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ELETRÔNICA ANALÓGICA

AULA 4

Profª Viviana Raquel Zurro


CONVERSA INICIAL

Nesta etapa, vamos trabalhar com Amplificadores Operacionais (Amp


Op). Circuitos compostos por componentes discretos são difíceis de projetar e
ocupam um espaço muito grande em uma placa. Por conta das dificuldades de
projeto dos circuitos discretos, a eficácia fica prejudicada e as probabilidades de
erro de projeto são altas. Os Amp Op são chips compostos por dezenas de a
centos de transistores em um mesmo circuito integrado (CI). Como todos os
dispositivos ativos estão integrados em um único chip, a probabilidade de
captação de ruído é muito baixa. Nos circuitos transistorizados discretos, todos
os componentes (resistores, capacitores e os próprios transistores) apresentam
margem de erro. Além disso, as conexões entre eles (pistas da placa) são muito
longas (em comparação com as conexões internas do circuito integrado), de
modo que podem se comportar como antenas que captam ruídos externos, o
que diminui a precisão do sistema.
O nome amplificador operacional vem do fato de que eles podem realizar
operações matemáticas com sinais, como veremos ao longo deste texto. Em
nossos estudos, vamos considerar o Amp Op ideal, um dos dispositivos mais
versáteis da eletrônica, tanto para aplicações analógicas quanto para digitais.
Ele apresenta características que o tornam adequado para inúmeras aplicações.

TEMA 1 – AMPLIFICADOR OPERACIONAL

O ganho de tensão (relação de tensão saída – entrada, ganho de laço


aberto) de um amplificador operacional real é extremamente alto. Esse ganho é
característico do dispositivo, sendo um dado do fabricante. Quanto maior o
ganho, melhor é o dispositivo. No caso do amplificador ideal, o ganho é infinito.
A Figura 1 traz o símbolo de Amp Op.

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Figura 1 – (a) Símbolo do amplificador operacional e (b) conexões da fonte
simétrica no amplificador

(a) (b)

A tensão de saída é igual a:

𝑣𝑜 = 𝐴(𝑣2 − 𝑣1 ) (1)

Em que:

• 𝐴: ganho de laço aberto;


• 𝑣2 = 𝑣 + : tensão da entrada não inversora;
• 𝑣1 = 𝑣 − : tensão da entrada inversora;
• 𝑣𝑜 : tensão de saída.

A maioria dos circuitos com Amp Op apresenta saída em modo comum


(tensão de saída única). Poucos são os circuitos que apresentam saída
diferencial, como a saída da primeira etapa do amplificador de instrumentação,
tema de estudo desta etapa. Como o ganho de laço aberto é muito alto, os
circuitos são projetados com realimentação negativa, para a obtenção de um
ganho de laço fechado muito menor, determinado pelo projetista e quase
totalmente dependente dos elementos externos, o que garante estabilidade e
banda passante larga.

1.1 Projeto de circuitos eletrônicos

Os Amp Op facilitam o projeto de circuitos eletrônicos, proporcionando


maior estabilidade. Eles são muito mais fáceis de calcular em comparação a
circuitos com componentes discretos. Por conta das características do
dispositivo real, se o sinal de entrada tiver uma amplitude menor do que 100 mV,
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os parâmetros do dispositivo real devem ser considerados para projetar o
circuito. Nesses casos, muitas vezes será necessário compensar alguns
parâmetros reais com um circuito externo ao CI. Esses ajustes deverão ser feitos
para que o sistema se comporte da forma mais linear possível.
Para tensões de entrada maiores do que 100 mV, as aproximações do
dispositivo ideal não fazem diferença no resultado final do projeto. Cada
dispositivo apresenta características diferentes de entrada e saída. Por isso, o
dispositivo deverá ser escolhido de acordo com o projeto, com o sinal que vai
ser processado e com o tipo de processamento que será dado ao sinal. Cada
sensor ou etapa eletrônica anterior ao circuito apresenta características próprias
de saída, como impedância e tensão (equivalente Thevenin). A entrada do
circuito deverá respeitar estritamente essas características, para garantir
máxima transferência de potência entre a saída da etapa anterior e a entrada do
circuito com Amp Op. Caso não seja possível encontrar um dispositivo que
cumpra exatamente as exigências do projeto, o Amp Op que apresente as
características mais parecidas com as necessárias deverá ser escolhido. Assim,
o circuito deverá ser adaptado para uma melhor resposta do sistema.

1.1.1 Comportamento com sinais contínuos

O ganho de laço aberto é característico do dispositivo. É um dado do


fabricante que aparece em sua folha de dados (datasheet). Esse ganho
corresponde à relação de saída e entrada em laço aberto, quando não há
realimentação negativa. Na prática, ele pode ser considerado um valor infinito,
mas, na realidade, ele tem um valor muito alto, sendo definido pela equação
número (1). Nos dispositivos atuais, varia entre 100.000 e 1.000.000 para
dispositivos comuns. Realimentando negativamente, esse ganho, chamado de
ganho de laço fechado (ou malha fechada), é muitíssimo menor, mas o sistema
fica estável e com banda passante maior. Os amplificadores operacionais têm
limites, sendo importante que o projetista leve em conta todas a limitações para
fazer o projeto.

1.1.2 Comportamento com sinais variáveis

O ganho do amplificador, calculado para corrente contínua ou baixas


frequências, não se aplica a sinais variáveis fora da faixa de frequência de

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operação do dispositivo, devido às limitações do Amp Op real. Os amplificadores
baratos e de uso comum apresentam uma banda passante (BP) de até alguns
MHz, mas em amplificadores especiais de alta velocidade, a BP pode atingir
centos de MHz.

1.2 Limitações

Os dispositivos reais apresentam limitações por conta de variações nos


componentes internos, com base em parâmetros como temperatura,
envelhecimento etc. Os transistores de entrada, que podem ser bipolares ou de
efeito de campo, nunca são exatamente iguais, o que influencia as
características de entrada dos dispositivos. Os Amp Op mais exatos, avançados
e caros chegam mais perto das condições ideais do que os amplificadores
comuns, mas não chegam a apresentar as características de um amplificador
ideal. No entanto, todos eles podem ser considerados como ideais, sempre e
quando o sinal de entrada for suficientemente grande.

1.3 Características do amplificador real

• Ganho: finito, entre 100.000 e 1.000.000 de vezes.


