Livro U3

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LIVRO

UNIDADE 3

Psicologia
escolar e
educacional
Psicologia Escolar
Institucional

Jaqueline Pereira Dias Correa


© 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Sumário

Unidade 3 | Psicologia Escolar Institucional 5

Seção 3.1 - Reflexões sobre contextos escolares 7


Seção 3.2 - Psicologia e a instituição escolar 21
Seção 3.3 - Psicólogo escolar em contextos não escolares 34
Unidade 3

Psicologia Escolar
Institucional

Convite ao estudo
A Unidade 3 foi organizada de modo que você identifique
o papel do psicólogo em contexto escolar e compreenda os
cargos, as funções e atribuições desse profissional na escola.
Ao final, você será capaz de compreender as possibilidades
de atuação do psicólogo escolar na escola e fora dela.
Tal competência ainda permitirá que você elabore um
relatório analítico discorrendo sobre o trabalho do psicólogo
escolar. A apresentação dos conteúdos ao longo da unidade
oferecerá suporte para a criação do referido relatório e para o
desenvolvimento das competências relevantes ao seu futuro
desempenho como psicólogo escolar.

Considerando a necessidade de apresentar alternativas e o


desenvolvimento de práticas que instrumentalizem as atividades
do psicólogo, cada unidade foi pensada a partir de um contexto
de aprendizagem, o qual representa uma situação cotidiana
vivenciada por psicólogos escolares. A partir dessa realidade,
derivam-se situações-problemas que deverão ser solucionadas
por você no decorrer das seções, promovendo, assim, as
competências necessárias para exercer a função de psicólogo
em instituições educacionais.

Nesta unidade, continuaremos acompanhando a psicóloga


Maria Luiza, que está cada vez mais ciente de sua atuação e
segura sobre os bons resultados advindos de suas intervenções/
orientações na escola. Os profissionais da instituição estão
compreendendo melhor a contribuição da Psicologia para
as crianças, os pais, professores e a comunidade. Maria Luiza
está há 6 meses na escola e vem ganhando mais espaço e
reconhecimento a cada dia, no entanto ela ainda encontra
alguns pais e/ou professores recém-contratados distorcendo as
atribuições do psicólogo.

Na Seção 3.1, denominada “Reflexões sobre contextos


escolares”, você compreenderá as discrepâncias e coerências
presentes quanto às funções e encargos do psicólogo na escola,
os desafios do trabalho em equipe em relação à compreensão
e aceitação das funções do psicólogo escolar; conhecerá um
pouco das práticas inclusivas e interfaces com outras instituições
e se aproximará do trabalho voltado para a saúde do profissional
de educação. Na seção seguinte, “Psicologia e a instituição
escolar”, você irá aprender sobre o papel do psicólogo escolar
e suas especificidades, a partir de atividades coletivas e da
interdisciplinaridade. Por fim, na Seção 3.3, “Psicólogo escolar
em contextos não escolares”, serão apresentados conteúdos
acerca dos possíveis desempenhos do psicólogo escolar em
hospitais, ONGs, órgãos que cumprem medidas socioeducativas
e instituições religiosas.

Portanto, nos aproximaremos das diversas possibilidades de


práticas do psicólogo escolar para atuação multidisciplinar em
contextos institucionais e, sobretudo, alcançaremos a amplitude
da prática e as chances de inserção nas instituições.

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Seção 3.1
Reflexões sobre contextos escolares
Diálogo aberto
O papel do psicólogo escolar ainda é desconhecido pela equipe
da escola e, principalmente, pelas famílias, o que gera dúvidas,
inquietações e críticas, causando desconforto aos psicólogos. Esse
desconforto tem sido positivo, visto que tende a contribuir para
a sensibilização dos psicólogos quanto à ineficiência de algumas
práticas na escola (RODRIGUES et al., 2008) e para o reconhecimento
de novas atividades e ideias que estão surgindo e vêm remetendo a
um grande potencial de transformação (MALUF, 2010). Nesta seção,
você identificará as possíveis funções e atribuições do psicólogo em
contexto escolar. Conhecerá os desafios do trabalho em equipe
perante a compreensão e aceitação da atuação do psicólogo por
um viés promotor de saúde, mais proativo e humanizado. Identificará
alguns dos desafios da prática inclusiva. Ao final, será apresentada
a saúde do profissional de educação, também foco do psicólogo
escolar.
Com o propósito de refletir sobre o desempenho do psicólogo
escolar em contextos escolares, retomamos brevemente a situação
de aprendizagem desta unidade: a psicóloga Maria Luiza já percebe
progressos quanto à compreensão de sua atuação, o que implica
maior autonomia para o desenvolvimento de suas funções, embora
ainda encontre alguns pais e/ou professores recém-contratados
distorcendo o seu desempenho. Diante dos desafios do trabalho em
equipe, Regina, diretora da escola, solicitou que Maria Luiza elaborasse
um relatório contemplando as principais ações previstas ao psicólogo
escolar e também os seus desafios. No lugar de Maria Luiza, como
você organizaria o relatório em questão?
O primeiro conteúdo tratado será sobre os cargos, as funções e
a atuação no contexto escolar visando discutir as práticas proativas,
nas quais se desloca o foco da doença para a saúde, do fracasso
para o sucesso, dos distúrbios e dificuldades para as competências
e habilidades (GUZZO, 2001). Em seguida, discutiremos os desafios
do trabalho em equipe nas escolas e os problemas de interação e
comunicação, os quais discorrerão sobre o processo de compreensão
e aceitação da equipe escolar ante o papel do psicólogo no contexto

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educativo. Após, serão apresentadas as práticas inclusivas e a interface
entre as escolas e outras instituições, você conhecerá os desafios das
práticas inclusivas e as parcerias necessárias para a efetividade da
prática multidisciplinar. Por fim, será analisada a saúde do profissional
de educação, o que levará você a compreender que a saúde desse
profissional também é motivo de atenção do psicólogo escolar. Ao
final de todo o conteúdo, você estará apto a apresentar um panorama
sobre as principais questões que permeiam o contexto escolar, das
práticas previstas de atuação do psicólogo aos desafios do trabalho
em grupo. Sendo assim, será capaz de auxiliar Maria Luiza em sua
delimitação de atribuições para com a equipe escolar.

Não pode faltar


Esta seção traz conteúdos fundamentais para a reflexão da prática
do psicólogo no contexto escolar, bem como suas funções e os
desafios enfrentados em equipe. Além disso, discorre sobre as práticas
inclusivas e apresenta a interface entre as escolas e outras instituições.
Ressaltaremos ainda, como foco de ação do psicólogo escolar, a
saúde do profissional de educação quando se defronta com os seus
desafios diários. Discutiremos, portanto, sobre como a atuação do
psicólogo escolar na escola deve ir em direção ao desenvolvimento
de práticas adequadas às necessidades da realidade social brasileira.
Ainda, nos dias de hoje, nos deparamos com o receio e a rejeição
da equipe escolar com relação ao trabalho do psicólogo, decorrente
do imáginário social de que o psicólogo deve atender os alunos
problemáticos, remediar situações conflituosas, priorizando práticas
clínicas individuais (DIAS; PATIAS; ABAID, 2014). No entanto, esse
imaginário consequentemente remete à incapacidade do psicólogo
escolar em resolver os problemas da escola (MARTÍNEZ, 2010).
De fato, tais críticas e fundamentos são frutos de um trabalho do
psicólogo na escola que priorizava a psicopatologia do aluno e da família,
aplicando conhecimentos da Psicologia aos problemas de aprendizagem
e de comportamento dos estudantes, conforme já discutido nas unidades
anteriores. E também pelo fato de o psicólogo cair na armadilha de uma
preocupação excessiva em resolver os problemas educacionais. Nesse
aspecto, é importante considerar que esses problemas estão ligados a
múltiplos fatores que acabam por fragilizar o desempenho do psicólogo,
gerando impotência e fracasso, pois muitas soluções não dependem
dele e nem da própria escola (NOVAES, 2010).

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Num cenário de múltiplas demandas, como é a escola, constatou-
se a necessidade de redimensionamento e reformulação de
práticas coerentes com a nossa realidade educacional. Assim, nos
confrontamos com uma série de discussões e propostas de atuações
e, com elas, vários desafios. Primeiro, iremos conhecer as diversas
práticas que se apresentam e caracterizam a função do psicólogo na
escola e, posteriormente, os desdobramentos e parcerias essenciais
para a efetividade dessas práticas.
Martínez (2010), com o objetivo de mostrar a prática do psicólogo
escolar, classifica duas formas de atuação: as tradicionais (aquelas
com uma história já consolidada) e as emergentes (configuração
recente), ambas podem se inter-relacionar ou ser interdependentes,
conforme veremos a seguir:
Formas de atuação tradicionais:
1. Avaliação, diagnóstico, atendimento e encaminhamento de
alunos com dificuldades escolares.
2. Orientação a alunos e pais.
3. Orientação profissional.
4. Orientação sexual.
5. Formação e orientação aos professores.
6. Elaboração e coordenação de projetos educativos específicos.
Formas de atuação emergentes:
1. Diagnóstico, análise e intervenção em nível institucional.
2. Participação na construção, no acompanhamento e na avaliação
da proposta pedagógica.
3. Participação no processo de seleção dos membros da equipe
pedagógica e no processo de avaliação dos resultados do trabalho.
4. Contribuição para a coesão da equipe de direção pedagógica e
para sua formação técnica.
5. Coordenação de disciplinas e de oficinas direcionadas ao
desenvolvimento integral dos alunos.
6. Contribuição para a caracterização da população estudantil
com o objetivo de subsidiar o ensino personalizado.
7. Realização de pesquisas diversas com o objetivo de aprimorar o
processo educativo.
8. Facilitação de maneira crítica, reflexiva e criativa da
implementação das políticas públicas.

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Assimile
As duas formas de atuação classificadas por Martínez (2010) coexistem
e se inter-relacionam. Vale a pena destacar que as formas tradicionais
estão associadas à dimensão psicoeducativa do contexto escolar,
caracterizado como o principal objeto de atenção da instituição escolar,
envolvendo todos os atores. Embora se observe uma evolução em
termos qualitativos, tal atuação geralmente é definida por um problema
concreto (desenvolvimento ou aprendizagem do aluno) que precisa
ser enfrentado e resolvido no contexto escolar, sendo o trabalho do
psicólogo configurado como uma resposta.

Já as formas emergentes estão vinculadas à dimensão psicossocial


da instituição escolar e associadas a uma concepção mais ampla e
abrangente, a qual é constituída por uma atitude proativa do psicólogo,
visto que a prática não está atrelada a demandas explícitas da escola
(MARTÍNEZ, 2010).

