Conhecendo A Igreja Metodista

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CONHECENDO A IGREJA METODISTA...

Numa de suas pregações, o Revmº Bispo Emérito Paulo Lockmann disse: “Os
metodistas não conhecem sua própria igreja.”
A Bíblia nos fala em Oséias 4:6 que “O povo perece por falta de conhecimento.” A falta
de conhecimento da Bíblia, dos cânones e da doutrina Metodista tem causado conflitos
e problemas desnecessários à igreja. Não é possível descrever tudo sobre o metodismo
numa pequena cartilha, mas de uma forma bem resumida buscamos aqui mostrar o
básico sobre ser metodista.

COMO SURGIU A IGREJA METODISTA:

O Metodismo foi um movimento de santidade dentro da igreja Anglicana (Igreja


Autônoma da Inglaterra) no século 18. Os líderes fundadores do metodismo foram John
e Charles Wesley. A igreja Anglicana se tornou uma religião fria, secularizada,
moralmente e espiritualmente vazia, onde seus membros realizavam cultos frios: não
havia oração, não havia amor ao próximo, e o egoísmo era marca de seus líderes e
membros. Os irmãos Wesley começaram a estudar a Bíblia e descobrir a doutrina cristã
que a igreja naquele momento não estava vivendo; fundaram, então, o “clube santo”, um
grupo de pessoas que orava junto, estudavam a Bíblia juntos e praticavam caridade e
evangelização juntos – grupo este que, mais tarde, foi apelidados de “metodistas”. Após
um período frustrante como missionário na América, e quase sofrer um naufrágio na
viagem de volta, Wesley presenciou e meio à tempestade que afligia o navio crentes
moravianos louvando a Deus e desdenhando do medo da morte. Isto o impactou
profundamente, o aproximou dos petistas, e a convite de um deles, numa reunião na Rua
Aldersgate em Londres na noite de 24 de Maio de 1738 teve sua famosa experiência de
Batismo com o Espírito Santo que ficou conhecida como a “Experiência do Coração
Aquecido”, um verdadeiro divisor de águas na sua vida ministerial e no próprio
Movimento Metodista. Os metodistas cuidavam dos mendigos nas ruas, procuravam
recuperar alcoolistas, pregavam em presídios, alfabetizavam os analfabetos e atendiam
crianças carentes. Chegou um ponto que a igreja Anglicana não tolerava mais os
metodistas, então ouve a necessidade dos metodistas se separarem e organizarem outra
igreja – o que nunca foi a intensão de John Wesley que, na verdade, queria reformular o
Anglicanismo. Só após sua morte, seus discípulos fundaram a Igreja Metodista, por
ocasião da Independência das 13 colônias americanas (futuramente os EUA). O
Metodismo foi tão impactante em sua época na Inglaterra, numa época de grandes
convulsões sociais, que ao mesmo tempo que na França, país vizinho, explodia a
Revolução Francesa, com rebeliões, decaptação de reis e rainhas, etc, a Inglaterra
respirava paz e avivamento espiritual pelas mãos de Wesley e seus colaboradores!
A REGRA DE FÉ ADOTADA PELA IGREJA METODISTA É A BÍBLIA
TANTO O NOVO QUANTO O VELHO TESTAMENTO

JESUS CRISTO ESTABELECEU SUA IGREJA NA TERRA:


“(...) edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
(Mateus 16:18).
“E Ele disse: A minha casa será chamada casa de oração...” (Mateus 21:13).
Os discípulos de Jesus continuaram o Seu trabalho:
“Diariamente perseveravam unânimes no templo... louvando a Deus e contando com a
simpatia do povo. Enquanto isso acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam
sendo salvos.”( Atos 2:46-47)
“Para que se eu tardar, fiques ciente de como proceder na casa de Deus, que é a igreja
do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.” (1 Timóteo 3:15).

