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7.1 Psoríase

Este documento descreve a psoríase, uma doença crônica da pele. Apresenta os tipos de psoríase, sua etiologia e fisiopatologia. Também discute os principais procedimentos estéticos e ativos cosméticos utilizados no tratamento da doença.

Enviado por

Emmanuel Appel
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7.1 Psoríase

Este documento descreve a psoríase, uma doença crônica da pele. Apresenta os tipos de psoríase, sua etiologia e fisiopatologia. Também discute os principais procedimentos estéticos e ativos cosméticos utilizados no tratamento da doença.

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PROCEDIMENTOS

EM ESTÉTICA
CORPORAL

Arielle Rosa de Oliveira


Procedimentos estéticos
para psoríase
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer os tipos e a etiopatologia da psoríase.


 Descrever os procedimentos estéticos utilizados no manejo da psoríase.
 Identificar os ativos utilizados na psoríase.

Introdução
A psoríase é uma doença crônica, não contagiosa e cíclica, com causa
desconhecida, mas relacionada a herança genética poligênica, fatores
ambientes (como uso de determinados medicamentos), processos in-
fecciosos, tabagismo, sobrepeso e estresse emocional — gatilhos para o
desenvolvimento ou agravamento da doença e causadores de alteração
do sistema imune. A fisiopatologia está intimamente ligada com os genes
PSORS1 e PSORS2 e a alteração dos linfócitos T. Os sintomas comumente
encontrados são placas avermelhadas, encobertas por escamação es-
branquiçada ou acinzentada, associada ou não a prurido, em regiões de
extensão do corpo, como joelhos, cotovelos, couro cabeludo e tronco.
Existem outros tipos de apresentação, como a psoríase gutata, eritrodér-
mica, invertida e pustulosa.
O tratamento da psoríase objetiva o manejo das lesões e a melhora
da qualidade de vida do indivíduo. O plano de tratamento é individuali-
zado e leva em consideração fatores específicos para cada caso — tipo
clínico de psoríase, gravidade das lesões, idade, sexo, entre outros. As
abordagens terapêuticas envolvem uso de medicamentos de via oral
e tópica, exposição solar controlada, fototerapia, laser pulsado, uso de
dermocosméticos, psicoterapia, abordagens comportamentais e terapias
alternativas. O emprego de ativos cosmetológicos, como hidratantes,
queratolíticos e anti-inflamatórios, é muito importante como coadjuvante
no tratamento, reduzindo os sintomas e melhorando a qualidade da pele.
2 Procedimentos estéticos para psoríase

Neste capítulo, você vai estudar sobre a etiopatologia da psoríase, os


principais procedimentos estéticos utilizados para a doença e os ativos
cosméticos mais empregados.

1 Psoríase: etiopatologia e tipos


A psoríase é uma doença crônica inflamatória, não transmissível, com períodos
de exacerbação e remissão ao longo da vida, relacionada com a desregulação do
sistema de imunidade da pele. Essa doença afeta cerca de 2 a 3% da população
mundial, em que homens e mulheres são acometidos de forma semelhante. O pico
médio de idade do início da doença é entre 35 e 45 anos de idade, com distribuição
universal. Sua etiologia ainda não é bem definida, com múltiplos fatores envol-
vidos, mas de base hereditária (hereditariedade poligênica) associada a fatores
ambientais para o seu surgimento conhecidos (AZULAY; AZULAY; AZULAY-
-ABULAFIA, 2015; GREB et al., 2016; RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO, 2018;
RIVITTI, 2014; SOUTOR; HORDINSKY, 2015; WOLFF et al., 2019).
Os seguintes fatores podem favorecer o surgimento ou o agravamento da
doença (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2015; RAMOS-E-
-SILVA; CARNEIRO, 2018; RIVITTI, 2014; SOUTOR; HORDINSKY, 2015;
WOLFF et al., 2019).

