todos os direitos como esposa e não apenas como
mãe dos meus filhos.
- Anthony, não diga isso... – ficou aflita segurando a mão dele –
Nada vai acontecer.
- Espero mesmo que não, porque quero dedicar muitos anos da
minha vida a você e aos nossos filhos, mas ainda sim, quero garanti-la de
todas as formas até que nossa união seja oficializada da maneira correta.

Ele a beijou, apertando-a contra si e deslizando as mãos por suas


costas e sua bunda. Diana envolveu o pescoço dele novamente e deixou a
língua possessiva invadir sua boca. Era um beijo cheio de saudade e
recomeço, por mais que já tivessem feito amor desde que se reconciliaram,
ainda não tinham aproveitado tudo o que gostariam. Anthony segurou a
esposa e a colocou sentada sobre sua mesa. Ficou posicionado entre as pernas
dela e aproveitou cada minuto daquele beijo. Diana passava a mão sobre o
tórax dele, sentindo os músculos firmes de seu peitoral. Anthony encerrou o
beijo lhe dando uma leve mordida no lábio inferior tentando controlar seu
desejo porque tinham coisas importantes a resolverem.

- Meu amor, precisamos falar com seu pai. – ele disse alisando a
coxa da esposa por cima da calça.
- Você tem razão, amor. – desceu da mesa com a ajuda de Anthony
– Preciso do telefone.

Anthony imediatamente pegou o telefone sem fio do seu escritório


e o entregou à esposa. Ela discou o número do celular do pai e aguardou.
Ambos se sentaram no sofá e ele ficou segurando a mão livre da esposa. Do
outro lado da linha Diana ouviu a voz exasperada do pai.

- O que você quer, Walsh? – Fernando vira o número da mansão


em seu identificador pensando estar falando com Anthony.
- Papai, sou eu. – falou se sentindo nervosa, mas precisava mostrar
ao pai que já era uma mulher adulta, mãe de dois filhos e podia tomar as
próprias decisões.
- Diana?! – sua voz era de extrema surpresa – O que você está
fazendo aí?
- Anthony e eu conversamos e nos resolvemos. – falou sem querer
rodeios – Gostaria que você viesse jantar aqui conosco hoje para que a gente
possa falar pessoalmente.
- Minha filha, eu não consigo acreditar! Depois de tudo?! Anthony
foi um canalha com você!
- Papai, por favor. Venha até aqui hoje à noite. – olhou para o
marido que apertou-lhe a mão para lhe dar segurança e mostrar que estava ali
e Anthony moveu os lábios dizendo um “Quer que eu fale com ele?”, mas ela
negou. Tinha de enfrentar sozinha.
- Certo, Diana. Estarei aí às sete.
- Ótimo. Obrigada, papai.
Então Fernando desligou e ela suspirou ficando com o telefone nas
mãos. Anthony a abraço de lado e lhe deu um beijo na têmpora. Queria
mostrar à esposa que estava ali e que enfrentaria Fernando caso fosse
necessário.

- Querida... – chamou a esposa levantando seu queixo – Estarei ao


seu lado. Não se preocupe. Se tudo isso aconteceu foi por minha culpa.
- Meu pai me vê como uma garotinha ainda. Quero que ele me veja
como uma adulta. Posso tomar minhas próprias decisões.
- Claro que pode. – deu-lhe um selinho demorado – E eu estarei
aqui para lhe mostrar que não precisará se arrepender.

Ambos se beijaram devagar e cheio de carinho. Anthony queria que


Diana soubesse que faria até mesmo o impossível por ela. Precisavam sair
logo daquele escritório antes que jogasse tudo para o alto e a possuísse no
sofá. Tinham de cuidar dos gêmeos que com certeza logo acordariam.
Anthony foi até sua mesa e colocou o contrato novamente no envelope.

- Em breve, esse contrato não existirá mais. – disse decidido.


- Eu até sinto um pouco de tristeza, esse contrato por mais errado
que tenha sido, nos uniu de alguma forma. – ela se aproximou dele – Mas
será bom começarmos do zero, amor.
- Sim, querida. Como um casal deve ser.

Ele guardou o envelope novamente na gaveta e se aproximou dela.


Segurou-lhe o queixo e lhe deu um selinho nos lábios. Ambos saíram do
escritório e foram até o quarto dos bebês ver se estavam bem. Durante o resto
da manhã e da tarde, Anthony sentia-se em um estado de êxtase. Finalmente
sua esposa estava de volta ao lugar que pertencia. Ela já voltara a ser a Sra.
Walsh, passara o cardápio do jantar para Ruth. Durante a tarde, Diana
guardou algumas coisas que tinha trazido do apartamento e aos poucos ia
acertando sua vida novamente naquela casa.

Quando a noite chegou, Diana estava no quarto apenas de lingerie


azul quando Anthony entrou. Ele a observou com aqueles olhos de predador.
Sorriu para ele e virou de costas para continuar procurando um vestido. Havia
várias peças que nunca tinham sido usadas e ela se perguntou se ainda lhe
cabiam, já que seus seios aumentaram. Achou um vestido cor de pêssego e
optou por ele. Quando se virou, chocou-se com uma parede de músculos.
Anthony a abraçara imediatamente colocando as mãos sobre suas nádegas.

- Nunca vou me acostumar a entrar e te ver seminua. Sempre faz


minha pressão arterial subir. – inclinou a cabeça e lhe deu um beijo na curva
do pescoço.
- Hmm, também não é fácil de ver praticamente nu, amor.
- Uma pena precisamos descer, queria fazer coisas interessantes
com você, Sra. Walsh.
- Que tal depois do jantar? – sorriu de canto mordendo o lábio.
- Vou aguardar ansiosamente.

Anthony estava de jeans e uma camisa de mangas longas preta.


Diana colocou o vestido e ajeitou os seios dentro do mesmo. Olhou-se no
espelho em dúvida sobre aquilo.

- Será que está bom, Anthony?


- Meu amor, você está perfeita.

Sorriu porque adorava ouvir os elogios do marido. Depois de


terminar de se arrumar, ambos pegaram os gêmeos no quarto e os levaram no
colo. Anthony carregava Louis e Diana segurava Kevin. Os meninos estavam
vestidos com macacões azuis listradinhos de verde. No de Kevin, havia
bordado um caminhão e no de Louis, um carro.

- Como está o jantar, Ruth? – ela perguntou ao entrarem na


cozinha.
- Excelente, Sra. Walsh. Fiz exatamente como me pediu.
- Muito obrigada. Vou precisar de sua ajuda mais do que nunca
agora.
- Pode contar comigo para o que precisar.

A campainha tocou e Ruth foi até lá atender. Diana olhou para


Anthony apreensiva. Só podia ser o pai e ela tinha medo do que ela faria em
seguir. Foram até a sala de estar e colocaram os gêmeos sobre o bebê-
conforto esperando até que Fernando aparecesse. Sua figura alta, vestida com
um casaco caramelo, calças pretas e suéter azul marinho, fez com que Diana
estremecesse. Sabia que o pai não estava feliz e sentia-se extremamente
nervosa com a reação dele. Ruth pegou o casaco que Fernando lhe estendera
e pediu licença deixando os três ali.

- Papai. – Diana se afastou do marido e foi até o pai para lhe


cumprimentar.

Fernando aceitou o beijo que recebera no rosto, mas era visível sua
expressão dura. Seus olhos focaram Anthony, que permanecia calado e sério,
sem demonstrar nenhum temor diante da hostilidade que exalava do sogro.

- Aceita beber alguma coisa? – Diana perguntou para tentar quebrar


o gelo.
- Não, obrigado. – respondeu colocando as mãos nos bolsos –
Gostaria que me explicasse o que aconteceu.
- Bem, papai, a verdade é que ontem Anthony e eu conversamos,
resolvemos nossas diferenças e decidimos retomar. Nos amamos e não é
certo ficarmos separados.
- Você acredita que ele te ama? – olhou para a filha incrédulo –
Walsh só ama a si mesmo, é um egoísta!
- Papai, por favor... – implorou para que ele tivesse calma.
- Se me permite a sinceridade, Fernando. O mais importante para
mim é que Diana acredite que meus sentimentos são verdadeiros. – Anthony
falou, sua voz firme.
- Como pode falar de sentimentos verdadeiros se você traiu minha
filha? Isso que é amor para você, Walsh?
- Papai, por favor. – Diana segurou o braço dele – Me deixe
explicar. Anthony errou sim, mas as circunstâncias desse casamento nunca
foram sólidas, apenas um negócio. Magoamos a nós mesmos, não tivemos
nenhum diálogo sincero esse período. Sei que você está chateado com o que
houve, mas precisa entender que Anthony e eu queremos começar do zero.
- Não fico feliz com isso, Diana. Eu vi o quanto você ficou
magoada. Desde o início fiquei inseguro quando essa proposta surgiu, mas
acabei permitindo que você cometesse a loucura de se casar dessa forma. Não
estou disposto a aceitar que você cometa outro erro.
- Dessa vez não é nenhum erro. – ela olhou para o marido,
caminhando até ele e agarrando o braço de Anthony – Queremos estar juntos,
deixar os erros para trás e começar dessa vez como um verdadeiro casal. Eu
gostaria muito que o senhor aceitasse isso porque não sou mais nenhuma
criança e posso tomar minhas decisões.
- Fernando, não estou pedindo para gostar de mim, mas pelo menos
ouça sua filha. – Anthony passou o braço por sobre os ombros da esposa –
Cometi um número grande de erros, mas já provei à Diana que me arrependi
e que meu amor por ela é sincero. Não precisa me encarar como um filho,
mas pelo menos peço que respeite a decisão da sua filha e que tenhamos uma
relação pelo menos educada porque eu sou o pai dos seus netos e não quero
que meus filhos cresçam em uma família onde o avô e o pai nem mesmo se
entendem.
- Você é bom de lábia, Anthony. Eu jamais vou permitir que meus
netos cresçam me vendo brigar com o pai deles. – aproximou-se devagar,
olhos fixos no genro – Mas sempre vou me preocupar com o bem estar da
minha filha.
- É claro, você é o pai. Mas acredite, nunca mais verá Diana
magoada de novo.
- Não serão suas palavras bonitas que vão me convencer disso,
Walsh.
- Eu não pretendo convencê-lo com palavras e sim com a felicidade
da sua filha.

Anthony respondeu decidido, mantendo a esposa junto dele. Fernando


não o aceitava, mas pelo menos concordara em ser menos hostil pelo bem dos
gêmeos. Aquilo não preocupava Anthony, de fato, porque ele tinha total
certeza de que faria Diana feliz pelo resto da vida. O jantar fora servido
pouco tempo depois e Fernando cumpriu o que tinha dito, não fora hostil,
apenas educado mantendo uma conversa formal com o genro quando
necessário, mas Diana ainda podia sentir a tensão no ar. Torcia para que um
dia, o mais breve possível, o pai pudesse aceitar de fato que seu destino era
ao lado de Anthony.
Capítulo 55

Uma semana depois de ter voltado para casa, Diana sentia-se


extremamente feliz. Anthony ia para o escritório, retornava no fim da tarde e
ambos conversavam e ficavam com os filhos até que estes pegassem no sono
e o casal pudesse fazer amor até que o choro de algum dos gêmeos os tirasse
da cama. Com tudo que estava acontecendo em sua vida, Diana finalmente se
sentia feliz. Elisa ficara contente com a notícia, afinal, até ela já estava
convencida de que Anthony amava a esposa. A família Walsh ficou
completamente feliz e naquela mesma semana Alexandra, Victor e Rachel
tinham ido até Scarsdale visitá-los. Era um sábado quando acordou e se viu
sozinha na cama. Onde estaria Anthony? Olhou para o relógio na cabeceira e
a hora marcada era 8h47 da manhã. Pelo visto ele ainda tinha o hábito de se
levantar primeiro mesmo quando não precisava trabalhar.
Diana afastou os lençóis e levantou completamente nua indo até o
banheiro. Tomou um banho e escolheu uma calça de ioga e um suéter branco.
Secou os cabelos com a toalha e deixou que ambos secassem naturalmente.
Queria encontrar com Anthony e com os filhos. A primeira coisa que fez ao
sair do quarto foi ir até o dos gêmeos para saber se estavam dormindo. Ao
chegar, eles não estavam no berço. Estaria Anthony com os dois? Ele
cumpria muito bem sua função de pai, mas não sabia se o marido poderia
cuidar sozinho de dois bebês.
Desceu as escadas em uma tentativa de procurar o marido.
Encontrou com Ruth na cozinha, mas nenhum sinal de Anthony.

- Bom dia, Ruth.


- Olá, Sra. Walsh. Bom dia. – a governanta virou-se para ela.
- Você sabe onde está meu marido?
- Hm, eu estava justamente esperando que você acordasse, Sra.
Walsh. O Sr. Walsh me deu ordens para ajudá-la.
- Ajudar-me? Com o quê? – estava cada vez mais confusa.
- Venha comigo, por favor.
Diana seguiu a governanta até a entrada da casa. Pendurado em um
armário embutido, estava um grosso casaco que Ruth entregou à ela para que
pudesse se vestir. Sem questionar, Diana aceitou-o e o colocou sobre seu
suéter sentindo o tecido grosso esquentá-la quase que imediatamente.

- O Sr. Walsh está no jardim. – abriu as grandes portas da entrada –


Ele me orientou para que a senhora o encontrasse lá.

Ao sentir o vento mais gelado contra seu rosto, Diana enrugou o


nariz. O que Anthony pretendia tão cedo no jardim? Deu a volta para a lateral
da casa e prendeu a respiração pelo choque que tomou. Dentro da piscina,
flutuando na água de maneira calma estavam diversos balões vermelhos e
rosa em formato de coração unidos em alguns cachos, além deles, também
havia flores brancas amarradas em buquês. Diana colocou a mão sobre o
peito sem conseguir acreditar naquilo.
Desviou o olhar da água da piscina e viu Anthony parado com seu
casaco grosso também, os cabelos revoltos pelo vento e as mãos nos bolsos.
Ela olhou em volta e notou detalhes diferentes na área da piscina e no jardim.
Sobre o gramado, estava o banco branco acolchoado e decorado com algumas
almofadas. Vasos de flores enfeitavam as mesas dando um colorido à
paisagem neutra. Diana ficou impressionada com o que Anthony tinha
preparado.

- Gostou? – ele perguntou arrancando um sorriso dela.


- Está tudo lindo. – respondeu dando passos lentos até o marido,
que a aguardava pacientemente – A piscina está incrível.
- Fico feliz que tenha gostado. – Anthony segurou o queixo dela –
Faz uma semana que voltou, querida. Preparei algo especial.
- Já está sendo especial, amor. – colocou as mãos sobre o peitoral
dele por cima do grosso casaco – Estou muito feliz.
- Eu também. – ele a beijou devagar usando apenas os lábios de
maneira carinhosa – Venha comigo, quero te mostrar uma coisa.

Anthony a abraçou pela cintura e ambos caminharam até os fundos


onde estava o jardim de inverno. Havia uma porta que dava para a parte
externa e foi até lá que ele levou a esposa. O jardim era todo fechado, suas
paredes eram feitas de madeira e em sua maioria em vidro. Do lado de fora
não era possível ver o interior, mas quem estava lá dentro tinha total visão da
parte externa. Anthony abriu a porta e deixou que Diana entrasse primeiro.
O jardim de inverno era lindo e ela mesma quem havia escolhido a
maioria das flores que iriam compor toda a decoração. Era um espaço amplo
que contava com uma mesa redonda em madeira escura com quadro cadeiras,
do lado oposto um sofá de pátio feito também de madeira com longas
almofadas brancas, era do estilo longe decorado com almofadas verdes e
azuis. Sobre a mesa, Diana viu um belo café da manhã completo e olhou para
o marido que já tinha fechado a porta atrás deles.