SER METODISTA É SER CRISTÃO, E TODO CRISTÃO SE COMPROMETE


A PARTICIPAR DA IGREJA;

“Não deixe de congregar como é costume de alguns...” ( Hebreus 10:25)


“Bem aventurado é aquele que habita em tua casa e te louva perpetuamente.” (Salmo
84:4)
“Uma coisa eu peço ao Senhor e a buscarei, que eu possa morar na casa do Senhor todos
os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu santo
templo.” (Salmo 27:4).
Todo metodista é incentivado à participar dos cultos e frequentar regularmente à igreja.
*“O Culto é: um serviço devido a Deus pelo Seu povo e se expressa em todos os planos
da existência humana.”; é o momento onde Deus vem ao nosso encontro, requer a nossa
adoração, mostra-lhe o seu pecado e perdoa-lhe, quando há arrependimento, confia-lhe a
sua mensagem e espera a sua resposta em fé, amor, gratidão e obediência.” ( art.6 e 7°
Rituais, Cânones da igreja Metodista).
*“A igreja Metodista incentiva a devoção pessoal do culto doméstico, em que cada
membro reúne a família para ler a Bíblia e orar em casa.” (art.1° Rituais, Cânones da
igreja Metodista pág.68).
*“O culto público é realizado pela igreja normalmente aos domingos no horário mais
conveniente para a comunidade.”(art.2° Rituais, Cânones da igreja Metodista pág.68).
*“Além dos cultos dominicais a igreja proporciona cultos nos outros dias da semana, na
forma de oração, estudos bíblicos, troca de testemunhos e comemorações especiais.”
(art. 3° , Cânones da igreja Metodista).

A IGREJA METODISTA É UMA IGREJA EPISCOPAL, GUIADA POR


BISPOS, E AS IGREJAS LOCAIS SÃO PRESIDIDAS POR PASTORES
DESIGNADOS PELO BISPO

“Dar-vos-ei pastores segundo meu coração que apascentam com conhecimento e


inteligência.” (Jeremias 3:15).
A palavra de Deus ordena ao pastor: “pastoreai o rebanho que de Deus que há entre vós,
não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer, nem por sórdida
ganância, mas de boa vontade.” (1 Pedro 5:2).
A palavra de Deus ordena a membresia da igreja: “Obedecei aos vossos pastores e sede
submissos para com eles, pois velam por vossa alma, como a quem deve prestar contas,
para que façam isto com alegria e não gemendo, porque isto não aproveita a vós
outros.” (Hebreus 13:17).

• Bispo da 6ª Região Eclesiástica (Paraná e Santa Catarina): Bispo Fernando

• Superintendente Distrital (Distrito Litorâneo-SC): Pr. Davis

• Pastor titular do Campo Missionário de Palhoça/SC: Pr. Washington Badaró


O SUSTENTO E MANUTENÇÃO DA IGREJA

A igreja se sustenta com dízimos e ofertas. O dízimo (10%) é um mandamento para o


cristão; a oferta é voluntária, o que cada um propôs em seu coração. O dízimo é a lei
financeira de Deus, uma prova de fé e uma forma de vencer o pecado de avareza. Deus,
em sua Palavra, promete prosperar o dizimista. Quando você devolve o dízimo, na
verdade, você está devolvendo 10% das bênçãos que Deus te deu.
“Trazei todos os dízimos a casa do tesouro, para que haja mantimento em minha casa, e
provai-me nisto, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não
derramar uma benção sem medida.” (Malaquias 3:10).
“..quem semeia pouco, pouco ceifará, quem semeia muito, muito ceifará. Cada um
contribua segundo tiver proposto em seu coração, não com tristeza, porque Deus ama
quem dá com alegria.” (2 Coríntios 9:6-7).
A limpeza e manutenção da igreja é realizada pelo trabalho voluntário dos membros ou,
quando necessário, por profissionais especializados contratados legal e formalmente, se
houver disponibilidade de caixa.

