A GESTÃO DA ÁGUA O REÚSO COMO FORMA DE RACIONALIZAÇÃO, NO BRASIL EM MINAS GERAIS, E NO DIREITO COMPARADO. Publicado Livro

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A GESTÃO DA ÁGUA: O REÚSO COMO FORMA DE RACIONALIZAÇÃO, NO

BRASIL EM MINAS GERAIS, E NO DIREITO COMPARADO.

VICTOR VARTULI CORDEIRO E SILVA1

SUMÁRIO:

1 Introdução; 2 Água e meio ambiente; 2.1 A água e as Constituições; 2.2


Política Nacional de Recursos Hídricos; 2.2.1 A outorga na lei 9.433/97; 3
Reúso de água no Brasil; 3.1 A legislação brasileira sobre reúso; 3.1.1 A
legislação no estado de São Paulo; 4 Direito Comparado; 4.1 Reúso de Água
no Canadá; 4.2 Reúso de Água na Austrália; 5 O reúso de água em Minas
Gerais; 6 Considerações Finais; Referências.

RESUMO

A água é o elemento da vida, contudo a demanda por esse bem aumenta a cada dia,
impulsionada pelo crescimento populacional e os novos usos. Mas a água é um recurso
natural finito que deve ser utilizado racionalmente. A sua conservação está diretamente
relacionada com a possibilidade de se alcançar um meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Nesse contexto o reúso se destaca como modalidade de gestão consciente dos
recursos hídricos. No Brasil e principalmente no Estado de Minas Gerais a reutilização da
água não é um instituto muito difundido, o que culmina na necessidade de se realizar um
estudo comparado com o Canadá e Austrália, países em que o reúso vem sendo tratado como
uma das soluções para a escassez da água, para que dessa forma possa se estabelecer
diretrizes para o uso sustentável da água no Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Reúso de Água; Gestão Racional da Água, Direito Comparado.

1 Introdução

1
Especializando em Regime Jurídico dos Recursos Minerais na Faculdade Milton Campos, Mestrando em
Direito na Escola Superior Dom Helder Câmara. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Responsabilidade Civil por
Danos ao Meio Ambiente.
1
A água durante muito tempo foi tida como um recurso infinito ou de fácil renovação,
sua aparente abundância corroborou para a perpetuação dessa forma de pensar. Mas com o
aumento da população mundial e do surgimento de novas atividades que demandam cada vez
mais por um volume maior, a água passou a ser um bem altamente cobiçado.
Diante da ameaça de escassez de água ou da sua real carência já afetar alguns pontos
do globo, se atentou para a necessidade de uma gestão racional da água e, por conseguinte seu
melhor aproveitamento.
No Brasil demorou-se a perceber a importância de se preservar esse recurso natural,
durante muito tempo se renegou a gestão das águas a um segundo plano, não se dando conta
de sua real importância.
Somente com a Constituição Federal de 1988 e posteriormente com a lei 9.433/97,
que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, é que o país se atentou pela
necessidade de se gerir adequadamente a água.
Nesse contexto de uso consciente é que nasce a figura do reúso de água, que como o
próprio nome indica, é a reutilização do recurso hídrico que já tenha sido empregado em
alguma atividade antrópica.
O reúso apesar de não estar regulamentado pela lei 9.433/97 vem sendo difundido
como forma de utilizar racionalmente o recurso hídrico, perante esse fato o Conselho
Nacional de Recursos Hídricos expediu duas resoluções que tentam dar uma regulamentação
mínima sobre o tema.
Em virtude da escassez de legislação que trate do reúso, se torna imperioso que se
faça um estudo comparando as leis brasileiras com a de países que praticam a reciclagem da
água de forma mais destacada, para tanto se escolheu o Canadá e a Austrália, países
reconhecidos mundialmente pela gestão racional dos recursos hídricos.

It is our belief that while water reclamation and reuse options may be quite diverse
and whether reuse is practiced intentionally or unintentionally, directly or indirectly
it should be acknowledged and paid equal attention so that local needs, capabilities
and limitations are recognized, in order to effectively move to planned and
controlled water reuse practices and better protection of public health and the
environment. Planned and controlled water reuse should in the future be part of a
truly sustainable water resources management approach worldwide. (JIMÉNEZ,
ASANO, 2008, p. xvi)

Será utilizado o método dedutivo, no que diz respeito à pesquisa bibliográfica e


análise doutrinária, com conclusões objetivas acerca da necessidade de se desenvolver

2
políticas publicas que incentivem o reúso de água como uma das formas de solução da
escassez hídrica.
O presente trabalho inicialmente trata da água como um recurso natural, passando
para análise de suas regulamentações no direito brasileiro, para em um segundo momento
conceituar o reúso de água e as normas que o regem na legislação pátria, bem como um
estudo comparado com o que se pratica no Canadá e Austrália.