- Uau! – exclamou – Café da manhã especial?


- Sim, você merece. – ele a levou até a mesa e puxou uma das
cadeiras para ela, ajudando a tirar seu agasalho – Sente-se.

Enquanto Anthony pendurava os dois casacos, Diana notou que ao


redor também havia alguns balões de coração que dessa vez flutuavam cheios
de gás hélio presos em alguns cachos. Mal conseguia acreditar que Anthony
pudesse ser tão romântico. Ele se sentou na frente dela e olhou-a fixamente.

- Essa manhã será nossa. – falou inclinando-se e segurando a mão


da esposa.
- Só nossa? – perguntou surpresa.
- Sim, exatamente.
- Mas e os meninos?
- Estão com Rachel, não se preocupe. – acariciou as costas da mão
dela usando o polegar – Quero que veja algo, meu amor.

Diana ficou curiosa, principalmente quando notou que sobre a mesa


estava um envelope. O que seria aquilo? Mais um documento? Naquela
mesma semana Taylor tinha aparecido com papéis par que ela assinasse sobre
a empresa do pai que agora pertencia aos gêmeos lhe dando toda a
propriedade até que os meninos fossem maiores de idade. Anthony entregou-
lhe o envelope e Diana pegou se sentindo extremamente ansiosa. Abriu-o e
retirou de lá de dentro algumas folhas.
Sua primeira impressão é de que se tratava de um documento, por
conta da diagramação e ao ler o título em negrito, ficou confusa porque não
era o que parecia.

DECLARAÇÃO DE UM MARIDO APAIXONADO


Eu, Anthony Franklin Walsh, me declaro completamente
apaixonado por você, Diana Victoria Walsh e que nenhum fator será capaz
de anular este sentimento.

Parágrafo Um – No dia em que a vi naquela festa, usando um


vestido roxo e sorrindo, simplesmente tive a certeza de que nunca tinha me
deparado com uma mulher tão bela. Foi nesse momento, em que disse para
mim mesmo que a queria como esposa. Custe o que custasse.
Parágrafo Dois – Um contrato e uma proposta de salvar sua
família me pareciam um convite tentador e por sorte, você aceitou. Tê-la
como esposa saíra dos meus planos e se tornara realidade.
Parágrafo Três – Nossa primeira vez juntos, como marido e
mulher, acontecera na Itália. Nesse momento eu tive a certeza de que você
não era como nenhuma outra. Ninguém tinha me feito sentir todas aquelas
explosões de sensações. Foi aí, sem que eu soubesse, viver sem você tinha se
tornado impossível.

Diana lia cada parágrafo sem conseguir desviar o olhar, mas


Anthony a observava e prestava atenção em cada reação dela. O momento
em que sorriu, quando levou a mão até o peito e quando seus olhos
começaram a marejar. Ela continuava sua leitura completamente
concentrada.

Parágrafo Quatro – Cada mês com você era uma surpresa. Eu me


descobri um homem ciumento, qualquer um que chegasse perto de você fazia
meu sangue ferver. Também descobri que tudo poderia desabar sobre minha
cabeça, mas quando você aparecia, meu peito se enchia de algo que eu não
sabia que significava amor.
Parágrafo Cinco – A gravidez foi uma surpresa. Eu não pretendia
ser pai e de repente, aconteceu. Eu queria ter passado mais tempo ao seu
lado, ter sido um pai mais presente durante toda a gestação e falhei
miseravelmente.
Parágrafo Seis – Depois da primeira vez em que quase te perdi, me
dei conta de que realmente havia algo forte e intenso dentro de mim. Foi o
momento mais difícil da minha vida, lidar com um turbilhão de emoções que
eu não sabia identificar.
Parágrafo Sete – Cometer um erro e lidar com as consequências é
algo extremamente difícil. Foram dois meses onde minha vida se tornou um
grande buraco. Eu apenas sobrevivi, dia após dia tentando encontrar várias
maneiras de te trazer de volta. Porque eu estava extremamente arrependido
das coisas que fiz você passar durante um ano do nosso casamento.
Parágrafo Oito – Ter você de volta à minha vida trouxe novamente
cor a ela e eu nunca mais pretendo viver em um mundo sem cor. Minha
promessa aqui é fazê-la feliz custe o que custar. Moverei céus e terras por
você e pelos nossos filhos. Vou recuperar cada minuto perdido, das vezes que
não te dei valor, que não estive ao seu lado.
Parágrafo Nove – Nunca tenha medo da felicidade, meu amor.
Porque eu nunca mais terei. Viveremos juntos e felizes, pelo resto da vida.
Parágrafo Dez – Há mais uma coisa que eu gostaria de lhe pedir.

À essa altura, lágrimas já escorriam pelas bochechas de Diana.


Uma declaração de Anthony por escrito, sobre tudo o que passaram juntos.
Ela precisou virar a página para continuar, mas ao invés de ver mais
parágrafos ao longo da folham, só existia uma única frase centralizada, em
caixa alta, mas que era extremamente significativa.

QUER CASAR COMIGO?

Três palavras que a pegaram de surpresa e fizeram mais lágrimas


escorrerem por sua face. Um pedido de casamento com sentimentos reais.
Diana levantou o olhar após uma gota de lágrima cair sobre o papel e
encontrou com os olhos de Antony fixos nos seus. Meu Deus, ele ainda
conseguia surpreendê-la! Antes que pudesse abrir a boca para dizer qualquer
coisa, pode vê-lo se ajoelhar à sua frente com uma caixinha azul clara que ela
conhecia muito bem. Anthony abriu-a e deixou que Diana visse o lindo anel
de diamantes da Tiffany&Co. A pedra brilhava de maneira imponente de
deslumbrante, seu formato era quadrado e o diamante chamava a atenção de
qualquer um.
Diana estendeu a mão mostrando seus dedos, prontos para receber
dele o anel. Queria se casar com Anthony, dessa vez de verdade. Dessa vez
tendo a certeza de que teria um futuro lindo pela frente. Ele levantou uma das
sobrancelhas e seus lábios se curvaram em um sorriso esperando a resposta
dela.

- Sim... – finalmente disse sentindo sue peito explodir de alegria –


Mil vezes sim! – dessa vez ela sorriu abertamente.
- Meu amor...

Anthony se levantou um pouco, so o suficiente para tomar os lábios


da esposa em um beijo cheio de amor. Diana sorriu com os lábios grudados
aos dele e as línguas e encontraram deslizando uma na outra devagar. Era um
beijo calmo, os lábios se encaixavam com perfeição e Anthony suspirou ao se
afastar dela. Seus olhos se encontraram e ele sussurrou um “eu te amo”.
Voltou a se ajoelhar e tirou o anel da caixinha, deixando a mesma sobre a
mesa e deslizando a joia pelo dedo anelar da esposa, onde coube
perfeitamente. Anthony beijou-lhe a mão. Queria fazer tudo certo dessa vez.

- Mal posso acreditar! – exclamou olhando para seu anel.


- Acredite, querida. Isso não é um sonho.
- Essa declaração... – olhou para os papéis ainda em uma de suas
mãos – Você me surpreendeu, Anthony.
- Tudo isso aconteceu por causa de um papel, que selou nosso
destino. Não foi a maneira correta de ter começado, mas como você disse,
nós nunca fomos pessoas simples, não é mesmo? Então eu também quis fazer
um papel, deixar registrado meu amor por você, mas dessa vez do jeito certo,
Diana. Um pedido de casamento real e uma cerimônia real.
- Ai, meu amor!

Diana praticamete pulou da cadeira e abraçou-o pelo pescoço.


Estava se sentindo radiante, como se nada no mundo fosse capaz de tirar sua
felicidade e no que dependesse de Anthony, nada no mundo seria. Ambos se
beijaram com paixão até perderem o fôlego. Os dedos dele se afundaram em
seus cabelos úmidos e a língua possessiva explorava toda sua boca até que
precisou de ar para preencher os pulmões. Ambos sorriram e Anthony
encostou a testa na dela.

- Vamos tomar café da manhã, você precisa se alimentar. – ele


disse antes de dar um selinho nela e ajudá-la a se levantar.

Diana se sentou e Anthony se acomodou logo em seguida. Ambos


comeram devagar, com uma conversa tranquila sobre os filhos e o que
pretendiam para o casamento. Ela tinha vários planos e Anthony estava
disposto a dar à mulher da sua vida a cerimônia que ela merecia, digna de
uma rainha.

- Obrigada por isso. – ela falou indicando a mesa e o jardim


decorado com balões – Você tem provado de diversas maneiras o quanto me
ama.
- Não vai faltar amor no nosso casamento, querida. E nem mesmo
demonstrações. Passei tempo demais reprimindo esse sentimento, então você
terá que lidar com um homem extremamente apaixonado.
- Hmm, acho que posso fazer isso.

Ele se levantou e puxou-a para si, envolvendo-a em seus braços e fazendo


amor com ela ali mesmo no jardim de inverno, sobre o sofá, onde ambos se
entregaram novamente ao desejo do corpo e do coração. Quando saíram de
lá, Diana pode ver que Rachel estava na mansão cuidando dos gêmeos junto
com Ruth. Ela, que fora a primeira pessoa da família a conhecer o contrato,
parabenizou ao casal pelo futuro casamento, dessa vez, real. Diana ligou para
Elisa e contou a novidade e em breve, todas aquelas mulheres estariam para
cima e para baixo ajudando a noiva com a preparação do casamento. Seria
um momento único e Anthony não esperava a hora de ver a mulher que
amava caminhando até ele para selarem de uma vez sua união.
Capítulo 56

