4.2 Baixa Idade Média - Conteúdo + Questões Orientadas

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CONTEÚDO E ORIENTADAS MÓDULO 4

HISTÓRIA
CAPÍTULO 4.2
BAIXA IDADE MÉDIA

CONSEQUÊNCIAS:

BAIXA IDADE MÉDIA • Fracasso militar


• Reabertura do Mar Mediterrâneo ao comércio
• Renascimento comercial e urbano
A partir do século XI, a Europa feudal começa a se
transformar em virtude da reabertura do comércio O RENASCIMENTO COMERCIAL E
intercontinental através do Mar Mediterrâneo. URBANO
Aquelas estruturas que caracterizavam o modo de
produção feudal sofrem alterações: o comércio de
especiarias orientais, o surgimento das feiras e dos
burgos apontavam para novos tempos. O ponto
de partida para compreendermos tudo isso são as
Cruzadas, uma série de conflitos entre cristãos e
muçulmanos.

AS CRUZADAS (SÉCULO XI AO XIII)


A partir da Quarta Cruzada (a Dos Comerciantes), o espirito
religioso das primeiras expedições deu lugar a ambição e
ao desejo de fazer comércio com os árabes. Toneladas de
especiarias eram compradas para serem revendidas por
toda a Europa. Os italianos de Gênova e Veneza tomaram
a dianteira em tal empreendimento, acumulando fortunas
em pouquíssimo tempo. É claro que nas demais cruzadas,
ainda havia gente lutando pela religião, principalmente os
mais pobres e os missionários do Clero.

As especiarias e os produtos de luxo, como a seda e


Entre os séculos X e XI, o sistema feudal conhece seu a porcelana da China, eram comercializados por todos
esgotamento. A população cresceu e a produção agrícola os cantos da Europa Ocidental. Porém, os primeiros
não atendia à demanda. Cercados pelos árabes e tendo o comerciantes começaram a sofrer com a cobrança de
Mediterrâneo intransitável, os cristãos europeus tiveram a pedágios por parte dos Senhores Feudais. Surgiram várias
ideia de combatê-los, pois mandariam milhares de pessoas à rotas comerciais, interligando regiões que até então não
guerra e ainda havia a esperança de tomar a cidade sagrada se comunicavam ou possuíam pouco contato. Para tentar
pagar menos impostos, os comerciantes promoviam feiras
de Jerusalém das mãos dos infiéis. Foram realizadas oito
em locais de peregrinação religiosa ou em encruzilhadas
Cruzadas oficiais e duas não-oficiais.
de estradas. Os locais onde eram realizadas as feiras,
surgem aglomerados urbanos denominados de Burgos, o
Entre os membros do Clero Católico, surgiram vários que levou a população a chamar comerciantes e artesãos
grupos de ordens mendicantes, Hospitalários e os famosos de burgueses. Aos poucos, a população rural começou a
Templários. A ordem dos Hospitalários era um grupo de migrar para os burgos, onde estava ocorrendo a geração de
padres que se instalou no Oriente, durante as Cruzadas emprego com remuneração em moeda.
para cuidar dos doentes e feridos. Já os Templários, eram
responsáveis por proteger o Templo de Salomão, em A nobreza feudal percebeu que a população de servos
Jerusalém, tomado dos árabes na primeira Cruzada. começava a diminuir, ao mesmo tempo era necessário
ampliar a produção agrícola para abastecer as feiras e,
Das oito cruzadas, os árabes só foram derrotados também, adquirir moedas para consumir as especiarias. A
na primeira, pois foram pegos de surpresa. Jerusalém solução para manter alguns homens trabalhando no campo,
era abrir mão das obrigações servis e, aos poucos também
permaneceu nas mãos dos maometanos.
remunerá-los. Todas essas transformações provocaram o
fim das relações feudais e o surgimento de práticas pré-
capitalistas.

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Comunas ou Cidades Francas: Com o crescimento do A fragmentação política e territorial da Europa em feudos,
comércio, a burguesia percebeu a necessidade de libertar era um grande entrave ao desenvolvimento do capitalismo
as cidades do domínio do Sr. Feudal. As associações de comercial. Impostos diversos, moedas, sistemas de pesos e
comerciantes então compravam a sua independência, medidas com diferenças absurdas de valor prejudicavam a
tornando as entradas e saídas francas, livres dos tributos nascente burguesia. Como solução a esse entrave, alguns
senhoriais. grupos de burgueses se aliaram a nobres com descendência
Hansas ou Guildas (Grêmios): Eram associações dinástica ou com espirito de concentração de poderes, para
organizadas pelos mercadores das cidades com o objetivo dominar outros Senhores Feudais e padronizar moedas,
de defender os seus interesses mercantis. pesos e medidas.