Vale ressaltar aqui que algumas formas de atuação descritas não


são exclusivas do psicólogo escolar, como a orientação profissional
e sexual, já que incluem o orientador educacional, bem como os
próprios professores. Desse modo, identificamos que o papel do
psicólogo escolar complementa o de outros profissionais, como no
caso das orientações e formações de professores, o psicólogo a partir
de seu olhar enriquece aspectos do processo educativo (MARTÍNEZ,
2010). Assim, é possível identificar que a articulação do desempenho
do psicólogo com a equipe escolar (coordenador pedagógico e
orientador educacional) é fundamental para que o desempenho seja
eficiente.
Outras atuações também são apresentadas e orientadas em notas
técnicas (CRP, 2010) aos psicólogos sobre suas atribuições, como:
a articulação com setores da saúde, do trabalho, dos movimentos
sociais, da assistência social e do poder judiciário; a compreensão
dos fatores que produzem e causam sofrimento em educandos
e educadores; a elaboração de metodologias de trabalhos
multidisciplinares, valorizando e potencializando a produção de
saberes dos diferentes espaços educacionais; a potencialização de
pessoas e grupos da comunidade escolar ampliando a qualidade
do processo educacional; e o compartilhamento da prática e do
conhecimento desenvolvido pela Psicologia, socializando saberes e
ampliando as possibilidades de atuação.

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Dias e colaboradores (2014) complementam que o psicólogo
inserido na escola deve realizar uma intervenção ampla e
contextualizada, que envolva os diferentes atores presentes nos
processos educativos, sejam eles professores, pais, funcionários,
alunos ou a comunidade escolar, visando atuações voltadas ao
trabalho interdisciplinar em diferentes níveis: promoção, prevenção
e tratamento; âmbito do ensino-aprendizagem, tanto em seu
contexto formal (escola, instituições de ensino) quanto no informal
(organizações não governamentais, empresas etc.); processos
educacionais que acontecem tanto com crianças e adolescentes
como com pessoas adultas ou mais maduras (Educação de Jovens
e Adultos (EJA), escolas técnicas, universidades e programas de
universidades para a terceira idade; processos educacionais em
conjunto com as organizações não governamentais (ONGs),
programas de treinamento em empresas, hospitais, associações
comunitárias ou qualquer outro local onde ocorram esses processos
de ensino-aprendizagem.
A partir da apresentação desse leque de possibilidades de atuação,
já é possível identificar que a condição de equipe multidisciplinar e
também interdisciplinar multiprofissional pressupõe uma série de
desafios. Entretanto, são exatamente esses profissionais, com os quais
o psicólogo irá contribuir e somar às práticas educacionais, que por
vezes vão distorcer ou rejeitar o trabalho do psicólogo, bem como
vê-lo como ameaça.
Exemplificando
As relações entre as áreas de atuação dentro de um contexto podem
ocorrer em três níveis: multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar
(DE ANDRADE, 1995).

Multidisciplinaridade: recorre a diferentes áreas para estudar a


problemática, porém incide na fragmentação, visto que há justaposição
de diversas áreas sem relação aparente entre si. A maior desvantagem
talvez seja desconsiderar as características e necessidades do aluno,
dificultando assim a percepção do todo.

Interdisciplinaridade: interação entre duas ou mais áreas, baseada na


interdependência entre os diversos ramos do conhecimento. Nesse nível,
as vantagens referem-se à presença de interação, comunicação existente
entre as áreas e busca de integração do conhecimento num todo. Essa
prática exige mudanças de atitude, procedimentos e posturas por parte

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dos profissionais, conta com uma equipe integrada (alunos e equipe
escolar) a qual promove a aproximação dos conteúdos da vida real,
estimula a iniciativa, a criatividade, a cooperação e a corresponsabilidade
entre os membros. Um bom exemplo é o desenvolvimento de projetos
na escola que incluam toda a comunidade escolar.

Transdisciplinaridade: quando há coordenação de todas as áreas num


sistema lógico de conhecimentos, com livre trânsito de um campo
de saber para outro. Por tratar-se de uma abordagem mais complexa
não há divisão de áreas. Porém, essa prática só será viável quando não
existir mais a fragmentação do conhecimento. De fato, na escola ainda
torna-se difícil a cooperação entre as áreas, pois há sempre uma que se
sobrepõe às outras.

Nessa perspectiva, cabe então ao psicólogo o cuidado especial,


visto que geralmente ele já chega à escola com uma equipe
estabelecida, sendo então necessários sensibilidade, modéstia e
profissionalismo (MARTÍNEZ, 2010). Será por sua grande variedade de
possíveis funções e estratégias que o psicólogo irá contribuir com a
escola.
Um aspecto importante que deve ser considerado é que as práticas
já determinadas como inadequadas não são efetivas exatamente por
não irem ao encontro das reais necessidades da realidade social
brasileira. Apesar disso, as novas práticas como a participação na
elaboração das políticas educacionais, no planejamento e avaliação
de programas de ensino, na capacitação de docentes, nas relações da
escola com a família e comunidade já pressupõem um conhecimento
e uma atuação interdisciplinar principalmente adequados à realidade
social na qual estão inseridos (MALUF, 2010).
De maneira geral, para acompanhar a mudança de paradigma
quanto às concepções e práticas no contexto educativo, houve a
inserção de práticas mais contextualizadas, participativas e criativas
aos professores e alunos, caracterizando o psicólogo como um
mediador e promotor de relações interpessoais (RODRIGUES et al.,
2008). Nesse sentido, Dias e colaboradores (2014) salientam que o
psicólogo não deve trazer uma resposta pronta, pois é na interação
com os profissionais da equipe escolar que juntos irão construir uma
solução viável dentro do contexto da educação. Para tanto, cabe
ao psicólogo uma postura crítica e criativa, aberta aos desafios e

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possibilidades que permeiam o contexto escolar.
A fim de compreender todo esse arcabouço técnico e prático
que implica as ações do psicólogo na escola, podemos partir da
ideia que Novaes (2010) apresenta sobre a identidade do psicólogo
ser entendida como algo em construção, cujo objetivo é contribuir
efetivamente para melhorar a qualidade das relações na escola,
na família e na comunidade, abrangendo sempre o intercâmbio
interdisciplinar.
Valle (2003) explicita a luta do psicólogo escolar pela compreensão
social de sua função, com base em dois grandes desafios da Psicologia
Escolar: sua inclusão na escola e a atuação preventiva. No primeiro,
esforços para que o seu desempenho não seja distorcido num
campo competitivo que envolve a afirmação de papéis de poder,
possibilitando a sua participação com a equipe escolar em programas
de intervenção que promovam o desenvolvimento dos alunos. E
enquanto atuação preventiva valoriza a participação da escola e
a família. A autora ainda ressalta que as controvérsias acontecem
e precisam ser discutidas, pois a existência de conflitos pode ser
justamente o fator que torna a presença do psicólogo necessária
em ambientes multidisciplinares, principalmente na escola, onde há
grandes chances de se formar cidadãos (VALLE, 2003).

Pesquise mais
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou, em 2013, um
documento intitulado Referências técnicas para atuação de
psicólogas(os) na Educação Básica, produzido a partir da metodologia
do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas
(Crepop). Nesse trabalho, dois eixos vão ao encontro da proposta desta
seção, sendo:

Eixo 3: Possibilidades de atuação da(o) psicóloga(o) na Educação Básica.

Eixo 4: Desafios para a prática da(o) psicóloga(o).

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências técnicas para


atuação de psicólogas(os) na Educação Básica. Brasília: CFP, 2013. 58
p. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/04/
Refer%C3%AAncias-T%C3%A9cnicas-para-Atua%C3%A7%C3%A3o-de-
Psicologas-os-na-educa%C3%A7%C3%A3o-b%C3%A1sica.pdf>. Acesso
em: 14 ago. 2017.

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Dentre a gama de possibilidades em que o psicólogo escolar
pode exercer suas atividades, vale a pena chamarmos a atenção para
as práticas inclusivas, que ainda sofrem as consequências de um
modelo curativo, individualizado e avaliativo que produz estigmas.
Nesse aspecto, Machado, Almeida e Saraiva (2009) evidenciam
o conflito histórico e o funcionamento social que determinam a
exclusão social e ressaltam a responsabilidade dos psicólogos para
romperem paradigmas e superarem tais concepções, apresentando-
se de maneira mais atuante na consolidação de políticas públicas que
possam transformar a realidade social em que vivemos.
A inclusão escolar vem sendo apresentada como um dos temas
mais debatidos no contexto educativo, conforme Martínez (2015), ela
se destaca exatamente por um caráter excludente e pela situação da
escolarização do país. Não podemos perder de vista que o papel do
psicólogo escolar no processo inclusivo remete à garantia de direito
de pertencimento do aluno, criando condições para que ele enfrente
suas dificuldades e avance seus limites (MACHADO; ALMEIDA;
SARAIVA, 2009).
De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica, instituída pela Resolução 2/2001:

Entende-se por inclusão a garantia, a todos, do acesso


contínuo ao espaço comum da vida em sociedade,
sociedade essa que deve ser orientada por relações
de acolhimento à diversidade humana, de aceitação
das diferenças individuais, do esforço coletivo na
equiparação das oportunidades de desenvolvimento,
com qualidade em todas as dimensões da vida. Como
parte integrante desse processo e contribuição essencial
para determinação de seus rumos, encontra-se a inclusão
educacional. (BRASIL, 2001, p. 20)

Diante desse desafio, o psicólogo escolar poderá desenvolver


práticas que fomentem concepções inclusivas e de promoção
de desenvolvimento (NEVES; MACHADO, 2015), a partir do
desenvolvimento de grupos de trabalho com toda a equipe escolar,
estudantes e familiares abordando a temática preconceito, refletindo
sobre as barreiras (atitudinais e arquitetônicas) e suas formas de
enfrentamento (CFP, 2013). A fim de alcançar práticas efetivas, o
psicólogo também poderá adotar ações como:

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Acompanhamento do aluno no contexto escolar;
participar de articulações de serviços para o atendimento
do estudante com deficiência, na busca de garantia de
atendimentos em outras áreas; mobilizar encontros e
participar de reuniões com os profissionais que atendem
esse aluno, auxiliando assim também a compreensão dos
professores acerca das necessidades especiais; reflexão
e adequação do processo de avaliação psicopedagógica;
inserção de discussões e possibilidades de atuação
nos Projetos Políticos Pedagógicos, contribuindo com
a construção do plano da escola e desenvolvendo
programas que promovam a apropriação do
conhecimento por todos os alunos. (CFP, 2013, p. 60)

Reflita
Como o psicólogo escolar pode auxiliar no processo de inclusão escolar
rompendo com as práticas excludentes? De que maneira enfrentar o
preconceito com relação aos indivíduos com deficiência ou grupos
minoritários?