 Fatores ambientais: estresse psicológico, baixa imunidade, obesidade,


infecção por HIV (pois altera o sistema imune), infecção estreptocócica
(na psoríase gutata), clima frio.
 Uso de determinados medicamentos: lítio, antimaláricos, bloqueadores
β-adrenérgicos, glicocorticoides sistêmicos, anti-inflamatórios não esteroi-
des, cloroquina, interferon, IFNα2β, digoxina, iodeto de potássio, procaína,
amiodarona, salicilato, clonidina, penicilina, tetraciclina, sulfonamidas.
 Consumo de álcool.
 Tabagismo.
 Traumatismos físicos ou químicos.

A fisiopatologia está associada a uma ativação das células T (resposta imune


adaptativa), que secretam citocinas inflamatórias relacionadas às vias Th1, Th17,
IL-6, IL1-l2, IL-17, IL-22 e IL-23, TNF-α e INF-γ, que aumentam a permeabilidade
vascular, agridem a barreira de proteção da pele, atuam no processo de hiperplasia
da pele e alteram o ciclo celular dos queratinócitos, levando a uma inflamação
local e à hiperproliferação dessas células epidérmicas 28 vezes mais do que na pele
Procedimentos estéticos para psoríase 3

normal. Assim, o tempo de renovação celular (turn over) é reduzido e se formam as


crostas escamosas (paraceratose) (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA,
2015; RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO, 2018; SOUTOR; HORDINSKY, 2015;
WOLFF et al., 2019). Os genes mais importantes envolvidos na susceptibilidade
da doença são o PSORS1, que compreende os genes do complexo de histocom-
patibilidade (MHC) que codificam os antígenos leucocitários humanos (HLAS)
e o gene PSORS2 no cromossomo 17q24-q25 (GREB et al., 2016).
Os principais sintomas clínicos encontrados são placas avermelhadas ou
rosadas, de bordas bem delimitadas, que podem ou não apresentar prurido,
recobertas por descamação esbranquiçada ou prateada e com espessamento
da pele, frequente em regiões extensoras do corpo, como joelhos e cotovelos,
lombossacra, membros inferiores e no couro cabeludo. Em alguns casos mais
graves podem ocorrer ainda ardência, edema nas articulações e quadro do-
loroso (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2015; RIVITTI, 2014;
SOUTOR; HORDINSKY, 2015). A doença, de forma geral, leva à baixa da
qualidade de vida e tem impacto negativo nas atividades de vida diária dos
pacientes (RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO, 2018).
Confira a seguir os tipos de psoríase mais comuns.

Psoríase vulgar ou em placa — Tipo mais comum, correspondendo a quase 90%


dos casos. Formam-se lesões avermelhadas, bem delimitadas, em placas cobertas
por descamação esbranquiçada ou acinzentada. Normalmente, acomete as áreas
extensoras do corpo, como cotovelos, joelhos, interglúteos, lombossacra, e couro
cabeludo. Pode ocorrer em qualquer local onde se tenha agressão ou trauma, desen-
cadeada pelo fenômeno de Koebner (SOUTOR; HORDINSKY, 2015) (Figura 1a).

Psoríase eritrodérmica — Tipo mais grave da doença. Apresentam-se placas


avermelhadas encobertas por descamação branca ou prateada em quase todo
o corpo, podendo ocorrer acometimento do estado geral do paciente (MAIA,
2012; SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

Psoríase gutata — Lesões avermelhadas em forma de gotas, com pápulas e


placas pequenas cobertas ou não por descamação esbranquiçada mais leve.
Relacionada a processos infecciosos como a infecção estreptocócica. As regiões
comumente afetadas são tronco, abdome e coxas (SOUTOR; HORDINSKY,
2015; WOLFF et al., 2019).

Psoríase invertida — Lesões rosadas com menor descamação. Ocorre co-


mumente nas regiões de flexão do corpo e dobras cutâneas, como axilas,
4 Procedimentos estéticos para psoríase

inguinal e inframamária (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2015;


SOUTOR; HORDINSKY, 2015) (Figura 1b).

Psoríase pustulosa ou Von Zumbusch — Pústulas vermelhas e dolorosas. Pode


estar associada ou não a quadro de mal-estar geral, febre, diarreia e aumento na
taxa de leucócitos (RIVITTI, 2014; SOUTOR; HORDINSKY, 2015) (Figura 1c).