CREDO APOSTÓLICO

A profissão de fé de um metodista, bem como de outros cristãos, pode ser resumida no


“credo apostólico”. Não basta apenas “professar”, mas viver e ensinar aos seus
descendentes. O “Credo Apostólico (Concílio de Nicéia, Século IV)” não é uma
“reza”ou oração, mas uma resposta de fé à pergunta – “No que você crê?”:

“Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do céu e da terra;


E em Jesus Cristo, seu unigênito filho, nosso Senhor;
O qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria;
Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado;
Ao terceiro dia, ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu E está à direita de Deus Pai, Todo-
Poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
Na Santa Igreja de Cristo;
Na comunhão dos santos;
Na remissão dos pecados;
Na ressurreição do corpo;
E na vida eterna.

Amém!”

OS MANDAMENTOS DE DEUS

“ENTÃO falou Deus todas estas palavras, dizendo:


Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não
terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma
semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo
da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou
Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração
daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que
guardam os meus mandamentos. Não tomarás o Nome do SENHOR teu Deus em vão;
porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o Seu Nome em vão. Lembra-te
do dia do shabat*, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o
sétimo dia é o shabat* do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu
filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus
e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o
SENHOR o dia do sábado, e o santificou. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se
prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá. Não matarás. Não
adulterarás. Não furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Não
cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu
servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu
próximo.” (Exodo 20:1-17)

*Shabat – Dia separado para adoração e descanso, dedicado ao Senhor. O Shabat tem
pouca relação com o nosso sábado do calendário ocidental. A maioria dos cristãos do
Ocidente reservam o dia de Domingo para este fim.

DEVERES DO MEMBRO DA IGREJA METODISTA:

• I - testemunhar Jesus Cristo ao próximo com seus dons;


• II - participar dos cultos públicos, da Escola Dominical - ED e demais serviços da
Igreja Metodista;
• III - contribuir regularmente com dízimos e ofertas para a manutenção da missão
de Deus por meio dos ministérios da Igreja Metodista nos termos da Carta Pastoral
sobre o Dízimo;
• IV - pautar seus atos pelos princípios do Evangelho e pelas Doutrinas e Costumes
da Igreja Metodista;
• V - sujeitar-se às exortações pastorais;
• VI - esforçar-se para iniciar trabalho metodista, onde o mesmo não exista;
• VII - reconhecer seu chamamento como ministro/a de Deus para as diversas áreas
da missão;
• VIII - exercer seus dons, participando dos ministérios e serviços da Igreja
Metodista e da comunidade;

• IX - submeter-se à Disciplina Eclesiástica da Igreja Metodista.

DIREITOS DO MEMBRO DA IGREJA METODISTA

Os direitos de membro leigo da Igreja Metodista são:

• I - participar do sacramento da Ceia do Senhor e receber da Igreja os demais


meios da graça;
• II - pedir o sacramento do batismo infantil para seus filhos, e ser instruído sobre
esse sacramento;
• III - receber a bênção sobre seu casamento, segundo o Ritual da Igreja Metodista,
depois de ser preparado;
• IV - participar de cursos de formação cristã, segundo orientação da Igreja
Metodista;
• V - votar e ser votado/a para ocupar cargos eletivos na Igreja Metodista,
respeitados os dispositivos canônicos;
• VI - receber assistência pastoral;
• VII - transferir-se para outra igreja local;
• VIII - apresentar queixa, nos casos e na forma prevista nos cânones (Lei da
Igreja);

• IX - apelar para instância superior, em grau de recurso, respeitados os dispositivos


canônicos.

PRÁTICAS E COSTUMES DOS METODISTAS

Segundo os Cânones da Igreja Metodista, artigo.3°:


Os membros da igreja Metodista têm como prática de vida:
1. Não praticar o mal.
2. Zelosamente praticar o bem.
3. Atender as ordenanças de Deus.