Na perspectiva de práticas inovadoras na Psicologia Escolar,


também é preciso superar a prática direcionada ao professor, apenas
voltada a estratégias de manejo de comportamento em sala de aula,
para atentar-se ainda à sua saúde mental. Em virtude do forte vínculo
afetivo e do intenso investimento no aluno, é comum identificarmos
professores cansados, abatidos e desmotivados com a tarefa de
ensinar (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2009). Desse modo, é
necessário que o psicólogo esteja atento ao sofrimento vivenciado
pelos professores e outros profissionais da educação.
Cabe ao psicólogo escolar responsabilizar-se pela promoção
da saúde mental dos docentes, ao levarmos em conta diferentes
questões que permeiam e dificultam a atuação adequada desses
profissionais. Assim, vale discutir e refletir sobre os aspectos que
afetam a saúde e qualidade de vida do professor.
O desempenho do psicólogo escolar perante a saúde mental do
docente se diferencia da prática terapêutica e clínica, a intervenção
se realiza a partir de um viés preventivo, cujo alcance é evidenciar
as contradições entre demandas individuais e práticas, e rotinas
institucionais, para que estas não permaneçam camufladas (OLIVEIRA;
MARINHO-ARAÚJO, 2009). Logo, tem-se como proposta:

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A criação de um espaço de interlocução, mediado pelo
psicólogo escolar, visa oportunizar a circulação dos
sentidos, compartilhar vivências e promover o bem-estar
dos professores, sua saúde mental e, assim, prepará-los
para sua atividade profissional. (OLIVEIRA, MARINHO-
ARAÚJO, 2009, p. 658)

A partir desses pressupostos é fundamental criar espaços


de interlocução com todos os atores escolares, incluindo-os e
acolhendo-os por serem os que participam e constroem o cotidiano
escolar.
Exemplificando
A intervenção preventiva aponta a sensibilização profissional do trabalho
docente e o apoio social entre os professores como estratégias para
a prevenção e o enfrentamento da Síndrome de Burnout. Existem
possibilidades de intervenções em nível individual, grupal e organizacional
a partir de medidas apropriadas com foco na resolução de problemas e
manejo de emoções.

Para conhecer um pouco mais sobre intervenções preventivas


direcionadas à saúde do profissional de educação, vale a leitura dos
artigos indicados.

BOCK, V. R; SARRIERA, J. C. O grupo operativo intervindo na Síndrome


de Burnout. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 10, n. 1, p.
31-39, jun. 2006.

CARLOTTO, M. S. Prevenção da Síndrome de Burnout em professores:


um relato de experiência. Mudanças – Psicologia da Saúde, v. 22, n. 1,
p. 31-39, 2014.

Sem medo de errar


A sua função de auxiliar Maria Luiza a elaborar um relatório
contemplando as principais ações previstas ao psicólogo escolar e
os desafios de sua atuação leva você a compreender as questões
primordiais que permeiam o contexto escolar, as práticas previstas
para o desempenho do psicólogo aos desafios do trabalho em equipe.
As atribuições do psicólogo escolar, nas últimas décadas, vêm
passando por transformações e redimensionamentos necessários

16 U3 - Psicologia Escolar Institucional


à adequação de uma prática condizente com a realidade social/
educacional brasileira.
Nessa perspectiva, documentos têm sido produzidos pelos
Conselhos Federal e Regional de Psicologia a fim de nortear e orientar
as atribuições dos psicólogos que exercem sua profissão em contexto
escolar/educacional. De maneira geral, determinam que a atuação
do psicólogo nos meios escolares e educacionais deve ser pautada
numa dimensão institucional e respaldada no compromisso social,
nos direitos humanos e no respeito à diversidade.
A partir dessa orientação, apresenta-se uma série de intervenções
possíveis no contexto escolar de modo a considerar alguns pré-
requisitos importantes: o envolvimento dos diferentes atores
presentes no processo educativo; um trabalho interdisciplinar (voltado
à promoção e prevenção); articulação e parecerias com outros
setores (saúde, assistência social, poder judiciário, entre outros); e a
socialização de saberes psicológicos que possam contribuir com a
potencialização e qualidade dos processos educativos.
Quanto às ações previstas, Martínez (2010) ao classificar duas formas
de atuação nos mostra: as tradicionais, como orientações aos alunos,
pais e capacitação aos professores, e elaboração de projetos educativos;
e as emergentes, em que o psicólogo participa da construção, avaliação
e do acompanhamento de propostas e resultados. Ambas têm
evoluído em direção a uma adequação à realidade brasileira, porém
as tradicionais ainda se prendem a uma resposta pronta ao contexto,
enquanto as emergentes considerem uma atuação do psicólogo mais
contextualizada, como mediador e promotor de relações interpessoais.
Destacam-se ainda como ações possíveis ao psicólogo escolar intervir
e promover discussões e reflexões sobre práticas inclusivas e saúde do
profissional de educação.
Entretanto, nos deparamos com desafios perante a equipe escolar
exatamente pelo fato de que tais ações, em especial as emergentes,
fogem do conhecimento da comunidade escolar e, além disso,
dependem de parceria e envolvimento de todos os atores da equipe
escolar para que as propostas sejam efetivadas. Apesar dos desafios,
é possível superá-los a partir de uma postura sensível, modesta e
profissional diante da equipe escolar e por meio de estratégias que
aproximem do gurpo escolar como a participação e mediação na
elaboração, no planejamento e avaliação de programas de ensino,
na capacitação de docentes, nas relações da escola com a família e
comunidade.

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Avançando na prática
Atribuição do psicólogo escolar
Descrição da situação-problema
Angélica, coordenadora pedagógica, trabalha na escola há três
anos. Solicita auxílio da psicóloga Maria Luiza para reformular e
reavaliar as práticas pedagógicas da instituição. Entretanto, já
adianta ter identificado que um dos pontos que possam estar
refletindo na ausência de efetividade das práticas propostas seja a
falta de coesão da equipe. Maria Luzia pretende encarar o desafio e
juntamente com a coordenação pedagógica iniciar um projeto de
desenvolvimento do grupo. No lugar de Maria Luiza, como você
elaboraria tal projeto?

Resolução da situação-problema
Entre as formas de atuação emergentes apresentadas por
Martínez (2010) está a contribuição do psicólogo para a coesão da
equipe de direção pedagógica e para sua formação técnica, a qual
possivelmente atenderá a necessidade de Maria Luiza.
Vem sendo considerado de extrema relevância o trabalho
em grupo nas instituições educacionais, devido à complexidade
dos processos educativos e à exigência de ações coerentes e
sistêmicas por parte da equipe escolar.
Diante disso, cabe ao psicólogo escolar executar ações como
o desenvolvimento de grupos, a partir da utilização de estratégias
e técnicas, a iniciar pela equipe de direção, e ao longo do trabalho
atingir todos os outros funcionários presentes no contexto escolar.
A proposta é contribuir para a formação técnica da equipe de direção
não somente em temas da Psicologia que sejam importantes para
o trabalho educativo, mas também focar o desenvolvimento de
habilidades e competências cruciais para o exercício de direção
pedagógica, como ações de crescimento profissional, de qualidade
de vida (motivação, relações interpessoais e prevenção ao estresse)
e a colaboração em atividades organizacionais (participação de
processos de seleção e intervenções em mediação de conflitos).
Vale ressaltar que a integração e coesão da equipe escolar,
a definição coletiva de funções e o processo de negociação e

18 U3 - Psicologia Escolar Institucional


resolução de conflitos são frequentes em qualquer tipo de atividade
coletiva que implique pontos de vista diferentes. Entende-se que
desse modo o desempenho do psicólogo escolar também irá
contribuir para a efetividade das propostas pedagógicas.

Faça valer a pena


1. Ainda existem dificuldades de inserção e de reconhecimento do
psicólogo escolar por parte do sistema educacional brasileiro. Contudo,
Rodrigues e colaboradores (2008) afirmam que os profissionais vêm
buscando uma prática mais contextualizada, participativa e criativa em
relação aos professores e alunos, aproximando o psicólogo da função de
mediador e promotor de relações interpessoais.
Julgue as afirmativas a seguir considerando o texto exposto e as ações
previstas ao psicólogo escolar:
I. Promover questionamentos, oportunidades de reflexão e de escuta,
além da partilha de conhecimentos psicológicos necessários para o
entendimento das questões educativas.
II. Elaborar metodologias de trabalhos multidisciplinares, valorizando
e potencializando a produção de saberes dos diferentes espaços
educacionais.
III. Desenvolver estratégias preventivas e promotoras de saúde, direcionadas
para ações reativas focadas em evitar problemas no ambiente escolar.
IV. Compreender os fatores que produzem e causam sofrimento em
educandos e educadores.
É correto o que se afirma em:
a) I e III, apenas. d) II e IV, apenas.
b) I, II e IV, apenas. e) I, II, III e IV.
c) II, III e IV, apenas.

2. Novaes (2010) ressalta que, para a atuação do psicólogo escolar,


este deverá ter coerente formação que privilegie áreas como a do
desenvolvimento humano, da aprendizagem, avaliação e diagnóstico
psicoeducacional, técnicas de apoio e de aconselhamento. Além de
capacitação para trabalhar em equipe multiprofissional, numa visão
interdisciplinar, levando em conta as diversidades social, econômica,
cultural e geográfica.
Tomando como base a afirmação exposta e o desempenho esperado do
psicólogo escolar, julgue as afirmativas a seguir, considerando os aspectos
a serem analisados em sua atuação:
I. Ter competência, criatividade, capacidade de articular os conhecimentos
teóricos com as práticas de sua atuação, motivação, senso crítico, além do
domínio de habilidades e técnicas específicas.

U3 -Psicologia Escolar Institucional 19


II. Estar atento e comprometido em resolver os problemas educacionais,
envolvendo a equipe educacional na busca de soluções.
III. Contribuir efetivamente para melhorar a qualidade das relações
na escola, família e comunidade, abrangendo sempre o intercâmbio
interdisciplinar.
IV. Sugerir mudanças e incitar na equipe escolar mudanças institucionais,
visto que só a equipe gestora detém o poder de transformação social.
É correto o que se afirma em:
a) I e III, apenas. d) II, III e IV, apenas.
b) I, III e IV, apenas. e) III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.

3. O discurso sobre a educação inclusiva tem sido objeto de preocupações


nas instituições educativas. Neves (2015) aponta que, muitas vezes, não há
na escola um conhecimento sistemático de documentos que norteiam
os programas específicos de educação especial. A autora acredita que o
psicólogo escolar pode desenvolver práticas coerentes com a concepção
inclusiva, que possam romper com as concepções ideológicas baseadas
na psicometria e aferição de QI dos alunos.

Considerando a afirmação apresentada, como pode o psicólogo escolar


contribuir para o processo inclusivo nas escolas?

I. Criar grupos de trabalho com toda a equipe escolar, estudantes e


familiares, abordando a temática preconceito, refletindo sobre as barreiras
(atitudinais e arquitetônicas) e suas formas e enfrentamento.
II. Auxiliar os professores a pensarem e elaborarem estratégias pedagógicas
que favoreçam o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos.
III. Garantir o direito de pertencimento ao grupo escolar do aluno com
deficiência, criando condições para que ele enfrente as dificuldades e
avance seus limites.
IV. Desenvolver intervenções a partir da demanda dos educadores, visto
que a parceria professor-psicólogo é fundamental para uma prática efetiva
dentro da escola.
É correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas. d) II, III e IV, apenas.
b) I, III e IV, apenas. e) III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.

