Santana Monteiro - 2016.1
Santana Monteiro - 2016.1
Santana Monteiro - 2016.1
RESUMO
INTRODUÇÃO
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Mesmo o direito a essa relação, escola/família, sendo reconhecido por lei, não é
o suficiente para que esse contato aconteça de forma favorável em algumas instituições.
Segundo Heloísa Szymanski (1997, p.213), “trata-se de uma relação muito delicada e
que, às vezes, impede uma troca que poderia favorecer imensamente ambas as partes”.
A partir dessa discussão surgem meus questionamentos de pesquisa: Como se
concretiza essa relação família e escola no cotidiano escolar de uma escola de educação
infantil? Como os pais e a equipe pedagógica vêm essa relação? E como essa relação
reflete no desenvolvimento das crianças segundo seus pais e equipe pedagógica?
Considero pertinente este estudo pelo fato de que durante anos a educação foi
voltada apenas para os conhecimentos práticos, as crianças eram vistas como adultos em
miniaturas e tinham que aprender o que lhes ia ser útil na fase adulta (ARIÉS, 1978
APUD SILVA E VARANI, 2009). Atualmente, a configuração e as características das
famílias vêm mudando e traz também como consequência mudanças no
comportamento, desenvolvimento e aprendizado escolar que contribuem para a
formação dos sujeitos. Na escola também se consolidam aspectos culturais, sociais e
afetivos. Os professores, bem como a equipe pedagógica da escola têm, entre outras
responsabilidades, o papel de, a partir das observações diárias, orientar a família sobre a
formação integral de cada criança. Não apenas em reuniões programadas pela escola,
mas a partir de uma relação mais próxima que envolva a família no processo formativo
dos seus filhos.
Para tanto, elencamos como objetivo geral compreender os significados da
relação família-escola e de sua importância para o desenvolvimento das crianças na
educação infantil, em uma escola da rede particular, a partir da perspectiva de pais e da
equipe pedagógica. E como objetivos específicos: (1) Conhecer as estratégias usadas
pela escola para motivar pais e familiares a participar do cotidiano escolar de suas
crianças; (2) Conhecer os significados dessa relação para pais e equipe pedagógica; (3)
Perceber, a partir das respostas de pais e equipe pedagógica, os reflexos dessa relação
no desenvolvimento das crianças.
A educação das crianças passou e passa por várias transformações, desde ser
responsabilidade exclusiva das famílias, a necessidade de surgimento de instituições
com objetivo de cuidar e educar, até a criação de políticas públicas para a educação
infantil.
Antes do surgimento das creches, ainda no período colonial, existiram no Brasil
instituições com o caráter assistencialista para cuidar das crianças que eram
abandonadas pelas suas famílias. A roda dos expostos como eram chamados esses
lugares, recebiam esse nome pelo fato de se tratar de um local onde algum membro da
família deixava a criança num mecanismo que “[...] era composto por uma forma
cilíndrica, dividida ao meio por uma divisória e fixado na janela da instituição[...]”
(PASCHOAL E MACHADO, 2009, p. 82), onde ao girar para o lado de dentro da
instituição as amas (as cuidadoras), recebiam a criança e davam os devidos cuidados
para sua sobrevivência. De lá, essa criança ou era adotada por uma família de classe
favorecida, ou era instruída para o trabalho. O fim dessas instituições se deu no início
do século XX, a partir de movimentos contrários que objetivavam diminuir o abandono
e a mortalidade infantil.
A I e II Guerra mundial foram momentos decisivos para a entrada da mulher no
mercado de trabalho. Quando os homens iam para os conflitos era as mulheres tinha que
assumir os negócios da casa e cuidar da família, sendo assim a mão de obra feminina
ganhou espaço nas fábricas, e a necessidade das mães de deixarem os filhos para
poderem trabalhar crescia. Os operários iniciaram um movimento de reivindicação por
melhores condições de trabalho e assistência para seus filhos. Foi então que surgiram as
creches de caráter privado, ou seja, eram mantidas por doações das fábricas. Sobre essa
discussão, Oliveira (2011) chama a atenção que mesmo existindo as creches, a
responsabilidade pela educação das crianças ainda era exclusivamente da família.