Fundamentada nesses princípios, os Metodistas são:

• Moderados nos divertimentos;


• Modestos no trajar e vestir;
• Abstêmios de bebida alcoólica;
• Empenhados no combate aos vícios;
• Observadores do Dia do Senhor, especialmente dedicados ao culto
público, ao cultivo espiritual, pelo estudo da Bíblia, e ao descanso físico;
• Observadores dos preceitos da igreja e dos meios de graça que ela oferece,
participando dos ofícios divinos e da ceia do Senhor;
• Praticantes do jejum e da oração individual e em família;
• Honestos nos negócios;
• Fraternais na relação de uns com os outros;
• Tolerantes e respeitadores das idéias e opiniões alheias;
• Praticantes das boas obras;
• Benfeitores dos necessitados;
• Defensores dos oprimidos;
• Promotores da instrução secular e religiosa;
• Operosos na obra de evangelização.
(Cânones da igreja Metodista art.3°)

“A CRUZ E A CHAMA”:
Este símbolo representa a centralidade do Sacrifício Redentor de Jesus, Sua
Ressurreição, e a ação do Espírito Santo na Igreja primitiva e atual.
Sua origem remonta a união das duas Igrejas que se uniram nos Estados Unidos da
América para formar a Igreja Metodista Unida dos EUA. Antes de ser criada a marca
oficial, uma equipe designada pelo concílio da nova igreja decidiu que qualquer símbolo
que fosse criado deveria trazer alguma expressão do calor que John Wesley sentiu no
coração no dia 24 de maio de 1738.

O resultado foi bastante feliz: simples, mas de rico significado, o símbolo metodista traz
a cruz vazia (representação do Cristo ressurreto) e a dupla-chama, que representa tanto a
junção das duas denominações americanas, quanto a experiência do coração aquecido.
A história deste símbolo é bastante significativa para o povo chamado metodista. Sua
criação começou nos Estados Unidos, em 1968, quando duas Igrejas (a Igreja Metodista
e a Igreja Evangélica dos Irmãos Unidos) se fundiram, formando a Igreja Metodista
Unida.

FRASES FAMOSAS DE JOHN WESLEY...

Considero o mundo inteiro como a minha paróquia.

Cuidado para não ser tragado pelos livros! Um grama de amor vale mais que um quilo
de conhecimento.

Uma pessoa pode ir à igreja duas vezes por dia, participar da ceia do Senhor, orar em
particular o máximo que puder, assistir a todos os cultos e ouvir muitos sermões, ler
todos os livros que existem sobre Cristo. Mas ainda assim tem que nascer de novo.

Faça todo o bem que puder,


Por todos os meios que puder,
De todas as maneiras que você pode,
Em todos os lugares que você puder,
Em todas as vezes que você puder,
Para todas as pessoas que você puder,
Enquanto você pode sempre.

Todo cristão deve estar pronto para morrer, ou para pregar.


Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam senão a
Deus, e eu abalarei o mundo.

Ponha fogo no seu sermão ou ponha seu sermão no fogo.

Tua tarefa única na terra é esta: salvar almas.

Eu me coloco em chamas, e o povo vem para me ver queimar.

Diga-me como pode haver três velas neste recinto e apenas uma luz e então eu lhe
explicarei a Trindade.

Não me preocupo com o que pode acontecer daqui a cem anos. Aquele que governava o
mundo antes de eu nascer cuidará disso igualmente, quando eu estiver morto. A minha
parte é melhorar o momento presente.

Eu creio que a santificação seja a vida de Deus na alma do homem, uma


coparticipação da natureza divina (2 Pe 1.14), o sentimento que houve em Cristo (Fp
2.5), ou a renovação do nosso coração segundo a imagem daquele que nos criou (Cl
3.10)

A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão.

Para mudarmos o mundo primeiramente precisamos mudar nossas atitudes.

O tempo é algo precioso, e muitas vezes nós estamos tão preocupados com o que
queremos ter que nos esquecemos de agradecer o que já temos.

Senhor, não permita que eu viva inutilmente.

Levanto pela manhã e presto continência para o capitão de minha salvação e pergunto,
quais são as ordens hoje?

O que quer que um homem possa fazer pela sua salvação não é a causa, mas o efeito da
graça. Deus é o gerador e causador de todo bem que está no homem ou é praticado por
ele.

Que a nossa amizade seja como o ouro, que pode se transformar mas nunca perde o seu
valor.

Conselho de John Wesley aos pregadores Metodistas: Quer goste ou não, leia e ora
diariamente. É para a sua vida, não há caminho, caso contrário você será sempre, um
frívolo, medíocre e superficial pregador.

