Texto Expositivo-Argumentativo - ALUNOS
Texto Expositivo-Argumentativo - ALUNOS
Texto Expositivo-Argumentativo - ALUNOS
TEXTOS MULTIUSOS
1.1. Textos expositivo-argumentativos
O texto expositivo-argumentativo é um texto em que se defende ou se refuta um
ponto de vista (tese), com base em argumentos verdadeiros, válidos, lógicos e convincentes,
ou seja, observações e dados que confirmem a posição do autor do texto.
Quanto à superstrutura1, o seu objectivo principal é convencer, persuadir ou
influenciar o receptor a mudar de posição (até de atitudes) sobre um determinado assunto e a
aderir ao ponto de vista do emissor. Este objectivo mostra que a função de linguagem
predominante em qualquer texto expositivo-argumentativo é apelativa.
E assim, encontramos ainda na superstrutura, em qualquer texto deste género, tese(s)
e argumentos.
A tese corresponde à ideia que se pretende defender ou refutar no texto, sendo uma
asserção, afirmação, explícita ou implícita.
Ex.: “A liberdade é apenas um conceito criado pelo Homem, ela não existe na sua pureza.”
Há articulistas que usam a interrogação retórica para enunciar a tese
geral/directora ou outras secundárias e, às vezes, a pergunta é uma frase negativa que,
transformada para declarativa ou afirmativa, se torna uma afirmação, no geral, com sentido
logicamente contrário à tese.
Mas, afinal, o que é uma interrogação retórica? “É uma estratégia argumentativa ou
figura de estilo que consiste na formulação de uma frase interrogativa, dirigida a um
destinatário presente ou ausente, sem que se espere obter resposta.”
Por outras palavras, trata-se de uma frase declarativa disfarçada de pergunta, com o
objectivo de, por um lado, modalizar ou atenuar a afirmação pretendida, e por outro, de tornar
o discurso mais vivo. Trata-se, pois, de um recurso com fins argumentativos.
Ex.: “Será que a liberdade não é apenas um conceito criado pelo Homem? Ela existe
mesmo na sua pureza?” (Na leitura oral, percebe-se que se está, até por meio de respostas
lógicas, a dizer precisamente o contrário numa asserção, e as expressões de realce “será que”
e “mesmo” salientam a aparente dúvida subjacente e tornam poderosa a tese implícita).
Argumento é a prova usada para defender uma tese ou, no caso do contra-
argumento, invalidá-la, ou seja, clarifica ou demonstra a verdade ou a falsidade de uma tese.
Cada argumento deve responder à pergunta “porque?” em relação à(s) tese(s), mas não
significa que esta palavra interrogativa ou outras afins sempre apareçam na superfície textual.
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A superestrutura é o esquema convencionalizado que fornece a forma global do conteúdo do texto.
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Ex.: “... porque desde bebés somos impostos a conceitos, regras, costumes, línguas e
pensamentos. Não fazemos o que nos convém, se o fizermos somos ‘reprimidos’”.
Os argumentos podem ser de várias ordens:
➢ Argumentos naturais ou de autoridades – incluem os textos das leis e opiniões
emitidas por pessoas de prestígio e especializadas na matéria tratada.
➢ Verdades ou princípios universais – aceites, como tal, por todos, nestes, podemos
encontrar argumentos factuais (o que aconteceu – argumentos históricos – acontece
ou acontecerá);
➢ Exemplos – apresentação de uma situação semelhante àquela que se está a apresentar.
➢ Demonstrações – demonstrar é quando o articulista explica e exemplifica
pormenorizadamente o funcionamento de algo para provar com um raciocínio
convincente.
1.1.1. Características linguísticas
Devido à sua natureza, neste tipo de textos:
• Predomina o discurso na primeira pessoa, sendo esta a marca do sujeito enunciador do
discurso (entenda-se que este expressa a sua opinião, ideia ou ponto de vista);
• Predominam verbos no presente do indicativo;
• Usa-se um vocabulário variado, com recurso a sinónimos, antónimos, etc.;
• Usam-se expressões que visam convencer.
1.1.2. Estrutura
O texto expositivo-argumentativo apresenta-se, geralmente, em três fases.
Fase da exposição da tese (Introdução) – consiste na enunciação ou enquadramento
(contextualização) da tese que se vai defender. Geralmente, apresenta-se a introdução no
primeiro parágrafo, em que o emissor enuncia a tese através de uma afirmação ou declaração
(podendo estar em forma de pergunta retórica), clara e precisa, sem, no entanto, mencionar
quaisquer razões ou provas.
A tese geral pode estar, de forma clara, no título e, no texto, apresentar-se de forma
implícita, devendo o leitor deduzi-la, com o apoio do título e até dos argumentos. Porém,
atenção que a tese não é necessariamente o tema/assunto, este que pode estar ou não no título.
