Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 7
1
Estudos em Mateus 6.18-18
Introdução/problematização.
Retomamos hoje nosso estudo em Mateus. E estamos
falando especificamente de uma parte do sermão do monte que apresenta um alerta sobre a prática da piedade em três áreas: (1) as esmolas; (2) a oração; e (3) o jejum. Já abordamos a questão das esmolas e da oração e neste estudo, restringiremos o foco ao Jejum.
Só para recapitular, Jesus está falando sobre nossa relação
com o Pai Celestial enquanto fazemos algumas coisas comuns aos cristãos. Por isso ele começa o cap 6 dizendo: “Guardai de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de seres vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai Celeste ”. Este ensinamento
percorre todo este capítulo.
Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque
desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. Mateus 6:16-18
Assim como as esmolas e a oração, outra área da vida cristã
muito importante é o jejum. No entanto, quando esta prática não é negligenciada é, na maioria das vezes, praticada de forma equivocada. Entre os erros cometidos em relação ao jejum, os três principais são:
- A negligência - A autoflagelação - A hipocrisia
Este último é que está em pauta aqui nas palavras do Senhor
Jesus. Quanto à negligência e a autoflagelação devemos saber que 2 o jejum precisa ser visto como meio de comunhão com Deus, de maneira que, se não o praticamos perdemos um meio precioso para intensificarmos nossa comunhão com nosso Pai Celeste; e, se o praticamos como uma autoflagelação ou uma greve de fome a fim de forçarmos Deus a ter compaixão de nós ao nos ver sofrendo enquanto passamos fome estamos pecando contra Deus (Richard Foster).
Desenvolvimento.
Jesus fala sobre a motivação correta para fazer as coisas, ou
seja, ele está ensinando que a justiça verdadeira, uma justiça que Deus implanta em nossos corações, pela obra do Espírito Santo, se expressa em ações.
Não devemos simplesmente seguir os movimentos de
fazer o que parece ser justo, mas nossa justiça deve fluir de um coração transformado que examina a si mesmo.
Basicamente, o assunto central nesta seção do Sermão do
Monte é a questão da adoração. Mas como assim? A resposta é simples, ou você adora a Deus, ou você adora a si mesmo. Nós adoramos a nós mesmos quando fazemos estas coisas para sermos vistos pelos homens.
Onde está o problema?
O problema reside em fazermos isso com o fim de sermos
vistos, notados e aplaudidos pelos homens. Se a nossa motivação for única e exclusivamente a glória de Deus, então estamos agindo corretamente e haveremos de ser recompensados por Deus; mas, se a nossa motivação for o aplauso dos homens, 3 além de buscarmos uma glória efêmera, estaremos pecando contra Deus.
A questão do jejum (vs.16-18).
Em nossa cultura onde cheia de estímulos relacionados a
comida de todos os tipos, o jejum parece fora de contexto, um mero anacronismo. De fato, há muitos anos o jejum caiu em descrédito, tanto dentro como fora da igreja.
O que explicaria a negligência quase total a essa prática?
A má reputação ao longo dos séculos em consequência das
práticas ascéticas.
A publicidade com a qual somos alimentados hoje convenceu-
nos de que se não tomarmos três boas refeições por dia, entremeadas com diversas refeições ligeiras, corremos o risco de morrer de fome.
Quem quer que seriamente tente jejuar é bombardeado
com algumas objeções como:
“O jejum é prejudicial à saúde.”
“Você vai ficar sem suas forças e assim você não poderá trabalhar.” “Não destruirá ele o tecido saudável do corpo?”
Salvo aqueles que são orientados por médicos, tudo isto é
tolice baseada no preconceito. Embora o corpo humano possa sobreviver apenas durante breve tempo sem ar ou sem água, ele pode passar muitos dias - em geral, cerca de quarenta - antes que comece a inanição. Na verdade, quando feito corretamente, o jejum pode ter efeitos físicos benéficos. 4 O que é o jejum?
Jejuar é o exercício espiritual, através do qual colocamos a
vida espiritual acima da física, material. Trata-se de uma disciplina através da qual abdicamos daquilo que é essencial para nossa sobrevivência a fim de declararmos basicamente, duas coisas:
A Deus, que Ele é muito mais importante do que nossa
própria sobrevivência. À nossa carne, tão acostumada a controlar as nossas ações, que ela não pode mandar, e não manda em nós.
Portanto, nas Escrituras o jejum refere-se à abstenção de
alimento para finalidades espirituais. Ele se distingue da greve de fome, cujo propósito é adquirir poder político ou atrair a atenção para uma boa causa.
