Laodicéia

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HOMILÉTICA

SIMPLIFICADA Capacitação e Aperfeiçoamento Cristão

Autora: Vanessa Schumacher


Disponível em: https://vanessaschumacher.wixsite.com/vanessaschumacher/single-
post/2016/10/13/O-que-a-igreja-de-Laodic%C3%A9ia-tem-a-nos-ensinar

“E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha
fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus.
Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente!
Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que
és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu),
aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e
vestes brancas, para que te apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os vistas,
e não olhos com colírio, para que vejas.
Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te”.
Ap 3. 14-19

A igreja de Laodicéia em muito se assemelha às nossas. Não ao acaso, ela


prefigura nossa atualidade. A questão central é: o que essa igreja tem a nos ensinar?
A arqueologia nos fornece hoje, dados bastante interessantes acerca desta cidade.
Ficava na Ásia menor, hoje conhecida como Turquia. Por estar situada no vale do rio
Lico era uma importante rota comercial. Laodicéia era próspera e opulenta. Possuía
um centro bancário, produzia artigos têxteis e uma espécie particular de colírio muito
conhecido. Era tão rica que chegou a rejeitar a ajuda do governo após ter sido
parcialmente destruída por um terremoto no ano 61 d.C.
Apesar de sua localização privilegiada em termos de transporte, Laodicéia estava
numa região extremamente carente de água, por isso, era necessário captar água de
duas cidades do vale do rio Lico: Colossos e Hierápolis. Colossos era uma cidade
conhecida por suas águas geladas e boas para o consumo. Hierápolis era conhecida
por suas águas termais que ajudavam no tratamento de algumas doenças. Laodicéia,
porém, não possuía fontes de água e precisou desenvolver um sistema de aquedutos
para levar água até a cidade. No entanto, em seu percurso a água era aquecida pelo
sol chegava à cidade morna tornando-se imprópria para o consumo.

1. A mornidão apóstata da igreja:

Por causa de sua prosperidade material, a igreja de Laodicéia parecia estar vivendo
um tempo de grandes bênçãos. Todavia, é severamente repreendida pelo Senhor
Jesus: “porque és morno (...) vomitar-te-ei da minha boca” (Ap 3.16). O que isto
significa? O que é ser morno?
Segundo o dicionário, mornidão significa tepidez das ações, dos gestos, ausência de
vigor, de energia. Logo a igreja morna é aquela condescendente com o mundo e, em
comportamento, se assemelha à sociedade ímpia. Não existe nela nem o vigor, nem
o fervor do Espírito Santo. Isso não nos é familiar? O crente morno não mais
demonstra interesse pelo Reino de Deus, por estar comprometido com o mundo (Mt
24.12).
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1.1 – A temperatura morna: Na água a temperatura exerce maior influência nas


atividades biológicas e no crescimento. Também governa os tipos de organismos que
podem viver ali, peixes, insetos, bactérias, parasitas ou plantas. Se a faixa de
temperatura ideal para o desenvolvimento for ultrapassada, o número de espécies
diminui até se extinguirem totalmente.
Certamente, você já observou água parada. É contra essa água que,
constantemente, o governo nos alerta sobre o risco de proliferação do mosquito da
Dengue. Basta um olhar mais atento para perceber que essa água que gera tantos
parasitas é uma água morna. O que ela gera, não é bom. Traz doenças e
enfermidades.
Da mesma forma que os organismos precisam da temperatura ideal para se
desenvolverem, assim é a igreja. Para se desenvolver de forma plena a igreja precisa
do calor do Espírito Santo (Rm 12. 11). Sua chama precisa, constantemente, estar
acessa gerando um ambiente espiritual quente.
Observe que a cidade vizinha de Laodicéia, Colossos, possuía uma água excelente
para o consumo por ser fria, corrente. Já a cidade de Hierápolis possuía fontes
termais, águas quentes, ideais para tratar diversas enfermidades. Porém as águas de
Laodicéia eram intragáveis!
A igreja de Laodicéia morna era indiferente ao toque do Espírito Santo. Por esse
motivo, Senhor a advertiu veementemente! “Tomara que foras frio ou quente!” (v. 15).
A igreja só cresce em um ambiente favorável, e este ambiente, necessariamente,
precisa ser quente. Ao se tornar morna, a igreja começa a se apostata da fé,
esvaziar-se e finalmente morrer.
A água fria é corrente, está em constante movimento. Por sua vez, a água quente é
fervescente e borbulha tanto ao ponto de, por vezes, respingar para fora da panela.
Estar em movimento fazendo seu calor chagar ao ímpio deve ser o objetivo da igreja.