2 Água e meio ambiente

O meio ambiente pode ser considerado um único organismo vivo, Pachamama para
os andinos ou a Deusa Gaia na mitologia Grega, no qual todos os seres são partes integrantes
de um sistema simbiótico e no centro dessa estrutura está a água.
A água é o elemento da vida, condição sine qua non para a existência dos seres vivos
na Terra, mas também pode ser considerada um recurso natural de suma importância em
diversos processos na indústria e na agropecuária.
Devida a sua abundância na superfície, o que levou a Terra a ser chamada de Planeta
azul devido a sua cor quando vista do espaço, a humanidade durante muito tempo não se
preocupou com sua preservação e gerenciamento.
Essa falta de cuidado expõe o recurso hídrico a riscos de poluição, sendo os
principais: esgotos domésticos, efluentes industriais, agrotóxicos e pesticidas, detergentes
sintéticos, mineração e poluição térmica (MILARÉ, 2014, p. 526).
Ainda, o homem é um ser sensível à poluição hídrica, o que exige que a água por ele
consumida atenda a um rigoroso padrão de qualidade. Essa característica da à humanidade a
condição de saber o que lhe faz bem e o que lhe faz mal e em decorrência disso agir da forma
que lhe convier. Contudo esse privilégio obriga a se zelar por um meio ambiente sadio como
um todo e isso esta intimamente ligado a boa qualidade da água. (MILARÉ, 2014, pp. 526-
527)
Portanto o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado somente pode ser
alcançado se for assegurada água em quantidade e qualidade suficiente para todos aqueles que
dela necessitam.
E, diferentemente da falsa sensação de infinitude desse recurso à realidade é bem
diferente, 97,5% da água em estado liquido se encontra nos oceanos, logo apenas 2,5% são de

3
água doce e somente 0,01% é potável e desse percentual apenas 1% é acessível. (SILVA, et.
al. 2003, p. 22).
Frente às particularidades e limitações do ciclo hidrológico, do crescimento da
demanda ocasionado pelo aumento populacional e da ampliação dos usos da água, nasce à
problemática de como gerenciar quantitativa e qualitativamente os recursos hídricos.
(MILARÉ, 2014, pp. 525-526)
A importância do gerenciamento adequado passa pelo fato de que 80% das
patologias ligadas à saúde humana estão ligadas a água, incluindo-se nesse calculo as doenças
ocasionadas pela ingestão direta e aquelas em que, por exemplo, o elemento hídrico abriga as
larvas de mosquitos transmissores de moléstias. (MILARÉ, 2014, p. 527)
Diante dessa necessidade passou-se a pensar em formas de preservá-la, alçando a
água como questão estratégica primordial para os Estados, chegando ao ponto de se afirmar
que poderá ser ela o motivo de uma hipotética 3ª Guerra Mundial.

2.1. A água e as Constituições

Para a compreensão do tratamento dado aos recursos hídricos é de suma importância


analisar como a água foi tratada em algumas das Constituições anteriores e o que estabelece a
Magna Carta vigente.
A Constituição Imperial de 1824 em nada tratava da água, no entanto pode-se inferir
que pelo disposto em seu artigo 179, inciso XXII que o domínio da água acompanhava a
propriedade do solo.
A Constituição de 1934 inovou ao determinar a repartição dominial entre a União,
os Estados-membros e municípios, ainda estabeleceu a competência concorrente entre os dois
primeiros para legislar sobre o tema. Mas ainda persistia a possibilidade de propriedade
privada da água, sendo que a previsão de águas publicas municipais foi extinta pela
Constituição de 1946.
Novas mudanças significativas somente ocorreram com a atual Constituição, o que
demonstra o claro desprezo no gerenciamento adequado da água.
A Carta Magna de 1988 extinguiu a propriedade particular da água conforme
podemos depreender do contido no artigo 20, inciso III e no artigo 26, incisos I, II e III que
dividiram o domínio da água entre a União e os Estados-membros e a exigência de outorga

4
para sua utilização, que já constava no Decreto 24.643/34, passa a ser um preceito
Constitucional.
Como regulamentação do artigo 21 inciso XIX da Constituição de 1988, a lei
9.433/97 que estabeleceu a Política Nacional de Recursos Hídricos, representou um grande
avanço no que tange ao gerenciamento e normatização referentes à água.
Nesse contexto a água passa a ser dotada de valor econômico e essa previsão
impulsiona o uso sustentável do que agora pode se denominar como recurso hídrico.