• Impedância de entrada: finita; mesmo estando entre M e T., em alguns
projetos específicos, ela deve ser considerada.
• Impedância de saída: maior do que zero; deve ser considerada quando
trabalharmos com cargas de baixa impedância, que demandam
fornecimento de corrente (potência), com exceção de saídas de baixa
tensão.
• Correntes nas entradas: correntes entre nA e pA, chamadas de correntes
de polarização de entrada. As correntes nas entradas inversora e não
inversora são ligeiramente diferentes de zero, pelo fato de que a
impedância de entrada do dispositivo é menor do que infinito (no
amplificador ideal, são iguais a zero).
• Tensão de offset de entrada: por conta das diferenças entre os
transistores da configuração diferencial de entrada, quando as duas
entradas 𝑣 + e 𝑣 − estão na mesma tensão, a tensão de saída (igual a zero
no amplificador ideal) é diferente de zero. Muitos Amp Op apresentam

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pinos de correção de offset. Caso contrário, é preciso implementar um
circuito para correção.
• Banda passante (ou largura de banda-faixa): finita; todos os
amplificadores reais têm BP finita, o que significa que a faixa de frequência
de operação é limitada pelas próprias características do dispositivo.
• Capacitância de entrada: atrapalha o funcionamento em altas frequências.
• Saturação: a tensão de pico de saída é limitada pela fonte de alimentação
a um valor levemente inferior ao da própria fonte.
• Slew rate: velocidade de resposta da saída às variações de entrada. No
amplificador ideal, esse valor é infinito, o que faz com que ele responda
instantaneamente às variações de entrada. No amplificador real, o valor é
finito, e, portanto, o amplificador não responde instantaneamente.
• Potência: limitada pelo próprio dispositivo e pela fonte de alimentação.
• Temperatura: como todos os dispositivos semicondutores, a operação do
Amp Op depende da temperatura.

O circuito interno dos Amp Op varia de fabricante para fabricante.


Encontramos dispositivos com diferentes características no mercado. Porém, a
estrutura interna é basicamente igual, sendo composta por blocos, como mostra
a figura.

Figura 2 – Diagrama de blocos de um amplificador operacional

O estágio diferencial de entrada provê alta impedância de entrada,


isolando o circuito da etapa anterior. Esse estágio geralmente apresenta entrada
e saída diferencial.

• Estágio de processamento: amplificador de tensão; provê um alto ganho


de tensão, geralmente com saída em modo comum.
• Estágio de saída: fornece altas correntes com baixa impedância de saída;
etapa de potência do amplificador.

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1.4 Estrutura interna de um Amp Op LM741

Apresentamos o circuito interno simplificado de um CI LM741 na Figura 3.


A figura mostra somente o circuito simplificado correspondente ao sinal. Toda a
parte de polarização foi retirada para facilitar a visualização do sistema.

Figura 1 – Circuito interno: amplificador operacional integrado LM741 com


entrada diferencial de transistores de junção

Fonte: Elaborado com base em Braun, 2007.

1.4.1 Fontes (ou espelhos) de corrente

Os blocos tracejados em vermelho são espelhos ou fontes de corrente. A


corrente principal do circuito, a partir da qual são geradas as outras correntes, é
determinada pelas fontes de alimentação do chip e pelo resistor de 39 k, que
atua como fonte de corrente em conjunto com os transistores Q10, Q11, Q12 e Q13.
A polarização dos transistores de entrada é controlada pelas fontes de
corrente formadas por Q8, Q9, Q10 e Q11. A fonte constituída por Q8 e Q9 faz com
que as tensões de modo comum nas entradas não ultrapassem a região ativa
dos transistores de entrada. A fonte constituída por Q10 e Q11 determina
indiretamente a corrente no estágio de entrada. Essa corrente é definida pelo
resistor de 5 k.

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As fontes de corrente Q8/Q9 e Q10/Q11 trabalham em conjunto como
circuito de alta impedância, que se comporta como diferenciador de corrente. Q10
define a corrente do estágio de entrada. Se o transistor Q8 detecta que esse
estágio tende a desviar corrente, o transistor Q9 percebe a variação e corrige a
tensão nas bases dos transistores Q3 e Q4. Assim, as correntes de polarização
do estágio de entrada são mantidas, estabilizadas e controladas por um sistema
com alto ganho e realimentação negativa. A fonte constituída por Q12 e Q13
fornece corrente constante para o amplificador intermediário (estágio em classe
A), formado por Q15, Q19 e Q22 através do coletor de Q13.

1.4.2 Circuito diferencial de entrada

O amplificador diferencial de entrada é o bloco tracejado em azul escuro.


Q1 e Q2 em configuração de coletor comum formam o estágio de entrada
diferencial junto com Q3 e Q4, em base comum. Q3 e Q4 alimentam o amplificador
intermediário em classe A, provendo ganho de tensão. Os transistores Q5 a Q7
formam uma fonte de corrente de carga ativa. Q7 reduz a quantidade de corrente
de sinal de que o Q3 precisa para controlar as bases de Q5 e Q6, aumentando a
precisão da fonte de corrente. A fonte formada por Q5 a Q7 provê a saída em
modo comum do primeiro estágio da seguinte maneira: Q3 fornece a corrente de
sinal de entrada para a fonte, enquanto o coletor de Q4 é conectado ao coletor
de Q6, que é a saída da fonte, onde as correntes de Q3 e Q4 são somadas,
formando uma saída única.
Como as correntes de polarização das entradas são diferentes de zero e
como a impedância de entrada é 𝑅𝑖 ≅ 2𝑀, ocorre uma tensão de offset de
entrada, que deverá ser compensada por ajuste externo. Nos chips de 8 pinos
com amplificador operacional, os pinos 1 e 7 tem a finalidade de corrigir o offset,
colocando um potenciômetro entre eles. Na Figura 4, podemos ver o diagrama
de blocos de um LM741, com os seguintes pinos:

1. Correção de offset (em conjunto com 5)


2. Entrada inversora 𝑣 −
3. Entrada não inversora 𝑣 +
4. Fonte de alimentação negativa 𝑉𝐸𝐸
5. Correção de offset (em conjunto com 1)
6. Saída 𝑣𝑜

8
7. Fonte de alimentação positiva 𝑉𝐶𝐶
8. Sem conexão (No Connection)

Figura 4 – Circuito integrado (chip) LM741

1.4.3 Estágio em classe A

O estágio intermediário tracejado em magenta é composto por dois


transistores Q15 e Q19 em configuração Darlington, com fonte de corrente como
carga de coletor para a obtenção de um alto ganho. A realimentação negativa
variável com a frequência é proporcionada pelo capacitor de 30pF, para
estabilização do Amp Op em configurações de realimentação. É o chamado
efeito Miller. Seu princípio de funcionamento é similar ao de um circuito
integrador. Também é chamado de compensação por polo dominante, porque
coloca um polo que mascara os outros polos do sistema (dominante) na resposta
em laço aberto. Isso facilita a utilização do amplificador, pois aumenta a
estabilidade do sistema consideravelmente.

