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Ao Leitor
O seguinte conto, narra um
lamento da Mãe Terra, um lamento que precisamos escutar... Há muito tempo, em um universo vasto e silencioso, uma luz emergiu da escuridão primordial. Ela era uma entidade antiga, sábia e carregava consigo a responsabilidade de sustentar a vida. Seus mares eram como veias que irrigavam os continentes, e suas montanhas, como ossos que sustentavam o mundo.
A Mãe Terra observava com olhos tristes enquanto os
seres humanos surgiam. Eles eram criaturas curiosas, dotadas de inteligência e ambição. Mas também eram portadores de uma ferida profunda: a ganância. O homem ansiava por mais, sempre mais. Mais terras, mais recursos, mais poder.
A Mãe Terra, em sua sabedoria, tentou manter o equilíbrio.
Ela ofereceu frutos, água e abrigo. Ela dançou com os ventos e cantou com as estrelas. No entanto, os filhos da terra não estavam satisfeitos. Eles cavaram profundamente em suas entranhas, extraindo minerais e metais preciosos. Derrubaram florestas antigas, despejaram toxinas nos rios e envenenaram o ar.
Cada árvore que tombava era uma lágrima da Mãe Terra.
Cada animal extinto era um suspiro de dor. Ela assistia impotente enquanto suas criaturas mais amadas eram sacrificadas no altar da ganância humana. Os mares se aqueciam, os glaciares derretiam e as tempestades rugiam com fúria.
A Mãe Terra se tornou um mártir silencioso. Ela suportou
terremotos, furacões e secas. Ela aceitou a dor como parte de sua missão. Mas havia momentos em que sua tristeza transbordava. Ela chorava em forma de tsunamis e deslizamentos de terra. Ela rugia em vulcões em erupção, clamando por justiça.
Os homens, cegos por sua própria ambição, não ouviam
seus lamentos. Eles construíram arranha-céus de concreto sobre os ossos da Mãe Terra. Poluíram os céus com fumaça e ignoraram os sinais de sua agonia. A Mãe Terra, cansada e ferida, começou a definhar.
Ela sussurrou para os ventos: "Eu sou a guardiã da vida,
mas também sou mortal. Meu coração está cansado, e minhas entranhas estão exauridas. Os homens me matam aos poucos, e eu me curvo sob o peso de sua indiferença."
E assim, a Mãe Terra se tornou uma lenda triste. Ela se
transformou em montanhas desgastadas, rios envenenados e florestas devastadas. Seu último suspiro foi um vento suave que varreu a superfície, levando consigo a esperança e a memória de um mundo que poderia ter sido. Hoje, quando olhamos para o céu, vemos apenas uma sombra do que a Mãe Terra costumava ser. Ela se tornou um eco distante, uma lembrança de um tempo em que a harmonia reinava. E enquanto os homens continuam a explorar e destruir, a Mãe Terra permanece como um mártir silencioso, esperando que um dia eles despertem para sua verdadeira natureza e a redimam.