A creche, historicamente vista como refúgio assistencial para a população
infantil desprovida de cuidados domésticos, tem definido a infância como
uma questão de ordem privada e não tem considerado devidamente a
comunidade maior como corresponsável pela educação dos pequenos. Nessa
ótica, o peso recai todo sobre a família (p. 43).
Art. 29º. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade.
Art. 30º. A educação infantil será oferecida em:
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade (BRASIL,
1996).
Os signos não são criados ou descobertos pelo sujeito, mas o sujeito deles se
apropria desde o nascimento, na sua relação com parceiros mais experientes
que emprestam significações a suas ações em tarefas realizadas em conjunto.
As interações adulto-criança em tarefas culturalmente estruturadas, com seus
complexos significados, criam “sistemas partilhados de consciência”
culturalmente elaborados e em contínua transformação (2011, p. 132).
Estudos realizados por Wallon com crianças entre 6 e 9 anos mostram que o
desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada uma
faz as diferenciações com a realidade exterior. Primeiro porque, ao mesmo
tempo, suas ideias são lineares e se misturam - ocasionando um conflito
permanente entre dois mundos, o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o
real, cheio de símbolos, códigos e valores sociais e culturais. [...] a proposta
walloniana põe o desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais
humanizada. A abordagem é sempre a de considerar a pessoa como um todo.
Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se
encontram num mesmo plano (SANTOS, 2011).
RELAÇÃO ESCOLA/FAMÍLIA
Mesmo a sociedade passando por várias transformações, é na família que se dá o
primeiro contato social da criança. É nessa instituição que se constroem os primeiros
laços afetivos, culturais e sociais. É importante perceber que o entrosamento da família
com a escola pode favorecer a formação integral do sujeito desde a educação infantil.
Neste sentido Schimidt (1973), apud Soares (2010, p.14), afirma que
A escola por sua vez, tem o dever de abrir “as portas” para a participação da
família e desmistificar o pensamento equivocado de que exista um modelo padrão e
adequado de família, que é considerado pela sociedade. Atualmente, existem vários
tipos de famílias e de configurações familiares e cabe à escola saber respeitar a
peculiaridade de cada uma.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa segue uma abordagem qualitativa que, segundo Oliveira (2008),
trata-se de um processo de reflexão e análise que deve ser apresentado de forma
descritiva, podendo assim trabalhar “[...] com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo
das relações, dos processos [...]” (MINAYO, 2001, p. 22). E a mais adequada para
alcançar meus objetivos por ter a possibilidade, com esse tipo de pesquisa, de considerar
dados significativos e relevantes para melhor compreensão do estudo. Segundo Godoy
(1995)
(...) o pesquisador vai a campo buscando “captar" o fenômeno em estudo a
partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os
pontos de vista relevantes. Vários tipos de dados são coletados e analisados
para que se entenda a dinâmica do fenômeno (p. 21).
Este tipo de pesquisa permite delinear esse trabalho como um estudo de caso,
caracterizado pelo estudo em profundidade, de forma a permitir conhecimento amplo e
específico que proporciona certa vivência da realidade, tendo por base a discussão do
campo estudado. Segundo Gil (2002), esse tipo de pesquisa
A pesquisa foi realizada nas quatro turmas de educação infantil de uma escola da
rede particular do município de Jaboatão dos Guararapes, situada no bairro de Candeias.
A escolha dessa escola se deu pelo fato de ser uma instituição que permite a entrada de
estudantes para pesquisas. Foi onde realizei minha PPP 6, na área da educação infantil,
e acredito, pelas minhas observações, que através dessa escolha possa apresentar no
meu trabalho uma experiência positiva, sobre a relação família e escola.