DIANA
Eu estava de frente para o espelho admirando minha imagem sem
conseguir acreditar no que via. Parecia um sonho. Havia demorado cerca de
dois meses até finalmente escolher o vestido de noiva ideal, mas cada minuto
despendido valera a pena. O tecido era uma seda leve, o modelo era no estilo
princesa e sua saia cheia e esvoaçante era coberta com um tecido quase
transparente com pequenas flores na barra feitas delicadamente com as mãos.
A parte de cima era justa, com decote em formato de coração e tomara que
caia, com a seda transpassada e por cima dela, brilhantes davam um brilho
especial. A cintura tinha uma fileira de pedrinhas que pareciam uma espécie
de cinto e abaixo dos seios, os brilhantes formavam uma espécie de flores
espaçadas minuciosamente. O penteado que eu escolhi era um rabo de cavalo
frouxo onde os fios caíam em cachos por sobre os ombros, a grande franja
penteada para o lado se prendia ao resto do cabelo e encima da minha cabeça
estava a tiara de brilhantes. O brilho do adorno só não era maior que o brilho
nos meus olhos castanhos. Os brincos de pino eram duas pequenas argolinhas
de ouro branco com uma pedrinha de diamantes em cada uma delas.
- Diana, você é a noiva mais bonita que eu já vi. - Rachel estava um
pouco atrás de mim segurando meu buquê, escolhido também com o mesmo
cuidado, com rosas de diferentes tons de amarelo e laranja, cores alegres que
representavam muito bem meu estado de espírito.
- Com certeza você vai matar o seu noivo do coração antes mesmo
que ele consiga dizer sim. - Elisa sorriu mexendo uma última vez na barra do
meu vestido.
- Eu concordo. Mamãe disse que Anthony está lá embaixo
perguntando de cinco em cinco minutos porque você está demorando tanto. -
minha cunhada deu uma risadinha aparentemente se divertindo com o
nervosismo do irmão.
- Mal posso acreditar que esse dia chegou! - exclamei me sentindo
radiante.
Há exatos seis meses, Anthony tinha me pedido em casamento do
jeito mais romântico possível. Fiquei extasiada e de lá para cá passei cada
minuto sonhando com esse dia e o organizando-o com cuidado, prestando
atenção em todos os detalhes para que o dia fosse perfeito. Anthony me
surpreendeu mais uma vez dizendo que a única coisa que ele exigia escolher
era o local. Fiquei perplexa quando me disse, dois dias depois, que nosso
casamento seria realizado na Itália, mais especificamente em Florença, onde
se encontrava o vinhedo que ele tinha comprado e que vistamos durante
nossa primeira lua de mel. Imediatamente caí em lágrimas completamente
emocionada, visto que ali tinha sido a cidade onde Anthony e eu iniciamos
nossa vida de casados e fizemos amor pela primeira vez. Agora, estávamos
em um quarto de hotel próximo ao vinhedo e eu passei todo o dia longe de
Anthony e até mesmo a noite, já que seguia a tradição que o noivo e a noiva
deveriam dormir em quartos separados um dia antes da cerimônia. Eu achava
aquilo uma besteira, estava morrendo de saudades dele!
- Vai ser uma cerimônia linda, Diana. – Elisa parou ao meu lado
com seu vestido cor de lavanda, característico das madrinhas.
- Obrigada. – virei-me para observá-las – E onde estão meus bebês?
– perguntei com a típica preocupação de mãe.
- Eles estão com minha mãe e Ruth. – Rachel respondeu – Dá
vontade de mordê-los de tão fofos!
Sorri ao lembrar-me do momento em que vi Kevin e Louis vestidos
com seus smokings sob medida. Meus rapazinhos estavam muito bonitinhos
em seu primeiro traje formal. Uma batida na porta chamou nossa atenção e
Elisa foi até lá.
- Quem é? – perguntou para ter certeza se era seguro abrir a porta já
que não podíamos estragar a surpresa com o vestido de noiva.
- Fernando. – a voz do meu pai soou do outro lado.
Elisa olhou para mim e eu assenti para que permitisse a entrada
dele. Assim que meu pai entrou, pude ver seus olhos marejarem.
Imediatamente senti um nó na garganta porque desejava que meu pai
aceitasse meu casamento com o homem que eu amo. Rachel fez sinal para
minha amiga e as duas nos deixaram sozinhos fechando a porta atrás de si
quando saíram.
- Você está parecendo uma verdadeira princesa. – ele falou me
arrancando um sorriso.
- Obrigada, papai. – agradeci sentindo suas mãos segurarem as
minhas.
- Em alguns minutos estarei te conduzindo ao altar. Queria que
soubesse de uma coisa.
- O quê?
- Que já não quero mais guardar rancor do Walsh. – aquelas
palavras preencheram o último pedacinho do meu coração – Desde que vocês
se reconciliaram, tenho visto a maneira com que Anthony tem agido. – levou
minha mão até seus lábios e a beijou com carinho – Ele realmente a ama,
minha filha. Fiquei magoado porque todo pai quer o melhor para sua princesa
e ver como você sofreu acabou comigo e eu me sentia culpado por você ter
aceitado um casamento de fachada.
- Ah, papai. – sorri e coloquei minha outra mão sobre a dele – Eu
gosto de pensar que tudo que Anthony e eu passamos foi uma maneira de nos
fazer amadurecer. Veja só como estão as coisas agora. Sinto-me a mulher
mais feliz do mundo!
- Consigo ver isso em seus olhos. Mas se Walsh magoá-la
novamente, eu corto o pescoço dele.
- Eu sei, mas não se preocupe. Anthony nunca mais vai me magoar
porque agora nossa relação é real. Não tem mais segredos, não precisamos
esconder nada.
- Fico feliz em vê-la feliz, Diana. – soltou minhas mãos e tirou algo
do bolso interno do seu paletó – Trouxe algo para você.
Notei a caixinha de veludo preta que meu pai abriu e me mostrou
um colar de brilhantes onde todas as pedrinhas tinham formatos de pequenas
folhas. Era deslumbrante!
- Ah, papai, é lindo! – exclamei colocando a mão na boca.
- Ele pertenceu à sua mãe, eu lhe dei em nosso primeiro ano juntos.
Ela sempre teve o desejo de dar a você quando se casasse, tenho certeza que
nesse momento ela está olhando-a orgulhosa da mulher que se tornou.
Eu respirei fundo puxando a ar várias vezes para não cair no choro.
Não podia estragar minha maquiagem. Meus olhos lacrimejaram e eu me
abanei tentando me acalmar.
- Ai, vou acabar chorando... – sussurrei puxando o ar com força
novamente – Obrigada, papai. Por tudo!
Abracei-o apoiando meu rosto perto do seu ombro. Ele afagou
minhas costas de maneira carinhosa e assim fui me acalmando. Eu adoraria
que a mamãe pudesse estar aqui, me ajudando com o vestido de noiva, com
os detalhes do casamento, com palavras de conforto para me deixar menos
nervosa, mas eu sabia que em algum lugar do céu ela estava sorrindo para
mim. Meu pai se afastou e pegou o colar. Afastei meu cabelo com cuidado e
fiquei de costas para que ele pudesse prendê-lo em meu pescoço.
- É uma forma de ter a mamãe comigo. – disse tocando o colar com
a ponta dos dedos.
- Agora é uma noiva completa. – ele segurou meus ombros e me
deu um beijo no rosto – Estarei lá embaixo esperando-a no carro.
- Eu te amo, papai.
- Eu também amo você, minha filha.
Quando meu pai saiu, Elisa e Rachel entraram novamente e minha
cunhada me entregou o buquê de flores para completar meu traje. Respirei
fundo tentando controlar a emoção.
- Bonito colar, Di. – minha amiga comentou analisando a joia.
- Era da mamãe. Meu pai acabou de me dá-lo.
- Como ele está em relação ao casamento? – Rachel perguntou.
- Ele quer minha felicidade. Disse que não tem mais rancor do
Anthony. Acho que agora finalmente temos tudo no lugar. – respondi e me
olhei mais uma vez no espelho.
- Fico contente com isso.
- Antes de sairmos, a tradição está completa, não é mesmo? – Elisa
perguntou bloqueando minha passagem.
- Algo velho? – Rachel olhou para mim.
- Hm, meus brincos. Eu os tenho já faz algum tempo.
- Algo novo? – ela continuou.
- Minha lingerie. – respondi com um sorriso de canto.
- Algo emprestado?
- Elisa me emprestou sua tornozeleira.
- E por fim, algo azul?
- Amarrei um fitilho de seda azul na lateral da minha calcinha.
Ficou um laço fofo.
- Pelo visto, está tudo certo. – Elisa concluiu – Agora podemos ir.
- Pronta? – minha cunhada perguntou olhando para mim através do
reflexo no vidro.
- Mais do que nunca.
Saímos do quarto do hotel e eu podia sentir meu coração disparado.
Estava extremamente nervosa porque chegara a hora de me casar com o
homem da minha vida. Era real! Meu pai estava me esperando ao lado da
limusine preta que me levaria ao vinhedo. Elisa entrou primeiro segurando o
buquê para mim. Rachel me ajudou com a saia do vestido e se acomodou no
banco de frente para mim e meu pai entrou por último ficando ao lado da
minha cunhada.
O caminho do hotel até o vinhedo não era longo, mas para meu
nervosismo pareciam longos quilômetros. Elisa segurava meu buquê
enquanto eu observava algumas ruas das quais eu tinha algumas lembranças.
Era a primeira vez que eu voltava à Florença após a primeira lua de mel.
Aquela noite, quando Anthony e eu fizemos amor, eu ainda guardava na
memória de maneira bem viva. Mesmo que os meses seguintes não tivessem
sido um mar de rosas, quando estive nos braços dele pela primeira vez, me
senti completa. Agora, que já não existiam as amarras em torno de nós, eu
sabia que nossa lua de mel seria perfeita. Anthony não tinha mais aquele
muro em volta de si e nosso amor iria prevalecer, tornando o momento ainda
mais especial. Fiquei perdida em pensamentos até que a limusine entrou nas
propriedades do vinhedo e parou na entrada.
- Chegamos.
Respirei fundo sabendo que logo atrás estavam todos os convidados
e principalmente, meu noivo. Pude ver os cerimonialistas correndo de um
lado para o outro para preparar tudo porque a noiva tinha chegado. Sorri ao
sair do veículo com a ajuda do meu pai e Rachel e Elisa me ajudavam com a
barra do meu vestido. Eu não usava véu, preferi um penteado moderno e uma
tiara.
- Aqui está o buquê, Di. - minha amiga me entregou o arranjo.
Uma brisa de verão batia no meu rosto, Anthony e eu decidimos
nos casar em julho, já que essa época do ano é excelente para um casamento
a céu aberto. Logo pude ver Taylor ao longe se aproximando junto com o
namorado de Elisa. Eles seriam os padrinhos. Rachel recebeu o namorado lhe
dando um suave selinho e ele a envolveu pela cintura.
- Está muito bonita, Rach. - pude ouvi-lo dizer e se virar para mim -
Que bom que chegou, Diana, ou seu noivo é capaz de cair duro lá trás.
- É verdade. - o namorado de Elisa, Mark, concordou.
- Boa tarde, Diana. - Yolanda, a cerimonialista se aproximou de
mim em seu terninho preto - Estão todos prontos lá. Podemos ir. Os
padrinhos já podem se organizar e tomarem seus lugares lá na frente. O pai
da noiva, pode me acompanhar junto com ela. A dama de honra vai levar as
alianças na frente da noiva.
Em poucos segundos todos se afastaram sobrando apenas meu pai,
Yolanda e eu. Caminhamos devagar até a área gigantesca do vinhedo aos
fundos da propriedade. Pude ver a decoração que eu tinha escolhido com
tanto cuidado agora completamente ornamentada e era ainda mais
espetacular. Todas as cadeiras brancas simetricamente organizadas ao longo
do corredor central decoradas com flores em tons de amarelo e laranja assim
como o meu buquê. Um gazebo também branco fora colocado ao final
daquela extensão ficando com o papel de altar. Estava decorado com lindas
flores amarelas e lavanda e um véu esvoaçante em longas fitas que balançava
com a brisa suave. Todos os convidados já estavam de pé e a dama de honra
escolhida por mim era a filha de seis de Lucia Martin, Katherine. Desde que a
conheci no golfe, há mais de um ano atrás, ela sempre se mostrara uma
pessoa simpática e desde que eu tinha retornado de fato para a mansão em
Scarsdale, mantínhamos uma amizade mais próxima.
Quando Yolanda disse que estava tudo pronto, eu me posicionei e
então o vi. Anthony estava de tirar o fôlego. A barba bem aparada, os cabelos
penteados com perfeição e o terno escuro fazendo contraste com sua camisa
branca, com a gravata cinza de seda e o colete da mesma cor. A marcha
nupcial tocou e então eu surgi no início do corredor. Meu olhar buscou o de
Anthony e ali, mesmo de longe, eu podia ver o amor em sua expressão.