2.2. Política Nacional de Recursos Hídricos.

O Brasil país que concentra 17% da água doce do mundo (SILVA, et. al. 2003, p.
26), detentor da maior Bacia Hidrográfica do Planeta, também necessita de agir no sentido de
garantir esse recurso para as presentes e futuras gerações, ocorre que o país tardou em se
atentar para esse fato.

Durante muitos anos, o Brasil não teve, efetivamente, uma Política Nacional de
Recursos Hídricos. O gerenciamento, ou a falta dele, se deu sob óticas
exclusivamente setoriais ou sob a pressão de interesses isolados, em desacordo com
as necessidades e com a extensão territorial e as diferenças regionais do País. Não
houve nenhuma visão prospectiva diante das transformações sociais e econômicas
por que passa o mundo, capaz de situar a água num quadro de desenvolvimento
sustentável. Agora, com as mudanças climáticas, a disponibilidade de água será
sensivelmente afetada, circunstancia que logo passara a exigir uma governança
mundial para os recursos hídricos (MILARÉ, 2014, pp. 527-528).

Atualmente essa regulamentação é dada pela lei 9.433/97 que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos e que ainda criou o sistema nacional de gerenciamento de
recursos hídricos, bem como definiu os critérios da outorga dos direitos de uso (art. 21, XIX,
CF/88).
“O Brasil, nos últimos anos, vem tomando consciência do problema. Afinal, um
povo que possui os maiores rios do mundo tem dificuldade em imaginar que pode ficar sem
água” (FREITAS, 2007, pp. 18-19, apud MILARÉ, 2014, pp. 930-931).
A PNRH em seu artigo 1º reforça o ditame constitucional ao reafirmar em seu
inciso I o domínio publico da água e acertadamente em seu inciso II a conceitua como um
“[...] recurso natural limitado, dotado de valor econômico”, o que impõe a necessidade de se
exigir uma contraprestação quando do seu uso.

5
Estabeleceu o artigo 1º ainda o uso prioritário do recurso hídrico para o consumo
humano e dessedentação dos animais em casos de escassez, o uso múltiplo das águas, a
definição da bacia hidrográfica como unidade territorial para implementação da PNRH e
SNGRH e a descentralização da gestão que passa a contar com a participação do Poder
Publico, dos usuários e das comunidades.
Já em seu artigo 2º a Lei, determinou os objetivos da PNRH:

Art. 2º lei 9.433/97: São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I -


assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e
integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos
hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos
recursos naturais.

Os objetivos da PNRH estão em consonância com a Política Nacional do Meio


Ambiente determinada pela lei 6.938/81 e ainda com o princípio de responsabilidade
intergeracional contido no artigo 225 da Constituição Federal vigente.

2.2.1. A outorga na lei 9.433/97

A necessidade de outorga para se ter o direito de uso das águas, os planos de recursos
hídricos, o enquadramento dos corpos de água em classes e a cobrança pelo uso das águas são
alguns dos instrumentos indicados pela Lei, com o objetivo de implementar a PNRH (art. 5º).
Tendo como objetivo fundamentar, orientar e pôr em pratica a Política Nacional tem-
se como principal instrumento o plano de recursos hídricos, é importante uma vez que
condiciona a outorga às prioridades de uso nele determinadas (art. 13). Dessa forma, caso no
plano o uso não seja prioritário ela somente poderá ser concedida se comprovado que a
prioridade hídrica foi satisfeita. Existe, ainda, uma vinculação dos recursos financeiros a
serem arrecadados com a cobrança com o conteúdo dos programas e projetos dos planos,
impedindo o seu uso de maneira discricionária (MACHADO, 2005, p. 432).
Contudo na pratica os planos de recursos hídricos vem sendo omissos no que tange a
criação e regulamentação das prioridades hídricas, o que reduz significativamente a
característica de sustentabilidade inerente a Política Nacional.

6
A lei ainda regulamentou a outorga pelo uso dos recursos hídricos, que deve
considerar as características quantitativa e qualitativa dos usos da água conjuntamente com o
efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
A outorga do direito de uso da água “é o instrumento pelo qual o Poder Público
atribui ao interessado, público ou privado, o direito de utilizar privativamente o recurso
hídrico” (GRANZIERA, 2001, p. 180).
Vale resaltar que conforme o artigo 18 da lei 9.433/97 “a outorga não implica a
alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso”.

[...] a outorga do direito de uso das águas tem como pressuposto o direito de uso de
água de quem dela necessita, mas limita tal direito à sua efetiva disponibilidade para
todos. Por isso é dada por prazo determinado, o que não confere ao outorgado direito
pleno de uso da água, porque a outorga pode ser suspensa, parcial ou totalmente, em
definitivo ou por prazo determinado, nas circunstancias definidas no art. 15 da lei
9.433/97 [...] (MILARÉ, 2014, p. 937).

