Liberdade Provisória Plantão Rogerio

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EXCELENTÍSSIMO (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO PLANTÃO JUDICIÁRIO

DO 1º GRAU DE JURISDIÇÃO DO DISTRITO FEDERAL

Auto de Prisão em flagrante n° 523/2010, 27ª Delegacia de Polícia do Recanto das Emas
Ocorrência Policial n° 6869/2010- 27ª

ROGERIO OLIVEIRA DE CARVALHO, brasileiro, casado,


vigilante, inscrito no CPF sob o nº 636.400.071-15 e no RG sob o nº 1.295.764 – SSP-
DF,carteira de Vigilante sob o n° 0046052, residente e domiciliado na QNN 06,
Conjunto B, Casa 16, Ceilândia/DF (Doc. Anexo), vem à presença de Vossa Excelência,
por intermédio do advogado regularmente constituído (Doc. Anexo), com fundamento
no Código de Processo Penal, artigo 310, parágrafo único, requerer

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA


pelos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos:

I – Dos Fatos.

Cuida-se de Auto de Prisão em Flagrante lavrado pela 27ª Delegacia de


Polícia do Recanto das Emas, em face de Rogerio Oliveira de Carvalho. (Doc. Anexo).

Em síntese apertada, o requerente foi preso por Agentes de Polícia,


lotados no DECAD (Divisão Especial de Repressão de Crimes Contra a Administração
Pública) no dia 18 de Agosto de 2010, sob acusação de que estaria portando uma pistola
calibre 380, modelo PT 58S, nº KOJ39152, municiada com 12 (doze) munições intactas,
sem a devida autorização.

No ato encontravam-se os Agentes em diligência no Recanto das Emas


no Supermercado Brilhante, sendo interpelados pelo Autuado, que exigiu a identificação
dos Agentes. Estranhando a abordagem e, por sua vez, exigiu a identificação do
autuado.

Que por sua vez, se identificou como segurança do estabelecimento, e


confirmou que trazia consigo uma pistola, apresentando-a de imediato. Exercendo esta
função como “bico”, pelo fato de estar de férias de seu emprego, e necessitando de
dinheiro, tendo sido declarado sua prisão de imediato pelos agentes.

Assim, o requerente foi conduzido à delegacia, e após os depoimentos do


requerente e dos Agentes de Polícia, Antônio Sérgio Silva Bomfim Filho, e Ivan
Dumont Teixeira agente penitenciário, resolveu a autoridade policial, promover o
indiciamento do requerente, por infringência ao disposto no artigo 14 da Lei 10.826/03.

II – Do Direito.

É cediço que, em nosso Estado Democrático de Direito, todos se


presumem inocentes até que, mediante sentença penal transitada em julgado, após o
devido processo legal, se demonstre cabalmente sua culpa.

Dessa irrenunciável garantia, consubstanciada como cláusula pétrea da


Constituição Federal, decorre que se afigura absolutamente inconcebível que um
cidadão inocente permaneça encarcerado antes de sua condenação definitiva, salvo se
presentes os requisitos atinentes à prisão provisória.

Por outro lado, nos termos do 5º inciso LXVI, “ninguém será levado à
prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança”.

Nessa esteira, o Código de Processo Penal prevê hipóteses em que,


mesmo diante de prisão flagrante, o indiciado possa receber a liberdade provisória
(CPP, artigos 309 e 310, parágrafo único).
No caso dos autos, estão presentes todos os requisitos legais necessários
à liberdade provisória do requerente, não se justificando a manutenção de sua custódia
preventiva.

Embora se trate, in casu, de crime afiançável, o acusado não tem


condições financeiras de arcar com o pagamento da fiança, razão pela qual postula sua
liberdade provisória independentemente do pagamento da aludida garantia pecuniária,
diante da indubitável presença dos requisitos legais pertinentes.

Estabelece o parágrafo único do artigo 310 do Código de Processo Penal


que, para a manutenção da custódia cautelar, é necessário que esteja presente pelo
menos um dos requisitos do art. 312 (garantia da ordem pública, garantia da ordem
econômica, conveniência da instrução criminal ou garantia da aplicação da lei penal)
sob pena de se ter uma autêntica antecipação da pena, vedada pelo Princípio da
Presunção de Inocência, insculpido, como já dito, no artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal.