Foi uma verdadeira misericórdia Deus não ter ouvido a minha oração. John Wesley,
carta a sua mãe em Março de 1727.

Clame com todas as suas forças para Aquele que perdoa os seus pecados, até que tenha
o amor de Deus derramado em seu coração.
Eu sou um homem de um livro só: a Bíblia.
Antes que eu possa pregar o amor, a misericórdia e a graça; tenho que pregar o
pecado, a lei e o juízo final.

O verdadeiro conhecimento de Deus está acima da razão, mas não contra a razão.

Busquem a felicidade em Cristo e só Nele. Cuidem-se de não se apegar ao pó. Essa


terra não é o destino de vocês.

A Graça ou amor de Deus é a fonte da nossa salvação, é LIVRE em TODOS, e LIVRE


para TODOS!

OS ARTIGOS DE RELIGIÃO DO METODISMO HISTÓRICO

Estes Artigos foram elaborados no Século XVI, por ocasião da Reforma Protestante.
Nesse período, a Igreja da Inglaterra separou-se da Igreja de Roma e aderiu à Reforma
Protestante, sofrendo maior impacto de Calvino do que de Lutero. Assim, já no reinado
de Eduardo VI, a Igreja da Inglaterra elaborou 42 Artigos de Religião; estes foram
revisados no tempo da Rainha Isabel (Elizabeth I) e reduzidos aos 39 Artigos que a
Igreja da Inglaterra e a Comunhão Anglicana mundial ainda reconhecem.
Por ocasião da formação da Igreja Metodista Episcopal na América do Norte (1784),
João Wesley revisou os 39 Artigos, eliminando as partes que não se aplicavam aos
Estados Unidos, tão recentemente independente da Inglaterra, e também eliminando
artigos que favoreciam a predestinação. Assim ele dotou a nova Igreja Metodista
Episcopal com 24 Artigos, aos quais a jovem Igreja acresceu um, "Dos Deveres civis
dos Cristãos.

1 - Da fé na Santa Trindade
Há um só Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo nem partes; de poder, sabedoria e
bondade infinitos; Criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Na
unidade desta Divindade, há três pessoas da mesma substância, poder e eternidade – Pai,
Filho e Espírito Santo.

2 - Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro Homem


O Filho, que é o verbo do Pai, verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai,
tomou a natureza humana no ventre da bendita Virgem, de maneira que duas naturezas
inteiras e perfeitas, a saber, a divindade e a humanidade, se uniram em uma só pessoa
para jamais se separarem, a qual pessoa é Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem,
que realmente sofreu, foi crucificado, morto e sepultado, para os reconciliar com seu Pai
e para ser um sacrifício não somente pelo pecado original, mas, também, pelos pecados
atuais dos homens.

3 - Da ressurreição de Cristo.
Cristo, na verdade, ressuscitou dentre os mortos tomando outra vez o seu corpo com
todas as coisas necessárias a uma perfeita natureza humana, com as quais subiu ao Céu
e lá está até que volte a julgar os homens no último dia.

4 - Do Espírito Santo
O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e
glória com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus.

5 - Da suficiência das Santas Escrituras para a salvação


As Santas Escrituras contêm tudo que é necessário para a salvação, de maneira que o
que nelas não se encontre, nem por elas se possa provar, não se deve exigir de pessoa
alguma para ser crido como artigo de fé, nem se deve julgar necessário para a salvação.
Entende-se por Santas Escrituras os livros canônicos do Antigo e do Novo Testamentos,
de cuja autoridade nunca se duvidou na Igreja, a saber, do Antigo Testamento: Gênesis,
Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis,
Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos de Salomão,
Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós,
Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias , Ageu, Zacarias. e Malaquias; e
do Novo Testamento: Evangelhos segundo São Mateus, São Marcos, São Lucas e São
João; Atos dos Apóstolos; Epístolas de São Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom;
Epístola aos Hebreus; Epístola de São Tiago; Epístolas 1 e 2 de São Pedro; Epístolas 1,
2 e 3 de São João; Epístola de São Judas e o Apocalipse.