Em um primeiro momento fiz uso da observação durante quatro dias alternados,
nos quais pude perceber a caracterização e o funcionamento da escola no período da
manhã. É uma escola que atende a uma comunidade das classes A e B. Oferece turmas
do maternal ao 5° ano. Seu espaço físico dispõe de uma secretaria, biblioteca e sala de
informática, laboratório, três parques infantis de areia, uma quadra poliesportiva, área
coberta com palco para socialização de atividades, cozinha, banheiros e as salas de aula,
uma para cada turma. Existem quatro turmas de educação infantil – maternal, infantil I,
infantil II e infantil III – respectivamente com 7, 16, 14 e 15 alunos. As salas não
possuem portas grandes para serem totalmente fechadas, mas um portãozinho para
facilitar o controle da professora sobre entrada e saída das crianças. Em cada sala existe
um jardim com árvores de pequeno porte e flores plantadas pelos próprios alunos, nessa
parte não há coberta de telha e pude observar que é um dos lugares que as crianças mais
gostam de ficar. No piso da sala é desenhado um círculo para facilitar a organização das
crianças quando é necessário realizar alguma atividade mais direcionada, na própria sala
de aula também há prateleiras com materiais e brinquedos para uso dos alunos. A escola
apresenta uma proposta pedagógica sócio-construtivista, valorizando a interação entre
os membros. Sobre os princípios sócio-construtivista, além da valorização da interação,
o professor atua como mediador entre os conhecimento que o aluno já possui e o que ele
não é capaz de aprender sozinho. A coordenadora diz que muitas famílias quando
chegam à escola e não conhecem sobre a proposta acham que se trata de um ambiente
liberal, onde as crianças podem fazer tudo. “Ah! Porque uma escola sócio interacionista,
construtivista, que é uma escola mais liberal, e não é assim” (COORDENADORA).
Segundo o projeto político pedagógico da escola, a partir dessa teoria que tem como
referência Piaget e Vygotsky, as aprendizagens só terão êxito com a participação ativa
dos estudantes e de toda comunidade escolar. Segundo Vygotsky apud Rego (2002), na
abordagem Sociointeracionista o desenvolvimento humano acontece nas relações de
trocas entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação. Processos
de interação são processos onde o indivíduo interage com a sua cultura e a do outro.
Mediação é o processo que pode ocorrer também entre os membros de uma
comunidade, em suas trocas comunicativas, através dos bens materiais e simbólicos. A
compreensão desse tipo de mediação é altamente relevante para a Educação, é ela que
permite ao aprendiz perceber a ligação do signo com as ideias veiculadas em sua
comunidade de prática (Oliveira, 2011).
Durante as observações foi possível ver que os pais, assim que chegam na escola
levam seus filhos até a sala. A arquitetura permite essa liberdade, é uma escola muito
aberta, sem corredores. Quando chegam antes do horário que as aulas começam alguns
costumam conversar com outros pais, no parque, ou com alguma professora que se
encontre disponível. Quando chegam “atrasados”, após o toque do sinal e todos já estão
dentro das salas, os pais deixam seus filhos no portão com o zelador. Se houver a
necessidade de falar com a professora, eles têm a permissão para entrar e ir até a sala.
Poucas crianças chegam de condução, e quando chegam são levadas pelas auxiliares ou
pelas professoras até suas salas. Pais de crianças novatas têm a permissão de ficar na
escola, fora da sala de aula, para observar a adaptação do filho. Ao meio dia quando os
pais chegam para ir buscar as crianças os portões são abertos e os mesmos têm a
liberdade de irem pegar seus filhos na sala de aula, ou no parque, se a turma estiver fora
da sala. Nesse momento, muitos aproveitam para conversar com a professora, sobre o
referido dia.
Para o desenvolvimento desta pesquisa entrevistei as 4 professoras da educação
infantil, a psicóloga (que também atua como coordenadora na escola), a diretora (que
também é proprietária) e 8 mães, o que significa nesse caso que foram entrevistados
duas mães de cada turma. A seleção dessas mães aconteceu a partir da indicação de cada
professora, levando em consideração a disponibilidade das mesmas em responder a
pesquisa.
Para identificar as mães participantes usei a letra ‘M’ e uma numeração aleatória
de 1 a 8, acompanhada da turma na qual seu filho está matriculado atualmente. E as
participantes da equipe pedagógica são identificadas com a função exercida na
instituição. No caso das professoras acompanha uma numeração de 1 a 4, devido às 4
turmas pesquisadas. Essa decisão foi tomada com o objetivo de preservar a identidade
dos que participaram da pesquisa.