1.4.4 Estágio adaptador de nível

O estágio anterior à saída, adaptador de nível de tensão composto pelo


transistor Q6 tracejado em verde, atua como “fonte de tensão”. A queda de
tensão constante entre coletor e emissor independe da corrente do circuito. Se
a corrente na base de Q16 for de aproximadamente zero, e se a tensão for 𝑉𝐵𝐸16 ≅
0,65 [𝑉], característica do transistor de silício na região ativa, a corrente nos
resistores de 4,5kΩ e 7,5 kΩ será a mesma, mantendo estável a tensão do
transistor. A função deste transistor é prevenir a distorção de crossover na etapa

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de saída. Para resolver esse problema, o Q16 pode ser substituído por diodos de
silício, mas com estabilidade menor.

1.4.5 Etapa de saída de potência

A etapa de saída tracejada em azul céu é formada por Q14, Q17 e Q20, cuja
entrada é a saída de Q16, sendo controlada por Q13 e Q19 (pela corrente de coletor
desses transistores). A amplitude máxima do sinal de saída atinge uma tensão
aproximadamente igual à tensão de alimentação, menos 1 V, e depende das
tensões 𝑉𝐶𝐸 dos transistores Q14 e Q20 polarizados em classe AB em
configuração push-pull.
O resistor de 25 Ω na saída funciona como sensor de corrente, limitando
a corrente do transistor Q14 (em configuração de coletor comum – seguidor de
emissor) a aproximadamente 25 mA, no caso do LM741. A impedância de saída
não é zero; porém, com a realimentação negativa, ela se aproxima de zero.

TEMA 2 – AMPLIFICADOR OPERACIONAL IDEAL

Quando o sinal de entrada (a ser amplificado ou processado) é maior do


que 100 mV, podemos considerar o Amp Op como um dispositivo ideal. A Figura
5 mostra o modelo elétrico de um amplificador ideal, enquanto a Figura 6 traz o
modelo de um amplificador real.

Figura 5 – Amplificador operacional ideal: circuito equivalente

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Figura 6 – Modelo do amplificador operacional real

Os pinos evidenciados na Figura 6 são:

• Entrada inversora 𝑣 −
• Entrada não inversora 𝑣 +
• Fonte de alimentação negativa 𝑉𝐸𝐸 = 𝑉𝑆− , ou terra nos amplificadores de
fonte única.
• Fonte de alimentação positiva 𝑉𝐶𝐶 = 𝑉𝑆+
• Saída 𝑣𝑜

Os terminais de alimentação podem ser nomeados de várias formas. Por


exemplo, para Amp Op com tecnologia FET, os terminais são chamados 𝑉𝐷𝐷 =
𝑉𝑆+ , conectado ao dreno, e 𝑉𝑆𝑆 = 𝑉𝑆− , conectado à fonte. Para amplificadores
com tecnologia de transistor de junção 𝑉𝐶𝐶 = 𝑉𝑆+ , por conta do que está
conectado ao coletor, e 𝑉𝐸𝐸 = 𝑉𝑆− , conectado no emissor. Para simplificar o
desenho do circuito, os terminais são retirados, na maioria das vezes.

2.1 Características do amplificador operacional ideal

• Impedância de entrada 𝑅𝑖𝑛 ⟶ ∞


• Impedância de saída 𝑅𝑜𝑢𝑡 ⟶ 0
• Ganho de laço aberto 𝐺 ou 𝐴 ⟶ ∞
• Banda passante 𝐵𝑃 ⟶ ∞
• As tensões nas entradas são exatamente iguais 𝑣 + = 𝑣 −
• Tensão diferencial de entrada 𝑣𝑖𝑛 = 𝑣 + − 𝑣 − = 0
• Tensão de saída para entradas iguais 𝑣𝑜𝑢𝑡 = 0
• 𝐼+ = 𝐼− = 0
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• Independente da temperatura.

Como os amplificadores operacionais são alimentados por tensão


contínua e trabalham com sinais variáveis, vamos usar a nomenclatura correta.
Maiúsculas para os valores de contínua e minúsculas para os sinais:

• Tensão de entrada de sinal 𝑣𝑖 (i de input em inglês)


• Tensão de saída de sinal 𝑣𝑜 (o de output em inglês)
• 𝑉 para todas as fontes de alimentação

2.1.1 Massa virtual de entrada

Massa virtual, terra virtual ou curto-circuito virtual: a tensão de


determinado ponto de um circuito é igual a uma tensão de referência sem que
ele esteja conectado fisicamente a essa referência. A massa virtual é o ponto
chave para o funcionamento de amplificadores operacionais. Ela se comporta
como um curto-circuito por onde não circula corrente. A Figura 7 mostra a massa
virtual de entrada de um Amp Op.

Figura 7 – Massa virtual de entrada de um Amp Op

Como característica da massa virtual de entrada, temos a diferença de


potencial entre as entradas igual a zero, com correntes nas entradas iguais a
zero:
𝑣+ = 𝑣−
𝑣𝑖𝑛 = 𝑣 + − 𝑣 − = 0
𝐼+ = 𝐼− = 0
A Figura 8 mostra de onde vem o efeito da massa virtual de entrada.
Considerando o amplificador operacional ideal, todos os transistores apresentam
exatamente os mesmos parâmetros. A tensão-base emissor do transistor de

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silício na região ativa é aproximadamente igual a 0,7V. Seguindo o laço indicado
pela seta verde, temos:
𝑣 − − 𝑣 + = 𝑉𝐵𝐸1 + 𝑉𝐵𝐸3 − 𝑉𝐵𝐸4 − 𝑉𝐵𝐸2 (2)
𝑣 − − 𝑣 + = 0,7 + 0,7 − 0,7 − 0,7 = 0 [𝑉] (3)

Como verificamos na equação 3, existe um “curto-circuito” entre 𝑣 − e 𝑣 + ,


mesmo sem contato entre os terminais de entrada. Como os transistores Q5 a
Q7 da Figura 3 formam um espelho de corrente de carga ativa, com impedância
tendendo a infinito, com representação pelo bloco vermelho da Figura 8, as
impedâncias desde as entradas do Amp Op serão infinitas.

Figura 8 – Estágio diferencial de entrada e massa virtual

𝑅𝑖1 = 𝑅𝑖𝑄1 + 𝑅𝑖𝑄3 + 𝑅𝑒 = ∞


(4)
𝑅𝑖2 = 𝑅𝑖𝑄2 + 𝑅𝑖𝑄4 + 𝑅𝑒 = ∞

Como as impedâncias vistas desde as duas entradas (impedância


Thevenin) são infinitas, as correntes nas entradas serão 𝐼 + = 𝐼 − = 0. Assim,
verificando as equações (3) e (4), é possível justificar a existência de massa
virtual na entrada do amplificador operacional.