1.2 – Estado de mornidão = igreja estagnada, inchada: Note que o problema da igreja
de Laodicéia não era teológico nem moral. Não havia falsos mestres, nem heresias.
Também não há menção na carta de perseguidores. O que faltava à igreja era fervor
espiritual. A vida espiritual da igreja era morna, indefinível e apática. A igreja estava
totalmente insensível ao fluir do Espírito Santo.
A água parada e morna gera uma série de parasitas que se proliferam de um dia
para o outro. Nesse ponto, não há diferença entre a igreja de Laodicéia, a igreja
apostata de nossos dias e um balde de água morna e parada.
A igreja de Laodicéia não era nem fria, a ponto de rejeitando abertamente a Cristo,
e nem quente, cheia do Espírito Santo de Deus. Em vez disso, seus membros eram
mornos, hipócritas que professavam conhecer a Cristo, mas que não pertenciam
verdadeiramente a Ele.
Engana-se quem pensa que a igreja cresce em nossos dias! Engana-se mais ainda
quem acredita que estamos gerando vidas saudáveis cheias de Deus! Ah... Como o
diagnóstico das nossas igrejas é triste.
Nossos templos estão lotados, cheios de parasitas apáticos, que não sente a
presença de Deus. Nossos templos estão inchados, cheios de pessoas que não
conseguem ser tocadas pelo Espírito Santo por serem indiferentes ao Seu mover.
Irmãos que não creem no agir, no milagre e na palavra de Deus viva e eficaz. Crentes
que não suportam ouvir a mensagem da cruz, que estão cegos e surdos (2 Tm 4. 3).
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1.3 – A mornidão causa náuseas: A palavra morno, no grego ζεστός (jliaros), traz a
ideia de algo que provoca náuseas. O vômito é o ato de colocar para fora aquilo que
faz mal ao seu organismo.
Jesus diz que está preste a vomitar a igreja, ou seja, colocar para fora aquilo que
faz mal ao seu corpo. A igreja de Laodicéia era de Cristo, mas, em vez de dar alegria
a Cristo, estava provocando náuseas nele. Uma religião morna provoca náuseas.
Jesus tinha muito mais esperança nos publicanos e pecadores do que nos orgulhosos
fariseus. Somos filhos de Deus, herdeiros de Deus, a herança de Deus, a menina dos
olhos de Deus (Sl 17. 8), a delícia de Deus (Is 62. 4)[4]. Mas, quando perdemos
nossa paixão, nosso fervor, nosso entusiasmo, provocamos náuseas em nosso
Salvador.
De que lado você deseja estar? Ao lado da igreja vitoriosa, aquela que agrada ao
Senhor ou você pretende ficar junto com a igreja que causa mal ao Senhor ao ponto
de Ele querer vomitar?

2. Autossuficiência:

Vemos aqui um Jesus inflexível com a igreja. Não obstante Ele a censura
asperamente por tamanha altivez e arrogância. A igreja de Laodicéia era uma igreja
rica. Eles pensavam que pelo fato de serem ricos materialmente, também eram ricos
espiritualmente. Consideravam-se uma igreja grandemente abençoada. Mal sabiam
eles que estavam totalmente equivocados.

2.1 - Arrogância espiritual: A mornidão espiritual é um estado de fraqueza espiritual e


está fraqueza se verifica no sentimento de arrogância, de orgulho e de soberba do
homem que tem a petulância, o desatino, a loucura de dizer que não precisa de Deus,
de que pode se virar sozinho neste mundo.
A fraqueza espiritual da igreja de Laodicéia mostra-se logo no início de suas
afirmações. Aquela igreja, a começar do seu anjo (isto é, do seu líder e pastor),
enchia o peito e dizia para todos, com evidente e louca arrogância: “Rico sou e de
nada tenho falta” (v.17). Ora, é nesta tola pretensão que se verifica a fraqueza
espiritual. Ao dizer que não precisavam de coisa alguma, aqueles crentes mostravam
o seu verdadeiro estado espiritual.
Só temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa
pequenez, o nosso nada diante de Deus. O servo de Deus que é espiritualmente
forte, como Paulo, é forte porque reconhece que é fraco (2 Co 12. 9). Estamos,
verdadeiramente, fortes quando nos encontramos como o salmista: “Eu sou pobre e
necessitado; mas o Senhor cuida de mim” (Sl 40:17a).