6 - Do Antigo Testamento
O Antigo Testamento não está em contradição com o Novo, pois tanto no Antigo como
no Novo Testamento a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único
mediador entre Deus e o homem, sendo ele mesmo Deus e Homem; portanto, não se
deve dar ouvidos àqueles que dizem que os patriarcas tinham em vista somente
promessas transitórias. Embora a lei dada por Deus a Moisés, quanto às cerimônias e
ritos, não se aplique aos cristãos, tampouco os seus preceitos civis devam ser
necessariamente aceitos por qualquer governo, nenhum cristão está isento de obedecer
aos mandamentos chamados morais.

7 - Do pecado original
O pecado original não está em imitar a Adão, como erradamente dizem os pelagianos,
mas é a corrupção da natureza de todo descendente de Adão, pela qual o homem está
muito longe da retidão original e é de sua própria natureza inclinado ao mal e isto
continuamente.

8 - Do livre-arbítrio
A condição do homem, depois da queda de Adão, é tal que ele não pode converter-se a
preparar-se pelo seu próprio poder e obras, para a fé e invocação de Deus; portanto, não
temos forças para fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus sem a sua graça
por Cristo, nos predispondo para que tenhamos boa vontade e operando em nós quando
temos essa boa vontade. Agostinho entendeu que o pecado original havia tornado o ser
humano incapaz de alcançar a salvação sem a graça de Deus, enquanto Pelágio confiava
grandemente na capacidade do ser humano. Os metodistas, em comum com os
Protestantes em geral (que seguem Agostinho no seu ensino de salvação pela graça),
creem que a posição de Agostinho está mais de acordo com o ensino bíblico e com a
experiência, portanto insistem (Artigo 8) que o ser humano "natural" não pode nem se
arrepender e muito menos ter fé sem que a graça de Deus tome isso possível.

9 - Da justificação do homem
Somos reputados justos perante Deus somente pelos merecimentos de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo, por fé e não por obras ou merecimentos nossos; portanto, a
doutrina de que somos justificados somente pela fé é mui sã e cheia de conforto.

10- Das boas obras


Posto que as boas obras, que são o fruto da fé e seguem a justificação, não podem tirar
os nossos pecados, nem suportar a severidade do juízo de Deus, contudo são agradáveis
e aceitáveis a Deus em Cristo, e nascem de uma viva e verdadeira fé, tanto assim que
uma fé viva é por elas conhecida como a árvore o é pelos seus frutos.

11- Do pecado depois da justificação


Nem todo pecado, voluntariamente cometido depois da justificação, é o pecado contra o
Espírito Santo e imperdoável; logo, não se deve negar a possibilidade de
arrependimento aos que caem em pecado depois da justificação. Depois de termos
recebido o Espírito Santo, é possível apartar da graça recebida e cair em pecado, e pela
graça de Deus levantar de novo e emendar nossa vida. Devem, portanto, ser condenados
os que dizem que não podem mais pecar enquanto aqui vivem, ou que neguem a
possibilidade de perdão àqueles que verdadeiramente se arrependam.

12- Da Igreja
A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis na qual se prega a pura Palavra de
Deus e se ministram devidamente os sacramentos, com todas as coisas a eles
necessárias, conforme a instituição de Cristo.

13 - Do purgatório
A doutrina romana do purgatório, das indulgências, veneração e adoração, tanto de
imagens como de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil,
sem base no testemunho das Escrituras e até repugnante à Palavra de Deus.

14 - Do falar na congregação em língua desconhecida


É claramente contrário à Palavra de Deus e ao costume da Igreja primitiva celebrar o
culto público na Igreja, ou ministrar os sacramentos, em língua estrangeira que o povo
não entenda, a não ser que haja um tradutor.
Não se trata aqui do dom da glossolalia (falar em línguas espirituais) e do dom de
profecia, bem sedimentado e testificado pelo testemunho das Sagradas Escrituras, que
edifica aquele que fala, e edifica também a Igreja caso algum irmão ou irmã tenha o
dom de interpretá-las.