Psoríase ungueal — Cerca de 80 a 90% dos portadores da psoríase desen-


volvem a forma clínica ungueal. Pode causar deformidade da unha, perda de
brilho, mudança da coloração e hiperqueratose subungueal (RIVITTI, 2014;
WOLFF et al., 2019) (Figura 1d).

Artrite psoriátrica — Caracterizada por sintomas como rigidez matinal,


edema e dor nas articulações. Acomete frequentemente a região das mãos.
Normalmente, os sintomas da artrite psoriátrica surgem após 10 anos do início
da doença (GREB et al., 2016; SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

Figura 1. Psoríase (a) vulgar, (b) invertida, (c) pustulosa e (d) ungueal.
Fonte: Wolff et al. (2019, p. 53, 55–57).
Procedimentos estéticos para psoríase 5

O diagnóstico da psoríase é realizado pela avaliação clínica do mé-


dico dermatologista e complementada por biópsia da pele (SOUTOR;
HORDINSKY, 2015). O tratamento deve ser pensado para cada caso
individualmente e deve levar em consideração fatores como gravidade
da doença, extensão das lesões, condições gerais de saúde, forma clínica
apresentada, idade e condições socioeconômicas do indivíduo. O objetivo
do tratamento é a remissão por maior tempo do quadro e melhora da qua-
lidade de vida. As abordagens envolvem a inibição da hiperproliferação
dos queratinócitos e dos linfócitos T e, consequentemente, citocinas
pró-inflamatórias. Em geral, o tratamento envolve (AZULAY; AZULAY;
AZULAY-ABULAFIA, 2015; MAIA, 2012; RAMOS-E-SILVA; CAR-
NEIRO, 2018; RIVITTI, 2014; SABBAG; SOLIS; SABBAG JUNIOR, 2010;
WOLFF et al., 2019):

 uso de medicamentos de via oral (quimioterápicos e imunobiológicos);


 terapia tópica com medicamentos corticoides;
 análogos da vitamina D (calcipotriol ou calcitriol);
 coaltar e liquor carbonis detergens (LCD);
 antralina;
 retinoides tópicos (tazaroteno gel) e imunomodeladores (tacrolimo e
pimecrolimo);
 dermocosméticos;
 fototerapia;
 abordagem comportamental (prática de atividade física, extinção do
fumo e diminuição da ingesta de bebida alcoólica);
 dieta;
 tratamento psicológico;
 terapias alternativas (como meditação e yoga).

Nas formas mais leves, a abordagem tópica apresenta bons resultados e


pode ser associada aos medicamentos de uso sistêmico ou à fototerapia. Nos
quadros moderados a graves, a fototerapia é o padrão-ouro junto às medica-
ções sistêmicas. Nas formas mais graves, como a eritrodérmica e a pustulosa
generalizada, a internação do paciente pode ser necessária. Os medicamentos
imunobiológicos normalmente se reservam aos casos de não resposta ou
contraindicação aos demais tratamentos (MAIA, 2012).
A psoríase pode predispor outras doenças cardiovasculares, como ateros-
clerose, doença arterial coronariana, infarto agudo do miocárdio e acidente
vascular encefálico, além de distúrbios metabólicos como o diabetes melito,
6 Procedimentos estéticos para psoríase

a hipertensão arterial sistêmica e a dislipidemia. Em casos de suspeita de


artrite psoriátrica, o paciente deve ser encaminhado ao médico reumatologista
(RIVITTI, 2014; SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

No fenômeno de Koebner ocorre a reprodução da lesão na região que recebeu algum


tipo de trauma ou pressão (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2015; SOUTOR;
HORDINSKY, 2015). A exposição solar, apesar de ser muito indicada como tratamento
da psoríase, pode causar o fenômeno de Koebner se ocorrer de forma exacerbada e
por longos períodos (MAIA, 2012).