Corporações de Ofício: Eram associações de artesãos As monarquias ibéricas se destacam entre as primeiras
que tinham por finalidade assegurar a produção, a com caráter nacional. Inglaterra e França tentam se
qualidade de produto e o justo preço para atender consolidar durante a Guerra dos Cem Anos, pois os nobres
aos pedidos, contar com uma clientela certa e eliminar lutavam ao lado dos seus monarcas.
a concorrência desonesta - ajudavam os associados
doentes e incapacitados. Antes de ser membro de uma MONARQUIAS IBÉRICAS
Corporação, era preciso passar pelas categorias de
aprendiz e jornaleiro (ou companheiro), sendo submetido
a testes e avaliações até chegar a condição de Mestre. Portugal e Espanha surgiram durantes as Guerras de
Reconquista (Cruzadas do Ocidente). Desde o século VII,
quando a Península Ibérica foi invadida pelos árabes, os
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pode pequenos reinos cristãos da região iniciaram uma longa
ser comparada a uma Corporação de Ofício, pois luta para expulsá-los. Nobres católicos franceses também
a Bacharel em Direito só pode exercer a profissão ajudaram na luta contra os mouros. Entre os cavaleiros
depois que passa no teste aplicado para avaliar os franceses, destacaram-se os irmãos Raimundo e Henrique
conhecimentos do futuro advogado. de Borgonha, que se tornariam os fundadores de Portugal.

As monarquias de Leão, Castela, Navarra e Aragão


A CRISE DO SÉCULO XIV passaram por um processo de fusão, com o intuito de
fortalecer suas forças militares e derrotar os seguidores
de Alá. Tal fato só se concretizou no século XV, quando
Desde a reabertura do Mar Mediterrâneo, a Europa vinha Fernando de Aragão casou-se com Isabel de Castela. A
passando por intensas mudanças que apontavam para o fim vitória contra os árabes ocorreu com a tomada da cidade
do Período Feudal. O comércio florescia, cidades surgiam e de Granada em 1492. Nesse mesmo ano, os reis espanhóis
a burguesia prosperava. Mas, no Século XIV eclode a Guerra financiaram a viagem de Cristóvão Colombo.
dos Cem Anos e a Peste Negra assola vilas e campos, foram
milhões de vítimas de uma epidemia que mais parecia
castigo divino. Não faltou quem acreditasse que era o fim MONARQUIA FRANCESA
do mundo. O comércio estagnou, rotas comerciais foram
abandonadas, cidades ficaram vazias.
Após o Tratado de Verdun, o Império Carolíngio
Em algumas regiões da Europa, eclodiram revoltas despareceu. O território francês passou a ser governado
camponesas, a exemplo das Jacqueries, na França. Enquanto por poderosos senhores feudais. Dentre eles, destacou-
isso, nobre britânicos e franceses disputavam uma das mais se Hugo Capeto que reiniciou a centralização política,
sangrentas guerras de todos os tempos. Paralelo a tudo partindo de Paris, apoiado pela burguesia. A Dinastia
isso, reis aglutinavam feudos em Monarquias Nacionais, Capetíngia não concretizou o processo centralista,
portugueses reuniam condições técnicas para iniciar a cabendo às dinastias seguintes tal missão. Por isso,
Expansão Marítima pelo Mar Atlântico. a Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453) ganhou muita
importância, pois ela despertou o sentimento nacionalista
AS MONARQUIAS NACIONAIS e uniu os nobres ao rei. Valois e Bourbons consolidaram a
monarquia francesa nos séculos XV e XVI.

A GUERRA DOS CEM ANOS:

Causas: Disputa pelo trono francês entre Eduardo III (rei


da Inglaterra e neto do rei Francês Felipe IV, o Belo) e Felipe
de Valois (sobrinho de Felipe IV). Ainda havia a disputa pela
região da Normandia (Flandres).

O conflito: Nos primeiros anos da guerra, os ingleses


demonstravam maior poderia bélico. Mas, em virtude
da Peste Negra, as tropas inglesas tiveram que bater em
retirada, o que deu tempo para os franceses se organizarem,
além do forte sentimento nacionalista despertado pela
Joana D’Arc. Os nobres franceses se uniram ao seu monarca,
fortalecendo o poder central, o que resultou na derrota dos
britânicos.