20 U3 - Psicologia Escolar Institucional


Seção 3.2
Psicologia e a instituição escolar
Diálogo aberto
Compreender o percurso, as transformações e as implicações
das novas práticas do psicólogo escolar possibilita a você identificar
o papel e as funções essenciais para uma atuação conectada às
necessidades e à realidade brasileira. São notáveis os avanços em
termos de reflexão e discussões sobre o fazer do psicólogo escolar
em congressos, simpósios, universidades e outros, tanto nacionais
como internacionais. Contudo, essa prática ainda não é disseminada
aos principais envolvidos: a equipe e a comunidade escolar.
Para refletir sobre o papel e as funções do psicólogo escolar,
vamos retomar brevemente o contexto de aprendizagem desta
unidade: Maria Luiza já percebe progressos quanto à compreensão
de seu papel, o que implica maior autonomia para o desenvolvimento
de suas funções. Entretanto, ainda encontra alguns pais e professores
distorcendo o seu desempenho, como é o caso de Rafael.
Professor de Matemática recém-contratado pela escola, Rafael
vem apresentando resistência ao trabalho de Maria Luiza, pois acredita
que um psicólogo na escola é um desperdício financeiro, uma vez
que esse profissional lida apenas com problemas e dificuldades e
uma escola não se resume a problemas. Diante disso, Maria Luiza
recorreu a você, estudante de Psicologia, para juntos elaborarem
uma cartilha esclarecendo e exemplificando com dados da literatura
as possibilidades de atuação do psicólogo na escola.
No início desta seção, destacaremos a atuação do psicólogo
escolar como educador e clínico, direcionando ao seu papel e
às funções esperadas. Os próximos conteúdos levarão você a
identificar as especificidades das intervenções no meio escolar,
a partir da interdisciplinaridade e trabalhos coletivos. Em seguida,
apresentaremos estratégias de valorização individual e grupal com a
comunidade escolar.
Ao final da seção, você estará apto a discutir sobre a atuação
do psicólogo escolar a partir de um ponto de vista sistêmico,
distanciando-se do modelo clínico-médico. Será capaz de evidenciar
as interferências possíveis no contexto de acordo com suas

U3 -Psicologia Escolar Institucional 21


especificidades, com base em interdisciplinaridade e estratégias de
valorização individual e grupal.

Não pode faltar


Atualmente, a atuação do psicólogo escolar se aproxima mais
de uma abordagem clínica ou educacional? Vamos discutir sobre a
necessidade de rever o modelo clínico partindo de suas insuficiências,
apresentando o modelo educacional como aquele mais condizente
com a realidade e a necessidade educacional brasileira.
Há tempos nos deparamos com um modelo clínico de atuação
em Psicologia Escolar que utiliza testes psicológicos e atendimentos
individuais como prática comum, cujo interesse dos profissionais
reside na doença mental, no diagnóstico e na cura dos problemas
de comportamento (ANDALÓ, 1984; REGER, 1988). As críticas sobre
tal modelo se destacam, principalmente, pela limitação em seu
desempenho ao separar a responsabilidade dos atores envolvidos:
enquanto o professor arca com a educação, o psicólogo, por sua
vez, se responsabiliza pelos problemas de comportamento (REGER,
1988). Com o tempo, a abordagem clínica foi ampliando sua atuação,
incluindo a consultoria em saúde mental, que priorizava aspectos
da prevenção ao atingir um maior número de pais, professores,
funcionários e, consequentemente, de crianças (ANDALÓ, 1984;
REGER, 1988).
Andaló (1984) e Reger (1988) destacam a importância de ficarmos
atentos à fragmentação que se deu entre os processos educacionais e
de comportamento dos alunos. Ao analisarmos criticamente tal cisão,
nos deparamos com implicações negativas diante da compreensão,
responsabilização e natureza dos problemas que acontecem.
Nessa direção, há uma tendência a absolver os professores da
responsabilidade pelo comportamento apresentado pela criança em
sala de aula, chegando ao extremo de ser rejeitada pelo docente e
não pertencer à sala de aula, agravando assim o problema (REGER,
1988).
Ao nos defrontarmos com uma criança agressiva ou que não
aprende a ler no ambiente escolar, é comum supor que a causa
esteja na criança e não nas condições e oportunidades a ela
oferecidas. Desse modo, é de extrema relevância que o psicólogo
escolar, ao adentrar na instituição, considere as possibilidades de
modificar as condições para esses alunos (ANDALÓ, 1984; REGER,

22 U3 - Psicologia Escolar Institucional


1988). Não podemos esquecer que em alguns casos é necessário
o encaminhamento externo para psicoterapia ou atendimento
psicopedagógico devido ao sofrimento apresentado pela criança ou
à extensão dos problemas. No entanto, cabe examinar as condições
nas quais a criança apresenta dificuldades, a fim de compreender
os fatores individuais, sistêmicos e ambientais, tirando-lhe o foco
exclusivo como causa única dos problemas (REGER, 1988).
Em relação às críticas e proporções negativas que o modelo clínico
pode produzir, Reger (1988) aponta o modelo educacional como o
mais apropriado para a atuação em instituições escolares. O autor
considera que o psicólogo escolar, no papel de educador, embora
se aproxime do gestor educacional e do professor, é aquele que
enfatiza o crescimento e o desenvolvimento das crianças e não da
patologia. E, como cientista, é aquele que aplica o método científico
na resolução de problemas reais. O propósito central do psicólogo
enquanto educador é planejar programas educacionais exercendo
os papéis de consultor, orientador, educador e pesquisador. Nessa
perspectiva, Andaló (1994) salienta a importância do psicólogo como
agente de mudanças dentro da escola, promovendo reflexões e
conscientizando sobre os papéis representados por toda a equipe
escolar.

O objetivo do psicólogo escolar deve se aproximar do


papel de um educador, ajudando a aumentar e melhorar
a qualidade e a eficiência do processo educacional por
meio da aplicação dos conhecimentos psicológicos. O
psicólogo está na escola com a finalidade de planejar
programas educacionais voltados às crianças e encorajar
os professores a se responsabilizarem pelos problemas
apresentados por alunos da sua classe (REGER, 1988).
Fique atento! O psicólogo escolar não deve alimentar
a ideia de que ele pode assumir a responsabilidade do
professor por problemas em sala de aula.

A fim de expor o desempenho e as funções do psicólogo


escolar, partiremos da discussão já iniciada a respeito da isenção de
responsabilidade dos profissionais da escola quando desconsideram
a dimensão escolar atrelada aos problemas de comportamento e/
ou aprendizagem dos alunos, e a esperança depositada por eles na
atuação do psicólogo. Para isso, analisaremos os pressupostos do
trabalho sistêmico com a escola (CURONICI; MCCULLOCH, 1999).

U3 -Psicologia Escolar Institucional 23


Exemplificando
O pensamento sistêmico contribui para compreender a instituição
educacional como um sistema aberto, ou seja, um conjunto dinâmico
de inter-relações entre membros ou partes de um todo que troca
informações periodicamente com outros sistemas e que é regido pelo
princípio de totalidade, visto que a mudança em uma parte repercute em
mudanças no todo (SOUZA, 2015).

Sabemos que o psicólogo é chamado geralmente a intervir em


situações nas quais uma criança ou um grupo de alunos apresenta
problemas de aprendizagem ou comportamento e ambos os
problemas tendem a ser resultado de uma disfunção das interações
dentro da classe. Nessa perspectiva, interessa ao psicólogo
compreender como as interações disfuncionais são formadas e
não mais a causa individual de um comportamento inadequado. A
intervenção deve proporcionar mudanças na interação dos indivíduos
e não mais nos fatores e variáveis de um único aluno (CURONICI;
MCCULLOCH, 1999). Corroborando a ideia de Andrada (2005a) ao
propor que analisemos o aluno sob os princípios da totalidade, em
que todos os componentes se influenciam:

(...) o aluno não pode mais ser visto como sujeito dotado
de problemas, como um ente separado do sistema
relacional (família e escola), mas como um sujeito
relacional. O psicólogo educacional não mais possui
hipóteses verdadeiras sobre os problemas do aluno,
tampouco se faz neutro na escola e nas relações que ali
estabelece (...). Além disso, precisa aceitar a ideia de que
uma dificuldade de aprendizagem pode estar exercendo
alguma função em um dos sistemas no qual o aluno vive.
(CURONICI; MCCULLOCH, 1999, p. 198)

Andrada (2005b) também evidencia que a criança deve ser


compreendida dentro de seu sistema social de interação (família,
escola e sociedade). No âmbito escolar, é necessário relacionar
problemas apresentados pela criança aos diferentes sujeitos envolvidos
(todos os membros da escola), a fim de planejar as intervenções
mais adequadas, tais como espaços de reflexão dos indivíduos para
trabalharem suas relações a partir da escuta do que pensam, sentem
e percebem sobre a escola e as pessoas.

24 U3 - Psicologia Escolar Institucional


Quando ignoramos a dimensão escolar e desconsideramos as
formas de interação, incidimos no erro de buscar “culpados” ante a
patologia da criança, seja o psicólogo, culpado por não responder à
sua demanda, ou o professor, por não aplicar as devidas orientações,
ou a família, pela cronicidade das dificuldades da criança (CURONICI;
MCCULLOCH, 1999; ANDRADA, 2005a). Vale aqui a reflexão de que
o papel do psicólogo não é trabalhar na escola e sim com a escola.
Nesse sentido, a teoria sistêmica analisa a dimensão interativa
entre aluno e professor, a qual dá sentido às manifestações ou aos
comportamentos julgados inadequados de uma criança ou de
um grupo. É comum observarmos a resistência do professor e da
equipe escolar, cujo objetivo é excluir do contexto um problema
que nele se coloca. Ao considerarmos, a partir da teoria sistêmica,
que o problema manifestado por uma criança (ou grupo) é um
componente importante da manutenção do equilíbrio do sistema
inteiro, temos como modalidade de intervenção possível um trabalho
mediado com o professor a partir de sua queixa e a intervenção
direta na sala de aula na presença de todos os elementos do sistema
(CURONICI; MCCULLOCH, 1999). Além disso, Souza (2015) destaca
não ser necessário apontar “culpados” pelos problemas na escola,
uma vez que ao considerarmos que o grupo pode promover saúde
este também pode buscar recursos do próprio sistema para pensar
em estratégias de ação.
Seguindo a mesma perspectiva teórica, é função do psicólogo
escolar estudar e compreender a interação e não mais o indivíduo,
objetivando instaurar novas interações entre os membros da classe ou
escola, ao invés de interações problemáticas. Para tanto, o psicólogo
deve responder à queixa do professor e interagir com ele, atuando
como um colaborador, ao passo que a escola possa, aos poucos,
trabalhar sem a presença do psicólogo e da maneira mais funcional
possível. A amplitude dessa atuação implicará todo um sistema de
interações professor-alunos e alunos-alunos. Assim, o psicólogo
escolar deve abandonar sua identidade de terapeuta em prol de
uma identidade de interventor sistêmico (CURONICI; MCCULLOCH,
1999).
É fundamental compreender que o psicólogo escolar reconhece a
individualidade, porém as ações são desenvolvidas e proporcionadas
ao coletivo, seja com um grupo de alunos, professores, gestão escolar
ou demais funcionários. Para tanto, é importante estabelecer parcerias
com os membros da escola, valorizando o papel de cada um.