15 - Dos sacramentos
Os sacramentos instituídos por Cristo não são somente distintivos da profissão de fé dos
cristãos; são, também, sinais certos da graça e boa vontade de Deus para conosco, pelos
quais ele invisivelmente opera em nós, e não só desperta, como fortalece e confirma a
nossa fé nele. Dois somente são os sacramentos instituídos por Cristo, nosso Senhor, no
Evangelho, a saber: o batismo e a Ceia do Senhor. Os outros cinco, vulgarmente
chamados sacramentos: a confirmação, a penitência, a ordem, o matrimônio e a extrema
unção, não devem ser considerados sacramentos do Evangelho, sendo, como são, em
parte, uma imitação corrompida de costumes apostólicos e, em parte, estados de vida
permitidos nas Escrituras, mas que não têm a natureza do batismo, nem a da Ceia do
Senhor, porque não têm sinal visível, ou cerimônia estabelecida por Deus. Os
sacramentos não foram instituídos por Cristo para servirem de espetáculo, mas para
serem recebidos dignamente. E somente nos que participam deles dignamente é que
produzem efeito salutar, mas aqueles que os recebem indignamente recebem para si
mesmos a condenação, como diz São Paulo (1Co 11:29).

16- Do batismo
O batismo não é somente um sinal de profissão de fé e marca de diferenciação que
distingue os cristãos dos que não são batizados, mas é, também, um sinal de
regeneração, ou de novo nascimento. O batismo de crianças deve ser conservado na
Igreja, conforme o costume dos cristãos primitivos.

17 - Da Ceia do Senhor
A Ceia do Senhor não é somente um sinal do amor que os cristãos devem ter uns para
com os outros, mas antes é um sacramento da nossa redenção pela morte de Cristo, de
sorte que, para quem reta, dignamente e com fé o recebe, o pão que partimos é a
participação do corpo de Cristo, como também o cálice de bênção é a participação do
sangue de Cristo. A transubstanciação ou a mudança de substância do pão e do vinho
na Ceia do Senhor, não se pode provar pelas Santas Escrituras, e é contrária às suas
terminantes palavras; destrói a natureza de um sacramento e tem dado motivo a muitas
superstições. O corpo de Cristo é dado, recebido e comido na ceia, somente de modo
espiritual. O meio pelo qual é recebido e comido o corpo de Cristo, na ceia é a fé. O
sacramento da ceia do Senhor não era, por ordenação de Cristo, custodiado, levado
em procissão, elevado nem adorado.

18- De ambas as espécies


O cálice do Senhor não se deve negar aos leigos, porque ambas as espécies da Ceia do
Senhor, por instituição e mandamento de Cristo, devem ser ministradas a todos os
cristãos igualmente.

19 - Da oblação única de Cristo sobre a cruz


O sacrifício de Cristo, feita uma só vez, é a perfeita redenção, propiciação e satisfação
por todos os pecados de todo o mundo, tanto o original como os atuais, e não há
nenhuma outra satisfação pelo pecado, senão essa. Portanto, o sacrifício da missa, no
qual se diz geralmente que o sacerdote oferece a Cristo em expiação de pecados pelos
vivos e defuntos é fábula blasfema e engano perigoso.

20 - Do casamento dos ministros


Os ministros de Cristo não são obrigados pela lei de Deus, quer a fazer voto de celibato,
quer a abster-se do casamento; portanto, é tão lícito, a eles como aos demais cristãos, o
casarem-se à sua vontade, segundo julgarem melhor à prática da piedade.

21 - Dos ritos e cerimônias da Igreja


Não é necessário que os ritos e cerimônias das Igrejas sejam em todos os lugares iguais
e exatamente os mesmos, porque sempre têm sido diferentes e podem mudar conforme a
diversidade dos países, tempos e costumes dos homens, contanto que nada seja
estabelecido contra a Palavra de Deus. Entretanto, todo aquele que, voluntária, aberta e
propositadamente quebrar os ritos e cerimônias da Igreja a que pertença, os quais, não
sendo repugnantes à Palavra de Deus, são ordenados e aprovados pela autoridade
competente, deve abertamente ser repreendido como ofensor da ordem comum da
Igreja e da consciência dos irmãos fracos, para que os outros temam fazer o mesmo.
Toda e qualquer Igreja pode estabelecer, mudar ou abolir ritos e cerimônias, contanto
que isso se faça para edificação.