ANTHONY
Poucas vezes eu tinha ficado tão nervoso como agora. Na verdade,
seria capaz de contar em apenas uma mão e ainda sim, sobrariam dedos.
Quando me casei com Diana na primeira vez, eu tinha tudo sob controle,
exceto o fato de me sentir fortemente atraído por ela. Agora, eu realmente era
um noivo de verdade e, até onde eu sabia, noivos eram capazes de ficarem
histéricos e sinceramente, eu estava à beira de um ataque de nervos.
Verifiquei pela enésima vez meu relógio. Quanto tempo tinha se passado?
Onde estava Diana? Já não era hora do casamento. Eu não aguentava mais
andar de um lado para o outro.
- Tony, querido... – ouvi a voz da minha mãe me fazendo parar e
olhar para ela – Por favor, estou ficando tonta de tanto te ver andar de um
lado para o outro.
- Diana está demorando. – falei respirando pesadamente e enfiando
as mãos nos bolsos da calça.
- Noivas tendem a se atrasar, é a tradição. Só se passaram cinco
minutos. – respondeu ajeitando Louis em seu colo, meu filho estava de
smoking e parecia realmente uma miniatura minha.
- Não vejo a hora de vê-la. Até lá ficarei nervoso.
- Sabe, filho, eu fiquei tenso dessa mesma forma quando me casei
com sua mãe. – meu pai colocou a mão sobre meu ombro.
Assenti e não disse mais nada. Olhar meus pais, depois de tantos
anos e ainda apaixonados, me fazia querer que o mesmo acontecesse com
Diana e eu. Queria poder comemorar bodas com ela, ano após ano e fazê-la a
mulher mais feliz do mundo. Minha mãe se afastou deixando Louis em um
carrinho onde Ruth estava sentada e puxou meu pai para que ambos
tomassem seus lugares. Respirei fundo e não consegui evitar olhar novamente
para o relógio. Dessa vez, fora Taylor quem surgiu ao meu lado.
- Vejam só, Anthony Walsh nervoso com um casamento. – seu
sorriso deixava claro o quanto ele estava se divertindo.
- Pode zombar de mim o quanto quiser, mas um dia vai ser a minha
vez de rir quando você estiver na mesma situação.
- Sou um cara controlado, meu amigo.
- Eu também era e veja meu estado agora.
Taylor apenas riu e se afastou quando a cerimonialista o chamou.
Agora eu estava sozinho e com o coração prestes a sair pela boca. Por que eu
estava tão nervoso? Diana e eu já vivíamos como um casal há tempo, mas
ainda assim eu sentia minhas mãos suarem com a expectativa da nossa união.
Eu era um cara extremamente sortudo.
- Sr. Walsh, pode se posicionar. – a voz da cerimonialista chamou
minha atenção – A noiva chegou.
Soltei todo o ar dos meus pulmões me sentindo mais leve. Diana
estava pronta para ser irrevogavelmente minha mulher. A marcha nupcial
começou a tocar alguns minutos depois e meus olhos imediatamente se
direcionaram para o final do corredor. Meu coração batia acelerado e
finalmente quando eu a vi, o mundo pareceu parar de girar. Por mais que eu
tivesse ouvido comentários da minha mãe sobre a beleza de Diana, nada teria
me preparado para aquilo. Ela estava magnífica! Mesmo ao longe, podia
notar em seu olhar o brilho alegre e emocionado. Os ombros nus exibiam a
pele macia por conta do vestido sem alças, os seios bem valorizados assim
como o colo adornado com um lindo colar, os cabelos caindo com cachos por
sobre os ombros e o vestido que combinava perfeitamente com ela. Eu já
sabia o quanto minha mulher era linda, até mesmo sem maquiagem, com o
rosto amassado de sono, ela continuava sendo perfeita e vestida de noiva, ela
tinha superado qualquer beleza que existisse.
O caminho de Diana pelo corredor até me alcançar pareceu
demorar uma eternidade. Ao seu lado, Fernando a conduzia e eu não podia
negar que gostaria de saber o que se passava pela cabeça do meu sogro.
Quando os dois chegaram até mim, pude vê-lo dar um beijo na testa da filha e
em seguida me entregá-la. Fiz um leve aceno com a cabeça e segurei a mão
pequena da minha mulher. Olhei em seus olhos tentando transmitir com o
olhar todo o sentimento que nenhum vocabulário seria capaz de expressar.
Beijei os nós dos dedos dela e pude ver um sorriso curvar seus lábios
molhados pelo gloss.
Nós nos viramos para o padre que iniciou a cerimônia. Para ser
sincero eu não estava prestando muita atenção em suas palavras, minha
mente era um turbilhão de emoções e flashes passavam pela minha cabeça de
tudo o que acontecera em nossas vidas. A brisa suave de verão trazia até mim
o perfume de Diana me fazendo desejá-la com uma força impressionante.
Tentei concentrar minha atenção nas palavras do padre que falava sobre
respeito e a união enquanto ele falava sobre a liturgia escolhida por nós.
Chegara o momento de falar diretamente conosco e eu endireitei a postura.
- Anthony Franklin Walsh, é de livre e espontânea vontade que
você aceita Diana Victoria Stewart como sua esposa para amá-la e respeitá-la,
na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
- Sim. – minha voz saiu firme e decidida porque era o “sim” mais
sincero que eu já tinha dito.
- Diana Victoria Stewart, é de livre e espontânea vontade que você
aceita Anthony Franklin Walsh como seu esposo para amá-lo e respeitá-lo, na
saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
- Sim. – ela respondeu e só nesse momento que soltei o ar que
percebi estar prendendo a respiração.
- As alianças, por favor.
Chegara o momento final da celebração. A filha de Lucia trouxe as
alianças e eu peguei a de Diana e ela pegou a minha. Ambos viramos de
frente para o outro e nossos olhares se encontraram.
- Anthony, repita comigo. – a voz do padre chamou minha atenção
– Eu, Anthony, recebo você Diana...
- Eu, Anthony, recebo você Diana... – repeti aquelas palavras sem
tirar os olhos da minha mulher.
- ... e prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te...
- ... e prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te... – fui colocando a
aliança em seu dedo sem desviar meu olhar.
- ... na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todo os dias da
minha vida.
- ... na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todo os dias da
minha vida. – terminei a frase sentindo meu coração pulsar com força.
O padre fez o mesmo com Diana e ela deslizou a aliança de ouro
branco que nós escolhemos para que fosse o símbolo concreto da nossa
união. Nossos nomes foram gravados na parte de dentro e a aliança dela
ainda contava com uma pequena pedrinha de diamantes na parte superior.
- O que Deus uniu, o homem não separa. – o padre terminou – Pode
beijar a noiva.
Finalmente as palavras que eu tanto quis ouvir desde que vi Diana.
Tivemos que dormir em quartos separados e desde que acordara essa era a
primeira vez que eu a via. Estava morrendo de vontade de beijá-la até perder
o fôlego. Levei minha mão até seu pescoço e dei um passo a frente. Eu
precisava me controlar ao máximo porque estávamos na frente de dezenas de
convidados, então rocei meus lábios nos dela suavemente sentindo suas mãos
deslizarem pelos meus braços por cima do paletó.
Quando tomei seus lábios em um beijo calmo, o mundo pareceu
sumir e sobraram apenas nós dois. Nossas línguas se encontraram e eu senti
aquele gosto tão familiar e do qual eu já estava completamente viciado. Meu
braço livre rodeou a sua cintura e a trouxe para mais perto. Pude ouvir as
comemorações ao fundo das pessoas que nos observavam, mas nada podia
me impedir de continuar beijando minha esposa, agora perante Deus. Diana
sorriu com os lábios grudados os meus e se afastou com as bochechas coradas
e os olhos brilhando. Se ela não tivesse me parado, eu continuaria ali,
beijando-a como se o mundo fosse acabar amanhã.
Atravessamos o corredor de braços dados com todos nos jogando
pétalas de rosas brancas, mas eu não conseguia focar no rosto de ninguém,
tudo o que eu pensava era o quanto eu era sortudo de ter Diana comigo. A
festa também seria no vinhedo. O buffet, o bar e a música já tinham
começado, mas eu queria mesmo era meu momento com minha esposa.
Diana rodeou meu pescoço com os braços e sorriu para mim.
- Estou tão feliz! – senti o beijo no meu queixo.
- Você está radiante, querida. Eu amo você. – dei-lhe um selinho
demorado.
- Precisamos receber os cumprimentos das pessoas, amor.
Foram uma sequência de apertos de mão e “parabéns” que eu já
estava agradecendo o automático. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Elisa, seu
namorado, Fernando, Agnes, e todos os outros convidados. Taylor me deu
tapinhas calorosos nas costas, Rachel me encheu de beijos na bochecha e foi
quase impossível me desvencilhar dos braços amorosos da minha mãe.
Quando finalmente todos os convidados se afastaram de nós, eu respirei
aliviado. Ruth se aproximou empurrando a carrinho duplo com Kevin e Louis
e um sorriso brotou nos meus lábios.
- Ah, eles estão lindos! – Diana exclamou ao meu lado – Não estão,
amor? – olhou rapidamente para mim antes de pegar Kevin no colo.
- Desde pequenos já estão se vestindo como um Walsh. – comentei
pegando Louis e o colocando no meu colo.
Os meninos estavam com oito meses e pelo que pareciam, não iam
demorar muito para começarem a andar. Louis apoiou a cabecinha no meu
ombro fazendo alguns barulhos com a boca.
- Foi uma cerimônia linda, Sr. e Sra. Walsh. – Ruth nos
parabenizou.
- Obrigada. – Diana respondeu – Por sorte os meninos não
choraram.
- Acho que eles também estavam hipnotizados com a celebração.
- Ruth, vá se sentar. Ficaremos com os meninos. Aproveite a festa.
– eu disse.
Ela agradeceu e nos deixou sozinhos. Diana foi até a mesa
reservada para nós e se sentou. Acomodei-me ao seu lado e quando o jantar
foi servido, minha mãe e Rachel ficaram com as crianças para que nós
pudéssemos comer. A festa estava animada, muitas pessoas dançavam e eu só
queria ficar ao lado da minha mulher.
- Diana. – a voz de Lucia chamou nossa atenção.
- Lucia! – exclamou e levantou-se dando um abraço nela – Sua
filha estava a daminha mais linda do mundo.
- Foi uma alegria que você a tivesse escolhido. Foi uma cerimônia
lindíssima, eu sou uma manteiga derretida e chorei demais.
- Eu precisei me segurar, senão ia me debulhar em lágrimas.
Fiquei vendo a interação entre as duas e o sorriso de Diana deixava
claro o quanto ela estava feliz. Conforme as horas foram passando, eu
desejava ardentemente ir para o hotel e despir minha linda esposa daquele
vestido. Enquanto eu esperava pacientemente, ela jogara o buquê, que fora
parar nas mãos ávidas de Elisa e ao pôr do sol, nós dançamos a valsa dos
noivos. Cada um daqueles movimentos, com o corpo de Diana próximo ao
meu, fazia com que eu desejava ainda mais fervorosamente por nosso
momento a sós. Eu precisava dela com a mesma necessidade que precisava
respirar. Quando finalmente tiramos todas as fotos e cumprimos nossas
obrigações, eu a puxei para o canto e a abracei.
- Vamos para o hotel agora. – sussurrei em seu ouvido – Já não
aguento mais, querida.
- Gregory já está nos esperando. – ela respondeu passando as unhas
em minha nuca fazendo eu me arrepiar por completo.
Os gêmeos ficariam com minha mãe então eu não precisava me
preocupar, pelo menos pelas próximas horas, onde eu passaria,
preferencialmente, na cama com minha mulher. Nós dois praticamente
corremos em direção à limusine e eu precisei ajudar Diana a entra e ajeitar a
saia do vestido. Alguns convidados notaram nossa fuga e fizeram festa se
despedindo com acenos e gritos. Quando Gregory deu partida, eu puxei
Diana para meu colo. A janelinha que dividia a parte traseira do motorista
estava fechada e eu tinha total liberdade com minha esposa aqui atrás.
- Que bom que conseguimos fugir. – comecei a beijar a curva do
seu pescoço – Estou morrendo de saudades de você.
- Eu também. – sua mão delicada roçou em minha barba aparada –
Perdi o costume de dormir sozinha, a cama fica enorme sem você, amor.
- Foi difícil pegar no sono sem o seu corpo agarrado ao meu. –
olhei em seus olhos – Quem foi que inventou essa tradição ridícula de que os
noivos não podem dormir juntos na véspera do casamento?
- Não sei, mas faz parte e tínhamos que cumpri-la.
Eu a beijei com vontade e deslizei minha mão sobre seu seio por
cima do vestido. Diana gemeu na minha boca quando eu o apertei. Sentia o
tesão crescer junto com meu membro dentro da cueca e quando finalmente a
limusine parou no hotel, nós praticamente pulamos para fora do veículo.
Peguei o cartão da nossa suíte e subimos até o quarto onde passamos nossa
primeira lua de mel. Queríamos novas lembranças e fora Diana quem me
pedira para reservar a mesma suíte. Abri a porta e antes que ela pudesse
entrar, eu a peguei no colo sentindo seus braços rodearem meu pescoço.
- Temos que manter a tradição, Sra. Walsh.
Entrei com Diana em meus braços e empurrei a porta com o pé
ouvindo o clique da trava. Levei-a até a cama e deixei minha esposa sentada
sobre o colchão. Meu membro já latejava pela expectativa, mas antes que eu
pudesse reagir, Diana espalmou as mãos no meu peitoral e me afastou,
pulando da cama e se afastando de mim.
- Ei, meu amor, o que houve?
- Preciso tirar esse vestido e colocar algo mais apropriado. – seu
sorriso lateral me dizia que ela tinha planos bem interessantes que eu não
seria capaz de estragar.
- Fique à vontade. – respondi e ela correu para o banheiro.
Deixei o cartão sobre o criado mudo e tirei meu paletó, o colete e a
gravata. Abri alguns botões da camisa e tirei os sapatos e as meias. O volume
em minha calça ainda era perceptível e eu sabia que só depois de ter Diana
em meus braços que meu corpo se acalmaria. Não sei quantos minutos se
passaram, mas para mim pareceu uma eternidade até que ouvi o clique da
porta do banheiro. Quando Diana saiu, meu coração parou de bater por um
breve segundo e fiquei totalmente sem palavras. Algum dia eu ia parar de ser
afetado dessa forma por ela? Meus olhos percorreram seu corpo de cima a
baixo.
Ela usava uma lingerie branca composta por um corpete que
sustentava de maneira magnífica os seus seios perfeitos, o busto era todo
rendado e havia um laço entre eles. A barra era toda feita em renda e
combinando com a calcinha pequena. Meu membro latejava com a visão das
meias finas e da cinta-liga. Diana estava com um sapato alto branco e por
cima, completando aquela obra-prima, ela usava uma espécie robe
transparente, como uma renda suave que balançava enquanto ela vinha
caminhando em minha direção. Soltei o ar devagar quando suas mãos
pousaram em meu peitoral.
- Posso interpretar esse seu silêncio por estar satisfeito com o que
viu? – a voz melodiosa preencheu meus ouvidos.
- Satisfeito e cheio de tesão. – pousei minhas mãos na curva suave
dos seus quadris.
- Você fez um belo trabalho com esse quarto.
Diana olhou em volta e só agora eu tinha me tocado da decoração
que eu mandei preparar. Havia pétalas de rosas, velas aromáticas, champanhe
e os morangos com chocolate que ela adorava comer. Meu olhar se fixou
novamente em minha esposa, mais especificamente em seus seios que subiam
e desciam devagar de acordo com sua respiração. Subi minha mão para sua
nuca e a puxei tomando seus lábios em um beijo cheio de saudade e desejo.
Diana gemeu em minha boca e eu a apertei contra meu corpo sentindo seus
seios fartos serem espremidos pelo meu peitoral. Minha língua buscou a dela
em uma dança erótica enquanto seus dedos tentavam abrir os botões da
minha camisa. Mordi seu lábio inferior devagar e soltei-o buscando seu
pescoço para explorar e saborear aquela pele macia e cheirosa. Diana jogou a
cabeça para trás e deixou seu pescoço completamente libre para mim. Passei
a língua provocando-a, excitando-a e explorando cada pedacinho perfeito da
minha mulher.
- Você é linda... – sussurrei buscando novamente seus lábios.
Nos beijamos com vontade e eu deslizei o robe por seus ombros
delicados deixando que o tecido fino se enroscasse em torno dos seus pés.
Diana terminou de abrir minha camisa e eu joguei os braços para trás para
que ela me desnudasse. Apertei seu corpo contra o meu e o beijo ficou mais
selvagem. Nossas línguas se enroscavam uma na outra e minhas mãos
percorreram seu corpo. Procurei o zíper daquele corpete e comecei a baixá-lo.
Quando a peça íntima se desprendeu do corpo de Diana, seus seios se
grudaram aos meus, quentes e macios. Eu adorava essa sensação de tê-la
assim.
Segurei sua cintura e a peguei no colo sentindo as pernas dela se
enroscarem em minha cintura. Deitei Diana na cama e apoiei meus braços no
colchão ao lado do seu corpo. Estávamos ofegantes e afastei minha boca da
sua vendo seus olhos turvos pelo desejo. Eu a queria, minha vontade era de
rasgar sua calcinha e penetrá-la com força até desabar sem forças sobre seu
corpo, mas eu tinha de venerá-la, levá-la ao limite e lhe dar prazer antes de
finalmente me entregar. Desci os meus lábios pelo seu colo, alcançando a
curva dos seios e passando a língua sobre um dos mamilos intumescidos.
Diana arqueou o corpo, completamente sensível e eu mordi levemente um
mamilo para provocá-la. Seus dedos agarraram meus cabelos e eu continuei
deslizando minha língua de um seio para o outro. Desci o corpo criando uma
trilha de beijos em sua barriga lisa enquanto minhas mãos lhe agarravam os
seios. Passei os polegares em seus mamilos e passei a língua contornando o
elástico da sua calcinha pequena. Desci as mãos e soltei as ligas, segurei a
calcinha de cada lado, puxando para baixo e deixando-a completamente nua,
a não ser pelos sapatos e as meias.
Observei minha esposa deitada na cama e totalmente pronta para
mim. Minha boca foi de encontro à sua intimidade molhada e eu quase gemi
de satisfação, agarrando seus quadris e a trazendo cada vez para mais perto.
Minha língua deslizou pela abertura, pelo seu clitóris e Diana gemia se
agarrando aos lençóis. Levantei meu olhar sem afastar a boca apenas para me
dar o prazer de vê-la dominada pelo desejo e sua expressão no momento em
que chegou ao clímax se derramando em minha língua. Devagar, eu a
saboreei tendo a certeza de que ela era especialmente deliciosa. Sua
respiração agitava fazia com que seus seios subissem e descessem
rapidamente e eu sorri de canto. Diana era maravilhosa e eu queria passar a
noite inteira grudado ao seu corpo curvilíneo.
- Eu amo você. – minha voz saiu rouca, carregada de desejo.
- Eu também amo você. – seus olhos baixaram para o volume em
minha calça – Preciso de você, Anthony. Dentro de mim.
Aquele pedido era impossível de ser negado porque eu já estava
mais do que pronto para possuí-la. Livrei-me da calça e da cueca em uma
pressa alucinante. Deitei sobre seu corpo e me ajeitei entre suas pernas,
fazendo meu membro penetrá-la centímetro a centímetro lentamente. Eu
soltei um gemido e ela se agarrou às minhas costas cravando as unhas sobre
meus músculos no momento em que comecei a me movimentar. Meu quadril
aumentou a velocidade das estocadas e meus lábios buscaram os dela calando
um gemido. Todo meu corpo parecia queimar, meu membro deslizava
apertado dentro da minha esposa e ela estava com as pernas em volta da
minha cintura enquanto seu corpo arqueava debaixo do meu e os seios se
apertavam contra meu tórax.
Meu corpo começou a suar, as unhas de Diana cravavam com força
em minhas costas e a dor se transformava em prazer diante daquela reação.
Soltei um gemido alto afastando meus lábios dos dela, meu pau inchou ainda
mais e eu estava à beira daquele abismo que eu tanto buscava. Diana se
contorceu e estremeceu, explodindo e se desmanchando em volta de mim. Eu
continuei com meus movimentos, até que o calor se acumulou e aquela
redemoinho de sensações explodiu, me fazendo gozar e me derramar dentro
dela, como acontecia quase todas as noites. Meu corpo caiu e eu afundei meu
rosto na curva do seu pescoço. Nossas respirações agitadas eram o único som
que podia ser ouvido no quarto. Eu estava sem forças, mas precisei sair de
cima de Diana antes de esmagá-la com meu corpo pesado. Quando rolei para
o lado, eu a puxei para mim e seu rosto se acomodou no meu peitoral.
- Eu te amo tanto, Anthony. – ouvi seu sussurro enquanto ela se
aninhava ao meu lado como uma gatinha.
- Eu também te amo, meu amor. Demais. – completei.
- Obrigada por me fazer a mulher mais feliz do mundo. – levantou
a cabeça e apoiou o queixo no meu peitoral – Minha boca está seca.
- Precisamos abrir o champanhe. – fui me sentando e levando
Diana junto comigo, lhe roubando um selinho calmo – Temos uma longa
noite pela frente.
Servi o espumante sem álcool para nós dois e lhe entreguei uma
taça, ela tomou um gole e sorriu para mim. Sentei-me ao seu lado e a envolvi
pela cintura lhe dando um beijo na têmpora.
- Queria poder passar toda a lua de mel trancado aqui nesse quarto,
de preferência sem nenhuma roupa.
- Hmm, isso seria muito tentador... – virou o rosto para me olhar e
sorriu – Porém amanhã teremos dois garotinhos agitados aqui conosco.
- É verdade. – tomei um gole do espumante.
- Por isso, Sr. Walsh, acho que deveríamos aproveitar nosso tempo
livre. – Diana tirou a taça da minha mão e colocou as duas sobre o criado
mudo ao lado da cama.
- Tem toda razão, Sra. Walsh.
Ela me empurrou fazendo com que eu deitasse na cama e se livrou
dos sapatos. Diana colocou um dos pés sobre o colchão e foi se livrando das
meias me observando com aqueles lindos olhos cheios de desejo. Ela
deslizou por ambas as pernas e jogou as meias para longe. Subiu em meu
corpo e me olhou. Seus seios chamaram minha atenção e eu quis tocá-los,
mas ela me impediu segurando minhas mãos que já avançavam.
- Nada disso, meu amor. – jogou os cabelos de lado – Você não vai
tocar em mim, somente quando eu deixar.
Lá estava uma Diana dominadora e absurdamente sexy e
desinibida. Deus tinha caprichado na esposa que me enviara. Eu sempre
suspeitei de que ela tinha aparecido naquela festa há dois anos com um
simples propósito: virar meu mundo de cabeça para baixo e ser a eterna Sra.
Walsh. Nessa noite, Diana tinha me seduzido e me levado ao limite. Usara os
morangos para me provocar, os chupava, lambia e depois fazia o mesmo com
meu membro latejante. Passamos horas enroscados, fazendo amor como se
nunca fôssemos capazes de nos saciar e quando pegamos no sono, estávamos
completamente exaustos.
Capítulo 57

Diana abriu os olhos sentindo-se um pouco sonolenta. O primeiro


impacto que teve foi ter se dado conta de que estava em um quarto estranho,
mas no segundo seguinte se lembrou de onde estava. Florença, sua lua de
mel. Tentou girar o corpo na cama, mas um peso a impedia. Olhou para baixo
e viu um braço por sobre a sua barriga. Sorriu involuntariamente quando
imagens da noite anterior com seu marido vieram à sua mente. Podia sentir os
músculos do seu corpo doloridos, mas seria capaz de repetir tudo novamente.
Com cuidado, ela tentou se desvencilhar do braço forte e possessivo que lhe
prendia e levantou devagar parar não acordar Anthony. O relógio na
cabeceira da cama marcava 7h15 da manhã e Diana já se sentia pronta para
aproveitar cada minuto ao lado dele.
Foi ao banheiro, tomou banho, escovou os dentes e saiu coberta
com um roupão atoalhado do hotel. O marido continuava adormecido, de
bruços e com boa parte do corpo nu à mostra. Poucas foram as vezes que
Diana acordara antes dele durante o tempo em que passaram juntos, e mesmo
depois de retornar à mansão, Anthony ainda continuava acordando cedo. Se
deu ao luxo de ficar observando-o dormindo tranquilo e relaxado. Vê-lo
assim nem lembrava o CEO controlador e rígido que dominava o escritório
em Manhattan e administrava um império bilionário. Diana não resistiu e se
aproximou da cama devagar, subindo no colchão e inclinando-se para frente
por sobre o corpo quente e musculoso dele. Começou distribuindo beijos em
sua nuca e foi descendo devagar pelas costas largas. Anthony soltou um som
parecido com um gemido e ela não se deteve.