2 Procedimentos estéticos para psoríase


No manejo e controle das lesões da psoríase, os tratamentos estéticos são boas
opções. No entanto, é importante salientar que o paciente sempre deve ter o
acompanhamento do médico dermatologista e, em alguns casos, do médico
reumatologista para o tratamento da doença sistêmica, que é crônica e não tem
cura, mas sim controle, especialmente no momento de crise e pico da doença
e para tratamento das lesões abertas (MOSER, 2019).
Os procedimentos estéticos mais utilizados atualmente no tratamento da
psoríase são o laser de corante pulsado, os ativos cosmetológicos, a exposição
solar controlada e a fototerapia (MAIA, 2012; MOSER, 2019; PERUZZO,
2015; RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO, 2018).
O laser de corante pulsado é um importante recurso no tratamento de alte-
rações vasculares e atualmente tem sido empregado no tratamento da psoríase.
Apresenta comprimento de onda de 595nm com emissão de luz amarela. Esse
tipo de laser se baseia no conceito da fototermólise seletiva, na qual somente
o alvo é atingido, por meio dos cromóforos, sem comprometimento dos teci-
dos circunvizinhos, nesse caso, o cromóforo é a oxi-hemoglobina. Como na
psoríase há uma alteração vascular no nível dérmico, que leva à formação da
angiogênese, o laser de corante pulsado se mostra uma boa abordagem de
tratamento. Além disso, com sua aplicação, acontece a diminuição do pro-
cesso inflamatório pela destruição dos linfócitos T citotóxicos na epiderme
e linfócitos T helper na derme (PERUZZO, 2015).
Procedimentos estéticos para psoríase 7

O uso de dermocosméticos no manejo da psoríase é muito bem-vindo na


melhora da qualidade da pele. Entre eles, os ativos cosméticos hidratantes e
os queratolíticos. A hidratação atua na restauração da barreira cutânea e do
manto hidrolipídico, reduzindo, assim, os sintomas clínicos de inflamação,
descamação, coceira e ardência. Alguns exemplos de hidratantes emolientes são
os óleos minerais, os ácidos graxos, o colesterol, o esqualeno, a lanolina e os
lipídeos. Os emolientes água em óleo são bem empregados nos casos de psoríase.
Todavia, os ativos queratolíticos auxiliam na redução da hiperqueratinização
das escamas e facilitam o afinamento da pele, assim, os ativos hidratantes têm
maior penetração e ação (RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO, 2018).
A exposição ao sol, quando controlada e de forma adequada, auxilia muito
no controle das lesões cutâneas (RIVITTI, 2014), especialmente em países com
mais incidência solar, como no mar, pela sua posição a 300m abaixo do nível
do mar, a chamada helioterapia ou climatoterapia. Aqui no Brasil é possível,
no entanto, há pouco rigor para o uso da helioterapia. Em alguns casos, o
médico dermatologista pode associar o uso de medicamento psolarênico com
a radiação solar (PUVA-sol) (RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO, 2018).
O tratamento com fototerapia tem efeito anti-inflamatório, imunossupressor
e reduz a proliferação celular dos queratinócitos. Classificada conforme o
comprimento de onda empregado (UVA ou UVB), pode ser usada de forma
isolada ou associada a outros tratamentos (MAIA, 2012).
A fototerapia é indicada para lesões do tipo vulgar e gutata e não indicada
para o tipo eritrodérmica e pustulosa (RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO, 2018).
A fototerapia é empregada com a radiação ultravioleta de banda estreita B
(311–312 nm) ou fototerapia associada a psoraleno (PUVA) — imersão em
solução de 8-metoxipsolareno e exposição na sequência à radiação ultravioleta
A (320–400nm). Nesses casos, são realizados de 2 a 3 sessões por semana
(MAIA, 2012; RIVITTI, 2014; SOUTOR; HORDINSKY, 2015; WOLFF et
al., 2019).
A luz ultravioleta A com comprimento de onda de 320 a 400 nm, associada
a psoraleno (PUVA), atua no nível de epiderme, derme papilar e rede vascular
(MAIA, 2012). Nesse caso, ocorre a associação do 8-metoxipsolareno com
a luz que leva a uma ativação do DNA nuclear e normaliza o processo de
queratinização, regulando as citocinas pró-inflamatórias (RAMOS-E-SILVA;
CARNEIRO, 2018).
No entanto, a fototerapia com a radiação ultravioleta B com comprimento
de onda de 290 a 320nm pode ser de banda longa ou de banda estreita. A de
banda estreita atua no nível da epiderme e da derme papilar, reduzindo as
8 Procedimentos estéticos para psoríase