22 - Dos deveres civis dos cristãos


É dever dos cristãos, especialmente dos ministros de Cristo, sujeitarem-se às
autoridades civis onde residam e empregarem todos os meios louváveis para inculcar
obediência aos poderes legitimamente constituídos. Espera-se, portanto, que os
ministros e membros da Igreja se portem como cidadãos moderados e pacíficos, não
obstante devam denunciar todo tipo de injustiça, maldade, principalmente vindo de
autoridades

24 - Dos bens dos cristãos


As riquezas e os bens dos cristãos não são comuns, quanto ao direito, título e posse dos
mesmos, como falsamente apregoam alguns; não obstante, cada um deve dar
liberalmente, do que possui, aos pobres, a fim de aliviar seu sofrimento, e cooperar no
sustento da obra de Deus.

CINCO PRÁTICAS DE JOHN WESLEY QUE PODEM FAZER MUITA


DIFERENÇA NOS DIAS ATUAIS...

Como sacerdote na Igreja da Inglaterra, John Wesley queria alcançar a maioria do povo
britânico. O espírito de Deus criou um descontentamento tão santo no coração de
Wesley que ele abandonou os modos convencionais de ministério e experimentou várias
abordagens inovadoras. Para surpresa de todos/as, o reavivamento espiritual eclodiu na
Inglaterra e além. Você pode se perguntar: "Se Deus poderia fazer isso, então por que
não agora?". Sete práticas emergiram como características do movimento Metodista
precoce:

1. Ser dedicado à oração


Wesley redescobriu o que a igreja de sua época tinha esquecido: a oração libera o poder
de Deus. Ele chamou a oração de “os grandes meios de aproximar-se de Deus” e seguiu
acreditando que a oração persistente pode ser o primeiro passo necessário para ver o
mover de Deus. Ele tinha a convicção que precisava se dedicar pelo menos duas horas
por dia à oração pessoal e fez da oração a marca registrada do movimento.

2. Vá aonde as pessoas estão


Wesley queria alcançar as milhares de pessoas que nunca entraram pela porta da igreja,
mas com tão poucas pessoas participando dos cultos, ele foi forçado a considerar outras
opções. Wesley começou a pregar ao ar livre. Multidões de três, cinco e dez mil pessoas
se reuniam. Muitas delas foram tocadas pelo espírito de Deus e despertadas para seu
estado espiritual. Um reavivamento na Inglaterra nasceu em grande parte porque
Wesley estava disposto a levar o evangelho aonde as pessoas estavam.

3. Coloque todos/as em um grupo pequeno para o crescimento espiritual


(AMIGOS DE BATALHA/ CÉLULAS)
Wesley percebeu que sem o encorajamento, as pessoas que participavam do movimento
wesleyano, até mesmo com experiências de êxtase de Deus enquanto ele pregava, em
breve poderiam esquecer o novo nascimento. Para fornecer assistência espiritual
responsável, Wesley só iria pregar em pequenos grupos ou “classes”. Seu objetivo era
não ver as pessoas em um único encontro com Deus, mas levá-las a uma experiência
real, mudança de vida duradoura através da fé em Cristo.

5. Dê o Ministério para os/as Leigos/as


Como o movimento metodista primitivo cresceu rapidamente, Wesley logo seguiu o
conselho de sua mãe, permitindo leigos/as a supervisionar as classes (grupos pequenos)
e pregar nas reuniões da sociedade (grandes grupos). Quando ele lançou o desafio aos/às
leigos/as, o ministério multiplicou ainda mais rápido.

Compilação:
Pr. Washington C. Badaró
Igreja Metodista em Palhoça-SC
29/04/2022

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