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A MONARQUIA BRITÂNICA Estilo Gótico (predominante na Baixa Idade Média) -
leveza e janela com vitrais coloridos.

A Grã-Bretanha era constituída por sete pequenas


monarquias de origem bárbara. Essas monarquias foram
gradativamente conquistadas por um nobre francês,
denominado de Guilherme, o Conquistador. Seus sucessores
Ricardo I (o Coração de Leão) e João I (o Sem - terra), tentaram
consolidar a monarquia, mas ocorreu algo diferente das
demais regiões da Europa. Os nobres britânicos impuseram
limitações ao poder do monarca através de um documento
denominado de Carta Magna (1.215). Com a Carta Magna
nasce o sistema Parlamentarista que dura até 1.534, quando
o Ato de Supremacia estabelece plenos poderes ao rei. Catedral de Milão

CULTURA MEDIEVAL IGREJA MEDIEVAL

CRISTIANISMO

Os cristãos eram perseguidos no Império Romano por


não considerar o Imperador de origem divina, por isso, eram
considerados uma ameaça às instituições. O Cristianismo
foi oficializado por Teodósio (391), pelo Edito de Tessalônica.

Na Idade Média, a Igreja era a instituição dominante.


Além do poder espiritual (religioso), tornou-se dona de um
A cultura medieval foi uma síntese de elementos greco-
romanos, cristãos e germânicos. A principal característica grande poder temporal (domínios sobre as coisas materiais),
foi o teocentrismo. A educação era controlada pelo clero tornando-se um instrumento de unificação social.
católico. A participação especial na cultura medieval ficou por
conta dos monges copistas, cujo trabalho de reprodução de A QUERELA DAS INVESTIDURAS
antigos manuscritos, devemos à conservação dos roteiros
culturais da Antiguidade. A Querela das Investiduras foi um movimento no qual a
Igreja protestava contra a nomeação de bispos e papas pelo
OS CURSOS UNIVERSITÁRIOS: Imperador. No século X, o poder papal estava enfraquecido. A
situação se encontrava tão embaraçosa que os imperadores
Uma universidade compreendia quatro faculdades: germânicos nomearam doze papas e excluíram cinco.
Artes (ou Letras), Direito, Medicina e Teologia. Algumas Revoltados, os clérigos da Abadia de Cluny, na França,
universidades se especializaram num determinado curso. A
manifestaram-se exigindo maior autonomia à Igreja, que
de Bolonha em Direito, a de Paris em Teologia, a de Nápoles
queria tomar o poder de escolha de seus membros para si.
em Medicina. A universidade de Bolonha é considerada a
mais antiga da Europa (fundada no século XI) Durante o reinado de Henrique IV, o conflito entre as partes
chegou ao seu ápice.
A Filosofia: Santo Agostinho (na Alta Idade Média) e São
Tomás de Aquino (na Baixa Idade Média) foram os maiores Em 1122, um pacto de trégua foi assinado entre as partes.
pensadores medievais. Aquino tornou-se muito influente ao O imperador teria poder de nomear bispos com autoridade
pregar a Escolástica, tentando conciliar fé e razão. secular, mas não com autoridade sagrada. Ou seja, poderia
nomear, mas não realizar a cerimônia religiosa. As práticas
Ciência: Roger Bacon foi o cientista mais conhecido da Idade religiosas e as nomeações de cargos religiosos, no entanto,
Média. Dizia que a Teologia é a rainha das ciências. Defendeu o eram exclusivamente do papa. Esse episódio ficou conhecido
método experimental como de atividade científica. como a Concordata de Worms.
Literatura: Poesia Épica - exaltava a ação corajosa dos
TRIBUNAIS DA INQUISIÇÃO OU DO SANTO OFÍCIO
cavaleiros em prol da cristandade -> Canção de Rolando
(França) Poesia Lírica - o amor cortês dos cavaleiros em
relação às suas damas As pessoas que discordavam dos ensinamentos católicos
contestavam o poder da Igreja e do papa eram chamadas de
Arquitetura: Estilo Românico (típico da Alta Idade Média) hereges e tinham como castigo a perseguição, a tortura e,
traços simples, grossos pilares e janelas estreitas. muitas vezes, a morte no Tribunal da Santa Inquisição.

Igreja de San Martin de Fromista, Palência, Espanha. Santa Inquisição

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