- Diana...

Ouvi-lo chamar seu nome mesmo sonolento era satisfatório. Diana


aproximou a boca do ouvido dele e sussurrou de um jeito suave.

- Bom dia, meu amor.

Pode vê-lo sorrir e levou as mãos até os ombros do marido


iniciando uma massagem. Pode senti-lo suspirar e curvou o corpo para
novamente lhe dar beijos na nuca.

- Querida, volte para a cama. – sua mão pousou sobre a coxa dela –
Vamos, de repente a gente possa continuar com as atividades.
- Parece uma proposta deliciosa, mas em poucos minutos teremos
dois garotinhos aqui. Portanto é melhor você se levantar.

Ela saiu de cima dele e sentou na cama. Anthony virou de costas,


ficando de barriga para cima. Diana não resistiu e admirou o corpo perfeito
nu, cada linha de músculos nos lugares certos. Aquela visão mexia com algo
dentro de si, que sabia exatamente o que era. Talvez nunca se acostumasse
em vê-lo assim.

- Acho que não podemos negligenciar nossos filhos, certo?


- E não podemos deixá-los só nas maõs de Ruth, coitada. – ela
completou.
- Falando nisso... – Anthony se ergueu e sentou na cama –
Precisamos conversar.
- Sobre o quê?
- Sobre os gêmeos e seu futuro. – saiu da cama passando os dedos
pelos cabelos bagunçados – Vou tomar um banho primeiro. Não demoro,
querida.

Ele a deixou sozinha e Diana ficou sentada na cama se remoendo


de curiosidade. O que ele pretendia conversar sobre o futuro? O que se
passava pela cabeça do marido? Anthony realmente não demorou, saiu do
banheiro também usando um roupão e com os cabelos molhados e
bagunçados. Diana apreciou a visão extremamente sexy. Ele estendeu a mão
para ela e quando a segurou, puxou-a de encontro ao seu corpo e capturou-lhe
os lábios de maneira possessiva. Ela estremeceu em seus braços e Anthony
invadiu sua boca com a língua exigente. Ele tinha gosto de menta e cheiro de
sabonete, limpo e delicioso. Diana quase perdeu o fôlego antes de finalmente
o marido se afastar.

- Agora sim, bom dia. – ele sorriu de canto – Vou pedir o café da
manhã e podemos comer na varanda.
Afastou-se e pegou o telefone do hotel fazendo o pedido em um
italiano impecável. Diana esperou até que ele terminasse para lhe fazer a
pergunta que queria.

- Podemos conversar agora?


- Claro. – ele se aproximou dela e a levou até a varanda onde a
brisa suave balançava seus cabelos – Você quer voltar ao curso de culinária,
certo?

Anthony se sentou em um sofá de vime e trouxe a esposa para seu


colo, usando uma das mãos para lhe acariciar as coxas e deixá-la arrepiada no
mesmo instante.

- Quero muito. – respondeu consciente do calor que se espalhava


por todo seu corpo.
- Então vamos precisar logo de uma babá. Ruth não pode dar conta
da cada e dos bebês sozinha quando você não estiver.
- Vai ser tão difícil me separar deles e deixá-los com outra pessoa.
- Sei que não vai ser fácil, mas não se preocupe. Vamos buscar uma
babá com as melhores indicações dos Estados Unidos. Não vou deixar nossos
filhos na mão de qualquer uma. – sua mão deslizou até o joelho da esposa -
Sei o quanto você quer concluir este curso e dar mais um passo na sua vida.
Quero ajudá-la a alcançar isso.
- Obrigada por ser tão compreensivo comigo, meu amor. – ela
alisou o rosto dele – Quem sabe não abro meu próprio bistrô? - seus olhos
brilharam sonhadores.
- Você poderá ter o que quiser, querida.

Ele lhe deu um beijo suave e Diana imediatamente retribuiu.


Adorava o sabor dela, a maneira com que sua boca se encaixava
perfeitamente à dele, a entraga com que a esposa o beijava, tudo isso o
deixava extasiado. Queria possuí-la mais uma vez, porém o café da manhã
estava prestes a chegar e seria doloroso demais parar o que estava fazendo.
Mordeu-lhe o lábio devagar antes de soltá-lo e se afastar.

- O que quer fazer hoje? – perguntou – Eu andei pensando em


levarmos Louis e Kevin para darem um passeio pela cidade.
- Acho uma ótima ideia. – Diana sorriu.
- A que horas minha mãe disse que viria com os meninos?
- Por volta das nove. O voo vai sair as onze.
- Então acho que temos um tempinho para tomar café da manhã
com calma antes de nos vermos envoltos em fraldas e brinquedinhos.
- Eles estão reclamando bastante, os dentinhos estão nascendo.
Sempre me agonia vê-los assim. – recostou-se ao marido e pousou a mão em
seu peitoral pela abertura do roupão.
- Não se preocupe, meu amor. Logo isso vai passar.

A campainha do quarto tocou e Anthony se levantou ajeitando o


roupão para ir atender à porta. Diana ficou na varada esperando que o marido
retornasse. Ele voltou empurrando o carrinho com todo o café da manhã.
Imediatamente ela o ajudou a colocar tudo sobre a mesa e sentiu seu
estômago roncar. O cheirinho do bolo lhe despertou ainda mais o apetite.
Anthony tinha pedido frutas, iogurte, panquecas, torradas, geleias e suco.
Diana não via a hora de comer tudo aquilo, afinal, tinha gastado bastante
energia durante a noite.

- O que achou? Precisa de mais alguma coisa? – ele perguntou


assim que terminaram de arrumar a mesa.
- Não, está tudo ótimo. Obrigada, meu amor. – agradeceu quando
ele puxou a cadeira para que ela se sentasse – Estou morrendo de fome.
- Então se alimente porque teremos um dia cheio pela frente.

Os dois começaram a comer e conversaram um pouco sobre o que


fariam pela cidade. Quando Anthony reservou o quarto para a lua-de-mel,
pediu para que fossem incluídos também dois berços para acomodar os
bebês. Naquela manhã, os funcionários do hotel iriam arrumar tudo enquanto
eles estivessem passeando pela cidade com os filhos.
Diana comia uma salada de frutas enquanto Anthony apreciava seu
café e passava geleia em uma das torradas. A brisa fresca da manhã batia nos
cabelos castanhos dela e capturavam a atenção dele. Uma mulher tão bonita
como quem ele tivera a sorte de se casar. Desde o dia em que a vira, Diana
havia mudado muito, mas não em beleza e sim em atitudes. Ela era uma
mulher muito mais decidida e forte e ele se sentia orgulhoso disso.

- Por que está me olhando desse jeito? – a pergunta dela fez com
que ele percebesse que estava bastante tempo observando-a calado.
- Hm... – ajeitou-se na cadeira e se inclinou para frente deixando a
torrada sobre o prato – Só estava vendo o quanto você mudou nesses últimos
tempos.
- Para melhor, eu espero. – deu um sorriso singelo.
- Sem dúvidas, meu amor.

Ainda sorrindo, Diana se levantou e deu a volta na mesa sentando-


se novamente no colo do marido. Anthony não fazia a menor objeção em
relação a isso. Não podia negar que adorava o quadril feminino que se
acomodava tão bem a ele. A mão grande procurou a nuca delicada e a trouxe
para um beijo apaixonado. Nunca, nem em um milhão de anos, seria capaz de
se cansar dessa mulher. Diana acariciava seus cabelos enquanto a língua
saboreava o gosto do marido. Ela o amava demais e os últimos seis meses
tinham sido intensos, cheios de paixão e os mais felizes da sua vida. Anthony
usou a mão livre para acariciar seu quadril e trazê-la para mais perto do
volume entre suas pernas. Diana arfou sabendo que não conseguiria se
controlar.

- Anthony... – chamou o nome dele em um sussurro baixo.

Ele sabia o que ela queria, conhecia sua esposa e todos os sinais de
quando estava excitada. Também estava da mesma forma, o membro inchado
já pulsando pela liberação. Ambos se olharam nos olhos e leram o que cada
um precisava. Diana se acomodou no colo dele, sentando-se de frente, cada
um dos joelhos na lateral do seu corpo. A cadeira era espaçosa, não tinha
braços e tinha se tornado excelente para ela se apoiar. Anthony usou as mãos
habilidosas para soltar o nó do roupão e revelar o corpo perfeito e feminino à
sua frente.
Ficou com água na boca vendo a barriga lisa, os seios fartos e a
intimidade dela pronta para recebê-lo. Nem mesmo precisava tocá-la para ter
ciência daquilo. Encheu as mãos com aqueles dois volumes perfeitos à sua
frente e Diana arqueou. Anthony usou os polegares para provocar-lhe os
mamilos e ela suspirou. Adorava ver cada uma das reações da esposa, o
quanto era capaz de lhe dar prazer com cada toque. As mãos dela procuraram
a abertura do seu roupão e deslizaram por sua pele passando as unhas e
deixando sua marca. Diana também era possessiva, sabia disso.
Sem conseguir esperar mais um segundo sequer, ele tirou as mãos
dos seios dela, soltou o nó do seu próprio roupão com uma agilidade
invejável e agarrou a cintura fina conduzindo-a. Diana se ergueu, encaixou-se
no membro rígido e deslizou para baixo, arrancando um gemido dos dois.
Anthony passou a língua pelo mamilo intumescido e circulou o mesmo
distribuindo beijos em seu seio. Levantou a cabeça e começou a movimentar
a esposa em seu colo. Diana agarrou-se aos ombros largos cravando as unhas
e seus movimentos ficaram mais rápidos. Encostou a boca na do marido e
ambos ficaram cada vez mais ofegantes enquanto ela subia e descia em seu
membro grosso. Adorava a maneira com que a intimidade dela o apertava,
como seu pau se acomodava perfeitamente dentro daquele calor, seu
abdômen se contraía pela antecipação do clímax. O prazer que sentia com
Diana era único, todos os sangue do seu corpo corria pelas veias rapidamente,
sua pele se ruborizava e as pernas pareciam fraquejar. Ele sabia que estava
perto de preenchê-la mais uma vez e apertou as nádegas redondas com força.
Diana movimentou-se mais algumas vezes e atingiu o orgasmo arqueando o
corpo e gemendo enquanto Anthony a afundava novamente e se deixava
liberar com o clímax explodindo de dentro para fora de seu corpo.
Ela se deixou abandonar sobre o colo dele, afundando o rosto na
curva do seu pescoço. Anthony a abraçou deslizando a mão por suas costas
por debaixo do roupão. Ambos estavam ofegantes e com os batimentos
cardíacos acelerados. Ele a beijou com carinho no ombro.

- É tão bom começar a manhã assim. – a voz doce preencheu seus


ouvidos.
- Sem dúvidas, querida. Não vejo a hora de termos nossa
menininha.
- Você acha que é bobeira minha querer esperar? – ela levantou a
cabeça e o olhou nos olhos.
- Não, de maneira nenhuma. – segurou o queixo da esposa
deslizando o polegar ali – Você precisa mesmo focar no seu curso, no seu
crescimento antes de termos mais um bebê. Teremos todo o tempo do mundo
para isso.
- Obrigada por me compreender, amor. – beijou-o apertando os
lábios contra os dele – Os meninos ainda são muito novinhos, quero que eles
estejam um pouquinho mais crescidos antes de termos um novo bebê em
casa.
- Pode deixar, não se preocupe, querida. – ele a pegou no colo
levantando-se da cadeira – Agora precisamos tomar um banho rápido antes
que os nossos garotinhos cheguem.

Anthony a carregou até o banheiro e ambos tomaram um banho


rápido. Ele precisou se segurar para não fazer amor com a esposa novamente
debaixo do chuveiro, mas os gêmeos logo chegariam e precisavam estar
arrumados porque tudo ficaria uma loucura. Diana colocou um vestido
florido que ia até um pouco acima dos joelhos e prendeu os cabelos em um
rabo de cavalo. Completou o visual com uma sapatilha preta. Anthony se
vestiu com calça jeans e uma camiseta branca e calçou um tênis. Ele
conseguia ficar lindo de qualquer jeito.

- Podemos almoçar em um dos restaurantes deliciosos que tem por


aí? – ela perguntou se aproximando dele e lhe abraçando pela cintura.
- Claro que sim. – beijou a testa da esposa.
- Sabe, eu acho que quero ter um restaurante de comida italiana.
- É uma ótima ideia. É uma culinária deliciosa.

A campainha do quarto tocou e Anthony se afastou dela para poder


atender a porta. Quando abriu, viu a mãe parada do outro lado com o carrinho
para gêmeos. Ela entrou empurrando-o e Diana logo se aproximou.

- Bom dia. – Alexandra sorriu.


- Bom dia. – Diana respondeu e se agachou na frente dos meninos –
Meu Deus, parece que faz uma eternidade desde que eu os vi. Nunca fiquei
longe deles por tanto tempo.
- É sempre difícil se separar dos filhos nas primeiras vezes.
- Obrigado por cuidar deles para nós, mãe. – Anthony se aproximou
delas enquanto Diana pegava um dos gêmeos no colo.
- Eles se comportaram? – ela perguntou acomodando Louis contra
seu peito.
- Sim, eles são ótimos. No início eles estranharam um pouco, mas
logo se acostumaram. Foram tão mimados. – Alexandra respondeu e Anthony
pegou Kevin que sacudia os braços e pernas impaciente – Deu saudades de
quando Anthony e Rachel eram bebês.
- Tenho certeza de que não fui um bebê fácil de lidar.
- Você sempre foi teimoso desde as fraldas. Um gênio forte. – ela
puxou o filho fazendo-o se inclinar e o beijou no rosto – Eu preciso voltar
para o quarto e terminar de arrumar as coisas. Preciso verificar se Victor
colocou tudo na mala, ele sempre esquece algo.
- Obrigada, Alexandra. – Diana a agradeceu – Sei que ficar com
dois bebês não é fácil.
- Não precisa me agradecer, Diana. É uma delícia ficar com esses
menininhos. – Alexandra também se despediu dela com um beijo no rosto –
Tenham uma ótima lua de mel, aproveitem o descanso.
- Agradeça ao meu pai por mim. – Anthony disse enquanto levava a
mãe até a porta – Sei que ele vai ter que aguentar algumas reuniões chatas no
meu lugar.
- Pode deixar. Tudo que queremos é que vocês se divirtam. Os dois
merecem.