Segundo Minayo (2001) a entrevista é um procedimento muito utilizado nas
pesquisas de campo.
Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores
sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que
se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores, enquanto
sujeitos-objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que
está sendo focalizada (p. 57).
ANÁLISE E DISCUSSÃO
[...]Eu acho que deve ser uma relação de confiança, ne? Entre a família e a
escola. Que a partir do momento que os pais colocam seus filhos aqui, eles
precisam confiar no trabalho da escola, né? Qualquer dúvida a gente procura
sempre esclarecer para que não interfira no crescimento do aluno. Então, assim,
a gente sempre está procurando conversar com esses pais, quando vem
conhecer a escola, mostrar qual é a proposta da escola, para que eles confiem.
Deixem as crianças aqui acreditando que essa é a melhor escola para eles.
Então, a partir daí tudo vai ficar mais fácil, sabe? Todo trabalho que é realizado
aqui a gente conversa com os pais, a gente pede opinião, sugere que eles
participem de alguma forma[...] (COORDENADORA)
A família e a escola têm que ter uma parceria, onde haja muita confiança nessa
troca, nessa relação, para que possa ter um bom andamento é.... nos trabalhos
desenvolvidos[...] (PROFESSORA 2)
[...] tenho plena consciência de que essa relação é essencial. Se não há esse
vínculo, realmente, compromete demais a aprendizagem da criança. Não só do
lado cognitivo, mas do lado afetivo também. Que a afetividade certamente
interfere muito na aprendizagem. E se não tem essa relação entre família e
escola o aprendizado se dá, mas com muito mais dificuldade (M3 - INFANTIL
3).
Partindo dessas respostas pude reconhecer alguns dos significados, tanto para
pais quanto equipe pedagógica, sobre a relação de ambos, que de forma geral se
configura através de uma relação de confiança e segurança. O fator afetivo nessa relação
é de grande importância, como já afirmado anteriormente por Szymanski (1997), e as
diferenças encontradas no espaço escolar podem ser tratadas a partir da afetividade e do
respeito entre os segmentos envolvidos, pois deve ser levada em consideração a
influência que um sujeito exerce sobre o outro. Neste caso, a influência que tanto a
família quanto a escola exercem sobre os educandos, podem potencializar ou atrapalhar
o desenvolvimento dos mesmos.
A gente começou com essa coisa da manhã de sabores, que a gente traz eles
para participarem dos projetos, a gente faz isso mensalmente. Fora isso essa
arquitetura que promove isso mesmo. Semana das crianças que tem as
apresentações dos pais, que eles se sentem bem próximos, porque não é só o
dia da apresentação, mas tem toda a preparação. Eles são nossos amigos e a
participação enriquece nosso trabalho (DIRETORA).
.... a gente faz um trabalho que é a manhã de sabores, onde eles vêm pra cá, a
gente explica qual é o projeto que vai ser realizado naquele momento. E eles
sugerem algumas coisas e a gente pede também alguma participação deles
nesse sentido, pronto! (COORDENADORA)
Com base nas observações e falas apresentadas até o momento, percebo que os
pais e profissionais desta instituição têm uma visão positiva da importância da relação
escola e família. Os dois segmentos demonstram ter consciência que a responsabilidade
de educar e instruir não é apenas da escola, mas envolve toda as relações construídas
socialmente, a começar pela família. Assim, é possível perceber que a integração entre
escola e família, se constitui um fator de grande importância para o desenvolvimento
educacional, comportamental e social da criança.
Vale destacar que quando perguntada sobre barreiras ou desafios a serem
superados pela escola para enriquecer ainda mais essa relação a diretora destaca que a
escola ainda precisa abrir as portas para a comunidade vizinha, trazendo alunos de
outras escolas para interagir com seus alunos. E que isso atrairia ainda mais as relações
tanto com as famílias quanto com a comunidade onde a escola está situada.