Distingue-se, também, da dieta de saúde, que acentua a
abstinência de alimento, mas para propósitos físicos e não espirituais. Devido à secularização da sociedade moderna, o “jejum” é motivado ou por vaidade ou pelo desejo de poder. Isto não quer dizer que essas formas de “jejum” sejam necessariamente erradas, mas que seu objetivo difere do jejum descrito nas Escrituras.
Como então?
Na Bíblia, os meios normais de jejuar envolviam abstinência
de qualquer alimento, sólido ou líquido, excetuando-se a água. Às vezes se descreve o que poderia ser considerado jejum parcial; isto onde há uma restrição e dieta, mas não abstenção total
Há, também, diversos exemplos bíblicos do que se tem
chamado acertadamente “jejum absoluto”, ou abstenção tanto de alimento como de água. 5 Ler: Ester 4.16; Atos 9.9 (
Há, contudo, momentos ocasionais de jejuns de um grupo ou
públicos. O único jejum público anual exigido pela lei mosaica era realizado no dia da expiação (Levítico 23.27).
O jejum é um mandamento?
Em primeiro lugar o ensino de Jesus sobre o jejum estava
diretamente no contexto de seu ensino sobre as esmolas e sobre orar.
Em segundo lugar, Jesus declarou: “Quando jejuardes...”
(Mateus 6.16). A ideia aqui, é que faltava uma instrução sobre como jejuar adequadamente. Martinho Lutero disse: “Não foi intenção de Cristo rejeitar ou desprezar o jejum... sua intenção foi restaurar o jejum adequado”.
Ao dizer: “Quando jejuares...”. Essas palavras mostram que a
prática do jejum é algo esporádico sempre respeitando as condições físicas para que não se crie a falsa ideia de “sacrifício pessoal”.
Aqui o Senhor Jesus tem em vista que o jejum não é algo
imposto a uma pessoa por outra, mas, sim, uma abstinência voluntária de alimentos como um exercício religioso quando o crente em vez de dedicar seu tempo alimentando o seu corpo, usará este mesmo tempo alimentando a sua alma – por isso o jejum sempre deve vir acompanhado de oração, estudo da Palavra e adoração a Deus.
O que Jesus disse?
6 As palavras de Jesus não constituem uma ordem. Jesus estava dando instruções sobre o exercício apropriado de uma prática comum no seu tempo. Ele não pronunciou uma só palavra sobre se era uma prática certa ou se deveria ser continuada.
Jesus, não disse “Se jejuardes”, nem disse “Deveis jejuar”.
O que Ele disse foi simplesmente, “Quando jejuardes”.
Desta forma, o jejum tem como finalidade comunicar
nossa total dependência de Deus. É o momento em que declaramos que Deus é mais importante para mim do que meu bem-estar. Segue alguns exemplos:
Expressão de lamentação pelo pecado: Dt 9.18
Pedido de proteção em uma jornada: Ed 8.21-23 Escolha de líderes para a igreja: At 13.2-3; 14.23; Expulsar determinados demônios: Mt 17.21
Jejue para que Deus veja (v.17-18)
“Tu, porém, quando jejuares...”. Com essas palavras o Senhor
Jesus estava distinguindo os Seus discípulos dos hipócritas. Enquanto os hipócritas jejuam para que as pessoas os vejam, os discípulos de Cristo jejuam para que Deus os veja não só na aparência, no exterior, mas, no íntimo, nos seus corações “em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”.
É importante observarmos que Jesus não está nos dando
uma ordem para jejuarmos, mas, sim, dando instruções para que, quando voluntariamente decidirmos jejuar, o façamos de forma correta. 7 Seguindo o mesmo princípio das ofertas e da oração, o Senhor Jesus mostra que o jejum é algo particular, apenas entre o crente e Deus (a ninguém mais deve interessar o meu jejum, exceto a mim e a Deus).
Em contraste com os hipócritas que desfiguravam seus
rostos, os discípulos de Cristo devem se mostrar às pessoas naqueles dias em que estiverem jejuando como se não estivessem jejuando, ou seja, com o rosto lavado (os hipócritas passavam cinzas no rosto como sinal de tristeza) e cabelo ungido (essas eram normas de higiene pessoal naqueles tempos).
O princípio aqui é claro: quando jejuar, apresente-se como
se nada fora do seu cotidiano estivesse acontecendo.
Conclusão.
A prática do Jejum (Richard Foster)
Homens e mulheres modernos ignoram, em grande parte, os
aspectos práticos do jejum. Os que desejam jejuar precisam familiarizar-se com estas informações. Como acontece com todas as Disciplinas, deve-se observar certa progressão; é prudente aprender a andar bem antes de tentarmos correr. Comece com um jejum parcial e vai se desenvolvendo.
Em vários aspectos, seu estômago é como uma criança
mimada, e as crianças precisam de disciplina. Você tem que ser o senhor de seu estômago, e não seu escravo.