U3 -Psicologia Escolar Institucional 25


Reflita
“A intervenção do psicólogo confrontada a uma dificuldade que se
manifesta na escola encontra sua pertinência e sua eficácia no lugar onde
esta dificuldade se manifesta: na escola.” (CURONICI; MCCULLOCH,
1999, [s.p.])

As mudanças em parte do sistema (no caso a escola) podem favorecer


mudanças nas outras partes (na família)?

Vimos que a teoria sistêmica colabora ampliando o olhar do


psicólogo escolar para as interações existentes no contexto e, a partir
desta identificação, propõe relações mais funcionais. Agora vamos
nos aproximar de uma atuação institucional, cujo desdobramento
ocorre via trabalhos coletivos, nos quais há de se esperar profissionais
reflexivos, mediadores de informações e de conhecimentos, que
sejam capazes de articular saberes visando sempre o trabalho
interdisciplinar.
Destaca-se como intervenção possível a construção de uma
atividade realizada com o professor, estabelecendo novas maneiras
de pensar e agir com as dificuldades e desafios que permeiam o
cotidiano escolar. Nesse sentido, o professor também pode contribuir
com o psicólogo por meio de sua participação e percepção sobre
a instituição, os processos de trabalho e os caminhos já trilhados.
Conforme discutido por Giongo e Oliveira-Menegotto (2011, p. 869):

A Psicologia no contexto escolar não deve trabalhar de


forma isolada e sim articulada com a Pedagogia, tendo,
assim, um caráter interdisciplinar. Pode contribuir de
uma forma sistêmica e não fragmentada. Nesse sentido,
deverá desenvolver intervenções que tenham como
base a visão institucional, reconhecendo que o fracasso
escolar não está centrado nem no professor e nem no
aluno, mas sim num sistema.

A visão institucional prevê ao psicólogo um olhar mais social,


de desenvolvimento com a comunidade escolar, por meio de
intervenções psicossociais que levem à transformação social através
de um movimento emancipatório, capaz de lidar com conflitos
escolares que ocorrem. Cabe ao psicólogo, em meio à comunidade

26 U3 - Psicologia Escolar Institucional


escolar, identificar contradições, evidenciar os conflitos e viabilizar
propostas de interferências que admitam a participação de todos os
interessados na capacitação para lidar com os problemas surgidos
(ALVES; SILVA, 2006).
Criar espaços de reflexão com a comunidade escolar, a fim de
capacitá-la para tomar decisões e buscar soluções criativas para seus
conflitos (sexualidade, relações interpessoais, violência, preconceitos,
entre outros), deve fazer parte das propostas de intervenção do
psicólogo escolar. Tais desafios podem ser trabalhados através de
técnicas psicológicas (como atividades grupais, orientações breves,
dinâmicas, entre outros), proporcionando o desenvolvimento de
visões mais críticas e de estratégias individuais e sociais para sobreviver
em sociedade (ALVES; SILVA, 2006). Parte-se do pressuposto de que
a possível integração de saberes, de maneira interdisciplinar, é capaz
de redimensionar a realidade da comunidade escolar e propiciar ao
psicólogo escolar uma postura comprometida com as questões
sociais e históricas, permitindo que sejam sugeridas intervenções
alternativas e realistas (ALVES; SILVA, 2006).
O psicólogo escolar deve se caracterizar como um mediador e
ao mesmo tempo interventor, que oferece informações e alternativas
para as diferentes áreas e situações que envolvem o cotidiano da
escola com base no desenvolvimento de intervenções de valorização
individual ou grupal com os alunos, tais como: elaborar, desenvolver e
acompanhar projetos que visem a construção da identidade do aluno
(autoestima, socialização, disciplina) e participação social (conscientizar
sobre os papéis sociais e cidadania); com a comunidade escolar,
palestras e atividades de educação/prevenção (desenvolvimento
acadêmico e biopsicossocial, limites, relacionamentos, prevenção ao
uso de álcool e outras drogas, educação sexual etc.); e criaçao de
programas que promovam o desenvolvimento de habilidades sociais
(convivência com o outro – ser, saber, conviver e relacionar-se) (CRP-
PR, 2007).
Nesta seção, discutimos o papel do psicólogo escolar como
educador, o qual dá ênfase ao crescimento e desenvolvimento dos
alunos e utiliza métodos científicos para resolver problemas, aplicando
seus conhecimentos psicológicos. Em uma perspectiva sistêmica, sua
atuação deve basear-se nas interações entre os indivíduos objetivando
instaurar e, sobretudo, favorecer novas e melhores formas de
interação. Na visão institucional, cabe a ele propor intervenções
psicossociais com a comunidade escolar, promovendo espaços

U3 -Psicologia Escolar Institucional 27


de reflexão com o intuito de buscarem juntos soluções criativas
para os problemas, priorizando a interdisciplinaridade. Finalmente,
apresentamos estratégias de valorização individual e grupal, a partir de
intervenções que têm como finalidade a autoestima e motivação dos
alunos, professores e da comunidade escolar.

Pesquise mais
Carol Dweck estuda temas como motivação e perseverança desde
a década de 1960 e, recentemente, descobriu que professores que
reforçam o empenho e o esforço favorecem o desempenho dos alunos.
A pesquisa concluiu que incentivar o esforço das crianças com estratégias
eficazes ajuda a direcioná-las para o sucesso na vida acadêmica e pessoal.
Desse modo, os educadores precisam valorizar o processo de conquistas
em todas as situações de ensino-aprendizagem. Para conhecer mais
sobre a teoria da autora, assista ao vídeo The power of believing that you
can improve (O poder de acreditar que se pode melhorar). Disponível
em: <https://www.ted.com/talks/carol_dweck_the_power_of_believing_
that_you_can_improve>. Acesso em: 14 ago. 2017.

O ideia discutida por Carol Dweck se assemelha aos conceitos de


autoeficácia e autorregulação baseados na teoria social-cognitiva de
Albert Bandura. Para saber mais sobre o assunto, leia os artigos indicados.

1) Relações entre autoeficácia e motivação acadêmica. Disponível em:


<http://www.redalyc.org/html/2820/282021785009/>. Acesso em: 14
ago. 2017.

2) O senso de autoeficácia e o comportamento orientado para


aprendizagem em crianças com queixa de dificuldade de aprendizagem.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-294X2003000100011>. Acesso em: 14 ago. 2017.

3) Autorregulação da aprendizagem na perspectiva da teoria


sociocognitiva: introduzindo modelos de investigação e intervenção.
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S1414-69752009000200005>. Acesso em: 14 ago. 2017.

Sem medo de errar


Agora vamos falar sobre o fazer do psicólogo escolar, mas antes
pensaremos sobre as seguintes ideias:

28 U3 - Psicologia Escolar Institucional


• O psicólogo escolar é o mediador do processo reflexivo e
não o solucionador de problemas.
• O psicólogo escolar reconhece a individualidade do aluno,
porém as ações são propostas no coletivo.
O trabalho do psicólogo escolar tem como objetivo examinar
as condições sobre em que a criança apresenta seus problemas
(REGER, 1988), bem como suas formas de interação (CURONICI;
MCCULLOCH, 1999; ANDRADA, 2005b). Desse modo, busca
estratégias para favorecer o progresso acadêmico adequado do
aluno, com respeito às singularidades. É baseado na promoção da
saúde da comunidade escolar por meio de ações preventivas que
visem um processo de transformação pessoal/social (CRP-PR, 2007).
Para tanto, baseia-se em uma atuação sistêmica e interdisciplinar
(GIONGO; OLIVEIRA-MENEGOTTO, 2011).
De maneira geral, tais pressupostos teóricos são desenvolvidos
através de atividades direcionadas aos alunos, professores e
funcionários, trabalhando sempre em parceria com a coordenação
da escola, familiares e profissionais que acompanham os alunos
também fora do ambiente escolar.

Vamos conhecer as possibilidades de atuação com a escola?


Atuando com os professores/equipe escolar:
- Promover reflexões e conscientizar papéis representados por
toda a equipe escolar (ANDALÓ, 1984).
- Promover e/ou coordenar atividades de desenvolvimento
profissional: treinamentos especializados, grupos vivenciais e de troca
de experiência e valorização profissional (CRP-PR, 2007).
- Identificar contradições, evidenciar conflitos escolares e
viabilizar propostas de intervenções que permitam participação de
todos os interessados na capacitação para lidar com os problemas
surgidos (ALVES; SILVA, 2006).
Atuando com os alunos:
- Planejar e criar espaços de reflexão para trabalhar suas
relações a partir da escuta do que pensam, sentem e percebem sobre
a escola e as pessoas (ANDRADA, 2005b).
- Elaborar, desenvolver e acompanhar projetos de apoio
à construção da identidade do aluno (autoestima, socialização,
disciplina) e participação social (conscientizar sobre os papéis sociais

U3 -Psicologia Escolar Institucional 29


e cidadania) (CRP-PR, 2007).
Atuando com a comunidade escolar:
- Capacitá-la para tomar decisões e buscar soluções criativas
para seus problemas (sexualidade, relações interpessoais, violência,
preconceitos, entre outros). Tais desafios podem ser trabalhados
através de técnicas psicológicas (intervenções grupais, orientações
breves, dinâmicas etc.), possibilitando o desenvolvimento de visões
mais críticas e de estratégias individuais e sociais para sobreviverem
em sociedade (ALVES; SILVA, 2006).
- Desenvolver palestras e atividades de educação e
prevenção (desenvolvimento acadêmico e biopsicossocial, limites,
relacionamentos, estimular a relação família e escola, prevenção ao
uso de álcool e outras drogas, educação sexual etc.) (CRP-PR, 2007).
- Participar de atividades que auxiliem a escola na busca pelo
fortalecimento do vínculo família-escola (CRP-PR, 2007).
E para finalizar:
- Vale ainda destacar que o psicólogo escolar, de maneira
abrangente, exerce os papéis de consultor, orientador, professor e
pesquisador ao planejar programas educacionais que tenham com
finalidade o desenvolvimento e a qualidade do processo ensino-
aprendizagem.

Avançando na prática
Atuação sistêmica e interdisciplinar
Descrição da situação-problema
Antônia, que leciona Educação Física, procura Maria Luiza para
solicitar uma intervenção psicológica em sua turma do 5º ano.
Segundo a professora, seus alunos não sabem se comportar, são
“agitados” e “agressivos” e não concluem uma atividade em grupo
até o final devido às oposições entre pares. Diante dos problemas,
ela relata que separa os colegas que estão causando conflitos,
isolando-os, porém mesmo assim não consegue terminar as
atividades propostas.