Ainda está no papel (risos), mas temos planos para um projeto onde
queremos trazer alunos de outras escolas vizinhas, escolas públicas, para
dentro da escola. Essas crianças que participam de projetos que as escolas
oferecem, quero trazer para que eles mostrem o que sabem aos meus alunos.
Acredito que isso seja muito interessante e aproxime as famílias pra escola
(DIRETORA).
Uma das mães entrevistadas também respondendo sobres alguns aspectos que
atrapalha a relação, considerou que a opção da escola não usar uma agenda eletrônica
para comunicar eventos ou reuniões interfere nessa comunicação. Ela explica que não
considera exatamente um ponto negativo, mas uma sugestão que acrescentaria à escola.
Partindo para o ultimo objetivo desta pesquisa, que visa identificar o que os pais
e equipe pedagógica compreendem acerca da importância desta relação para o
desenvolvimento das crianças, foram feitas perguntas para ambos os segmentos.
Eu acho que essa aproximação dos pais com a escola, com a coordenação,
com a parte psicopedagógica é importante. Porque a gente pode achar que
nosso filho está tendo uma dificuldade e achar que a criança não é esforçada,
ela pode está com outros problemas ali, por trás da criança em si, ligados a
problemas com a família (M7 – MATERNAL)
Sem dúvida. Não só deles como para o meu desenvolvimento também. Essa
relação que se cria, né? Esses laços que se criam. Faz a gente aprender
também. Eu acho que influenciaria sim no desenvolvimento uma boa ou má
relação. Não deveria influenciar porque o aprendizado e o tratamento em sala
de aula deve independer da relação que se estabelece de antipatia ou de
empatia com os pais. Mas influencia com toda certeza (M3 – INFANTIL III).
Se não há esse vínculo realmente compromete demais a aprendizagem da
criança. Não só do lado cognitivo, mas do lado afetivo também. Que a
afetividade certamente interfere muito na aprendizagem. E se não tem essa
relação entre família e escola o aprendizado se dá, mas com muito mais
dificuldade (M8 – INFANTIL II).
Considerações finais
Com base nas pesquisas que fiz para elaborar este estudo percebi que as ações
educativas da escola e da família apresentam diferenças quanto aos contextos de
aquisição de saberes. A família oferece ao sujeito a oportunidade de aprender e se
desenvolver dentro de uma cultura mais delimitada, na escola este mesmo sujeito tem a
oportunidade de socializar e experienciar culturas distintas a partir de trocas e relações
diversificadas. Por isso, considero oportuna a relação da escola com a família,
favorecendo ainda mais esse desenvolvimento.
Neste estudo meu interesses foi trazer uma prática positiva desta relação escola e
família, que funciona e dá certo, segundo olhares dos participantes envolvidos e como
isso se concretiza no cotidiano escolar. Pude compreender como ações realizadas em
conjunto contribuem para o fortalecimento do interesse e entusiasmo das crianças na
educação infantil. Sabendo que nos dias atuais o papel da escola é o de formar sujeitos
críticos e desenvolver o aluno preparando-o em todas as suas dimensões: afetiva,
cognitiva e social, a parceria com a família é de suma importância.
As falas tanto dos pais quanto equipe pedagógica apontam para uma perspectiva
positiva de suas trajetórias escolar. Indicam a importância do diálogo mútuo no trabalho
pedagógico e social dos alunos e que ambos os segmentos têm responsabilidades no
desenvolvimento da criança e no seu processo de formação. E que segundo eles, a falta
desse relacionamento, pode causar problemas ou desânimo no cotidiano escolar. Tanto a
família quanto a escola interfere na “bagagem” do educando, mas cabe considerar que
sem a parceria e o diálogo os valores, comportamentos e princípios, tornam-se bem
mais difícil de serem internalizados pelas crianças. Os significados da relação tanto para
os pais quanto equipe pedagógica levam em consideração o respeito de um sobre o
espaço do outro, a parceria no desenvolvimento das crianças, a afetividade construída
tanto com as crianças quanto com pais e a equipe da escola. Pude compreender também
que as estratégias para aproximar as famílias da rotina escolar influenciam no modo de
como os pais veem a escola e se sentem confortáveis em irem buscar diálogo e parceria
com a equipe pedagógica de modo a favorecer o desenvolvimento das crianças.