2.2 – A autossatisfação, o perigo do “e de nada tenho falta”: A igreja de Laodicéia era


morna em seu amor a Cristo, mas amava o dinheiro. O amor ao dinheiro traz uma
falsa sensação de segurança e uma falsa autossatisfação. Aquela igreja não tinha
consciência de sua condição, condição essa que a levaria para o inferno.
A congregação de Laodicéia fervilhava de frequentadores presunçosos, era uma
igreja cheia por fora e vazia por dentro. Os crentes eram ricos. Frequentavam as altas
rodas da sociedade e eram influentes na cidade.
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A cidade era um poderoso centro médico, bancário e comercial, mas os cristãos


contraíram a epidemia da soberba. Os membros da igreja tornaram-se convencidos e
foram corrompidos pela vaidade. Acreditavam estarem indo maravilhosamente bem
em sua vida religiosa, mas Cristo teve de acusá-los de miseráveis, pobre, cegos e
nus (Ap 3:17).
Miseráveis apesar de seus cofres com dinheiro; cegos apesar de seu famoso
colírio; e nus apesar de suas fábricas de tecidos. São miseráveis porque não têm
como comprar o perdão de seus pecados. São nus porque não têm roupas
adequadas para se apresentarem diante de Deus. São cegos porque não conseguem
enxergar sua pobreza espiritual. Neste contexto, mais uma vez podemos notar a
forma clara e objetiva que o Senhor exorta sua igreja.
A mornidão espiritual leva o crente à soberba, à iniquidade e à apostasia. Laodicéia
de nada tinha falta; possuía tudo em abundância. Aos olhos do Senhor, porém, não
passava de uma igreja pobre, cega e miserável. O que lhe sobejava em riquezas
materiais, faltava-lhe em bens eternos. Sua salvação fora corrompida. Ela retrata as
igrejas que, desconstruindo-se como Reino de Deus, reconstroem-se como impérios
humanos. Igrejas cheias de si mesma, arrogantes e presunçosas. Mornas e inchadas.
Produtoras de crentes doentes!
Mas no final da carta há uma mensagem restauradora! Após reprovar severamente
a igreja pela sua autossuficiência, Jesus agora lhes dá um sábio e amoroso conselho.
Cristo, utilizando a linguagem de mercado, se apresenta como um mercador
espiritual. Jesus nesta passagem faz alusão a Isaías 55.1, que diz: “Ó vós, todos os
que tendes sede, vinde às águas, e vós, que não tende dinheiro, vinde comprai e
comei: sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”.
Jesus aqui está demonstrando a sua graça bendita a pessoas que diziam que não
precisavam de nada, mas sobre a ótica do Senhor, não tinham nada e precisavam de
tudo. Os laodicenses eram na verdade mendigos espirituais.
Ele oferece a sua mercadoria gratuitamente. Os crentes de Laodicéia não
precisavam ter dinheiro para comprar o ouro, as roupas e o colírio para os olhos que
Jesus estava vendendo, mas precisavam de um coração quebrantado, arrependido e
convicto de seus pecados. Este era o preço a pagar para se obter estas mercadorias.
A frase "eis que estou à porta e bato” (v. 20) denota que Cristo estava do lado de
fora desta igreja, isto é, do lado de fora do coração de cada laodicense. O Senhor
desejava entrar. O Senhor ainda deseja entrar! Ele chama o pecador a abrir a porta
do seu coração. Ele chama a igreja morna ao arrependimento.
A mornidão espiritual causa grande desgosto e pesar ao Senhor Jesus.
Chequemos, pois, constantemente a temperatura do nosso coração. É preciso
reacender, diariamente, a paixão espiritual por Jesus. As Escrituras afirmam que, um
dia, os santos com Ele reinarão (Mt 19.28; Ap 20.4). Então, como ficar morno diante
de um futuro tão glorioso? Nunca se esqueça da exortação do Senhor: “O fogo arderá
continuamente sobre o altar; não se apagará” (Lv 6.13).

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