Alexandra se despediu e Anthony foi até Diana que distribuíra


beijos nos filhos até conseguir matar a saudade deles. Ambos arrumaram a
bolsa dos meninos e pegaram tudo para finalmente saírem do hotel. Muitos
convidados já estavam indo embora, apenas Rachel, Taylor, Fernando e
Agnes ficaram por mais um dia na Itália antes de voltarem para casa. As ruas
de Florença eram tão diferentes das de Nova York. Era uma cidade histórica,
com muitas construções antigas e ruas estreitas. Cada pedacinho do lugar
carregava seus antepassados, com palácios, catedrais e muitas obras de arte.
Diana achava tudo aquilo fantástico. Anthony empurrava o carrinho dos
meninos enquanto ela ia com um braço por dentro do dele. Quem o
conhecera no passado jamais imaginaria que o bilionário Anthony Walsh
estaria caminhando pelas ruas empurrando um carrinho de bebê. Diana
adorava ver o quanto o marido tinha se permitido mudar.
Ela o convenceu a entrar na Catedral Duomo¹, tinha uma cúpula
gigantesca onde se podia ver na parte interna a pintura do Juízo Final, de
Vasari e Zuccari. Era uma obra perfeita que chamava a atenção. Diana ficou
totalmente impressionada.

- Esse lugar é lindo! – exclamou olhando para o teto.


- Acho que em um belo lugar é necessário um registro de uma
mulher linda. – Anthony colocou a mão no bolso e sacou seu smartphone –
Sorria, querida.

Ele capturou a imagem da esposa de supetão e ela lhe deu um


tapinha.

- Ei, tire uma foto decente!

Diana se posicionou e Anthony capturou uma imagem, seguida e


tantas outras. Ela fez questão de tirar uma foto com ele, uma selfie de um
beijo e deixou registrado para a posteridade que Anthony Walsh também era
um homem que tirava fotos românticas. Capturou imagens dos meninos
também para um dia, quando estivessem maiores, pudessem ver as fotos da
sua primeira viagem internacional. Da catedral, ambos foram até o Batistério²
e almoçaram em um restaurante chamado Osteria Dell’Olio. A comida
italiana era excelente e Diana teve certeza de que era esse tipo de culinária a
qual se dedicaria. Além disso, a Itália tinha um lugar especial em seu coração.
Foi o primeiro lugar onde fizera amor com o marido.
Depois de comerem, foram até a Piazza di Santa Maria Novella³,
uma praça onde muitas pessoas caminhavam, tiravam fotos e levavam as
crianças. O jardim era muito bem cuidado e a grama bastante verde. Anthony
puxou a esposa pela cintura e lhe deu um beijo no alto da cabeça. Os gêmeos
estavam adormecidos nos carrinhos logo após serem amamentados.

- Da última vez que vim a essa cidade, eu não tinha certeza se teria
você de volta. – ele comentou olhando-a nos olhos.
- Agora você pode ter novas lembranças, dessa vez bem felizes. –
passou um dos braços em torno do pescoço dele.
- Já começamos bem então... – sorriu aproximando-se do ouvido
dela – A noite de núpcias foi deliciosa e nosso café da manhã também.
- Acho que você vai gostar da lingerie especial que tenho para hoje
à noite. – passou as unhas na nuca de Anthony, provocando-o.
- Posso subornar minha irmã para ficar algumas horinhas com os
meninos.

Diana deu risada e ambos se beijaram no meio da praça, sem se


importar com quem estava ao redor, apenas queriam demonstrar o quanto se
amavam. Ele a soltou e ambos voltaram a empurrar os carrinhos ao redor do
jardim florido. Anthony observava os filhos adormecidos e sentia uma
felicidade tão grande que parecia querer explodir seu peito.

- Obrigado por todos os presentes que você me deu, querida. – ele


passou um dos braços por trás dela, segurando sua cintura.
- Eu também recebi vários presentes de você, Anthony. – o abraçou
pela cintura.
- Dois deles estão dormindo aqui. – olhou para os filhos se sentindo
um pai orgulhoso.
- É verdade. E um está aqui. – usou a mão livre para colocar sobre
o peito dele, onde batia o coração – Cheguei a acreditar que nunca o
receberia.
- Ele já era seu. – seus olhos encontraram os dela – Só fui muito
cabeça dura para assumir isso. Mas agora, querida, nem tente devolvê-lo.
- Eu jamais faria isso. – ficou na ponta dos pés e lhe deu um
beijinho no queixo – Vou guardá-lo para sempre.
Capítulo 58

ANTHONY

Eu estava sentado em uma das poltronas do quarto enquanto


observava minha esposa dormindo feito uma deusa sobre os lençóis
emaranhados. Como em várias outras noites, ela estava deitada
completamente nua e agora eu admirava cada uma de suas belas curvas. O sol
do início de verão entrava através das cortinas clareando ainda mais o
cômodo silencioso. Vestido com uma calça jeans de lavagem escura e uma
camiseta preta, ainda descalço, me levantei assim que percebi Diana se
remexer na cama. Ela parecia um anjo.
Fiquei de pé e coloquei os polegares nos bolsos dianteiros da calça
para observá-la abrir os olhos. Seu primeiro movimento foi passar a mão no
colchão vazio ao seu lado. Sorri porque sabia que era o momento em que ela
abriria aqueles lindos sonolentos. E foi exatamente o que aconteceu. Ao
perceber que eu já estava acordado, ela fechou a cara em uma tentativa de
parecer irritada, mas estava linda e eu precisei segurar o riso. Nunca tinha
sido um homem que costumava sorrir, mas desde que tinha começado um
relacionamento de verdade com Diana, eu passava os dias de bom humor.

- O que está fazendo aí de pé? E ainda por cima vestido? Volte para
a cama.

Ela se remexeu e virou de barriga para cima ronronando como uma


gatinha revelando ainda mais sua nudez que eu fiz questão de apreciar e
consequentemente senti meu pau começar a dar sinal e o sangue do meu
corpo correr para esse lugar abaixo da minha cintura.

- É uma oferta tentadora, querida. – respondi determinado – Mas


hoje temos algo importante para fazer.
- Mmmm... – sentou-se na cama devagar e passou a mão nos olhos
– Sabe que dia é hoje? – a pergunta me pegou de surpresa, mas eu sorri de
canto.
- Claro que sim. – aproximei-me da cama e sentei na beirada – Um
ano desde que nos casamos em Florença.
- Você lembrou!

Diana se jogou em meus braços e eu a envolvi sentindo seu corpo


quente e nu debaixo das palmas das minhas mãos. Beijei o alto da sua cabeça
sentindo o perfume dos seus cabelos, aquele que eu conhecia tão bem.

- Jamais me esqueceria.
- Por que você não toma banho comigo? – ela piscou aqueles cílios
longos com um olhar impossível de resistir – Podemos começar o dia
comemorando. – um sorriso sugestivo curvou seus lábios.

Eu nunca seria forte o suficiente para ser capaz de recusar um


pedido desses. Peguei minha esposa no colo e ela envolveu os braços em
volta do meu pescoço.

- Te amo. – sussurrou de maneira doce em meu ouvido.


- Eu também amo você. – respondi dando um beijo em sua têmpora
– Será que você está sonolenta demais para me despir? – perguntei a
colocando de pé dentro do banheiro.
- Pode ter certeza que não.

Diana deu um sorrisinho e suas mãos agora tão ágeis seguraram a


barra da minha camiseta, me fazendo levantar os braços para que esta
passasse pela minha cabeça. Sorri ao sentir as carícias por meu abdômen até o
cós da calça. Ela abriu o cinto, o botão e o zíper e abaixou seu corpo cheio de
curvas puxando o jeans até que este fosse um emaranhado em torno dos meus
cotovelos. Levantei as duas pernas e chutei a calça para longe. À essa altura,
meu pau já marcava minha cueca preta e eu percebi a língua da minha esposa
surgir entre os lábios, lambendo-os. Ela adorava me chupar e eu
simplesmente achava perfeito.
No segundo seguinte, Diana também puxou minha cueca libertando
meu membro já pulsante. Suspirei e empurrei aquela última peça de roupa
para longe deixando que minha esposa se deliciasse naquelas primeiras horas
da manhã. Ela ajoelhou e segurou meu membro colocando-o na boca de
maneira faminta e arrancando um gemido alto da minha garganta. Era
impressionante como ela já tinha feito isso incontáveis vezes e eu sempre era
surpreendido com uma sensação poderosa. Sua boca parecia veludo se
movendo em torno do meu pau pulsante e eu joguei a cabeça para trás
enquanto segurava seus cabelos. Isso era o paraíso, sem dúvida nenhuma!
Não existia sensação melhor do que o prazer que sentia com Diana. Se ela
continuasse assim eu iria gozar e precisava fazer isso dentro dela.

- Diana... – minha voz saiu rouca e eu precisei puxar seu cabelo


para que sua boca parasse de devorar meu pau – Vou explodir se me chupar
mais uma vez.
- Goze, Anthony... – seus olhos sonolentos tinham dado lugar a um
par de íris brilhantes de desejo.
- Sim, mas farei isso dentro de você, querida.

Eu a coloquei de pé e com um movimento rápido, a suspendi até


sentar seu traseiro lindo sobre o balcão da pia. Suas pernas envolveram minha
cintura e eu me enterrei dentro daquela calor molhado de uma só vez. Diana
jogou a cabeça para trás e seus braços rodearam meu pescoço.

- Isso é tão bom. – um sorriso escapou de seus lábios – Adoro te


sentir dentro de mim. Tão grande, tão perfeito.
- É o único lugar do mundo onde eu quero estar.

Meu quadril se movimentou e Diana soltou um gemido enquanto


eu arremetia repetidas vezes. Ela encobria meu pau de maneira magnífica, eu
me sentia deslizar e ser apertado na medida certa para que o prazer tomasse
conta do meu corpo cada vez mais rápido.
Epílogo

ANTHONY

O prédio alto onde eu trabalhava estava silencioso. O movimento


na rua lá embaixo não era suficiente para provocar um ruído onde estava
localizado meu escritório no sexagésimo sétimo andar. Recostei-me na
cadeira de couro girando-a para observar o céu naquela manhã. O sol brilhava
fazendo com que as grandes janelas da minha sala estivessem salpicadas com
luzes que pareciam pequenos diamantes. O verão Nova Iorquino era
sensacional.
Saí cedo de casa naquela manhã, desejando com todas as minhas
forças permanecer mais tempo na cama com Diana enrolada ao meu corpo.
Ela dormia como um anjo, a pele macia e quente e a mão sobre meu peito.
Todos os dias eu acordava para ir à empresa, mas ficava cerca de dez minutos
apenas observando-a. Eu me sentia o homem mais afortunado do mundo.
Girei o uísque dentro do copo e desfrutei de um longo gole. Eu me
sentia relaxado, completamente satisfeito com a minha vida. Nunca tinha me
imaginando nessa situação e era surpreendente com o quanto eu me sentia
feliz. A aliança brilhava no meu dedo esquerdo mostrava isso. Esse pequeno
anel dourado que viera carregado de promessas e votos de felicidade já estava
em meu dedo há quase três anos. Eu não tinha a menor intenção de tirá-lo.
Terminei de beber meu uísque e coloquei o copo sobre o descanso
para não manchar minha mesa. O telefone tocou espantando meus
pensamentos e ajeitei a gravata mais por um hábito do que por desalinho
antes de atender apertando um botão.

- Walsh.
- Sr. Walsh, a Sra. Walsh está aqui fora. Posso pedir para que
entre? – a voz de Gabriela ecoou no silêncio da minha sala.
- Claro.

Encerrei a ligação sentindo um prazer percorrer pelo meu corpo à


simples menção de Diana. O que ela estaria fazendo aqui? Não havia me dito
que viria e era estranho, pois não costumava aparecer na empresa porque
sempre tinha receio de incomodar, embora eu dissesse que sua presença
tornava o meu dia melhor. Olhei para o Rolex no meu pulso. Dez e meia da
manhã e eu já tinha certeza de que a semana estava começando do melhor
jeito.
A porta se abriu e antes que minha esposa pudesse entrar, vi dois
garotinhos correndo em minha direção.
- Papai!

Levantei-me ainda mais surpreso com a presença de Kevin e Louis.


Agachei ao lado da mesa e os recebi com um abraço, dando um beijo na
cabeça de cada um.

- Olá, campeões. Deixe eu olhar para vocês.

Os dois deram um passo para trás e eu avaliei sua roupa. Usavam


um terno cinza e camisa branca. Kevin estava com uma gravata verde e Louis
com uma gravata azul. Sorri diante da imagem. Agora com três anos, ambos
se pareciam ainda mais comigo. Suas bochechas estavam coradas e Kevin
segurava um iPad na mão, se isso indicasse alguma coisa, logo este estaria
com um Smartphone comandando uma empresa e enviando vários e-mails.

- Vieram conquistar alguns milhões? – baguncei os cabelos deles


sem conseguir tirar o sorriso do rosto.
- Mamãe disse que a gente ia fazer companhia pra você. – Louis
respondeu e eu olhei para ela.
- Acho que está na hora deles conhecerem um pouco o que você
faz, é o trabalho da escola no dia de hoje. – Diana disse ainda perto da porta
segurando sua bolsa.

Minha esposa estava deslumbrante naquele salto alto e eu sempre


perdia o fôlego ao vê-la mesmo depois daqueles anos. Usando um vestido
verde escuro de alças, seus seios chamavam a atenção pelo decote que os
realçava ainda mais. Diana era mesmo um deslumbre para os olhos e eu
sempre sentia o homem das cavernas dentro de mim querer gritar para todos
ouvirem que ela era minha.
Os meninos correram para o sofá no canto do escritório e se
sentaram lá para brincar no iPad. Praticamente de trás de Diana, surgiu uma
coisinha pequena de cabelos castanhos usando um vestido rosa e maria-
chiquinha nos cabelos. Meu coração quase explodia de felicidade toda vez
que olhava para meus filhos, os presentes perfeitos que minha esposa me
dera. Agachei apoiando um dos joelhos no chão e estendi os braços.

- Ei, meu amor. Vem cá com o papai.

Alicia sorriu e deu seus pequenos passinhos em minha direção. Ela


tinha completado um ano há duas semanas e cada dia que passava ficava mais
esperta. Seus pequenos bracinhos envolveram meu pescoço e eu senti o
aroma do seu perfume de bebê. Meus filhos e Diana eram meus maiores
tesouros e eu todos os dias fazia de tudo para protegê-los.

- Papá. – Alicia falou dando um beijo na minha bochecha, um gesto


que Diana ensinara a ela.
- Oi, minha princesinha. Papai está muito feliz que você veio visitá-
lo.

Fiquei de pé trazendo Alicia em meu colo e olhei para Diana. Ela


sorria para mim com aqueles lábios perfeitos. Seus olhos brilhavam de um
jeito tão puro que todos os dias me faziam agradecer a dádiva que eu recebera
ao tê-la em minha vida. Fui um péssimo marido no início do nosso casamento
e eu sabia que não era digno dela, mas o amor de Diana e seu perdão por tudo
que eu a tinha feito sofrer, me faziam ver que nunca era tarde para me tornar
o marido que ela merecia. Desde nossa reconciliação, eu era capaz de beijar o
chão em que minha esposa pisava. E esses anos de casamento serviam para
me fazer amá-la e desejá-la com ainda mais intensidade
Diana se aproximou de mim, tocando minha gravata cinza com a
ponta dos dedos. Seus lábios estavam cobertos com um batom vermelho que
sempre me fazia desejar ter sua boca em volta do meu pau.