Deste modo, espero que este estudo contribua para a reflexão e prática daqueles
que se interessem pelo tema, e que também inspire estudos futuros acerca da temática.
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Acessado em: 15 de novembro de 2015.
ANEXO
ROTEIRO DAS ENTREVISTAS
PAIS OU RESPONSÁVEIS DOS ALUNOS
1- Você participa da vida escolar do seu filho? De que forma você participa?
2- O que você pensa sobre a relação entre a família e a escola? Como você
acredita que deve ser esta relação?
3- Com que frequência você costuma ir à escola para conversar aspectos
relacionados à educação de seu filho? Você costuma procurar a escola
espontaneamente ou espera que a escola lhe chame?
4- Você acha que esta escola se preocupa em promover este encontro? De que
forma?
5- Como é sua relação com a(s) professora(s) de seu filho?
6- E com a equipe pedagógica em geral? (Diretora, Coordenadora e Auxiliares)?
7- Existe alguma dificuldade nessa relação que você gostaria de destacar? Qual?
OU: Você poderia destacar pontos positivos e negativos dessa relação?
8- Teria alguma sugestão que a escola possa desenvolver no sentido de favorecer a
relação da família com a escola?
9- Você acha que sua relação com a escola traz efeitos para o desenvolvimento
dos seus filhos? Poderia dar alguns exemplos?
10- Você acha que uma boa ou uma má relação entre a família e a escola poderia
interferir no desenvolvimento das crianças?
PROFESSORES
Identificação
Sexo:
Idade:
Formação/ ano:
Tempo de experiência na área:
A educação infantil foi uma escolha? Por quê?
Ou: Como a educação infantil entrou em sua vida?
Tempo na instituição:
Quais aspectos positivos você destaca em seu trabalho nesta escola?
Pesquisa
1- O que você pensa sobre a relação entre a família e a escola? Como você acredita que
deve ser esta relação?
2- Com que frequência você costuma chamar os pais à escola para conversar aspectos
relacionados à educação dos alunos?
3- Você acha que esta escola se preocupa em promover este encontro? De que forma?
4- Como é sua relação com os pais dos seus alunos?
5- Que estratégias desenvolve para aproximar os pais da escola? E da rotina escolar de
seu filho?
6- Existe alguma dificuldade nessa relação que você gostaria de destacar? OU: Você
poderia destacar pontos positivos e negativos dessa relação?
7- Teria alguma sugestão que a escola possa desenvolver no sentido de favorecer a
relação da família com a escola.
8- Você acha que sua relação com a família traz efeitos para o desenvolvimento dos
seus das crianças? Poderia dar alguns exemplos?
9- Você acha que uma boa ou uma má relação entre a família e a escola poderia
interferir no desenvolvimento das crianças?
Identificação
Sexo:
Idade:
Formação/ ano:
Tempo de experiência na área:
A educação infantil foi uma escolha? Por quê?
Ou: Como a educação infantil entrou em sua vida?
Tempo na instituição:
Pesquisa
1- O que você pensa sobre a relação entre a família e a escola? Como você acredita que
deve ser esta relação?
2- Com que frequência você costuma chamar os pais à escola para conversar aspectos
relacionados à educação dos alunos?
3- Você acha que esta escola se preocupa em promover este encontro? De que forma?
4- Como é sua relação com as famílias?
5- Que estratégias desenvolve para aproximara a família da escola e da rotina escolar
de seus filhos?
6- Existe alguma dificuldade nessa relação que você gostaria de destacar? OU: Você
poderia destacar pontos positivos e negativos dessa relação?
7- Teria alguma sugestão que a escola possa desenvolver no sentido de favorecer a
relação da família com a escola?
8- Você acha que sua relação com a família traz efeitos para o desenvolvimento dos
seus das crianças? Poderia dar alguns exemplos?
9- Você acha que uma boa ou uma má relação entre a família e a escola poderia
interferir no desenvolvimento das crianças?