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2.1.2 Estágio de saída

A etapa de saída do Amp Op, formada pelos transistores Q14, Q17 e Q20,
sendo Q14 e Q20 polarizados em classe AB em configuração push-pull,
apresentam a capacidade de fornecer e receber (puxar) corrente, fazendo com
que o sinal de saída seja em parte positivo e em parte negativo, no caso de
amplificadores com fonte de alimentação simétrica.
A Figura 9 mostra o funcionamento do estágio de saída. Para sinal de
saída positivo, a fonte de alimentação positiva entrega corrente para a carga
(seta verde). Uma pequena parte pode se desviar para a fonte negativa. Para
sinal de saída negativo, a fonte de alimentação negativa puxa corrente da carga
(seta vermelha); uma pequena parte dessa corrente pode vir da fonte positiva. O
fato de os transistores Q14 e Q20 estarem polarizados em classe AB permite que
a saída do LM741 não tenha (ou seja, mínimo) erro de crossover. A potência de
saída é menor em comparação àquela dos Cis, com transistores polarizados em
classe B, mas o erro de crossover prejudica bastante o sinal (principalmente em
caso de áudio). Os últimos Amp Op, em geral, demandam filtros extras para
compensar esse erro.

Figura 9 – Estágio de saída de um Amp Op LM741

Fonte: Elaborado com base em Braun, 2007.

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TEMA 3 – CIRCUITOS BÁSICOS

O dispositivo pode realizar operações matemáticas com sinais. Neste


tema, vamos ver essas operações matemáticas.

3.1 Operações matemáticas

Sendo 𝑣𝑖 o sinal de entrada e 𝑣𝑜 o de saída, temos:

• Multiplicador por uma constante (inversor ou não inversor): 𝑣𝑜 = |𝐴𝑣 |𝑣𝑖

o Inversor: 𝑣𝑜 ≡ −𝑣𝑖
o Não inversor: 𝑣𝑜 ≡ 𝑣𝑖

• Somador: 𝑣𝑜 ≡ 𝑣𝑖1 + 𝑣𝑖2 + ⋯ + 𝑣𝑖𝑛


• Diferencial: 𝑣𝑜 ≡ 𝑣𝑖2 − 𝑣𝑖1
• Seguidor: 𝑣𝑜 = 𝑣𝑖
• Conversor corrente: tensão: 𝑣𝑜 ≡ 𝑖𝑖
• Conversor tensão: corrente: 𝑖𝑜 ≡ 𝑣𝑖
𝑑𝑣𝑖
• Diferenciador: 𝑣𝑜 ≡
𝑑𝑡

• Integrador: 𝑣𝑜 ≡ ∫ 𝑣𝑖 𝑑𝑡
• Outras aplicações não lineares serão analisadas em outro momento de
seus estudos.

3.2 Aplicações

Com a tecnologia, os dispositivos apresentam impedâncias de entrada e


ganho de laço aberto de valores muito altos, com impedâncias de saída muito
baixas. Portanto, as aproximações de cálculo, considerando o Amp Op ideal, não
comprometem o cálculo do projeto para sinas de entrada maiores do que 100mV.
Nas seções a seguir, vamos deduzir a fórmula do ganho de tensão em laço
fechado para todos os circuitos básicos. Cabe lembrar que estas fórmulas se
aplicam somente ao Amp Op ideal, podendo ser facilmente deduzidas
principalmente com base em equações de nós e de malhas, caso você não se
lembre da fórmula.
Nota: se o sinal a ser amplificado entra na entrada inversora, o sinal de
saída sairá invertido (defasagem de 180o em relação à entrada). Por outro lado,

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se o sinal entra na entrada não inversora, o sinal de saída sairá em fase com a
entrada (defasagem de 0o em relação à entrada).
Para todos os circuitos, calcularemos o ganho de tensão 𝐴𝑉 (ganho de
laço fechado). Veremos ainda que esse ganho é independente do CI,
dependendo somente dos resistores externos. Quanto maior o ganho de laço
aberto 𝐴 do dispositivo, mais independente dele será o ganho de laço fechado.

3.2.1 Amplificador inversor

A Figura 10 mostra um amplificador operacional na configuração de


amplificador inversor (o sinal de entrada entra na entrada inversora 𝑣 − ). O sinal
de entrada representado pela fonte 𝑣𝑖 é injetado na entrada inversora através do
resistor 𝑅1 . O resistor 𝑅2 proporciona realimentação negativa, o que permite
estabilizar o ganho do amplificador.

Figura 10 – Amplificador inversor

Considerando a massa virtual da entrada, e como a entrada não inversora


está ligada ao terra do circuito (potencial zero), temos:
𝑣+ = 𝑣− = 0
Como não há circulação de corrente nas entradas do Amp Op (𝐼 + = 𝐼 − =
0), a corrente 𝑖 proveniente do gerador de sinal circula como indicado pela flecha
azul na Figura 10. Aplicando a equação de nó em 𝑣 − , temos a seguinte situação:
𝑣𝑖 − 𝑣 − 𝑣 − − 𝑣0
𝑖= =
𝑅1 𝑅2
𝑣𝑖 𝑣0
⟹ =−
𝑅1 𝑅2

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Com base na última equação, podemos deduzir que o ganho de tensão
(ganho de laço fechado) do amplificador inversor é determinado pelas
resistências dos resistores externos:
𝑣0 𝑅2
𝐴𝑉 = =− (5)
𝑣𝑖 𝑅1
Exemplo: sendo a entrada 𝑣𝑖 = 1𝑉 e os resistores 𝑅1 = 1𝑘Ω e 𝑅2 = 3𝑘Ω,
a tensão de saída do circuito será:
𝑅2 3𝑘
𝑣0 = 𝐴𝑉 𝑣𝑖 = − 𝑣𝑖 = − . 1 = −3 [𝑉]
𝑅1 1𝑘
A Figura 11 mostra os sinais de entrada e saída de um amplificador
inversor. Como podemos observar, a saída é três vezes maior do que a entrada,
estando invertida em relação a ela.

Figura 11 – Tensões de entrada (verde) e saída (azul) de um amplificador


inversor

3.2.2 Amplificador não inversor

A Figura 12 mostra um amplificador operacional na configuração de


amplificador não inversor (o sinal de entrada entra na entrada não inversora 𝑣 + ).
O sinal de entrada representado pela fonte 𝑣𝑖 é injetado diretamente na entrada
não inversora. O resistor 𝑅2 proporciona realimentação negativa, o que permite
estabilizar o ganho do amplificador. O resistor 𝑅1 está ligado ao terra do circuito.

