Texto - O Professor Perfeito - Gabriel Alves Malveira Pinto

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

DEPARTAMENTO DE ARTES - CURSO DE TEATRO


Aluno: Gabriel Alves Malveira Pinto
Disciplina: Estágio I
Professor: Leonardo Silva Alves
Período: Quinto
Data: 07/05/2024

O debate do professor ideal existe a muito tempo, com inúmeras definições sobre como esse
professor é, como ele se comporta, como ele age dentro de sala de aula e como ele enfrenta as
adversidades jogadas a si ao longo do ano letivo. Esse conceito é baseado em um
entendimento do professor como uma entidade poderosa dentro de sala, capaz de mudar vidas
com o poder da fala e do conhecimento, e realmente, o professor tem esse potencial. Porém,
ele ainda é limitado, ainda existem certos obstáculos e adversários que um professor sozinho
não consegue quebrar, certos paradigmas e limitações que só a força de vontade e habilidade
de adaptação do professor não superam.

Claro, não quer dizer que o professor não tem poder nenhum. Pelo contrário, mostra que, por
mais que as suas limitações existam, elas não proíbem o professor de encontrar novas formas
de trabalho. Um exemplo disso é a professora Gruwell, do filme “Escritores da Liberdade”,
que começa a ensinar uma turma de alunos onde a maioria é negro, latino ou asiático,
membros de gangues e que em sua maioria são ou já foram envolvidos com o crime. Os
alunos, quando entram em contato com ela pela primeira vez, aparentam estarem relutantes e
cheios de raiva por conta da forma com que o sistema de educação os tratava. Aos poucos,
porém, a turma começa a se abrir mais para a professora e ela entende mais como cada um
dos alunos funciona, sua origem e seus problemas sociais, e adapta as aulas dela pra não só
conscientizar aquela turma como também usar de seus interesses e vidas pra fazer cada um
ter uma motivação nova para sair desse espaço de crime. De um lado, existe a glamourização
do professor através da tela de cinema, onde aquele professor usa de todos os recursos
possíveis e prováveis para gerar resultados para a turma, onde a própria Gruwell compra
livros com seu dinheiro para doar aos alunos, ou onde a professora Stacy, do filme “Além da
Sala de Aula” faz uma renovação quase completa da sala de aula, usando dos próprios
recursos para transformar a sua sala de aula, que era em um abrigo para pessoas sem casa em
Nova Iorque.

O problema desse pensamento é que ele é baseado no conceito do professor como mestre e,
em específico, em cenários onde o professor tem apenas uma turma para se cuidar, quando
normalmente, no ensino brasileiro, o professor de escolas públicas têm mais de uma turma
pra cuidar, com alunos diferentes em várias medidas, como idade, nível de escolaridade,
origens, entre outros. Portanto, fica inviável pedir para o professor reproduzir o mesmo
comportamento daqueles professores do filme, especialmente porque nem toda turma é igual
e o próprio sistema educacional do Brasil limita o professor a fazê-lo. Então, com essas
questões em consideração, qual seria a forma ideal do professor trabalhar? Bem, é uma
mistura, de tanto o professor pintado nos filmes quanto o professor que é formado nos
espaços universitários.

O professor, por padrão, deve entender que nem toda turma é igual. Cada turma é única,
assim como cada professor e aluno é único também. O professor tem que ser volátil e capaz
de se adaptar às situações jogadas a si com os recursos que ele possui, sejam eles quais
forem. Nem sempre o professor vai poder abrir não de certos recursos que ele tem pela turma,
mas ele pode usar dos recursos dispostos a ele e mudar sua dinâmica de acordo com as
necessidades impostas. Não se trata de improvisar, e nem de seguir um plano de aula à risca,
mas sim deixar possibilidades desse plano não funcionar e criar estratégias para contornar as
adversidades que aparecem, e usar desses desafios como uma forma de aprendizado. Como
por exemplo, em uma possível falta de materiais de leitura para todos os alunos, organizar um
dia de leitura e ler para a turma, ou propor uma leitura dinâmica com os materiais
disponíveis.

Também é parte do professor entender que sua influência no aluno é maior do que ela
aparenta. Um professor só compreende o peso das suas ações em um aluno quando ele
observa uma mudança, mas essa mudança é gradual e o exemplo deve partir do professor. Se
o aluno observa o comportamento do professor, que pra ele, é uma figura de poder e
autoridade na sala, pra ele, aquele comportamento pode ser repetido em mais de um local. A
influência do professor deve ser usada como uma forma de educação também, o interesse na
aula deve partir do professor. Ele tem que conseguir capturar a atenção da turma, manter os
alunos interessados na matéria e uma das maneiras é o próprio professor estar interessado na
aula apresentada. O professor animado consegue domar a aula, tem mais ânimo pra explicar o
conteúdo e de quebra, ainda captura melhor o interesse da turma e se conecta com ela.

No fim, os comportamentos que possivelmente formariam um professor ideal são nada mais
que formas e dicas para o professor conseguir guiar uma turma de forma efetiva. Todo
professor tem o potencial de se tornar essa imagem do ideal, desde que ele estude, entenda e
se conecte com a turma, e principalmente, queira ensinar.

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