No caso dos autos, não se configura a presença de qualquer dos requisitos


previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, militando em favor do requerente
as seguintes circunstâncias:

-Ele é réu primário;

-Possui bons antecedentes;

-Tem renda própria, trabalhando como Vigilante, no Grupo Patrimonial, CNPJ:


04.559.666/0001-35, comprovante anexo.

-Possui residência fixa, no seguinte endereço: QNN 06, Conjunto B, Lote 16,
Ceilândia-Sul.( Doc. Anexo)

- Sustenta sua família. (Certidão de nascimento de sua filha em anexo).

De acordo com tais circunstâncias, pode-se perceber que, posto em


liberdade, o indiciado não oferecerá riscos à garantia da ordem pública ou econômica,
uma vez que é pessoa sociável e não propensa à prática delituosa.
Por outro lado, a manutenção de sua custódia certamente causará sérios
prejuízos à sua família, que dele depende para seu sustento.

Também não há que se falar em conveniência da instrução criminal, pois


nenhum dano decorrerá da liberação do requerente, que possui residência fixa e renda
própria, não havendo risco de ausentar-se do distrito da culpa ou causar perturbações à
instrução criminal.

De fato, não há qualquer notícia de que o requerente tenha tentado fugir


ou mascarar provas, não tendo ele oferecido sequer resistência à prisão ou insubmissão
à autoridade policial.

Assim, é totalmente incabível negar a liberdade ao requerente, pessoa


incapaz de perturbar as investigações ou a produção de provas.

Tampouco há necessidade de se assegurar a aplicação da lei penal


mediante prisão, uma vez que o acusado reside e trabalha no distrito da culpa. Sua vida
está toda estabelecida nesta cidade, não somente a dele, como também a de toda a sua
família. É conhecido na vizinhança por manter bom relacionamento, sendo eficiente em
suas atividades e trabalhando costumeiramente nas proximidades desta cidade.

Assim, não há que se falar em risco à aplicação da lei ou dificuldade na


prática de quaisquer atos pertinentes ao inquérito.

Ademais, de acordo com o disposto nos artigos 327 e 328 do Código


Penal, o requerente se compromete a comparecer em juízo sempre que necessário, a fim
de que sejam esclarecidos todos os fatos, além de não mudar ou ausentar-se do seu
endereço sem prévia comunicação.

A tudo se acresça que a infração penal indevidamente imputada ao


acusado se caracteriza como crime sem violência contra a pessoa, cuja execução da
pena pode se dar, inclusive, independentemente da constrição de sua liberdade, seja
mediante aplicação de pena alternativa (CP, arts. 43 e 44), seja pela concessão de sursis
(CP, art. 77), seja pelo cumprimento da pena em regime aberto (CP, art. 33, § 2º).

Se é grande a possibilidade de não se justificar a prisão do acusado,


mesmo após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, a fortiori não se
deve manter a prisão de natureza cautelar, diante da evidente ausência, como já visto,
dos pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal.

Por fim, cumpre lembrar que a vedação à liberdade provisória, prevista


no artigo 21 do Estatuto do Desarmamento, foi declarada inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3.112 DOU de 10 de maio de 2007.

Em suma, diante da presença dos requisitos legais pertinentes, o acusado


é titular de direito público subjetivo de estatura constitucional, atinente à manutenção de
sua liberdade até o trânsito em julgado de improvável sentença penal condenatória (CF,
artigo 5º, LXVI e LVII).

III. Do pedido.

Pelo exposto, pugna a defesa pela concessão de LIBERDADE


PROVISÓRIA SEM FIANÇA ao requerente, ROGERIO OLIVEIRA DE
CARVALHO, com fundamento no art. 310, § único do CPP e art. 5°, inciso LXVI da
Constituição Federal, com a expedição imediata do respectivo alvará de soltura.

Por não poder arcar com as despesas do processo sem prejuízo próprio e
de sua família, o requerente pede o benefício da Justiça gratuita e a dispensa da fiança,
nos termos do artigo 350 do Código de Processo Penal, comprometendo-se a
comparecer aos ulteriores atos processuais (arts. 327/328), sob pena de revogação do
benefício.

Termos em que pede deferimento.

Brasília-DF, 18 de Agosto de 2010

Thiago Rodrigues Braga


OAB/DF 31.590

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