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Figura 12 – Amplificador não inversor

Para calcular o ganho do amplificador, podemos usar dois métodos:

• Por divisor de tensão em 𝑣 −


• Por corrente.

Por divisor de tensão:


𝑣 + = 𝑣 − = 𝑣𝑖
𝑅1 𝑣0 𝑅1 + 𝑅2
𝑣𝑖 = 𝑣0 ⟹ 𝑣𝑖 (𝑅1 + 𝑅2 ) = 𝑣0 𝑅1 ⟹ =
𝑅1 + 𝑅2 𝑣𝑖 𝑅1
𝑣0 𝑅2
𝐴𝑉 = =1+ (6)
𝑣𝑖 𝑅1
Por corrente: 𝑰+ = 𝑰− = 𝟎, a corrente 𝒊 proveniente (pode estar no sentido
contrário também, caso 𝒗𝒊 seja uma tensão negativa) da saída circula como
indicado pela seta azul na Figura 12. Aplicando a equação de nó em 𝒗− , teremos
a seguinte situação:
𝑣0 − 𝑣 − 𝑣 − − 0 𝑣0 − 𝑣𝑖 𝑣𝑖 − 0
𝑖= = ⟹ =
𝑅2 𝑅1 𝑅2 𝑅1
1 1 𝑣0 𝑅2 + 𝑅1 𝑣0
𝑣𝑖 ( + )= ⟹ 𝑣𝑖 ( )=
𝑅1 𝑅2 𝑅2 𝑅1 𝑅2 𝑅2
𝑣0 𝑅2 + 𝑅1 𝑅2 + 𝑅1
= 𝑅2 ( )=
𝑣𝑖 𝑅1 𝑅2 𝑅1
𝑣0 𝑅2
𝐴𝑉 = =1+ (7)
𝑣𝑖 𝑅1
As equações (6) e (7) são iguais. Portanto, o ganho de tensão do
amplificador não inversor pode ser calculado pelos dois métodos.

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Exemplo: sendo a entrada 𝑣𝑖 = 500𝑚𝑉 e os resistores 𝑅1 = 1𝑘Ω e 𝑅2 =
3𝑘Ω, a tensão de saída do circuito será:
𝑅2 3𝑘
𝑣0 = 𝐴𝑉 𝑣𝑖 = (1 + ) 𝑣𝑖 = (1 + ) 0,5 = 2 [𝑉]
𝑅1 1𝑘
A Figura 13 mostra os sinais de entrada e saída de um amplificador
inversor. Como podemos observar, a saída é quatro vezes maior do que a
entrada, estando em fase com ela.

Figura 13 – Tensões de entrada (verde) e saída (azul) de um amplificador não


inversor

3.2.3 Amplificador somador

A configuração do amplificador somador é apresentada na Figura 14. Os


sinais de entrada representados pelas fontes 𝑣𝑖1 , 𝑣𝑖2 e 𝑣𝑖3 são injetados na
entrada inversora através de 𝑅1 , 𝑅2 e 𝑅3 . O resistor 𝑅𝑥 proporciona realimentação
negativa para a estabilização do ganho de tensão. Como todos os sinais de
entrada entram na entrada inversora, a tensão de saída será proporcional a cada
uma das entradas invertidas. Considerando a massa virtual de entrada, as fontes
de sinal estarão isoladas entre elas; além disso, as correntes de entrada se
somam para constituir a corrente 𝑖. Esse amplificador, como o nome já indica,
serve para somar sinais de entrada.

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Figura 14 – Amplificador somador

𝑣+ = 𝑣− = 0
𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 + ⋯ + 𝑖𝑛
𝑣 − 𝑣0 𝑣1 − 𝑣 − 𝑣2 − 𝑣 − 𝑣3 − 𝑣 −

= + +
𝑅𝑥 𝑅1 𝑅2 𝑅3
𝑅𝑥 𝑅𝑥 𝑅𝑥
𝑣0 = − 𝑣1 − 𝑣2 − 𝑣3 (8)
𝑅1 𝑅2 𝑅3

Segundo a equação (8), o sinal de saída será proporcional à soma das


tensões das entradas multiplicadas pelos ganhos individuais. Em resistores
ligados aos geradores de sinal, o ganho do amplificador será igual para todas as
entradas:
𝑅1 = 𝑅2 = 𝑅3

Figura 15 – Tensões de entrada e saída (verde) de um amplificador somador

20
𝑛
𝑅𝑥
𝑣0 = − ∑ 𝑣𝑖
𝑅1
𝑖=1
𝑅𝑥
𝐴𝑉 = − (9)
𝑅1

3.2.4 Amplificador seguidor: separador ou buffer

Muitas vezes, dentro de um circuito, é necessário isolar certas etapas do


circuito eletronicamente. Por exemplo, etapas de baixa potência precisam ser
isoladas das etapas de potência, porque podem interferir nos sinais de baixa
potência (ruído). Para isso, são usados diferentes tipos de separadores entre
etapas. O amplificador operacional, nessa configuração, se comporta como um
separador eletrônico. Existem ainda outros separadores (como transformadores
e acopladores óticos) que separam os estágios fisicamente. No circuito seguidor,
a diferença é que há uma conexão entre os dois estágios.

Figura 16 – Seguidor

O sinal de entrada está diretamente ligado à entrada não inversora,


portanto:
𝑣𝑖 = 𝑣 + = 𝑣 − = 𝑣𝑜 (10)
Esse circuito não fornece ganho de tensão (nos amplificadores reais, a
tensão de saída é ligeiramente menor à tensão de entrada), mas apresenta
grande capacidade para o fornecimento de corrente.

21
Figura 17 – Tensões de entrada e saída de um seguidor: tensões superpostas

3.2.5 Amplificador diferenciador ou derivador

A saída do amplificador diferenciador é proporcional à derivada da


entrada. Esse circuito apresenta problemas de estabilidade em determinadas
frequências, o que limita o seu uso. Ainda assim, ele será apresentado nesta
seção para demonstrar como realiza esse procedimento matemático. O
amplificador diferenciador está representado da Figura 18.
𝑑𝑣𝑖 𝑣 − − 𝑣𝑜
𝑖=𝐶 =
𝑑𝑡 𝑅
Como 𝑣 − = 𝑣 + = 0, temos:
𝑑𝑣𝑖
𝑣𝑜 = −𝑅𝐶 (11)
𝑑𝑡

Figura 18 – Amplificador diferenciador

Com uma onda quadrada, a derivada deveria ser igual a zero (derivada
de constantes), mas, como a subida e a descida da onda não acontecem em

22
tempo zero (rampas de subida e descida), o diferenciador deriva essas rampas,
resultando nos picos da Figura 19.