células de Langerhans e dendríticas e a via Th1 e Th17, assim com efeito


imunorregulador da pele e controle da proliferação das células epidérmicas.
Para a aplicação da fototerapia com a radiação ultravioleta B de banda estreita,
sempre é importante o teste de dose eritematosa mínima (DEM). Normal-
mente, o teste é realizado na região glútea ou dorsal, onde são aplicadas em
pontos demarcados diferentes doses de energia medidas em milijoule por cm3,
escolhidas conforme cada fototipo cutâneo, sendo acompanhada por 24 horas
para ver qual é a dose mínima que causa eritema na região testada. A cada
sessão, pode-se aumentar de 10 a 20% dessa dose. A aplicação é precedida
da aplicação de óleo sobre as lesões. As aplicações podem ser realizadas por
lâmpadas fluorescentes localizadas, ou em cabines, e por equipamentos de
laser duas vezes por semana, em uma média de 20 a 30 sessões (RAMOS-
-E-SILVA; CARNEIRO, 2018). A fototerapia é contraindicada em casos de
(MAIA, 2012):

 pacientes com antecedentes de câncer de pele;


 xeroderma pigmentoso;
 albinismo;
 lúpus eritematoso;
 pênfigo;
 uso prévio de arsênio ou radiação ionizante;
 uso de marca-passo cardíaco;
 alterações hepáticas e renais;
 gestantes no caso da PUVA, pelo uso do medicamento psolarênico;
 histórico de catarata.

3 Ativos cosméticos utilizados na psoríase


Os corticoides de uso tópico são a primeira linha de tratamento tópico para
a psoríase (SOUTOR; HORDINSKY, 2015). No entanto, devido aos riscos
de alguns efeitos colaterais, como atrofia da pele, telangiectasias, infecções,
dermatites de contato, catarata, glaucoma, aumento da glicemia, pressão
arterial, despigmentação, síndrome de Cushing, osteoporose, redução dos
níveis de cortisol, transformação da psoríase em placa para pustulosa, entre
outros. É indicado que o uso de corticoide tópico seja de até 3 semanas para
os de alta potência, 4 semanas para os de média frequência e de 3 meses
para os de baixa potência (GREB et al., 2016; MAIA, 2012). Assim, faz-se
necessário a busca por alternativas de uso tópico para o controle e manejo das
Procedimentos estéticos para psoríase 9