O objetivo da outorga é assegurar a disponibilidade de água, uma vez que essa é


elemento básico de qualquer processo produtivo. A outorga tem um valor econômico para
quem a recebe, na medida em que se constitui uma garantia de acesso a um bem cada vez
mais escasso. Importante salientar que o conceito de disponibilidade hídrica é vacilante, visto
que a vazão fluvial é aleatória, variando conforme o corpo hídrico. (KELMAN, 1997, apud
MACHADO, 2005, p. 457)
O artigo 12 da Lei 9.433/97 elenca os usos que estão, necessariamente, sujeitos a
outorga bem como aqueles que são isentos, sendo eles:

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de
recursos hídricos: I - derivação ou captação de parcela da água existente em um
corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de
processo produtivo; II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final
ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e
demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição,
transporte ou disposição final; IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; V -
outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em
um corpo de água. § 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme
definido em regulamento: I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das
necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; II - as
derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; III - as
acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

Os usos são ainda divididos em consuntivo, que é aquele em que “a água captada ou
derivada pode ser totalmente consumida, incorporada a um produto ou perder-se na atmosfera

7
e não mais retornar ao corpo hídrico em que foi captada. Ou seja, há perdas entre o que é
derivado e o que retorna ao curso natural do corpo hídrico” (CAROLO, 2007, p.61).
E o uso não consuntivo no qual a água é apenas desviada de seu curso natural, o que
permite que ela possa ser lançada novamente no corpo hídrico, portanto não há efetivamente o
consumo desse recurso (CAROLO, 2007, p.64).
Nas águas de domínio da União a competência para conceder a outorga é da Agência
Nacional de Águas, sendo que naquelas de comando dos Estados e Distrito Federal essa
atribuição é dos órgãos indicados em suas respectivas leis, em acordo com o disposto no
artigo 14, da Lei n. 9.433/1997.
Contudo a União pode delegar aos Estados e ao Distrito Federal mediante ato do
Poder Executivo a competência para conceder a outorga das águas sob o seu domínio,
conforme o §1º do artigo 14, da Lei n. 9.433/1997.
O reúso é uma das formas de uso da água, no entanto a lei que estabelece a Política
Nacional de Recursos Hídricos não prevê tal modalidade.

3 Reúso de água no Brasil

O Mundo já se atentou sobre a imperiosa necessidade de preservação e uso


consciente da água tendo em vista sua escassez e no intuito de atingir esse objetivo, se tornou
imprescindível à busca de alternativas para o consumo consciente e sustentável desse bem tão
essencial para a sobrevivência do meio ambiente, dentre eles, nesse trabalho, destaca-se o
reúso como importante instrumento de gestão do recurso hídrico.
“Reúso de água é o aproveitamento de águas previamente utilizadas, uma ou mais
vezes, em alguma atividade humana, para suprir as necessidades de outros usos benéficos,
inclusive o original” (LAVRADOR, 1987, apud CUNHA, 2008, p. 16).
Com o reúso se pretende diminuir a demanda por água aliviando assim a pressão
gerada pelo consumo no corpo hídrico e de forma reflexa proteger o meio ambiente através do
não lançamento de efluentes contaminados na natureza.
A Agenda 21 criada na ECO 92, que tem como objetivo preparar o mundo para os
desafios do século XXI, traz em seu capitulo 18 a reutilização da água como uma das ações a
serem adotadas pelos Estados para proteger a qualidade e o abastecimento dos recursos
hídricos.

8
Através do ciclo hidrológico a água se transforma em um recurso renovável. Quando
reciclada através de sistemas naturais, pode ser considerada um recurso limpo e seguro,
mesmo que por atividade antrópica seja deteriorada a níveis diferentes de poluição.
Entretanto, mesmo poluída a água pode ser recuperada e reusada para variados fins benéficos.
(HESPANHOL, et. al. 2002, p. 76).
Contudo, pela pressão imposta pelas populações e seus anseios consumistas,
atualmente o meio ambiente não é capaz de por si só realizar esse ciclo purificador, seja pela
alta demanda da água, ou pelos altos níveis de poluição que inviabilizam a sua recuperação de
forma natural, portanto necessária à intervenção humana para acelerar e otimizar esse
processo.
O reúso pode ser divido em direto e indireto, sendo que o primeiro se caracteriza pela
reutilização da água em um sistema fechado, sendo utilizada com a mesma finalidade ou não,
o que a difere é que ela não é descarregada no meio ambiente. Já o reúso indireto compreende
no lançamento dos efluentes em um corpo hídrico preexistente e sua posterior captação.
Ainda, para que se possa ter um caráter verdadeiro de sustentabilidade, essa
reutilização da água deve vir acompanhada de uma redução na quantidade de água captada da
fonte primaria necessária e um consequente aumento da disponibilidade hídrica, dando a
conveniência para se implementar novos usos ou ate mesmo o mero aumento do volume de
água naquele local o que beneficiaria por si só o meio ambiente.
“Percebemos, assim, que a gestão racional e moderna dos recursos hídricos é
indissociável das praticas do desenvolvimento sustentável. Aliás, é um requisito essencial
para a sobrevivência do ecossistema planetário, que tem já o seu ciclo hidrológico seriamente
afetado” (MILARÉ, 2014, p. 931).