Figura 19 – Tensões de entrada (verde) e saída (azul) de um amplificador


diferenciador

3.2.6 Amplificador integrador

A saída do amplificador integrador é proporcional à integral da entrada.


Esse circuito apresenta problemas de estabilidade em determinadas
frequências, o que limita o seu uso, mas ainda assim será apresentado nesta
seção para demonstrar como ele realiza esse procedimento matemático. O
amplificador diferenciador está representado da Figura 20.
𝑣𝑖 − 𝑣 − 𝑣𝑖
𝑖= =
𝑅 𝑅
1
𝑣0 = − ∫ 𝑖 𝑑𝑡
𝐶
1
𝑣0 = − ∫ 𝑣𝑖 𝑑𝑡 (12)
𝑅𝐶

23
Figura 20 – Amplificador integrador

A integral de uma constante positiva é uma rampa positiva. Na Figura 21,


vemos que uma constante positiva na entrada gera uma rampa negativa na
saída, e vice-versa. Isso acontece porque o amplificador é inversor.

Figura 21 – Tensões de entrada (verde) e saída (azul) de um amplificador


integrador

TEMA 4 – AMPLIFICADOR DIFERENCIAL E DE INSTRUMENTAÇÃO

A maioria dos sensores de sinais biológicos entregam um sinal vetorial,


como mostra a Figura 22 (eletrocardiograma ECG, eletroencefalograma EEG
etc.). A figura representa um vetor elétrico que se movimenta no espaço. Assim,
se colocamos qualquer um dos extremos no terra do circuito, é como se
fixássemos um dos extremos do vetor ao terra, eliminando o sinal
correspondente. Sensores de vibração, como cristais piezoelétricos,
transdutores de tração-compressão (strain gages e LVDTs), entre outros,

24
demandam amplificadores diferenciais (principalmente amplificadores de
instrumentação, como veremos na seção seguinte). Isso acontece porque, além
de entregarem um sinal vetorial, eles apresentam características de saída que
não se adaptam a qualquer amplificador. Por exemplo, cristais piezoelétricos
para medição de pressão e vibração. O próprio sensor apresenta três fios de
conexão, dois para o sinal (𝑣1 e 𝑣2 na figura) e um terceiro para o terminal terra,
além de altíssima impedância de saída. Esses sensores captam parâmetros
físicos e os transformam em sinais elétricos equivalentes (Millman; Halkias,
1972).

Figura 22 – Sinal vetorial no espaço

4.1 Amplificador diferencial

Quando a entrada de sinal é um vetor no espaço, para se obter a projeção


desse vetor, é necessário contar um amplificador capaz de amplificar a diferença
entre os dois sinais, considerando os extremos. Por isso, a função desse circuito
é amplificar a diferença entre dois sinais de entrada. Para calcular o ganho do
amplificador, vamos aplicar o conceito de massa virtual de entrada.

25
Figura 23 – Amplificador diferencial

4.1.1 Cálculo do ganho do amplificador diferencial

Considerando um divisor de tensão na entrada não inversora 𝑣 + , e sendo


a tensão na entrada inversora (𝑣 − ) igual a 𝑣 + por massa virtual, temos:
𝑅3
𝑣 + = 𝑣𝑖2 ( ) = 𝑣− (13)
𝑅3 + 𝑅4

A corrente 𝑖1 , proveniente do gerador de sinal 𝑣𝑖1 , circula como indicado


na Figura 23. Como não há circulação de corrente na entrada inversora do
amplificador, a corrente passa diretamente para a saída (mesmo não tendo
carga, a corrente retorna à terra, entrando no amplificador, de modo que há
circulação de corrente mesmo sem carga):

𝑣𝑖1 − 𝑣 − 𝑣 − − 𝑣𝑜
𝑖1 = =
𝑅1 𝑅2

Trabalhando com a equação anterior:

𝑣𝑖1 − 𝑣 − 𝑣 − − 𝑣𝑜
=
𝑅1 𝑅2
𝑅2
(𝑣𝑖1 − 𝑣 − ) = 𝑣 − − 𝑣𝑜
𝑅1
𝑅2 𝑅2
𝑣𝑖1 − 𝑣 − − 𝑣 − = −𝑣𝑜
𝑅1 𝑅1
𝑅2 𝑅2
𝑣𝑖1 − 𝑣 − ( + 1) = −𝑣𝑜
𝑅1 𝑅1
𝑅2 𝑅2 + 𝑅1
𝑣𝑖1 − 𝑣− ( ) = −𝑣𝑜
𝑅1 𝑅1

26
Para que as duas entradas sejam igualmente amplificadas, temos:

𝑅1 = 𝑅3 𝑅2 = 𝑅4

Portanto:

𝑅2 𝑅2 + 𝑅1 𝑅4 𝑅4 + 𝑅3
𝑣𝑖1 − 𝑣− ( ) = 𝑣𝑖1 − 𝑣 − ( ) = −𝑣𝑜 (14)
𝑅1 𝑅1 𝑅3 𝑅3

Substituindo a equação (13) na equação (14), temos:

𝑅4 𝑅4 𝑅4 + 𝑅1
𝑣𝑖1 − 𝑣𝑖2 ( )( ) = −𝑣𝑜
𝑅3 𝑅3 + 𝑅4 𝑅3
𝑅4 𝑅4
𝑣𝑖1 − 𝑣𝑖2 = −𝑣𝑜
𝑅3 𝑅3
𝑅4
(𝑣𝑖2 − 𝑣𝑖1 ) = 𝑣𝑜
𝑅3

Portanto:

𝑣𝑜 𝑅4
𝐴𝑉 = = (15)
(𝑣𝑖2 − 𝑣𝑖1 ) 𝑅3

Para que o amplificador seja exato, os resistores têm que ser exatamente
iguais (𝑅1 = 𝑅3 𝑅2 = 𝑅4 ). Como mostra a fórmula do ganho, a entrada é
diferencial e a saída é dada em modo comum. A Figura 24 apresenta os sinais
de entrada e o sinal de saída equivalente à diferença dos sinais de entrada.