- Gostou da surpresa? – perguntou me dando um beijo suave nos


lábios.
- Gosto de tudo relacionado a você, meu amor.

Passei meu braço livre em volta da sua cintura trazendo-a para mais
perto fazendo seus seios serem pressionados contra mim. Ela conseguia ficar
ainda mais linda conforme o tempo passada. Os olhos brilhantes por baixo
dos cílios longos, a pele suave que eu adorava acariciar e os lábios de
contornos perfeitos que me convidavam para beijá-los. Mesmo com todos os
inúmeros erros do passado, com minha negação a um sentimento que já não
podia mais ser controlado e me assustara bastante, lá estava ela com aquele
lindo brilho no olhar e um sorriso nos lábios que mostrava a todos o quanto
estava feliz. Minha esposa merecia todo esse amor que estava dentro do meu
coração.
Nada disso era encenação, mostrar às pessoas que éramos felizes já
não fazia mais parte dos negócios ou parte de um contrato que fora rasgado
com minhas próprias mãos logo depois que voltamos da nossa lua de mel.
Nós realmente nos amávamos e a alegria que envolvia o nosso casamento era
o reflexo desse sentimento. Tínhamos três filhos lindos que eram nossos
maiores tesouros.

- Como está, querida?


- Melhor agora. – seu sorriso se abriu ainda mais e ela tocou minha
gravata ajeitando-a novamente, um gesto que eu adorava.
- E vai ficar aqui comigo? – levei meu nariz até seu pescoço,
sentindo o cheiro delicioso do seu perfume – Não dou conta desses dois
sozinho. – olhei para Alicia em meu colo com a cabecinha apoiada no meu
ombro – Três.
- Ah, eu estava pensando em aproveitar que eles ficariam com você
para ir às compras. – ouvi sua risadinha quando mordi levemente o lóbulo da
sua orelha – Mas não se preocupe, Alicia vai comigo.
- Bem, se você me prometer comprar uma daquelas lingeries de
renda que eu adoro tirar com a boca, posso deixar você sair.
- Hm... – ela ronronou como uma gatinha – Meus planos eram ver
coisas para nossos filhos, amor.
- Tenho certeza que você pode reservar um tempo para ir até a
Victoria's Secret. Não me decepcione, querida.
- Safado! – ela me deu um tapinha de leve no peito.

Seu braço envolveu meu pescoço e nos beijamos devagar, nossas


línguas deslizando uma pela outra enquanto eu a saboreava sentindo o leve
gosto doce daquela boca perfeita. Senti uma mãozinha em minha bochecha e
dei risada entre o beijo. Quando me afastei, sorri olhando para Diana.
- Amo você. – sussurrei.
- Eu também amo você. E parece que nossa garotinha também. –
sua mão deslizou pelo meu rosto olhando para Alicia antes de desviar o olhar
para mim novamente – Eu prometo não demorar. Só dar uma olhadinha,
volto para almoçarmos juntos.
- Vou contar os minutos.
- Para me ver ou para ter ajuda controlando os meninos? – seu
sorriso mostrava o quanto estava se divertindo.
- Os dois. – sorri de volta pegando sua mão e lhe dando um beijo na
palma.
- À noite quero dar uma passadinha no restaurante. – ela disse
alisando meu peito, provavelmente sentindo o quanto meu coração batia com
força.
- Eu vou te levar até lá, e aí jantamos juntos. – sugeri segurando seu
queixo e alisando-o com o polegar.
- Ótima ideia. – ficou na ponta do pé e me deu um selinho.

Enquanto Diana se despedia dos gêmeos e pedia para que se


comportassem, fiz mais um agradecimento silencioso pelo grande presente
que tinha recebido. Uma esposa linda e dedicada e três filhos maravilhosos.
Uma mulher que sofrera por minha causa mais de uma vez e ainda sim não
desistira de nós e todos os dias eu provava à ela que jamais precisaria se
arrepender de ter me dado uma segunda chance. Desde que começara as aulas
de culinária, ela se interessara ainda mais e decidi dar à minha esposa seu
próprio negócio. Na semana seguinte estava comigo na empresa tentando
aprender sobre gestão, além de fazer um curso intensivo. Por mais que
amasse minha mulher, eu era um homem de negócios e sabia que poderia
estar correndo um risco, afinal, saber administrar não era fácil. Porém Diana
me surpreendeu e me deixou muito orgulhoso. Ela parecia ter nascido para
aquilo, tinha uma excelente visão e ótimas ideias, além de ser muito criativa.
Minha esposa mostrou que os negócios estavam em seu DNA.
Ela pegou Alicia do meu colo e ambas saíram da minha sala após
Diana me jogar um beijinho no ar, que foi retribuído por mim com uma
piscadela.

- É, eu sou mesmo um grande sortudo. – sussurrei para mim


mesmo.
Por um breve momento, fechei os olhos, pequenos segundos que
me recordei do exato momento em que a vi pela primeira vez. Pouco mais de
quatro anos atrás em uma festa na casa de Ursula Kingston. Aquele vestido
roxo sem alças, o sorriso e o quanto fiquei impactado por sua beleza. Eu a
queria, naquele exato momento eu queria torná-la minha esposa, mas nunca
imaginei que ficaria completamente apaixonado. Ainda bem que eu a tinha
encontrado!
O barulho chamou minha atenção me trazendo de volta para
realidade. Na verdade não era um barulho qualquer, era um grito. Meus
filhos. Quando desviei o olhar para os meninos, Louis estava puxando o iPad
de Kevin, que se esforçava em puxar de volta.

- LARGA! É MEU! – Kevin gritou para o irmão.


- ME DÁ! E MINHA VEZ! – Louis rebateu tentando puxar mais
forte.

Caos. Os gêmeos tinham o poder de transformar tudo em um


absoluto caos em questão de segundos. Será que tinham se passado mesmo
poucos segundos desde que eu começara a divagar sobre o momento em que
vi minha esposa pela primeira vez? Pensar em Diana me fazia perder
totalmente a noção de tempo e espaço. Os gritos continuaram e me
impulsionaram a dar longos passos até alcançar meus filhos do outro lado do
escritório.

- Chega! Kevin! Louis! – agarrei um pela mão e o puxei para trás,


afastando-o do outro – Meu Deus, por que estão brigando por um iPad?
- Ele quis pegar o meu! – Kevin apontou para o irmão.
- Louis, onde está o seu? – perguntei tentando manter a calma.
- Eu não trouxe. – respondeu cruzando os braços e bufando.
- Kevin, por que não empresta para ele? Você sabe que precisa
dividir. – ressaltei levantando uma das sobrancelhas.
- Mas é meu! – insistiu pressionando o iPad no peito.

Meu Deus! Kevin era minha cópia perfeita. Egoísta e possesivo. No


momento eu me considerava assim em relação à Diana, mas meu filho ainda
era uma criança e enquanto não tinha uma mulher, seu instinto possessivo se
direcionava a outras coisas. Bem, quando eu tinha a idade dele não existiam
iPads, mas eu era bem egoísta com meus Legos.
- Certo, veja o que vamos fazer. – agachei no meio dos dois e olhei
de um para o outro. – Vocês vão dividir o iPad porque são irmãos e devem
compartilhar as coisas. Entenderam? – eles demoraram, mas acabaram
assentindo – Ótimo. Kevin, empreste o iPad para Louis, ele pode jogar um
pouco também. Quem perder empresta para o outro jogar. Sem brigas, sem
reclamações. O papai precisa trabalhar e para isso acontecer ele precisa de
silêncio.

Eles foram novamente para o sofá da sala de convivência e


pareceram se acalmar. Eu não era um mal pai, mas admitia que cuidar de dois
garotos de três anos não era uma tarefa muito fácil. Diana era incrível com os
meninos, sabia lidar com eles de maneira excepcional. Ela lidou bem comigo
no nosso primeiro ano de casamento, e eu sabia reconhecer que não foi nem
um pouco fácil. Agora eu estava aqui, totalmente apaixonado e capaz de virar
o mundo de cabeça para baixo em favor da sua felicidade.
Foram meia hora de quase completo silêncio, um ou outro
resmungo dos gêmeos, mas tudo estava sobre controle. Quando eles
ameaçaram brigar de novo, fui obrigado a chantageá-los. Eu tentava ser firme
na maioria das vezes, mas sabia reconhecer quando eles me derrotavam.
Anthony Walsh sabia lidar com sócios de pulso firme, investidores
espertinhos, uma conta de centenas de milhões de dólares, mas dois
garotinhos eram demais para mim. Uma hora depois, eu tinha prometido a
eles que o almoço seria um McLanche Feliz. As crianças ficaram radiantes e
eu provavelmente seria enforcado pela minha própria esposa.
Depois de mais duas ligações e algumas tentativas de me
concentrar em uma tabela, eu havia desistido. Passei a mão nos cabelos e me
levantei. O meu movimento chamou a atenção dos meninos.

- Papai! Papai! – Louis me chamou e eu afrouxei a gravata olhando


para ele.
- O que foi, campeão?
- Quero comer o lanche.
- Eu também. – Kevin levantou a mão.

Assenti e tirei o telefone do gancho, ligando para Gabriela. Ela


atendeu logo no primeiro toque.

- Pois não, Sr. Walsh. – atendeu já ciente que era eu por conta do
identificador.
- Preciso que alguém vá buscar dois McLanche Feliz o mais rápido
possível.
- É claro.

Ela desligou e eu avisei aos garotos que logo chegariam os lanches.


Abri um dos botões da camisa e afrouxei a gravata me jogando novamente na
minha cadeira. Olhei para os gêmeos saboreando o momento. Por mais
agitados que fossem, por mais trabalho que tivesse para lidar com eles
sozinho, eu jamais trocaria isso por qualquer outra coisa. Minha vida era
perfeita, Deus tinha sido muito bom comigo, por mais que eu soubesse que
não merecia. Tudo que fiz a Diana no passado de vez em quando me assolava
como um arrependimento que apertava meu coração, foram diversas vezes
que eu conversei com ela sobre tudo isso e Diana me olhava com aqueles
lindos olhos cheios de amor e compreensão, dizendo que tudo ficara no
passado, que durante todos aqueles meses que se seguiram à nossa
reconciliação, eu havia me tornado o marido que ela sempre desejara. Todos
os dias eu abria os olhos e me perguntava o que poderia fazer para mostrar-
lhe meu amor incondicional.
Os lanches chegaram vinte minutos depois e os meninos se
sentaram em volta da mesinha de centro da sala de convivência para comer.
Dez minutos foram o suficiente para que suas camisas e o paletó ficassem
sujos de ketchup. Engoli em seco mais uma vez. Diana com certeza iria me
matar. E não demorou muito para que ela chegasse com Alicia e carregando
três sacolas, uma delas era vermelha e rosa e eu conhecia muito bem. Só
esperava poder ficar vivo tempo suficiente para vê-la naquela lingerie.

- Mamãe! – os meninos exclamaram ao mesmo tempo e se


levantaram para correr na direção dela.

Eu me adiantei para segurar as sacolas antes que ela se abaixasse e


beijasse o topo da cabeça de cada um.

- Olá, meus amores. – Diana os olhou e arqueou uma das


sobrancelhas – Que sujeira é essa?
- A gente tava comendo Lanche Feliz. – Kevin respondeu primeiro.
- O pai de vocês comprou hambúrguer para o almoço? – olhou para
mim estreitando os olhos enquanto eu deixava as sacolas em cima da mesa –
Voltem para lá, a mamãe precisa falar com o papai.

Eles se afastaram voltando para o sofá e eu coloquei as mãos nos


bolsos da calça e dei um dos meus sorrisos que sempre a fazia se derreter.

- Não vai funcionar, Walsh. – ela me chamou pelo sobrenome e eu


sorri ainda mais quando se aproximou segurando Alicia pela mãozinha.

Passei meus braços em volta da sua cintura e a trouxe para mais


perto, encostando o nariz no seu pescoço, inalando seu perfume.

- Vi que passou na Victoria's Secret. Não vejo a hora de descobrir o


que você comprou.
- Não tente me enrolar, Anthony Walsh. – repreendeu-me tentando
parecer séria – Você deu porcarias aos meninos na hora do almoço.
- Eles me chantagearam, você sabe que é difícil ser firme com os
garotos. – defendi-me – Podemos aproveitar que eles já almoçaram, e
podemos almoçar sozinhos. O que acha? – levantei o olhar para ela, cheio de
esperança.
- Você está se aproveitando da situação. – tocou meu rosto,
alisando-o suavemente.
- Tenho meus artifícios. – deslizei os lábios até os seus, beijando-a
suavemente – Gabriela pode ficar com as crianças, ela os distrai lá fora, nós
almoçamos aqui.
- Isso é tentador... – sussurrou com meus lábios roçando os seus.
- Podemos fazer amor ali no sofá... – sugeri com um sussurro
deslizando a mão pela lateral do seu corpo.
- Anthony... – seus olhos já estavam fechados, saboreando cada um
dos selinhos calmos que eu lhe dava.
- Anthony, sim? – perguntei.
- Oh, sim... Por favor.

Lá estava minha esposa perfeita e totalmente entregue. Eu a


adorava, beijava ao chão pelo qual pisava e chegara a hora de me deliciar
com seu corpo em alguns minutos a sós com ela. Chamei Gabriela, ela levou
os gêmeos, para se limparem, juntamente com Alicia para brincarem na
recepção, enquanto eu aproveitava aquele tempo para mostrar à minha esposa
o quanto eu a amava e era louco pelo seu corpo. Diana era minha eterna joia
que eu sempre cuidaria como meu bem mais precioso. O único contrato
girando em torno de nós era de nos amarmos incondicionalmente. E enquanto
eu vivesse, ela jamais teria dúvidas em relação aos meus sentimentos. Levei
Diana para o sofá e me perdi dentro dela, mais uma vez. Esse era o meu
lugar.

Bônus
DIANA

Um dos meus dias preferidos no ano era o meu aniversário.