Resolução da situação-problema
Maria Luiza sugere à professora observar inicialmente suas
aulas para então depois discutirem e pensarem juntas em uma

30 U3 - Psicologia Escolar Institucional


intervenção em sua turma. O objetivo de Maria Luiza é modificar
as expectativas de Antônia em relação à sua prática.
Tendo em vista que o psicólogo escolar, ao assumir um papel
de educador, deve enfatizar o crescimento e o desenvolvimento
das crianças e não uma suposta patologia, pode utilizar os
conhecimentos psicológicos para resolução de problemas.
Inicialmente, deve ser realizada a leitura das condições
apresentadas pela professora e apontar as possibilidades de uma
atuação sistêmica e interdisciplinar.
De acordo com a teoria sistêmica, a análise da dimensão
interativa entre aluno e professor prevê sentido às manifestações
ou aos comportamentos julgados inadequados de uma criança ou
de um grupo. Para tanto, é necessário um trabalho mediado com
o professor a partir de sua queixa e uma intervenção que considere
todos os envolvidos (aluno e equipe escolar) a fim de instaurar
novas interações entre os membros da classe ou escola, ao invés
de reforçar as interações problemáticas (isolando apenas os
estudantes). A ideia de partir da queixa da professora é exatamente
para incluí-la como colaboradora na intervenção.
É importante também propor o desenvolvimento de
intervenções psicossociais com a comunidade escolar, criando
um espaço de convivência (relações interpessoais e violência)
através de intervenções grupais/dinâmicas, cujo objetivo seja
capacitar para a tomada de decisões e busca de soluções acerca
dos conflitos escolares. Enquanto agente de mudança dentro da
escola, o psicólogo escolar promoverá reflexões e conscientizará
os papéis de cada pessoa da equipe escolar.

Faça valer a pena


1. O objetivo do psicólogo escolar deve se aproximar do papel de
um ____________, ajudando a melhorar a qualidade e a eficiência
do processo educacional através da aplicação dos conhecimentos
__________________. O psicólogo está na escola para ajudar a
_____________ programas __________________ para as crianças
(REGER, 1988).
Escolha a alternativa cujas palavras completam corretamente as lacunas:
a) Clínico; sistêmicos; executar; educacionais.
b) Educador; psicológicos; planejar; educacionais.
c) Educador; sistêmicos; executar; de prevenção.

U3 -Psicologia Escolar Institucional 31


d) Clínico; psicológicos; planejar; de prevenção.
e) Clínico; pedagógicos; planejar; educacionais.

2. O psicólogo escolar, como um agente de mudanças, tem voltado sua


atuação para a constituição de grupos operativos com alunos, professores
e equipe técnica, com a intenção de encaminhar uma reflexão crítica sobre
a instituição, incluindo o processo de ensino-aprendizagem, a relação
professor-aluno, e as mudanças sociais que estão ocorrendo (ANDALÓ,
1984).
Considerando as informações indicadas, qual alternativa compreende o
conjunto de objetivos propostos pelo psicólogo escolar?
a) Foca a atenção sobre as demandas da escola, buscando uma visão global
ao considerar todos os seus aspectos e estratégias na tomada de decisão.
b) Considera as dificuldades do aluno e, a partir delas, busca estratégias de
resolução de problemas.
c) Objetiva desfocar a atenção sobre o aluno como única fonte de
dificuldades, buscando uma visão mais global ao considerar seus aspectos
e encontrar formas alternativas de enfrentá-las.
d) Prioriza o trabalho individualizado e busca estratégias para resolução de
problemas do ambiente escolar.
e) Busca uma visão global, considera todos os seus aspectos e formas de
superação dos problemas.

3. Entre as diversas estratégias adotadas pelo psicólogo escolar está


a proposta de desenvolvimento de intervenções psicossociais com a
comunidade escolar, ao criar um espaço de reflexão através de atividades
grupais ou dinâmicas, cujo objetivo é capacitá-los para a tomada de
decisões e busca de soluções acerca dos conflitos escolares.
I. Possibilitar o desenvolvimento de visões mais críticas e de estratégias
individuais e sociais para sobreviverem em sociedade.
II. Capacitar a comunidade escolar para tomar decisões e buscar soluções
criativas para seus problemas.
III. Discutir os problemas psicossociais em conjunto com a comunidade
escolar de maneira crítica, ampla e livre de preconceitos.
IV. Denunciar os conflitos existentes no ambiente escolar destacando as
interações disfuncionais.
Considerando as assertivas sobre quais são os objetivos em criar espaços
de reflexão com a comunidade escolar, assinale a altenativa com as
afirmações corretas:
a) I e II, apenas. d) I, II e III, apenas.
b) I e III, apenas. e) I, II, III e IV.
c) II e III, apenas.

32 U3 - Psicologia Escolar Institucional


Seção 3.3
Psicólogo escolar em contextos não escolares
Diálogo aberto
Nesta seção, vamos discutir sobre o papel do psicólogo escolar
que, além de acontecer na escola, também pode contribuir em
contextos não escolares, focando o processo educacional por meio
dos conhecimentos psicológicos.
Você irá conhecer a influência da cultura mediante os processos
educacionais e compreenderá as possibilidades de atuação do
psicólogo escolar em hospitais, organizações não governamentais
(ONGs), órgãos que cumprem medidas socioeducativas e instituições
religiosas.
Para tanto, retomamos brevemente o aprendizado desta unidade:
Maria Luiza já percebe progressos quanto à compreensão de seu
desempenho, o que implica maior autonomia para o desenvolvimento
de seu trabalho, embora ainda encontre alguns pais e/ou professores
recém-contratados distorcendo a sua atuação. Contudo, tem se
deparado com algumas situações na escola, como: a ausência de
aluno por tempo indeterminado em virtude de hospitalização; em
cumprimento de medida socioeducativa; e alunos que frequentam
projetos sociais e entidades de caráter religioso, em contra turno.
Diante disso Maria Luiza identificou a necessidade em realizar
articulações e intervir nos estabelecimentos em questão (hospital,
órgão de cumprimento de medida socioeducativa e ONGs) a fim
de auxiliar no processo de aprendizagem desses estudantes. Como
você poderia ajudar Maria Luiza a favorecer o processo educacional
também em contextos não escolares?
O primeiro conteúdo a ser apresentado nesta última seção sobre a
cultura e os processos educacionais pretende discutir o quanto ainda
é cultural associar o ensino e a aprendizagem à escola, predominando
ainda a ideia de homogeneização dos alunos, não dando espaço
para as diferenças/diversidades existentes na sociedade (MOREIRA;
CANDAU, 2003; CANDAU, 2011), bem como as capacidades de
intervenção em outros espaços educativos não formais. Em seguida,
serão vistas as práticas e possibilidades de atuação do psicólogo
escolar em ambientes não escolares, como hospital, órgãos de

U3 -Psicologia Escolar Institucional 33


cumprimento de medidas socioeducativas e projetos sociais (ONGs).
O último conteúdo da seção discorrerá sobre o trabalho do psicólogo
escolar em organizações de caráter religioso (de educação formal e
não formal).
Ao final desta unidade, você certamente conseguirá elaborar uma
análise crítica de duas pesquisas que falem sobre o desempenho do
psicólogo escolar em contextos escolares e não escolares.

Não pode faltar


Atualmente os desafios enfrentados em sala de aula vêm
evidenciando o quanto as visões de cultura, escola, ensino e
aprendizagem não estão satisfazendo as reais necessidades daqueles
que participam e constroem o ambiente escolar. Moreira e Candau
(2003) destacam que a escola enquanto uma instituição cultural tem
como função social transmitir cultura (aquilo que a humanidade
construiu). Tal modelo, de certa forma, seleciona saberes, valores e
práticas considerados adequados ao desenvolvimento, reiterando
assim a ideia de igualdade e direitos de todos à educação e à escola
(MOREIRA; CANDAU, 2003). Desse modo, a cultura escolar dominante
em nossas instituições educativas prioriza o comum, o uniforme, ou
seja, uma lógica homogeneizadora em que as diferenças acabam
sendo ignoradas (CANDAU, 2011).
Contudo, tais pressupostos já tão criticados exatamente pela visão
homogênea e padronizada dos conteúdos e dos sujeitos presentes
no processo educacional confirmam e mantêm o caráter de exclusão
entre os diferentes (MOREIRA; CANDAU, 2003; CANDAU, 2011). De
fato, as novas configurações das escolas expressadas por mal-estar,
tensões e conflitos vivenciados por educadores e alunos denunciam
a fragilidade do sistema escolar em transmitir cultura (MOREIRA;
CANDAU, 2003).

A dimensão cultural é intrínseca aos processos


pedagógicos, “está no chão da escola” e potencia
processos de aprendizagem mais significativos e
produtivos, na medida em que reconhece e valoriza
a cada um dos sujeitos neles implicados, combate
todas as formas de silenciamento, invisibilização e/ou
inferiorização de determinados sujeitos socioculturais,
favorecendo a construção de identidades culturais

34 U3 - Psicologia Escolar Institucional


abertas e de sujeitos de direito, assim como a valorização
do outro, do diferente, e o diálogo intercultural. (CANDAU,
2011, p. 253)

No entanto, compreender a dimensão cultural é fundamental


para desenvolver processos de aprendizagem mais produtivos e
significativos para todos os alunos. Nesse sentido, Candau (2011)
aponta a contribuição das vertentes da Psicologia para tais questões,
como o referencial psicológico das teorias da aprendizagem,
psicologia do desenvolvimento e da personalidade, favorecendo
assim a formação dos educadores.
Diante dessa demanda, nos deparamos com a importância de o
psicólogo atuar tanto no âmbito das escolas como de outros espaços
de educação não formal (os quais incluem as diferenças), porém
sem perder de vista o desenvolvimento de processos de ensino-
aprendizagem que correspondam às características específicas de
cada sujeito.
Há de fato outros contextos nos quais o ensino também é
necessário, mas desconhecido. Nessa perspectiva, vamos falar das
possibilidades de atuação retomando a ideia propagada por Souza
(2009, p. 182):

(...) consideramos que o conhecimento psicológico


no campo da educação precisa ser constantemente
construído, revisitado, criticado, superado, visando dar
respostas e interferir, o mais que pudermos, nos rumos
das dimensões de formação do sujeito humano.

Entendemos que há espaços relevantes a serem construídos


e consolidados pelo psicólogo escolar, no que se refere à atuação
em instituições que incluem programas educativos, como hospitais,
órgãos que cumprem medidas socioeducativas, projetos sociais
(ONGs), organizações religiosas, entre outros. Inserindo assim a
articulação e interdisciplinaridade ao campo da Saúde, dos Direitos
da Criança e do Adolescente e da Assistência Social.
Partimos do pressuposto apresentado por Oliveira e Marinho-
Araújo (2009, p. 658), que enfatizam a atuação em Psicologia escolar,
com foco na cultura de sucesso, a qual:

U3 -Psicologia Escolar Institucional 35


(...) privilegia as potencialidades e possibilidades em
vez dos problemas e dificuldades, focaliza as diferentes
alternativas individuais e coletivas de superação das
adversidades, valoriza as diferenças, a heterogeneidade
e a diversidade de formas de aprender, pensar e estar no
mundo.