Figura 24 – Sinais no amplificador diferencial: 𝑣𝑖1 sinal de entrada 1 (verde), 𝑣𝑖2


sinal de entrada 2 (azul), 𝑣𝑜 sinal de saída proporcional a 𝑣𝑖1 − 𝑣𝑖2 (vermelho)

27
4.2 Amplificador de instrumentação

Este amplificador é muito usado para sensores e transdutores que


demandam altíssima impedância de entrada. Geralmente, apresentam sinal de
saída extremamente pequeno (dos poucos µV até alguns mV). O amplificador
de instrumentação é constituído por dois amplificadores na entrada, formando
um par (primeira etapa), com entrada e saída diferencial acoplados a uma
segunda etapa, constituída por um amplificador diferencial com saída em modo
comum, com ganho de tensão possivelmente muito alto.
Os amplificadores reais geram uma tensão de saída diferente de zero,
mesmo que as duas entradas apresentem o mesmo potencial (modo comum).
Isso acontece porque as entradas nunca são perfeitamente simétricas. Há um
parâmetro que permite verificar a “imunidade” do amplificador a esse sinal de
modo comum. Esse parâmetro é conhecido como Relação de Rejeição de Modo
Comum – RRMC (CMRR, na sigla em inglês). Quanto maior for esse parâmetro,
melhor é o amplificador. O amplificador de instrumentação, além de um ganho
elevado, apresenta alta rejeição a tensões de modo comum.

Figura 25 – Amplificador de instrumentação

Outra vantagem é que o ganho é ajustável apenas com um resistor (𝑅1 na


Figura 25). A primeira etapa, constituída pelos amplificadores operacionais AO1

28
e AO2, apresenta altíssima impedância de entrada, com entrada diferencial e
saída diferencial, com altíssima impedância de entrada. A segunda etapa,
constituída pelo amplificador AO3, representa um amplificador com entrada
diferencial e saída em modo comum (como já explicamos), responsável pela
RRMC. Para que a RRMC seja alta, os amplificadores de instrumentação são
comercializados em um único circuito integrado (CI) (Alexander; Sadiku, 2006).

4.2.1 Cálculo do ganho da primeira etapa

A primeira etapa do amplificador de instrumentação está representada na


Figura 26. Ela apresenta entrada e saída diferencial.
Considerando os amplificadores ideais e aplicando o conceito de massa
virtual na entrada, temos:

𝑣𝑖1 = 𝑣1+ = 𝑣1− e 𝑣𝑖2 = 𝑣2+ = 𝑣2−

A corrente 𝑖1 , proveniente da saída do AO2, circula como indicado na


Figura 26. Como não há circulação de corrente nas entradas inversoras dos
amplificadores, a corrente passa diretamente para a saída do AO1.

Figura 26 – Etapa diferencial de entrada de um amplificador de instrumentação

29
Portanto, segundo as Leis de Kirchoff das malhas:

𝑣𝑜2 − 𝑣𝑜1 = 𝑖1 (𝑅2 + 𝑅1 + 𝑅2 ) = 𝑖1 (𝑅1 + 2𝑅2 ) (16)

Como as tensões das entradas estão aplicadas diretamente em 𝑅1 ,


através da massa virtual de entrada de cada um dos amplificadores, temos:

𝑣𝑖2 − 𝑣𝑖1 = 𝑖1 . 𝑅1 (17)

Como a função do ganho (função de transferência) é saída por entrada:

𝑣𝑜2 − 𝑣𝑜1 𝑖1 (𝑅1 + 2𝑅2 ) 𝑅1 + 2𝑅2 𝑅2


𝐴𝑉1 = = = =1+2 (18)
𝑣𝑖2 − 𝑣𝑖1 𝑖1 . 𝑅1 𝑅1 𝑅1

Como podemos ver pela equação (18), essa etapa tem entrada e saída
diferencial.
O ganho da segunda etapa (amplificador diferencial) é definido pela
fórmula (19):

𝑅4
𝐴𝑉2 =
𝑅3

O ganho total do amplificador de instrumentação é igual ao produto dos


ganhos individuais de cada etapa:

𝑣𝑜 𝑅2 𝑅4
𝐴𝑉𝑇 = = 𝐴𝑉1 . 𝐴𝑉2 = (1 + 2 ) . (20)
𝑣𝑖2 − 𝑣𝑖1 𝑅1 𝑅3

Para que o amplificador seja exato, os resistores têm que ser exatamente
iguais, ou seja, os 𝑅2 da primeira etapa e 𝑅3 e 𝑅4 da segunda etapa têm que ter
exatamente o mesmo valor. O resistor 𝑅1 serve para o controle do ganho do
amplificador. Nos Cis, o controle do ganho é feito com um resistor externo. No
lugar onde 𝑅1 deve ir, temos dois pinos para que o resistor seja ligado
externamente. O seu valor determinará o ganho total do chip. Como mostra a
fórmula do ganho, a entrada é diferencial e a saída é em modo comum. Na Figura
27, são apresentados os sinais de entrada e o sinal de saída equivalente à
diferença dos sinais de entrada.

30
Figura 27 – Sinais no amplificador de instrumentação: 𝑣𝑖1 sinal de entrada 1
(verde), 𝑣𝑖2 sinal de entrada 2 (azul), 𝑣𝑜 sinal de saída proporcional a 𝑣𝑖2 − 𝑣𝑖1
(vermelho)

TEMA 5 – CONVERSORES TENSÃO CORRENTE E CORRENTE TENSÃO

5.1 Conversor tensão corrente

Muitas vezes, é necessário converter uma tensão em uma corrente. A


maioria dos sensores fornece tensões de saída, mas existem alguns dispositivos
nos quais a aquisição de dados é feita no modo corrente. Os CLPs (Controlador
Lógico Programável, do inglês PLC – Programmable Logic Controller) são
dispositivos de automação nos quais a aquisição de dados é feita por corrente.
Para que esses dispositivos consigam processar sinais de tensão dos sensores,
é necessária uma interface de conversão entre eles, capaz de transformar a
tensão em uma corrente que possa ser processada pelo CLP. Tais interfaces de
conversão podem ser implementadas com amplificadores operacionais (Braga,
2022).
Esse tipo de circuito é usado também para o controle de velocidade de
motores. Em robótica, por exemplo, os motores devem se movimentar em
velocidades controladas pela CPU, para garantir movimentos exatos e precisos.
Como a CPU entrega somente valores convertidos para tensão, as tensões
deverão ser convertidas em correntes, que permitem o movimento controlado
dos motores.
A seguir, vamos apresentar dois tipos de conversores tensão corrente.

31
5.1.1 Com carga flutuante

Neste tipo de conversor, a carga não está aterrada. O circuito é bem


simples e a corrente de saída é proporcional à tensão de entrada. A Figura 28
mostra o circuito desse conversor.

Figura 28 – Conversor de tensão: corrente com carga flutuante

Considerando AOP ideal e usando o conceito de massa virtual, por Lei de


Ohm, e como não há circulação de corrente na entrada do amplificador (𝐼 − = 0),
temos:
𝑣𝑖 = 𝑣 + = 𝑣 −
𝑣 − 𝑣𝑖
𝑖𝐿 = = (21)
𝑅 𝑅

Sendo a carga representada por 𝑍𝐿 , a partir da equação 21 é possível


verificar que a corrente na carga será proporcional à tensão de entrada, sem
importar o valor da carga.