Eu acordava com um beijo carinhoso do meu marido, recebia um delicioso
café da manhã na cama e aproveitava ao lado da minha família.
Hoje seria um pouquinho diferente. Era uma quinta-feira e Anthony
estava cheio de trabalho no escritório, pois tinha uma reunião importante com
um novo sócio para investir em uma nova rede de hotéis na América do Sul.
Há cinco anos, ele tinha decidido expandir seus negócios na América
Latina e escolheu uma rede de hotéis para tal. A editora ia muito bem, com a
gestão perfeita dele, mas meu marido gostava de se desafiar e por mais que
reclamasse, eu tinha certeza de que ele adorava as emoções e as dores de
cabeça que um novo negócio lhe dava.
Combinamos de que ele chegaria no final da tarde para jantarmos todos
juntos. Os gêmeos, Louis e Kevin, agora com dezessete anos, tinham ficado
responsáveis pela preparação de todo o banquete. Alicia, aos quinze, sempre
gostara de ir para o escritório do pai e hoje ela estava com Anthony. Nós
considerávamos uma espécie de estágio. Nossa caçula ajudava redigindo
alguns relatórios e ela adorava.
Eu não podia me opor. Se Alicia gostava tanto de estar na empresa, se
ele quisesse estudar Administração, eu só iria apoiá-la. Anthony se sentia
orgulhoso, já que Kevin e Louis não tinham a menor vocação e nem
inclinação para seguir carreira dentro de um escritório.
— Mãe, estou temperando o filé. – Kevin falou apoiado no mármore da
ilha.
— Claro, querido. Precisa de ajuda?
— Não! – respondeu efusivamente – É seu aniversário, deveria estar
relaxando e não sentada aqui conosco.
— Justamente, é meu aniversário e quero estar com minha família.
— Então relaxe e beba uma taça de vinho. – Louis falou chegando por
trás de mim e me dando um beijo no alto da cabeça – Kevin e eu damos conta
disso tudo.
— Ainda bem que Alicia não está aqui, ela não saberia nem colocar os
filés numa travessa.
— Não fale assim da sua irmã, querido. – falei para Kevin – Cada um
tem seu próprio talento. Além do mais, quando me casei com seu pai, eu não
sabia fritar um ovo.
— Parece até difícil de imaginar isso, mãe. – Louis falou separando
alguns ingredientes que usaria na salada – Sua comida é deliciosa.
— Obrigada, meu amor.
Era bom saber que eu tinha evoluído muito. Os cursos que fiz ao longo
dos anos, a confiança que Anthony teve em mim ao me dar meu primeiro
bistrô de presente, o aprendizado que tive em nossas viagens à França e
principalmente à Itália, me transformaram na cozinheira que sou hoje.
Mesmo tendo restaurantes em algumas cidades do país, todos bem
renomados e elogiados, eu não me sentia uma empresária. Nunca tive apreço
por tal. Eu tinha uma equipe de administradores que me ajudavam e o que eu
mais gostava de fazer era cozinhar.
Olhei para o relógio em meu pulso para saber quanto tempo ainda
tínhamos.
— O pai de vocês e Alicia devem chegar daqui há duas horas.
— Vai dar tempo. – Kevin respondeu – Os filés irão para o forno daqui
a pouco, Louis vai preparar a sobremesa agora.
— Farei aquele Tarte Tartin que você nos ensinou, lembra?
— Claro, querido.
Há alguns meses eu tinha separado uma tarde com os meninos e lhes
ensinado uma sobremesa tipicamente francesa que eles adoravam. Fizemos
uma bagunça na cozinha, como era as reuniões da família Walsh, mas no
final tudo deu certo. Agora Louis pegava seu celular e ia acompanhando o
passo a passo da receita.
Por isso eu adorava os meus aniversários.
Desde o primeiro que passei com Anthony, quando ele nem mesmo
sabia a data e não pudera preparar nada especial porque estávamos em
Chicago, ele decidira tornar todos os meus aniversários memoráveis. Em um
ano fizemos uma festa gigantesca, no outro demos um passeio de helicóptero
e jantamos no alto de um grande arranha céu, em outro nós estávamos na
Suíça, outro no Japão e o no ano passado, fomos aos Emirados Árabes. Esse
ano, por ele estar num momento atribulado na empresa e por ser quinta-feira,
decidimos que ficaríamos em família, mas que os gêmeos iriam preparar o
jantar e no fim de semana, meu marido e eu faríamos algo especial.
Eu adorava comemorações, mas ficar em casa com meus filhos e meu
marido, era a melhor coisa do mundo!
Meu celular tocou sobre a bancada e eu vi o nome de Elisa no visor.
— Oi, Eli. – atendi.
— Ah, Diana! Feliz aniversário, minha amiga! – ela exclamou do outro
lado – Queria tanto te dar um abraço hoje, mas tenho um ensaio da peça até
tarde, estreamos nesse fim de semana.
— Não se preocupe, eu entendo. Hoje ficarei em casa com os meninos
e com Anthony.
— Na próxima semana iremos marcar de almoçar juntas e eu te dou um
abraço.
— Está ótimo! Anthony e eu vamos estar ocupados neste fim de
semana da estreia da peça, mas no próximo estaremos na primeira fila, pode
ter certeza.
— É sempre um prazer recebê-los. Agora preciso desligar, o
compromisso me chama. Carly te ligou?
— Sim, hoje mais cedo.
— Que ótimo! Nos vemos em breve, minha amiga.
— Tchau, Eli.
Assim que desliguei, Louis se aproximou de mim.
— Como está a tia Elisa?
— Muito bem, animada com a estreia da peça.
— Faz tempo que não vamos ao teatro vê-la. – Kevin falou enquanto
limpava a pia – Quero assistir a nova peça.
— Vou chamar Jessica para ir comigo. – Louis falou enquanto jogava
os ingredientes em uma vasilha.
— Elisa vai adorar ter vocês lá, meninos.
Ficamos por mais dez minutos na cozinha. Eu apenas observava e me
sentia orgulhosa em ver que meus filhos eram capazes de se virarem sozinhos
e prepararem um jantar completo. Kevin começou a cortar alguns legumes
para a sopa que seria servida como prato de entrada.
Novamente o celular tocou e o nome na tela mostrava que era meu
marido.
— Oi, querido. – atendi da maneira carinhosa de sempre.
— Querida, sei que não era isso que você queria ouvir agora, mas não
vamos poder jantar juntos hoje.
Pude notar o tom de culpa na voz e não consegui disfarçar meu
desapontamento.
— Por quê?
— Surgiu um imprevisto aqui na empresa, os relatórios financeiros da
nova empresa não estão de acordo com o balanço total do ano passado. Tem
alguma divergência e eu preciso descobrir o que aconteceu antes da reunião
de amanhã.
— Ah, que pena, mas eu entendo. É seu trabalho.
— Falei com Alicia, Juan vai levá-la para casa para que ela fique com
você e com os meninos. Eu tentarei chegar o mais rápido possível.
— Tudo bem, Anthony. Nós vamos aguardar.
— Até mais, querida. E me desculpe novamente.
Ele desligou.
Não pude deixar de ficar desanimada. Depois daquele primeiro ano de
casamento, era a primeira vez que não comemoraríamos juntos o meu
aniversário de maneira especial. Talvez pudesse ser futilidade, mas para mim
isso era muito importante.
— O que houve, mãe? – Louis perguntou, provavelmente notando
minha expressão desanimada.
— Seu pai teve um probleminha na empresa, não poderá vir para casa
agora. Juan vai trazer Alicia.
O jeito seria esperar nosso motorista trazer minha filha para casa e
jantarmos nós quatro. Louis se aproximou de mim e me deu um abraço.
— Não se preocupe, mãe. Estamos aqui e tenho certeza que o meu pai
vai tentar chegar em casa assim que puder. Ele nunca perde nenhum dos seus
aniversários.
Quando foi que meus filhos tinham crescido tanto?
Os gêmeos, com dezessete anos estavam bem mais altos que eu e cada
vez mais parecidos fisicamente com o pai, ao passo que Alicia era mais
baixinha como eu. Kevin e Louis estavam perto de terminar o Ensino Médio,
o primeiro não queria usar faculdade, iria para uma escola de pilotos. Isso me
deixava extremamente nervosa, afinal, a profissão de piloto de avião era
perigosa. Porém, a vida era dos meus filhos e não minha, então restava a mim
apoiá-los.
Louis queria cursar artes visuais. Alicia já pensava em Administração.
Por mais que Anthony acreditasse que um dos meninos iria seguir a carreira
de administrador, nossa caçula que parecia imitar os seus passos. Meu marido
estava orgulhoso da filha, sem dúvidas.
— Mãe, não se preocupe. – Kevin falou terminando de colocar os
legumes cortados em uma panela – Nós estamos aqui e prometo que seu
aniversário será ótimo.
— Eu sei, meu amor. – sorri para ele – Vocês são os melhores filhos
que uma mãe poderia ter.
Os gêmeos continuaram em seus afazeres e algum tempo depois, Alicia
invadiu a cozinha. Ela estava usando uma calça preta, sapatilhas da mesma
cor e uma blusa de botões lilás. Seus cabelos escuros estavam soltos e sempre
que eu via minha filha voltando da empresa do pai, eu me assustava com o
quanto ela tinha crescido.
— Que bom que cheguei antes do jantar, mãe. – ela me abraçou – O
papai pediu desculpas e disse que chegará logo.
— Tudo bem, meu amor. Ficar com você e seus irmãos para mim já é
uma grande alegria.
— O que teremos para comer? – perguntou.
— Aqueles filés no forno que vocês adoraram. – respondi.
— Hmm... Que delícia! – ela segurou minha mão – Venha aqui, mãe.
Quero te mostrar algo que trouxe da empresa.
Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Alicia me puxou para a sala
de estar. Sempre que voltava da Walsh Publishing House, ela trazia uma
novidade, mas dessa vez, eu fiquei totalmente abismada.
Todas as pessoas queridas da minha vida estavam reunidas na sala de
estar. Meu pai, Agnes, meus sogros, minha cunhada Rachel, o marido e os
filhos, Elisa e a filha Carly. E no meio de todos, meu marido.
Havia balões por toda a parte e eu fiquei me perguntando como eles
haviam sido colocados lá, mas se tratando das ideias de Anthony, tudo era
possível.
Uma sessão de abraços e felicitações começou. O desânimo de antes se
dissipou, eu estava muito contente com todos aqui. Eu adorava estar rodeada
de pessoas.
— Feliz aniversário, minha filha. – meu pai me deu um abraço
apertado.
— Obrigada, pai. Fico feliz que tenha vindo.
Após todos os cumprimentos, Anthony se aproximou de mim. Seu
sorriso de canto de boca denunciava que ele orquestrara tudo sem que eu
soubesse e tinha envolvido a todos nisso. Eu tinha de confessar que havia
adorado. Meu aniversário deixou de ser algo mais tranquilo, para ser uma
comemoração com todas as pessoas próximas a mim.
— Não foi fácil sustentar a história do imprevisto depois de ouvir seu
desapontamento. – segurou meu queixo – O que achou, querida?
— Você não tem jeito, Anthony Walsh! – sorri.
— Feliz aniversário, Diana. – senti seu beijo carinhoso nos lábios – Eu
te amo e você merece toda a felicidade do mundo, querida. Agora aproveite
sua comemoração.
— Eca! – ouvi Kevin exclamar como sempre fazia diante das nossas
demonstrações de carinho.
— Vocês sabiam disso? – olhei para os gêmeos.
— Sim. – Louis respondeu.
— E mentiram para mim direitinho!
— Não foi fácil, comprá-los. Me custou um bom dinheiro. – Anthony
completou.
— Aposto que Alicia fez de graça. – falei.
— Fiz mesmo, eu queria aproveitar e dar uma de atriz.
Minha filha era impossível. Havia um lindo bolo de três camadas que
Anthony pediu para fazerem. Era coberto com um fondant perolado e havia
flores de açúcar nas cores salmão, rosa claro e branco. A camada do meio
tinha uma borda rendada linda que eu adorava.
— Está lindo esse bolo!
—Alicia quem escolheu. – meu marido falou.
— Ela tem bom gosto.
Agnes insistiu para que todos tirassem uma foto. Logo fui rodeada de
pessoas, meus filhos foram os primeiros, mas logo em seguida Louis estava
com uma câmera capturando imagens minhas com os outros convidados. O
último tinha sido Anthony, que fizera questão de me dar um beijo e renovar o
nosso estoque de fotos em comemorações.
— Gente, muito obrigada por terem vindo. – fiz questão de agradecer.
— Você acha que deixaríamos de vir comemorar? – Rachel perguntou
de maneira retórica.
— O serviço de bufê vai começar a servir! – Louis chamou a atenção
de todos.
— Não acredito que você contratou um bufê para isso. – olhei para
Anthony.
— Acha que eu deixaria você servir?
Nossa governanta estava de folga como sempre acontecia nos meus
aniversários porque Anthony sempre queria comemorar de maneira especial e
queria a casa apenas para nós.
Havia canapés de camarão, mini tortas com alho-poró, queijos, mini
tortas doces, feitas com chocolate belga, frutas silvestres e o jantar finalizado
juntamente com o que os gêmeos haviam inicialmente preparado.
As conversas e risadas renderam por toda a noite. Alicia distraía os
avós contando sobre tudo que fazia na empresa do pai e Louis continuava
tirando diversas fotos do evento preparado. Todos cantaram parabéns para
mim, me dando abraços e beijos em seguida. O bolo estava delicioso, com
mousse de chocolate e baunilha, com framboesas picadas, do jeito que eu
adorava.
No quarto, sozinha com Anthony, após um aniversário incrível ao lado
de pessoas especiais, ele ainda fazia questão de celebrar.
— Obrigada pela noite. – falei enquanto tirava meus sapatos.
— É seu aniversário, querida. Você merece muito mais. – ele se
aproximou segurando minha mão e me fazendo levantar do sofá próximo à
janela – No fim da semana, vamos viajar e ter todo o tempo do mundo.
— Sabe que não precisa deixar a empresa aqui se não quiser.
— Ela está bem encaminhada, pode ficar alguns dias sem mim. – seus
lábios tocaram as costas da minha mão – Sou eu que não consigo ficar sem
você.
— Anthony... – seu braço minha cintura e meu corpo sentir
imediatamente o calor do seu.
— Ainda falta o seu presente. – senti seus lábios encostarem nos meus
– Não me esqueci.
—Sabe que não precisa disso.
— Parece que não conhece o seu marido, querida. – sussurrou em meu
ouvido – Mimá-la é uma das minhas prioridades.
Anthony se afastou de mim e foi até o closet. Lá ele guardava algumas
coisas importantes e uma delas era o meu presente. Eu não costumava mexer
em nada do que ele guardava, portanto sabia que não seria problema porque
eu não iria ver antes da hora.
— O que preparou para mim esse ano, Sr. Walsh?
— Acho que vai gostar. – ele tirou de dentro de uma caixa um
envelope azul claro – Abra.
Fiz o que ele havia dito e encontrei cinco passagens para as Ilhas
Maldivas que me deixaram de boca aberta, principalmente porque a data
estava marcada para a próxima semana.
— Ilhas Maldivas? – olhei para ele.
— Sei que gosta do calor e agora que a neve chegou, acho uma ótima
oportunidade de aproveitarmos.
— Ah, meu amor, obrigada! – eu o abracei – Você é maravilhoso!
— Espere para me agradecer quando eu terminar os presentes.
Novamente ele tirou da caixa uma pequena caixinha azul que eu já
conhecia. Quando a abri, dei de cara com um lindo anel da Tiffany & Co.
com três pedras nas cores, azul, verde e rosa, cada. Havia três voltas, em cada
uma delas, o nome dos nossos filhos gravados no ouro branco. Achei o
presente lindo e uma lágrima escorreu do canto do meu olho.
— É maravilhoso! – exclamei.
— Esse foi escolhido pelos meninos. – ele esticou a mão em uma
menção de que queria colocar a joia no meu dedo.
Anthony deslizou a mesma pelo meu anelar da mão direita e a joia
ficou absolutamente fantástica.
— Para terminar, separei amanhã um dia inteiro num spa para você. –
ele falou tirando do bolso outro envelope – Naquele espaço que você tanto
adora.
— Você está mesmo me mimando, Anthony. – sorri.
— Sei que com as festas de fim de ano chegando, o número de turistas
em Nova York também aumenta, isso significa que o restaurante fica lotado.
Você tem trabalhado demais, querida, quero que relaxe.
Ele pegou da minha mão os envelopes e os colocou sobre o sofá. Suas
mãos seguraram meu rosto entre elas e pude sentir o toque firme, porém
carinhoso.
— Ver esse sorriso é o motivo de eu levantar todos os dias. Você é
mulher mais linda e incrível que já conheci, Diana. Nenhuma palavra é capaz
de expressar o tamanho do meu amor, tento demonstrar da melhor forma
possível.
— Você me prova isso todos os dias, querido. Eu amo você.
— E eu amo você, querida. Agora venha, vamos comemorar o seu
aniversário do meu jeito preferido.
FIM

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