Sendo assim, como pode a Psicologia Escolar contribuir para o


ensino das crianças hospitalizadas?
Sabemos que situações dolorosas e por vezes invasivas são
vivenciadas por crianças que ficam afastadas de sua família, da escola
e dos amigos por motivo de hospitalização (tratamento de saúde).
Dessa maneira, considerando as consequências e os impactos
negativos da hospitalização, houve a necessidade de garantir o
direito à continuidade dos estudos escolares durante a internação
hospitalar, evitando assim a interrupção, mesmo que parcial, da
escolaridade desses estudantes devido ao período das internações.
Nessa direção, visando a humanização do ambiente e dos processos
e a garantia do direito à educação das crianças hospitalizadas, foram
criadas as classes hospitalares. Elas foram garantidas pelos Direitos
da Criança e do Adolescente Hospitalizados de 1995, assegurando
através da Resolução n° 14 que crianças e adolescentes têm o “direito
a desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação
para a saúde, acompanhamento do currículo escolar, durante sua
permanência hospitalar.” (BRASIL, 1995, p. 1)
As classes hospitalares, além de se caracterizarem como um
espaço com acesso à ludoterapia e estimulação psicopedagógica,
oportunizam o acompanhamento da escola regular por meio de
trocas com outros colegas e exploração de seu potencial (COELHO et
al., 2009). O psicólogo, conforme ressaltam Coelho e colaboradores
(2009), proporcionando a inclusão social/escolar da criança e
do adolescente hospitalizado, pode promover a continuidade da
escolarização em período de tratamento de saúde, além de garantir
o direito da criança e do adolescente previsto no Estatuto da Criança
e do Adolescente.
A partir dessas contribuições, nota-se que o ambiente hospitalar
torna-se mais acolhedor e humano, podendo reduzir as perdas e riscos
causados pela hospitalização. Nessa perspectiva, é possível vislumbrar
a relevância do trabalho do psicólogo escolar no hospital, com uma
atuação que inclua a orientação com os familiares, acompanhantes e

36 U3 - Psicologia Escolar Institucional


manutenção do vínculo com a escola da criança hospitalizada (LIMA
et al., 2011).
Ainda assim, caberá ao psicólogo acompanhar o retorno para a
escola, realizando reuniões com professores, pais, dinâmicas com os
colegas, a fim de facilitar a inserção da criança que está internada,
prevenindo rejeições e/ou discriminação. Vale ainda ouvir familiares
com relação às dificuldades em lidar com as crianças doentes e
suas limitações, orientá-los sobre como ajudar a criança a vencer
dificuldades de aprendizagem e indicar aos professores e colegas
qual a melhor forma de lidar com esse estudante que, muitas vezes,
apresenta-se debilitado fisicamente e/ou emocionalmente (COELHO
et al., 2009).
Resumindo, trata-se de um trabalho multidisciplinar cuja postura
é humanizada. De acordo com Lima e colaboradores (2011), o
psicólogo deve partir de uma visão integral da criança, não focando
apenas a doença, as limitações e necessidades, mas considerando
sua totalidade e permitir uma atuação que abarque as questões
sociais e escolares, o sistema de saúde, o quadro clínico e psicológico
e, sobretudo, o desenvolvimento da criança. Portanto, as autoras
recomendam ser possível amenizar os impactos negativos da
hospitalização na vida escolar das crianças internadas, ao combinar
intervenções interdisciplinares da Pedagogia Hospitalar, Psicologia
Hospitalar e Psicologia Escolar por meio da ludicidade.
Por fim, fica evidenciada a importância de se atentar para as
necessidades psicoeducacionais das crianças em situação de
internação, garantindo a continuidade da escolarização, mantendo
e reforçando o vínculo com a escola e promovendo significado real
para o processo ensino-aprendizagem (LIMA et al., 2011; OLIVEIRA;
SILVESTRO, 2015).
Assimile

De acordo com o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP),


Psicologia e Educação, Relatório: Seminário Regional do Ano Temático
da Educação no Sistema Conselhos de Psicologia, a atuação dos
psicólogos nos sistemas e em instituições escolares prevê a sua inserção
em outros campos de interface com a Psicologia Escolar.

Princípio: o espaço de trabalho do psicólogo escolar não se limita à


instituição escolar em que definem-se as atribuições e contribuições do
profissional psicólogo.

U3 -Psicologia Escolar Institucional 37


Diretriz: inserção do psicólogo em outros campos de interface com a
Psicologia Escolar e Educacional, como: Saúde, Direitos da Criança e
Adolescentes, Assistência Social, Justiça, Cultura e Hospitalar.

Disponível em: <http://www.crpsp.org.br/educacao/relatorio_regional.


aspx)>. Acesso em: 15 ago. 2017.

Outra possibilidade de atuação do psicólogo escolar, considerando


os pressupostos já citados por Oliveira e Marinho-Araújo (2009)
(como a apropriação de diferentes alternativas para superar as
adversidades e incluir a diversidade das formas de aprendizagem),
inclui as intervenções com os alunos em medidas socioeducativas e
em projetos sociais.
Silva e Salles (2011) indicam que a liberdade assistida, uma das
medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do
Adolescente, é aplicada quando a autoridade competente conclui
pela necessidade do acompanhamento da vida social do adolescente,
como a escola, o trabalho e a família. Tais medidas são mecanismos
criados para assegurar a frequência à escola, além de outros direitos.
Contudo, o direito à educação deve ser garantido até mesmo nas
situações em que o adolescente se encontre privado de sua liberdade.
Nesse aspecto, a prática profissional do psicólogo deverá acontecer
em um contexto interdisciplinar, no qual as relações com os demais
profissionais envolvidos são de parceria, socialização e construção de
conhecimento (CRP, 2012).
Não é difícil nos confrontarmos com jovens em situação de
vulnerabilidade social, que estão cumprindo medidas socioeducativas,
sendo marginalizados dentro do ambiente escolar. Diante desse
desafio, cabe ao psicólogo criar estratégias para enfrentar a realidade,
ainda excludente, que predomina no meio educacional a fim de
facilitar a reinserção ou inclusão do adolescente na escola.
De acordo com o relatório do CRP – Psicologia e Educação (2017),
é essencial a compreensão das formas de exclusão produzidas pela
escola, considerando o contexto social e histórico, questionando e
criando espaços para reflexões sobre as diferentes exclusões que se
manifestam, para além das medidas socioeducativas, como gênero,
orientação sexual, etnia e raça, religião, entre outras.
Tendo como pressuposto a promoção de desenvolvimento dos
sujeitos nos contextos de educação formais e não formais, por meio

38 U3 - Psicologia Escolar Institucional


da melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem,
as ONGs também têm sido um contexto privilegiado para atuação
e desenvolvimento de crianças/adolescentes, capazes inclusive de
redefinirem histórias de fracasso escolar.
Gesser e colaboradores (2012) compreendem que o psicólogo
pode assessorar o desenvolvimento de estratégias de intervenção
em Psicologia Escolar voltadas à promoção da saúde e do
desenvolvimento psicossocial de toda a comunidade escolar (pais,
crianças, adolescentes e profissionais) atendida por uma ONG. Os
autores destacam que a transformação social nesse contexto é
possível por intermédio de mudanças de trajetórias ante uma história
de fracasso escolar, a qual ainda impactará positivamente rompendo
com o processo de culpabilização da criança/adolescente (GESSER
et al., 2012).
Nessa perspectiva de que as ONGs são centros educativos que
concentram possibilidades de transformar a sociedade por meio da
diversidade de atividades culturais, oportunidades de aprendizagem
não formal, atividades pedagógicas e institucionais cotidianas, o
psicólogo escolar atua colaborando com uma educação crítica e
emancipatória, através da assessoria à gestão institucional, promoção
da saúde dos educandos e de suas famílias e acompanhamento do
processo socioeducativo, garantindo o protagonismo, a cidadania,
a solidariedade e a integração das famílias em ações educativas
(SOARES FORTES, 2014; GESSER et al., 2012).
Logo, a Psicologia Escolar se destaca como uma atuação
preventiva nos diversos contextos de combate à exclusão social,
por meio de um trabalho de mediação dos processos psicológicos
individuais e coletivos nos espaços institucionalizados, com base
em uma visão crítica, que mobiliza ações individuais e grupais para
transformar a realidade.
Exemplificando
Soares Fortes (2014), em sua tese de doutorado, discute como a
Psicologia Escolar, enquanto campo de reflexão teórica, produção de
conhecimento e intervenção profissional, tem ampliado sua atuação
para contextos educativos menos tradicionais, como as ONGs. A partir
daí, propõe indicadores do perfil profissional do psicólogo escolar para
atuação em ONG educativa, tais como:

1. Domínio de conhecimento científico em Psicologia.

U3 -Psicologia Escolar Institucional 39


2. Conhecimento sobre Psicologia do Desenvolvimento e da
Aprendizagem.

3. Domínio de conhecimentos em Psicologia Escolar.

4. Compreensão interdisciplinar dos fenômenos psicológicos.

5. Domínio básico de conhecimentos sobre o terceiro setor.

6. Entendimento crítico da legislação educacional brasileira.

7. Escuta psicológica.

8. Atuação crítica.

9. Comprometimento ético social e profissional.

10. Postura política.

11. Trabalho em redes de integração.

12. Atuação para emancipação crítica.

13. Comprometimento contínuo com a formação profissional.

A autora ressalta ainda que essas ações contemplam níveis de atuação


não somente direcionados aos profissionais da ONG e aos educandos,
mas pretende alcançar a família, a comunidade e os setores sociais
fortalecendo a coletividade e contribuindo com o desenvolvimento
crítico e emancipatório dos estudantes.

Dadico e Souza (2010) complementam que estudos sobre


a atuação do psicólogo em ONGs com propostas educativas
identificaram atividades referentes à participação em oficinas
educacionais; elaboração de projetos (os financiadores que
procuravam a organização para concretizar determinada proposta ou
a ONG que criava um projeto e partia em busca de financiamento);
planejamento operacional do projeto e sua execução (oficinas,
elaboração de materiais, participação em reuniões, intervenções
na escola e/ou entidades, realização de pesquisas, entre outros);
preparação de materiais de capacitação e publicações; representação
em congressos, comissões ou órgãos de representação.
Acrescentando ao processo de exclusão já discutido nesta seção,
vamos expor brevemente questões relativas à temática Psicologia

40 U3 - Psicologia Escolar Institucional


e Religião e os desafios enfrentados pelo psicólogo escolar em
situações de discriminação religiosa na escola e em outros órgãos
educativos.
É fundamental ponderamos como o psicólogo escolar pode
intervir em instituições de caráter religioso, sejam elas escolas, ONGs
ou de educação não formal. Partindo da ideia de que a Psicologia é
uma ciência laica, mas que preza pelas liberdades democráticas e de
expressão, precisamos nos ater sobre a importância em abordar temas
conflituosos como aborto, orientação sexual, homossexualidade,
questões de gênero, entre outros, que implicam direta e indiretamente
questões morais e religiosas.
De modo geral, é preciso discutirmos sobre qualquer episódio
de discriminação, incluindo as diversidades (características físicas,
sucesso/fracasso escolar, raça e etnia, religião etc.). Frias e Ribeiro
(2016) se posicionam propondo o trabalho em grupo para lidar com
as dificuldades próprias dos temas, a adoção de práticas docentes
que incluam a valorização e a diversidade e, sobretudo, incentivem a
convivência entre os diferentes. Para tanto, o psicólogo escolar deve
estar sensibilizado e preparado para o enfrentamento desses assuntos,
desenvolvendo habilidades pessoais, ampliando conhecimentos
teóricos e aprimorando recursos técnicos para responder aos desafios
(FRIAS; RIBEIRO, 2016).
Reflita
Quais seriam os recursos psicológicos para lidar com situações de
discriminação étnica/racial, religiosa, orientação sexual, entre outras?