Water reuse is increasingly seen as an opportunity to ease the current stresses on


water supply caused by increasing water demands, depletion and degradation of
high-quality water sources, reduced supply reliability caused by climate change,
ageing infrastructure and limited funding for its expansion. Water reuse
simultaneously promotes environmental sustainability through conservation of
water resources and reduces waste water discharges to sensitive receiving waters
(JIMÉNEZ, ASANO, 2008, p. 96).

Entretanto no Brasil o reúso ainda é feito de maneira inconsciente e sem


planejamento o que é reflexo da escassa legislação sobre o tema e pela falta de políticas
publicas que priorizem essa forma de gerenciamento da água.

9
3.1. A legislação brasileira sobre reúso

A lei 9.433/97 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos em nenhum


momento tratou do reúso da água, sendo que apenas o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos expediu resoluções que regulamentaram o tema.
A resolução nº 54 de 28 de novembro de 2005 estabeleceu as modalidades, diretrizes
e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de água e em seu artigo 2º trouxe
algumas definições importantes, sendo elas:

I - água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações,


indústrias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não;
II - reúso de água: utilização de água residuária;
III - água de reúso: água residuária, que se encontra dentro dos padrões exigidos
para sua utilização nas modalidades pretendidas;
IV - reúso direto de água: uso planejado de água de reúso, conduzida ao local de
utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou
subterrâneos;
V - produtor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, que produz água de reúso;
VI - distribuidor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, que distribui água de reúso; e
VII - usuário de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, que utiliza água de reúso.

Nota-se que a legislação brasileira tratou apenas do reúso direto, por considerar que a
sua modalidade indireta se caracterizaria como um novo uso, o que se corrobora pela
impossibilidade de se captar exatamente a mesma água, pois uma vez que o efluente fosse
lançado no meio ambiente ele se diluiria no corpo hídrico principal.
A referida resolução em seu artigo 3º determina que o reúso pode ser realizado para
os seguintes fins:

I - reúso para fins urbanos: utilização de água de reúso para fins de irrigação
paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de
tubulações, construção civil, edificações, combate a incêndio, dentro da área urbana;
II - reúso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reúso para produção
agrícola e cultivo de florestas plantadas;
III - reúso para fins ambientais: utilização de água de reúso para implantação de
projetos de recuperação do meio ambiente;
IV - reúso para fins industriais: utilização de água de reúso em processos, atividades
e operações industriais; e,
V - reúso na aqüicultura: utilização de água de reúso para a criação de animais ou
cultivo de vegetais aquáticos.

10
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos expediu ainda a resolução nº 121 de 16
de dezembro de 2010, na qual estabeleceu as diretrizes e critérios para o reúso com finalidade
agrícola e florestal. Tem-se ainda a NBR 13.969 de 1997 que instituiu critérios para o reúso
de esgoto urbano.
No Brasil, analisando a legislação sobre o reúso de água, nota-se que resta muito por
evoluir, pois a regulamentação ainda é insuficiente para normatizar tão importante instituto,
bem como se deve avançar com políticas públicas para o incentivo do reúso como forma de
manejo racional da água.
O uso eficiente da água, nele inserido o reúso, contribui para a redução dos impactos
ambientais negativos e deve ser visto, pelas empresas, como forma de atingir objetivos
intangíveis, através de se melhorar a da indústria pelo uso sustentável do recurso hídrico.