lesões psoriáticas. Os ativos cosméticos são ótimas opções coadjuvantes em


todos os planos de tratamento da psoríase, associados aos demais recursos
terapêuticos, bem como na fase assintomática, melhorando as condições da
pele e reduzindo o ressecamento e a inflamação. Destaca-se o uso dos ativos
hidratantes (emolientes e umectantes) e queratolíticos e, atualmente, o emprego
dos ativos que diminuem a ação das citocinas pró-inflamatórias envolvidas
na fisiopatologia da psoríase (MAIA, 2012; MOSER, 2019).
Os hidratantes, como os óleos vegetais e minerais (vaselina), lactato de
amônia, ceramidas e ureia, hidratam a pele, amolecendo a camada córnea da
epiderme e, assim, reduzem a descamação (RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO,
2018; SOUTOR; HORDINSKY, 2015). Novos ativos para redução da infla-
mação, hidratação da pele e renovação celular ganham destaque também,
como (MOSER, 2019) aveia coloidal, ModukineTM, Profiderm®, Psoralight®,
Turmeria Zen PRCF e Vederine®.
No tratamento de placas hiperqueratinizadas, os agentes queratolíticos
alfa-hidroxiácidos (ácido lático), poli-hidroácidos e beta-hidroácidos (ácido
salicílico) e ureia são indicados. Assim, são removidas as escamas que formam
o espessamento dessas regiões, sendo facilitada a permeação dos demais
ativos, como os corticoides e os análogos da vitamina D. O ácido salicílico é
indicado de 3 a 6% em gel/pomadas para aplicação das placas espessas nas
regiões corporais e a 3% em soluções ou xampus ou em óleo mineral para
placas espessas no couro cabeludo (RAMOS-E-SILVA; CARNEIRO, 2018;
SOUTOR; HORDINSKY, 2015; WOLFF et al., 2019).
Produtos tópicos à base de alcatrão têm efeito anti-inflamatório nas lesões
e complementam muito bem no tratamento (SOUTOR; HORDINSKY, 2015).
Para casos de lesões pouco descamativas e espessas do couro cabeludo, o xampu
com alcatrão é indicado (WOLFF et al., 2019). As águas termais contêm em
sua composição oligoelementos, como magnésio, manganês, sódio e zinco, e
são boas alternativas para renovação celular, hidratação, cicatrização, regu-
lação da resposta imunológica da pele e efeito anti-inflamatório nas lesões
(NUNES; TAMURA, 2012).
Em relação aos veículos dos produtos, as pomadas são o veículo mais
adequado, mas têm pouca adesão do paciente. Os cremes e as loções são boas
opções para face, pescoço e mãos. E as soluções e as espumas são indicadas
para lesões do couro cabeludo (SOUTOR; HORDINSKY, 2015). A base cold
cream é uma emulsão água em óleo, tem efeito hidratante e lubrificante, pode
ser usada com os ativos ácido salicílico, lanolina, ureia, óleo de amêndoas e
extratos vegetais, sendo muito indicada para peles ressecadas (informativo
do fabricante).
10 Procedimentos estéticos para psoríase

Quadro 1. Exemplos de ativos cosméticos

Ativo
cosmético Ação Concentração Veículo pH

Ácido lático Hidratante; queratolítico 0,5 a 12%; 3–5% Creme; lo- 5,5; 3,5
ção; xampu;
condicionador

Ácido Queratolítico 3–6% Vaselina; cold 3–5


salicílico cream; loção
capilar

Águas Anti-inflamatório; — — —
termais cicatrizante; hidratante;
regulação da resposta
imunológica da pele;
queratolítico

Aveia Anti-inflamatório; an- 3–10% Gel; creme; 4–7


coloidal tioxidante; cicatrizante; sérum; po-
hidratante mada; produ-
tos de higiene

Ceramidas Hidratante Depende Creme; loção —


do tipo de
matéria-prima

Lactato de Hidratante 12% Creme; loção —


amônio

Óleos Hidratante — — —
minerais/
vaselina

Modukine® Anti-inflamatório; anti- 0,5–1% Creme; loção 5,5–7


pruriginoso; corticoide
free; hidratante; reparo
da função barreira da
pele

Profiderm® Anti-inflamatório; Psoralight® 2% Creme; loção —


antioxidante; corticoide + Topicaroteno
free; hidrocortisona like; 2%
redução da proliferação
celular

Psoralight® Redução da proliferação 0,5–2,5% Gel; creme; —


Fonte: Adaptado de Galena (c2020); Maia (2012); Moser (2019); Nunes e Tamura
celular loção (2012).

(Continua)
Procedimentos estéticos para psoríase 11

(Continuação)

Quadro 1. Exemplos de ativos cosméticos

Ativo
cosmético Ação Concentração Veículo pH

Turmeria Anti-inflamatório; antio- 0,5–2% — 4–8


Zen PRCF xidante; antimicrobiana;
corticoide free

Ureia Queratolítico; hidratante 10–20%; 5–10% Creme; po- —


mada; loção

Vederine® Regenerador ; reparo da 3% Creme; emul- —


função barreira da pele; são; gel
vitamina D like

Fonte: Adaptado de Galena (c2020); Maia (2012); Moser (2019); Nunes e Tamura (2012).

AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R.; AZULAY-ABULAFIA, L. Dermatologia. 6. ed. rev. e atual. Rio
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12 Procedimentos estéticos para psoríase

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