Como é possível debater sobre educação sexual sem esbarrar em


questões morais e religiosas?

Com relação às temáticas citadas, vamos destacar as atividades


direcionadas ao debate sobre orientação sexual. De acordo com
Pinto (2016), a educação sexual se torna um instrumento que facilita
ao adolescente a inserção social de maneira mais efetiva e mais plena
de significados. Portanto, é fundamental para seu posicionamento
valorativo quanto à sexualidade e conhecimentos de limites e
papeis na sociedade, bem como a aquisição de responsabilidade e
autoconhecimento (PINTO, 2016).
Inclusive vale lembrar que esse tema é obrigatório na grade
curricular brasileira, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais

U3 -Psicologia Escolar Institucional 41


(PCN), favorecendo uma discussão que possa propiciar aos jovens
a construção da própria identidade e uma apropriação mais
segura de seu espaço no mundo. O tabu que envolve a temática
da sexualidade tem impacto tanto negativo, pela ausência de
informações adequadas, quanto positivo, no que se refere a impor
limites à sexualidade humana (PINTO, 2016). Nesse sentido, observa-
se a inter-relação presente entre o trabalho de educação sexual e as
concepções religiosas, conforme descritas por Lionço (2016):

A posição da Psicologia é a do reconhecimento da


diversidade religiosa, moral e a recusa a toda forma de
imposição de crenças que violem a livre consciência das
pessoas e coletividades. (...) A posição da Psicologia é a
da defesa da diversidade social e respeito às diversidades
subjetivas e culturais, o que leva à compreensão de que
o princípio de proteção e defesa da dignidade da pessoa
humana é inegociável para a Psicologia, orientando sua
posição política como ator social em diversos debates e
disputas sobre direitos, normas e representações sobre
os diversos grupos sociais e suas práticas. (LIONÇO,
2016, p. 94-95)

Pesquise mais
Como vimos brevemente nesta seção, o contexto de debates sobre
Psicologia, Religião e Direitos Humanos remete aos desafios enfrentados
pelo psicólogo escolar em situações de discriminação religiosa na escola
e outras instituições educativas. Para conhecer mais sobre a intervenção
do psicólogo escolar e a interface com a religião, conheça a Coleção
do CRP-SP sobre Psicologia, laicidade e as relações com a religião e a
espiritualidade. Disponível em: <http://www.crpsp.org/fotos/pdf-2016-
06-21-18-16-42.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2017.

Sem medo de errar


A fim de auxiliar Maria Luiza nesta tarefa, partiremos da sua
contribuição para além do contexto escolar, mas ainda com o foco
no desenvolvimento e promoção da aprendizagem.
A Psicologia Escolar nos meios escolares configura-se
basicamente com intervenções em contextos educativos, cujo

42 U3 - Psicologia Escolar Institucional


objetivo é exatamente o processo educacional. Para exemplificar,
vamos retomar os diferentes assuntos apresentados nesta seção.
Nos contextos hospitalares, o psicólogo escolar irá partir de uma
visão integral da criança/adolescente hospitalizada, mas sempre
direcionando sua intervenção para as necessidades psicoeducacionais
desta. Seu objetivo é promover a inclusão social/escolar da criança/
adolescente hospitalizada e garantir a continuidade escolar, por meio
da estimulação psicopedagógica, orientação à família, equipe escolar
e pares, com o objetivo de manter o vínculo com a escola, facilitar o
retorno à sala de aula e orientar sobre a superação das dificuldades de
aprendizagem decorrentes do período de internação.
Nos contextos de projetos sociais (ONGs) e em medidas
socioeducativas, o ponto de partida também será a melhoria
da qualidade do processo educacional, priorizando ainda as
possibilidades de transformação social decorrentes das mudanças
de trajetória perante as histórias de fracasso escolar. Visando a
promoção do desenvolvimento dessas crianças/adolescentes, as
intervenções do psicólogo escolar serão articuladas com a gestão
institucional, no favorecimento da saúde dos educandos e familiares
e acompanhamento do processo socioeducativo (garantindo a
reinserção e frequência na escola).
Já nos contextos de caráter religioso, o psicólogo escolar irá
direcionar sua atuação ao enfrentamento dos desafios relacionados
à discriminação, preconceitos e diversidade, por meio de estratégias
que impliquem a valorização, discussão das diversidades e o incentivo
à convivência com os diferentes por meio da criação de espaços de
reflexões com toda a equipe envolvida.
Resumindo, podemos caracterizar a atuação e contribuição do
psicólogo escolar em contextos não escolares como preventivas e
relacionais nas várias situações de combate à exclusão social.

Avançando na prática
O psicólogo escolar diante da diversidade
Descrição da situação-problema
Amanda, professora de História do 3º ano do ensino
fundamental, ao tomar conhecimento da presença da psicóloga
Maria Luiza na escola, solicita seu auxílio. Ela explica a Maria Luiza
que sempre se deparou com inúmeras situações de deboches

U3 -Psicologia Escolar Institucional 43


entre os alunos em sala de aula, devido a características individuais
como peso, altura, sucesso ou fracasso escolar, as quais julgava
serem comuns nessa idade. Porém, atualmente, o que vem
preocupando-a são as discriminações direcionadas à raça e
religião nas mais diversas intensidades. Diante da situação exposta,
pede ajuda para desenvolver um projeto com sua turma para
minimizar tais problemas. Maria Luiza pretende auxiliar não apenas
a professora e sua turma, mas sim propor uma intervenção com
toda a comunidade escolar. Como ela conseguiria realizar essa
tarefa?

Resolução da situação-problema
A princípio, é preciso considerar que num país como o nosso,
multiétnico e plurirracial, nos deparamos o tempo todo e em
diferentes situações com a ocorrência de vários eventos como o da
professora Amanda, denotando assim a urgência de atuação nessa
direção. Para ajudar Maria Luiza nesse desafio, vamos apresentar
alguns pontos principais para possibilidades de trabalho.
O primeiro passo é sensibilizar os integrantes da escola, incluindo
alunos, professores, gestão e funcionários, discutindo os pontos
de vista sobre tais temáticas (diversidade étnico-racial e religiosa)
e, conjuntamente, pensar em maneiras de enfrentar o problema
apresentado, bem como apurar o olhar para as manifestações e,
sobretudo, o reconhecimento de novos episódios dessa natureza.
O grupo operativo é uma das alternativas mais viáveis, porém
é importante que ele seja constituído por integrantes da direção
da escola, coordenador pedagógico, professores e alunos. Isso irá
permitir que questões de intolerância sejam trabalhadas não só
entre os alunos, mas também entre professores e equipe escolar
perante os estereótipos já criados. É necessário, ainda, a adoção
de práticas que incluam a valorização e a diversidade, além de
incentivar a convivência entre as diferentes etnias, raças e religiões.

Faça valer a pena


1. De acordo com Candau (2011, [s.p.]), a escola tem um papel importante
na perspectiva de “reconhecer, valorizar e empoderar sujeitos socioculturais
subalternizados e negados”. Essa tarefa passa por processos de diálogo

44 U3 - Psicologia Escolar Institucional


entre diferentes conhecimentos e saberes, a utilização de pluralidade de
linguagens, estratégias pedagógicas e recursos didáticos, a promoção de
dispositivos de diferenciação pedagógica e o combate a toda forma de
preconceito e discriminação no contexto escolar.

A partir da problemática apresentada, é correto afirmar que a Psicologia


Escolar pode contribuir:

I. Atuando no âmbito das escolas como de outros espaços de educação


não formal (os quais incluem as diferenças).
II. Considerando o desenvolvimento de processos de ensino e
aprendizagem e trabalhando as dificuldades específicas de cada aluno.
III. Instrumentalizando a escola para trabalhar o coletivo com as diferenças
transformando-as.
IV. Propondo uma escola democrática e justa que articule a igualdade e
diferença.
Assinale a alternativa que apresenta somente as afirmativas corretas:
a) I, II e III, apenas. d) II e IV, apenas.
b) I, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV.
c) II, III e IV, apenas.

2. Diante das consequências e impactos negativos de uma hospitalização


para crianças/adolescentes em idade escolar, houve a necessidade
de garantir o direito à continuidade dos estudos escolares durante a
internação hospitalar, a fim de evitar a interrupção, mesmo que parcial, da
escolaridade dessas crianças devido ao período das internações.
Nessa perspectiva apresentada, é correto afirmar que a contribuição do
psicólogo escolar em contexto hospitalar se caracteriza por:
a) Acompanhar a criança/adolescente apenas em contexto hospitalar, mas
garantindo o vínculo com a escola.
b) Direcionar o olhar para a doença da criança, considerando o impacto
negativo de suas limitações e dificuldades decorrentes da enfermidade.
c) Possibilitar uma intervenção multidisciplinar, cuja postura é humanizada,
visando a manutenção do vínculo da criança hospitalizada com a escola.
d) Considerar a equipe multidisciplinar e intervir apenas com foco na
aprendizagem acadêmica.
e) Ouvir os familiares em relação à doença da criança e sua incapacidade
para desenvolver atividades pedagógicas mesmo no ambiente hospitalar.

3. É fundamental que o psicólogo escolar compreenda as formas


de exclusão produzidas pela escola, considerando o contexto social
e histórico, questionando e criando espaços para reflexões sobre as

U3 -Psicologia Escolar Institucional 45


diferentes exclusões que se manifestam. As problemáticas mais pertinentes
à intervenção do psicólogo escolar são: as medidas socioeducativas, a
identidade de gênero, orientação sexual, etnia e raça e religião.
Considerando as problemáticas apresentadas, é correto afirmar que:
I. A intervenção do psicólogo escolar tem como objetivo a promoção da
saúde e o desenvolvimento psicossocial de toda a comunidade escolar
(pais, crianças, adolescentes e profissionais) atendida por projetos sociais.
II. Cabe ao psicólogo escolar romper com o processo de culpabilização
individual, a partir da mudança de trajetórias que permeiam o fracasso
escolar.
III. A transformação social só é possível em virtude do oferecimento de
atividades culturais e oportunidades de aprendizagem não formal, de
atividades pedagógicas e institucionais cotidianas.
IV. Propostas de trabalho em grupo são imprescindíveis para lidar com as
dificuldades próprias dos temas, a adoção de práticas docentes que incluam
a valorização e a diversidade e, sobretudo, incentivem a convivência entre
os diferentes.
V. A Psicologia reconhece a diversidade religiosa, moral e a recusa a toda
forma de imposição de crenças que violem a livre consciência das pessoas
e coletividades.
É correto o que se afirma em:
a) I, II e III, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) I, II, IV e V, apenas.
d) III, IV e V, apenas.
e) I, II, III e IV, apenas.

46 U3 - Psicologia Escolar Institucional


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