3.1.1. A legislação no estado de São Paulo

No Brasil o Estado de São Paulo pode ser tido como um dos pioneiros no reúso de
água, como prova disso já em 2003 foi expedido o decreto estadual nº 48.138 que tem como
objetivo reduzir e racionalizar o consumo de água naquele Estado e entre as medidas
instituídas para esse fim previa o reúso de água em algumas situações.
Posteriormente o Conselho Estadual de Recursos Hídricos regulamentou através da
deliberação CRH Nº 156 de 11 de dezembro de 2013 o reúso para fins urbanos, de água não
potável proveniente das Estações de Tratamento de Esgoto de sistemas públicos.
E com o objetivo de promover a utilização consciente da água o decreto estadual nº
61.180 de 2015 criou o Programa de Fomento ao Uso Racional das Águas, através do qual se
concederá aos “Municípios paulistas que se credenciem a implantar os sistemas de
aproveitamento das águas pluviais e de reúso de águas residuárias” financiamento não
reembolsável para o desenvolvimento de seus projetos.
Dessa forma se percebe que o Estado de São Paulo já se atentou para a importância
do reúso como forma de consumo racional da água e assim o regulamentando e incentivando
a sua adoção pelos órgãos públicos.

4 Direito Comparado

Conforme ensina José Cretella Júnior (2002, p.157):

11
O direito comparado oferece vários traços positivos como, antes de tudo, o de
contribuir para a melhoria do próprio direito nacional, pela observação do que
ocorre em outros sistemas jurídicos; depois, serve para esclarecer pontos duvidosos
dos institutos dos vários sistemas particulares.

Com o intuito de colaborar com a evolução do reúso no Brasil é importante se


analisar a regulamentação de países que adotaram essa modalidade com sucesso, para tanto se
pretende analisar a legislação Canadense e Australiana sobre o tema.

4.1. Reúso de Água no Canadá

O Canadá segundo maior país do mundo em extensão territorial convive, como o


Brasil, com a discrepância interna da existência de regiões que detêm uma grande bacia
hidrográfica e elevados índices pluviométricos em oposto a zonas de semiárido nas quais
impera a escassez de água.
O interesse no reúso de água no Canadá tem seu ponto de partida a mais de 25 anos
atrás, com a pesquisa desenvolvida pela Canada Mortgage and Housing Corporation que
concluiu pela possibilidade de se empregar a água proveniente do reúso para praticamente
todos os usos, incluindo o potável (JIMÉNEZ, ASANO, 2008, p. 98).
Contudo devido ao alto nível de exigência para a água voltada para o consumo
humano ainda é financeiramente inviável a reciclagem de água para uso potável.
É bastante comum o reúso das águas industriais. As indústrias canadenses são
responsáveis por mais de 80% do consumo total de água e desse volume aproximadamente
40% é reciclada. A porcentagem de água reciclada que é calculada pelo volume de água
reutilizada em relação à quantidade inicialmente captada chega a 292% nas empresas de
produtos de plástico (JIMÉNEZ, ASANO, 2008, pp. 98-99).
Mas nos outros setores a reutilização da água é praticada em uma escala
relativamente pequena, tendo como exemplo a irrigação agrícola das terras cultiváveis em
British Columbia, nas pradarias, campos de golfe e paisagística e a construção de casas
experimentais (SCHAEFER, EXALL, MARSALEK, 2004, p. 196).
No país não existe uma regulamentação geral a nível nacional que trate do reúso,
ficando a cargo das províncias a devida normatização, entretanto em 2010 o Ministério da
Saúde publicou parâmetros a serem seguidos no uso de água degradada em vasos sanitários e

12
mictórios o “Canadian Guidelines for Household Reclaimed Water for Use in Toilet and
Urinal Flushing”.
A província de British Columbia apesar de aparentemente ser abundante em água,
tem o reúso como componente chave para o uso racional do recurso hídrico. O regulamento
sobre o esgoto municipal alterado em 2004 (BCMELP) estipula o design, requisitos de
operação e monitoramento, a adoção de medidas que evitem a conexão cruzada, tais como
canalizações separadas para os diferentes tipos de água (SCHAEFER, EXALL, MARSALEK,
2004, p. 200).
Dessa regulamentação ramificaram ainda “Guide to Irrigation System Design with
Reclaimed Water” que serve de referência para a concepção de sistemas de irrigação e o
“Code of Practice for the Use of Reclaimed Water” que é um documento de orientação para o
uso de água recuperada, bem como especifica os requisitos trazidos pelo BCMELP
(SCHAEFER, EXALL, MARSALEK, 2004, p. 200).
Já na província de Alberta o reúso de água predial é regulamentado pela “Municipal
Affairs and Housing” por meio do “Alberta Building Code” de 2007, já a reutilização fora
dessas estruturas é normatizada pela agencia ambiental de Alberta, mas ambas cedem sua
competência para o Ministério da Saúde quando o reúso se relacionar com esse tema.
Em Alberta o reúso de águas para a irrigação é tido como uma pratica de boa gestão,
mas deve obedecer a rigorosos critérios impostos pelo “Environmental Protection and
Enhancement Act” para evitar qualquer risco para a saúde e segurança das pessoas, para tanto
a reutilização da água exige uma aprovação formal do departamento de meio ambiente
(SCHAEFER, EXALL, MARSALEK, 2004, pp. 200-201).
Pelo exposto se nota que o reúso de água é cada vez mais difundido no Canadá e
incentivado pelo governo como forma de utilização consciente da água, no entanto pelo
menos no que tange a legislação a brasileira se encontra no mesmo patamar ou a frente da
canadense.