No exemplo que estamos a usar, o tema é “liberdade”, e a tese é outra, como já vimos.
Fase da argumentação (Desenvolvimento) – é constituída por um conjunto de
argumentos em que se fundamenta a tese. Habitualmente, a partir dos parágrafos seguintes, o
emissor apresenta os argumentos que atestam a veracidade ou não da tese geral e/ou das
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ideias secundárias, ou os contra-argumentos que vão de encontro à tese de outrem, que é
refutada.
Na apresentação de argumentos, o articulista pode apoiar-se em provas que podem ser
de diversa índole, como exemplos; dados estatísticos; pesquisas; factos comprováveis;
citações ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto; alusões históricas; e
comparações entre factos, situações, épocas ou lugares distintos.
Isso quer dizer que podemos encontrar, num texto expositivo-argumentativo,
sequências descritivas e narrativas como argumentos.
Além das estratégias argumentativas acima referidas, de modo a convencer o leitor,
organizam-se os argumentos por ordem crescente de importância e de forma lógica,
referindo-se a contextos ou situações que sejam eventualmente do conhecimento do
destinatário. Neste caso, o emissor pode dirigir-se ao leitor/ouvinte de forma directa, usando
marcas da primeira e/ou da segunda pessoa para uma maior aproximação e persuasão.
Conclusão – é, geralmente, no último parágrafo, a síntese de todo o conjunto de
argumentos apresentados, ou seja, a reafirmação da tese, explícita ou implicitamente.
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Acto ilocutório corresponde ao acto que o locutor realiza quando pronuncia um enunciado
em certas condições comunicativas e com certas intenções, tais como ordenar, avisar, criticar,
perguntar, convidar, ameaçar, etc.
1. Acto ilocutório assertivo: acto de fala que o locutor realiza pela pronunciação de um
enunciado que implica um certo comprometimento com o valor relativo de verdade/
falsidade, ocorrendo em frases com verbos assertivos e expressões verbais. Ex.: Andrice é
professor de Português no Colégio Kitabu. (Verdade).
2. Acto ilocutório directivo: actos de fala a partir dos quais o locutor pretende levar o
alocutário a fazer ou a dizer alguma coisa. Estão-lhe associados verbos como convidar, pedir,
requerer, ordenar. Os enunciados produzidos com intenção de levar o alocutário a realizar
algo, ocorrem mais frequentemente em frases imperativas, interrogativas, com verbos
exortativos e de inquirição. Os actos de fala directivos podem ser directos (Maria, vai fechar
a porta) ou indirectos (Maria, entraste e a porta está ainda aberta – o locutor, com esse
enunciado, pretende levar o alocutário a fechar a porta, mas fá-lo de forma indirecta).
3. Acto ilocutório compromissivo: acto de fala que o locutor realiza com a intenção de se
comprometer a realizar uma determinada acção no futuro. Ex.: Ligo-te mal chegue a casa.
4. Acto ilocutório expressivo: acto de fala em que locutor pretende exprimir os seus
sentimentos ou emoções face ao estado de coisas representado pelo conteúdo proposicional
do enunciado produzido. Os meus pêsames! Bem-haja!
5. Acto ilocutório declarativo: acto de fala que institui ou altera um estado de coisas pela
simples declaração de que elas existem. Está associado a rituais, como o casamento ou o
baptismo. Ex.: Declaro-vos marido e mulher.
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Podem ainda ser simples expressões nominais (ex.: por outras palavras) ou verbais (ex.:
significa isto que).
Vejamos, no quadro abaixo, os articuladores agrupados com base no sentido que
exprimem (alguns podem expressar diferentes sentidos com base no contexto):
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entre outros; nem primeiro lugar... em seguida; a saber; especificamente;
nomeadamente…
Fim Para; para que; com o intuito de; a fim de (que); com o objectivo/propósito de…
Hipótese ou condição Se; por pouco que; a menos que; supondo que; admitindo que; salvo se; a não ser que;
desde que; se por hipótese; excepto se…
Ligação espacial Ao lado; sobre; sob; à esquerda; no meio…
Ligação temporal Ora; antes (de); depois (de); em seguida; até que; quando; então; após;
anteriormente…
Opinião pessoal Quanto a mim; acho que; penso que; na minha (humilde)
opinião/ideia/óptica/perspectiva; a meu ver…
Oposição/negação/ Mas; contudo; todavia; porém; ora; no entanto; por um lado…por outro lado; apesar
refutação/concessão de; embora; não obstante; contrariamente; em vez de; por oposição; ainda assim;
(admitir argumentos mesmo assim; ainda que; por mais que; mesmo que; se bem que; ao contrário de…
diferentes) (estes são, na sua essência, articuladores argumentativos)