32
Figura 29 – Sinais de entrada e saída do conversor tensão: corrente com carga
flutuante: 𝑣𝑖 tensão de entrada (verde), 𝑖𝐿 corrente de saída (azul)

5.1.2 Com carga aterrada

Neste conversor, a carga está aterrada e a corrente que circula por ela
depende somente da tensão de entrada e da resistência do resistor 𝑅3 . A Figura
30 apresenta o circuito desse conversor.

Figura 30 – Conversor tensão: corrente com carga aterrada

Considerando o AOP ideal, usando o conceito de massa virtual e


aplicando equação de nó em 𝑣 − , temos:
𝑣𝑖 − 𝑣 − 𝑣 − − 𝑣𝑜
𝑖1 = =
𝑅1 𝑅2
𝑣𝑖 𝑣 − 𝑣 − 𝑣𝑜
− = −
𝑅1 𝑅1 𝑅2 𝑅2
33
𝑣𝑜 1 1 𝑣𝑖
= 𝑣− ( + ) −
𝑅2 𝑅1 𝑅2 𝑅1
𝑅2 𝑅2
𝑣𝑜 = 𝑣 − ( + 1) − 𝑣𝑖 (22)
𝑅1 𝑅1

Trabalhando com as correntes 𝑖2 , 𝑖3 e 𝑖𝐿 :

𝑖2 = 𝑖3 + 𝑖𝐿
𝑣𝑜 − 𝑣 + 𝑣 + 𝑣 +
= +
𝑅4 𝑅𝐿 𝑅3
𝑣𝑜 1 1 1
= 𝑣+ ( + + )
𝑅4 𝑅4 𝑅𝐿 𝑅3
𝑅4 𝑅4
𝑣𝑜 = 𝑣 + (1 + ) + 𝑣 +. (23)
𝑅3 𝑅𝐿

Igualando as equações (22) e (23):

𝑅2 𝑅2 𝑅4 𝑅4
𝑣𝑜 = 𝑣 − ( + 1) − 𝑣𝑖 = 𝑣 + ( + 1) + 𝑣 + .
𝑅1 𝑅1 𝑅3 𝑅𝐿

Considerando:

𝑅2 𝑅4
=
𝑅1 𝑅3 (24)
𝑣+ = 𝑣−
𝑅2 𝑅2 𝑅2 𝑅4
𝑣 − ( + 1) − 𝑣𝑖 = 𝑣 − ( + 1) + 𝑣 +
𝑅1 𝑅1 𝑅1 𝑅𝐿
𝑅2 𝑅4
−𝑣𝑖 = 𝑣+
𝑅1 𝑅𝐿
𝑅2 𝑅4 𝑅3
−𝑣𝑖 = 𝑣+
𝑅1 𝑅𝐿 𝑅3
𝑅2 𝑅4 𝑅3
−𝑣𝑖 = 𝑣+
𝑅1 𝑅3 𝑅𝐿
𝑅2 𝑅4
De acordo com (24), = :
𝑅1 𝑅3

𝑅2 𝑅2 𝑅3
−𝑣𝑖 = 𝑣 +. .
𝑅1 𝑅1 𝑅𝐿
𝑅𝐿
𝑣 + = −𝑣𝑖 .
𝑅3
𝑣+ 𝑅𝐿 1
𝑖𝐿 = = −𝑣𝑖 . .
𝑅𝐿 𝑅3 𝑅𝐿

34
Portanto:
𝑣𝑖
𝑖𝐿 = − (25)
𝑅3

Sempre que os resistores 𝑅1 , 𝑅2 , 𝑅3 e 𝑅4 cumprem com as condições


especificadas, a corrente da carga depende somente da tensão de entrada e da
resistência de 𝑅3 .

Figura 31 – Sinais de entrada e saída do conversor tensão: corrente com carga


aterrada (𝑣𝑖 tensão de entrada verde, 𝑖𝐿 corrente de saída azul)

5.2 Conversor corrente tensão

A saída do conversor corrente tensão é uma tensão proporcional à


corrente na entrada do circuito. Esse circuito é necessário quando o instrumento
de medição mede apenas tensão e quando o sinal que precisamos medir é uma
corrente.
Consideramos a massa virtual na entrada do amplificador e a corrente em
𝑅1 = 0.
𝑣 + = 𝑣 − = 0 𝐼− = 0
𝑣 − − 𝑣𝑜
𝑖1 =
𝑅2
𝑣𝑜 = −𝑖1 𝑅2 (26)
Como podemos verificar na equação (26), a tensão de saída depende da
corrente da entrada e do valor do resistor 𝑅2 .

35
Figura 32 – Conversor corrente: tensão

Figura 33 – Corrente de entrada (verde) e tensão de saída (azul) de um


conversor corrente tensão

FINALIZANDO

Estudamos amplificadores operacionais ideais. Um único chip pode conter


um ou mais amplificadores operacionais. Eles apresentam características
diferentes, de acordo com a aplicação, mas as funcionalidades são as mesmas.
São capazes de realizar operações matemáticas com o sinal, como pudemos
verificar. Quando trabalhamos com sinais muito pequenos, é importante
considerar as características do amplificador real. Todas as fórmulas deduzidas
neste texto devem ser adequadas e recalculadas para o amplificador real. Esse
dispositivo é também utilizado em aplicações não lineares, como amplificadores

36
logarítmicos, exponenciais, comparadores, Schmitt trigger e outros que serão
estudados em outros momentos de seus estudos.
Todos os circuitos foram projetados e simulados usando o software on-
line Multisim (National Instruments, 2019).

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REFERÊNCIAS

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos.


Porto Alegre: Bookman, 2006.

BRAGA, N. C. Conversão tensão para corrente (ART127). Instituto Newton C


Braga, 2022. Disponível em:
<http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/eletronica/57-artigos-e-
projetos/892-conversao-tensao-para-corrente-art127>. Acesso em: 22 ago.
2022.

BRAUN, D. File:OpAmpTransistorLevel Colored Labeled.svg. Wikimedia


Commons, 2007. Disponível em:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:OpAmpTransistorLevel_Colored_Lab
eled.svg>. Acesso em: 22 ago. 2022.

MILLMAN, J.; HALKIAS, C. C. Integrated Electronics: Analog and Digital


Circuits and Systems. Tokyo: McGraw-Hill, 1972.

NATIONAL INSTRUMENTS. MultisimLive. 2019. Disponível em:


<https://www.multisim.com/>. Acesso em: 22 ago. 2022.

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