4.2. Reúso de Água na Austrália

A Austrália país com dimensões continentais, pode ser considerada como um dos
mais secos do mundo com o clima variando do subtropical, passando pelo temperado, mas
predominantemente de clima árido (JIMÉNEZ, ASANO, 2008, p. 105).

13
Outra característica é a grande concentração da população nos centros urbanos, com
dois terços do total vivendo nas cinco maiores cidades, o que exige dos australianos uma
visão diferenciada na gestão dos recursos hídricos (DILLON, 2000, p. 99).
Como agravante desse cenário por vezes as maiores bacias hídricas australianas se
encontram afastadas dos grandes centros urbanos, o que exigiu a inovação e cuidado no trato
da água.
O reúso na Austrália é relativamente um fenômeno recente, até a década de 1990
geralmente considerava-se a água como de passível de um único uso, como um produto
descartável (DILLON, 2000, p. 99).
Mas diante das condições ambientais e da baixa disponibilidade de água em diversas
regiões, tal forma de agir se tornaria insustentável em um pequeno decurso de tempo.
Em resposta a isso o governo australiano tem incentivado de forma ativa o
gerenciamento racional de maneira a conservar e desenvolver fontes alternativas de água.
Essa iniciativa foi abraçada pela população e por todos os níveis de governo, que vêm
investindo quantias cada vez maiores para a implantação do reúso de água (POWER, 2010,
p.1).
Com o crescimento do reúso de água se tornou importante o desenvolvimento de
uma abordagem nacional coerente e da criação de diretrizes e regulamentações que orientem
de forma satisfatória essa modalidade de gestão dos recursos hídricos (POWER, 2010, p.1).
Contudo inicialmente o desenvolvimento dessas legislações se deu apenas a nível
local e de forma esparsa nos diversos órgãos do governo, esse fato gerou uma diversidade de
regulamentações que inibiam a adesão à reutilização da água pela dificuldade em se cumprir
com os preceitos exigidos.
No intuito de solucionar esse problema e aperfeiçoar a gestão do reúso a “Australian
Water Association” criou em 1.999 um fórum de estudo o “Water Recycling Forum” que tem
como objetivo promover a reutilização da água de forma sustentável e segura (DILLON,
2000, p. 99).
Em 2006 foi publicado o “The National Water Quality Management Strategy
Australian Guidelines for Water Recycling: Managing Health and Environmental Risks” que
resultou em uma mudança significativa na abordagem na gestão de águas recicladas
(POWER, 2010, p.1).
Espera-se que com isso todos os Estados uniformizem as suas regulamentações em
acordo com as diretrizes nacionais. Uma novidade inserida pela abordagem federal é a

14
utilização da analise de risco e inserção de pontos críticos de controle para que assim se possa
garantir a confiabilidade da água reciclada entregue (JIMÉNEZ, ASANO, 2008, p. 110).
No Australian Capital Territory (ACT) o serviço de proteção à saúde, ligado ao ACT
Health, desempenha ao lado da agência de proteção ambiental (EPA) a função de
regulamentar e fiscalizar o reúso, sendo que desenvolveram em conjunto o Wastewater Reuse
for Irrigation: Environment Protection Policy (Environment ACT 1999) (POWER, 2010,
pp.3-5).
Diante dessa conjuntura no ACT o Building (General) Regulation 2008 determinou
que a implantação de sistema de esgotos que prevejam a reutilização de água deve passar pelo
crivo da ACT Health e o Environmental Protection Act 1997 dispôs que as plantas de
reutilização de água para a irrigação que produzam mais de três milhões litros por ano
necessitam de autorização do EPA (POWER, 2010, pp.4-5).
Percebe-se, portanto que a Austrália conta com políticas públicas de incentivo ao
reúso de água, bem como com uma regulamentação a nível federal que tem como objetivo
estabelecer os parâmetros gerais a serem seguidos na reutilização do recurso hídrico de
maneira a garantir a qualidade e segurança da água reciclada.

5 O reúso de Água em Minas Gerais

Com mais de 19 milhões de habitantes e de papel destacado na economia nacional o


Estado de Minas Gerais pode ser chamado de caixa d’água do Brasil devido ao grande
número de nascentes em seu território, é nesse Estado que tem origem grandes bacias
hidrográficas do país, como a do São Francisco, a do Paraná e a do Atlântico Leste
(DESCUBRA MINAS, 2016).
Contudo, por mais paradoxal que possa parecer apesar da aparente abundância, o
Estado vem sofrendo com a escassez de água para o consumo humano principalmente em sua
região norte, essa falta ocorre pela gestão ineficiente e é agravada por fatores externos, como
o desastre de Mariana que contaminou um dos principais rios do Estado o Doce.
O reúso aparece como uma das soluções a serem implantadas para uma gestão
sustentável dos recursos hídricos de forma que não se utilize de água de melhor qualidade
para atividades que tolerariam as recicladas.
As mineradoras, que são parte importante da economia do Estado, adotam cada vez
mais o reúso em suas atividades bem como as indústrias, no entanto essa modalidade de uso

15
da água ainda carece de regulamentação em Minas Gerais, existindo apenas as resoluções
federais que tratam apenas de normas gerais e do reúso para fins agrícolas.
Na legislação estadual a única menção ao reúso é a constante no Decreto estadual nº
46.636 de 2014 que dispõe sobre o regulamento do Instituto Mineiro de Gestão das Águas –
IGAM ao estabelecer em seu artigo 20 inciso VIII que caberia a Gerência de Pesquisa e
Desenvolvimento em Recursos Hídricos “propor e apoiar a realização de programas de
estimulo à conservação e a racionalização do uso de água, inclusive mediante reúso” o que é
claramente insuficiente para regulamentar e estimular a reutilização das águas.
O Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais criado pelo decreto
estadual 26.961 de 1987, parte integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, é aquele que detém a nível estadual a competência para estabelecer as normas para o
reúso de água, conforme podemos depreender do artigo 3º inciso IV do ato que o criou que
determina ser de sua alçada “aprovar normas para utilização, preservação e recuperação dos
recursos hídricos estaduais”.
Entretanto a mera regulamentação é insuficiente, para a disseminação do reúso é
necessário uma ação conjunta do Poder Executivo e Legislativo no sentido de fomentar,
financiar e dar publicidade aos projetos de reutilização da água para que assim se possa
alcançar a sustentabilidade no consumo dos recursos hídricos.

6 Considerações Finais

O mundo já entendeu que a perpetuação da vida na terra depende da preservação da


água, recurso essencial para todos os seres vivos e que, portanto os padrões de consumo desse
bem necessitam de mudanças.
Nesse contexto o reúso da água surge como uma das maneiras mais eficientes de
gestão racional dos recursos hídricos.
Entretanto o reúso realizado de forma indiscriminada pode acarretar em danos ao
meio ambiente, pela contaminação de fontes limpas por águas degradadas, por isso é
necessária à existência de legislação que imponha critérios e diretrizes para a reutilização da
água.
No Brasil a lei 9.433/97 estabeleceu a Política Nacional de Recursos Hídricos que
constitui no arcabouço legal no que tange a gestão das águas, contudo tal lei foi omissa no que
diz respeito ao reúso de água, mas posteriormente o Conselho Nacional de Recursos Hídricos

16
expediu as resoluções 54 e 121 que trouxeram os critérios gerais para o emprego dessa
modalidade de uso de água.
Ao se analisar o instituto do reúso de água no Canadá e Austrália e compara-los com
o que é feito no Brasil nota-se que apesar de se equivalerem no que diz respeito à legislação
nacional, o grande diferencial dos dois primeiros é o reconhecimento do reúso como política
pública de conservação da água.
Portanto é necessário que o Brasil, além de aperfeiçoar a sua normatização, deve
incentivar o reúso como forma de uso racional da água, para que dessa forma se possa garantir
o acesso a esse recurso hídrico para as presentes e futuras gerações sendo esse também o
papel do Estado de Minas Gerais.

THE WATER MANAGEMENT: REUSE AS A WAY OF RATIONALIZATION, IN


BRAZIL IN MINAS GERAIS AND IN A COMPARED LAW

ABSTRACT

Water is the element of life, thereby the demand for these assets increases which day, driven
by population growth and new uses. However, water is a finite natural resource that must be
used rationally. Its conservation is directly related to the possibility of reaching an
ecologically balanced environment. In this sense, reuse it stands out as a form of conscious
management of water resources. In Brazil, notably in the state of Minas Gerais, water reuse
isn´t a widespread institute, which culminates in the need to carry out a comparative study
with Canada and Australia, countries where the reuse is being treated as one of the solutions
to water scarcity, so that way to establish guidelines for sustainable water use in Brazil.

KEYWORDS: Water reuse; Rational Water Management; Compared Law

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